Disciplina VIII (, 657 KB) - Ações Inclusivas

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Disciplina VIII (, 657 KB) - Ações Inclusivas
“Gestão do Desenvolvimento
Inclusivo da Escola”
Módulo IV
Rio Grande, 2014
Módulo IV –
DEFINIÇÕES
E
CARACTERÍSTICAS
SOBRE
DEFICIÊNCIAS, TGD E ALTAS HABILIDADES.
Objetivos do módulo: Aprofundamento sobre quem são os sujeitos da educação
especial, conceituando os diferentes quadros de deficiência (auditiva, física,
intelectual, visual, múltipla, surdocegueira), altas habilidades transtornos globais de
desenvolvimento - Autismo Clássico, Síndrome de Asperger, Síndrome de Rett,
Psicose Infantil. Noções sobre conceitos, métodos e estratégias didático
pedagógicas para contribuir com o processo de ensino e aprendizado.
DISCIPLINAS QUE INTEGRAM O MÓDULO IV:
Disciplina VI - Deficiência intelectual (15h);
Disciplina VII- Deficiência física (10h);
Disciplina VIII - Deficiência auditiva e surdez (15h);
Disciplina IX - Deficiência visual (15h);
Disciplina X - Deficiência surdocegueira (10h);
Disciplina XI - Pessoas com transtornos globais de desenvolvimento (15);
Disciplina XII - Altas Habilidades/Superdotação (15h).
Módulo IV – DISCIPLINA VIII - Deficiência auditiva e surdez (15h)
Aline Wartner
Lucas Almeida
________________________________________________________
Neste momento do curso iremos tratar da surdez. Para tanto, quero convidá-lo (a) a
fazer um exercício de imaginação. Vamos lá?
Você já se imaginou em qualquer situação diária sem conseguir se comunicar
oralmente com as pessoas, com seus familiares e amigos?
Pois bem, agora feche os olhos e imagine uma
situação dessas, imagine-se, por exemplo, numa
loja, num hospital, no teatro ou no banco. Vamos!
Só levará uns minutinhos!
Para reforçar essa proposta, te convido a assistir esse vídeo, no endereço eletrônico
que segue https://www.youtube.com/watch?v=Tray9oS3Jsg
A proposta deste capítulo é apresentar a você professor aspectos sobre a surdez e
como podemos atender as necessidades do surdo nos diversos ambientes da
escola. Para atender esta proposta vamos conhecer um pouco mais sobre a surdez?
Garanto que você ficará surpreso com algumas informações!
1
O que você sabe sobre a surdez?
Surdez é a terminologia utilizada à impossibilidade e dificuldade de ouvir, sua causa
está associada a fatores relacionados ao período antes (pré-natal), durante (perinatal) e após (pós-natal) o nascimento do indivíduo. Dentre os fatores mais comuns
relacionados ao período pré-natal estão a herança genética, toxoplasmose e
rubéola, no período peri-natal estão anoxia e traumatismos e no pós-natal estão as
infecções, febres eruptivas, caxumba, meningite, otites, intoxicações, traumatismos
por acidentes e perda por ruído. Segundo o MEC, deficiência auditiva é “a
diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo considerado surdo
o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente surdo,
aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.”
Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as
normas de proteção, e dá outras providências.
Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se
enquadra nas seguintes categorias:
II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e
um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de
500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; (Redação dada pelo Decreto nº
5.296, de 2004)
Acesse:
http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/109697/decreto-329899#art-4--inc-II
Pelo decreto Nº3.298 De 20 de dezembro De 1999, Art.4º é considerada pessoa
portadora de deficiência aquela que se enquadrar em uma das seguintes categorias:
A) De 25 a 40 Decibéis – Surdez Leve. Essa perda impede que o indivíduo perceba
igualmente todos os fonemas das palavras. Além disso, a voz fraca ou
distante não é ouvida. Em geral, esse indivíduo é considerado desatento,
solicitando, frequentemente, a repetição daquilo que lhe falam. Essa perda
auditiva não impede a aquisição normal da língua oral, mas poderá ser a
causa de algum problema articulatório na leitura e/ou na escrita.
B) De 41 a 55 Decibéis - Surdez Moderada, é necessária uma voz de certa
intensidade para que seja percebida, ao telefone não escuta com clareza,
trocando muitas vezes a palavra ouvida por outra foneticamente semelhante
(pato/rato). Nesse caso é frequente o atraso da linguagem.
C) De 56 a 70 Decibéis - Surdez Acentuada. Não escuta sons importantes do dia-adia (o telefone tocar, a campainha, a televisão). Esses limites se encontram
no nível da percepção da palavra, sendo necessário uma voz de certa
intensidade para que seja convenientemente percebida. É frequente o atraso
de linguagem e as alterações articulatórias, havendo, em alguns casos,
maiores problemas linguísticos. Esse indivíduo tem maior dificuldade de
discriminação auditiva em ambientes ruidosos. Em geral, ele identifica as
palavras mais significativas, tendo dificuldade em compreender certos termos
de relação e/ou frases gramaticais complexas. Sua compreensão verbal está
intimamente ligada à sua aptidão para a percepção visual, Necessitando
deste apoio visual para entender o que foi dito. Tem dificuldade de falar ao
telefone, com a possibilidade de troca da palavra ouvida por outra
foneticamente semelhante (pato/gato, cão/não, céu/mel). A perda acentuada
não permite ouvir o telefone, a campainha e a televisão, tornando necessário
o apoio visual para a compreensão da fala.
D) De 71 a 90 Decibéis - Surdez Severa. Este tipo de perda vai permitir que o
indivíduo identifique alguns ruídos familiares, Se a família estiver bem
orientada pela área educacional. Percebe, mas não entende a voz humana,
não distingue os sons (fonemas) da fala. A compreensão verbal vai depender,
em grande parte, de aptidão para utilizar a percepção visual (leitura labial) e
para observar o contexto das situações. Nesse nível de surdez é possível
escutar sons fortes, como o de caminhão, avião, serra elétrica, mas não é
possível ouvir a voz humana sem amplificação. É comum atingir os 4 ou 5
anos de idade sem ter aprendido a falar e necessita de um atendimento
especializado para adquirir a linguagem oral.
