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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Escola Nacional de Botânica Tropical
Programa de Pós-graduação Stricto Sensu
Dissertação de Mestrado
Orchidaceae no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do
Brasil: listagem e estudos taxonômicos na subtribo Laeliinae
Felipe Fajardo Villela Antolin Barberena
Rio de Janeiro
2010
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Escola Nacional de Botânica Tropical
Programa de Pós-graduação Stricto Sensu
Orchidaceae no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do
Brasil: listagem e estudos taxonômicos na subtribo Laeliinae
Felipe Fajardo Villela Antolin Barberena
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Botânica, Escola Nacional de
Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do
título de Mestre em Botânica.
Orientador: Dr. José Fernando A. Baumgratz
Co-orientador: Dr. Fábio de Barros
Rio de Janeiro
2010
ii
Orchidaceae no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil:
listagem e estudos taxonômicos na subtribo Laeliinae
Felipe Fajardo Villela Antolin Barberena
Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica
Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ,
como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre.
Aprovada por:
______________________
Prof. Dr. José Fernando Andrade Baumgratz (Orientador)
______________________
Prof. Dra. Cássia Mônica Sakuragui
______________________
Prof. Dra. Ariane Luna Peixoto
Em __/__/ 2___
Rio de Janeiro
2010
iii
B234o
Barberena, Felipe Fajardo Villela Antolin.
Orchidaceae no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil:
listagem e estudos taxonômicos na subtribo Laeliinae / Felipe Fajardo
Villela Antolin Barberena – Rio de Janeiro, 2010.
x, 149 f. : il.
Dissertação (Mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico
do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 2010.
Orientador: Dr. José Fernando A. Baumgratz
Co-orientador: Dr. Fábio de Barros
Bibliografia.
1. Orchidaceae. 2. Mata Atlântica. 3. Flora. 4. Endemismo. 5.
Taxonomia. 6. Parque Nacional do Itatiaia (RJ). I. Título. II. Escola
Nacional de Botânica Tropical.
CDD 584.1509815
iv
Agradecimentos
À minha esposa, Érica Gaspar, pelo apoio incondicional, pelo incentivo diário,
por todo amor, pelas correções e sugestões dessa dissertação, pelo auxílio com as
tabelas, enfim, por sempre estar presente.
Aos meus pais, Rafael e Sylvia, por todo amor recebido, em especial ao meu pai,
pelo estímulo no estudo da botânica e pela ajuda no trabalho de campo.
Ao meu orientador, Dr. José Fernando A. Baumgratz, pelos ensinamentos,
paciência, amizade, disponibilidade, e, principalmente, pela confiança na realização
deste trabalho.
À FAPERJ, pela bolsa concedida, tornando possível a realização deste trabalho.
Ao Instituto Chico Mendes, pela autorização de coleta.
Aos meus irmãos, Jade e Victor, pelo carinho.
A toda minha família, por torcer pelo meu sucesso.
Aos meus amigos, especialmente ao Nilton e Rafael, pelo apoio e pela
compreensão das ausências na “família”.
Ao meu co-orientador, Dr. Fábio de Barros, pela dedicação, pelas valiosas
discussões, pelos ensinamentos e pela bibliografia compartilhada.
Ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico, pela infra-estrutura oferecida.
Aos professores da Escola Nacional de Botânica, por compartilharem
conhecimentos e pelas sugestões para a melhoria deste trabalho.
À Elaine Damasceno, Felipe Pinheiro, Gustavo Heiden, João Condack, Luiz
Ferreira Filho, Marina Torres e Izar Aximoff, e, em especial, ao Sr. Walter da Silva,
“Vavá”, pela companhia e ajuda no trabalho de campo.
À Pós-Graduação da Escola Nacional de Botânica Tropical, em especial à
Catharina, Janúzia e Nilson, pela presteza, eficiência e carinho com que me auxiliaram.
Às funcionárias da Biblioteca Barbosa Rodrigues, Carla e Rosana, pelo pronto
atendimento sempre que necessitei de seus serviços.
Aos administradores e funcionários do Parque Nacional do Itatiaia, pelo apoio
logístico e pela infra-estrutura disponibilizados.
Aos curadores dos herbários GUA, HB, SP, SPF, R, RB, RBR, RFA, RUSU.
À Marta Moraes, responsável pelo Orquidário do Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, pela bibliografia disponibilizada e pelo zelo com as plantas
em cultivo ex-situ.
v
Aos pesquisadores Marcelo Souza e Sebastião Neto, pela identificação dos
espécimes dos forófitos.
À Maria Alice Rezende, pela confecção das ilustrações botânicas.
À beleza das orquídeas, que sempre me fascinaram e me permitiram conhecer
lugares maravilhosos.
E a todos que, de alguma forma, possibilitaram a concretização desse trabalho.
vi
Resumo Geral
No presente estudo, apresenta-se uma lista comentada de espécies de Orchidaceae no
Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil, com ênfase na riqueza qualiquantitativa
das subfamílias e tribos, distribuição das espécies nas diferentes fitofisionomias, tipos
de formas de vida e particularidades sistemáticas, taxonômicas e ecológicas. São
listadas 226 espécies, pertencentes a 85 gêneros, 10 tribos e 19 subtribos, abrangendo as
subfamílias Epidendroideae, Orchidoideae e Vanilloideae. Os gêneros Epidendrum (20
spp.), Habenaria (19 spp.), Octomeria (10 spp.), Acianthera (8 spp.) e Gomesa (7 spp.)
são os mais numerosos; 42 gêneros estão representados somente por uma espécie. Para
essa Unidade de Conservação registra-se pela primeira vez a ocorrência dos gêneros
Christensonella, Dendrobium e Oeceoclades, além de 21 espécies, pertencentes aos
gêneros Baptistonia, Brasilidium, Bulbophyllum, Capanemia, Carenidium,
Christensonella, Coppensia, Dendrobium, Encyclia, Epidendrum, Gomesa, Habenaria,
Octomeria, Rodrigueziella, Pleurothallis, Prosthechea e Vanilla, e documenta-se em
herbário espécimes dos gêneros Capanemia e Encyclia, e das espécies Gomesa
planifolia (Lindl.) Klotzsch & Rchb.f., Octomeria crassifolia Lindl. e Octomeria
grandiflora Lindl. No tratamento taxonômico da subtribo Laeliinae são estudados sete
gêneros e 34 espécies, sendo Epidendrum o gênero mais numeroso, com 20 espécies,
seguido de Hadrolaelia (5 spp.), Prosthechea (4 spp.), Cattleya (2 spp.) e Encyclia,
Isabelia e Scaphyglottis (1 sp. cada). Características morfológicas do cauloma,
pseudobulbos, folhas, labelo e políneas se mostram diagnósticas para a distinção destes
gêneros. São apresentadas chaves para identificação dos táxons de Laeliinae, descrições,
ilustrações, dados sobre distribuição geográfica, estado de conservação e ambiente,
além de comentários sobre particularidades morfológicas das espécies.
vii
Abstract
A checklist of the orchid species occurring in the Itatiaia National Park, Southeastern
Brazil, is presented and commented. This study emphasizes the quantitative and
qualitative richness of the subfamilies and tribes, and provides commentaries on the
geographical distribution in different types of vegetation, types of life forms and some
taxonomical and ecological characteristics for the species. For the area 226 species are
listed, belonging to 85 genera, 10 tribes and 19 subtribes, that are distributed in the
subfamilies Epidendroideae, Orchidoideae and Vanilloideae. The genera Epidendrum
(20 spp.), Habenaria (19 spp.), Octomeria (10 spp.), Acianthera (8 spp.) and Gomesa (7
spp.) are the most numerous, and 42 genera are represented by only one species. The
occurrence of the genera Christensonella, Dendrobium and Oeceoclades, and 21 species
of Baptistonia, Brasilidium, Bulbophyllum, Capanemia, Carenidium, Christensonella,
Coppensia, Dendrobium, Encyclia, Epidendrum, Gomesa, Habenaria, Octomeria,
Rodrigueziella, Pleurothallis, Prosthechea and Vanilla are registered for the first time
for this Conservation Unit. Capanemia and Encyclia, and the species Gomesa planifolia
(Lindl.) Klotzsch & Rchb.f, Octomeria crassifolia Lindl., and Octomeria grandiflora
Lindl. are documented in herbarium for the first time for this area. In the taxonomic
treatment of the subtribe Laeliinae seven genera and 34 species are studied. Epidendrum
is the largest genus, with 20 species, followed by Hadrolaelia (5 spp.), Prosthechea (4
spp.), Cattleya (2 spp.), and Encyclia, Isabelia and Scaphyglottis (1 sp. each).
Morphological characteristics of the cauloma, pseudobulbs, leaves, lip and pollinia are
diagnostic for the distinction of these genera. In this study, keys for identification of the
taxa, descriptions, illustrations, data on geographical distribution, conservation status
and the environment, besides comments on morphological characteristics of the species,
are presented.
viii
Sumário
Introdução Geral ........................................................................................................... 1
Referências bibliográficas ............................................................................................. 4
Artigo 1: Diversidade das Orchidaceae no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do
Brasil.
Resumo ............................................................................................................................ 9
Abstract .......................................................................................................................... 10
Introdução ...................................................................................................................... 11
Material e métodos
Área de estudo ................................................................................................... 11
Listagem dos táxons ........................................................................................... 13
Resultados e discussão ................................................................................................... 15
Considerações finais ...................................................................................................... 19
Agradecimentos ............................................................................................................. 35
Referências bibliográficas ............................................................................................. 35
Artigo 2: Estudos taxonômicos na subtribo Laeliinae (Orchidaceae; Epidendreae)
no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil.
Resumo .......................................................................................................................... 41
Abstract .......................................................................................................................... 42
Introdução ...................................................................................................................... 43
Abordagem histórica da subtribo Laeliinae ................................................................... 44
Material e métodos
Área de estudo ................................................................................................... 46
Estudos taxonômicos ......................................................................................... 47
Resultados e discussão
Subtribo Laeliinae Benth. .............................................................................................. 50
Chave para identificação dos gêneros de Laeliinae ocorrentes no PARNA Itatiaia ...... 52
Descrição dos táxons de Laeliinae ocorrentes no PARNA Itatiaia ............................... 53
Considerações finais .................................................................................................... 128
Agradecimentos ........................................................................................................... 131
Referências bibliográficas ........................................................................................... 132
ix
Anexo 1 ........................................................................................................................ 142
Anexo 2 ........................................................................................................................ 144
Conclusão Final .......................................................................................................... 147
Referências bibliográficas ......................................................................................... 149
x
Introdução Geral
A família Orchidaceae é pantropical e, provalvemente, a segunda maior dentre
as Angiospermae. Pertence à ordem Asparagales Link e o número de espécies é
controverso, as estimativas variam de 17.000 a 35.000 táxons (Dressler 1993). Apesar
de Cameron (2006) ter apontado a existência de 30.000 espécies, distribuídas em mais
de 750 gêneros, o número mais consensual é de cerca de 24.500 espécies, integrando
810 gêneros (Chase et al. 2003; Dressler 2005). A família é subdividida em cinco
subfamílias:
Apostasioideae,
Vanilloideae,
Cypripedioideae,
Orchidoideae
e
Epidendroideae, que diferem por inúmeras características morfológicas vegetativas e
florais, com destaque para o número de anteras férteis e para a presença ou ausência de
políneas típicas (Dressler 1993; Pridgeon et al. 1999; Chase et al. 2003; Singer et al.
2008).
Nesses estudos, Apostasioideae sempre constitui o grupo-irmão das demais
Orchidaceae, sendo restrita à Ásia e à Oceania e representada por apenas dois gêneros
(Neuwiedia Blume e Apostasia Blume) e cerca de 16 espécies. Pode ser caracterizada
pela presença de duas ou três anteras férteis, um estaminódio e grãos de pólen em
mônades ou tétrades. Vanilloideae é cosmopolita, com 15 gêneros e cerca de 250
espécies, e Cypripedioideae, semicosmopolita (somente não ocorre na África), com
cinco gêneros e 155 espécies, são os grupos-irmãos sucessivos das demais orquidáceas e
não apresentam políneas típicas. Enquanto Vanilloideae apresenta uma única antera
fértil e pólen pastoso ou aglutinado, Cypripedioideae possui duas anteras férteis e
laterais e um estaminódio conspícuo e mediano, além do pólen pastoso ou viscoso.
As subfamílias Orchidoideae e Epidendroideae são também cosmopolitas e
constituem grupos-irmãos, ambas caracterizadas pela presença de políneas típicas,
porém, diferindo por características morfológicas da polínea e do polinário (Cameron et
al. 1999; Chase et al. 2003; Singer et al. 2008). Orchidoideae está representada por ca.
210 gêneros e 4.700 espécies, possui uma única antera fértil, e as espécies enquadradas
nas tribos Codonorchideae P.J.Cribb, Diurideae (Endl.) Lindl. e Cranichideae Lindl. ex
Meisn. (exceto Goodyerinae Klotzsch; sensu Chase et al. 2003) apresentam políneas
granulares e macias ao tato, enquanto políneas sécteis, constituídas de subunidades
denominadas mássulas, são características da tribo Orchideae Dressler & Dodson e da
subtribo Goodyerinae. Já Epidendroideae é a subfamília mais numerosa, com cerca de
1
525 gêneros e 19.785 espécies, possuindo uma antera fértil e polínea inteira, ceróide ou
cartilaginosa, não subdividida em mássulas (Chase et al. 2003; Singer et al. 2008).
A maioria das espécies da família, incluindo quase todas as epífitas, é
encontrada em áreas tropicais, especialmente as montanhosas, sendo a região
Neotropical a mais rica em orquídeas do mundo (Dressler 1981, 1993). O Brasil e o
Equador, de acordo com Dressler (1981), são apontados como os segundos países com
maior riqueza de orquídeas. Para o território brasileiro, Pabst & Dungs (1975, 1977)
assinalam ca. 191 gêneros e 2.356 espécies, porém este número foi recentemente
retificado para 2.650 por Giulietti et al. (2009), mostrando ser crescente em função de
novas espécies descritas e de novos registros de ocorrência para o país.
Apesar do crescente aumento do conhecimento, levantamentos florísticos
recentes das Orchidaceae ainda são pouco expressivos no Brasil. Para a região Sudeste,
pode-se destacar os estudos de Forster (2002), Menini Neto (2004a, b), Barbero (2007),
Menini Neto et al. (2007), Romanini & Barros (2007) e Pansarin & Pansarin (2008), e,
especificamente para o estado do Rio de Janeiro, os estudos de Miller et al. (2006),
Cunha & Forzza (2007) e Sadii (2008), realizados, respectivamente, no Parque Natural
Municipal da Prainha, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, e nos Afloramentos
Rochosos da Pedra da Gávea, que, neste caso, integram o Parque Nacional da Tijuca.
De elevada importância ornamental, a família possui inúmeros gêneros de valor
horticultural no Brasil, como por exemplo, Cattleya Lindl., Hadrolaelia (Schltr.) Chiron
& V.P.Castro, Epidendrum L. e Oncidium Sw. sensu lato. A família apresenta, também,
expressiva diversidade de táxons no estado do Rio de Janeiro, onde predominam
formações vegetacionais de Mata Atlântica. Apesar de não se dispor, ainda, de dados
qualiquantitativos publicados sobre a diversidade das orquidáceas no estado fluminense,
estimam-se em torno de 127 gêneros e 650 espécies, distribuídos em quatro subfamílias,
Vanilloideae, Cypripedioideae, Orchidoideae e Epidendroideae, com base no
levantamento feito no banco de dados JABOT (JBRJ).
Em formações de Mata Atlântica desse estado, especialmente em Unidades de
Conservação, a família apresenta grande riqueza de espécies (Pabst & Dungs 1975;
Miller & Warren 1996; Miller et al. 2006; JBRJ). Estudos recentes destacam o Parque
Nacional do Itatiaia (PARNA Itatiaia) como um importante fragmento florestal de Mata
Atlântica do Sudeste brasileiro e ressaltam a necessidade de se conhecer a riqueza dos
remanescentes florestais locais (Martinelli et al. 1989; Morim 2006; Barberena et al.
2008).
2
Para o PARNA Itatiaia, pouco se conhece atualmente sobre a riqueza de
Orchidaceae, pois as informações disponíveis correspondem aos estudos de Porto
(1915) e Brade (1956), desatualizados para os dias de hoje. A despeito do destaque
histórico da região e da importância numérica e ornamental da família, não se dispõem
ainda de uma listagem de espécies abrangente, nem de estudos taxonômicos com chaves
analíticas e descrições dos táxons levantados. Nesse contexto, objetivando diagnosticar
a atual diversidade da família nessa Unidade de Conservação, propõe-se apresentar uma
lista comentada dos táxons, abordando formas de vida, fitofisionomias de ocorrência,
dados de conservação e particularidades ecológicas. Concomitantemente, inicia-se o
estudo taxonômico da família pela subtribo Laeliinae, considerando não só a sua
representatividade na área, como também o elevado valor ornamental que a maioria das
suas espécies possui. Ambos os trabalhos visam também fornecer subsídios para a Lista
de espécies da Flora do Brasil, uma ação prevista na estratégia global para a
Conservação de Plantas (BGCI 2006) e atualmente em processo de elaboração, sob a
coordenação Geral do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Desse modo, propõe-se apresentar os resultados desse estudo sobre as
Orchidaceae no PARNA Itatiaia na forma de dois artigos, intitulados: “Diversidade das
Orchidaceae no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil” (Artigo 1) e “Estudos
taxonômicos na subtribo Laeliinae (Orchidaceae; Epidendreae) no Parque Nacional do
Itatiaia, Sudeste do Brasil” (Artigo 2).
3
Referências bibliográficas
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5
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6
Singer, R. B.; Gravendeel, B.; Cross, H. & Ramirez, S. R. 2008. The use of orchid
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7
ARTIGO 1
8
Diversidade das Orchidaceae no Parque Nacional do Itatiaia,
Sudeste do Brasil.
Felipe Fajardo Villela A. Barberena1, José Fernando A. Baumgratz2 &
Fábio de Barros3
Resumo: (Diversidade das Orchidaceae no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do
Brasil). Apresenta-se uma lista comentada de espécies de Orchidaceae no Parque
Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil, com ênfase na riqueza qualiquantitativa das
subfamílias e tribos, distribuição das espécies nas diferentes fitofisionomias, tipos de
formas de vida e particularidades sistemáticas, taxonômicas e ecológicas. São listadas
226 espécies, pertencentes a 85 gêneros, 10 tribos e 19 subtribos, abrangendo as
subfamílias Epidendroideae, Orchidoideae e Vanilloideae. Os gêneros Epidendrum (20
spp.), Habenaria (19 spp.), Octomeria (10 spp.), Acianthera (8 spp.) e Gomesa (7 spp.)
são os mais numerosos; 42 gêneros estão representados somente por uma espécie.
Registra-se pela primeira vez nessa Unidade de Conservação a ocorrência dos gêneros
Christensonella, Dendrobium e Oeceoclades, além de 21 espécies, pertencentes aos
gêneros
Baptistonia,
Brasilidium,
Bulbophyllum,
Capanemia,
Carenidium,
Christensonella, Coppensia, Dendrobium, Encyclia, Epidendrum, Gomesa, Habenaria,
Octomeria, Rodrigueziella, Pleurothallis, Prosthechea e Vanilla; e documenta-se em
herbário espécimes dos gêneros Capanemia e Encyclia, e das espécies Gomesa
planifolia (Lindl.) Klotzsch & Rchb.f., Octomeria crassifolia Lindl. e Octomeria
grandiflora Lindl.
Palavras-chave: checklist, flora, Mata Atlântica, Unidade de Conservação.
1. Parte da Dissertação de Mestrado, Escola Nacional de Botânica Tropical/JBRJ; Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, R. Pacheco Leão 2.040, 22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
([email protected])
2. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, R. Pacheco Leão 915, 22460-030, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.
3. Instituto de Botânica, Caixa Postal 3005, 01061-970 São Paulo, SP, Brasil.
9
Abstract: (Diversity of Orchidaceae in the Itatiaia National Park, Southeastern Brazil).
A checklist of the orchid species occurring in the Itatiaia National Park, Southeastern
Brazil, is presented and commented. This study emphasizes the quantitative and
qualitative richness of the subfamilies and tribes, and provides commentary on the
geographical distribution in different types of vegetation, types of life forms and some
taxonomical and ecological characteristics for the species. For the area are listed 226
species belonging to 85 genera, 10 tribes and 19 subtribes, that are distributed in the
subfamilies Epidendroideae, Orchidoideae e Vanilloideae. The genera Epidendrum (20
spp.), Habenaria (19 spp.), Octomeria (10 spp.), Acianthera (8 spp.) and Gomesa (7
spp.) are the most numerous, and 42 genera are represented by only one species. The
occurrence of the genera Christensonella, Dendrobium and Oeceoclades, and 21 species
of Baptistonia, Brasilidium, Bulbophyllum, Capanemia, Carenidium, Christensonella,
Coppensia, Dendrobium, Encyclia, Epidendrum, Gomesa, Habenaria, Octomeria,
Rodrigueziella, Pleurothallis, Prosthechea, and Vanilla are registered for the first time
for this Conservation Unit. The genera Capanemia and Encyclia, and the species
Gomesa planifolia (Lindl.) Klotzsch & Rchb.f, Octomeria crassifolia Lindl., and
Octomeria grandiflora Lindl. are documented in herbarium for the first time for this
area.
Key words: Atlantic Forest, checklist, flora, Conservation Unit.
10
Introdução
O conhecimento da riqueza florística da região foi de fato consideravelmente
ampliado e enriquecido desde que os botânicos Glaziou, em 1872, e Fernsee, em 1879,
visitaram o Altiplano do Itatiaia (IBDF 1982). Os estudos das Orchidaceae na Serra do
Itatiaia aparentemente remontam ao século XIX, quando Ule, em 1894, coletou um
exemplar de Habenaria inconspicua Cogn., material que se encontra depositado no
herbário R. A partir dessa época, vários naturalistas e pesquisadores deram continuidade
aos estudos das orquídeas na região, particularmente Porto (1915), que listou a
ocorrência de 102 espécies e nove variedades, pertencentes a 45 gêneros, e Brade
(1956), que relatou a ocorrência de 84 gêneros, 48 espécies e duas variedades. Nesses
115 anos de coletas e estudos de orquídeas, importantes resultados ampliaram o
conhecimento da flora do maciço do Itatiaia, como a descrição de 15 novas espécies,
pertencentes a 10 gêneros (Anathallis Barb.Rodr., Brasiliorchis Singer, Koehler &
Carnevali, Cleistes Rich ex Lindl., Habenaria Willd., Hapalorchis Schltr., Myoxanthus
Poepp. & Endl., Octomeria R.Br., Pelexia Poit. ex Lindl., Pleurothallopsis Porto &
Brade e Stelis Sw.), cujos exemplares-tipo encontram-se depositados no herbário RB.
Desse modo, objetivando ampliar e atualizar o conhecimento sobre a diversidade
das Orchidaceae no Parque Nacional do Itatiaia (PARNA Itatiaia) propõe-se apresentar
uma lista comentada dos táxons ocorrentes nessa Unidade de Conservação, abordando
dados sobre a distribuição das espécies nas diferentes fitofisionomias e tipos de formas
de vida, além de comentários sobre particularidades ecológicas e estados de
conservação.
Material e Métodos
Área de estudo
Em 1908, visando à criação de dois núcleos coloniais, a Fazenda Federal
adquiriu as terras que pertenciam ao Sr. Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de
Mauá; devido ao insucesso dos núcleos coloniais, as terras foram passadas para o
Ministério da Agricultura, que, em 1929, criou uma Estação Biológica subordinada ao
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Finalmente, em 1937, foi criado o Parque Nacional
do Itatiaia, a mais antiga Unidade de Conservação do Brasil, com 11.943 ha, limites
ampliados para 30.000 ha em 1982 (IBDF 1982; Mapa 1).
11
O PARNA Itatiaia situa-se geograficamente na Serra da Mantiqueira, entre os
paralelos 22°19’ e 22°45’ de latitude sul e os medianos 44°15’ e 44°50’ de longitude
oeste, abrangendo o sudoeste do estado do Rio de Janeiro, nos municípios de Resende e
Itatiaia, e sul de Minas Gerais, nos municípios de Itamonte e Bocaina de Minas. As
cotas de altitude variam de 500 m, na parte sul, com matas de encosta, até 2.789 m, nas
partes mais acidentadas do relevo, como as Agulhas Negras (Martinelli et al. 1989;
Ribeiro & Medina 2002). A vegetação da região é classificada como Floresta Ombrófila
Densa e compreende duas fitofisionomias: Floresta Montana (500-1.500 m) e Floresta
Alto-Montana ou mata nebular (acima de 1.500 m), incluindo os campos de altitude
(que geralmente são encontrados acima de 2.200 m) (Martinelli et al. 1989; Veloso et
al. 1991). Do ponto de vista fitofisionômico, o PARNA Itatiaia pode ser dividido em
duas áreas: 1) a parte baixa, onde estão localizados a sede administrativa, os hotéis e
sítios de lazer, com predominância de Florestas Montanas e Alto-Montanas e 2) a parte
alta, no Planalto, onde são encontradas, dentre outras elevações, o Morro do Couto, as
Prateleiras e o Pico das Agulhas Negras, com vegetação predominante de campos de
altitude.
Dados
adicionais
sobre
vegetação,
clima,
solo,
relevo,
geologia,
geomorfologia, hidrografia, fauna e utilização de trilhas do PARNA Itatiaia podem ser
encontrados em Magro (1997) e Morim (2006).
12
Mapa 1: Localização do Parque Nacional do Itatiaia, na Região Sudeste do Brasil (Fonte:
www.ibama.gov.br).
Listagem dos táxons
Realizou-se o levantamento bibliográfico, considerando não só obras clássicas
em taxonomia, como trabalhos de flora, listagens e estudos filogenéticos. Procedeu-se
também ao levantamento e à análise das coleções históricas e recentes, incluindo tipos e
fotos de tipos, disponíveis nos herbários HB, GUA, R, RB, RBR, RFA, RUSU, SP e
SPF (siglas de acordo com Holmgren & Holmgren 1998). Os exemplares do antigo
herbário do PARNA Itatiaia (ITA), que foram recentemente incorporados ao acervo do
RB, são tratados no presente estudo pela sigla RB/ITA, uma vez que ainda não foram
registrados no banco de dados deste herbário. Na listagem, foram incluídos todos os
espécimes ocorrentes no PARNA Itatiaia, inclusive as coleções com citação apenas de
Itatiaia, pois alguns naturalistas (p. ex. Brade e Porto) realizaram coletas em diversas
localidades que hoje integram a área do Parque.
Na área de estudo foram realizadas expedições mensais com duração média de
três dias, durante dezenove meses, no período de março/2008 a setembro/2009,
totalizando 480 horas de esforço em trabalho de campo, das quais 325 foram gastas
13
explorando as formações montanas, 70, as formações alto-montanas e 85, os campos de
altitude. Para as coletas dos exemplares utilizou-se o método de caminhamento
(Filgueiras et al. 1994), sendo os espécimes observados e georeferenciados com uso de
GPS e altímetro.
As áreas do Parque foram percorridas de maneira a cobrir a maior extensão
possível em cada expedição. Na parte baixa do Parque, foram exploradas as seguintes
localidades e arredores: Posto 1, BR-485, margens do Rio Campo Belo, Último Adeus,
Abrigo III e Prev-Fogo, Trilha do abrigo IV, Trilha Último Adeus-Campo Belo, Posto
2, Lago Azul, Lotes 25 e 50, Centro de Visitantes, Cachoeira Poranga, Maromba,
Piscina do Maromba, Cachoeira Véu da Noiva, Cachoeira Itaporani, Hotel Donati,
Trilha Hotel Donati-Hotel Simon, Hotel Simon, 3 Picos, Travessia Rui Braga (incluindo
Abrigo Lamego e Abrigo Macieiras) e Maromba (Visconde de Mauá). No Planalto,
foram explorados: Registro, Estrada Registro-Agulhas Negras, Casa de Pedra, Brejo da
Lapa, Pedra Furada, Pousada Alsene, Posto 3, Morro do Couto, Pedra do Altar, Abrigo
Rebouças, Prateleiras, Agulhas Negras, Travessia Rui Braga (incluindo o Abrigo
Massenas), Pousada dos Lobos, Serra Negra e Alto dos Brejos, e ainda diversas áreas
das localidades Visconde de Mauá, Fragária e Alagoas, que compõe parte da zona de
amortecimento do PARNA Itatiaia, além de trilhas e áreas nunca antes percorridas.
O material coletado foi herborizado segundo técnicas usuais (Guedes-Bruni et al.
2002) e depositado no herbário RB, com duplicatas no SP. Parte do material encontra-se
em cultivo ex-situ no Orquidário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Detalhes de espécimes na natureza e de particularidades do ambiente foram
registrados através de fotografias digitais.
Na análise e identificação do material foram utilizados microscópios óptico e
estereoscópico. Quando necessário, usou-se paquímetro digital ou régua para
mensuração das estruturas. Amostras florais também foram coletadas e fixadas em
etanol a 70%, a fim de facilitar a identificação do exemplar.
Os exemplares foram
identificados com base nas principais obras de referência para a taxonomia das
orquidáceas brasileiras (Rodrigues 1877, 1882; Cogniaux 1893-1896, 1898-1902, 19041906; Hoehne 1940, 1942, 1945, 1949, 1953; Pabst & Dungs 1975, 1977; Sprunger et
al. 1996) e por comparação com material de herbário identificado por especialistas. As
abreviações dos nomes dos autores dos gêneros e espécies seguiram Brummit & Powell
(1992). Para a correção dos nomes científicos, foram observadas as regras do Código
Internacional de Nomenclatura Botânica (McNeill et al. 2006).
14
Quanto à forma de vida, Pabst & Dungs (1975) classificaram as orquídeas em:
(a) aéreas; (b) epífitas e rupícolas; e (c) terrestres e de húmus. Definiram o primeiro
grupo como super-epífitas, plantas que ficam dependuradas livremente, presas ao
substrato por poucas raízes. Afirmaram que a delimitação entre o primeiro e o segundo
grupos é difícil, porém ressaltaram que as orquídeas epífitas e rupícolas apresentam
raízes firmemente fixas ao substrato, sendo esta a característica diferencial. Delimitaram
o terceiro grupo como plantas que ficam “presas ao solo e nunca sobem nas árvores”,
salvo exceções. A classificação das formas de vida seguiu estes autores, com
modificações, sendo considerados os seguintes tipos: epífita, hemiepífita, rupícola e
terrícola. Para a caracterização dos tipos de formas de vida foram feitas observações em
campo e/ou em dados contidos nas etiquetas das exsicatas. Em alguns casos específicos,
recorreu-se aos dados citados em literatura.
Utilizou-se o sistema proposto por Waechter (1992), de divisão vertical do
forófito em intervalos de 2 m (denominados “estratos”) a partir da superfície do solo,
para registrar a ocorrência das espécies epifíticas.
As espécies endêmicas da Mata Atlântica e do Brasil foram assinaladas por F.
Barros (com. pess.). A distribuição geográfica das espécies foi obtida com base nos
dados divulgados nos sítios eletrônicos do CRIA (2009), Kew Herbarium Catalogue
(2009), TROPICOS (2009), World Checklist of Selected Plants Families (2009), e
www.restinga.net (2009), além de Pabst & Dungs (1975). Foram adotados os estados de
conservação utilizados nas seguintes listas de espécies ameaçadas de extinção: Fraga &
Menezes (2000), Mendonça & Lins (2000), Mamede et al. (2007) e Simonelli & Fraga
(2007). Para a classificação da vegetação adotou-se Veloso et al. (1991) e para a
terminologia morfológica da família, Dressler (1981, 1993). Para a família Orchidaceae
utilizou-se o sistema de classificação proposto por Chase et al. (2003).
Resultados e discussão
No PARNA Itatiaia a família está representada por 226 espécies distribuídas em
85 gêneros e três subfamílias – Epidendroideae, a mais representativa, com 71 gêneros e
177 espécies, seguida de Orchidoideae, com 12 gêneros e 44 espécies, e Vanilloideae,
com dois gêneros e cinco espécies (Fig. 1; Tabela 1). Epidendrum (20 spp.), Habenaria
15
(19 spp.), Octomeria (10 spp.), Acianthera (8 spp.) e Gomesa (7 spp.) são os gêneros
mais numerosos.
Para o PARNA Itatiaia, documenta-se em herbário, pela primeira vez, a
ocorrência dos gêneros Capanemia e Encyclia, e de Gomesa planifolia (Lindl.)
Klotzsch & Rchb.f., Octomeria crassifolia Lindl. e Octomeria grandiflora Lindl., pois
Brade (1956) cita a ocorrência daqueles dois gêneros, e Porto (1915) lista a ocorrência
destas espécies para a área, sem destacar a existência de materiais testemunhos.
Registra-se pela primeira vez, para o PARNA Itatiaia, a ocorrência dos gêneros
Christensonella Szlach., Mytnik, Górniak & Smiszek, Dendrobium Sw. e Oeceoclades
Lindl., e de 21 táxons: Baptistonia lietzei (Regel) Chiron & V.P.Castro; Brasilidium
gravesianum (Rolfe) Campacci; Bulbophyllum exaltatum Lindl.; Capanemia gehrtii
Hoehne; Carenidium hookeri (Rolfe) Baptista; Christensonella acicularis (Herb. ex
Lindl.) Szlach., Mytnik, Górniak & Smiszek; Coppensia caldensis (Rchb.f.) Docha
Neto; Dendrobium nobile Lindl.; Encyclia patens Hook.; Epidendrum ecostatum Pabst;
Epidendrum henschenii Barb.Rodr.; Epidendrum pseudodifforme Hoehne & Schltr.;
Gomesa recurva R.Br.; Habenaria sp.; Octomeria chamaeleptotes Rchb.f.; Octomeria
linearifolia Barb.Rodr.; Octomeria sp.; Rodrigueziella handroi (Hoehne) Pabst,
Pleurothallis mentigera Kraenzl., Prosthechea pachysepala (Klotzsch) Chiron &
V.P.Castro e Vanilla sp. Registra-se, também, a ocorrência de Octomeria aff.
hatschbachii Schltr. para o Maciço do Itatiaia, pois o espécime Barberena 174 foi
coletado na estrada para a Fragária, zona de amortecimento do Parque.
As novas ocorrências de gêneros para o PARNA Itatiaia devem-se a fatores
diversos, conforme pode ser observado nos comentários de Christensonella acicularis,
Dendrobium nobile e Oeceoclades maculata.
Christensonella acicularis é endêmica da Mata Atlântica e, no Parque, vegeta
próxima de cursos d’água, em paredões rochosos ou como epífita, em forófitos em
penhascos, a cerca de 1.100 m de altitude.
Ressalta-se a ocorrência inesperada de Dendrobium nobile, uma espécie asiática
e introduzida no Parque, possivelmente pelos próprios moradores locais, devido ao seu
elevado valor ornamental e à fácil propagação vegetativa. A espécie, até o momento,
está restrita às formações montanas, ocorrendo em diferentes localidades do Parque,
sempre em áreas antropizadas e comumente vegetando nos estratos mais basais do
forófito (0-2 m e 2-4 m alt.).
16
Porto (1915) lista a ocorrência de Oeceoclades maculata Lindl. (Lindl.) para a
Serra do Itatiaia, como sinônimo de Eulophidium maculatum Pfitz. Entretanto, para a
área, essa espécie é documentada em herbário pela primeira vez, assim como o gênero
Oeceoclades Lindl. Esta espécie é cosmopolita (TROPICOS 2009) e popularmente
considerada uma praga entre as orquídeas, pois ocorre nos mais diversos ecossistemas,
incluindo remanescentes florestais de Mata Atlântica e restinga, porém freqüentemente
em áreas antropizadas. A espécie é facilmente reconhecida mesmo em estado
vegetativo, pois suas folhas se assemelham às de Sansevieria trifasciata Prain
(Liliaceae), popularmente conhecida como espada-de-são-jorge, possuindo, entretanto,
tamanho menor. Destaca-se também que O. maculata se auto-poliniza com facilidade,
conforme constatado durante visitas a área de estudo, o que provavelmente contribui
para sua ampla dispersão.
Além de novas ocorrências, 56 espécies, correspondendo a 33 gêneros, foram
recoletadas e cerca de 20 espécimes foram incorporados à coleção viva e permanecem
em cultivo ex-situ no Orquidário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Entre as espécies levantadas para a área de estudo, 77 são exclusivamente
epífitas, 24 são exclusivamente terrestres, 12 são exclusivamente rupícolas e somente
uma, Vanilla sp., é hemi-epífita. 19 espécies podem apresentar mais de uma forma de
vida, dentre as quais, 10 podem ocorrer como epífitas e rupícolas, sete como terrestres e
rupícolas, Hapalorchis lineatus (Lindl.) Schltr. ocorre como epífita e terrestre e somente
Epidendrum secundum Jacq. pode ser encontrada sob as três formas de vida (Tabela 1).
Entretanto, muitas das espécies de Orchidaceae que ocorrem no PARNA Itatiaia são
pouco documentadas em herbários ou não são recoletadas há décadas, de modo que
informações sobre forma de vida de alguns táxons inexistem. Este fato é observado para
93 táxons (Tabela 1).
Verifica-se que 108 espécies são endêmicas da Mata Atlântica, das quais 98 são
também endêmicas do Brasil (Tabela 1). As demais espécies apresentam uma
diversidade de habitats maior, ocorrendo não somente em formações florestais
Ombrófilas de Mata Atlântica, mas também em restingas, mangues, afloramentos
rochosos, na Floresta Amazônica e/ou no Cerrado.
