A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA EM PAUTA NA TV O - Piim-Lab

Transcrição

A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA EM PAUTA NA TV O - Piim-Lab
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE LINGUAGENS
LEILA APARECIDA ANASTÁCIO
A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA EM PAUTA NA TV
O discurso de divulgação científica e o processo de indexação de
programas televisivos
Belo Horizonte
Dezembro de 2013
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE LINGUAGENS
LEILA APARECIDA ANASTÁCIO
A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA EM PAUTA NA TV
O discurso de divulgação científica e o processo de indexação de
programas televisivos
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Estudos de Linguagens
do Centro Federal de Educação Tecnológica
de Minas Gerais (CEFET-MG) como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre
em Estudos de Linguagens.
Linha de pesquisa: Leitura,
Processos Discursivos.
Escrita
e
Orientadora: Prof. Drª. Giani David-Silva
Coorientador: Prof. Dr. Flávio Luis Cardeal
Pádua
Belo Horizonte
Dezembro de 2013
FICHA CATALOGRÁFICA
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE LINGUAGEM E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE LINGUAGENS
Dissertação intitulada: “A ciência e a tecnologia em pauta na TV: o discurso de
divulgação científica e o processo de indexação de programas televisivos”, de
autoria da mestranda Leila Aparecida Anastácio, aprovada pela banca
examinadora constituída pelos seguintes professores:
Profa. Dra. Giani David-Silva (Orientadora) – CEFET-MG
Prof. Dr. Flávio Luis Cardeal Pádua (Coorientador) – CEFET-MG
Prof. Dr. Jerônimo Coura Sobrinho – CEFET-MG
Profa. Dra. Lacy Varella Barca de Andrade – UNESA – RJ e EBC Brasil
Dedico à minha querida mãe
Fátima e aos meus irmãos,
Lidiane e Leandro.
AGRADECIMENTOS
Aos meus familiares, pelo apoio e compreensão nesse período dedicado ao
mestrado. Eu amo muito todos vocês.
Ao tio Urbano e à tia Délia, pelo acolhimento e incentivo aos estudos.
À Ingrid, que sempre me proporciona muitas alegrias.
Ao Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens do CEFET-MG,
pela grande oportunidade. Aos professores, pela rica troca de conhecimentos e
à equipe da Secretaria do POSLING.
Aos colegas do mestrado, que no período das disciplinas contribuíram com
suas experiências acadêmicas e profissionais. Uma turma de formação
multidisciplinar, que dificilmente será esquecida.
À professora Giani David-Silva, pela orientação, incentivo e por acreditar na
proposta.
Ao CAPTE, pela oportunidade de participar de um projeto de pesquisa
inovador.
À Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), pela oportunidade
de crescer acadêmica e profissionalmente.
Ao técnico de informática André Knipp, pelos serviços prestados quando eu
precisei recuperar meu projeto excluído, ainda em 2011.
À Marisa Gurjão, a quem aprendi a admirar pela competência, dedicação e
compromisso com a informação tecnológica. Você foi uma das principais
incentivadoras para a realização do curso. Obrigada por ter apostado em mim.
Aos colegas do Setor de Informação Tecnológica (STI), pelo incentivo.
À Clarice Lima e à Eliane Apolinário, pelo apoio incondicional no momento em
que quase desisti do processo de seleção de mestrado. Depois de tudo, eu não
poderia decepcioná-las. Obrigada pela amizade!
Aos meus tesouros de longa data. Meus amigos bibliotecários, que desde a
graduação estão sempre comigo, mesmo a distância: Alessandra Rodrigues,
Aline Braga, Aline Almenara, Ana Lúcia, Fernanda Moreira, Ronaldo Silva,
Gustavo Saldanha, Fabrícia Cristina, Paulo Gonçalves, Cláudio Anjos, Carla
Angelo, Shirley Ferreira, Viviane Solano, Lívia Marangon, Diná Araújo, Maria
Aparecida (Cida), Adriano Goulart, Roger Guedes, Lucélia.
Aos amigos Lourdes Nascimento, Daniel Avelino e Thiago Morais. Obrigada
por tudo!
Às pesquisadoras Maria Clara e Fernanda Almeida. Agradeço pela amizade,
paciência, troca de conhecimento e, principalmente, pela convivência dos
últimos anos. Acredito que nossas diferenças nos aproximam. Aprendo muito
com vocês. Obrigada!
“Se a gente quiser melhorar as mídias, precisamos
melhorar os consumidores de mídias.”
(EMEDIATO, 2013, online)
RESUMO
Esta dissertação estuda programas brasileiros de divulgação científica através
da televisão, com base em estudos de caso. O corpus consiste de uma edição
dos programas brasileiros “Globo Ciência”, “Futurando” e “Globo News Ciência
e Tecnologia”. As categorias em análise foram vinheta, apresentadores,
notícias, entrevista e discurso. A dissertação também trata sobre estudos de
análise do discurso e ciência da informação na indexação de imagens de
televisão no sistema desenvolvido pelo Centro de Apoio à Pesquisa na
Televisão. O trabalho adota as teorias de Patrick Charaudeau para analisar o
discurso de mídia, divulgação científica e as estratégias da unidade de
produção para alcançar mais telespectadores. A presente dissertação
apresenta o discurso da mídia sob a ótica do discurso informativo, a operação
do ato de comunicação e no contrato de comunicação de mídia; mostrando
também os canais de comunicação de C&T para comunicação e divulgação
científica. Alguns conceitos do processo discursivo estabelecidos neste
trabalho são: mito, crença, imaginação e verdade; também foi definida aqui a
confirmação da dificuldade de se pesquisar utilizando mídia audiovisual e C&T.
Em sua conclusão, este trabalho constata que o processo de transformar o que
é produzido em um contexto técnico-científico exige mais engajamento efetivo
entre jornalistas e instituições de pesquisa; tudo para constatar que a televisão
possui um papel importante na divulgação do conhecimento, mas, ainda assim,
o discurso televisivo ultrapassa o discurso científico nos programas analisados.
Palavras-chave: Ciência e tecnologia. Divulgação científica. Comunicação
científica. Televisão. Análise do discurso. Discurso científico. Discurso
televisivo. Indexação de informação audiovisual.
ABSTRACT
This thesis studies Brazilian scientific dissemination shows on television, based
on case studies. The corpus consists of an edition of Brazilian TV shows “Globo
Ciência”, “Futurando” and ‘Globo News Ciência e Tecnologia’. The categories
under analysis encompassed vignette, enunciators, news reports, interview and
discourse. The thesis also talks about studies of discourse analysis and
information science indexing television images into the system developed by
the Support Center for Research on Television. The thesis adopts the theories
of Patrick Charaudeau to analyze media discourse, scientific dissemination and
the strategies of the production unit to reach more viewers. This work also
presents the media discourse based on the view of the informative discourse,
the communication act operation and the media communication contract; even
showing the communication channels of C&T for scientific communication and
scientific dissemination. Some discoursive process concepts set forth in this
thesis are: myth, belief, imagination and truth; also defined here is confirmation
of the difficulty for research using audiovisual and C&T media. At the
conclusion, this paper declares that the process of transforming what is
produced in a technical-scientific context requires more effective engagement
among journalists and research institutions; all this for concluding that the
television has a relevant role disseminating knowledge, but still, the televised
discourse overlaps the scientific discourse in the programs analyzed.
Keywords: Science and technology. Scientific dissemination. Scientific
communication. Television. Discourse analysis. Scientific discourse . Televised
discourse. Indexing audiovisual information.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 -
Aparelhos de televisão
FIGURA 2 - Máquina midiática de Charaudeau e os três lugares de
47
61
construção do sentido
FIGURA 3 -
Contrato de comunicação midiática
66
FIGURA 4 -
Esquema das categorias de análise
95
FIGURA 5 -
Globo Cidadania
97
FIGURA 6 -
Vinheta do Globo Ciência
97
FIGURA 7 -
Abertura do Globo Ciência
97
FIGURA 8 -
Vinheta da emissora Deutsche Welle
98
FIGURA 9 -
Abertura do programa Futurando
99
FIGURA 10 - Vinheta de abertura do Globo News Ciência e Tecnologia
100
FIGURA 11 - Apresentador do Globo Ciência
101
FIGURA 12 - Apresentadora Nádia do Futurando
102
FIGURA 13 - Apresentador Luís Fernando
102
FIGURA 14 - Chamada do Globo Ciência
104
FIGURA 15 - Chamada do Futurando
105
FIGURA 16 - Chamada do Globo News Ciência e Tecnologia
105
FIGURA 17 - Alexandre faz uma pergunta
107
FIGURA 18 - Chamada do próximo bloco
108
FIGURA 19 - Hackerspaces e arte digital
109
FIGURA 20 - Legenda em português
109
FIGURA 21 - Divulgação do programa
110
FIGURA 22 - Identificação da narração
111
FIGURA 23 - Tempo de fala de especialista
112
FIGURA 24 - Livros
113
FIGURA 25 - Gráficos
113
FIGURA 26 - Planeta terra
114
FIGURA 27 - Demonstração
114
FIGURA 28 - Computador
114
FIGURA 29 - Computadores
114
FIGURA 30 - Disco rígido
114
FIGURA 31 - Disco rígido 2
114
FIGURA 32 - Computação em nuvem
114
FIGURA 33 - Telescópio
115
FIGURA 34 - Buraco Negro
115
FIGURA 35 - Telescópio 2
115
FIGURA 36 - Imagens celestes
115
FIGURA 37 - Telescópio 3
115
FIGURA 38 - Tablet
115
FIGURA 39 - Telescópio e ilha celeste
115
FIGURA 40 - Videoconferência
115
FIGURA 41 - Projeto Sworm
116
FIGURA 42 - Tecelagem
116
FIGURA 43 - Máquina digital
116
FIGURA 44 - Rede social e arte
116
FIGURA 45 - Laboratório
116
FIGURA 46 - Equipamentos
116
FIGURA 47 - Arte digital
116
FIGURA 48 - Tablet
116
FIGURA 49 - Tela digital
117
FIGURA 50 - Adriano Sarmento (Globo Ciência)
118
FIGURA 51 - Andre Homberg (Futurando)
118
FIGURA 52 - Barbara Glittenberg (Futurando)
119
FIGURA 53 - Christine Niehage (Futurando)
119
FIGURA 54 - Clayton da Silva Bezerra (Globo Ciência)
119
FIGURA 55 - Don Lee (Globo News Ciência e Tecnologia)
120
FIGURA 56 - Ellen Jorgensen (Globo News Ciência e Tecnologia)
120
FIGURA 57 - Erich Kölling (Futurando)
120
FIGURA 58 - Félix Both (Futurando)
120
FIGURA 59 - Gisela Tongers (Futurando)
121
FIGURA 60 - Ilsemarie Sturk (Futurando)
121
FIGURA 61 - Jochen Liske (Futurando)
121
FIGURA 62 - JohannDietrich Wörner (Futurando)
121
FIGURA 63 - Jutta Croll (Futurando)
121
FIGURA 64 - Mia Robinson (Globo News Ciência e Tecnologia)
122
FIGURA 65 - Nills Wettstein (Futurando)
122
FIGURA 66 - Olivier Medvedik - (Globo News Ciência e Tecnologia)
122
FIGURA 67 - Patrícia Chad (Futurando)
122
FIGURA 68 - Rodrigo Assad (Globo Ciência)
123
FIGURA 69 - Rolf Peter Kudritzki (Futurando)
123
FIGURA 70 - Rosemarie Hanke (Futurando)
123
FIGURA 71 - [Sem identificação]
123
FIGURA 72 - Silvio Meire (Globo Ciência)
124
FIGURA 73 - Simon Beck (Futurando)
124
FIGURA 74 - Ulrike Peters (Futurando)
124
FIGURA 75 - Identificação do pesquisador
125
FIGURA 76 - Mestre em tecelagem
125
FIGURA 77 - Entrevistado sem identificação
126
FIGURA 78 - Vox Populi (ruas de Recife)
127
FIGURA 79 - Imagens do filme Rede Social
129
FIGURA 80 - O artista e a música de Beethoven
130
FIGURA 81 - Steve Jobs e Steve Wozniak
131
FIGURA 82 - Arte digital de Steve Jobs
131
FIGURA 83 - Hard Disc
132
FIGURA 84 - Sequência de imagens de buracos negros
133
FIGURA 85 - Astronauta Luca Parmitano
133
FIGURA 86 - Bússola
134
FIGURA 87 - Sequência de imagens de bactéria
134
FIGURA 88 - Objetos da ciência
135
FIGURA 89 - Alexandre (jornalista)
136
FIGURA 90 - Cleyton da Silva Bezerra (delegado)
136
FIGURA 91 - Alexandre 2 (jornalista)
137
FIGURA 92 - Adriano Sarmento (prof.)
137
FIGURA 93 - Alexandre 3 (jornalista)
138
FIGURA 94 - Rodrigo Assad (especialista)
138
FIGURA 95 - Alexandre 4 (jornalista)
138
FIGURA 96 - Silvio Meira (especialista)
138
FIGURA 97 - Estudantes do curso de computação gráfica
139
FIGURA 98 - Apresentador Alexandre
141
FIGURA 99 - Narrador Maurício Cancillieri
142
FIGURA 100 - Luis (narração)
142
FIGURA 101 - Apresentador em Washington
143
FIGURA 102 – Nome da empresa de computação em nuvem
145
FIGURA 103 - Globo Ciência (tags)
145
FIGURA 104 - Futurando (tags)
146
FIGURA 105 - Globo News Ciência Tecnologia (tags)
146
FIGURA 106 - Ficha de indexação de programas / matérias técnico-
149
Científicas
GRÁFICO 1 - Tempo de fala dos atores
113
QUADRO 1 – Características da ciência e da tecnologia
30
QUADRO 2 - Legislação brasileira para C&T: principais leis
32
QUADRO 3- Alguns programas de divulgação científica transmitidos
52
pela TV brasileira
QUADRO 4 - Globo Ciência
86
QUADRO 5 - Programas selecionados do Futurando
88
QUADRO 6 - Programas avaliados do Globo News Ciência e Tecnologia
90
QUADRO 7 - Programas selecionados
92
QUADRO 8 - Nomes de especialistas e entrevistados
143
QUADRO 9 - Nomes de instituições dos três programas
144
TABELA 1 - Capital verbal
111
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
18
1.1
CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO
18
1.2
BIBLIOTECONOMIA E ESTUDOS DE LINGUAGENS
19
1.3
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
21
1.4
OBJETIVOS
21
1.4.1 Objetivo geral
21
1.4.2 Objetivos específicos
21
1.5
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/REVISÃO DA LITERATURA
22
1.6
RESULTADOS ESPERADOS
22
1.7
O CONTEÚDO DISSERTATIVO
22
2
ENTRE A COMUNICAÇÃO E A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: A
2.1
CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO UNIVERSO DA TV
24
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
24
2.1.1 Ciência
26
2.1.2 Tecnologia
28
2.2
30
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NO BRASIL
2.2.1 Legislação
31
2.2.2 Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação
34
2.2.2.1 Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq)
36
2.2.2.2 Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)
36
2.2.3 C&T em Minas Gerais
37
2.3
37
OS CANAIS DE COMUNICAÇÃO DE C&T
2.3.1 Comunicação Científica
38
2.3.2 Divulgação científica
41
2.3.3 A divulgação científica em programas de televisão
46
2.3.3.1 Os programas científicos da televisão brasileira
48
3
OS PROCESSOS DISCURSIVOS DA TV: COMUNICAÇÃO,
CIÊNCIA E IMAGINÁRIOS
54
3.1
A TELEVISÃO ENTRE O MITO, A CRENÇA E O IMAGINÁRIO
54
3.2
OS DISCURSOS MIDIÁTICOS
60
3.2.1 Contrato de Comunicação
63
3.2.2 Discurso Televisivo
66
3.2.3 Discurso Científico e Tecnológico
68
3.2.4 Representações
72
3.3
INDEXAÇÃO DE PROGRAMAS TELEVISIVOS E O PAPEL DO
INDEXADOR
3.3.1 Profissional da informação
73
4
METODOLOGIA
82
4.1
SELEÇÃO DOS PROGRAMAS
83
79
4.1.1 Delimitação do corpus
84
4.1.1.1 Globo Ciência
85
4.1.1.2 Futurando
86
4.1.1.3 Globo News Ciência & Tecnologia
89
4.2
90
CORPUS
4.2.1 Categorias de análise
93
5
ANÁLISES: CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA TV
96
5.1
APRESENTAÇÃO DOS PROGRAMAS
96
5.1.1 Vinhetas e aberturas
96
5.1.2 A produção televisiva e seus atores para a C&T: os apresentadores
100
5.1.3 E as chamadas?
103
5.2
ANÁLISE MIDIÁTICA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: A
TEMÁTICA DOS PROGRAMAS
5.2.1 As matérias
106
5.2.1.1 Capital Verbal
110
5.2.1.2 Capital Visual – A ciência em imagens
113
5.2.2 A hora da entrevista: os papéis do especialista e Vox Populi
117
5.2.2.1 Os especialistas
118
5.2.2.2 Vox Populi
127
5.2.2.3 Citação de outras personalidades: fala e imagem
128
5.2.3
Discursos televisivo e científico
132
5.3
MITO, CRENÇA E IMAGINÁRIO NOS PROGRAMAS
CIENTÍFICOS
107
135
5.3.1 Tratamento: quem são os doutores?
136
5.3.2 Globo Ciência: estratégias para a interatividade
139
5.4
O REGISTRO DO AUDIOVISUAL: PROCESSO DE INDEXAÇÃO
DE CONTEÚDO E IMAGEM
140
5.4.1 A recuperação dos vídeos por palavras: indexar o quê?
143
5.4.2 Orientações para o modelo de política de indexação para o CAPTE
146
5.5
151
Discussão comparativa dos resultados
5.5.1 Ciência e Tecnologia
151
5.3.2 Comunicação científica e divulgação científica
154
5.3.3 Instância de produção
154
5.3.4 Instancia de recepção
155
5.3.5 Discurso televisivo e discurso científico
156
CONSIDERAÇÕES FINAIS
161
REFERÊNCIAS
165
APÊNDICES
173
18
1
INTRODUÇÃO
Nossa proposta consiste em investigar programas de televisão que
tratam de Ciência e Tecnologia (C&T) no Brasil. Buscamos, a partir de estudos
da análise do discurso e da ciência da informação, contribuir para a indexação
de
imagens
televisivas
para
posterior
recuperação
em
um
sistema
desenvolvido pelo Centro de Apoio a Pesquisas sobre Televisão (CAPTE) no
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). A
base teórica do estudo são os conceitos de contrato de comunicação e o
discurso das mídias de Patrick Charaudeau, além dos trabalhos sobre
indexação e dos estudos referentes à divulgação científica. Tentamos
descrever o discurso adotado para C&T no Brasil, monitorar sua divulgação
pela mídia televisiva e entender o processo de categorização de assuntos
científicos para indexação dos programas de televisão.
1.1
CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO
O atual contexto das tecnologias de informação e comunicação, além do
avanço
dos
estudos
direcionados
à
C&T,
tem
contribuído
para
o
desenvolvimento de pesquisas sobre a divulgação dessas temáticas, em
diferentes suportes de informação. Várias são as áreas do conhecimento que
constituem a base desses estudos: a linguística, a ciência da informação e a
comunicação social. Nos últimos tempos, a linguagem tem sido objeto
frequente de pesquisa, sobretudo com as transformações tecnológicas dos
meios de informação e de comunicação. Marcuschi e Xavier (2005) entendem
que a linguagem é uma das faculdades cognitivas mais flexíveis e plásticas,
adaptável às mudanças comportamentais e a responsável pela disseminação
das constantes transformações sociais, políticas e culturais geradas pela
criatividade do ser humano. Os autores destacam que as inúmeras
modificações nas formas e possibilidades de utilização da linguagem em geral
e da língua, em particular, são reflexos incontestáveis das mudanças
tecnológicas emergentes no mundo.
As pesquisas sobre a mídia televisiva não são recentes. Várias áreas do
conhecimento estudam televisão. Esse meio de comunicação pode ser
observado por diversos ângulos. O mesmo acontece com a divulgação
19
científica. A literatura das áreas de linguística e da comunicação científica
contribuirá no entendimento do papel da TV, para a disseminação da C&T.
Somados ao conhecimento da área da ciência da informação, esses estudos
podem contribuir para o processo de indexação dos programas televisivos em
um sistema de informação multimídia em fase de desenvolvimento no CEFETMG, por meio do CAPTE.
1.2
BIBLIOTECONOMIA E ESTUDOS DE LINGUAGENS
Minha formação foi concluída em 2005, no curso de biblioteconomia,
pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalho atualmente na Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), uma instituição pública de C&T.
Esta é vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior de Minas Gerais (SECTES). O CETEC atua na modernização das
atividades produtivas por meio da apropriação do conhecimento, do
desenvolvimento e da transferência de soluções tecnológicas, ambientalmente
compatíveis, em prol da competitividade das empresas mineiras. As áreas
temáticas de atuação do CETEC, às quais os serviços de informação dão
suporte, são: Tecnologia mineral; Tecnologia metalúrgica e de materiais;
Biotecnologia; Tecnologia ambiental; Metrologia e ensaios; e Informação
tecnológica. Atuamos diretamente na última área citada. Atendemos a
demandas de pesquisadores para o acesso a fontes de informação e pesquisa
em diferentes suportes. A unidade oferece consulta à literatura cinzenta1 em
suporte impresso e digital: relatórios técnicos, empréstimos de livros e
periódicos, normas técnicas etc. Os quatro anos de serviços prestados, em um
centro tecnológico, explicam parte do nosso objeto de pesquisa: a C&T.
Os estudos televisivos sempre despertaram curiosidades, mas o
interesse surgiu de forma inesperada. Ainda no período da graduação em
biblioteconomia, tivemos a primeira experiência de pesquisa em televisão. Na
disciplina do ciclo básico, “Introdução à teoria democrática”, os grupos de
alunos deveriam analisar uma edição do Jornal Nacional (Rede Globo), em
especial, o papel dos apresentadores. Todo o processo foi realizado a partir de
1
Literatura cinzenta é o conjunto de documentos não publicados como relatórios
técnicos e de pesquisa, documentos governamentais, dissertações, teses etc.
20
textos discutidos em sala de aula.2 O resultado apontou as estratégias
adotadas pela instância de produção (editores e jornalistas), ao noticiar
determinadas matérias. Foi uma experiência positiva.
Em outro período (2006 a 2009), atuamos como bibliotecária em uma
editora da área de direito público. A partir da normalização e da indexação de
uma obra relacionada à implantação da TV Digital no Brasil, passamos a nos
interessar pelo tema. Apesar do conteúdo jurídico, a obra apresentava um
histórico sobre as telecomunicações no país e quais eram as vantagens da TV
digital para a sociedade brasileira. Logo, em 2008, já no período da
especialização em Arquitetura e Organização da Informação em Contextos
Digitais, construímos um projeto voltado aos estudos informacionais e
audiovisuais. Assim, o objeto principal foi a TV digital, com foco no acesso à
informação pelo telespectador. A proposta de implantação da TV digital
apresentava
como
pontos
positivos:
imagem
de
maior
qualidade
e
interatividade e acesso à internet pela nova tecnologia. As possibilidades
aguçaram nossa curiosidade. Logo, buscamos identificar as contribuições de
pesquisas da ciência da informação para os estudos televisivos.
Em 2011, para a seleção do mestrado, no CEFET, a proposta inicial já
envolvia C&T, no âmbito da internet, com o intuito de monitorar as fontes de
informação técnico-científicas, adotadas por pesquisadores de um centro
tecnológico. A proposta se mostrou inviável a partir das mudanças estruturais e
orgânicas da instituição a que estou vinculada, fato iniciado em 2011. Tais
mudanças afetaram o projeto, já que os pesquisadores que seriam
entrevistados não estavam mais diretamente vinculados ao CETEC. Logo, o
objeto de pesquisa foi alterado. A experiência com a organização da
informação e do acesso a ela e o contato com as disciplinas dos estudos em
linguagem e da comunicação despertaram novo interesse pela pesquisa. Mas
ela não estava afastada do contexto da C&T. O uso de ferramentas
tecnológicas para o suporte das linguagens ganhou novo contexto. A análise
do discurso aproximou os estudos sobre C&T e televisão. Assim, a
pesquisadora de um centro tecnológico deu espaço à divulgação científica na
TV.
2
Naquele período, a análise do discurso não era a base teórica.
21
Logo, a proposta do trabalho é investigar a C&T em programas de
televisão do Brasil e, a partir do conteúdo analisado, categorizar os assuntos
para a indexação da mídia televisiva para o CAPTE.
1.3
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
A pesquisa está baseada na seguinte questão:
Quais as diferenças entre o discurso sobre C&T, adotado pelos
pesquisadores e publicado nos suportes de comunicação científica, e a
divulgação científica veiculada pela mídia televisiva?
O problema pode ser desmembrado nas seguintes questões:

Qual o papel da comunicação científica e da divulgação científica?

Qual discurso prevalece no tratamento sobre C&T na televisão?

Qual a contribuição da pesquisa para o CAPTE?

Qual deve ser a percepção do indexador, em contribuição ao CAPTE,
para a indexação de documentos da mídia televisiva, sobre ciência, a
partir da análise do discurso?
1.4
OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo geral
Analisar os discursos sobre C&T em divulgação científica produzidos
para televisão, a partir das teorias de Patrick Charaudeau e dos estudos sobre
divulgação científica, procurando compreender os imaginários sociodiscursivos
que perpassam esses discursos: sobre ciência e pesquisadores.
1.4.2 Objetivos específicos

Analisar os temas abordados nos programas de televisão sobre C&T
selecionados para compor o corpus da nossa pesquisa.
22

Aplicar as técnicas e teorias de análise do discurso de Patrick
Charaudeau e da indexação da mídia audiovisual para a criação de um
modelo de indexação dos programas em questão.