E) De Acima de 91 Decibéis - Surdez Profunda. A gravidade dessa perda é tal, que
priva a pessoa das informações auditivas necessárias para perceber e
identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a linguagem
oral. As perturbações da função auditiva estão ligadas tanto à estrutura
acústica, quanto à identificação simbólica da linguagem. Um bebê que nasce
surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões começam a
desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva externa,
fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral. Assim
também, não adquire a fala como instrumento de comunicação, uma vez que,
não a percebendo, não se interessa por ela, e não tendo "feedback" auditivo,
não possui modelo para dirigir suas emissões. A construção da linguagem
oral no indivíduo com surdez profunda é uma tarefa longa e bastante
complexa, envolvendo aquisições como: tomar conhecimento do mundo
sonoro, aprender a utilizar todas as vias perceptivas que podem
complementar a audição, perceber e conservar a necessidade de
comunicação e de expressão, compreender a linguagem e aprender a
expressar-se. Neste nível de audição só são audíveis sons graves que
produzam vibração (trovão, avião). Assim sendo, se uma criança já nasce
com ou adquire uma surdez severa ou profunda antes de ter acesso à língua
oral de sua comunidade, vai ter muitas dificuldades de se integrar ao “mundo
dos ouvintes”. Embora seja absolutamente necessário dominar a língua de
sua comunidade, mesmo que somente na modalidade escrita, sabe-se que a
língua de mais fácil acesso para os surdos é a de sinais. É por meio dela que
esses indivíduos constroem sua identidade e desenvolvem-se nos aspectos
afetivo, cognitivo e social. Logo, faz-se necessário que, desde cedo, a criança
surda seja exposta a esta língua e que a família e a escola a utilizem como
meio de comunicação e instrução.
F) Anacusia, é a falta total de audição, deve ser trabalhado e estimulado o mais
precocemente possível, tendo como conduta pedagógica o mesmo da surdez
profunda.
Curiosidade
1.1 Histórico do reconhecimento surdo.
1.1.1 No Mundo
1520 a 1584 – Espanha: Pedro Ponce de Leon inicia a educação dos surdos
através do uso da Língua de Sinais e do alfabeto manual (essencial do método
ponce), este se baseava na aprendizagem das palavras começando pela leitura e
escrita.
1613 – Espanha: Juan Pablo Bonet atribuiu grande importância à existência de um
ambiente linguístico rico, além de priorizar o uso do alfabeto manual juntamente com
a escrita para o ensino da fala. Defende que o treino da fala seja iniciando
precocemente.
1616 a 1698 – Inglaterra: Holder defende que a reeducação deveria começar pelo
ensino da escrita e utiliza o alfabeto de duas mãos para apoiar o treino da fala.
1620 – Espanha: Foi publicado o Livro Reduccion de las letras y artes para enseñar
a hablar a los mudos, que falava da invenção do alfabeto manual de Ponce de Leon,
por Juan Martin Pablo Bonet. Já em 1644 e 1648 foram publicados respectivamente,
os livros: Chirologia e Philocopus, de J. Bulwer. Ambos eram acerca da língua de
sinais. No entanto, o primeiro acreditava na universalidade da língua e o segundo
afirmava que a língua de sinais tinha a capacidade de expressar os mesmos
conceitos que a língua oral.
1648 – Inglaterra: John Bulwer é o autor do 1º trabalho sobre leitura labial da língua
inglesa, de cuja aprendizagem faz depender a posterior aquisição da fala.
1616 a 1703 – Inglaterra: O matemático e educador de surdos John Wallis dedica
pouca atenção à leitura labial e procede ao treino da fala independentemente do
apoio no alfabeto manual. Inicia a reeducação através de gestos naturais usados
pelos alunos para depois passar à escrita.
1626 a 1687 - Inglaterra: Jeorge Dalgarno atribui grande importância à educação
precoce e ao ambiente linguístico em que a criança surda deve ser educada.
Defende o uso contínuo da datilologia desde o berço para permitir ao bebê o
desenvolvimento da linguagem.
1715 a 1780 – Portugal: Jacob Rodrigues Pereira utiliza o alfabeto manual como
apoio do ensino da fala.
1712 a 1789 – França: O abade l'Epée (Charles-Michel de l'Epée: 1712 -1789)
defende que a mímica constituiu a linguagem natural ou materna dos surdos.
Conclui que a linguagem dos gestos é um verdadeiro meio de comunicação e de
desenvolvimento do pensamento”.
1750 – Alemanha: O Oralismo foi fundado por Samuel Heinicke, que adotou uma
metodologia conhecida como o “método alemão”.
1750 – França: Charles-Michel de L´Epée envolveu-se com a comunidade surda,
aprendeu a língua e acabou fundando em 1775 uma escola pública em sua própria
casa, onde professores e alunos usavam os chamados “sinais metódicos”.
1760 – França: l'Epée iniciou o trabalho de instrução formal com duas surdas a
partir da Língua de Sinais que se falava pelas ruas de Paris, datilologia/alfabeto
manual e sinais criados e obteve grande êxito, sendo que a partir dessa época a
metodologia por ele desenvolvida tornou-se conhecida e respeitada, assumida pelo
então Instituto de Surdos e Mudos (atual Instituto Nacional de Jovens Surdos), em
Paris, como o caminho correto para a educação dos seus alunos.
1817 - Estados Unidos: Thomas Hopkins Gallaudet e Laurent Clerc fundam a
primeira Escola de Surdos em Harttord o AMERICAM ASYLUM FOR THE
EDUCATION OF THE DEAF AND DUMB. Desde 1864 Gallaudet University.
