toMAtE EM CAMA DE EsPARguEtE - Frutas, Legumes e Flores – a
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toMAtE EM CAMA DE EsPARguEtE - Frutas, Legumes e Flores – a
VESTIGIUS Tomate em cama de esparguete Junto ao Tejo, entre a luz e os sons do rio e de Lisboa o Vestigius proporciona vinho, cocktails e uma oferta diversificada de tapas e montaditos. Num ambiente que combina elementos aquáticos com madeira e arte, prepara-se um prato de esparguete e tomate, simples, com misturas subtis de ingredientes. Carlos Afonso Na margem do rio Tejo, junto ao terminal fluvial do Cais do Sodré, nasceu no fim de 2013 o Vestigius – wine & cocktail bar, que aposta numa extensa oferta de vinhos e cocktails e numa cozinha de petiscos. Com dois pisos e uma esplanada, neste espaço imperam a madeira, os tons de branco e castanho claro, o mobiliário recuperado – restaurado por uma das proprietárias do Vestigius –, as obras de arte, as caixas suspensas com livros, as garrafas de vinho (dispostas por todo o lado), os vestígios de outras realidades: redes, bóias, cordas... Carlos Augusto tem 30 anos e já ganhou por duas vezes o prémio da Rota das Tapas. No fim de 2015, assumiu a responsabilidade pela cozinha do Vestigius e, em Fevereiro, apresentou a nova carta de tapas e montaditos. O objectivo foi ter um espaço que mantenha a lógica de bar de gin e de cocktails, «aliado a petiscos de qualidade». 5858 frutas, legumes e flores | Março 2016 Esparguete com tomate Esparguete 4 tomates 1 cebola roxa 2 dentes de alho Polpa de tomate Queijo parmesão Folhas de manjericão Pimenta Tomilho Azeite Sal Açúcar Pela cor, pelo sabor e pelas características nutricionais, o tomate é um fruto interessante na cozinha. É um ingrediente comum nos petiscos do Vestigius, como decoração ou guarnição, mas este é um uso sem grande complexidade, comenta o Chefe. Por isso, decidiu preparar um prato com tomate especialmente para a Frutas, Legumes e Flores, que poderá ser incluído no menu de almoço, que este espaço também disponibiliza. Os ingredientes estão todos alinhados na bancada da cozinha. Carlos Augusto prefere ter ingredientes frescos e, sempre que possível, produtos da época. Todos os frescos usados no Vestigius são adquiridos bem perto, no Mercado da Ribeira. Para esta receita, que demora cerca de 20 minutos a preparar, o Chefe escolheu o tomate de cacho. O primeiro passo é fazer cortes em cruzeta nos tomates, em cima e em baixo, para os bringir: aplicar um choque térmico aos frutos, colocando-os numa panela com água a ferver durante um minuto. Em seguida, retiram-se para uma terrina com água e gelo, para outro choque térmico, com o objectivo de parar a cozedura. Com isto tudo, a pele estala e remove-se na totalidade de forma rápida – o que evita ter resíduos de pele no refogado –, mas o corpo do tomate fica intacto. Depois, prepara-se o refogado. Pica-se a cebola e o alho em pedaços muito finos – «queremos os aromas, mas não queremos sentir os bocados na boca» –, que se deitam na panela onde o azeite já aqueceu. Junta sal e mexe. Ao mesmo tempo, começa-se a aquecer a água para o esparguete. Quando a base do refogado está no ponto, acrescenta-se o tomate – cortado em quartos, «para melhor absorver o refogado e cozinhar», salienta o Chefe. Juntase o tomate em conserva (para dar mais consistência) e folhas de manjericão, cortadas em três, «para potenciar o sabor». Continua a mexer e adiciona um pouco mais de azeite. Carlos Augusto diz que sempre gostou de cozinha: «em miúdo já me punha ao fogão». Depois de tentar formações noutras áreas, decidiu finalmente apostar na cozinha, porque cozinheiro já era «uma profissão digna». Fez o curso na Escola Superior de Hotelaria do Estoril, trabalhou em hotéis e restaurantes, criou uma empresa de catering e depois um espaço de tapas próprio. Em seguida, vendeu a sua quota e foi trabalhar com um outro Chefe português. Entretanto, foi convidado para ser Chefe do Vestigius, para criar «um restaurante de petiscos de