Economia Social Pós ∑ - Danielle Carusi Machado
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Economia Social Pós ∑ - Danielle Carusi Machado
Economia Social Pós Parte I: CONCEITOS BÁSICOS: Mensuração de desigualdade e pobreza Desigualdade: medidas de desigualdades Profa. Danielle Carusi Prof. Fábio Waltenberg Aula 4 (parte II) – agosto de 2010 Economia – UFF Família de medidas de Entropia Generalizada (GE). Teorema: Família de medidas de Entropia Generalizada (GE). Outra forma de escrever (reparametrizando): Qualquer medida de desigualdade que satisfaça simultaneamente todas essas propriedades é um membro da família de medidas de Entropia Generalizada (GE) (ver Cowell, 1995). 1 GE (α ) = 2 α −α 1 n y α ∑ i − 1 n i =1 y α≠0,1 Onde: n no. de indivíduos na amostra. yi renda do indivíduo i, i∈(1,2,...,n). ybarra=Σyi Família de medidas de Entropia Generalizada (GE). Que índices fazem parte da família de medidas de Entropia Generalizada (GE)? 1 GE (α ) = 2 α −α 1 n y α ∑ i − 1 n i =1 y α = 1 − ε => ε = 1 − α 1−ε 1 1 n yi GE (ε ) = 1 − ∑ ε (1 − ε ) n i =1 y Família de medidas de Entropia Generalizada (GE). Resumo: a partir de GE(α) podemos obter cada um desses índices: - A fórmula de GE(α) é o próprio Índice de Shorrocks. Índice de Shorrocks Coeficiente de variação Theil-L Theil-T Atkinson - Se α=2 Coeficiente de variação. - Se α→0 Theil-L (temos que usar L’Hôpital). - Se α→1 Theil-T (temos que usar L’Hôpital). - O Índice de Atkinson é uma transformação monotônica crescente do Shorrocks para ε>0. 1 Exercício 1: Mostre que se α=2 Coeficiente de variação. α Família de medidas de Entropia Generalizada (GE). Índice de Shorrocks. S (α ) = S (α ) = 1 n y ∑ i α (α − 1) n i =1 y 1 α − 1 1 = ∑y y 1 n y ∑ i − 1 i =1 y ∑ yi2 2 1 1 1 yi GE (2) = 2 ∑ − 1 = n2 2 − 2 n y 2 y Exercício 1: Mostre que se α=2 Coeficiente de variação. Se α=2 GE = CV2 2GE = n 2 1 α (α − 1) n 2 i −y − 1 = 1 2 2 2 2 1 n ∑ yi − y 1 ∑ yi 1 1 1 ∑ yi . 2 − 1 = 1 − = 2 n y 2 n y 2 y2 2 Lembra que: 2 1 2 2 ∑ yi − y 2GE ( 2) = n 2 y Exercício 1: Mostre que se α=2 Coeficiente de variação. = CV 2 CV = σ y => CV 2 = σ2 y2 1 2 2 ∑ yi − y =n 2 y Família de medidas de Entropia Generalizada (GE). Exercício 2: Mostre que se α→0 α→ Theil-L 1 2 2 ∑ yi − y 2GE ( 2) = n y2 1 1 L( y ) = log ∑ yi − ∑ log yi n n = CV 2 (Log da média – a média dos logs) Na verdade, temos uma transformação monotônica do CV. Um atrativo do CV como medida de desigualdade é sua associação com o desvio-padrão (e a variância), que é a medida de dispersão mais comum em estatística. Exercício 3: Mostre que se α→1 α→ Theil-T T ( y) = y y 1 ∑ yi .log yi n Família de medidas de Entropia Generalizada (GE). Parte I: CONCEITOS BÁSICOS: Mensuração de desigualdade e pobreza 1 y A(ε ) = 1 − ∑ i n y 1−ε 1 1−ε Pobreza: propriedades axiométricas, identificação e agregação, comparações, dominância estocástica mixta = 1 − [1 − ε (1 − ε ).S ] 1−ε 1 2 Pobreza Apenas uma parte da distribuição é analisada. Conceito unidimensional: a renda pode ser uma medida imperfeita das condições de vida de uma pessoa. Pobreza e função de bem estar social A função de bem estar social tal como definida pode acomodar a preferência e a estrutura de medida que foca exclusivamente nos pobres. Ser não decrescente: a função de bem estar pode ser insensível às variações de bem estar dos não pobres. A função de bem estar social dá um número que sumariza a medida de bem estar, levando em conta a média e a dispersão da distribuição. Medidas de Pobreza Linhas de pobreza Abaixo da LP, as pessoas são consideradas pobres (descontinuidade). Não há uma base empírica para a construção da LP. A arbitrariedade na construção da LP não justifica a utilização de medidas de pobreza como propósitos de política. Parte I: CONCEITOS BÁSICOS: Mensuração de desigualdade e pobreza Casos especiais das medidas de bem estar social. Refletem o negativo do bem estar social: “truncamento” da distribuição de bem estar social. Contagem dos pobres, extensão e distribuição da pobreza. Diferentes formas de agregação. Pobreza: identificação Pobreza subjetiva: cada um percebe a pobreza de uma forma – juízo de valor o que considera um grau de privação suportável. relativa: o indivíduo quando comparado a outros tem menos de algum atributo desejado – estabelece uma posição para o individuo dentro da sociedade. Absoluta: estabelece um padrão mínimo para viver dignamente. 3 O problema de identificação 1. Linha de pobreza absoluta: Obter o valor de uma cesta de alimentos que atenda às necessidades nutricionais da família. Necessidades calóricas mínimas – necessidade biológica universal é alimentação. Valor multiplicado por um coeficiente de forma a computar despesas necessárias com moradia, vestuário, transporte, etc. O problema de identificação 1. Obs: se houver diferença entre custo de vida de duas regiões, as linhas usadas deverão refletir estas diferenças. O problema de identificação 1. Linha de pobreza absoluta: A abordagem calórica consiste em alguns passos: 3. Por fim compara-se o valor monetário dessa cesta de alimentos com a renda domiciliar per capita 4. A partir disso classifica como indigentes, miseráveis ou extremamente pobres aquelas famílias cuja renda é insuficiente para comprar, para todos seus membros, o número estipulado de calorias aos preços vigentes. O problema de identificação 2. Linha de pobreza relativa: A pobreza deve ser estabelecida com base no padrão de vida de uma sociedade específica. Pobreza representa a incapacidade de participar da vida desta sociedade dada a falta de recursos para tal. Definida com base na renda média ou como um percentil da distribuição de renda. Conjunto de bens e serviços necessários aumenta como o desenvolvimento e o crescimento da renda per capita da população. Linha de pobreza absoluta: A abordagem calórica consiste em alguns passos: 1. O primeiro é estabelecer o número de calorias mínimas que um indivíduo precisa para ter uma vida produtiva, normalmente algo entre 2000 e 2500 kilocalorias por dia. 2. Em seguida, estima-se o custo necessário para adquirir essas calorias, geralmente usando a dieta normal dos indivíduos cuja condição de pobreza deve ser avaliada. O problema de identificação 1. Linha de pobreza absoluta: A abordagem calórica consiste em alguns passos: Como ninguém gasta tudo o que ganha em comida, deriva-se uma segunda linha, em geral chamada de linha de pobreza, multiplicando-se a linha de indigência ou de extrema pobreza pelo inverso da fração da renda que os domicílios perto da linha de pobreza gastam com alimentação. 6. Esta fração – chamada de coeficiente de Engel – costuma situar-se próxima de 0,5, o que significa que a linha de pobreza resultante costuma ficar o dobro da linha de extrema pobreza. 5. O problema de identificação 3. Linha de pobreza subjetiva: O corte entre pobres e não pobres é determinado com base na percepção de cada indivíduo sobre o seu bem estar. Abordagem monetária e não monetária (indicadores de privação). Economia da felicidade, satisfação: como diferentes dimensões da vida de uma pessoa afetam o bem estar geral. 