No PARNA Itatiaia, a maioria das espécies (62%) se restringe às Florestas
Montanas, justificando o maior esforço de coleta nesta fitofisionomia, 14% são
exclusivas das Florestas Alto-Montanas, 4% ocorrem em ambas as fitofisionomias e 5%
somente vegetam nos campos de altitude.
17
Na área de estudo, algumas espécies ocorrem em duas fitofisionomias.
Coppensia blanchetii (Rchb.f.) Campacci (Fig. 1c), Cyclopogon apricus (Lindl.) Schltr.
e Habenaria paranaensis Barb.Rodr. (Fig. 1e), apesar de ocorrerem predominantemente
nos campos de altitude, também podem ser encontradas nas Florestas Alto-Montanas, e
Habenaria montevidensis Spreng. e Habenaria parviflora Lindl. ocorrem tanto nas
Florestas Montanas quanto nos campos de altitude. Destaca-se ainda Cranichis candida
Cogn., com distribuição nas Florestas Montanas, Alto-Montanas e nos enclaves de
Florestas Alto-Montanas inseridos nos campos de altitude, e Hadrolaelia mantiqueirae
(Fowlie) Fowlie, que se distribui pelas Florestas Alto-Montanas e também em enclaves
de Florestas Alto-Montanas encontrados nos campos de altitude. Para cerca de 12% dos
táxons inexistem informações sobre as fitofisionomias nas quais ocorrem (Tabela 1).
Do total de espécies, 46 são citadas em pelo menos uma Lista Vermelha para a
Região Sudeste, sob diversos estados de conservação: EW (Presumivelmente Extinta na
Natureza), EX (Presumivelmente Extinta), CR (Criticamente em Perigo), EN (Em
Perigo), VU (Vulnerável), e seis são citadas em listas complementares, com categorias
duvidosas, que evidenciam espécies “quase ameaçadas” ou “presumivelmente
ameaçadas” (Tabela 2). Dentre essas espécies, pode-se destacar: (a) recoleta de
Carenidium concolor (Hook.) Baptista (Fig. 1b) nas proximidades da Pousada do Lobo,
em Itamonte (MG), sendo apontada como Criticamente em Perigo (CR) para Minas
Gerais, devido à ausência de coletas recentes, e como Presumivelmente Extinta (EX) no
estado de São Paulo, onde não se têm novos registros nos últimos 50 anos, inclusive em
condições ex-situ; (b) o primeiro registro de Epidendrum henschenii Barb.Rodr. (Fig.
1d) na área, uma espécie considerada Vulnerável (VU) no estado de São Paulo.
Alguns espécimes de Habenaria Willd., Lankesterella Ames, Octomeria R. Br.,
Notylia Lindl., Stanhopea Frost ex Hook., Stelis Sw. e Vanilla Mill. ainda necessitam de
estudos morfológicos mais detalhados, razão pela qual estão identificados, no momento,
somente em nível de gênero.
Em relação à primeira lista de espécies de Orchidaceae para a Serra do Itatiaia
(Porto 1915), foram excluídos 86 táxons (Tabela 3), dos quais, 38 por serem atualmente
considerados sinônimos e 48 por não estarem relacionados a qualquer exsicata
documentada em herbário e não terem sido observados espécimes em campo. Além
destes, Galeandra sp. e Stelis ophioglossoides Sw., citadas na primeira listagem, foram
tratadas, respectivamente, como Galeandra beyrichii Rchb.f e Stelis sp. no presente
estudo (Tabela 2).
18
Bifrenaria melanopoda Klotzsch não consta no levantamento de Porto (1915).
Apesar de sua ocorrência para o PARNA Itatiaia estar documentada no herbário RB,
esta espécie também foi excluída, tendo em vista que Koehler (2001), em um estudo
recente sobre o complexo Bifrenaria Lindl., considerou-a como um táxon duvidoso.
Considerações finais
Para a elaboração da lista de espécies foram realizadas coletas recentes na área
de estudo, consultas à bibliografia pertinente e às coleções completas de 10 herbários da
região Sudeste, resultando na análise de 832 exsicatas, sendo o herbário RB, o de maior
coleção de Orchidaceae para o PARNA Itatiaia, com 456 exsicatas, seguido pelo HB
(112), RB/ITA (99), R (90), SP (23), GUA (21), RFA (18), RBR (9) e SPF (4).
Dessa forma, o levantamento das Orchidaceae do PARNA Itatiaia possibilitou
evidenciar uma expressiva diversidade da família, 85 gêneros e 226 espécies. Em
relação aos dados pretéritos disponíveis, o conhecimento em termos de táxons foi
ampliado em mais de 50%, pois Porto (1915) listou 40 gêneros e 111 táxons para a
Serra do Itatiaia. A lista atual, a primeira para o PARNA Itatiaia, possui uma
abrangência maior de táxons, sendo 9% das espécies (21 spp.) correspondentes a novos
registros para a área. O aumento substancial no número de táxons pode ser explicado,
principalmente, pela coleta de espécimes em localidades pouco exploradas e/ou de
difícil acesso e ao esforço de coleta (480 horas de trabalho de campo).
Através da presente listagem, as informações presentes nas etiquetas dos
espécimes analisados tornam-se de domínio público, permitindo destacar dados de
extrema relevância para o conhecimento das espécies, como fitofisionomias, altitudes e
localidades em que ocorrem. Em sua maioria (63%, correspondendo a 139 spp.), as
espécies estão restritas às Florestas Montanas, compreendendo a faixa altitudinal que
varia de 500 a 1.500 m de altitude, e apenas 13% (29 spp.) e 5% (11 spp.) são restritas,
respectivamente, à Floresta Alto-Montana (acima de 1.500 m de altitude) e aos campos
de altitude (comumente acima de 2.200 m). Para as demais espécies inexistem dados
sobre as fitosionomias na qual vegetam ou ocorrem em mais de uma formação
vegetacional.
O presente estudo proporciona também a ampliação do conhecimento sobre as
espécies ocorrentes nos campos de altitude, pois fornece dados qualiquantitativos, com
19
base na lista atualizada de espécies, que permite destacar a ocorrência de 17 táxons.
Para o Maciço do Itatiaia, o levantamento realizado possibilita evidenciar ainda a
ocorrência de elevado número de espécies endêmicas da Mata Atlântica, 108 spp., o que
representa quase a metade das espécies levantadas. Apesar da expressiva diversidade de
orquídeas, no PARNA Itatiaia não foi encontrada qualquer espécie endêmica da flora
fluminense.
Ainda assim, a riqueza da família na área e a ocorrência de 46 espécies citadas
em Listas Vermelhas permite assinalar a importância de ecossistemas montanhosos da
Região Sudeste, do bioma Mata Atlântica e, mais especificamente desta Unidade de
Conservação, para a preservação de inúmeras espécies de Orchidaceae. Desse modo,
através de informações como tipos de fitofisionomias, altitudes e localidades em que as
espécies são encontradas, são fornecidos relevantes subsídios para que os gestores e
pesquisadores desenvolvam políticas e/ou estratégias de manejo para essa área e outras
similares, legalmente protegidas ou não.
20
Tabela 1: Lista das Orchidaceae ocorrentes no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil, destacando a subfamília, tribo, subtribo, forma de vida, fitofisionomia e espécime-testemunho, com a
respectiva sigla do herbário (Tribo: ? = Posicionamento incerto, CI = classificação inexistente; Subtribo: CI = classificação inexistente; Forma de vida: DA = dados ausentes, E = epífita, HE = hemi-epífita,
R = rupícola, T = terrícola; Fitofisionomia: CA = campo de altitude, DA = dados ausentes, EFAM = enclave de Floresta Alto-Montana, FM = Floresta Montana, FAM = Floresta Alto-Montana). Os novos
registros para o PARNA Itatiaia estão destacados com o símbolo # e as espécies documentadas em herbário, pela primeira vez, para o PARNA do Itatiaia, com o símbolo $. Espécies recoletadas em 20082009 estão marcadas com um asterisco (*). Espécies endêmicas da Mata Atlântica e do Brasil estão assinaladas com o símbolo (€; β) e espécies endêmicas da Mata Atlântica, mas que ocorrem também na
Argentina e/ou no Paraguai, com o símbolo (€).
Subfamília
Tribo
Subtribo
Forma de
vida
Acianthera capanemae (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
A.C.Brade 14623 (RB)
Acianthera cryptophoranthoides (Loefgr.) F.Barros *
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 54 (RB)
Acianthera luteola (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM
A.C.Brade 14625 (RB)
Acianthera prolifera (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
R
DA
P.C.Porto 4 (RB)
Acianthera saundersiana (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase *
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E/R
FM
F.F.V.A.Barberena 10 (RB)
Acianthera sonderana (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase *
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FAM
F.G.Briegen s.n. (HB 58108)
Acianthera teres (Lindl.) Borba
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FM
A.C.Brade 17212 (RB)
Acianthera tricarinata (Poepp. & Endl.) Pridgeon & M.W.Chase
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM
A.C.Brade 14624 (RB)
Anathallis adenochila (Loefgr.) F.Barros *
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
G.F.J.Pabst et al. 8899 (HB)
Anathallis linearifolia (Cogn.) Pridgeon & M.W.Chase
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FAM
A.C.Brade 14047 (RB)
Anathallis rubens (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase *
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena et al. 5 (RB)
Anathallis sclerophylla (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase *
Táxons
Fitofisionomia
Material testemunho
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 82 (RB)
Aspidogyne bidentifera (Schltr.) Garay
Orchidoideae
Cranichideae
Goodyerinae
DA
FAM
A.C.Brade 18906 (RB)
Aspidogyne commelinoides (Barb.Rodr.) Garay
Orchidoideae
Cranichideae
Goodyerinae
R/T
FM (€; β)
A.C.Brade 20232 (RB)
Aspidogyne lindleyana (Cogn.) Garay
Orchidoideae
Cranichideae
Goodyerinae
DA
FM
A.C.Brade 17214 (RB)
Baptistonia lietzei (Regel) Chiron & V.P.Castro #
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM
F.F.V.A.Barberena 56 (RB)
Baptistonia pubes (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM
P.C.Porto 1037 (RB)
Baptistonia truncata (Pabst) Chiron & V.P.Castro
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM (€; β)
A.C.Brade 17183 (RB)
Barbosella gardneri (Lindl.) Schltr.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
A.C.Brade 17156 (HB)
Barbosella miersii (Lindl.) Schltr.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
P.G.Windisch s.n. (HB 60577)
Bifrenaria harrisoniae (Hook.) Rchb.f. *
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
E
FM
F.F.V.A.Barberena 70 (RB)
Bifrenaria racemosa Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto 22 (RB)
Bifrenaria stefanae V.P.Castro
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
R
FM (€; β)
A.C.Brade 20231 (RB)
21
Bifrenaria vitellina (Lindl.) Lindl. *
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 98 (RB)
Brasilidium crispum (Lodd. ex Lindl.) Campacci
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 14865)
Brasilidium gravesianum (Rolfe) Campacci #
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM
F.F.V.A.Barberena 72 (RB)
Brasilidium marshallianum (Rchb.f.) Campacci
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 261970)
Brasiliorchis barbosae (Loefgr.) R.Singer, S.Koehler & Carnevali
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
R
FM (€; β)
A.C.Brade 14630 (RB)
Brasiliorchis gracilis (G.Lodd.) R.Singer
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
DA €; β)
C.M.Chaves 14 (GUA)
Brasiliorchis marginata (Lindl.) R.Singer, S.Koehler & Carnevali
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
DA (€; β)
P.C.Porto (RB/ITA 512)
Brasiliorchis picta (Hook.) R.Singer, S.Koehler & Carnevali *
Brasiliorchis ubatubana (Hoehne) R.Singer, S.Koehler &
Carnevali
Bulbophyllum atropurpureum Barb.Rodr.
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
FM (€)
Sick s.n. (RB 84189)
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
DA (€; β)
P.C.Porto 46 (RB)
Epidendroideae
?
Dendrobiinae
E
DA (€; β)
M.Kirizawa 3432 (SP)
Bulbophyllum exaltatum Lindl. #
Epidendroideae
?
Dendrobiinae
E
FM
F.F.V.A.Barberena 36 (RB)
Bulbophyllum napellii Lindl.
Epidendroideae
?
Dendrobiinae
E
FAM (€)
A.C.Brade s.n. (RB/ITA 433)
Camaridium micranthum M.A.Blanco
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 16151)
Camaridium ochroleucum Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
R
FAM
V.F.Ferreira 228 (RB)
Campylocentrum lansbergii (Rchb.f.) Schltr.
Epidendroideae
Vandeae
Angraecinae
DA
FM
A.C.Brade s.n. (HB 2623)
Campylocentrum sellowii (Rchb.f.) Rolfe
Epidendroideae
Vandeae
Angraecinae
E
FM
Azevedo 201 (RB)
Capanemia gehrtii Hoehne
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM
F.F.V.A.Barberena 191 (RB)
Carenidium concolor (Hook.) Baptista *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FAM
F.F.V.A.Barberena 50 (RB)
Carenidium hookeri Rolfe (Baptista) #
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FAM
F.F.V.A.Barberena 122 (RB)
Carenidium raniferum (Lindl.) Baptista
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
DA
P.G.Windisch s.n. (HB 60581)
Cattleya bicolor Lindl.
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM
P.C.Porto 67 (RB)
Cattleya schofieldiana Rchb.f.
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto 68 (RB)
Centroglossa tripollinica Barb.Rodr.
Christensonella acicularis (Herb. ex Lindl.) Szlach., Mytnik,
Górniak & Smiszek #
Cirrhea loddigesii Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM (€; β)
A.C.Brade 17336 (RB)
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
E/R
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 71 (RB)
Epidendroideae
Cymbidieae
Stanhopeinae
DA
FM (€; β)
G.F.J.Pabst s.n. (HB 3135)
Cleistes gracilis (Barb.Rodr.) Schltr. *
Vanilloideae
Pogonieae
Pogoniineae
DA
FM
P.C.Porto s.n. (RB/ITA 438)
Cleistes itatiaiae Pabst
Vanilloideae
Pogonieae
Pogoniineae
T
FM/FAM
P.C.Porto 2811 (RB)
Cleistes lepida (Rchb.f.) Schltr.
Vanilloideae
Pogonieae
Pogoniineae
DA
DA
A.L.V.Toscano de Brito 20 (HB)
22
Coppensia blanchetii (Rchb.f.) Campacci *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
T
CA/FAM
H.E.Strang 258 (GUA)
Coppensia caldensis (Rchb.f.) Docha Neto #
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
T
CA (€; β)
F.F.V.A.Barberena 153 (RB)
Coppensia doniana (Batem. ex W.Baxter) Campacci *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
T
CA (€; β)
Coppensia montana (Barb.Rodr.) Campacci *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
T
CA
Coppensia ramosa (Lindl.) Campacci *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
T
CA
J.C.Lindeman & J.H.deHass
5196 (SP)
Prof.F.Merzmueller s.n. (HB
42532)
F.Segadas-Viana 763 (HB)
Coppensia warmingii (Rchb.f.) Campacci *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
T
FAM
A.C.Brade 17398 (RB)
Cranichis candida Cogn. *
Orchidoideae
Cranichideae
Cranichidinae
R/T
FM/FAM/EFAM
Cyclopogon apricus (Lindl.) Schltr.
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
DA
CA/FAM
Cyclopogon dusenii Schltr.
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
DA
DA (€; β)
P.Occhioni 902 (RFA)
H.Strang 823 & A.Castellanos
26113 (HB)
Sem coletor (RB 182267)
Cyclopogon elatus (Sw.) Schltr.
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
R
FM
A.C.Brade 12711 (RB)
Cyclopogon itatiaiensis (Kraenzl.) Hoehne
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
DA
FM/FAM
A.C.Brade 21227 (RB)
Dendrobium nobile Lindl. #
Epidendroideae
?
Dendrobiinae
E/R
FM
F.F.V.A.Barberena 195 (RB)
Dichaea anchorifera Cogn.
Epidendroideae
Cymbidieae
Zygopetalinae
DA
FM (€; β)
A.C.Brade 17174 (RB)
Dichaea cogniauxiana Schltr. *
Epidendroideae
Cymbidieae
Zygopetalinae
E
FM (€; β)
P.C.Porto 1626 (RB)
Dichaea pendula (Aubl.) Cogn. *
Epidendroideae
Cymbidieae
Zygopetalinae
E/R
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 11 (RB)
Dryadella edwallii (Cogn.) Luer *
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM/FAM (€; β)
A.C.Brade 18005 (RB)
Elleanthus brasiliensis Rchb.f. *
Epidendroideae
Sobralieae
CI
E/R
FM
G.Martinelli 3214 (HB)
Elleanthus linifolius C. Presl
Epidendroideae
Sobralieae
CI
DA
FAM
A.C.Brade 17302 (RB)
Encyclia patens Hook. #
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E/R
FM
F.F.V.A.Barberena 35 (RB)
Epidendrum armeniacum Lindl. *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FM
F.F.V.A.Barberena 62 (RB)
Epidendrum avicula Lindl.
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
R
FM (€; β)
Epidendrum chlorinum Barb.Rodr. *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FM/FAM (€; β)
Epidendrum cooperianum Bateman
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FAM
Epidendrum ecostatum Pabst #
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FM (€; β)
A.C.Brade 17199 (RB)
F.F.V.A.Barberena et al. 197
(RB)
L.J.T.Cardoso & I. Aximoff 190
(RB)
F.F.V.A.Barberena 79 (RB)
Epidendrum filicaule Lindl. *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FM (€; β)
P.C.Porto 27A (RB)
Epidendrum henschenii Barb.Rodr. #
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FM
F.F.V.A.Barberena 43 (RB)
Epidendrum latilabre Lindl.
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM
A.J.Sampaio 4150 (R)
23
Epidendrum mantiqueiranum Porto & Brade
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FAM
A.C.Brade 14652 (RB)
Epidendrum ochrochlorum Barb.Rodr. *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FM
A.C.Brade 17184 (RB)
Epidendrum paranaense Barb.Rodr. *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E/R
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 32 (RB)
Epidendrum proligerum Barb.Rodr.
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto 1044 (RB)
Epidendrum pseudodifforme Hoehne & Schltr. #
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 20 (RB)
Epidendrum ramosum Jacq. *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E/R
FM
A.C.Brade s.n. (RB 260801)
Epidendrum rigidum Jacq.
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM
P.C.Porto 72 (RB 8145)
Epidendrum saxatile Lindl.
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM
L.Lanstyack 143 (RB)
Epidendrum secundum Jacq. *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E/R/T
FM/FAM
F.F.V.A.Barberena et al. 3 (RB)
Epidendrum strobiliferum Rchb.f.
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM
A.C.Brade s.n. (RB 260802)
Epidendrum tridactylum Lindl. *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FM
A.C.Brade 17198 (RB)
Epidendrum vesicatum Lindl.
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM (€; β)
Eulophia alta (L.) Fawc. & Rendle *
Epidendroideae
Cymbidieae
Eulophiinae
T
FM
Eurystyles actinosophila (Barb.Rodr.) Schltr.
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
E
FM
P.Dusén 720 (R)
F.F.V.A.Barberena & M.Torres
29 (RB)
A.C.Brade 18014 (RB)
Eurystyles cogniauxii (Kraenzl.) Schltr.
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
E
FM
Eurystyles cotyledon Wawra
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
E
DA
Galeandra beyrichii Rchb.f.
Epidendroideae
Cymbidieae
Catasetinae
DA
DA
P.C.Porto 795 (RB)
A.L.V.Toscano de Brito s.n.
(HB 75634)
V.F.Mansano 209 (RB)
Gomesa chrysostoma Hoffmanns.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
DA
A.C.Brade 14628 (RB)
Gomesa crispa (Lindl.) Klotzsch ex Rchb.f.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM
L.Freitas 917 (RB)
Gomesa glaziovii Cogn. *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
R
FM (€; β)
G.F.J.Pabst s.n. (HB 2604)
Gomesa laxiflora Klotzsch & Rchb.f.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM (€; β)
G.F.J.Pabst et al. 8929 (HB)
Gomesa planifolia (Lindl.) Klotzsch & Rchb.f. $
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM (€)
F.F.V.A.Barberena et al. 8 (RB)
Gomesa recurva R.Br. #
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM (€)
F.F.V.A.Barberena 169 (RB)
Gomesa sessilis Barb.Rodr. *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM (€; β)
P.C.Porto 1655 (HB)
Govenia utriculata (Sw.) Lindl.
Epidendroideae
Calypsoeae
CI
T
DA
A.C.Brade 17153 (RB)
Grandiphyllum edwallii (Cogn.) DochaNeto
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
DA (€)
J.F.Zikán s.n. (SP 27433)
Grandiphyllum pohlianum (Cogn.) DochaNeto
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 419214)
Grandiphyllum sphegiferum (Lindl.) DochaNeto
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
DA (€; β)
Fr.NestorWelter 68 (HB)
24
Grobya amherstiae Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Catasetinae
DA
DA
A.C.Brade s.n. (RB 260693)
Grobya galeata Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Catasetinae
DA
FAM (€; β)
Habenaria armata Rchb.f.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
T
CA
Habenaria edentula Schltr.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
DA
DA
P.C.Porto 1060 (RB)
E.Fromm 154 & E.Santos 179
(HB)
P.C.Porto 1001 (RB)
Habenaria floribunda Lindl.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
DA
FM
P.C.Porto 1907 (RB)
Habenaria inconspicua Cogn.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
DA
DA
E.Ule 278 (HB)
Habenaria itatiayae Schltr. *
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
DA
CA
A.C.Brade 14427 (RB)
Habenaria johannensis Barb.Rodr.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
T
FM
L.Lanstyack s.n. (RB 53109)
Habenaria josephensis Barb.Rodr.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
T
FM (€)
L.Lanstyack s.n. (RB 53108)
Habenaria macronectar (Vell.) Hoehne
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
DA
DA
P.C.Porto 1522 (SP)
Habenaria melanopoda Hoehne & Schltr.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
DA
CA
A.C.Brade 15681 (RB)
Habenaria montevidensis Spreng.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
DA
CA/FM
P.C.Porto 1753 (RB)
Habenaria nemorosa Barb.Rodr.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
T
FM
A.C.Brade s.n. (RB 62320)
Habenaria paranaensis Barb.Rodr. *
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
R/T
CA/FAM
Habenaria parviflora Lindl. *
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
T
CA/FM
Habenaria repens Nutt.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
T
FM/FAM
A.Jouy 1293 (SPF)
E.Pereira 7553 & C.Pereira 21
(HB)
P.C.Porto 993 (SP)
Habenaria riedelii Cogn.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
T
FM/FAM (€; β)
P.C.Porto 1022 (RB)
Habenaria rolfeana Schltr. *
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
R/T
CA
A.C.Brade 15680 (RB)
Habenaria subviridis Hoehne & Schltr.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
DA
FAM
A.C.Brade 15679 (HB)
Habenaria umbraticola Barb.Rodr.
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
DA
FAM (€; β)
A.C.Brade 18015 (RB)
Habenaria sp. #
Orchidoideae
Orchideae
Orchidinae
T
FAM
F.F.V.A.Barberena 119 (RB)
Hadrolaelia coccinea (Rchb.f.) Chiron & V.P.Castro *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FAM (€)
A.C.Brade 17251 (RB)
Hadrolaelia crispa (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 206766)
Hadrolaelia mantiqueirae (Fowlie) Fowlie *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FAM/EFAM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 48 (RB)
Hadrolaelia perrinii (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 8193)
Hadrolaelia purpurata (Lindely & Paxton) Chiron & V.P.Castro
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 206768)
Hapalorchis lineatus (Lindl.) Schltr.
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
E/T
FM
G.F.J.Pabst et al. 8931 (HB)
Hapalorchis pauciflorus Porto & Brade
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
R
FM (€; β)
A.C.Brade 12580 (RB)
25
Heterotaxis brasiliensis (Brieger & Illg) F.Barros *
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
R
FM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 8156)
Isabelia virginalis Barb.Rodr.
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM
A.C.Brade s.n. (HB 2590)
Isochilus linearis (Jacq.) R.Br. *
Epidendroideae
Epidendreae
Ponerinae
E/R
FM
F.F.V.A.Barberena 34 (RB)
Kleberiella longipes (Lindl.) V.P.Castro & Catharino *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM
P.C.Porto 650 (RB)
Lankesterella sp.
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
E
FM
J.M.A.Braga 3464 (RB)
Liparis nervosa (Thunb. ex Murray) Lindl. *
Epidendroideae
Malaxideae
CI
R/T
FM/FAM
F.F.V.A.Barberena et al. 2 (RB)
Malaxis cogniauxiana (Schltr.) Pabst
Epidendroideae
Malaxideae
CI
T
FAM (€; β)
P.Occhioni 8710 (RFA)
Masdevallia infracta Lindl. *
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
P.C.Porto 1597 (RB)
Maxillaria leucaimata Barb.Rodr.
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
FM
P.C.Porto 1660 (RB)
Maxillaria lindleyana Schltr. *
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
E
FM (€; β)
P.C.Porto 1674A (RB)
Maxillaria ochroleuca Lodd. ex Lindl. *
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
E
FM
P.C.Porto 1659 (RB)
Maxillaria porrecta Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
FM (€; β)
G.F.J.Pabst s.n. (HB 2576)
Maxillariella robusta (Barb.Rodr.) M.A.Blanco & Carnevali
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
FM
Fr.NestorWelter 63 (HB)
Mesadenella cuspidata (Lindl.) Garay
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
DA
FM
P.C.Porto 1047 (RB)
Mesospinidium jucudum Rchb.f.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM
A.C.Brade 14019 (RB)
Miltonia regnellii Rchb.f.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
DA (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 10273)
Miltonia spectabilis Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 14497)
Mormolyca rufescens (Lindl.) M.A.Blanco
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
FM
P.C.Porto 4344 (RB)
Myoxanthus punctatus (Barb.Rodr.) Luer
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
DA (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 28813)
Myoxanthus spilanthus (Barb.Rodr.) Luer
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FM
P.C.Porto s.n. (RB 14618)
Notylia sp.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM
P.C.Porto 1046 (RB)
Octomeria anceps Porto & Brade
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FAM (€; β)
A.C.Brade s.n. (RB 28536)
Octomeria chamaeleptotes Rchb.f. #
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FAM (€)
F.F.V.A.Barberena 172 (RB)
Octomeria crassifolia Lindl. $
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM
F.F.V.A.Barberena 80 (RB)
Octomeria cucullata Porto & Brade
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FAM (€; β)
A.C.Brade 15683 (RB)
Octomeria grandiflora Lindl. $
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM
F.F.V.A.Barberena 30 (RB)
Octomeria itatiaiae Brade & Pabst
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FAM (€; β)
A.C.Brade 15684 (RB)
Octomeria juncifolia Barb.Rodr.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FAM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 8269)
Octomeria linearifolia Barb.Rodr. #
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 74 (RB)
26
Octomeria ochroleuca Barb.Rodr.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FAM (€; β)
L.Lanstyack s.n. (RB 28537)
Octomeria sp. #
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FAM
F.F.V.A.Barberena 51 (RB)
Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Eulophiinae
T
FM
F.F.V.A.Barberena 94 (RB)
Ornithidium pendens (Pabst) Senghas
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
FM
P.C.Porto 850 (RB)
Pabstia jugosa (Lindl.) Garay
Epidendroideae
Cymbidieae
Zygopetalinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto 1104 (RB)
Pabstiella hians (Lindl.) Luer
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto 387 (RB)
Pabstiella hypnicola (Lindl.) Luer *
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 40 (RB)
Pabstiella pellifeloides (Barb.Rodr.) Luer
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
DA (€; β)
A.C.Brade 5075 (RB)
Pelexia itatiaiae Schltr. *
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
T
CA
F.F.V.A.Barberena 23 (RB)
Pelexia novofriburgensis (Rchb.f.) Garay
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
DA
FM
Altamiro & Walter 75 (RB)
Phloeophila echinanta (Barb.Rodr.) Hoehne & Schltr.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM
V.F.Ferreira 153 (RB)
Phymatidium delicatulum Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM (€; β)
IGN s.n. (RB 88231)
Phymatidium falcifolium Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM (€; β)
A.C.Brade 17532 (RB)
Phymatidium hysteranthum Barb.Rodr.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM
A.C.Brade 1400 (HB)
Phymatidium mellobarretoi L.O.Williams & Hoehne
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FAM (€; β)
A.C.Brade 15687 (RB)
Pleurothallis mentigera Kraenzl. #
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FAM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 131 (RB)
Pleurothallis tigridens Loefgr.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FM (€; β)
A.C.Brade s.n. (HB 2670)
Pleurothallopsis nemorosa (Barb.Rodr.) Porto & Brade
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FAM (€; β)
L.Lanstyack s.n. (RB 28232)
Polystachya caespitosa Barb.Rodr.
Epidendroideae
Vandeae
Polystachyinae
DA
DA
P.C.Porto 203 (RB)
Polystachya estrellensis Rchb.f. *
Epidendroideae
Vandeae
Polystachyinae
DA
FM
H.Monteiro 114 (RBR)
Prescottia glazioviana Cogn.
Orchidoideae
Cranichideae
Cranichidinae
R
FM (€; β)
G.F.J.Pabst et al. 8907 (HB)
Prescottia leptostachya Lindl.
Orchidoideae
Cranichideae
Cranichidinae
R
FAM (€; β)
D.R.Hunt 6424 (HB)
Prescottia microrhiza Barb.Rodr.
Orchidoideae
Cranichideae
Cranichidinae
DA
FM (€)
G.F.J.Pabst et al. 8909 (HB)
Prescottia montana Barb.Rodr.
Orchidoideae
Cranichideae
Cranichidinae
R/T
CA
F.F.V.A.Barberena 112 (RB)
Prescottia oligantha (Sw.) Lindl.
Orchidoideae
Cranichideae
Cranichidinae
T
FM
Prescottia phleoides Lindl.
Orchidoideae
Cranichideae
Cranichidinae
DA
CA
Promenaea xanthina Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Zygopetalinae
E
FM (€; β)
C.O.Azevedo 203 (RB)
E.Fromm 154-A & E.Santos
179-A (HB)
A.C.Brade 17538 (RB)
Prosthechea allemanoides (Hoehne) W.E.Higgins *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 64 (RB)
Prosthechea calamaria (Lindl.) W.E.Higgins
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
DA
P.C.Porto 23 (RB)
27
Prosthechea fragrans (Sw.) W.E.Higgins
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
DA
FM
P.C.Porto s.n. (RB 8153)
Prosthechea pachysepala (Klotzsch) Chiron & V.P.Castro #
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 85 (RB)
Psilochilus modestus Barb.Rodr.
Epidendroideae
Triphoreae
Triphorinae
DA
FM
A.C.Brade 17537 (RB)
Rhetinantha cerifera (Barb.Rodr.) M.A.Blanco *
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 38 (RB)
Rhinocidium longicornu (Mutel) Baptista *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FAM
L.Lanstyack s.n. (RB 35121)
Rodrigueziella doeringii (Hoehne) Pabst
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM (€; β)
A.C.Brade s.n. (HB 2708)
Rodrigueziella gomezoides (Barb.Rodr.) Berman *
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM/FAM (€; β)
F.F.V.A.Barberena et al. 6 (RB)
Rodrigueziella handroi (Hoehne) Pabst #
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena 75 (RB)
Rodrigueziopsis microphyta (Barb.Rodr.) Schltr.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto 1042 (RB)
Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay *
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
T
FM
F.F.V.A.Barberena 66 (RB)
Sauroglossum nitidum (Vell.) Schltr. *
Orchidoideae
Cranichideae
Spiranthinae
R/T
FM
P.C.Porto 1815 (RB)
Scaphyglottis modesta (Rchb.f.) Schltr. *
Epidendroideae
Epidendreae
Laeliinae
E/R
FM
F.F.V.A.Barberena 12 (RB)
Specklinia grobyi (Batem. ex Lindl.) F.Barros
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM
A.C.Brade 15080 (RB)
Specklinia pleurothalloides (Cogn.) Luer
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FAM (€; β)
A.C.Brade 17526 (RB)
Specklinia uniflora (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
DA (€; β)
P.G.Windisch s.n. (HB 60578)
Stanhopea sp.
Epidendroideae
Cymbidieae
Stanhopeinae
E
FM
A.C.Brade s.n. (RB 46590)
Stelis aprica Lindl.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM (€; β)
A.C.Brade s.n. (RB 26149)
Stelis catharinensis Lindl.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
DA
Fr.NestorWelter 89 (HB)
Stelis deregularis Barb.Rodr.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FM (€; β)
A.C.Brade 17228 (RB)
Stelis itatiayae Schltr.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto 652 (HB)
Stelis megantha Barb.Rodr.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
E
FM
A.C.Brade 17195 (RB)
Stelis sp.
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FM
Trichosalpinx pterophora (Cogn.) Luer
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
FAM (€; β)
Vanilla edwallii Hoehne
Vanilloideae
CI
Vanillineae
DA
FM (€)
P.C.Porto s.n. (RB 8159)
Pess.daEstaçãoBiológica s.n.
(RB 28834)
P.C.Porto 1886 (RB)
Vanilla sp.
Vanilloideae
CI
Vanillinae
HE
FM
F.F.V.A.Barberena 149 (RB)
Warrea warreana (Lodd. ex Lindl.) C.Schweinf
Epidendroideae
Cymbidieae
Zygopetalinae
T
FM
A.C.Brade 17166 (HB)
Xylobium variegatum (Ruiz & Pav.) Garay & Dunst.
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
FM
P.C.Porto 9 (RB)
Zootrophion atropurpureum (Lindl.) Luer
Epidendroideae
Epidendreae
Pleurothallidinae
DA
DA (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB 8196)
Zygopetalum mackaii Hook.
Epidendroideae
Cymbidieae
Zygopetalinae
T
FM/FAM/CA (€; β)
Cézio 739 (RFA)
28
Zygopetalum maxillare Lodd. *
Epidendroideae
Cymbidieae
Zygopetalinae
E
FM
Zygopetalum pedicellatum (Sw.) Garay
Epidendroideae
Cymbidieae
Zygopetalinae
R
FM (€; β)
F.F.V.A.Barberena & M.Torres
28 (RB)
A.C.Brade 1723 (RB)
Zygostates grandiflora (Lindl.) Mansf.
Epidendroideae
Cymbidieae
Maxillariinae
DA
FM (€; β)
P.C.Porto s.n. (RB/ITA 524)
Zygostates lunata Lindl.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
DA
DA (€; β)
Fr.NestorWelter 100 (HB)
Zygostates multiflora (Rolfe) Schltr.
Epidendroideae
Cymbidieae
Oncidiinae
E
FM (€; β)
A.C.Brade 17200 (RB)
29
Tabela 2. Espécies de Orchidaceae presentes no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil, e em listas vermelhas para a
Região Sudeste. (Dados de Conservação: AE = Ameaçada de Extinção, CR = Criticamente em Perigo, DD = Dados Ausentes,
EN = Em Perigo, EW = Presumivelmente Extinta na Natureza, EX = Presumivelmente Extinta, VU = Vulnerável, ? =
Categoria duvidosa. Siglas: BRA = Brasil, ES = Espírito Santo, MG = Minas Gerais, SP = São Paulo, RJ = Município do Rio
de Janeiro).
Espécies
Dados de conservação
Baptistonia pubes (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
Baptistonia truncata (Pabst) Chiron & V.P.Castro
Bifrenaria harrisoniae (Hook.) Rchb.f.
Bifrenaria racemosa Lindl.
Brasilidium crispum (Lodd. ex Lindl.) Campacci
Brasilidim marshallianum (Rchb.f.) Campacci
Carenidium concolor (Hook.) Baptista
Cattleya bicolor Lindl.
Cattleya schofieldiana Rchb.f.
Centroglossa tripolinica Barb.Rodr.
Coppensia doniana (Batem. ex W.Baxter) Campacci
Coppensia ramosa (Lindl.) Campacci
Coppensia warmingii (Rchb.f.) Campacii
Cranichis candida Cogn.
Dichaea anchorifera Cogn.
Epidendrum chlorinum Barb.Rodr.
Epidendrum ecostatum Pabst
Epidendrum filicaule Lindl.
Epidendrum henschenii Barb.Rodr.
Epidendrum paranaense Barb.Rodr.
Epidendrum saxatile Lindl.
Epidendrum tridactylum Lindl.
Epidendrum vesicatum Lindl.
Gomesa glaziovii Cogn.
Govenia utriculata (Sw.) Lindl.
Habenaria armata Rchb.f.
Habenaria macronectar (Vell.) Hoehne
Habenaria rolfeana Schltr.
Habenaria umbraticola Barb.Rodr.
Hadrolaelia coccinea (Rchb.f.) Chiron & V.P.Castro
Hadrolaelia crispa (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
Hadrolaelia perrini (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
Hadrolaelia purpurata (Lindl. & Paxton) Chiron & V.P.Castro
Isabelia virginalis Barb.Rodr.
Kleberiella longipes (Lindl.) V.P.Castro & Catharino
Malaxis cogniauxiana (Schltr.) Pabst
Maxillariella robusta (Barb.Rodr.) M.A.Blanco & Carnevali
Miltonia regnellii Rchb.f.
Miltonia spectabilis Lindl.
Pabstia jugosa (Lindl.) Garay
Phymatidium falcifolium Lindl.
Pleurothallis tigridens Loefgr.
