Mensagens de Boas Novas - Volume 10

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Mensagens de Boas Novas - Volume 10
REVISTAANUAL
Editora
RESTAURAÇÃO
Volume 10
Junho 2013 a Maio 2014
"O qual (Jesus Cristo) convém que o céu contenha até aos tempos
da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os
seus santos profetas, desde o princípio." (Atos 3:21).
A Editora Restauração é uma entidade sem fins lucrativos
criada com o propósito de bem utilizar os recursos de comunicação
disponíveis para publicar todo tipo de material que seja útil à
restauração e edificação da Igreja de Jesus Cristo.
O sustento espiritual e material desta entidade depende
exclusivamente das orações e doações feitas pelos santos que
forem tocados pelo Senhor para contribuírem com este ministério.
O material publicado pela Editora Restauração é isento de
reserva de direitos autorais estando, portanto, desde já liberado
para a reedição e reprodução por qualquer pessoa que deseje
participar deste trabalho.
Agradecemos a Deus por nos confiar este importante ministério,
que certamente contribuirá com a preparação da Noiva para a
vinda do Rei e Senhor Jesus Cristo.
O Editor.
www.editorarestauracao.com.br
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Atos 3:21
Boletins
“Mensageiro
das Boas Novas”
Números 217 a 228
PUBLICAÇÕES DA EDITORA RESTAURAÇÃO
O QUE É O EVANGELHO?
Evangelho quer dizer "boas-novas". As boas-novas a respeito
de Jesus Cristo, o Filho de Deus, são-nos apresentadas por quatro
autores: Mateus, Marcos, Lucas e João, embora exista só um Evangelho,
a bela história da salvação por Jesus Cristo, nosso Senhor. A palavra
"Evangelho" nunca é usada no Novo Testamento para referir-se a um
livro. Significa sempre "boas-novas". Quando falamos do Evangelho de
Lucas, devemos compreender que se trata, das boas-novas de Jesus
Cristo conforme foram registradas por Lucas. Entretanto, desde os
tempos antigos o termo "evangelho" tem sido usado com referência a
cada uma das quatro narrativas da vida de Cristo.
Originalmente essas boas-novas eram transmitidas pela
palavra falada. Os homens iam de lugar em lugar contando a velha
história. Depois de algum tempo fez-se necessário um registro escrito.
Mais de uma pessoa tentou fazê-lo, mas sem êxito. Veja o que Lucas diz:
“Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos
fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que
desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra,
também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o
começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma
narração em ordem para que conheças plenamente a verdade das coisas
em que foste instruído” (Lucas 1:1-4).
Há somente um Evangelho, apresentado de quatro maneiras.
Quatro retratos de Cristo são focalizados. Eles apresentam uma
Personalidade, mais do que a história conjunta de uma vida.
(Extraído do livro “Estudo Panorâmico da Bíblia” de Henrietta C. Mears)
Livretos
Betânias Verdadeiras - T.Austin Sparks
A Última Chamada - Stephen Kaung
O Senhorio de Cristo - Stephen Kaung
O Tempo da Cruz - Watchman Nee
Betânia - Frank Viola
O Seu Cristo é Muito Pequeno - Frank Viola
Restaurando a Expressão da Igreja Volume 1 A Ceia do Senhor Partes 1 a 5
Restaurando a Expressão da Igreja Volume 2 O Batismo Partes 1 a 4
Fora do Arraial - Hamilton Smith
Uma Nova Visão da Igreja Como Família - Frank Viola
A Identidade do Testemunho da Igreja - Gino Iafrancesco
Há Um Combate a Ser Combatido! - J.C. Metcalfe
A Que Devemos Ser Leais - William Macdonald
A Vontade de Deus Para a Mulher Cristã - Vários Autores
Divórcio e Recasamento - Shawn Abigail
A Verdade Acerca do Natal - Autor Desconhecido
Não Deixe a Congregação - J. Preston Eby
A Salvação da Alma - Watchman Nee
Livros
A Noiva do Cordeiro - Hamilton Smith
A Gloriosa Liberdade dos Filhos de Deus - S. Kaung
O Filho de Deus - Hamilton Smith
Sede Vós Pois Perfeitos - Stephen Kaung
Conversa Franca com Pastores - Frank Viola
A Plenitude de Cristo - Stephen Kaung
Pequenos Artigos Sobre a Igreja - Hamilton Smith
Restauração - Stephen Kaung
Você quer Realmente Começar Uma Igreja em Casa? - Frank Viola
O Reino e a Igreja - Stephen Kaung
Rios de Águas Vivas - Ruth Paxson
O Reino de Deus - Stephen Kaung
Chamados para a Santidade - Ruth Paxson
Meditações Sobre o Reino - Stephen Kaung
Eu Edificarei a Minha Igreja - Stephen Kaung
A Cruz - Stephen Kaung
Pegadas - Stephen Kaung
Revistas
O Vencedor - Volumes 1 a 10
Mensagens de Boas Novas - Volumes 1 a 10
Todas as publicações se encontram disponíveis na página da internet
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camente cortado de toda economia de Satanás. No final de sua carta aos
Gálatas, Paulo afirma isso muito claramente.
"Mas longe esteja de mim gloriar-me senão na
cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o
mundo está crucificado para mim, e eu para o
mundo" (Gal. 6:14). Notou algo marcante
quanto a este versículo? Com relação ao
mundo, ele fala dos dois aspectos da obra da
cruz já mencionados em nosso capítulo anterior. "Fui crucificado para o mundo" é uma afirmativa que vemos ser facilmente adaptável à
nossa compreensão de estarmos crucificados
com Cristo, como definido em passagens tais
como Romanos 6. Mas aqui também está dito:
especificamente que "O mundo foi crucificado
para mim".
Quando Deus vem a você e a mim
com a revelação da obra terminada de Cristo,
Ele não apenas mostra a nós mesmos crucificados lá na cruz, mostra-nos também o nosso
mundo ali. Se você e eu não podemos escapar
ao julgamento da cruz, então nem o mundo
pode escapar a esse julgamento. Será que eu
realmente já compreendi isso? Essa é a questão. Quando eu compreendo, não tento repudiar um mundo que amo, vejo que a cruz o repudiou. Não tento escapar a um mundo que se
agarra a mim; vejo que através da cruz eu
escapei. Como tantas outras coisas na vida
cristã, a forma da libertação do mundo vem a
ser uma surpresa para muitos de nós, pois está
em grande desigualdade com os conceitos
naturais do homem. O homem procura resolver o problema do mundo afastando-se fisicamente do que ele considera a zona de perigo.
Mas a separação física não traz a separação
espiritual; e o contrário também é verdadeiro,
que o contato físico com o mundo não compele
à captura espiritual pelo mundo. Escravidão
espiritual ao mundo é fruto de cegueira espiritual, e a libertação é o resultado de ter nossos
olhos abertos. Não importa quão próximo
possa ser externamente o nosso contato com
o mundo, somos libertos do seu poder quando
verdadeiramente compreendemos sua natureza. O caráter essencial do mundo é satânico; é
inimizade para com Deus. Compreender isso é
encontrar libertação. Permita-me perguntarlhe: qual a sua ocupação? Mercador? Médico?
Não se afaste dessas vocações. Simplesmente, escreva: o comércio está sob sentença de
morte. A medicina está sob sentença de morte.
Se fizer isso com sinceridade, sua vida será
mudada dai em diante. No meio de um mundo
sob julgamento por sua hostilidade a Deus,
você saberá o que é viver como alguém que
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
O livro de Apocalipse revela que Satanás estabelecerá seu reino do
anticristo no mundo político, religioso e comercial. Neste tripé de
política, religião e comércio, seu reino encontrará sua última expressão
violenta. Ao entrar em contato com qualquer uma das unidades de seu
sistema, deveríamos pensar nisso duas vezes para que,
inadvertidamente, não sejamos encontrados ajudando a construir seu
reino. O mundo jaz no maligno. O mundo está condenado. O mundo
crucificou Jesus. Assim, todo aquele que ama o mundo torna-se inimigo
de Deus. Qual, então, é o segredo para manter nossa vida e coisas
materiais na vontade de Deus?
Watchman Nee responde. Leia este livro. Seja livre!
Este livro pode ser adquirido através do site:
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Jesus
O mensageiro das
BOAS NOVAS
Ano XV n° 217
Junho 2013
“Todos ficaram cheios do
Espírito Santo“
A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
A.J.Gordon
Imediatamente após o Seu
batismo, lemos: “Jesus, cheio do
Espírito Santo, voltou do Jordão e
foi guiado pelo mesmo Espírito, no
deserto” (Lc 4.1). O mesmo registro
se faz a respeito dos discípulos no
cenáculo, imediatamente após a
descida do Espírito: “Todos ficaram
cheios do Espírito Santo” (At 2.4). O
assunto tratado nessas passagens
em nada parece diferente daquilo
que, em outras passagens das
Escrituras, se chama de receber o
Espírito Santo. É uma experiência
que pode ser repetida, e certamente o será, se estivermos vivendo no
Espírito. Mas é claramente uma
experiência de alguém que já se
converteu. Isso fica evidente na
vida de Paulo. Se, conforme citamos mais para o início deste capítulo, o recebimento do Espírito está
associado sempre e inseparavelmente à conversão, alguém poderá
com razão perguntar por que uma
conversão tão marcante e radical
como a do apóstolo aos gentios
precisa ser seguida de uma experiência como a mencionada em
Atos 9.17: “Saulo, irmão, o Senhor
me enviou, a saber, o próprio Jesus
que te apareceu no caminho por
onde vinhas, para que recuperes a
vista e fiques cheio do Espírito Santo”. Parece que temos aqui uma
clara indicação para aquilo que
constantemente aparece nas Escrituras, tanto na doutrina como na
experiência, algo divinamente distinto da conversão e posterior a ela,
experiência que temos chamado de
receber o Espírito Santo.
Podemos chamá-la também, apropriadamente, de “revestimento de poder”; repare a frequência com que, em todo o livro de
Atos, poderosas obras e poderosos
discursos estão relacionados a
essa experiência. “Então, Pedro,
cheio do Espírito Santo, lhes disse:
Autoridades do povo e anciãos...”
(At 4.8) é o prefácio de um dos mais
A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO (continuação)
A.J.Gordon
poderosos sermões desse
apóstolo. todos ficaram cheios do
Espírito Santo e, com intrepidez,
anunciavam a palavra de Deus” (At
4.31) é um registro semelhante. elegeram Estêvão, homem cheio de fé
e do Espírito Santo” diz a narrativa
da escolha dos diáconos, em Atos
6.5. “Estêvão, cheio do Espírito
Santo” é a tônica desse grande
sermão do mártir. Esse enchimento
do Espírito assinala uma decisiva e
muito importante crise na vida cristã, é o que concluímos da história
da conversão do apóstolo, a que
acabamos de nos referir.
Mas, como já dissemos,
estamos longe de afirmar que essa
é uma experiência que ocorre uma
vez para sempre, como parece ser
o caso do selo. Assim como as palavras “regeneração” e “renovação”,
quando usadas pelas Escrituras,
assinalam respectivamente a concessão da vida divina como possessão permanente e o seu aumento
por meio de repetidas transmissões, quando somos selados recebemos o Espírito Santo uma vez
para sempre, recebimento esse
que pode ser seguido de repetidos
enchimentos. É razoável concluir
isso, uma vez que nossa capacidade está sempre aumentando e
nossa necessidade sempre de
novo aparece, conforme Godet
expõe de forma tão bela: “O homem
é um vaso destinado a receber a
Deus, um vaso que precisa ser
ampliado na proporção em que se
enche, e precisa ser cheio à medida
que se amplia”.
E mesmo assim confessamos aqui certo grau de incerteza
quanto ao uso dos termos e se os
dois que estamos considerando
são exatamente a mesma coisa.
Creio que devemos, por isso, fazer
uma pausa e orar, uma vez que “nós
não temos recebido o espírito do
mundo, e sim o Espírito que vem de
Deus, para que conheçamos o que
por Deus nos foi dado gratuitamente” (1 Co 2.12). Que o bendito Revelador e Intérprete possa não
somente nos revelar nosso privilégio e herança no Espírito Santo,
mas nos ensinar a denominar e
distinguir os termos pelos quais
essas bênçãos nos são transmitidas.
Embora o fato a respeito do
qual estamos falando pareça indubitável, a sua explicação está longe
de ser fácil. Por essa razão, não
podemos considerar de pouco valor
um consenso de opinião a esse
respeito por parte daqueles que têm
afinal de contas, é um pouco mais
do que métodos mundanos? Permita-me
recordar-lhes as palavras de Jesus em Mateus
11:18, 19: "Pois veio João, que não comia nem
bebia e dizem: tem demônio. Veio o Filho do
homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um
glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!" Alguns pensam que João
Batista nos oferece uma receita para escapar
ao mundo, mas "não comia nem bebia" não é
cristianismo. Cristo veio comendo e bebendo e
isso é cristianismo! O apóstolo Paulo fala das
"ordenanças do mundo", e define-as como
"não manuseies isto não proves aquilo, não
toques aquilo outro" (Col. 2:20, 21). Assim, a
abstinências é nada mais nada menos do que
mundana, e que esperança há, no uso de
ordenanças mundanas, de escapar do sistema
do mundo?
Contudo quantos cristãos sinceros estão renunciando a toda sorte de prazeres
mundanos na esperança de assim ficarem
libertos do mundo! Você pode construir uma
cabana de eremita em algum lugar remoto,
pensando escapar ao mundo retirando-se
para lá, mas o mundo o seguirá até mesmo ali.
Seguirá sua pista e o encontrará, não importando onde você se esconda. Nossa libertação
do mundo começa, não com a nossa desistência disso ou daquilo, mas com o enxergarmos
com os olhos de Deus, que é um mundo sob
sentença de morte, como na ilustração com a
qual abrimos este capítulo, "caiu, caiu a grande Babilônia!" (Ap. 18:2). Agora uma sentença
de morte está sempre passada, não sobre os
mortos, mas sobre os vivos. E em certo sentido
o mundo é uma força viva hoje, perseguindo e
procurando incansavelmente seus vassalos.
Mas, embora seja verdade que quando é
pronunciada a sentença a morte ainda pertence ao futuro, ainda assim é certa. Uma pessoa
sob sentença de morte, não tem futuro além
dos limites de uma cela condenada. Do mesmo modo o mundo estando sob sentença, não
tem futuro. O sistema mundial ainda não foi
"golpeado", como dizemos, e terminado por
Deus, mas o golpeamento é uma questão já
decidida. Faz toda diferença para nós se vemos isso. Algumas pessoas procuram a libertação do mundo no ascetismo e como o Batis-
ta, não comem nem bebem. Isso hoje é budismo, não cristianismo. Como cristãos nós
comemos e bebemos, mas o fazemos na
compreensão de que o comer e beber pertencem ao mundo, e, como eles estão sob a sentença de morte, não tem poder sobre nós.
Suponhamos que as autoridades municipais
de Shangai decretem que a escola onde você
está empregado deve ser fechada. Assim que
toma conhecimento dessa notícia, você percebe que não há futuro naquela escola para
você. Continua trabalhando lá por um tempo,
mas não constrói nada para o futuro ali. Sua
atitude para com a escola muda no momento
em que fica sabendo que deve ser fechada.
Ou, para usar outra ilustração, suponha que o
governo decida fechar certo banco. Você se
apressaria a depositar nele uma grande importância de dinheiro para salvá-lo do colapso?
Não, você não depositaria ali nem mais um
centavo, desde que saiba que não tem futuro.
Você não deposita nada, porque não espera
nada dele. E podemos com justificativa dizer
que o mundo está sob uma ordem de fechamento. Babilônia caiu quando seus defensores
guerrearam com o Cordeiro, e quando por Sua
morte e ressurreição Ele os superou como o
Senhor dos senhores e Rei dos reis (Ap.
17:14). Não há futuro para ela. Uma revelação
da cruz de Cristo implica para nós na descoberta desse fato, que através dela tudo o que
pertencia ao mundo está sob sentença de
morte. Continuamos vivendo e utilizando as
coisas do mundo, mas não podemos construir
qualquer futuro com elas, pois a cruz destruiu
toda esperança que tínhamos nelas. A cruz de
nosso Senhor Jesus podemos na verdade
afirmar, arruinou nossas expectativas quanto
ao mundo, não temos nada por que viver nele.
Não existe um verdadeiro caminho de salvação do mundo que não principie com tal revelação. Precisamos apenas tentar escapar do
mundo fugindo dele, para descobrir o quanto
nós o amamos, e o quanto ele nos ama. Podemos fugir para onde quisermos para evitá-lo,
mas ele certamente nos encontrará. Mas
perdemos inevitavelmente todo interesse pelo
mundo, e este perde seu poder sobre nós,
assim que descobrirmos que o mundo está
condenado. Compreender isso é ser automati
Pois certamente precisamos
construir. O Éden era um jardim sem muralhas
artificiais para conservar fora os inimigos; por
isso Satanás pôde entrar. Deus pretendia que
Adão e Eva "o guardassem" (Gn. 2:15), eles
próprios constituindo-se numa barreira moral
contra ele. Hoje, por meio de Cristo, Deus
planeja um Éden no coração de Seu povo
redimido, ao qual, em triunfante realidade,
Satanás finalmente não terá qualquer acesso
moral. "Nela nunca jamais penetrará coisa
alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira; mas somente os inscritos
no livro da vida do Cordeiro".
Muitos de nós concordaríamos
que foi dada uma revelação especial da Igreja
de Deus ao apóstolo Paulo. De igual modo,
sentimos que Deus deu a João uma compreensão especial da natureza das coisas do
mundo. Na verdade, kosmos é peculiarmente
uma palavra de João. Os outros evangelhos
usam-na apenas quinze vezes. Mateus nove,
Marcos e Lucas três vezes cada, enquanto
Paulo emprega-a 47 vezes em oito cartas. Mas
João usa-a 105 vezes ao todo, 78 em seu
evangelho, 24 em suas epístolas e mais três
vezes emApocalipse.
Em sua primeira epístola, João
escreve: "porque tudo que há no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência
dos olhos e a soberba da vida, não procede do
Pai, mas procede do mundo" (2:16). Nestas
palavras que refletem com tanta clareza a
tentação de Eva (Gn. 3:6), João define as
coisas do mundo. Tudo o que pode ser incluído
na concupiscência ou desejo primitivo, tudo o
que excita ambição gananciosa, e tudo o que
desperta em nós a soberba ou deslumbramento da vida, todas essas coisas são parte do
sistema satânico. Talvez quase não seja necessário considerar mais detalhadamente os
dois primeiros, mas contemplemos o terceiro
por um momento. Tudo o que provoca soberba
em nós, é do mundo. Proeminência, riquezas,
realizações, isto o mundo aplaude. Os homens
ficam legitimamente orgulhosos do sucesso.
Contudo, João denomina tudo o que traz essa
sensação de sucesso como "do mundo".
Portanto, cada sucesso que experimentamos (eu não estou sugerindo que
deveríamos ser fracassados) reclama de nós,
por um instante, a humilde confissão de sua
pecaminosidade inerente, pois onde quer que
tenhamos encontrado o sucesso, até certo
ponto entramos em contato com o sistema
mundial. Sempre que sentimos complacência
quanto a alguma realização, podemos saber
de imediato que tocamos o mundo. Podemos
saber, também, que nos colocamos sob o
julgamento de Deus, pois não temos já concordado que o mundo todo está sob julgamento?
Agora (e vamos tentar assimilar este fato)
aqueles que percebem isso e confessam sua
necessidade estão desse modo protegidos.
Mas o problema é, quantos de nós
estão conscientes disso? Mesmo aqueles
dentre nós que vivem na separação de suas
casas particulares estão tão propensos a
serem presas da soberba da vida, quanto os
que têm grande sucesso público. Uma mulher
em uma modesta cozinha pode tocar o mundo
e sua complacência mesmo enquanto estiver
preparando a refeição diária ou entretendo
convidados. Toda glória que não é para a glória
de Deus é vanglória, e são surpreendentes os
sucessos insignificantes que podem causar
vanglória. Onde quer que encontremos o
orgulho, encontramos o mundo, e há uma
perda imediata de nosso relacionamento com
Deus. Oh, que Deus nos abra os olhos para
vermos claramente o que é o mundo! Não
apenas as coisas más, mas todas aquelas que
nos afastam tão gentilmente de Deus, são
unidades daquele sistema que é antagônico a
Ele. Contentamento na realização de um
trabalho tem o poder de se colocar de imediato
entre nós e Deus. Pois se é soberba da vida e
não o louvor a Deus que desperta em nós,
podemos saber com certeza que tocamos o
mundo. Dessa forma, há uma necessidade
constante de vigiar e orar, se quisermos manter pura comunhão com Deus.
Qual é então o modo de escapar a
essa cilada que o diabo colocou para enganar
o povo de Deus? Primeiro, digo enfaticamente
que não escaparemos pelo fato de fugirmos.
Muitos pensam que podemos escapar do
mundo, procurando abster-nos das coisas do
mundo. Isso é tolice. Como poderíamos nós
escapar ao sistema do mundo usando o que,
pensado com mais cuidado e pesquisado com mais devoção sobre o
assunto. Essa é a nossa justificativa
para as inúmeras citações que
introduzimos neste capítulo, por
crer que o Espírito Santo provavelmente Se dará a entender por meio
daqueles que mais O honram ao
buscar a Sua direção e iluminação.