1850 – Estados Unidos: A ASL, e não o inglês sinalizado passa a ser utilizada nas
escolas, assim como ocorria na maior parte dos países europeus. Nesse período,
houve uma elevação no grau de escolarização dos surdos, que podiam aprender
com facilidade as disciplinas ministradas em língua de sinais.
1860 – Estados Unidos: O método oral começa a ganhar força.
1869 – Estados Unidos: Surgiram então opositores à língua de sinais, que
ganharam força a partir da morte de Laurent Clerc.
1880 – Itália: Em Milano, o Iº CONGRESSO MUNDIAL DOS SURDOS considera
que o uso simultâneo da fala e dos gestos mímicos tem a desvantagem de impedir
que o desenvolvimento da fala da leitura labial e da precisão das ideias. E declara
que o método oral puro deve ser preferido de forma definitiva e oficial. Das 164
representantes presentes, apenas os cincos dos EUA não votam em favor do
ORALISMO.
1851 a 1990 – Gallaudet University – EUA: Gallaudet tem a história de luta. Força
e poder em prol de defesa dos direitos dos surdos e da Língua de Sinais. Na
educação. Utiliza forma radical a Língua de Sinais. Seu progresso e
desenvolvimento resultam na Universidade com conhecimento mundial, num
trabalho que começa com e estimulação precoce e vai até os cursos de PHD E
Academia Superior de surdo; preconiza que não é necessária a educação especial
para os surdos, bastando apenas que, na comunicação, o direito à Língua de Sinais
seja respeitado. Juntamente com Laurent Clerc e sob a influência de L’Epee,
Gallaudet nunca aceitou a imposição do Congresso de Milão e não concordou com a
mudança para uma metodologia oral.
1960 – Estados Unidos: É implantada a filosofia da Comunicação Total. William
Stokoe prova que a linguagem gestual, de natureza visual-especial, tem estrutura e
aspectos próprios, como qualquer língua.
1.1.2 No Brasil
1855 – Primeira iniciativa de educação de surdos quando o professor francês surdo
Ernest Huet, a convite de D. Pedro II, veio ao Brasil e preparou um programa que
consistia em usar o alfabeto manual e a Língua de Sinais da França. Apresentou
documentos importantes para educar os surdos, mas ainda não havia escola
especial. Solicitou então ao imperador D. Pedro II um prédio para fundar uma escola.
1857 – No dia 26 de setembro, através da Lei 839, assinada por D. Pedro II, fundouse o então Instituto Nacional de Educação dos Surdos-Mudos, atualmente Instituto
Nacional de Educação dos Surdos (INES) no Rio de Janeiro. Huet foi Diretor do
Instituto de Surdos de Paris e do INESM.
1862 – Huet deixa o Rio de Janeiro e retorna à França sem motivo conhecido.
(Problemas particulares? Problemas políticos? Problemas educacionais?)
1873 – Surge a publicação do mais importante documento encontrado até hoje
sobre a Língua Brasileira de Sinais, o “Iconographia dos Signaes dos SurdosMudos”, de autoria do aluno surdo Flausino José da Gama, ex-aluno do INSM com
ilustrações de sinais separados por categorias (animais, objetos, etc). Esta
linguagem não é mais usada atualmente.
1880 – I Congresso Mundial dos Surdos, ocorrido na Itália para discussão sobre o
uso da língua “gestual”, onde acarretou forte influência em todo o mundo,
principalmente no Brasil.
1913 – Em 24 de Maio, é fundada por João Brasil Silvado Jr. a Associação Brasileira
dos Surdos-mudos (ABSM), cuja cultura obteve um grande desenvolvimento.
1911 - O Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) passou a seguir a
tendência mundial, utilizando o oralismo puro.
1930 a 1947 – Dr. Armando Paiva Lacerda ex-diretor do INES. Exige que os alunos
não usem a Língua de Sinais: podendo apenas utilizar o alfabeto manual e um bloco
de papel com lápis no bolso para escrever as palavras que quisessem falar.
1950 – Os surdos não conseguem adaptar-se a essa imposição do oralismo e
continuam a usar a Língua de Sinais e o alfabeto manual. Os professores e
inspetores burlam as ordens na comunicação com os alunos surdos.
1957 - Proibida totalmente a utilização da língua de sinais no INES.
Década de 1950 – O poder do método oralista francês cresce em todo o Brasil sob a
responsabilidade da Profª. Alpia Couto, que, dentro do Centro Nacional de Educação
Especial, realiza projetos na área de DEFICIÊNCIA AUDITIVA. O desconhecimento
e a falta de convivência com os surdos provocam prejuízos na cultura da
comunidade surda, o empobrecimento da Língua de Sinais e a falta de acesso às
informações sociais. As questões da Educação Especial se tornam apenas
vinculadas a interesses político-econômicos.
1975 - Chega ao Brasil a Comunicação Total.
1977 - Criado no Rio de Janeiro a Federação Nacional de Educação e Integração
dos Deficientes Auditivos, FENEIDA, com diretoria de ouvintes.
1980 - Chega ao Brasil o Bilinguismo, porém de fato em 1990.
1981 - Início das pesquisas sistematizadas sobre a Língua de Sinais no Brasil.
1982 - Lucinda Ferreira Brito inicia seus importantes estudos linguísticos sobre a
Língua de Sinais dos índios Urubu-Kaapor da floresta amazônica brasileira, após um
mês de convivência com os mesmos, documentando em filme sua experiência. A
idéia para a pesquisa, segundo a própria autora (1993), adveio da leitura de um
artigo publicado no livro acima citado de Umiker-Sebeok (1978), de autoria de J.
Kakumasu, Urubu Sign Language. No estudo, a Língua de Sinais dos Urubu-Kaapor
se diferenciaria da PSL por constituir um veículo de comunicação intratribal e não
como meio de transação comercial. Lucinda Brito, porém, constatou que a mesma
se tratava de uma legítima Língua de Sinais dos surdos, pelos mesmos criada. 1982
- Elaboração em equipe de um projeto subsidiado pela ANPOCS e pelo CNPQ
intitulado "Levantamento linguístico da Língua de Sinais dos Centros Urbanos
Brasileiros (LSCB) e sua aplicação na educação". A partir desta data, diversos
estudos linguísticos sobre LIBRAS são efetuados sobre a orientação da linguista L.