Rodrigueziella doeringii (Hoehne) Pabst
Rodrigueziella gomezoides (Barb.Rodr.) Berman
Rodrigueziopsis microphyta (Barb.Rodr.) Schltr.
VU (SP)
VU (SP)
EN (RJ)
EW (SP)
VU (ES) / ? (MG)
EN (MG)
CR (MG) / EX (SP)
VU (SP) / ? (MG)
CR (ES)
CR (ES)
VU (SP)
VU (SP)
EN (MG)
EN (ES)
? (SP)
VU (ES)
CR (ES)
EX (SP)
VU (SP)
EN (ES)
EX (SP)
CR (ES)
VU (ES)
VU (ES)
VU (ES)
EX (SP)
VU (ES) / ? (SP)
? (SP)
EX (SP)
EN (ES) / VU (MG)
CR (MG) / EN (RJ)
AE (BRA) / CR (ES) / EX (MG)
VU (SP)
VU (SP)
VU (ES)
EX (SP)
VU (ES)
? (MG)
VU (ES, RJ)
CR (ES)
CR (ES)
CR (ES)
EX (SP)
VU (ES)
EN (ES)
30
Vanilla edwalii Hoehne
Warrea warreana (Lodd. ex Lindl.) C.Schweinf
Zygopetalum maxillare Lodd.
Zygopetalum pedicellatum (Sw.) Garay
VU (ES)
CR (RJ)
VU (SP)
VU (SP)
31
Tabela 3. Táxons presentes na listagem de Porto (1915) e que foram excluídos da listagem de Orchidaceae do Parque
Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil, elaborada com base no presente estudo.
Táxons
Justificativa da exclusão
Amblostoma tridactylum Rchb.f.
= Epidendrum tridactylum Lindl.
Aspasia lunata Lindl.
Não documentado em herbário
Aspasia lyrata Rchb.f.
Não documentado em herbário
Bifrenaria aureo-fulva Lindl.
Não documentado em herbário
Bulbophyllum punctatum Barb.Rodr.
Camaridium robustum Barb.Rodr.
Não documentado em herbário
= Maxillariella robusta (Barb.Rodr.) M.A.Blanco
& Carnevali
Campylocentrum micranthum Rolfe
Não documentado em herbário
Campylocentrum parahybunensis Rolfe
Não documentado em herbário
Catasetum punctatum Rolfe
Não documentado em herbário
Cirrhaea dependens Rchb.f.
Não documentado em herbário
Cirrhaea saccata Lindl.
Não documentado em herbário
Colax jugosus Lindl.
= Pabstia jugosa (Lindl.) Garay
Epidendrum ellipticum Graham
= Epidendrum secundum Jacq.
Epidendrum elongatum Jacq.
= Epidendrum secundum Jacq.
Epidendrum filicaule Lindl. var. nov. itatiayae Lofgr.
= Epidendrum filicaule Lindl.
Epidendrum fragrans Sw.
= Prosthechea fragrans (Sw.) W.E.Higgins
Epidendrum fragrans var. aemulum Rchb.f.
= Prosthechea fragrans (Sw.) W.E.Higgins
Epidendrum lofgrenii Cogn.
Não documentado em herbário
Epidendrum nocturnum Jacq.
Não documentado em herbário
Epidendrum oncidioides Lindl. var. graniticum Lindl.
Não documentado em herbário
Epidendrum purpurachylum Barb.Rodr.
Não documentado em herbário
Epidendrum raniferum Lindl. var. lofgrenii Cogn.
Não documentado em herbário
Eulophidium maculatum Pfitz.
= Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.
Galeandra sp.
= Galeandra beyrichii Rchb.f.
Gomeza barkeri Regel
Não documentado em herbário
Gomesa theodorea Cogn.
= Rodrigueziella gomezoides (Barb.Rodr.) Berman
Habenaria secunda Lindl.
Não documentado em herbário
Habenaria janeirensis Kraenzl.
= Habenaria paranaensis Barb.Rodr.
Habenaria warmingii Rchb.f.
Não documentado em herbário
Hormidium tripterum Cogn.
Não documentado em herbário
Huntleya meleagris Lindl.
Não documentado em herbário
Lanium avicola Benth.
= Epidendrum avicula Lindl.
Liparis elata Lindl. var. purpurascens Regel
= Liparis nervosa (Thunb. ex Murray) Lindl.
Masdevallia edwallii Cogn.
= Dryadella edwallii (Cogn.) Luer
Masdevallia infracta Lindl. var. aristata Cogn.
Maxillaria sp. n. barbosae Lofgr.
= Masdevallia infracta Lindl.
= Brasiliorchis barbosae (Loefgr.) R.Singer,
S.Koehler & Carnevali
Maxillaria crassifolia Rchb.f.
Não documentado em herbário
Maxillaria imbricata Barb.Rodr.
Não documentado em herbário
Maxillaria iridifolia Rchb.f.
Maxillaria marginata Fenzl.
Não documentado em herbário
= Brasiliorchis marginata (Lindl.) R.Singer,
S.Koehler & Carnevali
Maxllaria rufescens Lindl.
= Mormolyca rufescens (Lindl.) M.A.Blanco
Microstylis pubescens Lindl.
Não documentado em herbário
Oncidium chrysothyrsus Rchb.f.
Não documentado em herbário
Oncidium crispum Lodd.
= Brasilidium crispum (Lodd. ex Lindl.) Campacci
32
Oncidium longipes Lindl.
= Kleberiella longipes (Lindley) V.P.Castro &
Catharino
Oncidium pubes Lindl.
= Baptistonia pubes (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
Oncidium uniflorum Booth
Não documentado em herbário
Ornithidium ceriferum Barb.Rodr.
= Rhetinantha cerifera (Barb.Rodr.) M.A.Blanco
Ornithidium chloroleucum Barb.Rodr.
= Camaridium micranthum M.A.Blanco
Ornithocephalus grandiflorus Lindl.
= Zygostates grandiflora (Lindl.) Mansf.
Physurus humilis Cogn.
Não documentado em herbário
Pleurothallis bidentula Barb.Rodr.
Não documentado em herbário
Pleurothallis compressiflora Barb.Rodr.
Não documentado em herbário
Pleurothallis densiflora Cogn.
Pleurothallis felislingua Barb.Rodr.
Não documentado em herbário
= Acianthera saundersiana (Rchb.f.) Pridgeon &
M.W.Chase
Pleurothallis flexuosa Lindl.
Não documentado em herbário
Pleurothallis sp. n. glandulifera Lindl.
Não documentado em herbário
Pleurothallis grobyi Lindl. var. trilineata Cogn.
= Specklinia grobyi (Batem. ex Lindl.) F.Barros
Pleurothallis hians Lindl.
Não documentado em herbário
= Anathallis linearifolia (Cogn.) Pridgeon &
M.W.Chase
Pleurothallis linearifolia Cogn.
Pleurothallis macropoda Barb.Rodr. var. laevis Barb.Rodr.
Pleurothallis montserratii Porsch
Não documentado em herbário
= Anathallis rubens (Lindl.) Pridgeon &
M.W.Chase
Pleurothallis nemorosa Barb.Rodr.
Não documentado em herbário
Pleurothallis peduncularis Lindl.
Não documentado em herbário
= Acianthera tricarinata (Poepp. & Endl.)
Pridgeon & M.W.Chase
Pleurothallis platystachya Regel
Pleurothallis riograndensis Barb.Rodr. var. longicauls Cogn.
Pleurothallis stenopetala Lodd.
Não documentado em herbário
= Anathallis sclerophylla (Lindl.) Pridgeon & M.
W.Chase
Octomeria decumbens Cogn.
Não documentado em herbário
Octomeria robusta Rchb.f. & Warm.
Não documentado em herbário
Pogonia rodriguesii Cogn.
Não documentado em herbário
Prescottia plantaginea Lindl.
Não documentado em herbário
Prescottia stachyodes Lindl.
Não documentado em herbário
Restrepia miersii Rchb.f.
Sophronitis coccinea Rchb.f.
= Barbosella miersii (Lindl.) Schltr.
= Hadrolaelia coccinea (Rchb.f.) Chiron &
V.P.Castro
Spiranthes chloroleuca Barb.Rodr.
Não documentado em herbário
Spiranthes itatiayensis Kraenzl.
Não documentado em herbário
Stanhopea tigrina Bateman
Não documentado em herbário
Stelis littoralis Barb.Rodr.
Não documentado em herbário
Stelis loefgrenii Cogn.
Não documentado em herbário
Stelis microglossa Rchb.f.
= Stelis aprica Lindl.
Stelis ophioglossoides Sw.
= Stelis sp.
Stenoptera actinosophila Cogn.
= Eurystyles actinosophila (Barb.Rodr.) Schltr.
Stenorrhyncus arrabidae Rchb.f.
= Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay
Stenorrhyncus bonariensis Cogn.
Não documentado em herbário
Stenorrhyncus esmeraldae Cogn.
= Mesadenella cuspidata (Lindl.) Garay
Tetragamestus modestus Rchb.f.
Xylobium squalens Lindl.
= Scaphyglottis modesta (Rchb.f.) Schltr.
= Xylobium variegatum (Ruiz & Pav.) Garay &
Dunst.
Warczewiczella flabelliformis Cogn.
Não documentado em herbário
33
a
d
d
b
c
f
e
i
h
g
j
Figura 1: Orchidaceae do Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil. a: Bifrenaria harrisoniae
(Hook.) Rchb.f.; b: Carenidium concolor (Hook.) Baptista; c: Coppensia ramosa (Lindl.) Campacci;
d: Epidendrum henschenii Barb.Rodr.; e: Habenaria paranaensis Barb.Rodr.; f: Isochilus linearis
(Jacq.) R.Br.; g: Masdevallia infracta Lindl.; h: Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay.; i: Sauroglossum
nitidum (Vell.) Schltr.; j: Zygopetalum maxillare Lodd.
34
Agradecimentos
À FAPERJ, pela bolsa concedida ao primeiro autor; ao CNPq, pelas Bolsas de
Produtividade concedidas ao segundo e terceiro autores. Ao Instituto Chico Mendes e à
Administração do Parque Nacional do Itatiaia, pela licença de coleta e apoio técnico e
logístico. Aos curadores dos herbários citados no texto, pelo empréstimo de material
e/ou acesso às coleções.
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do Itatiaia 5: 7-85.
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35
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39
ARTIGO 2
40
Estudos taxonômicos na subtribo Laeliinae (Orchidaceae;
Epidendreae) no Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil.
Felipe Fajardo Villela A. Barberena1, José Fernando A. Baumgratz2 &
Fábio de Barros3
Resumo: (Estudos taxonômicos na subtribo Laeliinae (Orchidaceae; Epidendreae) no
Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil) O Parque Nacional do Itatiaia é uma
importante Unidade de Conservação no Sudeste do Brasil, situado no domínio do
ecossistema Mata Atlântica e abrangendo Florestas Ombrófilas Densas Montana e AltoMontana e campos de altitude. A diversidade da família Orchidaceae é muito
representativa na área, com as espécies ocorrendo em diferentes fitofisionomias. A
subtribo Laeliinae, caracterizada principalmente pelas políneas compactas, ceróides e
lateralmente achatadas, está representada por sete gêneros e 34 espécies. Epidendrum é
o gênero mais numeroso, com 20 espécies, seguido de Hadrolaelia (5 spp.),
Prosthechea (4 spp.), Cattleya (2 spp.) e Encyclia, Isabelia e Scaphyglottis (1 sp. cada).
Características morfológicas do cauloma, pseudobulbos, folhas, labelo e políneas se
mostram diagnósticas para a distinção destes gêneros. A maioria dessas espécies ocorre
como epífita em Florestas Montanas e mais de 40% são citadas em listas de espécies
ameaçadas de extinção para as Regiões Sudeste e Sul do Brasil. São apresentadas
chaves para identificação dos táxons, descrições, ilustrações, dados de distribuição
geográfica e comentários sobre particularidades morfológicas das espécies, além de
dados sobre o ambiente e o estado de conservação das espécies.
Palavras-chave: Mata Atlântica, conservação, flora, taxonomia, Unidade de
Conservação.
1. Parte da Dissertação de Mestrado, Escola Nacional de Botânica Tropical/JBRJ; Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, R. Pacheco Leão 2.040, 22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
([email protected]).
2. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, R. Pacheco Leão 915, 22460-030, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.
3. Instituto de Botânica, Caixa Postal 3005, 01061-970 São Paulo, SP, Brasil.
41
Abstract: (Taxonomic studies of the subtribe Laeliinae (Orchidaceae; Epidendreae) in
Itatiaia National Park, Southeastern Brazil) The Itatiaia National Park is an important
Conservation Unit in southeastern Brazil, situated in the Atlantic Forest ecosystem,
bearing Montane and Upper Montane Tropical Rain Forests, and lowland fields. The
diversity of the orchids is largely representative in the area, occurring in different
vegetation types. The subtribe Laeliinae is mainly characterized by compact, ceroid and
laterally flattened pollinia, and it is represented by seven genera and 34 species.
Epidendrum is the larger genus, with 20 species, followed by Hadrolaelia (5 spp.),
Prosthechea (4 spp.), Cattleya (2 spp.), and Encyclia, Isabelia and Scaphyglottis (1 sp.
each). Morphological characteristics of cauloma, pseudobulbs, leaves, lip and pollinia
are diagnostic for the distinction of these genera. Most of these species occur as
epiphyte in Montane Forests and more than 40% are cited on lists of endangered species
for Southeast and South Brazil. In this study, keys for identification of the taxa, and
descriptions, illustrations, geographical distribution and comments on morpfological
characteristics of the species are presented, besides data on the environment and the
conservation status.
Key words: Atlantic Forest, conservation, flora, taxonomy, Unit Conservation
42
Introdução
A família Orchidaceae é cosmopolita, abrange ca. 810 gêneros e 24.900 espécies
e está subdividida em cinco subfamílias, diferenciadas, principalmente, pelo número de
anteras férteis, presença ou ausência de polínias típicas e morfologia dos polinários e
das políneas (Dressler 1993; Pridgeon et al. 1999; Chase et al. 2003; Singer et al. 2008).
A subfamília Epidendroideae é a mais numerosa, correspondendo a aproximadamente
80% do total de espécies de Orchidaceae (Pridgeon et al. 2005), e abrange 13 tribos, das
quais Epidendreae é a mais representativa (Chase et al. 2003). Recentemente, Pridgeon
et al. (2005), baseando-se em análises moleculares, propuseram um novo arranjo em
Epidendreae, reconhecendo seis subtribos – Bletiinae Benth., Chysinae Schltr.,
Coeliinae Dressler, Laeliinae Benth. (incluindo Meiracyliinae Dressler e Arpophyllinae
Dressler), Pleurothaliidinae Lindl. e Ponerinae Pfitz.
A subtribo Laeliinae é neotropical e está constituída por cerca de 40 gêneros e
2.080 espécies, sendo a segunda maior em número de espécies. Distintingue-se das
demais, principalmente, pelas políneas compactas, ceróides e lateralmente achatadas
(Dressler 1993; Pridgeon et al. 2005).
No Brasil, a diversidade dessa subtribo é bem expressiva, pois com base em
Pabst & Dungs (1975), Laeliinae está representada por 29 gêneros e cerca de 280
espécies, além de alguns híbridos naturais. Para o estado do Rio de Janeiro como um
todo, ainda não se dispõe de um trabalho divulgando dados qualiquantitativos sobre a
diversidade dessa subtribo, inclusive para Unidades de Conservação. Considerando as
informações publicadas por diferentes autores (Porto 1915; Brade 1956; Pabst & Dungs
1975, 1977; Miller & Warren 1996; Miller et al. 2006) e outras contidas no banco de
dados JABOT (JBRJ 2008), pode-se estimar a representatividade de Laeliinae na flora
fluminense em, aproximadamente, 14 gêneros e 90 espécies.
Recentemente, Miller et al. (2006) assinalaram a ocorrência de 620 espécies e
110 gêneros apenas na Cadeia da Serra dos Órgãos, um dos trechos mais importantes de
remanescentes de Mata Atlântica do Rio de Janeiro, estando Laeliinae representada por
18 gêneros e 77 espécies. Para a região de Macaé de Cima, em Nova Friburgo, que
representa outro expressivo trecho de Floresta Atlântica na Serra do Mar, Miller &
Warren (1996) registram 270 espécies de orquídeas, distribuídas em 66 gêneros, sendo
nove gêneros e 38 espécies pertencentes à subtribo Laeliinae. Para o Parque Nacional do
Itatiaia (PARNA Itatiaia), ainda são muito escassas as informações sobre a família
43
Orchidaceae (Barberena et al. inédito) e, particularmente, para Laeliinae, objeto do
presente estudo. Nesse contexto, apenas os trabalhos de Porto (1915) e Brade (1956)
divulgaram dados sobre a diversidade dessa subtribo, assinalando a ocorrência de 16
espécies e quatro variedades, distribuídas em sete gêneros, sem, entretanto, realizarem
uma abordagem taxonômica para o grupo.
Desse modo, tendo em vista os dados desatualizados para a família nessa
Unidade de Consevação (Barberena et al. inédito) e objetivando iniciar o estudo
florístico-taxonômico das Orchidaceae no PARNA Itatiaia, propõe-se no presente
trabalho abordar a subtribo Laeliinae, considerando sua significativa representatividade
na área e o valor ornamental da maioria das suas espécies. Neste estudo, são
apresentadas chaves analíticas para identificação dos táxons reconhecidos, descrições,
ilustrações, dados de distribuição geográfica e conservação e comentários sobre a
sistemática, taxonomia e ecologia dos táxons estudados.
Abordagem histórica da subtribo Laeliinae
Laeliinae foi inicialmente descrita por Bentham (1881), porém devido às
diferenças morfológicas na caudícula, algumas espécies foram incluídas em uma
subtribo distinta, Stenoglossinae. Posteriormente, Pfitzer (1889) reuniu as duas
subtribos em uma única, mantendo o nome Laeliinae.
Historicamente, a subtribo apresentou diferentes circunscrições. Várias
classificações foram propostas, baseadas principalmente em caracteres morfológicos, e
a subtribo foi dividida em “séries genéricas”, “alianças genéricas” ou mesmo teve seus
representantes incluídos em três subtribos distintas (Schlechter 1926; Brieger 1976;
Dressler 1981; Szlachetko 1995). Para Pfitzer (1889) e Schlechter (1926) as espécies
que apresentam pé da coluna distinto deveriam formar uma subtribo à parte, Ponerinae.
Baker (1972) realizou um estudo anatômico de alguns representantes de Laeliinae,
apresentando informações relevantes para o estabelecimento de relações informais entre
os gêneros, os quais foram arranjados sob a forma de um sistema de classificação por
Dressler (1981).
Dressler (1993) dividiu a tribo Epidendreae em Epidendreae I (Novo Mundo) e
Epidendreae II (Velho Mundo). No primeiro grupo foram incluídas as subtribos
Sobraliinae, Arpophyllinae, Meiracyliinae, Coeliinae, Laeliinae e Pleurothallidinae.
Entre estas, Pleurothaliidinae, com 28 gêneros e 3.021 espécies, e Laeliinae, com 43
gêneros e 1.466 espécies (Anexo 1) são as mais numerosas (Dressler 1993).
44
Pridgeon et al. (2005) aceitaram a divisão de Epidendreae em seis subtribos,
Bletiinae, Chysinae, Coeliinae, Laeliinae, Pleurothallidinae e Ponerinae, e destacaram a
monofilia de Laeliinae com a exclusão dos gêneros Dilomilis Raf., Neocogniauxia
Schltr. (atualmente incluídos em Pleurothallidinae), Basiphyllaea Schltr. (Bletiinae) e
Helleriella A.D.Hawkes, Isochilus R.Br. e Ponera Lindl. (Ponerinae), e a inclusão de
Meiracyllium Rchb.f. e Arpophyllum LaLlave & Lex., que anteriormente estavam
situados em subtribos distintas (Anexo 1). Este novo sistema de classificação baseou-se,
primordialmente, no trabalho de Van den Berg et al. (2000a) e nos estudos subseqüentes
realizados por este autor e colaboradores.
Van den Berg & Chase (2000) propuseram a transferência de todas as espécies
brasileiras do gênero Laelia Lindl. para Sophronitis Lindl., uma vez que Van den Berg
et al. (2000a), através de análise filogenética com base em DNA nuclear ribossomal,
evidenciaram as posições filogenéticas distintas das lélias brasileiras e das lélias
mexicanas. Um resumo dessas conclusões taxonômicas é apresentado por Van den Berg
et al. (2000b). Ainda com base nesses estudos e em Van den Berg & Chase (2001), os
gêneros Neolauchea Kraenzl. e Sopronitella Schltr. foram incluídos em Isabelia
Barb.Rodr. Neste trabalho, os autores propuseram também combinações adicionais para
híbridos naturais envolvendo Sophronitis e Sophrocattleya Rolfe e o novo notogênero
Sophrocyclia Van den Berg & M.W.Chase. Posteriormente, Van den Berg (2001)
realizou correções nomenclaturais em espécies da subtribo e uma nova combinação para
Prosthechea Knowles & Westc.
As circunscrições da subtribo Laeliinae e de muitos gêneros ainda se mostram
pouco consistentes (Van den Berg & Chase 2004). Nos últimos anos, muitos autores
têm apontado a artificialidade de alguns gêneros, como, por exemplo, Encyclia Hook. e
Laelia, pois Higgins (1997) distingue Prosthechea de Encyclia, e Chiron & Castro Neto
(2002) classificam as espécies brasileiras de Laelia s.l. em quatro gêneros distintos Hoffmannseggella H.G.Jones, Dungsia Chiron & V.P.Castro, Microlaelia (Schltr.)
Chiron & V.P.Castro e Hadrolaelia (Schltr.) Chiron & V.P.Castro.
À luz de novos estudos com base em filogenia molecular, Van den Berg (2008)
apresentou uma síntese das relações entre Sophronitis s.l., Cattleya Lindl. e Brassavola
R.Br., que evidenciou: (1) o gênero Brassavola fora do clado Cattleya+Sophronitis; e
(2) os representantes de Sophronitis s.l. inseridos entre espécies de Cattleya. Desse
modo, Cattleya, como atualmente circunscrito, é parafilético em relação a Sophronitis.
A solução mais prática do ponto de vista nomenclatural apresentada por esse autor foi a
45
inclusão de todas as espécies de Sophronitis em Cattleya. Van den Berg (2008) propôs,
então, novas combinações e novos nomes neste gênero, que ainda não foram
plenamente assimilados pela comunidade científica devido ao grande número de
mudanças em poucos anos (F. Barros, com. pess.).
Material e métodos
Área de estudo
O PARNA Itatiaia é a mais antiga Unidade de Conservação do Brasil, com uma
área de ca. 30.000 ha, situado geograficamente na Serra da Mantiqueira, entre os
paralelos 22°19’ e 22°45’ de latitude sul e os medianos 44°15’ e 44°50’ de longitude
oeste, abrangendo o sudoeste do estado do Rio de Janeiro, nos municípios de Resende e
Itatiaia, e sul de Minas Gerais, nos municípios de Itamonte e Bocaina de Minas (Mapa
1). As cotas de altitude variam de 500 m, na parte sul, com matas de encosta, até 2.789
m, nas partes mais acidentadas do relevo, como as Agulhas Negras (Martinelli et al.
1989; Ribeiro & Medina 2002). A vegetação da região é classificada como Floresta
Ombrófila Densa e compreende duas fitofisionomias: Floresta Montana (500-1.500 m) e
Floresta Alto-Montana ou mata nebular (acima de 1.500 m), incluindo os campos de
altitude (que geralmente são encontrados acima de 2.000 m) (Martinelli et al. 1989;
Veloso et al. 1991).
O PARNA Itatiaia pode ser dividido em duas áreas: 1) a parte baixa, onde estão
localizados a sede administrativa, os hotéis e sítios de lazer, com predominância de
Florestas Montanas e Alto-Montanas e 2) a parte alta, no Planalto, onde são
encontrados, dentre outras elevações, o Morro do Couto, as Prateleiras e o Pico das
Agulhas Negras, com vegetação predominante de campos de altitude.
Dados adicionais sobre clima, solo, relevo, geologia, geomorfologia, hidrografia,
vegetação, fauna e utilização de trilhas do PARNA Itatiaia podem ser encontrados em
Magro (1997) e Morim (2006).
46
Mapa 1: Localização do Parque Nacional do Itatiaia, na Região Sudeste do Brasil (Fonte:
www.ibama.gov.br).
Estudos taxonômicos
Realizou-se o levantamento bibliográfico, considerando não só obras clássicas,
como trabalhos de flora, listagens, estudos taxonômicos e filogenéticos. Procedeu-se
também ao levantamento e à análise das coleções históricas e recentes, incluindo tipos e
fotos de tipos, disponíveis nos herbários, HB, GUA, R, RB, RBR, RFA, RUSU, SP e
SPF (siglas de acordo com Holmgren & Holmgren 1998).
Expedições mensais à área, com duração média de três dias, foram realizadas
durante dezenove meses, no período de março/2008 a setembro/2009. Para as coletas
dos exemplares, utilizou-se o método de caminhamento (Filgueiras et al. 1994), sendo
os espécimes observados e georeferenciados com uso de GPS e altímetro. As áreas do
Parque foram percorridas de maneira a cobrir a maior extensão possível em cada
expedição. Na parte baixa do Parque, foram exploradas as seguintes localidades e
arredores: Posto 1, BR-485, margens do Rio Campo Belo, Último Adeus, Abrigo III e
Prev-Fogo, Trilha do abrigo IV, Trilha Último Adeus-Campo Belo, Posto 2, Lago Azul,
Lotes 25 e 50, Centro de Visitantes, Cachoeira Poranga, Maromba, Piscina do
Maromba, Cachoeira Véu da Noiva, Cachoeira Itaporani, Hotel Donati, Trilha Hotel
47
Donati-Hotel Simon, Hotel Simon, 3 Picos, Travessia Rui Braga (incluindo Abrigo
Lamego e Abrigo Macieiras) e Maromba (Visconde de Mauá). No Planalto, foram
explorados: Registro, Estrada Registro-Agulhas Negras, Casa de Pedra, Brejo da Lapa,
Pedra Furada, Pousada Alsene, Posto 3, Morro do Couto, Pedra do Altar, Abrigo
Rebouças, Prateleiras, Agulhas Negras, Travessia Rui Braga (incluindo o Abrigo
Massenas), Pousada dos Lobos, Serra Negra e Alto dos Brejos, e ainda diversas áreas
das localidades Visconde de Mauá, Fragária e Alagoas, que compõe parte da zona de
amortecimento do PARNA Itatiaia, além de trilhas e áreas nunca antes percorridas.
O material coletado foi herborizado segundo técnicas usuais (Guedes-Bruni et
al. (2002) e depositado no herbário RB, com duplicatas no SP. Parte do material
encontra-se em cultivo ex-situ no Orquidário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico
do Rio de Janeiro. Detalhes de espécimes na natureza e de particularidades do ambiente
foram registrados através de fotografias digitais.
Para análise dos espécimes, utilizaram-se microscópios óptico e estereoscópico e
as estruturas foram mensuradas com o auxílio de paquímetro digital ou régua,
dependendo de suas dimensões. Amostras florais também foram coletadas e fixadas em
etanol a 70%, a fim de facilitar a identificação do exemplar.
Os exemplares foram identificados com base nas principais obras de referência
para taxonomia das Orchidaceae brasileiras (Rodrigues 1877, 1882; Cogniaux 18931896, 1898-1902, 1904-1906; Hoehne 1940, 1942, 1945, 1949, 1953; Pabst & Dungs
1975, 1977; Sprunger et al. 1996) e, também, nas descrições originais dos táxons e por
comparação com material de herbário identificado por especialistas.
As abreviações dos nomes dos autores dos gêneros e espécies seguiram Brummit
& Powell (1992). Para a correção dos nomes científicos, foram observadas as regras do
Código Internacional de Nomenclatura Botânica (McNeill et al. 2006). Para a
classificação da vegetação, adotou-se Veloso et al. (1991).
No tratamento taxonômico, os gêneros e as espécies foram apresentados em
ordem alfabética. Para a descrição dos táxons, foram utilizados, de modo geral, os
conceitos morfológicos, vegetativos e florais de Radford et al. (1974) e, mais
especificamente para Orchidaceae, os conceitos de Dressler (1981, 1993). A citação do
material examinado obedeceu à ordem cronológica das coletas.
Para a caracterização dos tipos de formas de vida foram levadas em
consideração observações em campo e/ou dados contidos nas etiquetas das exsicatas. A
classificação das formas de vida foi baseada em Pabst & Dungs (1975), com
48
modificações, sendo considerados os seguintes tipos: epífita, hemi-epífita, rupícola e
terrícola.
As epífitas distribuem-se irregularmente ao longo dos forófitos, apresentando
variação vertical (Waechter 1992). Por isso, utilizou-se o sistema proposto por este
autor, de divisão vertical do forófito em intervalos de 2 m (denominados “estratos”), a
partir da superfície do solo, para registrar a ocorrência das espécies epifíticas. Adotou-se
aqui a seguinte classificação quanto ao estrato de ocorrência: (a) exclusivas, quando
restritas a um único estrato; (b) preferenciais, quando restritas a dois estratos; e (c)
generalistas, quando ocupam três ou mais estratos. Foi verificado também se no Parque
ocorrem espécies epifíticas de Laeliinae restritas a determinadas espécies de forófito. Os
espécimes dos forófitos foram identificados por especialistas do Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, com base em comparação com exsicatas depositadas
no herbário RB.
A distribuição geográfica de cada espécie foi obtida com base nos dados
divulgados nos sítios eletrônicos do CRIA (2009), Kew Herbarium Catalogue (2009),
World Checklist of Selected Plant Families (2009) e TROPICOS (2009), e nos trabalhos
de Pabst & Dungs (1975), Forster (2002), Batista & Bianchetti (2003), Menini Neto et
al. (2004a, b), Azevedo & Van den Berg (2007), Barbero (2007) e Cunha & Forzza
(2007).
Foram adotados os graus de ameaça utilizados nas listas de espécies ameaçadas
de extinção consultadas para o presente estudo. Considerando que espécimes de
Orchidaceae têm sido coletados sistematicamente no PARNA Itatiaia desde o final do
século XIX, as espécies de Laeliinae que não foram recoletadas nesta Unidade de
Conservação nos últimos 50 anos, e sobre as quais inexistem informações que permitam
especular
uma
possível
ocorrência
atual
no
Parque,
foram
consideradas
presumivelmente extintas no local.
Para a família Orchidaceae utilizou-se o sistema de classificação proposto por
Chase et al. (2003), porém, adotou-se a subdivisão proposta por Chiron & Castro (2002)
para Laelia sensu lato, pois apresentam circunscrições morfológicas mais claras e
consistentes, possibilitando uma identificação mais segura dos gêneros na natureza.
49
Resultados e Discussão
Subtribo Laeliinae Benth.
Ervas epífitas, rupícolas ou terrestres, simpodiais, unifoliadas ou multifoliadas.
Raízes carnosas, fasciculadas. Rizomas curtos ou alongados. Caulomas homoblásticos
ou heteroblásticos, espessados em pseudobulbos ou não. Folhas dísticas, terminais ou
dispostas ao longo do cauloma, conduplicadas, paralelinérveas, base geralmente
amplexicaule. Inflorescências terminais, paucifloras ou multifloras, em racemos ou
panículas, muitas vezes unifloras, bifloras ou trifloras, às vezes subcorimbosas, espata
geralmente presente. Flores ressupinadas ou não, pediceladas; labelo inteiro ou
trilobado, raro subtrilobado; coluna curta ou alongada, parcial ou totalmente adnada ao
labelo, pé da coluna às vezes presente; antera terminal, incumbente, operculada;
políneas 4 ou 8, unidas por caudículas, lateralmente achatadas, ovadas, oblongas ou
obovadas, compactas, ceróides; cavidade estigmática inteira. Cápsulas com resquícios
de sépalas, pétalas, labelo e coluna.
No PARNA Itatiaia, a subtribo Laeliinae está representada por 34 espécies,
distribuídas em sete gêneros: Cattleya (2 spp.), Encyclia (1 sp.), Epidendrum L. (20
spp.), Hadrolaelia (5 spp.), Isabelia (1 sp.), Prosthechea (4 spp.) e Scaphyglottis Poepp.
& Endl. (1 sp.).
A maioria das espécies é encontrada nas formações montanas, mas também
podem ocorrer em Florestas Alto-Montanas e em enclaves de Florestas Alto-Montanas
existentes nos campos de altitude.
50
a
b
d
e
g
c
f
h
Figura 1: Espécies de Laeliinae do Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil. a: Encyclia patens
Hook.; b: Epidendrum ecostatum Barb.Rodr.; c: Epidendrum ochrochlorum Barb.Rodr.; d: Epidendrum
paranaense Barb.Rodr.; e: Epidendrum secundum Jacq.; f: Hadrolaelia mantiqueirae (Fowlie) Chiron &
V.P.Castro; g: Prosthechea allemanoides (Hoehne) W.E.Higgins; h: Prosthechea pachysepala (Klotzsch)
Chiron & V.P.Castro.
51
Chave para identificação dos gêneros de Laeliinae ocorrentes no PARNA Itatiaia
1. Pseudobulbos sempre presentes e sobrepostos; pé da coluna presente; labelo inserido
no ápice do pé da coluna .............................................................................. Scaphyglottis
1’. Pseudobulbos ausentes ou, se presentes, não sobrepostos; pé da coluna ausente;
labelo inserido na base da coluna ou parcialmente adnado a ela.
2. Caulomas recobertos por bainhas fibrosas laxas com aspecto de uma fina rede de
estopa; folhas acentuadamente lineares (ca. 0,05 cm de largura) .................. Isabelia
2’. Caulomas recobertos por bainhas fibrosas congestas, não se assemelhando a uma
rede de estopa; folhas de outras formas, se lineares, 0,2-1,8 cm de largura.
3. Margens da coluna adnadas ao labelo em toda sua extensão; rostelo paralelo
ao eixo da coluna e fendido longitudinalmente .................................. Epidendrum
3’. Margens da coluna adnadas ao labelo somente até sua porção mediana ou
labelo livre da coluna; rostelo subperpendicular ao eixo da coluna e inteiro.
4. Polínias 8 ................................................................................... Hadrolaelia
4’. Polínias 4.
5. Flores não ressupinadas; margens da coluna adnadas ao labelo desde a
base até sua porção mediana ................................................... Prosthechea
5’. Flores ressupinadas; coluna livre do labelo.
6. Pseudobulbos cilíndricos; base da inflorescência com espata distinta
.................................................................................................. Cattleya
6’. Pseudobulbos piriformes; base da inflorescência desprovida de
espata ....................................................................................... Encyclia
52
Descrição dos táxons de Laeliinae ocorrentes no PARNA Itatiaia
1. Cattleya Lindl., Coll. Bot. 7, t. 33. 1821.
Ervas epífitas, eretas. Caulomas heteroblásticos, pseudobulbos presentes, não
sobrepostos, eretos, cilíndricos, longitudinalmente sulcados, recobertos totalmente por
bainhas fibrosas congestas e pardacentas, 2-foliados no ápice. Folhas coriáceas, opostas,
dísticas, sésseis, suberetas, sulcadas ao longo da nervura mediana na face adaxial, ápice
obtuso. Inflorescência terminal; pedúnculo cilíndrico; espata presente, amplectiva,
coriácea, oblanceolada. Bractéolas 2, opostas, dísticas, côncavas, adpressas. Flores
ressupinadas, pediceladas; pedicelo+ovário cilíndricos. Sépalas com margem inteira,
sépalas laterais oblongas, falciformes. Pétalas com ápice agudo, margem ondulada.
Labelo conspícua ou inconspicuamente trilobado, inserido na base da coluna, lobos
laterais envolvendo ou não a coluna, lobo mediano recurvado, oblongo-espatulado,
ápice emarginado, margem irregularmente fimbriada, nervura mediana sulcada na face
adaxial. Coluna curva, sulcada na face abaxial, livre do labelo, pé da coluna ausente.
Políneas 4. Rostelo subperpendicular ao eixo da coluna e inteiro.
O gênero está constituído por 40 espécies, que se distribuem na América do Sul,
exceto C. dowiana Bateman, que ocorre também na Costa Rica. O gênero possui dois
centros de diversidade: um no Platô brasileiro e outro na Venezuela e nos Andes
colombianos, estendendo-se até ao norte do Peru (Pridgeon et al. 2005). Cattleya está
subdividido em dois subgêneros, cada um abrangendo 20 espécies. Cattleya subgen.
Cattleya inclui somente duas espécies restritas ao Brasil, sendo caracterizado pelos
pseudobulbos subclavados, heteroblásticos, e labelo inconspicuamente trilobado.
Cattleya subgen. Intermediae (Cogn.) Withner inclui as espécies bifoliadas com
pseudobulbos geralmente cilíndricos, subhomoblásticos e labelos nitidamente trilobados
(Pridgeon et al. 2005).
Van den Berg et al. (2000a) mostraram que o gênero, em sua concepção
tradicional, é polifilético, ao evidenciarem: (a) a existência de dois clados principais e
irmãos, um incluindo as espécies monofoliadas e outro formado pelas espécies
bifoliadas; (b) a proximidade de C. skinneri Bateman com Rhyncholaelia Schltr.,
formando um clado; e (c) a posição incerta de C. bowringiana Veitch e C. araguaiensis
53
Pabst. Entretanto, com a exclusão de C. skinneri e C. araguainesis, hoje incluídas,
respectivamente, nos gêneros Guarianthe Dressler & W.E.Higgins e Cattleyella Van
den Berg & M.W.Chase, o gênero tornou-se monofilético (Pridgeon et al. 2005). Com a
recente inclusão de Sophronitis s.l. em Cattleya (Van den Berg 2008), o gênero ganhou
nova abrangência. Entretanto, essas novas alterações nomenclaturais ainda não
obtiveram consenso entre a comunidade científica (F. Barros, com. pess.) e, portanto,
não foram adotadas no presente estudo.