1.5
Comparar os programas a partir de suas especificidades discursivas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/REVISÃO DA LITERATURA
Os trabalhos sobre mídia, de Patrick Charaudeau, serão a base teórica
da pesquisa. O contrato de comunicação, a representação do ato de linguagem
e seus modos de organização e imaginários sociodiscursivos serão temas
recorrentes. Alguns trabalhos da área de ciência da informação serão utilizados
para a classificação das áreas de conhecimento, que serão recuperadas pelas
análises dos vídeos. As áreas do conhecimento recuperadas serão a base do
processo estrutural de um modelo de indexação dos programas de televisão
sobre C&T para o CAPTE.
1.6
RESULTADOS ESPERADOS
Esperamos identificar os discursos praticados sobre C&T e avaliar o
conteúdo televisivo repassado aos telespectadores. Acreditamos que a mídia
televisiva tem o importante papel de intermediar as informações técnicocientíficas, pois o objetivo é informar a sociedade. Esperamos contribuir com a
reflexão sobre o papel da mídia na divulgação do conhecimento sobre ciência e
tecnologia.
1.7
O CONTEÚDO DISSERTATIVO
Nosso trabalho está dividido em mais três capítulos e trata dos seguintes
assuntos: o próximo capítulo busca definir os conceitos de ciência e tecnologia,
além de contextualizar as estruturas e os canais de disseminação científica
(comunicação científica e divulgação científica). Discutimos também o papel da
televisão, como suporte de divulgação e alguns programas científicos
veiculados no Brasil.
No Capítulo 3, priorizamos a análise do discurso a partir do
entendimento sobre mídia, crença, imaginários e discursos científico e
23
tecnológico. A base teórica trata da linguagem e discurso de Patrick
Charaudeau.
A metodologia da pesquisa está apresentada no Capítulo 4, no qual são
destacados os programas científicos selecionados, os temas e os atores
envolvidos.
No Capítulo 5, são tratadas as análises comparativas dos programas e
dos dados recuperados.
Ao final da dissertação, apresentamos nossas considerações finais.
24
2
ENTRE A COMUNICAÇÃO E A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: A CIÊNCIA
E TECNOLOGIA NO UNIVERSO DA TV
A ciência em si
Se toda coincidência/ Tende a que se entenda/ E toda lenda
Quer chegar aqui/ A ciência não se aprende/ A ciência apreende
A ciência em si/ Se toda estrela cadente/ Cai pra fazer sentido
E todo mito/ Quer ter carne aqui/ A ciência não se ensina
A ciência insemina/ A ciência em si/ Se o que se pode ver, ouvir, pegar, medir, pesar
Do avião a jato ao jaboti/ Desperta o que ainda não, não se pôde pensar/ Do sono eterno ao
eterno devir/ Como a órbita da terra abraça o vácuo devagar/ Para alcançar o que já estava
aqui
Se a crença quer se materializar/ Tanto quanto a experiência quer se abstrair/ A ciência não
avança/ A ciência alcança/ A ciência em si
(Arnaldo Antunes e Gilberto Gil)
2.1
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Nos últimos anos, o Brasil tem tido destaque no cenário mundial nas
áreas política, econômica e social.3 Espera-se que o novo contexto possa
contribuir no desenvolvimento de áreas consideradas essenciais para a
sociedade. Apesar dos apontamentos que confirmam o crescimento,
percebemos que o país precisa avançar efetivamente em políticas para áreas
de saúde, saneamento básico, educação, infraestrutura, agricultura, esporte
etc. e que retratem o novo papel do país nacional e internacionalmente. Um
caminho possível, e de interesse público, é a priorização dos governos (federal,
estadual e municipal) de temas como educação e pesquisa, em prol do
desenvolvimento socioeconômico do país. Neste caminho, consideramos
Ciência e Tecnologia (C&T) como relevantes para o desenvolvimento do Brasil.
Pesquisas e investimentos caminham juntos nesse processo, o qual envolve
diferentes atores e instituições. Para Targino (2007), C&T estão inseridas no
contexto da vida comum do homem, são parte do processo da evolução
humana e fazem parte da realidade societal. “O poderio político e econômico
das nações está vinculado mais à sua capacidade científica e tecnológica do
que à riqueza dos seus recursos naturais” (TARGINO, 2007, p. 20).
3
Ver: PEIXOTO, Alberto. O Brasil está em destaque no cenário mundial. RG3, Disponível em:
<http://portal.rg3.net/index.php/alberto-peixoto/193-o-brasil-esta-em-destaque-no-cenariomundial.html>. Acesso em: 12 set. 2012. Ver também: ALISSON, Elton. Brasil deve liderar
integração econômica da América Latina. Agência Fapesp, São Paulo, jan. 2013. Disponível
em: <http://agencia.fapesp.br/16715>. Acesso em: 15 maio 2013.
25
Há alguns anos, os governos federal e estadual têm implementado
políticas
de
expansão,
além
de
investimentos
financeiros,
para
o
desenvolvimento da sociedade brasileira. Instituições de ensino, pesquisa e
indústrias são as grandes interessadas no avanço da área para o país. Para a
UNESCO, “eleger ciência, tecnologia e inovação como uma escolha estratégica
para o desenvolvimento do país implica priorizar investimentos nesse setor,
para recuperar seu atraso e avançar aceleradamente na geração e na difusão
de conhecimentos e inovações” (UNESCO, 2012, online). Destaca ainda que
tal investimento “significa também advogar em prol da importância da ciência e
tecnologia como fator de integração das demais políticas de desenvolvimento
do Estado” (UNESCO, 2012, online). Neste contexto, perguntamos: o que é
ciência e o que é tecnologia? Em que se diferem? Qual a percepção da
sociedade sobre o assunto?
Para uma análise sobre a divulgação científica e a mídia televisiva,
conceituamos ciência e tecnologia e apresentamos o contexto de atuação das
áreas no Brasil. Nas palavras de Patrick Charaudeau (2010b) o exploradorlinguista deve esboçar uma ideia das características e dos limites que
determinam o território que será explorado. Logo, o levantamento a seguir
contribuirá para a compreensão da estrutura da comunicação científica e da
divulgação de C&T na mídia televisiva.
Definir ciência e tecnologia não é tarefa fácil. Porém, é importante
compreendermos os conceitos e aplicações, com o intuito de investigar a
divulgação científica. Para o início da discussão, apresentamos a ciência como
palavra de origem latina (scientia), que também significa conhecimento
(GERMANO, 2011). Já a tecnologia é uma palavra, que conforme Veraszto et
al. (2008), provém de uma junção do termo tecno, do grego techné, que é
saber fazer, e logia, do grego logus, razão. Enquanto a ciência está ligada ao
conhecimento, a tecnologia está próxima ao saber fazer. Percebemos que são
diferentes, mas estão próximas nas suas atuações. Para Rosa (2012, p. 35), a
ciência permite a criação de técnicas e a melhoria das já existentes, enquanto
a Tecnologia contribui com instrumentos e máquinas para o desenvolvimento
científico.
No mesmo sentido, a relevância das duas áreas é apresentada por
Costa, Souza e Mazocco (2010, p. 150) a partir da relação entre elas. Os
autores citam a importância dessa relação considerando a produção do
26
conhecimento científico como intrínseca às práticas políticas, econômicas e
sociais. Nas próximas linhas, tentaremos esclarecer as definições de cada
termo.
2.1.1 Ciência
Como já foi mostrado acima, a ciência está ligada ao conhecimento.
Ziman (1979), que entende o meio científico como comunicação pública,
apresenta em sua obra algumas definições que são aceitas, mas que
paralelamente não refletem a importância do tema.4 Após questionamentos das
definições mais difundidas, o autor entende ciência como: “um produto
consciente da humanidade, com suas origens históricas bem documentadas,
um escopo e um conteúdo bem definidos; [...] e conta com praticantes e
expoentes reconhecidamente profissionais” (ZIMAN, 1979, p. 17). No
entendimento de Germano (2011), a ciência é como um conhecimento lógico e
sistematizado, que procura explicar as transformações da realidade a partir de
conceitos universais. Entendemos que a ciência não significa simplesmente
conhecimentos ou informações publicados, mas:
[...] seus fatos e teorias têm de passar por um crivo, por uma fase de
análises críticas e de provas, realizadas por outros indivíduos
competentes e desinteressados, os quais deverão determinar se eles
são bastante convincentes para que possam ser universalmente
aceitos (ZIMAN, 1979, p. 25).
A ciência não existe sozinha, está na natureza, mas depende de
indivíduos para validação do conhecimento. Em trabalho de Francelin, há a
apresentação de um estudo sobre ciência, senso comum e revoluções
científicas.
Francelin
(2004)
constrói
um
referencial
teórico
sobre
o
conhecimento científico ao apontar alguns conceitos sobre o tema. Neste
contexto, o destaque é a dificuldade em se definir ciência. Assim, busca-se
aproximar ciência e senso comum. Porém, a conclusão do autor é que:
No meio científico, os conhecimentos também podem ser provisórios
e parciais, podem dar lugar a novos conhecimentos que surgem ao
4
Ziman faz uma reflexão conceitual sobre ciência considerando as seguintes definições: a
ciência é o domínio do meio ambiente; é o estudo do mundo material; é o método
experimental; alcança a verdade por meio das inferências lógicas baseadas em observações
empíricas; é matemática pura; e, por fim, a ciência é o conhecimento puro.
27
longo do tempo através de novas pesquisas. A grande diferença é
que no meio científico deve haver plena consciência de que uma
pesquisa que leva a um novo conhecimento não é definitiva. O senso
comum, portanto, descarta essa premissa, pois as opiniões obtidas
podem ser emitidas como verdadeiras e definitivas. A ciência,
aparentemente, busca por meio de seu rigor na pesquisa, no debate
e crítica de opiniões, afastar-se do senso comum (FRANCELIN, 2004,
p. 31).
Após a diferenciação da ciência e do senso comum, apresentamos as
palavras de Ziman (1979) ao lembrar ao público em geral que ciência e suas
aplicações são praticamente a mesma coisa, ao passo que os cientistas,
propriamente, fazem questão de estabelecer a diferença entre o conhecimento
“puro”, sem finalidade prática, e o conhecimento tecnológico, aplicado às
necessidades do homem. Para o autor, “a definição está no próprio trabalho, na
forma com que é apresentado e no público ao qual é dirigido” (ZIMAN, 1979, p.
41).
Neste direcionamento, reproduzimos aqui um trecho do artigo, que trata
de ciência na televisão. Os autores Monteiro e Brandão (2002) apresentam
uma definição do termo, de forma humorada, a partir de um hipotético diálogo
entre ciência e TV. Destacamos, a seguir, a explanação da senhora Ciência,
sobre si mesma, ao apresentar-se à Televisão:
CI – Muito bem, agora deixe que me apresente. A Tecnologia é muito
exibicionista, não sei o que ela já lhe falou a meu respeito, por isso
preste atenção. Sou a Ciência, você já sabe. Sem modéstia, sou a
expressão maior dessa fantástica construção que é o conhecimento
humano. Que serve para entender o mundo, transformá-lo, construir
modos e meios de vida plenos e justos, “para todos os homens e o
homem todo”. Essa é, em uma linha, minha história e trajetória. Minha
maior preocupação hoje é fazer com que os saberes sejam
compartilhados, que a minha família se abra cada vez mais para a
sociedade: o conhecimento científico e tecnológico só tem sentido se
contribui para o desenvolvimento da cultura em geral. Entendeu
agora por que sua pergunta “Ciência ou Ciências?” é um pouquinho
impertinente? Até compreendo sua indagação, porque você convive
no meio empresarial, deve ter outros objetivos na vida. Nossa família
está empenhada numa outra dimensão de sentido, que em vários
pontos é distinta e até oposta da sua. Ouça isso: “As orientações e
escolhas da pesquisa científica deveriam estar apoiadas no mais
amplo consenso entre as pessoas e os países, bem longe da
comercialização eventual de produtos industriais ou culturais”
(MONTEIRO; BRANDÃO, 2002, p. 90).
Na citação anterior, observamos que a racionalidade se distancia do
exibicionismo da tecnologia. Também é notório o interesse da ciência em
destacar o conhecimento e ao mesmo tempo compartilhá-lo com a sociedade.
28
Siqueira entende ciência como “uma categoria muito boa para se pensar
a sociedade, seus problemas, atores sociais, conflitos e, inclusive, seu futuro”
(SIQUEIRA, 2008, online). Notamos que o tema em questão apresenta
formalidades, característica da comunidade científica, porém, destaca o
objetivo, que é contribuir no desenvolvimento da sociedade. Assim, a finalidade
da ciência é: “alcançar um consenso de opinião racional que abranja o mais
vasto campo possível” (ZIMAN, 1979, p. 25). Logo, entendemos que a ciência é
praticada por especialistas (as comunidades técnico-científicas de diferentes
áreas), em meio restrito para troca de comunicação, com o objetivo principal de
contribuir para interesses da sociedade.
2.1.2 Tecnologia
Retomando a definição inicial do capítulo, em que a tecnologia é o saber
fazer racional, continuamos com as palavras de Veraszto et al. (2008, p. 67),
que definem que a tecnologia exige um profundo conhecimento do modo como
seus objetivos são alcançados, pois se constitui em um conjunto de atividades
humanas associadas a um sistema de símbolos, instrumentos e máquinas
(VERASZTO et al., 2008) destacam que a tecnologia “visa a construção de
obras e a fabricação de produtos, segundo teorias, métodos e processos da
ciência moderna”.5 O artigo aborda diferentes concepções sobre tecnologia, as
quais são discutidas para a construção de um conceito. As concepções
tecnológicas apresentadas são: a intelectualista; a utilitarista; enquanto
sinônimo de ciência; instrumentalista; de neutralidade; determinismo; de
otimismo; pessimismo; e a concepção de sociossistema.
A tecnologia é definida como um: “conjunto de saberes inerentes ao
desenvolvimento
e
concepção
dos
instrumentos
(artefatos,
sistemas,
processos e ambientes) criados pelo homem através da história para satisfazer
necessidades e requerimentos pessoais e coletivos” (VERASZTO et al., 2008,
5
Para alguns autores, a ciência moderna abrange o período período que vai de meados do
século XVI até fins do XIX. Ver: ROSA, Carlos Augusto de Proença. História da ciência: a
ciência moderna. 2. ed. Brasília: FUNAG, 2012. v. 2. Disponível em:
<http://www.funag.gov.br/biblioteca/dmdocuments/HISTORIA_DA_CIENCIA_VOL_II_TOMO_
I.pdf>. Ver também: BAZZANELA, Sandro Luiz. A constituição da ciência moderna:
pressupostos definidores da vida e suas implicações biopolíticas contemporâneas. Theoria:
Revista
Eletrônica
de
Filosofia,
p.
18-32.
Disponível
em:
<http://www.theoria.com.br/edicao0410/a_constituicao_da_ciencia_moderna.pdf>.
Acesso
em: 27 jul. 2013.
29
p. 78). Na ciência da informação, recuperamos uma definição de Vieira (2009,
p. 21), em trabalho sobre a produção científica, que entende a tecnologia como
aplicação do conhecimento científico para manipulação da natureza em
benefício da humanidade.
Aceitamos o entendimento da tecnologia vinculada a técnicas e
instrumentos. Acrescentamos ainda que ela possa atender a uma demanda
específica, com o objetivo de solucionar um problema. Um exemplo importante,
apresentado por Ziman (1979), é a diferença entre o papel do cientista e o do
tecnologista. Enquanto o primeiro está envolvido com pesquisas, publicações,
observações e experimentos, o tecnologista:
[...] sente-se responsável, primordialmente, perante o seu
empregador, o seu freguês ou o seu paciente, e não perante os seus
colegas de profissão. Sua tarefa é resolver o problema do momento e
não discutir o seu trabalho com outros especialistas. Se a solução
adotada por ele der resultado, é possível que estabeleça uma nova
orientação e venha reforçar as bases “científicas” da sua Tecnologia
(ZIMAN, 1979, p. 40).
O cientista (verdade) e o tecnologista (forma/perfeição) assumem papéis
diferentes no processo de pesquisa, mas entendemos que conseguem
alcançar objetivos comuns voltados à sociedade. Para Targino (2007, p. 20), na
atualidade, C&T estão inseridas no contexto da vida do homem comum. A
autora aponta que o poderio político e econômico de uma nação está vinculado
à capacidade científica e tecnológica desta. Logo, entendemos C&T como
áreas inerentes à humanidade. Podemos considerá-las como meios de
sobrevivência e desenvolvimento dela.
A seguir, apresentamos as características da ciência e da tecnologia:
30
QUADRO 1 – Características da ciência e da tecnologia
CIÊNCIA
TECNOLOGIA
Cientista
tecnologista
conhecimento humano
saber fazer
entendimento do mundo, transformação,
construção de modos e meios de vida para o
solução tecnológica
homem
depende da avaliação dos pares
depende da demanda do empregador, de
mercado e problema de momento
pesquisas, publicações, observações e
está associada a um sistema de símbolos,
experimentos
instrumentos e máquinas
compartilha conhecimento com a sociedade
circulação restrita do conhecimento
desenvolvido
sistema acadêmico
sistema comercial
prazo indefinido
prazo para entrega de resultados
Fonte: Quadro elaborado pela autora.
2.2
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NO BRASIL
A partir do reconhecimento de que C&T também são prioridades de
Estado, trataremos da institucionalização delas. Apresentamos, a seguir, as
estruturas institucionais no Brasil e em Minas Gerais, além das principais
legislações sobre o tema no país. À Ciência e Tecnologia foi recentemente
introduzido o termo Inovação, diante da sua importância no desenvolvimento
de novos produtos e processos. O Manual de Oslo (OCDE, 1998 citado por
LIMA, 2011, p. 13) define inovação como a introdução, com êxito, no mercado
de produtos, serviços, processos, métodos e sistemas que não existiam
anteriormente ou contendo alguma característica nova e diferente da até então
em vigor. A representação da UNESCO no Brasil destaca a importância da
31
C&T para o país e também a preocupação com o aspecto educacional, além de
envolvimento maior da sociedade:
É necessário que os cidadãos participem mais de perto dos avanços
e estejam preparados para participar de decisões importantes para a
sociedade. Para isso, uma formação científica básica desde o início
do processo escolar é fundamental, o que torna prioritário o
investimento em educação científica. Essa abordagem contribui, de
forma decisiva, para que jovens motivem-se a seguir carreiras
científicas e tecnológicas. Porém, a consequência mais importante é
contribuir para a melhoria da educação, tema que tem mobilizado
vários segmentos da sociedade, devido à sua importância (UNESCO,
2012, online).
Para alcançarmos os objetivos da C&T, é necessário que os
investimentos sejam direcionados para o setor educacional. Algumas iniciativas
foram encetadas no meio jurídico, mas dependem, além do esforço político, da
participação de outros contextos sociais.
2.2.1 Legislação
Ressaltamos
que
investir
e
promover
C&T
são
obrigações
constitucionais. Logo, o governo deve criar condições que favoreçam a
pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico em nosso país.
Entendemos que o crescimento da área é de interesse nacional, objetivando o
bem público e o progresso da ciência. C&T no Brasil é responsabilidade de
Estado. Conforme a nossa Carta magma:
Título VIII - Da Ordem Social
Capítulo IV - Da Ciência e Tecnologia
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento
científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas.
§ 1º A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do
Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências.
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a
solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do
sistema produtivo nacional e regional.
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de
ciência, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que delas se ocupem
meios e condições especiais de trabalho.
§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em
pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e
aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem
sistemas de remuneração que assegurem ao empregado,
desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos
resultantes da produtividade de seu trabalho.
32
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de
sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e
à pesquisa científica e tecnológica.
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será
incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do
País, nos termos de lei federal (BRASIL, 1988, Tít. VIII, Cap. IV).
A C&T também está amparada pela legislação brasileira. Alguns temas
são regulamentados. As leis destinadas ao meio científico e tecnológico estão
representadas no quadro seguir:
QUADRO 2 - Legislação brasileira para C&T: principais leis
Continua
LEGISLAÇÃO
Constituição da
República
Federativa do Brasil
(1988)
Lei nº 12.731, de 21
de novembro de
2012
EMENTA
arts. 22, IV, 23, V, 218 a 219 tratam da
Ciência e Tecnologia no Brasil
Institui o Sistema de Proteção ao Programa
Nuclear Brasileiro - SIPRON e revoga o
Decreto-Lei nº 1.809, de 7 de outubro de
1980
Lei nº 11.794, de 8
Regulamenta o inciso VII do § 1º do art. 225
de outubro de 2008 da Constituição Federal, estabelecendo
procedimentos para o uso científico de
animais - Lei Arouca
Lei nº 11.105, de 24 Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do
de março de 2005
art. 225 da Constituição Federal, estabelece
(Lei de
normas de segurança e mecanismos de
Biossegurança)
fiscalização de atividades que envolvam
organismos geneticamente modificados –
OGM e seus derivados, cria o Conselho
Nacional de Biossegurança – CNBS,
reestrutura a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a
Política Nacional de Biossegurança – PNB,
revoga a Lei nº 8.974, [...]
Lei nº 10.973, de 2
Dispõe sobre incentivos à inovação e à
de dezembro de
pesquisa científica e tecnológica no
2004
ambiente produtivo
Lei nº 8.958, de 20
Dispõe sobre as relações entre as
de dezembro de
instituições federais de ensino superior e de
1994
pesquisa científica e tecnológica e as
fundações de apoio
Lei nº 8.248, de 23
Dispõe sobre a capacitação e
de outubro de 1991 competitividade do setor de informática e
automação
33
QUADRO 2 - Legislação brasileira para C&T: principais leis
Conclusão
Lei nº 7.232, de 29
Dispõe sobre a Política Nacional de
de outubro de 1984 Informática
Lei nº 10.973, de 2
Dispõe sobre incentivos à inovação e à
de dezembro de
pesquisa científica e tecnológica no
2004
ambiente produtivo e dá outras providências
Decreto n º 7.642,
de 13 de dezembro Institui o Programa Ciência sem Fronteiras
de 2011
Fonte: BRASIL, [2013], online.
Atualmente, instituições de pesquisas e ensino estão dedicadas a
internalizar a questão da inovação científica e tecnológica. Ações dos governos
tentam implantar a cultura de inovação nas empresas, como forma de
fortalecer o desenvolvimento tecnológico no país. A Lei nº 10.973, de 2004,
tem o objetivo de estabelecer medidas de incentivo à inovação e à pesquisa
científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao
alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do país.
Indiretamente,
há
a
necessidade
de
alavancar
investimentos
em
capacitação/educação, além de implantar uma cultura de inovação em
empresas. Sobre o tema e tratando sobre prioridade governamental à ciência e
tecnologia, Rocha e Ferreira (2004) entendem que:
O investimento público no campo científico e tecnológico é um vetor
fundamental do desenvolvimento socioeconômico de países e regiões
e constitui um dos principais condicionantes da competitividade
empresarial. Em países caracterizados por sistemas nacionais de
inovação imaturos, como é o caso do Brasil, os gastos realizados
pelo poder público para o desenvolvimento científico tecnológico
assumem relevância ainda maior, devido aos baixos dispêndios
efetuados pelas empresas privadas (ROCHA; FERREIRA, 2004, p.
63).
Aproximar áreas produtivas e acadêmicas não é tarefa fácil, porém, é
perceptível que a necessidade existe em prol do desenvolvimento científico e
tecnológico do país.
34
2.2.2 Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação
O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) é órgão do
governo federal, criado pelo Decreto nº 91.146, em 15 de março de 1985.
Enquanto órgão da administração direta, tem como competências os seguintes
assuntos:
[...] política nacional de pesquisa científica, tecnológica e
inovação; planejamento, coordenação, supervisão e controle
das atividades da ciência e tecnologia; política de
desenvolvimento de informática e automação; política
nacional de biossegurança; política espacial; política nuclear
e controle da exportação de bens e serviços sensíveis
(BRASIL, 2012, online).
O sistema MTCI é formado pelas agências de fomento: a Financiadora
de Estudos e Projetos (FINEP) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), além de outras instituições: Centro de Gestão
e Estudos Estratégicos (CGEE); Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN); Agência Espacial Brasileira (AEB); 19 unidades de pesquisa científica,
tecnológica e de inovação; e quatro empresas estatais: Indústrias Nucleares
Brasileiras (INB); Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep); Alcântara
Cyclone Space (ACS); e Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica
Avançada (Ceitec). O MCTI coordena as atividades e os programas da Política
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Esta tem como objetivo
“transformar o setor em componente estratégico do desenvolvimento
econômico e social do Brasil, contribuindo para que seus benefícios sejam
distribuídos de forma justa a toda a sociedade” (BRASIL, 2013, online).
De acordo com o site do Ministério, a estrutura é formada pelas
seguintes secretarias: Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e
Desenvolvimento (SEPED); Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão
Social (SECIS); Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação
(SETEC); e por último a Secretaria de Política de Informática (SEPIN). Todas
com ações voltadas para implantação, capacitação tecnológica, científica,
estudos etc., para o desenvolvimento da C&T no país.
São competências do MCTI:
35
I. políticas nacionais de pesquisa científica e tecnológica e de
incentivo à inovação;
II. planejamento, coordenação, supervisão e controle das atividades
de ciência, tecnologia e inovação;
III. política de desenvolvimento de informática e automação;
IV. política nacional de biossegurança;
V. política espacial;
VI. política nuclear; e
VII. controle da exportação de bens e serviços sensíveis (BRASIL,
2013, online).
A estrutura do Ministério é formada por gabinetes, secretaria-executiva,
secretarias, assessorias, departamentos e comissões. Destacamos aqui o
Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia que tem as
seguintes competências:
I. subsidiar a formulação e implementação de políticas, programas e a
definição de estratégias à popularização e à difusão ampla de
conhecimentos científicos e tecnológicos;
II. propor e coordenar a execução de estudos e diagnósticos para
subsidiar a formulação de políticas e programas que permitam às
diversas instâncias sociais e às instituições de ensino em particular, a
se apropriarem dos conhecimentos disponíveis nos diversos campos
das ciências;
III. planejar e coordenar o desenvolvimento de programas, projetos e
atividades integradas de cooperação com organismos nacionais,
internacionais e entidades privadas, com vistas à difusão e à
aplicação dos conhecimentos técnico-científicos nas diversas
instâncias sociais e nas instituições de ensino em geral;
IV. definir e acompanhar as metas e os resultados a serem
alcançados na implementação de programas, projetos e atividades
afetos a sua área de competência;
V. articular ações e colaborar com entidades governamentais e
privadas, em negociações de programas e projetos relacionados com
a política nacional para o setor;
VI. estimular ações de desenvolvimento de programas voltados à
educação científica e à divulgação científica e tecnológica à distância,
para pesquisas sobre divulgação científica e sobre a percepção
pública da ciência e tecnologia, bem como para o compartilhamento
de recursos didáticos no âmbito das instituições de ensino e de outros
organismos científico-culturais, entre outras atividades com este fim;
e
VII. articular ações com entidades governamentais e privadas,
nacionais e internacionais, para a efetiva difusão e apropriação dos
conhecimentos científicos e tecnológicos na sociedade (BRASIL,
2013, online).
Destacamos, a seguir, duas importantes instituições de fomento e apoio
para o desenvolvimento técnico-científico do nosso país.
36
2.2.2.1 Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq)
O CNPq é uma agência do MCTI. As principais atribuições são fomentar
a pesquisa científica e tecnológica, além de incentivar a formação de
pesquisadores brasileiros. A missão da agência é: “fomentar a Ciência,
Tecnologia e Inovação e atuar na formulação de suas políticas, contribuindo
para o avanço das fronteiras do conhecimento, o desenvolvimento sustentável
e a soberania nacional.”6 As principais ferramentas utilizadas atualmente são: o
programa Ciência sem Fronteiras, Plataforma Carlos Chagas e Plataforma
Lattes. A primeira possibilita aos estudantes de graduação e pós-graduação
complementarem o conhecimento em instituições de pesquisa fora do Brasil. A
segunda é uma base de dados que une informações referentes aos
pesquisadores e usuários do CNPq em todo o país. A última plataforma é a
integração de bases de dados de currículos, de grupos de pesquisa e de
Instituições de pesquisa. Nela há o Currículo Lattes,7 que tem o objetivo de
registrar a vida pregressa e atual dos estudantes e pesquisadores do Brasil.
2.2.2.2 Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)
Ainda em âmbito federal destacamos a atuação do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). O instituto atua com o objetivo de
preservar a memória do patrimônio científico e tecnológico brasileiro, além de
criar condições para o aumento da produção científica e da visibilidade
internacional. Sua missão é “promover a competência, o desenvolvimento de
recursos e a infraestrutura de informação em ciência e tecnologia para a
produção, socialização e integração do conhecimento científico-tecnológico”
(IBICT, 2013, online). Os produtos mais conhecidos são: Biblioteca Digital
Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Biblioteca do IBICT, Catálogo
Coletivo Nacional de Publicações Seriadas (CCN), Centro Brasileiro do ISSN,
Centro Brasileiro do Latindex, Diretório de Políticas de Acesso Aberto das
Revistas
6
Científicas
Brasileiras
(Diadorim),
Diretório
Luso-Brasileiro,
CNPQ.
Disponível
em:
<http://www.cnpq.br/web/guest/ocnpq;jsessionid=D93002A23928B65FA485292D120B1D3D>. Acesso em: 02 ago. 2013.
7
PLATAFORMA Lattes.Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/>. Acesso em: 12 ago. 2013.
37
Incubadora de revistas SEER (INSEER), Portal Brasileiro de Acesso Aberto à
Informação Científica (OASISBR), Portal do Livro Aberto em CT&I, Programa
de Comutação Bibliográfica (Comut), Repositório Institucional Digital do IBICT
(RIDI), Repositórios Digitais e Revistas no SEER.
2.2.3 C&T em Minas Gerais
Outro exemplo da participação política no meio técnico-científico são as
ações do estado de Minas Gerais. No estado mineiro há a Secretaria de Estado
de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES). Sua missão é promover,
de forma articulada, a ciência, a tecnologia, a inovação e o ensino superior,
visando ao desenvolvimento sustentável e à melhoria da qualidade de vida em
Minas Gerais.8 Citamos assim algumas instituições do estado que atuam na
área de C&T: Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), Cidade
das Águas (UNESCO-HIDROEX), Instituto de Geociências Aplicadas (IGA),
Instituto de Pesos e Medidas (IPEM), Universidade do Estado de Minas Gerais
(UEMG), Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Fundação
Helena Antipoff (FHA) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de MG
(FAPEMIG).
Há também um esforço de disseminação da ciência pela FAPEMIG. O
Programa de Comunicação Científica e Tecnológica (PCCT) tem o objetivo de
disseminar e popularizar a ciência, a tecnologia e a inovação (CT&I) no Estado
de Minas Gerais por meio do desenvolvimento de vocações na área da difusão
científica a partir do envolvimento de profissionais e estudantes, na geração de
produtos de comunicação de diferentes naturezas – revista, rádio, televisão e
internet.9
2.3
OS CANAIS DE COMUNICAÇÃO DE C&T
A disseminação da produção técnico-científica é realizada por diferentes
canais. Estes são elaborados conforme a característica e os objetivos do
público para os quais são destinados. Para melhor compreensão do estudo de
8
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Disponível
em: <http://www.tecnologia.mg.gov.br/missao-visao-valores.php>. Acesso em: 20 maio 2013.
9
FAPEMIG. Disponível em: < http://www.fapemig.br/programa-de-comunicacao-cientifica-etecnologica-pcct/>. Acesso em: 5 maio 2013.
38
ciências na mídia televisiva, entendemos a importância de apresentar as
diferenças e complementaridades da comunicação científica e da divulgação
científica. Nas palavras de Bueno (2010), os dois “apresentam níveis de
discurso diferentes, em consonância com as singularidades do público-alvo
prioritário” (BUENO, 2010, p. 3). O primeiro canal a ser definido é a
comunicação científica.
2.3.1 Comunicação Científica
Este canal de comunicação está direcionado tanto para pesquisadores
como aos tecnologistas. Os documentos elaborados circulam em meio restrito,
ou seja, entre a comunidade científica. A comunicação entre pares é de
fundamental importância para o avanço de pesquisas em ciências, conforme
apresentado por Ziman (1979). Muller (2003) define o sistema de comunicação
científica como “todas as formas de comunicação utilizadas pelos cientistas
que pesquisam e contribuem para o conhecimento nessa determinada área”
(MULLER, 2003, p. 23). Ainda neste contexto, Muller (2003) conceitua as
fontes
de
informação
e
apresenta
como
estas
estão
classificadas
(comunicação informal e comunicação formal). De acordo com a autora, a
comunicação
informal utiliza
os chamados canais informais e
inclui
normalmente comunicações de caráter pessoal ou que se referem à pesquisa
em andamento, certos trabalhos de congressos e outras com características
semelhantes. Já “a comunicação formal se utiliza de canais formais [...] como
periódicos e livros” (MULLER, 2003, p. 22-23). Destacamos que as
dissertações
e
teses
também
são
consideradas
fontes
formais
de
comunicação.
Para Bueno (2010), “a comunicação científica mobiliza o debate entre
especialistas como parte do processo natural de produção e legitimação do
conhecimento científico” (BUENO, 2010, p. 5). Ainda no contexto de C&T,
Cunha (2001) adota a expressão fontes de informação científica e tecnológica
(ICT) e conclui que o uso regular e efetivo das fontes apropriadas, impressas
ou eletrônicas, é a chave para se alcançar o sucesso na pesquisa e
desenvolvimento, como também em quaisquer atividades ligadas à ciência e
tecnologia. Ainda sobre informação, Aguiar (1991) considera que:
39
A informação científica é, por isso, o conhecimento que constituiu, em
um certo momento da evolução da ciência, um acréscimo ao
entendimento universal então existente sobre algum fato ou
fenômeno, tendo-se tornado disponível como resultado de uma
pesquisa científica, ou seja, de um trabalho de investigação
conduzido segundo o método científico. (AGUIAR, 1991, p. 10).
Novamente destacamos Aguiar (1991) para definir informação
tecnológica no contexto de comunicação. Para o autor: “informação
tecnológica é todo tipo de conhecimento relacionado com o modo de fazer
um produto ou prestar um serviço, para colocá-lo no mercado” (AGUIAR, 1991,
p. 11, grifos do autor).
Targino (2007) destaca a linguagem deste tipo de produção. Para a
autora, a produção científica, independentemente do suporte, prima por um
padrão léxico, a partir dos termos ou jargões técnicos. São apresentadas as
seguintes características: emprego da 3ª pessoa do singular ou da 1ª pessoa
do plural; concisão linguística; cuidado com ambiguidades; objetividade e
formalismo.
Proulx (2010) desenvolve um estudo sobre o contexto tecnológico e a
expansão das ferramentas e práticas de comunicação na área. O autor trata da
relação dos indivíduos com as constelações de objetos de comunicação
antigos, contemporâneos, emergentes ou em declínio (PROULX, 2010, p. 445).
O tema serve para observarmos que os suportes de comunicação científica
também mudaram. Artigos e livros podem ser recuperados na internet, em
bases de dados, redes sociais etc.
O objetivo da comunicação científica para Bueno (2010, p. 5) é
disseminar informações especializadas entre os pares, com o intuito de tornar
conhecidos, na comunidade científica, os avanços obtidos (resultados de
pesquisas, relatos de experiências etc.) em áreas específicas ou a elaboração
de novas teorias ou refinamento das existentes. Neste contexto, destacamos o
esforço da comunidade científica em diminuir as barreiras ao acesso às
publicações. Algumas iniciativas como o “Movimento de acesso livre ao
conhecimento”10 e a mobilização pela implantação de repositórios institucionais
em vários órgãos de pesquisa do Brasil são exemplos de facilidades de acesso
à produção intelectual do país.
10
Ver: INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA (IBICT).
Manifesto brasileiro de apoio ao acesso livre à informação científica. Disponível em:
<http://livroaberto.ibict.br/docs/Manifesto.pdf>. Acesso em: 15 maio 2013.
40
A comunicação científica pode ser caracterizada a partir dos estudos de
linguagens sob a ótica da análise do discurso, com destaque aos modos de
organização do discurso. Segundo Charaudeau (2010b, p. 74), os modos de
organização são procedimentos que consistem em utilizar determinadas
categorias de língua para ordená-las em função das finalidades discursivas do
ato de comunicação.11
Para Charaudeau (2010b), a argumentação é considerada como a arte
de persuadir e está no âmbito da organização do discurso. O aspecto
argumentativo de um discurso encontra-se no que está implícito; dirige-se à
parte do interlocutor que raciocina e é definida como uma relação triangular
entre um sujeito argumentante, uma proposta sobre o mundo e um sujeito-alvo.
É uma atividade discursiva que, do ponto de vista do sujeito argumentante,
participa de uma dupla busca: de racionalidade e influência. É uma atividade
que inclui numerosos procedimentos que se inscrevem numa finalidade
racionalizante e fazem o jogo do raciocínio que é marcado por uma lógica e um
princípio de não contradição. É uma totalidade que o modo de organização
argumentativo contribui para construir. É o resultado textual de uma
combinação entre diferentes componentes que dependem de uma situação que
tem finalidade persuasiva.
Charaudeau (2007b) apresenta o conhecimento acadêmico como
conhecimento construído por explicações sobre o mundo que se aplicam ao
conhecimento do mundo. É de natureza acadêmica, e a razão é baseada nos
procedimentos de observação, experiência e cálculo. Utiliza ferramentas como
o microscópio ou de tecnologia da informação. Objetiva garantir que esses
procedimentos e instrumentos possam ser rastreados e utilizados por qualquer
outra pessoa, com a mesma habilidade. O mesmo autor fala de teoria e
conhecimento empírico.
11
Para o teórico francês, o ato de comunicação é como um dispositivo cujo centro é ocupado
pelo sujeito falante em relação a um outro parceiro. Alguns componentes são a situação de
comunicação e os modos de organização do discurso.
41
2.3.2 Divulgação científica
A divulgação científica é outro importante canal. Esta é apresentada
como um caminho para disseminar, a um público leigo, as informações
produzidas por instituições de pesquisa e pesquisadores. De acordo com
Bueno (2010), tem a função de democratizar o acesso ao conhecimento
científico e estabelecer condições para o letramento científico. Para Silva
(2006), a divulgação científica aparece “seja no formato escrito, como em
jornais, revistas e livros, seja no formato audiovisual, como em documentários
e outros programas da televisão” (SILVA, 2006, p. 54), mas esclarece que a
atividade não é recente e tem seu surgimento no século XVIII, na Europa.
Destacamos aqui Targino (2007, p. 24), que entende a divulgação científica
como a afirmação social da C&T na contemporaneidade e o reconhecimento da
sua relevância estratégica nas estruturas política, econômica, social e cultural
vigentes das nações, que põem em evidência a inter-relação ciência, poder e
sociedade.
Para
Charaudeau
(2010a),
o
termo
vulgarização
remete
ao
entendimento de deformação, pois adota procedimentos de simplificação do
raciocínio (tenta deixar claro o que é complexo). A divulgação científica tem o
objetivo de “nomear o processo abrangente que incorpora recursos,
estratégias, técnicas e quaisquer instrumentos empregados para publicizar
informações junto às coletividades em geral” (TARGINO, 2007, p. 20). O CNPq
entende o processo como de popularização da ciência. A instituição entende
que “popularizar o conhecimento científico é contribuir para o desenvolvimento
social e a ampliação da cidadania” (CNPq, 2013, online).
Neste processo, apresentamos também o papel do jornalismo científico.
Conforme Lima (2011), o jornalismo científico é “a prática da divulgação da
ciência pelos veículos de comunicação e segue os critérios da produção
jornalística, como a periodicidade, a linguagem, a atualidade e a difusão
coletiva” (LIMA, 2011, p. 74). Um dos trabalhos desenvolvidos por Targino
(2007) apresenta um estudo conceitual da C&T e da divulgação científica, a
partir do discurso jornalístico e do discurso de divulgação. Segundo a autora,
há diferenças entre jornalismo científico e divulgação científica. O primeiro é
considerado como uma atividade profissional de natureza social, que se
42
destina a elaborar e divulgar notícias em variados suportes (impressos,
televisivos, virtuais etc.).
Já a divulgação científica encontra no jornalismo científico a base para
sua expressão. Assim, de acordo com Targino (2007), a divulgação científica é
a “afirmação social da C&T na contemporaneidade e no reconhecimento da
sua relevância estratégica nas estruturas política, econômica, social e cultural
vigentes das nações” (TARGINO, 2007, p. 24). Destaca ainda que, por meio da
divulgação científica, a comunidade científica busca legitimar a sua produção
junto à sociedade, a partir da mídia e da prática do jornalismo científico. Este
está baseado no discurso jornalístico, que de acordo com Targino (2007) tem o
objetivo de apresentar os fatos, em formato de notícia, de forma clara, objetiva
e resumida, adotando uma linguagem acessível ao grande público, sem perder
a qualidade. Neste contexto, Bueno (2010) entende que a divulgação científica
compreende a utilização de veículos ou canais para a veiculação de
informações científicas, tecnológicas ou inovações para o público leigo. Logo, o
público-alvo da divulgação científica é o público leigo.
Observamos que vários autores apresentam a necessidade de os
pesquisadores, do Brasil, se envolverem mais com a divulgação científica.
Entendem que o papel não deve ser apenas do jornalista científico ou dos que
atuam diretamente com a disseminação desse conhecimento. Há uma iniciativa
do CNPq, a partir da solicitação do Comitê de Assessoramento de Divulgação
Científica (CADC), a possibilidade de oferecer bolsas de produtividade aos
pesquisadores que atuam com divulgação científica no Brasil.
Outro questionamento está ligado à formação do profissional que atua
com a divulgação, pois ele não é um especialista das áreas que divulga.
Divulgadores científicos, como observadores do mundo, devem
cuidar de sua formação com a dedicação de um atleta que molda
seus músculos. Mas essa dedicação não pode nem deve ser um
processo mecânico, ou seja, um mero ajuntamento de informação. O
desafio de um divulgador é forjar sínteses, tarefa que exige esforço,
determinação e algo que, por um constrangimento injustificável,
quase não se diz: amor ao conhecimento.
Um texto de divulgação pode, ainda que alguns possam surpreenderse, produzir conhecimento primário tanto quanto uma pesquisa
convencional. E isso porque, tanto na divulgação, quanto na
pesquisa, o que está em questão é a interpretação. É a interpretação
que revela o novo e, dessa maneira, reconfigura o mundo.
(CAPOZOLI, 2002, p. 122)
43
Em outro trabalho, Bueno (2009) entende que as instituições de C&T no
Brasil não estão preparadas para este papel. O motivo, para o autor, é que os
centros produtores de ciência e tecnologia não estão dispostos ou capacitados
para divulgar seus projetos e resultados de pesquisa, pois seus dirigentes não
contemplam a divulgação científica como estratégia. Já Lima (2011) apresenta
a divulgação como resposta à postura elitista da comunidade científica, até
meados do século passado. Para a autora, a divulgação científica “surgiu [...]
com intuito de manter uma comunicação com a sociedade sobre assuntos
referentes à C&T” (LIMA, 2011, p. 73). Entende ainda os objetivos relacionados
à mobilização popular, que consiste em fazer com que a informação científica
transmitida para a sociedade sirva de base para que os indivíduos possam
participar do processo decisório dessa sociedade, como na formulação de
políticas públicas e na escolha de opções tecnológicas, por exemplo. Reforça
que “para isso é necessário conhecer os riscos e benefícios da C&T, para
escolhas conscientes em casos de temas polêmicos como energia nuclear,
transgênicos, células sintéticas, entre tantos outros” (LIMA, 2011, p. 74). A
mesma pesquisadora ainda apresenta o papel do jornalismo científico no
processo de divulgação científica.
O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a partir de
documento publicado em 2012, apresenta ações que podem ser adotadas para
a popularização da ciência, tecnologia e inovação para o Brasil. O objetivo
principal é “promover a melhoria da educação científica, a popularização da
C&T e a apropriação social do conhecimento” (BRASIL, 2012, p. 86).
É condicionante para o desenvolvimento científico e tecnológico do
País, além da formação de profissionais qualificados em número
suficiente e de seu aproveitamento adequado, o aumento do
conhecimento científico e do interesse pela C&T entre a população
em geral e em particular, entre os jovens.
A popularização da C,T&I e as ações que visam à apropriação social
do conhecimento são relevantes na formação permanente para a
cidadania e no aumento da qualificação científico-tecnológica da
sociedade (BRASIL, 2012, p. 85-86).
Destacamos a apresentação dos meios de comunicação como uma das
principais estratégias para a promoção do conhecimento científico:
[...] 2) ampliação e fortalecimento da Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia, eventos de popularização da CT&I e atividades de
ciência itinerante;
44
3) aprimoramento, ampliação do número e distribuição mais
equitativa dos espaços científico-culturais pelo território nacional, com
ênfase nos museus científicos interativos;
4) colaboração na melhoria da educação científica, em parceria com
o MEC e outros órgãos e instituições, com apoio ao uso de
metodologias baseadas na investigação e à produção de material
didático inovador;
5) promoção da presença mais intensa e com qualidade da C&T nos
meios de comunicação, por meio de programas de TV, rádio, uso da
internet, TV Digital e redes sociais.” (BRASIL, 2012, p. 85-86, grifo
nosso)
A última estratégia aponta para a relevância da pesquisa sobre os meios
de comunicação, principalmente a mídia televisiva, como suporte de
divulgação. A partir do esforço do governo, questionamos: qual é o
entendimento dos responsáveis pelo documento federal sobre a promoção do
conhecimento científico e com qualidade?
Para o trabalho, não pretendemos defender ou criticar a ação do
governo, mas apontar que a divulgação científica também é um papel político e
social, e está em discussão em âmbito federal. A partir da relevância de se
adotarem políticas públicas para a divulgação de C&T, apresentamos as
palavras de Bueno (2010):
Reconhecer as aproximações e rupturas conceituais, com suas
respectivas implicações práticas, entre os conceitos de comunicação
científica e divulgação científica contribui para a exata definição de
veículos e ambientes para sua expressão. Ignorá-las implica
continuar incorrendo em equívocos importantes e que, no Brasil,
respondem pela exclusão da divulgação científica na elaboração de
políticas públicas voltadas para a alfabetização científica e
democratização do conhecimento científico (BUENO, 2010, p. 9).
Entendemos que C&T deve ser uma ação de toda sociedade.
Compreendemos as dificuldades para a implantação, mas vislumbramos a
possibilidade de aumentarmos a interação das instituições de pesquisa com a
sociedade que as sustenta financeiramente (impostos). Divulgar as ações
científicas, como forma de prestação de contas, talvez seja um caminho para
aproximarmos a população deste contexto técnico-científico. Os suportes de
comunicação
comunicação.
já
existem.
Falta
aperfeiçoarmos
os
conteúdos
dessa
45
A partir do contexto anterior e sobre a sociedade do conhecimento, 12
Lima (2011, p. 69) entende a divulgação do conhecimento científico para o
público em geral como uma ferramenta de inclusão na sociedade do
conhecimento, na qual a comunicação é abordada como um instrumento não
apenas de disseminação da informação, mas, sobretudo para a formação de
uma cultura científica.13 Um exemplo para a formação da cultura científica foi a
realização em novembro de 2013, no Brasil, do 1º Fórum Mundial de Ciência.
O local escolhido é o Rio de Janeiro. No decorrer de 2012 e 2013, aconteceram
encontros preparatórios em sete cidades brasileiras: São Paulo, Belo
Horizonte, Manaus, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília. Nas reuniões,
foram discutidos os seguintes subtemas em suas respectivas cidades, a partir
do tema central, Ciência para o Desenvolvimento Global:

1º Da educação para a inovação: construindo as bases para a cidadania
e o desenvolvimento sustentável;

2º Desafios para o desenvolvimento científico e tecnológico nos trópicos;

3º Diversidade tropical e ciência para o desenvolvimento;

4º Energia e Sustentabilidade;

5º Oceanos, Clima e Desenvolvimento;

6º Clima, Saúde e Alimentos: desafios da ciência na América do Sul;