4 O problema de identificação 3. Linha de pobreza subjetiva: Alguns métodos utilizados para captar a percepção da população com relação à pobreza: Goedhart (1977), Kapteyn (1988): pergunta sobre renda mínima – “o que você acha que seria, nas atuais circunstâncias, considerado um nível mínimo absoluto de renda para a sua família?” – valor da pobreza para o entrevistado. O problema de identificação 3. Linha de Pobreza de Leyden Linha de pobreza subjetiva Linha de pobreza subjetiva França: porcentagem de pessoas que consideram que sua renda permite que vivam com dificuldade: 19% porcentagem que se considera pobre usando o conceito de renda mínima: 35% Linha de pobreza subjetiva: Income evaluation question (IEQ): “Leyden Povery Line”: Indicar a renda considerada apropriada para cada caso: muito ruim, ruim, insuficiente, suficiente, bom, muito bom. Pergunta sobre adequação do consumo (CAQ): Pradhan e Ravallion (2000), antuérpia: os domicílios possuem diferentes conceitos de renda, portanto, propõem apenas respostas qualitativas: se o padrão de vida da família é menos que adequado, adequado, mais do que adequado para as necessidades da família (perguntas para categorias de consumo). Fontes de informação: pesquisas domiciliares: perguntas subjetivas. European Community Household Panel. Dificuldades das linhas de pobreza Absoluta: Decisões arbitrárias: linhas diferentes a partir dos mesmos dados. Exemplo: Neri – R$ 134,00 e Rocha – R$ 339,00 para a RMSP. Mínimos calóricos universais? Ou de cada região conforme estrutura etária da população e tipo de trabalho? custo da caloria? Menor custo? Ou o custo do que as pessoas de fato consomem? Custo calórico deve ser regionalizado? Coeficiente de engel : grupo de referência? Pobreza não deveria ser definida como a falta de calorias, mas de acordo com os padrões vigentes de uma sociedade em uma dada época. 5 Dificuldades das linhas de pobreza Relativa: Linhas relativas não mudam com mudanças na renda média. Se houver um desastre econômico, se o número de pessoas passando fome aumentar drasticamente, mas se a renda mediana cair mais que as rendas abaixo da mediana, uma análise da pobreza por linhas relativas concluirá que a pobreza caiu. PPV Dificuldades das linhas de pobreza Subjetiva: Bases de dados Brasil: POF 2002-3 e PPV. POF Texto: Sergei e Vaz (anpec 2008) Parte I: CONCEITOS BÁSICOS: Mensuração de desigualdade e pobreza Pobreza: propriedades axiométricas 6 Abordagem axiométrica Propriedades desejáveis das medidas de pobreza. Nem todas as medidas atendem a todas as propriedades axiométricas. As melhores medidas de pobreza devem seguir este conjunto de axiomas. Mesmo com medidas de pobreza que seguem um mesmo conjunto de axiomas, as medidas geram diferentes números de pobreza. Abordagem complementar: a análise de dominância estocástica. Propriedades axiométricas Monotonicidade fraca sem cruzamento: O aumento (redução) da renda de uma pessoa abaixo da LP reduz (aumenta) a pobreza. No tempo x e y, todos os indivíduos tem a mesma renda exceto j. No tempo y a renda do j fica maior que no tempo x. Propriedades axiométricas Simetria (ou Anonimato, Anonimidade): Não diferencia as pessoas por outras características que não a medida de bem estar individual (renda ou consumo). Se mudar a ordem, o índice de pobreza não deverá variar. Um indivíduo é tratado da mesma forma que outro indivíduo. Se z é uma permutação de y P (Y ) = P (Z ) Propriedades axiométricas Monotonicidade fraca com cruzamento: No tempo x e y, todos os indivíduos tem a mesma renda exceto j. No tempo y a renda do j fica maior que no tempo x. Se xi = yi , ∀i ∈ {{1,..., n} − { j}} z > xj Se xi = yi , ∀i ∈ {{1,..., n} − { j}} z > yj > xj P ( X , Z ) ≥ P (Y , Z ) P ( X , Z ) > P (Y , Z ) Ex: FGT(0) não atende!! Monotonicidade forte sem cruzamento Propriedades axiométricas Transferência fraca sem cruzamento: yj > xj P ( X , Z ) ≥ P (Y , Z ) O j deu dinheiro para o i (transferência regressiva) perda de j = ganho de i O dinheiro passou de um mais pobre para um mais rico, logo a pobreza vai aumentar. O mais pobre fica muito mais pobre. z > yi > xi > x j > y j P ( X , Z ) ≤ P (Y , Z ) Propriedades axiométricas Transferência fraca com cruzamento: