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Salve Embu das Artes Embu das Artes - Março 2012 - edição #3 | www.salveembudasartes.com.br | distribuição gratuita PLANO DIRETOR: EMBU DAS ARTES VAI TER DE ENGOLIR? Chico Brito ouviu, mas só considera propostas alinhadas com os interesses do Governo! O poder público considera isso DEMOCRACIA? Saiba como o Plano vai impactar a cidade! Página 2 Sociedade aponta inúmeras ilegalidades na Minuta do Plano Diretor Montagem ilustrativa 3 Contas de Campanha novamente reprovadas pela Justiça 7 2 março 2012 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES capa Fotos: Graciela Dias Desenvolvimento predatório é marca do Plano Diretor de Embu das Artes Sociedade aponta diversas ilegalidades na Minuta do Plano Diretor, faz inúmeras contribuições, e pede mais uma Audiência Pública. O prefeito Chico Brito diz não, declarando que o Executivo encerrou essa etapa e encaminhará o Projeto de Lei para a Câmara dos Vereadores Movimento Salve Embu das Artes M ais de 700 pessoas participaram da Audiência Pública de Revisão do Plano Diretor realizada na segunda-feira (19/3), às 19h, na Escola Municipal Valdelice Aparecida de Medeiros Prass, no Pq. Pirajussara. O debate acalorado, que terminou por volta da 1h da manhã, mostrou que a população da cidade está dividida: enquanto alguns defendem indústrias e logística na Zona de Interesse Ambiental, área verde da cidade que corresponde a quase 40% do município, outros indicam que a cidade tem múltiplas opções e que deve fazer escolhas que assegurem a preservação do patrimônio ambiental do município, garantindo qualidade de vida para todos. Moradores apontaram diversas irregularidades e ilegalidades na proposta do Plano Diretor, contribuíram com inúmeras propostas que foram entregues durante as reuniões temáticas e territoriais, e pediram mais uma Audiência Pública para que a Prefeitura apresente o que foi acolhido e o que não foi, e explique os porquês de suas decisões; afinal, a cidade é de todos nós! O Prefeito Chico Brito (PT) ou- viu a população, mas disse que “o poder executivo encerra o seu processo de discussão do Plano Diretor hoje. Aquilo que não ferir as diretrizes da nossa proposta, nós vamos acolher, e quinta-feira, no máximo, nós estaremos protocolando a nossa proposta na Câmara Municipal de Embu”. A sociedade também pergunta: como um governo, que se diz democrático e abre o microfone para a participação popular, poderá avaliar as novas contribuições da população com critérios técnicos em tão pouco tempo, antes que o projeto siga para o Legislativo? Chico Brito fecha discussão e diz não para novas Audiências no Executivo E quando a população vai receber esclarecimentos claros do porquê suas propostas foram descartadas? Informações importantes foram omitidas na apresentação desse Plano, revelando que Embu das Artes está distante de um debate honesto e elucidativo sobre questões concernentes ao seu desenvolvimento. Contribuições do público durante a Audiência Pública “Eu moro na área há 57 anos. Aqui nasceram meus filhos e é aqui que cuidei da minha família. Essa área é uma área ecologicamente valiosa, com um potencial de manancial fabuloso. Ela transmite água para todo o nosso município. São Paulo também em parte é abastecido por Embu, e nós não podemos na época atual, aceitar que matas e vegetação, animais sejam mortos, as águas destruídas. Nós somos brasileiros, nós precisamos de ar, nós precisamos de vida, nossos filhos precisam, as crianças que virão, os nosso netos precisam disso. Não se pode construir, derrubando. Sem ar, sem água, ninguém vive. Sr. Prefeito, o que o senhor quer nos tirar, o senhor nunca vai poder nos dar, porque a natureza é um presente de Deus. E isso o senhor não pode nos tirar. É um direito nosso, do povo do Embu, e de todo São Paulo e Brasil, que essa voz seja ouvida em