7º Ciência para o Ambiente e a Justiça Social.
Nos encontros, um dos itens discutidos, e que também esteve na pauta
do Fórum, foi justamente a divulgação científica e o acesso ao conhecimento.
Ildeu Moreira (MCTI) ministrou palestra em 30 de outubro de 2012, na
UFMG. O pesquisador abordou os seguintes pontos que envolvem a
divulgação científica: ciência e sociedade; educação científica formal na escola
e a educação não formal; inovação; desafios para a divulgação científica e
sobre espaços de ciências. Neste último, destacamos o papel dos museus
científicos e da mídia, considerados fundamentais para o processo.
12
A sociedade do conhecimento é definida por Barreto (2007) como meio que contribui para
que o indivíduo se realize na sua realidade vivencial. Compreende configurações éticas e
culturais e dimensões políticas.
13
Santos e Baiardi (2007) consideram a cultura científica como a cultura referida aos
processos de produção e difusão do conhecimento.
46
Para alcançar o objetivo, Moreira (2012) acredita que é preciso
quebrarmos mitos e lendas sobre ciência. É necessário criarmos espaços de
construção e opinião científica, de debates. O cientista citou a Lei Rouanet
como exemplo que deve ser aperfeiçoado, além das olimpíadas do
conhecimento e da Semana da Ciência e Tecnologia.
Outro esforço significativo é o atual programa Ciência sem Fronteiras.
Este
tem
o
objetivo
internacionalização
competitividade
da
de
promover
ciência
brasileira
e
da
por meio
a
consolidação,
tecnologia,
da
do intercâmbio
expansão
inovação
e
e
e
da
da mobilidade
internacional. Estudantes de instituições de ensino superior (graduação,
mestrado e doutorado), a partir de um processo de seleção, cumprem parte
dos estudos em instituições internacionais.14
O pesquisador frisou que há a necessidade de desenvolvermos
mecanismos e espaços para a aproximação do público leigo ao meio científico.
A
partir
das
informações
anteriores,
concluímos
o
tema
ao
considerarmos que comunicação científica e divulgação científica são áreas
que atuam em contextos próprios. As áreas são caracterizadas pelo público
que querem alcançar, porém se complementam, tendo como principal objetivo:
dar visibilidade à ciência e tecnologia para pesquisadores e a sociedade em
geral.
2.3.3 A divulgação científica em programas de televisão
Nas seções anteriores, tentamos compreender a C&T, além de definir os
meios de comunicação e a divulgação científica. A última é o tema principal do
trabalho, que será analisado a partir de um dos seus suportes de comunicação:
a TV, considerada, por muitos, um dos principais meios de comunicação do
mundo. Descrito como meio de comunicação de massa por diferentes autores,
o aparelho de TV é quase um item obrigatório nas casas de milhões de
brasileiros. Criado nas primeiras décadas do século XX, seu desenvolvimento é
resultado de pesquisa das ciências exatas, mais precisamente do invento de
Nipkow.15 No Brasil, o grande responsável pela inserção do aparelho de TV e
14
Mais informações no seguinte endereço:
<http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/home>.
15
No anos de 1884, o jovem alemão Paul Nipkow inventou um disco com orifícios em espiral
com a mesma distância entre si que fazia com que o objeto se subdividisse em pequenos
47
pela produção de programas foi Assis Chateaubriand,16 na década de 1950. Os
primeiros programas eram transmitidos ao vivo e apresentavam características
dos programas de rádio. Vários artistas migraram do último meio de
comunicação para a televisão que acabava de chegar. Atualmente, os
aparelhos apresentam uma tecnologia avançada e sofrem influências da
convergência de outras tecnologias, principalmente a digital.
FIGURA 1 – Aparelhos de televisão
Fonte: JORNALISTA de laboratório. E depois fizemos um programa de TV. Disponível em:
<http://jornalistasdelaboratorio.files.wordpress.com/2012/06/televisao9.jpg>. Acesso em: 22
dez. 2013.
Para Charaudeau (2010a), “a televisão é imagem e fala, fala e imagem.
Não somente imagem [...], mas imagem e fala numa solidariedade tal, que não
se saberia dizer de qual das duas depende a estruturação do sentido”
(CHARAUDEAU, 2010a, p. 109). O mesmo autor apresenta ainda o domínio do
visual e do som como lugar da combinação de dois sistemas semiológicos
(imagem e palavra). O papel da TV está vinculado às notícias e ao
entretenimento. As grades televisivas são formadas por jornais de notícias,
novelas, filmes, desenhos, programas de auditórios, debates etc. Andrade
(2004) aponta a diferença das produções científicas entre Europa e Brasil. A
autora
afirma
que,
após
o
noticiário,
diversas
emissoras
públicas,
elementos que juntos formavam uma imagem. Fonte: TUDO sobre. Disponível em:
<http://www.adorofisica.com.br/trabalhos/fis/equipes/televisao/historia.html>. Acesso em: 20
fev. 2013.
16
Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello foi o fundador dos Diários Associados e
um dos responsáveis pelo início da história da televisão no Brasil.
48
especialmente as europeias, escolhem o horário nobre para transmitir suas
produções
do
mais
alto
nível,
consideradas
contribuições
para
o
desenvolvimento do padrão cultural da população. É o caso dos documentários
e séries, que em sua maioria têm a ciência como tema. Já no Brasil:
[...] o espaço após o noticiário é geralmente dedicado a programas de
entretenimento, principalmente as telenovelas. No contexto da
sociedade brasileira, a telenovela se firmou enquanto produto cultural
televisivo de caráter eminentemente popular e vem se destacando
como o tipo de produção de maior qualidade e de maior rentabilidade
do mercado televisivo nacional, sendo, por isso mesmo, exportada
para mais de 140 países, em todo o mundo (ANDRADE, 2004, p. 55).
Se observarmos os diversos programas científicos internacionais que
alimentam nossa grade de programação televisiva (canais abertos e por
assinatura), identificamos uma relação comercial interessante dos conteúdos
audiovisuais produzidos. O Brasil importa C&T (conhecimento) e exporta
novelas (cultura). Logo, a mídia audiovisual brasileira dá visibilidade ao
contexto técnico-científico estrangeiro (produção intelectual, pesquisadores e
centros de pesquisas).
Entendemos que, na televisão, os programas de divulgação científica
pretendem ser programas especializados para atingir dois públicos distintos, os
pares e o público leigo.
Siqueira (2010) entende que as notícias sobre ciência e tecnologia são
apresentadas em formato de espetáculo. Em outro momento aponta que
transmitir ciência e tecnologia pela TV é cansativo, justificando os recursos
adotados pelas emissoras em formato de espetáculo: “alguns programas
deturpam as informações científicas e tecnológicas com intuito de torná-las
mais atraentes para o público espectador” (SIQUEIRA, 2010, p. 61).
Mesmo não sendo prioridade da grade televisiva brasileira, observamos
o esforço dos canais em produzir programas científicos para a sociedade.
2.3.3.1
Os programas científicos da televisão brasileira
Inicialmente, destacamos as palavras de Siqueira (2010), que define a
televisão como um importante meio de reprodução e de reflexo de valores na
cultura
urbana
pós-moderna.
Assim,
entendemos
que
aproximar
o
49
desenvolvimento científico ao mundo televisivo não é tarefa fácil, mas é
necessária, para o contexto das ciências, disponibilizar o conhecimento em
diferentes suportes, para diferentes públicos. A televisão é o meio que
demanda adaptações do discurso científico para a melhor compreensão dos
telespectadores. Siqueira (2008) afirma que comunicar a ciência pela televisão
é uma forma de dar respostas à sociedade que, afinal de contas, financia a
pesquisa e para quem seus resultados precisam ser mostrados. A mesma
autora destaca que a televisão exige adaptações cuidadosas a seu formato
para que divulgue o que a ciência conclui, mais do que as representações
sobre esse discurso que os profissionais do meio de comunicação constroem.
Rosa (2008), em pesquisa sobre C&T em programa televisivo rural, observou
que “a televisão e os atores das matérias atuam como mediadores entre o
pesquisador e o público e interferem na informação transmitida” (ROSA, 2008,
p. 28). Da mesma forma, Andrade (2004, p. 27), em sua tese sobre matérias
científicas em jornais de notícias, desenvolveu um estudo centrado no papel da
televisão como meio difusor e instrumento de popularização da pesquisa
científica e tecnológica.
Na hipotética apresentação entre a senhora Ciência e o meio
audiovisual, este se define da seguinte forma:
TV – Vamos por partes. Primeiro, fui escolhida para esse encontro
porque sou o “meio-síntese” da família Audiovisual. Incorporo a
linguagem do cinema, do rádio, do jornal. Principalmente a do
cinema, apesar de hoje nossas falas terem diferenças bem grandes.
Mais ou menos como os dialetos. Só que o meu é muitíssimo mais
falado, apesar d’eu ser bem mais nova que o cinema: ele é do século
passado, eu sou de 1926. Quem me adora é a filha da senhora, a
Tecnologia. Mas, claro, eu vivo criando pretextos para ela se
manifestar! Afinal, graças a mim ela tem entrada em milhões de lares
do mundo inteiro. As pessoas acham que TV é bem de raiz, é
necessidade básica; não ela em si, mas o que ela transporta –
principalmente a informação e o entretenimento, ao alcance até (e em
especial) dos iletrados... (MONTEIRO; BRANDÃO, 2002, p. 90)
Em artigo publicado em 2008, Siqueira afirma que ciência e tecnologia
sempre foram temas de interesse da televisão. A pesquisadora destaca que
“nem sempre no formato de divulgação científica – preocupada com conceitos
e evitando distorções; mas como ficção científica ou como apelo noticiososensacional.” (SIQUEIRA, 2008, online). Apesar do sensacionalismo e da
espetacularização de alguns temas científicos tratados na tela, Siqueira (2008)
aponta a relevância do meio de comunicação para a divulgação científica:
50
[...] televisão e ciência envolvem esferas discursivas diferentes, mas
que televisão e divulgação científica são termos que podem ser
conjugados. Se com a especialização na área científica as pessoas
"leigas" têm cada vez menos acesso às pesquisas recentes, os meios
de comunicação de massa têm a possibilidade de promover a
divulgação da ciência a um público vasto. Além disso, a televisão tem
forte apelo visual, adota uma linguagem coloquial, um ritmo acelerado
e a mistura de vários elementos que fazem do meio um espaço
privilegiado na cultura contemporânea. Os recursos técnicos são
inúmeros: gráficos, imagens filmadas e digitais, animações,
entrevistas, depoimentos, falas de jornalistas intercaladas com de
especialistas (SIQUEIRA, 2008, online).
No trecho acima, são destacados dois pontos: a questão da esfera
discursiva e os recursos técnicos. A esfera discursiva, ou gênero discursivo, “é
constituído pelo conjunto das características de um objeto e constitui uma
classe à qual um objeto pertence” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 204). Os
recursos técnicos contribuem para apresentar um contexto prático dos
conceitos científicos. Como apresentamos anteriormente, a comunicação
científica é um universo restrito, caracterizado por fontes e redes de
comunicação rigorosas, e que para o telespectador leigo dificultaria o
entendimento. A televisão possibilita a aproximação do telespectador ao mundo
da ciência e tecnologia.
Em 2010, a ciência na televisão foi o tema analisado por Siqueira, com
base nas teorias da ciência da informação e comunicação social. O objeto de
pesquisa foi um conjunto de matérias científicas apresentadas pelo Fantástico,
retransmitido pela Rede Globo de Televisão. A telerrevista, conforme foi
apresentado pela autora, foi o programa de televisão pioneiro na divulgação da
ciência. Conforme Siqueira (2010, p. 22), a ciência e a televisão têm diferentes
formas de enunciação e a apresentação da ciência por esse meio de
comunicação de massa requer a transformação de um discurso, o da ciência,
para outro, o da TV. Para a autora, o problema aqui é como essa
transformação é realizada: “o que se perde e o que se ganha com ela”
(SIQUEIRA, 2010, p. 22). A mesma autora destaca que as notícias sobre C&T
não escaparam do formato de espetáculo (característica da televisão)
recebendo um tratamento de curiosidade. De acordo com Siqueira (2010), “a
influência do formato do meio na mensagem veiculada mostra que mais do que
assumir o papel de mediador, a televisão interfere na informação recebida de
cientistas e transmitida para o público” (SIQUEIRA, 2010, p. 56). Oliveira
51
(2002) acredita na importância da divulgação científica, mas que devem ser
descontadas as questões do sensacionalismo, da falta de contextualização e
de interpretação dos temas tratados em algumas matérias, além da existência
de títulos e chamadas que, por vezes, espetacularizam a ciência. Para o autor,
“o avanço na divulgação dos temas de ciência e tecnologia pode desempenhar
um importante papel no caminho da alfabetização da população e da
participação coletiva” (OLIVEIRA, 2002, p. 227).
Assim, considerando que a divulgação científica pela televisão aborda
temas da ciência e tecnologia, acompanhados por especialistas e instituições
de pesquisa, a partir de técnicas e instrumentos desenvolvidos pelo jornalismo
científico, apresentamos um breve levantamento de alguns programas
científicos veiculados nos canais brasileiros. O capítulo seguinte será dedicado
à apresentação dos discursos televisivos e científicos, além do contrato de
comunicação de Patrick Charaudeau.
52
QUADRO 3 – Alguns programas de divulgação científica transmitidos pela TV brasileira
Programa
Emissora
de
televisão
Transmissão
Objetivo
Fonte
Globo
Repórter
Rede Globo
Semanal
Programa sobre comportamento, aventura, ciência e atualidades,
com apresentação de Sergio Chapelin.
http://g1.globo.com/globoreporter/noticia/2010/04/globoreporter-redacao.html
Globo Rural
Rede Globo
Diária
Revista mensal com notícias sobre a vida no campo, agribusiness,
empreendimentos rurais, criação de animais e agricultura.
http://g1.globo.com/economia/globorural/videos/
Globo
Ciência
Canal
Futura
Rede Globo
Semanal
http://redeglobo.globo.com/globocien
cia/
Programa
Cidades e
Soluções
Globo News
Semanal
Globo News
Ciência e
Tecnologia
Globo News
Saúde
Globo News
Semanal
Programa de divulgação científica de maior longevidade na TV
brasileira. Traduz conceitos da ciência e tecnologia para o público
em geral. O programa mostra de que forma o conhecimento
científico pode contribuir para melhorar a vida cotidiana dos
telespectadores.
Programa busca soluções para um mundo sustentável e destaca
iniciativas que já dão resultado e que podem ser reaplicadas num
país como o Brasil, onde 85% da população vivem em centros
urbanos.
Apresenta assuntos sobre ciência e tecnologia.
Globo News
Semanal
Trata dos principais temas da saúde no país.
http://g1.globo.com/globonews/saude/videos
Globo Mar
Rede Globo
Semanal
http://g1.globo.com/platb/globomar
Globo
Universidade
Globo
Ecologia
Rede Globo
Semanal
Canal
Futura,
Rede Globo
TV
Cultura/SP,
retransmitid
o pela Rede
Semanal
Apresenta temas relacionados ao mar, à pesca e tudo que tenha
relação com o oceano.
Programa que aborda o ensino, a pesquisa e os projetos científicos
no meio acadêmico.
Programa sobre Educação Ambiental.
Primeiro telejornal especializado em meio ambiente da televisão
brasileira. Especializado na divulgação dos projetos, ações e
pesquisas nacionais ou mundiais, com o objetivo de contribuir para
a melhoria da qualidade de vida, de prestar um serviço público e
http://tvcultura.cmais.com.br/reporter
eco
Repórter Eco
-
Semanal
http://globotv.globo.com/globonews/cidades-e-solucoes/
http://globotv.globo.com/globonews/globo-news-ciencia-etecnologia/
http://redeglobo.globo.com/globouniv
ersidade/
http://redeglobo.globo.com/globoecol
ogia/
53
Minas
Programa
Aventura
Selvagem
TV é Ciência
SBT
Semanal
TV Brasil
Semanal
Fonte: Autoria nossa.
ainda de informar sobre os principais temas ambientais da
atualidade.
Programa que mistura aventura e diversão com conhecimento de
natureza.
O programa é veiculado pela TV Educativa do Espírito Santo e
realizado em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência,
Tecnologia Inovação, Formação Profissional e Trabalho do Espírito
Santo, com a Universidade Federal do Espírito Santo e o Instituto
Divulga Ciência. O TV é Ciência é produzido pela Vídeo & Arte
Produtora, com direção e apresentação do jornalista Lucyano
Ribeiro.
http://www.sbt.com.br/aventuraselva
gem/oprograma/
http://tvbrasil.ebc.com.br/tveciencia
54
3
OS PROCESSOS DISCURSIVOS DA TV: COMUNICAÇÃO, CIÊNCIA E
IMAGINÁRIOS
“[...] a televisão [é] um dispositivo de espetáculo”
(Patrick Charaudeau)
Os meios de comunicação de massa, especificamente a televisão,
possibilitam a realização de pesquisas de diferentes contextos discursivos.
Para este trabalho, abordaremos os discursos que envolvem temas científicos,
ou seja, apresentaremos parte da literatura científica que se ocupou dos
discursos da televisão e de divulgação técnico-científica. Assim, Patrick
Charaudeau é um dos principais teóricos consultados, sobre o discurso das
mídias.
O universo televisivo será tratado a partir dos conceitos sobre mito,
crença e imaginário discursivo. Mostraremos a relação dos programas
científicos com o telespectador (instância de produção e recepção), a partir do
contrato de informação midiático. Ao final, o profissional da informação será
retratado, pois é quem atua no processo de indexação de imagens televisivas.
O intuito é apresentar o monitoramento dos processos de indexação de
programas televisivos, sobre ciência, que podem ser utilizados para futuras
pesquisas em análise do discurso.
3.1
A TELEVISÃO ENTRE O MITO, A CRENÇA E O IMAGINÁRIO
Os programas de C&T na televisão serão estudados a partir da ideia que
compartilhamos de Siqueira (2010). A autora aponta que: “[...] tanto discurso
quanto imagem estão inseridos em um contexto: no programa, no meio de
comunicação, na sociedade” (SIQUEIRA, 2010, p. 55). A autora considera as
imagens e discursos17 como objetos observados para analisar um programa
científico televisivo. Deste meio, consideramos os aspectos que podem
interferir na análise, como o mito, a crença e o imaginário.
Uma pesquisa americana, desenvolvida na década de 1990, estudou o
mito e o rito da televisão nos seguintes níveis: “1) as funções míticas da
televisão numa cultura; 2) a lenda folclórica e estrutura mítica da programação
17
Falados e escritos. Para a autora, imagens e discurso se completam, ao mesmo tempo que
conservam características distintas.
55
televisiva e 3) a experiência da audiência da televisão como ritual Quase
religioso” (TELEVISÃO..., 1994, p. 41). A base do trabalho é recuperada da
teoria de antropologia cultural que conceitua mito, lenda folclórica e ritual
voltados para a comunicação de massa. Roger Silverstone (1981 citado por
TELEVISÃO..., 1994) entende o mito como uma mistura, partes da ciência,
senso comum, pressuposições filosóficas, imaginação literária que formam um
mapa do futuro coletivo. Para o autor, os mitos dão o significado da vida e
símbolos inspiradores para os desafios diários. Neste direcionamento, Barthes
(2001) considera o mito enquanto fala, como um sistema de comunicação, uma
mensagem. O autor considera que a mitologia pode surgir com o tempo, pois
está relacionada à história. Faz parte de um contexto que posteriormente é
repassado pela linguagem, desvinculado do verdadeiro significado. A partir
desta informação, entendemos que os mitos são recontados como histórias na
televisão em busca de audiência. Neste direcionamento, Siqueira (2010) afirma
que símbolos, mitos e rituais são elementos que se perpetuam de geração para
geração. De acordo com a autora, “o mito não pode ser identificado como
mentira. O mito é uma forma de preservar e representar valores funcionando
dialeticamente de modo ampliado, antecipado, esclarecedor ou ocultante”
(SIQUEIRA, 2010, p. 83).
Para Siqueira (2010), o mito da ciência pela televisão se aloja onde a
explicação racional não alcança mais:
Pois, à medida que se torna mais complexa, a ciência se distancia
dos homens e dá margem a explicações míticas. Isso ocorre porque
quanto maior a distância entre a fonte de informação e o seu
destinatário, maior o espaço para as explicações míticas se alojarem.
É nesse espaço, então, que a indústria cultural passa a reproduzir
discursivamente mitos (SIQUEIRA, 2010, p. 76).
A autora entende o mito como a esfera do simbólico e a ciência como a
esfera da racionalidade, mas conclui que ambos podem se comunicar. Neste
contexto, a ciência como mito foi tratada pela autora como parte do
reencantamento do mundo (oposto ao “desencantamento do mundo” de Max
Webber). O desenvolvimento científico e tecnológico ganha outra significação
no meio de comunicação de massa, pois atende a busca do comunitário:
O mito tem a capacidade de justificar porque é conhecido, não
precisa de apresentação; já está lá, fazendo ligação entre o
56
conhecido e o estranho, o novo, sem explicação racional ainda. Por
outro lado, por ser de conhecimento comum, reforça o estar-junto:
todos estão unidos no mito, na medida em que o conhecem
(SIQUEIRA, 2010, p. 89).
Para a C&T, apontamos a visão de Barthes (2001) sobre o contexto
técnico-científico que mostra a dualidade entre simbologia e a racionalidade.
Em texto sobre Poujade e os intelectuais, o autor reproduz a visão mítica da
sociedade burguesa relacionada aos cientistas (intelectuais, professores,
filósofos, politécnicos etc.). Os cientistas são percebidos como seres
superiores, que vivem fora da realidade. São considerados seres nebulosos e
embrutecidos, além de serem comparados a máquinas de pensar. É
interessante que Barthes (2001) mostra uma visão social que considera o
intelectual como um ser ocioso, preguiçoso, pois está envolvido com atividades
que não são consideradas trabalho. Essa visão faz parte do imaginário coletivo
de muitos, que vislumbram o cientista como um ser diferenciado. Não só pelas
atividades, mas também pela magia que o universo científico proporciona.
Nesse sentido, Barthes trata o cérebro de Einstein como um mito vinculado que
representa a inteligência. No meio social, ganha um contorno mágico. O
imaginário sobre o cientista ocorre em dimensões maiores que sua realidade,
sendo a televisão um dos meios que podem contribuir para esse processo.
Observamos que a atividade técnico-científica deve ser adaptada para a
televisão, com intuito de apresentar o contexto científico de forma modificada,
bem como de aproximar a sociedade do fazer ciência.
Para Charaudeau (2010a), a crença pertence a um domínio no qual já
existe uma verdade constituída, que depende de um certo sistema de
pensamento, e à qual o sujeito adere de maneira não racional. “É [...] o domínio
que se define pelo encontro entre uma verdade como ‘saber que se sabe
saber’” (QUERÉ; 1991 citado por CHARAUDEAU, 2010a, p. 121) e um sujeito
que se dirige a essa verdade animado de ‘uma certeza sem provas’”.
(JACQUES, 1985 citado por CHARAUDEAU, 2010a, p. 121). Os saberes de
crença resultam da atividade humana quando esta se aplica a comentar o
mundo, por meio do olhar subjetivo que o sujeito lança sobre ele. O mesmo
autor afirma que as crenças dependem dos sistemas de interpretação. “Há
sistemas que avaliam o possível e o provável dos comportamentos em dadas
situações, procedendo por hipóteses e verificações [...] que permitem fazer
predições; [...] ou sobre comportamentos sob diferentes ponto de vista”
57
(CHARAUDEAU, 2010a, p. 46). A interpretação dependerá de como o sujeito
enxerga o mundo. Os pontos de vista apresentados pelo autor são: ético,
estético, hedônico, pragmático, sob a forma de julgamentos mais ou menos
estereotipados que circulam na sociedade, além do modelo que serve de guia
para a conformidade social.
Em um contexto social, as crenças podem interferir nos julgamentos de
ordem moral ou psicológica:
i) as crenças são constituídas por um saber polarizado em torno de
valores socialmente compartilhados; ii) o sujeito mobiliza uma, ou
várias, das redes inferenciais propostas pelos universos de crença
disponíveis na situação onde ele se encontra, o que é susceptível de
desencadear nele um estado emocional; iii) o desencadeamento do
estado emocional (ou a sua ausência) o coloca em contato com uma
sanção social que culminará em julgamentos diversos de ordem
psicológica ou moral (CHARAUDEAU, 2007a, online).
Destacamos agora outro ponto que pode interferir nos estudos
televisivos: o imaginário. Em um texto sobre o tema, Charaudeau (2007b)
mostra as diferenças entre estereótipos e imaginários. O autor apresenta o
significado dos termos que cobrem o mesmo campo semântico. O estereótipo é
a oportunidade de dizer algo de verdadeiro e falso ao mesmo tempo. Há uma
ambiguidade de conceito, sendo primeiro uma função necessária de
estabelecimento dos laços sociais, de aprendizagem social, usando ideias
comuns, padrões repetitivos, como garantias de julgamento social. Mas, em
contrapartida, rejeita-se o estereótipo por distorcer ou ocultar a realidade.
Charaudeau (2007b) entende que o estereótipo é a relação entre linguagem e
realidade, concebida como o lugar que é dado para o fenômeno das
representações sociais. Ele destaca a diferença entre real (racionalidade do
homem) e realidade (formatada pelo real),
e afirma que, no contexto da
linguagem, o discurso sempre construiu o real.
Charaudeau (2007b, online) entende imaginário como o que está na
imaginação, o que não é real, assim, é gerado pelo discurso desenvolvido
pelos grupos sociais.
A busca pela verdade é um dos objetivos da ciência e da comunidade
científica. Nas palavras de Charaudeau, não podemos confundir o valor de
verdade e o efeito de verdade. O primeiro é realizado por meio de instrumentos
58
científicos, o segundo não existe, pois está baseado em um saber de opinião.
O que vale para o efeito de verdade é a credibilidade.
Devemos reconhecer que verdade e crença estão ligadas no imaginário
dos grupos sociais. Para o autor, a verdade está marcada pela contradição,
pois seria externa ao homem podendo ser atingida por meio do sistema de
crenças.
David-Silva (2005), em trabalho que aborda os programas jornalísticos
no Brasil e na França, destaca a verdade jornalística e como é repassada ao
grande público:
No entanto ao fazer a notícia, essa verdade “real” dá lugar à verdade
coerente. O que é narrado, por ser uma visão parcial dos fatos (por
mais que se informe, o jornalista não é onipresente e não tem acesso
a todas as informações), deve procurar ser coerente com o universo
de crenças do público alvo, ou, em outros termos, com a uma
imagem que o jornalista faz de seu público. Sendo assim, a
linguagem, em seu sentido mais amplo, deve ser coerente com o que
se acredita poder ser verdade em uma determinada comunidade
(DAVID-SILVA, 2005, p. 23).
As palavras de David-Silva estão em acordo com a definição de discurso
de informação apresentada por Charaudeau. Já que cada tipo de discurso
molda seus efeitos de verdade, o discurso de informação levanta as seguintes
questões: por que informar, quem informar e quais são as provas:
O discurso de informação modula-os [tipos de discursos] segundo as
supostas razões pelas quais uma informação é transmitida (por que
informar?), segundo os traços psicológicos e sociais daquele que dá
a informação (quem informar?) e segundo os meios que o informador
aciona para provar sua veracidade (quais são as provas?)
(CHARAUDEAU, 2010a, p. 50).
A verdade (objetivo da ciência) é veiculada para a mídia televisiva nos
mesmos padrões do meio técnico científico? Charaudeau (2010a) questiona a
existência da verdade midiática. Pelas considerações do autor, entendemos
que existem vários tipos de verdade: verdade dos fatos (autenticidade),
verdade da origem (fundamentos do mundo, do homem e dos sistemas de
valores), verdade dos atos (emerge no instante da realização), verdade de
opinião (baseia-se em sistemas de crença e é compartilhada pela maioria) e,
por último, verdade de emoção (encanta ou provoca uma reação irrefletida).
59
Após a exposição das verdades, o autor conclui que os fatos não têm uma
verdade em si.
Sobre o papel do jornalista, apresentamos as observações neste meio
de comunicação:
[...] o resultado da ilusão da objetividade jornalística é a identificação
da voz do repórter a outras vozes, muitas vezes sem que ele próprio
ou o leitor se dêem conta da confusão. Essa tendência ao amálgama
das vozes potencializa-se na cobertura de ciência, dada a
menoridade que define os “leigos” frente ao saber do qual os
cientistas são depositários. A qualidade de único verdadeiro desse
saber autoriza o jornalista a deixar a fonte falar por intermédio de si.
Mas ocorre também o inverso, como outra manifestação da mesma
tendência: o jornalista se põe a falar através de sua fonte.
Provavelmente resulta dessa incompreensão a respeito do ofício da
reportagem o fato de as fontes, com freqüência, queixarem-se de que
o jornalista não soube reproduzir seu pensamento ou que
simplesmente não reproduziu pensamento algum da fonte por não
haver conseguido obter dela uma declaração com a qual
concordasse. No lugar de uma “objetividade” além da possibilidade
do humano jornalista – inclusive porque vivemos um apogeu do
narcisismo –, entra em cena o subjetivismo do repórter que,
dispensado de discernir as vozes entre si, e a sua própria, faz de
suas fontes bonecos de ventríloquo que falam em seu lugar
(TEIXEIRA, 2002, p. 136-137).
Nos programas científicos, veiculados na televisão, o jornalista fala por
intermédio dos pesquisadores? É possível identificar tal procedimento?
Como apresentado anteriormente, o valor da verdade depende do
público-alvo e da maneira de tratar a informação. Pelas palavras de
Charaudeau (2010a), a verdade depende da natureza da informação e da
credibilidade. O valor de verdade se realiza por meio da construção explicativa
com ajuda da instrumentação científica, que permite construir um “ser
verdadeiro” preso a um saber erudito produzido por textos fundadores. Para o
autor, o efeito de verdade (acreditar ser verdadeiro) não existe, pois, está em
busca de credibilidade, “baseia-se na convicção, e participa de um movimento
que se prende a um saber de opinião, a qual só pode ser apreendida
empiricamente,
através
dos
textos
portadores
de
julgamentos”
(CHARAUDEAU, 2010a, p. 49).
A análise dos processos discursivos da televisão, em especial os de
divulgação científica, está na ordem do imaginário. As provas da verdade
devem apresentar: a) autenticidade dos fatos (caracterizada pela possibilidade
de atestar a própria existência dos seres do mundo, sem artifícios); b)
verossimilhança dos fatos (caracterizada pela possibilidade de se reconstruir
60
analogicamente a existência possível do que foi ou será); e c) a explicação
(caracterizada pela possibilidade de se determinar o porquê dos fatos, a
motivação, as intenções e a finalidade dos que foram protagonistas).
Reforçamos então a responsabilidade da instância de produção na
escolha dos temas e na divulgação destes. No contexto científico,
consideramos as palavras de Charaudeau (2010a) sobre a responsabilidade na
identificação das fontes e das citações, da origem das declarações que serão
exibidas. Para o teórico: “nenhuma obra científica poderia contentar-se com as
identificações
aproximadas
(‘de
fonte
autorizada’,
‘de
acordo
com
testemunhas’...) utilizadas pelas mídias” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 271-272).
Logo, entendemos que a prática jornalística deve aproximar-se do estilo
científico ao noticiar temas da área.
3.2
OS DISCURSOS MIDIÁTICOS
Entender as mídias não é tarefa fácil. A mídia, enquanto objeto de
estudo, deve ser compreendida por diferentes perspectivas. Algumas devem
ser levadas em consideração: como tentar compreender o papel das mídias
para a sociedade, assim como perceber as estratégias adotadas na construção
das notícias nos meios de comunicação. Charaudeau (2010a) conceitua mídia
como um organismo especializado que tem a vocação de responder a uma
demanda social por dever de democracia. “Justifica-se assim a profissão de
informadores que buscam tornar público aquilo que seria ignorado, oculto ou
secreto” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 58). Para abordarmos o tema, entendemos
informar é uma das principais funções das mídias. Para tratar da mídia em
diferentes meios, Charaudeau estudou a informação como parte do processo
de comunicação. No entendimento do teórico francês, a informação é definida
como transmissão de um saber, “com a ajuda de uma determinada linguagem,
por alguém que o possui a alguém que se presume não possuí-lo. Implica no
processo
de
produção
de
discurso
em
situação
de
comunicação”
(CHARAUDEAU, 2010a, p. 33-p. 34).
Charaudeau (2010a) considera a informação como construtora do saber
e dependente do campo de conhecimentos que a circunscreve, da situação de
enunciação na qual se insere e do dispositivo no qual é posta em
funcionamento.
61
O funcionamento do ato de comunicação é apresentado pelo teórico
francês a partir de um modelo de análise do discurso (FIG. 2). Este consiste em
uma troca das instâncias de produção e de recepção. A primeira é
representada pelo produtor de informação (as emissoras de televisão e seus
diretores, por exemplo) e a segunda pelo consumidor de informação
(telespectadores). Para o autor, o lugar das condições de produção é formado
pelas condições socioeconômicas da máquina midiática (externo-externo) e
pelas condições semiológicas da produção (externo-interno). O lugar das
condições de recepção também está estruturado em dois espaços: destinatário
ideal (interno-externo) e receptor ideal (externo-externo). O primeiro espaço é o
alvo imaginado pela instância midiática, já o segundo é a instância de consumo
da informação da mídia, que interpreta as mensagens. As Organizações Globo
e a Rede Minas e os programas científicos são exemplos de lugares das
condições de produção. Como lugar das condições de interpretação,
destacamos o público-alvo (interno-externo), que são os pares e o público
leigo.
FIGURA 2 - Máquina midiática de Charaudeau e os três lugares de construção
do sentido
Lugar das condições de produção
[Externo-Externo]
Práticas de
organização
socioprofissionais
[Externo-Interno]
Práticas de
realização
do produto
[Organizações Globo
e Rede Minas]
[Programas
audiovisuais de
divulgação
científica]
Representações por
discursos de
justificativa da
intencionalidade
dos “efeitos visados”
Representações por
discursos de
justificativa da
intencionalidade dos
“efeitos econômicos”
Influência
Recíproca
Lugar de construção
do produto
[Interno]
Organização
estrutural
semiodiscursiva
segundo hipóteses
sobre a
cointencionalidade
[Sistemas verbal e
visual]
Enunciadordestinatário
“efeitos possíveis”
(intencionalidade e
construção do sentido)
Retorno de imagens
Fonte: CHARAUDEAU, 2010a, p. 23. Adaptada pela autora.
Lugar das condições de interpretação
[Interno-Externo]
Alvo
imaginado
pela instância
midiática
Externo-Externo
Público
[telespectador]
como instância de
consumo do
produto
[Pares e o público
leigo]
[Indexador]
“efeitos supostos”
“efeitos
produzidos”
62
O ato de informar está inserido no processo de transformação do mundo
e deve descrever, contar e explicar os acontecimentos:
O ato de informar participa [do] processo de transação, fazendo
circular entre os parceiros um objeto de saber que, em princípio, um
possui e o outro não, estando um deles encarregado de transmitir e o
outro de receber, compreender, interpretar, sofrendo ao mesmo
tempo uma modificação com relação ao seu estado inicial de
conhecimento (CHARAUDEAU, 2010a, p. 41).
Entendemos que o discurso das mídias está vinculado ao ato de
linguagem, que busca repassar a informação a alguém que não a possui, por
meio de um suporte midiático. Pensando no receptor da informação, o autor
considera ainda que a informação não é mensurável quantitativamente.
Consideramos as palavras de Charaudeau (2010a) ao concluir que o
universo da informação midiática é um universo construído. Tal afirmação foi
elaborada no desenvolvimento dos modos de organização do discurso de
informação. Para o semiolinguista francês, o acontecimento midiático é
construído pela atualidade (temporalidade dos acontecimentos da qual a
informação midiática deve dar conta), expectativa (captação do interesse do
espectador) e de socialidade (tratamento do que surge no espaço público).
Neste contexto, recuperamos também a maneira adotada pela informação
midiática para atingir seu propósito mediante categorias que permitem ao
sujeito falante descrever, relatar e argumentar dentro da situação de
comunicação midiática. O relatar o que acontece no espaço público ocorre em
um
espaço
de
mediação
conhecido
como
“acontecimento
relatado”.
Charaudeau (2010a) define que relatar o acontecimento (acontecimento
relatado) é a construção da notícia. Compreende fatos18 e ditos.19 O fato
relatado está vinculado a uma descrição, explicações e reações.
No dito relatado, “a palavra do outro está sempre presente em todo ato
de enunciação de um sujeito falante, instituindo um dialogismo20”, discurso
heterogêneo por definição, pois se compõe “dos traços das enunciações do
18
“Fatos que têm relação com o comportamento dos indivíduos e com as ações que estes
empreendem (por exemplo, os ‘casos de corrupção’), por outro lado com ‘forças da natureza’
que modificam o estado do mundo (por exemplo, as ‘catástrofes naturais’)” (CHARAUDEAU,
2010a, p. 152).
19
“Ditos que têm relação com pronunciamentos diversos, [...] que ora adquirem valor de
testemunho, ora de decisão, ora de reação etc.” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 152).
20
Ver: BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 13. ed. São Paulo: Hucitec,
2009.
63
outro” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 161). A partir dessa definição, apresentamos
o discurso relatado pela característica de encaixe de um dito em um outro dito,
considerada por Charaudeau (2010a) a manifestação da heterogeneidade do
discurso. Esse encaixe apresenta marcas que identificam que o que é dito
pode ser atribuído a outra pessoa. Observamos tal contexto nos meios
científicos por meio das citações nos trabalhos, o uso da terceira pessoa para
reproduzir a fala do outro etc. Nesse direcionamento, destacamos o valor do
dito na instância midiática. Para os programas científicos, o efeito valorativo é o
efeito de saber, que “é quando a declaração emana de um locutor que tem uma
posição de autoridade pelo saber. [...] endossado pela instância midiática que
relata a declaração, com maior ou menor distanciamento, conforme o caso”
(CHARAUDEAU, 2010a, p. 169).
O comentar (acontecimento midiático) é definido como “conhecimento
comentado”, pois a explicação dos acontecimentos é realizada com análises e
pontos de vista diferentes. O último, acontecimento provocado, acontece por
meio de diversos dispositivos: tribunas de opinião, entrevistas e debates.
3.2.1 Contrato de comunicação
Para este estudo, consideramos o discurso televisivo como dependente
de uma situação de comunicação. “[...] é como palco, com suas restrições de
espaço, de tempo, de relações, de palavras, no qual se encenam as trocas
sociais e aquilo que constitui o seu valor simbólico” (CHARAUDEAU, 2010a, p.
67). A situação de comunicação constitui um quadro de referência em que os
indivíduos de uma comunidade social se reportam e iniciam uma comunicação.
Charaudeau (2010a) apresenta um quadro de referência formado pela troca
linguageira em que dados externos e dados internos se inter-relacionam na
realização do ato de linguagem.
O necessário reconhecimento recíproco das restrições da situação
pelos parceiros da troca linguageira nos leva a dizer que estes estão
ligados por uma espécie de acordo prévio sobre os dados desse
quadro de referência. Eles se encontram na situação de dever
subscrever, antes de qualquer intenção e estratégia particular, a um
contrato de reconhecimento das condições de realização da troca
linguageira em que estão envolvidos: um contrato de comunicação
(CHARAUDEAU, 2010a, p. 68).
64
A troca linguageira ocorre em um quadro de cointencionalidade, com
restrições de situação de comunicação. Já os dados externos são constituídos
pelas regularidades comportamentais dos indivíduos a partir de trocas estáveis,
constantes, um quadro convencional de discursos de representação. Os dados
internos são propriamente discursivos respondendo ao “como dizer?”, o
comportamento dos parceiros de troca, os papéis linguageiros, a maneira de
falar. Os dados internos aparecem em três espaços de comportamentos
linguageiros: a) locução (tomada de decisão); b) relação (construção de
relações entre sujeito falante e interlocutor); e c) tematização (domínio do
saber). Contudo, aceitamos que o contrato de comunicação é previamente
determinado:
O contrato de comunicação e projeto de fala se completam, trazendo,
um, seu quadro de restrições situacionais e discursivas, outro,
desdobrando-se num espaço de estratégias, o que faz com que todo
ato de linguagem seja um ato de liberdade, sem deixar de ser uma
liberdade vigiada (CHARAUDEAU, 2010a, p. 71).
A identidade das instâncias de informação é dividida em instância de
produção e instância de recepção. A primeira, no contexto televisivo, envolve
vários atores: os da organização da emissora, sua programação, redação das
notícias (seguindo as orientações da linha editorial). O jornalista tem o papel de
destaque
neste
processo.
Alguns
importantes
questionamentos
são
apresentados por Charaudeau (2010a) quanto à responsabilidade pela
informação disseminada (vários atores estão envolvidos), o papel do jornalista
(coleta de fatos) e do fornecedor de informação (tratamento da informação).
Neste meio, apresentamos a informação no contexto de C&T. Aguiar
(1991) considera a informação em ciência e tecnologia como uma busca para
englobar as informações, que servem para cumprir e apoiar a atividade de
planejamento e gestão em C&T, além do papel das informações (científica e
tecnológica): “avaliar o resultado do esforço aplicado em atividades científicas e
tecnológicas e subsidiar a formulação de políticas, diretrizes, planos e
programas de desenvolvimento científico e tecnológico” (AGUIAR, 1991, p. 12).
Concluímos, a partir do conceito anterior, que a informação em C&T deve ser
adaptada para atender as necessidades da instância de produção (mídia).
A segunda instância, de recepção, é formada pelo público. O público da
TV é o telespectador. Charaudeau (2010a) considera o público como uma
65
entidade compósita que não pode ser tratada de maneira global. Considera a
identidade social da recepção como incógnita para a instância de produção. Tal
identidade pode ser analisada sob dois pontos de vista: do público como um
alvo ideal ou das reações do público. A instância de recepção, o sujeito-alvo de
informação da instância de produção, é alvo intelectivo (capacidade de pensar)
ou um alvo afetivo (ordem emocional). Segundo Charaudeau (2010a), a
interação dos dois alvos forma a opinião pública. O alvo intelectivo depende: a)
dos interesses que a informação recebida pode proporcionar (organização da
vida política e/ou social, de ordem factual e para atender a certa posição
social); b) da credibilidade, envolvida pelos imaginários21 do desempenho
(espírito do furo), da confiabilidade (espírito dos arquivos) e da revelação
(espírito de investigação); e c) da acessibilidade da informação, baseada na
clareza com a qual o discurso é construído.
Quanto ao alvo afetivo, para Charaudeau (2010a), está vinculado à
representação das emoções pelas estratégias discursivas de dramatização
(inesperado, repetitivo, insólito, inaudito, enorme e trágico). Levamos em
consideração que a discursivização é o lugar “onde se instituem, [...] as
diferentes ‘maneiras de dizer’ mais ou menos codificadas. Este lugar é, então,
um lugar de restrições, mas convém distinguir aqui as restrições discursivas
das restrições formais” (CHARAUDERAU, 2004, online).
Concordamos que a mídia televisiva e a divulgação científica estão
contextualizadas no contrato de informação. Para o estudo, devemos
considerar os atores envolvidos no processo das instâncias de produção e
recepção, que estão sintetizados na FIG. 3:
21
Charaudeau (2010a, p. 81) define os imaginários da credibilidade da seguinte forma:
desempenho como saber ser o primeiro a transmitir a informação, ter o espírito do furo. O da
confiabilidade como saber verificar a informação, ter o espírito de arquivos; e o da revelação
como saber descobrir o que está oculto ou em segredo, ter o espírito de investigação.
66
FIGURA 3 – Contrato de comunicação midiática
Contrato de comunicação
Informação
técnicocientífica
Telespectador
(indexador)
Contrato de
comunicação
“Acontecimento
bruto e
interpretado”
Instância de
produção
midiática
“Notícia”
Acontecimento
construído
Instância
de recepção
midiática
Processo de transformação
“Acontecimento
interpretado”
Processo de interpretação
Processo de transação
Papel da
divulgação
científica
Televisão
Fonte: Charaudeau, 2010a, p. 114, adaptada pela autora.
A figura anterior representa o nosso entendimento de contrato de
comunicação entre as instâncias de produção e a instância de recepção, no
contexto televisivo. A primeira é responsável pelo processo de seleção e
adaptação de informações técnico-científicas. Posteriormente, ainda é
necessário adaptá-las ao meio televisivo, com o objetivo de conquistar a
instância de recepção. No último grupo, destacamos o telespectador indexador,
responsável pela seleção e registro do que foi produzido pela televisão sobre
C&T. Para nossa pesquisa, os programas de divulgação científica fariam parte
do conteúdo a ser indexado em um sistema de recuperação de imagens.
3.2.2 Discurso televisivo
O discurso televisivo é definido por sua comunicação rápida, curta e
clara. Suas características contribuem para o objetivo de prender a atenção do
público, conforme texto de Esslin (1976), citado por Siqueira (2010, p. 61). Na
pesquisa de David-Silva (2005), a autora considera que a televisão cumpre, de
alguma maneira, a função de se abrir para o mundo, mostrando como vivem as
pessoas que estão do lado de lá do espectador. Rocha-Trindade (1988)
entende que a construção de um discurso midiatizado reveste aspectos
substancialmente diferentes, pois os conteúdos televisivos são direcionados a
67
uma audiência aberta de público indefinido com características heterogêneas
de estrato social e cultural, de idades e de interesses: podem ser grupos
formados por investigadores da mesma especialidade; turma de estudantes
universitários; uma classe de alunos do ensino secundário etc. A autora reforça
que varia ainda o discurso com a dimensão da audiência, com o espaço onde
se processa a comunicação, com o caráter diferido ou em direto; com a
presença ou ausência de elementos detratores; com a motivação prévia dos
destinatários.
Ainda sobre discurso televisivo, trazemos para a pesquisa, novamente, o
estudo americano que trata de mitos e ritos na televisão. A mídia audiovisual
apresenta uma linguagem narrativa, vinculada à tradição do conto popular.
Uma linguagem narrativa de imagens em movimento (uma "linguagem"
específica baseada em uma combinação de som, música e imagens), além da
linguagem oral de estrutura narrativa:
[...] TV é transmitida para uma nação inteira e deve ser catalogada
em uma linguagem de símbolos familiares, contos populares e mitos
nacionais ou cósmicos que são instantaneamente reconhecíveis por
todos que assistem. Na terminologia do sociolingüista britânico Basil
Bernstein, a TV usa uma linguagem pública, "restrita", isto é, restrita a
um discurso comum a todos. Como a conversação dentro de uma
família ou uma comunidade folk, a TV deve pressupor a memória
cultural viva de uma audiência nacional ou internacional, e é cheia de
alusões que não precisam ser explicadas, símbolos e referências
icônicas não-verbais, que são dadas como certas (TELEVISÃO...,
1995, p. 66).
A perspectiva que será adotada em nosso trabalho é baseada nos
conceitos teóricos de Charaudeau. Para o teórico francês, as comunidades
discursivas (virtualmente) reúnem sujeitos que partilham os mesmos
posicionamentos, os mesmos sistemas de valores (opiniões políticas,
julgamentos
morais,
doutrinas,
ideologias
etc.);
e
as
comunidades
comunicacionais (fisicamente), sujeitos que partilham a mesma visão
(representações) daquilo que devem ser as constantes das situações de
comunicação. Adotamos também as visadas discursivas, que segundo
Charaudeau (2004, online) devem ser consideradas do ponto de vista da
instância de produção com a perspectiva no sujeito destinatário ideal. Devem,
ainda, ser reconhecidas como tais pela instância de recepção. Para os estudos
de programas científicos, na mídia televisiva, serão consideradas a visada de
68
informação (“eu” fazer saber e “tu” dever saber) e a visada de instrução (“eu”
estabelecer a verdade e mostrar as provas e “tu” ter que avaliar uma verdade).
Consideramos o papel da oralidade, que em programas científicos está
presente nas narrativas. De acordo com Charaudeau (2010a), como um tipo de
troca linguageira, tal interação verbal pode ser regulada de acordo com as
situações que envolvem a instância de emissão e a instância de recepção.
Nesta direção, destacamos também “a magia da voz”, apresentada pelo
mesmo autor para caracterizar outra mídia: o rádio. Observamos que a voz tem
um importante papel, para manter a atenção da instância de recepção.
Concordamos com o teórico que as características da voz, como timbre,
entonação, fluência e acentuação, transmitem o estado de espírito de quem
fala, pois o locutor poderá: “parecer autoritário ou humilde, poderoso ou frágil,
emotivo ou senhor de si, emocionado ou frio, tudo aquilo com que jogam os
políticos e os profissionais das mídias” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 106-107).
Retomamos a posição do audiovisual enquanto dispositivo do contrato
da informação. A mensagem é adaptada para as características que o suporte
televisão oferece, com o uso da imagem em movimento, do som, da música,
em função das estratégias de captação e de credibilidade. Logo, a produção
televisiva (instância de enunciação), transforma a informação em discurso
televisivo e leva a notícia para os telespectadores (instância de recepção).
3.2.3 Discurso científico e tecnológico
Após definirmos o discurso televisivo, passaremos a conceituar o
discurso científico (e tecnológico). Neste contexto, Rosa (2008) entende que o
discurso científico se modifica com o tempo, acompanha a evolução da ciência.
A autora apresenta o discurso científico como a difusão do científico, que opera
de duas formas: por disseminação e por divulgação. O primeiro funciona entre
os pares e o outro é realizado por curso, aulas de ciência e jornalismo.
Inicialmente, precisamos compreender o contexto que envolve discurso
científico e discurso jornalístico. De acordo com Rosa (2008), os dois discursos
“passam a ser parceiros quando ambos se mesclam e se transformam em um
novo discurso que levará ao público não especializado a interpretação de
determinado conhecimento” (ROSA, 2008, p. 27).
69
O discurso científico está baseado em uma estrutura já estabelecida nas
instituições de pesquisa e ensino, além dos pesquisadores envolvidos. Porém,
para a veiculação pela televisão, o discurso sofre adaptações para chegar ao
grande público: o telespectador. Rosa (2008) apresenta o papel da televisão e
considera que, “embora a televisão não produza o conhecimento científico que
divulga, ela é responsável por colher, selecionar, organizar e divulgar o
conteúdo científico ao público-alvo e esse acesso às informações sobre C&T”
(ROSA, 2008, p. 27). Na visão de Charaudeau, o telespectador:
[...] é, nesse caso, solicitado muito mais a crer (ou seja, a se
pronunciar apenas sobre o verdadeiro/falso) e a sentir (ou seja, reagir
em função do sentimento do bem/mal) do que a compreender.
Portanto, o risco para a televisão é o da perda de legitimidade, já que
seu contrato lhe dá vocação para informar e que para isso deve se
mostrar credível (CHARAUDEAU, 2007a, online).
Com base em texto de Bakhtin22, Siqueira (2010) apresenta que, na
“pós-modernidade, com a valorização da ciência pelos meios de comunicação,
o discurso científico, seus argumentos e justificativas são empregados
largamente para explicar os mais diversos fenômenos” (SIQUEIRA, 2010, p.
55). Outra importante definição é sobre o discurso tecnológico apresentado por
Rosa (2008) como o que “prescreve ações com o propósito de informar aos
intérpretes como alcançar certos objetivos. Este é um discurso prescritivoinformativo” (ROSA, 2008, p. 25). Para a autora, este tipo de discurso tem o
objetivo de dar as informações e as técnicas de como fazer um determinado
procedimento.
De acordo com Siqueira (2010), a ciência e a televisão têm diferentes
formas de enunciação e a apresentação da ciência pelo meio de comunicação
de massa requer a transformação de um discurso, o da ciência, para o da TV.
A autora também discute questões sobre mito, crença e imaginário. Rosa
(2008) apresenta a mesma interpretação, pois considera que “divulgar ciência e
tecnologia não se trata de traduzir o discurso do pesquisador, mas sim
transformá-lo em um novo discurso” (ROSA, 2008, p. 26).
Logo, buscamos compreender um modelo sociocomunicacional do
discurso científico, lembrando que o modelo é definido por Charaudeau, tanto
como uma hipótese sobre o funcionamento do ato de linguagem como por
22
BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. 3. ed. São
Paulo: Unesp, 1993.
70
permitir, por meio de sua decomposição, analisar diferentes aspectos.
Destacamos ainda o conceito de situação de comunicação, definida como um
“conjunto de condições situacionais não enunciadas que determinam em parte
o sentido do ato de linguagem e que fariam deste um objeto de troca contratual
entre as duas partes envolvidas” (CHARAUDEAU, 2010c, online). Para o
entendimento do discurso da ciência, serão consideradas as estratégias de
comunicação legitimação, credibilidade e captação, considerando os sujeitos
das instâncias de produção (jornalistas e especialistas) e da instância de
recepção (telespectador).
Inserindo o mesmo discurso na mídia televisiva, destacamos a
dificuldade da instância de produção em disponibilizar um conteúdo científico a
um público heterogêneo. Sabemos que o domínio em ciência pertence a um
grupo específico de pessoas, grupo especializado e que, em muitos aspectos,
se distingue do público-alvo do discurso televisivo, mesmo quando o assunto é
a própria ciência. Sobre isso, lembramos, Charaudeau (2010a) apresenta o
papel da informação, a qual objetiva transmitir um saber a quem não o possui.
Neste contexto, é observado que as mídias: “acham-se [...] na contingência de
dirigir-se a um grande número de pessoas, ao maior número, a um número
planetário, se possível” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 19). Pelo objetivo
comercial, tenta-se alcançar o maior número possível de telespectadores. Em
caminho diverso, o discurso científico, nas palavras de Charaudeau, quando
trata das condições de captação pela mídia, “[...] implica a seleção de um
público muito reduzido, ultra especializado, que possua os mesmos
instrumentos de raciocínio, a mesma terminologia e compartilhe os mesmos
conhecimentos da comunidade científica” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 76).
Mesmo elaboradas para a análise textual, recuperamos as palavras de
Charaudeau sobre os modos de organização do discurso, destacando o modo
argumentativo para compreensão do universo do discurso científico.23 O teórico
francês explica os procedimentos da encenação argumentativa, a qual:
[...] consiste, para o sujeito que quer argumentar, em utilizar
procedimentos que, com base nos diversos componentes do modo de
organização argumentativo, devem servir a seu propósito de
23
A argumentatividade do discurso científico é uma característica também apresentada por
Rosa (2008): “Um elemento importante do discurso científico é a argumentatividade, que
comporta os chamados índices de objetividade (voz do cientista e apagamento do sujeito)”
(ROSA, 2008, p. 27).
71
comunicação em função da situação e da maneira pela qual percebe
seu interlocutor (ou seu destinatário) (CHARAUDEAU, 2010b, p. 231).
Em outro texto, Charaudeau (2010a), comparando os discursos de
informação e o científico, entende que em comum eles têm a problemática da
prova. Para o discurso científico, a questão é mais complexa, pois a
problemática inscreve a prova em um programa de demonstração racional
(tecnicidade). Esse conceito impede o desenvolvimento do discurso de
informação pela definição do destinatário.
Com efeito, o interesse principal do discurso demonstrativo reside na
força argumentativa de seu conteúdo, como se [...] houvesse o
pressuposto de que o destinatário já é interessado de antemão pela
proposta do cientista ou do especialista e de que possui um saber
também especializado (CHARAUDEAU, 2010a, p. 61-62).
Sobre outro tema, o autor destaca o processo de vulgarização adotado
na mídia. Ele entende que a atividade de vulgarização é deformante. Diz que
depende do alvo construído pelo sujeito que explica, e, quanto mais amplo o
alvo (nos planos sociológico, intelectual e cultural), há a necessidade de
deformar o saber que deu origem à informação. “[...] a vulgarização praticada
pela televisão seja mais deformante do que a praticada pelo rádio ou pela
imprensa” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 62).
O tipo de discurso deformado, como já apresentado no capítulo anterior,
é representado principalmente pela divulgação científica. A divulgação
científica televisiva é responsável por “adaptar” as fontes científicas para o
telespectador. Incluímos também as palavras de Bueno (2010, p. 3), que trata
do nível do discurso da comunicação científica e do da divulgação científica e
leva em consideração que a última está tipificada pelo público leigo, em geral,
que não é alfabetizado cientificamente, o que compromete o processo de
difusão da C&T pela televisão. Como o público é leigo, faz-se um discurso para
um público não especialista, simplificando a C&T, e deformando-a, no olhar do
cientista.
Assim, para análise dos programas científicos, devemos considerar as
palavras de Charaudeau quanto à explicação simplificada da mídia (TV),
vulgarização. Ele entende que, na televisão, a visada de captação é
transformada em uma vulgarização dramatizada. “[...] as mídias trapaceiam
cada vez que uma explicação é apresentada como decodificação simplificada
72
de uma verdade oculta, como acessível a todos e a mesma para todos ao
efeito mágico da vulgarização” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 62-63). Neste
caminho, buscamos compreender como o processo é construído. O conteúdo
das ciências e o processo da vulgarização da informação foram apresentados
por Charaudeau. Este defende, com as palavras de Pierre Bourdieu, que a
verdade complicada deve ser dita de forma complicada. Assim, para o teórico
francês, a mídia se fundamenta no imaginário sobre a vulgarização da
informação:
[...] quanto mais um saber é amplamente compartilhado, tanto mais
ele é compreendido por uma grande quantidade de receptores e tanto
menos ele informa; quanto mais um saber é reservado a um grupo
reduzido, mais ele exclui receptores e mais pode informar.
(CHARAUDEAU, 2010a, p. 265).
3.2.4 Representações
O teórico francês entende que as representações estão incluídas no
real, ou são dadas como o próprio real, já que tanto os saberes de
conhecimento quanto os de crença estão relacionados à percepção-construção
do ser humano com o real. As representações “se baseiam na observação
empírica das trocas sociais e fabricam um discurso de justificativa dessas
trocas, produzindo-se um sistema de valores que se dirige em norma de
referência” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 47). A partir dessas definições, é
discutida a questão da categorização social do real padronizada, revelando
sistemas de valores. Adotando um conceito de outra área do conhecimento
(psicologia social), define as representações sociais como “uma forma de
conhecimento socialmente compartilhado do mundo” (CHARAUDEAU, 2007b,
online, tradução nossa).
Já as representações sociodiscursivas são definidas da seguinte forma:
[...] mini-narrativas que descrevem seres e cenas de vida, fragmentos
narrados (Barthes dizia “parcelas de discursos”) do mundo que
revelam sempre o ponto de vista de um sujeito. Esses enunciados
que circulam na comunidade social criando uma vasta rede de
intertextos se reagrupam constituindo aquilo que chamo de um
“imaginário sociodiscursivo”. Eles são o sintoma desses universos de
crenças compartilhadas que contribuem para construir ao mesmo
tempo um elo social e um eu individual (por exemplo, o imaginário da
falta, do pecado, do poder) (CHARAUDEAU, 2007a, online).
73
O imaginário sociodiscursivo e a crença reaparecem mostrando a
interferência destes para os estudos discursivos.
3.3
INDEXAÇÃO DE PROGRAMAS TELEVISIVOS E O PAPEL DO
INDEXADOR
Para trabalharmos o processo de indexação de programas da mídia
televisiva, buscaremos conceituar a atividade para compreendermos as
dificuldades da recuperação de documentos. Inicialmente, apresentaremos o
processo voltado para documentos bibliográficos. O termo documento será
adotado aqui pela orientação da norma NBR 12676/1992,24 “qualquer unidade,
impressa ou não, que seja passível de catalogação ou indexação”
(ASSOCIAÇÃO..., 1992, p. 1), e a indexação é o “ato de identificar e descrever
o conteúdo de um documento com termos representativos dos seus assuntos e
que constituem uma linguagem de indexação” (ASSOCIAÇÃO..., 1992, p. 2).
Fairthone (1958), citado por Lancaster (2003, p. 13), entende que a indexação
é o problema fundamental bem como o espetáculo mais dispendioso da
recuperação da informação. Lancaster (2003), em trabalho sobre indexação e
resumos, apresenta o objetivo das duas atividades: “indicar de que trata o
documento ou sintetizar seu conteúdo” (LANCASTER, 2004, p. 6). O mesmo
autor considera que a indexação de assuntos objetiva atender a necessidade
de informação de uma clientela. Há a indexação seletiva (indicação geral do
documento) e a indexação exaustiva (indicação de assunto específico do
documento). O mesmo autor trata das duas etapas da indexação de assuntos:
a análise conceitual e a tradução. A primeira implica decidir o assunto do
documento. É necessário realizar a análise conceitual do documento, ou seja,
mostrar de que ele se trata. Já a etapa da tradução “envolve a conversão da
análise conceitual de um documento num determinado conjunto de termos de
indexação” (LANCASTER, 2004, p. 18).
Tratar de indexação envolve também trabalhar em um processo de
sistematização das informações. A adoção de vocabulário controlado é uma
24
Esta Norma fixa as condições para a prática normalizada do exame de documentos, da
determinação de seus assuntos e da seleção de termos de indexação. Destina-se aos
estágios preliminares da indexação, não tratando das práticas de qualquer tipo de sistema de
indexação, pré ou pós-coordenado. É dirigida para sistemas de indexação nos quais os
assuntos dos documentos são expressos de forma resumida, e os conceitos são registrados
por meio dos termos de uma linguagem de indexação. Aplica-se especialmente a serviços de
indexação independentes e a serviços de indexação em rede.
74
forma de garantir a recuperação de uma informação pelo usuário. Lancaster
(2003) define a ferramenta como uma lista de termos autorizados, é uma forma
de estrutura semântica que visa:
1. controlar sinônimos, optando por uma única forma
padronizada, com remissivas de todas as outras.
2. diferenciar homógrafos [...];
3. reunir ou ligar termos cujos significados apresentem uma
relação mais estreita entre si [...] as hierárquicas e as nãohierárquicas (ou associativas) [...] (LANCASTER, 2003, p.
19)
Recuperamos um trabalho sobre indexação televisiva direcionada ao
CAPTE do CEFET-MG. Tal trabalho apresenta as dificuldades para
classificação desse tipo de documento. Para a autora:
Ao considerar a classificação de um gênero dependente da situação
de comunicação, a Análise do Discurso possibilita uma análise de
elementos que vão além do conteúdo veiculado por um programa.
Essa análise poderá ser chave para indexação do programa na base
de dados criada pelo CAPTE. Essa medida transcenderá ao que é
realizado usualmente nos Centros de Documentação (Cedocs) dos
canais de televisão, que se centram na descrição do conteúdo da
informação. Comumente, não há correspondência entre as definições
teóricas de gêneros e suas definições institucionais, as quais
associam em uma mesma rubrica programas bastante heterogêneos
(SABINO, 2011, p. 168).
Destacamos, no mesmo trabalho, algumas dificuldades no processo de
indexação do material audiovisual, reforçando a relevância de novos estudos
sobre o tema. Lancaster (2004) considera imagens e sons como áreas difíceis
por envolverem campos da tecnologia da fala, visão computacional e
compreensão de documentos, que ultrapassam o escopo das aplicações de
indexação de documentos impressos. Lancaster (2004) analisou vários
trabalhos que descreviam imagens para recuperação. A pesquisa de Turner
(2005), citado por Lancaster (2004), constata a importância de se adotarem
termos associados às imagens (ou descrições da tomada). Outra pesquisa
citada é a de Jörgensen (1996), o qual constatou que sujeitos solicitados a
descrever imagens tinham maior probabilidade de selecionar atributos como
características exatas, objetos e cor, concluindo que: “a indexação eficaz de
imagens requer o emprego de uma ampla gama de atributos: perceptuais,
interpretativos e reativos” (JÖRGENSEN citado por LANCASTER, 2004, p.
233). Após analisar trabalhos sobre indexação e resumos para imagens e sons,
75
concluiu que os estudos futuros para recuperação do discurso falado
dependeriam do progresso do desenvolvimento da tecnologia da fala.
Dahlberg (1978), em trabalho sobre a teoria dos conceitos, aponta
alguns elementos a serem considerados para categorização de assuntos:
linguagem natural, linguagem formalizada, características, objetos, conceitos e
outros. Destaca a importância de se definirem corretamente os conceitos, pois:
Por conseguinte, parece hoje mais do que em qualquer outra época
necessário fazer todos os esforços a fim de obter definições corretas
dos conceitos, tanto mais que o contínuo desenvolvimento do
conhecimento e da linguagem conduz-nos à utilização de sempre
novos termos e conceitos cujo domínio nem sempre é fácil manter. A
importância das definições evidencia-se também quando se tem em
vista a comunicação internacional do conhecimento. É pelo domínio
perfeito das estruturas dos conceitos que será possível obter também
perfeita equivalência verbal (DAHLBERG, 1978, p. 107).
Conclui, ainda, que as definições dependem do conhecimento que se
tem dos assuntos.
Charaudeau (2007b) retrata a questão dos significados dos termos em
áreas do conhecimento diferentes. A necessidade de categorizar os programas
televisivos para análise científica é apresentada por David-Silva (2005),
levando em consideração o papel do indexador:
A tentativa de classificação e ordenação do mundo pela ciência é
antiga e, por que não, razão mesma de sua existência. Na procura de
entendermos melhor determinados objetos, dividimo-los em
fragmentos, dissecamos, nomeamos, buscamos relações, reações e
para, depois de tudo, dizermos: é assim que isso funciona. No
entanto, não devemos esquecer de que, como diz Foucault, essa
ordem interna das coisas é algo que só existe através do crivo de um
olhar. O olhar de um cientista, de um analista, é apenas um olhar, ou
como diz Charaudeau: “um possível interpretativo”, situado em um
determinado lugar e época e, por isso mesmo, sujeito a valores e
verdades temporariamente válidos (DAVID-SILVA, 2005, p. 62).
A classificação de documentos apresentada por Lancaster (2003)
permeia todas as atividades de armazenamento e recuperação de informação.
Logo, “refere-se à formação de classes de itens com base no conteúdo
temático” (LANCASTER, 2003, p. 21).
No contexto atual, em 2012, a Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) publicou um documento atualizando a
classificação das áreas do conhecimento. O objetivo da tabela é “proporcionar
aos órgãos que atuam em ciência e tecnologia uma maneira ágil e funcional de
76
agregar suas informações” (COORDENAÇÃO..., 2012, online). De acordo com
o documento, a classificação elaborada busca sistematizar informações sobre
o
desenvolvimento
científico
e
tecnológico,
especialmente
aquelas
concernentes a projetos de pesquisa e recursos humanos. As áreas do
conhecimento foram divididas em quatro níveis:




1º nível - Grande Área: aglomeração de diversas áreas do
conhecimento em virtude da afinidade de seus objetos,
métodos cognitivos e recursos instrumentais refletindo
contextos sociopolíticos específicos.
2º nível - Área: conjunto de conhecimentos inter-relacionados,
coletivamente construído, reunido segundo a natureza do
objeto de investigação com finalidades de ensino, pesquisa e
aplicações práticas.
3º nível - Subárea: segmentação da área do conhecimento
estabelecida em função do objeto de estudo e de
procedimentos metodológicos reconhecidos e amplamente
utilizados.
4º nível - Especialidade: caracterização temática da atividade
de pesquisa e ensino. Uma mesma especialidade pode ser
enquadrada em diferentes grandes áreas, áreas e subáreas
(COORDENAÇÃO..., 2012, online).
Ao todo foram confirmadas nove grandes áreas: Ciências exatas e da
terra; Ciências biológicas; Engenharias; Ciências da saúde; Ciências agrárias;
Ciências sociais aplicadas; Ciências humanas; Linguística, letras e artes; e a
área mais recente Multidisciplinar. As grandes áreas avaliam 81 áreas e mais
de 340 subáreas conforme a lista a seguir:
Ciências exatas e da terra
Matemática
Probabilidade e estatística
Ciência da computação
Astronomia/Física
Química
Geociências
Ciências biológicas
Biologia geral (genética)
Morfologia
Fisiologia
Bioquímica
Biofísica
Farmacologia
Imunologia
Microbiologia
Parasitologia
Biodiversidade
Zoologia
Engenharias (I, II, III e IV)
Engenharia civil
Engenharia sanitária
Engenharia de transportes
Engenharia química
Engenharia de minas
Engenharia de materiais e
metalúrgica
Engenharia nuclear
Engenharia mecânica
Engenharia naval e oceânica
Engenharia aeroespacial
Engenharia de produção
77
Engenharia elétrica
Engenharia biomédica
Ciências da saúde
Medicina
Nutrição
Odontologia
Farmácia
Enfermagem
Saúde coletiva
Educação Física
Fonoaudiologia
Fisioterapia e Terapia
ocupacional
Ciências agrárias
Agronomia
Recursos florestais e
Engenharia florestal
Engenharia agrícola
Zootecnia
Recursos pesqueiros
Medicina veterinária
Ciência de alimentos
Ciências sociais aplicadas
Direito
Administração
Turismo
Economia
Arquitetura e urbanismo
Desenho industrial
Planejamento urbano e
regional
Demografia
Ciência da informação
Museologia
Comunicação
Serviço social
Ciências humanas
Filosofia
Teologia
Sociologia
Antropologia
Arqueologia
História
Geografia
Psicologia
Educação
Ciência política
Linguística, Letras e Artes
Letras
Artes
Música
Multidisciplinar
Interdisciplinar
Ensino
Materiais
Biotecnologia
Ciências ambientais
78
Vários projetos de pesquisa, advindos principalmente via agências de
fomento, adotam tal classificação tanto para os temas propostos como para
oferecimento de bolsas, por exemplo. Acreditamos que um trabalho sistemático,
utilizado por grande parte da comunidade científica e tecnológica, torna-se um
instrumento referencial para a elaboração de uma base de dados audiovisual. Não
há necessidade de adotarmos o documento na íntegra, pois é preciso que ele seja
adaptado à realidade dos temas abordados na televisão. Outra importante questão é
sobre o perfil do usuário do arquivo de documentos audiovisuais. Os pesquisadores,
analistas de discurso, possuem formação acadêmica em diversas áreas do
conhecimento.
Em trabalho desenvolvido em 2012, foi traçado o perfil dos usuários do
sistema do CAPTE. Os dados recuperados apontam as ocupações profissionais das
pessoas pesquisadas: “docentes, pesquisadores, discentes de pós-graduação,
jornalistas e demais profissionais interessados, ligados às áreas da Comunicação,
Linguística, Educação, História, Sociologia, Filosofia, e Computação” (DAVID-SILVA
et al., 2012, p. 6). Entendemos que, direta ou indiretamente, a tabela de
conhecimento da CAPES já tenha sido objeto de consulta desses pesquisadores.
Ao trabalharmos os programas científicos veiculados na TV brasileira,
podemos contribuir na construção do sistema direcionando-o para esse universo,
pois sabemos que, além dos programas especializados, o tema C&T também é
notícia em telejornais, programas de auditório, desenhos, filmes, novelas etc.
Encerramos a seção com um diálogo entre a ciência e a televisão. O
audiovisual destaca o resultado de uma pesquisa sobre os temas mais divulgados
pela mídia televisiva:
CI – Quais têm sido as grandes correntes, nesse fluxo de informação?
Retorno à pergunta que lhe fiz anteriormente: quais os temas mais
presentes nos programas de divulgação científica, pelo mundo afora? O que
as pessoas mais buscam assistir?
TV – Uma “análise de conteúdo” do catálogo dos cinco últimos International
Television Science Programme Festival revela algumas tendências bem
evidentes, na linha editorial das principais emissoras de televisão de todo o
mundo. Essas tendências, com certeza, vêm ao encontro das preferências
do público. Por esse critério, os principais blocos temáticos dos programas
de divulgação científica pela TV têm sido:
1º os assuntos de medicina e saúde – e aí entra toda a questão da origem e
evolução da vida, dos processos biológicos, inclusive doenças e morte. As
séries da PBS americana, da BBC e da NHK japonesa são admiráveis, mas
79
há lugar de destaque para os documentários suecos (os de Lennart Nilsson,
como O milagre da vida, são exibidos no Brasil desde os anos 70),
franceses e alemães;
2º high-tech – realizados com toda aquela marca de superação de barreiras
e limites, que fascina as audiências globais. De novo se destacam as
realizações japonesas e mais as dos países nórdicos, Suíça e Austrália –
todas fortemente apoiadas por magníficos trabalhos de computação gráfica;
3º os temas das chamadas Ciências da Natureza, em que uma clara ênfase
se tem dado às questões ambientais. Aqui é a vez dos canadenses (TV
Ontário), da PBS (série Nova) e das coproduções européias (Arte, France-3,
Deutsche Welle, RAI);
4º os assuntos das chamadas Ciências do Comportamento, em que toda
uma linha de documentários-verdade vem ocupando espaço nas grades de
programação. Os realizadores europeus têm trabalhado bastante essa
linha. (Não se zangue comigo, mas a BBC também já experimentou essa
via de produção com “câmeras ocultas”, numa série chamada A vida
secreta da família...);
5º a História da Ciência, em que o apoio dos novos recursos de produção
de imagem, como computação gráfica, tem sido marcante (MONTEIRO;
BRANDÃO, 2002, p. 100-101).
A “televisão” cita temas que despertam a curiosidade dos telespectadores. Há
sim o interesse por assuntos da rotina das pessoas (saúde), mas, em contrapartida,
a natureza com o apoio da computação gráfica é tema que pode ser transformado
em audiência.
3.3.1 Profissional da informação25
Lancaster (2003, p. 6) define o papel do indexador como aquele que descreve
seu conteúdo ao empregar um ou vários termos de indexação, comumente
selecionados de algum tipo de vocabulário controlado. Para o estudioso, o
responsável pelo processo deve verificar se o artigo satisfaz ou não a necessidade
de informação do usuário. Lancaster entende que no momento da indexação ele
deve perguntar: a) De que trata?; b) Por que foi incorporado ao nosso acervo?; c)
Quais de seus aspectos serão de interesse para os nossos usuários? Concordamos
que tais questões podem ser adotadas na indexação de assuntos para programas
televisivos.
25
Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações, de 2002, são considerados profissionais da
informação: bibliotecário, documentalista e analista de informações. De acordo com o documento,
os profissionais: “disponibilizam a informação em qualquer suporte; gerenciam unidades como
bibliotecas, centros de documentação, centros de informação e correlatos, além de redes e
sistemas de informação” (BRASIL, 2002, online); além de tratarem tecnicamente e desenvolverem
recursos informacionais com o intuito de facilitar o acesso ao conhecimento.
80
Sobre o tratamento da informação, reproduzimos trecho de Charaudeau
(2010a):
Toda escolha se caracteriza por aquilo que retém ou despreza; a escolha
põe em evidência certos fatos deixando outros à sombra. A cada momento,
o informador deve perguntar-se não se é fiel, objetivo ou transparente, mas
que efeito lhe parece produzir tal maneira de tratar a informação e,
concomitantemente, que efeito produziria uma outra maneira, e ainda uma
outra, antes de proceder a uma escolha definitiva. A linguagem é cheia de
armadilhas. Isso porque as formas podem ter vários sentidos (polissemia)
ou sentidos próximos (sinonímia); tem-se realmente consciência das
nuances de sentido de cada uma delas? Além disso, um mesmo enunciado
pode ter vários valores (polidiscursividade) (CHARAUDEAU, 2010a, p. 38).
Para a indexação de programas televisivos devemos compreender se é
necessário ou não adotar as orientações praticadas para indexação de documentos
impressos. Segundo o trabalho de Lancaster (2003), a leitura completa de um
documento, para a indexação, quase não acontece. O profissional lê algumas
partes, consideradas essenciais, como título, resumo, sumário, introdução etc. O
próprio autor reconhece a dificuldade do indexador em conhecer a obra no todo,
levando em consideração outras atividades e outros documentos. O procedimento
deve ser diferente para o caso de outros tipos de documentos (meios audiovisuais,
visuais e sonoros etc.).
Segundo o documento ISO 5963, citado por Lancaster (2003, p. 25), é
impossível examinar um documento no todo. Assim, a indexação é feita a partir de
um título ou sinopse. Mas o documento deixa claro que o indexador deve ter a
oportunidade de assistir ou ouvir a obra não impressa, caso a descrição seja
inadequada. A mesma orientação é reproduzida pela NBR 12676/1992:
Os documentos não impressos, tais como multimeios, realia, etc., pedem
procedimentos diferentes. Nem sempre é possível, na prática, examiná-los
integralmente (p. ex: projetar um filme, etc). A indexação, então, é
geralmente feita a partir do título e/ou da sinopse [...](LANCASTER, 2003, p.
21).
Lancaster apresenta duas regras para indexação (tanto para a análise
conceitual quanto para a tradução):
1. Inclua todos os tópicos reconhecidamente de interesse para os usuários
do serviço de informação, que sejam tratados substantivamente no
documento.
81
2. Indexe cada um desses tópicos tão especificamente quanto o permita o
vocabulário do sistema e o justifiquem as necessidades ou interesses
dos usuários. (LANCASTER, 2003, p. 36)
Após a apresentação das regras, o autor orienta que estas estão sujeitas a
interpretações. Orienta também os indexadores a não inserirem assuntos que não
estão no documento, apesar de confirmar que, na prática, a técnica é adotada por
indexadores especialistas.
Retomamos aqui o papel do indexador ao trabalhar com acervos televisivos.
Podemos considerar que o indexador passa por etapas específicas ao realizar os
registros de acervos televisivos.
Destacamos novamente a análise do discurso, a partir do esquema de
representação de Charaudeau, tratando da troca de instâncias de produção da
informação. Retomamos, também, a discussão sobre a instância de recepção, ao
não prever o público, o telespectador. Assim, concluímos que o profissional
responsável pelo processo de indexação de conteúdos televisivos também não está
previsto pela instância de produção. Logo, o registro dos dados da mídia audiovisual
segue uma estrutura diferente de catalogação, se comparado a outros tipos de
documentos. Um sistema voltado para pesquisas em análise do discurso demanda
uma alimentação do sistema orientada para a recuperação de informações além dos
assuntos e palavras-chave.
82
4
METODOLOGIA
Apresentamos os caminhos percorridos que responderão às nossas
perguntas iniciais sobre os programas de C&T da televisão. Gil (1994, p. 27) define
método como o caminho para se chegar a determinado fim. O mesmo autor
conceitua o método científico como um conjunto de procedimentos intelectuais e
técnicos adotados para se atingir o conhecimento.
Para o desenvolvimento dos estudos sobre a análise do discurso e seus
modos de organização, Charaudeau (2010b, p. 17-18) define método pela prática
analisante que a teoria impõe, pelo fato de que a teoria é determinada pelo método e
que, ao mesmo tempo, o institui. Apresentam-se a atividade de abstração (processa
por diferenciações na manifestação linguageira, pela quantidade de comparações,
depois por transformações e/ou por analogias-homologias que permitem distinguir
níveis de organização da estrutura linguageira cada vez mais abstratos) e a
atividade de elucidação (manifestação linguageira em função de um contexto, a fim
de fazer com que surjam conjuntos significantes da relação do ato de linguagem
com suas condições de produção-interpretação. Lugar de conflito entre um sujeito
coletivo e um sujeito individual).
Charaudeau (2010c) define objeto como “um conjunto de mecanismos
discursivos cuja existência e modo de organização no interior de uma produção
discursiva
qualquer
(texto
ou
enunciados
aleatórios)
se
busca
delimitar”
(CHARAUDEAU, 2010c, online). Em outro texto, Charaudeau (2011) trata as
ciências da linguagem como parte das disciplinas de corpus: compilação de dados
linguísticos (sob a forma de textos escritos ou orais, de documentos diversos, de
observações empíricas selecionadas ou de sondagens provocadas) que são
constituídos em objeto de análise.
A problemática, para o teórico francês, é um conjunto coerente de
proposições hipotéticas (ou de postulados) que “determina um objeto, um ponto de
vista de análise e um questionamento por oposição a outros questionamentos
possíveis” (CHARAUDEAU, 2011, p. 10). O mesmo autor considera que um corpus
depende do tratamento que damos a ele.
A metodologia para o presente trabalho consiste em uma investigação
descritiva com abordagem qualitativa e exploratória. Assim, usaremos como método
o estudo de caso. Gil (1994) entende que é o método mais adequado para
83
pesquisas exploratórias e considera que “o estudo de caso é caracterizado pelo
estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir
conhecimento amplo e detalhado do mesmo” (GIL, 1994, p. 78). Para o autor, a
análise de uma unidade de um determinado universo possibilita compreender a sua
generalidade.
Os programas televisivos caracterizados como de divulgação científica são o
nosso objeto de estudo. A base teórica, o Discurso das mídias de Charaudeau, e
alguns textos da linha de pesquisa sobre Ciência da Informação. A análise dos
assuntos foi desenvolvida com base na estrutura do programa televisivo, a partir da
identificação categórica apresentada, ou seja, o conteúdo das matérias veiculadas
nos programas analisados.
O objetivo é levantar possíveis dados, recuperados dos programas de
televisão e que podem ser inseridos em um acervo audiovisual. Tal estrutura poderá
contribuir na construção dos metadados para a futura indexação dos conteúdos
veiculados. Assim, o tipo de emissão é a divulgação científica pela televisão,
apresentada por jornalistas, além do apoio dos especialistas entrevistados. A
amostra é formada por três programas sobre ciência e tecnologia, com transmissão
pela mídia televisiva, recuperados entre os meses de outubro de 2012 e fevereiro de
2013.
Esperamos realizar a categorização dos assuntos sobre C&T, para o
arquivamento dos documentos audiovisuais no CAPTE.
4.1
SELEÇÃO DOS PROGRAMAS
A seleção dos programas baseou-se nas características discursivas
apresentadas por Charaudeau:
O discurso de análise que propomos tem as seguintes propriedades:
construção racional de seu objeto segundo critérios precisos (construção do
corpus), o que permite conferir os resultados das análises; determinação de
um instrumento de análise que sirva de base às interpretações produzidas
ulteriormente; processo de interpretação que implique uma crítica social,
não como ideologia (se a crítica fosse direcionada, perverteria o objetivo
científico), mas como processo que faz descobrir o não dito, o oculto, as
significações possíveis que se encontram por trás do jogo de aparências
(CHARAUDEAU, 2010a, p. 29).
84
Consideramos as definições de Charaudeau (2011) ao apresentar as
características de um corpus de análise do discurso, como um corpus de discurso,
uma construção resultante de diversos tipos de agrupamentos: a) corpus segundo o
paratexto (de palavras, de enunciados, de modos de enunciação); b) interdiscurso
(saberes de conhecimento, saberes de crença); e c) situação (locutores, finalidade e
dispositivo). Os canais escolhidos foram Rede Globo (TV aberta), Rede Minas (TV
estatal) e Globo News (TV por assinatura). Não comparamos o tipo de TV de cada
canal (aberta, pública e privada), mas as estruturas dos programas, os atores
envolvidos e os conteúdos disseminados para o telespectador. A seleção do corpus
foi baseada em temas comuns aos três programas.
4.1.1 Delimitação do corpus
Inicialmente definimos quais programas deveriam ser observados para a
pesquisa. O primeiro critério definido estava relacionado à nacionalidade. O
programa deveria ser veiculado por um canal brasileiro e tratar diretamente do tema
ciência, tecnologia e meio ambiente. Recuperamos um total de 13 programas,
relação apresentada no capítulo 2 sobre C&T: Globo Repórter, Globo Rural, Globo
Ciência, Programa Cidades e Soluções, Globo News Ciência e Tecnologia, Globo
News Saúde, Globo Mar, Globo Universidade, Globo Ecologia, Repórter Eco,
Programa Aventura Selvagem e TV é Ciência.
Em outro momento, definimos que os programas deveriam demonstrar que a
C&T era o conteúdo principal da produção. Acompanhamos as chamadas na TV e a
divulgação em outras fontes, como a internet. Chegamos a quatro produções: Globo
Ciência, Globo News Ciência e Tecnologia, Repórter Eco e Futurando. Este foi o
último programa a entrar na seleção, pois sua estreia na TV ocorreu em 14 de
outubro de 2012.
Para trabalharmos com uma amostra qualitativa de dados, concluímos que
três programas seria o número ideal para análise. Logo, o Repórter Eco, apesar de
veicular conteúdo sobre C&T, tem como assunto principal o meio ambiente. Por
esse motivo, não foi selecionado para o conjunto principal.
85
4.1.1.1
Globo Ciência
Exibido desde 1984, o Globo Ciência é o programa de divulgação científica de
maior longevidade na TV brasileira. O programa se caracteriza como tradutor de
conceitos da ciência e tecnologia para o público em geral. Mostra como o
conhecimento científico pode contribuir para melhorar a vida dos telespectadores.
Com aproximadamente 25 minutos de duração, o Globo Ciência é um dos
programas que integram o Globo Cidadania, exibido nas manhãs de sábado pela
Rede Globo, e também faz parte do Canal Futura, às sextas-feiras, com reprises aos
sábados e domingos. O Globo Ciência é apresentado por Alexandre Henderson.
No período entre novembro e fevereiro de 2013, foram recuperados os
seguintes programas:
86
QUADRO 4 - Globo Ciência
Fonte: Autoria nossa.
Em 2012, o programa adotou uma nova proposta. O semanal é iniciado com
uma pergunta. Os questionamentos são enviados pelos telespectadores e, a partir
deles, o programa é produzido.
Identificamos que alguns programas selecionados eram reprises, ou seja,
foram veiculados em datas anteriores e foram reproduzidos no período que nós
estabelecemos para o levantamento. Tal ocorrência foi detectada principalmente no
período entre dezembro 2012 e fevereiro de 2013.
4.1.1.2
Futurando
O Futurando é um programa de ciência, meio ambiente e tecnologia,
desenvolvido pela TV alemã Deutsche Welle. O programa é uma parceria entre os
87
canais alemão e brasileiro. De acordo com os produtores, o programa mostra, cada
semana, projetos inovadores com imagens de alta qualidade e uma linguagem clara.
O programa é transmitido aos sábados, às 14h, pela Rede Minas.
A Rede Minas é uma TV pública, do estado Minas Gerais. Atualmente, é
considerada uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). No
site do Observatório da Radiodifusão Pública na América Latina,26 são apresentadas
as seguintes informações sobre o canal: i) a missão é contribuir para o
desenvolvimento intelectual, social e econômico de Minas Gerais, promovendo seus
valores e o intercâmbio com outros agentes de educação e cultura, por meio da
produção e veiculação de programas de televisão de interesse público; ii) o modelo
de financiamento é fonte de recursos provindos de receitas próprias com a venda de
patrocínio, apoios culturais e licenciamento de marcas para investimentos em
marketing. A interação com público é realizada pelo Fale Conosco do canal (via
site).
O Futurando é apresentado direto da Alemanha, pela jornalista e
coordenadora editorial Nádia Campos:
26
OBSERVATÓRIO DA RADIODIFUSÃO PÚBLICA NA AMÉRICA LATINA. Disponível em:
<http://www.observatorioradiodifusao.net.br/index.php?option=com_content&view=article&i
d=1041%3Arede-minas-tv&catid=304%3Atvs&Itemid=382>. Acesso em: 2 ago. 2013.
88
QUADRO 5 – Programas selecionados do Futurando
(continua)
89
QUADRO 5 – Programas selecionados do Futurando
(conclusão)
Fonte: Autoria nossa.
Detectamos que uma das características do conjunto de programas
selecionados é a interdisciplinaridade dos temas na mesma edição. Em um dos
programas parte significante das matérias é produzida na Alemanha.
4.1.1.3
Globo News Ciência & Tecnologia
Semanalmente apresenta assuntos sobre ciência e tecnologia. O programa é
transmitido pelo canal Globo News, TV por assinatura.
Na grade do programa, a sinopse apresenta as seguintes informações: “as
pesquisas, descobertas e invenções que mudam o cotidiano”. De acordo com o
canal, o programa revela o trabalho e a dedicação de pessoas que lutam para
manter o país no mapa da ciência mundial.
O primeiro nome da produção foi Espaço Aberto Ciência & Tecnologia. Em
março de 2012, o programa completou 10 anos de vida. Naquele mês, duas
reportagens especiais foram produzidas. Os produtores reuniram repórteres que já
atuaram no projeto para lembrar momentos importantes da área.
A atração já foi apresentada por vários profissionais. Atualmente, o principal é
o jornalista Luís Fernando Silva Pinto.
90
QUADRO 6 – Programas avaliados do Globo News Ciência e Tecnologia
Fonte: Autoria nossa.
4.2
CORPUS
Lembramos que a instância de produção midiática tem no jornalista uma
figura importante, independentemente do seu papel. A instância de produção pode
ser considerada como organizadora do conjunto do sistema de produção e também
da enunciação discursiva da informação. Já a instância de recepção é o destinatárioalvo ou a instância público. Para análise dos programas científicos, nos baseamos
no contrato de comunicação para a instância midiática, no qual há a relação de
91
quem detém o saber (nesse caso a mídia televisiva) e quem hipoteticamente não o
detém (telespectador).
Levamos em conta as estratégias de encenação da informação. Para o
entendimento do discurso da ciência, foram consideradas as estratégias de
comunicação: legitimação, credibilidade e captação, tendo como sujeitos a instância
de produção e o telespectador. Foram analisados também os meios adotados pela
instância de produção para “conquistar” a instância de recepção: o papel do
jornalista neste contexto, as visadas discursivas (instrução, informação e captação)
e a construção da notícia.
Apresentamos as palavras de Charaudeau (2010a) ao conceituar o
subgênero entrevista jornalística. Nos programas de divulgação científica, há o
predomínio da entrevista de especialista (ou de expertise). Tem como propósito
técnico os aspectos da vida científica. Um especialista, desconhecido do grande
público, com suposta competência reconhecida, é convidado a dar explicações
simplificadas sobre um determinado assunto. Para o teórico francês, a entrevista de
especialista “é um gênero que se resume a fornecer à opinião pública um conjunto
de análises objetivas, trazendo a prova de sua legitimidade pelo ‘saber’ e pelo ‘saber
dizer’” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 215).
O material audiovisual recuperado foi reproduzido textualmente. Ressaltamos
que não realizamos a transcrição de vídeo propriamente dita, pois não foram
adotadas técnicas e nem utilização dos símbolos da transcrição para este trabalho.
Assim, predomina a fala coloquial na reprodução textual dos programas
selecionados. Todo material (aproximadamente 1 hora de gravação) está registrado
nos apêndices:

Apêndice A: Globo Ciência;

Apêndice B: Futurando;