O j deu dinheiro para o i (transferência regressiva) perda de j = ganho de i O dinheiro passou de um mais pobre para um mais rico, logo a pobreza vai aumentar. O mais pobre fica muito mais pobre. yi > z > xi > x j > y j P ( X , Z ) ≤ P (Y , Z ) 7 Propriedades axiométricas Propriedades axiométricas Foco Se nas duas distribuições os pobres tem a mesma renda e mudo a renda dos não pobres, de forma que nenhum destes se torne pobre, o índice não muda. { { } } X = x1, x2 ,..., x p , x p +1,..., x n Y = x1, x2 ,..., x p , y p +1,..., yn Decomponibilidade Se N é particionado em S subconjuntos: x p < z < x p +1 z < y p +1 P (X , Z s ∑ )= wk P (xk ) k =1 yk ≠ xk | k ≥ p + 1 P Y , Z = P (X , Z ) ( ) Formula geral: (Foster, Greer e Thorbecke) P (α ) = Parte I: CONCEITOS BÁSICOS: Mensuração de desigualdade e pobreza 1 N k α ∑ z −z yi i =1 Head-count index (incidence): α = 0: P0 = k =H N Pobreza: agregação e medidas Poverty gap (average depth): α = 1: I = P1 = 1 k k ∑ i =1 z − yi m = 1− z z m= 1 k ∑i =1 yi k Squared poverty gap (individual depth): α = 2: 2 1 k z − yi P2 = ∑ N i =1 z yi: income/expenditure of individual i (adult equivalents) -- z: poverty line – N: total population -- k: number of poor people -- α: parameter showing the degree of aversion to inequality among the poor. Proporção de pobres (H) Insuficiência de renda (I) Medida que capta a extensão da pobreza, sendo insensível a intensidade deste fenômeno. Não afetada pela redução a renda de um pobre. Montante de renda que falta para que a renda de um pobre atinja a linha da pobreza. O valor máximo dessa insuficiência seria observado quando os p pobres tivessem renda nula, ou seja, pz. Insensível à extensão da pobreza. 8 Indice de Pobreza de Sem (P) Sen (1976): leva em consideração tanto a extensão quanto a intensidade da pobreza e também a desigualdade da distribuição da renda entre os pobres. P= 2 ( k + 1)nz k ∑ (z − xi )(k + 1 − i ) Indice de Pobreza de Sen O índice varia de 0 a 1. P= 0 quando todas as pessoas possuem renda maior que z. P = 1 quando todas as pessoas possuem renda nula. G* índice de gini dos pobres. i =1 Insuficiência de renda de cada pobre é ponderada por um número igual a (k+1-i) que indica a ordem da respectiva intensidade da pobreza. Esse número varia de 1 para o pobre menos pobre até k para o pobre mais pobre. P= 2 ( k + 1)nz k ∑ (z − xi )(k + 1 − i ) i =1 P = H [I + (1 − I )G *] Dominância estocástica Parte I: CONCEITOS BÁSICOS: Mensuração de desigualdade e pobreza Distribuição de renda, desigualdade e pobreza: dominância Dominância - Curva de Lorenz Diferentemente da Parada de Pen (ou Curva dos Quantis), a Curva de Lorenz representa exclusivamente a desigualdade relativa, ou seja, ela é indiferente ao nível da distribuição. curva de Lorenz diz respeito à porcentagem da renda apropriada pelos quantis mais pobres. Existe incerteza quanto ao peso que se dá aos pobres relativamente aos ricos e também quanto a arbitrariedade da linha de pobreza. Apesar de existirem medidas que atendem a estrutura axiomática básica, é possível que o ranking de algumas distribuições difira, simplesmente porque existem medidas de diferentes graus de sensibilidade à diferentes partes da distribuição. Testes: variar as LP, escalas de equivalência, etc. Relembrando... Quantis de uma distribuição: Se usa o termo quantil para a separatriz ou para o estrato. Na prática se adota a renda da última pessoa do estrato como demarcação do quantil. D écimos e decis da distribuição de renda - pessoas ordenadas segundo o nível de renda. A o 1 décim o o 2 décim o O decil é a separatriz. o 9 décim o o 10 décim o O termo decil denomina cada quantil de uma distribuição que foi fracionada em 10 partes. 