Numa recente obra sobre o
assunto, na qual se uniram de
forma harmoniosa tanto a erudição
quanto o discernimento espiritual, o
autor coloca da seguinte forma as
suas conclusões: “Parece-me sem
dúvida nenhuma, como assunto de
experiência tanto dos cristãos de
nossos dias quanto dos cristãos da
Igreja primitiva, da forma que está
registrado nos escritos inspirados,
que, em adição ao dom do Espírito
recebido na conversão, há outra
bênção correspondente em seus
sinais e efeitos à bênção recebida
pelos apóstolos no dia de Pentecostes uma bênção que precisa ser
pedida e esperada por aqueles que
já são cristãos e que pode ser descrita com a linguagem empregada
no livro de Atos dos Apóstolos. O
que quer que seja essa bênção, ela
é uma direta ligação com o Espírito
Santo; uma experiência que pode
ser descrita pela expressão 'ser
cheio do Espírito'.Assim como aconteceu com os cristãos primitivos,
assim também ocorre conosco: o
enchimento sobrevém quando há
especial necessidade dele... E há
uma ocasião em que essa bênção
ocorre pela primeira vez. Essa primeira vez é uma crise espiritual que
se torna referência para toda a sua
vida espiritual futura. Talvez fique a
dúvida sobre como chamar essa
crise, ou pelo menos qual é o nome
que as Escrituras nos autorizam dar
a ela... Quer se esteja consciente
disso ou não, toda a nova vida se
deve à vinda do Espírito Santo na
alma, com novo poder; e quanto
mais conscientemente se entende
isso, mais se encontra o Espírito
Santo em Seu devido lugar em
nosso coração. É somente quando
Ele é conscientemente aceito em
todo o Seu poder que se pode dizer
que fomos tanto 'batizados' como
'cheios' com o Espírito Santo. Devo
acrescentar que é possível afirmar
que Deus desde o começo ofereceu
ao Seu próprio povo uma posição
mais elevada nesse assunto do que
eles têm sido capazes de ocupar,
pelo fato de que a plenitude do Espírito foi e é oferecida a cada pessoa
na conversão; e que é unicamente
por causa da falta de fé que as sub
Jesus
sequentes efusões do Espírito
Santo se tornaram necessárias”.
Parece claro, da exortação
encontrada na Epístola aos Efésios, que o enchimento do Espírito
nos pertence como privilégio da
aliança, a qual evidentemente se
aplica a todos os cristãos: “E não
vos embriagueis com vinho, no qual
há dissolução, mas enchei-vos do
Espírito” (Ef 5.18). O uso passivo do
verbo aqui é muito sugestivo. A vontade rendida, o corpo submisso, o
coração esvaziado são os grandes
requisitos para que Ele entre. E
quando Ele vier e encher o crente, o
resultado é uma espécie de atividade passiva, como alguém que foi
moldado e controlado, em vez de
alguém que controla suas próprias
ações. Sob a influência de bebida
forte, há uma efusão de tudo que o
espírito mau inspira frivolidade,
profanação e conduta desordenada. “Sejam homens embriagados de Deus”, diz o apóstolo; “permitam que o Espírito de Deus os
controle de tal forma que vocês
transbordem em salmos e hinos e
cânticos espirituais”. Se um entusiasmo divino desses possui seus
perigos, cremos que são menos
temíveis do que o moderantismo
que torna os servos de Deus satisfeitos com a letra das Escrituras,
desde que essa letra seja manejada
com habilidade e de forma sistemática, em vez de conceder ao Espírito
o principal lugar como o inspirador e
o gerador de todo serviço cristão.
!
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
Você descobrirá que a leitura e meditação cuidadosas
deste livro farão você conhecer o Senhor mais
intimamente, além de tornar o seu andar e o seu trabalho
com Ele mais produtivos.
Este livro pode ser adiquirido no site:
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O mensageiro das
BOAS NOVAS
Maio 2014
Ano XVI n° 228
“Não ameis o mundo“
CRUCIFICADO EM MIM
Wachman Nee
Separação para Deus, separação
do mundo, é o primeiro princípio do viver cristão. Na revelação de Cristo feita a João, foram
mostrados dois extremos irreconciliáveis, dois
mundos que moralmente eram pólos opostos.
Ele foi primeiro transportado no Espírito para
um deserto, para ver Babilônia, mãe das meretrizes e abominações da terra (Ap. 17:3). Foi
então levado no mesmo Espírito para uma
grande e alta montanha, para dali contemplar
Jerusalém, a noiva, a esposa do Cordeiro (Ap.
21:10). O contraste é claro, e dificilmente
poderia ser mais explicitamente declarado.
Quer sejamos Moisés ou Balaão,
para termos a visão que Deus tem das coisas,
precisamos ser levados como João para um
pico de montanha. Muitos não podem ver o
plano eterno de Deus, ou se o veem entendem-no apenas com árida doutrina, porque se
satisfazem em permanecer nas planícies. Pois
a compreensão jamais pode tocar-nos; só a
revelação o faz. Do deserto podemos ver algo
da Babilônia, porém necessitamos de revelação espiritual para ver a Nova Jerusalém de
Deus. Uma vez que a avistemos, jamais seremos os mesmos novamente. Portanto, como
cristãos nós confiamos tudo a essa abertura de
olhos, mas para experimentá-la precisamos
estar preparados para renunciar aos níveis
comuns e subir.
A meretriz Babilônia é sempre "a
grande cidade" (Ap. 16:19, etc.), com ênfase
em seus feitos de grandeza. A Nova Jerusalém
é, ao contrário, "a cidade santa" (Ap. 21:2, 10),
com a ênfase correspondente em sua separação para Deus. Ela é "de Deus" e está preparada para "seu esposo". Por essa razão, ela tem
a glória de Deus. Essa é uma questão de
experiência para todos nós. Santidade em nós
é o que é de Deus, o que está totalmente separado para Cristo. Segue a regra de que somente o que se originou do céu retorna para lá; pois
nada mais é santo. Retire-se esse princípio de
santidade, e estamos instantaneamente em
Babilônia.
Dessa forma, sucede que a muralha é o primeiro aspecto da cidade em si que
João menciona em sua descri-ção. Há portas
fazendo provisão para as obras de Deus,
porém a muralha tem prioridade. Pois, repito,
separação é o primeiro princípio da vida cristã.
Se Deus quer Sua cidade com suas medidas e
Sua glória naquele dia, então precisamos
construir aquela muralha nos corações humanos agora. Na prática isto quer dizer que devemos guardar como precioso tudo o que é de
Deus, e recusar e rejeitar tudo o que é da
Babilônia. Com isso, não estou me referindo à
separação entre cristãos. Não ousamos excluir nossos próprios irmãos, mesmo quando não
podemos participar de algumas coisas que
eles fazem. Não, devemos amar e receber
nossos irmãos cristãos, mas sermos em princípio inflexíveis em nossa separação do mundo.
Em seus dias, Neemias conseguiu
reconstruir a muralha de Jerusalém, mas
apenas enfrentando grande oposição. Pois
Satanás odeia a separação. Ele não pode
suportar a separação do homem para Deus.
Por isso, Neemias e seus companheiros armaram-se, e assim equipados para a guerra,
assentaram pedra por pedra. Este é o preço da
santidade, para o qual devemos estar preparados.
pela submissão ao batismo de
arrependimento, apesar de não haver pecado.
Como recompensa por Sua obediência, Ele teve
o selo de aprovação do Pai. Ele recebeu uma
nova comunicação do poder da vida celestial.
Além daquilo que Ele já havia experimentado, a
presença e o poder residente do Pai tomaram
posse d'Ele e O equiparam para Sua obra. A
liderança e o poder do Espírito se tornaram Seus
de maneira mais consciente do que antes (Lc
4:1, 14, 22); Ele estava agora ungido com o
Espírito Santo e com poder.
Apesar de batizado, Ele ainda não
podia batizar outros. Primeiro, no poder de Seu
batismo, Ele deveria enfrentar a tentação e
vencê-la. Ele teria que aprender a obediência e
sofrimento e, através do Espírito eterno, oferecer-se a Si mesmo como sacrifício a Deus e à
Sua vontade – somente então Ele receberia o
Espírito Santo como recompensa da Sua obediência (At 2:33) com o poder de batizar todos os
que pertencem a Ele.
A vida de Jesus ensina-nos o que é
o batismo do Espírito. É mais do que a graça pela
qual nos voltamos para Deus, somos salvos e
buscamos viver como filhos de Deus. Quando
Jesus lembrou Seus discípulos da profecia de
João (At 1:4-5), eles já eram participantes da
graça. O batismo com o Espírito significava algo
mais. Seria a presença consciente do Senhor
glorificado descendo dos céus para habitar em
seus corações. Seria a participação deles no
poder de Sua nova vida. Era um batismo de
regozijo e poder.Tudo o que eles haveriam de
receber em sabedoria, coragem e santidade
tinha suas raízes nisso: o que o Espírito foi para
Jesus quando Ele foi batizado, o vínculo vivo
com o poder e a presença do Pai, Ele seria para
os discípulos. Através do Espírito, o Filho manifestaria a si mesmo, e o Pai e o Filho fariam
morada neles.
“Aquele sobre quem vires descer e
pousar o Espírito, esse é o que batiza com o
Espírito Santo” (Jo 1:33). Esta palavra é para nós
assim como foi para João. Para sabermos o que
significa o batismo do Espírito e como haveremos de recebê-lo, devemos olhar para Aquele
sobre quem o Espírito desceu e pousou. Devemos ver Jesus batizado com o Espírito Santo. Ele
necessitava desse batismo, foi preparado e
rendeu-se a ele. Foi através do poder do Espírito
Santo que Ele deu Sua vida e então ressuscitou
dos mortos. O que Jesus tem a nos dar, Ele
primeiramente recebeu e pessoalmente apropriou-se; o que Ele recebeu e ganhou para Si mesmo foi totalmente para nosso benefício. Permita,
então, que Ele lhe dê esta dádiva.
A respeito desse batismo do Espírito, há questões que se levantam. Nem todas
terão as mesmas respostas. Foi o derramamento
do Espírito no Pentecostes o completo cumprimento da promessa? Foi ele o único batismo do
Espírito, dado de uma só vez à recém-nascida
Igreja? Ou devem também as descidas do Espírito Santo sobre os discípulos (At 4); sobre os
samaritanos (At 8); sobre os gentios na casa de
Cornélio (At 10); e sobre os doze discípulos em
Éfeso (At 19).
!
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
Através do tempo houve cristãos que encontraram a Deus,
conheceram-nO e, através da fé, tiveram a certeza de que eram
agradáveis a Deus. O propósito do Filho de Deus, quando veio à Terra
revelando o Pai, era que a comunhão com Deus e a certeza de Seu favor
pudessem se tornar o gozo permanente de cada filho de Deus. Jesus foi
exaltado ao trono da glória, após Sua ressurreição, a fim de enviar o
Espírito Santo para habitar em nós, para que pudéssemos conhecer a
verdadeira comunhão com Deus. Deveria ser uma das marcas da nova
aliança que cada um de seus membros passasse a andar em comunhão
pessoal com Deus.
Este livro pode ser adquirido através do site:
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Jesus
O mensageiro das
BOAS NOVAS
Julho 2013
Ano XV n° 218
“Transformados de glória em glória“
UMA DECISÃO IMPORTANTE
David W. Dyer
Logo após a criação deste
mundo, o Deus da glória manteve um
solene conselho consigo mesmo. Seguindo esta respeitosa conferência, Ele fez o
seguinte pronunciamento : “Vamos fazer o
homem á nossa imagem, conforme a
nossa semelhança” (Gen 1:26). Isto é algo
de grande significado. O criador de todo o
Universo decidiu moldar um ser que se
assemelhasse a Ele próprio. Ora, porque
Deus fez algo assim? Porque Ele faria
uma criatura que pode ser descrita como
uma representação miniaturizada Dele
mesmo? Certamente devemos concluir
que é mais do que uma fantasia passageira, mas que nosso Deus tinha em Sua
mente um propósito glorioso. O homem
não era um experimento, uma reflexão
tardia ou simplesmente um novo tipo de
criatura com a qual Ele povoaria a Terra.
Pelo contrário, quando formou o homem,
Deus estava estabelecendo um insondável plano que emanou das profundezas de
Seu coração. Consequentemente, o
homem é uma criatura única nos desígnios do Todo-poderoso. Ele foi o único ser
criado com o grande privilégio de ser feito
á imagem e semelhança do Deus Altíssimo. Verdadeiramente nós fomos feitos de
“maneira terrível e maravilhosa” (Salmo
139:14).
Deus iniciou a Sua criação da
raça humana com um único indivíduo :
Adão. Entretanto, conforme
Ele contemplava Sua criação (para a
maioria da qual Ele antes pronunciara que
era “muito bom” (Gen 1:31), Ele notou que
algo estava faltando. Sua atenção se
centralizou na falta de um elemento que
Ele, evidentemente, considerou ser uma
importante deficiência–Adão não tinha
esposa. Foi neste contexto que Deus
proferiu algumas palavras que são especialmente importantes e que, creio eu, revelam-nos algo sobre Seu próprio coração.
Ele disse: “Não é bom que o homem esteja
só” (Gen 2:18). Porque Deus faria tal coisa? Porque Ele faria tanto esforço para
criar Adão e, então, assim que o trabalho
terminou, declará-lo inacabado? Um incidente como este deve ser mais do que
simples coincidência. Parece possível
que, enquanto Ele pronunciava esta sentença sobre o primeiro homem, Ele estava
externando um ardente desejo que sentia
bem profundo em Seu próprio coração.
Poderia ser que nosso Deus não gosta de
estar sozinho? Poderia ser que Ele deseja
uma união íntima com um ser como Ele
mesmo? Podemos nós compreender
desta eloquente pintura que talvez nosso
Deus pretenda se casar? Aresposta a esta
questão é, indubitavelmente, sim.
Fora de dúvidas, Deus está nos
falando através desta passagem, sobre
algo que está no fundo de Seu coração.
UMA DECISÃO IMPORTANTE (continuação)
David W. Dyer
Mantendo este pensamento
em mente, vamos examinar juntos mais
um pouco das Escrituras e ver como elas
na verdade dão suporte a tal hipótese.
Um pouco depois de ter feito o
primeiro homem, Deus declara seu trabalho incompleto e, então, decide edificar
uma noiva para Adão. Entretanto, em vez
de começar imediatamente o trabalho, Ele
fez uma coisa incomum. Primeiro, Ele
trouxe todos os animais diante dos olhos
deAdão eAdão deu nome a eles. Mas, nós
lemos, “não foi encontrada uma adjutora
comparável a ele” (Gen 2:20). Que interessante é esta afirmação! Parece que Deus
não estivesse simplesmente solicitando a
Adão que nomeasse os animais como
uma pequena tarefa antes de seu casamento, mas, mais importante, Ele estava
procurando por uma adjutora adequada
para ele. Ele e Adão estavam juntos examinando todos estes pássaros e feras á
procura de uma companheira adequada.
Entretanto, nenhuma pôde ser encontrada.
Claro que estou certo que
muitas destas criaturas eram muito agradáveis. Imagino que algumas pareciam
bem atraentes, graciosas e fofinhas. Mas,
de algum modo, algo não estava certo.
Nenhuma delas poderia provocar uma
resposta dentro deste homem. Então,
conforme já discutimos, Deus pôs-se a
trabalhar para remediar a situação. Posteriormente, quando Adão acordou, ele foi
presenteado com uma bela visão. A
mulher que Deus havia feito estava diante
dele. Conforme ele a olhou encantado,
algo se agitou nos mais profundos recantos de seu coração. Algo dentro de seu
peito respondeu a esta nova criatura.
Então este sentimento poderoso, que ele
nunca sentira antes, foi expresso por estas palavras: “Esta sim é osso
dos meus ossos e carne de minha carne.”
(Gen 2:23). Ela era como Ele mesmo. Ela
era tudo o que as outras criaturas não
poderiam ser para ele. Agora ele havia
encontrado uma semelhante com a qual
ele iria se unir em uma união íntima. Tudo
isso tem uma importante aplicação em
nossa discussão sobre Deus e suas intenções. Veja você, embora Ele seja circundado por miríades de anjos, embora a Sua
criação completa permaneça diante Dele,
nenhuma destas outras criaturas é adequada para proporcionar a intimidade e o
companheirismo que Ele deseja. Nenhuma delas poderia ocupar esta posição
porque elas não eram semelhantes a Ele
mesmo. Assim como Adão não pôde
encontrar uma companheira entre os
animais, mas teve que esperar até que
Deus preparasse uma esposa para ele,
assim também Nosso Senhor está procurando por “alguém”– sua futura noiva – de
quem Ele possa dizer: “Ela é como eu,
osso dos meus ossos e carne de minha
carne”.
Queridos amigos, isto é muito
mais do que apenas uma aula sobre história antiga. Aqui mesmo encontramos uma
ilustração eloquente, profética, de um
importante princípio espiritual. O desígnio
de Deus para o Universo é que apenas
criaturas similares podem ser companheiras ou se casar. Somente seres que são
semelhantes têm permissão para ter este
tipo de união íntima. Pássaros se acasalam com pássaros, gado com gado, peixe
com peixe e assim por diante– cada um
segundo a sua própria espécie (Gen
1:21,24). Esta verdade é claramente vista
na ilustração que acabamos de rever,
da: “... porei dentro de vós espírito
novo; ... porei dentro de vós o meu Espírito...”.
Oremos para que retenhamos a maravilhosa
bênção do Espírito de habitação até que todo
nosso ser seja aberto à plena revelação do amor
do Pai e da graça de Jesus Cristo.
Essas palavras repetidas de nosso
texto: “dentro de vós; dentro de vós” estão entre
as palavras-chave da nova aliança. A palavra
traduzida como dentro não é uma preposição,
mas a mesma que aparece aqui e em outras
partes como “seu íntimo” e “pensamento íntimo”
(Sl 5:9 e 49:11). “... porei o meu temor no seu
coração, para que nunca se apartem de mim” (Jr
32:40). Deus criou o coração do homem para
Sua habitação. O pecado entrou e o corrompeu.
O Espírito de Deus empenhou-se em recuperar a
posse. Na encarnação e expiação de Cristo a
redenção foi obtida e o reino de Deus estabelecido. Jesus pôde dizer: “Porque o reino de Deus
está dentro de vós” (Lc 17:21). É dentro que
devemos procurar pelo cumprimento da nova
aliança, a aliança não de ordenanças, mas de
vida.
No poder de uma vida eterna, a lei e
o temor de Deus devem ser estampados em
nosso coração; o Espírito do próprio Cristo deve
habitar dentro de nós como o poder de nossas
vidas. Não somente no Calvário, na ressurreição
ou no trono deve ser vista a glória de Cristo, o
conquistador, mas em nosso coração. Dentro de
nós deve estar a verdadeira manifestação da
realidade e glória de Sua redenção. Dentro de
nós, no íntimo de nosso ser, está o santuário
oculto onde a arca da aliança é aspergida com o
sangue. Ela contém a lei escrita num manuscrito
eterno pelo Espírito de habitação, e onde, através do Espírito, o Pai e o Filho vêm agora habitar.
O Batismo do Espírito
Houve duas coisas que João Batista pregou a respeito da pessoa de Cristo. Primeiro que Ele era o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo e, segundo, que Ele batizaria
Seus discípulos com o Espírito Santo e com fogo.
O sangue do Cordeiro e o batismo do Espírito
eram as duas verdades centrais de seu credo e
pregação. Elas são, de fato, inseparáveis. A
Igreja não pode realizar sua obra em poder, nem
o seu Senhor exaltado pode ser glorificado nela a
menos que o sangue como a pedra fundamental
e o Espírito como a pedra angular sejam plena-
mente pregados.
Isto nem sempre tem sido feito,
mesmo entre aqueles que de todo o coração
aceitam as Escrituras como seu guia.Apregação
do Cordeiro de Deus, Seu sofrimento, expiação,
perdão e a paz através d'Ele são mais facilmente
compreendidos e mais prontamente influenciam
nossos sentimentos do que a verdade espiritual
do batismo, habitação e liderança do Espírito
Santo. O derramamento do sangue de Cristo
aconteceu na Terra; foi algo visível e evidente e,
em virtude dos sinais, completamente inteligível.
O derramamento do Espírito aconteceu do céu,
um mistério divino e oculto. O derramar do sangue foi para os impiedosos e rebeldes; o dom do
Espírito, para o obediente e amoroso discípulo.
Não é de admirar que a Igreja, frequentemente
deficiente em amor e obediência, considere mais
difícil receber a verdade do batismo do Espírito
do que a da redenção e perdão.
E ainda assim, Deus não desejava
isso. A promessa do Antigo Testamento fala do
Espírito de Deus dentro de nós. O precursor
(João Batista) seguiu a mesma linha e não pregou o Cordeiro remidor sem deixar de nos dizer
até onde chegaria nossa redenção e como o
supremo propósito de Deus seria cumprido em
nós. O pecado trouxe não somente culpa e
condenação, mas degeneração e morte. Incorreu não somente na perda do favor de Deus,
como também nos fez inadequados para a
comunhão divina.
Sem comunhão, o Amor que criou o
homem não poderia estar satisfeito. Deus nos
queria para Ele mesmo – nosso coração, afetos,
personalidade íntima e nosso verdadeiro ser –
uma morada para Seu amor, um templo para Seu
louvor. A pregação de João incluiu tanto o começo como o fim da redenção: o sangue do Cordeiro foi para purificar o templo de Deus e restaurar
o Seu trono dentro do coração. Somente o batismo no Espírito Santo e Sua plena habitação
podem satisfazer o coração de Deus e do homem.
