66 - ABPI
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Boletim da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL Junho de 2005 - nº 66 Congresso Internacional de Combate à Pirataria O Congresso Internacional de Combate à Pirataria - Fórum Regional da América Latina, realizado nos dias 13 e 14 de junho na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, reuniu dirigentes da Interpol, representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Brasil e de países latino-americanos, e especialistas da propriedade intelectual. Página 3. Declaração do Rio Os participantes do Congresso Internacional de Combate à Pirataria - Fórum Regional da América Latina geraram o documento Declaração do Rio, contendo dezesseis considerandos, cinco recomendações específicas para o Brasil e 21 para a América Latina visando o combate à contrafação. A íntegra do documento encontra-se na página 6. Almoço mensal da ABPI O almoço mensal da ABPI, realizado em São Paulo no dia 16 de julho, teve três palestrantes convidados: o presidente do Sindireceita, Paulo Antenor de Oliveira, o secretário executivo da The Alliance Against Contraband (AAC), Joseph Clark e Christopher Merriam, coordenador da Cooperação Internacional da Seção de Crimes de Informática e Propriedade Intelectual do Departamento de Justiça dos EUA. Página 10. Foto: Clarice Castro Inscreva-se já! O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, recebeu no dia 13 de junho, no Palácio do Planalto, o secretário-geral da Interpol, Ronald K. Noble, e o secretário-geral da Organização Mundial das Aduanas, Kunio Mikuriya, acompanhados pelo deputado federal Júlio Lopes, da Frente Parlamentar de Combate à Pirataria da Câmara, participantes do Congresso Internacional de Combate à Pirataria - Fórum Regional da América Latina. Nº 66 • Junho de 2005 Boletim da ABPI 1 Editorial Notas Brasil e Interpol estreitam laços contra pirataria Reconhecimento da Interpol O secretário-geral da Interpol, Ronald K. Noble, entregou placa de agradecimento em reconhecimento à relevante contribuição para a realização do Congresso Internacional de Combate à Pirataria - Fórum Regional da América Latina realizado no Rio de Janeiro, nos dias 13 e 14 de junho, para a ABPI e os organizadores brasileiros do evento. Deputado federal Júlio Lopes (PP/RJ) Membro da Frente Parlamentar de Combate à Pirataria da Câmara. Pode-se dizer que o Congresso Internacional de Combate à Pirataria - Fórum Regional da América Latina, realizado nos dias 13 e 14 de junho, na Escola da Magistratura do Rio de Janeiro, foi uma das maiores iniciativas do país no combate àquele crime. Além do diretor de combate à contrafação da Interpol, John Newton, o comitê organizador foi composto pelo presidente da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual - ABPI, Gustavo S. Leonardos, pela procuradora do Estado do Rio, Lilian Pinho, pelo secretário executivo da The Alliance Against Contraband - AAC, Joseph Clark, pelo representante da Global Business Leaders Alliance Against Counterfeiting - GBLAAC, Bill Dobson e por mim. O evento, que teve a intenção de encontrar soluções e trocar experiências sobre a questão da pirataria no Brasil e nos países do Mercosul, levou ao auditório da EMERJ mais de quatrocentos participantes e presenças ilustres, como da governadora do Estado do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, e do presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Sérgio Cavalieri Filho. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, fizeram questão de participar e receberam na tarde do dia 13, no gabinete oficial de Brasília, o secretário-geral da Interpol, Ronald K. Noble, o secretário-geral da Organização Mundial das Aduanas, Kunio Mikuriya, o chefe do escritório da Interpol em Buenos Aires, Armando Assis Possa, o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos da Receita Federal - Sindireceita, Paulo Antenor de Oliveira, e este parlamentar. No encontro, o presidente ficou comovido com os elogios do chefe da Interpol à Polícia Federal brasileira e fez questão de confirmar sua presença na abertura da 74ª Assembléia Geral da Interpol, que se realizará no Rio de Janeiro, em agosto de 2006. Esse evento trará ao Brasil os 158 delegados da Interpol para tratar dos assuntos mundiais mais importantes da instituição. Durante os dois dias de congresso, decisões importantes para o combate à pirataria no país foram apresentadas. Dentre elas está a criação do Sistema Único de Segurança Pública e das delegacias estaduais especializadas no combate ao crime, anunciada pelo secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa. Outra questão muito debatida foi o aspecto jurídico do combate ao crime. Segundo o secretário executivo do Ministério da Justiça e presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Luiz Paulo Barreto, esta entidade já estuda mudanças que deverão ser feitas na legislação para que as ações possam se realizar mais rapidamente. Envie suas mensagens para a redação do Boletim da ABPI pelo e-mail [email protected] Informações, críticas e sugestões serão avaliadas e respondidas, podendo ser publicadas ou não no Boletim após estudo de cada caso. 2 Foto: Felix Cartas para a redação do Boletim da ABPI O encontro com o ministro da Justiça em agosto de 2004. Boletim da ABPI Memória No encontro com o ministro da Justiça, o início da preparação do Congresso Internacional de Combate à Pirataria (publicado no Boletim da ABPI nº 57 de setembro de 2004). Ministro da Justiça recebe participantes