Música e imagem, uma nova era com a web

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Música e imagem, uma nova era com a web
Disciplina - Arte -
Música e imagem, uma nova era com a web
Arte
Enviado por: Visitante
Postado em:13/07/2010
Os tempos evoluíram e os clipes, por vontade própria, regrediram. As produções são muitas vezes
feitas em casa, em gravações amadoras de apresentações ao vivo e muitos teasers (vídeos curtos
que divulgam um evento ou CD). O fã não se importa mais com luxo, mas com a naturalidade do
artista.
A banda McFly faz um show em uma casa noturna de São Paulo e, de repente, cinco mil pessoas
aparecem ali na condição de súditos, como se caídas de outra dimensão. E o que tem essa McFly
para tal feito se ainda não apareceu no Faustão e não tem música na novela das 8? O voo do McFly
começa na mesma pista de decolagem de uma geração que já sabe: uma música sem imagem
pode até ser boa, mas uma música com imagem pode ficar mil vezes melhor. Depois de mudar o
comportamento dos jovens que consumiam rock nos anos 90, com a chegada da MTV, o clipe (falar
videoclipe é coisa de tiozinho) ganha poder a ponto de determinar quem é e quem não é um bom
músico. Cruel, mas tem sido assim. É o decreto do "não basta ser, tem de parecer que é". "Um bom
exemplo é a Lady Gaga. As músicas dela são toscas, mas os vídeos que faz são tão incríveis que
chegam a convencer de que a música também é boa", diz o músico paulistano Thiago Pethit. Pethit,
avaliado pela crítica como um talento que dispensaria imagens, não dispensa nada. Suas músicas
Não Se Vá e Fuga Nº1 ganharam clipes produzidos pelo site Música de Bolso, que já colocou 250
vídeos de 128 artistas acessados mais de 1,2 milhão vezes. Suas produções também vão parar no
YouTube, onde alguns vídeos passam de 50 mil exibições. "Sem a internet nosso projeto não
existiria. Não é à toa que não fazíamos isso há dez anos", diz Rafael Gomes, do Música de Bolso.
Os tempos evoluíram e os clipes, por vontade própria, regrediram. As produções são muitas vezes
feitas em casa, em gravações amadoras de apresentações ao vivo e muitos teasers (vídeos curtos
que divulgam um evento ou CD). O fã não se importa mais com luxo, mas com a naturalidade do
artista. E assim surgem as Mallus Magalhães dos novos tempos. "Isso muda a relação do público
com a música", diz Thiago. A cantora Tiê é exemplo de até onde um artista pode chegar com seu
vídeo. "Segui um caminho oposto. A gravadora viu o sucesso que eu fazia na internet e resolveu
lançar meu disco." Com os vídeos que gravou para o Música de Bolso, Tiê já foi convidada para
tocar no festival Latinoamericana: Música para la Integración, no Uruguai, em 2009. "Sou
superprogressista nesse sentido", diz Juliana Kehl, outra cantora que tem se beneficiado do sucesso
à base de música e muita imagem. Ela começou postando registros de shows e ensaios no
YouTube e, como também é artista plástica, produziu dois teasers com desenhos animados. "Sou
muito seletiva com os registros do meu trabalho. A imagem completa o som em alguns casos e traz
um outro colorido." O recém-lançado Efêmera, primeiro disco de Tulipa Ruiz, é parte de uma
extensa produção na web. Até o nome do disco é uma referência à fugacidade da música em
tempos de internet, download e compartilhamento. "Quanto melhor e mais compartilhável, mais
eficaz o vídeo", diz a cantora. Seus clipes, em geral, são produzidos pelo irmão, o músico e produtor
Gustavo Ruiz. "É uma coisa relativamente nova para mim", diz ele. "Comecei a brincar com edição
de vídeo e percebi que tinha a ver com edição de áudio: em ambos, é preciso ter ritmo." Outros dois
irmãos também têm feito uma dobradinha interessante: Leo e Nina Cavalcanti, filhos do compositor
Péricles Cavalcanti. Ela é formada em cinema e já trabalhou com produção musical. Hoje, se dedica
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a fazer clipes e registros de artistas. Aproveita a experiência profissional para filmar a evolução do
irmão, Leo Cavalcanti, neste início de carreira como cantor e compositor. "É natural filmar o Leo.
Não foi uma coisa pensada, oficial. Acabei fazendo grande parte dos vídeos dele porque somos
próximos", explica Nina. "Hoje não existe música dissociada de imagem e um vídeo pode ser lindo
também pela tosquidão do formato." Os registros de Leo, que lançará o primeiro disco, Religar, no
segundo semestre, são feitos em casa e, eventualmente, recebem pequenas intervenções
posteriores. Um exemplo é o clipe da música Chuvarada, composta por Leo em parceria com Tatá
Aeroplano. "Minha relação com a música já se formou nesse contexto. Não penso música para
colocar na internet, é como se eu fizesse na internet", diz Leo. "Mas é, ainda, um começo de relação
que deve se expandir." O jovem cantor prepara uma estratégia que contemplará fundamentalmente
a internet para o lançamento de Religar. "Quero lançar o clipe de Ouvidos ao Mistério um pouco
antes do lançamento do disco, para dar início à divulgação", diz. "Vou lançar o disco e faixas bônus
para serem baixadas na internet." Com estruturas mais enxutas e a baixa na venda de CDs, a
indústria de discos tenta se apropriar da internet da maneira que pode. "Os vídeos ajudam muito, é
uma ótima ferramenta de marketing", diz Rick Bonadio, da Arsenal Music. Segundo ele, as bandas
produzidas pela gravadora se utilizam do meio eletrônico para promover o disco, apresentações e
para se aproximarem dos fãs. "Temos um canal no YouTube onde colocamos teasers e web clipes
das novas bandas. Um exemplo de sucesso nosso é a banda Vowe." O clipe da música Simples
Assim, de fato, é um sucesso. E pode-se entender por isso 33 mil visualizações em dois meses de
exposição - audiência em parte explicada pela público jovem da banda, altamente familiarizado às
ferramentas da web 2.0. Um alto número de visualizações pode render dividendos. "Estamos
falando de uma coisa vinda completamente da internet que levou cinco mil pessoas ao Via Funchal
e lotou o lugar", diz Anna Butler, ex-diretora artística da MTV e sócia da produtora Conteúdo
Musical, referindo-se à banda McFly, que ganhou popularidade entre o público adolescente pela
rede mundial de computadores. "Foi um fenômeno típico de internet." Seria o fim dos clipes para a
TV? "Hoje, com uma câmera caseira, você faz o próprio clipe, edita e coloca na rede. Se faz um
clipe pelos meio tradicionais e manda para a TV, ele é exibido uma vez, num programa específico",
diz Alê Briganti, sócia de Anna na Conteúdo Musical. "Vi essa revolução acontecer e sou super
entusiasta. Mas ninguém sabe como isso vai ser, a indústria não sabe ainda como ganhar dinheiro
com isso." O que hoje pode soar como um problema para a indústria fonográfica está criando uma
nova maneira de se fazer e promover música. "Os elementos da arte estão se fundindo e a internet
é o espaço para isso", diz Leo Cavalcanti. Esta notícia foi publicada em 10/07/2010 no sítio
estadao.com.br. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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