Brito, principalmente na UFRJ. A problemática da surdez passa a ser alvo de
estudos para diversas Dissertações de Mestrado.
1983 - Criação no Brasil da Comissão de Luta pelos Direitos dos Surdos.
1986 - O Centro SUVAG (PE) faz sua opção metodológica pelo Bilinguismo,
tornando-se o primeiro lugar no Brasil em que efetivamente esta orientação passou a
ser praticada.
1987 - Criação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
(FENEIS), EM 16/05/87, sob a direção de surdos.
1991 - A LIBRAS é reconhecida oficialmente pelo Governo do Estado de Minas
Gerais (lei nº 10.397 de 10/1/91).
1994 - Brito passa a utilizar a abreviação LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), que
foi criada pela própria comunidade surda para designar a LSCB (Língua de Sinais
dos Centros Urbanos Brasileiros).
1994 - Começa a ser exibido na TV Educativa o programa VEJO VOZES (out/94 a
fev/95), usando a Língua de Sinais Brasileira.
1995 - Criado por surdos no Rio de Janeiro o Comitê Pró-Oficialização da Língua de
Sinais.
1996 - São iniciadas, no INES, em convênio com a Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ), pesquisas que envolvem a implantação da abordagem
educacional com Bilinguismo em turmas da pré-escola, sob a coordenação da
linguista E. Fernandes.
1998 - TELERJ - do Rio de janeiro, em parceria com a FENEIS, inauguraram a
Central de atendimento ao surdo - através do número 1402, o surdo em seu TS,
pode se comunicar com o ouvinte em telefone convencional.
1999 - Em março, começam a ser instaladas em todo Brasil telessalas com o
Telecurso 2000 legendado.
2000 - Closed Caption, ou legenda oculta. Após três anos de funcionamento no
Jornal Nacional ela é disponibilizada aos surdos também nos programas Fantástico,
Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal da Globo e programa do JÔ.
2000 - TELERJ: Telefone celular para surdos com a opção de SMS.
2002 - É promulgada a lei 10.436 em 24 de abril, reconhecendo a Libras como
língua oficial das comunidades surdas do Brasil.
2005 - O Decreto 5626 em 22 de dezembro veio regulamentar a lei 10436.
2006 - Exame de Certificação Tradutor Intérprete de Libras – Prolibras, instrutor de
Libras e o Curso de Letras-Libras Bacharelado e Licenciatura EaD.
2006 - Curso Superior de Letras-Libras Licenciatura, na modalidade em EAD - UFSC
2008 – Curso Superior de Letras-Libras Bacharelado, na modalidade em EAD UFSC
2010 - Promulgada a lei 12.319 em 01 de Setembro, que regulamenta o exercício da
profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.
Leia também:
Educação e Surdez: Um Resgate Histórico pela Trajetória Educacional dos Surdos no Brasil e no
Mundo. Por Katia Regina Conrad Lourenço e Eleni Baran
Acesse: http://editora-arara-azul.com.br/novoeaa/revista/?p=591
2. Dicas de como identificar alunos com possíveis problemas de audição
Fique atento se o (a) aluno (a) apresentar as seguintes atitudes:
 Não se assusta com estímulos sonoros intensos , por exemplo, batida de
porta, fogos de artifício.
 Não apresenta mudança de comportamento frente a estímulos sonoros
significativos ( sinal para o intervalo).
 Aproxima a orelha ou aumenta o volume de fontes sonoras como TV e rádio.
 Mãos em concha, para ouvir melhor.
 Só responde a chamados ou ordens quando a pessoa fala de frente para ele
(a).





Pede para que repitam o que lhe foi dito, perguntando o quê? Como?
Apresenta problemas de concentração.
Ora responde, ora não responde a estímulos sonoros.
Apresenta atraso no desenvolvimento de linguagem.
Pode apresentar problemas comportamentais como isolar-se, e demonstrar
irritabilidade.
Curiosidade
3. Direito dos alunos surdos
3.1 Quais são os direitos dos alunos surdos nos ambientes da escola?
a) Adaptações nos conteúdos;
b) Adaptações no desenvolvimento das aulas;
c) Uso de recursos para concretizar as adaptações, como tecnologias assistivas;
d) Tempo adicional para realização de atividades e avaliações;
e) Adaptação nas avaliações;
f) Recursos que viabilizem os processos comunicacionais em sala de aula e de mais
ambientes institucionais;
g) Serviço de apoio ao ensino como atendimentos individuais com os docentes,
h) Serviço de apoio com tradutores e interpretes para auxilio dos alunos surdos na
compreensão de textos, vídeos, realização de redação de textos adequandoo ao português;
i) Espaço físico específico para desenvolver a prova, de acordo com suas
necessidades;
j) Apoio durante as aulas, atividades e avaliações: Intérprete de LIBRAS, Ledor,
transcritor, recursos tecnológicos, entre outros recursos;
k) Adaptações nas instalações físicas.
3.2. Onde estão assegurados os direitos dos alunos surdos?
 Na Constituição Federal – 1988
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade
de condições para o acesso e permanência na escola [...];
 Na Lei de Diretrizes e Bases- LDB – (Lei 9394/1996)
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade
de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino,
para educandos portadores de necessidades especiais.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades
especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para
atender as suas necessidades;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em
sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem
capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os
órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
 No Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005
Capítulo IV- do uso e da difusão da libras e da língua portuguesa para o
acesso das pessoas surdas à educação
Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às
pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos
processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares
desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde
a educação infantil até à superior.
4. Você conhece a Libras?
Antes de estendermos esta conversa é necessário esclarecer dois conceitos
que são: língua e linguagem. Saussure (1997) afirma que a língua não se confunde
com a linguagem, pois ela é somente uma parte determinada, essencial dela, sendo
ao mesmo tempo um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de
convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para possibilitar o exercício
dessa faculdade nos indivíduos.