As espécies de Cattleya ocorrem nos mais diversos tipos de hábitats, desde
rochas expostas e áreas áridas até florestas pluviais tropicais, principalmente como
epífitas ou rupícolas (Pridgeon et al. 2005). O gênero possui enorme importância
ornamental. Há mais de dois séculos é um dos mais amplamente cultivados e
hibridizados de orquídeas, o que tem ocasionado intensa coleta de espécies (Van den
Berg & Martins 1996; Cruz et al. 2003; Pridgeon et al. 2005).
No PARNA Itatiaia, o gênero está representado por apenas duas espécies.
Chave para a identificação das espécies de Cattleya ocorrentes no PARNA Itatiaia
1. Labelo inconspicuamente trilobado; lobos laterais reduzidos, não envolvendo a
coluna ................................................................................................................ C. bicolor
1’. Labelo nitidamente trilobado; lobos laterais desenvolvidos, envolvendo a coluna
.................................................................................................................. C. schofieldiana
1.1. Cattleya bicolor Lindl., Bot. Reg. 22, t. 1919. 1836.
Fig. 2a
Ervas 30-84 cm alt. Raízes e rizomas não observados; caulomas 16,2-66 cm
compr. Folhas 14-19,2 x 2,2-3,8 cm, lanceoladas a oblongo-lanceoladas. Inflorescências
11-16,6 cm compr., 2-3-floras, ou flores isoladas, eretas; espata 6,2-8,9 cm compr.,
ápice agudo; bractéolas 4,6-4,9 x 1,4-2,9 mm, triangulares a estreitamente triangulares,
ápice agudo. Pedicelo+ovário 3-4,5 cm compr.; sépalas com ápice agudo a acuminado,
sépala dorsal 4,5-5,2 x ca. 1 cm, oblanceolada, sépalas laterais 3,8-4 x 0,9-1,3 cm;
pétalas 3,9-4,6 x 1,7-1,9 cm, obovadas; labelo inconspicuamente trilobado, lobos
54
laterais reduzidos, não envolvendo a coluna, lobo mediano 3,4-3,6 x 1,7-2,4 cm. Coluna
2,4-2,7 cm compr.; antera 5-5,2 x 4-4,2 mm, subglobosa; políneas ca. 1,2 x 0,9 mm,
amarelas, obovóides. Frutos não observados.
Material examinado: 1914, fl., P.C. Porto 67 (RB); 1918, fl., P.C. Porto s.n. (RB
259736).
Cattleya bicolor ocorre nas Caraíbas, Venezuela, Colômbia, Argentina e no
Brasil, onde é encontrada no Distrito Federal e nos estados do Sudeste e Sul do Brasil,
exceto no Espírito Santo (Pabst & Dungs 1975, 1977; Batista & Bianchetti 2003; CRIA
2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families 2009).
Em território brasileiro, é encontrada em florestas estacionais semidecíduas, em
Florestas Ombrófilas de elevada pluviosidade do leste, em florestas de galeria no Platô
brasileiro e em florestas alagadas no Cerrado (Pabst & Dungs 1975, 1977; Pridgeon et
al. 2005; Menini Neto et al. 2007; F. Barros, com. pess.), podendo ser epífita, rupícola
ou terrestre (Forster 2002; Menini Neto et al. 2007).
No PARNA Itatiaia, está restrita às formações florestais montanas e foi coletada
pela última vez há mais de 90 anos, sendo Benfica a única localidade conhecida para a
espécie. Esta área, localizada a 600 m de altitude, nas proximidades da atual entrada do
Parque (Posto 1), sofreu inúmeros distúrbios, particularmente nas primeiras décadas do
século XX.
As amostras examinadas apresentam os pseudobulbos incompletos, razão pela
qual se supõe que a espécie tenha um porte ainda maior do que o assinalado na
descrição. Estão também ausentes dados sobre floração. Entretanto, Miller et al. (2006)
apontam fevereiro e março como o período de floração da espécie na Serra dos Órgãos
(RJ) e destacam que as flores, cuja duração média é de duas semanas, caem rapidamente
após polinizadas.
Distingue-se de Cattleya schofieldiana Rchb.f., pelo labelo inconspicuamente
trilobado e lobos laterais reduzidos, não envolvendo a coluna.
Em função da distribuição restrita no PARNA do Itatiaia e, principalmente, do
elevado valor ornamental, presume-se que C. bicolor esteja extinta localmente.
Possivelmente, exemplares foram coletados freqüente e clandestinamente ao longo de
décadas ou, então, os indivíduos remanescentes encontram-se em refúgios peculiares,
ainda inexplorados e/ou de difícil acesso.
55
A espécie foi categorizada como Vulnerável para o estado de São Paulo, pois
tem distribuição restrita e não é encontrada em Unidades de Conservação (Mamede et
al. 2007). Para o estado de Minas Gerais, figura na Lista 2, que engloba as espécies
presumivelmente ameaçadas de extinção, sobre as quais não há informações suficientes
para uma conclusão segura do real estado de ameaça (Mendonça & Lins 2000).
Espécies florestais de Cattleya geralmente são encontradas em baixa densidade e
a excessiva pressão de coleta tem ocasionado redução e desaparecimento de várias
populações (Cruz et al. 2003; Pridgeon et al. 2005), como de Cattleya bicolor.
Ilustrações adicionais em Cogniaux (1898-1902), Pabst & Dungs (1975) e
Forster (2002).
1.2. Cattleya schofieldiana Rchb.f., Gard. Chron. 2: 808. 1882.
Fig. 2b
Ervas ca. 40 cm alt. Raízes e rizomas não observados; caulomas ca. 24,2 cm
compr. Folhas ca. 15 x 2,8-3,2 cm, oblongas. Flor isolada, ereta; espata ca. 4 x 1,5 cm,
ápice acuminado; bractéolas ca. 5,5 x 2,6 mm, triangulares, ápice acuminado.
Pedicelo+ovário ca. 4,2 cm compr.; sépalas com ápice acuminado, sépala dorsal ca. 6,7
x 1,8 cm, oblonga, sépalas laterais 4,1-4,6 x ca. 1,5 cm; pétalas 5,5-5,7 x 1,9-2,3 cm,
oblanceoladas; labelo nitidamente trilobado, lobos laterais ca. 3,5 x 1,2 cm,
desenvolvidos, envolvendo a coluna, elípticos, ápice agudo, lobo mediano ca. 4,6 x 2,8
cm. Coluna ca. 3,3 cm compr.; antera e políneas não observadas. Frutos não observados.
Material examinado: I.1915, fl., P.C. Porto 68 (RB).
Cattleya schofieldiana está restrita aos estados do Espírito Santo e Rio de
Janeiro (CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant
Families 2009). De acordo com F. Barros (com. pess.), essa espécie é endêmica da Mata
Atlântica, onde ocorre em Florestas Ombrófilas Densas ou Abertas, como epífita.
No PARNA Itatiaia, a espécie ocorre somente na Floresta Montana e foi
coletada uma única vez, há quase 95 anos, na região de Benfica, a 600 m de altitude, e
devido à pressão de coleta, elevado valor ornamental, distribuição restrita e distúrbios
locais, pode ser considerada provavelmente extinta na área de estudo; floresce em
janeiro.
56
Como em C. bicolor, o material examinado apresenta os pseudobulbos
incompletos, sugerindo que a espécie possa ter um porte ainda maior do que o descrito.
Cattleya schofieldiana é considerada Criticamente em Perigo para o Espírito
Santo (Simonelli & Fraga 2007).
Afim de Cattleya bicolor, distinguindo-se pelo labelo nitidamente lobado e pelos
lobos laterais envolvendo a coluna.
Ilustrações adicionais em Braem (1986).
2. Encyclia Hook., Bot. Mag. 55, pl. 2831. 1828.
Encyclia é um gênero neotropical e abrange cerca de 120 espécies,
predominantemente epifíticas, distribuídas desde o México até o norte da Argentina
(Higgins et al. 2003; Pridgeon et al. 2005). O gênero, o segundo maior da subtribo
Laeliinae em número de espécies, pode ser caracterizado principalmente pelos
pseudobulbos esféricos, subovóides ou alongados, heteroblásticos, ausência de espata e
coluna livre do labelo (Pridgeon et al. 2005).
Higgins (1997) destacou que o gênero Encyclia estava dividido em três
subgêneros: Encyclia subg. Encyclia, Encyclia subg. Dinema e Encyclia subg.
Osmophytum, os quais apresentavam diferenças morfológicas bastante nítidas, um dos
motivos que o levou a separar o subg. Osmophytum de Encyclia, tratando-o como
Prosthechea.
Van den Berg et al. (2000a) apontaram Encyclia como um gênero polifilético e
evidenciaram a existência de dois subclados, um formado por Artorima Dressler & G.
E.Pollard, Alamania Lex., Hagsatera R.González e Prosthechea e outro somente por
Encyclia s.s. Higgins et al. (2003) avaliando Encyclia s.l., com base em análise
filogenética molecular combinada, verificaram que Prosthechea, Euchile (Dressler &
G.E.Pollard) Withner, Dinema Lindl. e Encyclia s.s. formam clados distintos e que
deveriam ser tratados como gêneros autônomos, pois também são facilmente
reconhecidos através de caracteres morfológicos.
Encyclia destaca-se por ocupar hábitats mais extremos, quando comparado aos
demais gêneros da subtribo, especialmente em relação à exposição ao sol e à seca
(Pridgeon et al. 2005) e suas espécies são polinizadas por abelhas e pássaros (Van den
Berg et al. 2000a). No Brasil, muitas espécies epifíticas de Encyclia apresentam ampla
57
distribuição geográfica e vegetam tanto em florestas secas quanto pluviais (Pridgeon et
al. 2005).
No PARNA Itatiaia, o gênero está representado somente por Encyclia patens
Hook.
2.1. Encyclia patens Hook., Bot. Mag. 57, t. 3013. 1830.
Encyclia odoratissima (Lindl.) Schltr., Orchideen 210. 1914.
Figs. 1a; 2c-e
Ervas 22-42 cm alt., epífitas, raramente rupícolas, eretas. Raízes alvas, espessas.
Rizomas curtos, inconspícuos; caulomas 2,5-8 cm compr., amarelados a verde-escuros,
heteroblásticos, pseudobulbos presentes, não sobrepostos, 2-3-foliados, eretos,
piriformes, agregados, enrugados, recobertos por bainhas paleáceas, pelo menos quando
jovens. Folhas 12-34 x 0,7-1,8 cm, verde-escuras, coriáceas, localizadas no ápice dos
pseudobulbos, opostas, dísticas, sésseis, suberetas a eretas, lineares, levemente sulcadas
ao longo da nervura mediana, ápice obtuso-emarginado. Racemos ou mais raramente
panículas 11-52 cm compr., multifloras, eretas; pedúnculo verde-acastanhado,
cilíndrico; espata ausente; brácteas 4,4-7,3 mm compr., mais curtas do que os entrenós,
oblongo-triangulares, amplexicaules, ápice agudo; bractéolas inconspícuas. Flores
ressupinadas, pediceladas; pedicelo+ovário 22,2-24,3 mm compr.; sépalas castanhas,
nervuras lineares e margens verdes, oblanceoladas, ápice agudo, sépala dorsal 17,3-17,5
x 5,3-5,4 mm, sépalas laterais 16,1-17,2 x 5,4-5,5 mm; pétalas 16-16,1 x 7,4-7,5 mm,
obovadas, ápice agudo a levemente arredondado; labelo 15-15,5 mm compr., alvo ou
amarelo-pálido, trilobado, inserido na base da coluna, lobos laterais 8-8,6 x 3-3,1 mm,
oblongos, abraçando a coluna, ápice arredondado, lobo central ca. 9,4 x 8,2-8,4 mm,
com listras róseas próximas à coluna, largamente elíptico, ápice agudo, calosidade na
base do lobo mediano ca. 3 mm compr. Coluna ca. 8,1 x 4 mm, branca com listras
róseas na porção basal, subcilíndrica, sulcada ventralmente, duas pequenas alas
oblongas próximas do ápice, adnada ao labelo apenas na base, pé da coluna ausente;
antera subquadrática; políneas 4, ca. 1,2 x 0,8 mm, amarelas, ovadas, lateralmente
achatadas; rostelo subperpendicular ao eixo da coluna e inteiro. Cápsulas 28,1-31,2 x
9,4-13,1 mm, elípticas, 6-costadas, margens das costelas crenuladas, transversalmente
estriadas nas zonas intercostais.
58
Material examinado: 10.IX.1995, fl., J.M.A. Braga et al. 2797 (RB); 1.VI.2008, fl.,
F.F.V.A. Barberena 35 (RB); 2.VI.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 42 (RB); 18.X.2008,
fl., F.F.V.A. Barberena 73 (RB); 17.IV.2009, fr., F.F.V.A. Barberena 159 (RB);
21.VI.2009, fl., F.F.V.A. Barberena 187 (RB).
Encyclia patens é encontrada na Venezuela (Kew 2009) e praticamente por todo
o Brasil, com exceção do Centro-Oeste, ocorrendo no Amazonas, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas e em todos os estados das Regiões Sudeste e Sul (Pabst & Dungs 1975; CRIA
2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families 2009),
em restingas e formações de Mata Atlântica (Pabst & Dungs 1975; www.restinga.net
2009).
Esse é o primeiro registro da espécie no PARNA Itatiaia, onde está restrita à
Floresta Montana e apresenta-se como ciófila, semi-heliófila ou heliófila, podendo ser
encontrada às margens do rio Campo Belo, na trilha Centro de Visitantes-Lago Azul, no
Posto 2, no Lago Azul, nos Lotes 25 e 50, na trilha atrás do Abrigo IV, nas margens da
rodovia BR-485 e no Maromba, entre 750 e 1.150 m de altitude. Floresce nos meses de
maio, junho, julho e, eventualmente, em setembro e outubro, as flores são vistosas e
raramente perfumadas e cada haste floral sustenta até 44 flores; frutos podem ser
observados durante o ano inteiro.
Segundo Pridgeon et al. (2005), eventos de polinização tendem a ser raros em
muitas espécies do gênero, resultando em baixa formação de frutos. Contudo,
particularmente para E. patens, verificaram auto-polinização para a maioria das flores
em algumas populações. Em relação aos indivíduos do PARNA Itatiaia, foi constatada
elevada quantidade de frutos formados, até 19 cápsulas por haste floral, o que reforça a
possibilidade de ocorrência de auto-polinização ou de agamospermia, e pode explicar a
abundância de indivíduos na área.
Kersten & Silva (2001), ao abordarem a composição florística e a estrutura do
componente epifítico vascular em floresta da planície litorânea da Ilha do Mel, Paraná,
apontaram um baixo valor de importância epifítica para a espécie (VIE = 0,15), citada
sob o sinônimo E. odoratissima, e um baixíssimo número de estratos com a espécie
epifítica (ne = 1). Em decorrência da freqüência relativamente baixa na amostragem, os
autores não citaram o estrato de ocorrência da espécie. No PARNA Itatiaia, E. patens
vegeta em diversos forófitos das famílias Annacardiaceae, Annonaceae, Cupressaceae,
Meliaceae [Cabralea canjerana (Vell.) Mart.] e Myrtaceae [Campomanesia guaviroba
59
(DC.) Kiaersk. e Myrcia tenuivenosa Kiaersk.], e em seis estratos (0-2 m, 2-4 m, 4-6 m,
6-8 m, 8-10 m e 10-12 m alt.).
Encyclia patens é, muito provavelmente, a espécie da subtribo Laeliinae mais
freqüente na área de estudo, juntamente com Epidendrum secundum Jacq. e
Scaphyglottis modesta (Rchb.f.) Schltr.
Encyclia patens diferencia-se das demais espécies de Laeliinae no Parque,
principalmente, pelos pseudobulbos piriformes.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), como E. odoratissima, e em
Forster (2002), Menini Neto et al. (2004 a,b) e Barbero (2007).
3. Epidendrum L., Sp. Pl. ed. 2, p. 1347. 1763.
Ervas epífitas, às vezes, rupícolas, raramente terrestres. Raízes alvas, espessura
variável. Rizomas curtos ou alongados; caulomas homoblásticos ou heteroblásticos, 2foliados a multifoliados, cilíndricos ou subcilíndricos, às vezes, achatados lateralmente,
freqüentemente recobertos por bainhas fibrosas congestas; pseudobulbos, quando
presentes, não sobrepostos. Folhas dísticas, membranáceas a cartáceas. Inflorescências
em subcorimbos, racemos ou panículas, 3-4-floras até multifloras, às vezes flores
isoladas; brácteas espatáceas presentes ou não. Flores alvas, róseas, liláses, verdes,
verde-amareladas ou amarelo-alaranjadas, ressupinadas ou não; pedúnculo cilíndrico ou
subcilíndrico. Labelo inteiro ou trilobado, geralmente com duas calosidades basais.
Coluna subcilíndrica ou cilíndrica, reta, levemente curva ou curva, margens adnadas ao
labelo por toda sua extensão; pé da coluna ausente; rostelo paralelo ao eixo da coluna,
fendido longitudinalmente. Políneas 4, elípticas, ovadas a obovadas ou oblongas.
Cápsulas elípticas, globosas ou subglobosas.
Epidendrum é o gênero mais representativo da subtribo Laeliinae e da família
Orchidaceae na região Neotropical, com cerca de 1.125 espécies, distribuídas desde o
sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina (Dressler 1993; Pridgeon et al. 2005;
Pinheiro & Barros 2007).
Desde o estabelecimento do gênero por Linnaeus, em 1763, a circunscrição de
Epidendrum foi muito alterada, principalmente com a transferência de espécies para os
gêneros Encyclia e Prosthechea. Atualmente, nenhuma das espécies assinaladas por
60
Linnaeus como Epidendrum pertencem a esse gênero, pois foram transferidas para 13
gêneros distintos. Desse modo, Epidendrum é aceito como um nome conservado,
subdividido em nove subgêneros e tendo sido lectotipificado com E. nocturnum Jacq.
como a espécie-tipo (Pridgeon et al. 2005).
Van den Berg et al. (2000a), com base em análise filogenética molecular,
evidenciaram a polifilia do gênero Epidendrum e a formação de um clado denominado
“aliança Epidendrum”, que inclui os gêneros Amblostoma Scheidw, Barkeria Knowles
& Westc., Caularthron Raf., Epidendrum, Lanium (Lindl.) Lindl. ex. Benth., Nanodes
Lindl., Oerstedella Rchb.f. e Orleanesia Barb.Rodr.
Posteriormente, Pridgeon et al. (2005) propuseram uma nova circunscrição para
Epidendrum, incluindo os gêneros Oerstedella e Neowilliamsia, que, deste modo, se
mostra monofilético. Esses autores também assinalaram que o gênero é reconhecido
pela coluna com as margens totalmente adnadas ao labelo, antera dorsal a apical, rostelo
paralelo ao eixo da coluna, estigma com lobos laterais bem desenvolvidos, geralmente
protuberantes, viscídio semilíquido (exceto nas espécies que pertenciam a Orleanesia) e
nectário do tipo cunículo.
No PARNA Itatiaia, o gênero está representado por 20 espécies.
Chave para a identificação de espécies de Epidendrum ocorrentes no PARNA
Itatiaia
1. Pseudobulbos presentes.
2. Caulomas heteroblásticos; inflorescências tomentosas; labelo inteiro ..............
................................................................................................................. E. avicula
2’. Caulomas homoblásticos; inflorescências glabras; labelo nitidamente
trilobado ........................................................................................... E. tridactylum
1’. Pseudobulbos ausentes.
3. Caulomas ramificados.
4. Inflorescências em panículas; labelo trilobado, com lobo mediano de ápice
nitidamente emarginado ................................................................... E. saxatile
4’. Inflorescências em racemos ou subcorimbos; labelo trilobado com lobo
mediano de ápice agudo ou arredondado, ou labelo inteiro, com ápice agudo
ou arrendondado.
61
5. Folhas com ápice emarginado-mucronado .............. E. strobiliferum
5’. Folhas com ápice acuminado, agudo e/ou obtuso, se emarginado
não mucronado.
6. Folhas com ápice emarginado, margem freqüentemente
revoluta, às vezes plana ................................................ E. ramosum
6’. Folhas com ápice acuminado, agudo e/ou obtuso, margem
plana.
7. Pétalas 5-5,1 x ca. 0,6 mm .................................... E. filicaule
7’. Pétalas 9,3-17,5 x 1,4-5,4 mm.
8’. Bractéolas recobrindo totalmente o pedicelo+ovário;
flores alvas; labelo cordiforme ...................... E. paranaense
8’. Bractéolas recobrindo parcialmente o pedicelo+ovário;
flores verdes ou verde-amareladas; labelo suborbicular ou
transversalmente elíptico.
9. Labelo ca. 14 x 19,9 mm ................. E. ochrochlorum
9’. Labelo 6,9-10,9 x 9,8-14,2 mm.
10. Pedicelo+ovário 1,2-1,5 mm compr.; sépala
dorsal oblanceolada; labelo trilobado ........................
............................................................... E. ecostatum
10’. Pedicelo+ovário ca. 28,9 mm compr.; sépala
dorsal elíptica; labelo inteiro ......................................
............................................................ E. proligerum
3’. Caulomas não ramificados.
11. Folhas imbricadas, côncavas ............................................ E. vesicatum
11’. Folhas não imbricadas, planas e/ou subplanas.
12. Flores não ressupinadas .............................................. E. secundum
12’. Flores ressupinadas.
13. Inflorescências com brácteas espatáceas.
14. Inflorescências com até 15 flores, às vezes flores isoladas;
pétalas oblongo-oblanceoladas; lobo mediano do labelo com
ápice emarginado .................................................. E. henschenii
14. Inflorescências com mais de 50 flores, nunca flores
isoladas; pétalas lineares; lobo mediano do labelo com ápice
agudo ................................................................. E. armeniacum
62
13’. Inflorescências desprovidas de brácteas espatáceas.
15. Caulomas cilíndricos, não achatados lateralmente.
16. Inflorescências em subcorimbos ............... E. chlorinum
16’. Inflorescências em racemos.
17. Ervas 16,5-26,5 cm alt.; inflorescências congestas;
labelo inteiro, ápice agudo ............... E. mantiqueiranum
17. Ervas 61-82 cm alt.; inflorescências laxas; labelo
trilobado, ápice emarginado .................. E. cooperianum
15’. Caulomas subcilíndricos, achatados lateralmente.
18. Inflorescências pedunculadas; labelo inteiro ...................
.............................................................................. E. rigidum
18’. Inflorescências sésseis; labelo trilobado.
19. Cauloma estreito na base e espessado para o ápice;
folhas do ápice mais longas que as da base; labelo 14-17
x 26-37 mm .................................................. E. latilabre
19’. Cauloma com a mesma espessura da base ao ápice;
folhas de comprimento semelhante ao longo do
cauloma; labelo ca. 8 x 12 mm .......... E. pseudodifforme
3.1. Epidendrum armeniacum Lindl., Bot. Reg. 22, t. 1867. 1836.
Amblostoma armeniacum (Lindl.) Brieger ex Pabst, Bradea 2: 168. 1977.
Fig. 2f-h
Ervas 15-26,5 cm alt., epífitas, eretas. Raízes relativamente pouco espessas.
Rizomas curtos, inconspícuos; caulomas 5,5-14 cm compr., verdes, não ramificados,
homoblásticos, eretos, subcilíndricos, lateralmente achatados, recobertos por bainhas
paleáceas pelo menos quando jovens, 2-4 foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 3,212,9 x 0,5-1,6 cm, verdes, localizadas nos 2/3 superiores do cauloma, alternas,
suberetas, não imbricadas, planas, subcartáceas, estreitamente elípticas a estreitamente
oblongas ou lineares, raramente elípticas, levemente sulcadas ao longo da nervura
mediana, ápice acuminado. Racemos 7,5-16,5 cm compr., com mais de 50 flores,
pêndulos, nunca flores isoladas; pedúnculo verde, cilíndrico; espata presente; brácteas
espatáceas 3,5-5,7 cm compr., verdes, achatadas lateralmente; bractéolas 4,4-5,1 x ca.
0,8 mm, alvas, estreitamente triangulares, ápice acuminado, recobrindo total ou
parcialmente o pedicelo+ovário. Flores amarelo-alaranjadas, ressupinadas, pediceladas;
63
pedicelo+ovário 3,7-4,8 mm compr.; sépalas laranjo-acastanhadas a acastanhadas,
sépala dorsal ca. 2,8 x 1,3 mm, elíptica, ápice acuminado, sépalas laterais 3,6-3,9 x 1,41,5 mm, ovadas, ápice longamente acuminado; pétalas 2,5-2,7 x 0,2-0,24 mm, verdeclaras, lineares, ápice agudo; labelo 2,1-2,3 x 1,5-1,6 mm compr., trilobado, lobos
laterais 0,7-0,9 x 1-1,1 mm, arredondados, lobo mediano ca. 1,3 x 1 mm, lanceolado,
ápice agudo, disco caloso na base, ca. 1,2 mm compr. Coluna 1-1,2 x ca. 0,9 mm,
subcilíndrica, reta; antera ca. 0,7 x 0,2-0,3 mm, reniforme; políneas 0,24-0,35 x 0,180,20 mm, amarelas, elípticas. Frutos não observados.
Material examinado: 1917, fl., P.C. Porto 649 (HB, RB); 9.XII.1927, fl., P.C. Porto
1599 (RB, RB/ITA); 3.II.1948, fl., A.C. Brade 18803 (RB); XII.1952, fl., N. Welter 46
(HB); 7.XII.1995, fl., J.M.A. Braga et al. 3072 (RB); 19.XI.2008, fl., F.F.V.A.
Barberena 62 (RB); 26.XI.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 89 (RB).
Espécie de ampla distribuição geográfica, ocorrendo na Costa Rica, Bolívia,
Equador, Peru e no Brasil, em Pernambuco e em todos os estados das Regiões Sudeste e
Sul do Brasil (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World
Checklist of Selected Plant Families 2009). Ocorre tanto em Floresta Ombrófila Densa
ou Aberta quanto em Floresta Mista (Pabst & Dungs 1975; F. Barros, com. pess.).
No Parque, está restrita à formação montana, sendo encontrada como ciófila ou
semi-heliófila, na beira de rios ou de trilhas, nas áreas do Taquaral, Monte Serrat,
Cachoeira Itaporani, na trilha Último Adeus-Campo Belo e trilha para os Três Picos, em
altitudes que variam de 800 a 1.225 m. Floresce em novembro, dezembro e fevereiro;
formação de frutos não ocorreu in-situ e nem em cultivo ex-situ. Relativamente
freqüente na área de estudo, pode ser observada em cinco estratos (0-2 m, 2-4 m, 4-6 m,
6-8 m e 8-10 m alt.) de diversas espécies forofíticas de angiospermas.
Diferencia-se das demais espécies da subtribo Laeliinae ocorrentes no Parque
especialmente pelas inflorescências em racemos, multifloras (mais de 50 flores) e
pêndulas.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975); Forster (2002); Barbero (2007)
e Stancik et al. (2009).
64
Figura 2 – Cattleya bicolor Lindl. – a. ramo florífero; Cattleya schofieldiana Rchb.f. – b. flor; Encyclia
patens Hook. - c. hábito; d. flor (vista lateral); e. segmentos florais; Epidendrum armeniacum Lindl. – f.
hábito; g. flor (vista lateral); h. segmentos florais (a: Porto 67; b: Porto 68; c-d: Barberena 42; e-f: Porto
649; g-h: Barberena 89).
65
3.2. Epidendrum avicula Lindl., Hook. Jour. Bot. 3: 85. 1841.
Lanium avicula (Lindl.) Benth., Icon. Pl. 14: 25, t. 1335. 1881.
Fig. 3a-e
Ervas 4-9,5 cm alt., rupícolas, eretas. Raízes relativamente pouco espessas.
Rizomas 1-3,5 cm compr., com bainha acastanhada, amplexicaule, ápice agudo;
caulomas 1-3 cm compr., heteroblásticos, eretos, subcilíndricos a estreitamente ovados,
bainhas paleáceas a castanhas, ausentes nos caulomas adultos, 2-3-foliados,
pseudobulbos presentes, não sobrepostos. Folhas 2,4-6,5 x 0,7-1,4 cm, verdes,
localizadas no ápice dos pseudobulbos, subcartáceas, suberetas a eretas, elípticas, ápice
agudo, sulcadas na nervura mediana na face adaxial. Panículas 4,8-11 cm compr.,
eretas, paucifloras ou multifloras, tomentosas; pedúnculo cilíndrico; brácteas espatáceas
ausentes; brácteas não espatáceas 3,5-4 x ca. 0,5 mm, bractéolas 1,5-2,3 x ca. 0,5 mm,
ambas glabras, estreitamente triangulares, ápice agudo. Flores amareladas, não
ressupinadas, pediceladas, sucessivas; pedicelo+ovário 2,2-8,5 mm compr., tomentoso,
dilatado no ápice; sépalas glabras na face interna e tomentosas na face externa, sépala
dorsal ca. 6,1 x 1,4 mm, elíptica, ápice acuminado, três nervuras longitudinais; sépalas
laterais 6-6,6 x 1,6-1,7 mm, lanceoladas, assimétricas, ápice acuminado; pétalas ca. 5,7
x 0,5 mm, lineares, côncavas, glabras, uma nervura longitudinal; labelo ca. 6,1 x 2,5
mm, inteiro, elíptico, glabro, três nervuras longitudinais, as laterais de desenvolvimento
imperfeito, ápice acuminado. Coluna ca. 3,7 mm compr., subcilíndrica, reta; antera ca.
0,9 x 1 mm, subquadrática; políneas 0,5-0,7 x 0,3-0,35 mm, obovadas. Frutos não
observados.
Material examinado: 11.III.1921, fl., P.C. Porto 1041 (RB); 5.III.1942, fl., A.C. Brade
17199 (RB).
Epidendrum avicula apresenta ampla distribuição geográfica na América do Sul,
ocorrendo no Equador, Peru, Bolívia e Brasil, em Pernambuco, Alagoas, Mato Grosso,
Goiás, Distrito Federal e em todos os estados do Sudeste e Sul do país, exceto no Paraná
(Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009; Stancik et al. 2009; TROPICOS 2009;
World Checklist of Selected Plant Families 2009), onde vegeta na Mata Atlântica, em
Florestas Ombrófilas Densas ou Abertas, e no Cerrado (Pabst & Dungs 1975; F. Barros,
com. pess.). Apesar de Pabst & Dungs (1975) citarem a ocorrência da espécie no
66
Paraná, Stancik et al. (2009), em recente revisão taxonômica desse gênero naquele
estado, não apontaram a ocorrência dessa espécie.
No PARNA Itatiaia, está restrita à Floresta Montana, porém foi coletada há mais
de 50 anos e apenas ao longo do Rio Campo Belo, entre 800 e 1.000 m de altitude,
podendo ser considerada extinta localmente. Floresce em março e cada haste sustenta de
6 a 17 flores.
A espécie também pode ser epífita, conforme observado por Barbero (2007), na
Serra do Cipó (MG), e por Romanini & Barros (2007), na Ilha do Cardoso (SP).
Diferencia-se das demais Laeliinae do PARNA Itatiaia pela presença de
tricomas na inflorescência e na face dorsal das sépalas, ambas estruturas tomentosas.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), como Lanium avicula (Lindl.)
Benth., e em Barbero (2007).
3.3. Epidendrum chlorinum Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 139. 1882.
Fig. 3f-h
Ervas 36,5-72,5 cm alt., epífitas, eretas. Raízes espessas. Rizomas curtos,
inconspícuos; caulomas 24-62 cm compr., não ramificados, homoblásticos, eretos,
cilíndricos, não achatados lateralmente, 6-foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 10,216,8 x 1-1,7 cm, verdes, localizadas no 1/3-1/4 superior do cauloma, cartáceas,
suberetas a eretas, não imbricadas, planas, estreito-oblongas a lineares, cartáceas,
levemente sulcadas ao longo da nervura mediana na face adaxial, ápice agudo a obtuso.
Subcorimbos compostos, 5-6,5 cm compr., paucifloros a multifloros, suberetos a
pêndulos; pedúnculo cilíndrico, bainhas paleáceas presentes na base; brácteas
espatáceas ausentes; brácteas foliáceas 5-11,7 x 0,4-0,5 cm, lineares, morfologia
semelhante à das folhas; brácteas não espatáceas ca. 14,6 x 3,9 mm, amplectivas,
côncavas, triangulares a estreito-triangulares, ápice agudo; bractéolas ca. 12 x 2,6 mm,
estreito-triangulares, levemente côncavas, adpressas, ápice agudo. Flores verdes,
ressupinadas, pediceladas; pedicelo+ovário 10-18,1 mm compr.; sépalas carnosas,
sépala dorsal ca. 10,4-10,9 x 3,2-3,7 mm, elíptica a oblanceolada, ápice agudo, cinco
nervuras longitudinais, sépalas laterais 11,1-12,9 x 3,9-4,6 mm, assimétricas, cinco
nervuras longitudinais, as mais externas de desenvolvimento imperfeito, elípticas a
oblongo-lanceoladas, ápice agudo a acuminado; pétalas 10,4-10,8 x 2,2-2,8 mm,
oblanceoladas, ápice agudo a obtuso, três nervuras longitudinais de desenvolvimento
imperfeito; labelo 7,9-9,1 x 7,3-8,1 mm compr., inteiro, estriado, côncavo, semi67
orbicular, base cordada, ápice agudo, margem inteira, dois calos basais; calos 0,7-1,3 x
0,3-0,5 mm, ovados a oblongos, divergentes. Coluna 4,6-5,7 mm compr., subcilíndrica,
reta; antera ca. 1,4 x 1,4 mm, ovada, rostrada; políneas 0,7-0,9 x 0,35-0,5 mm, oblongas
a obovadas. Cápsulas ca. 2,4 x 1,5 cm, globosas, 3-costadas.
Material examinado: 16.III.1942, fl., A.C. Brade 17226 (RB); 15.III.1975, fl. e fr., P.
Occhioni 7051 (RFA); 21.IX.2009, est., F.F.V.A. Barberena 197 (RB).
Epidendrum chlorinum ocorre em todos os estados da região Sudeste do Brasil
(Pabst & Dungs 1975; Simonelli & Fraga 2007; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS
2009; World Checklist of Monocotyledons 2009). De acordo com F. Barros (com.
pess.), essa espécie é endêmica da Mata Atlântica, onde vegeta em Florestas Ombrófilas
Mistas.
No Parque, a espécie pode ser encontrada nas Florestas Montana e AltoMontana, em matas sombrias e úmidas, no início da trilha para o Alto dos Brejos, no km
12 da estrada para o Planalto e no Lote do Almirante, no Taquaral, entre 1.000-2.350 m
de altitude, onde floresce em dezembro e março. Nestas localidades, ocorre como semiheliófila, no estrato basal (0-2 m alt.) dos forófitos. Ressalta-se que a espécie não era
recoletada há quase 35 anos e que somente dois indivíduos foram observados
recentemente, evidenciando a necessidade de proteção da espécie no local.
É categorizada como Vulnerável para o estado do Espírito Santo (Simonelli &
Fraga 2007).
Epidendrum chlorinum pode ser diferenciada das demais Laeliinae ocorrentes na
região principalmente pelas inflorescências subcorimbosas e labelo côncavo com base
cordada.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), Sprunger et al. (1996), Forster
(2002) e Barbero (2007).
3.4. Epidendrum cooperianum Bateman, Bot. Mag. 93, t. 5654. 1867.
Fig. 3i-k
Ervas 61-82 cm alt., epífitas, eretas. Raízes não observadas. Rizomas não
observados; caulomas 50-70 cm compr., não ramificados, homoblásticos, eretos,
cilíndricos, não achatados lateralmente, 9-20 foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas
7,8-19 x 2-3,8 cm, ao longo do cauloma ou restritas à metade-superior, alternas,
68
suberetas, não imbricadas, planas, subcartáceas, oblongas a estreito-elípticas, ápice
agudo a levemente acuminado, levemente sulcadas ao longo da nervura mediana.
Racemos 11-15 cm compr., eretos ou pêndulos, multifloros, laxos; pedúnculo cilíndrico,
flexuoso; brácteas espatáceas ausentes; brácteas foliáceas ca. 7 cm compr., morfologia
semelhante à das folhas; brácteas não espatáceas ausentes; bractéolas ca. 4,7 x 1,8 mm,
côncavas, adpressas, triangulares, ápice acuminado. Flores ressupinadas, pediceladas;
pedicelo+ovário 2,3-2,8 cm compr., patente; sépala dorsal 16-17,4 x 6,2-6,8 mm,
obovada, elíptica a levemente obovada, ápice agudo, margem inteira, sépalas laterais
14,9-17,7 x 5,6-6,4 mm, obovadas, assimétricas, ápice agudo a acuminado, margem
inteira; pétalas 15-16 x 2,2-2,5 mm, oblongas, ápice obtuso, margem inteira nos 2/3inferiores, ondulada para o ápice; labelo 10,8-11,6 x 15,8-20 mm, trilobado, reticulado,
suborbicular, ápice emarginado, sulco longitudinal próximo da base; lobos laterais 8,710,4 x ca. 8,8 mm, arredondados, lobo mediano 7,1-7,2 x ca. 8,2 mm, ápice fortemente
emarginado, dois calos basais; calos ovados, divergentes. Coluna 9,9-11,2 mm compr.,
subcilíndrica, reta; antera ca. 2,9 x 1,6 mm, obovada; políneas 1,4-1,5 x 0,5-0,6 mm,
amarelas, oblongas a levemente obovadas. Frutos não observados.