9 Curva de Lorenz O que é uma Curva de Lorenz? B 100 φ Porcentagem acumulada da renda - Se ordenarmos a distribuição em ordem crescente das rendas (do mais pobre até o rico), é possível relacionar a cada passo a fração populacional acumulada até ali (p) com a fração da renda total acumulada até aquele passo (φ). A curva gerada desse modo é conhecida como curva de Lorenz (L(p)). 90 - A curva de Lorenz nos dá a proporção da renda total apropriada por uma dada parcela da população. Ela relaciona a porcentagem acumulada da renda com a porcentagem acumulada da população. 80 70 Reta de perfeita igualdade 60 50 α 40 30 20 L(p) 10 0 O C 0 10 20 30 40 50 60 70 Porcentagem acumulada da população 80 90 100 p A distribuição de renda em 2007 domina em Lorenz a distribuição em 2001 => em 2007 existe menos desigualdade na distribuição da renda do que em 2001. Dominância de Lorenz: Lorenz curves - 2001 to 2007 100 A - Diz-se, então, que a distribuição A domina em Lorenz a distribuição B. B - O bem-estar é maior em A do que em B). 90 80 Cumulative income percentage - Quando comparamos duas distribuições – A e B – cujas curvas de Lorenz não se interceptam, de forma inquestionável a distribuição cuja curva de Lorenz se situa mais próxima da linha de perfeita igualdade tem menor grau de desigualdade. 70 60 50 40 2007 2001 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Cumulative population percentage Source: Estimates based on Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) - 2001 to 2007. Exemplo de construção de uma Curva de Lorenz Considere a distribuição discreta: (n= 5 e média = 8) x = [1 1 2 6 30] i xi pi Φi Xi/total 1 1 0,2 0,025 2 1 0,4 0,025 0,05 3 2 0,6 0,05 0,1 4 6 0,8 0,15 0,25 5 30 1,0 0,75 1 Curva de Lorenz Diferentemente da Parada de Pen (ou Curva dos Quantis), a Curva de Lorenz representa exclusivamente a desigualdade relativa, ou seja, ela é indiferente ao nível da distribuição. 0,025 A curva de Lorenz diz respeito à porcentagem da renda apropriada pelos quantis mais pobres. 10 Relembrando... Quantis O que é uma Curva de Lorenz? - Se ordenarmos a distribuição em ordem crescente das rendas (do mais pobre até o rico), é possível relacionar a cada passo a fração populacional acumulada até ali (p) com a fração da renda total acumulada até aquele passo (φ). A curva gerada desse modo é conhecida como curva de Lorenz (L(p)). de uma distribuição: Se usa o termo quantil para a separatriz ou para o estrato. Na prática se adota a renda da última pessoa do estrato como demarcação do quantil. D écimos e decis da distribuição de renda - pessoas ordenadas segundo o nível de renda. o 1 décim o o o 2 décim o o 9 décim o 10 décim o - A curva de Lorenz nos dá a proporção da renda total apropriada por uma dada parcela da população. Ela relaciona a porcentagem acumulada da renda com a porcentagem acumulada da população. O termo decil denomina cada quantil de uma distribuição que foi fracionada em 10 partes. O decil é a separatriz. Curva de Lorenz B 100 φ Dominância de Lorenz: Porcentagem acumulada da renda 90 80 - Quando comparamos duas distribuições – A e B – cujas curvas de Lorenz não se interceptam, de forma inquestionável a distribuição cuja curva de Lorenz se situa mais próxima da linha de perfeita igualdade tem menor grau de desigualdade. 70 Reta de perfeita igualdade 60 A 50 α 40 - Diz-se, então, que a distribuição A domina em Lorenz a distribuição B. B 30 20 - O bem-estar é maior em A do que em B). L(p) 10 0 O C 0 10 20 30 40 50 60 70 Porcentagem acumulada da população 80 90 100 p A distribuição de renda em 2007 domina em Lorenz a distribuição em 2001 => em 2007 existe menos desigualdade na distribuição da renda do que em 2001. Exemplo de construção de uma Curva de Lorenz Lorenz curves - 2001 to 2007 100 90 Considere a distribuição discreta: (n= 5 e média = 8) Cumulative income percentage 80 x = [1 1 2 6 30] 70 60 i 50 40 2007 2001 30 xi pi Φi Xi/total 1 1 0,2 0,025 0,025 2 1 0,4 0,025 0,05 3 2 0,6 0,05 0,1 4 6 0,8 0,15 0,25 5 30 1,0 0,75 1 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Cumulative population percentage Source: Estimates based on Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) - 2001 to 2007. 