Por sua vez, Goldfeld (1997) refere que a linguagem é tida como tudo que envolve
significação e não se limita a apenas uma forma de comunicação e ainda afirma que
é na linguagem que o pensamento do indivíduo é constituído. Esclarecido esses
termos, seguimos adiante!
Considerando no caso da criança ser ouvinte, desde o seu nascimento ela é
exposta à língua oral, sendo assim considerada sua língua natural. Você já parou
para pensar: e no caso da criança ser surda. É dada a mesma oportunidade para a
criança surda possa adquirir a sua língua própria e assim construir a sua linguagem?
Passando por esse questionamento, partimos para o entendimento da língua
própria dos surdos no nosso país. A Libras é a língua oriunda da comunidade de
surdos do Brasil, é uma língua gestual, tem estrutura própria e está em constante
atualização.
A língua de sinais não é universal, conseguimos observar isso dentro do
próprio país através dos dialetos regionais, por exemplo: pode ser utilizado um
determinado sinal no Rio Grande do Sul, e a mesma palavra na língua portuguesa,
utilizando-se um outro sinal em São Paulo.
Sinal de “PESSOA” no EUA
Existem variáveis da Língua de Sinais, nos EUA tem ASL (Língua de Sinais
Americana), em Portugal a LSP (Língua de Sinais Portuguesa), na Espanha (Língua
de Sinais Espanhola), e assim por diante.
A Libras ainda tem um reconhecimento muito novo, são apenas 9 anos.
Com influência Francesa ainda temos a seguinte citação:
“[...] por ser uma língua de modalidade gestual visual, a mesma não teve sua
origem da língua portuguesa; que é constituída pela oralidade, portanto
considerada oral-auditiva; mas em uma outra língua de modalidade gestual visual,
a Língua de Sinais Francesa, apesar de a Língua Portuguesa ter influenciado
diretamente a construção lexical da Língua de Brasileira de Sinais, mas apenas por
meio de adaptações por serem línguas em contato.” (ALBRES 200 - p 01)
Por ter seu campo em modalidade visual, ainda há resquícios e influência da
língua portuguesa, isso não podemos negar, pois a Libras difunde no Português. No
entanto, o professor deverá atentar-se a essas particularidades da língua dos surdos
adequando seu método de ensino em classes onde se faz presente alunos surdos
respeitando sua identidade surda ( leia as dicas para os professores a seguir).
Para que você entenda um pouco mais sobre a língua dos surdos os convido a
conhecer a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua
Brasileira de Sinais.
Acesse
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm
Também conheça o decreto nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005, que
regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002.
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm
Acesse: http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a14v2691.pdf
5. Tenho um aluno surdo na minha sala de aula, e agora?
Tenha calma, educador! Ele é surdo, isso quer dizer que há uma necessidade
de adequar o método de ensino para que se possa atender a necessidade
específica deste estudante. Salientamos que podemos contar com a contribuição de
um grande aliado nesta situação, o profissional tradutor e intérprete da LIBRAS
(TILS).
A seguir, montamos algumas dicas para os educadores (parte deste conteúdo
é cópia do Manual para o professor: Orientações para o exercício da docência em
sala de aula regular com alunos surdos inclusos, 2014. Este manual foi elaborado
pelo Instituto Federal De Educação, Ciências E Tecnologia Do Rio Grande Do Sul
Câmpus
Rio
Grande
e
encontra-se
no
link
http://www.riogrande.ifrs.edu.br/site/midias/arquivos/201462410356orientacoes_para
_docentes_sobre_inclusao_de_surdos_em_turma_regular.pdf)
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Averiguar quais os tipos de linguagem que o aluno surdo utiliza (oral, escrita,
língua de sinais, gestos padronizados, leitura labial, entre outros), para facilitar a
comunicação entre docente e aluno;
O conteúdo e materiais referentes à disciplina podem ser entregues ao aluno e
aos Tils, pelo professor no inicio de cada bimestre/ semestre, ou com
antecedência para que possa se organizar antecipadamente, se familiazar com o
material, com o vocabulário e receber uma sinalização mais especifica, com
sinais próprios, criados ou até mesmo pesquisados pelo grupo;
Realizar antecipadamente as anotações importantes na lousa, incluindo
comunicação externa e interna (datas das provas, entrega de trabalhos, cursos,
outros cronogramas, etc.);
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Explanar as aulas de forma expositiva utilizando recursos gráficos e visuais,
como: cartazes, gravuras, fotos e outros. A visão é considerada a principal via de
aprendizado e informação do aluno surdo e o uso de materiais concretos
facilitaram o aprendizado, uma vez que conteúdos abstratos dificultam o
processo;
Procurar incluir o aluno surdo sempre que houver trabalhos em grupos, pois, ele
se sente, muitas vezes, envergonhado e rejeitado perante os demais;
Elaborar provas diferenciadas dos demais alunos utilizando perguntas sucintas e
objetivas com vocabulário claro e com sinônimo de palavras (ou dicionário) que
facilitem a compreensão, porem não alterando o conteúdo;
No processo de avaliação, respeitar a forma de escrita do aluno surdo, levando
em consideração a não adequação dos verbos, artigos, pronomes,
concordância, entre outros e considerando o conteúdo existente, ex. na frase “O
uso de instrumentos adequados, favorece a compreensão e facilita a
aprendizagem”, é de se esperar que o surdo escreva:” Instrumentos o uso
compreensão e aprendizado”, pois possuí um entendimento diferenciado da
língua portuguesa, pois a língua materna é a Libras;
Criar estratégias diferenciadas para avaliar proporcionando ao aluno surdo
expressar por meio de sinais, gestos, mímicas, LIBRAS, desenhos, escrita, entre
outros. A avaliação pode ser diferenciada dos demais alunos ouvintes, sendo
necessário aumentar o número de questões dissertativas e diferenciando o peso
das questões, visando uma melhor explicação do que se é pedido, sem, contudo
alterar o conteúdo, buscando adequar “necessidade do aluno surdo”;
Procurar demonstrar interesse pela sua dificuldade, porém, jamais facilitar,
dispensar das atividades ou não cobrar suas obrigações;
