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Conheça o trabalho desenvolvido pelo Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer no2 | 2011 Hormono- terapia no CA de próstata Tratamento pode oferecer sobrevida livre de doença prolongada na doença localizada Tecnologias de exames por imagem a serviço do oncologista Conheça o trabalho desenvolvido pelo InstItuto ludwIg de pesquIsa sobre o CânCer Os métodos de rastreamento disponíveis atualmente [como a dosagem do antígeno prostático específico (PSA) e o toque retal] não se mostraram efetivos em reduzir a mortalidade, podendo levar a cirurgias inoportunas, causando danos tanto financeiros quanto em qualidade de vida. Isso demonstra que o tratamento adequado é tão importante como o diagnóstico precoce. Nesse contexto, Dr. Ricardo Caponero discute e comenta a hormonoterapia no adenocarcinoma de próstata, pois, de acordo com ele, “a eficácia da terapia hormonal é proporcional à capacidade de suprimir a interação entre a testosterona HormonoTerapia no e o receptor de andrógenos, independentemente da CA de próstata forma como isso é feito”. Tratamento pode oferecer sobrevida livre de doença Quando o assunto é diagnóstico do prolongada na doença localizada câncer, os exames por imagem têm a caTecnologias de exames por imagem a serviço do oncologista pacidade de oferecer informações potencializadas ao médico, auxiliando, consequentemente, no direcionamento adequado da terapia. A jornalista Stella Galvão assina a matéria que narra os avanços das intervenções guiadas por imagem. E o radiologista Dr. Kai-hung Fung, que atua no Pamela Youde Nethersole Eastern Hospital, em Hong-Kong (China), nos brinda com um de seus belos trabalhos. O hobby desse médico é transformar exames de imagem em obras de arte, por meio de softwares que permitem a ele alterar cores e angulações. Confira tudo em Atualidades. Um dos destaques do Espaço Sandoz é a normalização da produção e comercialização do Lectrum® (acetato de leuprorrelina). Você ficará a par dos detalhes desse importante processo que demonstrou, mais uma vez, o comprometimento Sandoz com a segurança e qualidade dos seus produtos. O Instituto Ludwig, a maior instituição de pesquisa em câncer do mundo (sem fins lucrativos), possui sedes em Nova York (Estados Unidos) e Zurique (Suíça), porém sua estrutura espalhada pelo mundo é composta por nove filiais e 30 instituições afiliadas em diversos países. Ela está presente no Brasil desde 2003, e desde 2007 se localiza no Hospital Alemão Oswaldo Cruz (São Paulo), que sedia suas instalações e os laboratórios. Saiba mais em História de Sucesso. A importância da qualidade e da segurança na gestão em saúde é o tema discutido pela médica Valéria Terra, que também é mestre em Administração de Empresas (Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde) pela FGV-EAESP e professora e pesquisadora associada do GVsaúde. no2 | 2011 Considerando-se os valores absolutos, o câncer de próstata é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de neoplasias. Nos países desenvolvidos, observa-se uma incidência seis vezes maior, onde cerca de três quartos dos casos ocorrem em pacientes a partir dos 65 anos de idade. Rua Anseriz, 27, Campo Belo 04618-050 – São Paulo, SP Fone: 11 3093-3300 www.segmentofarma.com.br [email protected] Diretor-geral: Idelcio D. Patricio Diretor executivo: Jorge Rangel Comunicações médicas: Cristiana Bravo Gerente financeira: Andréa Rangel Gerente comercial: Rodrigo Mourão Editora-chefe: Daniela Barros MTb 39.311 Gerente editorial: Cristiane Mezzari Gerente de negócios: Marcela Crespi Coordenadora editorial: Fabiana de Paula Souza Diretora de criação: Renata C. Variso Peres Designer: Carlos Eduardo Müller Revisoras: Patrizia Zagni e Renata Del Nero Produtor gráfico: Fabio Rangel Cód. da publicação: 11919.02.11 O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). Produzido por Segmento Farma Editores Ltda., sob encomenda de Sandoz, em fevereiro de 2011. Material de distribuição exclusiva à classe médica. sumário Boa leitura! Os editores 4 11 15 16 20 matéria de capa atualização espaço Sandoz atualidades história de sucesso Dr. Ricardo Caponero Médico oncologista dos hospitais Albert Einstein, Edmundo Vasconcelos, Heliópolis e da Clínica de Oncologia Médica, sócio-diretor do Instituto Simbidor, presidente do conselho científico da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama). CRM-SP 51.600 Hormonoterapia no adenocarcinoma Introdução de próstata 4 O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou o número de casos novos de câncer de próstata no Brasil para 2010 em 52.350. Esse valor corresponde a um risco estimado de 54 casos novos a cada 100 mil homens1. Em termos de valores absolutos, o câncer de próstata é o sexto tipo de câncer mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de neoplasias. Sua incidência é seis vezes maior nos países desenvolvidos, onde cerca de três quartos dos casos ocorrem a partir dos 65 anos2. O aumento observado nas taxas de incidência decorre do rastreamento mais amplo, do aumento da expectativa de vida da população, da evolução dos métodos diagnósticos e da melhoria da qualidade dos sistemas de informação, principalmente em nosso país1. Considerando tratar-se de um câncer de bom prognóstico quando diagnosticado e