Material examinado: 1919, fl., P.C. Porto s.n. (RB 14533); 25.VI.2006, fl., L.J.T.
Cardoso & I. Aximoff 190 (RB).
Epidendrum cooperianum ocorre nas Guianas e em todos os estados da região
Sudeste do Brasil (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009;
World Checklist of Selected Plant Families 2009), onde é encontrada tanto na Mata
Atlântica, em Florestas Ombrófilas Densas ou Abertas, quanto no Cerrado (Pabst &
Dungs 1975; F. Barros, com. pess.).
No PARNA Itatiaia, a espécie está restrita à Floresta Montana, onde se
desenvolve como ciófila e floresce em junho. Para a região, há escassez de coletas e
ausência de dados de altitude e de informações sobre particularidades ecológicas da
espécie.
Distingue-se das demais espécies de Epidendrum ocorrentes na região pelo
conjunto das duas características: ervas maiores que 61 cm de altura e lobo mediano
com ápice fortemente emarginado.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), Sprunger (1986) e Sprunger et
al. (1996).
69
3.5. Epidendrum ecostatum Pabst, Contrib. Fl. Paraná 6: 11. 1956.
Figs. 1b; 3l-o
Ervas ca. 12,5-22,8 cm alt., epífitas, pendentes. Raízes relativamente pouco
espessas. Rizomas curtos, inconspícuos; caulomas 2,1-16,2 cm compr., verdes,
ramificados na porção superior, homoblásticos, 2-4-foliados, eretos a pendentes,
subcilíndricos, achatados lateralmente, recobertos totalmente por bainhas paleáceas,
pseudobulbos ausentes. Folhas 3,1-13 x 0,5-1,6 cm, verdes, dispostas no 1/2-2/3
superiores, alternas, patentes a eretas, membranáceas a subcartáceas, estreito-elípticas a
linear-lanceoladas, levemente sulcadas ao longo da nervura mediana, ápice agudo a
acuminado, margem plana. Subcorimbos 2,1-4,5 cm compr., eretos a pendentes,
paucifloros (3-7 flores); pedúnculo verde, cilíndrico; brácteas espatáceas ausentes;
brácteas não espatáceas ca. 8,8 x 1 mm, amplectivas, ápice agudo; bractéolas 5,9-6,3 x
1,2-1,3 mm, côncavas, adpressas, estreito-triangulares, recobrindo parcialmente o
pedicelo+ovário, ápice agudo. Flores verdes, ressupinadas, pediceladas, sucessivas;
pedicelo+ovário 12-15 mm compr.; sépalas oblanceoladas, sépala dorsal ca. 12 x 3 mm,
ápice agudo, sépalas laterais 11,8-12,2 x 3,6-3,7 mm, ápice agudo a acuminado; pétalas
11,2-11,4 x 1,4-1,5 mm, oblongo-lanceoladas, ápice agudo; labelo ca. 6,9 x 9,8 mm,
revoluto, trilobado, suborbicular, ápice agudo, margem crenulada, lobos laterais 5,2-5,5
x 2,8-3 mm compr., suborbiculares, ápice arredondado, lobo mediano 4,7-5,6 x 4,5-4,6
mm, suborbicular, ápice agudo, dois calos basais; calos 1,1-1,3 x 0,4-0,5 mm, ovados,
divergentes. Coluna ca. 7,7 mm compr., subcilíndrica, reta. Antera ca. 1,2 x 1,3 mm,
suborbicular; políneas ca. 0,85 x 0,65-0,7 mm, obovadas. Frutos não observados.
Material examinado: 23.I.2008, fl., F.F.V.A. Barberena et al. 1 (RB); 13.IV.2008, fl.,
F.F.V.A. Barberena 17 (RB); 25.XI.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 79 (RB); 15.XII.2008,
fl., F.F.V.A. Barberena 147 (RB).
Epidendrum ecostatum ocorre nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São
Paulo e Santa Catarina (CRIA 2009; Kew 2009; Miller & Warren 1996; Miller et al.
2006; TROPICOS 2009; World Checklist of Monocotyledons 2009). De acordo com F.
Barros (com. pess.), essa espécie é endêmica da Mata Atlântica, vegetando em Florestas
Ombrófilas Densas ou Abertas e Mistas. Apesar de Pabst & Dungs (1975) citarem o
estado do Paraná também como área de distribuição da espécie, Stancik et al. (2009)
observaram que os materiais daquele estado, identificados como E. ochrochlorum
70
Barb.Rodr. e E. ecostatum, correspondiam a E. proligerum Barb.Rodr. Portanto, os
autores não assinalaram a ocorrência de E. ecostatum no Paraná.
A coleção Barberena et al. 1 constitui o primeiro registro da espécie para o
PARNA Itatiaia, onde está restrita à formação montana, sendo encontrada como ciófila,
na área do Lago Azul e na trilha Hotel Donati-Hotel Simon, entre 800-900 m de altiude,
vegetando nos estratos basais e intermediários (0-2 m, 2-4 m e 4-6 m alt.) de Myrcia
tenuivenosa Kiaersk. (Myrtaceae). Floresce em dezembro, janeiro e abril; não foi
observada formação de frutos in-situ e nem em cultivo ex-situ. No Parque, foram
encontrados apenas seis indivíduos, o que indica a necessidade de proteção desta
espécie no local.
Miller & Warren (1996) e Miller et al. (2006) indicam que a espécie possui
ocorrência rara ou pouco comum em Macaé de Cima e na Serra dos Órgãos,
importantes remanescentes florestais de Mata Atlântica, no estado do Rio de Janeiro.
A espécie encontra-se na lista de espécies ameaçadas do Espírito Santo, onde
consta como Criticamente em Perigo (Simonelli & Fraga 2007).
De acordo com o World Checklist of Monocotyledons (2009), a espécie é
sinônimo de E. proligerum Barb.Rodr. Porém, neste trabalho, E. ecostatum e E.
proligerum são tratados como espécies distintas.
Dentre as Laeliinae do PARNA Itatiaia, E. ecostatum pode ser identificada pelo
seguinte conjunto de características: cauloma com ramificação na parte superior, botão
floral com ápice nitidamente acuminado e labelo trilobado, suborbicular e com margem
crenulada.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975).
71
Figura 3 – Epidendrum avicula Lindl. – a. ramo florífero; b. rizomas e pseudobulbos; c. flor (vista
lateral); d-e. flor; Epidendrum chlorinum Barb.Rodr. – f. flor (vista lateral); g. detalhe do labelo; h.
segmentos florais; Epidendrum cooperianum Bateman – i. hábito; j. flor (vista lateral); k. detalhe do
labelo; Epidendrum ecostatum Pabst – l. ramo florífero; m. botão floral; n. flor (vista lateral); o.
segmentos florais. (a-e: Brade 17199; f-h: Brade 17226; i-k: Cardoso & Aximoff 190; l: Barberena 1; mo: Barberena 79).
72
3.6 Epidendrum filicaule Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl., p. 101. 1853.
Fig. 4a-d
Ervas 33-76 cm alt., epífitas, de aspecto graminóide, pendentes ou raramente
eretas. Raízes muito espessas. Rizomas curtos, inconspícuos; caulomas (4-)40-70 cm
compr., verde-acastanhados, ramificados, pendentes, homoblásticos, acentuadamente
delgados, cilíndricos, recobertos por bainhas paleáceas, 2-13-foliados, pseudobulbos
ausentes. Folhas 2,9-15,2 x 0,2-0,5 cm, verde-escuras, dispostas na metade-superior do
cauloma, alternas a subopostas, eretas a patentes, cartáceas, lineares, ápice acuminado,
margem plana, levemente sulcada ao longo da nervura mediana na face adaxial.
Racemos 1,5-4 cm compr., (1-)2-3(-6)-floros, pêndulos, geralmente situados nas
ramificações dos caulomas; pedúnculo verde, cilíndrico; brácteas espatáceas ausentes;
brácteas não espatáceas ca. 9,4 x 1,9 mm, imbricadas, amplectivas, côncavas,
lanceoladas, ápice acuminado; bractéolas 9-10 x 0,8-0,9 mm, côncavas, adpressas,
estreito-triangulares, ápice acuminado. Flores verde-claras, ressupinadas, pediceladas;
pedicelo+ovário 4,5-7,2 mm compr.; sépalas verdes, elípticas, margem inteira, sépala
dorsal ca. 4,9 x 2,1 mm, ápice agudo, sépalas laterais 5-5,2 x 2,1-2,2 mm, ápice
acuminado; pétalas 5-5,1 x ca. 0,6 mm, lineares a espatuladas, ápice agudo, margem
inteira a levemente ondulada; labelo ca. 4 x 3,6 mm, inteiro, cordiforme, estriado, ápice
agudo, margem inteira, dois calos basais; calos ca. 0,2 x 0,1 mm, ovados, divergentes.
Coluna ca. 3,1 mm compr., subcilíndrica, levemente curva. Antera ca. 0,6 x 0,7 mm,
subglobosa; políneas 0,45-0,5 x 0,2-0,3 mm, amarelas, elípticas. Frutos não observados.
Material examinado: 1914, fl., P.C. Porto 27A (RB); 29.VI.2009, fl., F.F.V.A.
Barberena 83 (RB); 28.VII.2009, fl., F.F.V.A. Barberena 189 (RB).
Epidendrum filicaule ocorre na Bahia e em todos os estados da Região Sudeste
(CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Monocotyledons 2009).
De acordo com F. Barros (com. pess.), essa espécie é endêmica da Mata Atlântica, onde
vegeta em Florestas Ombrófilas Densas ou Abertas.
No PARNA Itatiaia, está restrita à Floresta Montana, ocorrendo como ciófila no
estrato basal (2-4 m alt.) dos forófitos, na trilha para o Lago Azul, entre 800 e 950 m de
altitude, onde, até o momento, foram encontrados apenas dois indivíduos. Tal fato
evidencia a necessidade de proteção da espécie no Parque, pois não era recoletada há 95
anos. Floresce em junho e julho.
73
A espécie é considerada Presumivelmente Extinta no estado de São Paulo pela
ausência de novos registros nos últimos 50 anos, inclusive em condições ex-situ
(Mamede et al. 2007).
É facilmente reconhecida e diferenciada das espécies de Laeliinae do Parque
pelas seguintes características: aspecto graminóide, cauloma muito delgado e pétalas
relativamente pequenas (5-5,1 x ca. 0,6 mm).
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), Forster (2002) e Cunha &
Forzza (2007).
3.7. Epidendrum henschenii Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 147. 1881.
Fig. 4e-f
Ervas 25-60 cm alt., epífitas, pendentes ou raramente eretas. Raízes espessas.
Rizomas curtos, inconspícuos; caulomas 10,5-44 cm compr., verdes, não ramificados,
homoblásticos, eretos ou pendentes, cilíndricos, recobertos por bainhas paleáceas, 4-8foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 2,9-14,6 x 0,9-2,1 cm, verdes, alternas, dísticas,
dispostas por todo o cauloma ou restritas à metade-superior, suberetas, não imbricadas,
planas, estreito-elípticas a oblongas, raro elípticas ou lanceoladas, subcartáceas a
cartáceas, ligeiramente sulcadas ao longo da nervura mediana na face adaxial, ápice
agudo, ocasionalmente arredondado. Racemos, simples ou compostos, com até 15
flores, 3-6,7 cm compr., pendentes, às vezes flores isoladas; pedúnculo verde,
cilíndrico; brácteas espatáceas 2-4,4 cm compr., amplectivas; bractéolas 3,1-5,2 x 1,52,4 mm, côncavas, adpressas, triangulares, ápice acuminado. Flores ressupinadas,
pediceladas; pedicelo+ovário ca. 14,3 mm compr.; sépala dorsal ca. 8,9 x 3,3 mm,
oblongo-elíptica, ápice agudo, sépalas laterais 9,5-9,8 x 4-4,1 mm, oblanceoladas, ápice
agudo; pétalas 8,4-8,6 x ca. 1,9 mm, oblongo-oblanceoladas, ápice agudo; labelo
trilobado, nitidamente estriado, lobos laterais ca. 4,7 x 3,7 mm, orbiculares, ápice
arredondado, lobo mediano ca. 4 x 4,1 mm, subquadrangular, ápice emarginado, dois
calos basais; calos ca. 0,8 x 0,8 mm, ovados, divergentes. Coluna ca. 6,5 cm compr.,
subcilíndrica, reta. Antera e políneas não observadas. Cápsulas 2,4-2,8 x 0,3-0,6 cm,
verdes, subglobosas.
Material examinado: 2.VI.2008, fr., F.F.V.A. Barberena 41 (RB); 2.VI.2008, fl.,
F.F.V.A. Barberena 43 (RB); 15.XII.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 148 (RB);
74
19.IV.2009, fl., F.F.V.A. Barberena 165 (RB); 21.VI.2009, fl., F.F.V.A. Barberena 188
(RB).
Epidendrum henschenii está restrita aos estados das Regiões Sudeste e Sul, com
exceção do Rio Grande do Sul, ocorrendo em Florestas Ombrófilas Mistas (Pabst &
Dungs 1975; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families
2009; F. Barros, com. pess.).
O espécime Barberena 41 constitui o primeiro registro da espécie para o
PARNA Itatiaia, onde está restrita à Floresta Montana e pode ser encontrada na trilha do
Último Adeus, na trilha atrás do Abrigo IV, no Lago Azul e no Lote 50. Ocorre como
ciófila e raramente como semi-heliófila, entre 750 e 850 m de altitude, nos estratos
basais e intermediários (2-4 m, 4-6 m e 6-8 m alt.) de Dendropanax sp. (Araliaceae) e
Myrcia tenuivenosa Kiaersk. (Myrtaceae). Floresce em dezembro, abril e junho e foi
encontrada com frutos de abril a agosto. Foram observadas até 15 flores por haste e 3 a
8 frutos por infrutescência.
A espécie é categorizada como Vulnerável para o estado de São Paulo, uma vez
que possui distribuição restrita e não é econtrada em Unidades de Conservação
(Mamede et al. 2007).
Pode ser reconhecida pelas seguintes características: inflorescências comumente
em racemos compostos e labelo trilobado, com ápice emarginado.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975) e Stancik et al. (2009).
3.8 Epidendrum latilabre Lindl., Edwards's Bot. Reg. 27 (misc.): 77. 1841.
Fig. 4g-i
Ervas ca. 22 cm alt., eretas. Raízes relativamente espessas. Rizomas não
observados; caulomas 13-17 cm compr., não ramificados, homoblásticos, eretos,
subcilíndricos, achatados lateralmente, estreitos na base e espessados para o ápice,
recobertos por bainhas paleáceas, 4-foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 5,2-7,5 x
1,2-3 cm, as do ápice do cauloma mais longas que as da base, verdes, dispostas ao longo
de todo o cauloma, não imbricadas, planas, subcoriáceas, elípticas a levemente ovadas,
alternas, dísticas, suberetas, levemente sulcadas ao longo da nervura mediana na face
adaxial, ápice levemente emarginado a emarginado. Inflorescências 2-3-floras, sésseis.
Brácteas espatáceas, brácteas não espatáceas e bractéolas ausentes. Flores verdes,
ressupinadas, pediceladas; pedicelo+ovário 4,5-5,4 cm compr., cilíndrico; sépala dorsal
75
ca. 20-23 x 5-6 mm, oblonga a levemente oblanceolada, ápice agudo a acuminado,
margem inteira, sépalas laterais 19-21 x 6-7 mm, oblanceoladas, ápice agudo a
acuminado, margem inteira; pétalas 20-21 x 3-4 mm, oblanceoladas, ápice agudo a
arredondado, margem inteira; labelo 14-17 x 26-37 mm, trilobado, revoluto,
transversalmente elíptico, estriado, lobos laterais ca. 10-11 x 9 mm, obliquamente
elípticos, ápice arredondado, margem inteira, lobo mediano ca. 8 x 9-10 mm,
suborbicular, ápice emarginado, margem inteira, calos basais ausentes. Coluna 14-15
mm compr., levemente curva a curva, subcilíndrica, ápice irregularmente denticulado;
antera ca. 1,8 x 1,1 mm, subquadrática; polínias ca. 1 x 0,9-1 mm, ovadas a obovadas.
Frutos não observados.
Material examinado: IV.1926, fl., A.J. Sampaio 4150 (R).
Epidendrum latilabre ocorre em Honduras, Guiana, Guiana Francesa, Suriname,
Peru, Bolívia e no Brasil, onde é encontrada no Amazonas, Pará, Pernambuco, Bahia,
Distrito Federal, Goiás e em todos os estados das regiões Sudeste e Sul (Pabst & Dungs
1975; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families 2009).
De acordo com F. Barros (com. pess.), em território brasileiro, vegeta em Florestas
Ombrófilas Densas, Abertas ou Mistas, como epífita.
No PARNA Itatiaia, a espécie foi coletada apenas uma vez, no sítio do Valter, há
mais de 80 anos. Devido à inexistência de coletas recentes, sua ocorrência atual na área
pode ser questionada, contudo, indivíduos epifíticos dessa espécie foram recentemente
observados na zona de amortecimento do Parque, durante a realização deste estudo.
Esse fato representa um indício de que a espécie ainda possa ser encontrada na área
dessa Unidade de Conservação, principalmente, em localidades limítrofes. Porto (1915)
relata a coleta de espécimes na área, a ca. 1.300 m de altitude.
Kersten & Silva (2001) indicam a ocorrência da espécie em cinco estratos (0-2
m, 2-4 m, 4-6 m, 6-8 m e 8-10 m alt.) e a preferência pelos estratos basais (2-4 m e 4-6
m alt.) das espécies forofíticas.
Epidendrum latilabre é muito semelhante vegetativamente a E. pseudodifforme
Hoehne & Schltr., com a qual pode ser facilmente confundida. Apesar de
compartilharem características vegetativas, como os caulomas subcilíndricos, achatados
lateralmente e recobertos por bainhas paleáceas, E. latilabre pode ser reconhecida das
demais espécies de Laeliinae no PARNA Itatiaia pelo seguinte conjunto de
76
características: caulomas estreitos na base e espessados para o ápice, folhas do ápice do
cauloma mais longas que as da base, inflorescências sésseis, com 14-17 x 26-37 mm e
ausência de calos basais no labelo.
Stancik et al. (2009), analisando o gênero Epidendrum no Paraná, destacam que
a época de floração constitui um outro fator que auxilia na diferenciação das duas
espécies, pois neste estado E. pseudodifforme floresce em janeiro e E. latilabre,
predominantemente, em abril e maio. No PARNA Itatiaia, as espécies também
florescem em épocas diferentes - E. latilabre em abril e E. pseudodifforme em
dezembro.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975) e Stancik et al. (2009).
3.9 Epidendrum mantiqueiranum Porto & Brade, An. Prim. Reun. Sul-Amer. Bot. 3:
38, t. 5. 1940.
Fig. 4j-k
Ervas 16,5-26,5 cm alt., epífitas, cespitosas, eretas. Raízes espessas. Rizomas
curtos, inconspícuos; caulomas 9,7-20,5 cm compr., não ramificados, homoblásticos,
eretos, cilíndricos, não achatados lateralmente, recobertos por bainhas paleáceas, 2-5foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 4-8 x 0,5-1,4 cm, subcartáceas, dispostas no
1/2-1/3 superior do cauloma, alternas, dísticas, raramente subopostas, subereteas, não
imbricadas, planas, oblongo-lanceoladas a lanceoladas, ligeiramente sulcadas ao longo
da nervura mediana na face adaxial, ápice agudo a acuminado. Racemos 2-4 cm compr.,
eretos ou pendentes, paucifloros, congestos; pedúnculo cilíndrico; brácteas espatáceas
ausentes; brácteas não espatáceas 1,6-3,5 cm compr., amplectivas, lanceoladas, ápice
agudo; bractéolas 3,3-5 x 1,5-2,5 mm compr., côncavas, adpressas, lanceoladas, ápice
agudo. Flores verdes, ressupinadas, pediceladas; pedicelo+ovário 4,3-4,6 mm compr.;
sépala dorsal 5,1-5,4 x ca. 2,6 mm, elíptico-oblonga, ápice agudo, margem inteira,
sépalas laterais 5,4-5,7 x 2,8-3 mm, oblongas a elíptico-oblongas, ápice agudo, margem
inteira; pétalas 4,8-4,9 x 1,5-1,6 mm, oblanceoladas, ápice agudo, margem inteira;
labelo ca. 3,3 x 3,5 mm, inteiro, suborbicular, ápice agudo, margem inteira, lamela
longitudinal presente na porção central, dois calos basais; calos ca. 0,9 x 0,4 mm,
ovados, divergentes. Coluna ca. 3 mm compr., subcilíndrica, reta; antera ca. 0,7 x 0,9
mm, sub-globosa; políneas ca. 0,5 x 0,2 mm, subobovadas. Frutos não observados.
77
Material examinado: 28.V.1935, fl., A.C. Brade 14652 (RB, holótipo); VII.1938, fl., L.
Lanstyack s.n. (RB 44229).
Epidendrum mantiqueiranum ocorre em todos os estados da região Sudeste, em
Florestas Ombrófilas Mistas (CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; Pabst & Dungs
1975, 1977; World Checklist of Selected Plant Families 2009; F. Barros, com. pess.).
No Parque está restrita à Floresta Alto-Montana e foi coletada no Pinheiral,
ocorrendo como epífita sobre araucária, a ca. 2.200 m de atitude, florescendo em maio e
julho. A espécie não é recoletada na região há 70 anos e, por isso, é considerada extinta
localmente.
Distingue-se das demais Laeliinae do Parque pelas inflorescências em racemos,
curtas e com flores densamente agrupadas.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975) e Forster (2002).
78
Figura 4 – Epidendrum filicaule Lindl. – a. ramo florífero; b. flor; c. segmentos florais; d. antera e
políneas, vistas pela face que se une à coluna; Epidendrum henschenii Barb.Rodr. – e. hábito; f.
segmentos florais; Epidendrum latilabre Lindl. – g. hábito; h. flor; i. segmentos florais; Epidendrum
mantiqueiranum Porto & Brade – j. inflorescência; k. segmentos florais. [a-d: Barberena 83; e-f:
Barberena 148; g-h: Lanstyack s.n. (RB 44229); i-k: Sampaio 4150].
79
3.10. Epidendrum ochrochlorum Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 140. 1881.
Figs. 1c; 5a-c
Ervas epífitas, 32-45 cm alt., pendentes. Raízes relativamente pouco espessas.
Rizomas curtos, inconspícuos; caulomas 9-17,3 cm compr., verdes, ramificados na
porção superior, homoblásticos, recobertos por bainhas paleáceas, multifoliados,
pseudobulbos ausentes. Folhas 2,5-13 x 0,8-2,5 cm, verdes, membranáceas a
subcartáceas, dispostas na metade-superior do cauloma, alternas, suberetas a patentes,
estreito-oblongas a estreito-elípticas, raro oblanceoladas ou ovadas, sulcadas ao longo
da nervura mediana na face adaxial, ápice agudo a acuminado, margem plana. Racemos
3,1-7,3 cm compr., pendentes, paucifloros; pedúnculo verde, cilíndrico; espata 0,7-2,7
cm compr., amplectiva, membranácea, lanceolada, ápice agudo; brácteas ausentes;
bractéolas 8,3-10,6 x 2,6-3,8 mm compr., verde-claras, triangulares, côncavas,
adpressas, ápice agudo a acuminado, recobrindo parcialmente o pedicelo+ovário. Flores
verde-amareladas, ressupinadas, pediceladas; pedicelo+ovário 12,3-29,1 mm compr.,
sépalas verde-claras, elípticas, ápice acuminado, margem inteira, sépala dorsal ca. 12,120,1 x 3,7-6,7 mm, sépalas laterais 11,8-20,7 x 3-7,5 mm; pétalas 10,7-17,5 x 1,6-5,4
mm, verde-claras, oblongo-oblanceoladas, ápice agudo, margem com 2/3 basais
inteiros, 1/3 superior levemente serrulado; labelo ca. 14 x 19,9 mm, verde-amarelado,
trilobado, revoluto, transversalmente elíptico, base cordada, margem ondulada e
levemente crenulada, lobos laterais ca. 11,2 x 8,5 mm, lobo mediano ca. 10,7 x 11,7
mm, ápice arredondado, dois calos basais; calos 2,4-2,6 x ca. 1,4 mm, alvos, paralelos,
oblongos. Coluna ca. 10,4 x 4 mm, verde-clara, subcilíndrica, reta. Antera ca. 1,2 x 0,8
mm, creme, subglobosa; políneas ca. 1,1 x 0,7-0,9 mm, amarelas, obovadas a
subovadas. Frutos não observados.
Material examinado: 21.II.1942, fl., A.C. Brade 17184 (RB); 14.II.2009, fl., F.F.V.A.
Barberena & L.A.F. Ferreira Filho 143 (RB).
Epidendrum ochrochlorum distribui-se na Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ocorrendo em Florestas Ombrófilas
Densas ou Abertas e Mistas (CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; Pabst & Dungs
1975, 1977; World Checklist of Selected Plant Families 2009; F. Barros, com. pess.).
Recentemente, Stancik et al. (2009) observaram que a citação de ocorrência desta
80
espécie para o estado do Paraná foi um equívoco de identificação, conforme já abordado
nos comentários de E. ecostatum.
No PARNA Itatiaia, a espécie restringe-se à formação montana, ocorrendo na
trilha do Último Adeus, a ca. 750 m de altitude, onde foi coletada apenas em flor, em
fevereiro. Não era recoletada no Parque há mais de 65 anos e somente um indivíduo foi
encontrado, refletindo a necessidade de ações conservacionistas para a preservação da
espécie. Epidendrum ochrochlorum ocorre como ciófila, às margens de rios, no estrato
basal (2-4 m alt.) dos forófitos.
Vegetativamente, a espécie assemelha-se muito a E. ecostatum e E. proligerum,
apresentando o mesmo número de folhas e a ramificação do cauloma na parte superior.
Entretanto, diferencia-se pelo tamanho das flores, em particular do labelo, comumente
maior, além das flores serem muito grandes para o gênero.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975).
3.11. Epidendrum paranaense Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 139. 1881.
Figs. 1d; 5d-f
Ervas 30-80 cm alt., epífitas ou mais raramente rupícolas, cespitosas, pendentes.
Raízes não vistas. Rizomas curtos, inconspícuos; caulomas 6,5-26 cm compr.,
ramificados, ramificações na base ou em direção à porção superior, homoblásticos,
pendentes, subcilíndricos, levemente achatados lateralmente, recobertos por bainhas
castanhas, 2-8-foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 3,5-14 x 1,1-2,3 cm, verdes,
alternas, dispostas no ápice ou nos 2/3 superiores do cauloma, patentes, coriáceas,
oblongas, ápice obtuso, margem plana, levemente sulcadas ao longo da nervura mediana
na face adaxial. Racemos 5-6,5 cm compr., eretos, paucifloros; pedúnculo subcilíndrico,
levemente achatado lateralmente; brácteas espatáceas ausentes; brácteas não espatáceas
ca. 20,9 x 9,7 mm, amplectivas, côncavas, elípticas, ápice retuso; bractéolas 17,6-21 x
13,5-16,2 mm, amplectivas, côncavas, dísticas, elípticas, ápice emarginado, recobrindo
totalmente o pedicelo+ovário. Flores alvas, ressupinadas, pediceladas; pedicelo + ovário
15,9-17,2 mm compr., cilíndrico, glanduloso; sépalas oblongas, convexas, ápice agudo,
margem inteira, sépala dorsal ca. 10,5 x 4,7 mm, sépalas laterais 10,3-11,2 x ca. 5,2
mm; pétalas 9,3-9,4 x 2,9-3,5 mm, oblongas, convexas, ápice arredondado, margem
inteira; labelo ca. 7 x 7,8 mm, inteiro, cordiforme, ápice arredondado, glanduloso,
margem inteira, um calo basal; calo ca. 2,2 x 1,6 mm, suborbicular. Coluna ca. 4,6 mm
81
compr., subcilíndrica, reta; antera ca. 1,5 x 1 mm, subglobosa; políneas amarelas, ca. 0,9
x 0,50-0,55 mm, oblongas. Cápsulas ca. 19,8 x 11,1 mm, verdes, subglobosas.
Material examinado: XII.1918, fl., P.C. Porto s.n. (RB 7744); 2.III.1945, fl., F.
Segadas-Vianna s.n. (R 712); 13.XI.1954, fr., G.F.J. Pabst s.n. (HB 2571); 15.II.1958,
fl., M. Emmerich 43 (R); 3.II.1967, fr., H. Strang & A. Castellanos 959 (HB);
21.II.1968, est., S.V. Andrade s.n. (RB/ITA 1111); 26.VI.2008, fr., F.F.V.A. Barberena
32 (RB); 13.II.2009, fl. e fr., F.F.V.A. Barberena 142 (RB).
Epidendrum paranaense apresenta distribuição relativamente ampla, ocorrendo
no Caribe, na Costa Rica e nos estados brasileiros da Bahia, Minas Gerais, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, onde vegeta em Florestas
Ombrófilas Densas, Abertas ou Mistas (CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009;
Pabst & Dungs 1975, 1977; World Checklist of Selected Plant Families 2009; F. Barros,
com. pess.).
No PARNA Itatiaia, a espécie ocorre apenas na Floresta Montana, como ciófila,
raramente semi-heliófila, no Último Adeus, Cachoeira Poranga, Piscina do Maromba e
trilha para a Cachoeira Véu da Noiva e Cachoeira Itaporani, entre 750 e 1.250 m de
altitude, sempre próximo a cursos d’água. Pode ser observada nos estratos basais e
intermediários (0-2 m, 2-4 m e 6-8 m alt.) em forófitos correspondentes a espécies de
Annonaceae e Myrtaceae. Floresce em dezembro e fevereiro, formando de 5 a 7 flores
por inflorescência, e sendo freqüente a formação de frutos, que se encontram bem
desenvolvidos de junho a novembro. Observou-se que a quase totalidade das flores
desenvolvem-se em frutos.
A espécie é listada como Em Perigo para o estado do Espírito Santo (Simonelli
& Fraga 2007).
Diferencia-se das demais espécies da subtribo ocorrentes no Parque pelas
grandes bractéolas dísticas que recobrem totalmente o pedicelo+ovário, pelas flores
alvas e labelo cordiforme.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975) e Stancik et al. (2009).
82
3.12. Epidendrum proligerum Barb.Rodr. Gen. Sp. Orchid. 1: 61. 1877.
Fig. 5g-h
Ervas ca. 33 cm alt., pendentes. Raízes relativamente pouco espessas. Rizomas
curtos, inconspícuos; caulomas 7,5-10 cm compr., ramificados na porção superior,
pendentes, homoblásticos, subcilíndricos, recobertos por bainhas paleáceas, 3-5foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 3-11 x 0,7-1,9 cm, alternas, dispostas na
metade-superior do cauloma, suberetas, subcartáceas, oblongas, ápice agudo a
acuminado, margem plana, levemente sulcada ao longo da nervura mediana na face
adaxial. Racemos ca. 6,3 cm compr., pendentes, paucifloros; pedúnculo cilíndrico;
brácteas espatáceas ausentes; brácteas não espatáceas ca. 6,8 x 4,2 mm, amplectivas,
côncavas, adpressas, triangulares, ápice acuminado; bractéolas ca. 6,7 x 1,9 mm,
côncavas, adpressas, triangulares, ápice acuminado, recobrindo parcialmente o
pedicelo+ovário. Flores verdes, ressupinadas, pediceladas; pedicelo+ovário ca. 28,9 mm
compr., cilíndrico; sépala dorsal ca. 16,1 x 3,8 mm, elíptica, ápice acuminado, margem
inteira, cinco nervuras longitudinais, tênues; sépalas laterais 16,1-16,7 x 5,1-5,2 mm,
elípticas, ápice acuminado, margem inteira; pétalas 13,8-14,1 x ca. 3,1 mm,
oblanceoladas, ápice acuminado, margem com 2/3 inferiores inteiros, inconspicuamente
serrilhada para o ápice; labelo ca. 10,9 x 14,2 mm, plano, inteiro, estriado,
transversalmente elíptico, ápice arredondado, dois calos basais; calos 1,2-1,7 x 0,5-0,7
mm, oblongos, paralelos. Coluna ca. 7,3 mm compr., curva, subcilíndrica; antera,
políneas e frutos não observados.
Material examinado: 11.III.1921, fl., P.C. Porto 1044 (RB).
Epidendrum proligerum ocorre em Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná e Santa Catarina (CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; Pabst &
Dungs 1975, 1977; World Checklist of Selected Plant Families 2009). De acordo com
F. Barros (com. pess.), essa espécie é endêmica da Mata Atlântica, onde vegeta em
Florestas Ombrófilas Densas, Abertas ou Mistas, como epífita.
A etiqueta do espécime Porto 1044 não traz informação alguma sobre a
localidade, altitude e forma de vida da espécie, apenas indicando a época de floração,
em março. No Parque, E. proligerum não é recoletada há mais de 85 anos e, portanto, é
considerada presumivelmente extinta nesta Unidade de Conservação.
83
Epidendrum proligerum pode ser confundida com E. ecostatum e com E.
ochrochlorum, pois são idênticas vegetativamente, contudo diferencia-se das duas, e das
demais espécies de Epidendrum ocorrentes na área, pelo formato do labelo, que é
inteiro.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975) e Stancik et al. (2009).
3.13. Epidendrum pseudodifforme Hoehne & Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni
Veg. Beih. 35: 71. 1925.
Fig. 5i-k
Ervas 10-17,5 cm alt., epífitas, eretas. Raízes relativamente espessas. Rizomas
curtos, inconspícuos; caulomas 3-13,5 cm compr., não ramificados, homoblásticos,
eretos, subcilíndricos, achatados lateralmente, com a mesma espessura da base ao ápice,
recobertos por bainhas paleáceas, 3-7-foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 2,8-5 x
0,7-1,2 cm, de comprimento semelhante ao longo do cauloma, verdes, dispostas ao
longo de todo o cauloma, não imbricadas, planas, subcoriáceas a coriáceas, oblongas a
elípticas, alternas, dísticas, patentes a suberetas, sulcadas ao longo da nervura mediana
na face adaxial, ápice obtuso a obtuso-emarginado. Inflorescências sésseis. Brácteas
espatáceas ausentes; brácteas não espatáceas 10,8-29 x 9-13,8 mm, morfologia
semelhante à das folhas; bractéolas ausentes. Flores verdes, 2-3(-4), ressupinadas,
pediceladas; pedicelo+ovário 2,3-2,6 cm compr., cilíndrico; sépala dorsal ca. 11,7 x 4,2
mm, elíptica, ápice obtuso, três nervuras longitudinais de desenvolvimento imperfeito,
margem inteira, sépalas laterais 11,5-11,7 x 4,8-5,1 mm, oblongo-elípticas, ápice
acuminado, cinco nervuras longitudinais de desenvolvimento imperfeito, margem
inteira; pétalas 11-11,2 x 1,8-2,1 mm, oblanceoladas, ápice agudo, uma nervura
longitudinal, margem inteira; labelo ca. 8 x 12 mm, trilobado, revoluto,
transversalmente elíptico, estriado, lobos laterais ca. 6,8 x 4,6 mm, suborbiculares, ápice
arredondado, margem inteira, lobo mediano ca. 6,8 x 6,6 mm, transversalmente elíptico,
ápice emarginado, margem levemente ondulada, com dois calos basais; calos ca. 0,7 x
0,5 mm, ovados, divergentes. Coluna ca. 7,7 mm compr., levemente curva,
subcilíndrica, ápice da coluna irregularmente denticulado; antera ca. 1,5 x 1,3 mm,
suborbicular, levemente rostrada; políneas 0,5-0,8 x 0,6-0,7 mm, ovadas. Cápsulas
verdes, 2-2,2 x 0,9-1 cm, subglobosas a elípticas, 6-costadas, margens das costelas
crenuladas.
84
Material examinado: 13.IV.2008, fr., F.F.V.A. Barberena 20 (RB); 19.XII.2008, fl.,
F.F.V.A. Barberena 95 (RB); 20.XII.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 99 (RB).
Epidendrum pseudodifforme é encontrada no Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e
Rio Grande do Sul (CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of
Selected Plant Families 2009). De acordo com F. Barros (com. pess.), essa espécie é
endêmica da Mata Atlântica, onde vegeta em Florestas Ombrófilas Densas ou Abertas e
Mistas.
O espécime Barberena 20 constitui o primeiro registro da espécie para o
PARNA Itataia, onde está restrita à formação montana, entre 815 e 915 m de altitude,
sendo encontrada na trilha para o Lago Azul e ao longo da BR-485, nas proximidades
do Centro de Proteção Ambiental, do km 9 e da Cachoeira Poranga. Ocorre como ciófila
nos estratos basais e intermediários (0-2 m, 2-4 m e 4-6 m alt.) em Sorocea sp.
(Moraceae) e em outros forófitos de angiospermas. Floresce em dezembro e pode ser
observada em fruto de abril a junho.