O intérprete/tradutor atuará como mediador entre o docente e o aluno, tanto na
comunicação oral quanto na escrita. O intérprete é importante para o
acompanhamento do aluno surdo, porem, a comunicação entre o docente e o
aluno surdo sempre deverá ocorrer;
Quando não entender o que um surdo está expressando, solicitar repetição se
for preciso. Para uma melhor comunicação, utilizar expressão facial e corporal
significativas;
Integrar o aluno surdo nas atividades acadêmicas juntamente com os demais
alunos;
Observar se o aluno surdo está atento antes de iniciar uma comunicação oral
com ele, caso contrário chame sua atenção, tocando-ó levemente;
O professor ministrante da aula/palestra ou reunião não deverá iniciar sua fala
enquanto os intérpretes não estiverem posicionados, pois desta forma a pessoa
surda fica excluída do que foi dito no início (a não ser quando as pessoas surdas
chegarem no local, após o horário marcado);
Quando em uma sala de aula tiverem alunos surdos, é importante dar prioridade
a estes para a escolha das acomodações, para que possam escolher os lugares
em que esteja favorecida a luminosidade, a visualização dos intérpretes e dos
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materiais apresentados pelo professor. Salienta-se aqui que para os surdos a
comunicação e aprendizado são visuais. Assim, os estímulos visuais podem
interferir tanto positiva ou negativamente na concentração destes alunos, se não
planejados adequadamente;
Evitar trocas repentinas das ações planejadas, por exemplo, locais marcados
para aula. As pessoas surdas se organizam previamente e mudanças podem
deixá-los perdidas;
Quando as aulas forem ministradas em laboratórios, e na turma tiverem mais de
um aluno surdo, precisa-se organizar a localização dos alunos e dos TILs, visto
que não é ofertado um TIL para cada aluno e sim uma dupla de TILS por turma,
e todos os alunos surdos precisam ter assegurado a visibilidade dos TILs, para
participarem em igualdade da aula como os ouvintes;
Não falar e escrever no quadro ou mostrar conteúdo em apresentação
multimídia ou outra forma de exposição visual ao mesmo tempo pois a
aprendizagem e a comunicação da pessoa surda é visual espacial, portanto ou
olha para o tils para compreender a explicação do docente, ou olha para o
material, ou copia (não é possível olhar para o intérprete, ver uma imagem e
copiar ao mesmo tempo). Lembre-se o aluno surdo usa apenas o sentido da
visão para operacionalizar o recebimento das informações, diferente do ouvinte
e também vidente que tem os dois sentidos funcionais para captarem as
mensagens visuais e faladas ao mesmo tempo;
Adequar o conteúdo didático a realidade da pessoa surda. A linguagem precisa
ser simples, direta, completa e se possível na estrutura de LIBRAS. Este público
tem um vocabulário reduzido da língua Portuguesa, visto que sua língua materna
é LIBRAS e o entendimento do português funciona para como uma língua
estrangeira;
Ao falar, direcionar-se ao aluno surdo, e não ao intérprete, pois o TILs pode ser
comparado a um canal de transmissão ou meio para efetivar a comunicação
entre o professor e o aluno;
Utilizar recursos visuais para elaborar as aulas, sempre que possível, pois os
alunos surdos aprendem através do visual. A visão é o canal de comunicação
destes sujeitos, alem de facilitar a compreensão, pois o conteúdo passa do
campo do abstrato para o concreto;
Todos são iguais: ao elaborar e ministrar sua aula, a faça de um modo geral com
todos os alunos, evitando isolamentos de um grupo ou outro, sem fazer distinção
aos surdos dos ouvintes, porém, sabendo e respeitando as diversidades
linguísticas, como qualquer outra diversidade deve ser considerada e
promovendo quebra de paradigmas e preconceitos, promovendo uma inclusão
verdadeira;
Ao usar filmes, vídeos ou material com áudio é importante lembrar que estes
alunos não escutam, e considerar que os alunos surdos precisam que o material
seja legendados com tamanho, cor e estilo de fonte de fácil visibilidade, para que
tenham acesso ao material. Sendo necessário nesta proposta deixar alguma
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iluminação para os alunos surdos visualizarem a legenda e o intérprete, pois
pode ocorrer alguma discussão no decorrer da atividade e eles enquanto alunos
precisam saber do que estão falando para poderem participarem. Outra
estratégia que ajuda e enviar aos alunos surdos com antecedência um resumo
escrito do filme, sucinto, se possível com linguagem em estrutura de LIBRAS,
para conseguirem entenderem melhor o contexto do filme e também da
atividade;
Quanto a ditar conteúdos: textos ou parágrafos extensos não é indicado esta
metodologia quando existirem alunos surdos em classes regulares com ouvintes,
uma vez que a libras possui uma estrutura diferente do português, e estes não
conseguem acompanhar os demais. Assim se faz necessário que os conteúdos
sejam escritos no quadro ou entregues já impressos. O aluno surdo não terá
como olhar o intérprete enquanto o professor dita, e copiar o conteúdo ao
mesmo tempo (diferente dos ouvintes que escrevem e escutam ao mesmo
tempo). Assim a igualdade de oportunidades entre pessoas ouvintes e surdas
estará afetada;
O responsável pelo ensino do surdo é o docente e não o profissional tils, assim
as duvidas dos alunos surdos em relação aos conteúdos, são de
responsabilidade do professor e não do TILs. As duvidas sobre a compreensão
da mensagem repassada, do vocabulário são de responsabilidade do TILs;
Na elaboração de materiais para uso de multimídia, precisa ser avaliado a cor do
fundo, das imagens, das letras, visto que não é possível ficar com a sala de aula
com grande redução da iluminação, pois o aluno surdo precisa manter a visão
do interprete para receber as informações que estejam sendo passadas pelo
professor e traduzidas pelo TILs. Com este cuidado de cores e nuances do
material visual se estará respeitando os direitos de todos alunos da sala, sem
excluir um grupo para atender a outro;
Atentar para que as adaptações de condições de aula contemplem também os
alunos ouvintes, evitando que estes se sintam prejudicados pelas necessidades
dos surdo. Estes detalhes evitam constrangimentos e isolamentos entre os
alunos, colaborando por uma melhor aceitação do diferente e promovendo
inclusão, socialização.