do Seminário O ministro Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, recebeu Gustavo S. Leonardos, presidente da ABPI, o deputado federal Júlio Lopes, vice-presidente da CPI da Pirataria, e John Newton, diretor de combate à contrafação da Interpol, durante o XXIV Seminário Nacional da Propriedade Intelectual, em Brasília. No encontro, John Newton entregou uma proposta da Interpol de cooperação com o Ministério da Justiça de combate à pirataria. Junho de 2005 • Nº 66 Matéria de capa Congresso Internacional de Combate à Pirataria Fórum Regional da América Latina O Congresso Internacional de Combate à Pirataria - Fórum Regional da América Latina reuniu no Rio de Janeiro (na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro), nos dias 13 e 14 de junho, especialistas em propriedade intelectual, autoridades dos poderes Executivo, Legis- Participantes do Congresso, representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e especialistas da propriedade intelectual. lativo e Judiciário do Brasil e de vários países da América Latina para debater, trocar informações e definir linhas de ações para combater a pirataria e delitos contra o direito da propriedade intelectual. A secretaria e administração do Congresso esteve a cargo da ABPI. A cerimônia de abertura teve a participação da governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus; Sérgio Cavalieri Filho, presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro; Ronald K. Noble, secretário-geral da Interpol; Marcelo Itagiba, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro; Luis Fux, ministro do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro; Luiz Paulo Barreto, presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria; Kunio Mikuriya, secretário-geral ad- Ronald K. Noble, secretário-geral da Interpol, recebe os cumprimentos da governadora Rosinha Matheus. Em Brasília, foi recebido pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Na conferência da imprensa, da esquerda para a direita: Luiz Paulo Barreto, secretário-executivo do Ministério da Justiça e presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria; Gustavo S. Leonardos, presidente da ABPI; Ronald K. Noble, da Interpol; deputado federal Júlio Lopes; Kunio Mikuriya, secretário-geral da Organização Mundial das Aduanas, e Bill Dobson, da GBLAAC. Desembargador Sérgio Cavalieri Filho, presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Nº 66 • Junho de 2005 Boletim da ABPI junto da World Customs Organization; Paulo Roberto Leite Ventura, presidente da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro; Rubem José Viana, Ministério Público do Rio de Janeiro; Bill Dobson, representante da GBLAAC; Wolfgang Starein, diretor da Divisão de Repressão e de Projetos Especiais da OMPI; Orlando Diniz, presidente da Fecomércio/RJ; deputado federal Júlio Lopes; e o presidente da ABPI, Gustavo Leonardos, entre outras autoridades. 3 Matéria de capa Os participantes nacionais, regionais e internacionais convidados pelo governo brasileiro, pela Interpol e outros membros do comitê organizador do Congresso Internacional, bem como pela organizadora brasileira ABPI, analisaram o impacto da contrafação e da pirataria, medidas empregadas em seu combate, os obstáculos e os progressos à proteção dos direitos de propriedade intelectual, e a cooperação entre polícia, outras agências de prote- ção, além de departamentos governamentais e o setor privado, visando a exeqüibilidade (enforcement) de tais direitos”, como está anotado no preâmbulo da Declaração do Rio. Foram desenvolvidos durante o congresso os temas: Tema 1: De Bruxelas ao Rio de Janeiro - Uma visão global da questão da contrafação e progressos realizados; Tema 2: Brasil: Progresso e Desafios a enfrentar; Tema 3: Contrafação e Pirataria no Brasil: Para onde vamos agora?; Tema 3 (continuação): Contrafação e Pirataria nos demais países do Mercosul: Para onde vamos agora?; Tema 4: Perspectivas Internacionais; Tema 4 (continuação): Perspectivas Regionais; Tema 5: Perspectivas das Indústrias Atingidas e Tema 6: Criando Conscientização e Resumo e Observações Finais. As principais conclusões foram consubstanciadas no documento Declaração do Rio, cuja íntegra está na página 6. Na mesa do Discurso Magno (esq. para dir.): desembargador Sérgio Cavalieri Filho, presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Corrêa, secretário nacional de Segurança Pública, e Gustavo S. Leonardos, presidente da ABPI. Na mesa do Resumo e Observações Finais (esq. para dir.): Wolfgang Starein, OMPI (Suiça); John Newton, Interpol IP (França); deputado federal Júlio Lopes, Márcio de Menezes e Gonçalves, Conselho Nacional de Combate à Pirataria; Gustavo S. Leonardos, presidente da ABPI; Jean-Michel Louboutin, diretor executivo de Serviços Policiais da Interpol, Cesar Augusto Barbiero, chefe regional da Receita Federal, secretário de Aduanas e vicepresidente da WCO; Richard Heath (Unilever), INTA e GBLAAC; e Hugo T. Berkemeyer, presidente da ASIPI. Coquetel de confraternização oferecido aos participantes do Congresso, no Jockey Club do Brasil pela Fecomércio/RJ e ABPI. 4 Na mesa do Tema 1 (esq. para dir.): Wolfgang Starein, OMPI; John Newton, Interpol IP; Joseph Clark, AAC; Bill Dobson, GBLAAC; Faisal Daudpota, INTA; e Roberto Mackrodt, BAT. Boletim da ABPI Junho de 2005 • Nº 66 Matéria de capa Na mesa do Tema 2 (esq. para dir.): Luiz Marcelo Guerra de Castro, Auditor Fiscal; Márcio de Menezes e Gonçalves, Conselho Nacional de Combate à Pirataria; Rodrigo