Jesus daria somente aquilo que
recebeu. Porque o Espírito pousou n'Ele quando
foi batizado, Ele poderia batizar com o Espírito. O
Espírito descendo e habitando n'Ele significava
que Ele havia nascido do Espírito Santo; no
poder do Espírito havia crescido; havia entrado
na humanidade livre de pecado, e agora havia
vindo a João para cumprir toda a lei da justiça
Espírito. A primeira é a obra do
Espírito Santo pela qual Ele nos convence do
pecado, leva-nos ao arrependimento e à fé em
Cristo, e concede-nos uma nova natureza. O
crente torna-se um filho de Deus, um templo
adequado para a habitação do Espírito. Onde a
fé é exercida, a segunda metade da promessa
será cumprida tão seguramente quanto a primeira. Entretanto, enquanto o crente olha somente
para a regeneração e renovação trabalhados em
seu espírito, não chegará à pretendida vida de
alegria e força. Mas quando ele aceita a promessa de Deus de que há algo mais que a nova
natureza, que há o Espírito do Pai e do Filho para
nele habitar, ali se abre uma maravilhosa perspectiva de santidade e bênção. Seu desejo será
conhecer esse Espírito Santo, como Ele trabalha
e o que Ele requer de nós, bem como saber como
poderá experimentar Sua habitação e a plena
revelação do Filho de Deus, já que esta é a obra
que Ele deseja realizar.
Certamente, esta questão é frequentemente formulada: “Como são cumpridas
essas duas partes da divina promessa? Simultânea ou sucessivamente?”. A resposta é muito
simples: do lado de Deus a dupla dádiva é simultânea. Deus dá a Si mesmo e Tudo que Ele é.
Assim foi no dia de Pentecostes: os três mil
receberam um novo espírito pelo arrependimento e a fé; e no mesmo dia em que foram batizados
receberam o Espírito de habitação como o selo
de Deus sobre sua fé. Através da palavra dos
discípulos, o Espírito realizou uma maravilhosa
obra entre as multidões, mudando disposições,
corações e espíritos. Quando, pelo poder desse
novo Espírito que estava neles operando, creram
e confessaram, receberam também o batismo do
Espírito Santo.
Hoje, quando o Espírito de Deus
move-Se poderosamente e a Igreja vive em Seu
poder, os novos convertidos já podem receber,
desde o início de sua vida cristã, o selo e habitação evidentes e conscientes do Espírito.Temos,
todavia, indicações nas Escrituras de que pode
haver circunstâncias, dependendo da unção do
pregador ou da fé dos ouvintes, nas quais as
duas metades da promessa não estão tão intimamente ligadas. Assim foi com os crentes em
Samaria, convertidos após a pregação de Felipe
(At 8:5-17), e também com os convertidos que
Paulo encontrou em Éfeso (At 19:1-7). Nesses
casos a experiência dos próprios apóstolos foi
repetida. Eles foram reconhecidos
como homens regenerados antes da morte de
nosso Senhor (At 20:22), mas foi no Pentecostes
que a outra promessa foi cumprida: “Todos
ficaram cheios do Espírito Santo…” (At 2:4). O
que foi visto neles – a graça do Espírito dividida
em duas manifestações separadas – pode
ocorrer ainda hoje.
Quando nem na pregação da Palavra ou no testemunho dos crentes a verdade do
Espírito de habitação é claramente proclamada,
não devemos ficar admirados de que o Espírito
seja somente conhecido e experimentado como
o Espírito de regeneração, da nova vida. Sua
presença e habitação permanecerão um mistério. Mesmo quando o Espírito de Cristo em toda a
Sua plenitude é derramado uma única vez como
Espírito de habitação, Ele é recebido e apropriado somente na medida de fé alcançada pelo
crente.
O Espírito primeiro opera de fora,
sobre e dentro dos crentes em palavras e obras,
antes que Ele habite neles e se torne sua possessão pessoal interna. Devemos fazer distinção
entre o trabalhar e a habitação do Espírito.
Geralmente se admite na igreja que
o Espírito Santo não recebe o reconhecimento
que Lhe pertence como sendo igual ao Pai e ao
Filho. Ele é, afinal, a pessoa divina unicamente
através de quem o Pai e o Filho podem ser verdadeiramente possuídos e conhecidos. Nos tempos da Reforma, o evangelho de Cristo tinha que
ser defendido do terrível equívoco que fez da
justiça humana (boas obras) o terreno de sua
própria aceitação. A salvação pela graça divina
tinha de ser sustentada. Às épocas que se seguiram foi confiado o compromisso de edificar sobre
esse fundamento e divulgar o que as riquezas da
graça fariam pelo crente. A Igreja descansou
alegremente naquilo que recebeu (salvação pela
graça), mas o ensino daquilo que o Espírito
Santo faz a cada crente através de Sua liderança, santificação e fortalecimento não teve o lugar
que deveria ter em nossas doutrinas e vida. De
fato, se revisarmos a história da Igreja, perceberemos que muitas verdades importantes, claramente reveladas nas Escrituras, foram desprezadas e esquecidas, mas apenas apreciadas por
uns poucos cristãos isolados.
Oremos para que Deus, em Seu
poder, conceda um poderoso operar do Espírito
em Sua Igreja; para que cada filho de Deus
(Lev 20:15,16). Portanto, de
acordo com Sua própria lei, Deus só pode
ter uma união íntima com um ser como Ele
mesmo. Para que Ele possa se casar,
precisa encontrar um ser que seja seu
semelhante.
Muitos dos detalhes contidos
nas primeiras páginas do Gênesis confirmam esta suposição de que Deus tem, e,
na verdade tem tido desde o princípio, um
desejo ardente por uma companheira
íntima. O leitor casual pode facilmente
olhar para estes itens como sendo insignificantes. Entretanto, aqui nos primeiros
capítulos do Gênesis, são reveladas algumas indicações claras e substanciais de
todas as intenções futuras de Deus no que
diz respeito ao homem.
No início da Bíblia encontramos o casamento original. O primeiro
homem, Adão, encontra e se casa com
uma linda mulher edificada por Deus para
ele. E, se nós lermos a estória até o final,
descobriremos que a Bíblia também
acaba com um casamento. Jesus Cristo,
“o último Adão”, recebe uma noiva que foi
especialmente preparada para Ele. Agora,
nos registros bíblicos há muitos paralelos
entre estes dois casamentos. De fato,
estes dois paralelos são tão impressionantes que sou forçada a concluir que os
relatos de Gênesis devem ser considerados fortemente proféticos. Deus, na introdução de Seu livro, colocou nas primeiras
páginas uma profecia completa que ainda
hoje está sendo cumprida pelo Seu povo.
Parte desta profecia concernente a Adão e á criação de Eva, nós já
examinamos. Mas, conforme olhamos
mais adiante, descobrimos ainda mais
indicações maravilhosas dos desígnios de
Deus. Devemos notar que Deus provocou
um “profundo sono” em Adão – um estado
semelhante á morte – no qual Deus traba-
lhou nele (Gen 2:21). Enquanto ele estava
nesta condição, uma incisão foi feita em
seu lado e Deus removeu algo (nossas
traduções dizem que foi uma costela).
Então, desta parte de Adão, Deus “construiu” (Heb) uma mulher para ele. De maneira semelhante, Nosso Senhor Jesus
entrou na morte por nós, na cruz. Lá, seu
lado também foi trespassado e algo veio
para fora daquele lado – “sangue e água”
(João 19:34). É com esta substância eterna que fluiu do lado de nosso Salvador,
que Deus está “construindo” (Mateus
16:18) a noiva de Cristo, a mulher eterna
que irá morar com Ele para sempre.
Conforme começamos a ler as
primeiras páginas do Livro, encontramos
um jardim magnífico. Este jardim foi o
cenário do primeiro casamento. Saindo
deste jardim flui um rio e, no meio do jardim, cresce uma árvore chamada “a árvore da vida” (Gen 2:9). Somando a isto, o
texto menciona que nesta Terra há um
abundante suprimento de ouro, de algo
chamado “bdélio” e de ônix (Gen 2:11,12).
No final do livro, nos relatos do
Apocalipse, algo de grande esplendor e
glória é descrito. É a cidade que é o cenário do último e mais glorioso casamento do
Universo. Mas nós observamos que aquela cidade contém muitos dos mesmos
elementos contidos no jardim. Onde uma
vez nós lemos sobre ouro enterrado no
chão no paraíso, agora vemos uma cidade
inteira irradiando o esplendor dourado e
tendo sua rua pavimentada com a mesma
substância. As pedras de ônix descritas no
jardim podem agora ser vistas com muitas
outras pedras preciosas, polidas, perfeitas
e incrustadas num muro glorioso circundando a estrutura inteira. Este muro, adornado com “toda espécie de pedras preciosas” (Apocalipse 21:19,20) é o símbolo de
todos os verdadeiros crentes em seu
Jesus
estado transformado, glorificado.
Na Nova Jerusalém, também
há um rio. Este é um rio de uma cristalina
“água da vida” que jorra de debaixo do
trono de Deus e do Cordeiro. Este rio,
talvez espiritualmente De Glória Em Glória
relacionado àquele que vimos no princípio, é agora disponível para todo aquele
que quiser “vir e beber”. É aqui uma representação da vida do próprio Deus para o
qual nós podemos vir e nos satisfazer. Não
apenas isto, mas a árvore da vida que
aparece no princípio, agora está crescendo abundantemente em ambos os lados
do rio com seus doze frutos (um fruto para
cada mês) livremente disponíveis para
todos. Mesmo as folhas desta árvore são
importantes: elas providenciam cura para
as nações.
Agora, não vamos esquecer o
“bdélio”. Esta palavra é encontrada no
capítulo 2 versículo 12. Frequentemente
lemos sobre ela neste verso, mas o que é
isto? Se você não sabe, então está em boa
companhia. Mesmo os eruditos conhecedores da Bíblia e os tradutores realmente
não sabem. De fato, o significado é tão
obscuro que eles emprestaram do latim a
palavra “bdélio” em vez de usar uma palavra de língua portuguesa. Um dos melhores jeitos para determinar o significado e
uma palavra é descobrir como ela é usada
em qualquer outro lugar na Bíblia. Então
podemos usar este método para a nossa
pesquisa averiguação. O outro único lugar
em que aparece esta palavra é em conexão com o “pão celestial”, o maná que é
descrito como sendo pequeno, branco e
redondo (Ex 16:14,31) e da cor do “bdélio”
(Num 11:7).
Portanto, eu gostaria de sugerir
que esta palavra “bdélio” poderia se referir
ao que hoje nós conhecemos como “pérola”–algo pequeno, branco e redondo. De
fato, dois antigos documentos traduzem
esta palavra “pérola.” Então, já que os
eruditos bíblicos realmente não sabem o
que esta substância é e já que, como você
vai ver logo, esta tradução se harmoniza
tão bem com outras partes da palavra de
Deus, eu creio que pode ser aceitável
adotar este significado.
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
Este livro traz uma abordagem séria e uma nova perspectiva
para muitos conceitos ensinados na Igreja evangélica de
nossos dias. Você encontrará tópicos que além de profunda
reflexão, abrirão espaço para uma compreensão muito mais
ampla do que provavelmente você ouviu até agora. Se você
tem fome de conhecimento de Deus e um coração aberto e
sincero para receber Sua verdade, temos total confiança que
Ele usará este livro para revelar-se de maneira mais completa
e poderosa a você.
Este livro pode ser adiquirido no site:
www.graodetrigo.com
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O mensageiro das
BOAS NOVAS
Ano XVI n° 227
Abril 2014
“Porei dentro de vós
espírito novo“
UM NOVO ESPÍRITO, E O ESPÍRITO DE DEUS
Andrew Murray
Deus revelou a Si mesmo em duas
grandes alianças. Na velha temos o tempo da
promessa e da preparação; na nova, o cumprimento e a posse. Em harmonia com a diferença
entre as duas dispensações, há uma dupla obra
do Espírito de Deus. No Antigo Testamento
temos o Espírito de Deus vindo sobre as pessoas
e trabalhando nelas em momentos e de maneiras especiais: operando de cima, de fora e de
dentro. No Novo temos o Espírito Santo entrando
nelas e habitando dentro delas: operando de
dentro, de fora e por cima. Na anterior temos o
Espírito de Deus como o Santo e TodoPoderoso; na última temos o Espírito do Pai de
Jesus Cristo.
A diferença entre as faces da dupla
obra do Espírito Santo não deve ser vista como
se, com o fechamento do Antigo Testamento, a
antiga terminasse e, no Novo, não houvesse
mais obras de preparação. De maneira nenhuma. Assim como houve no Antigo Testamento
benditas antecipações da habitação do Espírito
de Deus, também no Novo o duplo operar ainda
continua. Devido à falta de conhecimento, fé ou
fidelidade, o crente de hoje pode receber somente um pouco mais do que a medida do Antigo
Testamento do operar do Espírito.
O Espírito de habitação foi, de fato,
dado a cada filho de Deus, e ainda assim este
pode experimentar apenas um pouco mais do
que a primeira metade da promessa. Um novo
espírito nos é dado na regeneração, mas podemos conhecer quase nada do Espírito de Deus
como sendo uma pessoa viva que habita dentro
de nós. A obra do Espírito de nos convencer do
pecado e da justiça, em Sua direção ao arrependimento, fé e novidade de vida é a obra preparatória. A glória distintiva da dispensação do Espírito é Sua divina habitação pessoal no coração do
crente, onde Ele pode lhe revelar
plenamente o Pai e o Filho. Somente quando os
cristãos entenderem isso estarão aptos a clamar
pela plena bênção preparada para eles em Cristo
Jesus.
Nas palavras de Ezequiel encontramos, surpreendentemente expressa em uma
promessa, a dupla bênção concedida por Deus
através de Seu Espírito. A primeira é: “... porei
dentro de vós espírito novo...”; isto é, nosso
próprio espírito será renovado e vivificado pelo
Espírito de Deus. Quando isso estiver terminado,
haverá a segunda bênção: “Porei dentro de vós o
meu Espírito...” para habitar nesse novo espírito.
Deus deve residir em uma habitação. Ele teve
que criar o corpo de Adão antes que pudesse
soprar o Espírito de vida nele. Em Israel, o tabernáculo e o templo tiveram que ser terminados
antes que Deus pudesse enchê-los. De maneira
semelhante, um novo coração é dado e um novo
espírito é posto dentro de nós como a condição
indispensável para a habitação do próprio Espírito de Deus dentro de nós. Encontramos o mesmo
contraste na oração de Davi; primeiro: “cria em
mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro
de mim um espírito inabalável.”; e depois: “...
nem me retires o teu Santo Espírito” (Sl 51:1011). Veja o que está indicado nas palavras “o que
é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3:6) Aí está o
Espírito divino dando à luz o novo espírito. Os
dois são também distintos: “O próprio Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus” (Rm 8:16). O nosso espírito é o espírito
renovado, regenerado. O Espírito de Deus habita
em nosso espírito, ainda que distinto desse, mas
testifica nele, com ele e através dele.
A importância de reconhecer essa
distinção pode ser facilmente percebida. Seremos, então, capazes de entender a verdadeira
comer em qualquer parte do pasto que
escolherem. O Pastor Celestial faz o mesmo com as
Suas ovelhas.
Esse princípio também é verdadeiro
para os reis terrenos. Um rei dá as leis básicas ao seu
povo para promover a harmonia em seu reino. Ele não
dá regras prescritas, detalhadas para governar cada
decisão que o povo em sua nação tomará. Ele lhes dá
leis amplas para seguirem; não dá instruções específicas para a vida cotidiana. Assim também acontece
com o nosso Rei Celestial.
Do mesmo modo, um pai sábio dará aos
seus filhos muita instrução quando são muito jovens.
Ele supervisionará praticamente tudo o que os filhos
fazem. Mas ele tem um alvo em mente: o pai sábio
está tentando treinar seu filho para que ele seja
igualmente capaz de tomar decisões por si mesmo.
Quando o filho cresce e amadurece, a
supervisão paternal se torna cada vez menor e a
liberdade do filho para decidir sozinho se torna cada
vez maior.Assim se forma a responsabilidade do filho.
Consequentemente, se os pais treinaram bem seus filhos, eles serão capazes de julgar
segundo o treinamento paternal que foi depositado
neles. Eles serão treinados para tomar decisões
certas e sábias. Eles serão capazes de fazer julgamentos sólidos baseados no treinamento que receberam. O nosso Pai Celestial age da mesma forma. Você
está compreendendo as metáforas aqui?
O Senhor conduz os seus filhos como
um Pastor, um Rei e um Pai. Como Pastor, Ele nos
conduz para pastagens verdes e fora de perigo. Mas
Ele permite grande liberdade de escolha dentro das
pastagens verdes. Como Rei, Ele dá ao Seu povo
princípios espirituais para governar suas vidas por
meio deles. Mas esses princípios são amplos e permitem muita liberdade de escolha. Como Pai, Ele dá
muitas instruções aos Seus filhos quando são jovens.
Mas depois Ele espera que amadureçam, e parte da
maturidade é a capacidade de tomar decisões que
estejam em harmonia com a mente e o coração de
Deus.
A NECESSIDADE CRUCIAL DE ENTENDIMENTO
Salmos 32:8-9 sublinha o ponto que
estou tentando construir. O Senhor diz através do
salmista: Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que
deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não
sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm
entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio,
para que não se atirem a ti.
O cavalo e a mula não têm nenhuma
compreensão. Eles não têm nenhum discernimento.
Eles não têm nenhum juízo. Como não têm nenhuma
compreensão, precisam ser puxados por freios e
rédeas para a esquerda e para a direita e direcionados
para onde devem seguir em cada situação. O Senhor
diz ao Seu povo: “Eu lhes ensinarei qual caminho
seguir. Não sejam como o cavalo e a mula que não
têm nenhuma compreensão”.
Há uma grande necessidade de entendimento entre o povo do Senhor hoje. Um grande
número de cristãos absorveu uma doutrina que
essencialmente lança fora o elemento do entendimento e os reduz a um cavalo ou mula que esperam que
Deus os puxe para a esquerda e para a direita dizendo: “Vá por aqui; vá por ali. Vá aqui; vá ali. Isso é o que
você deve fazer nessa situação. Isso é o que você não
deve fazer nessa situação”.
E o Senhor diz ao Seu povo: “Não sejais
como estes”.
O ponto da passagem é simplesmente
este: Deus ensina, instrui e nos guia dando entendimento. Por isso, busque o entendimento. E isso nos
leva ao versículo inicial: Irmãos, NÃO SEJAIS
MENINOS NO ENTENDIMENTO, mas sede meninos
na malícia e ADULTOS NO ENTENDIMENTO (1 Co
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
Imagine um pátio de estacionamento público, por favor! Observe que um pátio
de estacionamento tem limites. Pelos limites ficamos sabendo onde o pátio
começa e onde ele termina. Sabemos o que está dentro e fora dele. A beleza do
pátio de estacionamento é a liberdade que ele apresenta. Há muitas escolhas
dentro dele. Os motoristas podem escolher livremente entre as muitas vagas para
estacionar. Desde que uma vaga de estacionamento não esteja ocupada, nem
reservada para pessoas especiais, os motoristas podem escolher livremente em
qual vaga desejam estacionar o seu carro. Quero investigar o tema da vontade de
Deus um pouco mais fundo considerando bem o primeiro mandamento que
Deus deu ao homem. Essa foi a primeira vez que Deus revelou a Sua vontade a
um ser humano. E creio que ela está cheia de discernimento.
Este livro pode ser adquirido através do site:
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Jesus
O mensageiro das
BOAS NOVAS
Agosto 2013
Ano XV n° 219
“Buscai primerio o Reino de Deus“
VENCEDORES
James T. Harman
Muitos cristãos na Igreja de hoje
têm sido ensinados que se eles aceitaram a Jesus Cristo como seu Salvador,
então são automaticamente vencedores.
Infelizmente isso não é totalmente verdadeiro. Admitimos que receber a Cristo é
vital para se tornar um vencedor, mas na
verdade é apenas o primeiro passo.
VENCE O MUNDO
“… porque todo o que é nascido
de Deus vence o mundo; e esta é a vitória
que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o
que vence o mundo, senão aquele que
crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5.45).
É nessa epístola de João que a
palavra “vence” é usada pela primeira
vez. João está nos dizendo que somente
os que são nascidos de Deus e creem
que Jesus é o Filho de Deus vencem o
mundo por sua fé. Tudo o que é exigido
para vencer o mundo é a fé do cristão em
Jesus Cristo.
VENCE A CARNE E O DIABO
Mas para ser considerado um
vencedor bem-sucedido no Tribunal de
Cristo o cristão deve também ser capaz
de vencer a carne e o diabo.
“… porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida,
não procede do Pai, mas procede
do mundo” (1 Jo 2.16).
“… porque a nossa luta não é
contra o sangue e a carne, e sim contra
os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso,
contra as forças espirituais do mal, nas
regiões celestes” (Ef 6.12).
Uma vez que a pessoa recebe a
Cristo como seu Salvador pessoal, ela
vence o mundo por sua fé em Jesus. Para
a alma do cristão, a batalha começa
nesse ponto (veja o Capítulo 3). A carne
quer satisfazer a si mesma e a natureza
carnal tentará destruir a alma do cristão.
Lembre-se de que o alvo da nossa fé é a
salvação da nossa alma:
“… obtendo o fim da vossa fé: a
salvação da vossa alma” (1 Pd 1.9).