Epidendrum pseudodifforme pode ser confundida com E. latilabre, conforme já
abordado nos comentários desta espécie. Porém diferencia-se das espécies de Laeliinae
ocorrentes na área, pelo seguinte conjunto de características: caulomas com a mesma
espessura da base ao ápice, folhas de comprimento semelhante ao longo do cauloma e
labelo ca. 8 x 12 mm.
Ilustrações adicionais em Stancik et al. (2009).
85
Figura 5 – Epidendrum ochroclorum Barb.Rodr. – a. hábito; b. flor; c. segmentos florais; Epidendrum
paranaense Barb.Rodr. – d. ramo florífero; e. flor; f. segmentos florais; Epidendrum proligerum
Barb.Rodr. – g. flor (vista lateral); h. segmentos florais; Epidendrum pseudodifforme Hoehne & Schltr. –
i: hábito; j: flor (vista lateral); k: segmentos florais (a-c: Barberena & Ferreira Filho 143; d: Barberena
32; e-f: Barberena 142; g-h: Porto 1044; i:. Barberena 95; j-k: Barberena 99).
86
3.14. Epidendrum ramosum Jacq., Enum. Syst. Pl., p. 29. 1760.
Fig. 6a-d
Ervas 20-45 cm alt., epífitas, raramente rupícolas, eretas a pendentes. Raízes
relativamente espessas. Rizomas curtos, inconspícuos; caulomas 8-41 cm compr.,
ramificados na porção superior, homoblásticos, eretos a pêndulos, subcilíndricos,
recobertos por bainhas paleáceas, 3-16-foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 1,9-7,3
x 0,3-1,3 cm, verdes, alternas, dispostas ao longo de todo o cauloma ou restritas à
metade-superior, suberetas a patentes, coriáceas, oblongas a oblanceoladas, raro
lanceoladas, ápice emarginado, não mucronado, margem freqüentemente revoluta, às
vezes plana, sulcadas ao longo da nervura mediana na face adaxial. Racemos 1-3,2 cm
compr., eretos, paucifloros; pedúnculo cilíndrico; brácteas espatáceas ausentes; brácteas
não espatáceas ca. 5,5 x 4 mm, oblongo-triangulares, ápice agudo, recobrindo
parcialmente o pedúnculo; bractéolas ca. 7,4 x 5,4 mm, amplectivas, côncavas, oblongotriangulares, ápice agudo, recobrindo totalmente o pedicelo+ovário. Flores verdes,
ressupinadas, pediceladas, simultâneas; pedicelo+ovário ca. 6 mm compr.; sépala dorsal
ca. 6,2 x 1,4 mm, oblonga, ápice mucronado, margem inteira; sépalas laterais ca. 6 x 1,9
mm, lanceoladas, ápice acuminado, margem inteira; pétalas ca. 5,8 x 0,8 mm,
oblanceoladas, ápice obtuso, margem inteira; labelo ca. 4 x 2 mm, inteiro, cordiforme,
ápice agudo, margem inteira, duas lamelas longitudinais na base; lamelas ca. 0,8 x 0,01
mm, estreitamente lineares. Coluna ca. 2,3 mm compr., subcilíndrica, reta; antera ca. 0,7
x 0,7 mm, subglobosa; políneas 0,29-0,33 x 0,14-0,18 mm, obovadas. Cápsulas 9,3-11,3
x 4,3-6,5 mm, verdes, globosas, parcialmente recobertas por bainha paleácea.
Material examinado: 20.VII.1902, fl., P. Dusén 769 (R); 29.I.1943, fl., J.J. Sampaio
1075 (RB/ITA); 24.IV.1954, fl., N. Welter 52 (HB); 13.XI.1954, fr., G.F.J. Pabst s.n.
(HB 2570); 25.XI.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 84 (RB); 4.V.2009, fr., F.F.V.A.
Barberena et al. 168 (RB).
Epidendrum ramosum possui ampla distribuição pelo território brasileiro,
ocorrendo no Amazonas, Roraima, Amapá, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo e nos estados da Região Sul, em Florestas Ombrófilas Densas,
Abertas e Mistas ou em mangues, como epífita (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew
2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families 2009; F. Barros,
com. pess.).
87
No PARNA Itatiaia está restrita à formação montana, entre 750 e 1.100 m de
altitude, sendo encontrada na região do Último Adeus, trilha para o Lago Azul, Lago
Azul, Lote 50, Cachoeira Poranga e Piscina do Maromba. Ocorre como ciófila ou semiheliófila, nos estratos basais e intermediários (0-2 m, 2-4 m, 4-6 m e 6-8 m alt.) de
Annonaceae, Cupressaceae, Cupania sp. (Sapindaceae) e em outros forófitos de
angiospermas. Floresce em dezembro e janeiro e pode ser encontrada com frutos de
maio a novembro. Ressalta-se que a espécie não era recoletada há mais de 65 anos.
A espécie pode ser identificada pela intensa ramificação na parte superior do
cauloma e pela folha com ápice emarginado e margem freqüentemente revoluta.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975) e Stancik et al. (2009).
3.15. Epidendrum rigidum Jacq., Enum. Syst. Pl., p. 29. 1760.
Fig. 6e-f
Ervas ca. 9 cm alt., eretas. Raízes relativamente espessas. Rizomas curtos,
inconspícuos; caulomas 3-6,7 cm compr., não ramificados, homoblásticos, eretos,
subcilíndricos, achatados lateralmente, recobertos por bainhas paleáceas, 2-3-foliados,
pseudobulbos ausentes. Folhas 2-3,7 x 0,8-1,1 cm, dispostas por todo o cauloma ou
restritas à metade-superior, alternas, suberetas, não imbricadas, planas, coriáceas,
oblongas a elíptico-oblongas, sulcadas ao longo da nervura mediana na face adaxial,
ápice agudo ou obtuso. Racemos 5,7-6,7 cm compr., eretos, paucifloros, pedunculados;
pedúnculo subcilíndrico, achatado lateralmente; brácteas, espatáceas ou não, ausentes;
bractéolas 7,1-11,5 x 3,2-6 mm, lanceoladas, fortemente amplectivas e côncavas,
envolvendo completamente o pedicelo+ovário, ápice agudo. Flores ressupinadas,
pediceladas, simultâneas, pedicelo+ovário ca. 11,2 mm compr.; sépala dorsal 4,9-5,4 x
2,3-3,1 mm, oblongo-lanceolada, ligeiramente côncava, ápice agudo, sépalas laterais
5,3-5,4 x ca. 3,1 mm, elípticas, convexas, ápice agudo; pétalas 4,7-5,4 x 1,3-1,4 mm,
oblongas, convexas, ápice agudo; labelo 3,2-3,3 x 3,7-4 mm, inteiro, estriado,
suborbicular, ápice arredondado, com um calo longitudinal na base; calo ca. 1,1 x 0,3
mm, oblongo. Coluna ca. 2,9 mm compr., sub-cilíndrica, reta, achatada lateralmente,
margem do ápice denteada. Antera, políneas e frutos não observados.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), Cunha & Forzza (2007) e
Stancik et al. (2009).
Material examinado: XI.1914, fl., P.C. Porto 72 (RB).
88
Epidendrum rigidum distribui-se pelos Estados Unidos, México, Guatemala,
Caribe, Belize, El Salvador, Costa Rica, Honduras, Nicaragua, Panamá, Colômbia,
Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Bolívia, Equador, Venezuela, Peru e Brasil, onde é
encontrada nos estados do Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Bahia e nos estados das Regiões Sudeste e Sul. Vegeta em
Florestas Ombrófilas Densas, Abertas ou Mistas, e em mangues e restingas, como
epífita (Pabst & Dungs 1975; Cunha & Forzza 2007; CRIA 2009; Kew 2009;
TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families 2009; F. Barros, com.
pess.).
No PARNA Itatiaia, a espécie restringe-se à formação montana e foi coletada
apenas uma vez, em torno de 900 m, em localidade desconhecida, há mais de 95 anos,
sendo, portanto, considerada presumivelmente extinta no local; floresce em dezembro.
Kersten & Silva (2001) apontam a ocorrência dessa espécie em quatro estratos
(0-2 m, 2-4 m, 4-6 m e 6-8 m alt.) nas espécies forofíticas, mas preferencialmente nos
estratos 2-4 m e 4-6 m de altura.
A espécie é identificada pelos caulomas subcilíndricos, achatados lateralmente,
inflorescências pedunculadas e em racemos, e labelo inteiro.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), Cunha & Forzza (2007) e
Stancik et al. (2009).
3.16. Epidendrum saxatile Lindl., J. Bot. Hooker 3: 84. 1841.
Fig. 6g-h
Ervas ca. 18 cm alt., eretas. Raízes e rizoma não observados. Caulomas ca. 7,5
cm compr., ramificados, homoblásticos, eretos, subcilíndricos, recobertos por bainhas
paleáceas, 2-foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 11-11,5 x 1,4-1,5 cm, verdes,
apicais, subopostas, suberetas, subcartáceas, estreito-elípticas, sulcadas ao longo da
nervura mediana na face adaxial, ápice agudo. Panículas ca. 35,5 cm compr., eretas,
multifloras (mais de 50 flores); pedúnculo cilíndrico; brácteas espatáceas ausentes;
brácteas ca. 33 x 8,8 mm, amplectivas, côncavas, adpressas, lanceoladas, ápice obtuso;
bractéolas ca. 5,9 x 2,9 mm, amplectivas, côncavas, adpressas, triangulares, ápice
acuminado. Flores arroxeadas, ressupinadas, pediceladas; pedicelo+ovário ca. 18,4 mm
compr.; sépala dorsal ca. 9,7 x 3,6 mm, oblanceoladas, ápice agudo, margem inteira,
sépalas laterais 9,4-9,8 x 3,6-3,7 mm, oblongo-oblanceoladas, ápice agudo, margem
89
inteira; pétalas 11,2-11,3 x ca. 1 mm, lineares, ápice obtuso, margem inteira a levemente
ondulada; labelo trilobado, estriado, lobos laterais 7-8,4 x 6-6,6 mm, suborbiculares,
ápice arredondado, margem ondulada e denticulada, lobo mediano 9,5-10 x 9,8-10,2
mm, ápice profundamente emarginado, margem denticulada, dois calos basais; calos ca.
1,4 x 0,3 mm, oblongos, paralelos. Coluna ca. 6,4 mm compr., subcilíndrica, reta.
Antera ca. 1 x 0,3 mm, oblonga; políneas 1-1,1 x ca. 0,5 mm, amarelas, obovadas.
Frutos não observados.
Material examinado: III.1938, fl., L. Lanstyack 143 (RB).
Distribui-se pela Guiana, Venezuela, Paraguai e Brasil, onde é encontrada no
Ceará, Pernambuco, Bahia e em todos os estados da Região Sudeste (Pabst & Dungs
1975; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Monocotyledons
2009), ocorrendo em Florestas Ombrófilas Mistas, cerrados e campos rupestres, como
epífita ou rupícola (F. Barros, com. pess.).
No PARNA Itatiaia, Epidendrum saxatile encontra-se restrita à formação
montana e foi coletada somente na Maromba, em março e com flores. Porém, como a
espécie não é recoletada no Parque há mais de 70 anos, presume-se estar extinta no
local. Ressalta-se que o material analisado apresenta cauloma incompleto, razão pela
qual se supõe que possua um porte maior do que o descrito.
Epidendrum saxatile é considerada Presumivelmente Extinta no estado de São
Paulo, pois não se tem novo registro há mais de 50 anos, nem mesmo em cultivo ex-situ.
Devido à coloração semelhante da flor e ao lobo mediano do labelo com ápice
emarginado, E. saxatile pode ser confundida com E. secundum, porém diferencia-se
desta e das demais espécies de Epidendrum da área pelas flores ressupinadas.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), Forster (2002) e Barbero
(2007).
3.17. Epidendrum secundum Jacq., Enum. Syst. Pl., p. 29. 1760.
Figs. 1e; 6i-m
Epidendrum crassifolium Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl., p. 107. 1853.
Epidendrum ellipticum Grah., Exot. Fl. 3, t. 207. 1826.
Epidendrum elongatum Jacq., Collectanea 3: 260. 1789.
Epidendrum versicolor Hoehne & Schltr., Arch. Bot. São Paulo 1: 245. 1926.
90
Ervas 40-125 cm alt., rupícolas, terrestres ou mais raramente epífitas, eretas a
pendentes. Raízes espessas. Rizomas curtos, inconspícuos; caulomas 8,8-125 cm
compr., verdes, não ramificados, homoblásticos, eretos ou pendentes, subcilíndricos a
cilíndricos, recobertos por bainhas paleáceas, multifoliados, pseudobulbos ausentes.
Folhas 3,1-14,5 x 0,8-3,5 cm, verdes, alternas, dispostas ao longo de todo o cauloma ou
restritas a 1/2-2/3 superiores, patentes a suberetas, não imbricadas, planas a subplanas,
oblongas, ovadas ou estreito-elípticas, raro elípticas, ápice agudo a obtuso, sulcadas ao
longo da nervura mediana na face adaxial. Subcorimbos, simples ou compostos, 12-100
cm compr., eretos, multifloros, raro paucifloros; pedúnculo cilíndrico, flexuoso,
geralmente ramificado; brácteas espatáceas ausentes; brácteas não espatáceas 2,2-4 x ca.
0,5 cm, numerosas, paleáceas, amplectivas, côncavas, oblanceoladas, ápice agudo,
recobrindo parcial ou totalmente o pedúnculo; bractéola 1, 3-11 x 1-1,5 mm, verde
quando jovem, castanha quando senescente, côncava, adpressa, triangular, ápice
acuminado. Flores róseas a liláses, não ressupinadas, pediceladas; pedicelo+ovário 2,42,5 cm compr., sépalas elípticas, convexas, margem inteira, sépala dorsal 9-10,4 x 4,14,8 mm, ápice agudo, sépalas laterais 9,6-10,7 mm, ápice acuminado; pétalas 9,4-9,7 x
4-4,2 mm, oblanceoladas, ápice agudo, margem inteira; labelo 6,7-6,9 x 9,1-9,4 mm,
trilobado, suborbicular, ápice emarginado; lobos laterais ca. 4,4 x 4 mm, suborbiculares,
margem denticulada; lobo mediano ca. 4,5 x 6,7 mm, transversalmente elíptico, ápice
emarginado, margem denticulada, calosidades de forma variável, dispostas desde a base
dos lobos laterais até o lobo mediano. Coluna ca. 6 mm compr., róseo-escura, reta,
subcilíndrica. Antera ca. 1,4 x 0,6 mm, verde, ovada; políneas 0,7-0,8 x 0,14-0,22 mm,
oblanceoladas. Cápsulas 4,7-4,9 x ca. 0,6 cm, verdes, elípticas a subglobosas.
Material examinado: s.d., fl. e fr., A.J. Sampaio s.n. (R 35853); 22.VII.1901, fl., E.
Huemendorff 509 (R); 22.I.1902, fl., P. Dusén 726 (R); 20.V.1902, fl., P. Dusén 752
(R); 1914, est., P.C. Porto s.n. (RB 14854); 1917, est., P.C. Porto 652 (RB); 21.I.1921,
fl., P.C. Porto 1882 (RB); 1926, fl., A.J. Sampaio 4074 (R); 21.V.1935, fl. e fr., A.C.
Brade 14625 (RB); 21.V.1935, est., A.C. Brade 14627 (RB/ITA); III.1937, fl., A.C.
Brade 15685 (RB); 25.II.1940, fl., S.Mello & P. Occhioni s.n. (RB/ITA 446);
10.IV.1942, est., W.D. Barros 783 (RB/ITA); VI.1943, fl., F. Segadas-Vianna s.n.
(RFA 22817); VI.1945, fl., 2º ano da Escola Nacional de Agronomia s.n. (RBR 1740);
XII.1952, fl., N. Welter 49 (HB); 19.II.1954, fl., H. Monteiro 104 (RBR); 19.IV.1959,
91
fl. e fr., C. Peres 42 (R); VII.1959, est., H.E. Strang 120 (R); 13.I.1961, fl., J.P. Lanna
Sobrinho 59 (GUA); 14.I.1961, fl., H.E. Strang 259 (GUA, ITA/RB); 21.IV.1962, fl.,
H.E. Strang 420 (GUA); 9.VIII.1965, est., S.V. Andrade s.n. (RB/ITA 446); 3.II.1967,
fr., H. Strang & A. Castellanos 958 (HB); 13.VIII.1977, fl. e fr., Cézio 749 (RFA);
10.X.1977, fl., G. Martinelli 3200 (RB); IV.1980, est., A.L.V. Toscano de Brito 17
(HB); 22.XI.1994, fl., J.M.A. Braga et al. 1574 (RB); 24.I.2008, fl., F.F.V.A. Barberena
et al. 3 (RB); 15.III.2008, fl. e fr., F.F.V.A. Barberena 13 (RB); 5.V.2009, fl. e fr.,
Barberena et al. 171 (RB).
Espécie de ampla distribuição geográfica, E. secundum ocorre nos Estados
Unidos, México, Caribe, Jamaica, República Dominicana, Belize, Trinidad, Guiana,
Bolívia, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e Brasil, onde vegeta no Amazonas,
Amapá, Pará, Ceará, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e nos estados do Sul, em Florestas Ombrófilas
Densas, Abertas ou Mistas, em restingas e afloramentos rochosos (Pabst & Dungs 1975;
Batista & Bianchetti 2003; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist
of Selected Plant Families 2009; F. Barros, com. pess.).
No PARNA Itatiaia, a espécie foi coletada sistematicamente ao longo do século
XX, principalmente pela abundância de indivíduos e distribuição ampla na área,
ocorrendo nas margens do rio Campo Belo, em diferentes trechos da BR-485, Picada
Barbosa Rodrigues, Monte Serrat, trilha para o Lago Azul, Lago Azul, Lotes 25, 27 e
50, Hotel Donati, proximidades do Abrigo Lamego, Macieiras, na trilha MacieirasMassenas, Massenas, Registro, Pedra da Divisa e ao longo da estrada para o Planalto,
entre 750 e 2.000 m de altitude. Na área, E. secundum é encontrada nas formações
florestais montana e alto-montana, como ciófila a heliófila, preferencialmente, nas
margens de rios ou em barrancos na beira das estradas. Os indivíduos epifíticos vegetam
nos estratos basais (0-2 m e 2-4 m alt.) em Arecaceae e em outros forófitos de
angiospermas.
No Parque, a espécie floresce todos os meses do ano e foi coletada com frutos
em fevereiro, março, maio e agosto. Verificou-se que as inflorescências apresentavam
botões florais e flores em diferentes estágios de desenvolvimento e que, freqüentemente,
novos sub-corimbos ou mesmo um novo indivíduo se originava a partir de gemas do
pedúnculo do racemo senescente.
92
Diferencia-se das demais Laeliinae da região pela inflorescência em subcorimbo
e flores não ressupinadas.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), sob os sinônimos E.
crassifolium, E. ellipticum, E. elongatum e E. versicolor, e em Forster (2002) e Stancik
et al. (2009).
93
Figura 7 – Epidendrum ramosum Jacq. – a. ramo florífero; b. flor (vista lateral); c. segmentos florais; d.
fruto; Epidendrum rigidum Jacq. – e. hábito; f. segmentos florais; Epidendrum saxatile Lindl. – g. ramo
florífero; h. flor; Epidendrum secundum Jacq. – i. hábito; j-l. variação morfológica da flor; m. fruto (a-b:
Porto 172; c-e: Barberena 84; f: Barberena 168; g-h: Lanstyack 143; i: Barberena 171; j: Barberena 13;
l-m: Barberena 171).
94
3.18. Epidendrum strobiliferum Rchb.f., Ned. Kruidk. Arch. 4: 333. 1859.
Fig. 7a-b
Ervas 6,5-8,3 cm alt., eretas. Raízes e rizoma não observados. Caulomas 1,7-4,1
cm alt., ramificados, homoblásticos, eretos, subcilíndricos, levemente achatados
lateralmente, com ramificações no ápice ou ao longo do cauloma, recobertos por
bainhas paleáceas, 4-7-foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 1,1-2,3 x 0,4-0,7 cm,
dispostas por todo o cauloma, alternas, patentes, coriáceas, oblongas a elípticas,
sulcadas ao longo da nervura mediana na face adaxial, ápice emarginado-mucronado.
Racemos 1,7-1,8 cm compr., paucifloros, eretos; pedúnculo subcilíndrico, achatado
lateralmente; brácteas espatáceas ausentes; brácteas ca. 6,7 x 2,2 mm, amplexicaules,
oblongas, ápice obtuso; bractéolas ca. 8,8 x 3,7 mm, côncavas, adpressas, elípticas,
ápice agudo. Flores alvas, ressupinadas, pediceladas, simultâneas; pedicelo+ovário ca.
7,3 mm compr.; sépala dorsal ca. 6,1 x 1,8 mm, oblonga, ápice agudo, margem inteira,
sépalas laterais 5,9-6,2 x 2-2,1 mm, lanceoladas, ápice agudo, margem inteira; pétalas
5,7-5,9 x ca. 1 mm, oblanceoladas, ápice arredondado, margem inteira, levemente
ondulada no ápice; labelo ca. 4 x 2,7 mm, inteiro, cordiforme, estriado, ápice
arredondado, lamela central da base até a porção mediana. Coluna ca. 2,3 mm compr.,
subcilíndrica, reta. Antera, políneas e frutos não observados.
Material examinado: III.1942, fl., A. C. Brade s.n. (RB 260802).
Epidendrum strobiliferum distribui-se dos Estados Unidos até a América
Tropical, e no Brasil, ocorre no Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Rondônia,
Mato Grosso, Goiás e nos estados do Sudeste e do Sul, exceto no Rio Grande do Sul
(Pabst & Dungs 1975; Barros 2009; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World
Checklist of Monocotyledons 2009), vegetando em Florestas Ombrófilas Densas,
Abertas ou Mistas, como epífita (F. Barros, com. pess.). A espécie consta também no
Checklist das Plantas do Nordeste Brasileiro (Barros & Felix 2006).
No PARNA Itatiaia, a espécie está restrita à Floresta Montana e floresce em
março. Contudo, informações sobre forma de vida inexistem para esta espécie, que
possui apenas um registro para a área e não é recoletada há mais de 65 anos, podendo
ser considerada presumivelmente extinta no Parque. Porto (1915) cita a coleta de
espécimes a ca. 900 m de altitude.
95
Assim como para E. latilabre, Kersten & Silva (2001) destacam a ocorrência da
espécie em cinco estratos (0-2 m, 2-4 m, 4-6 m, 6-8 m e 8-10 m alt.) e a preferência
pelos estratos basais e intermediários 2-4 m e 4-6 m de altura.
Diferencia-se das demais espécies de Epidendrum no Parque principalmente
pelas folhas com ápice emarginado-mucronado.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975) e Stancik et al. (2009).
3.19. Epidendrum tridactylum Lindl., Edwards’s Bot. Reg. 24(46): 81. 1838.
Amblostoma tridactylum (Lindl.) Rchb.f., Ann. Bot. Syst. 6: 485. 1863.
Fig. 7c-e
Ervas epífitas, 22-42 cm alt., eretas, cespitosas. Raízes espessas. Rizomas curtos,
inconspícuos. Caulomas 12,5-32,5 cm compr., homoblásticos, eretos, fusiformes,
recobertos por bainhas paleáceas, 4-5-foliados, pseudobulbos presentes, não
sobrepostos. Folhas 7-19,5 x 0,6-1,1 cm, dispostas no 1/3-1/2 superiores dos caulomas,
alternas, dísticas, suberetas a eretas, subcartáceas a cartáceas, lineares, sulcadas ao
longo da nervura mediana na face adaxial, ápice obtuso a emarginado. Panículas,
raramente racemos, 11,3-26 cm compr., multifloras, eretas ou pendentes, glabras;
pedúnculo cilíndrico; espata ausente; brácteas ausentes; bractéola 1, 2,2-2,4 x 0,9-1,2
mm, amplectiva, ligeiramente côncava, adpressa, triangular, ápice agudo, recobrindo
parcialmente o pedicelo+ovário. Flores ressupinadas, pediceladas, simultâneas;
pedicelo+ovário 3,8-42 mm compr.; sépala dorsal ca. 3,5 x 2,1 mm, côncava, elíptica,
ápice agudo, margem inteira, sépalas laterais 3,3-3,5 x 2,2-2,3 mm, elípticas a
ligeiramente obovadas, ápice agudo, margem inteira; pétalas 3,5-3,7 x ca. 1,1 mm,
côncavas,
oblongo-oblanceoladas,
ápice
arredondado,
margem
inteira;
labelo
nitidamente trilobado, lobos laterais 1,5-1,6 x ca. 0,6 mm, oblongos, ápice arredondado,
lobo mediano ca. 1,7 x 0,7 mm, triangular, ápice retuso, lamelas e calos ausentes.
Coluna ca. 2,1 mm compr., subcilíndrica, reta. Antera ca. 0,9 x 0,5 mm, subglobosa;
políneas 0,22-0,24 x 0,16-0,17 mm, obovadas. Frutos não observados.
Material examinado: 5.III.1942, fl., W.D. Barros s.n. (RB/ITA 429); s.d., fl., W.D.
Barros s.n. (RB/ITA 430); 20.IV.1962, fl., A. Castellanos 24922 (GUA); 27.XI.2008,
est., F.F.V.A. Barberena 91 (RB); 18.IV.2009, fl., F.F.V.A. Barberena 162 (RB).
Epidendrum tridactylum ocorre na Bolívia, Equador, Peru e no Brasil, em
Pernambuco, Bahia e nos estados do Sudeste e do Sul, e, ainda, na Argentina (Pabst &
96
Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Selected
Plant Families 2009), em Florestas Ombrófilas Densas ou Abertas e Mistas (F. Barros,
com. pess.)
No Parque, E. tridactylum encontra-se restrita às formações de Floresta Montana
e foi coletada na picada Barbosa Rodrigues, na área do Hotel Donati e ao longo da BR485, nas proximidades do antigo Hotel Simon, hoje denomianado Itatiaia Park Hotel,
ocorrendo entre 800 e 1.050 m de altitude e somente nos estratos intermediários de 4-6
m e 6-8 m de altura. Foram observados apenas quatro indivíduos na área, evidenciando
a necessidade de proteção da espécie no local. Floresce em novembro, março, abril e
maio; não ocorreu formação de frutos in-situ e nem em cultivo ex-situ. Destaca-se que a
espécie não era recoletada há mais de 45 anos.
O espécime Barberena 91 (RB) floresceu em cultivo em 15.5.2009, permitindo a
confirmação da ocorrência da espécie para a área e indicando que os exemplares in-situ
possivelmente estariam floridos, fato comprovado a posteriori. Ressalta-se a
importância do cultivo ex-situ, funcionando como uma estratégia adicional para o
aumento do conhecimento sobre a espécie.
A espécie é considerada, sob o nome Amblostoma tridactylum, como
Criticamente em Perigo no estado do Espírito Santo (Simonelli & Fraga 2007).
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), sob o nome Amblostoma
tridactylum.
3.20. Epidendrum vesicatum Lindl., Edwards’s Bot. Reg. 24, Misc. 50. 1838.
Fig. 7f
Ervas ca. 41 cm alt., pendentes. Raízes espessas. Rizomas não observados;
caulomas 12-23 cm compr., não ramificados, homoblásticos, pendentes, subcilíndricos,
achatados lateralmente, estreitos na base e espessados para o ápice, recobertos por
bainhas paleáceas, 6-foliados, pseudobulbos ausentes. Folhas 6,3-15,5 x 2,5-8 cm, as do
ápice mais longas que as da base, verdes, dispostas ao longo de todo o cauloma,
imbricadas, côncavas, cartáceas, elípticas, alternas, dísticas, suberetas, sulcadas ao
longo da nervura mediana na face adaxial, ápice acuminado. Brácteas espatáceas
ausentes. Brácteas não espatáceas 3-5,5 cm compr., bractéolas 3-4 mm compr,
lanceoladas, cobrindo a base do pedicelo, ápice agudo. Flores (de acordo com Stancik et
al. 2009) verdes, ressupinadas, pediceladas; pedicelo+ovário 2-3 cm compr; sépala
dorsal 7-8 x ca. 3 mm, ovada, plana, ápice arredondado a agudo, sépalas laterais ca. 7 x
97
3 mm, oblanceoladas, subfalcadas, levemente côncavas, ápice agudo; pétalas 6-8 x ca. 1
mm, linear-oblanceoladas, margem inteira, ápice arredondado; labelo ca. 8 x 3,5 mm,
inteiro, plano, oblongo, margem interia, ápice mucronulado, com dois calos basais;
calos verdes, ovados e próximos entre si. Coluna ca. 0,5 cm compr. Antera, políneas e
frutos não observados.
Material examinado: 18.VII.1902, est., P. Dusén 720 (R).
Epidendrum vesicatum ocorre em Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e
em todos os estados da Região Sul (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009;
TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families 2009). De acordo com F.
Barros (com. pess.), essa espécie é endêmica da Mata Atlântica, onde vegeta em
Florestas Ombrófilas Densas, Abertas ou Mistas, como epífita.
A ocorrência de E. vesicatum no PARNA Itatiaia foi registrada uma única vez,
há mais de 105 anos, podendo ser considerada presumivelmente extinta no local. No
Parque, sua ocorrência está restrita à Floresta Montana, onde foi coletada estéril, a 1.000
m de altitude.
A espécie consta na lista de espécies ameaçadas de extinção do Espírito Santo,
sendo considerada Vulnerável (Simonelli & Fraga 2007).
A descrição da parte floral foi retirada de Stancik et al. (2009) e adequada aos
padrões das demais descrições do presente trabalho.
Diferencia-se das demais Laeliinae do PARNA Itatiaia principalmente pelas
folhas imbricadas e côncavas.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975) e Stancik et al. (2009).
4. Hadrolaelia (Schltr.) Chiron & V.P.Castro, Richardiana 2(1): 11. 2002.
Ervas epífitas, eretas. Raízes alvas e espessas. Rizomas curtos ou alongados.
Caulomas heteroblásticos, eretos, subcilíndricos ou fusiformes, raro ovados, 1-foliados,
pseudobulbos presentes. Folhas terminais, suberetas, raro patentes, coriáceas, sésseis.
Racemos ou inflorescências unifloras, raro bifloras; pedúnculo cilíndrico; espata
presente ou ausente. Flor ressupinada, pedicelada. Políneas 8.
98
O gênero está constituído por ca. 20 espécies, anteriormente incluídas em
Sophronitis e Laelia sect. Hadrolaelia Schltr., e amplamente distribuídas pelo território
brasileiro, ocorrendo da Bahia ao Rio Grande do Sul, e também na Argentina e no
Paraguai (Chiron & Castro 2002; Pridgeon et al. 2005). Após Van den Berg et al.
(2000a) destacarem as posições filogenéticas distintas das lélias brasileiras e das lélias
mexicanas, impossibilitando a utilização do nome genérico Laelia para as espécies
brasileiras, Chiron & Castro (2002) evidenciaram a forte congruência entre caracteres
morfológicos, ecológicos e moleculares que as lélias brasileiras possuem. No estudo
destes autores, o gênero Hoffmannseggella H.G.Jones foi reestabelecido e nele foram
incluídas as espécies rupícolas; o gênero monotípico Microlaelia (Schltr.) Chiron &
V.P.Castro foi estabelecido, com base em peculiaridades morfológicas de Laelia lundii
Rchb.f., e dois novos gêneros foram propostos para as espécies restantes, Dungsia
Chiron & V.P.Castro e Hadrolaelia (Schltr.) Chiron & V.P.Castro.
Conforme destacado anteriormente (vide Abordagem histórica da subtribo
Laeliinae), Van den Berg & Chase (2000) propuseram a transferência de todas as
espécies brasileiras do gênero Laelia para Sophronitis e, mais recentemente (Van den
Berg 2008), para Cattleya. Porém tais mudanças nomenclaturais ainda não foram
incorporadas pela comunidade científica (F. Barros, com. pess.) e não foram adotadas
no presente estudo.
No PARNA Itatiaia, o gênero está representado por cinco espécies.
Chave para a identificação de espécies de Hadrolaelia ocorrentes no PARNA
Itatiaia
1. Caulomas 0,6-2,4 cm compr.; folhas 0,8-6,6 x 0,5-1,8 cm; sépalas laterais 0,9-2,1 cm
compr.
2. Pétalas com ápice arredondado; labelo triangular .......................... H. mantiqueirae
2’. Pétalas com ápice agudo, raro arredonado; labelo lanceolado ............. H. coccinea
1’. Caulomas 14,9-40 cm compr.; folhas 21,6-40 x 3,9-8 cm; sépalas laterais 5-7,4 cm
compr.
3. Sépalas laterais 0,7-0,9 cm larg., oblongas ............................................... H. perrini
3’. Sépalas laterais 1,9-2,5 cm larg., elípticas ou levemente elípticas.
4. Pétalas 1-1,1 cm larg., oblongas .................................................... H. crispa
4’. Pétalas 4,9-5,6 cm larg., elípticas ............................................ H. purpurata
99
4.1. Hadrolaelia coccinea (Lindl.) Chiron & V.P.Castro, Richardiana 2: 17. 2002.
Sophronitis coccinea Rchb.f., Ann. Bot. Syst. 6: 465. 1862.
Fig. 7g-h
Ervas 2,7-10,2 cm compr. Rizomas curtos, inconspícuos ou alongados (0,2-0,5
cm compr.). Caulomas 0,7-2,4 cm compr., subcilíndricos a fusiformes, enrugados,
recobertos parcial ou totalmente por bainhas paleáceas. Folhas 0,8-6,6 x 0,5-1,7 cm,
côncavas, patentes a suberetas, oblongas a oblongo-lanceoladas, raro levemente ovadas,
sulcadas ao longo da nervura mediana na face adaxial, ápice agudo. Inflorescências
unifloras 3-6,3 cm compr., suberetas a pendentes; espata e brácteas ausentes; bractéolas
ca. 1,9 x 2,4 mm; adpressas, triangulares, ápice acuminado. Flores predominantemente
vermelhas, pediceladas, ressupinadas; pedicelo+ovário 1,8-5 cm compr.; sépala dorsal
9-21x 3-6 mm, oblonga, ápice agudo, margem inteira, sépalas laterais 9-21 x 3-7 mm,
oblongas, ápice agudo, margem inteira; pétalas 13-27 x 7-20 mm, ovadas, estriadas,
ápice agudo, raro arredondado, margem inteira; labelo 15-16 x ca. 15 mm, trilobado,
lanceolado, estriado, desprovido de calos basais, ápice agudo, lobos laterais ca. 10 x 6
mm, envolvendo completamente a coluna, obliquamente elípticos, margem inteira,
ápice arredondado, lobo mediano 8-9 x ca. 3 mm, lanceolado, ápice agudo, margem
inteira. Coluna 4,5-5 mm compr., subcilíndrica, levemente curva, sulcada ventralmente;
antera ca. 1,8 x 1,5 mm, subquadrática, levemente rostrada; políneas 0,7-0,73 x 0,5-0,63
mm, obovadas. Frutos não observados.
Material examinado: VI.1902, fl., C. Moreira & A.M. Ferreira s.n. (R 2982);
13.VII.1930, fl., R.W. Kaempfe s.n. (RB 87280); 1935, fl., A.C. Brade s.n. (RB 150885);
15.I.1936, fl., L. Lanstyack s.n. (RB 150886); 25.III.1942, fl., A.C. Brade s.n. (RB
17251); 16.VIII.1969, fl., D. Sucre 5786 (RB); I.2009, fl., F.F.V.A Barberena 127, 128,
129 (RB); IX.2009, fl., F.F.V. Barberena et al. 202 (RB); s.d., fl., s.col. (RB 150884).
Hadrolaelia coccinea ocorre em todos os estados da Região Sudeste e Sul do
Brasil e também na Argentina (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009;
TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families 2009). De acordo com F.
Barros (com. pess.), essa espécie é endêmica da Mata Atlântica, onde vegeta em
Florestas Ombrófilas Densas ou Abertas.
100
No PARNA Itatiaia, a espécie ocorre como ciófila a heliófila, na estrada para o
Planalto, na Serra Negra e no Alto dos Brejos, entre 1.800 e 2.200 m. Apesar das coletas
e observações em campo permitirem concluir que a espécie está restrita às formações
alto-montanas, acredita-se que possa ocorrer também nos enclaves de Floresta AltoMontana existentes nos campos de altitude. Floresce em janeiro, março, julho, agosto e
setembro. Vegeta nos estratos basais e intermediários (0-2 m, 2-4 m e 4-6 m alt.), de
Myrceugenia cf. campestris (DC.) D. Legrand & Kausel (Myrtaceae). Destaca-se que a
espécie não era recoletada há quase 40 anos.
É facilmente confundida com H. mantiqueirae, com a qual compartilha inúmeras
similaridades morfológicas vegetativas e florais, como o porte relativamente pequeno
(igual ou menor do que 10,2 cm compr.) e as flores vermelhas. Diferencia-se desta pelos
pseudobulbos subcilíndricos a fusiformes (vs. ovados), folhas oblongas a oblongolanceoladas (vs. ovadas), sépalas com ápice agudo (vs. ápice arredondado), pétalas
ovadas (vs. obovadas a suborbiculares) e pelo labelo lanceolado (vs. triangular).
Entretanto, como ambas as espécies ocorrem simpatricamente no Parque, acredita-se
que híbridos naturais e retrocruzamentos com parentais sejam freqüentes, gerando
grande variabilidade de formas de pseudobulbos, folhas e peças florais, dificultando,
assim, a identificação das duas espécies. Portanto, é comum encontrar exemplares de H.
coccinea com características de H. mantiqueirae (e vice-versa), como, por exemplo,
com folhas ovadas. Com base nas observações de campo, destaca-se o formato do
labelo como o caráter menos variável e, portanto, o mais confiável para identificação.