Collaço, Associação dos Magistrados Brasileiros; Marcos Moura, Polícia Federal; e Gustavo S. Leonardos, presidente da ABPI. Na mesa do Tema 4 - cont. (esq. para dir.): Jimmy Fowler, Philip Morris; Aidaelena Pereira, Superior Tribunal de Justiça (Panamá); Patricio Morales Riquelme, Polícia de Investigações (Chile); Roberto Manriquez, Interpol (Argentina); Marco Moncada Farro (Peru); e Maria Mercedes Buongermini Palumbo, Tribunal de Recursos (Paraguai). Na mesa do Tema 3 (esq. para dir.): Cézar Luiz Busto de Souza, Polícia Federal; Emerson Kapaz, ETCO; José Augusto Simões Vagos, Ministério Público Federal; Ricardo Pinho, INTA; Lilian Pinho, Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro; e Jether Abrantes de Lacerda, vice-presidente do Sindireceita. Na mesa do Tema 5 (esq. para dir.): Javier Lozada, Philips; Steve Solot, vice-presidente da MPA; Nils Victor Montan, ex-presidente da INTA, representando a Warner Brothers (EUA); Timothy J. Gorman, Associação Internacional de Mídia Gravada (EUA); e Paulo Rosa, ABPD. Na mesa do Tema 3 - continuação (esq. para dir.): Marco Antonio Gregório, Souza Cruz; Roberto Silvio Parrado Dominguez, Ministério do Interior (Uruguai); Margarita Diaz de Vivar, Aduana Nacional (Paraguai); Hugo T. Berkemeyer, presidente da ASIPI; Jorge de Cicco (Argentina); e Fernando Ramazzini, ABCF. Na mesa do Tema 5 - continuação (esq. para dir.): Guido Silveira, Sindicom; Eduardo Santos, Hewlett-Packard; Nils Victor Montan, ex-presidente da INTA, representando a Warner Brothers (EUA); Luis Carlos Galvão, diretor de Assuntos Jurídicos da Unilever; Sharon Barnes e Mario Carvalho da General Motors. Na mesa do Tema 4 (esq. para dir.): Tom Kubic, Pharmaceutical Security Institute – PSI (EUA); Curt Daniels, DaimlerChrysler (Alemanha); e Christopher Merriam, Departamento de Justiça (EUA). Na mesa do Tema 6 (esq. para dir.): John Newton, Interpol IP (França); Márcio de Menezes e Gonçalves, Conselho Nacional de Combate à Pirataria; Gustavo S. Leonardos, presidente da ABPI; Wolfgang Starein, OMPI (Suiça); e Richard Heath (Unilever), INTA e GBLAAC. Nº 66 • Junho de 2005 Boletim da ABPI 5 Matéria de capa ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL Congresso Internacional de Combate à Pirataria Fórum Regional da América Latina Rio de Janeiro, Brasil 13 e 14 de junho de 2005 Com a participação da Organização Mundial da Propriedade Intelectual e a colaboração de GBLAAC Global Business Leaders Alliance Against Counterfeiting A Declaração do Rio Preâmbulo O Congresso Internacional / Fórum Regional da América Latina de Combate à Contrafação e Pirataria, promovido em conjunto pelo Governo Brasileiro e a Interpol, realizou-se na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, em 13 e 14 de junho de 2005. Os participantes nacionais, regionais e internacionais convidados pelo Governo Brasileiro, pela Interpol e outros membros do Comitê Organizador do Congresso Internacional, bem como pela organizadora brasileira ABPI, tiveram uma minuciosa discussão sobre o impacto da contrafação e da pirataria, medidas empregadas em seu combate, os obstáculos e os progressos à proteção dos direitos de PI, e a cooperação entre polícia, outras agências de proteção além de departamentos governamentais e o setor privado, visando à exeqüibilidade (enforcement) de tais direitos. Considerando 1. Como observado no Primeiro Congresso Internacional de Combate à Pirataria (Bruxelas, Bélgica, maio de 2004) e os subseqüentes fóruns regionais - Roma (outubro de 2004) e Xangai (novembro de 2004) -, a comercialização de produtos contrafeitos e piratas é um problema extenso e crescente e requer que os governos, em todos os níveis, estabeleçam uma alta prioridade ao combate a tal comércio. 6 2. Uma preocupação geral foi expressada no que concerne: • Aos impactos social e econômico negativos da contrafação e pirataria e às ligações comprovadas com organizações de grupos criminosos transnacionais. • Ao fato de que muitos produtos contrafeitos põem em perigo a saúde, a segurança e a proteção dos consumidores. • À potencial corrupção derivada do comércio de produtos contrafeitos e piratas. 3. O Governo Brasileiro, os outros países do Mercosul e da região da América Latina, suas agências e parceiros do setor privado identificaram o comércio de mercadorias contrafeitas e pirateadas como um dos mais importantes problemas que causam danos significativos aos interesses nacionais e comerciais mediante a perda de receitas e tributos empresariais, desvio de fontes de receitas governamentais, custos maiores para a exeqüibilidade (enforcement) dos direitos e os impactos negativos no desenvolvimento econômico, empregabilidade e investimentos. 4. Postos/Zonas Livres estrategicamente posicionados em países da América Latina são usados para o transbordo de produtos contrafeitos e pirateados por traficantes intercontinentais. A capacitação, a melhora do conhecimento técnico e o uso efetivo das atuais normas e meios legais urgentemente se exigem, para asseBoletim da ABPI gurar mecanismos de proteção de fronteiras efetivos. Registrando os seguintes fatores 1. A economia na região latinoamericana está sujeita a severas mudanças em direção seja ao crescimento, seja à retração. Desenvolver um ambiente de crescimento econômico sustentável é uma das mais importantes responsabilidades dos governos, suas agências e departamentos. 