6. Tradutor e Intérprete de Libras – Contexto de sala de aula
As modalidades de tradução-interpretação compreende intermediar um
processo comunicacional entre ouvinte e surdos ou vice versa e também fazer a
transição entre textos em português para a estrutura de libras vice versa. - língua
brasileira de sinais para português oral, sinais para escrita, português para a língua
de sinais oral, escrita para sinais - Uma tradução sempre envolve uma língua escrita.
Assim, poder-se-á ter uma tradução de uma língua de sinais para a língua escrita de
uma língua falada, da língua escrita de sinais para a língua falada, da escrita da
língua falada para a língua de sinais, da língua de sinais para a escrita da língua
falada, da escrita da língua de sinais para a escrita da língua falada e da escrita da
língua falada para a escrita da língua de sinais. A interpretação sempre envolve as
línguas faladas/ sinalizadas, ou seja, nas modalidades orais-auditivas e visuaisespaciais. Assim, poder-se-á ter a interpretação da língua de sinais para a língua
falada e vice-versa, da língua falada para a língua de sinais.
O tradutor e intérprete de língua de sinais é um profissional com formação
específica, com competência (conhecimento) e habilidades (técnica) para esta
função. É uma profissão que exige esforço físico e mental, assim como
aprimoramento e atualização constantes, visto que se trata de línguas em
constantes modificações, sujeitos bi/multiculturais e suas subjetividades, uma língua
viva exigindo que o profissional domine as línguas exigidas, gramática e estrutura.
Desse modo, é fundamental que o profissional tenha conhecimento aprofundado da
linguística das línguas envolvidas, dos aspectos culturais, técnicas e estratégias
tradutórias a fim de realizar traduções e interpretações as mais fiéis possíveis aos
contextos discursivos, que compreenda as ideias presentes nos discursos, as
contextualizando, com o momento, com a cultura, com as questões sociais, políticas,
emocionais, portanto envolve conhecimento amplo. A interpretação simultânea e
tradução oral é realizada em curto espaço de tempo e envolve processos mentais
complexos, já a tradução consecutiva e a tradução escrita, tem um tempo maior de
escolhas tradutórias. A tradução/interpretação na modalidade simultânea, que no
ambiente educacional é a mais utilizada, envolve processos mentais muito
complexos, por isso é fundamental que os TILS trabalhem em dupla (apoio), para o
devido revezamento afim de manter a saúde dos intérpretes e a qualidade do
trabalho prestado (AGILS, 2013).
O perfil que se busca é de profissionais capazes de realizem a interpretação
simultânea entre a língua brasileira de sinais e o português e vice versa, com
fluência e coerência em diferentes espaços, como eventos, relacionamentos
comerciais e de trabalho, aulas, atendimento ao público, entre outros. Traduzam
publicações em português escrito para vídeos em língua brasileira de Sinais.
Traduzam vídeos em Língua Brasileira de Sinais para o português escrito. Analisem
as traduções realizadas.
Vale-se dos referenciais visuais, identitários e linguísticos da Comunidade
Surda ao interpretar e traduzir do Português para a LIBRAS, como também, verte
esses referenciais para o português. Sua atuação seja pautada na ética profissional
do intérprete e a cultura surda. O tradutor e intérprete de língua de sinais deve ser
proativo, ter humildade e empatia com as pessoas envolvidas na interpretação.
Formação exigida para o exercício da profissão A formação exigida para o exercício
legal da profissão esta assegura pela Lei 10.436/2002; no decreto 5.626/2005 e na
Lei 12.319/2010.
 Qualificação conferida por graduação em instituição reconhecida pelo
Ministério da Educação.
 Qualificação conferida por curso educação profissional promovido por
organização da sociedade civil representativa da comunidade surda
reconhecido (convalidado) por instituição credenciada em secretaria de
educação ou por instituição credenciada em secretarias de educação (curso
técnico em tradução e interpretação de LIBRAS).
 Capacitação em LIBRAS através de curso de extensão, por cursos de
educação continuada certificados por instituições de ensino superior e
instituições credenciadas por secretaria de educação. É uma formação formal,
em que TILS assistiu aulas direcionadas a capacitação de indivíduos para
este fim, porem com carga horaria inferior ao exigido por lei para certificação
de nível técnico.
 Certificação de proficiência (Prolibras) - Exame Nacional para Certificação de
Proficiência no uso e no ensino de Libras e/ou para Certificação de
Proficiência na tradução e interpretação de Libras/Português/Libras, realizado
anualmente pelo Ministério da Educação. Certifica pessoas surdas ou
ouvintes fluentes em Língua Brasileira de Sinais (Libras) que já concluíram o
ensino superior ou o ensino médio. Significa que o individuo tem fluência da
LIBRAS, sendo a menor formação exigida para o exercício da profissão.
OBS: pela falta de profissionais qualificados no mercado o decreto 5.626 assegura o
direito até 2015 de pessoas aprovadas no exame de proficiência promovido pelo
ministério de educação atuarem como TILs em diferentes níveis. Sendo que: Para
atuar em nível fundamental precisa ter no mínimo a aprovação no exame de
proficiência promovido pelo MEC e ensino médio completo; para atuar em nível
médio e superior, precisa ter no mínimo a aprovação no exame de proficiência
promovido pelo MEC e preferencialmente ensino superior ( Decreto 5.626//22 de
dezembro de 2005, Capitulo V, Art 18 e 19).