11 Exemplo de construção de uma Curva de Lorenz Quando as curvas de Lorenz se interceptam, existem medidas específicas de desigualdade de renda. Essas medidas, entretanto, envolvem um certo grau de arbitrariedade na mensuração. 1 (a) (b) 0,9 0,8 0,7 A 0,6 A 0,5 B 0,4 B 0,3 0,2 0,1 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 A é mais desigual em sua cauda inferior e menos desigual em sua cauda superior do que em B A é mais igual do que a B Relação entre a Curva de Lorenz e o Índice de Gini Relação entre a Curva de Lorenz e o Índice de Gini - O Índice de Gini é o mais tradicional dentre os índices de concentração. A área do triângulo onde está a curva de Lorenz é 0,5. Portanto, α+β=0,5. - Uma das principais vantagens: sua associação com a Curva de Lorenz (pode ser escrito como uma função da Curva de Lorenz). - Como α varia entre 0, quando a curva se confunde com a linha de perfeita igualdade, e ½, que é a área do triângulo retângulo à direita, temos que o Gini se situa entre 0 e 1. - A desigualdade máxima ocorre quando uma única pessoa se apropria de toda a renda (αMÁX = 0,5). - O Índice de Gini é definido como o quociente entre a área de desigualdade (α) e a desigualdade máxima. Portanto, G= α/0,5 => G=2α α. - Como o Gini é igual a duas vezes a área (α), isto é, G=2α, sendo α a área entre a reta de perfeita igualdade e a curva de Lorenz, temos que: 1 α = 0,5 − β => α = 0,5 − ∫ L( p )dp 0 1 G = 2α => G = 2 0,5 − ∫ L( p )dp 0 1 G = 1 − 2 ∫ L( p) dp 0 Curva de Lorenz Porcentagem acumulada da renda φ Si é a área do i-ésimo trapézio. B 100 90 Base maior: Фi 80 Base menor: Фi -1 70 Altura: pi – pi-1 = 1/n Reta de perfeita igualdade 60 Si = 1/2n(Фi + Фi-1) [lembra que S = (b1 + b2).h/2] 50 α 40 30 Фi -1 20 Pi-1 L(p) Фi Si 1/n pi p 10 0 O 0 C 10 20 30 40 50 60 70 Porcentagem acumulada da população 80 p 90 100 Como queremos calcular a área de desigualdade, o procedimento mais simples é calcular a área complementar em relação ao triângulo inferior (depois fazer ½ - essa área). 12 A área β pode ser obtida pela soma das n áreas Si: Como: G = 2α α+β=0,5 => α=0,5-β n β = ∑ Si Então: G = 2.(0,5 - β) => G = 1 - 2β (*) i =1 Substituindo β em (*), temos que: Substituindo Si = 1/2n(Фi + Фi-1) temos que: 1 n ∑ (φi +φi−1 ) 2n i =1 Portanto, conhecendo as rendas xi, podemos obter φi φi = i xi pi pi acum φi φi+φι-1 1 2 3 4 5 1 1 2 6 30 40 0,03 0,03 0,05 0,15 0,75 0,03 0,05 0,10 0,25 1,00 0,025 0,050 0,100 0,250 1,000 0,025 0,075 0,150 0,350 1,250 1,850 1 n ∑ xi nµ i =1 1 φ1 = .1 = 0,025 5 .8 1 φ2 = .2 = 0,050 5.8 G = 1− 100 80 1 n ∑ (φi +φi −1 ) n i =1 A curva de Lorenz mostra como o “bolo” é dividido mas não revela nada sobre o tamanho do bolo ou quantas bocas vão comê-lo. As informações sobre a renda média e o tamanho da população não podem ser extraídas da curva de Lorenz. Gini 1918 = 35.6 Gini 1998 = 34.7 60 40 1913 20 1 G = 1 − .1,850 = 0,63 5 Algumas limitações: Fatia da renda apropriada. Lorenz curves for 44 countries with their incomes (in $PPP) and populations (Concept 2 distribution) n=5 µ=8 φi = 1 n ∑ xi nµ i =1 Curvas de Lorenz que se cruzam (praticamente com o mesmo Gini) C um ula tive % of incom e β= 1 n 1 n G = 1 − 2 ∑ (φi +φi −1 ) => G = 1 − ∑ (φi +φi −1 ) n i =1 2n i =1 1998 0 2 7 11 16 20 25 30 34 39 43 48 52 57 61 Cumulative % of countries 66 70 75 80 84 89 93 98 Source: thepast.xls (lorenz2) Dominância estocástica de 1ª. Ordem e 2ª. Ordem 1ª. Ordem: A domina em 1ª. Ordem B sempre que: FA( y ) ≤ FB( y ) Quando as curvas de Lorenz se interceptam, não podemos dizer que, de forma inquestionável, a distribuição cuja curva de Lorenz se situa mais próxima da linha de perfeita igualdade tem menor grau de desigualdade. 