tratado oportunamente, programas de controle da doença são aplicáveis para a redução da mortalidade1. No entanto, os métodos de rastreamento disponíveis atualmente, como a dosagem do antígeno prostático específico (PSA) e o toque retal, não se mostraram efetivos em reduzir a mortalidade, podendo levar a cirurgias inoportunas, causando danos tanto financeiros quanto em qualidade de vida3,4. Isso demonstra que o tratamento adequado é tão importante como o diagnóstico precoce. A sobrevida média mundial estimada em cinco anos é de 58%. Nos países desenvolvidos, essa sobrevida passa para 76%, e nos países em desenvolvimento, 45%1. Nos Estados Unidos, com uma expectativa de 217.730 casos novos e 32.050 óbitos por neoplasia de próstata, medidas como o rastreamento, tratamento adequado e acesso a novos tratamentos (Sipuleucel-T, Cabazitaxel) aumentaram de forma significativa a estimativa de sobrevida em cinco anos (Tabela 1)5. Tabela 1. Tendência nas taxas de sobrevida relativa em cinco anos5 Período Neoplasias em geral Neoplasia de próstata 1975-1977 50% 69% 1984-1986 54% 76% 1999-2005 68% 100% Nota: as taxas de sobrevida foram ajustadas pela expectativa de vida normal e são baseadas em casos diagnosticados nas nove áreas do SEER (Surveillance, Epidemiology, and End Results) entre 1975 e 1977, 1984 e 1986, 1999 e 2005 e, então, acompanhadas até 2006. As diferenças nas taxas de sobrevida para pacientes diagnosticados entre 1975 e 1977 e 1999 e 2005 são estatisticamente significativas (p < 0,05). Fonte: American Cancer Society: Cancer facts and figures 2010. Atlanta, GA, American Cancer Society, 2010. O estado da arte no tratamento do adenocarcinoma de próstata pode prover uma sobrevida livre de doença prolongada para muitos pacientes com doença localizada, mas é raramente curativo em pacientes com doença locorregional avançada ou metastática. A seleção do tratamento depende da idade do paciente, de condições médicas e tratamentos coexistentes, sintomatologia, grau histológico e estadiamento da neoplasia. Pacientes assintomáticos e de idade avançada, ou com doenças concomitantes significativas, podem ser considerados para observação apenas, sem nenhum tratamento ativo de imediato6,7. O tratamento cirúrgico é reservado a pacientes com boa saúde geral e tumores confinados em glândula prostática (estádios I e II)8. O papel da hormonoterapia pré-operatória (neoadjuvante) não está bem estabelecido9. Após a prostatectomia radical, a avaliação das margens cirúrgicas e da extensão da invasão do tumor é fundamental para determinar o risco de recidiva. Os pacientes com doença extracapsular são candidatos a tratamentos complementares com radioterapia, antiandrogênico ou citotóxicos. Os pacientes candidatos a tratamento radioterápico radical devem ter diagnóstico histopatológico confirmado e doença confinada em próstata e tecidos circunvizinhos (estádios I, II ou III). O tratamento radioterápico profilático dos linfonodos pélvicos sem comprometimento clínico ou patológico não melhora a sobrevida global ou a sobrevida específica por câncer de próstata10. Os resultados da radioterapia em longo prazo dependem do estádio inicial da doença11, do nível sérico basal do PSA12 e da dose total de radioterapia administrada13. Diversas abordagens hormonais podem beneficiar os homens em vários estádios do adenocarcinoma de próstata. Essas abordagens incluem orquiectomia bilateral, terapia com estrogênicos, agonistas do hormônio liberador do hormônio luteinizante (aLHRH), antiandrógenos, cetoconazol e aminoglutetimida. A eficácia da terapia hormonal é proporcional à capacidade de suprimir a interação entre a testosterona e o receptor de andrógenos, independentemente da forma como isso é feito. Embora o perfil de eventos adversos seja muito semelhante entre as diversas formas de tratamento hormonal, existe entre eles significativa variação quantitativa nesses efeitos14,15. Os benefícios da orquiectomia bilateral incluem facilidade da realização do procedimento, adesão dos pacientes, imediatismo em reduzir os níveis de testosterona e baixo 5 6 custo. As desvantagens incluem efeitos psicológicos, perda da libido, impotência, fogachos e osteoporose16,17. O uso de estrógenos, como o dietilestilbestrol na dose de 3 mg ao dia, pode permitir a obtenção de níveis de testosterona compatíveis com a castração. Assim como a orquiectomia, os estrógenos podem causar perda de libido e impotência. A ginecomastia pode ser prevenida por doses baixas de radioterapia nas mamas, precedendo o uso dos estrógenos, ou por cirurgia (mastectomia). Os estrógenos são raramente utilizados atualmente em razão do maior risco de eventos adversos sérios, em relação aos outros tratamentos antiandrogênicos, incluindo infarto do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais e embolismo pulmonar. O acetato de ciproterona é um derivado sintético da 17-hidroxiprogesterona e age como um antagonista do receptor de andrógeno. Seus efeitos sobre a síntese de cortisol e aldosterona ampliam seus eventos adversos18. A metabolização do acetato de ciproterona é feita pela CYP3A4, formando o metabólito 15β-hidroxiciproterona acetato, que tem sua atividade progestacional aumentada com o uso concomitante de substâncias que inibem a CYP3A4. Por outro lado, o acetato de ciproterona é um indutor (aumenta