Apêndice C: Globo News Ciência & Tecnologia.
92
QUADRO 7 – Programas selecionados
Programas
GLOBO CIÊNCIA
Canal de
emissão
Apresentador(a)
Rede Globo;
Futura
Alexandre
Henderson
Crimes virtuais,
disco rígido de um
computador,
computação em
nuvem
Sábado
Temáticas
Dia da semana
Horário de
exibição
Tempo total
Bloco (nº)
Data de exibição
FUTURANDO
GLOBO NEWS CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
Rede Minas
Globo News
Nádia Campos
Luís Fernando Silva
Pinto
Viagem pelo espaço,
terceira idade e mundo
digital
Arte digital e
Hackerspaces
Sábado
Segunda-feira
06h20min
14h00
21h30min
19 min 10s
3
12-01-2013
27min 00
2
16-02-2013
Uma incrível viagem pelo
espaço. Para começar, o
programa mostra a
construção do maior e
mais potente telescópio
terrestre, o European
Extremely. A missão desse
equipamento será
desvendar os mistérios da
Via Láctea e dos buracos
negros. Continuando a
viagem, uma reportagem
mostra os planos da
Agência Espacial Europeia
para 2013. Já no campo
da aprendizagem, a
terceira idade prova que
tem habilidade para lidar
com as novidades do
mundo digital.
22 min 34s
2
03-12-2012
Resumo27
Programa mostra
como funciona um
computador,
analisa se é
possível recuperar
arquivos deletados
e explica o que é
computação em
nuvem
Uma nova geração de
artistas usa a arte digital
para criar suas imagens.
Um grupo de criadores
de aplicativos está
transformando tablets e
telefones nas telas de
pintura da era digital.
Fonte: Autoria nossa.
Adiantamos que outros dados poderiam ter sido utilizados para a pesquisa,
como as legendas dos programas selecionados e suas dublagens. Dois programas
escolhidos foram produzidos no exterior e, logo, reportagens traduzidas e
legendadas, para o português, contemplam nosso corpus. Apesar dessas ricas
fontes de informação, a tradução não foi o nosso foco de análise nesse momento.
27
Informações recuperadas nos sites das emissoras.
93
Baseamos a escolha em um tema comum aos três programas. Em nosso
trabalho, percebemos que as áreas que envolvem a ciência da computação foram
abordadas pelas três atrações. Por esse motivo, os programas foram selecionados.
Adiantamos que os dados, imagens e comentários são apresentados na seguinte
ordem: Globo Ciência, Futurando e Globo News Ciência e Tecnologia. Em alguns
casos, apresentaremos os temas discutidos a partir das situações ocorridas em cada
programa.
4.2.1 Categorias de análise
Os programas científicos analisados foram estruturados da seguinte forma:
Apresentação e Temas.
Na apresentação, destacamos a vinheta dos programas, os enunciadores
(apresentadores) e as chamadas.
Vinheta - “marca a abertura, intervalo ou o fim do telejornal. Normalmente é
composta de imagem e música característica”.28 Na definição de David-Silva (2006),
as vinhetas normalmente exibem a simbologia de um mundo controlado, tornado
próximo e disponível pela mediação televisiva. É a marca de um programa e possui
uma função fática. Busca prender a atenção do telespectador.
Enunciadores (instância de produção) – os jornalistas recuperados nos programas
científicos estão definidos nas seguintes categorias:
a) Apresentador – aquele que questiona, fazendo o papel do cidadão,
reformulando e simplificando as explicações com intuito de tornar a entrevista
viva e atraente;29
b) Repórter/narrador – aquele que fora do estúdio faz a narração do fato a ser
reportado;30
28
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS. Centro de Apoio a
Pesquisas sobre Televisão Laboratório de Pesquisas Interdisciplinares em Informação Multimídia.
Telejornal: particularidades e conceitos. Belo Horizonte: PIIM Lab, 2012. Trabalho não publicado.
p. 10.
29
Consideramos também o conceito apresentado por David-Silva (2006), para quem o especialista é
aquele responsável pela enunciação em estúdio. No nosso caso, é o condutor do programa
científico.
94
Os Temas são os assuntos apresentados nos programas. Foram estruturados
em Matérias e Entrevistas.
Reportagem - Matéria desenvolvida por uma equipe de jornalista, visando à
apuração completa dos fatos. É realizada fora do estúdio.31
a) Capital verbal – tempo de fala dos enunciadores;
b) Capital visual – tempo de exposição dos atores e das imagens relacionadas à
C&T.
Entrevista (contexto científico) - Tem como propósito técnico os aspectos da vida
científica.
Destacamos os entrevistados como os enunciadores cumprindo os seguintes
papéis:
a) Especialista – aquele que possui a competência reconhecida ou suposta; não
é conhecido do grande público; é convidado/entrevistado para responder
questões técnicas e/ou científicas, simplificando a explicação para o público
leigo;
b) Vox populi – “pessoas interrogadas ao acaso pelo repórter e que transmitem
a sua opinião sobre o fato em questão”.32
Consideramos a chamada como um pequeno resumo da reportagem. É
usada tanto na abertura do programa, como nas escaladas de um bloco para outro.
Quanto aos discursos, retomamos as definições dos capítulos anteriores:
Discurso televisivo – tem o objetivo de prender a atenção do público;
Discurso científico – segue uma estrutura já estabelecida nas instituições de
pesquisas e ensino, além dos pesquisadores envolvidos.
30
DAVID-SILVA, 2006, p. 150.
DAVID-SILVA, 2006, p. 107.
32
DAVID-SILVA, 2006, p. 150.
31
95
FIGURA 4- Esquema das categorias de análise
Fonte: Autoria nossa.
Destacaremos também o conteúdo televisivo no processo de indexação pelo
profissional responsável.
As imagens dos programas televisivos estão acompanhadas com a
informação do tempo. Foram considerados os minutos e segundos de parte do
vídeo. Ex: Tempo: [04:06 a 04:18] leia-se Tempo: [04minutos e 06 segundos a 04
minutos e 18 segundos].
96
5
ANÁLISES: CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA TV
Apresentamos a análise dos programas de divulgação científica selecionados
para o nosso trabalho. Observamos o papel dos jornalistas, o tempo de fala dos
atores, as imagens, símbolos, temas e espaços em que as matérias foram
desenvolvidas. Em nossa pesquisa, observamos a participação da instância de
produção e da instância de recepção no desenvolvimento de um programa de
divulgação científica para a TV. A instância de produção é formada pelos jornalistas
(apresentadores, repórteres, produtores e narradores). Já a instância de recepção é
formada pelos telespectadores que são o alvo da instância de produção. Na maioria
das vezes, são tratados de forma generalista.
Buscamos identificar as estratégias discursivas da instância de produção com
o intuito de prender o interesse da instância de recepção (telespectadores). Outra
tarefa é identificar quais informações podemos considerar para a indexação de
produções técnico-científicas em um sistema audiovisual.
5.1
APRESENTAÇÃO DOS PROGRAMAS
Entendemos que a abertura do programa é uma das estratégias para a
captação da instância de recepção. É o momento de conquista e também de criar
um clima de curiosidade para as matérias do programa.
5.1.1 Vinhetas e aberturas
Ao analisar programas jornalísticos, Braigh (2012) afirma que devemos
procurar pensar no estabelecimento de um processo comunicativo entre as vinhetas
e o seu público-telespectador. Devemos perceber as relações com elementos da
cultura popular, além de se levar em conta o que isso revela sobre as atrações. Os
programas Globo Ciência e Globo News Ciência e Tecnologia dedicam tempo
restrito para as vinhetas de abertura dos programas. Os semanais da Globo e Globo
News vinculam o símbolo da emissora à palavra ciência. No caso do Globo News,
há o acréscimo de imagens de objetos e pessoas que são tema das reportagens. Já
o programa da Rede Minas também apresenta um símbolo, porém este pertence ao
canal alemão.
97
Dos três programas, apenas o Globo Ciência tem a abertura iniciada
imediatamente após a vinheta. As reportagens são citadas previamente pela
jornalista Sandra Annemberg.33 Após a breve apresentação da jornalista, a imagem
do Globo Ciência é ativada e recebe o destaque para o início da vinheta.
FIGURA 5 – Globo Cidadania
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
FIGURA 6 – Vinheta do Globo Ciência [Tempo: 00:51 a 00:53]
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
FIGURA 7 – Abertura do Globo Ciência
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
33
Adiantamos que esse dado é apenas informativo e não fez parte de nossas análises.
98
As outras duas produções adotam uma estrutura diferente. Primeiro, a
chamada com os temas principais (escalada)34 e, posteriormente, a abertura.
No Futurando, primeiramente há a apresentação do símbolo da empresa
alemã de televisão, Deutsche Welle. Esta é responsável pela produção do
programa. A imagem aparece antes da vinheta de abertura do programa.
FIGURA 8 – Vinheta da emissora Deutsche Welle
Fonte: DW, 2013, online.
O Futurando é a produção que apresenta a abertura mais elaborada, com
imagens de indivíduos em atividades da comunidade técnico-científica. As
vestimentas e os acessórios também fazem alusão ao espaço de um laboratório de
pesquisa. O programa traz uma abertura futurista, ao apresentar uma realidade dos
espaços de pesquisa diversa do contexto de laboratórios brasileiros. As cores
branca e amarela são predominantes e são mecanismos imagéticos atraentes para
o telespectador. Outra estratégia adotada é apresentar pessoas envolvidas com
pesquisa e experiências científicas.
Destacamos também a presença de uma criança no filme. A participação do
menino nos remete a uma aproximação da ciência ao universo infantil (telespectador
do mundo real), no qual se inicia o processo de curiosidade, argumentações e a
busca por respostas.
Há também o envolvimento de outros personagens. Homens e mulheres são
atores do processo de pesquisa técnico-científica. Para Braigh (2012), a vinheta
combina os elementos sonoros e visuais com o objetivo de exercer um determinado
tipo de afetação no público-telespectador. O mesmo autor destaca que as vinhetas
televisivas apresentam um vínculo sociocultural.
34
Conjunto de frases de impacto, ou manchetes, sobre os assuntos em destaque na edição de um
telejornal. Normalmente ela abre o programa.
99
FIGURA 9 – Abertura do programa Futurando [Tempo: 00:01 a 00:17]
Fonte: FUTURANDO, 2013.
O Globo News Ciência e Tecnologia não possui uma abertura padrão para o
programa. Em cada edição, é mostrada a vinheta do canal com o nome do
programa. Aparecem imagens de pessoas e objetos presentes nas matérias que
serão veiculadas.
Lembramos que, antes da abertura, o jornalista divulgou os temas das
reportagens do dia.
100
FIGURA 10 – Vinheta de abertura do Globo News Ciência e Tecnologia [Tempo:
01:30 a 01:43]
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012.
A proximidade entre a ciência e os símbolos das emissoras pode construir
uma relação de confiança entre telespectadores e canais de televisão. As
emissoras, a partir de outras atrações, estão credenciadas como fonte confiável de
informação, além de serem um dos veículos de comunicação principais a que a
população tem acesso. Ganham o reconhecimento do público, pois, além de
entretenimento, esporte e política, também se tornam disseminadoras de pesquisa e
do conhecimento.
5.1.2 A produção televisiva e seus atores para a C&T: os apresentadores
A seguir, apresentamos a instância de produção envolvida no contexto
científico. Cada jornalista em seus respectivos programas.
Ao considerarmos que o jornalista tem a função de transmitir informação,
recuperamos as palavras de Charaudeau (2010a). Para ele, o profissional tem dois
101
papéis: o de pesquisador-fornecedor e o de descritor-comentador da informação. O
primeiro está vinculado à ideia das fontes, de tratamento. O segundo é direcionado a
um público especializado, reduzido. Este último papel gera um problema para o
profissional, pois não contribui em fornecer informação ao maior número possível de
telespectadores. Neste sentido, as informações de um discurso científico são
transformadas para a televisão.
Apresentamos aqui os jornalistas dos programas estudados: Alexandre
Henderson, Nádia Pontes e Luís Fernando Silva Pinto. O primeiro apresenta o Globo
Ciência. Nádia é responsável pelo Futurando e Luis Fernando comanda o Globo
News Ciência e Tecnologia.
Alexandre Henderson35 trabalha no programa desde 2007. Ele é ator por
formação. Começou sua carreira atuando em teatro, novelas e cinema. Alexandre já
escreveu alguns livros infantis. Os estudos em jornalismo aconteceram a partir de
2005. Nesse período, ele trabalhou em atividades que valorizavam a cultura negra.
Posteriormente, foi convidado para ser protagonista do semanal científico na rede
Globo.
FIGURA 11 – Apresentador do Globo Ciência
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
A apresentadora da atração Futurando, Nádia Pontes,36 também é a
coordenadora editorial. Ela está na Alemanha desde 2010, onde desenvolve seus
projetos com outros brasileiros, na Deutsche Welle. A jornalista acumula mais de 10
anos de experiência. Trabalha no Futurando desde março de 2012. A estreia em
Minas Gerais ocorreu no mês de setembro do mesmo ano.
35
Informações no blog da Globo. Disponível em: <http://bloglog.globo.com/alexandrehenderson/>.
Acesso em: 2 ago. 2013..
36
Informações no site da Deutsche Welle. Disponível em: <http://www.dw.de/deutsche-wellelan%C3%A7a-programa-sobre-inova%C3%A7%C3%A3o-cient%C3%ADfica-para-o-brasil/a16238158>. Acesso em: 2 ago 2013.
102
FIGURA 12 – Apresentadora Nádia do Futurando
Fonte: FUTURANDO, 2013.
Luís Fernando Silva Pinto é o apresentador do Globo News Ciência e
Tecnologia. Ele trabalha para as Organizações Globo de televisão desde 1976. Já
trabalhou em jornalísticos como o Bom Dia São Paulo e o Fantástico. Porém, grande
parte de sua carreira é destacada pela atuação internacional. Como correspondente,
realizou matérias diretamente de Nova York, Londres, Madri, Buenos Aires e
Washington.37
FIGURA 13 – Apresentador Luís Fernando
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012.
Dos três apresentadores, Alexandre é o jornalista que adota as características
mais informais, representadas pela linguagem verbal (uso da fala coloquial),
vestuário e gestos. O público recebe as informações coletadas de forma múltipla, em
diferentes ambientes. Não está fundamentado teoricamente, mas talvez a formação
cênica do jornalista contribua na maneira de expor os conhecimentos científicos: ora
como jornalista, ora como um especialista, ou como o telespectador que expõe uma
curiosidade. As gravações do Globo Ciência são externas e não há um estúdio fixo.
37
Informações
do
Portal
dos
Jornalistas.
Disponível
<http://www.portaldosjornalistas.com.br/perfil.aspx?id=3109>. Acesso em: 2 ago. 2013.
em:
103
Na edição selecionada, Alexandre visitou um curso de computação gráfica no Rio de
Janeiro e a unidade da Polícia Federal nesse estado. Já em Recife, ele visitou a
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), algumas ruas da capital e uma
empresa de computação em nuvens.
O jornalista do Globo News, na edição selecionada, também não aparece em
estúdio. As matérias foram gravadas em Washington e Nova York.
Nádia Campos é a única que atua em um estúdio. Ela está envolvida com as
chamadas de cada reportagem.
Ainda no contexto da instância de produção, destacamos os narradores
vinculados ao Futurando. Conforme comentamos, o programa trata de matérias
produzidas fora do Brasil. Por esse motivo, as reportagens são narradas em
português. Recuperamos os nomes nas artes do programa: Roselaine Wandscheer;
Maurício Cancillieri; Kamila Rutkosky; Ivana Ebel; Regina-Soares-Engels.
Lembramos que os três jornalistas aqui citados têm a responsabilidade de
informar temas complexos para telespectadores que, na maioria das vezes, não
estão qualificados adequadamente para recebê-las. Charaudeau (2010a), ao tratar
sobre a informação como discurso, entende que, na construção do sentido
(processo de transformação e transação), o ato de informar faz circular entre os
parceiros um objeto de saber que um possui e o outro não, estando um deles
encarregado de transmitir e o outro de receber, compreender, interpretar, a
informação sofrendo ao mesmo tempo uma modificação com relação ao estado
inicial do conhecimento.
Assim, entendemos que a proposta da instância de produção dos três
veículos segue o conceito anterior, mas a informação é adaptada para o público que
não possui o conhecimento da informação que será recebida, mas é um interessado.
5.1.3 E as chamadas?
As chamadas sintetizam os temas abordados pelos programas. Observamos
que há destaque para as matérias mais importantes para a instância de produção.
Para isso, algumas estratégias são adotadas. Estas são percebidas na entonação
das vozes e na apresentação das imagens.
Vejamos os exemplos retirados do corpus.
104
Globo Ciência (Alexandre)
- Imagine uma situação. Você quer vender seu computador e não quer que ninguém veja o
que tem nele. Então, você apaga tudo, deleta tudo, e fica tranquilo, certo? Não devia. Mas
para entender por que, a gente vai responder à pergunta do internauta Emanuel Aldo de
Oliveira. Ele é de Santos, litoral de São Paulo e quer saber: "Para onde vão os arquivos
deletados do computador?"
- Estou num curso de computação gráfica, aqui no Rio de Janeiro e vou pedir ajuda a esses
estudantes. [...] (APÊNDICE A).
FIGURA 14 – Chamada do Globo Ciência
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
Na transcrição, anterior observamos uma pergunta. Esta é respondida pelos
estudantes do curso de computação gráfica. Este processo do questionamento é
frequente no restante do programa. As dúvidas sempre são levadas a um
especialista que possa respondê-las.
Não há destaque para o restante da produção. Entendemos que a estratégia
tenta reproduzir, para o telespectador, o processo de argumentação dos meios
científicos. Dúvida, pesquisa e solução.
Futurando (Nádia)
- O Futurando hoje começa com as câmeras voltadas para fora da Terra. Nós vamos
investigar como os terráqueos acompanham tudo o que se passa lá em cima, no espaço.
Com apoio da tecnologia e dedicação dos cientistas, o homem expande seus limites para
fora do planeta e você nos acompanha nessa jornada intergaláctica que está só começando.
- Nas montanhas do Havaí, um centro de vigilância contra cometas e asteroides. No espaço,
uma super câmera digital vai mapear um bilhão de estrelas. E no planeta Terra, a mistura de
arte e técnica no mundo virtual. (APÊNDICE B).
105
FIGURA 15 – Chamada do Futurando
Fonte: FUTURANDO, 2013.
Nádia destaca as principais matérias do programa diretamente de um estúdio,
onde toda a encenação acontece.
Globo News Ciência e Tecnologia (Luís Fernando)
- Pintar com os dedos é brincadeira de criança? No passado pode ter sido, mas hoje artistas
estão aproveitando a multiplicação das telas, dos tablets, dos smartphones, para criar uma
nova forma de expressão. Arte que é literalmente digital. Eles são os artistas móveis.
[...]
- Quem vê grandes empresas dominando o setor de tecnologia pode não se lembrar que
muitas delas começaram dentro de garagens. Hoje os novos espaços de criação científica e
tecnológica são diferentes. Biólogos, químicos, engenheiros, designers estão se reunindo
em espaços de trabalho coletivo, como esse aqui. Eles são muito mais baratos, são muitas
vezes improvisados, mas funcionam com um ingrediente muito importante: a liberdade de
criação. Eles são os hackerspaces, que você vai conhecer agora no Globo News Ciência e
Tecnologia. (APÊNDICE C).
FIGURA 16 – Chamada do Globo News Ciência e Tecnologia
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012.
Luís Fernando faz a chamada do programa em dois ambientes. Primeiro em
área externa, onde parte da matéria sobre arte digital foi gravada. Depois, para falar
do segundo tema do programa, o jornalista faz a chamada em um laboratório de
pesquisa em biotecnologia.
Consideramos que as chamadas tentam captar o público para acompanhar
toda a produção. Um exemplo vem do Globo Ciência, que adota um discurso de
106
alerta. Tenta orientar os espectadores sobre as armadilhas do uso do computador. A
preocupação é reforçada pela pergunta de um internauta. Interpretamos a iniciativa
como a ponte entre o programa da Globo e a curiosidade do público em geral. Logo,
o Globo Ciência se apresenta como um veículo qualificado para responder aos
questionamentos do público.
O programa da Rede Minas aponta o tema principal da edição ao falar sobre
o espaço, a Via Láctea. Posteriormente, são apresentados os outros temas. Após
assistirmos a toda a gravação, confirmamos que nem todos os assuntos foram
citados na parte inicial. Neste contexto, e já pensando no trabalho de um indexador,
apontamos a relevância em se conhecer toda a edição de um programa televisivo.
Neste caso, e dependendo do contexto de recuperação de dados, o indexador terá
como política assistir a todo o material midiático, para que possa contribuir no
processo de tratamento e recuperação dos assuntos pelos usuários do sistema.
O material audiovisual científico do Globo News mescla belas imagens e
sons. A trilha sonora escolhida é envolvente. Há ainda interação do uso da
computação tanto na matéria sobre arte móvel, como na matéria sobre
biotecnologia: arte digital e cultura hacker de pesquisa.
Retomamos aqui a informação apresentada no capítulo anterior. A ciência da
computação foi o tema que contribuiu na reunião dos três programas para a análise.
Assim, não consideramos apenas o uso do computador, mas todas as aplicações
com características técnico-científicas. Observamos que apareceram matérias que
em o assunto principal era de outras áreas do conhecimento, mas mesmo assim foi
possível apontarmos a influência computacional e cibernética nestes temas.
5.2
ANÁLISE MIDIÁTICA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: A TEMÁTICA DOS
PROGRAMAS
A partir dos dados recuperados, apresentamos análises voltadas para a
formatação de um programa sobre divulgação científica.
Com base em Charaudeau (2010), verificamos que a informação como
discurso está retratada nos programas selecionados. O autor explica a mecânica de
construção
do
sentido,
a
natureza
do
saber
(conhecimento,
crenças
e
representações), efeitos de verdade (por que e quem informar, quais são as provas).
Para os programas científicos, destacamos uma das características referente às
107
provas. Para o teórico francês, a explicação é caracterizada pela possibilidade de se
determinar o porquê dos fatos, o que os motivou, as intenções e a finalidade
daqueles que foram protagonistas. Para o autor, “o ideal de uma boa explicação
consiste em poder remontar à origem dos fatos; a verdade de ordem epistêmica se
confunde aqui com o conhecimento original” (CHARAUDEAU, 2010a, p. 56). Assim,
analisamos os programas a partir desta ótica. Lembramos que os programas
técnico-científicos adotam a estratégia apresentada por Charaudeau: recorrem à
palavra dos especialistas, peritos e intelectuais por meio da exposição de opiniões,
entrevistas, interrogatórios e debates em busca de uma verdade consensual.
5.2.1 As matérias
Ao todo, foram recuperadas 13 reportagens, desenvolvidas na seguinte
estrutura:

Globo Ciência
►
1 tema desmembrado em 3 reportagens

Futurando
►
2 temas distribuídos em 8 reportagens

Globo News C&T
►
2 temas e 2 reportagens
A produção do Globo Ciência discutiu as atividades que envolvem o
computador. As matérias foram apresentadas pelos seguintes temas: (i) arquivos
deletados, (iii) crime virtual e (iii) computação em nuvem. A rede social foi outro tema
desenvolvido nas reportagens. Um assunto estava vinculado ao outro e foi
apresentado em forma de questionamentos, curiosidade. Além da pergunta enviada
pelo internauta, o jornalista fez deduções e levava as dúvidas a quem estava
qualificado para respondê-las. Estas aparecem no desenvolvimento da matéria
seguinte, conforme a FIGURA 17.
FIGURA 17 – Alexandre faz uma pergunta
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
Globo Ciência (Alexandre)
108
- Tudo que entra no computador fica registrado no disco rígido, inclusive os arquivos
deletados. Por isso que eles podem ser recuperados. Você quer saber como isso é feito?
Tive uma ideia. Eu vou à Polícia Federal. Você deve estar se perguntando o que a Polícia
Federal tem a ver com isso [...] (destaque nosso) (APÊNDICE A).
O programa Futurando desenvolveu dois grandes temas em oito reportagens.
No primeiro bloco, o espaço foi apresentado da seguinte forma: (i) buraco negro, (ii)
observação do espaço, (iii) viagem espacial, (iv) cientista. Já no segundo bloco, o
assunto foi o mundo virtual em mais quatro matérias: (v) mundo virtual e os idosos,
(vi) aulas pela internet (ensino a distância), (vii) resistência à modernidade
tecnológica e (viii) arte, paisagem e internet.
A jornalista Nádia faz a apresentação e as chamadas diretamente do estúdio.
FIGURA 18 – Chamada do próximo bloco
Fonte: FUTURANDO, 2013.
Futurando (Nádia)
- Depois dessa viagem pelo espaço, o Futurando navega pelo mundo virtual. No próximo
bloco, você verá como a internet mudou para sempre o cotidiano em várias partes do globo.
Mesmo quem não abre mão da tradição no processo industrial precisou se adaptar ao
universo on-line. Futurando volta já. (APÊNDICE B)
A produção do Globo News Ciência e Tecnologia divulgou as matérias sobre
hackerspaces e arte digital. A primeira foi realizada em um laboratório que segue a
cultura hacker. Os cientistas possuem diversas formações e trabalham em um
espaço independente, com equipamentos de segunda mão. A arte digital, tema da
segunda matéria, aparece em suportes eletrônicos utilizados atualmente como
celulares, smartphones, tablets e computadores. Tais ferramentas contribuíram no
surgimento de artistas com habilidades tecnológicas que desenvolvem trabalhos
artísticos.
109
FIGURA 19 – Hackerspaces e arte digital
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012.
Cada bloco foi dedicado a uma área diferente. A produção foi realizada nos
Estados Unidos. Os entrevistados são americanos e as entrevistas foram realizadas
em inglês. A legenda em português foi utilizada para a veiculação das entrevistas.
Exemplo:
- Algumas pessoas perceberam antes. Elas deram início a um movimento chamado Diybio
que era, basicamente, biologia amadora [...]. (APÊNDICE C)
FIGURA 20 – Legenda em português
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012.
Percebemos que, no contrato de comunicação midiática, a instância de
produção para alcançar seu objetivo, levar informação para o telespectador, adaptou
o conteúdo ao perfil dos telespectadores. Consideramos a legenda em português
como forma de facilitar o acesso à informação. O programa é do Brasil, onde se fala
português e a maioria dos telespectadores não tem o domínio do inglês.
Na página Globo.com há um espaço dedicado ao programa. Além de
contribuir para a divulgação das matérias, o site armazena os vídeos por um
determinado período. Observamos que a forma praticada pelos organizadores da
página, indiretamente, interfere na divulgação de matérias veiculadas. O site destaca
110
apenas uma das matérias. Para a edição que nós pesquisamos, o destaque foi dado
para a produção da arte digital. Veja-se a FIGURA 21:
FIGURA 21 – Divulgação do programa
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012.
A matéria sobre os hackerspaces não foi citada na página Globo.com. O tema
só foi apresentado nas chamadas do programa.
5.2.1.1
Capital verbal
Retomamos o papel dos sujeitos comunicantes que podem ser desdobrados
em vários enunciadores. Os jornalistas cumprem o papel de apresentadores e
narradores. Os especialistas são os pesquisadores, professores, instrutores, ou seja,
aquele que detêm o conhecimento técnico ou científico. O público em geral também
está inserido neste grupo.
No Globo Ciência e no Globo News, os jornalistas atuam em diferentes
papéis: apresentador, repórter e narrador. O primeiro papel acontece na
apresentação do programa, quando os assuntos são disseminados. O repórter
pergunta, está atrás da notícia. Cumpre um papel de investigação. Busca as fontes,
procura demonstrações. Por último, é o papel do narrador. Este narra os fatos em
que o destaque são as imagens e/ou pessoas.
No Futurando, essa divisão dos papéis é feita de forma explícita. Nádia é a
apresentadora. As matérias são repassadas pelas vozes dos narradores. Nós não
analisamos a dublagem.
111
FIGURA 22 – Identificação da narração
Fonte: FUTURANDO, 2013.
Quanto à narração das imagens, compartilhamos a definição de David-Silva
(2005), em que a imagem aponta para a existência da coisa mostrada. Conforme a
autora: “Na narrativa do acontecimento, o valor dêitico da imagem adquire extrema
importância, uma vez que reforça o caráter de real da imagem veiculada” (DAVIDSILVA, 2005, p. 140).
TABELA 1 – Capital verbal
Globo Ciência
Total
Futurando
Total
Globo News Ciência e
Tecnologia
Total
Entrevistados
Especialistas
Repórter /
Narrador
Papéis Comunicativos/enunciadores
Apresentador
Programas de divulgação
científica
46,61%
_
48,80% 4,57%
46,61%
53,38%
20%
47,23% 21,17% 11,59%
67,23%
32,76%
6,38% 30,85% 62,76%
_
37,23%
62,76%
Fonte: Autoria nossa.
O Globo News dá mais voz aos especialistas. Está claro na gravação que o
jornalista tem o papel de intermediar o conhecimento do especialista ao
telespectador. O jornalista Luís Fernando destaca-se pelas narrações, na introdução
das matérias. Há uma situação em que a entrevistada ocupa um tempo considerável
de fala. Foram quase dois minutos em que a artista digital falou da sua experiência
com um tablet.
112
FIGURA 23 - Tempo de fala de especialista
Fonte: GLOBO NEWS, 2012.
Repórter Luís Fernando
- Mas trabalhar em telas virtuais tem desafios. O principal, como transformar arte móvel em
meio de vida. (APÊNDICE C).
Tempo: [19:46 a 19:56]
Artista digital Mia Robinson
- Eu acho que o principal retorno que muitos de nós recebem agora é simplesmente expor.
É um meio jovem, e eu acho que o desafio que nós enfrentamos, principalmente como
artistas plásticos... Se você é ilustrador, pode trabalhar num estúdio, fazer animação, essas
coisas. Mas, para um artista plástico, é mais difícil viver da arte, porque muitas pessoas não
associam artes plásticas ao mundo digital, se é que você me entende. Originalmente só se
pintava em telas, pois só se tinha a tinta e a tela, entende? Mas, com as ferramentas
digitais, nós temos apenas um arquivo digital. Eu acho que, com o tempo, à medida que as
pessoas começarem a perceber que a arte digital é mais do que apenas manipular uma foto,
que tem gente gerando imagens a partir de desenhos em aparelhos – e não apenas em
aparelhos móveis, mas em grandes também. À medida que as pessoas forem mais
expostas a isso, começarão a aceitar melhor, e você então verá um artista, como eu, ou
alguns colegas meus, vivendo disso. Hoje, o que nós fazemos, especialmente na minha
organização, é tentar fazer pessoas conhecerem essa ferramenta e mostrar a elas,
mostrando que há artistas muito talentosos usando esses aparelhos minúsculos para fazer
coisas incríveis. O trabalho artístico é brilhante, entende? E acho que é isso que as pessoas
precisam ver. Pelo menos por ora. Eu não ficaria triste de ganhar dinheiro com isso...
(APÊNDICE C)
Tempo: [19:57 a 21:44]
No
Futurando, a
voz predominante
são
as vozes jornalísticas.
A
apresentadora e os narradores contribuem com aproximadamente 70% da fala do
programa.
113
GRÁFICO 1 - Tempo de fala dos atores
Tempo de fala dos atores
Globo Ciência
Futurando
Globo News Ciência e Tecnologia
67%
47%
63%
53%
37%
Jornalistas
33%
Especialistas /
Entrevistados
Fonte: Autoria nossa.
Ao todo, são dedicados 19min10s de programa para o Globo Ciência,
27min00 ao programa Futurando e 22min34s ao programa da TV por assinatura
Globo News Ciência e Tecnologia.
5.2.1.2 Capital visual – A ciência em imagens
Conforme definições apresentadas em nosso referencial teórico, a televisão é
uma narrativa de sons e imagens em movimento. A linguagem curta e envolvente
também é aplicada no trato da ciência para a mídia de massa.
SITUAÇÃO 1
Globo Ciência38
FIGURA 24 – Livros
Tempo:[04:06 a 04:18]
38
FIGURA 25 - Gráficos
Tempo: [04:50 a 05:42]]
Todas as imagens foram retiradas do programa Globo Ciência.
114
FIGURA 26 – Planeta Terra
Tempo: [05:59 a 06:00]
FIGURA 27 -Demonstração
Tempo: [06:21 a 07:32]]
FIGURA 28 – Computador
Tempo: [03:11 a 03:39]
FIGURA 32 - Computação em nuvem
Tempo: [10:58 a 12:05]
FIGURA 29 - Computadores
Tempo: [03:11 a 03:39]
FIGURA 30 - Disco rígido
Tempo: [06:21 a 07:32]
FIGURA 31 - Disco rígido 2
Tempo: [07:58 a 08:22]
115
SITUAÇÃO 2
Futurando39
39
FIGURA 33 – Telescópio
Tempo: [01:37 a 01:59]
FIGURA 34 - Buraco Negro
Tempo: [02:20 a 04:44]
FIGURA 35 – Telescópio 2
Tempo: [01:37 a 01:59]
FIGURA 36 - Imagens celestes
Tempo: [10:55 a 13:18]
FIGURA 37 – Telescópio 3
Tempo: [05:28 a 07:17]
FIGURA 38 – Tablet
Tempo: [14:07 a 14:25]
FIGURA 39 - Telescópio e ilha celeste
Tempo: [08:33 a 08:43]
FIGURA 40 – Videoconferência
Tempo: [19:27 a 19:43]
Todas as imagens foram retiradas do programa Futurando.
116
FIGURA 41 - Projeto Sworm
Tempo: [09:55 a 10:37]
FIGURA 42 – Tecelagem
Tempo: [20:08 a 20:51]
FIGURA 43 - Máquina digital
Tempo: [26:07 a 26:16]
FIGURA 44 – Rede social e arte
Tempo: [25:51 a 26:06]
SITUAÇÃO 3
Globo News Ciência e Tecnologia40
40
FIGURA 45 – Laboratório
Tempo: [01:43 a 02:52]
FIGURA 46 - Equipamentos
Tempo: [05:05 a 05:25]
FIGURA 47 - Arte digital
Tempo: [14:16 a 14:38]
FIGURA 48 – Tablet
Tempo: [14:47 a 15:08]
Todas as imagens foram retiradas do programa Globo News Ciência e Tecnologia.
117
FIGURA 49 - Tela digital
Tempo: [16:26 a 16:51]
Percebemos que ciência e tecnologia se complementam também no suporte
televisão. As práticas se misturam dificultando o processo de seleção do que é
ciência e o que pertence à tecnologia.
5.2.2 A hora da entrevista: os papéis do especialista e o Vox Populi
A partir dos três programas recuperamos a presença de 25 entrevistados
envolvidos com a C&T. São 15 instituições, 10 cidades e 18 formações profissionais.
Para análise, consideramos 12 papéis enunciativos: aluno, artista, astronauta,
delegado, diretora, empresário, estudante, instrutora, mecânico, pesquisador,
presidente, professor. Onze pessoas foram entrevistadas no Globo Ciência, porém
não há a identificação nominal, apenas a imagem.41 A mesma situação ocorreu no
Globo News.
Destacamos que a ciência e a tecnologia não são exercidas apenas por
indivíduos com formação acadêmica, mas por profissionais de todas as áreas da
sociedade.
Embora a atividade científica, ao longo dos séculos, se profissionalize, se
institucionalize, ganhando uma certa autonomia em relação a outras
atividades sociais, econômicas e culturais, ela se dá, e sempre se deu,
dentro da sociedade, e esta autonomia é apenas relativa. Ainda que as
relações entre a esfera científica e outras esferas da sociedade tenham se
alterado com o passar dos séculos, ainda que variem conforme a área de
conhecimento, de tecnologia e do país em questão, o fato de ela jamais ser
totalmente independente, faz com que as interlocuções envolvidas em sua
produção não se restrinjam exclusivamente ao campo dos especialistas. A
questão do que é “interno” ou “externo” à atividade científica é uma questão
complexa se considerarmos que a ciência se produz na sociedade e que
sua produção é algo extremamente complexo cujos atores envolvidos,
41
Imagens no tópico 5.2.2.2 Vox Populi.
118
direta ou indiretamente, jamais são exclusivamente os cientistas (SILVA,
2006, p. 55-56).
Apresentamos o eu enunciador representado pelos especialistas e pelos
entrevistados. Percebemos os diferentes papéis enunciativos nos três programas.
5.2.2.1
Os especialistas
Apresentamos, a seguir, imagens e nomes dos especialistas e entrevistados
dos três programas. Os nomes estão ordenados alfabeticamente e são conteúdos
recuperados
nas
três
produções.
Em
cada
imagem,
há
o
nome
do
especialista/público. A informação estava disponível na arte de cada programa. O
mesmo ocorre com o papel social de cada entrevistado. Utilizamos os termos
adotados por cada emissora.
FIGURA 50 - Adriano Sarmento (Globo
Ciência)
Professor; Doutor em Ciência da
Computação; Universidade Federal de
Pernambuco / Centro de Informática
FIGURA 51 - Andre Homberg (Futurando)
Mecânico;
Tecelagem
Kafka
119
FIGURA 52 - Barbara Glittenberg (Futurando)
Professora
de
inglês;
Empresária;
Kafka
costureira;
Escola
FIGURA 53 - Christine Niehage (Futurando)
Tecelagem
FIGURA 54 - Clayton da Silva Bezerra (Globo Ciência)
Delegado;
Polícia
FIGURA 55 - Don Lee (Globo News Ciência e Tecnologia)
Artista digital; Nomadbrush
Federal
120
FIGURA 56 - Ellen Jorgensen (Globo News Ciência e Tecnologia)
Presidente
[pesquisadora];
da
Aposentado;
Heimstiftung
[aluno];
Genspace;
Genspace
FIGURA 57 - Erich Kölling (Futurando)
Bremer
FIGURA 58 - Félix Both (Futurando)
Aluno; Escola (Inselschule Langeoog)
FIGURA 59 - Gisela Tongers (Futurando)
Diretora;
Langeoog)
Escola
(Inselschule
121
FIGURA 60 - Ilsemarie Sturk (Futurando)
Aposentada;
Heimstiftung
[aluna];
Bremer
FIGURA 61 - Jochen Liske (Futurando)
Pesquisador; astrônomo; European
Extremely Large Telescope
FIGURA 62 - Johann-Dietrich Wörner (Futurando)
Pesquisador; Centro Aéreo Espacial
Alemão
FIGURA 63 - Jutta Croll (Futurando)
[Pesquisadora];
Chancen
Fundação
Digitale
122
FIGURA 64 - Mia Robinson (Globo News Ciência e Tecnologia)
Artista digital; Fundadora de uma
associação de artistas digitais móveis
FIGURA 65 - Nills Wettstein (Futurando)
Aluno; Escola (Inselschule Langeoog)
FIGURA 66 - Olivier Medvedik (Globo News Ciência e Tecnologia)
Pesquisador;
Genspace
Biólogo
Molecular;
FIGURA 67 - Patrícia Chad (Futurando)
Pesquisadora; Astrofísica; Instituto
Max Planck de Física Extraterrestre
123
FIGURA 68 - Rodrigo Assad (Globo Ciência)
Pesquisador e [empresário]; Doutor
em Ciências da Computação e
Especialista na área de Segurança de
Sistemas; USTO.RE [Empresa de
computação em nuvem]
FIGURA 69 - Rolf-Peter Kudritzki (Futurando)
Pesquisador; astrônomo; Instituto de
Astronomia do Havaí
FIGURA 70 - Rosemarie Hanke (Futurando)
Aposentada; Bremer Heimstiftung
FIGURA 71 - [Sem identificação]
[Artista digital]; Estúdio de arte
124
FIGURA 72 - Silvio Meire (Globo Ciência)
Pesquisador; Doutor em Ciência da
Computação; Universidade Federal de
Pernambuco / Centro de Informática
FIGURA 73 - Simon Beck (Futurando)
FIGURA 74 - Ulrike Peters (Futurando)
Artista das Montanhas
Instrutora; Bremer Heimstiftung
Percebemos que, em quase todas as imagens, o especialista/público está
identificado pelo nome. Abaixo da identificação há também o papel comunicativo
(determinado pela produção). Há casos em que recuperamos a imagem do
indivíduo, sem o nome. Para exemplificar, apresentamos o caso do pesquisador
Adriano Sarmento, da UFPE. Lembramos que os dados sobre o professor foram
recuperados na fala do apresentador do Globo Ciência.
125
SITUAÇÃO 1
Globo Ciência
FIGURA 75 – Identificação do pesquisador
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
Alexandre (Globo Ciência)
- Aqui é o Centro de Informática da Universidade Federal do Pernambuco, a UFPE.
Considerado uma referência na área. Deixa eu apresentar para vocês Adriano Sarmento.
Ele é doutor em microeletrônica e professor aqui da UFPE. Adriano, vamos antes de mais
nada esmiuçar este computador. (negrito nosso) (APÊNDICE A).
SITUAÇÃO 2
Futurando
Outro caso de personagem sem identificação nominal está representado no
exemplo seguinte. A narração é de Kamila Rutkosky:
FIGURA 76 - Mestre em tecelagem
Fonte: FUTURANDO, 2013.
- As fitas fazem sucesso. As máquinas trabalham aqui sem parar. Às vezes uma delas para
de funcionar. É hora desse aposentado de 71 anos entrar em ação. O mestre em tecelagem
126
é especializado nesse tipo de máquina. Hoje um profissional em extinção. O cartão
perfurado fornece os comandos para o tear. Esses já estão muito desgastados. O mecânico
veterano faz novos furos. É a experiência de quem fez isso muitos anos no passado. O
funcionário tenta absorver este conhecimento rapidamente. (negrito nosso) (APÊNDICE B).
As imagens do mestre já apontam a importância dele na tecelagem. Pelo
texto, percebemos que são anos de experiência no manuseio dos equipamentos.
Caso o personagem seja registrado em um sistema audiovisual, a profissão e o local
de trabalho seriam as fontes de recuperação.
SITUAÇÃO 3
Globo News Ciência e Tecnologia
FIGURA 77 – Entrevistado sem identificação
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012.
Apresentador Luís Fernando
- É uma cena conhecida. Em um estúdio, o artista observa a modelo e, com o seu pincel,
cria a imagem. Durante séculos este foi o meio de expressão clássico. Mas hoje a forma de
criar uma imagem está mudando rapidamente. A arte digital já se popularizou em museus e
festivais de inovação eletrônica, mas não só isso. Um grupo de criadores está
transformando tablets e telefones nas telas de pintura da era digital. (APÊNDICE B)
Entrevistado (sem identificação)
- O que fazemos aqui é tentar criar alguma diversão, arte móvel, alguma excitação para o
movimento, educar e reunir pessoas de todo o mundo que amam fazer arte em seus
dispositivos móveis (APÊNDICE B).
127
5.2.2.2 Vox Populi
Destacamos a presença da Vox Populi, pessoas interrogadas ao acaso pelo
repórter e que transmitem a sua opinião sobre um fato, apenas no semanário Globo
Ciência. Nas ruas de Recife, algumas pessoas foram abordadas pela equipe do
programa. O assunto envolvia temas sobre a computação em nuvem e thin client. O
repórter perguntava: “Você sabe o que é thin client (cliente magro)”?
A partir da edição do programa, para cada pergunta, alguns entrevistados
respondiam negativamente. Ao final, surgem as pessoas que dominam o assunto
questionado. A partir dessas falas, o programa tem continuidade com os
especialistas.
Percebemos também o papel do jornalista em relação ao público externo. O
profissional faz uma pergunta para pessoas comuns. Entendemos que a expectativa
da instância de produção é que o público questionado não saiba a resposta, já que
este não está inserido no contexto técnico-científico apresentado pelas entrevistas
anteriores. Nesse mecanismo, interpretamos que o Globo Ciência reforça a
importância do programa para o telespectador. O programa leva conhecimento a
quem não tem.
FIGURA 78 – Vox Populi (ruas de Recife)
(continua)
1
2
3
4
128
FIGURA 78 – Vox Populi (ruas de Recife)
conclusão
5
6
7
8
Apresentador Alexandre
- Você sabe o que é thin client (cliente magro)?
- 1º entrevistado: Não.
- 2° entrevistado: Sei de nada disso.
- 3º entrevistado: thin cliente.
- 4º entrevistado: Cliente magro? Eu hahahaha.
Apresentador Alexandre
Você sabe o que é a computação em nuvem?
- 5º entrevistado: A nuvem representa a internet.
- 6º entrevistado: A nuvem seria um conceito de uma rede onde vc bota seus dados, sei lá,
vídeos, essas coisas. Tudo o que você quer guardar, na verdade (APÊNDICE A).
5.2.2.3
Citação de outras personalidades: fala e imagem
Na veiculação dos programas, observamos que algumas citações foram
realizadas pelos jornalistas e especialistas. Consideramos que outros dados
relevantes podem ser apontados para a indexação, como personalidades,
instituições, fatos e nomes conceituados para a área de C&T.
129
SITUAÇÃO 1
Globo Ciência
Alexandre
- [...] Eu tenho mais uma curiosidade. Eu já sei o que acontece quando eu deleto um arquivo
e se eu estiver usando uma rede social e quiser apagar a informação que eu coloquei, será
que é possível?[...] (APÊNDICE A).
Pesquisador Silvio Meire:
- Imagine que elas não existissem. Lá no passado a gente escrevia diários. Cadernos de
papel que a gente colocava coisas relevantes da nossa vida, pregava fotos, fazia desenhos,
comentava a vida. Imagine que eu implemente isso, que escreva software, que virtualiza
diários, que cria abstrações, que cria sistemas que vão representar esses diários. Imagine
um pouco mais que a gente vai compartilhar a informação entre diários. Que eu vou chamar
pessoas para participar do meu diário. Ou seja, que eu vou deixar que pessoas escrevam o
meu diário, que eu possa ver as manifestações delas, sobre as vidas delas, e que ao
mesmo tempo elas vejam o que estou falando no meu diário. Diários eletrônicos em grupo.
Isso é o que são redes sociais (APÊNDICE A).
Durante a fala do pesquisador, as seguintes imagens foram apresentadas:
FIGURA 79 – Imagens do filme Rede Social
Fonte: Globo Ciência, 2012.
O filme não é mencionado no diálogo entre o jornalista e o pesquisador. Há
somente a explanação do conceito sobre rede social. Entendemos que a
informação, em imagens, deva ser considerada como um dado de recuperação para
os pesquisadores de um sistema de pesquisa audiovisual.
130
SITUAÇÃO 2
Futurando
Pesquisador Simon
- As duas primeiras horas eu gasto na medição. É preciso se concentrar muito para não
errar nenhuma linha, pois não há possibilidade de refazê-la. Depois disso, tudo fica mais
fácil. Daí eu começo a ouvir música e faço o desenho até o fim.
Narradora Ivana Ebel
- A música de Beethoven o acompanha nas 10 horas de luta, contra o frio e o vento a 3.000
metros de altitude.
Enquanto a narradora fala sobre Beethoven e o artista Simon, imagens são
exibidas ao som do compositor citado:
FIGURA 80 – O artista e a música de Beethoven
Fonte: FUTURANDO, 2013.
SITUAÇÃO 3
Globo News Ciência e Tecnologia
Luís Fernando
- Número 2066 da Crist Drive, Los Altos, Califórnia. Esse foi o endereço onde dois Steves
transformaram a história da tecnologia. Steve Jobs e Steve Wozniak iniciaram a Apple
dentro dessa pequena garagem. Transformaram um local que guardava carros e pequenas
quinquilharias num berço dos computadores pessoais. De lá pra cá, lugares pouco
convencionais, de trabalho colaborativo, se multiplicaram. Hoje, pessoas com interesse em
comum, quando conseguem um pequeno financiamento e acham um lugar descolado, criam
um hackerspace (APÊNDICE C).
131
FIGURA 81 – Steve Jobs e Steve Wozniak
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012.
Toda a fala do jornalista é exemplificada com imagens da rua, do número da
casa, dos dois Steves e da história da Apple. A ideia é vincular o evento ao novo
movimento de trabalho colaborativo, conhecido como hackerspace.
No mesmo programa, em matéria sobre arte digital, recuperamos uma citação
indireta por meio da imagem. Uma arte digital também faz referência a Steve Jobs:
FIGURA 82 – Arte digital de Steve Jobs
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012.
Na edição, Steve Jobs é citado nas duas reportagens, tanto para tratar da
biotecnologia como no desenvolvimento da arte digital.
132
5.2.3 Discursos televisivo e científico
No capítulo 2, fundamentamos nosso conceito sobre televisão em texto de
Patrick Charaudeau, o qual define o suporte como fala e imagem e vice-versa. A
seguir, destacamos algumas imagens e as respectivas falas que foram transmitidas
pelos programas.
Globo Ciência (Alexandre Henderson)
- O disco rígido, Hard Disc, ou simplesmente HD, foi inventado nos anos 50. Ele armazena
arquivos e programas enquanto não estão em uso e quando o computador é desligado. É
um dos componentes que envolvem tecnologia. O disco rígido tem uma grande influência
sobre a performance do computador, pois é ele quem determina os descarregamentos dos
programas e abertura e salvamento dos arquivos (APÊNDICE A).
FIGURA 83 – Hard disc
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
Futurando (Narrador Maurício Cancillieri)
- E assim será o novo telescópio. O diâmetro do espelho principal terá quase 40 metros. O
equipamento poderá captar muito mais luz que os melhores observatórios em operação na
atualidade. Suas imagens serão 15 vezes mais nítidas que as do famoso telescópio espacial
Hubble. O novo equipamento terá uma missão especial. Observar e analisar um dos
fenômenos mais exóticos do universo: os buracos negros. Um lugar inimaginável, onde
matéria extremamente compactada se concentra em um ponto, onde tempo e espaço
simplesmente deixam de existir. Tudo que chega perto de um buraco negro desaparece
para sempre. Nem mesmo a luz pode escapar.
Os astrônomos também querem investigar o centro da nossa galáxia: a via láctea. Lá existe
um enorme buraco negro, com uma massa 4 milhões de vezes maior que a massa do sol.
Esse peso pesado tem grande influência sobre a órbita das estrelas próximas. Os cientistas
querem usar o buraco negro como laboratório, estudar suas particularidades. A ideia é
comparar os processos descritos na teoria da relatividade de Einsten com os fenômenos
que acontecem lá. Como estrelas se movimentam em enormes campos gravitacionais, por
exemplo. Assim, as teses fundamentais da cosmologia poderão ser comprovadas.
Recentemente, os astrônomos descobriram uma nuvem de gás que será engolida por um
buraco negro nos próximos anos. Eles querem agora acompanhar este processo e ver como
a matéria se comporta perto desta armadilha gravitacional. O novo telescópio também irá
mostrar como os buracos negros influenciam a evolução de galáxias. Uma importante
133
questão da astronomia. Para isto é necessário que o espelho do gigantesco telescópio seja
polido com exatidão de milionésimos de milímetro. Até mesmo um pequeno grão de poeira
sobre um segmento poderia arruinar as imagens obtidas (APÊNDICE B).
FIGURA 84 – Sequência de imagens de buracos negros
Fonte: FUTURANDO, 2013.
FIGURA 85 – Astronauta
Fonte: FUTURANDO, 2013.
2013 será movimentado na área espacial. No caso da Agência Espacial Europeia, as
novidades vem do setor de viagens tripuladas e da estação espacial internacional. O
astronauta italiano Luca Parmitano será enviado à estação onde vai coordenar 20
experimentos. Muitos deles são alemães, já que a Alemanha é um dos países mais ativos
na estação (APÊNDICE B).
134
FIGURA 86 – Bússola
Fonte: FUTURANDO, 2013.
Narração de Ivana Ebel
- Usando uma bússola o artista desenha os contornos das esculturas geométricas na neve.
Ele busca inspiração em modelos matemáticos e na simetria de jardins de templos
japoneses (APÊNDICE B).
Globo News Ciência e Tecnologia
Narração de Luís Fernando
- A equipe da Genspace construiu uma série de experimentos, capazes de gerar tecnologias
importantes no futuro. Há pouca gente, pouco espaço, e muito equipamento de segunda
mão, mas sobra vontade de produzir e inovar. O objetivo da cultura hacker é modificar,
transformar o que existe. Ellen Jorgensen, presidente da Genspace, coordena um projeto
com estudantes de diversas partes do mundo. Eles estão competindo com vários outros
centros de pesquisa, na tentativa de criar uma bactéria geneticamente modificada, diferente
de todas as que existem na natureza. Por que é mais fácil para ele trabalhar aqui do que
trabalhar na faculdade?[...] (APÊNDICE B).
FIGURA 87 – Sequência de imagens de bactéria
Fonte: GLOBO NEWS CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2012.
135
Globo News Ciência e Tecnologia
FIGURA 88 – Objetos da ciência
Fonte: GLOBO NEWS..., 2013.
Luís Fernando (narração)
- Aqui em Nova York, prédios que antes eram usados por fábricas, agora estão abrigando os
laboratórios como este da Genspace. A organização permite que pessoas comuns tenham
acesso a áreas da ciência, como a biotecnologia, que antes eram reservadas aos grandes
laboratórios (APÊNDICE C).
As belas imagens reforçam a necessidade dos divulgadores científicos da TV
de conquistar a credibilidade dos telespectadores por meio da comprovação.
Consideramos a imagem como prova de fala da instância de produção. No entanto,
não podemos deixar de analisar o seu uso como uma estratégia de captação, uma
vez que a “beleza” do desconhecido mescla a prova do real com um efeito de ficção
atraindo a atenção do telespectador.
5.3
MITO, CRENÇA E IMAGINÁRIO NOS PROGRAMAS CIENTÍFICOS
Recuperamos as palavras de Siqueira (2010), que apresenta o mito como a
esfera do simbólico e a ciência como a esfera da racionalidade. Estamos de acordo
que na televisão mito e ciência podem se comunicar. Sobre a crença, retomamos o
conceito de Charaudeau (2010a), o qual considera esta vinculada à interpretação. O
imaginário é retratado pelo teórico como o que está além do real, está na
imaginação. A partir desta breve contextualização, analisamos algumas ações nas
reportagens apresentadas.
136
5.3.1 Tratamento: quem são os doutores?
Neste contexto sobre mito, crença e imaginários, destacamos uma ocorrência
do Globo Ciência referente ao tratamento do jornalista para com os especialistas
entrevistados. Observamos que o apresentador adotou formas diferentes de dialogar
com seus especialistas.
Em toda a edição foram identificados três doutores por formação: um com
doutorado em microeletrônica e os outros dois em ciência da computação. Dos
quatro entrevistados, somente o delegado da Polícia Federal foi tratado pela palavra
doutor. Não estamos criticando a situação, que pode ter ocorrido naturalmente. O
fato é que o programa de divulgação científica reproduziu uma situação de senso
comum, quando advogados (e médicos) são tratados como doutores. O interessante
nesse caso está balizado pelas outras entrevistas. Quando havia motivo para o
convidado ser tratado como doutor, o tratamento foi diferente.
É o imaginário coletivo apontado por Charaudeau.
Globo Ciência
SITUAÇÃO 1
FIGURA 89 - Alexandre (jornalista)
- Eu vou conversar com o Dr. Cleyton da
Silva Bezerra. Ele é delegado da polícia
federal. Doutor, por que em algumas
investigações a polícia federal apreende
os computadores dos suspeitos? (negritos
nossos)
FIGURA 90 - Cleyton da Silva Bezerra (delegado)
- Com a expansão da tecnologia, a
invasão da tecnologia em nossas vidas,
tudo o que hoje nós fazemos ficam no
computador. São fotos, são arquivos, são
informações, troca de comunicação. Tudo
hoje tá dentro do computador. Hoje em dia
cada vez menor, então, o computador é
apreendido assim como um caderno, uma
agenda, como qualquer outro objeto que
137
poderia nos trazer uma elucidação de um
crime
SITUAÇÃO 2
FIGURA 91 – Alexandre 2 (jornalista)
-
Aqui é o Centro de Informática da
Universidade Federal do Pernambuco, a
UFPE. Considerado uma referência na
área. Deixa eu apresentar para vocês
Adriano Sarmento, ele é doutor em
microeletrônica e professor aqui da UFPE.
Adriano, vamos antes de mais nada
esmiuçar este computador. (negrito
nosso)
FIGURA 92 - Adriano Sarmento (prof.)
- Certo, vamos lá. É. Bom. Tem vários
componentes aqui no computador. Então,
vou explicar, mostrar só os mais
conhecidos, os mais importantes. [...]
SITUAÇÃO 3
FIGURA 93 – Alexandre 3 (jornalista)
- Estou em uma empresa de computação
em nuvem, criada por pesquisadores aqui
do Recife. Rodrigo Assad é um dos
fundadores. Ele é doutor em Ciências da
Computação e Especialista na área de
Segurança de Sistemas. Bem, aqui eu
tenho um thin cliente, o cliente magro [...].
(negrito nosso)
138
FIGURA
94
-
Rodrigo
Assad
(especialista)
- Esse é um processo muito simples. Essa
caixinha, na verdade tem apenas essa
imagem, que ela fica transmitindo. E todo
restante ela obtém dos nossos servidores
[...]
SITUAÇÃO 4
FIGURA 95 – Alexandre 4 (jornalista)
- [...] Aqui em Recife tem um dos mais
importantes pesquisadores brasileiros da
Ciência da computação. Eu vou conversar
com ele. Aqui é o Centro de Informática
da Universidade Federal de Pernambuco
e eu vou conversar com Silvio Meira. Ele
é um doutor em Ciência da Computação.
Sílvio, como é que funciona uma rede
social na internet? (negrito nosso)
FIGURA 96 - Silvio Meira (especialista)
- Imagine que elas não existissem. Lá no
passado a gente escrevia diários.
Cadernos de papel que a gente colocava
coisas relevantes da nossa vida, pregava
fotos, fazia desenhos, comentava a vida.
Imagine que eu implemente isso, que
escreva software, que virtualiza diários,
que cria abstrações, que cria sistemas
que vão representar esses diários [...].
Reproduzimos as palavras de David-Silva (2005) ao apresentar a identidade
na situação de comunicação:
A identidade dos parceiros depende de categorias de ordem psicossocial,
que podem ser analisadas não só quanto a idade, sexo, gênero, como
também em referência ao estatuto sócio-profissional do sujeito: se este é
professor, presidente, chefe, empregado. A observância e relevância de
alguns desses fatores dependerá da situação e da pertinência em analisálos. [...] (DAVID-SILVA, 2005, p. 39, negrito do original).
139
Tentamos recuperar mais informações, sobre o delegado, na internet. A
primeira fonte foi o currículo Lattes, sem sucesso. Fizemos a busca pela internet e
recuperamos a informação de que ele é Especialista em Direito e Processo Penal.
Nenhuma das fontes pesquisadas confirma o doutoramento do delegado.
5.3.2 Globo Ciência: estratégias para a interatividade
A comunicação científica ocorre entre os pares. Neste processo, os
pesquisadores
trocam
informações
sobre
suas
descobertas,
técnicas
e
metodologias. O questionamento e a curiosidade são marcas desse mecanismo de
comunicação para a busca do saber, do conhecimento.
Observamos que uma das marcas do Globo Ciência é a curiosidade retratada
pela produção a partir de perguntas. Consideramos que a estratégia simboliza o
ciclo científico e tecnológico, mas pode ser realizada por qualquer indivíduo da
sociedade.
No programa, as perguntas são realizadas pelo jornalista e/ou enviadas por
um telespectador. Em outro momento, algumas perguntas são repassadas para
pessoas leigas, pessoas comuns. Nas ruas, os entrevistados demonstraram
surpresa, desconhecimento e alguns até brincaram com a situação. Ao mesmo
tempo, indivíduos deram respostas coerentes. Este era o momento para o início da
matéria. Destacamos que a ordem segue o roteiro adotado pela instância de
produção.
SITUAÇÃO 1
Globo Ciência
FIGURA 97 – Estudantes do curso de computação gráfica
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
140
Apresentador Alexandre - Estou num curso de computação gráfica, aqui no Rio de Janeiro e
vou pedir ajuda a esses estudantes. Por acaso, você sabe para onde vão os arquivos
deletados do computador?
Estudante A
- Em algum local da torre. Ou da memória do computador. Talvez até no disco rígido. Não
sei.
Estudante B
- Bom, depende de como você deleta. Se você clica com mouse direito e aperta deletar, eles
vão pra lixeira. Já se você colocar Ctrl + Shift + Del, eles vão, automaticamente sair fora da
lixeira. Mas depois da lixeira, pra onde eu não sei.
Estudante C
- Fica armazenado à espera de um novo arquivo igual ou semelhante ele.
Após as respostas dos estudantes, o jornalista entra em cena para apresentar
a matéria. A curiosidade é novamente retratada pelo apresentador. Este tem o papel
de recuperar uma solução técnico-científica junto aos especialistas. A pergunta
exerce esse papel de despertar a curiosidade (estratégia de captação).
5.4
O REGISTRO DO AUDIOVISUAL: PROCESSO DE INDEXAÇÃO DE
CONTEÚDO E IMAGEM
A partir dos conceitos desenvolvidos no capítulo 2, entendemos que ciência e
tecnologia
buscam
objetivos
comuns,
os
quais
querem
contribuir
no
desenvolvimento da sociedade. Porém, as duas áreas adotam processos
específicos. Enquanto a ciência está diretamente ligada ao conhecimento, a
tecnologia está vinculada às técnicas e instrumentos para atender ao homem.
Apresentamos os conceitos anteriores para identificarmos a predominância
das áreas nos programas selecionados. Verificamos também os meios discursivos
adotados pelas empresas de televisão.
A partir dos temas apresentados na seção anterior, adiantamos que ambas
aparecem no corpus. Elas não são identificadas de forma clara pelo telespectador,
mas tentaremos desmembrá-las neste espaço. Lembramos que o tema que definiu a
seleção do corpus do nosso trabalho é a ciência da computação. A partir dessa
decisão, já tínhamos o indicativo de que a tecnologia seria o foco principal dos
programas.
Consideramos que, no processo de indexação de imagens televisivas, de
programas científicos, o indexador (instância da recepção midiática) tem o papel da
141
decisão, representado pelo contrato de comunicação proposto por Charaudeau. É o
indexador quem fará o filtro das informações que serão registradas ou não no
sistema.
Assim, buscamos monitorar o processo de transação (entre instância de
produção midiática e instância de recepção). Já que nosso contexto é o sistema
desenvolvido pelo CAPTE, e o perfil dos futuros usuários da base é formado por
pesquisadores, sugerimos que as informações registradas, inicialmente, sejam
dados recuperados nos programas. Um vocabulário controlado também deve ser
utilizado.
Destacamos, neste processo, que o indexador não está previsto pela
instância de produção. Recuperamos essas informações para acompanharmos as
possíveis dificuldades do profissional ao indexar as imagens televisivas.
Percebemos que existem informações relevantes para o trabalho do
profissional. Os dados comuns às três atrações são: nome do programa e nomes
dos apresentadores. No Globo Ciência, a mesma informação foi repassada de forma
verbal pelo apresentador no decorrer da reportagem. No Futurando, recuperamos a
localização, ora pela fala dos narradores, ora pelas imagens apresentadas. O Globo
News Ciência e Tecnologia também informou a localização por meio da fala do
apresentador, porém o canal adotou outra estratégia: o local da gravação, onde se
encontrava o jornalista. Este dado foi visualizado na arte com o nome do
profissional.
SITUAÇÃO 1
Globo Ciência
FIGURA 98 - Apresentador Alexandre
- Estou em uma empresa de computação
em nuvem, criada por pesquisadores aqui
do
Recife.
(negrito
nosso)
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
142
SITUAÇÃO 2
Futurando
FIGURA 99 - Narrador Maurício Cancillieri
- Ilhas no norte da Alemanha. Aqui as
escolas são pequenas e há poucos
professores.
(negritos
nossoss)
Fonte: FUTURANDO, 2013.
SITUAÇÃO 3
Globo News Ciência e Tecnologia
FIGURA
100
-
Luís
Fernando
(narração)
- Aqui em Nova York, prédios que antes
eram usados por fábricas, agora estão
abrigando os laboratórios como este da
Genspace. A organização permite que
pessoas comuns tenham acesso a áreas
da ciência, como a biotecnologia, que
antes eram reservadas aos grandes
laboratórios
(negrito
nosso).
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012
Assim, sabemos que parte do material do Globo Ciência foi desenvolvida
em Recife, a partir da fala do apresentador. O Futurando trata de uma
reportagem produzida em uma ilha do norte da Alemanha. Além das imagens,
a informação é repassada pelo narrador.
Somente o programa da TV por assinatura apresenta a informação na
arte, conforme a próxima imagem.
143
SITUAÇÃO 4
Globo News Ciência e Tecnologia
FIGURA 101 - Apresentador em Washington
Fonte: GLOBO NEWS..., 2012.
Em Washington, o jornalista construiu a matéria sobre a nova arte digital.
5.4.1 A recuperação dos vídeos por palavras: indexar o quê?
Apresentamos um conjunto de dados a partir da análise dos programas.
O intuito é demonstrar quais tipos de informações e dados podem ser inseridos
em um sistema audiovisual como o CAPTE. Informamos que os termos que
serão apresentados foram retirados das produções e das imagens. Não
adotaremos, para este trabalho, o uso do vocabulário controlado ou outro tipo
de padronização das informações. Porém, consideramos que este processo é
importante, pois contribui para a garantia da recuperação das informações com
baixo índice de revocação.
QUADRO 8 – Nomes de especialistas e entrevistados
(continua)
Adriano Sarmento
Andre Homberg
Barbara Glittenberg
Christine Niehage
Cleyton da Silva Bezerra
Don Lee
Ellen Jorgensen
Erich Kölling
Félix Both
Gisela Tongers
Ilsemarie Sturk
Jochen Liske
Johann-Dietrich Wörner
Jutta Croll
144
QUADRO 8 – Nomes de especialistas e entrevistados
(conclusão)
Luca Parmitano
Mia Robinson
Nills Wettstein
Olivier Medvedik
Patrícia Chad
Rodrigo Assad
Rolf-Peter Kudritzki
Rosemarie Hanke
Sílvio Meira
Simon Beck
Ulrike Peters
Fonte: Autoria nossa.
Além dos nomes, também foram identificadas 14 instituições nacionais e
internacionais. São empresas, centros de pesquisa, universidade e fundações.
QUADRO 9 – Nomes de instituições dos três programas
Agência Espacial Europeia
Ateliê
Bremer Heimstiftung
Centro Aéreo Espacial Alemão
Escola [Inselschule]
Fundation Digitale Chancen
Genspace
Instituto de Astronomia do Havaí
Instituto Max Planck de Física Extraterrestre
Polícia Federal
Tecelagem Kafka
Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE)
USTO.RE (Empresa de computação em
nuvem)
Fonte: Autoria nossa.
O nome USTO.RE, empresa de computação em nuvem, foi recuperado
ao final do programa.
145
FIGURA 102 – Nome da empresa de computação em nuvem
Fonte: GLOBO CIÊNCIA, 2012.
Andrade (2004) identificou as principais áreas do conhecimento
abordadas em matérias jornalísticas da televisão. Os temas mais abordados
foram: Ciências da Saúde, Meio Ambiente, Tecnologia, Ciências Humanas e
Sociais, Ciências Naturais, Ciências Exatas, Ciência na Sociedade. No
jornalismo nacional, Ciências da Saúde foi o tema mais produzido. Em nossa
pesquisa, apesar do predomínio da Ciência da Computação, pelos motivos já
destacados, outras áreas do conhecimento foram recuperadas: Astronomia,
Astrofísica, Biotecnologia, Arquitetura e Administração.
A seguir, apresentamos os termos recuperados nas transcrições dos
vídeos de cada programa. Decidimos apresentar no sistema de tags em
nuvens. Trezentas palavras estão apresentadas em cada figura:
FIGURA 103 - Globo Ciência (tags)
146
FIGURA 104 – Futurando (tags)
FIGURA 105 - Globo News Ciência e Tecnologia (tags)
5.4.2 Orientações para o modelo de política de indexação para o CAPTE
A partir das orientações da norma NBR 12676/1992 – Métodos para
análise de documentos: Determinação de seus assuntos e seleção de termos
de indexação –, repassamos algumas orientações que permitem indexar
termos de documentos televisivos, com intuito de facilitar a recuperação destes
dentro do sistema. O profissional responsável pela atividade deve observar as
seguintes orientações:

Primeira etapa:
147
a) Examinar o documento42 para estabelecer o assunto;
b) Identificar os conceitos presentes no assunto;
c) Traduzir os conceitos para os termos de indexação;
Para esta etapa, considerando nosso objeto de pesquisa, os
documentos audiovisuais são identificados como documentos não impressos,
na NBR 12676/1992. Entendemos que os dados apresentados pelos canais de
televisão não são suficientes para a indexação dos vídeos. Observamos que é
possível a recuperação de dados primários como título do programa e horário
de veiculação na mídia. As outras informações sobre tema, jornalistas,
entrevistados, local de gravação etc. dependem da visualização do programa.
Neste caso, sugerimos que o indexador assista ao programa na íntegra.

Segunda etapa:
a) Após exame completo do programa de televisão, o indexador deve
adotar uma abordagem sistemática para apontar os conceitos que a
serem descritos no sistema. A norma apresenta algumas perguntas que
devem ser realizadas, como: qual o assunto?
b) Os conceitos escolhidos devem levar em consideração o perfil da
comunidade de usuários que utilizará o sistema. Para o CAPTE, a
comunidade é formada por analistas do discurso que são pesquisadores
de diferentes áreas do conhecimento.
c) O indexador deve ter um conhecimento das ferramentas e dos assuntos
abordados em produções televisivas.
Sugerimos a tabela de classificação do conhecimento, desenvolvida pela
CAPES, como instrumento de apoio para o indexador. A tabela pode ser
adotada sempre que os documentos audiovisuais tratarem de temas
técnico-científicos.
42
Segundo a norma, o documento é qualquer unidade, impressa ou não, que seja passível de
catalogação ou indexação. Em nota, há a seguinte informação: “Esta definição se refere não
apenas a materiais escritos ou impressos em papel ou suas versões em microforma (p. ex.:
livros, jornais, diagramas, mapas), mas também a suportes não-impressos (p.ex.: registros
legíveis por máquina, filmes, gravações sonoras), objetos tridimensionais e realia usadas
como espécimens.”
148