Dessa maneira, a identificação dos espécimes é baseada no conjunto de caracteres acima
discutidos e, principalmente, na forma do labelo.
A espécie é considerada Em Perigo, no estado do Espírito Santo (Simonelli &
Fraga & Menezes 2000), e Vulnerável em Minas Gerais (Mendonça & Lins 2000), o
que reafirma a necessidade da preservação da espécie nos remanescentes florestais.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), sob o nome Sophronitis
coccinea, e em Forster (2002).
101
Figura 7 – Epidendrum strobiliferum Rchb.f. – a. ramo florífero; b. segmentos florais; Epidendrum
tridactylum Lindl. – c. ramo florífero; d. flor; e. segmentos florais; Epidendrum vesicatum Lindl. – f.
hábito; Hadrolaelia coccinea (Rchb.f.) Chiron & V.P.Castro - g. hábito; h. segmentos florais [a-b: Brade
s.n. (RB 260802); c: Castellanos 24922; d: Barberena 91; e: Barberena 162; f: Dusén 720; g: Barberena
202; h: Barberena 127].
102
4.2. Hadrolaelia crispa (Lindl.) Chiron & V.P.Castro, Richardiana 2(1): 16. 2002.
Laelia crispa (Lindl.) Rchb. f., Fl. Serres Jard. Eur. 1(9): 102. 1853.
Fig. 8a-b
Ervas 12,3-15,5 cm compr. Raízes e rizomas não observados. Caulomas 14,915,1 cm compr., subcilíndricos, fortemente sulcados, achatados lateralmente, dilatados
na porção apical, recobertos totalmente por bainhas paleáceas pelo menos quando
jovens. Folhas 21,6-34,8 x 3,9-4,5 cm, suberetas, oblongas, fortemente sulcadas ao
longo da nervura mediana na face adaxial, margem revoluta, ápice emarginado.
Racemos ca. 28,4 cm compr., paucifloros, eretos; espata ca. 14,3 x 3,4 cm, oblonga,
achatada lateralmente, ápice levemente agudo a arredondado; brácteas ausentes;
bractéolas ca. 4,7 x 2,5 mm, côncavas, adpressas, triangulares, ápice acuminado.
Pedicelo+ovário ca. 7-7,3 cm compr.; sépala dorsal ca. 6,5 x 1,6 cm, oblonga, ápice
levemente acuminado, margem inteira, sépalas laterais 6,4-6,6 x 2,4-2,5 cm, elípticas,
ápice agudo, margem inteira nos 2/3-basais e levemente ondulada na porção apical;
pétalas 6,8-7,1 x 1-1,1 cm, oblongas, ápice agudo, margem inteira; labelo ca. 5 x 4,1
cm, trilobado, suborbicular, estriado, sem calos basais, ápice arredondado, lobos laterais
ca. 3,2 x 1,2 cm, envolvendo completamente a coluna, oblongos, ápice arredondado,
margem inteira, lobo mediano ca. 5 x 2 cm, oblongo, margem ondulada e crenulada,
ápice arredondado. Coluna ca. 2,5 cm compr., subcilíndrica, levemente curva, sulcada
ventralmente. Antera, políneas e frutos não observados.
Material examinado: 1918, fl., P.C. Porto s.n. (RB 206766).
Material adicional: BRASIL. RIO DE JANEIRO: Santa Maria Magdalena, 1941, fl.,
J.S. Lima s.n. (RB 48858); Nova Friburgo, 18.VII.2001, fl., M. Moraes et al. s.n. (RB
355374).
Hadrolaelia crispa está restrita aos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e
Rio de Janeiro (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World
Checklist of Selected Plant Families 2009). De acordo com F. Barros (com. pess.), essa
espécie é endêmica da Mata Atlântica, onde vegeta em Florestas Ombrófilas Densas ou
Abertas.
103
No PARNA Itatiaia, foi coletada uma única vez, há mais de 90 anos, em altitude
e localidade desconhecidas, razão pela qual se acredita que esteja extinta localmente. As
informações fornecidas pessoalmente por F. Barros e aquelas obtidas na etiqueta do
espécime Moraes s.n. (RB 355374) permitem supor que H. crispa ocorra como epífita
no Parque.
O material Porto s.n. (RB 206766) é constituído somente por flores e encontrase bastante destruído, o que exigiu a seleção de material adicional.
A espécie é considerada Criticamente em Perigo, em Minas Gerais (Mendonça
& Lins 2000), e Em Perigo, no município do Rio de Janeiro (Fraga 2000), o que
evidencia a necessidade de estudos e ações conservacionistas mais imediatas, como a
proteção de hábitats.
Pode ser diferenciada das demais Hadrolaelia na área, principalmente pelas
sépalas laterais elípticas e pelas pétalas oblongas, com 1-1,1 cm de largura.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), sob o nome Laelia crispa
(Lindl.) Rchb.f.
4.3. Hadrolaelia mantiqueirae (Fowlie) Chiron & V.P.Castro, Richardiana 2: 21. 2002.
Sophronitis mantiqueirae (Fowlie) Fowlie, Orchid Digest 36(5): 183. 1972.
Figs. 1f ; 8 c-f
Ervas 2-4,5 cm compr. Rizomas curtos, inconspícuos. Caulomas 0,6-2 cm
compr., ovados, raro subcilíndricos, enrugados, recobertos parcial ou totalmente por
bainhas paleáceas. Folhas 1,7-4,2 x 1,1-1,8 cm, côncavas, patentes a suberetas, ovadas,
raro oblongas, sulcadas ao longo da nervura mediana na face adaxial, ápice
arredondado. Inflorescências unifloras 3-6 cm compr., suberetas a pendentes; espata e
brácteas ausentes; bractéolas ca. 2 x 2,4 mm, adpressas, triangulares, ápice acuminado.
Pedicelo+ovário 1,4-3 cm compr.; sépala dorsal 13-19 x ca. 6 mm, elíptica, ápice agudo,
margem inteira, sépalas laterais 11-19 x 4-6 mm, oblongas, ápice agudo, margem
inteira; pétalas 13-22 x 8-19 mm, obovadas a suborbiculares, estriadas, ápice
arredondado, margem inteira; labelo 11-15 x 11-15 mm, trilobado, triangular, estriado,
desprovido de calos basais, ápice agudo, lobos laterais 8-9 x 3-6 mm, envolvendo
completamente a coluna, obliquamente elípticos, margem inteira, ápice arredondado,
lobo mediano 3-7 x 4-6 mm, triangular, ápice agudo, margem inteira. Coluna 4-4,5 mm
compr., subcilíndrica, levemente curva, sulcada ventralmente; antera e políneas não
104
observadas. Cápsulas 18-20 x 8-11 mm, subglobosas, 6-costadas, margens das costelas
crenuladas.
Material examinado: 1913, fl., F. Tamandaré s.n. (RB 1688); IX.1934, fl., A.C. Brade
14020 (RB); I.1936, fl., P.C. Porto s.n. (RB 261983); 11.X.1945, fl., Altamiro & Walter
77 (RB); 20.IX.1955, fl., M.E. Kauffmann-Fidalgo & O. Fidalgo 9 (RB); 12.VII.1977,
fl., C. Pereira 802 (RFA); 8.X.1981, fl., G. Martinelli 7771 (RB); 27.VII.2008, fr.,
F.F.V.A. Barberena 47 (RB); 27.VII.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 48 (RB); IX.2009,
fl., F.F.V.A. Barberena et al. 196 (RB); IX.2009, fl., F.F.V.A. Barberena et al. 201
(RB).
Hadrolaelia mantiqueirae ocorre em todos os estados das Regiões Sudeste e Sul
do Brasil, exceto no Espírito Santo (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009;
TROPICOS 2009; World Checklist of Monocotyledons 2009). De acordo com F. Barros
(com. pess.), essa espécie é endêmica da Mata Atlântica, onde vegeta em Florestas
Ombrófilas Mistas, e também pode apresentar a forma de vida rupícola.
No PARNA Itatiaia, H. mantiqueirae ocorre em formações Alto-Montanas e em
enclaves de Florestas Alto-Montanas inseridos nos campos de altitude, como ciófila a
heliófila, nas Macieiras, no rio das Flores e na estrada para o Planalto, entre 1.700 e
2.400 m de altitude, sendo mais frequente entre 2.000 e 2.200 m. Floresce em janeiro,
julho, agosto, setembro e outubro e pode ser encontrada em fruto em julho; vegeta em
seis estratos (0-2 m, 2-4 m, 4-6 m, 6-8 m, 8-10 m e 10-12 m alt.), nos seguintes
forófitos: Weinmannia organensis Gardner (Cunoniaceae), Calypthranthes concinna
DC., Myrceugenia cf. ovata (Hook. & Arn.) O.Berg e Myrceugenia cf. campestris
(DC.) D. Legrand & Kausel (Myrtaceae); e espécies de Leguminosae, dentre outros.
Hadrolaelia mantiqueirae pode ser confundida com H. coccinea, da qual pode
ser diferenciada por variações morfológicas do cauloma, folha e peças florais, conforme
já abordado nos comentários de H. coccinea.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), sob o nome Sophronitis
mantiqueirae, e em Forster (2002).
4.4. Hadrolaelia perrinii (Lindl.) Chiron & V.P.Castro, Edwards's Bot. Reg. 24, pl. 2.
1838.
Laelia perrinii (Lindl.) Bateman, Paxton's Mag. Bot.13. 1847.
105
Fig. 8g-h
Ervas ca. 39 cm alt. Raízes e rizomas não observados. Caulomas ca. 15 cm
compr., subcilíndricos, fortemente sulcados, recobertos por bainhas paleáceas, pelo
menos quando jovens. Folhas ca. 24 x 4,1 cm, suberetas, oblongas, fortemente sulcadas
ao longo da nervura mediana na face adaxial, ápice obtuso. Inflorescências bifloras ca.
16-18,3 cm compr., eretas; brácteas espatáceas ausentes; brácteas ca. 3,6 x 1,7 mm,
côncavas, adpressas, triangulares, ápice agudo; bractéolas não vistas. Pedicelo+ovário
6,1-7,2 cm compr.; sépala dorsal 4,5-7,1 x 0,8-1 cm, oblonga, ápice agudo, margem
inteira a levemente ondulada, sépalas laterais 5-7,1 x 0,7-0,9 cm, oblongas, ápice agudo,
margem inteira a ondulada; pétalas 5,1-6,7 x 2,2-2,3 cm, elípticas, ápice agudo a
levemente arredondado, margem levemente ondulada a ondulada; labelo trilobado,
oblongo, calos basais ausentes, lobos laterais 2,7-3,2 x 0,9-1 cm, envolvendo a coluna,
oblongos, ápice arredondado a agudo, margem inteira a levemente crenulada, lobo
mediano 4,7-5 x 1,2-1,3 cm, triangular, ápice obtuso, margem crenulada. Coluna 2,8-3,1
cm compr., subcilíndrica, curva, sulcada ventralmente. Antera, políneas e frutos não
observados.
Material examinado: 1914, fl., P.C. Porto s.n. (RB 8193); s.data, fl., P.C. Porto s.n.
(RB 230999).
Material adicional: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Guarapari, 13.IV.2006, fl., A.P.
Fontana & F. Bernabe 2073 (RB).
Hadrolaelia perrini possui distribuição restrita aos estados de Minas Gerais,
Espírito Santo e Rio de Janeiro (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009;
TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families 2009). De acordo com F.
Barros (com. pess.), essa espécie é endêmica da Mata Atlântica, onde vegeta em
Florestas Ombrófilas Densas ou Abertas, como epífita.
No PARNA Itatiaia, a espécie está restrita às formações montanas, tendo sido
coletada a ca. 600 m de altitude, possivelmente em uma das diversas localidades
situadas na parte baixa do Parque e que sofreu inúmeros distúrbios ao longo do século
XX (ver comentários de Cattleya bicolor para maiores detalhes). No Parque, H. perrini
foi coletada apenas duas vezes, por Campos Porto, há 95 anos, podendo ser considerada
presumivelmente extinta no local.
106
As amostras examinadas apresentam os pseudobulbos incompletos, razão pela
qual se supõe que a espécie tenha um porte maior do que o descrito. Dados vegetativos
foram retirados do espécime Fontana & Bernabe 2073 (RB), listado como material
adicional.
Esta espécie, sob o nome Laelia perrini, consta na lista de espécies ameaçadas
de extinção do Brasil, sendo considerada Presumivelmente Extinta, em Minas Gerais, e
Criticamente em Perigo, no Espírito Santo (Mendonça & Lins 2000; Simonelli & Fraga
2007).
Pode ser diferenciada das demais Hadrolaelia no Parque, principalmente pelas
sépalas laterais oblongas, com 0,7-0,9 cm de largura.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), sob o nome Laelia perrinii.
4.5. Hadrolaelia purpurata (Lindl. & Paxton) Chiron & V.P.Castro, Richardiana 2: 19.
2002.
Laelia purpurata Lindl. & Paxt. in Paxt., Fl. Gard. 3: 111. 1853.
Fig. 8i
Ervas. Caulomas 30-40 cm compr., agregados, fusiformes. Folhas 25-40 x 4-8 cm,
suberetas, raro patentes. Racemos 15-30 cm compr.; espata 10-17 cm compr. Brácteas
3-4 mm compr., adpressas, triangulares. Pedicelo+ovário 4-6 cm compr.; sépala dorsal
ca. 8,5 x 2 cm, elíptica, estriada, ápice agudo, margem inteira, sépalas laterais 7,3-7,4 x
ca. 1,9 cm, levemente elípticas, ápice levemente acuminado, margem inteira; pétalas ca.
8,1 x 4,9-5,6 cm, elípticas, estriadas, ápice agudo, margem levemente ondulada e
crenulada; labelo ca. 6,9 x 6 cm, trilobado, âmbito suborbicular, estriado, calos basais
ausentes, ápice levemente emarginado, margem ondulada e crenulada, lobos laterais ca.
5,1 x 1,7 cm, envolvendo completamente a coluna, oblongos, ápice arredondado, lobo
mediano ca. 6,9 x 4,3 cm, oblongo, ápice levemente emarginado. Coluna ca. 3 cm
compr., subcilíndrica, curva, sulcada ventralmente. Partes vegetativas, antera, políneas e
frutos não observados.
Material examinado: 1918, fl., P.C. Porto s.n. (RB 206768).
Hadrolaelia purpurata ocorre no Rio de Janeiro, São Paulo e em todos os
estados da Região Sul (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009;
World Checklist of Selected Plant Families 2009). De acordo com F. Barros (com.
107
pess.), essa espécie é endêmica da Mata Atlântica, onde vegeta em Florestas Ombrófilas
Densas ou Abertas, como epífita.
A descrição da parte vegetativa foi retirada de Cogniaux (1898-1902),
complementada com observações pessoais de indivíduos em cultivo ex-situ, e adequada
aos padrões das demais descrições do presente trabalho.
No PARNA Itatiaia, foi coletada uma única vez, há mais de 90 anos, em
localidade desconhecida, razão pela qual se presume estar extinta localmente.
A espécie é considerada, sob o nome Laelia purpurata, como Vulnerável no Rio
Grande do Sul (SEMA 2002).
Distingue-se das outras Hadrolaelia no PARNA Itatiaia, principalmente pelas
pétalas elípticas, com 4,9-5,6 cm de largura.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), sob o nome Laelia purpurata.
5. Isabelia Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 75. 1877.
Isabelia inclui três espécies, amplamente distribuídas pelo leste do Brasil, e
Isabelia x pabstii, híbrido natural, até o momento, restrito ao Paraná (Pridgeon et al.
2005).
Durante muito tempo Isabelia foi considerado um gênero monoespecífico, mas
Senghas & Teuscher (1968) e Van den Berg & Chase (2001) transferiram,
respectivamente, Neolauchea pulchella Kraenzl. e Sophronitella violacea (Lindl.)
Schltr. para Isabelia, ampliando a abrangência do gênero. A análise filogenética
molecular de Van den Berg et al. (2000a) indicou proximidade de Isabelia com os
gêneros Pseudolaelia Porto & Brade, Renata Ruschi e Constantia Barb.Rodr., com os
quais forma um clado.
O gênero é caracterizado, principalmente, pelos pseudobulbos agregados ou
separados por longos rizomas, subglobosos a fusiformes, heteroblásticos, 1-foliados;
folhas aciculares ou lineares, inflorescências bifloras ou flores isoladas e pelo labelo
inteiro, obovado (Pridgeon et al. 2005).
No PARNA Itatiaia, o gênero está representado somente por Isabelia virginalis
Barb.Rodr.
108
5.1 Isabelia virginalis Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1877.
Fig. 8j
Ervas ca. 7 cm alt., suberetas. Raízes alvas, espessas, com diâmetro maior do
que a largura das folhas. Rizomas 3,9-5,3 mm, recobertos por bainhas fibrosas, laxas,
com aspecto de uma fina rede de estopa; caulomas 6,5-7,6 x 3,7-4,1 mm,
heteroblásticos, suberetos, subglobosos a globosos, não sobrepostos, pseudobulbos
presentes, 1-foliados, recobertos por bainhas fibrosas, laxas, com aspecto de uma fina
rede de estopa. Folhas 3-18 x ca. 0,05 cm, coriáceas, sésseis, no ápice dos
pseudobulbos, suberetas, acentuadamente lineares (60:1 – 360:1), nitidamente sulcadas
ao longo da nervura mediana, ápice agudo a acuminado. Inflorescência uniflora, apical;
flores ressupinadas, pediceladas; sépalas ca. 0,7 x 0,35 cm, alvas, róseas no ápice,
lanceoladas; pétalas de coloração semelhante à das sépalas, mais curtas e estreitas que
elas; labelo alvo, ca. 0,6 x 0,5 cm, inteiro, subespatulado, inserido na base do labelo (de
acordo com Miller et al. 2006). Pé da coluna ausente. Frutos não observados.
Material examinado: 15.II.1945, est., A.C. Brade 17467 (RB).
Isabelia virginalis ocorre nos estados brasileiros de Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo e Paraná, além do norte da Argentina e no Paraguai (Pabst & Dungs
1975; Pridgeon et al. 2005; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist
of Selected Plant Families 2009). De acordo com F. Barros (com. pess.), vegeta em
Florestas Ombrófilas Densas, Abertas ou Mistas.
No PARNA Itatiaia, a espécie restringe-se à formação montana, sendo a única
coleta feita há mais de 60 anos, na Serra do Taquaral, a ca. 1.300 m. Por essa razão, a
espécie pode ser considerada presumivelmente extinta no local, não havendo, inclusive,
informações sobre o hábitat e a forma de vida. Entretanto, na Serra do Japi (SP), I.
virginialis ocorre como epífita em Floresta Mesófila Estacional Semidecídua e na Serra
dos Órgãos (RJ), com ocorrência ocasional, formando grandes colônias, mas somente
em florestas primárias ou árvores relíquias (Miller et al. 2006; Pansarin & Pansarin
2008). Pridgeon et al. (2005) destacaram que a espécie ocorre como epífita nas florestas
semidecíduas nos estados de São Paulo e Paraná, entre 200-500 m de altitude, ou como
rupícola em áreas montanhosas, de altitude mais elevada, em Minas Gerais.
A espécie é apontada como Vulnerável para o estado de São Paulo (Mamede et
al. 2007), por ser considerada uma espécie-alvo de coletas predatórias e devido à
109
distribuição restrita, e classificada como Em Perigo no Paraná (Hatschbach & Ziller
1995).
Isabelia virginalis pode ser facilmente diferenciada das demais espécies de
Laeliinae no Parque pela bainha fibrosa, laxa, semelhante a uma fina rede de estopa, e
pela folhas acentuadamente lineares.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975).
110
Figura 8 – Hadrolaelia crispa (Lindl.) Chiron & V.P.Castro – a. pseudobulbo, folha e ramo florífero; b.
segmentos florais; Hadrolaelia mantiqueirae (Fowlie) Chiron & V.P.Castro – c. hábito; d. flor (vista
lateral); e. segmentos florais; f. antera e políneas, vistas pela face que se une à coluna; Hadrolaelia
perrinii (Lindl.) Chiron & V.P.Castro – g. pseudobulbo e folha; h. segmentos florais; Hadrolaelia
purpurata (Lindl. & Paxton) Chiron & V.P.Castro – i. segmentos florais; Isabelia virginalis Barb.Rodr. –
j. hábito.
111
6. Prosthechea Knowles & Westc., Fl. Cab. 2: 111-112. 1838.
Ervas. Raízes alvas e espessas. Rizomas curtos ou alongados; caulomas
heteroblásticos, eretos, geralmente fusiformes, às vezes subcilíndricos, pseudobulbos
presentes, 1-3-foliados. Folhas apicais, coriáceas, oblongas, raro lineares, suberetas.
Espata presente. Racemos. Flores não-ressupinadas, pediceladas. Labelo inteiro ou
trilobado. Coluna tridentada na região apical, margens adnadas ao labelo desde a base
até sua porção mediana. Políneas 4, obovadas.
O gênero está constituído por ca. 100 espécies e se distribui amplamente no
Neotrópico, dos Estados Unidos ao sul da América do Sul (Pridgeon et al. 2005).
Até recentemente, as espécies de Prosthechea estavam incluídas em Encyclia,
constituindo o subgênero Osmophytum (Lindl.) Dressler & G.E.Pollard. Higgins (1997),
baseado na análise de características morfológicas do subgênero (principalmente do
pseudobulbo, folha, inflorescência, flor, labelo, coluna e cápsula), elevou este táxon ao
nível de gênero, tratando-o como Prosthechea. A análise filogenética morfológica
realizada pelo autor resultou no posicionamento de Prosthechea como grupo-irmão de
Cattleya. Entretanto, posteriormente, Higgins et al. (2003), através de análise
filogenética molecular combinada, evidenciaram Euchile (Dressler & G.E.Pollard)
Withner como grupo-irmão de Prosthechea, e destacaram, ainda, o forte apoio de
bootstrap que os clados apresentaram, respectivamente, 100% e 97%.
As espécies de Prosthechea preferem hábitats úmidos em florestas, incluindo
regiões alagadiças (swamps), desde o nível do mar até 2.600 m de altitude, e são, em
sua maioria, polinizadas por vespas (Pridgeon et al. 2005).
No PARNA Itatiaia, o gênero está representado por quatro espécies.
Chave para a identificação de espécies de Prosthechea ocorrentes no PARNA
Itatiaia.
1. Caulomas 1-foliados; racemos 6,2-7 cm compr., com até 6 flores.
2. Folhas lineares, 0,4-0,5 cm larg.; sépala dorsal oblanceolada, ca. 9,7 mm
compr. ................................................................................................ P. calamaria
112
2’. Folhas oblongas, 1,8-3 cm larg.; sépala dorsal lanceolada, ca. 22,2 mm
compr. .................................................................................................. P. fragrans
1’. Caulomas 2-3-foliados; racemos 13,2-17,8 cm compr., com 8 flores ou mais.
3. Caulomas 2-foliados; sépalas e pétalas com ápice nitidamente acuminado;
labelo inteiro, desprovido de calos basais .................................... P. allemanoides
3’. Caulomas 3-foliados; sépalas e pétalas com ápice agudo; labelo trilobado,
provido de calos basais .................................................................. P. pachysepala
6.1. Prosthechea allemanoides (Hoehne) W.E.Higgins, Phytologia 82(5): 376.
1997[1998].
Encyclia allemanoides (Hoehne) Pabst, Orquídea (Niterói) 29(6): 276. 1972.
Figs. 1g; 9a-b
Ervas 22,3-33 cm alt., epífitas, eretas. Rizomas 1-2 cm compr.; caulomas 6-11,6
cm compr., fusiformes, sulcados, parcialmente recobertos por bainhas paleáceas, 2foliados. Folhas 12,5-23,6 x 1,8-3,9 cm, oblongas, sulcadas ao longo da nervura
mediana na face adaxial, ápice obtuso. Espata 5,3-7,3 cm compr.; bractéolas ca. 7,7 x
2,2 mm, côncavas, adpressas, triangulares, ápice acuminado. Racemos 13,2-17,8 cm
compr., multifloros (8-15 flores). Pedicelo+ovário ca. 10,4 mm compr., cilíndrico;
sépalas róseo-claras, sépala dorsal ca. 21,5 x 5,2 mm, lanceolada, ápice acuminado e
convexo, margem inteira, revoluta, sépalas laterais 19,9-20,7 x 6,2-6,9 mm, elípticas,
ápice acuminado a mucronado, convexo, margem irregularmente ondulada, revoluta;
pétalas 22-22,1 x ca. 5,5 mm, alvas na face externa e alvas com listras róseas na face
interna, lanceoladas, ápice acuminado, convexo, margem inteira, revoluta; labelo ca.
12,6 x 8,4 mm, alvo com listras róseas próximas da base, inteiro, suborbicular, calos
basais ausentes, ápice acuminado, margem levemente ondulada, involuta da porção
mediana para o ápice. Coluna ca. 8,5 mm compr., vinosa próxima da base e alva para o
ápice, reta, subcilíndrica; antera ca. 2,2 x 1,4 mm, amarela, sub-quadrática; políneas 0,91,2 x 0,64-0,7 mm. Frutos não observados.
Material examinado: 28.X.1931, fl., J.F. Zikán s.n. (SP 28414); 10.X.1977, fl., G.
Martinelli 3210 (RB); 20.IX.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 64, 69 (RB).
Prosthechea allemanoides está restrita aos estados da Região Sudeste (Pabst &
Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Selected
113
Plant Families 2009). De acordo com F. Barros (com. pess.), esta espécie é endêmica da
Mata Atlântica, onde ocorre em Florestas Ombrófilas Densas ou Abertas e Mistas.
No PARNA Itatiaia, a espécie pode ser encontrada na estrada para o Lago Azul e
no seu entorno, na trilha Museu-Lago Azul, nas margens do Rio Campo Belo e nas
proximidades do km 8 da BR-485, na Cachoeira Poranga e Maromba, entre 800 e 1.100
m de altitude. Na área, a espécie vegeta como semi-heliófila, nos estratos intermediários
e superiores (6-8 m, 8-10 m e 10-12 m alt.) de espécies de Cupressaceae, Alchornea sp.
(Euphorbiaceae), Leguminosae, Cupania sp. (Sapindaceae) e de outros forófitos de
angiospermas. Pode ser facilmente diferenciada das demais espécies de Prosthechea no
Parque, principalmente pelos caulomas 2-foliados e pelas sépalas e pétalas com ápice
nitidamente acuminado.
Ilustrações adicionais em Hoehne (1933), sob o nome Epidendrum allemanoides
Hoehne, e em Pabst & Dungs (1975), sob o nome Encyclia allemanoides.
6.2 Prosthechea calamaria (Lindl.) W.E.Higgins, Phytologia 82(5): 377. 1997[1998].
Encyclia calamaria (Lindl.) Pabst, Orquídea (Niterói) 29(6): 276. 1972.
Fig. 9c-d
Ervas ca. 19,5 cm alt., eretas. Rizomas ca. 2 cm compr.; caulomas 6,7-6,9 cm
compr., subcilíndricos a levemente fusiformes, sulcados, parcialmente recobertos por
bainhas paleáceas, 1-foliados. Folhas 11-13,3 x 0,4-0,5 cm, lineares, levemente sulcadas
ao longo da nervura mediana na face adaxial, ápice agudo. Espata ca. 2,2 cm compr.,
achatada, ápice agudo; bractéolas ca. 2,1 x 0,3 mm, adpressas, estreito-triangulares,
ápice acuminado. Racemos 6,5-7 cm compr., paucifloros (ca. 6 flores). Pedicelo+ovário
9,7-12,9 mm compr., cilíndrico; sépalas e pétalas oblanceoladas, ápice acuminado,
margem inteira, sépala dorsal ca. 9,7 x 2,8 mm, sépalas laterais 8,6-9,3 x 2,2-2,9 mm;
pétalas 10,1-10,5 x 3-3,3 mm; labelo ca. 5,6 x 4,5 mm, inteiro, suborbicular, ápice
agudo, margem inteira, com dois calos basais; calos ca. 2,8 x 0,5 mm, oblongos, ápice
arredondado. Coluna ca. 4,5 mm compr., reta, subcilíndrica; antera ca. 1,2 x 1 mm, subquadrática; políneas ca. 0,6 x 0,5 mm. Cápsulas 12,9-18,5 x 10,8-12,5 mm, ovadas.
Material examinado: 1914, fl. e fr., P.C. Porto 23 (RB).
Prosthechea calamaria ocorre na Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Bolívia,
Venezuela e no Brasil, no Amazonas, Pará, Bahia e nos estados da Região Sudeste
114
(Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World Checklist of
Selected Plant Families 2009). De acordo com F. Barros (com. pess.), ocorre em
Florestas Ombrófilas Densas ou Abertas e Mistas.
No Parque, verifica-se ausência de informações sobre forma de vida, localidade
e fitofisionomia na qual a espécie ocorre. A única coleta foi realizada há mais de 95
anos, indicando grande probabilidade de estar extinta na área. Diferencia-se das demais
espécies de Prosthechea do Parque, pelas folhas lineares, com 0,4-0,5 cm de largura.
Barbero (2007) destaca que a espécie ocorre como epífita ou rupícola na Serra
do Cipó (MG), onde floresce nos meses de abril, maio, julho e setembro.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), sob o nome Encyclia
calamaria, e em Barbero (2007).
6.3. Prosthechea fragrans (Sw.) W.E.Higgins, Phytologia 82(5): 377. 1997[1998].
Encyclia fragrans (Sw.) Lemée, Fl. Guyane Franç. 1: 418. 1955.
Fig. 9e-f
Ervas 14,1-14,3 cm alt., eretas. Rizomas 1-2,5 cm compr.; caulomas 3,9-5,2 cm
compr., subcilíndricos, sulcados, recobertos por bainhas paleáceas, pelo menos quando
jovens, 1-foliados. Folhas 10,3-16 x 1,8-3 cm, oblongas, sulcadas ao longo da nervura
mediana na face adaxial, ápice obtuso. Espata ca. 2,1 cm compr., achatadas, ápice
agudo; bractéolas 3,5-3,7 x 1-2 mm, adpressas, triangulares, ápice acuminado. Racemos
ca. 6,2 cm compr., paucifloros (2 flores). Pedicelo+ovário ca. 12-20 mm compr.,
cilíndrico; sépala dorsal ca. 22,2 x 3,6 mm, lanceolada, ápice acuminado e côncavo,
margem inteira, sépalas laterais 21,7-21,8 x 3,6-4 mm, oblongas, ápice acuminado,
margem inteira; pétalas 18,9-19,2 x 3,1-3,6 mm, oblongas a oblanceoladas, ápice
acuminado e côncavo, margem inteira; labelo ca. 15,1 x 10,1 mm, inteiro, suborbicular,
listrado, ápice acuminado, margem inteira, desprovido de calos basais. Coluna ca. 5,5
mm compr., reta, subcilíndrica; antera ca. 2 x 1,5 mm, subquadrática; políneas ca. 1,1 x
0,7 mm. Frutos não observados.
Material examinado: 1914, fl., P.C. Porto s.n. (RB 8153); 1933, est., s.col. (RB 4155).
A espécie apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo no México,
Antilhas, América Central, em todo o norte da América do Sul, Equador, Bolívia, no
Brasil, nos estados do Amazonas, Acre, Pará, Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco,
115
Alagoas, Sergipe, Bahia, Mato Grosso, e nas regiões Sudeste e Sul, e também na
Argentina (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009; Kew 2009; TROPICOS 2009; World
Checklist of Selected Plant Families 2009). Em território brasileiro, vegeta em Florestas
Ombrófilas Densas ou Abertas, Florestas Ombrófilas Mistas e restingas, como epífita
(www.restinga.net 2009; F. Barros, com. pess.).
No PARNA Itatiaia, a última coleta foi realizada há mais de 75 anos, indicando
uma provável extinção local. Assim como para P. calamaria, verifica-se ausência de
informações sobre forma de vida, porém, quanto à localidade e altitude em que ocorrem,
Porto (1915) cita a coleta de espécimes entre 850-1.200 m de altitude, na região dos
Três Picos.
Sob o nome Encyclia fragrans, Kersten & Silva (2001) apontam a ocorrência da
espécie em quatro estratos (0-2 m, 2-4 m, 4-6 m e 6-8 m de altura) e a preferência pelo
estrato basal de 2-4 m de altura.
Distingue-se das demais espécies de Prosthechea no PARNA Itatiaia,
principalmente pela sépala dorsal lanceolada.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), sob o nome Encyclia fragrans.
6.4. Prosthechea pachysepala (Klotzsch) Chiron & V.P.Castro, Richardiana 3: 174.
2003.
Figs. 1h; 9g-h
Ervas ca. 38 cm alt., epífitas, eretas. Rizomas ca. 0,6 cm compr., recobertos por
bainhas paleáceas; caulomas ca. 23,7 cm compr., fusiformes, achatados lateralmente,
sulcados, parcialmente recobertos por bainhas paleáceas, 3-foliados. Folhas 13,7-20,1 x
2,2-3,1 cm, verdes, oblongas, alternas, dísticas, sulcadas ao longo da nervura mediana
na face adaxial, ápice obtuso. Espata ca. 2,4 cm compr.; bractéolas 7,3-13,1 x 3-3,7 mm,
adpressas, triangulares, ápice acuminado. Racemos ca. 16,3 cm compr., multifloros
(mais de 15 flores). Pedicelo+ovário ca. 19,7 mm compr., cilíndrico; sépala dorsal 1212,2 x 3,9-5 mm, oblanceolada, ápice agudo, margem inteira, sépalas laterais 11,8-12,8
x 4,9-5,4 mm, oblanceoladas a levemente elípticas, ápice agudo, margem inteira; pétalas
11,1-12,7 x 3,7-4,5 mm, oblanceoladas, ápice agudo, margem inteira; labelo ca. 5,4 x
4,8 mm, trilobado, triangular, ápice agudo, lobos laterais 2,7-3,6 x 1,4-1,6 mm,
semicirculares, reflexos, ápice arredondado, margem inteira, lobo mediano ca. 1,5 x 2,8
mm, triangular, ápice agudo, margem inteira, com dois calos basais; calos 2,8-3,9 x 0,8-
116
1,3 mm, oblongos, ápice arredondado. Coluna 6,2-7,8 mm compr., reta, subcilíndrica;
antera, políneas e frutos não observados.
Material examinado: 20.XII.1927, fl., P.C. Porto 1623 (RB/ITA); 20.IV.1962, fl., A.
Castellanos 25674 (GUA); 25.XI.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 85 (RB); 26.XI.2008,
fl., F.F.V.A. Barberena 87 (RB); 21.XII.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 103 (RB);
19.XI.2009, fr., F.F.V.A. Barberena 181 (RB).
Prosthechea pachysepala distribui-se por Minas Gerais, São Paulo e Rio de
Janeiro (Pabst & Dungs 1975; Barbero 2007; CRIA 2009; Kew 2009; Tropicos 2009;
World Checklist of Selected Plant Families 2009). De acordo com F. Barros (com.
pess.), essa espécie é endêmica da Mata Atlântica, onde ocorre em Florestas Ombrófilas
Mistas e afloramentos rochosos.
Esse é o primeiro registro da espécie no PARNA Itatiaia, onde é encontrada na
área do Hotel Donati, na piscina do Maromba, no início da Travessia Rui Braga, nos
Três Picos, entre 800 e 1.200 m, apresentando-se como ciófila a semi-heliófila; foi
coletada com flores em novembro e dezembro e com frutos em junho. Vegeta nos
estratos basais e intermediários (0-2 m, 2-4 m e 4-6 m alt.), em Calypthranthes
grammica (Spreng.) D. Legrand (Myrtaceae) e outras espécies forofíticas de
angiospermas.
Prosthechea pachysepala é usualmente confundida com P. vespa (Vell.)
Higgins, sendo tratada inclusive como sinônimo desta. Porém, segundo Barbero (2007)
diferencia-se de P. vespa pelo tamanho da planta e das flores (maiores em P.
pachysepala), pelo número de folhas por pseudobulbo (três em P. pachysepala e duas
em P. vespa), e pela coloração da flor, que possui linhas longitudinais castanhas ou
vinosas nas tépalas em P. vespa, e numerosos pontos uniformemente distribuídos em P.
pachysepala.
Prosthechea pachysepala é facilmente diferenciada das demais espécies de
Prosthechea no Parque pelos caulomas 3-foliados e pelo labelo trilobado.
Ilustrações adicionais em Barbero (2007).
117
7. Scaphyglottis Poepp. & Endl., Nov. gen. sp. pl. 1: 58. 1835 [1836].
Scaphyglottis é um gênero monofilético que abrange ca. 60 espécies, distribuídas
desde o México e Índias Ocidentais até o Peru, Bolívia e o sul do Brasil (Pridgeon et al.
2005).
Van den Berg et al. (2000a) apontaram a formação de um clado bem distinto
dentro
de
Laeliinae,
Reichenbachanthus
denominado
Barb.Rodr.,
“aliança
Hexisea
Lindl.,
Scaphyglottis”,
Platyglottis
compreendendo
L.O.Williams
e
Scaphyglottis Poepp. & Endl., e evidenciaram também que Helleriella punctulata
(Rchb.f.) Garay & H.R.Sweet e as espécies dos gêneros Hexadesmia Brongn. e
Tetragamestus Rchb.f. fazem parte de Scaphyglottis. Posteriormente, com base em
novas análises filogenéticas moleculares, Dressler et al. (2004) sinonimizaram
Reichenbachanthus, Hexisea e Platyglottis com Scaphyglottis. Desse modo, com a nova
abrangência, a distribuição geográfica do gênero foi ampliada, e passou a incluir
também os Andes e países da América Central.
