Responsabilidade Social Empresarial

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01-11-2015
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Responsabilidade Social Empresarial
OS DESAFIOS DA
RESPONSABILIDADE SOCIAL
PERANTE O AUMENTO
DAS DESIGUALDADES
AUTORA: Maria João Nicolau
dos SANTOS
Professora auxiliar com agregação no Instituto
Superior de Economia e Gestão da Universidade
de Lisboa (ISEG-Ull e investigadora integrada do
Centro de Investigação em Sociologia Económica
e das Organizações (SOCIUS-ISEG/Ill)
As empesas/organizações, como qualquer
cidadão, têm direitos mas também responsabilidades. No caso particular das empresas, sem deixar de se reconhecer a natureza
da sua atividade (criação de valor) é cada vez
mais consensual que estas devem respon-
Nos países da OCDE,
der pelos impactos gerados e assumir uma
por exemplo,
cidadania ativa. Devido à forte influência que
exercem sobre os ambientes onde atuam só
se consegue maiores níveis de sustentabilidade e de equidade social se estas partici-
o fosso entre ricos e pobres
aumentou sete vezes nos
últimos 25 anos
parem efetivamente no processo.
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No entanto, apesar da Responsabilidade Social
das empresas (RSE) ser considerada fundamental para a sustentabilidade global e de
nunca como atualmente este tema ser tão
debatido e de se produzir tantos instrumen-
realidade e representa um dos problemas
tos de RSE, como é o caso por exemplo dos
mais preocupantes da atualidade. As evi-
relatórios de sustentabilidade, índices éticos,
dências estatísticas são absolutamente ine-
standards e guidelines, também nunca tanto
quívocas e incontornáveis.
como agora se esteve tão longe dos desígnios
da sustentabilidade. Veja-se a perigosa degra-
Nos países da OCDE, por exemplo, o fosso
dação ambiental, que põe em causa a sobrevi-
entre ricos e pobres aumentou sete vezes
vência da humanidade, ou as disparidades de
nos últimos 25 anos, atingindo o seu nível
rendimento e as desigualdades sociais.
mais elevado dos últimos 30 anos. Segundo
dados de 2014, os 10% mais ricos, da popu-
As desigualdades de rendimento, persistentemente elevadas e em crescimento acentuado, são um exemplo paradigmático desta
lação da OCDE, ganham cerca de 9,5 vezes
mais do que os 10% mais pobres. Por comparação, nos anos 80 este rácio era de 7:1'.
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Âmbito: Outros Assuntos
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crescimento económico cai. O aumento da
trabalhadores. Este compromisso ético pres-
desigualdade em cerca de 3 pontos de Gini
supõe considerar que as responsabilidades
(corresponde ao aumento médio regista-
sociais das empresas se estendem muito
do pelos países da OCDE nas últimas duas
para além das responsabilidades económi-
décadas) levará a um decréscimo no cresci-
cas. As responsabilidades perante os seus
mento da economia de 0,35 pontos percen-
colaboradores incluem a necessidade de ha-
tuais, por ano, durante 25 anos. As perdas
ver uma partilha mais justa e mais equitativa
acumuladas ao nível do PIB, no final deste
do valor criado;
período atingirão os 8,5% (OCDE 2014).
b) formação, qualificação e promoção de
Segundo as análises de prospetiva dispo-
oportunidades
níveis, este cenário tenderá a acentuar-se
Investimento acrescido na educação e na
e afetará fortemente os padrões de cresci-
formação no contexto da empresa, como
mento no futuro. Reduz a capacidade de in-
forma de atualizar competências ou de con-
vestimento na educação, a mobilidade social
tribuir para um empowerment, constitui
e constitui um entrave ao desenvolvimento
um fator estratégico de desempenho em-
de competências. A diminuição do rendi-
presarial que se repercute positivamente
mento de largas camadas da população terá
no desenvolvimento individual. Introdução
também fortes impactos sociais implicando
de maiores níveis de equidade na empresa
um aumento do número de pessoas em si-
com a redução das disparidades salariais,
tuações de pobreza, diminuição das oportu-
aumento da participação, reforço do reco-
nidades de mobilidade social e degradação
nhecimento e da valorização profissional
das condições de vida dos cidadãos.
gera globalmente melhoria dos níveis de
satisfação individual e coletiva;
O aumento de desigualdades em todo o
mundo mostra que a globalização económica e a liberalização não criaram uma envolvente orientada para um desenvolvimento
social e inclusivo. O combate às desigualdades constitui, por isso, um desiderato a
alcançar, condição basilar para se alcançar
sociedades mais justas e economias mais
robustas.
A situação em Portugal é igualmente inquietante. Segundo o Observatório das De-
Traduzindo estas preocupações, algumas
sigualdades, Portugal em 2014 registava,
Este compromisso ético
pressupõe considerar que as
estratégias de intervenção no âmbito da
responsabilidades sociais
relativamente à concentração do rendimen-
Responsabilidade Social das empresas/orga-
das empresas se estendem
to (coeficiente de Gini'), o terceiro valor mais
nizações poderão ser tidas em consideração:
muito para além
elevado da União Europeia, com 34%'.
a) integração dos interesses dos stakeEsta situação tem múltiplas implicações,
holders e maior equidade na partilha do
não apenas pela desigualdade que gera,
valor criado.
mas também pelos impactos negativos que
Isto significa uma atuação empresarial que
repercute na economia. Investigações re-
inclua a procura de equilíbrios entre os in-
centes da OCDE evidenciam que, quando
teresses privados e os interesses dos stake-
a desigualdade de rendimento aumenta, o
holders mais relevantes, nomeadamente dos
das responsabilidades
económicas. 66
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Responsabilidade Social Empresarial
c) Relação de cooperação no ambito das cadeias de fornecimento
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Âmbito: Outros Assuntos
Corte: 3 de 5
POR: PAULA GUIMARÃES
Presidente do GRACE em representação da Associação Mutualista Montepio
www.grace.pt
15 ANOS
Pressupõe a existência de uma liderança transformacional capaz de
DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
promover relações e equilíbrios institucionais que equalizem as rela-
CORPORATIVA
ções de poder, atualmente extremamente desiguais, em particular
ao nível das redes de fornecimento e das cadeias globais de valor.