A fim de ser um vencedor bemsucedido no Tribunal de Cristo, o cristão
precisa assegurar que sua alma está
salva tendo vitória sobre sua carne e a
natureza carnal. Só quando os três forem
vencidos (o mundo, a carne e a natureza
carnal) é que o cristão será considerado
verdadeiramente um vencedor. Isso
requer uma vitória diária que não findará
até que a jornada da vida seja completada.
VENCEDORES (continuação)
James T. Harman
A MOTIVAÇÃO PARA SER UM
VENCEDOR
Até aqui só consideramos duas
das sete igrejas do livro de Apocalipse
que sofreram consequências negativas
por sua incapacidade de serem vencedoras. Voltemos nossa atenção às muitas e
maravilhosas recompensas que podem
ser obtidas por aqueles cristãos que são
bem sucedidos em vencer o mundo, a
carne e o diabo.
O livro de Apocalipse usa o termo
“vencer” seis vezes. As cinco primeiras
são para as cinco igrejas restantes e a
última está no penúltimo capítulo do livro.
R E C O M P E N S A S PA R A O S
VENCEDORES
“Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, darlhe-ei que se alimente da árvore da vida
que se encontra no paraíso de Deus” (Ap
2.7).
“Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, darlhe-ei do maná escondido, bem como
lhe darei uma pedrinha branca, e sobre
essa pedrinha escrito um nome novo, o
qual ninguém conhece, exceto aquele
que o recebe” (Ap 2.17).
“Ao vencedor, que guardar até ao
fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações” (Ap 2.26).
“Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no
santuário do meu Deus, e daí jamais
sairá; gravarei também sobre ele o nome
do meu Deus, o nome da cidade do
meu Deus, a nova Jerusalém que desce
do céu, vinda da parte do meu Deus, e o
meu novo nome” (Ap 3.12).
“Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-
se comigo no meu trono, assim
como também eu venci e me sentei com
meu Pai no seu trono” (Ap 3.21).
“O vencedor herdará estas
coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será
filho” (Ap 21.7).
É essencial que todos os cristãos
entendam o que está sendo prometido
àqueles que são vencedores. O Deus do
Universo está oferecendo recompensas
extraordinárias e fantásticas aos bem
sucedidos em vencer o mundo, a carne e
o diabo.
Os cristãos que forem bem sucedidos em vencer receberão recompensas que estão além da compreensão da
nossa mente morta. Lembre-se de que a
capa deste livro mostra uma foto da Via
Láctea e que o nosso sistema solar é
apenas uma pequena parte dessa vasta
galáxia. E a Via Láctea é apenas uma
galáxia em um Universo de bilhões de
galáxias.
Jesus está oferecendo aos cristãos a incrível possibilidade de sentar
com Ele no Seu trono e receber a autoridade para governar as nações. O Deus
do nosso imenso Universo está nos
dando privilégios quase inacreditáveis.
Se a Igreja de Jesus Cristo compreendesse essas escrituras incríveis, ela
poderia ser transformada.
Com tais oportunidades tão
importantes que serão concedidas àqueles que forem vencedores, como os cristãos podem ter certeza de que serão bem
sucedidos?
SENDO UM VENCEDOR
Ser um vencedor é todo o significado de ser cristão.Aprender a ser um
sentença para descobrir a vontade de
Deus para a sua vida) são modos muito imaturos e
loucos de tentar determinar a vontade de Deus em
uma decisão.
Em resumo, vi cristãos cometerem
alguns dos erros mais estúpidos em sua vida tentando
interpretar impressões internas e decifrar sinais
externos. Não me envergonho de dizer que cometi o
mesmo erro.
A DOUTRINA PRODUZ FALSA CULPA, MEDO,
DÚVIDA E CONFUSÃO
A visão do trilho de trem produz falsa
culpa, medo, dúvida e confusão quando a vontade de
Deus não é claramente conhecida. Encontrei muitos
cristãos que sofriam de uma ressaca crônica de culpa
porque sentiam que deixaram escapar a vontade de
Deus por tomarem uma decisão pessoal.
Jack foi dominado pela culpa porque
não conseguiu descobrir a vontade de Deus sobre
qual colégio frequentar. Essa doutrina produz a falsa
culpa de que alguém não é suficientemente espiritual
para receber uma clara orientação em cada decisão.
Ela produz o medo de se ter deixado escapar a vontade de Deus. Ela cria confusão quando a pessoa pensa
que recebeu um sinal ou impressão interna, apenas
para descobrir depois que o determinado sinal ou
impressão não vieram de Deus. Essa doutrina também produz dúvida sobre o amor de Deus no tocante à
Sua promessa de prover e cuidar dos Seus filhos.
Lamentavelmente, tenho observado
que alguns cristãos naufragaram na fé por causa
dessa questão. Vi-os agonizar a ponto de questionarem a sua salvação. Eles concluem que se fossem
salvos, Deus lhes mostraria sobrenaturalmente o que
deveriam fazer em cada circunstância.
Agora quero que você esteja ciente de
uma coisa. Falarei um pouco sobre o pecado, na
tentativa de libertar muitos da falsa culpa. Segundo o
Novo Testamento, o pecado é a transgressão da Lei (1
Jo 3:4). Se você transgredir a Lei de Deus, você
pecou.
O que diz a Lei de Deus? “Não roubarás.” Se eu roubar a sua marmita, cometo um pecado.
O Senhor Jesus Cristo nos disse que toda a Lei, todas
as 613 regras, está coberta por um preceito (Mt 7:12;
22:36-40). Paulo e Tiago repetem o Senhor (Rm 13:810; Tg 2:8). João também diz a mesma coisa (1 Jo 15).
O Senhor disse que o amor cumpre
toda a Lei. Ele cumpre toda ela. O que é o amor? O
amor é a própria natureza de Deus. O nosso Deus, em
Sua essência, é amor. O amor é beneficiar outros à
custa de alguém. A maior demonstração de amor é a
cruz de nosso Senhor.
O amor cumpre todas as demandas de
Deus. E o pecado é a transgressão da Lei. Consequentemente, se você anda em amor, não pode pecar.
Por quê? Porque o amor cumpre a Lei. Se eu amo
você, eu não o roubarei. Se eu amo você, não irei
matá-lo. Se eu amo você, não cometerei adultério com
o seu cônjuge. Se eu amo você, não cobiçarei o que
você possui. Se eu amo você, não perderei minha
paciência e o amaldiçoarei. Se eu amo você, não
mentirei, enganarei, depreciarei, aviltarei ou insultarei
você. O amor cumpre a Lei.
Incidentalmente, se me deparo com
uma oportunidade clara de amá-lo, podendo ajudá-lo
numa necessidade conhecida, e eu deliberada e
astutamente me recuso, também peco. Esse é o
ensinamento de Tiago (Tg 4:17).
Tendo isso como pano de fundo, o que
estou a ponto de dizer deve trazer libertação a muita
gente. Se você ignora a vontade de Deus sobre certa
decisão e não está em desacordo com o amor em
relação a essa decisão, então não pode pecar nessa
decisão!
Se não estiver violando o amor em
nenhum ponto com respeito a uma decisão, então
você não peca. Colocando de forma diferente, se o
seu motivo, a sua intenção, o seu alvo, a sua ação, a
sua reação e a sua atitude em uma decisão tomada
não estiver violando o amor, então você não peca
nessa decisão.
Você pode tomar uma decisão tola, uma
decisão estúpida. Você pode tomar uma decisão que
lamentará por muitos anos. Mas se você não violou o
amor ao tomar essa decisão, então não pecou ao
fazê-lo. Você só pode pecar se andar fora do amor. E
isso pode penetrar em seus motivos, suas atitudes e
nos meios para o fim.
Você está percebendo o que estou
tentando dizer aqui? Se estiver, deve se sentir um
tanto aliviado agora mesmo. Estou tentando libertar a
sua mente do conceito que diz que se você tomar uma
decisão e Deus não lhe der uma revelação sobre qual
é a Sua vontade nessa decisão, então você peca de
qualquer maneira. Isso simplesmente não é verdade.
A DOUTRINA É INCONSISTENTE COM A
RELAÇÃO DE DEUS COM O SEU POVO
A visão do trilho de trem da vontade de
Deus é inconsistente com a relação de Deus para
conosco. Deixe-me esclarecer isso um pouco.
Como um pastor conduz as suas
ovelhas? Ele as conduz para aquelas áreas onde
estarão seguras. E quando conduz as ovelhas para
áreas de perigo, fica muito perto delas.
Quando um pastor conduz suas ovelhas a pastagens verdes, ele estabelece limites para
elas. Com a sua vara especificará por onde as ovelhas
não devem passar, para que não sejam apanhadas
por lobos. A vara traz as ovelhas de volta se elas se
desviarem.
Mas o pastor não indica as partes
específicas da grama na pastagem que cada ovelha
deve comer. Em vez disso, ele dá às ovelhas um limite
espaçoso de pastagem. Enquanto elas estiverem
permitiu.
3. A Vontade Moral de Deus. Também
chamada de a “vontade perfeita” de Deus. É a Sua
almejada vontade no que refere ao comportamento do
homem. Enquanto a Sua vontade soberana está
escondida de nós, a Sua vontade moral está revelada.
A vontade moral de Deus diz respeito ao que Ele
deseja no tocante à conduta dos seres humanos. A
Sua vontade moral se aplica a todas as pessoas
igualmente. Por exemplo: a Escritura diz que Deus
deseja que ninguém pereça, mas que todos recebam
a vida eterna. A vontade moral e perfeita de Deus é
que todas as pessoas se acheguem ao Seu Filho. Mas
a Sua vontade soberana ou permissiva permite que
eles O rejeitem.
4. A Vontade de Deus na Distribuição
dos Seus Dons e Chamamentos na Sua Igreja. Por ser
a Cabeça da Sua Igreja, Jesus Cristo decidiu que
lugar os membros do Seu Corpo ocuparão. O Senhor
distribui a Sua chamada e os Seus dons aos membros
do Seu Corpo segundo a Sua vontade. Visto que cada
crente é um membro diferente do Corpo (alguns são
mãos, outros são pés, etc. – 1 Co 12), a Sua vontade
acerca dos dons e chamamentos difere de pessoa
para pessoa. Por essa razão, Paulo muitas vezes
disse que era um “apóstolo segundo a vontade de
Deus”.
Nem todo cristão tem o mesmo dom ou
chamamento. A cada membro do Corpo é dado um
chamamento e um dom diferente segundo a vontade
de Deus. Além disso, o Senhor muitas vezes dirigirá
os Seus servos com respeito a Sua obra. A maior parte
da liderança do Espírito na vida de Jesus e dos apóstolos (inclusive Paulo) foi por esse motivo. Tinha a ver
com o ministério.
Esses são os quatro usos da frase a
vontade de Deus na Escritura. Desafio você a dar uma
olhada nos textos mencionados no Apêndice. Se você
ler cada um deles no contexto, descobrirá que a frase
a vontade de Deus nunca se refere a um plano específico, individual e diferente de cristão para cristão. Em
outras palavras, a doutrina que ensina que Deus tem
um plano detalhado para a sua vida e que envolve
cada decisão que você sempre terá que tomar não
tem nenhuma base bíblica.
A DOUTRINA É INATINGÍVEL
Essa doutrina também é inatingível.
Embora possa ser crida e ensinada, ela simplesmente
não pode ser vivida. Ainda tenho de encontrar uma
pessoa que de fato viva esse ensinamento. Posso
usar como prova os acontecimentos da sua vida nesta
manhã.
Sobre o acordar, você decidiu se iria se
levantar da cama ou tirar uma soneca. Você pode ter
decidido o que faria enquanto estava deitado. Então
decidiu para que lado da cama jogaria suas pernas.
Depois decidiu o que faria logo que
saísse da cama. Talvez fosse entrar no banheiro e
escovar os dentes. Talvez fosse tomar
um banho. Talvez fosse caminhar para outra sala e ter
comunhão com o Senhor. Você tomou alguma decisão. Se tomou um banho, decidiu lavar ou não seu
cabelo com xampu , fazer ou não a barba. Depois
decidiu que lado do seu corpo lavaria primeiro.
Você então resolveu quando se vestiria.
E assim decidiu o que vestir. Você também escolheu
em qual pé colocaria a meia, se de fato decidiu usar
meias. Você então decidiu que sapato calçaria e
também qual pé seria calçado primeiro.
Em seguida decidiu se tomaria o café
da manhã. Se você tomou seu café, decidiu onde o
tomaria, o que comeria e como prepararia o alimento.
Se você saiu para comer, também escolheu o lugar,
em que parte se sentaria, o que pediria e como pediria.
Você decidiu exatamente quanto dar de gorjeta.
Ponto: Você tomou inúmeras decisões
esta manhã.
Agora, gostaria de declarar que ninguém pediu ao Senhor para mostrar-lhe a Sua vontade em cada decisão que acabei de mencionar. E se
você me disser: “Irmão Frank, o Senhor me guiou em
cada decisão que você acaba de mencionar. Consultei a Deus sobre a Sua vontade antes que tomasse
cada uma dessas decisões, e o Espírito conduziu-me
nas escolhas que foram feitas”, então eu tenho apenas uma resposta: você precisa de um ajustador de
cabeça imediatamente porque ela não está parafusada corretamente. Além do mais, você tem um problema, para dizer a verdade. O meu ponto é que esta
doutrina é simplesmente inatingível.
A DOUTRINA ESTIMULAA IMATURIDADE
Cresci com a visão do trilho de trem da
vontade de Deus na maior parte da minha vida cristã.
A minha observação é que ela estimula a total imaturidade. Vi muitos irmãos e irmãs cristãos que seguiram
essa doutrina tomarem algumas das decisões mais
tolas e esquisitas. Eu poderia ouvir algumas delas
agora.
“Irmão Frank, eu estava do lado de fora
sentado ao sol, meditando em uma decisão diante de
Deus. Olhei e vi um raminho se movendo; era Deus
me dando um sinal para fazer assim e assim.”
A crença de que Deus tem uma vontade
individual para a sua vida, a qual você deve descobrir,
também fez com que muitos cristãos colocassem a
porção de lã do lado de fora. Eu mesmo fui culpado
disto no passado. Logo descobri que essa não é uma
prática da Nova Aliança. Na verdade, só aconteceu
uma vez no Antigo Testamento. E as condições eram
drasticamente diferentes da forma que os cristãos
utilizam a porção de lã hoje (se você não souber o que
é “colocar uma porção de lã”, leia Juízes 6).
Lançar a sorte (o que nunca foi praticado depois de o Espírito Santo ter descido no Pentecostes) e jogar “Roleta da Bíblia” (folhear as páginas,
parar e aleatoriamente colocar seu dedo em uma
vencedor pode levar uma vida
inteira de testes e provações que o
Senhor usa para revelar do que é realmente feito um crente. Embora milhares
de livros tenham sido escritos sobre esse
assunto importante, apenas uns poucos
escritores cristãos modernos iluminaram
as Escrituras, que são tão vitais para a
Igreja moderna conhecer e entender.
Está além da esfera deste limitado estudo investigar todos os detalhes de
ser um vencedor. O propósito deste livro
é alertar a Igreja para a importância do
Reino na esperança de que os leitores
iniciem a sua própria exploração das
Escrituras, que no final os conduzirá a
uma vida de fidelidade e obediência.
Para ajudar o leitor nessa jornada é
importante reconhecer que ser um vencedor só pode ser realizado pelo poder
sobrenatural de Deus na vida do cristão.
Ser um vencedor não pode ser alcançado
pelo poder da vontade ou pela força da
sua carne. Para ser um vencedor o cristão terá de aprender que esse poder
sobrenatural é manifestado em sua vida
através de três meios principais.
VENCENDO PELA CRUZ
A cruz de Jesus Cristo representa
o fundamento total da nossa fé. Ela representa a morte, a dor e o sofrimento que
Jesus suportou por nós. Jesus ganhou a
vitória na cruz, e para sermos cristãos
vencedores precisamos estar dispostos
a sofrer por Sua causa e aprender a morrer para o ego.
“Estou crucificado com Cristo;
logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim; e esse viver que, agora,
tenho na carne, vivo pela fé no Filho de
Deus, que me amou e a si mesmo se
entregou por mim” (Gl 2.19b-20).
“E os que são de Cristo Jesus
crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5.24).
Como cristãos precisamos aprender a lição que Paulo está ensinando às
igrejas da Galácia. Somente experimentando a morte da nossa carne é que permitiremos que o poder sobrenatural da
vitória de Cristo na cruz se torne a nossa
vitória. Permitindo que Sua vida controle
nossa vida podemos experimentar o Seu
poder vencedor.
VENCENDO PELA PALAVRA
Quando Jesus foi tentado por
Satanás, Ele usou a Palavra de Deus
para vencer Suas três provas (Mt 4.4-10):
“Jesus, porém, respondeu: Está
escrito: Não só de pão viverá o homem,
mas de toda palavra que procede da
boca de Deus” (Mt 4.4).
“Respondeu-lhe Jesus: Também
está escrito: Não tentarás o Senhor, teu
Deus” (Mt 4:7).
“Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao
Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele
darás culto” (Mt 4.10).
Aqui Jesus nos mostrou que podemos usar a Palavra de Deus para vencer
as provas do adversário. Ele nos ensina
que precisamos viver pela Palavra (toda
palavra que procede da boca de Deus)
para não permitirmos que o adversário
nos engane para fazer provas tolas e
finalmente para adorarmos e servirmos o
Senhor e não sermos capturados pelas
ofertas atraentes do adversário.
Além do exemplo do nosso
Senhor em vencer Satanás pela Palavra
de Deus, o apóstolo Paulo nos lembra:
“Porque a palavra de Deus é
viva, e eficaz, e mais cortante do que
Jesus
qualquer espada de dois gumes,
e penetra até ao ponto de dividir alma e
espírito, juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e propósitos
do coração” (Hb 4.12).
O cristão só pode aprender a ser
um vencedor pela imersão na Palavra.
Deus vai então usar o tempo que gastamos para ensinar e revelar o necessário
para crescermos e nos tornarmos os
vencedores que Ele quer que sejamos.
Gastar tempo com a Palavra de Deus é
vital para sermos vencedores.
VENCENDO PELO ESPÍRITO
O último meio para vencer o mundo, a carne e o diabo é pelo poder sobrenatural do Espírito de Deus:
“Prosseguiu ele e me disse: Esta
é a palavra do Senhor a Zorobabel: Não
por força nem por poder, mas pelo meu
Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc
4.6).
“Digo, porém: andai no Espírito e
jamais satisfareis à concupiscência da
carne” (Gl 5.16).
“Agora, pois, já nenhuma conde-
nação há para os que estão em Cristo
Jesus, que não andam segundo a carne,
mas segundo o Espírito” (Rm 8.1 ‒
ARC).
A fim de ser um vencedor, o cristão deve permitir que o Espírito de Deus
controle suas atividades diárias. Lembrese de que todos os cristãos têm três partes: espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23).
Uma vez que a pessoa nasce de
novo, o Espírito Santo passa a morar no
crente. Para ser um vencedor, o cristão
deve permitir que o Espírito Santo tome o
comando. A natureza carnal e a carne da
pessoa resistirão e lutarão contra os
desejos do Espírito Santo, e ser um vencedor só acontecerá se o Espírito Santo
tiver permissão para dominar. A vitória
sobre a carne só pode ser conquistada
pelo poder sobrenatural do Espírito de
Deus. O Senhor quer que todos os cristãos provem a doce vitória que é efetuada
pelo andar no Espírito e ser cheio do
Espírito, conforme Ele dirige e capacita o
nosso andar diário.
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
Uma vez que uma pessoa é salva, a prioridade número um deve
ser buscar entrar no Reino através da salvação da sua alma. Ela é
descrita como um corredor em uma corrida buscando um prêmio
representado por uma coroa que durará para sempre.
O ensino "tradicional" sobre "O REINO” tornou a Igreja cativa à
crença de que todos os cristãos governarão e reinarão com Cristo,
não importa se tenham vivido uma vida fiel e obediente ou se
tenham sido indolentes e indiferentes com os talentos que Deus
lhes deu. Descubra a importante verdade enquanto ainda é tempo.
Este livro pode ser adiquirido no site:
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O mensageiro das
BOAS NOVAS
Ano XVI n° 226
Março 2014
“Entendei qual seja a
vontade do Senhor“
FICANDO PRESO A UM TRILHO DE TREM
Frank Viola
Gostaria de focar numa doutrina que é
muito popular entre os cristãos hoje. É a doutrina que
ensina que Deus tem um plano maravilhoso e detalhado para a sua vida. Que Ele tem um propósito perfeito
e individual para cada cristão que envolverá toda
decisão a ser tomada. Essa vontade perfeita se
parece com um trilho de trem. Se você perder a vontade perfeita de Deus, terminará em um lugar realmente
ruim. A maneira para você descobrir a vontade de
Deus é lendo a sua Bíblia, seguindo as impressões
interiores (normalmente em forma de “testes” ou
“inspiração“) e decifrando os sinais externos.
Recuso essa ideia de várias maneiras.
A DOUTRINA NÃO É BÍBLICA
Em primeiro lugar, você não pode
encontrar o suporte bíblico dessa doutrina. A idEia de
que Deus tem um plano único, detalhado, prescrito
para cada crente individualmente não existe na
Escritura.