a produção) de CYP3A4, interferindo no metabolismo de ampla gama de medicamentos19. O evento adverso potencialmente mais sério é a toxicidade hepática, especialmente em pacientes que estejam recebendo doses de 200 a 300 mg/dia, podendo ocasionar hepatite20 e colestase21. Em que pese seu baixo custo, o acetato de ciproterona possui indicações muito restritas no tratamento antineoplásico da neoplasia de próstata, não oferecendo nenhuma vantagem em relação aos outros tratamentos antiandrogênicos19. Os aLHRH como a leuprolida (leuprorrelina), goserelina e buserelina baixam a testosterona sérica a níveis de castração. Assim com a orquiectomia e os estrógenos, os aLHRH causam impotência, fogachos e perda de libido. Em virtude de sua ação como agonista, os aLHRH causam inicialmente um pico na concentração de LH e testosterona, fenômeno denominado flare, que ocorre transitoriamente e pode ser prevenido pela administração de bloqueadores periféricos da ação da testosterona ou pelo uso de estrógenos por curto prazo. Há evidências conflitantes a respeito da associação entre o uso de aLHRH e o aumento na morbidade e na mortalidade cardiovascular . A orquiectomia e os aLHRH são hoje considerados a primeira linha de tratamento antiandrogênico no adenocarcinoma de próstata, com disponibilidade de acesso mesmo no Sistema Único de Saúde (SUS). Não há diferenças clínicas entre os diversos análogos disponíveis no mercado. Os bloqueadores do receptor de andrógeno (flutamida, bicalutamida e nilutamida) representam hoje uma segunda linha no tratamento antiandrogênico, sendo mais frequentemente utilizados em conjunto com os aLHRH, no que se denomina “bloqueio androgênico completo”. Embora com mecanismo de ação semelhante, aparentemente não há reação cruzada entre eles, e pacientes que não responderam à flutamida ainda podem responder à bicalutamida. É possível utilizar a bicalutamida em pacientes sem castração, mas nesse caso a dose empregada é de 150 mg/ dia, em vez dos 50 mg/dia, quando utilizado em conjunto com aLHRH ou orquiectomia. O uso de cetoconazol e aminoglutetimida é restrito a pacientes com falha ao tratamento antiandrogênico inicial e que não sejam candidatos à quimioterapia citotóxica. Embora a terapia hormonal pré-operatória tenha indicação controversa, quando utilizada antes da radioterapia existe o benefício de poder proporcionar a redução do volume prostático, favorecendo o planejamento da radioterapia com doses mais elevadas em um volume menor. A terapia hormonal deve ser considerada em conjunção com a radioterapia, especialmente em homens sem comorbidade significativa, uma vez que essa abordagem melhora os resultados em relação à radioterapia isolada23. Da mesma forma, a comparação entre o uso imediato da hormonoterapia junto à radioterapia, ou seu uso quando da recidiva da doença, mostra um ganho absoluto de 10% na sobrevida global em dez anos (p = 0,002) e um controle local 15% melhor (p < 0,001)25,26. Usada de forma adjuvante à cirurgia ou à radioterapia, a terapia hormonal deve ser mantida por pelo menos três anos27. Em pacientes que não sejam candidatos à terapia local ou que a rejeitem, assim como em pacientes com doença locorregional avançada (comprometimento linfonodal) ou metastática, sintomáticos ou não, a hormonoterapia é a pedra angular do tratamento. Os resultados de estudos randomizados comparando o tratamento antiandrogênico inicial com o tratamento tardio (na ocorrência de sintomas) mostram melhor sobrevida global e melhor sobrevida causa-específica com o tratamento imediato28, assim como menor incidência de fraturas patológicas, compressão da medula espinal e obstruções uretrais29. Uma metanálise de 27 estudos randomizados, envolvendo 8.275 pacientes, comparou a castração cirúrgica ou por aLHRH com o bloqueio androgênico completo (castração e uso prolongado de um antiandrógeno como flutamida, acetato de ciproterona ou nilutamida) e não demonstrou ganhos significativos na sobrevida associados ao bloqueio androgênico completo30. Quando utilizada como terapia primária para pacientes com adenocarcinoma de próstata estádio III ou IV, a supressão androgênica com a terapia hormonal é usualmente administrada continuamente até que ocorra a progressão da doença. Alguns investigadores propuseram o tratamento intermitente como uma opção para retardar o desenvolvimento de resistência à supressão androgênica. Embora relatos experimentais e alguns trabalhos clínicos respaldem essa teoria, uma revisão sistemática de cinco trabalhos randomizados analisando essa abordagem não conseguiu demonstrar nenhum benefício em sobrevida global, sobrevida específica por câncer de próstata, tempo para a progressão da doença ou qualidade de vida31. A progressão da doença pode ser detectada pelo surgimento de novos focos de metástases ou pelo aumento progressivo do PSA (progressão bioquímica). Alguns pacientes com progressão de doença em vigência de níveis de testosterona compatíveis com a castração ainda podem responder a uma segunda linha de tratamento com a adição do bloqueador do receptor de andrógeno (flutamida, bicalutamida ou nilutamida), ou outra forma de terapia hormonal. Essa abordagem hormonal de resgate produz redução de PSA em 14% a 60% e respostas clínicas entre 0% e 25%. No entanto, a duração da resposta é de dois a quatro meses32. Alguns pacientes com progressão de doença em vigência de níveis de testosterona compatíveis com a castração ainda podem responder a uma segunda linha de tratamento com a adição do bloqueador do receptor de andrógeno (flutamida, bicalutamida ou nilutamida) Após falha da terapia hormonal, os pacientes com bom estado geral podem se beneficiar com o tratamento quimioterápico citotóxico. Os pacientes tratados com aLHRH ou estrógenos geralmente mantêm níveis baixos de testosterona. Nos pacientes em que a testosterona ultrapassa os níveis de castração durante a quimioterapia, os estudos são controversos em relação a manter a deprivação androgênica33 ou não34. Referências 1. Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2010: incidência de câncer no Brasil/Instituto Nacional de Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2009. 98p. 2. Jemal A, Siegel R, Xu J, Ward E. Cancer statistics 2010. CA Cancer J Clin. 2010;60 (5):277-300. 3. 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Assim, temas como planejamento estratégico, estrutura organizacional, gestão financeira e orçamentária, qualidade, gestão estratégica de recursos humanos, sistemas de informação, logística, entre outros, passaram a fazer parte do cotidiano dessas organizações. O hospital é um dos tipos de organização mais complexa existente e continua sendo o centro de nosso sistema de saúde. Os hospitais são baseados no trabalho de especialistas, que produzem serviços que requerem autonomia de prática no atendimento a necessidades variadas, difíceis de avaliar e que envolvem valores éticos. 11 As pessoas são o fator fundamental para o bom funcionamento de qualquer organização de saúde. É por meio delas que se atingem níveis de excelência na qualidade assistencial, com o uso adequado de tecnologias, processos eficientes e calor humano. Entretanto, um número cada vez maior de profissionais está envolvido no processo assistencial, havendo necessidade de melhor comunicação e maior integração entre eles. Aqui, ressalta-se a importância do trabalho em equipe e do planejamento do atendimento prestado pela equipe multidisciplinar. O alto desempenho esperado de um time assistencial é resultado da interação de pessoas competentes em processos eficientes. Na área de oncologia, essas questões são ainda mais significativas, em razão do tipo de paciente atendido, da 12 alta complexidade da assistência e dos procedimentos realizados e da constante incorporação de novas tecnologias e medicamentos de alto custo. A implantação de programas de qualidade costuma ser extremamente útil como fator de mudança na cultura das organizações, voltando o foco para a otimização de atividades, padronização de processos, redução de riscos e melhora nos resultados. A rigor, as teorias de administração da qualidade não encerram nada de novo; a novidade está em retomar antigos pressupostos das teorias de administração de forma articulada e integrada, agregando o enfoque da satisfação do cliente. Além disso, sugerem uma mudança de atitude em relação aos problemas, erros e variações, adotando a perspectiva de prevenção e de utilização destes como fonte de aprendizado e não de punição (apesar de, com frequência, não ser exatamente isso o que ocorre na prática). Na área de serviços, e em especial na área da saúde, existem especificidades que tornam mais difícil a aplicação das técnicas de gerenciamento da qualidade, pois o serviço é produzido e consumido simultaneamente, na relação do fornecedor com o cliente, e erros podem causar consequências impossíveis de serem corrigidas ou compensadas. Além disso, o usuário (paciente) interfere no processo produtivo, e o resultado do atendimento prestado depende também de sua aceitação e do seguimento das recomendações recebidas, ou seja, do vínculo estabelecido entre paciente e profissional de saúde. Outro aspecto essencial na implantação de programas de qualidade é a necessidade de treinamento e desenvolvimento de recursos humanos, procurando proporcionar oportunidades de crescimentos profissional e pessoal, estimulando um ambiente propício à criatividade e à busca incessante pela qualidade, cuja responsabilidade deve ser partilhada por todos os membros da organização. Os programas de qualidade e de avaliação externa estão sendo cada vez mais disseminados nos hospitais, com o objetivo não apenas de melhorar continuamente a assistência prestada, mas também de buscar um reconhecimento e a comprovação dessa qualidade. Os principais modelos utilizados no Brasil são os da Organização Nacional de Acreditação (ONA), Joint Commission International ( JCI), Accreditation Canada, Prêmio Nacional de Qualidade na Gestão (PNGS/CQH) e National Integrated Accreditation for Healthcare Organizations (NIAHO). Também foram desenvolvidos modelos para acreditação de outros tipos de serviços de saúde, como laboratórios, clínicas, ambulatórios e outros. De acordo com os dados do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), existem hoje no Brasil 7.865 estabelecimentos com atendimento do tipo internação. Entretanto, apenas cerca de 180 hospitais são acreditados ou certificados pelos diferentes modelos existentes. A pequena quantidade de hospitais (e também de outros serviços de saúde) acreditados mostra a dificuldade de implantação e expansão da proposta e