2. Com a globalização, a contrafação e a pirataria tornaram-se uma grande preocupação. O estabelecimento e a otimização de efetivos sistemas de execução (enforcement) e proteção legal dos direitos de PI, terão um papel único e significativo na promoção da riqueza, da justiça tributária, desenvolvimento econômico e na redução do crime organizado transnacional, da corrupção e das ameaças à segurança e proteção humanos. 3. Visando cumprir suas obrigações decorrentes do Acordo TRIPs, numerosos governos e suas agências de execução (enforcement) na América Latina vêm atentando mais para a proteção dos direitos de PI bem como seu enforcement, e sua cooperação com o setor empresarial tem resultado em melhoras no combate ao comércio de produtos contrafeitos e piratas. Todavia, há um claro reconhecimento por todos os governos de que mais precisa ser feito. Junho de 2005 • Nº 66 Matéria de capa 4. No final de 2004, os Ministros da Justiça dos países do Mercosul, Bolívia e Chile identificaram a contrafação e a pirataria como uma questão de segurança regional. Os Ministros concordaram em intensificar seus esforços, coordenar as atividades das agências de enforcement nacionais relevantes e criaram um Plano de Ação sobre o Enforcement dos Direitos da Propriedade Intelectual. 5. O Governo Brasileiro estabeleceu um Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual. O Conselho desenvolveu um Plano Nacional consistindo em quatro plataformas principais: • Medidas para educar os cidadãos brasileiros no que concerne aos efeitos danosos da pirataria, assim como as conseqüências penais da pirataria; • Investigações e repressão da produção e comercialização de produtos contrafeitos; • Sugestões de mudanças na legislação relacionada a controle alfandegário e contrafação; • Melhora das condições econômicas dos cidadãos brasileiros que participam do comércio de produtos contrafeitos e piratas devido a dificuldades financeiras. 6. O Brasil concordou em designar um oficial da Polícia Federal para a Unidade de Crimes contra a Propriedade Intelectual da Interpol, no Secretariado Geral em Lyon, França, por três anos, a partir de julho de 2005. 7. O Governo Brasileiro anunciou a criação de unidades de polícia especializadas em crimes contra a PI em cada um dos 27 estados. 8. As agências da Polícia Federal e as autoridades alfandegárias brasileiras promoveram e participaram ativamente de uma iniciativa capitaneada pela Interpol que objetivava criminosos de organizações transnacionais envolvidos em contrafação e pirataria na área da tríplice fronteira de Argentina, Brasil e Paraguai. A “Operação Júpiter” foi lançada em novembro de 2004 e completada com sucesso em abril de 2005. 9. Medidas de fronteira efetivas e eficientes são fatores importantes para impedir que produtos contrafeitos importados e exportados sejam distribuídos na América Latina. A respeito disto, progressos têm sido feitos: Nº 66 • Junho de 2005 • Pelo Governo da Argentina, que recentemente modificou seu Código Alfandegário, o qual, dentre outras medidas, agora proíbe a importação e exportação de mercadorias que violem direitos de propriedade intelectual; • Pelo Governo do Chile, que promulgou leis capacitando seus oficiais alfandegários a agir, de ofício ou a requerimento dos legítimos titulares de direitos, contra o aumento do volume de produtos contrafeitos e pirateados que são introduzidos no país; • Pela Organização Internacional Alfandegária, que tornou acessíveis às Administrações Alfandegárias da região da América Latina as seguintes ferramentas: - Ferramentas de comunicação baseadas na Internet para auxiliar na detectação de produtos contrafeitos; - O sistema de alerta e comunicação de internet da Customs Enforcement Network (CEN), que pode ser usado para ajudar no enforcement contra produtos contrafeitos e compartilhamento de informações na região; - O Regional Intelligence Liaison Office (RILO), sediado em Valparaiso, Chile, que pode ser crescentemente utilizado para compartilhar informações sobre risco e tendências na região; - Material de orientação sobre: Legislação Modelo, indicadores de risco, controle das zonas livres de comércio e o tratamento de produtos não acordados; - Orientação para o setor privado sobre requisitos de informação da Administração Alfandegária; e - Um “Sistema Diagnóstico” para assistir na habilidade de estruturação de esforços. 10. Numerosos países e regiões ao redor do mundo anunciaram iniciativas anticontrafação. Por exemplo, os Ministros do Comércio da APEC, no começo de junho de 2005, endossaram uma série de medidas anticontrafação e antipirataria, incluindo orientação para as autoridades apreenderem e destruírem produtos piratas e apoio para aumentar a capacidade das economias de lidar com a contrafação. A Comissão Européia, em novembro de 2004, adotou uma estratégia de enforcement dos direitos de propriedade intelectual em outros países. Também os Estados Unidos anunciaram sua iniciativa denominada Boletim da ABPI Strategy Targeting Organized Piracy (STOP!) em outubro de 2004. STOP! congrega todos os mais importantes atores - o governo norte-americano, seus parceiros comerciais e o setor privado - para tomarem uma ação concertada visando derrubar a pirataria e a contrafação. 11. Um progresso encorajador foi realizado quando e depois do Primeiro Congresso Internacional de Combate à Pirataria em Bruxelas, a Conferência Internacional de Roma, Itália, e o Fórum Regional de Xangai, China, quanto ao aumento da conscientização da questão da pirataria, mas ainda permanece uma forte necessidade de se engajarem todos os governos nos níveis político e de criação de políticas públicas sobre esta questão. 