A frase a vontade de Deus é usada em
quatro sentidos diferentes em toda a Bíblia. Eles são
como se segue (ver o Apêndice para as referências da
Escritura):
1. A Vontade Eterna de Deus. Essa é a
vontade central, completamente consumadora e
governante de Deus. Ela é o Seu alvo central e intenção final. É ela que governa todas as Suas atividades.
Paulo refere-se a ela como o propósito eterno (Ef 3).
Deus tem uma vontade única que O leva a fazer tudo o
que faz. Ela é o alvo final da criação e da redenção e
que está por trás do universo.
Deus escondeu a Sua vontade por
muitas eras, ocultou-a sob um mistério e a escondeu
no Seu Filho. O Todo-Poderoso decidiu não revelá-la a
qualquer criatura, incluindo os Seus santos anjos. Em
vez disso, o Senhor, em Suas admiráveis misericórdias, esperou. Ele esperou por muitas eras. E pelo que
esperou? Esperou até que um vaso singular nascesse, a quem concederia o privilégio único de conhecer
e de viver no segredo revelado do Seu próprio coração. Esse vaso é a Igreja, e ela inclui você e eu!
O verdadeiro mistério das eras, o Seu
propósito eterno, o Seu plano derradeiro, “o mistério
da Sua vontade” foi dado a Paulo de
Tarso para entregar ao povo de Deus nesta era! Que
tremendo privilégio e honra nós temos como cristãos.
Foi-nos dado o privilégio tanto de conhecer como de
viver no mistério da criação e na vontade por trás de
tudo isso (para uma discussão detalhada sobre o
propósito eterno, ver o meu livro From Eternity To Here
(Da Eternidade atéAqui), capítulo 4).
2. A Vontade Soberana de Deus. Também chamada de a “vontade permissiva” de Deus.
Essa vontade está oculta ao homem. Tudo o que Deus
faz ou permite é a Sua vontade soberana. Deus é
onipotente, isto é, Ele tem todo o poder. Ele pode fazer
qualquer coisa que seja possível ser feita. Mas Deus
também é onisciente, isto é, Ele sabe todas as coisas.
Ele sabe tudo antes, durante e depois que acontece.
Portanto, vamos voltar à eternidade
passada. Nosso Deus, que sabe todas as coisas, vê o
futuro antes de criar o universo. Todos os eventos se
revelam diante dos Seus olhos. Ele vê cada ato que
todo ser humano alguma vez cometerá. Ele também
tem todo o poder, o que significa que pode mudar algo
que vê antes que aconteça.
Assim, se perco um botão da minha
camisa amanhã, Deus o viu na eternidade passada.
Mas Ele também teve o poder de mudar este evento
antes que acontecesse. Consequentemente, porque
Deus é onisciente (Ele sabe todas as coisas, inclusive
os eventos futuros) e é onipotente (Ele pode mudar o
que vê), então a perda do meu botão foi a Sua vontade
soberana.
A onipresença de Deus ligada com a
Sua onipotência significa que Ele predetermina todas
as coisas que acontecem. Essa é a Sua vontade
soberana ou permissiva. Você entendeu isso?
Como você pode conhecer a vontade
soberana de Deus? Você pode conhecer apenas
partes dela se Ele sobrenaturalmente as revelar. Caso
contrário, leia um livro de história! Se o livro for exato,
você acaba de descobrir a vontade soberana de Deus
no passado.
Portanto, Deus é soberano. Se algo
acontecer, é a Sua vontade porque Ele o viu e o
Jesus
Assim através das respostas
graciosas do Senhor a Pedro aprendemos o
caráter espiritual deste serviço, o fim que ele
tem em vista, e a maneira da sua realização.
Infelizmente havia um dos
presentes para quem ele não teria nenhum
significado: pois o Senhor tem de dizer: “Vocês
estão limpos, mas nem todos. Pois ele sabia
quem iria traí-lo, e por isso disse que nem
todos estavam limpos” (NVI). O traidor nunca
tinha sido “banhado”. Ele não era regenerado,
e como tal nunca sentiria a necessidade, nem
conheceria a renovação do serviço gracioso do
Senhor.
(Versos 12-17). Tendo terminado
este serviço e retomado ao Seu lugar à mesa, o
Senhor nos dá instrução adicional quanto ao
serviço do lava-pés. Embora seja
essencialmente Seu próprio serviço, ainda
assim é algo que Ele muitas vezes executa por
intermédio de outros. Por essa razão somos
colocados sob a obrigação, e nos é dado o
privilégio, de lavar os pés uns dos outro. Um
serviço abençoado, executado, não
procurando corrigir um ao outro (embora seja
necessário de vez em quando), muito menos
repreendendo um ao outro, mas ministrando
Cristo um ao outro, pois somente um ministério
de Cristo trará renovo a uma alma fadigada.
Anos depois da cena no átrio superior o
apóstolo Paulo nos contará que uma das
qualificações de uma viúva piedosa é que
lavou os pés de santos (1 Tm 5:10). Isso
seguramente não implica que ela foi
simplesmente uma repreensora do mal, ou
censora dos erros, mas antes que renovou o
espírito abatido dos santos vindo de Cristo com
um ministério de Cristo.
Onésiforo não lavou os pés do
apóstolo Paulo, pois dele o apóstolo pode
escrever: “Porque muitas vezes me recreou, e
não se envergonhou das minhas cadeias” (2
Tm 1:16)? Por outro lado, Filemom não levou a
cabo esta obrigação em relação aos seus
irmãos, pois a ele Paulo pode dizer: “Porque
por ti, as entranhas dos santos foram
recreadas (Fm 7)? Não foi o Senhor mesmo
que diretamente levou a cabo este serviço
abençoado quando falou com Seu fadigado
servo Paulo durante a noite, dizendo: “Não
temas... porque Eu sou contigo” (At 18:9, 10)?
Além disso, o lava-pés não
apenas ministra renovação à alma afadigada,
mas alegra o coração daquele que leva a cabo
o serviço, pois o Senhor pode dizer: “Se sabeis
estas coisas, bem-aventurados sois se as
fizerdes”.
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
O título, “As Últimas Palavras”, foi escolhido por ser
suficientemente amplo para incluir a última oração bem como
os últimos discursos. Nessas últimas palavras ouvimos, como
alguém disse: “A voz de Jesus alongada por todas as eras, tão
fresca hoje... quanto foi ali no átrio superior em Jerusalém. Ela
tem uma linguagem intensamente humana em seus tons de
compaixão e afeto; contudo em revelação e autoridade não
menos distintamente divina”.
Este livro pode ser baixado através do site:
http://www.editorarestauracao.com.br/
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O mensageiro das
BOAS NOVAS
Ano XV n° 220
Setembro 2013
“Eu edificarei a Minha Igreja“
CRISTO: A ROCHA DA IGREJA
Watchman Nee
“Quem Dizeis que EU SOU?”
Quem dizem os homens ser o
Filho do homem?” Essa foi a pergunta que
o Senhor Jesus fez aos Seus discípulos.
Não havia nenhuma dúvida de que Ele era
o Filho do homem. Tanto judeus como
gentios O reconheciam e confessavamNo como tal. A questão levantada agora
não era se o Senhor Jesus era o Filho do
homem, mas quem esse Filho do homem
era. O Senhor não se importava em saber
o que os homens estavam falando a Seu
respeito — quer bem quer mal; Ele simplesmente estava querendo saber quem o
povo estava dizendo que Ele era. O que,
então, o povo estava dizendo acerca
Dele? Aqueles que se Lhe opunham diziam que Ele estava possuído de demônios
ou que era um glutão e beberrão de vinho.
Não vamos dar crédito nenhum a essas
palavras blasfemas. Mas entre aqueles
que tinham bons sentimentos para com
Ele, diferentes pontos de vista eram sustentados. Uns diziam que Ele era João
Batista; alguns, que Ele era Elias, e
outros, Jeremias ou algum dos profetas.
Nicodemos disse que Ele era um mestre
que veio da parte de Deus (Jo 3.2); a
mulher samaritana junto ao poço disse
que Ele era um profeta (4.19). Quem era
esse Filho do homem? Diferentes pessoas sustentavam diferentes pontos de
vista.
Mas a questão colocada pelo
Senhor Jesus não parou nesse ponto. O
que Ele realmente desejava saber era
isto: quão diferente a visão dos discípulos
era da visão das outras pessoas? Ele
desejava especialmente saber que diferença a confissão de Pedro sobre Ele
tinha das opiniões do povo. O que Ele
estava tentando focalizar era o seguinte:
“O povo diz que Eu sou tal tipo de pessoa,
mas o que vocês dizem de Mim? Vocês,
que são chamados Meus discípulos,
quem dizem que Eu Sou?” Essa era a
verdadeira questão que Ele tinha em
mente.
Simão Pedro respondeu a pergunta de Jesus. Ele disse ao Senhor: “Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo.” Sua resposta
foi muito clara. Nela, Pedro confessou
duas coisas acerca do Senhor: primeiro,
ele confessou Jesus como Cristo, e,
segundo, que Jesus é o Filho de Deus.
Quanto à pessoa do Senhor Jesus, Ele é o
Filho de Deus, mas quanto a Sua obra, Ele
é o Cristo de Deus. 0 Filho refere-se ao
que Ele é; o Cristo refere-se ao que Ele
faz. Filho indica Sua relação com o próprio
Deus, enquanto Cristo fala do Seu relacionamento com o plano de Deus. Quando
se fala da pessoa do Senhor, Ele é mencionado como sendo o Filho do Deus vivo,
CRISTO: A ROCHA DA IGREJA (continuação)
Watchman Nee
mas quando se fala da obra do Senhor,
Ele é referido como Cristo — Ele é o Cristo
do Deus vivo, o Ungido que é especialmente apontado para cumprir o plano de
Deus. Essa, portanto, é a confissão de
Pedro, a qual também é a nossa confissão
sobre o Senhor Jesus.
Depois da confissão de Pedro, o
Senhor Jesus falou a ele, dizendo: “Bemaventurado és tu, Simão Barjonas, porque
to não revelou a carne e o sangue, mas
Meu Pai, que está nos céus”. Tal confissão
não se originou na mente de Pedro nem
foi aprendido por ele por meio de outra
pessoa, mas foi revelado pelo Pai que
está nos céus.
O Senhor prosseguiu com mais
declarações: “Pois Eu também te digo”.
Ele primeiro mostrou a Pedro de onde
viera aquela confissão e, então, levou
Seus discípulos a verem a grandeza do
efeito dessa confissão. O que o Senhor
disse aos discípulos? “Tu és Pedro, e
sobre esta pedra edificarei a Minha igreja,
e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela”. Essa declaração, por parte de
nosso Senhor, nos mostra o que é o fundamento da Igreja. Quão excessivamente
importante é esse assunto para a fé cristã.
Ele é o núcleo de todas as questões. O
que, então, é o fundamento da Igreja? O
Senhor nos sugere aqui que a Igreja é
edificada sobre o que Ele chama de “esta
pedra”. Portanto, o fundamento da Igreja é
“esta pedra” da qual o Senhor fala.
O Que ESTA PEDRA Indica?
O que, exatamente, a expressão
“esta pedra” indica? Pois, a menos que
saibamos o que essa frase significa, não
seremos capazes de compreender o que
é o fundamento da Igreja nem de vermos
claramente como a Igreja é edificada.
A pedra nada mais é do que a
confissão que Pedro faz concernente ao
Senhor - e o que ele confessa é que o
Senhor é o Cristo, o Filho do Deus vivo. E
a Igreja é edificada exatamente sobre
essa confissão: ela é edificada sobre a
confissão do homem e do conhecimento
do Senhor Jesus.
Essa confissão de Pedro não lhe
foi mostrada por carne e sangue, antes ela
foi da revelação de Deus. Portanto, aquilo
que Pedro recebeu não é nos moldes do
Cristianismo tradicional. Não foi porque as
pessoas disseram a Pedro que Jesus era
o Cristo que ele dizia que Jesus era o
Cristo. Nem era porque as pessoas lhe
diziam que Jesus era o Filho do Deus vivo
que ele, então, dizia que Jesus era o Filho
do Deus vivo. Nem tampouco Pedro gastou tempo em pesquisas e pensamentos
até ele mesmo chegar à conclusão de que
Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Esse conhecimento não procedeu dos
próprios pensamentos de Pedro nem foi
sugerido por outras pessoas, mas veio
diretamente por meio da revelação do Pai
que está nos céus. Essa confissão não foi
baseada em opinião pessoal nem em
ensinamentos humanos, mas na revelação de Deus sobre Seu Filho ao espírito
de Pedro. Somente dessa maneira ele
pôde saber que Jesus é o Cristo de Deus e
o Filho de Deus.
Assim sendo, a Igreja é edificada
sobre essa confissão, uma confissão
baseada na revelação de Deus que mostra aos homens a pessoa e a obra de
Cristo. Quando o Pai que está nos céus
revela Seu Filho a Pedro, Ele leva Pedro a
ver que Jesus é, de fato, o Filho de Deus e
também o Cristo de Deus. Portanto, quan
Senhor no meio dos Seus santos
reunidos em Jerusalém. Mais uma vez, as
palavras do Senhor aos de Laodicéia não
estabelecem esta dupla verdade, quando Ele
pode dizer: “Se alguém ouvir a Minha voz, e
abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele
cearei, e ele Comigo”?
Além disso, parece que o lava-pés
não é estritamente um símbolo do serviço do
nosso Senhor como Advogado, nem da Sua
graça sacerdotal, embora de fato participe da
natureza de ambos. A obra sacerdotal do
Senhor tem em vista a nossa fraqueza: a
advocacia do Senhor trata com pecados reais.
O lava-pés remove o embotamento da alma, e
a dureza das afeições que podem surgir na
atividade da vida diária, e as quais eficazmente
impedem a comunhão com Cristo onde Ele
está.
O cansaço e a fraqueza do corpo
podem nos impedir de sermos testemunhas de
Cristo aqui; então a graça sacerdotal de Cristo
está ativa para nos sustentar em nossa
fraqueza. Infelizmente podemos falhar e pecar,
e não estarmos mais qualificados para
testemunhar de Cristo; então o Advogado
restaura a alma. Se, contudo os afetos tiverem
se esfriado, embora possa não haver nada
para inquietar a consciência, haverá um
estorvo grave à comunhão com Cristo, e logo o
serviço do lava-pés entra para retirar o estorvo.
Há, além disso, a outra diferença entre
advocacia e lava-pés, que, ao passo que a
advocacia restaura as nossas almas no lugar
onde estamos, o lava-pés restaura o nosso
espírito à comunhão com Cristo no lugar onde
Ele está.
Nos dias da jornada de Israel era
incumbência dos sacerdotes lavarem seus pés
antes que entrassem no tabernáculo. Eles de
fato poderiam ser dignos para o povo, o
acampamento e o deserto, mas a dignidade
para a presença do Senhor somente pode ser
assegurada pela lavagem dos pés. Por isso o
propiciatório estava antes da porta do
tabernáculo (Ex 30:17-21; Ex 40:30-32).
(Versos 9-11). Qual então é a
natureza do serviço que é simbolizado pelo
lava-pés? A resposta à primeira observação de
Pedro mostrou que ele tem um significado
espiritual, a resposta à sua segunda palavra
nos diz a finalidade que ele tem em vista; a
resposta à sua última observação indicará
mais claramente a natureza, ou maneira do
serviço.
Pedro, tendo obtido algum
vislumbre da bem-aventurança do lava-pés,
agora volta à sua confissão muito determinada
de que o Senhor nunca lavará os seus pés.
Movido pelo seu verdadeiro afeto ao Senhor, e
com a impulsividade característica ele diz:
“Senhor, não só os meus pés, mas também as
mãos e a cabeça”. Qualquer que seja a
ignorância que a sua observação denuncia,
certamente ela expressa um afeto que merece
a parte com Cristo.
O Senhor responde: “Quem já se
banhou precisa apenas lavar os pés; todo o
seu corpo está limpo. Vocês estão limpos, mas
nem todos” (NVI). Na Escritura a água muitas
vezes é usada como um símbolo do efeito
purificador da Palavra de Deus. Na conversão
a Palavra é aplicada pelo poder do Espírito,
produzindo uma mudança completa, e
comunicando uma nova natureza, que altera
inteiramente os pensamentos, palavras e
ações do crente – uma mudança representada
pelas palavras do Senhor de que “já os
banhou”. Não pode haver repetição desta
grande mudança, mas os assim banhados
podem algumas vezes se tornar entorpecidos
no espírito. Assim como os pés do viajante
estão sujos e fadigados pelo pó da estrada, o
crente, em contato com a esfera cotidiana, os
deveres da vida familiar e as pressões da vida
dos negócios, bem como o conflito contínuo
com o mau, muitas vezes pode estar fadigado
no espírito e assim impedido de ter comunhão
com Cristo em Suas coisas. Não é que ele
tenha feito algo que a consciência tivesse de
prestar conta, pedindo pela confissão e obra
do Advogado, mas o seu espírito está fadigado
e precisa ser renovado, e tal renovação Cristo
se encanta em dar se nós apenas colocarmos
nossos pés em Suas mãos. Voltando-nos a Ele
que renovará as nossas almas se
apresentando diante de nós, em toda a Sua
perfeição, através da Palavra.
O LAVA-PÉS – JOÃO 13:2-17 (continuação)
Hamilton Smith
Aquele que tem todo o amor em
Seu coração. Assim aconteceu que, movido
por um coração de amor, Aquele que tem todo
o poder em Suas mãos tomará naquelas
mesmas mãos os pés sujos dos Seus exaustos
discípulos. Aquele que é o Senhor de todos se
torna o servo de todos.
(Versos 4, 5). Para executar este
gracioso serviço “Levantou-se da ceia”. Ele se
levantou da ceia pascal dos judeus, a qual fala
da Sua associação conosco no Reino glorioso
(Lc 22:15, 16) para fazer aquilo que leva à
nossa comunhão com Ele nas glorias
celestiais. Na perfeição da Sua graça Ele
cinge-se para este último ato de serviço, e,
derramando água em uma bacia, começou a
lavar os pés dos discípulos e enxuga-los com
uma toalha com a qual estava cingido.
(Versos 6, 7). “Aproximou-se pois
de Simão Pedro, que Lhe disse”. Se outros
aceitam o serviço do Senhor em admirável
silêncio, Pedro, impelido pelo seu caráter
enérgico, expressa todos os seus
pensamentos. Três vezes ele fala, a cada vez
expondo sua ignorância da mente do Senhor. A
sua primeira declaração depreca o serviço
humilde do Senhor: a segunda declaração o
recusa completamente: na última declaração
impulsivamente se submete ao serviço, mas,
de uma forma que o despojaria de todo o seu
profundo significado. Ainda, como alguém
disse. “Se fomos advertidos pelos erros dos
discípulos muito mais a nós instruem as
respostas que os corrigem.” Na resposta do
Senhor aprendemos o profundo significado
espiritual deste último ato de serviço.
Para Pedro foi incompreensível
que o Senhor da glória tivesse que se inclinar
para lavar aqueles pés afadigados. Por essa
razão a sua primeira declaração é um protesto
misturado com surpresa – “Senhor, Tu lavasme os pés?” O Senhor responde: “O que Eu
faço não o sabes agora, mas tu o saberás
depois”. Assim aprendemos que, naquele
momento, não foi possível para os discípulos
discernirem o significado espiritual do ato do
Senhor. Depois, quando veio o Espírito, tudo
seria manifesto. Claramente então
aprendemos que este serviço não foi, como
muitas vezes é dito, para ensinar uma lição de
humildade por um ato de suprema humilhação
da parte do Senhor. Não haveria nenhuma
necessidade de Pedro esperar por um dia mais
adiante para discernir a humildade do ato. As
suas próprias declarações mostram que a
humilhação do Senhor foi mais importante em
seus pensamentos naquele momento.
(Verso 8). Não amedrontado pela
resposta do Senhor, que deveria ter advertido
Pedro para ficar em silêncio até a plena
iluminação, ele agora ousadamente diz:
“Nunca me lavarás os pés”. O Senhor, em Sua
paciente graça, passando por cima do
desprezo, corrige a impulsividade de Pedro
dizendo: “Se Eu te não lavar, não tens parte
Comigo”. Tão breve é a resposta, podemos
ver, agora que o Espírito foi dado, que ela
apresenta o significado espiritual do lava-pés.
Aprendemos que ela simboliza o serviço
presente do Senhor pelo qual retira do nosso
espírito tudo o que impediria de termos parte
com Ele.
Vamos observar que o Senhor não
diz, parte em Mim. Precioso de fato é o serviço
do lava-pés e, contudo, isso nunca asseguraria
ter “parte em Cristo”. Para isso a obra maior da
Cruz foi necessária, a qual, uma vez realizada
nunca pode ser repetida. Por esta obra maior a
parte em Cristo foi assegurada para sempre a
todo crente. O lava-pés é a demonstração
simbólica na terra de um serviço contínuo no
céu – um serviço que permite aos crentes na
terra manter comunhão com Cristo no céu:
pois as palavras do Senhor “parte Comigo” não
significam a comunhão com Ele, naquela santa
cena de afeição na casa do Pai? Há, de fato, o
abençoado fato de que o Senhor se aproxima
de nós e tem comunhão conosco em nossa
casa, como na ocasião quando Ele entrou na
casa em Emaús, mas a parte com Ele, conduz
ao pensamento ainda mais abençoado de que
podemos ter comunhão com Ele em Sua casa,
como foi o caso com os discípulos de Emaús
quando, na mesma noite, encontraram o
do o Senhor subsequentemente declara
aos Seus discípulos que “sobre esta
pedra edificarei a Minha Igreja”, essa
pedra refere-se diretamente ao que Pedro
acaba de confessar, mais precisamente a:
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Isso
é tanto revelação de Deus como a confissão do homem. Em resumo, “esta pedra”
não é nada mais do que o próprio Cristo.