também evidencia a necessidade de ampliar o número de organizações de saúde comprometidas com a qualidade da assistência prestada a seus usuários. Atualmente, os principais focos dos programas de qualidade são a segurança do paciente e o gerenciamento de riscos, mais uma vez aspectos de extrema importância na oncologia. Segundo estatísticas internacionais, os eventos adversos (EAs) (complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes, não atribuídas à evolução natural da doença de base) ocorrem em cerca de 10% das internações hospitalares e 50% a 60% deles são passíveis de prevenção. Atualmente, os principais focos dos programas de qualidade são a segurança do paciente e o gerenciamento de riscos, mais uma vez aspectos de extrema importância na oncologia Oitenta e cinco por cento dos erros ocorrem por falhas humanas. Nos Estados Unidos estima-se que cerca de 100 mil pessoas morrem anualmente em consequência de EAs, resultando em uma taxa de mortalidade maior do que as ocorridas por aids, câncer de mama ou atropelamentos. Uma das categorias com maior frequência de EAs é a relacionada ao uso de medicamentos, sendo os erros de medicação (uso inapropriado de medicamentos incluindo prescrição, dispensação e administração) responsáveis por aproximadamente 7 mil mortes de pacientes por ano naquele país. A ocorrência de EAs representa também um grave prejuízo financeiro devido ao prolongamento do tempo de permanência no hospital e à necessidade de tratamentos extras, além dos gastos com eventuais questões litigiosas associadas. Uma parte significativa das causas de eventos adversos está relacionada com falhas nos processos de comunicação, treinamento insuficiente das equipes, carga de trabalho elevada ou falta de pessoal e estresse. Um exemplo comum de falha de comunicação que ocasiona erro de medicação é o uso do telefone para transmitir uma mudança na prescrição médica. Por esse motivo, a Joint Commission International preconiza que toda orientação dada por telefone deva ser repetida pelo ouvinte — para se certificar de que compreendeu corretamente o que foi solicitado — e registrada no prontuário do paciente. Além disso, o profissional que fez a solicitação deverá comparecer à unidade o mais brevemen- 13 Um exemplo comum de falha de comunicação que ocasiona erro de medicação é o uso do telefone para transmitir uma mudança na prescrição médica 14 te possível para confirmar o correto preenchimento do prontuário. Outras recomendações preconizadas incluem medidas que visam à segurança de medicamentos em toda a cadeia do sistema, desde a seleção até a administração e o monitoramento. Na oncologia, outros aspectos de grande importância são a manutenção de boas práticas de manipulação dos quimioterápicos, o planejamento de estoques, o controle no armazenamento de insumos e medicamentos de alto custo e o gerenciamento da rotina. Não podemos esquecer que falhas na segurança são quase sempre ocasionadas por um problema do sistema e não dos indivíduos. Para que os erros possam ser evitados, devemos introduzir melhorias em processos, organização, equipamentos, treinamentos, supervisão, comunicação, trabalho em equipe. Enfim, é preciso criar uma cultura de segurança em toda a organização. Institute of Medicine. To err is human: building a safer health system. Washington (DC): National Press Academy, 1999. Referências Mendes W, Travassos C, Martins M, Noronha JC. Revisão dos estudos de avaliação da ocorrência de eventos adversos em hospitais. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2005;8(4). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: www.anvisa.gov.br. Agency for Healthcare Research and Quality. Disponível em: www.ahrq.gov. Associação Nacional de Hospitais Privados. Disponível em: www.anahp.org.br. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Disponível em: www.cnes.datasus.gov.br. Consórcio Brasileiro de Acreditação. Disponível em: www.cbacred.org.br. Institute for Healthcare Improvement. Disponível em: www.ihi.org. Instituto Qualisa de Gestão. Disponível em: www.iqg.com.br. Organização Nacional de Acreditação. Disponível em: www.ona.org.br. Programa CQH. Disponível em: www.cqh. org.br. Terra V. Mudança organizacional e implantação de um programa de qualidade em hospital do Município de São Paulo. Estudo de caso. Dissertação (Mestrado). São Paulo, EAESP/ FGV, 2000. 93p. Vincent C. Patient safety: understanding and responding to adverse events. New England Journal of Medicine. 2003;348:1051-6. Sandoz restabelece a produção e a comercialização do acetato de leuprorrelina N o ano de 2010, a Sandoz informou que faria um recolhimento voluntário de todos os lotes do medicamento Lectrum® (acetato de leuprorrelina) de 3,75 mg e 7,5 mg, fornecidos e produzidos por um fabricante terceirizado. A iniciativa se deu em razão da possibilidade de variações na quantidade de princípio ativo do produto. O medicamento acetato de leuprorrelina está indicado aos tratamentos de câncer de próstata, endometriose, miomatose uterina e puberdade precoce central verdadeira. Na ocasião, a Sandoz esclareceu que não havia evidências de que o problema encontrado pudesse causar quaisquer riscos imediatos à segurança dos pacientes, mas, como medida preventiva e visando diminuir riscos eventuais nos tratamentos, deliberou-se que a melhor