12. O Comitê Diretor do Congresso Internacional foi estabelecido para melhorar os níveis de cooperação entre as autoridades internacionais e o setor privado, e precisa urgentemente transformar as recomendações de Bruxelas, Roma e Xangai e agora do Rio de Janeiro em prioridades e planos de ação concreta. 13. Como uma indicação do apoio crescente ao Congresso Internacional, a Associação Internacional de Marcas (INTA) e a Câmara de Comércio Internacional (ICC) recentemente ingressaram no Comitê Organizador do Congresso, complementando o quadro dos atuais membros do setor privado, a Global Business Leaders Alliance Against Counterfeiting (GBLAAC) e a International Security Management Association (ISMA). 14. Interpol está aprimorando suas capacidades operacionais em Crimes de Propriedade Intelectual e completou de forma bem-sucedida seu primeiro exercício “Operação Júpiter” na área de tríplice fronteira de Argentina, Brasil e Paraguai. Está ativamente engajada em discussões para estender a Operação Júpiter a outras regiões e países. 15. A Organização Internacional Alfandegária (The World Customs Organization) está conduzindo uma análise das apreensões de produtos contrafeitos e piratas na Europa em 2005 como um primeiro passo no desenvolvimento de um Relatório Anual Internacional sobre Contrafação e Pirataria. 16. A Organização Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI 7 Matéria de capa (WIPO) - está aumentando seus esforços em convencer os governos a respeito da necessidade de haver sistemas efetivos de exeqüibilidade de direitos (enforcement) e dos benefícios de se encarregarem juízes com uma especial experiência em lidar com casos de propriedade intelectual. Conclui Que o Congresso Internacional / Fórum Latino-Americano de Combate à Pirataria, co-promovido pelo Governo Brasileiro e pela Interpol, forneceu um importante local de encontro para que líderes nacionais, regionais e internacionais dos setores público e privado elevem o nível de cooperação e identifiquem áreas para melhores sinergia e a ação. Em assim agindo, eles ampliaram as recomendações decorrentes do Primeiro Congresso Internacional de Combate à Contrafação e os subseqüentes fóruns de Roma e Xangai. Todos os países latino-americanos consideraram a proteção aos direitos de PI crucial para o desenvolvimento econômico e concordaram em continuar a aumentar seus esforços em fazer o enforcement da Propriedade Intelectual mais efetivo. contrafeitos e tornar as informações acessíveis para policiais e agentes alfandegários sempre. Informações adequadas deveriam então ser disponibilizadas ao pertinente titular do direito de propriedade intelectual para autorizá-lo a tomar as medidas legais cabíveis dentro de um período razoável de tempo. 3. Fornecer assistência técnica e capacitação adequada às novas unidades policiais de PI e às alfândegas, para ajudar em seu trabalho contra a contrafação e a pirataria. 4. Fornecer assistência técnica e capacitação adequada para permitir que o Instituto de Marcas cumpra suas obrigações em um período de tempo razoável. 5. Apoiar as ações planejadas pelo Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual. Países da América Latina: Legislação e Procedimentos 1. Encorajar a introdução da legislação para fortalecer a efetividade das presentes medidas de enforcement, em particular: • Autorizando a destruição, ou disponibilização, sob o consentimento do legítimo titular, dos produtos contrafeitos apreendidos o mais brevemente possível; • Estabelecendo um limite mínimo de indenização por contrafação de marcas; • Impondo danos punitivos dentro de critérios preestabelecidos como uma medida dissuasiva; • Impondo um efetivo tempo de pena de aprisionamento ao menos para infratores reincidentes e em circunstâncias agravantes. 2. Encorajar as Alfândegas a manterem informações completas sobre os importadores de produtos 1. Aprimorar a compreensão, nos níveis políticos e de criação de políticas públicas, das sérias conseqüências da contrafação e do comércio pirata e da função vital que as autoridades de execução (enforcement) ocupam no combate aos crimes de propriedade intelectual. 2. Encorajar os países a modernizar suas legislações alfandegárias e mecanismos de medidas de fronteira para aprimorar os esforços contra a contrafação e a pirataria. 3. Focar a atenção no controle efetivo dos Portos Livres e Zonas Livres de Comércio que são explorados pelos contrafatores, com vistas a reduzir ou eliminar a incidência de transbordos. 4. Encorajar os países a introduzir/intensificar leis criminais e executar tais leis particularmente com respeito aos grandes lucros ilegais, extensivos danos e relativamente baixos riscos associados à contrafação e ao comércio pirata. Contrafatores de larga escala não são detidos por sanções econômicas somente. 5. Encorajar os países a assegurar a imposição efetiva ou o aprimoramento das sanções criminais envolvendo contrafação e pirataria. 1. As recomendações contidas na Declaração do Rio tratam-se de complementação, ou aprimoramento, das recomendações da Declaração de Resultados do Congresso Internacional de Bruxelas, da Declaração de Roma e da Iniciativa de Xangai. E recomenda1 Para o Brasil: 8 Boletim da ABPI 6. Como um dissuasor adicional, encorajar os governos a desenvolver métodos de avaliação (cálculo) padrões nos casos envolvendo contrafação e pirataria. 