rede nacional, porque isso é muito importante. Nós merecemos, todos que estão aqui merecem casa, comida, água, mas tem que proteger o meio ambiente. Sem isso não há vida! E todos vão morrer! Não adianta ter casa se não tiver água para beber e não se puder dar ar para nossos filhos, para nosso netos. Água, água, água! ” Ligia Maria Heras Toledo, moradora da APA Embu Verde “Me parece que com todo o esforço da gestão, o meio físico ficou inadequadamente caracterizado. Um exemplo disso é o relevo. O relevo do município não foi contemplado no PD, como se fosse um município totalmente plano, e nós temos um relevo montanhoso, muitas ladeiras de alta declividade, que tornam certas regiões diferentes das outras. Quer dizer, a gente vê um mapa plano, tudo pintado de verde, parece que é tudo igual, mas quando nós colocamos o relevo, aí a gente vê que tem dificuldade. A última questão é em relação aos potenciais econômicos que já tinham vida no município. Nós somos uma estância turística, e principalmente produtora de água, que é o bem mineral mais valioso do século XXI.” João Carlos Christophe, analista de informações geográficas do IBGE, morador das Chácaras Embu Colonial MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES Março 2012 3 Sociedade aponta ilegalidades Milena Fabbrini, arquiteta Na contramão do desenvolvimento sustentável A revisão do Plano Diretor está em conflito direto com o que dita a Constituição Federal e o Estatuto da Cidade (art. 2o). Confunde desenvolvimento sustentável com desenvolvimentismo a qualquer custo. O Plano Diretor coloca em risco o projeto de cidade sustentável a longo prazo, num município que possui importante patrimônio cultural, ambiental e é produtor de água. A Prefeitura age como uma empresa voraz, visando lucros através de negócios imobiliários e de atividades incompatíveis, distanciando-se dos interesses da população local e regional. A cidade das Artes pede um desenvolvimento sustentável, que discipline com responsabilidade o processo de uso e ocupação do solo, e assegure a qualidade de vida para todos. Inexistência de estudos aprofundados A revisão do Plano Diretor exige estudos especiais para as atividades que impactam a mobilidade urbana ou as áreas de preservação da natureza, tais como as atividades industriais e de logística. A Prefeitura não apresentou os estudos aprofundados de mobilidade, impactos ambientais, “ Plano de Manejo da APA, etc. para a expansão dos Corredores Empresariais e criação de novos. Ausência do Plano de Manejo A legislação federal – Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) – estabelece que o poder público deve elaborar o Plano de Manejo das Unidades de Conservação por ele instituídas. Além disso, enquanto o Plano de Manejo não for elaborado é dever do poder público cuidar e proteger a Unidade de Conservação. O Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) Embu Verde, por exemplo, está sendo adiado pela Prefeitura há mais de dois anos. A Minuta do Plano Diretor cria ilegalidades diante da Lei Federal nº 9.985/2000 e da Lei Municipal nº 108/2008 ao permitir a instalação de indústrias e galpões de logística na APA Embu Verde, sem ter elaborado ainda o Plano de Manejo, que determinará quais porções desse território poderão ser utilizadas para as diversas atividades humanas e ambientais. Mapas em desacordo com os mapas oficiais de São Paulo Os mapas apresentados na Minuta estão em desacordo com os mapas elaborados pela Secretaria Estadual O Plano de Manejo da APA Embu Verde está sendo adiado pela Prefeitura há mais de dois anos. “ Os mapas apresentados na Minuta estão em desacordo com os mapas elaborados pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e a USP, BIOTA-FAPESP. do Meio Ambiente e a USP, BIOTA-FAPESP, publicados em novembro de 2009. O Plano Diretor de Embu das Artes deveria utilizar os mapas