A pedra é Cristo, o Filho do Deus
vivo. Com referência à pessoa do Senhor,
Ele é o Filho de Deus. Esse conhecimento
é absolutamente necessário aos homens.
Conhecer o Senhor não está tão relacionado ao que sabemos de Seus feitos
conforme narrado nos Evangelho, mas,
sim, a conhecê-Lo como o Filho de Deus.
Aquilo que os homens vêem, ouvem e
tocam não é suficiente, pois Cristo é muito
mais do que isso - Ele é nada menos que o
Filho do Deus vivo. Quão demasiado fácil
é reconhecê-Lo como Filho do homem tanto Seus amigos como os adversários
confessavam-No e ainda O confessam
como tal. Mas aqueles que receberam
revelação de Deus, somente eles O
conhecem como o Filho de Deus.
A ROCHA É o que Pedro Confessa
A Igreja é edificada sobre essa
rocha, a qual é Cristo, o Filho de Deus.
Essa rocha é a revelação que Deus deu
aos homens, e essa rocha é a confissão
do homem depois de ele ter recebido a
revelação. Precisamos ver que a própria
confissão é também muito importante.
Quando nosso Senhor Jesus esteve na
terra, Ele repetidamente disse: “Eu sou”
(ver Jo 8.24 ). Ao ouvirmos isso, nós cremos, e Ele, então, fica muito satisfeito em
nos ouvir dizer: “Tu és”! Sabemos que há
uma declaração que Deus ama ouvir-nos
fazer, que é dizermos a Ele: “Tu és”, e
dizermos ao Filho: “Tu és Senhor!”. Esta
importante expressão, “Jesus é Senhor!”,
pode ser a mais poderosa declaração.
Algumas vezes, quando as coisas estão
em confusão e Satanás zomba de você,
dizendo que você agora está desamparado, tudo que você precisa fazer — mesmo
que não possa orar num momento como
esse — é simplesmente declarar. Proclame alto: “Jesus é Senhor!” e você verá
instantaneamente que coisas confusas
são nada e que a zombaria de Satanás
também nada é. Quando está sendo
severamente tentado, você deveria levantar-se e falar essa palavra. Quer seja em
seu próprio quarto, quer seja numa reunião de oração, você deveria dizer: “Jesus
é Senhor!” — por meio do que você está
dizendo a Ele: “Tu és”. O Senhor ama
ouvir tal declaração, e, como resultado,
nós somos interiormente fortalecidos.
O Senhor Jesus deleita-se em
ouvir esse “Tu és!” — se não fosse assim,
por que Ele perguntaria aos discípulos
quem era? Que utilidade tem interrogar os
discípulos se eles não sabem? Também
porque perguntar se eles sabem? O
Senhor Jesus fez essa pergunta porque
Ele desejava muitíssimo ouvir Pedro falar
sobre isso. Conservemos em mente que o
fundamento da Igreja não é estabelecido
somente sobre a revelação que Deus dá,
mas é também estabelecido sobre a
declaração de Pedro após ter ele recebido
a revelação. Uma vez que Deus revelou
Seu Filho - Sua Obra-prima - a nós, declaramos o que Deus revelou e confessamos
a confissão que Ele nos deu: confessamos Jesus como o Filho de Deus e O
confessamos como o Cristo.
Isto é o que a Igreja é: a voz de
Cristo que Ele deixou sobre a terra. Deus
coloca a igreja na terra para declarar e
confessar Cristo. Seria totalmente inaceitável Pedro meramente dizer em seu
Jesus
coração: “Eu creio que o Senhor tem
poder e que Ele reina. Eu creio que o
Senhor é glorioso.” Não seria suficiente
Pedro apenas dizer: “Senhor, eu creio em
Ti em meu coração.” O que o Senhor
pergunta é: “E vós, quem dizeis vós que
Eu sou?” “Vós” aqui aponta para os discípulos. Portanto, esperava-se que eles
falassem o que pensavam. O que tem de
ser declarado? “Dizeis (...) que Eu sou”
equivale a dizer, a confessar o próprio
Senhor, a dizer quem o Senhor é. Vamos
prestar atenção a essa palavra.
Nós precisamos lembrar mais uma
vez que a Igreja é edificada sobre nossa
confissão acerca do Senhor: “Sobre esta
pedra edificarei a Minha igreja, e as portas
do inferno [Hades] não prevalecerão
contra ela”. Se não virmos o relacionamento entre a Igreja e as portas do Hades,
podemos não perceber a importância de o
Senhor ter usado a palavra “dizeis”; podemos pensar que crer no coração é suficiente ou que apenas orar seja adequado. Mas se virmos que a Igreja existe para
deter as portas do Hades, então, aprecia-
remos quão cheia de vida e poder e autoridade é essa declaração de quem Jesus
de Nazaré é.
Muitos podem testificar das numerosas vezes em que eles encontraram
dificuldades contra as quais fé e oração
não pareciam produzir nenhum efeito
vitorioso, até que, um dia, eles se levantaram e declararam: “Jesus, Tu és Senhor,
Tu és Rei, Tu esmagaste o diabo debaixo
dos Teus pés e Tu destruíste todas as
obras do inimigo!” Assim que essa declaração foi feita, eles foram notavelmente
fortalecidos. Nessa situação, a melhor
oração não é a de petição; a melhor oração é a do tipo que declara: “Tu és!” “Tu
és!” é a declaração de fé da Igreja. Nós
podemos reiterar que a Igreja é edificada
não somente sobre a revelação de Deus,
mas também sobre a declaração dos
homens sobre a revelação que receberam. A declaração como um resultado de
revelação é cheia de valor espiritual. Ela
tem o poder espiritual para sacudir o
Hades.
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
Quando começamos a conhecer a Deus, Seu propósito estabelecido
na eternidade e Seu trabalho ao longo das eras, percebemos quão
especiais são as visões que Deus nos revela na carta de Paulo aos
efésios. Ele teve um plano e uma vontade. Necessitamos ver hoje,
especialmente nesse tempo do fim, como Deus concluirá o Seu
propósito; pois, quando uma obra não estiver ligada ao Seu plano,
ela não pode ser vista como obra de Deus. Mas, não há nenhuma
maneira de se conhecer a Deus e Sua eterna vontade a não ser por
meio de revelação. Portanto, a questão hoje é: "Você viu? Os olhos
do seu coração foram abertos por Deus? "
Este livro pode ser adiquirido no site:
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O mensageiro das
BOAS NOVAS
Fevereiro 2014
Ano XVI n° 225
“A Palavra que sai da Minha
boca, não voltará vazia“
O LAVA-PÉS – JOÃO 13:2-17
Hamilton Smith
O Senhor não podia mais ser o
companheiro de Seus discípulos na
peregrinação deles pela terra, contudo, Ele
não deixará de ser o servo deles em Seu novo
lugar no céu. Assim, na cena que se segue,
descrita nos versos 2 a 17, temos um ato de
graça o qual, enquanto fecha o serviço
amoroso do Senhor pelos Seus na terra,
prenuncia Seu serviço vindouro pelos Seus
quando assume Seu novo lugar na glória. Se
Ele não puder mais ter parte conosco
pessoalmente no caminho da humilhação,
tornará possível a nós termos parte com Ele
em Seu lugar na glória. Este, julgamos, é o
significado deste ato gracioso do lava-pés. Por
toda a Sua vida perfeita a mente em Cristo
Jesus era de sempre esquecer-se de Si
mesmo no serviço amoroso pelos outros: e
neste último ato, embora consciente da negra
sombra da cruz, o Senhor ainda está se
esquecendo de Si mesmo para servir aos
Seus.
Os versos 2 e 3 introduzem este
humilde serviço mostrando, por um lado, a sua
profunda necessidade, e por outro, a perfeita
capacidade do Senhor para o serviço.
A necessidade do lava-pés é
tornada manifesta já que os discípulos serão
deixados em um mundo no qual o diabo e a
carne se combinam em hostilidade mortal a
Cristo. A referência à traição de Judas nesta
cena inicial, assim como também à negativa de
Pedro um pouco depois, mostram claramente
que a carne, seja no pecador ou no santo, é
somente material para o diabo usar. A
indulgência não julgada da carne tinha aberto o
coração de Judas para as
sugestões do diabo. Trair o próprio amigo, e
isso também pelo símbolo do amor, é repulsivo
até para o homem natural; mas o poder
dominante que deseja satisfazer a
concupiscência, prepara o coração para
acolher uma sugestão que é estranha à
natureza, e só pode vir do diabo.
Na presença dessa temerosa
exposição do poder da carne e do diabo, a
perspectiva de ser deixado em um mundo
mau, com a carne interior e o diabo exterior,
pode bem assustar o coração dos discípulos.
Ao mesmo tempo, contudo, o nosso coração é
sustentado por ser dirigido da carne e do diabo
para Cristo e o Pai, para aprender que “o Pai
entregou tudo” nas mãos de Cristo. Grande
poder está nas mãos do diabo que nos odeia;
mas “todo poder” está nas mãos de Cristo que
nos ama. Nem é apenas que “todo poder”
tenha sido dado a Cristo, mas que estava indo
para o lugar de poder – Ele veio de Deus
estava indo para Deus.
Enquanto sentia com Sua
sensibilidade perfeita a infidelidade de um
falso discípulo, e a negativa vindoura de um
verdadeiro, Ele, sem embargo, se moveu na
calma conscientização de que todo poder
estava em Suas mãos, e que ia para o lugar de
poder. Da mesma forma que Ele nos deixaria
passar por um mundo mau conscientes de que
Ele tem todo o poder e está no lugar de exercer
o poder. Além disso, não apena o Senhor está
no lugar de poder, com todo o poder, mas, na
cena que segue, Ele permitirá que saibamos
que Se deleita em usar o poder a nosso favor.
Jesus
mais gostamos, isso será
reconhecido como perder a alma por amor a
Ele.
Va m o s r e c o n h e c e r q u e o
significado de ganhar a alma hoje se aplica
igualmente ao ganhar a alma no futuro; e o
significado de perder a alma agora é o
mesmo que perder a alma no futuro. Seus
significados devem permanecer os
mesmos. Em outras palavras, perder a alma
por amor ao Senhor denota a recusa de
permitir que ela seja gratificada e favorecida
hoje, e perder a alma no futuro significa
negar-lhe satisfação e desfrute no reino.
Quando aquele dia vier, ou seja, quando o
reino chegar, algumas pessoas terão a sua
alma satisfeita enquanto outras terão sua
alma insatisfeita. Todo aquele que nesta era
satisfez os desejos de sua alma com
excessivo desfrute além das necessidades
naturais não terá nada no reino futuro.
Igualmente, todo aquele que por amor ao
Senhor perdeu essas coisas nesta era será
plenamente satisfeito no reino da era
vindoura. Todo aquele que vencer o mundo
será recompensado no reino. Isto é
absolutamente certo.
A salvação do espírito é
concedida no momento em que cremos no
Senhor. A salvação da alma depende do que
fazemos hoje. Caso você ame roupas,
comidas e amigos e tem tudo isso para
satisfação de sua alma, dixe-me dizer-lhe
com a autoridade do Senhor que você
perderá a glória do reino. “Bem-aventurados
vós, os que agora tendes fome, porque
sereis fartos. Bem-aventurados vós, os que
agora chorais, porque haveis de rir”, diz o
Senhor (Lc 6:21), mas “ai de vós, os que
estais agora fartos!” (Lc 6:25). Por que os
que estão fartos são desventurados?
Porque eles já estão satisfeitos agora. Por
que os que choram são abençoados?
Porque eles serão satisfeitos no futuro. Esta,
então, é a diferença entre o ai e a bemaventurança.
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
O assunto abordado nestas páginas é comumente omitido pelo povo de
Deus. Contudo, somos definitivamente informados pelo Senhor com
esta palavra: “… a salvação preparada para revelar-se no último
tempo. Obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma” (1 Pe 1:5,
9). Como o fim está muito próximo, é incumbência dos cristãos saber o
que é a salvação da alma. Na primeira parte deste presente volume,
Watchman Nee apresenta-nos o significado, o meio e a manifestação da
salvação da alma: o significado é negar-se, o meio é a cruz e a
manifestação é o Reino. Na segunda parte ele aborda o mesmo assunto
de maneira mais profunda, mas de uma perspectiva diferente,
mostrando a esfera da salvação do crente, o segredo de uma vida
vitoriosa e a fé pela qual se vive essa vida.
Este livro pode ser adquirido através do site:
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O mensageiro das
BOAS NOVAS
Ourtubro 2013
Ano XV n° 221
“Somos sempre entregues à morte
por causa de Jesus“
O CAMINHO DA CRUZ
DeVern F. Fromke
Primeiramente aprendemos a
apropriar-nos da obra da Cruz; depois, à medida
que a cruz vai sendo gravada no nosso coração,
aprendemos o caminho da cruz. Na apropriação,
a ênfase é colocada naquilo que o homem recebe. O princípio da cruz gravada no coração do
homem, por sua vez, enfatiza aquilo que o Pai
recebe através de Seus filhos. Na experiência,
esses dois aspectos da obra da cruz não precisam necessariamente ocorrer separados, mas
cada um deles deve ter sua obra específica na
vida do crente que almeja andar no supremo
caminho de viver para Deus.
Pode-se dizer que o cristão começou a andar no caminho da cruz quando a cruz,
para ele, não é mais algo externo apenas, mas
tornou-se operante em seu interior. Ao invés de
enfatizar aquilo que o homem recebe, a ênfase
agora está na concretização do SUPREMO
PROPÓSITO DO PAI na Cruz.
Quando recebemos revelação
acerca do caminho da cruz, percebemos imediatamente o quanto esse aspecto da verdade tem
sido negligenciado. O escritor de Hebreus devia
ter isso em mente quando disse: Por isso pondo
de parte os princípios elementares da doutrina
de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito... (Hb 6:1). Ao que parece, o apóstolo Paulo
quer enfatizar que este caminho da cruz é,
claramente, a razão evidente por que o seu
próprio ministério é frutífero e eficaz:
Porque nós, que vivemos, somos
sempre entregues à morte POR CAUSADE
JESUS, para que também a vida de
Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De
modo que em nós opera a morte; mas em vós a
vida. (2 Co 4:11,12).
Essa afirmação de Paulo pode
parecer bastante estranha para aqueles que
estão sempre procurando obter e ainda não
compreenderam a importância daquilo que
Deus poderia receber através de suas vidas.
Obviamente eles não podem nem apreciar, nem
entender o propósito de vida de Paulo. De alguma forma eles não captaram a importância de
uma pequena frase que Paulo continuamente
enfatiza. Essa frase é usada em um contexto
semelhante em sua carta aos Romanos:
POR AMOR DE TI... fomos considerados como ovelhas para o matadouro (Rm
8:36). Diariamente somos entregues à morte
POR CAUSA DE JESUS (2 Co 4:11). Antigamente víamos todas as coisas para o nosso
bem. Todavia, agora, à medida que andamos
neste caminho, passamos a interpretar essa
operação de morte como algo que sofremos
POR CAUSADE JESUS.
Que grande privilégio nós temos!
Deus escolheu-nos e nos destinou para que
fôssemos vasos transparentes com o objetivo
de mostrar o tesouro celestial - vasos através
dos quais Ele pudesse continuamente revelar
para os outros o morrer do Senhor Jesus. O que
parece ser o nosso morrer é realmente o morrer
do Senhor Jesus em nós. Essa operação de
morte torna-se o meio de vida para todo aquele
O CAMINHO DA CRUZ (continuação)
DeVern F. Fromke
que recebe essa revelação.
A RAZÃO DE UMA VIDA INFRUTÍFERA
Muitos dos filhos de Deus aproximam-se do caminho da Cruz hesitantes e confusos. Sem entender o que estava na mente de
Deus antes da Queda, nem a filosofia de vida
celestial, essas pessoas ficam horrorizadas ao
pensar em uma constante operação da morte.
"Eu não estou pronto para andar nesse caminho,
eu desejo vida abundante e alegria - não morte".
Uma carta escrita por um estudante
de uma escola cristã revela o espírito do cristianismo moderno: "Desde que estou longe de
casa e da minha comunidade as coisas estão
ficando mais claras para mim. Tenho visto muitas pessoas aparentemente dispostas a servir
ao Senhor desde que isso não exija delas sacrifício algum. Isso, a princípio, deixou-me bastante
chocado. Talvez eu estivesse sendo muito
limitado ao escolher abrir mão de meus direitos
e, voluntariamente, permitir a operação de
morte como havia sido ensinado. Eu via como
as pessoas gastavam o dinheiro de Deus em
coisas extravagantes. Me senti tentado a viver
daquela forma. Mas então o Senhor permitiu-me
ver como essas vidas eram infrutíferas. Aqueles
que viviam como se fossem reis muito pouco
sabiam acerca do caminho da cruz ".
A VIDA DIVINA NÃO PODE SER USADA
Andar no supremo caminho da
realização e experimentar o viver através da vida
de Outro não é o caminho mais fácil, mesmo que
você esteja cercado por cristãos. Muitos ficam
chocados ao descobrir que estão em um outro
caminho, porque há somente um modo pelo
qual a vida de Cristo pode ser vivida: para Deus e
sendo derramada para os outros. No momento
em que pensarmos que podemos acomodar-nos
e usá-lo (Sua vida) para o nosso próprio bemestar, Ele (Sua vida) não estará à nossa disposição para este fim. A vida divina não atua dessa
forma.
Se continuarmos a interpretar o
Calvário para o nosso próprio
benefício, significa que ainda não fomos libertos
do mundo. Mesmo que compartilhemos acerca
dos benefícios com os perdidos, nós estamos
fazendo isso da nossa própria maneira, preservando nosso direito de reinar. Multidões de
crentes estão cativos a este sistema mundano
de segurança e recompensa. Deus espera
acabar com essa escravidão quando eles chegarem ao fim de seus próprios caminhos. Todavia Ele nunca irá impor Seu caminho para quem
quer que seja. É nosso privilégio e alegria poder
escolher andar no caminho onde a vida é para
Ele.
O PASSADO E O PRESENTE
Do ponto de vista de Deus, a obra
da cruz foi concluída de ama vez por todas. Nós
sempre devemos fazer essa distinção. Quando
reconhecemos a morte de Cristo para nós e
nossa morte com Ele, usamos o tempo passado, dizendo com Paulo:
Eu fui crucificado...
Nosso velho homem foi crucificado...
Reconhecei a vós mesmos...mortos...
Nesses e em muitos outros exemplos, Paulo
descreve nossa união juntamente com Ele. Nós
somos libertados da culpa do pecado e do seu
poder reconhecendo nossa identificação com a
obra consumada de Cristo na Cruz. Isso é algo
consumado, devemos considerar como algo que
ocorreu no passado.
Algumas pessoas confundem isso
com uma outra afirmação de Paulo e acham que
somos chamados a morrer diariamente para o
pecado. NÃO! Paulo insiste em que nós estamos
mortos para o pecado. Desde o momento em
que tomamos conhecimento da obra redentora
de Cristo e dela nos apropriamos considerandoa nossa, estamos mortos para o pecado. Em
qualquer disputa com Satanás, em qualquer
tentativa de manifestação da carne nós lembramos da primeira vez que reconhecemos nossa
inclusão nessa obra. É sempre passado! Conclu-
satisfazer nossas luxúrias, não
estamos tomando a cruz. Não podemos
determinar quem deve vestir tal roupa,
comer tal tipo de comida ou viver em tal tipo
de casa; mas qualquer um que desejar
extrair extrema satisfação dessas coisas
não toma a cruz. Ninguém se atreve a dizer o
que você deve ter ou o que não deve ter. Ao
contrário, você é quem deve perguntar se
sua alma extrai prazer e satisfação dessas
coisas.
Qualquer coisa que supra suas
necessidades é permitida por Deus. Roupa,
comida e abrigo são coisas legítimas. No
Antigo Testamento podemos ver Deus
provendo essas coisas para os filhos de
Israel. Portanto, Ele nunca pretendeu ter
seus filhos totalmente ocupados com este
assunto. Se procurarmos por absoluto
prazer nessas áreas não estaremos
tomando a cruz.
Quão frequentemente as
pessoas não estão vestidas para proteger o
corpo e não estão comendo para satisfazer
sua fome, mas para buscar puro prazer.
Todas as necessidades naturais devem ser
supridas, mas a luxúria proveniente da carne
não deve ser satisfeita. Nada deve ser em
excesso.
Deus realmente interfere na
roupa, comida, moradia e viagem do
homem? De fato Ele interfere. E a
interferência se constitui na cruz. Vamos
ilustrar este assunto.
Quando Adão estava no Jardim
do Éden, todas as suas provisões
necessárias eram devidamente supridas.
Ele poderia comer os frutos de todas as
árvores, exceto o fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal. Então ele
comeu dessa árvore porque seu fruto
proibido era bom para comer e agradável
para os olhos e não porque ele iria preencher
sua necessidade natural; isso se tornou uma
luxúria para ele.
O que Deus permite está restrito
à necessidade natural; qualquer coisa que
exceda isso é impróprio e considerado como
coisa do mundo, como roupa, comida e
abrigo; e por esta razão devemos buscar
somente o suprimento das necessidades e
não a gratificação das concupiscência.