7. Encorajar os países a estabelecerem unidades/esquadrões especializados em investigar crimes contra a Propriedade Intelectual nas suas instituições policiais e destinadas ao enforcement da lei; designar promotores de justiça especializados em crimes de Propriedade Intelectual dentro de suas estruturas de juízo; e alocar mais recursos para o treinamento de magistrados que julgam as demandas de enforcement. Capacitação, Análise de Risco, Divisão de Informação e Comunicação 8. Implementar integralmente o Plano de Ação delineado pelos Ministros da Justiça dos países do Mercosul, Bolívia e Chile no enforcement dos Direitos de Propriedade Intelectual. 9. Estabelecer uma iniciativa do setor público/privado do Mercosul contra a contrafação e pirataria como um meio de desenvolvimento das capacidades regionais, promoção de cooperação entre as agências e indústria de execução (enforcement agencies). 10. Desenvolver uma metodologia para acessar o volume, a freqüência e as tendências emergentes da contrafação e pirataria na região. Esta metodologia irá permitir a produção de relatórios analíticos que podem ser utilizados para melhor informar os governos nacionais e responsáveis pela política pública sobre o tamanho e extensão da contrafação e do comércio pirata. Estes relatórios podem ser usados para assistir a delineação de business cases para instituições colaboradoras visando auxiliar na capacitação. 11. Aumentar e promover o entendimento, o compartilhamento de informação e cooperação entre as agências de enforcement e o setor privado para efetivamente facilitar o combate à contrafação e pirataria. 12. Estabelecer fóruns regionais dos Direitos de Propriedade Intelectual de forma regular, para assegurar que o relacionamento entre o setor comercial, as autoridades de execu- Junho de 2005 • Nº 66 Matéria de capa ção (enforcement) e outros envolvendo o combate à contrafação e pirataria continue a se desenvolver. 13. Projetar protocolos para a troca de informações sobre os Direitos de Propriedade Intelectual entre as autoridades de execução e os titulares dos direitos. 14. Desenvolver um programa abrangente das técnicas de assistência dos Direitos de Propriedade Intelectual e habilidade de estruturação para as autoridades de execução (enforcement) incluindo a exploração de fontes de financiamento. Internacionalmente 15. Encorajar o apoio dos setores privado e público aos planos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) de conduzir um projeto de pesquisa abrangente sobre o impacto global da pirataria e contrafação. 16. Continuar a melhorar a capacidade da Interpol de realizar a Operação Júpiter em cooperação estreita com os Escritórios Centrais Nacionais da Interpol de cada país-membro, os Escritórios Sub-Regionais da Interpol e os setores da indústria afetados, e identificar outras regiões onde isto possa ser desenvolvido. Interpol irá também publicar os resultados da iniciativa da Operação Júpiter que ocorreu na América do Sul e de seus futuros prolongamentos a outras regiões e países. 17. Continuar a desenvolver um mecanismo que assegure que futuros prolongamentos da Operação Júpiter da Interpol se beneficiem do produto analítico resultante da análise de todas as fontes de informação disponíveis. Isto levará a que uma ação de enforcement mais efetiva tenha um impacto maior na contrafação e pirataria. 18. Intensificar mais as atividades da Organização Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI (WIPO) que objetivam o aumento da conscientização dos consumidores e políticos sobre as implicações negativas da contrafação e pirataria, fornecendo treinamento aos oficiais encarregados da execução da lei (law enforcement), estimulando o intercâmbio de experiências entre magistrados e promotores de justiça encarregados de decisões sobre remédios cíveis e criminais para a violação dos direitos de propriedade intelectual, e aconselhar os Governos sobre estratégias efetivas de combate à contrafação e pirataria. Registrando e encorajando 19. Planos para conduzir um encontro de cúpula do setor privado para encorajar uma maior colaboração e cooperação entre os grupos da indústria e identificar oportunidades para parcerias estratégicas com administrações e agências do setor público. 20. Planos da OMPI (WIPO) para realizar um Fórum Regional de alto nível em enforcement de PI na Malásia, em setembro de 2005. 21. Planos para o Segundo Congresso Internacional de Combate à Contrafação e Pirataria em Lion em 14 e 15 de novembro de 2005. O Segundo Congresso Internacional permitirá que Itália, China e Brasil reportem o progresso feito desde que cada um destes países sediou Fóruns Regionais sob a chancela do Congresso Internacional. Patrocinadores do Congresso Internacional de Combate à Pirataria Fórum Regional da América Latina Nº 66 • Junho de 2005 Boletim da ABPI 9 Matéria de capa Almoço de junho da ABPI O almoço mensal de junho, promovido pela ABPI em São Paulo, teve três convidados palestrantes. Eles falaram sobre o Congresso Internacional de Combate à Pirataria (dias 13 e 14, no Rio de Janeiro), sobre o Seminário Internacional Combate Estratégico ao Contrabando e à Pirataria Uma abordagem integrada (9 a 11 de junho, em Foz do Iguaçu) e sobre a atuação da Seção de Crimes de Informática e Propriedade Intelectual, do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Na mesa, da esquerda para a direita: Rodrigo S. Bonan de Aguiar, Joseph Clark, Christopher Merrian, Gustavo S. Leonardos, Paulo Antenor de Oliveira, Alberto Luis Camelier da Silva, Clóvis Silveira e Lilian de Melo Silveira. O almoço mensal da ABPI foi realizado no dia 16, na Fiesp, em São Paulo. Três convidados usaram da palavra para relatar as