oficiais do Estado de São Paulo para evitar a insegurança jurídica, pois essa irregularidade deixará o município sem proteção ambiental adequada e os munícipes sujeitos a desastres e degradações ambientais de toda a sorte. Além disso, o Plano Diretor não parece se preocupar com as florestas, a água e o clima. O mapa 3 não descreve as Áreas de Proteção Permanentes (APPs) referentes a faixas marginais de rios, córregos e nascentes, nem tão pouco as APPs referentes a declividades acentuadas e topos de morros. O Plano Diretor não esclarece os usos possíveis na cidade A Lei do Plano Diretor tem que ser clara e precisa. A Minuta em discussão é genérica e isso pode impossibilitar o seu cumprimento, causando a insegurança jurídica para os cidadãos. Um desses aspectos é a falta de esclarecimento, definição e limitação a respeito do que é SERVIÇO, e isso transforma a proposta do Plano Diretor numa Lei Não Autoaplicável. “Primeiramente não sou contra Plano Diretor, e concordo que é para organizar a cidade, mas alguns pontos têm que ser revistos, sim, tá? Itatuba é um lugar pobre também como o secretário Gera sabe, que o Sítio Rima, que a gente bateu o pé para fazer uma proposta de saneamento e a Prefeitura até agora não fez. Um bairro que é esquecido, que em 4 anos de governo, só foi reformada uma UBS. Nada foi feito lá. Itatuba, Capuava e Tomé, esquecidos pelo governo municipal. Somos contra o corredor empresarial. Sou jovem e não concordo com o corredor empresarial, porque sei que não vai ter emprego para mim, não vai ter emprego para as pessoas que moram no meu bairro, na minha cidade. É um motivo para gerar imposto para a Prefeitura, eu não vejo isso como renda de emprego, é uma vergonha esse Corredor Empresarial, porque os jovens daquele bairro lançaram um projeto ao qual todos os vereadores disseram não, que foi o Polo Turístico de Itatuba, onde teria emprego para os jovens, em turismo... O projeto Receptivo Jovem foi cancelado, jovem não vai ter emprego na cidade.” Wesley Michael Calixto da Silva, representante juvenil, morador de Itatuba Dá margem para decisões arbitrárias A proposta não qualifica, não diz o que são as categorias de risco – baixo, médio e alto. Empurra com a barriga, fazendo menção de que serão estabelecidas por “órgão licenciador responsável e estudos específicos”. Sabe-se que em breve a Prefeitura será o órgão responsável pelos licenciamentos no município, tendo poder total e absoluto para dizer o que pode e o que não pode em cada pedido de licenciamento. Supersaturação na Zona Urbana Consolidada (ZUC) A região Leste já é caracterizada por forte adensamento populacional e isso aumentará mais com a construção de prédios, a verticalização da cidade. Um novo zoneamento – a Zona do Corredor Misto (ZCM) – define que em cada terreno o coeficiente de aproveitamento é 4,5, isso quer dizer que poderá ser construído 4,5 vezes a área do terreno. Hoje, a infraestrutura é precária, como ficará nos próximos anos? Além disso, o superadensamento contribuirá com o aumento dos preços dos imóveis e dos aluguéis, expulsando as pessoas com baixa renda para locais mais distantes e sem infraestrutura. 4 março 2012 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES Fotos: Graciela Dias “Onde nós temos condições de sobreviver com dignidade? Qual é o maior gerador de trabalho e renda no mundo, hoje? É o turismo. Não existe outro segmento no mundo que gere tanto trabalho como turismo. No turismo, você vai trabalhar em loja, vai trabalhar em restaurante, vai trabalhar em hotel, vai trabalhar em indústria que gera coisas para o turismo, vai trabalhar na recepção, vai trabalhar no estacionamento, vai trabalhar no posto de gasolina. Em todos os meios você trabalha com turismo. O Plano Diretor que está sendo apresentado, no artigo 9O, de desenvolvimento econômico, ele coloca assim, que “o desenvolvimento