Muitos especialistas na área de LIBRAS, inclusive profissionais surdos,
atestam a confiabilidade no Prolibras, preferindo TILS que tenham esta certificação,
mesmo que possuam outras. Este assunto é muito divergente e gera duvidas, pois o
Prolibras só apenas certifica, e mas não capacita. Para que os profissionais TILS
sejam qualificados é necessário formação teórico-prática em curso específico que
capacite o profissional não somente nas técnicas e estratégias tradutórias no uso
das duas línguas (Libras/Português), mas também no conhecimento teórico dos
aspectos linguísticos, culturais, históricos e políticos, condutas éticas inerentes a
profissão, conscientização política e social, entre outros aspectos que envolvem
surdos e ouvintes. Ou seja, capacitação essa não garantida pela certificação no
exame de proficiência.
REFERÊNCIAS
ALBRES, Neiva de Aquino. História da Língua Brasileira de Sinais em Campo
Grande – MS. Disponível em: http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/artigo15.pdf
Decreto 3298/99 | Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Em
http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/109697/decreto-3298-99#art-4--inc-II.
Acesso em 29 de junho de 2014.
GOLDFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva
sócio-interacionista. São Paulo: Plexus, 1997.
BRASIL, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
Câmpus Rio Grande. Manual para o professor: Orientações para o exercício da
docência em sala de aula regular com alunos surdos inclusos. Agosto 2014.
Disponível
em:
http://www.riogrande.ifrs.edu.br/site/midias/arquivos/201462410356orientacoes_para
_docentes_sobre_inclusao_de_surdos_em_turma_regular.pdf. Acessado em; 15 de
setembro de 2014.
BRASIL, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul,
Câmpus Rio Grande. Orientações para a atuação dos profissionais
tradutores/interpretes de LIBRAS no IFRS - Câmpus Rio Grande. Disponível em;
http://www.riogrande.ifrs.edu.br/site/midias/arquivos/20143179192991orientacoes_p
ara_a_atuacao_profissional_dos_tils.pdf. Acessado em: 10 de setembro de 2014.
SAUSSURE, F. de. Curso de lingüística geral. São Paulo: Cultrix, 1987
Trabalho de Pesquisa - História da Educação de Surdos no Brasil e no Mundo.
Em http://pt.scribd.com/doc/96739772/Trabalho-de-Pesquisa-Historia-da-Educacaode-Surdos-no-Brasil-e-no-Mundo. Acesso em 29 de Junho de 2014.
ANEXO I
Lista de filmes que abordam a Surdez. Com essa lista você terá várias opções
de escolha para trabalhar com o tema, conforme o objetivo da sua aula.
11 de Setembro
100 Girls
2001 – Uma Odisseia no Espaço
A Broadway dos Meus Sonhos
A Corrente do Bem
A Hora da Estrela
A Maçã
A Missão
A Música e o Silêncio
Alpine Fire
Amour Secret
Amy – Uma Vida pelas Crianças (Tv Film)
Anatomie D´Un Miracle
And Now Tomorrow
Ao Mestre Com Carinho I e II
Babel
Beethoven – Um Grand Amour de Beethoven
Beyond Silence
Big Little Person
Black
Blue Rodeo (Tv Film)
Bonanza – Trovão Silencioso
Bridge to Silence (Tv Film)
Budbringeren
Cegos, Surdos E Loucos
Cenas da Praia
Cine Gibi
City of Sadness
Compensation
Congo
Cop Land
Corpo a Corpo
Country of The Deaf (Tv Film)
Crazy Moon
Crianças Invisíveis
Dead Silence
Deaf Smith And Johnny Ears
Deafula – Drácula
Destination : Graceland
Do Luto à Luta
Dobermann
Dot
Dummy (Tv Film)
E Seu Nome é Jonas
Egypt
Entre os Muros da Escola
Eu, Christiane F. Drogada e Prostituta
Fernão Capelo Gaivota
Filhos do Silêncio
Fome de Amor
Gestos de Amor
Gigot
Hear No Evil
Helen – A Raposinha
Helen Keller And Her Teacher
Helen Keller: The Miracle Continues
Histórias de Princesas da Disney
Intimate Portrait: Helen Keller
John Lennon – Imagine
Judement
L´Abbe de L´Épée
La Mélodie du Silence
La Trompette Magique
Lágrimas do Silêncio
Le Bateau de Mariage
Les Innocents
Les Mots Blues
Les Nuit Claire
Les Silencieuses
Lettre D´Mour Zoulou
Little House Prairie
Los Amigos
Meu Pé Esquerdo
Mr. Holland, Adorável Professor
Neel
No Silêncio do Amor
O Céu De Lisboa
O Cisne Apaixonado
O Enigma de Kaspar Hauser
O Filme Surdo De Beethoven
O Garoto Selvagem
O Martírio do Silêncio
O Milagre de Ann Sullivan
O Milagre na Rua 34
O Óleo de Lorenzo
O País dos Surdos
O Passado
O Pássaro Azul
O Piano
O Poder da Esperança
O Silêncio
Old Boy
Os Cinco Sentidos
Paciente 14
Palavras do Silêncio
Paranoid
Pequeno Milagre
Points de Rupture
Pollyanna
Professor, Aqui quem Fala é Seu Aluno Surdo
Quatro Casamentos e um Funeral
Quem Somos Nós I e II
Querido Frankie
Ritmo Acelerado
Savage Streets
Ser e Ter
Silêncio do Amor
Sob Suspeita
Sobre Meninos e Lobos
Sobre meus Lábios
Som e Fúria
Terra do Silêncio e da Escuridão
Terre Et Cendres
The Dancer
The Unconquered (Helen Keller In Her Story)
Till Human Voices Wake Us
Tortura Silenciosa
Tudo em Família
Velocidade Máxima 2
Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida
Xuxa e os Duendes 2 - No Caminho Das Fadas