Inclui, por outro lado, a necessidade de se repensar a Responsabilidade Social, não mais considerada como uma atividade isolada
desenvolvida por cada empresa individualmente mas que se alarga
às redes de fornecimento, contribuindo para um desenvolvimento
global mais inclusivo;
Um compromisso efetivo dos líderes empresariais na mudança de
práticas de atuação a favor de uma maior equidade na redistribuição
dos rendimentos, diminuição da precarização do mercado de trabalho, revalorização do fator trabalho e alteração da relação com as
cadeias de fornecimento, constituem elementos que, no seu conjunto, podem contribuir para inverter o processo de crescente desigualdade e potenciar o crescimento de forma mais sustentada.■
O GRACE - Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial celebra este ano 15 anos de existência. Década e meia de trabalho
intensivo na promoção da Responsabilidade Social Corporativa que
se traduz em 134 empresas associadas; mais de 5 mit voluntários
envolvidos em ações que beneficiaram mais de 10 mil pessoas;
14 publicações dedicadas às temáticas da RSC; protocolos de colaboração assinados com organizações internacionais e mais de
60 entidades a nível nacional, como Câmaras Municipais, Entidades
Públicas e Universidades, entre outros; e mais de 200 reuniões e
seminários de reflexão conjunta.
O balanço é positivo. As empresas associadas do GRACE valorizam
uma gestão ética e responsável, apostam na capacitação dos seus colaboradores e na sensibilização dos seus stakeholders, preocupam-se em criar valor partilhado e estabelecem parcerias mais consistentes e melhor estruturadas com Instituições de Economia Social.
Estas boas práticas e gestão responsável, além de inspiradoras,
devem ser partilhadas e replicadas.
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Depois da cerimónia de celebração com os Associados, a 25 de
fevereiro, na Euronext Lisbon com o simbólico toque do Sino bolsista e uma obliteração de selo dos CTT na Lusitania Seguros, o
GRACE considera igualmente importante sensibilizar os consumidores e daí surge a campanha 15 anos que estará -nas ruas"
desde novembro até janeiro.
Com o apoio criativo da J. Walter Thompson, nasce um anúncio que
junta as empresas associadas e pretende dar a conhecer à sociedade civil que as empresas incluem na sua estratégia de gestão as
questões da sustentabilidade e da responsabilidade social. Nesta
campanha de Imprensa, o GRACE conta com o apoio da RHmagazine
e de diversos associados que disponibilizaram os seus suportes de
comunicação externos para disseminar a mensagem do GRACE,
Notas
1 OCDE 120141. Focus on inequality and Growth December 2014. OCDE.
acessado em16/06/15 http://www.oecd.org/social/Focus-Inequalitv-and-Growth2014.pdf
nomeadamente o OJE; a Masemba, através das publicações Lux,
Lux Woman, Cristina, Revista de Vinhos e DIVO; a MichaelPage através da cedência de espaço de Imprensa; a Delta, que disponibilizou
os seus pacotes de açúcar; a Portugália Restauração e a Eurest, nos
'INE: Indicador sintético de desigualdade na distribuição do rendimento.
Assume valores entre Olquando todos os indivíduos tém igual rendimentol
e 100 [quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo!. Também pode ser utilizado com escala de O e 1.
'Observatório das Desigualdades 120151 Indicadores Coeficiente de Gini:
Portugal entre os países da UE mais desiguais na distribuição do rendimento. Acessado em 16/06/15
http://observatorio-das-esigualdades.cies.iscte.pt/index .
jsp?page=indicators&id=215
seus locais de atendimento ao público; e os Transportes de Lisboa,
que permitiram a colocação da campanha nos autocarros, em Lisboa.
Os demais associados irão igualmente reforçar a divulgação desta
iniciativa nas suas revistas, newsletters, sites e redes sociais.
Todos nós portugueses devemos ser agentes de mudança e contribuir para uma realidade mais positiva e justa. Esta campanha
mostra que as empresas associadas do GRACE dão o exemplo e
esperamos que inspire a sociedade civil a fazer o mesmo.•
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Âmbito: Outros Assuntos
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O GRACE é uma associação sem fins lucrativos com um único objetivo: juntar empresas que assumem o compromisso
de contribuir para uma sociedade mais justa e socialmente responsável. Promovendo melhorias na qualidade de vida da
comunidade, preservando os recursos para as gerações futuras, fomentando a diversidade e a redução de desigualdades
sociais. Assumindo o seu papel no exercício de uma cidadania activa e comprometida com o futuro.
Se, quando escolher uma marca ou uma empresa, preferir as que assumem este compromisso, muitas outras vão querer
juntar-se a este anúncio.
Empresas juntas por um mundo melhor.
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Social Empresarial
As
esas como promotoras do desenvolvimento
sustentavel da sociedade