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Caderno3 | 3 DIÁRIO DO NORDESTE FORTALEZA, CEARÁ - DOMINGO, 4 DE JANEIRO DE 2015 MEMÓRIA É... Efeito Humberto NENO CAVALCANTE [email protected] em Iguatu LinhaDoida Espanto, e enorme, provocou-me a informação de que, empós rigorosas investigações, ficou comprovado, a ferro e a fogo, que ao que chamaram “Mensalão”, verdadeiramente nunca existiu, foi tudo ruído de comunicação – como dantes já nos alertara o companheiro Lula. Consultei um de meus botões – especialista em “Risque o meu nome do seu caderno” – e o tal botão esclareceu-me que, no meio político, nas entranhas do poder, os equívocos são, amiúde, sucessivos. Daí as injustiças. Linha Doida 2 Linha Doida 3 – Mas, meu caro, ao vivo e em cores, a televisão fez a cobertura do julgamento, e provas documentais foram exibidas, bem como somas astronômicas de dinheiro, ora postas ali, ora acolá, de tal sorte que, em meio a tanta teatralidade, eu... - Não terminei a frase, pois, o tal botão recolheu-se a uma de suas casas, deixando-me o DVD “Ninho de cobras”. Nada entendi a lhaneza do gesto. Também quem me mandou ter tão somente o Diploma do Curso de Datilografia? Iguatu, cidade natal de Humberto Teixeira: parte da vida e obra do compositor está contada em um espaço especial no Museu da Imagem e do Som de Iguatu Grupo Caravana Cearense do Baião ajuda a celebrar o legado de Humberto Teixeira com shows musicais Em 2014, a Caravana fez o show “Humbertos” em várias cidades do Interior apoiada pelo Edital de Incentivo às Artes da Secult–CE A ideia de que Humberto Teixeira é um desconhecido em sua própria terra natal gradativamente vai defasando. Mas alguns estereótipos permanecem, de fato, até para a geração que nasceu em Iguatu bem depois que o compositor faleceu. O músico iguatuense Michel Prudêncio, 25, integrante da Caravana Cearense do Baião, opina: “é até batido isso, de todo mundo na cidade saber que ele nasceu em Iguatu, mas não saber da história dele. Acho que a diferença é que você chega no Exu (PE) e sabe logo que lá é terra de Luiz Gonzaga, e não acontece isso aqui”, compara. Michel enfatiza que o trabalho de seu grupo pretende mostrar além do repertório “humbertiano”, tentando estimular o público a sondar mais quem foi o compositor. “Ele protagonizou um movimento cultural que ganhou o mundo. E nosso espetáculo fala do baião como esse movimento vasto. É algo muito cultural chamarmos a CE-060 ainda de ‘estrada do Algodão’, quando oficialmente é rodovia Humberto Teixeira. No Assaré, o pessoal sabe desde criança quem foi Patativa. Em Juazeiro do Norte, o Padre Cícero. Quem assiste nosso espetáculo, quer ir ao museu (da Imagem e do Som de Iguatu, onde há um espaço memorial para Humberto). A gente quer compreender a poesia dele”, resume o músico. Reconhecimento Em 2014, a Caravana fez o show “Humbertos” em várias cidades do interior cearense, apoiada pelo Edital de Incentivo às Artes da Secult (CE). Passaram por Acopiara (vizinha a Iguatu, 40km), Icó, Assaré, Potengi, Araripe e na capital (Teatro Carlos Câmara). Em Iguatu, o show acontecerá neste mês de janeiro, com data ainda a confirmar. “Não vai ser no dia do centenário porque segunda-feira é complicada”, diz ele. “O bacana é que a gente se apresentou em vários lugares e o pessoal cobra: ‘os meninos se apresentam em todo canto e não tocam aqui’”, complementa. Ainda neste primeiro semestre, há shows previstos para o evento oficial do centenário, em março, no Cine São Luiz, em Fortaleza, e no teatro Castro Alves, em Salvador (BA). Até a segunda metade da Em Iguatu, o show acontece neste mês, com data ainda a confirmar. Por cair numa segunda-feira, o dia do centenário foi descartado década de 70, quando ainda era vivo, Humberto Teixeira deixou claro que seu reconhecimento no País não encontrava equivalente na sua reputação natal. O compositor Fausto Nilo comenta a impressão do iguatuense: “Acho que há muito reconhecimento nacional. Mas acho carente na terra dele, concordando com ele (no depoimento que deu ao Nirez, em 77). Geralmente, a gente (os letristas) quer o trabalho com a música em si. Ele já era um pouco diferente disso. Queria mais, uma reverência”. Cenas de espetáculos do grupo Caravana Cearense do Baião, que já passou por cidades como Acopiara, Icó, Assaré, Potengi e Fortaleza FOTOS: JAN MESSIAS/CARAVANA Projeto O músico e compositor Calé Alencar lista algumas ações “in memoriam”, sintetizando o que já foi feito a fim de reverenciar a memória de Humberto. “Acho que hoje Humberto Teixeira está colocado de forma clara até para o próprio Iguatu. No bojo das comemorações dos 80 anos (em 95), tive uma parceria com o (então deputado estadual) Inácio Arruda (PCdoB) para aprovarmos o ‘Ano Humberto Teixeira’. Foi aí que o trecho rodoviário entre Quixadá e Iguatu tornou-se Rodovia Humberto Teixeira”. O projeto do Ano Humberto Teixeira (nº. 87/14) está em trâmite novamente na Assembleia Legislativa do Ceará, desta vez por intermédio do deputado Lula Morais (PCdoB). O artigo descritivo destaca: “os poderes executivo, legislativo e judiciário, no âmbito de suas competências, coordenarão a programação dos eventos institucionais comemorativos ao Centenário de Humberto Teixeira, estando autorizado a criar parcerias com entidades e instituições, públicas ou privadas, visando ao apoio e à promoção de atividades alusivas ao fato histórico”. Pingando o i Quem, à noite do dia 31, aventurou-se a percorrer as ruas de nossa cidade, deparou o abandono à ordenação do trânsito pelas autoridades responsáveis; em meio ao caos, sucediam-se as irregularidades, e tudo ficou, por conta do galo. Nota social Zé de Toinha e Toinha do Zé curtiram a passagem do ano, sob um dos viadutos da cidade (o local não foi revelado, por fatores de segurança), ao som de uma dessas bandas de forró. As doses de uma garrafa de cachaça foram entrecortadas por um suculento frango assado. Sem contar a farofa de ovos. Lirismo “Com ela / tenho a intimidade / do solo com a raiz / e a alegria da planta com a chuva / somos seiva e colheita / cicatriz e ferida / sabor e uva.” (“Cumplicidade” – poema composto por José Telles) ‘‘ NoBrasil, asúnicas portasque estão sempreabertasa todaa população abaixodaclasse médiasão asda cadeia.Justiçaseja feita–pra entrar e prasair” MILLÔRFERNANDES Pensador Sobremesa 171 Cultural- A mim nada me emociona mais do que a contemplação do quadro “ A governanta”, de Chardin, na “National Gallery of Canadá”. São vislumbres do cotidiano da burguesia ilustrada, que ascendia em França nos meados do século XVIII; o que se depara é o equilíbrio entre razão e sensibilidade. As cartas no chão indicam as experiências e sofrimentos futuros do menino retratado. Bem dizia o meu professor de Latim: “Grata rerum novitas” (A novidade é coisa agradável). Com licença, alô, alô, sim, sou eu mesmo, meu caro procurador! Dito popular: “O que muito se evita, se convive” Redator interino: Carlos Augusto Viana