Terceira etapa:
a)
O sistema de programas televisivos deve buscar sempre a
qualidade da indexação.
b)
Testes e atualizações devem ser realizados com frequência.
c)
O sistema deve ser flexivo. Mesmo com a adoção de um
vocabulário controlado, deve estar preparado para receber
novos termos de indexação.
A seguir, sugestão de campos para indexação de uma das matérias do
Globo Ciência. Percebemos a relevância das imagens nos programas
analisados. A informação imagética reforça o vínculo do contexto técnicocientífico à atração televisiva. As imagens, tanto nas vinhetas como nas
matérias, são estratégias para a captação do telespectador. O indexador deve
monitorar tais informações.
149
FIGURA 106 - Ficha de indexação de programas / matérias técnico-científicas
continua
PROPOSTA
SISTEMA DE INDEXAÇÃO DE VÍDEOS TELEVISIVOS (SIV/CAPTE)
Nome do programa: Globo Ciência
Canal de emissão: Rede Globo
Hora início: 06:20s
Data de exibição: 12/01/2013
Duração total da emissão: 19:10s
Dia da semana: Sábado
Número de blocos: 3
Apresentador(es): Alexandre Henderson
Localização: Cenário ___
Externa x
Local(is) do programa: Rio de Janeiro
Descrição cenográfica básica do programa: Locação externa (Rio de Janeiro e Recife)
Vinheta: 1
Abertura: Sim___ Não: x
Duração total: 2:59s
Escaladas: 1
Matérias: 3
Temáticas: 1
Entrevistas: 3
Cabeças: ___
Chamadas de bloco: 1
Imagens-chaves: Logomarca da Rede Globo, computador, disco rígido, livros, jaleco, memória
principal, universidade
Descritores:
Arquivo confidencial; computador; backup; Ciência da Computação; cliente magro; computação
em nuvem; computação em rede; crimes; crimes de alta tecnologia; dados pessoais; disco
rígido; rede social; internet; investigação cibernética; polícia federal; memória principal; meus
documentos.
RESUMO
Programa mostra como funciona um computador, analisa se é possível
recuperar arquivos deletados e explica a computação em nuvem.
150
FIGURA 106 - Ficha de indexação de programas / matérias técnico-científicas
conclusão
Matérias
Título da matéria: Para onde vão os arquivos deletados do computador?
Bloco:1
Tempo de emissão: 52s
Temática: Ciências Exatas e da Terra / Ciência da computação
Local (cidade, estado, país): Rio de Janeiro
Língua(s): Português
Imagens chaves: Computador; Brasão da Polícia Federal; livros; investigação técnico-científica
Trilha sonora: sim__ não_x_
Pessoas envolvidas
Repórter: Alexandre Henderson
Produtor:
Editor:
Narrador:
Cinegrafista:
Entrevistado (s): Clayton da Silva Bezerra
Papel social: Delegado
Vox populi: Sim___
Papel comunicativo: especialista
Não_x__
Instituições de pesquisa (especialistas)
Área(s) do conhecimento43: Ciências Sociais Aplicadas / Direito
Instituição / Empresa: Polícia Federal
Sigla:
Área de formação: [Direito]
Titulação: [Especialização]
Descritores:
Crimes; crimes de alta tecnologia; dados pessoais; disco rígido; rede social; internet;
investigação cibernética; polícia federal; meus documentos; Polícia Federal
Resumo
Trata dos crimes virtuais. O programa entrevista um delegado e fala da rotina técnico-científica
das investigações da Polícia Federal.
43
Tabela de conhecimento da CAPES
151
5.5
Discussão comparativa dos resultados
O estudo de caso permite uma análise geral do corpus, em diferentes
contextos, principalmente para o recorte da linguagem.
As especificidades da ciência e da tecnologia estão contextualizadas em
ambientes restritos de comunicação, que precisam ser adaptados para uma
linguagem coloquial, facilitando o acesso à informação da TV.
5.5.1 Ciência e Tecnologia
As áreas de ciência e tecnologia estão muito próximas em suas
atuações. Apresentamos a ciência vinculada ao conhecimento, em meio restrito
de comunicação, desenvolvida entre pares, além de ser reconhecida pelo
grande público como parte sólida do universo acadêmico. É praticada por
especialistas e tem como objetivo atender aos interesses da sociedade.
A tecnologia também busca atender às necessidades sociais, porém
está vinculada ao desenvolvimento de técnicas e instrumentos, além de possuir
características empresariais, para cumprir as demandas da indústria.
Concordamos com as palavras de Vieira (2009), ao definir a tecnologia como a
aplicação do conhecimento científico para o bem da humanidade.
Os cientistas e os tecnologistas têm papéis diferentes de atuação. A
comunicação científica é o meio para a troca de experiências e para o
desenvolvimento das pesquisas. O que muda são os produtos finais. O
cientista busca reconhecimento e dar visibilidade às pesquisas desenvolvidas.
Já o tecnologista, na maioria das vezes, atende a uma demanda específica de
mercado, e o retorno do seu trabalho está nos lucros.
A partir desta visão, os três programas audiovisuais analisados nos
apresentam a complexidade em se tratar de ciência e tecnologia juntas. A
divisão categórica de cada área não é prioridade das produções. Ciência e
tecnologia se complementam e diferenciá-las não é a forma mais atrativa para
captar a atenção do telespectador. Como a comunicação científica é
desenvolvida formalmente, a divulgação
das pesquisas
necessita de
transformações, de uma roupagem coloquial e imagética, aproximando-se da
espetacularização da ciência apresentada por alguns autores.
152
Para atender aos interesses econômicos dos canais de TV, e com base
nas matérias assistidas, observamos que a tecnologia, enquanto área do
conhecimento, possui as características ideais para a criação de estratégias,
em busca da captação do telespectador.
Tentamos apontar as reportagens e suas respectivas áreas de
conhecimento. A ciência, apresentada no capítulo 2, está presente nas
seguintes matérias:
No Futurando, destacamos as matérias sobre: (i) buraco negro, (ii)
observação do espaço, (iii) viagem espacial e (iv) cientista. Percebemos que a
física/astronomia, a partir de suas observações, teorias e pesquisadores
reforçam o imaginário coletivo, ao se destacar um “mundo” distante da nossa
rotina. As estrelas, o espaço, o astronauta, o observatório estão restritos ao
meio científico. A matéria sobre a pesquisadora astrofísica aproxima o cientista
ao mundo real, porém sua postura e área de atuação ainda são uma barreira
entre o real e o imaginário coletivo. Podemos relacionar a situação ao
intelectual discutido por Barthes (2001), no livro das Mitologias.
No Globo Ciência, em matéria sobre crimes virtuais, destacamos a
investigação cibernética como uma atividade científica. A rotina científica da
Polícia Federal demanda um processo de análise dos vínculos em bancos de
dados e usos de cartões bancários com intuito de identificar os envolvidos em
um crime cibernético.
O Globo News Ciência e Tecnologia trata dos hackerspaces. Eles
formam um grupo de pesquisadores, de áreas multidisciplinares, que se unem
para desenvolver pesquisas colaborativas em espaços de criação científica.
Neste vídeo, detectamos imagens, situações e objetos que retratam o
andamento de um laboratório. Além dos pesquisadores, existem os
microscópios, pepitas, jalecos, vitros, óculos de proteção e outros objetos
característicos do espaço laboratorial de pesquisa. Em especial, percebemos
que a realidade dos hackerspaces não é comum aos diversos laboratórios do
Brasil. As instituições dependem de recursos financeiros elevados para
fortalecer os espaços de pesquisa. Os hackerspaces constroem o espaço de
forma independente, com atores de diversas áreas, com o intuito de oferecer
as técnicas científicas, a baixo custo, para uma parcela da população que não
tem acesso às pesquisas de ponta.
153
Ou seja, a ciência para o social está presente na matéria. A busca pelo
reconhecimento e visibilidade das pesquisas (comunicação científica) pode ser
detectada no principal objetivo do laboratório: completar o sequenciamento do
perfil genético, acessível a qualquer pessoa.
A tecnologia está presente na produção dos três programas: o Globo
Ciência apresentou a computação a partir de (i) arquivos deletados, (iii) crime
virtual e (iii) computação em nuvem. A rede social também foi um tema
discutido, vinculado à matéria da computação em nuvem.
O Futurando trata da tecnologia nas matérias sobre o espaço, porém o
mundo virtual para idosos, o ensino a distância, a tecelagem e a arte digital
reforçam o contexto em que a tecnologia é caracterizada como um tema mais
atraente e próximo à realidade do telespectador. A internet, o uso de
computadores e tablets são temas que podem despertar o interesse do
espectador da mídia audiovisual.
A matéria sobre a resistência à modernização do parque tecnológico de
uma tecelagem apresenta, de forma contraditória, os meios necessários para o
avanço tecnológico em um ambiente industrial. Apesar de toda a produção ser
realizada em antigas máquinas de tear, a divulgação das peças produzidas e a
transação comercial com outros países são realizadas
por meio do
computador, via internet e redes sociais. Indiretamente, a tecelagem está
inserida no avanço tecnológico no uso das tecnologias de informação e
comunicação.
Em outro item, o ensino a distância é a solução encontrada pela
Alemanha para aplicar o ensino de língua estrangeira aos alunos que moram
em ilhas. Computador, internet e educador são os meios escolhidos para sanar
a dificuldade em levar profissionais de ensino para as escolas do arquipélago.
Outra informação interessante é o desenvolvimento do manuseio dos
tablets pelos idosos. A tecnologia deve ser acessível a todos, e os idosos
demonstram, na matéria, as vantagens do uso da ferramenta.
Destacamos, sobre a arte na neve, a dedicação e a persistência de um
artista por enfrentar temperaturas baixíssimas, em prol de suas criações. Outro
ponto que deve ser lembrado é a técnica adotada para a elaboração dos
desenhos. A partir de desenhos matemáticos, geométricos, a arte é
154
desenvolvida e posteriormente registrada pelas lentes fotográficas do artista. O
meio escolhido para a divulgação, novamente, é a rede social.
5.3.2 Comunicação científica e divulgação científica
A comunicação científica existe em meios de pesquisa, entre pares, a
partir de troca de informações de trabalhos em suportes formais e informais de
informação. Livros, teses, eventos e outras comunicações são os meios
legitimados, na comunidade técnico-científica, para a circulação dos dados de
interesse. Os documentos citados têm como principal característica a rigidez,
formalidades e uso de linguagem técnica, tornando o acesso restrito para esse
fim. Como já apresentado no capítulo 2 sobre C&T, a comunicação científica é
meio para dar visibilidade à produção intelectual de pesquisadores, instituições
e empresas, além de se ter acesso ao acervo de produção científica do mundo
todo.
Entendemos que a comunicação científica é base para a compreensão
do papel da divulgação científica para a sociedade. O que é produzido e
registrado pelas instituições de pesquisa nos suportes de comunicação
científica é adaptado pelos meios de comunicação de massa, com o intuito de
atender ao grande público.
Em caminho inverso, mais não menos importante, a divulgação científica
tenta transformar o conhecimento produzido por cientistas (presente nos
suportes da comunicação científica) ao público leigo. A ação tem sido
considerada como um papel dos institutos de pesquisas do país como forma de
dar retorno aos investimentos públicos na área.
O corpus selecionado mostra que os temas em questão foram
adaptados para o suporte audiovisual, tanto pelos mecanismos verbais quanto
pelos visuais, como tentativa de recontar os avanços científicos e tecnológicos
para a sociedade.
5.3.3 Instância de produção
Dos três programas analisados, dois foram desenvolvidos com matérias
produzidas em outros países. A língua pode ser uma barreira para a veiculação
155
de matérias técnico-científicas, porém, com o uso da dublagem e da legenda, a
comunicação entre telespectador e canal de emissão não está comprometida.
Neste caminho, apontamos o desenvolvimento da pauta de matérias.
Como já foi apresentado no início do capítulo, a jornalista do Futurando, além
de apresentadora do semanário, vivencia outro papel na atração. Ela é uma
das produtoras do programa. Interpretamos que a tomada de decisão sobre os
temas escolhidos para o programa leva em consideração o perfil do espectador
brasileiro.
Apesar de apenas uma edição do programa ter sido avaliada para a
pesquisa, observamos que, mesmo tendo características estrangeiras, os
assuntos são de interesse do público brasileiro. Como exemplo, podemos
afirmar que o mundo virtual para a terceira idade, ensino a distância via
internet, divulgação de trabalhos artísticos e produtos comerciais via rede
social, astronomia e pesquisadores são assuntos universais. Mesmo com
realidades diferentes, a ciência e a tecnologia aproximam culturas.
O Globo News desenvolveu as matérias nos Estados Unidos. O canal é
brasileiro, mas apresentou realidades diferentes dos meios científicos já
reconhecidos pelo público em geral. A arte digital aspira um espaço tanto
culturalmente quanto no meio tecnológico. Essa luta pode ser mobilizada
também no Brasil. Os hackerspaces surgem como alternativa para diversos
pesquisadores
que
não
estão
inseridos
nos
contextos
de
pesquisa
estruturados.
5.3.4 Instância de recepção
Comentamos aqui o fato de a instância de produção não prever o
público da instância de recepção, mas o idealiza e a partir dessa projeção ele
molda seu discurso e lança mão de estratégias. A instância de recepção é
formada em grande parte pelo telespectador. Para um recorte sobre indexação
de vídeos televisivos, afirmamos que o indexador também não está previsto.
Entendemos que essa posição demanda algumas dificuldades para o
processo de indexação de acervo televisivo. Sem o uso da linguagem verbal
para a seleção de temas, o canal de emissão é o responsável pelo acesso aos
assuntos dos produtos televisivos.
156
O indexador tem acesso a algumas informações básicas e que
independem do conteúdo dos programas: nome da atração, canal de emissão,
horário de início, horário de fim, apresentadores e data de exibição. Como
papel do profissional, outras fontes podem ser consultadas: sites, jornais,
programação da TV etc. Apesar das facilidades que as tecnologias nos
oferecem atualmente, o indexador deve apostar em uma política que obriga
todos os envolvidos a terem acesso ao conteúdo na íntegra. Para a análise
discursiva dos vídeos, os temas, papéis enunciadores e comunicantes,
documentos imagéticos, chamadas, cronologia das ações são metadados de
interesse do usuário de um sistema proposto pelo CAPTE. É um processo
importante que depende de atenção e um olhar crítico para o registro
documental, com o objetivo de facilitar a recuperação dos dados.
Para a divulgação científica, observamos a relevância de o sistema do
CAPTE se tornar fonte de pesquisa e comprovação da produção intelectual dos
pesquisadores e tecnologistas. Considerando a remodelação de dados do
currículo lattes, o sistema de registro de conteúdo audiovisual pode reunir e
disponibilizar a participação da comunidade científica em ações de divulgação
científica na televisão. Participações em entrevistas, debates, documentários,
programas e jornais podem ser fontes de validação das informações.
5.3.5 Discurso televisivo e discurso científico
Retomamos o conceito sobre o discurso televisivo, que considera a
televisão como uma linguagem narrativa de imagens em movimento. A
televisão é responsável por divulgar os avanços científicos e tecnológicos para
o grande público. A atração científica atenderia a uma pequena parcela da
população. Por esse motivo, passa por adaptações para atender a uma
expectativa estruturada para o grande público. Como apresentado por Siqueira
(2010), é um novo discurso.
A televisão tem o objetivo de ser o canal de comunicação dos pares e do
público leigo. Mas a generalização dos temas provoca críticas do primeiro
grupo, pois as adaptações esvaziam os mecanismos que envolvem a pesquisa
propriamente dita. Em parte, o público está em contato com a ciência do
espetáculo, como apontado por alguns autores. O telespectador vislumbra um
157
conhecimento desvinculado das opiniões diversas entre os pares. A
reprodução dos saberes científicos ganha características míticas no espaço da
TV.
[...] quanto mais um saber é amplamente compartilhado, tanto mais
ele é compreendido por uma grande quantidade de receptores e tanto
menos ele informa; quanto mais um saber é reservado a um grupo
reduzido, mais ele exclui receptores e mais pode informar."
(CHARAUDEAU, 2010a, p. 265).
Já o discurso científico prima pela troca de informações entre os pares,
ocorre nas instituições de pesquisa e é caracterizado pelo contexto
argumentativo e comprovatório das pesquisas.
Os três programas reproduzem os dois discursos apresentados. O Globo
Ciência, ao adotar a estratégia da argumentação, busca informações em fontes
qualificadas para as respostas, além de indiretamente reproduzir o fluxo
adotado pela comunidade científica. É interessante, por exemplo, a troca de
papéis entre especialista e entrevistador. Ora o jornalista faz o papel do
telespectador curioso, ora é o próprio especialista enunciando as informações
já adaptadas para o público.
SITUAÇÃO 1
Globo Ciência
Alexandre (jornalista)
- Gente! A computação em rede, você ter um grande servidor, uma grande máquina
que agrega as informações de toda rede. Ela tem a capacidade de processar tudo o
que tem ali na rede. E na computação em nuvem, como é que funciona?
Pesquisador Rodrigo Assad
- Na computação em nuvem. O que a gente tem é o somatório de cada pedacinho de
cada computador que você tem, te dando essa mesma capacidade de processamento
virtualizada.
Alexandre
- Posso arriscar dizer, Rodrigo, que num sistema como esse, que utiliza o thin client,
que não tem disco rígido, uma empresa não precisa ficar trocando aparelhos de
computadores o tempo inteiro.
Pesquisador Rodrigo Assad
- É exatamente esta a ideia. Na verdade os computadores eles existem em ambiente
virtualizado, que já vem pronto, com todos os softwares instalados. Inclusive isso é
mais seguro, porque você atualiza somente um ponto, isso já está atualizado para
todo mundo acessar e aí, por exemplo, quando você precisar salvar um arquivo você
158
simplesmente arrasta ele pra dentro, esse arquivo vai ser copiado para nuvem e na
hora que você precisar, você acessa ele de qualquer lugar, do seu smartphone, do seu
thin client, de seu outro thin client, do seu tablet, enfim, de qualquer lugar.
Alexandre
- O importante gente, é que para se ter uma computação em nuvem bastante eficiente
é preciso uma internet de altíssima qualidade, não é Rodrigo?
Pesquisador Rodrigo Assad
- Exatamente isso, além de lembrar que seus dados não existem mais fisicamente nos
seus dispositivos como no caso que a gente tá vendo aqui.
Alexandre
- Ele vai para algum lugar na rede, algum lugar nessa nuvem, ele fica lá armazenado
nesse HD virtual e em algum momento você pode pegar esse arquivo, ou em algum
momento essa rede virtual ele pode simplesmente deletá-lo.
Pesquisador Rodrigo Assad
- Exatamente e você não controla isso.
Alexandre
- Rodrigo, muito obrigado.
Pesquisador Rodrigo Assad
- Muito obrigado (APÊNDICE A).
A heterogeneidade aparece no momento em que o jornalista simplifica a
fala do pesquisador. Consideramos também que algumas respostas do
pesquisador foram previamente adaptadas para o contexto do programa, onde
o pesquisador reproduz as estratégias da instância de produção.
SITUAÇÃO 2
Futurando
Nesta reportagem percebemos a tentativa de aproximar o fazer científico
ao público da televisão. O vídeo tenta apresentar o lado humano do
pesquisador:
Apresentadora Nádia Pontes
– A tecnologia impulsionou as descobertas e captação de belas imagens vindas do
espaço. Mas no comando deste trabalho está sempre um profissional dedicado a
ciência. Um ser humano. O Futurando conversou com uma astrofísica sobre a sua
rotina de observação do universo.
Pesquisadora Patrícia Chad
– Quando eu cheguei em Monique, eu não tinha ideia de como a cidade é perto dos
Alpes. Fiquei encantada com o fato de poder acordar cedo em uma manhã, viajar uma
159
hora para chegar aqui e poder respirar o ar puro dessas montanhas. Isso é
maravilhoso. Meu nome é Patrícia Chad. Sou britânica e trabalho no instituto Max
Planck de Física Extraterrestre em Garching, na Alemanha. Trabalhar em um
observatório é muito bom. Eu gosto muito. No laboratório tudo é bem mais real.
Normalmente observamos os astros no escritório, atrás de um computador. Mas se
algo dá errado, é necessário ir para o observatório e olhar pelo telescópio. Eu
costumava fazer isso antigamente. O que eu acho muito positivo no observatório onde
trabalhamos, é que temos muito controle sobre os instrumentos e sobre o próprio
telescópio. Trabalho principalmente na observação de fenômenos chamados erupções
de raios gamas que são grandes explosões e grandes emissões de energia. Por um
instante essa emissão é tão brilhante que ilumina todo o céu e chega a cegar. Hoje
acreditamos que essa explosão seja na verdade o colapso de uma estrela muito
massiva, ou seja, a estrela se torna tão grande que entra em colapso por causa da
própria força gravitacional e forma um buraco negro. Essa é uma estrela que sofreu
uma morte catastrófica e também sabemos que elas morrem muito jovens, pois
estrelas massivas não sobrevivem muito tempo. Eu acho isso muito trágico, e
dramático também, pois elas não desaparecem em silêncio. O universo tem 14 bilhões
de anos e as erupções de raios gamas que estou estudando tem dezenas de milhões
de anos, ou seja, isso é uma pequena fração da idade do universo. Isso mudou minha
visão global. “Me” tornou uma pessoa com alto senso prático. E talvez por causa disso
eu seja menos romântica (APÊNDICE B).
SITUAÇÃO 3
Globo News Ciência e Tecnologia
O programa apresenta uma particularidade pela postura do jornalista. As
perguntas são objetivas e o espaço do programa é do especialista.
Apresentador (Luís Fernando)
- A Genspace luta para produzir resultados concretos, com uso de mercados. O
laboratório tem menos de dois anos de existência e o potencial é palpável. Uma das
pesquisas mais promissoras, envolve a criação de um perfil genético acessível a
qualquer pessoa.
Pesquisador (Olivier Medvedik)
- Um ano e meio é um tempo muito curto, mesmo para um laboratório que funcione em
uma universidade. Nós abrimos as portas há apenas um ano e meio, e várias pessoas
já passaram por aqui. Nós tivemos projetos muito interessantes que foram iniciados e
chegaram a determinado grau de conclusão. Nós agora estamos patrocinando uma
segunda equipe no iGEM... Então, nós basicamente temos projetos em que tentamos
criar pequenos cristais chamados “pontos quânticos”. É um projeto ainda em
andamento. Nós temos aqui artistas fazendo um trabalho de ponta tentando testar as
fronteiras entre privacidade e genética. Eles basicamente colhem amostras de material
genético. Heather é uma delas. Eles colhem material humano nas ruas, como
amostras de cabelo, etc. E, de posse dessas amostras, após sequenciar o DNA, com
a tecnologia que temos, é possível fazer um perfil da pessoa, saber como ela é, e
fazer um busto dela e dizer: “Esta pessoa, em certo momento, estava neste lugar.” E é
muito. Isso levanta muitas perguntas, como: o que nós consideramos ser nós? Qual é
nossa informação?
Apresentador (Luís Fernando)
160
- Nós deixamos informação genética em toda a parte.
Pesquisador (Olivier Medvedik)
- Nós a espalhamos por toda a parte, ela se desprende de nós o tempo todo. E, até
agora, não tínhamos tecnologia para analisá-la, então ninguém se importava. Mas
agora, que temos tecnologia para ler essa informação, nós começamos a levantar
novas questões. E o trabalho dela é tentar ser uma pioneira nisso.
Apresentador (Luís Fernando)
- Ótimo. Muito obrigado.
Pesquisador (Olivier Medvedik)
- Foi um prazer.
Apresentador (Luís Fernando)
- Obrigado (APÊNDICE C).
Acreditamos que os meios de comunicação e as instituições de pesquisa
podem caminhar juntos neste processo, na identificação e na divulgação de
temas para o bem comum da sociedade.
161
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A nossa proposta inicial era identificar se o discurso da C&T no Brasil é
praticado pelos programas científicos da televisão.
O trabalho desenvolvido confirmou as observações de diferentes
teóricos, que apontavam a dificuldade em se trabalhar com a mídia audiovisual.
O fato era apontado tanto pela multiplicidade de discursos como pelas
estratégias. No desenvolvimento da pesquisa, percebemos que a mídia oferece
a oportunidade de ser analisada a partir de vários olhares. A esta dificuldade
somamos ainda o contexto técnico-científico, a partir de sua estrutura,
conteúdos e atores envolvidos.
Ambas as áreas, mídia televisiva e C&T, têm papéis importantes para a
sociedade e usam canais de comunicação para disseminar o conhecimento.
A televisão apresenta as principais estratégias junto ao telespectador,
formado por um grupo heterogêneo de interesses. Além do uso da imagem, do
som, há o reconhecimento do mesmo público para transmitir a informação de
áreas como economia, política, entretenimento, esporte etc.
Já a C&T é voltada a um público especializado, com características
comunicacionais restritas, que são direcionadas às comunidades científicas. A
produção intelectual destas comunidades apresenta características de acesso
restrito, no qual quem tem o conhecimento consegue interpretá-lo. Neste
entendimento, os profissionais qualificados para repassar o mesmo conteúdo
para os meios de comunicação em massa são os jornalistas. Não está
comprovado, mas entendemos que o perfil do cientista ainda não está
adaptado para a estrutura de informação científica simplificada, aumentando a
possibilidade de deformação do conhecimento, possibilitando a geração de
interpretações equivocadas para a sociedade.
A partir desses entendimentos, observamos que os programas
científicos selecionados e transmitidos pela televisão brasileira estão
preocupados em disseminar a informação científica para o grande público.
Divulgar C&T é considerado, pelas emissoras, como uma missão. O Globo
Ciência se apresenta como o tradutor de conceitos da ciência e tecnologia para
o público em geral. Da mesma forma, O Globo News Ciência e Tecnologia, por
exemplo, veicula informações de pesquisas, descobertas e invenções que
162
mudam o cotidiano. E o Futurando tem o compromisso de mostrar o que há de
novo na ciência e no desenvolvimento da tecnologia e da discussão ambiental.
Entendemos que, apesar de não ser uma demanda do grande público,
os canais transmitem conteúdos de C&T como uma responsabilidade social de
mantê-lo informado. Porém, o discurso que sobressai ainda é o da televisão. O
tempo de fala dos especialistas, o capital visual, a exibição das matérias
atendem ao script da mídia audiovisual. A C&T é o alvo a ser padronizado para
atender o espaço reservado na programação.
Apesar dessa necessidade de adaptação, os três canais tentam encaixar
temas do cotidiano brasileiro, mesmo produzindo conteúdos em terras
estrangeiras. O Futurando é o programa que mais se adequa à definição
anterior, pois, apesar de ser produzido na Alemanha, disponibiliza matérias que
retratam aspectos da realidade brasileira. O contexto pode ser reconhecido
pelo telespectador do Brasil.
Outro ponto que nos chamou a atenção é sobre o tratamento dado aos
pesquisadores no Globo Ciência. O jornalista tenta reforçar a credibilidade dos
especialistas convidados ao destacar suas formações acadêmicas, o vínculo
institucional (universidade, empresa de computação em nuvem), o tipo de
pesquisa desenvolvido etc. Entretanto, tratou os doutores da mesma forma que
o grande público os trata. Podemos entender que seja uma estratégia de
aproximação com o imaginário sociocultural brasileiro. Um delegado, sem ter
passado pelo processo acadêmico de doutorado, é reconhecido como doutor,
por ser formado em direito? É o senso comum? Ao contrário, os doutores
legitimados pelos trâmites acadêmicos e científicos não receberam o mesmo
tratamento. Entende-se que a missão dos programas é tentar aproximar o
público à realidade dos centros de pesquisa. Talvez, fatos como este possam
ser evitados.
Talvez o processo de transformação do que é produzido em contexto
técnico-científico, via televisão, necessite do envolvimento mais efetivo entre
jornalistas e instituições de pesquisa. Os conteúdos científicos deveriam ser
selecionados pelos cientistas e técnicos, com apontamentos sobre os objetivos
e os riscos das pesquisas desenvolvidas, contribuindo ainda mais no processo
de seleção dos editoriais televisivos.
163
A divulgação das pesquisas para o público leigo, em âmbito nacional,
também é responsabilidade das instituições e empresas envolvidas com C&T.
A televisão é um dos suportes que pode ser mais explorado pelos
pesquisadores e centros de pesquisa.
Quanto ao CAPTE, entendemos que a pesquisa pode contribuir em
determinar situações que serão enfrentadas pelos profissionais, envolvidos
com a indexação de programas televisivos. Em especial, com as produções de
contexto da ciência e da tecnologia. O indexador deverá ser envolvido em
todas as etapas de visualização das matérias, além de reconhecer os dados
que serão recuperados pelos analistas de discurso.
Ainda sobre o CAPTE, destacamos que o sistema pode ser uma fonte
de pesquisa e acesso para consulta de informações de pesquisadores e
instituições de pesquisa. Além de ser um sistema de recuperação da produção
audiovisual brasileira, pode agregar, também, a responsabilidade de contribuir
na visibilidade das pesquisas científicas e tecnológicas, para a divulgação
científica. Reforçamos que a CAPES tem valorizado as ações de pesquisas
que são repassadas para o grande público (telespectadores). Atualmente, o
currículo Lattes reserva um espaço para as atividades de popularização da
ciência. O reconhecimento para essa área pode gerar um maior envolvimento
dos especialistas com a divulgação da ciência em novos suportes.
Quanto
ao
processo
de
indexação
dos
programas
científicos,
destacamos o papel do indexador. O profissional deve se ambientar ao
contexto televisivo; ter conhecimento dos termos técnicos adotados pelas áreas
(audiovisual e C&T); conhecer o perfil do usuário que terá acesso às
informações do sistema; elaborar uma política de registro de informações para
padronizar as entradas de dados. Sugerimos o uso constante da Tabela de
Conhecimento desenvolvida pela CAPES como fonte de consulta para a
catalogação das áreas. Esperamos que o sistema esteja alinhado aos termos
já adotados pelos pesquisadores em processos voltados para a área
acadêmica como: proposição de projetos e bolsas, solicitação de recursos etc.
Neste contexto, apontamos a importância das imagens, das instituições
e dos atores envolvidos. Além disso, as áreas contempladas tornam-se
relevantes nesse processo.
164
Para estudos futuros, poderão ser projetadas pesquisas que monitoram
as pautas de produção das atrações. No momento em que os temas são
escolhidos, quais são as fontes utilizadas? Como os especialistas são
escolhidos? As fontes da comunicação científica (artigos, teses, livros etc.) são
consultadas? Qual a participação das instituições de pesquisa para a seleção
dos assuntos?
Outro trabalho possível é verificar se há algum retorno para as
instituições de pesquisa que participam ou são citadas pelos programas
científicos. Visibilidade? Novas parcerias? Investimentos? Quais as vantagens
e desvantagens no processo de divulgação da ciência pela mídia audiovisual?
Contudo, observamos que o discurso televisivo se sobrepõe ao discurso
científico nos programas analisados.
165
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173
APÊNDICES
APÊNDICE A - Globo Ciência
Globo
Cidada
nia
ABER
TURA
TEMAS
00:0
1a
00:5
0
00:5
1a
00:5
3
Papeis do
jornalista
Papeis dos
Especialistas/entrevistados
FALAS
Apresentadora
(Sandra
Annenberg)
40s
00:5
3a
01:2
3
30s
01:2
4a
01:2
9
5s
I
Nº DA
IMAGEM
1
2s
CENÁRIO
INDEXAÇÃO
Estúdio
2
Para onde vão os arquivos deletados do computador?
BLOC
O
TEMPO
DURAÇÃO /
SEGUNDOS
Imagine uma situação. Você quer vender seu computador
e não quer que ninguém veja o que tem nele. Então, você
apaga tudo, deleta tudo, e fica tranquilo, certo? Não devia.
Mas para entender porque, a gente vai responder a
pergunta do internauta Emanuel Aldo de Oliveira. Ele é de
Santos, litoral de São Paulo e quer saber: "Para onde vão
os arquivos deletados do computador?"
Estou num curso de computação gráfica aqui no Rio de
Janeiro e vou pedir ajuda a esses estudantes.
Por acaso você sabe para onde vão os arquivos
deletados do computador?
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Estudante (a)
Em algum local da torre. Ou da memória do computador.
Talvez até no disco rígido. Não sei.
Curso
de
computa
ção
gráfica
(Rio de Emanuel Aldo
3 Janeiro)
de Oliveira
Curso
de
computa
ção
4 gráfica
computador
174
01:4
4a
01:4
8
01:4
9a
02:0
1
02:0
2a
02:2
8
13s
Estudante (b)
4s
12s
26s
Estudante (c)
Como funciona o disco rígido?
01:3
0a
01:4
3
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Bom, depende de como você deleta. Se você clica com
mouse direito e apertar deletar, eles vão pra lixeira. Já se
você colocar Ctrl + Shift + Del, eles vão, automaticamente
sair fora da lixeira, mas depois da lixeira, pra onde eu não
sei.
Fica armazenado a espera de um novo arquivo igual ou
semelhante ele.
É exatamente isso. Os arquivos deletados no computador
não vão para lugar nenhum, eles ficam no disco rígido.
Por isso é que você não deve ficar tranquilo achando que
você já pode vender seu computador só porque você
deletou todos os arquivos.
O disco rígido, Hard Disc, ou simplesmente hd, foi
inventado nos anos 50. Ele armazena arquivos e
programas enquanto não estão em uso e quando o
computador é desligado. É um dos componentes que
envolvem tecnologia. O disco rígido tem uma grande
influência sobre a performance do computador, pois é ele
quem determina os descarregamentos dos programas e
abertura e salvamento dos arquivos.
Curso
de
computa
ção
5 gráfica
Curso
de
computa
ção
6 gráfica
Curso
de
computa
ção
7 gráfica
computador
computador
Disco rígido
Curso
de
Disco rígido,
computa história; Disco
ção
rígido_funcion
8 gráfica
amento
175
02:2
9a
02:5
8
Tudo que entra no computador fica registrado no disco
rígido, inclusive os arquivos deletados. Por isso que eles
podem ser recuperados. Você quer saber como isso é
feito? Tive uma ideia. Eu vou à polícia federal. Você deve
estar se perguntando o que a polícia federal tem a ver
com isso. Você já deve ter visto na imprensa que algumas
investigações a polícia apreende os computadores dos
criminosos para fazer a perícia. A gente vai descobrir
como e por que eles fazem isso. Vem cá.
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
29s
9 e 9b
03:1
1a
03:3
9
03:4
0a
03:4
5
03:4
6a
04:0
5
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
11s
28s
5s
29s
Crimes virtuais
02:5
9a
03:1
0
Eu vou conversar com o Dr. Cleyton da Silva Bezerra. Ele
é delegado da polícia federal. Doutor, por que em
algumas investigações a polícia federal apreende os
computadores dos suspeitos.
Delegado da Polícia
Federal (Cleyton da
Silva Bezerra)
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Com a expansão da tecnologia, a invasão da tecnologia
em nossas vidas, tudo o que hoje nós fazemos ficam no
computador. São fotos, são arquivos, são informações,
troca de comunicação. Tudo hoje tá dentro do
computador. Hoje em dia cada vez menor, então, o
computador é apreendido assim como um caderno, uma
agenda, como qualquer outro objeto que poderia nos
trazer uma elucidação de um crime.
Disco rígido
10
O mais comum é a pornografia infantil, que é a pedofilia.
Os crimes de alta tecnologia, quer dizer, aqueles crimes
que tem como objetivo o próprio computador e seus
sistemas, e os crimes de internet bank, quer dizer, os
crimes que são praticados no meio da internet para uma
transação bancária.
Investigação
da polícia
federal
Polícia
Federal
11
Quais são os tipos de crimes mais comuns onde ocorre
apreensão dos computadores.
Delegado da Polícia
Federal (Cleyton da
Silva Bezerra)
Polícia
Federal
computador
12
Polícia
Federal
computador,
crimes
13
Polícia
Federal
crimes de alta
tecnologia
176
04:0
6a
04:1
8
04:1
9a
04:3
1
04:3
2a
04:3
8
04:3
9a
04:4
6
04:4
7a
04:4
9
12s
Delegado da Polícia
Federal (Cleyton da
Silva Bezerra)
12s
6s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Delegado da Polícia
Federal (Cleyton da
Silva Bezerra)
7s
2s
Quando se apreende um computador, que dados que são
analisados. São os arquivos que estão ali, os deletados
no HD, e-mails, as páginas em redes sociais, os sites. O
que você analisa?
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
14
Polícia
Federal
crimes de alta
tecnologia
Tudo que seja possível para elucidar um crime. Então, os
arquivos deletados também são estudados, arquivos
existentes no computador. Foto, vídeo, mensagem. Tudo
isso é analisado pelo perito.
15
Polícia
Federal
Dados
analisados
A recuperação de arquivos deletados, envolvem que tipos
de tecnologias. Programas, o que que há.
16
Polícia
Federal
Arquivos
deletados
Análise de um programa nós temos uma rotina técnicocientífica, que é utilizada pelo perito e que vai conseguir
recuperar toda essas informações.
17
Polícia
Federal
rotina técnicocientífica
Resume pra gente, qual é o passo a passo de uma
investigação cibernética?
18
Polícia
Federal
investigação
cibernética
177
05:4
3a
05:5
8
05:5
9a
06:0
0
06:0
0a
06:2
0
Delegado da Polícia
Federal (Cleyton da
Silva Bezerra)
52s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
15s
Agora que a gente já sabe que os arquivos deletados
continuam no computador, quero ver como é que isso na
prática. Eu vou conhecer como é que funciona um disco
rígido. E nada melhor do que ver como é um computador
por dentro. Do Rio de Janeiro eu sigo para Recife.
19
Polícia
Federal
20
Polícia
federal
arquivos
deletados,
computador,
Rio de
Janeiro,
Recife
1s
21
20s
Funcionamento do
disco rígido
04:5
0a
05:4
2
Na polícia federal, pela demanda que existe em crime
cibernético, a quantidade de crimes é muito grande, o
primeiro passo nosso é um grande banco de dados, onde
vai ser investigado através do nossos analistas, que vão
buscar vínculos entre fraudes. Pra você ter uma ideia,
hoje em matéria de cartão clonado e internet bank, quer
dizer, fraudes nas transações do computador, seria algo
em torno de 411 mil fraudes no ano. Então isso é muita
coisa para ser investigado uma a uma. A nossa
investigação ela se faz dentro do próprio ambiente
cibernético, no nosso banco de dados da polícia federal e
buscando vínculos. Isso a gente consegue entre todas as
informações que a gente tem, identificar onde está a
quadrilha e qual o modus operandi, quer dizer, um modo
de operação.
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Aqui é o Centro de Informática da Universidade Federal
do Pernambuco, a UFPE. Considerado uma referência na
área. Deixa eu apresentar para vocês Adriano Sarmento,
ele é doutor em microeletrônica e professor aqui da
UFPE. Adriano, vamos antes de mais nada esmiuçar este
computador.
Universi
dade
Federal
de
Pernam
buco
22 (UFPE)
Centro de
Informática
da
Universidade
Federal do
Pernambuco
178
06:2
1a
07:3
2
07:3
3a
07:3
6
07:3
7a
07:3
7
07:3
8a
07:4
4
Professor Adriano
Sarmento
11s
3s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Certo, vamos lá. É. Bom. Tem vários componentes aqui
no computador. Então, vou explicar, mostrar só os mais
conhecidos, os mais importantes. Então, aqui a gente tem
um processador, tá. Então esse processador é o cérebro
do computador. É ele quem vai realizar cálculos, e ele que
vai executar as instruções, é que vai comandar as outras
peças. Essa peça aqui é a memória principal.Tá. Ela é
capaz de armazenar dados e programas. Então, toda vez
que a gente executa um programa, o programa primeiro é
armazenado aqui na memória principal e o processador
vai acessar as instruções que estão na memória principal.
O problema dessa memória principal é que ela não
consegue armazenar os dados sem corrente elétrica.
Quando o computador é desligado, todos os dados que
estavam armazenados na memória principal, são
perdidos. E para que a gente não perca os dados e os
programas que a gente instala no computador, existe esta
peça daqui, que é o disco rígido. E aí o que acontece?
Quando eu vou executar um programa, o programa é
transferido do disco rígido para a memória principal e aí o
processador fica executando as instruções que estão na
memória principal.
23
UFPE
Então o HD seria a memória permanente do computador?
24
UFPE
HD
UFPE
HD
UFPE
HD
Professor Adriano
Sarmento
1s
Isso, exatamente.
6s
Disco rígido,
memória
principal
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
É o que guarda desde dados do fabricante até dados que
agente salva, o que a gente grava, e-mail, foto, fica tudo
aqui.
179
07:4
5a
07:5
2
07:5
3a
07:5
8
07:5
8a
08:2
2
5s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
14s
08:3
8a
08:4
9
11s
2s
27
Professor Adriano
Sarmento
UFPE
UFPE
Bom, eu vou mostrar um HD aberto, tá certo. Ele é
composto por vários discos como a gente pode perceber
e a gente pode gravar nas duas superfícies de cada disco
. Então quando a gente quer gravar um arquivo o
processador onde a gente vai gravar esse arquivo. Então,
o que acontece, o disco gira e ele vai formar em que parte
do disco vai ser gravada a informação.
Então, por exemplo, se eu tenho lá um texto. Aí eu vou lá
e salvo em meus documentos, aí o processador ele vai
girar aquilo ali e dizer, olha salva isso no lugarzinho dele x
do disco.
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
E tem a vantagem de quando não houver corrente
elétrica, eletricidade, ela conserva os dados que ela
armazenou.
Agora, Quando eu salvo um arquivo e ele vem aqui para o
HD. Como isso funciona na prática?
Professor Adriano
Sarmento
24s
08:2
3a
08:3
7
08:4
9a
08:5
1
Professor Adriano
Sarmento
7s
HD
29
UFPE
30
UFPE
texto, meus
documentos,
UFPE
endereço
UFPE
arquivo
Exatamente e aí o braço vai se mover exatamente para o
lugar x e a cabeça de leitura ou gravação vai acessar
aquela partizinha do disco que eu quero gravar o arquivo
ou quero ler o arquivo. Isso é o que a gente chama o
endereço. Onde tá o arquivo.
E quando eu deleto o arquivo. O que acontece?
HD,
funcionament
o
32
180
08:5
2a
09:1
8
09:1
9a
09:2
6
09:2
7a
09:4
6
09:4
7a
09:5
3
09:5
4a
10:1
0
Professor Adriano
Sarmento
26s
7s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
6s
16s
Um arquivo que ele some daí. Né. Que ele é excluído. A
gente necessariamente vai encontrá-lo aí?
Professor Adriano
Sarmento
19s
Bom, como eu falei, os arquivos ficam gravados aqui no
disco. E tem uma tabela que mantém o endereço desses
arquivos. Quando eu deleto o arquivo, na verdade eu
estou modificando essa tabela e dizendo que aquele
endereço quando estava o arquivo está sendo liberado
para ser gravada outras informações. Então, para o
usuário, parece que o arquivo foi deletado, mas na
verdade continua aqui.
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Não necessariamente. Mas é possível recuperar. Tá. Hoje
em dia existem programas que fazem isso aí.
Especificamente o que eles fazem. Eles dão uma busca.
Fazem uma investigação no disco e eles comparam com
aquela tabela que tem os endereços dos arquivos. O que
eles acham a mais, pq é o arquivo deletado.
Um arquivo confidencial, daqueles que a gente não quer
que fique no disco rígido. Tem como apagá-lo
definitivamente?
Professor Adriano
Sarmento
Existem programas que conseguem apagar
permanentemente. Como que eles funcionam? Na
verdade eles pegam o endereço daquele arquivo que foi
deletado e eles escrevem alguns dados aleatórios,
simplesmente para escrever alguma coisa por cima.
Então na prática, o arquivo foi apagado.
34
UFPE
Arquivos
deletados
UFPE
Arquivos
deletados
UFPE
Arquivos
deletados
UFPE
Arquivo
confidencial
UFPE
arquivo
apagado
181
II
10:2
8a
10:5
3
10:5
4a
10:5
7
10:5
8a
12:0
5
16s
1min7s
38
disco rígido,
rede social,
39
arquivo
deletado,
disco rígido,
clliente
magro,
computação
em nuvem
40
Thin client
Para onde vão os arquivos deletados do computador?
Essa pergunta foi enviada pelo internauta Emanuel Aldo
de Oliveira. Ele é de Santos-SP. Emanuel, a gente já sabe
que os arquivos deletados ficam no disco rígido do
computador. Como pergunta gera outra pergunta, agora
quero saber. Os computadores que não tem disco rígido,
para onde vão os arquivos deletados? Você já ouviu falar
em cliente magro? E computação em nuvem? Vou
sondar.
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
35s
3s
Agora que você já sabe como funciona um disco rígido,
eu tenho outras perguntas para fazer para você. E se o
computador não tem disco rígido? Isso existe. Outra
pergunta. Se você coloca uma informação em uma rede
social, depois resolve apagá-la. Será que ela é mesmo
apagada? Ficou curioso. Neh? haha
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Computação em nuvem
10:1
1a
10:2
7
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Você sabe o que é thin client (cliente magro)?
Entrevistados (rua)
Você sabe o que é arquivo thin client (cliente magro)? 1º
entrevistado: Não. 2° entrevistado: Sei de nada disso. 3º
entrevistado: thin cliente. 4º entrevistado: Cliente magro?
Eu hahahaha. Você sabe o que é a computação em
nuvem? 5º entrevistado: A nuvem representa a internet. 6º
entrevistado: A nuvem seria um conceito de uma rede
onde vc bota seus dados, sei lá, vídeos, essas coisas.
Tudo o que você quer guardar, na verdade.
Ruas de
Pernam
buco
Thin client
(cliente
magro),
computação
em nuvem
182
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
12:0
6a
12:3
3
27s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Thin client ou clientes magros, são terminais sem
processador local e disco rígido considerados uma
alternativa e de baixo custo e ecologicamente correta para
empresas, por ter um consumo de energia
correspondente a apenas 10% do consumo do
computador tradicional. São máquinas conectadas a
grandes computadores centrais e servidores, que rodam
os programas que armazenam os arquivos de todos os
usuários. Uma rede de computadores com até 20
terminais sem discos rígidos, pode ter um custo 80%
menor que uma rede convencional.
Estou em uma empresa de computação em nuvem, criada
por pesquisadores aqui do Recife. Rodrigo Assad é um
dos fundadores. Ele é doutor em Ciências da Computação
e Especialista na área de Segurança de Sistemas. Bem,
aqui eu tenho um thin cliente, o cliente magro. O cliente
fica com computador sem disco rígido, ele está conectado
ao teclado e ao mouse, inclusive no site do Globo
Cência. E tudo isso está na página do Globo Ciência.
Como que é isso?
42
Thin client
(cliente
magro)
Rodrigo
Assad
Empres
a de
computa
ção em
43 nuvem
183
12:3
4a
13:1
4
40s
13:1
5a
13:2
1
6s
13:2
2a
13:2
8
6s
13:2
9a
13:4
2
13:4
3a
13:5
3
Esse é um processo muito simples. Essa caixinha, na
verdade tem apenas essa imagem, que ela fica
transmitindo. E todo restante ela obtem dos nossos
servidores. Aonde os nossos servidores estão é a grande
questão da nuvem. Não importa onde eles estejam. A
gente simplesmente acessa os recursos que eles ofertam
Pesquisador Rodrigo
pra gente e a gente consegue, por exemplo, navegar no
Assad
Globo Ciência, ler documento, escrever documento, e na
hora que a gente precisar salvar algum dado, a gente
também usa da nuvem para salvar os dados a onde for
necessário. É um computador normal, por um preço muito
mais barato, e que oferta pra gente a capacidade de estar
conectado a hora que a gente precisar .
13s
10s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
E que não tem o disco rígido, físico aqui, mas as
informações estão em algum disco rígido virtual.
Exato. E na hora que a gente acessa ele, as nossas
Pesquisador Rodrigo
informações são virtualmente trazidas aqui para dentro
Assad
desse ambiente.
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Gente! A computação em rede, você ter um grande
servidor, uma grande máquina que agrega as informações
de toda rede. Ela tem a capacidade de processar tudo o
que tem ali na rede. E na computação em nuvem, como é
que funciona?
Na computação em nuvem. O que a gente tem é o
Pesquisador Rodrigo somatório de cada pedacinho de cada computador que
Assad
você tem, te dando essa mesma capacidade de
processamento virtualizada.
Empres
a de
computa
ção em
44 nuvem
Empres
a de
computa
ção em
nuvem
Empres
a de
computa
ção em
46 nuvem
Computação
em nuvem
Empres
a de
computa
ção em
nuvem
Computação
em rede
Empres
a de
computa
ção em
nuvem
Computação
em nuvem
184
13:5
3a
14:0
4
14:0
4a
14:3
7
11s
7s
14:4
6a
14:5
5
11s
15:0
8a
15:1
1
11s
3s
Posso arriscar dizer, Rodrigo, que num sistema como
esse, que utiliza o thin client, que não tem disco rígido,
uma empresa não precisa ficar trocando aparelhos de
computadores o tempo inteiro.
É exatamente esta a ideia. Na verdade os computadores
eles existem em ambiente virtualizado, que já vem pronto,
com todos os softwares instalados. Inclusive isso é mais
Pesquisador Rodrigo seguro, porque você atualiza somente um ponto, isso já
Assad
está atualizado para todo mundo acessar e aí, por
exemplo, quando você precisar salvar um arquivo você
simplesmente arrasta ele pra dentro, esse arquivo vai ser
copiado para nuvem e na hora que você precisar, você
acessa ele de qualquer lugar, do seu smartphone, do seu
thin client, de seu outro thin client, do seu tablete, enfim,
de qualquer lugar.
33s
14:3
8a
14:4
5
14:5
6a
15:0
7
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
O importante gente, é que para se ter uma computação
em nuvem bastante eficiente é preciso uma internet de
altíssima qualidade, não é Rodrigo?
Pesquisador Rodrigo
Exatamente isso, além de lembrar que seus dados não
Assad
existem mais fisicamente nos seus dispositivos como no
caso que a gente tá vendo aqui.
Ele vai para algum lugar na rede, algum lugar nessa
nuvem, ele fica lá armazenado nesse HD virtual e em
algum momento você pode pegar esse arquivo, ou em
algum momento essa rede virtual ele pode simplesmente
deletá-lo.
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Pesquisador Rodrigo
Assad
Exatamente e você não controla isso.
Empres
a de
computa
ção em
nuvem
Empres
a de
computa
ção em
50 nuvem
Empres
a de
computa
ção em
51 nuvem
Empres
a de
computa
ção em
52 nuvem
Empres
a de
computa
ção em
53 nuvem
Empres
a de
computa
ção em
Thin client
Thin client
internet
Thin client
HD virtual
185
nuvem
15:1
2a
15:1
3
1
15:1
3a
15:1
4
1
15:1
5a
15:
57
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Rodrigo, muito obrigado
42s
Pesquisador Rodrigo
Muito obrigado.
Assad
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Na computação em nuvens ninguém tem propriedade
sobre a informação e ninguém também sabe em que HD
essa informação vai parar. Então, é preciso confiar muito
na empresa que gerencia toda essa nuvem.
Eu tenho mais uma curiosidade. Eu já sei o que acontece
quando eu deleto um arquivo e se eu estiver usando uma
rede social e quiser apagar a informação que eu coloquei,
será que é possível? Aqui em Recife tem um dos mais
importantes pesquisadores brasileiros da Ciência da
computação. Eu vou conversar com ele. Aqui é o Centro
de Informática da Universidade Federal de Pernambuco e
eu vou conversar com Silvio Meira . Ele é um doutor em
Ciência da Computação. Sílvio, como é que funciona uma
rede social na internet?
Empres
a de
computa
ção em
nuvem