mais recentes atividades, relacionadas a eventos internacionais no Brasil. Joseph Clark, secretário executivo da The Alliance Against Contraband (AAC), relatou a evolução internacional quanto ao tema de combate às contrafações e teceu comentários sobre a Declaração do Rio, documento aprovado pelo Congresso Internacional de Combate à Pirataria. O evento foi promovido pelo governo brasileiro, Ministério da Justiça e Interpol, com apoio da World Customs Organization, Global Business Leaders, Alliance Against Counterfeiting e da ABPI. O presidente do Sindireceita, Paulo Antenor de Oliveira, relatou o que ocorreu no Seminário Internacional Combate Estratégico ao Contrabando e à Pirataria - Uma abordagem integrada promovido pelo Sindicato Nacional dos Técnicos da Re10 ceita Federal - Sindireceita, nos dias 9 a 11 de junho, em Foz do Iguaçu, com apoio da ABPI, Instituto ETCO, do Conselho Nacional de Combate à Pi- Gustavo S. Leonardos distribuiu a Declaração do Rio aos associados da ABPI. Boletim da ABPI rataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual, da Câmara dos Deputados, da Frente Parlamentar de Combate à Pirataria e à Sonegação Fiscal e da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul. Ele mencionou as propostas debatidas durante o seminário. Afirmando não se poder encarar a situação da contrafação na tríplice fronteira, Brasil, Argentina e Paraguai, apenas com ações repressivas, esclareceu que o “objetivo é apontar também alternativas que preservem o equilíbrio socioeconômico de Foz do Iguaçu e municípios vizinhos”. As propostas debatidas foram: 1. O combate ao contrabando e à pirataria deve ser realizado de forma integrada, articulada e principalmente inteligente por parte do governo, Receita, Polícia Federal, ministérios que lidam com a repressão e o do Desenvolvimento, conselhos e a sociedade como um todo. 2. Necessidade de medidas de caráter educativo, medidas econômicas e medidas de cunho social, que amparem aqueles que colaboravam indiretamente para o sucesso das ações do contrabando e da pirataria. O Sindireceita distribuiu uma cartilha explicativa do comércio em Foz do Iguaçu. 3. O fortalecimento institucional dos agentes responsáveis pelas ações de repressão, visto que a ação per si é considerada de alto risco. 4. Projeto de desenvolvimento da tríplice fronteira, proposto por Emerson Kapaz, presidente do Instituto ETCO, no qual o Sindireceita vai começar a trabalhar, junto com a Comissão Parlamentar do Mercosul, para que defina uma alternativa de desenvolvimento, uma atuação mais integrada Brasil-Argentina-Paraguai. Implantação de uma universidade, em Foz do Iguaçu. Junho de 2005 • Nº 66 Matéria de capa Paulo Antenor de Oliveira, presidente do Sindireceita, relatou o seminário de Foz do Iguaçu. Joseph Clark, secretário executivo da The Alliance Against Contraband - AAC, relatou o Congresso Internacional de Combate à Pirataria. Christopher Merriam, coordenador da Cooperação Internacional da Seção de Crimes de Informática e Propriedade Intelectual do Departamento de Justiça dos EUA. 5. A necessidade de maior presença dos órgãos de governo numa ação integrada de todos os ministérios e da sociedade não só em Foz do Iguaçu, mas em todas as demais regiões fronteiriças do país. O terceiro convidado foi Christopher Merriam, coordenador da Cooperação Internacional da Seção de Crimes de Informática e Propriedade Intelectual do Departamento de Justiça dos EUA. Como membro da Equi- pe para Assuntos de Propriedade Intelectual, atuou como contato, em todo o território nacional, para casos envolvendo roubo de segredos industriais/comerciais, de acordo com a lei sobre espionagem econômica, de 1996. Ele discorreu sobre seu trabalho, contou cases e relatou as ações do Departamento de Justiça nessa área, colocando muito claramente a posição americana e o que espera do Brasil, cujo governo já deu os primeiros pas- sos concretos contra a pirataria. Ele também participou do Congresso Internacional de Combate à Pirataria, no Rio de Janeiro, no painel sobre as perspectivas internacionais. Ao fim da exposição de Merriam, o presidente da ABPI esclareceu ao palestrante que o Conselho Nacional de Combate à Pirataria estabeleceu uma linha de comunicação com a população para quem queira oferecer denúncia. contrabando, e havia uma clara conexão entre aquela mercadoria e o crime organizado”. Após várias informações contraditórias sobre procedimentos de destruição dos produtos pirateados ou falsificados apreendidos na alfândega, o palestrante esclareceu que boa parte dos servidores da Receita Federal luta internamente para que a burocracia diminua para dar maior agilidade e efetividade aos procedimentos e reduzam os prazos e essa situação deixe de acontecer. Gustavo Leonardos chamou a atenção dos presentes para o fato de que uma das 99 ações listadas no Plano Nacional de Combate à Pirataria é exatamente alguma mudança legislativa que permita a rápida des- truição, ainda em nível administrativo, policial, ou na Receita, dos produtos apreendidos. E a lei hoje dispõe que a fiscalização da Receita poderá ser ininterrupta. O que quer dizer que ela não será obrigatoriamente ininterrupta. “Com isso”, afirmou, “de noite, a fiscalização é muito menor. Tem posto na fronteira que, chega 7 horas da noite, fecha. Fecha o posto e abre a fronteira.” Ao encerrar a reunião o presidente da ABPI informou que solicitará à Organização Mundial de Aduanas o envio à Receita Federal de uma interpretação quanto ao artigo 55 do Acordo TRIPs, dizendo que alguma