estratégia seria recolher os lotes dos produtos disponíveis no mercado. A companhia trabalhou arduamente para o breve restabelecimento da comercialização do produto, e o recall do medicamento foi encerrado em setembro de 2010. Todos os novos lotes passaram por análises nas quais não foram constatados problemas. Os primeiros lotes liberados após o recall foram: Lectrum®, 3,75 mg, lote 00213, fabricado em 4/2010; e Lectrum®, 7,5 mg, lote 00289, fabricado em 4/2010. Filhos dos colaboradores da Sandoz Áustria ganham Day care e escolinha Uma das missões da Sandoz, independentemente do país em que está situada, é contribuir com a qualidade de vida e profissional de seus colaboradores. Em algumas ocasiões, essa prática é estendida aos familiares. Em dezembro último, uma cerimônia realizada em Kundl, na Áustria, marcou a inauguração do espaço Sandoz Kids, um novo prédio projetado especialmente para receber os filhos dos funcionários da empresa. Participaram da festa os colaboradores, políticos locais e representantes do conselho de Diversidade & Inclusão. A iniciativa foi aplaudida e elogiada por todos, que fizeram questão de prestigiar a solenidade. O Sandoz Kids é um projeto estruturado para receber cerca de 20 crianças em esquema de Day care e jardim da infância. O prédio, que teve sua construção iniciada em julho de 2010, ficou pronto em apenas três meses, quando foram iniciadas as primeiras atividades. Além de toda a infraestrutura, o Sandoz Kids conta com uma decoração da qual as próprias crianças participaram, com desenhos feitos por elas, pintados nos ambientes, e uma brinquedoteca que inclui a apreciada parede para escalada. O projeto ganhou reconhecimento por toda a Áustria e chegou até a receber uma contribuição estadual no valor de 170 mil euros. 15 Tecnologias inovadoras Exames por imagem potencializam diagnóstico e tratamento do câncer Stella Galvão 16 Durante a última década, o uso de intervenções guiadas por imagem para diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer teve um crescimento sem precedentes. Um grande desenvolvimento dos métodos de imagem já se traduz em alternativas que podem fazer a diferença na abordagem dos tumores, e não apenas em termos de detecção precoce, mas especialmente das possibilidades de tratamento mais eficaz e com redução do grau de exposição dos pacientes aos efeitos da radiação, às cirurgias desnecessárias etc. O Hospital Sírio-Libanês (HSL) chama para si o pioneirismo latino-americano na instalação do Somatom Definition Flash, tomografia computadorizada que combina maior rapidez na obtenção de imagens com níveis menores de radiação. O equipamento, fabricado pela Siemens, torna o procedimento três vezes mais rápido que os similares e, por isso, proporciona mais conforto e segurança aos pacientes. Desde que o equipamento foi instalado, em junho do ano passado, cresceu 38% o número de solicitações desse exame no hospital. Isso significa que, em pouco mais de seis meses, a tecnologia foi rapidamente incorporada à prática clínico-diagnóstica. Quarta dimensão diagnóstica O memorial do equipamento informa que é utilizada a tecnologia 4D Spiral, que amplia a captura de imagens do corpo. Um sistema chamado X-CARE inibe em até 40% a emissão de raios-X sobre órgãos sensíveis como mamas, tireoide e cristalinos, mantendo a qualidade da imagem. Para exames de tórax e abdômen, essa redução pode ir de 50% a 60%, dependendo do paciente. O Somatom Definition Flash permite examinar, por exemplo, todo o tórax em menos de um segundo, com baixa dose de radiação. Assim, o exame pode ser mais facilmente realizado em crianças sem sedação ou anestesia. “Nos casos de exames especificamente oncológicos, a dose reduzida de radiação e a alta velocidade do procedimento possibilitam resultados mais precisos em termos de diagnóstico precoce e relacionados à extensão do tumor, preservando o paciente”, explica Dr. Marcos Menezes, coordenador do Grupo de Intervenção não vascular do Centro de Intervenção Guiada por Imagens do HSL. De acordo com o médico, os diferenciais do novo equipamento beneficiarão principalmente os pacientes que precisam fazer esses tipos de exames várias vezes, como também crianças, em virtude da significativa redução do nível de radiação — dez vezes menor que a de um aparelho convencional. Desde que iniciou a atualização de seu Centro de Diagnósticos, em 2007, o HSL já investiu aproximadamente R$ 52 milhões na compra de equipamentos de última geração e readequação dos ambientes. Entre as inovações que já estão disponíveis no hospital, há ressonância magnética acoplada a uma sala do centro cirúrgico, para cirurgias de tumores do sistema nervoso central, e o Centro de Intervenções Guiadas por Imagem (CIGI). Além de proporcionar maior rapidez e precisão na realização dos exames, os equipamentos abrem novas frentes de investigação, com técnicas de diagnósticos de determinadas patologias que até então não podiam ser detectadas. É o caso de lesões que não descartam malignidade, a princípio, e exigem biópsia para uma conclusão mais precisa. No futuro, as biópsias serão raras, acreditam os oncologistas que manuseiam esse arsenal. O scanner de tumores Tratamento mais específico é o carro-chefe das vantagens propiciadas pelo PET Scan (ou PET/CT), positron emission tomography, tomografia por emissão