Scaphyglottis é caracterizado, principalmente por apresentar pseudobulbos
estipitados, geralmente sobrepostos, e a coluna com pé bem desenvolvido. No PARNA
Itatiaia, o gênero encontra-se representado por apenas uma espécie.
7.1. Scaphyglottis modesta (Rchb.f.) Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 23: 46.
1926.
Tetragamestus modestus Rchb.f., Bonplandia 2(2): 21-22. 1854.
Fig. 9i-j
Ervas epífitas ou rupícolas, 15-60 cm alt., cespitosas, eretas. Raízes alvas,
relativamente espessas. Rizomas curtos, inconspícuos; pseudobulbos 2-28,5 cm compr.,
verdes, sobrepostos, homoblásticos, eretos, cilíndricos, 2-foliados; pseudobulbos
sobrepostos, originados no rizoma e no ápice de pseudobulbos adultos, recobertos por
bainhas castanhas. Folhas 2,2-13,9  0,4-1,2 cm, verdes, subcartáceas, no ápice dos
pseudobulbos, subopostas, dísticas, sésseis, suberetas, lineares a estreitamente oblongas,
ápice obtuso, às vezes, mucronado, nervura central proeminente. Inflorescência com 2-3
flores ou flores isoladas, 0,9-1,6 cm; bractéolas 9,9-10 mm compr., castanhas,
amplectivas, côncavas, oblongas, ápice agudo. Flores ressupinadas, pediceladas;
pedicelo+ovário ca. 8 mm compr., verde; sépalas e pétalas similares entre si, verdeclaras, roxo-pontuadas na porção mediana e no ápice da face adaxial, ápice agudo;
118
sépala dorsal 5,9-6,3  3,2-3,3 mm, elíptica, sépalas laterais 5,7-6,3  3-3,3 mm,
ovadas; pétalas 5,3-5,5  2,1-2,2 mm, elípticas; labelo 5,1-5,4  ca. 2 mm, verde-claro,
margem creme, inserido no ápice do pé da coluna, oblongo, subtrilobado; lobos laterais
ca. 1,1-1,2  1-1,1 mm, auriculares, ápice obtuso, lobo mediano 1,8-1,9  2,7-2,8 mm,
orbicular, ápice obtuso, dois calos basais; calos 1,4-1,5  ca. 1,2 mm. Coluna 4,3-5  ca.
1,4 mm, roxa, pé da coluna 2-2,5 mm compr., asas da coluna ca. 1,4  1 mm, verdeclaras, auriculares, ápice obtuso; antera róseo-arroxeada; polínias 4; rostelo transverso,
liguliforme e recurvado. Cápsulas 1-1,2  0,4-0,6 cm, verdes, subglobosas, 6-costadas.
Material examinado: 1914, fl., P.C. Porto s.n. (RB 8194); 1914, fl., P.C. Porto 49
(RB); 9.I.1928, fl. e fr., P.C. Porto 1664 (RB); 12.III.1942, fl., W.D. Barros 658 (RB);
12.III.1942, fr., A.C. Brade 17209 (RB); 14.I.1997, fl., J.M.A. Braga et al. 3876 (RB);
15.III.2008, fr., F.F.V.A. Barberena 12 (RB); 19.XII.2008, fl., F.F.V.A. Barberena 96
(RB); 14.II.2009, fr., F.F.V.A. Barberena 146 (RB).
Dentre as 15 espécies do gênero ocorrentes no território brasileiro, S. modesta é
uma das mais comuns e mais conhecidas na literatura. Apresenta ampla distribuição
geográfica, ocorrendo nos Estados Unidos, América Central (Costa Rica e Panamá),
Caribe (Cuba, Ilhas Leeward, Ilhas Windward, Porto Rico, República Dominicana e
Trinidad-Tobago) e em parte da América do Sul (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador,
Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela). No Brasil, ocorre em todas as regiões
geopolíticas, com exceção do Centro-Oeste, nos estados de Rondônia, Amazonas,
Pernambuco, Bahia e nas Regiões Sudeste e Sul, onde vegeta na Mata Atlântica e no
Cerrado (Pabst & Dungs 1975, 1977; Azevedo & van den Berg 2007; CRIA 2009; Kew
2009; TROPICOS 2009; World Checklist of Selected Plant Families 2009).
No PARNA Itatiaia, a espécie ocorre apenas na floresta Montana e apresenta-se
como ciófila ou semi-heliófila, podendo ser encontrada na estrada para o Hotel
Repouso, na trilha para o Lago Azul, no entorno do Lago Azul, em Monte Serrat e na
Maromba. No Parque, vegeta em ambientes muito úmidos, próximos a cursos d’água,
entre 750 e 1.200 m de altitude.
Kersten & Silva (2001) apontam a ocorrência da espécie em quatro estratos (0-2
m, 2-4 m, 4-6 m e 6-8 m alt.) e destacam que a espécie apresenta preferência pelo
estrato 2-4 m de altura. Entretanto, no PARNA Itatiaia, os indivíduos epifíticos ocupam
119
preferencialmente os estratos intermediários e superiores (entre 4-10 m alt.), raramente
vegetando entre 2-4m de altura, em forófitos de espécies de Annonaceae, Clethra ser.
Glabrae Sleumer (Clethraceae), Leguminosae, Campomanesia guaviroba (DC.)
Kiaersk. (Myrtaceae), Amaioua intermedia Mart. (Rubiaceae) e Cupania sp.
(Sapindaceae), dentre outras espécies forofíticas de angiospermas. Floresce e frutifica
de dezembro a março.
Foi observada, também, a formação de elevada quantidade de frutos na natureza
(mais de 50 cápsulas), o que pode explicar o fato de S. modesta ser uma das espécies de
Orchidaceae mais freqüentes na região.
A espécie pode ser facilmente diferenciada das demais espécies de Orchidaceae
no Parque pela ocorrência constante de pseudobulbos superpostos, formando uma planta
com hábito muito ramificado.
Segundo Reichenbach (1854), o tipo de Tetragamestus modestus Rchb.f. é de
local desconhecido.
Ilustrações adicionais em Pabst & Dungs (1975), como Tetragamestus modestus,
e em Azevedo & Van den Berg (2007).
120
Figura 9 – Prosthechea allemanoides (Hoehne) W.E.Higgins – a. hábito; b. segmentos florais;
Prosthechea calamaria (Lindl.) W.E.Higgins – c. hábito; d. segmentos florais; Prosthechea fragrans
(Sw.) W.E.Higgins - e. hábito; f. segmentos florais; Prosthechea pachysepala (Klotzsch) Chiron & V.P.
Castro – g. hábito; h. segmentos florais; Scaphyglottis modesta (Rchb.f.) Schltr. – i. pseudobulbo; j.
segmentos florais [a: Barberena 69; b: Zikán s.n. (SP 28414); c-d: Porto 23; e-f : Porto s.n. (RB 8153); gh: Barberena 103; i-j: Barberena 96].
121
Táxon Duvidoso
1. Cattleya × itatiayae Campos Porto (= C. guttata Lindl. × C. loddigesii Lindl.). Arq.
J. Bot. Rio Janeiro 2: 63-67, fig. 27. 1918.
De acordo com Porto (1918) e Brade (1956), Cattleya × itatiayae (figura
XXVII) seria um híbrido primário entre C. loddigesii e C. guttata. Porto (1918) assinala
que a forma e a coloração das sépalas e pétalas do único espécime estudado se
assemelham às de C. loddigesii, enquanto a consistência das peças florais, a forma do
labelo e as máculas das sépalas e pétalas, às de C. guttata. Este autor destaca também
que, naquela época, ambas as espécies eram muito freqüentes na encosta do Itatiaia, o
que corrobora serem estas os prováveis parentais.
A coleção Campos Porto 201 (RB; Fig.10) é o único exemplar disponível para
análise, representado apenas por uma flor e identificado pelo próprio coletor como C.
itatiayae Campos Porto. Contudo, Porto (1918) não cita qualquer coleção examinada,
tendo baseado a descrição em um exemplar cultivado no Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, onde floresceu. De fato, esse exemplar pertence ao gênero Cattleya, uma vez
que a flor apresenta os lobos laterais envolvendo a coluna e o labelo não adnado à
coluna.
A possibilidade de Cattleya × itatiayae ser um híbrido não é rejeitada no
momento, pois o espécime possui características florais distintas e que estão presentes
em ambas as espécies parentais. Porém, pela presença de máculas nas sépalas e pétalas,
não se enquadra na circunscrição de C. loddigesii, e pelo conjunto de características
florais aproxima-se de C. gutatta. Entretanto, esta espécie comumente possui numerosas
flores, variando de 5-11 por inflorescência, conforme observado por Cunha & Forzza
(2007) para espécimes coletados no município do Rio de Janeiro, diferentemente do que
descreveu Porto (1918) para o novo táxon, uma a duas flores.
Cattleya guttata ocorre na região central da costa brasileira, do sul da Bahia ao
Rio de Janeiro, desde o nível do mar até 300 metros de altitude e geralmente não muito
distante do oceano Atlântico (Zaslawski 2008). De acordo com este autor, alguns
cultivadores de orquídeas reportam a ocorrência da espécie em direção ao sul do país,
até Santa Catarina, e também em direção ao interior do continente, em Minas Gerais,
onde as plantas ocorreriam em baixas altitudes e próximas de cursos d’água. Tais
informações sugerem a possibilidade de C. guttata ocorrer nas proximidades do
PARNA Itatiaia. Já C. loddigesii ocorre tanto no estado do Rio de Janeiro quanto em
122
Minas Gerais (Pabst & Dungs 1975; CRIA 2009) e foi observada na zona de
amortecimento do Parque.
No entanto, a ocorrência dessas duas supostas espécies parentais no PARNA
Itatiaia é desconhecida e o suposto híbrido não é coletado nessa área há mais de 90
anos. Segundo Porto (1918) e Brade (1956), Cattleya × itatiayae teria sido coletada
perto de Benfica, a 600 m de altitude, uma região que foi muito alterada ao longo do
século XX. Por essa razão, supõe-se que este táxon esteja extinto ou possa ser
encontrado em locais ainda inexplorados e/ou de difícil acesso, uma interpretação
igualmente relatada no presente estudo para as espécies de Cattleya.
Na área de estudo, Cattleya × itatiayae diferencia-se das demais Laeliinae pelas
sépalas e pétalas maculadas. Entretanto, pelos comentários apresentados anteriormente e
pela ausência de exemplares dessas espécies coletados na área de estudo e de
informações na literatura sobre esse possível híbrido, é considerada, no presente estudo,
como um táxon duvidoso.
Material examinado: Rio de Janeiro: Itatiaia, 1916, fl., P.C. Porto 201 (RB).
123
Figura 10 - Holótipo de Cattleya x itatiayae Campos Porto.
124
Tabela 1: Espécies de Laeliinae do Parque Nacional do Itatiaia, Sudeste do Brasil (Forma de vida: DA = Dados ausentes, E = epífita, R= rupícola, T= terrícola.
Fitofisionomia: DA = dados ausentes, FM = Floresta Ombrófila Densa Montana, FAM = Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana, EFAM = Enclave de Floresta
Ombrófila Densa Alto-Montana nos Campos de Altitude. PNI = Parque Nacional do Itatiaia. Dados de Conservação: AE = Ameaçada de extinção, CR =
Criticamente em Perigo, DD = Dados Ausentes, EN = Em Perigo, EX = Presumivelmente Extinta, VU = Vulnerável. Siglas: BRA = Brasil, ES = Espírito Santo, MG
= Minas Gerais, SP = São Paulo, PR = Paraná, RJ = Município do Rio de Janeiro, RS = Rio Grande do Sul). Os novos registros para o PARNA Itatiaia estão
destacados com o símbolo #. Espécies recoletadas em 2008-2009 estão marcadas com um asterisco (*).
Espécie
Cattleya bicolor Lindl.
Cattleya schofieldiana Rchb.f.
Encyclia patens Hook. #
Epidendrum armeniacum Lindl. *
Epidendrum avicula Lindl.
Epidendrum chlorinum Barb.Rodr. *
Epidendrum cooperianum Bateman
Epidendrum ecostatum Pabst #
Epidendrum filicaule Lindl. *
Epidendrum henschenii Barb.Rodr. #
Epidendrum latilabre Lindl.
Epidendrum mantiqueiranum Porto & Brade
Epidendrum ochrochlorum Barb.Rodr. *
Epidendrum paranaense Barb. Rodr. *
Epidendrum proligerum Barb.Rodr.
Epidendrum pseudodifforme Hoehne & Schltr. #
Epidendrum ramosum Jacq. *
Epidendrum rigidum Jacq.
Epidendrum saxatile Lindl.
Epidendrum secundum Jacq. *
Epidendrum strobiliferum Rchb.f.
Epidendrum tridactylum Lindl. *
Epidendrum vesicatum Lindl.
Forma de vida
Fitofisionomia
Altitude
DA
DA
E/R
E
R
E
E
E
E
E
DA
E
E
E/R
DA
E
E/R
DA
DA
E/R/T
DA
E
DA
FM
FM
FM
FM
FM
FM / FAM
FM
FM
FM
FM
FM
FAM
FM
FM
DA
FM
FM
FM
FM
FM / FAM
FM
FM
FM
600 m
600 m
750 - 1.150 m
800 - 1.225 m
800-1000 m
1.000-2.350 m
DA
800-900 m
800-950 m
750-850 m
1300 m
2.200 m
750 m
750-1.250 m
DA
815-915 m
750-1100 m
900 m
DA
750-2.000 m
900 m
800-1.050 m
1.000 m
125
Nº espécimes em
herbários (PNI)
2
1
6
9
2
3
2
4
3
5
1
2
2
8
1
3
6
1
1
32
1
5
1
Dados de Conservação
VU (SP) / DD (MG)
CR (ES)
VU (ES)
CR (ES)
EX (SP)
VU (SP)
EN (ES)
EX (SP)
EN (ES)
CR (ES)
VU (ES)
Hadrolaelia coccinea (Rchb. f.) Chiron & V.P.Castro*
Hadrolaelia crispa (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
Hadrolaelia mantiqueirae (Fowlie) Chiron &
V.P.Castro *
Hadrolaelia perrinii (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
E
DA
E
FAM
DA
FAM /EFAM
1.800-2.200 m
DA
1.700-2.400 m
11
1
11
EN (ES) / VU (MG)
CR (MG) / EN (RJ)
-
DA
FM
600 m
2
Hadrolaelia purpurata (Lindely & Paxton) Chiron &
V.P.Castro
Isabelia virginalis Barb.Rodr.
DA
DA
DA
1
AE (BRA) / CR (ES)
EX (MG)
VU (RS)
DA
FM
1.300 m
1
VU (SP) / EN (PR)
E
FM
800-1.100 m
4
-
Prosthechea calamaria (Lindl.) W.E.Higgins
DA
DA
DA
1
-
Prosthechea fragrans (Sw.) W.E.Higgins
DA
FM
850-1.200 m
2
-
E
FM
800-1.200 m
6
-
E/R
FM
750 - 1.200 m
8
-
Prosthechea allemanoides (Hoehne) W.E.Higgins*
Prosthechea pachysepala (Klotzsch) Chiron &
V.P.Castro #
Scaphyglottis modesta (Rchb.f.) Schltr. *
126
a
b
c
d
e
f
g
Figura 11: Fotos das fitofisionomias e de habitats de Orchidaceae no Parque Nacional do Itatiaia,
Sudeste do Brasil. a: Campo de altitude, em destaque a Lagoa Bonita e a Pedra da Tartaruga. b:
Campo de altitude, em destaque as Agulhas Negras. c: Parte baixa do Parque, Cachoeira Poranga. d:
Floresta Alto-Montana. e: Parte baixa do Parque, Cachoeira Véu da Noiva. f: Floresta Montana, em
destaque o rio Campo Belo. g: Trecho de Floresta Alto-Montana, proximidades das Macieiras.
127
Considerações finais
No PARNA Itatiaia, são reconhecidos, para a subtribo Laeliinae, sete gêneros e
34 espécies, que podem ser epifíticas, rupícolas e/ou terrestres e que se distribuem pelas
Florestas Montana e Alto-Montana e enclaves de floresta Alto-Montana existentes nos
campos de altitude (Fig. 11). Epidendrum, com 20 espécies, é o gênero mais
representativo, seguido de Hadrolaelia (5 spp.), Prosthechea (4 spp.), Cattleya (2 spp.)
e Encyclia, Isabelia e Scaphyglottis (1 sp. cada). Do total de espécies, 73% são restritas
à Floresta Montana, correspondendo a sete gêneros e 25 espécies, o que justifica o
esforço de coleta nesta fitofisionomia, 6% se restringem à Floresta Alto-montana, 6%
ocorrem nas duas fitofisionomias, e Hadrolaelia mantiqueirae, freqüente na Floresta
Alto-montana, pode ser encontrada também em enclaves de Floresta Ombrófila Densa
Alto-montana. Para 12% das espécies, pertencentes aos gêneros Epidendrum,
Hadrolaelia e Prosthechea, inexistem informações quanto ao tipo de fitofisionomia em
que ocorrem na área de estudo.
A maior parte das espécies (41%) das quais se têm informação quanto ao tipo de
forma de vida é exclusivamente epífita, 12% ocorrem como epífita ou rupícola,
Epidendrum avicula é exclusivamente rupícola e Epidendrum secundum é encontrada
como epífita, rupícola ou terrícola. Estes dados corroboram levantamentos florísticos
pretéritos sobre a diversidade de Orchidaceae na Mata Atlântica, onde a forma de vida
epifítica é a mais abundante. Para 41% das espécies não se dispõe de dados quanto à
forma de vida (Tabela 1).
Apesar deste trabalho não ter o objetivo de analisar as relações específicas entre
epífitas × estratos e epífitas × forófitos, observações realizadas em campo revelaram a
ocorrência de espécies epifíticas preferenciais (2 spp.) e generalistas (12 spp.) quanto ao
estrato em que vegetam, não tendo sido constatada espécie alguma exclusiva quanto ao
estrato ou ao forófito. Epidendrum chlorinum, Epidendrum filicaule e Epidendrum
ochrochlorum são citadas como ocorrendo em um único estrato devido ao pequeno
número de indivíduos observados. A existência de espécies epifíticas preferenciais
(maior freqüência em uma ou poucas espécies forofíticas) ou generalistas quanto ao
forófito não pode ser constatada em função da ausência de desenho amostral e do baixo
número de forófitos coletados para uma análise adequada.
Dentre as 34 espécies, 50% (17 spp.) são endêmicas do Brasil, podendo ser
reconhecidos cinco padrões de distribuição geográfica: distribuição restrita à Região
Sudeste do Brasil (7 spp.) como p. ex. Prosthechea allemanoides e Hadrolaelia crispa;
128
distribuição restrita às Regiões Sul e Sudeste do Brasil (5 spp.), como Epidendrum
henschenii e Hadrolaelia coccinea; distribuição restrita ao Nordeste e ao Sudeste,
somente apresentado por Epidendrum filicaule; distribuição ampla no Brasil, ocorrendo
nas Regiões Nordeste, Sudeste e Sul (em Epidendrum ochrochlorum, Epidendrum
proligerum e Epidendrum vesicatum) ou nas Regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul,
como observado para Epidendrum ramosum. Destas 17 espécies, 13 são endêmicas da
Mata Atlântica; o gênero Hadrolaelia merece destaque, pois todas as espécies que
ocorrem no PARNA Itatiaia são endêmicas da Mata Atlântica, incluindo Hadrolaelia
coccinea, que ocorre também na Argentina.
Barros (2007) destaca que Orchidaceae constitui uma família especialmente
ameaçada em qualquer flora, em função dos seguintes fatores: (1) da dependência da
disponibilidade de forófitos sobre os quais as epífitas possam hospedar-se, (2) da
dependência que muitas espécies de orquídeas apresentam em relação aos polinizadores,
particularmente aves e insetos, que afetam diretamente a reprodução e manutenção de
suas populações, (3) das interações que estabelecem com algumas espécies de fungos,
principalmente, no que se refere ao favorecimento do desenvolvimento de plântulas, (4)
da distribuição restrita que comumente apresentam e (5) da coleta predatória por
colecionadores e comerciantes, culminando em um ativo comércio ilegal.
Para as espécies de Laeliinae do PARNA Itatiaia os fatores de número 1, 4 e 5
são particularmente válidos, sendo que os dois primeiros puderam ser constatados
durante o trabalho de campo, e o último, relativo à coleta predatória, supõe-se que tenha
ocorrido ao longo do século XX, devido à importância ornamental das espécies dessa
subtribo.
Consultas realizadas nas listas oficiais de espécies da flora brasileira ameaçadas
de extinção, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, evidenciam que 47% das
espécies de Laeliinae ocorrentes no PARNA Itatiaia são citadas em pelo menos uma das
listas. Hadrolaelia perrini, sob o nome Sophronitis perrini, aparece na lista oficial das
espécies ameaçadas de extinção no Brasil, além de ser categorizada como
Presumivelmente Extinta, em Minas Gerais, e Criticamente em Perigo, no Espírito
Santo. Outras quatro espécies aparecem em mais de uma lista estadual de espécies
ameaçadas de extinção, evidenciando que o grau de ameaça à qual uma espécie está
exposta é variável para os diferentes estados: Cattleya bicolor, considerada Vulnerável
(SP) ou Deficiente de Dados (MG), Hadrolaelia crispa, considerada Em Perigo (RJ) ou
Criticamente em Perigo (MG), H. coccinea, Em Perigo (ES) ou Vulnerável (MG), e
129
Isabelia virginalis Barb. Rodr., apontada como Em Perigo (PR) ou Vulnerável (SP). A
lista completa das espécies de Laeliinae do PARNA Itatiaia incluídas em Listas
Vermelhas do Sudeste do Brasil está detalhada na Tabela 1.
Considerando os critérios estabelecidos (vide Material e métodos), 44% (15
spp.) das espécies de Laeliinae foram consideradas presumivelmente extintas no
PARNA Itatiaia e pertencem a cinco gêneros: Epidendrum (7 spp.), Hadrolaelia (3
spp.), Cattleya (2 spp.), Prosthechea (2 spp.) e Isabelia (1 sp.). Destas espécies, 80%
ocorrem em Florestas Montanas, para 13% inexistem informações sobre a
fitofisionomia na qual ocorrem e somente Epidendrum mantiqueiranum vegeta nas
Florestas Alto-Montanas. Todas as 15 espécies foram coletadas somente uma ou duas
vezes no Parque, e a maior parte destas coletas ocorreu na década de 1910, justamente
no período (1908-1918) em que existiu na região uma colônia agrícola e a flora
primitiva da região sofreu intensamente com a influência humana, especialmente,
através da devastação das matas.
Quase metade das 15 espécies (46%) consideradas presumivelmente extintas
nesta Unidade de Conservação são endêmicas da Mata Atlântica. As poucas
informações disponíveis permitem supor que as espécies de Cattleya apresentavam
distribuição concentrada nas proximidades do centro urbano (Itatiaia), visto que foram
coletadas na região denominada Benfica, a ca. 600 m de altitude, justificando a aparente
extinção local. Acredita-se que as três espécies de Hadrolaelia presentes nesta lista
também ocorriam em altitudes mais baixas, pois comumente vegetam em hábitats
similares àqueles ocupados pelas espécies de Cattleya e, portanto, também teriam
sofrido com a expansão das áreas urbanas.
Para o PARNA Itatiaia, há expressiva escassez de espécimes de Laeliinae nas
coleções dos herbários consultados (Tabela 1), reforçando a importância do estudo
desenvolvido, pois novas coleções foram acrescentadas aos acervos dos herbários RB e
SP. Vale ressaltar que nos herbários RUSU, SP e SPF não foram encontrados espécimes
de Laeliinae procedentes desta Unidade de Conservação. Das 34 espécies de Laeliinae
do PARNA Itatiaia, 12 foram recoletadas durante este estudo e cinco constituem novos
registros para a área, a saber: Encyclia patens, Epidendrum ecostatum, Epidendrum
henschenii, Epidendrum pseudodifforme e Prosthechea pachysepala. Destaca-se ainda a
recoleta de Epidendrum ochrochlorum, Epidendrum ramosum e Epidendrum
tridactylum, espécies para as quais não se tinha registros no Parque há mais de 50 anos,
e de Epidendrum filicaule, sem novos registros há 95 anos.
130
Desse modo, os estudos taxonômicos sobre a subtribo Laeliinae no PARNA
Itatiaia permitem evidenciar a riqueza e a importância do grupo em remanescentes de
Mata Atlântica no Sudeste do Brasil. A ocorrência de espécies endêmicas e/ou já
categorizadas como ameaçadas de extinção e a distribuição restrita destas espécies
reforça a necessidade de proteção desses refúgios florestais, incluindo Unidades de
Conservação, nas quais ações de manejo podem ser implementadas com base nas
informações científicas divulgadas no presente trabalho, como por exemplo, tipos de
fitofisionomias e altitudes em que as espécies são encontradas, tipos de formas de vida e
particularidades referentes ao substrato, como altura no forófito em relação ao nível do
solo, e dados de distribuição geográfica, floração e frutificação.
Agradecimentos
À FAPERJ, pela bolsa concedida ao primeiro autor, e ao CNPq, pelas bolsas
concedidas ao segundo e terceiro autores. Ao Instituto Chico Mendes e à Administração
do Parque Nacional do Itatiaia, pela licença de coleta e apoio técnico e logístico. Aos
curadores dos herbários citados no texto, pelo empréstimo de material e/ou acesso às
coleções. Aos pesquisadores, Marcelo Souza e Sebastião Neto, pela identificação dos
espécimes dos forófitos. À Maria Alice Rezende, pela confecção das ilustrações
botânicas.
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141
Anexo 1. Quadro comparativo destacando os gêneros incluídos na
subtribo Laeliinae sensu Dressler (1993) e sensu Pridgeon et al. (2005).
Gêneros
Acrorchis
Adamantinia
Alamania
Arpophyllum
Artorima
Barkeria
Basiphyllaea
Brassavola
Broughtonia
Cattleya
Cattleyella
Caularthron
Constantia
Dilomilis
Dimerandra
Domingoa
Encyclia
Epidendrum
Guarianthe
Hagsatera
Helleriella
Hexisea
Homalopetalum
Isabelia
Isochilus
Jacquiniella
Laelia
Leptotes
Loefgrenianthus
Meiracyllium
Microepidendrum
Myrmecophila
Nageliella
Neocogniauxia
Nidema
Oerstedella
Oestlundia
Orleanesia
Dressler
(1993)
x
x
x
x
x
x
x
x
Pridgeon et al. (2005)
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
x
x
x
x
x
x
x
X
X
X
X
X
X
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
X
X
X
X
X
X
X
X
X
x
x
x
x
x
X
X
X
x
142
Gêneros
Pinelia
Platyglottis
Ponera
Prosthechea
Pseudolaelia
Psychilis
Quisqueya
Pygmaeorchis
Reichenbachanthus
Rhyncholaelia
Scaphyglottis
Schomburgkia
Sophronitis
Tetramicra
Dressler
(1993)
x
x
x
Pridgeon et al. (2005)
X
X
X
x
x
x
X
x
x
x
x
x
x
X
X
X
143
Anexo 2. Índice de coleções
1. Cattleya bicolor Lindl.
2. Cattleya schofieldiana Rchb.f.
3. Encyclia patens Hook.
4. Epidendrum armeniacum Lindl.
5. Epidendrum avicula Lindl.
6. Epidendrum chlorinum Barb.Rodr.
7. Epidendrum cooperianum Bateman
8. Epidendrum ecostatum Pabst
9. Epidendrum filicaule Lindl.
10. Epidendrum henschenii Barb.Rodr.
11. Epidendrum latilabre Lindl.
12. Epidendrum mantiqueiranum Porto & Brade
13. Epidendrum ochrochlorum Barb.Rodr.
14. Epidendrum paranaense Barb.Rodr.
15. Epidendrum proligerum Barb.Rodr.
16. Epidendrum pseudodifforme Hoehne & Schltr.
17. Epidendrum ramosum Jacq.
18. Epidendrum rigidum Jacq.
19. Epidendrum saxatile Lindl.
20. Epidendrum secundum Jacq.
21. Epidendrum strobiliferum Rchb.f.
22. Epidendrum tridactylum Lindl.
23. Epidendrum vesicatum Lindl.
24. Hadrolaelia coccinea (Rchb.f.) Chiron & V.P.Castro
25. Hadrolaelia crispa (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
26. Hadrolaelia mantiqueirae (Fowlie) Fowlie
27. Hadrolaelia perrinii (Lindl.) Chiron & V.P.Castro
28. Hadrolaelia purpurata (Lindely & Paxton) Chiron & V.P.Castro
29. Isabelia virginalis Barb.Rodr.
30. Prosthechea allemanoides (Hoehne) W.E.Higgins
31. Prosthechea calamaria (Lindl.) W.E.Higgins
32. Prosthechea fragrans (Sw.) W.E.Higgins
144
33. Prosthechea pachysepala (Klotzsch) Chiron & V.P.Castro
34. Scaphyglottis modesta (Rchb.f.) Schltr.
Altamiro 77 (26).
Andrade, S.V. (RB/ITA 456) (20), (RB/ITA 1111) (14).
Barberena, F.F.V.A. 1 (8), 3 (20), 12 (34), 13 (20), 17 (8), 20 (16), 32 (14), 35 (3), 41
(10), 42 (3), 43 (10), 47 (26), 48 (26), 62 (4), 64 (30), 69 (30), 73 (3), 79 (8), 83 (9),
84 (17), 85 (33), 87 (33), 89 (4), 91 (22), 95 (16), 96 (34), 99 (16), 103 (33), 127
(24), 128 (24), 129 (24), 142 (14), 143 (13), 147 (8), 148 (10), 159 (3), 162 (22),
165 (10), 168 (17), 171 (20), 181 (33), 187 (3), 188 (10), 189 (9), 196 (26), 201
(26), 202 (24).
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17209 (34), 17226 (6), 17199 (5), 17467 (29), 18803 (4), (RB 17251) (24), (RB150885)
(24), (RB 260802) (21).
Braga, J.M.A. 1574 (20), 2747 (3), 3072 (4), 3876 (33).
Cardoso, L.J.T. 190 (7).
Castellanos, A. 24922 (22), 25674 (33).
Cézio 749 (20).
Dusén, P. 720 (23), 726 (20), 752 (20), 769 (17).
Emmerich, M. 43 (14).
Huemendorff, E. 509 (20).
Kaempfe, R.W. (RB 87280) (24).
Kauffmann-Fidalgo, M.E. 9 (26).
Lanna Sobrinho, J.P. 59 (20)
Lanstyack, L. 143 (19), (RB 44229) (12), (RB 150886) (24).
Martinelli, G. 3200 (20), 3210 (30), 7771 (26).
Mello, S. (RB/ITA 446) (20).
Monteiro, H. 104 (20).
Moreira, C. (R 2982) (24).
Peres, C. 42 (20).
Pereira, C. 802 (26).
Porto, P.C. 23 (31), 27A (9), 49 (34), 67 (1), 72 (18), 649 (4), 652 (20), 1041 (5), 1044
(15), 1599 (4), 1623 (33), 1664 (34), 1882 (20), (RB 7744) (14), (RB 8153) (32), (RB
145
8193) (27), (RB 8194) (34), (RB 14533) (7), (RB 14854) (20), (RB 206766) (25), (RB
206768) (28), (RB 230999) (27), (RB 259736) (1), (RB 261983) (26).
Sampaio, A.J. 4074 (20), 4150 (11), (R35853) (20).
Sampaio, J.J. 1075 (17).
Segadas-Vianna, F. (R 712) (14), (RFA 22817) (20).
Sem coletor (RB 4155) (32), (RB 150884) (24).
Strang, H.E. 120 (20), 259 (20), 420 (20).
Sucre, D. 5786 (24).
Tamandaré, F. (RB 1688) (26).
Zikán, J.F. s.n. (SP 28414) (30).
2º ano da Escola Nacional de Agronomia (RBR 1740) (20).
146
Conclusão final
Os resultados obtidos com o atual levantamento das Orchidaceae no Parque
Nacional do Itatiaia reforçam o que foi assinalado anteriormente por Porto (1915) e
Brade (1956) sobre a importância e a riqueza de espécies dessa família no maciço do
Itatiaia. Para essa região montanhosa, com uma cobertura vegetacional de Mata
Atlântica, são listadas, no presente estudo, 226 espécies e 85 gêneros, distribuídos em
três subfamílias – Epidendroideae, Orchidoideae e Vanilloideae. Nesse contexto, esses
resultados também destacam essa Unidade de Conservação como um refúgio florestal
para a conservação de orquídeas no estado do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, em
função não só da diversidade do grupo, como pela presença de espécies ameaçadas de
extinção e/ou endêmicas do ecossitema Mata Atlântica.
De acordo com o presente estudo, amplia-se com 40 gêneros e 124 espécies à
primeira lista de Orchidaceae conhecida para a área, publicada por Porto (1915). Além
disso, os gêneros Christensonella, Dendrobium e Oeceoclades, as espécies Baptistonia
lietzei, Brasilidium gravesianum, Bulbophyllum exaltatum, Capanemia gehrtii,
Carenidium hookeri, Christensonella acicularis, Coppensia caldensis, Dendrobium
nobile, Encyclia patens, Epidendrum ecostatum, E. henschenii, E. pseudodifforme,
Gomesa recurva, Octomeria chamaeleptotes, O. linearifolia, Rodrigueziella handroi,
Pleurothallis mentigera, Prosthechea pachysepala e Habenaria sp., Octomeria sp. e
Vanilla sp. constituem os primeiros registros não só para essa Unidade de Conservação,
como também para o Maciço do Itatiaia. Ainda para a área de estudo, os gêneros
Capanemia e Encyclia e as espécies Gomesa planifolia, Octomeria crassifolia e O.
grandiflora são documentadas em herbário, pela primeira vez. A maioria das espécies
estudadas, das quais se dispõem de dados de campo, encontra-se em Florestas
Montanas, entre 500 m e 1.500 m de altitude, embora nove espécies sejam também
encontradas em Florestas Alto-Montanas, 30 ocorram exclusivamente nas formações
alto-montanas, e 17 espécies em campos de altitude, neste caso, geralmente acima de
2.200 m de altitude.
Quanto ao tipo de forma de vida, só se dispõe desse tipo de informação para
58% das espécies estudadas. Destas, as epífitas (59%) são as espécies predominates,
19% são exclusivamente terrestres, 9% são exclusivamente rupícolas e os demais 13%
correspondem a espécies que ocorrem sob duas ou três formas de vida.
147
Esse estudo também possibilitou atualizar a nomenclatura de vários táxons, em
diferentes níveis hierárquicos, em virtude das informações atualmente disponíveis em
revisões taxonômicas e estudos sobre a classificação de Orchidaceae com base em
análises filogenéticas moleculares. Nesse caso, tanto tribos, subtribos, gêneros e
espécies foram ora sinonimizados ora desmembrados e tratados como táxons
autônomos. Desse modo, essas informações permitiram a elaboração de uma lista de
táxons mais funcional, podendo-se divulgar os nomes científicos das espécies mais
atualizados e confiáveis, embasados em dados recentes e consistentes.
Igualmente para o estudo taxonômico da subtribo Laeliinae, os resultados se
mostram muito profícuos, pois também se ampliou o conhecimento sobre a riqueza de
espécies até então conhecida, tendo sido reconhecidas, no presente trabalho, 34
espécies, pertencentes a sete gêneros (verso 16 espécies, quatro variedades e sete
gêneros em Porto 1915). Além disso, elaborou-se uma chave analítica e descrições para
a identificação dos táxons de Laeliinae, assim como permitiu destacar características
morfológicas do cauloma, pseudobulbos, folhas, labelo e políneas como de valor
diagnóstico.
No PARNA Itatiaia, cerca de 70% das espécies de Laeliinae estudadas estão
restritas às Florestas Montanas e 16 são citadas em Listas Vermelhas dos estados das
Regiões Sudeste e Sul, e categorizadas como Presumivelmente Extintas (EX),
Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN), Vulnerável (VU) ou Deficiente de
Dados (DD). Esse dado revela a importância de se conhecer a flora de remanescentes
regionais de Mata Atlântica, a fim de que medidas conservacionistas possam ser
propostas e/ou implementadas, visando uma melhor preservação das espécies in-situ.
Os dados resultantes desse trabalho de pesquisa ampliam o conhecimento da
diversidade de Orchidaceae na Região Sudeste do Brasil e no ecossistema Mata
Atlântica, bem como contribuem com informações sobre espécies endêmicas e/ou
ameaçadas de extinção e novas ocorrências para o PARNA Itatiaia. Também se
mostram relevantes para a revisão e complementação da Lista de Espécies da Flora do
Brasil e listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção, como justificam a
importância da preservação dessa Unidade de Conservação no domínio da Mata
Atlântica.
148
Referências bibliográficas
Brade, A. C. 1956. A flora do Parque Nacional do Itatiaia. Bol. Parque Nacional do
Itatiaia 5: 7-85.
Porto, P.C. 1915. Contribuição para o conhecimento da Flora Orchidacea da Serra do
Itatiaia. Arquivos do Jardim Botanico do Rio de Janeiro 1: 107-133.
149

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