Empres
a de
computa
ção em
nuvem
Centro
de
Informáti
ca da
computação
Universi
em nuvens,
dade
Recife,
Federal
Ciência da
de
Computação,
Pernam
UFPE, rede
57
buco
social
186
49s
16:4
8a
16:5
4
6s
Pesquisador Sílvio
Meira
Redes Sociais
15:5
8a
16:4
7
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Imagine que elas não existissem. Lá no passado a gente
escrevia diários. Cadernos de papel que a gente colocava
coisas relevantes da nossa vida, pregava fotos, fazia
desenhos, comentava a vida. Imagine que eu implemente
isso, que escreva software, que virtualiza diários, que cria
abstrações, que cria sistemas que vão representar esses
diários. Imagine um pouco mais que a gente vai
compartilhar a informação entre diários. Que eu vou
chamar pessoas para participar do meu diário. Ou seja,
que eu vou deixar aqui pessoas escrevam o meu diário,
que eu possa ver as manifestações delas, sobre as vidas
delas, e que ao mesmo tempo elas vejam o que estou
falando no meu diário. Diários eletrônicos em grupo. Isso
é o que são redes sociais.
Agora o que que acontece quando eu coloco uma
informação na rede. Ela passa a ser propriedade da rede
também?
Centro
de
Informáti
ca da
Universi
dade
Federal
de
Pernam
58
buco
Centro
de
Informáti
ca da
Universi
dade
Federal
de
Pernam
59
buco
Silvio Meira,
redes sociais
187
16:5
2a
17:5
1
17:5
2a
17:5
9
Pesquisador Sílvio
Meira
59
7s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Depende da rede. Quando eu escrevo no meu diário de
papel, a informação é indubitavelmente minha. E se eu
não mostrar para ninguém, ninguém vai ver e como ela
vai estar em um pedaço de papel que eu escrevi, eu
guardo, ela minha e fim de papo. Quando eu escrevo num
software, quando eu escrevo em um sistema de
informação que está online, e vale a pena dizer que
ninguém nunca vai ler quais são os termos de uso, porque
nos termos de uso tá definido quem é o dono daquela
informação e o que pode ser feito com ela, O que vai
acontecer com essa informação é que ela vai ser gravada
em sistemas de arquivos, que normalmente estão
distribuídos mundialmente, esse é o caso de todas as
grandes redes ela vai ser usada pela instituição que está
provendo aquela infraestrutura de rede para você se
relacionar com outras pessoas para ela ganhar dinheiro
com isso. Então, na realidade eu vou capturar a
informação de você e de todo mundo e vou tentar vender
essa informação não para alguém que vai me remunerar,
por exemplo, com anúncios. Esse é o caso hoje nas redes
sociais.
Todo arquivo que é deletado, ele vai para um HD. Para o
meu, para o de quem compartilha ou vai para a rede?
Centro
de
Informáti
ca da
Universi
dade
Federal
de
Pernam
60
buco
Centro
de
Informáti
ca da
Universi
dade
Federal
de
Pernam
buco
Rede social
Rede social
188
18:0
0a
18:5
4
18:5
5a
18:5
6
18:5
7a
19:0
0
19:0
1a
19:0
4
Pesquisador Sílvio
Meira
54s
1s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
3s
É como um vírus.
Pesquisador Sílvio
Meira
3s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Depende. Se eu apagar um arquivo no meu disco, eu
apago normalmente. É aonde ele está? Se a informação
correspondente aquele arquivo, continua no disco. Para
garantir que a informação realmente desapareceu, eu
tenho que usar, normalmente, software especial e dizer
apague literalmente toda a informação que eu gravei
neste arquivo. Ao invés de só apagar aonde que aquela
informação está. No caso de você ter guardado essa
coisa em algum lugar na rede, o processo é de replicação.
Até para garantir a confiabilidade dos dados. O processo
de espalhamento dessa coisa que você compartilhou,
porque outras pessoas compartilharam com outras
pessoas, vai tornar quase impossível apagar
definitivamente uma informação que vai para rede.
Informação na rede tem vida própria em quase todos os
casos.
Exatamente e propagado por pessoas também. As
pessoas ajudam.
Silvio, muito obrigado. Grande prazer pelo bate-papo.
Legal.
Rede social
189
19:0
4a
19:5
3
49s
Apresentador
(Alexandre
Henderson)
Tudo o que você faz no seu computador fica registrado,
mas é preciso encontrar os seus arquivos quando
procurá-los. Então, algumas regras básicas de gestão de
documentos: nomeie seu arquivos usando as palavras
principais do conteúdo de uma forma resumida para
ajudar a você a encontrá-los; faça regularmente o backup,
ou seja, as cópias de segurança dos seus arquivos
pessoais, por quê? Porque se o seu computador quebrar,
você terá seu arquivo intacto e salvo. E se você for usar a
internet, vale algumas regras básicas de segurança. Mas
o mais importante é: não divulgue os seus dados
pessoais. Endereço, número de telefone, número de
cartão de crédito, placa de veículo, detalhes do lugar onde
você frequenta, onde estuda, onde você trabalha, onde
você mora. Todo cuidado é pouco.
M
(Fundaç
ão
Roberto
Marinho
)
66
Total
19mi
n10s
1150 tempo :
s
total
Fonte: <http://redeglobo.globo.com/globociencia/videos/t/edicoes/v/para-onde-vao-os-arquivos-deletados-do-computador/2337185/>.
67
68
computador,
arquivo,
backup,
internet,
dados
pessoais
190
APÊNDICE B – Futurando
BL
OC
O
AB
ER
TU
RA
TEMPO
DURAÇÃO /
SEGUNDOS
TEMAS
00:0
1a
00:1
7
Papeis do
jornalista
Apresentadora
(Nádia Pontes)
BLOCO I
Apresentadora
(Nádia Pontes)
22s
European Extremely Large
Telescope
01:3
7a
01:5
9
22s
29s
Nº DA
IMAGEM
CENÁRI
O
INDEXAÇÃO
Abertura
25s
01:0
7 a
01:3
6
FALAS
16s
00:1
8a
00:4
3
00:4
4a
01:0
6
Especialistas/entre
vistados
Apresentadora
(Nádia Pontes)
Narrador
(Maurício
Cancillieri)
Abertura
O Futurando hoje começa com as câmeras voltadas para
fora da Terra. Nós vamos investigar como os terráqueos
acompanham tudo o que se passa lá em cima, no espaço.
Com apoio da tecnologia e dedicação dos cientistas, o
homem expande seus limites para fora do planeta e você
nos acompanha nessa jornada intergaláctica que está só
começando.
1
Estúdio
Chamada
2
Estúdio
Chamada
Estúdio
Via Láctea,
European
Extremely
Large
Telescope,
buracos
negros
Nas montanhas do Havaí, um centro de vigilância contra
cometas e asteroides. No espaço, uma super câmera
digital vai mapear um bilhão de estrelas. E no planeta
terra, a mistura de arte e técnica no mundo virtual.
Nos próximos anos, aqui nas proximidades da Via Láctea,
uma nuvem de gás será engolida por um buraco negro. E
o fenômeno será acompanhado de perto pelo maior
telescópio do mundo, o European Extremely Large
Telescope. Este observatório potente ainda está em
construção e começa a operar até 2020 e já nasce com
uma tarefa desafiadora: esclarecer um pouco dos
mistérios que rondam os buracos negros
Peça por peça o maior telescópio terrestre do mundo vai
ganhando forma. Aqui pesquisadores testam as
vitrocerâmicas, um tipo de vidro especial usado no
espelho do equipamento. Eles ainda tem muito trabalho
pela frente. Os próximos anos mais de 800 pedaços como
esse serão confeccionados.
3
4
vitrocerâmica
s
191
02:0
0a
02:1
9
18s
Tradutor (sem
nome)
Cada um desses segmentos é montado e monitorado
Pesquisador Jochen individualmente. E o nosso desafio é interligar todos eles,
Liske (astrônomo) fazendo com que o espelho ganhe uma forma exata, para
que o telescópio possa catar imagens bem nítidas
5
imagens
192
02:2
0a
04:4
4
140s
Narrador
(Maurício
Cancillieri)
E assim, será o novo telescópio. O diâmetro do espelho
principal terá quase 40 metros. O equipamento poderá
captar muito mais luz que os melhores observatórios em
operação na atualidade. Suas imagens serão 15 vezes
mais nítidas que as do famoso telescópio espacial
Hubble. O novo equipamento terá uma missão especial.
Observar e analisar um dos fenômenos mais exóticos do
universo: os buracos negros. Um lugar inimaginável, onde
matéria extremamente compactada se concentra em um
ponto, onde tempo e espaço simplesmente deixam de
existir. Tudo que chega perto de um buraco negro,
desaparece para sempre. Nem mesmo a luz pode
escapar.
Os astrônomos também querem investigar o centro da
nossa galáxia: a via láctea. Lá existe um enorme buraco
negro, com uma massa 4 milhões de vezes maior que a
massa do sol. Esse peso pesado tem grande influência
sobre a órbita das estrelas próximas. Os cientistas
querem usar o buraco negro como laboratório, estudar
suas particularidades. A ideia é comparar os processos
descritos na teoria da relatividade de Einsten com os
fenômenos que acontecem lá. Como estrela se
movimentam em enormes campos gravitacionais, por
exemplo. Assim, as teses fundamentais da cosmologia
poderão ser comprovadas. Recentemente, os astrônomos
descobriram uma nuvem de gás que será engolida por um
buraco negro nos próximos anos. Eles querem agora
acompanhar este processo e ver como a matéria se
comporta perto desta armadilha gravitacional. O novo
telescópio também irá mostrar como os buracos negros
influenciam a evolução de galáxias. Uma importante
questão da astronomia. Para isto é necessário que o
espelho do gigantesco telescópio, seja polido com
exatidão de milionésimos de milímetro. Até mesmo um
pequeno grão de poeira sobre um segmento, poderia
arruinar as imagens obtidas.
6
Hubble, teoria
da
relatividade
de Einsten,
buraco negro,
astronomia,
galáxias,
193
05:0
9a
05:
27
05:2
8a
07:1
7
Tradutor (sem
nome)
12s
11s
18s
109s
Ccentro de vigilância das ameaças que vem do universo - Havaí
04:4
4a
04:5
6
04:5
7a
05:0
8
A luz visível tem um comprimento de ondas de
Pesquisador Jochen aproximadamente 500 nanômetros. Os erros no espelho
Liske (astrônomo) tem de estar bem abaixo disso para que as imagens
fiquem nítidas e não saiam distorcidas.
Narrador
(Maurício
Cancillieri)
O novo telescópio terá uma vida útil de pelo menos 30
anos. Tempo suficiente para desvendar alguns mistérios
do universo.
Apresentadora
(Nádia Pontes)
O Havaí não é famoso apenas por suas praias ou boas
ondas. O conjunto de ilhas também é o ponto de
observação privilegiada do espaço. Justamente por isso,
a região abriga a uma espécie de centro de vigilância das
ameaças que vem do universo, como asteroides e
cometas.
Narradora
Regina-SoaresEngels
7
8
telescópio
9
Havaí, centro
de vigilância
das ameaças
que vem do
universo
Havaí, oceano pacífico. Há 3 mil metros de altitude fica o
protótipo do PS1. Este é o novo sistema de observação e
de rastreamento de asteroides conhecido como PanSTARRS. Quando tudo estiver pronto, 4 telescópios irão
integrar o equipamento considerado um dos mais
potentes do mundo. Um projeto que aumenta a vigilância
do universo. O limitado campo de visão é um grande
problema para os astrônomos que observam o universo.
Pan-STARRS captura uma enorme área do céu, 6 vezes
maior do que o diâmetro da lua cheia. Cada telescópio
terá um chip revolucionário, com resolução de 1,4 bilhão
de pixels. As câmeras fotográficas convencionais tem
apenas 10 milhões. As câmeras do Pan-STARRS tem
uma sensibilidade mil vezes superior as tradicionais
placas fotográficas. A chamada eficiência quântica chega
a quase 100 %.
Com isso, mesmo
as partículas de luz mais distantes no universo poderão
ser captadas. Com a nova técnica os astrônomos podem
produzir imagens do universo com diferentes graus de
foco.
10
Estúdio
protótipo do
PS1, PanSTARRS,
eficiência
quântica
194
07:3
9a
08:2
1
08:2
2a
08:3
2
08:3
3a
08:4
3
08:4
4a
08:5
9
09:0
0a
09:2
9
Pesquisador RolfPeter Kudritzki
(Instituto de
Astronomia do Havai
)
20s
Narradora
Regina-SoaresEngels
42s
10s
Narradora
Regina-SoaresEngels
10s
15s
29s
Podemos deixar a câmera exposta por pouco tempo para
captar objetos mais claros. Também é possível aumentar
o tempo de exposição e assim descobrimos os objetos
com menos luz. Esse método nos permite observar
objetos claros e escuros ao mesmo tempo.
O protótipo de um novo observatório ficará no topo da
montanha Mauna kea. Onde já estão alguns dos maiores
observatórios do mundo. As condições são ideais. Daqui,
os cientistas conseguem observar o céu dos hemisférios
norte e sul ao mesmo tempo. Mas o local não é apenas
uma montanha de estudos científicos. Para os nativos da
região ela é um monte sagrado que deve ser respeitado.
A tradição diz que há 10 mil anos os antepassados dos
havaianos saíram daqui com suas canoas para desbravar
o mundo desconhecido.
Pesquisador RolfPeter Kudritzki
Como astrônomo minha canoa é o telescópio. E as ilhas
(Instituto de
que descubro são as galáxias, que nenhuma pessoa viu
Astronomia do Havai antes de mim.
)
Projeto Swarm
07:1
8a
07:3
8
Apresentadora
(Nádia Pontes)
Narradora
Milhares de ilhas celestes poderão ser encontradas com
os novos telescópios.
Os planos de exploração do universo não param. A
agência espacial europeia terá uma agenda cheia em
2013. Entre as missões está o projeto Swarm que vai
medir com exatidão o campo magnético do planeta terra.
A Sonda espacial Gaya levantará voo em setembro. A
bordo ela carrega a maior câmera digital já enviada para o
espaço. A meta está bem definida. Mapear 1 bilhão de
estrelas e analisar seus movimentos, posições e
mudanças na intensidade da luz que emitem. Os dados
vão ajudar cientistas a entender como surgiu a via láctea.
Mas isso não é tudo. A agência espacial europeia
promete outras novidades ainda para este ano.
11
12
montanha
Mauna kea,
protótipo,
monte
sagrado,
13
galáxias,
14
ilhas celestes
15
Agência
espacial
europeia
16
Estúdio
Sonda
espacial
Gaya
195
09:5
5a
10:3
7
10:3
8a
10:5
4
24s
42s
15s
Narradora
Cientista
09:3
0a
09:5
4
2013 será movimentado na área espacial. No caso da
Agência Espacial Europeia, as novidades vem do setor de
viagens tripuladas e da estação espacial internacional. O
Pesquisador Johann- austronauta italiano Luca Parmitano será enviado a
Dietrich Wörner /
estação onde vai coordenar 20 experimentos. Muitos
Centro Aéreo
deles são alemães, já que a Alemanha é um dos países
Espacial Alemão
mais ativos na estação.
Apresentadora
(Nádia Pontes)
17
Agência
Espacial
Europeia,
Alemanha,
A missão começa em maio. A cápsula russa Soyo
transportará o astronauta. Nos 6 meses em que ficará no
espaço, Parmitano vai desempenhar a função de
engenheiro de voo.
O projeto Sworm faz parte de uma das missões de
observação da terra. Ele conta com 3 satélites que vão
analisar a estrutura do planeta e medir alterações no
campo magnético que protege a terra contra radiações
vindas do espaço. O Sworm deve calcular por quanto
tempo esse escudo vai continuar em ção.
18
Cápsula
russa Soyo,
A tecnologia impulsionou as descobertas e captação de
belas imagens vindas do espaço. Mas no comando deste
trabalho está sempre um profissional dedicado a ciência.
Um ser humano. O Futurando conversou com uma
astrofísica sobre a sua rotina de observação do universo.
19
Estúdio
Astrofísica
196
10:5
5a
13:1
8
143s
Narradora
(Roselaine
Wandscheer)
Pesquisadora
Patrícia Chad
Quando eu cheguei em Monique, eu não tinha ideia de
como a cidade é perto dos Alpes. Fiquei encantada com o
fato de poder acordar cedo em uma manhã, viajar uma
hora para chegar aqui e poder respirar o ar puro dessas
montanhas. Isso é maravilhoso. Meu nome é Patrícia
Chad. Sou britânica e trabalho no instituto Max Planck de
Física Extraterrestre em Garching, na Alemanha.
Trabalhar em um observatório é muito bom. Eu gosto
muito. No laboratório tudo é bem mais real.
Normalmente observamos os astros no escritório, atrás de
um computador. Mas se algo dá errado, é necessário ir
para o observatório e olhar pelo telescópio. Eu costumava
fazer isso antigamente. O que eu acho muito positivo no
observatório onde trabalhamos, é que temos muito
controle sobre os instrumentos e sobre o próprio
telescópio. Trabalho principalmente na observação de
fenômenos chamados erupções de raios gamas que são
grandes explosões e grandes emissões de energia. Por
um instante essa emissão é tão brilhante que ilumina todo
o céu e chega a cegar. Hoje acreditamos que essa
explosão seja na verdade o colapso de uma estrela muito
massiva ou seja, a estrela se torna tão grande que entra
em colapso por causa da própria força gravitacional e
forma um buraco negro. Essa é uma estrela que sofreu
uma morte catastrófica e também sabemos que elas
morrem muito jovens, pois estrelas massivas não
sobrevivem muito tempo. Eu acho isso muito trágico, e
dramático também, pois elas não desaparecem em
silêncio. O universo tem 14 bilhões de anos e as erupções
de raios gamas que estou estudando tem dezenas de
milhões de anos, ou seja, isso é uma pequena fração da
idade do universo. Isso mudou minha visão global. Me
tornou uma pessoa com alto senso prático. E talvez por
causa disso eu seja menos romântica.
20
Monique,
Patrícia
Chad, estrela,
estrela
massissa,
197
13:1
9a
13:3
8
19s
Intervalo
Apresentadora
(Nádia Pontes)
Depois dessa viagem pelo espaço, Futurando navega
pelo mundo virtual. No próximo bloco você verá como a
internet mudou para sempre o cotidiano em várias partes
do globo, mesmo quem não abra a mão da tradição no
processo industrial precisou se adaptar ao universo online. Futurando volta já.
Apresentadora
(Nádia Pontes)
Quais são as fronteiras da tecnologia? Essa geração de
conectados que você conhecerá agora, comprova que
não existem limites. A internet atrai curiosos de todas as
idades, superam até a falta de hábito para fazerem parte
deste mundo virtual.
22
O mundo virtual atrai um público diversificado. Esses
idosos participam de um curso para aprender a surfar,
escrever e-mail e até telefonar. Tudo isso com um tablet.
23
mundo virtual,
idosos, tablet
24
computador,
acesso,
internet,
25
tablet PC
26
mãos tremem
13:4
9a
14:0
6
17s
14:0
7a
14:2
5
18s
14:2
7a
14:4
0
13s
14:4
1a
14:5
7
16s
14:5
8a
15:1
3
15s
Tablet e terceira idade
BLOCO II
21
Narradora
(Roselaine
Wandscheer)
Aposentada
(Ilsemarie Sturk)
Narradora
(Roselaine
Wandscheer)
Instrutora: Ulrike
Peters
Na minha família todos tem um computador novo com
acesso a internet. Eles sempre diziam “você já passou da
idade, você não consegue fazer isso”, mas conectar
encontrei essa oportunidade aqui, que eu disse: “vou
participar. Eu preciso melhorar nessa área”
O curso é cobiçado. Os participantes tem entre 65 e 90
anos e se encontram uma vez por semana. Os primeiros
resultados são positivos. O tablet PC é muito prático para
os iniciantes.
As mãos de algumas pessoas tremem e isso atrapalha
um pouco. O que me impressiona é que mesmo assim
elas não largam o aparelho. Elas sempre recomeçam o
que estavam fazendo e demonstram que fazem o curso
por prazer.
Chamada
Estúdio
tecnologia,
internet,
198
15:1
5a
15:3
5
20s
15:3
6a
15:5
3
17s
16:1
5a
16:2
4
16:2
5a
16:3
1
16:3
2a
16:4
9
16:5
0a
16:5
8
16:5
9a
17:
23
Jutta Croll /
Fundação Digitale
Chancen
Narradora
(Roselaine
Wandscheer)
20s
Aposentada
(Rosemarie Hanke)
9s
Narradora
(Roselaine
Wandscheer)
6s
Aposentado Erich
Kölling
17s
Narradora
(Roselaine
Wandscheer)
8s
24s
Ensino a distância
nas ilhas da
Alemanha
15:5
4a
16:1
4
Narradora
(Roselaine
Wandscheer)
Apresentadora
(Nádia Pontes)
A primeira barreira é superar o preconceito. Esse público
mais maduro também mostra que tem habilidades. Uma
pesquisa aponta que metade dos alemães acima dos 50
anos está off line e quase 80% dos idosos acima de 70
anos não fazem parte do mundo virtual
A internet é um meio de comunicação que ajuda
principalmente as pessoas de idade avançada. Que cada
vez mais vivem afastadas de membros da família. Com a
internet elas podem manter seus contatos sociais.
27
habilidades,
alemães,
mundo virtual
28
internet,
famíia
Mas nem tudo é tão simples com os tablets. Ligar o
aparelho e criar uma nova conta pode ser um obstáculo.
O mouse de computador antigamente já era motivo de
desistência. Mas a função touchscreen é dominada de
forma rápida e intuitiva.
29
tablet, mouse,
touchscreen,
Aprender fazendo é o que sempre escuto aqui. Não
pergunte. Sente-se e tente você mesma.
30
Aos poucos, cada participante do curso descobre como o
tablet pode ser útil.
Esse aparelho pode ser levado em viagens de trem ou de
carro. Posso receber e-mails, telefonar, ou seja, fazer
tudo sem precisar estar conectado ao computador em
casa. Isso é fantástico.
32
viagens, email,
O aposentado de 80 anos viaja bastante. Agora o tablet
vai sempre na bagagem
33
tablet,
bagagem
34
videoconferên
cia, aula,
internet,
computador,
tablet
Aula pela internet. Um recurso já bastante conhecido, mas
que ainda não faz parte do ensino regular. Um projeto
piloto na Alemanha quer inserir de vez essa ferramenta no
currículo. Em frente a uma tela de computador mas de
150 alunos interage entre si e com o professor. Pela
videoconferência só é um pouco mais difícil controlar as
conversas fora de hora.
Estúdio
199
17:2
4a
17:3
3
17:3
4a
17:5
1
17:5
2a
18:0
8
18:0
9a
18:2
5
18:2
6a
18:4
2
9s
16s
Narrador
Maurício
Cancillieri
Professora Barbara
Glittenberg
16s
16s
13s
18:5
7a
19:1
0
13s
Ilhas no norte da Alemanha. Aqui as escolas são
pequenas e há poucos professores.
Diretora Gisela
Tongers
17s
18:4
3a
18:5
6
19:1
1a
19:2
6
Narrador
Maurício
Cancillieri
Narrador
Maurício
Cancillieri
Aluno Félix Both
15s
Narrador
Maurício
Cancillieri
A nossa ilha é um caso especial. Tudo é bem complicado
e depende do transporte marítimo. O contato com o
mundo lá fora pode ser estabelecido de maneira muito
simples. Ninguém precisa ficar disponível na ilha durante
24 horas. Aí faz sentido o contato por vídeo só nas horas
em que precisamos.
A professora de inglês está na sala de aula na parte
continental, longe da ilha. Ainda é um pouco incomum. Os
alunos que acompanham a lição só podem ser vistos pelo
monitor.
É preciso ser bem disciplinado ao se comunicar. Porque
sempre tem um atraso na transmissão. Precisamos
esperar até que a outra pessoa termine de falar. Isso cria
umas pausas de silêncio. É uma questão de costume.
A má qualidade da transmissão é um grande desafio para
esses alunos. Mesmo assim eles aprovam a
videoconferência. Finalmente as aulas de inglês agora
são regulares.
A nossa escola não dá para aprender espanhol porque
não há professores. Já na parte continental existem
alguns. Pode ser que nos ofereçam um grupo de trabalho
de espanhol em parceria com outras escolas para que
todo mundo possa aprender.
O recurso é tecnológico, mas também é preciso
paciência. A videoconferência requer uma boa conexão
de internet e o tráfico on-line as vezes pode ser lento.
É um pouco estranho porque não vemos muito bem. A
imagem pode ter resolução muito baixa, mas podemos
ouvir bem. Às vezes não dá coragem de falar alguma
coisa já que é pela internet em outra escola. Precisamos
Aluno Nills Wettstein nos acostumar primeiro.
35
ilhas
36
contato, vídeo
37
professora de
inglês
38
transmissão,
39
transmissão,
40
espanhol,
41
videoconferên
cia, internet,
conexão
42
imagem,
resolução,
200
16s
19:4
4a
20:0
7
23s
20:0
8a
20:5
1
20:5
2a
21:0
8
21:0
9a
21:1
5
21:1
6a
21:3
0
43s
16s
6s
Narrador
Maurício
Cancillieri
Apresentadora
(Nádia Pontes)
Tecelagem e internet
19:2
7a
19:4
3
Narradora
Kamila
Rutkosky
Ao todo 150 alunos de 7 ilhas, participam da vídeo/aula
ao mesmo tempo. Se o projeto piloto tiver sucesso, a
videoconferência pode entrar de vez para o currículo
escolar.
O Futurando tem a missão de mostrar o que há de novo
na ciência no desenvolvimento da tecnologia e na
discussão ambiental. No cumprimento dessa tarefa, nós
Também nos deparamos com o caso de resistência a
modernidade tecnológica. Um apego a tradição que
parece intransponível. Ao mesmo tempo é a internet que
ajuda esse modelo a sobreviver.
O trabalho aqui não é nada silencioso. Os funcionários
dessa tecelagem não querem nem saber de máquinas
controladas por computador. Eles preferem usar as mãos.
É assim que emendam os fios e trocam os novos rolos de
linhas. Há alguns anos essa costureira foi convidada para
assumir a pequena tecelagem. A primeira reação foi
negativa. Mas ao perceber a alta qualidade das máquinas,
ela não perdeu tempo.
14s
Narradora
Kamila
Rutkosky
44
Estúdio
tradição,
internet
45
tecelagem,
costureira,
qualidade
46
nuances de
cores
47
loja virtual,
clientes
Empresária Christine
Niehage
As encomendas chegam não só da Europa, mas também
da Ásia e dos Estados Unidos.
48
Europa, Ásia,
Estados
Unidos,
O objetivo é atrair um novo público. Para isso ela trabalha
em colaboração com uma jovem designer.
49
jovem
designer
Empresária Christine Através do processamento manual, temos uma vantagem.
Niehage
Ainda podemos criar nuances de cores que máquinas de
tecelagens modernas não estão em condições de fazer.
Narradora
Kamila
Rutkosky
videoconferên
cia
43
A empresária criou uma loja virtual para conquistar mais
clientes.
201
21:5
0a
22:3
3
22:3
4a
22:4
0
22:4
1a
22:5
3
22:5
4a
23:1
8
23:1
9a
23:4
8
Somos uma empresa pequena e por isso podemos
atender nossos clientes de forma individual. Já fizemos,
Empresária Christine
por exemplo, a fita bordada para os pedidos oficiais da
Niehage
Oktobafest, na Baviera. Tecemos a fita com os dez
diferentes tipos de material que temos.
18s
14s
Mecânico Andre
Homberg
Narradora
Kamila
Rutkosky
12s
24s
29s
Apresentadora
(Nádia Pontes)
Narradora
Ivana Ebel
50
pequena
empresa,
Oktobafest,
51
mestre em
tecelagem,
Hoje já não se aprende mais isso no curso
profissionalizante. Nos ensinam algumas coisas básicas,
mas não os detalhes.
52
curso
profissionaliz
ante
A fábrica continua na ativa e o trabalho do aposentado
evita que as máquinas virem peças de museu.
53
fábrica,
aposentado,
No meio da neve um artista segue procedimentos
rigorosos para demonstrar sua admiração por paisagens
naturais. Sozinho, debaixo de condições climáticas
extremas, ele mistura a arte com a técnica. O resultado é
impressionante. Mas como fazer para que este trabalho
meticuloso alcance o público. Mas uma vez a internet
entra em cena.
54
neve, artista,
paisagens
naturais, arte,
técnica,
internet
As pegadas na neve deixam fascinantes obras de arte.
Essa foi a maneira que o artista encontrou para expressar
o seu amor às montanhas. Seus trabalhos não poderiam
ser expostos em qualquer galeria, pois ocupam áreas do
tamanho de três campos de futebol.
55
As fitas fazem sucesso. As máquinas trabalham aqui sem
parar. Às vezes uma delas para de funcionar. É hora
desse aposentado de 71 anos entrar em ação. O mestre
em tecelagem é especializado nesse tipo de máquina.
Hoje um profissional em extinção. O cartão perfurado
fornece os comandos para o tear. Esses já estão muito
desgastados. O mecânico veterano faz novos furos. É a
experiência de quem fez isso muitos anos no passado. O
funcionário tenta absorver este conhecimento
rapidamente.
Narradora
Kamila
Rutkosky
43s
Arte, neve e mundo virtual
21:3
1a
21:4
9
Estúdio
neve, obras
de arte,
202
23:4
9a
24:0
8
19s
24:0
9a
24:2
5
16s
24:2
6a
24:5
2
26s
24:5
3a
25:0
6
13s
25:0
7a
25:2
9
Pesquisador Simon
Beck
Narradora
Ivana Ebel
Pesquisador Simon
Beck
Narradora
Ivana Ebel
Pesquisador Simon
Beck
22s
25:3
0a
25:5
0
20s
25:5
1a
26:0
6
15s
26:0
7a
26:1
9s
Narradora
Ivana Ebel
Pesquisador Simon
Beck
Narradora
Ivana Ebel
56
arte,
montanhas,
natureza,
desenhos,
modelos
matemáticos,
simetria,
jardins ,
japoneses
57
bússola,
esculturas
geométricas,
58
medição,
música
A música de Beethoven o acompanha nas 10 horas de
luta, contra o frio e o vento a 3.000 metros de altitude.
59
Beethoven
Agradável não é. O trabalho é cansativo e os dias são
bem longos. Quando eu termino, o único pensamento é
chegar seguro em casa. Simplesmente ficando parado eu
corro risco de vida aqui nas montanhas. Preciso tomar
muito cuidado para não me esforçar demais.
60
dias longos,
61
foto, posta,
redes sociais,
Com a minha arte eu posso embelezar as montanhas.
Elas fazem parte da minha arte e minha arte faz parte
dela. Existe uma interação entre a natureza e os meus
desenhos.
Usando uma bússola o artista desenha os contornos das
esculturas geométricas na neve. Ele busca inspiração em
modelos matemáticos e na simetria de jardins de templos
japoneses.
As duas primeiras horas eu gasto na medição. É preciso
se concentrar muito para não errar nenhuma linha, pois
não há possibilidade de refazê-la. Depois disso, tudo fica
mais fácil. Daí eu começo a ouvir música e faço o
desenho até o fim.
Ele não para enquanto tudo não estiver pronto. Para
terminar esta obra ele precisa trabalhar até tarde da noite.
No final, ele sobe até o ponto alto para tirar uma foto. O
artista posta todo o seu trabalho nas redes sociais. E já
tem 20 mil fãs de todo o mundo.
Foi postando minhas fotos nas redes sociais que tudo
começou. O bom que no mundo da internet não é
necessário convencer uma galeria de arte a exibir suas
obras. Você simplesmente posta as fotos e quem quiser
vai lá e vê.
Com passos firmes o artista transforma a paisagem e faz
de suas pegadas na neve verdadeiras obras de arte.
62
63
fotos, redes
sociais
passos,
paisagem,
neve, obra de
203
6
26:1
7a
27:0
0
arte
47s
Apresentadora
(Nádia Pontes)
Depois dessa viagem pela neve, pelo espaço e pelo
mundo virtual, Futurando se despede. A gente espera que
vocês tenha gostado de nos acompanhar hoje. E se você
quiser saber mais é só nos acompanhar no site
dw.de/futurando. Lá você tem outras reportagens sobre
ciência, tecnologia e meio ambiente. Ficou com alguma
dúvida e quer fazer algum comentário? Acesse nosso
facebook ou mande e-mail para a equipe do programa.
Nós nos encontramos aqui na semana que vem. Até lá.
64
Estúdio
Fonte: FUTURANDO. Mais potente telescópio terrestre. 2013. Disponível em: <http://globotv.globo.com/globo-news/globo-news-ciencia-etecnologia/v/artistas-fazem-pinturas-com-telas-digitais/2275019/>. Acesso em: 23 ago. 2013.
neve, espaço,
mundo virtual
204
APÊNDICE C - Globo News Ciência e Tecnologia
GLOBO NEWS CIÊNCIA E TECNOLOGIA
TEMAS
Chamada
00:01
a
00:21
00:21
a
00:43
00:44
a
01:30
AB
ER
TU
RA
01:30
a
01:43
20s
Arte
Digital
22s
46s
Papéis do
jornalista
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Artista móvel
Hackerspaces
BL
OC
O
TEMPO
DURAÇÃO /
SEGUNDOS
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Especialistas/entre
vistados
FALAS
Pintar com os dedos é brincadeira de criança? No
passado pode ter sido, mas hoje artistas estão
aproveitando a multiplicação das telas, dos tablets, dos
smartphones, para criar uma nova forma de expressão.
Arte que é literalmente digital. Eles são os artistas móveis
Eu pinto em IPHONES e IPADS há uns três anos, e isso
me abriu o mundo digital. Antes eu nunca tinha usado
coisas digitais
Quem vê grandes empresas dominando o setor de
tecnologia, pode não se lembrar que muitas delas
começaram dentro de garagens. Hoje os novos espaços
de criação científica e tecnológica são diferentes.
Biólogos, químicos, engenheiros, designers estão se
reunindo em espaços de trabalho coletivo, como esse
aqui. Eles são muito mais baratos, são muitas vezes
improvisados, mas funcionam com um ingrediente muito
importante: a liberdade de criação. Eles são os
hackerspaces que você vai conhecer agora no Globo
News Ciência e Tecnologia.
Nº DA
IMAGEM
CENÁRI
O
INDEXAÇÃO
1
Chamada
2
Iphone, ipad,
mundo digital
3
Chamada,
tecnologia,
Biólogos,
químicos,
engenheiros,
designers,
hackerspaces
13s
4
Laborat
ório
205
01:43
a
02:52
72s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
I
02:53
a
03:25
03:26
a
03:30
Algumas pessoas perceberam antes. Elas deram início a
Pesquisador Olivier um movimento chamado Diybio que era, basicamente,
Medvedik (biólogo biologia amadora. Eu não fiz parte do movimento desde o
início, mas eu montei logo meu laboratório e colaborava
molecular /
com artistas e designers aqui, mas de maneira
Genspace)
independente. Eu queria ter o meu próprio laboratório.
Então, até conhecer Ellen, cofundadora da Genspace, eu
não conhecia bem o movimento Diybio.
32s
4s
Número 2066 da Crist Drive, Los Altos, Califórnia. Esse foi
o endereço onde dois Steves transformaram a história da
tecnologia. Steve Jobs e Steve Wozniak iniciaram a Apple
dentro dessa pequena garagem. Transformaram um local
que guardava carros e pequenas quinquilharias, num
berço dos computadores pessoais. De lá pra cá, lugares
poucos convencionais, de trabalho colaborativo, se
multiplicaram. Hoje, pessoas com interesse em comum,
quando conseguem um pequeno financiamento e acham
um lugar descolado, criam um hackerspace.
- Aqui em Nova York, prédios que antes eram usados por
fábricas, agora estão abrigando os laboratórios como este
da Genspace. A organização permite que pessoas
comuns tenham acesso a áreas da ciência, como a
biotecnologia, que antes eram reservadas aos grandes
laboratórios.
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
O que pode surgir a partir disso? Verdadeiras inovações
tecnológicas?
5
Steve Jobs,
Steve
Wozniak,
Genspace,
Apple,
garagem,
computador
pessoal,
trabalho
colaborativo,
Nova York,
Genspace,
biotecnologia
6
Genspa
ce
Biologia
amadora,
artista,
designer,
laboratório,
7
Genspa
ce
206
03:31
a
05:01
05:02
a
05:03
Eu acho que estamos no momento propício para
inovações saídas de locais não convencionais. A
tecnologia está ficando mais fácil, mais barata, os custos
estão caindo, os equipamentos estão se tornando mais
disponíveis, temos mais PhDs capazes de dirigir esses
projetos, e a escala... Nós trabalhamos aqui com biologia
sintética. A biologia sintética é muito acessível. Não é
preciso construir uma empresa multimilionária para
começar a trabalhar nos projetos. É possível começar a
trabalhar neles com recursos muito pequenos, e esses
Pesquisador Olivier projetos podem salvar vidas. Há projetos que os
Medvedik (biólogo estudantes têm desenvolvido no âmbito do programa
molecular /
iGEM – International Genetically Enginnered Machine
Genspace)
Competition -, que basicamente reúne alunos de
graduação, que trabalham com projetos de biotecnologia.
E, para alguns dos projetos, foram pedidos
financiamentos da Gate Foundation, para tentar
desenvolvê-los ainda mais. Nós estamos falando de
micróbios geneticamente modificados para tentar detectar
substâncias nocivas na água, como toxinas ou parasitas,
e determinar se aquela água é ou não adequada ao
consumo ou para o banho. Esses projetos realmente
podem ter um grande impacto, e requerem recursos
mínimos, mas falta espaço. O espaço é muito importante,
pois não é um estudo teórico, é muito prático. É preciso
bancadas de trabalho, equipamentos, e um espaço
compartilhado...
90s
1s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Quanto isso custa? Quanto custa um laboratório como
este?
8
Genspa
ce
9
Genspa
ce
Tecnologia,
biologia
sintética,
micróbios
geneticament
e
moodificados,
International
Genetically
Enginnered
Machine
Competition ,
207
05:05
a
05:25
05:26
a
05:33
Pesquisador Olivier
Medvedik (biólogo
molecular /
Genspace)
20s
7s
Bem, se você quiser comprar esses equipamentos novos,
estamos falando de centenas de milhares de dólores, de
meio milhão de dólares ou mais. No entanto, se você
compra esses equipamentos usados, se consegue
doações, eu comprei equipamentos de amigos que
haviam comprado pela internet, o custo cai para dezena
de milhares de dólares
10
Genspa
ce
11
Genspa
ce
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Imagens do laboratório, pesquisadores e equipamentos
05:33
a
06:31
58s
equipamentos
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
A equipe da Genspace construiu uma série de
experimentos, capazes de gerar tecnologias importantes
no futuro. Há pouca gente, pouco espaço, e muito
equipamento de segunda mão, mas sobra vontade de
produzir e inovar. O objetivo da cultura hacker é modificar,
transformar o que existe. Ellen Jorgensen, presidente da
Genspace, coordena um projeto com estudantes de
diversas partes do mundo. Eles estão competindo com
vários outros centros de pesquisa, na tentativa de criar
uma bactéria (1) geneticamente modificada, diferente de
todas as que existem na natureza. Por que é mais fácil
para ele trabalhar aqui do que trabalhar na faculdade?
Genspa
12
ce
cultura
hacker, Ellen
Jorgensen
208
06:31
a
06:58
06:59
07:00
a
07:11
07:12
07:13
27s
1s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
(presidente)
11s
1s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
1s
07:13
a
07:14
1s
07:15
a
07:23
8s
07:23
a
07:32
9s
07:33
1s
07:34
a
07:47
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
(presidente)
13s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Muitas faculdades não tem infraestrutura, e alguns
interessados não são estudantes de Biologia. Podem vir
do Departamento de Arte ou Informática. E hoje há muito
interesse em Biologia, Biotecnologia, Engenharia genética
e Biologia Sintética, pois elas têm impacto em outras
disciplinas.
13
Genspa
ce
Dê-nos um exemplo
14
Genspa
ce
Bem, por exemplo. Esta equipe é patrocinada por um
departamento de arquitetura, e isso acontece porque os
arquitetos sempre procuram novos materiais.
15
Genspa
ce
Entendo.
16
Genspa
ce
E, agora...
17
Genspa
ce
Mesmo de origem biológica.
18
Genspa
ce
Materiais de origem biológica podem ser a próxima
descoberta da arquitetura. Então trabalhamos em
produtos biologicamente modificados.
Genspa
19
ce
Nós estamos em um prédio antigo do Brooklyn, que
obviamente não foi feito para abrigar um laboratório.
20
Genspa
ce
Exato.
21
Genspa
ce
No entanto, isto é um laboratório. Como este conceito
surgiu? Por que usar um espaço desses para isso?
22
Genspa
ce
patrocínio,
departamento
de
arquitetura,
arquiteto,
origem
biológica
Material de
origem
biológica
Brooklyn
laboratório
209
07:47
a
08:19
08:20
a
08:34
14s
08:35
1
08:35
08:36
a
09:06
09:06
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
32s
1
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
30s
1s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Bem, em primeiro lugar, não há laboratórios
convencionais suficientes. Em segundo lugar, estes
espaços oferecem algo que os laboratórios convencionais
não oferecem, que é um determinado grau de liberdade
intelectual, porque não é preciso justificar se o projeto
vale a pena em termos financeiros ou mesmo se é viável
diante do comitê da universidade ou de uma empresa de
biotecnologia.
23
Genspa
ce
Então, o que eles encontram por aqui é ... Deixe-me ver
que tipo de material você tem ali. Qual é a estrutura
básica ? De que você precisa...
24
Genspa
ce
Em um espaço como este?
25
Genspa
ce
É.
Na verdade, é surpreendente. Você precisa de várias
coisas, mas depende. Se você for trabalhar com
engenharia genética das bactérias, precisará de
equipamentos para fazer a bactéria crescer. E você
precisará de equipamentos para fazer soluções, pesar
materiais, para trabalhar de maneira segura. Então você
vai precisar de centrífugas, de balanças, estufas, de
incubadoras, locais onde a bactéria possa crescer, essas
coisas.
26
Genspa
ce
27
Genspa
ce
O que incentiva você?
28
Genspa
ce
laboratório,
liberdade
intelectual,
projeto,
Equipamento,
bactéria,
Engenharia
genética das
bactérias
210
09:07
a
09:49
09:50
a
09:53
09:54
a
09:58
09:58
a
10:02
10:03
a
10:42
10:42
10:43
a
10:45
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
42s
3s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
4s
4s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
39s
1s
2s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Pesquisadora Ellen
Jorgensen
Bem, nós queremos ter sucesso por vários motivos.
Então, em primeiro lugar, consideramos esses lugares
cruciais para o futuro da inovação. Aqui nós treinamos
futuros cientistas, além de fornecermos um espaço para
biohackers, inovadores, até mesmo para biólogos que
queiram trabalhar em algo diferente do que fazem em seu
trabalho cotidiano. Por isso nós achamos importante ter
esses espaços, e grande parte do sucesso deles depende
do sonho de ver algo importante saindo daqui. Então, a
pressão é querer garantir que alguém invente algo legal
aqui.
Genspa
29
ce
Quando começou esse movimento de hackerspace?
30
Genspa
ce
Hackerspace
É algo muito novo. Talvez em 2008.
31
Genspa
ce
Hackerspace
E o que deu ímpeto a ele?
32
Genspa
ce
Hackerspace
- Duas ou três coisas. Em primeiro lugar, a competição de
que eu falei. Muitas pessoas se formam e se dizem:
“Bem, não somos mais estudantes, mas achamos isso
divertido e queremos continuar fazendo.” Em segundo
lugar, a tecnologia para ler e escrever o código do DNA
está se tornando cada vez mais barata. Até o final do ano,
será possível sequenciar o genoma humano por menos
de mil euros e em menos de um dia. É uma tecnologia
incrível, que está evoluindo mito rápido. Então, está
ficando mais barata. A terceira coisa é que, hoje, comprase quase tudo pela internet. Muitas empresas de
biotecnologia fecharam...
competição,
DNA, genoma
Genspa
hmano,
33
ce
biotecnologia
Você se refere aos equipamentos?
34
Genspa
ce
É. Isto tudo pode ser comprado pela internet.
35
Genspa
ce
Sucesso,
biohacker,
Inovação
Internet
211
10:46
a
11:07
11:08
a
12:23
12:24
21s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Um ano e meio é um tempo muito curto, mesmo para um
laboratório que funcione em uma universidade. Nós
abrimos as portas há apenas um ano e meio, e várias
pessoas já passaram por aqui. Nós tivemos projetos muito
interessantes que foram iniciados e chegaram a
determinado grau de conclusão. Nós agora estamos
patrocinando uma segunda equipe no iGEM... Então, nós
Pesquisador Olivier basicamente temos projetos em que tentamos criar
Medvedik (biólogo pequenos cristais chamados “pontos quânticos”. É um
projeto ainda em andamento. Nós temos aqui artistas
molecular /
fazendo um trabalho de ponta tentando testar as
Genspace)
fronteiras entre privacidade e genética. Eles basicamente
colhem amostras de material genético. Heather é uma
delas. Eles colhem material humano nas ruas, como
amostras de cabelo, etc. E, de posse dessas amostras,
após sequenciar o DNA, com a tecnologia que temos, é
possível fazer um perfil da pessoa, saber como ela é, e
fazer um busto dela e dizer: “Esta pessoa, em certo
momento, estava neste lugar.” E é muito. Isso levanta
muitas perguntas, como: o que nós consideramos ser
nós? Qual é nossa informação?
15s
1s
A Genspace luta para produzir resultados concretos, com
uso de mercados. O laboratório tem menos de dois anos
de existência e o potencial é palpável. Uma das pesquisas
mais promissoras, envolve a criação de um perfil genético
acessível a qualquer pessoa.
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Genspa
ce
perfil genético
37
Genspa
ce
ponto
quântico,
laboratório,
artista,
material
genético,
universidade,
38
Genspa
ce
informação
genética
36
Nós deixamos informação genética em toda a parte.
212
12:25
a
12:47
12:47
12:48
12:49
Apr
ese 12:50
nta a
ção 12:57
Pesquisador Olivier
Medvedik (biólogo
molecular /
Genspace)
22s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
1s
Ótimo. Muito obrigado.
Pesquisador Olivier
Medvedik (biólogo
Foi um prazer
molecular /
Genspace)
1s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
1s
Obrigado
39
Genspa
ce
40
Genspa
ce
41
Genspa
ce
42
Genspa
ce
informação
genética
7s
43
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
24s
Arte digital
12:57
a
13:21
II
13:22
a
13:56
Nós a espalhamos por toda a parte, ela se desprende de
nós o tempo todo. E, até agora, não tínhamos tecnologia
para analisá-la, então ninguém se importava. Mas agora,
que temos tecnologia para ler essa informação, nós
começamos a levantar novas questões. E o trabalho dela
é tentar ser uma pioneira nisso.
34s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Utilizar os dedos para pintar, nunca foi um gesto que
mereceu respeito na arte. Não passou de brincadeira de
criança. Mas agora uma nova geração de artista
descobriu e milhões de telas espalhadas pelo mundo, nos
tablets, smartphones, um meio ideal de expressão. É a
nova forma de arte que é literalmente digital.
É uma cena conhecida. Em um estúdio, o artista observa
a modelo e com o seu pincel, cria a imagem. Durante
séculos este foi o meio de expressão clássico. Mas hoje a
forma de criar uma imagem está mudando rapidamente. A
arte digital já se popularizou em museus e festivais de
inovação eletrônica, mas não só isso. Um grupo de
criadores está transformando tablets e telefones nas telas
de pintura da era digital.
44
arte digital
45
arte digital,
tela digital,
tablet,
telefone, era
digital,
Estúdio
de arte
213
13:57
a
14:15
14:16
a
14:38
14:39
a
14:46
14:47
a
15:08
15:09
a
15:58
15:59
a
16:00
Entrevistado (sem
nome)
18s
22s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
21s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Somos a Nomadbrush. Meu nome é Don Lee e eu criei a
Normadbrush. Nós oferecemos uma ferramenta que se
parece exatamente como um pincel.
Mia Robinson começou a pintar em 2008 no seu primeiro
smartphone e se tornou uma das fundadoras de uma
associação que reuni artistas digitais móveis no mundo
inteiro
Artista digital Mia
Robinson
49s
1s
Em lugar de tintas e paletas, dedo e pincel eletrônico,
capaz de usar todas a s cores e padrões disponíveis nas
centenas de aplicativos voltados para artistas móveis. É
um mercado que não para de crescer
Artista digital Don
Lee
7s
O que fazemos aqui é tentar criar alguma diversão, arte
móvel, alguma excitação para o movimento, educar e
reunir pessoas de todo o mundo que amam fazer arte em
seus dispositivos móveis.
A primeira vez que usei meu celular para isso foi no final
de 2008. Eu tinha acabado de comprar e não sabia o que
fazer com ele. Então eu resolvi procurar aplicativos
quaisquer, e desenhar no telefone me pareceu algo muito
intuitivo, então foi uma das primeiras buscas que fiz, e
para minha surpresa, surgiu um aplicativo chamado
“Brushes”. Eu entrei vi aqueles aplicativos de desenho e
achei bem legal. “Vamos ver se baixo e faço algo com
isso”. Eu baixei e ele mudou minha vida, artisticamente
falando.
46
arte móvel,
dispositivos
móveis
47
dedo, pincel
eletrônico,
artista móvel
48
Nomadb
rush
pincel
49
Mia
Robinson,
smartphone,
associação,
artista digital
móvel,
50
celular,
aplicativos,
brushes
Qual foi a primeira coisa que você fez?
51
214
16:00
a
16:22
16:22
a
16:25
16:26
a
16:51
16:53
a
17:05
17:05
a
17:37
17:37
a
17:58
Artista digital Mia
Robinson
22s
3s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
12s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
21s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
As linhas... Quando pensamos em algo digital, pensamos
em algo muito gráfico, imagens muito “duras”, que não
são fluidas, entende? Pelo menos era o que eu pensava
dos desenhos digitais. Eu não tinha um conhecimento
digital antes disso. Mas eu comecei a desenhar e vi que
era com um lápis e papel.
O cavalete do artista, em qualquer lugar, chama a
atenção. Usar um telefone como tela tem suas vantagens.
É fácil pintar sem ser percebido?
Artista digital Mia
Robinson
32s
52
desenho,
53
desenho,
qualidades
textuais
54
gráfico,
imagens,
desenho
digital,
55
telefone,
pintura,
56
telefone,
SMS, e-mail
O que você quer dizer com “qualidades textuais do
desenho”?
Artista digital Mia
Robinson
25s
A primeira coisa que eu fiz foi um desenho do meu
sobrinho. Fiz uns desenhos muito rápidos dele dançando
pela casa. E foi ... E assim que tentei, e vi as qualidades
gestuais do desenho, na mesma hora eu pirei e não pude
mais largar.
Eu não tenho carro, então, quando estou no metrô, estou
sempre desenhando alguma coisa. Ou terminando de
pintar algum desenho... E eu faço muitos rascunhos de
pessoas, com muitas pessoas olhando. E isso é muito
legal, pois o celular é um bom disfarce. As pessoas em
geral me olham pensando: “Quem é essa maluca olhando
pra mim com essa expressão intensa no rosto?” Mas elas
pensam que você está mandando SMS ou e-mail, sei lá.
A praticidade de ferramentas que estão ao alcance de
todos revoluciona as formas de criar e torna artistas
aqueles que nunca pensaram em pintar.
57
215
17:58
a
18:26
18:26
a
18:40
18:40
a
18:53
18:54
18:55
a
19:45
Artista digital Mia
Robinson
32s
14s
1s
50s
Um exemplo é o jogo drawsome. Um desafio entre as
pessoas é ver quem cria os melhores desenhos. A
brincadeira também é jogo entre profissionais.
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Artista digital Mia
Robinson
13s
Eu acho que a comunidade artística de telefones móveis é
um grupo mais amigável e menos intimidador, porque
muitas pessoas que desenham no celular vêm de todos
os grupos profissionais que se possa imaginar. Não só
artistas. O legal do meio é que ele dá acesso a todo
mundo. Todo mundo tem a oportunidade de ser criativo.
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
58
telefone
móvel,
comunidade
artística,
59
jogo,
drawsome,
desafio.
60
artista,
imagem,
batalha
artística
61
batalha
artística
62
batalha
artística
Muitos artistas carregam imagens ou passam para outros
artistas, eles ficam enviando e recebendo, e você adiciona
para ver como vai ser. Algumas pessoas fazem batalhas
artísticas, essas coisas.
Como é uma batalha artística?
Artista digital Mia
Robinson
Há uma entre Benjamin Rabe, e um tal Matthew Watkins.
Eles ficam publicando imagem de um coelho e um porco.
Eles ficam postando um porco e um coelho em situações
diferentes. Em uma imagem o porco está em cima, depois
o coelho faz alguma coisa... Eles ficam nessa. É muito
divertido e distrai a cabeça. Mas você também aprende,
com essa troca, muitas coisas técnicas no meio digital,
porque cada um trabalha de uma maneira. Eu sou artista
plástica e trabalho com uma camada, mas posso passar
para alguém que trabalhe em várias camadas, que vai me
devolver , e vou ver algo diferente. Então há essas
funcionalidades legais que eu não conhecia.
216
19:46
a
19:56
19:57
a
21:44
21:45
21:45
a
21:57
10s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Artista digital Mia
Robinson
107s
1s
12s
Apresentador
(Luis Fernando
da Silva Pinto)
Artista digital Mia
Robinson
Mas trabalhar em telas virtuais tem desafios. O principal,
como transformar arte móvel em meio de vida.
63
arte movel,
meio de vida
Eu acho que o principal retorno que muitos de nós
recebem agora é simplesmente expor. É um meio jovem,
e eu acho que o desafio que nós enfrentamos,
principalmente como artistas plásticos... Se você é
ilustrador, pode trabalhar num estúdio, fazer animação,
essas coisas. Mas, para um artista plástico, é mais difícil
viver da arte, porque muitas pessoas não associam artes
plásticas ao mundo digital, se é que você me entende.
Originalmente só se pintava em telas, pois só se tinha a
tinta e a tela, entende? Mas, com as ferramentas digitais,
nós temos apenas um arquivo digital. Eu acho que, com
o tempo, à medida que as pessoas começarem a
perceber a arte digital é mais do que apenas manipular
uma foto, que tem gente gerando imagens a partir de
desenhos em aparelhos – e não apenas em aparelhos
móveis, mas em grandes também. À medida que as
pessoas forem mais expostas a isso, começarão a aceitar
melhor, e você então verá um artista, como eu, ou alguns
colegas meus, vivendo disso. Hoje, o que nós fazemos,
especialmente na minha organização, é tentar fazer
pessoas conhecerem essa ferramenta e mostrar a elas,
mostrando que há artistas muito talentosos usando esses
aparelhos minúsculos para fazer coisas incríveis. O
trabalho artístico é brilhante, entende? E acho que é isso
que as pessoas precisam ver. Pelo menos por ora. Eu
não ficaria triste de ganhar dinheiro com isso...
64
artista
plástico,
E quem ficaria?
De viver disso. Mas o que eu realmente quero ver é
alguém que não gostava dessas coisas conhecer, ver e
dizer: “Eu não sabia que se podia fazer tanto com esse
aparelho”.
65
66
217
21:58
Apresentador
a
10s
(Luis Fernando
Nosso programa fica por aqui. Não se esqueça de
22:08
da Silva Pinto)
comentar, fazer sugestões
67
22:08
a
22
22:30
Fonte: GLOBO NEWS CIÊNCIA & TECNOLOGIA. Artistas fazem pinturas com telas digitais. 2012. Disponível em: <http://www.dw.de/os-temas-apresentados-nofuturando-23/a-16595683>. Acesso em: 23 ago. 2013.

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