de pósitrons que rastreia tumores de maneira a determinar, com um grau muito próximo de exatidão, o estadiamento em que se encontram. “É uma enorme vantagem conhecer a extensão do avanço tumoral porque essa informação impactará diretamente em um tratamento muito mais específico e com maiores chances de sucesso”, destaca o oncologista clínico Oren Smaletz, do Hospital Israelista Albert Einstein, coordenador de pesquisa clínica em oncologia 17 da instituição. Se uma tomografia convencional indica estadiamento nível 3, o PET Scan pode identificar que na realidade se chegou ao 4, o que requer uma abordagem terapêutica diferenciada. Outra característica importante, conforme destaca Dr. Smaletz, é a capacidade de se detectar câncer metastático, comparado com outros métodos convencionais de diagnóstico por imagem. “O PET Scan pode ajudar a detectar a localização inicial de neoplasias metastáticas de origem indeterminada, um dado absolutamente novo relacionado a essa tecnologia e decisivo para o prognóstico de muitos pacientes.” O scanner, neste caso, permite avaliar, por exemplo, o fluxo do sangue, o uso do oxigênio e o metabolismo do açúcar (glicose), ajudando aos médicos a avaliar como órgãos e tecidos estão funcionando. Os tumores cancerígenos consomem glicose avidamente, o que os torna detectáveis por intermédio do PET com glicose marcada. Isso significa que é possível avaliar o funcionamento dos órgãos in vivo. Informações complementares 18 “O PET Scan é um exame complementar a procedimentos convencionais e traz informações adicionais quando o convencional tem resultados duvidosos ou indeterminados, mostrando ainda a habilidade de diferenciar lesão benigna de maligna”, explica Dr. José Soares Júnior, presidente da Associação Latino-Americana de Sociedades de Biologia e Medicina Nuclear. Em casos de re-estadiamento e doença avançada, apresenta resultados superiores aos dos métodos convencionais e pode dar o diagnóstico definitivo da presença, ou não, de lesões metastáticas. De acordo com o médico, o PET Scan é particularmente útil no re-estadiamento de pacientes com câncer de mama, na avaliação da resposta à terapia, e o resultado de exames convencionais não é claro. Também tem demonstrado capacidade de avaliar a resposta à quimioterapia em pacientes com câncer de mama avançado e naqueles com doença metastática. Em 36% dos casos de câncer de mama avançado, usando-se PET Scan, há mudança no estadiamento clínico e pode ocorrer mudança na conduta clínica em 58% dos casos. Além disso, mostra a resposta do paciente à quimioterapia já nos primeiros ciclos do tratamento, o que pode levar à mudança de conduta. Na prática, pode significar maior sobrevida para o paciente. A Organização Mundial da Saúde estima que o número de vítimas de câncer no mundo aumente 50% até 2030. O principal motivo é o crescente número de idosos. No ano pas- sado, a entidade adicionou 73 novos procedimentos médicos obrigatórios à lista dos planos de saúde, entre eles o exame PET Scan, que detecta o crescimento precoce de tumores. Desde então, os fabricantes do equipamento que realiza o exame registraram aumento nas vendas. Em 2009, a Siemens vendeu 14 PET Scanners no País. A previsão é que 15 equipamentos sejam instalados até o fim deste ano. A inclusão do exame na lista de procedimentos obrigatórios foi o principal responsável pelo aumento da procura pelo equipamento PET, segundo Leonardo Packer, gerente de negócios da Siemens Healthcare. A divisão de Healthcare da Siemens foi a primeira a trazer o equipamento para o Brasil, ainda em 2003. Lançamento A Siemens está lançando no Brasil o Biograph Molecular CT (Biograph mCT), que combina a tomografia PET Scan convencional com a tomografia computadorizada (CT). O novo equipamento é capaz de mostrar o local e a dimensão dos tumores em um só exame. Um total de 50 unidades do Biograph já foi instalado na Alemanha, onde mais de 430 mil casos de câncer são descobertos todos os anos. No Brasil, o primeiro modelo deve ser instalado no próximo mês na Clínica Villas Boas, em Brasília. O equipamento pode custar €3 milhões, dependendo dos recursos do aparelho, contra € 1,5 milhão do aparelho convencional. Obras médicas As imagens produzidas pelas novíssimas tecnologias aplicadas ao câncer não têm uso apenas médico, como tem provado Dr. Kai-hung Fung, radiologista do Pamela Youde Nethersole Eastern Hospital, em Hong-Kong (China), que desenvolveu um hobby peculiar. Desde 2003, ele vem transformando exames de imagem em Cancer in hiding® obras de arte. Para isso, ele usa softwares como o 3D Vítrea 2.0, que manipulam minimamente as imagens obtidas por exames, como tomografias e ressonância magnética. Os únicos ajustes realizados são de contraste, nitidez e brilho. O médico artista gosta de explorar as possibilidades criativas das imagens, com seus diferentes espectros de cores e angulações. Depois de prontas, suas criações podem ser exibidas em diversos formatos, como impressão digital ou projeções. Esta imagem chama-se Cancer in hiding® (“Tumor escondido”, em tradução livre para o português, 2011). Ela mostra um nódulo da mama direita com contornos irregulares, oculto atrás do tecido mamário. Dr. Fung descreve que o câncer invadiu “secretamente” o músculo peitoral de forma profunda, atingindo a mama e deixando o seio retraído