Devemos considerar a vontade de Deus
como regra absoluta nessas coisas. De
outra maneira, poderemos seguir a vontade
da carne tanto nos satisfazendo
completamente como também maltratando
nosso corpo como se fôssemos mais santos
que os outros. Precisamos entender que
nenhum extremo é aprovado por Deus em
Sua Palavra: Ele nem nos diz para
desfrutarmos das coisas deste mundo nem
nos declara que o ascético maltrato do corpo
tem algum valor contra a satisfação da carne
(ao contrário, compare 1 João 2:14-15 e
Colossenses 2:23).
“Quem acha a sua vida perdê-laá; quem, todavia, perde a vida por minha
causa achá-la-á” (Mt 10:39). Esse verso
conclui a passagem de Mateus 10 que
estávamos estudando. O que então significa
tomar a cruz? Significa que uma pessoa
perde sua vida da alma por amor a Cristo, é
ferida em seu coração por amor a Cristo e
sofre angústia e tristeza – tudo isso é perder
a alma. Algumas pessoas se recusam a
sofrer ou disciplinar seu desejo emocional; e
por permitirem que sua alma desfrute
excessivamente, certamente a perderão.
Perder a alma por amor ao Senhor não é
deixa-la ser satisfeita em suas exigentes
luxúrias e deleites. Se por amor a Cristo
A SALVAÇÃO DA ALMA - SEU MEIO: A CRUZ
Watchman Nee
que nosso próprio pai, mãe ou
filho? Se no mundo você ama mais uma
pessoa do que o Senhor, não está pronto
para ser Seu discípulo. Para ser discípulo de
Cristo você precisa amar completamente o
Senhor. Esta é a condição para ser Seu
discípulo. É completamente impossível para
você amar o Senhor e outra pessoa
igualmente ao mesmo tempo.
“… e quem não toma a sua cruz e
vem após mim não é digno de mim” (v. 38).
Esse verso resume o que foi dito antes – esta
é a cruz! O que significa tomar a cruz? O
Senhor não disse que aquele que não toma
sua carga e O segue não é digno d'Ele. Não,
Ele disse que quem não toma a sua cruz e O
segue não é digno d'Ele. Uma carga não é
uma cruz. Carga é algo inevitável; cruz, no
entanto, está sujeita à escolha da pessoa e
portanto pode ser evitada.
O que a primeira cruz na história
foi, assim devem ser as incontáveis
pequenas cruzes que vêm depois dela;
assim como a cruz original foi escolhida pelo
Senhor, a cruz de hoje também precisa ser
escolhida por nós.
Algumas pessoas assumem que
estão carregando a cruz sempre que
passam alguma privação ou se encontram
angustiadas. No entanto, isso não é verdade
porque isso pode naturalmente acontecer
com qualquer pessoa, até mesmo com
aqueles que não são crentes. Todas as
cruzes que alguém toma precisam ser
escolhidas por ele. No entanto, é preciso
guardar-se de um erro aqui: não se deve
criar cruzes para si mesmo. Devemos tomar
a cruz, não criá-la.
É um grande engano considerar
continuação
tudo o que recai sobre nós como cruz para
tomarmos. Qualquer cruz que nós mesmos
criamos não é reconhecida como cruz a ser
tomada.
Então, o que é uma cruz? Deve
ser parecida com o que o Senhor mesmo
disse: “Meu Pai… faça-se a tua vontade” (Mt
26:42). Ele disse ao Seu Pai para não
responder conforme a vontade do Filho, mas
conforme a vontade do Pai. Isto é a cruz.
Tomar a cruz é escolher a vontade que o Pai
decidiu. Posso dizer sinceramente que se
nós não escolhemos a cruz diariamente, não
temos cruz para carregar. Se o Senhor
tivesse esperado até que a cruz viesse até
Ele aqui na Terra, como seria possível para
Ele ter sido o Cordeiro imolado desde antes
da fundação do mundo? Pois Ele não tinha
escolhido a cruz no céu quando estava lá e
então “a si mesmo se esvaziou, assumindo a
forma de servo, tornando-se em
semelhança de homens”? “… e,
reconhecido em figura humana, a si mesmo
se humilhou, tornando-se obediente até à
morte e morte de cruz” (Fp 2:7-8)? Nosso
Senhor realmente escolheu a cruz.
“Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu
espontaneamente a dou. Tenho autoridade
para a entregar e também para reavê-la” (Jo
10:18). De acordo com o mesmo princípio,
nossa cruz deve ser algo que nós mesmos
escolhemos.
Nas áreas de vestuário, alimento
e moradia também temos escolha. Podemos
escolher o que vestir, o que comer e como
morar. A intensidade com que buscamos
essas coisas deve se limitar apenas às
nossas necessidades naturais nessas
áreas. Se buscamos essas coisas para
Quando Paulo disse: eu morro
diariamente, ele não estava afirmando que nós
somos chamados para morrer diariamente para
o pecado. É justamente neste ponto que muitos
confundem a obra da cruz com o caminho da
Cruz. O primeiro é uma realidade passada a qual
nós reconhecemos. O segundo é uma realidade
presente da qual compartilhamos continuamente com Cristo.
Jesus, o último Adão, entrou no
mundo sem pecado, ele necessitava somente
seguir o caminho da cruz. Ele disse: Se alguém
quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia
tome a sua cruz e siga-me (Lc 9:23). Esse versículo é, com frequência, utilizado erroneamente
para ensinar que através de alguma medida de
autodisciplina o homem pode levar à morte o
velho eu negando-se diariamente. Isso anula
completamente a graça de Deus! Nós devemos
manter os dois aspectos da verdade em seus
devidos lugares. Dois homens diferentes estão
envolvidos. O Senhor Jesus identificou-se com a
raça humana, incluiu-nos nele mesmo e levounos à sepultura. Agora Deus considera que nós
não somente estamos mortos, mas também
sepultados. Esse foi o fim da raça deAdão. Jesus
foi o último Adão. Agora nós fomos ressuscitados
de entre os mortos e estamos vivos no Senhor
Jesus, que é também o segundo Homem. Nós
com Ele somos uma nova criação - um homem
completamente novo.
O velho homem em Adão experimenta a obra da cruz. O novo homem em
Cristo é chamado a andar no caminho da cruz.
Nós consideramos que estamos mortos para o
velho Adão, baseando-nos na obra consumada
de Cristo, sempre no passado. Nós agora compartilhamos diariamente no novo Homem daquele caminho de vida divino, o qual opera morte
em nós, mas vida nos outros.
Essa mesma verdade pode ser
explicada por outra ilustração: nós nos entregamos a Deus para que, como um grão de trigo,
possamos ser plantados na morte a fim de produzir muito fruto. Paulo refere-se a este novo
homem quando diz: Levando sempre no corpo o
morrer de Jesus para que também a vida de
Jesus se manifeste em nossa carne mortal. Deus
somente deposita o tesouro celestial no novo
homem. Supor que Ele colocaria esse tesouro
em qualquer outro recipiente é interpretar as
Escrituras erroneamente.
Consideremos mais cuidadosamente quatro porções das Escrituras, frequentemente interpretadas como se estivessem relacionadas com o velho homem, mas que, na verdade, aplicam-se ao novo homem. É o novo
homem que, por causa do ministério, fica exposto a perigos a toda hora. Por essa razão, Paulo
diz: Eu morro diariamente. O contexto é bastante
claro. Não há referência quanto ao morrer para o
pecado. O apóstolo fala de seu desejo diário de
arriscar sua vida pelo evangelho. A passagem
diz: ...se os mortos não ressuscitam... por que
também nós nos expomos a perigos a toda hora?
... Dia após dia morro! ... Se como homem lutei
em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se
os mortos não ressuscitam... (1 Co 15:30-32).
T. A. Hegre escreve: "Seria necessário o maior exercício da imaginação e a maior
liberdade na exegese para aplicar esta frase, Eu
morro dia a dia à morte ao pecado. Ela não se
refere ao pecado...mas ao desejo de Paulo em
sacrificar sua vida para que outros possam
viver".
Outra passagem frequentemente
interpretada como sendo relacionada à morte
para o pecado encontra-se em João 12:24.
Jesus disse: Se o grão de trigo, caindo na terra,
não morrer, fica ele só; mas se morrer produz
muito fruto. Qualquer fazendeiro planta boa
semente - semente que possui vida em seu
interior. A semente não é plantada para a purificação, mas para a produção. Nós somos como
sementes em Suas mãos.
MORTOS - MAS AINDA MORRENDO
Durante muitos anos, eu fiquei
intrigado com o desejo de Paulo expresso em
Filipenses 3:10. Seis anos antes dele escrever
isso, ele testificou: Eu fui crucificado com Cristo
Jesus
O CAMINHO DA CRUZ (continuação)
DeVern F. Fromke
(nele) - eu compartilhei de Sua
crucificação; não sou mais eu quem vive, mas
Cristo, o Messias, vive em mim; e a vida que
agora tenho no corpo eu vivo pela fé - por apegar-me e confiar (completamente) - no Filho de
Deus, que me amou e a si mesmo se entregou
por mim. (G1 2:20 trad.A. N.).
Por que motivo alguém que testificou a respeito de tal morte iria mais tarde dizer:
...para o conhecer e o poder de sua ressurreição,
e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para de algum
modo alcançar a ressurreição dentre os mortos
(Fp 3:10, 11)? Se alguém está morto, será que
não está morto? Como então Paulo pode desejar
morrer novamente ou continuar a morrer?
Antes de entender a distinção que
fizemos anteriormente eu não podia compreender que Paulo não mais estava falando a respeito
do morrer do velho homem. Ele está falando
como o novo homem de Deus - é propósito seu
preencher o que resta das aflições de Cristo na
minha carne, a favor do seu corpo, que é a
igreja... (Cl 1:24). À medida que ele compartilhasse mais profundamente dos sofrimentos de
Cristo, conformando-se ao caminho da cruz, ele
conheceria mais completamente o poder da
ressurreição. Nós também temos a mesma
alegria e privilégio de sermos identificados com o
Senhor Jesus em ministério.
Em 2 Co 1:8-9 (trad. A. N.), temos
outra passagem que explica essa verdade:
Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a
natureza da tribulação que nos sobreveio na
[província da] Ásia, porquanto foi acima de
nossas forças, a ponto de desesperarmos até da
[própria] vida. Contudo, já em nós mesmos
tivemos a própria sentença de morte; para que
não confiemos em nós, e, sim, no Deus que
ressuscita os mortos.
No que diz respeito à ressurreição,
a conformidade com a morte na Cruz significa
uma fraqueza cada vez maior em nós mesmos e
não um crescente sentimento de força! Nosso
desejo natural é sentir que somos fortes e que
podemos fazer isto ou aquilo. Fraqueza é o
caminho da cruz, pois vivemos pela vida e
força de Outro.
!
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
Se você perder de vista a perspectiva eterna, você
perderá o tema principal deste livro e a intenção
primeira do autor. Temos como propósito tirar o leitor
do aspecto temporal e levá-lo ao eterno, de forma que ele
se torne capaz de compartilhar do ponto de vista de
Deus. Somente quando uma pessoa começa em Deus a
enxergar Seu Supremo propósito, ela pode ter
perspectiva, consciência ou expectativas corretas.
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BOAS NOVAS
Ano XVI n° 224
Janeiro 2014
“Quem quiser salvar
a sua alma perdê-la-á“
A SALVAÇÃO DA ALMA - SEU MEIO: A CRUZ
Watchman Nee
“Quem acha a sua vida perdê-laá; quem, todavia, perder a vida por minha
causa achá-la-á.” (Mt 10:39)
“Não penseis que vim trazer paz
à terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mt
10:34). Por que o Senhor disse isso dessa
forma? Porque todos pensam que Ele veio
trazer paz para a Terra. Para corrigir esse
conceito, Ele diz abertamente aos Seus
ouvintes que não veio trazer a paz, mas a
espada. Mais tarde veremos que essa paz
mencionada aqui não se refere ao assunto
de paz e ausência de guerra entre as nações
no mundo; antes, refere-se a certas
situações e relacionamentos na família.
“… não vim trazer paz, mas
espada” – o que significa essa palavra? Por
espada o Senhor não tem em mente uma
arma usada em combate ou no campo de
batalha. Ele simplesmente declara que veio
trazer uma espada para a Terra. Simeão não
disse a Maria, logo após o nascimento de
Jesus, que “uma espada traspassará a tua
própria alma, para que se manifestem os
pensamentos de muitos corações” (Lc
2:35)? Em Mateus 10 o uso da palavra
espada tem o mesmo significado. Significa
que ao longo da vida de uma pessoa ela
pode não navegar em calmaria, mas terá
dificuldades como se fosse uma espada
traspassando sua alma. Por isso
o que o Senhor está tentando dizer é que Ele
veio não para nos fazer desfrutar, mas para
nos ferir.
“Pois vim causar divisão entre o
homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e
entre a nora e sua sogra” (Mt 10:35). Esse
verso começa com conjunção “pois”,
indicando que as palavras seguintes
explicam a palavra “espada” mencionada no
verso anterior. Naturalmente falando, o
relacionamento entre pai e filho é
geralmente considerado muito agradável,
mas esse relacionamento agora será
marcado pela alienação. A filha será alheia à
sua mãe, a nora será alheia à sogra e assim
por diante.
“Assim, os inimigos do homem
serão os da sua própria casa” (v. 36). Ter um
inimigo é ter amargura. Os da sua própria
casa, os quais você ama, virarão as costas
para você, ferindo seu coração. Agora
haverá hostilidade e rancor no seu lar.
“Quem ama seu pai ou sua mãe
mais do que a mim não é digno de mim;
quem ama seu filho ou sua filha mais do que
a mim não é digno de mim…” (v. 37). Duas
vezes nesse verso Jesus menciona as
palavras “não é digno”. Você já perguntou
por que devemos amar mais o Senhor do
Jesus
QUAL É O CAMINHO DA FÉ EM TEMPOS DE RUÍNA?
A. Ladrierre
decorre da vontade própria do
homem, sem ter em conta a vontade de Deus.
Apartar-se, pois, da iniquidade é separar-se, é
colocar à parte de tudo o que o homem estabeleceu por sua própria vontade na grande casa:
sistemas e ordenanças.
No tempo dos reformadores, aqueles que estavam esclarecidos pela Palavra de
Deus retiraram-se do vasto sistema de iniquidade que tinha invadido a Igreja. Pelo menos
neste aspecto eles obedeceram à ordem do
apóstolo. Por que então restabelecer em seguida outros sistemas com o nome de igrejas
reformadas, luteranas, nacionais, livres, independentes, etc? E verdade que estas não
contêm em si as abominações de Roma, mas
nem por isso deixam de ser o fruto da vontade
do homem, e não fazem senão introduzir a
confusão na Igreja.
Achamos, porventura, vestígio
algum de uma tal ordem de coisas nas Escrituras? Em nossos dias, como já vimos, o que não
abrigam essas diversas denominações de
protestanismo? Racionalismo, incredulidade,
negação das verdades capitais do cristianismo,
falsos mestres, homens semelhantes a Hime-
neu e a Fileto, que transformaram a fé, sem
contar toda uma série de aberrações com que
topamos a cada passo. Não é isto a iniquidade?
E para honra do Senhor esta manifestação da
vontade do homem, que pretende estabelecer
regras e ordem aí, onde Deus nada estabeleceu; ou se constitui ele em juiz da Palavra de
Deus para a interpretar e agir do modo que
quer? Que devo, pois, fazer, senão purificarme, apartando-me dessas coisas? Esta é a
minha responsabilidade perante Deus, se
quero ser 1 obediente. Posso reconhecer os
verdadeiros cristãos que se encontrem entre
outros em todos esses sistemas e seitas, mas,
por mais abnegados que sejam, não devo
segui-los na sua posição antiescriturística.
Tenho de me separar de tudo o que não está
estabelecido por Deus, de tudo o que a Sua
Palavra não sancionou — e isto embora pareça
ser algo positivo. É a iniquidade, e eu não
poderia juntar-me a ela sem dela participar.
Possa todo cristão honesto que lê estas linhas,
interrogando a sua própria consciência, exclamar: “Estarei eu bem certo de ter aprovação da
Palavra de Deus, permanecendo ligado a este
ou àquele sistema religioso?”
!
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
Os tempos são difíceis (2 Timóteo 3:1). No que concerne às coisas da fé, é
importante que o cristão saiba qual o caminho que Deus indicou, para que o trilhe
na devida obediência. Esse caminho, que expressa a vontade de Deus.
evidentemente só pode ser reconhecido pela leitura e meditação das Escrituras
divinamente inspiradas.
Suponho que o leitor também esteja convencido de que a Palavra de Deus é a
autoridade suprema, a única norma à qual todo cristão deve submeter-se.
Pois bem. Todo aquele que examinar as Escrituras com atenção não terá como não
se impressionar pelo contraste existente entre a Igreja, tal como apresentada no
Novo Testamento, e o estado da cristandade em nossos dias. O autor aponta esse
contraste e, apresentando a Igreja segundo os pensamentos de Deus, indica o modo
que estes ainda podem ser postos em prática nos tempos atuais. Nossa única
referência para essa prática é a infalível Palavra de Deus. Estamos dispostos a
examiná-la e agir com fidelidade aos seus ensinos?
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BOAS NOVAS
Novembro 2013
Ano XV n° 222
“É Deus quem nos justifica“
É DEUS QUEM JUSTIFICA
C.H. Spurgeon
É uma coisa maravilhosa ser
justificado ou ser transformado. Se nunca
tivéssemos quebrado as leis de Deus, não
necessitaríamos de justificação. Aquele que
tem sempre feito as coisas que deveria, e
nunca fez nada daquilo que não deveria ter
feito, é justificado pela lei. Mas, estou plenamente certo de que você não é nenhum desses tipos. Você é muito honesto para pretender ser sem pecado, e, portanto precisa ser justificado.
Agora, justificar-se a si mesmo,
simplesmente, é um ato autoenganador.
Portanto, não o tente. Nunca valerá a pena. Se
pedir a alguns amigos seus para justificá-lo,
que poderão fazer? Poderá ser que alguns
deles falem bem de você por pequenos favores, e outros o caluniem por muito pouco. Os
seus julgamentos não valem muito.
Nosso título diz: “É Deus quem
justifica” (Romanos 8:33). Isto é muito mais
que um assunto. É um fato espantoso, que
deverá ser considerado com atenção. Venha e
veja.
Em primeiro lugar, ninguém além
de Deus teria pensado em justificar para
sempre aqueles que são culpados. Eles têm
vivido em franca rebelião. Praticaram o mal
com ambas as mãos e têm ido de mal a pior.
Voltam ao pecado mesmo depois de o terem
abandonado, embora constrangidos a deixálo por algum tempo. Eles quebraram a Lei e
menosprezaram o Evangelho. Recusaram as
proclamações da misericórdia e
persistiram na perversão. Como podem ser
perdoados e justificados? Seus companheiros, infelizes por eles, dizem: “Eles são casos
sem esperança.” Mesmo os cristãos olham
para eles com tristeza, em vez de esperança.
Porém não é assim o seu Deus. Ele, no
esplendor de Sua graça eletiva, tendo escolhido alguns antes da fundação do mundo, não
descansará até que os tenha justificado e
preparado para serem aceitos em amor. Não
está escrito?: “E aos que predestinou, a esses
também chamou; e aos que chamou, a esses
também justificou; a esses também glorificou”
(Romanos 8:30). Assim você vê que existem
aqueles que o Senhor justifica. Por que não
estaríamos eu e você entre eles?
Ninguém, exceto Deus, jamais
teria pensado em justificar-me. Eu sou um
milagre para mim. Não duvido de que a graça
seja vista, assim, por outros. Olhe para Paulo
de Tarso espumando pela boca de raiva contra
os servos de Deus. Como um lobo faminto,
atormentava as ovelhas e os carneiros, a torto
e a direito.
Entretanto, Deus o derrubou na
estrada para Damasco e mudou o seu coração. Deus justificou-o plenamente, tanto que
em pouco tempo este homem se tornou o
maior pregador da justificação pela fé que
jamais viveu.
Ele, com frequência, deve ter-se
maravilhado de que tenha sido justificado pela
É DEUS QUEM JUSTIFICA (continuação)
C.H. Spurgeon
fé em Jesus Cristo, pois fora uma
pessoa determinadamente convencida de
que salvação era pelas obras de Lei. Ninguém, exceto Deus, jamais teria pensado em
justificar um homem como Saulo, o perseguidor. Porém, o Senhor Deus é glorioso na
graça.
Mesmo que alguém tenha pensado em justificar o ímpio, ninguém, senão
Deus, poderia fazê-lo. É inteiramente impossível para qualquer pessoa perdoar ofensas que
não houvessem sido cometidas contra elas.
Uma pessoa ofendeu você grandemente.
Pode perdoá-la e espero que o faça, porém
uma terceira não pode perdoá-la por você. Se
uma afronta lhe é feita, o perdão deve vir de
você. Se pecarmos contra Deus, está no
poder de Deus perdoar, porque o pecado é
contra Deus. É isto que Davi diz no Salmo
51:4: “Contra Ti, contra Ti, somente pequei, e
fiz o que é mal perante os Teus olhos...”, pois
só Deus, contra quem a ofensa é cometida,
pode livrar da ofensa.