13 Dominância estocástica de 1ª. Ordem e 2ª. Ordem 1ª. Ordem: −1( p) y = FA Onde p é a % da população que ganha menos que y. Logo a dominância significa: −1( p) ≥ F −1( p) FA B Parada de Pen Curva de Quantis Curva de Quantis : curva que une o valor dos rendimentos do indivíduo mais rico de cada estrato da população em um gráfico de duas dimensões no qual o eixo horizontal representa quantidades de pessoas por meio de frações da população (os quantis) e o eixo vertical representa o valor da renda das pessoas. A Curva de Quantis mostra como o valor de x varia com p = F(x). A Curva de Quantis é a inversa da função de distribuição. 14 Parada de Pen A Parada de Pen é uma metáfora extremamente criativa e simples usada para descrever uma distribuição de renda. A desigualdade de rendimentos é associada à desigualdade na altura das pessoas. Esse recurso chama atenção para o fato de que se a altura das pessoas fosse proporcional a suas rendas, se viveria em uma sociedade formada por uma grande massa de anões e uma pequena elite de gigantes. Parada de Pen Corresponde a curva dos rendimentos médios das frações de população, cuja diferença em relação à Curva de Quantis se resume no uso de valores médios, ao invés de separatrizes, para representar os estratos na distribuição. Dominância estocástica de 1ª. Ordem e 2ª. Ordem 2ª. Ordem: Conceito mais fraco (função déficit: integral da função de distribuição) Dominância estocástica de 1ª. Ordem e 2ª. Ordem 2ª. Ordem: A domina de 2ª. Ordem B (déficit em B é maior do que em A): y Gb ( y ) = Conceito de Lorenz generalizada: curva de lorenz não normalizada pela renda. Compara distribuições com médias diferentes. ∫ 0 Curva y Fb ( y ).dy ≥ ∫ Fa ( y).dy = Ga ( y) 0 de lorenz generalizada: Q ( F ,q ) C ( F , q) = ∫ x.dF ( x) x 15 Dominância mixta de Pobreza Dominância mista consiste ssencialmente em Dominância mixta de Pobreza primeiro definir limites inferiores e superiores, z- e z+, da linha de pobreza z, e então checar se há dominância de segunda ordem de zero à linha de pobreza inferior, e se há dominância de primeira ordem entre as linhas de pobreza inferior e superior. Dominância mista de pobreza implica que todas as medidas de pobreza ordenem pobreza em duas distribuições do mesmo modo. Dominância mista de pobreza do ano i sobre o ano j significa que pobreza é maior em j do que em i para todas as medidas nessa classe, e para todas as linhas de pobreza em(z-, z+). Esta classe inclui todas as medidas de pobreza da família paramétrica de Foster-Greer-Thorbecke, incluindo a proporção de pobres. Dominância mixta de Pobreza Ferreira e Litchfie (2000): z-. z+ :a menor linha de pobreza de Rocha(R$ 32,28) - a maior (R$ 107,33) Anos mais frequentemente dominados: a pobreza foi a maior sem ambiguidade, maior do que outros momentos: 1992/93 e 1983 Recent evolution of inequality in Latin America: 2000 to 2005 2000 Parte I: CONCEITOS BÁSICOS: Mensuração de desigualdade e pobreza 2005 Bolivia 0.60 Uruguay Brazil 0.55 Venezuela Colombia 0.50 Costa Rica Paraguay 0.45 Fechamento: alguns dados do PB 0.40 Dominican Rep. Panama Nicaragua Guatemala El Salvador Honduras Mexico Peru Source: SEDLAC 16 De 2001 a 2007 a renda per capita dos 10% mais pobres cresceu a níveis chineses (7% ao ano). Esta taxa de crescimento é quase três vezes a média nacional (2,5%) Evolução da desigualdade na renda domiciliar per capita segundo o coeficiente de Gini: Brasil, 1976 a 2008 0.64 0.634 0.623 Taxa anual de crescimento