e desviado. Uma obra de arte feita, afinal, a partir de uma imagem obtida por ressonância magnética da mama. 19 Pesquisas que prospectam o futuro Instituto Ludwig e Hospital Alemão Oswaldo Cruz formam uma próspera parceria na investigação oncológica e na formação do banco de tumores Desde 2007, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC) sedia as instalações da filial brasileira do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer (The Ludwig Institute for Cancer Research Ltd; LICR). Instalado em um espaço de 1.000 metros quadrados, em andar construído especialmente para recebê-lo, o Instituto Ludwig possui a estrutura necessária para o trabalho conduzido por sua equipe de cientistas. Trata-se de uma importante parceria técnico-científica que fortalece a atuação do HAOC na área de Pesquisa Clínica e coloca à disposição do Instituto Ludwig a experiência clínica dos profissionais de saúde que atuam no hospital. Dessa sinergia em conhecimento, já resultam importantes projetos e estudos que estão em desenvolvimento. Pesquisa sobre o câncer 20 O LICR foi fundado em 1971, pelo empresário americano Daniel K. Ludwig (falecido em 1992 em decorrência de um câncer), que destinou grande parte de seu patrimônio para a manutenção do instituto. Atualmente, o LICR é o maior centro acadêmico internacional e sem fins lucrativos dedicado à compreensão e ao controle do câncer. Ele possui sedes em Nova York (Estados Unidos) e Zurique (Suíça). Mundialmente, sua estrutura é composta por nove filiais e 30 instituições afiliadas em diversos países. Inicialmente, sua filial no Brasil ficava localizada no Hospital do Câncer (Fundação Antonio Prudente, São Paulo), onde se manteve por quase 22 anos. Em 2007 foi foi transferida para o HAOC, selando uma promissora parceria. A mudança ocorreu naturalmente, baseada na troca de experiências entre os pesquisadores d hospital e do instituto e também pela necessidade de o LICR ampliar seu espaço físico, já que as pesquisas aumentaram e era preciso uma área laboratorial maior. Atualmente existem três principais áreas de pesquisa sendo conduzidas no instituto. São elas: biologia molecular e genômica, biologia computacional e virologia. Durante 22 anos, o Ludwig foi coordenado pelo Dr. Ricardo Brentani. Sob seu comando, um número expressivo de artigos foi publicado em renomados periódicos internacionais pelos investigadores do instituto. Além disso, uma importante colaboração com o Hospital do Câncer resultou no estabelecimento de importantes esforços em pesquisa, especialmente as relacionadas aos projetos de sequenciamento genômico (Projeto Genoma Humano do Câncer, um dos mais importantes projetos científicos já realizados no País) que fundamentaram o caminho para uma série de colaborações em pesquisas muito bem-sucedidas, tanto no Brasil quanto em outros países. Biologia molecular e genômica Este braço de trabalho do Ludwig possui um forte background em genômica e tem participado ao longo dos últimos anos de diversos projetos correlatos realizados no Brasil, incluindo o Xylella fastidiosa e o Projeto do Genoma Humano do Câncer. A equipe que atua no Laboratório de Biologia Molecular e Genômica é coordenada por Dra. Anamaria Camargo, que também é a diretora do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer. A diretora conta que o LICR tem uma colaboração particular com a parte clínica do HAOC, mais especificamente com o Grupo de Tumores do Trato Digestivo, comandado pelos Drs. Angelita Gama e Joaquim Gama. “Atualmente há quatro projetos em andamento cujo objetivo geral é compreender melhor a resposta ao tratamento de pacientes com tumores colorretais”, diz. O LICR Brasil está empenhado na criação de um banco de tumores O grupo da Dra. Angelita adota um protocolo muito específico para o tratamento do câncer de reto distal. Basicamente, eles preconizam a quimioterapia e a radioterapia neoadjuvantes. Nos pacientes tratados por eles, uma faixa de 40% a 60% apresentam resposta satisfatória em relação ao tratamento e o tumor desaparece, o que evita a cirurgia, ao menos naquele momento. Por outro lado, ressalta Dra. Anamaria, também existe uma proporção de pacientes que não responde tão bem. Inicialmente não é possível identificar esses indivíduos no consultório, numa avaliação clínica. “Nesses casos, utilizam-se abordagens moleculares e genômicas para estudar a resposta ao tratamento nos respondedores e nos não respondedores. Ao entender o perfil de resposta de cada um, identificam-se aqueles que serão mal respondedores, e que, portanto, deveriam ser operados rapidamente”, comenta a diretora. Dra. Anamaria acrescenta, também, que “entender o motivo pelo qual os indivíduos não respondem adequadamente ao tratamento pode ser o início de uma interferência para melhorar a resposta”. O LICR Brasil está empenhado na criação de um banco de tumores. Até mesmo, essa foi a primeira atividade do Ludwig junto ao corpo clínico do HAOC. “O banco de tumores reúne a observação médica com a análise genética”, conta a diretora. Além de um registro de dados clínicos, o banco inclui material biológico. O banco de tumores é regido por um comitê e, a princípio, qualquer pesquisador interessado em acessá-lo pode submeter um projeto que será analisado por ele. Informações: http://www.ludwig.org.br/ ou www.licr.org 21