medida tem de ser tomada visando eliminar conflitos de interpretação. Debates Abertos os debates, muitas perguntas foram formuladas ao presidente do Sindireceita. Paulo Antenor disse, entre outras coisas, que “a droga até deixou de ser e a pirataria passou a ser o negócio principal do crime organizado. Na verdade, os ‘comerciantes’, os criminosos são os mesmos. Eles mudam de ramo. A mesma pessoa que faz o contrabando e a pirataria, em outro momento, está trazendo drogas e munição. A distribuição aos ‘consumidores’ finais é que é feita por canais diferentes”. O presidente da ABPI complementou que “em 2003 fizeram uma grande apreensão em São Paulo e a metade de tudo o que foi apreendido era fruto de roubo de carga, de Nº 66 • Junho de 2005 Boletim da ABPI 11 Notas Seminário “O Brasil contra a Pirataria - A Luta Continua” Inovação e Propriedade Intelectual MRE, BNDES e INPI expõem suas visões Rodrigo Affonso de Ouro Preto Santos, coordenador da Comissão de Estudos de Integração Regional da ABPI, participou do encontro Desafios da Agenda para o Desenvolvimento, realizado no último dia 8, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Rio de Janeiro, com o objetivo de expor os desafios encontrados e as metas almejadas pelo governo brasileiro em matéria de propriedade intelectual como instrumento fomentador da inovação e do desenvolvimento tecnológico. Foi promovido pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e das Relações Exteriores, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial e BNDES. Proferiram palestras o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, secretário-geral do MRE, o diretor da Área de Planejamento do BNDES, Antônio Barros de Castro, e o embaixador Roberto Jaguaribe, secretário de Tecnologia Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e presidente do INPI. O embaixador Pinheiro Guimarães destacou a relevância do processo de inovação para o desenvolvimento como instrumento de competitividade internacional, relacionando-o à proteção da propriedade intelectual, mas recomendou cautela na sua adequada aplicação à luz dos diferentes estágios de desenvolvimento de cada país. Antônio Barros de Castro acentuou a importância da propriedade intelectual para a competitividade das empresas e o fortalecimento da indústria nacional. O embaixador Roberto Jaguaribe destacou a importância da inserção da propriedade intelectual no contexto da política industrial. Na sua opinião, é necessário reintroduzir a essência da razão da propriedade intelectual como um instrumento de capacitação tecnológica a permitir o desenvolvimento. Se a política de proteção à propriedade intelectual não for adequadamente conduzida, poderá se tornar uma barreira para o desenvolvimento. Alertou para a crescente relevância das marcas no mercado de exportação, de modo a evitar a “comoditização” dos produtos brasileiros no exterior. Na manhã do dia 16 de junho, a Fiesp e o Fórum Nacional Permanente de Entidades contra a Pirataria, com apoio do Consulado Geral dos EUA em São Paulo, realizaram a segunda sessão desse seminário, na sede da Federação, para discutir em dois painéis as dificuldades do país em combater as violações à propriedade intelectual e soluções alternativas para o problema. Mais de 120 pessoas participaram do evento, entre presidentes de associações, empresários, representantes dos três poderes. Entre os palestrantes estava Christopher Merriam, promotor da área de propriedade intelectual do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que apresentou também um relato aos associados da ABPI. O marco do evento foi a parceria entre o Fórum Nacional de Entidades contra a Pirataria e a Fiesp, que, alinhados ao Plano Nacional de Combate à Pirataria, promoverão uma agenda de atividades, unindo esforços e recursos dos mais diversos setores. Já se inscreveu? O XXV Seminário Nacional da Propriedade Intelectual a realizar-se nos dias 28 a 30 de agosto, no Hotel Transamérica, em São Paulo, está com as inscrições abertas. Informações e inscrições no sítio da ABPI, www.abpi.org.br, ou na secretaria do Seminário: Congrex do Brasil, tel. (21) 3974-2001, fax (21) 2509-1492, e-mail [email protected]. Boletim da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL Informativo mensal dirigido aos associados da ABPI. Visite a versão on-line deste Boletim no sítio da Associação. ABPI - Associação Brasileira da Propriedade Intelectual - Av. Rio Branco, 277 - 5º andar Conj. 506 - Centro - Cep 20040-904 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil - Tel.: 21 2532-5655 Fax: 21 2532-5866 - Web Site: http://www.abpi.org.br - E-mail: [email protected] Comitê Executivo: Gustavo Starling Leonardos - Presidente; Sueli Burger - 1º VicePresidente; Rodrigo Sérgio Bonan de Aguiar - 2° Vice-Presidente; Manoel J. Pereira dos Santos - 3° Vice-Presidente; Cláudio Roberto Barbosa - Diretor Relator; Lilian de Melo Silveira - Diretora Editora; Paulo Parente Marques Mendes - Diretor Secretário; Herlon Monteiro Fontes - Diretor Tesoureiro. Conselho Editorial: Gabriel F. Leonardos, José Roberto d’Affonseca Gusmão, Juliana L. B. Viegas, Manoel J. Pereira dos Santos e Rodolfo H. Martinez y Pell Jr. Boletim da ABPI: Editora - Lilian de Melo Silveira; Jornalista Responsável - João Yuasa (MTb: 8.492); Produção Gráfica - PW Gráficos e Editores Associados Ltda; Fotos - Carlos Gueller; Revisão - Mauro Feliciano; Impressão e Acabamento - Neoband Soluções Gráficas. © ABPI 2005 - Todos os direitos reservados. 12 Boletim da ABPI Junho de 2005 • Nº 66