da renda domiciliar per capita por decimos da distribuição: Brasil, 2001 a 2008 0.623 0.62 0.615 0.612 0.604 0.594 0.589 0.596 0.600 0.599 0.599 0.594 0.600 Média 0.593 0.592 0.588 0.58 8.1 0.598 Taxa de crescimento nos últimos 7 anos(%) Coeficiente de Gini 0.602 0.60 9.0 0.587 0.581 0.587 0.582 0.580 0.569 0.566 0.560 0.56 0.552 0.544 Mínimo 0.54 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 10% mais pobres 8.0 7.0 6.5 6.0 6.0 5.5 5.0 5.0 4.7 4.0 4.0 10% mais ricos 3.4 3.0 2.6 Média nacional 2.0 1.5 1.0 Anos 0.0 Fonte: Estimativas produzidas com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1976 a 2008. Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto Sétimo Oitavo Nono Décimo Fonte: Estimativas p roduzidas com base na Pesquisa Nacional por Amo stra d e Do micílios (PNAD) d e 2001 a 2008. Como a desigualdade também a extrema pobreza declinou de forma acentuada entre 2001 e 2008 A renda dos mais pobres cresce como a dos chineses e a dos mais ricos como a dos alemães Evolução da extrema pobreza: Brasil, 2001 a 2008 20 19 10 9 China 8 Taxa de crescimento dos 10% mais pobres Brasil2 7 Porcentagem de extremamente pobres (%) Taxa de crescimento do PIB per capita anual (1990-2005) Distribuição dos países no mundo segundo a taxa de crescimento anual do PIB per capita anual entre os anos de 1990 e 2005 11 6 5 4 3 Alemanha 2 1 Taxa de crescimento dos 10% mais ricos Brasil2 0 -1 -2 Haiti -3 -4 Extrema pobreza em 2001 18 17 16 15 14 12 11 10 9 Extrema pobreza em 2008 8 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 7 1999 Distribuição dos países1 (%) 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Fonte: Estimativas produzidas com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2001 a 2008. Evolução temporal da extrema pobreza: Brasil, 1990 a 2008 Distribuição dos países no mundo segundo a renda per capita 20 26 24 18 22,9 22 22,1 Renda per capita (1.000 PPP US$) Porcentagem de extremamente pobres (%) 2000 Ano Fonte: Estimativas produzidas com base no Human Development Report (2007-2008) PNUD. Nota: 1. Estão sendo considerados 171 países para os quais existem a informação. 2. Fonte: Estimativas produzidas com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2001 e 2008 22,6 20 17,8 17,4 18 17,3 16 17,5 17,4 17,7 15,1 16,8 16,5 13,3 14 1,7 p.p./ano 12 Redução na extrema pobreza 8.7 13 o 1 Objetivo do Milênio 10 10,8 10,3 8,8 16 14 12 10 8 Brasil 6 4 2 8 0 0 6 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 Distribuição dos países1 (%) Ano Fonte: Estimativas produzidas com base no Human Development Report (2007-2008) PNUD. Nota: 1. Estão sendo considerados 124 países para os quais existem a informação. 17 Distribuição dos países no mundo segundo a renda per capita e a renda média dos 10% mais pobres Leituras 20 Renda per capita (1.000 PPP US$) 18 16 14 Média Total 12 10 Brasil 8 10% mais pobres 6 4 Macedonia 2 Brasil 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 Litchfield, J. (1999). Inequality – Methods and Tools. Text for World Bank’s Web Site on Inequality, Poverty, and Socio-economic Performance:http://www.worldbank.org/poverty/inequal/index.htm Deaton, A.(1997), The Analysis of Household Surveys: A Microeconometric Approach to Development Policy. The John Hopkins University Press, Baltimore. Seção 3.1 Barros, R. et al (2007) Desigualdade de Renda no Brasil: uma análise da queda recente. Rio de Janeiro: IPEA. Seção 6. Ferreira e Litchfie (200). Desigualdade, Pobreza e Bem estar social no Brasil 1981/95. Livro Desigualdade e Pobreza no Brasil. 100 Distribuição dos países1 (%) Fonte: Estimativas produzidas com base no Human Development Report (2007-2008) PNUD. Nota: 1. Estão sendo considerados 124 países para os quais existem a informação. 104 18