Aquilo que devemos a Deus
nosso grande Criador Ele pode perdoar, se
isto lhe aprouver. E se Ele perdoa a dívida, ela
está perdoada. Ninguém, senão o grande
Deus contra quem temos cometido pecado
pode anulá-lo. Vejamos, portanto, de que
modo vamos a Ele e procuramos misericórdia
em Suas mãos. Não nos deixemos conduzir, à
parte, por aqueles a quem nos teríamos confessado; não têm a autoridade na Palavra de
Deus para suas pretensões. Porém, mesmo
se fossem ordenados para pronunciar a absolvição em nome de Deus, ainda seria melhor
para nós irmos ao Grande Senhor através de
Jesus Cristo, o Mediador, e procurar e achar o
perdão em suas mãos, visto que estamos
certos de que este é o verdadeiro caminho.
Substituir o Cristianismo envolve muitos
riscos. É preferível você mesmo cuidar dos
assuntos da sua alma a deixá-los nas mãos de
outros.
Somente Deus pode justificar o
ímpio, mas o faz com perfeição. Ele lança
nossos pecados para trás de Suas costas; Ele
os anula. Ele diz que apesar de serem procurados depois não serão encontrados. Com
nenhuma òutra razão para isto, senão por Sua
própria infinita bondade, Ele preparou um
caminho glorioso pelo qual pode tornar pecados escarlates tão brancos como a neve. Ele
pode remover para longe as transgressões
como distantes são o ocidente. Ele diz: “Eu
jamais me lembrarei de seus pecados e de
suas iniquidades”. (Hebreu 10:17) Vai a uma
extensão de pôr fim ao pecado. Um dos antigos exclamou em admiração: ''Quem, ó Deus,
é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade, e
que Te esqueces da rebelião do restante da
Tua herança? O Senhor não retém a Sua ira
para sempre, porque tem prazer na benignidade” (Miquéias 7:18).
Não estamos agora falando da
justiça, nem de Deus negociando com os
homens de acordo com o que eles merecem.
Se você negociar com o justo Senhor em termos de lei, a ira eterna o ameaçará, porque é
isto que merece. Bendito seja Seu nome,
porque Ele não tem negociado conosco conforme os nossos pecados. Mas Ele negocia
em termos de graça e infinita compaixão e diz:
“Eu os receberei... Eu voluntariamente os
amarei” (Oséias 14:2-4). Acredite, porque
certamente é verdade que o grande Deus é
capaz de tratar o pecador com abundante
misericórdia. Sim, Ele é capaz de tratar os
pecadores como se tivessem sido sempre
fiéis.
Leia cuidadosamente a parábola
do filho pródigo, e veja como o pai perdoador
recebeu o andarilho, com muito amor, como
se nunca se tivesse ausentado, e nunca se
tivesse prostituído com rameiras. Levou isto
tão longe que o irmão mais velho começou a
em Cristo Jesus” (2 Tm 3:13-15).
Ora, as coisas que Timóteo tinha aprendido,
tinha-as recebido de Paulo, o apóstolo do
Senhor. E nós temos os escritos inspirados de
Paulo que agora fazem parte das santas epístolas, das Sagradas Escrituras de que ele fala a
Timóteo (veja-se 2 Pe 3:15-16).Asubmissão às
Escrituras é, pois, a salvaguarda contra o erro;
e elas são a verdadeira e única regra para o
cristão. A sua autoridade é suprema, porque
são inspiradas por Deus, e próprias para ensinar e instruir na justiça, a fim de que o homem
de Deus seja perfeito.
O apóstolo Pedro, na sua segunda
epístola, em que fala também dos falsos mestres e do mal que se introduzia no meio dos
fiéis, dirige de igual modo os seus olhares para
a palavra profética, e exorta-os a recordaremse das palavras dos profetas e daquilo que o
Senhor e Salvador disse pelos apóstolos (2 Pe
1:19; 3:1-2). Judas fala da mesma maneira
(versículo 17). Ora, estas palavras dos apóstolos também nós as temos no Novo Testamento!
O nosso guia para nos fazer conhecer o caminho de Deus através do estado de
coisas em que nos encontramos não são,
portanto, as tradições, os mandamentos de
homens, os arranjos humanos, por muito acertados que possam parecer, mas é a infalível
Palavra de Deus.
Leitores amigos, vocês creem que o
Novo Testamento, do mesmo modo que o
Antigo, é a palavra inspirada de Deus? Creem
que lhe devem inteira e implícita obediência?
Então, em caso afirmativo, é somente a ela que
vocês devem seguir neste importante assunto
— e ela lhes dará, para tanto, todas as diretrizes necessárias. O fundamental é prestar a
devida atenção ao que ela diz e obedecer-lhe
com simplicidade, sem se deixar perturbar por
suposições, por ideias preconcebidas, por
hábitos e por laços formados talvez desde
longa data. É preciso estar decidido, custe o
que custar, a permanecer fiel a Deus e à Sua
Palavra.
Seguir o Caminho traçado por Deus
Posto isto, qual é o caminho traçado
para a fé pela Palavra de Deus? Para o conhecermos, retomemos a passagem de 2 Tm 2:17-
22, de que falamos a propósito do mal que o
apóstolo previa e que começava já a manifestar-se naquele tempo. Sejam quais forem a
ruína e a confusão, “o fundamento de Deus”
permanece inabalável. O seu selo tem duas
faces e duas divisas. Por um lado “o Senhor
conhece os que são seus”. Ele os distingue, no
meio da infidelidade geral. Este é o lado de
Deus. Mas há outro: o da responsabilidade
individual no meio do mal. E eis aqui, a tal
respeito, o princípio da maior importância para
todo cristão desejoso de obedecera Deus:
“Qualquer que profere
o nome de Cristo [ou: do Senhor] aparte-se da
iniquidade” (grifo do autor). Assim, todo aquele
que se intitula do Senhor, por outras palavras,
todo aquele que se diz cristão está no dever de
se retirar de tudo o que não estiver de harmonia
com a vontade de Deus, expressa por intermédio da Sua Palavra. Importa compreender bem
o alcance desta ordem: “Aparte-se da iniquidade”.
Observemos desde já que a igreja
exterior, isto é, o conjunto dos que se dizem
cristãos, é considerada uma grande casa —
uma habitação humana, onde se encontram
misturados vasos para honra e vasos para
desonra. Como já fizemos notar, esta casa,
descrita em 1 Timóteo 3, na qual ainda reinava
a ordem, não é já “a Casa de Deus”, o templo
onde não devem encontrar-se senão vasos
santos. Ora o cristão — quero dizer, aquele que
o é não somente de nome, mas de fato e de
verdade — encontra-se, com efeito, nesta
grande casa. Mas se ele é fiel, se quer ser, ele
próprio, um vaso de honra, santificado, idôneo
ao Senhor, então tem a responsabilidade de
obedecer à Palavra, que lhe prescreve que se
aparte da iniquidade, que se purifique, separando-se dos vasos de desonra. Ainda aqui
procuremos bem compreender: não é somente
do mal moral que temos de nos separar e andar
em pureza e santidade de vida, nem que devemos romper as relações com aqueles que
levam uma conduta mundana ou escandalosa.
O apóstolo tem em vista outro mal: é aquele
que vem de homens que seguem os seus
próprios pensamentos e se apartam da verdade. “Ainiquidade” é, com efeito, tudo o que
QUAL É O CAMINHO DA FÉ EM TEMPOS DE RUÍNA?
A. Ladrierre
Mesa do Senhor, que era uma. Em
nossos dias, na ruína e na confusão universais
da cristandade, dá-se precisamente o contrário. Uma alma é convertida e deseja servir o
Senhor. Aonde irá ela? Com quem vai reunirse? Pergunto ainda: Será que isto é coisa de
pouca importância aos olhos do Senhor? Estamos nós obrigados, para resolver uma tal
questão, a examinar e a pesar os argumentos
que cada igreja ou seita apresenta, não nos
dando, afinal, por onde escolher, senão entre
opiniões humanas? Ou então seria preciso ir
com todos, indiferentemente, como se a verdade se encontrasse em toda parte — ou antes,
em parte nenhuma?
Não, e bendito seja Deus por isso!
Ele não nos deixou, nem para esta questão
nem para a da salvação, entregues a nós próprios, isto é, dirigirmo-nos segundo as nossas
próprias luzes. Importa à Sua glória, como
convém à Sua sabedoria e ao Seu amor, que
andemos, em relação a tudo, no caminho que
Ele traçou para nós. Rogo, pois, encarecidamente a cada um dos meus leitores que procure dar-se bem conta do que tem de fazer para
obedecer a Deus no que se refere a este importante assunto. O que temos dito acerca da
confusão que reina na cristandade mostra bem
a necessidade que temos de estar devidamente esclarecidos a tal respeito. O nascimento, as
circunstâncias, o apego àquilo que foi o instrumento da nossa conversão ou aos cristãos que
estimamos, ou ainda uma certa inclinação por
estas ou aquelas formas podem ter contribuído
para que nos congreguemos a uma denominação qualquer, mas a nossa responsabilidade
perante Deus é de nos interrogarmos: “Estou
eu onde Deus me quer? É esta uma congregação instituída segundo a Sua vontade? Juntando-me a ela ou nela permanecendo é a Palavra
do Senhor que estou seguindo?”
AAutoridade da Palavra
Para responder a essas questões é
necessário resolver primeiro estas: “Qual é a
regra da verdade? Onde se encontra a pedrade-toque divina? Como poderei conhecer com
exatidão o pensamento de Deus?” Pois bem,
caro leitor, dá-se precisamente o mesmo que
se dá para a questão da sua salvação: é a
Palavra de Deus que lhe faz conhecer o Seu
pensamento e que é a regra da verdade. Ela é a
suprema autoridade para nos conduzir; é o
Espírito Santo que nos ajuda a compreendê-la
e a aplicá-la à nossa alma e à nossa vida. A
única pedra-de-toque para saber se a minha
conduta é conforme a vontade de Deus é a Sua
Palavra, são as Sagradas Escrituras.
As mesmas passagens das Escrituras que nos advertem do mal que tendia a
introduzir-se ou se havia já introduzido na
Igreja, nos dão a conhecer este recurso único e
plenamente suficiente. Que diz Paulo aos
anciãos de Éfeso, depois de os ter advertido
dos perigos que ameaçavam a Igreja? Para
conjurar esses perigos remete-os a um Papa
ou a um concilio “infalíveis”? Diz-lhes que
façam uma constituição de fé, ou que elejam
um sínodo ou um presbítero? Não! Eis o que ele
lhes apresenta como único e infalível recurso e
salvaguarda para todos os tempos e todas as
circunstâncias: “Encomendo-vos a Deus e à
palavra da sua graça, a ele que é poderoso
para vos edificar e dar herança entre todos os
santificados” (At 20:32). Deus, agindo pelo Seu
Espírito, e Sua Palavra como guia no meio das
dificuldades (Hb 4:12) e como arma contra os
artifícios do inimigo (Ef 6:17) não são suficientes?
Achamos a mesma situação na
segunda epístola a Timóteo. A ruína da Igreja
tinha já começado e ainda devia crescer muito.
A que o abnegado servo do Senhor recomenda
ou remete os fiéis a fim de se preservarem das
seduções do mal? A autoridade suprema e à
inteira suficiência da Palavra de Deus. Escutemos-lo: “Os homens maus e enganadores”, diz,
“irão de mal para pior, enganando e sendo
enganados” e isto na cristandade, porque não
se trata aqui dos judeus nem do mundo pagão.
Que fazer então em tais circunstâncias? Eis a
resposta: “Tu, porém, permanece naquilo que
aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo
de quem o aprendeste. E que, desde a tua
meninice sabes as sagradas letras, que podem
amor. Ainda que culpado possa
ser, se somente voltar-se para o seu Deus e
Pai, Ele o tratará como se nunca houvesse
cometido erro; Ele o verá como justo e, consequentemente, fechará um acordo privado com
você. Que diz disto?
Você não vê por que eu quero
claramente demonstrar que coisa esplêndida
é que ninguém exceto Deus pensaria em
justificar o ímpio, que ninguém exceto Deus
poderia fazê-lo, que só o Senhor pode realizálo? Veja como o apóstolo coloca o desafio:
“Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica" (Romanos 8:33). Se Deus justificou o homem foi
bem feito; foi corretamente feito; foi perfeitamente feito; foi eternamente feito.
Li uma declaração numa revista,
cheia de veneno contra o Evangelho e aqueles que o pregam. Diz que mantemos um tipo
de teoria pela qual imaginamos que o pecado
pode ser removido do homem. Não mantemos
teoria, proclamamos um fato. O mais grandioso fato debaixo do céu é este: Cristo, pelo Seu
precioso sangue, realmente livra do pecado. E
Deus, por amor de Cristo, trata os homens em
termos de misericórdia divina, perdoa pecadores e justifica-os não de acordo com alguma
coisa que Ele veja ou preveja que achará
neles, mas de acordo com a riqueza da Sua
misericórdia, que repousa em Seu coração.
Isto temos pregado, pregamos e pregaremos
enquanto vivermos. “ É Deus quem justifica o
ímpio.” Ele não se envergonha da fazê-lo, nem
nós de pregá-lo.
A justificação, que vem do próprio
Deus, está fora de questionamento. Se o juiz
me absolve, quem poderá condenar-me? Se a
mais alta corte no universo pronunciou-me
justo, quem acrescentará alguma coisa a
minha acusação? A justificação de Deus é
resposta suficiente para uma consciência
despertada. O Espírito Santo, pelos seus
meios, derrama paz sobre nossa natureza
integral, e não ficamos temerosos. Com esta
justificação, podemos responder a todos os
rugidos e injúrias de Satanás e aos homens
ímpios. Assim, estaremos preparados para
morrer. Assim, corajosamente nos levantaremos, outra vez, e enfrentaremos a última
grande corte de justiça.
“Valente me levanto naquele grande dia,
Pois quem a acrescentará a minha culpa?
Porquanto absolvido sou pelo meu Senhor
Da tremenda culpa da maldição do pecado. ”
Zizendorf
O Senhor pode fazer desaparecerem todos os seus pecados. Não atiro no
escuro quando digo isto: “Todo o pecado e
blasfêmia se perdoará aos homens” (Mateus
12:31). Apesar de estar atolado até ao pescoço em crime, Ele pode, com uma palavra,
remover a contaminação e dizer: “Quero, sê
limpo” (Mateus 8:3). O Senhor é grande perdoador.
“Eu acredito em absolvição de
pecados.” E você?
Ele pode, mesmo nesta hora,
pronunciar a sentença: “Teus pecados estão
perdoados; vai em paz." Se Ele faz isso,
nenhum poder no céu ou na terra ou debaixo
dela pode colocar você sob suspeita, muito
menos sob a ira. Não duvido do poder do
onipotente amor. Você poderia não perdoar
seu companheiro que lhe houvesse ofendido
como você ofendeu Deus. Mas não deve medir Deus com a sua medida de capacidade.
Seus pensamentos e caminhos são muito
acima dos nossos, como os céus estão acima
da terra.
“Bem”- diria você - “seria um
grande milagre se o Senhor me perdoasse”.
De fato, seria um supremo milagre. Entretanto, é provável que Ele o faça, porque Ele faz
“coisas tão grandiosas, que não se podem
esquadrinhar” (Jó 5:9), as quais não percebemos.
Eu mesmo estava assaltado com
Jesus
É DEUS QUEM JUSTIFICA (continuação)
C.H. Spurgeon
um horrível sentimento de culpa,
o qual fez da minha vida uma miséria. Mas,
quando ouvi a ordem: “Olhai para mim, e
sereis salvos, vós, todos os confins da terra;
porque eu sou Deus, e não há outro” (Isaías
45:22), olhei e num instante o Senhor me
justificou. Jesus Cristo, crucificado por mim,
foi o que eu vi, e essa visão deu-me tranquilidade. Quando os que foram picados pelas
impetuosas serpentes no deserto olharam
para a serpente de metal, foram imediatamente sarados. Da mesma forma, fui sarado quando olhei para o Salvador crucificado. O Espírito Santo que me capacitou para crer e deu-me
paz através da crença. Senti-me tão seguro de
estar perdoado, como antes havia - me sentido seguro da condenação. Tinha certeza dá
minha condenação porque a Palavra de Deus
o declarara, e a minha consciência sustentava
o testemunho disto. Porém, quando o Senhor
me justificou, obtive a certeza pelos mesmos
testemunhos. A palavra do Senhor na Escritura diz: “Quem crê nele não é julgado”
(João 3:18). Minha consciência sustenta o
testemunho de que creio e que me perdoando
Deus é justo. Assim, tenho o testemunho do
Espírito Santo e da minha própria consciência,
e estes dois concordam. Oh, como desejaria
que você tivesse recebido a prova de Deus
neste aspecto, e então breve teria também o
testemunho em si mesmo!
Atrevo-me a dizer que um pecador justificado por Deus sustenta mesmo um
passo mais firme do que um homem honrado,
justificado pelas suas obras, se tal existe.
Nunca poderíamos estar certos de que teríamos obras suficientes. Nossa consciência
sempre estaria inquieta por temer que caíssem e teríamos somente o veredicto tremendo
de um falível julgamento por esperar. Porém,
quando o próprio Deus justifica, e o Espírito
Santo sustenta o depoimento disto, dandonos paz com Deus, então sentimos que o
assunto está seguro e firmemente liquidado, e
ficamos tranquilos.
Nenhuma língua pode descrever
a profundidade dessa calma que vem à alma
que recebeu a paz de Deus, a qual excede
todo o entendimento.
!
Livro Indicado Para a Leitura do Mês
Neste livro, C.H. Spurgeon delineou o plano da salvação,
numa linguagem simples que todos podem entender e serem
guiados pelo Mestre. Qualquer tentativa de alcançar a Deus,
baseada em nossos próprios esforços, trará uma
autojustificação e frieza de coração. É pela graça e misericórdia
de Deus que o coração arde em gratidão pelo amor de Deus.
O objetivo deste clássico é de resumir o último grito de
Spurgeon para o leitor:
”Encontre-me no Céu!!”
Este livro pode ser adiquirido no site:
http://danprewan.com.br/
Este boletim é distribuido gratuitamente.
Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para:
Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas”
Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970
e-mail: [email protected]
O mensageiro das
BOAS NOVAS
Dezembro 2013
Ano XV n° 223
“Assim diz o Senhor:
Ponde-vos no caminho“
QUAL É O CAMINHO DA FÉ EM TEMPOS DE RUÍNA?
A. Ladrierre
Ainda que o estado da Igreja seja
deplorável, como fica demonstrado, e a ruína e
a confusão se façam sentir por todo o lado e se
acentua em cada vez mais, não devemos
fechar os olhos ao que Deus opera em Sua
graça soberana, mesmo em tempos como este,
que agora atravessamos. Além da Reforma,
tem havido, em diferentes épocas — e também
em nossos dias — avivamentos em que muitas
almas têm encontrado a salvação. Atualmente
mesmo está sendo desenvolvida uma grande
atividade para evangelizar. Sem dúvida, seria
desejável que esta obra prosseguisse, mas de
maneira mais geral e mais de harmonia com a
Palavra de Deus e os exemplos que ela apresenta, pois, frequentemente, apela-se mais aos
sentimentos do que à consciência. Por isso a
pouca profundidade e realidade nos resultados. Muitas vezes ainda procuramos antes
uma melhoria na conduta exterior, de modo que
a evangelização acaba por se tornar filantropia.
Todavia, e seja como for, há conversões — e
Deus seja bendito por elas! — porque o Espírito
Santo, descido à Terra no dia de Pentecostes
(At 2), age soberanamente e, para a glória de
Cristo, salva as almas, conduzindo-as a Ele,
apesar das deficiências dos homens e da ruína
da Igreja.
A Salvação, e depois?
Mas ser salvo já será tudo? Não!
Quando uma alma é convertida ao Senhor,
ainda fica por resolver a questão da sua conduta. A partir desse momento, a alma não pertence mais a si própria, mas simAquele que por ela
morreu e ressuscitou. Já não deve, pois, viver
para si própria, mas para Ele (2 Co 5:15). Todo
o cristão honesto compreende que, nascido de
Deus, tem de levar como indivíduo uma vida
santa, consagrada ao seu Salvador, em obediência à Sua Palavra. Mas isto ainda não é
tudo! A obediência não compreende a separação daquilo que não é segundo a vontade de
Deus e
o cumprimento daquilo que Lhe é agradável na
vida individual. Há outra parte da conduta do
cristão que não importa menos: Ele não é
chamado para ficar só. Ele agora é filho de
Deus, e, por esse motivo, faz parte de uma
família; ele agora é membro do corpo de Cristo,
foi constituído adorador de Deus, para Lhe
render culto em Espírito e em verdade com os
outros adoradores. Faz parte da casa espiritual, do sacerdócio santo, para oferecer a Deus
sacrifícios espirituais (1 Jo 3:1; Rm 12:5; Jo
4:23-24; 1 Pe 2:5). Portanto, a questão que
agora se põe, ou que deveria pôr-se, para todo
novo convertido e para todo cristão é esta:
“Com quem me reunirei para prestar culto a
Deus? Onde se encontra atualmente a congregação segundo a vontade de Deus e o pensamento de Cristo?” E isto não é, estejamos
certos disso, algo indiferente a Deus nem ao
bem e ao progresso da alma.
No princípio da cristandade, esta
questão nem sequer se punha. Não havia
senão os judeus, os pagãos e a Assembleia de
Deus (1 Co 10:32). Um convertido dentre os
judeus ou dentre os pagãos encontrava-se,
necessariamente, fazendo parte da Assembleia ou Igreja. Reunia-se, pois, com os cristãos da
localidade onde se encontrava, rendia culto ao
Senhor com eles, tomava lugar com eles à

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