qualidade». Enquanto vai falando, deita o esparguete na água a ferver. Adiciona um pouco de vinho branco ao refogado, «para refrescar». Prova o refogado e, para reduzir a acidez, junta açúcar – «mas só no fim, devagarinho e vamos provando, senão ficamos com ketchup». O esparguete já está al dente. Retira, passa por água fria e coloca no refogado, que fica em lume brando e continua a mexer. Coloca um pouco de pimenta preta e tomilho – para aromatizar, removendo-a antes de servir. «A cozinha é uma coisa muito abstracta. Eu misturo várias. Misturo receitas de Chefes de alta cozinha, inspiro-me em receitas da Internet. Umas vezes improviso, arrisco», afirma Carlos Augusto. «O que eu faço aqui é uma fusão entre a gastronomia portuguesa e a espanhola: as tapas espanholas e os petiscos portugueses.» À cozinha junta-se a componente do cocktail, sugerindo-se combinações entre comidas e bebidas. O objectivo é acompanhar e satisfazer o cliente, garantir a sua fidelização. Por fim, emprata-se. Coloca-se no prato o tomate com o esparguete, espalha-se o queijo ralado por cima e acrescenta-se uma folha de manjericão. O resultado é «um prato para duas pessoas, para comer só assim, acompanhado por um vinho tinto frutado, suave, talvez alentejano». VESTIGIUS Rua da Cintura do Porto de Lisboa, Cais do Sodré – Armazém A17, Lisboa | www.vestigius.pt Horário: eventos privados (segunda-feira) 12h – 20h (terça e quarta-feira) 11h – 02h (quinta-feira) 12h – 03h (sexta-feira e sábado) 12h – 21h (domingo) frutas, legumes e flores | Março 2016 59 Batata, uma boa fonte de vitamina C A batata é um alimento largamente consumido e é a base da alimentação em muitos países da Europa. Pela sua versatilidade culinária, é incluída facilmente em diversas confecções. Apesar de ser um dos primeiros alimentos a ser excluído em dietas alimentares restritivas, a batata é uma boa fonte de energia, e deve ser incluída num plano alimentar equilibrado. A batata pertence ao grupo dos tubérculos, uma vez que constitui a parte subterrânea do caule. É cultivada em todo o Mundo e, apesar de pertencer a somente uma espécie, apresenta diversas variedades com diferentes características de tamanho, cor, textura e sabor. Este alimento é incluído no grupo dos cereais, derivados e tubérculos da Roda dos Alimentos, grupo este que deve fornecer cerca de 28% do total energético diário, o que corresponde a uma ingestão de quatro a 11 porções por dia. Uma porção corresponde a uma batata e meia de tamanho médio, cerca de 125 gramas. Os alimentos deste grupo caracterizam-se por serem a principal fonte de hidratos de carbono complexos da alimentação e os maiores fornecedores de energia para o organismo. Do ponto de vista nutricional, é uma excelente fornecedora de vitamina C, normalmente mais associada a outros alimentos, como o caso da laranja. Por exemplo, um adulto que ingira uma batata com casca irá assegurar cerca de metade das suas necessidades diárias de vitamina C. Esta vitamina, além do seu poder antioxidante, é essencial para a estrutura dos ossos, dentes, músculos, tecido vascular, cartilagens, promove uma resistência às infecções e proporciona um aumento da absorção de ferro. Além desta vitamina, a batata é uma importante fonte de água, de amido, de vitamina B6 e de potássio. A vitamina B6 intervém no bom funcionamento do cérebro e na formação dos glóbulos vermelhos e o potássio parece ser importante na transmissão de impulsos nervosos, na contração muscular e na normalização do ritmo cardíaco. O valor energético das batatas irá ser diferente consoante o método de confecção culinária. Uma batata cozida com cerca de 100 g apresenta 87 kcal, já uma batata frita com o mesmo peso apresenta 227 kcal. Sugere-se que se dê preferência aos cozidos, assados e estufados com pouca gordura, e que se diminua ou elimine a adição de sal. A adição de ervas aromáticas ou especiarias irá aumentar o sabor e aroma das suas confecções. Delphine Dias, nutricionista, Associação Portuguesa dos Nutricionistas