econômico tem que criar uma justiça social e equilíbrio ambiental”, em outro momento ele diz “dinamizar a capacidade econômica da cidade com seu potencial turístico, histórico e cultural”. Só que não tem como seguir esse artigo, essa parte do Plano Diretor, não tem como seguir, se em outro momento no Plano Diretor se coloca que na expansão da cidade, ela vai criar corredores industriais. Quando se fala no Plano Diretor de corredor empresarial, isso é uma forma suave de dizer que o corredor é de indústrias. Você imagina vindo aqui para o Tereza, mas se você passa pela região industrial da cidade, aqui na BR para cá, imagina pousadas, restaurantes, no meio das indústrias. É impossível, a cidade não tem como gerar trabalho e renda com esse processo do Plano Diretor, se não houver uma mudança, dizendo que o potencial da cidade para crescer e para gerar trabalho, renda, dignidade, moradia, é através do turismo.” Renato Gonda, artista plástico e poeta, ex-secretário de turismo de Embu “As matas de Embu são vitais para a segurança alimentar, social, saúde, água e moradia das populações de Embu e da Região Metropolitana de São Paulo. Contudo, a revisão do Plano Diretor de Embu condena esse patrimônio com irregularidades e inverdades. A imposição de indústrias e corredores empresariais, diferentemente do que a administração diz, condenará os maciços florestais de Mata Atlântica ao seu extermínio. O que significa a eliminação dos maciços florestais? Uma ameaça a toda a população, mas sabe qual a população mais afetada? As classes menos favorecidas. A Minuta de Revisão do Plano Diretor é criminosa, pois prejudica aqueles que deveria proteger. A Minuta da Revisão ignora os efeitos do clima na sociedade e com isso declaro o documento de revisão do Plano Diretor insuficiente no que tange ao clima e falso no capital arbóreo do município”. Paulo Nobre, climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e coordenador do Programa Brasileiro de Pesquisas e Mudanças Climáticas do Ministério de Ciência e Tecnologia “As ZEIS, como estão previstas no Plano Diretor, não vão atender a toda a demanda de habitação, que está colocada, que é emergente, é importantíssima no município. Os instrumentos para baratear o custo dessas terras não estão previstos. Da forma como ele está previsto, não vai funcionar. Lei sem ter regulamentação, não adianta nada. O preço da terra vai cair para indústria, mas não vai cair para habitação. (...) Onde está marcado que é ZEIS, não estão sendo aplicados os instrumentos que abaixam o valor da terra, os pobres vão continuar a ser expulsos. Essa é a grande questão. Se você adensa também aqui na região, também vai expulsar o pessoal mais carente. O que a gente quer é um tempo para aperfeiçoar a aplicação dos instrumentos urbanísticos, que estão previstos de uma forma muito genérica e não delimitada no território.” Mônica Nogara, advogada e especialista em habitação e urbanismo “Tenho dois exemplos concretos para dizer o quanto é nocivo esse Plano Diretor para a nossa cidade. Nossos amigos, companheiros aqui do MTST, estiveram ocupando uma área lá no Jardim Tomé. E porque derrubaram uma árvore, foram despejados. E agora com a zona empresarial 1, lá no Jardim Tomé, permitiu a devastação de 400 mil m2 para construir galpão de médio impacto. Pior do que isso, além de devastar os 400 mil m2, os moradores que moram há anos no Jardim Tomé, estão sofrendo com enchente por conta da lama que está derramando lá. Então, dizer que construir Corredor Empresarial em Área de Proteção Ambiental não vai causar impacto, também é mentira. Vamos falar da nossa região aqui, lado leste. Vários andam diariamente no Jd. Sto. Eduardo, que os pequenos empresários estão saindo, porque não aguentam pagar o aluguel. Verticalizar a região, é saturar, entregar para a especulação imobiliária e elitizar os nossos bairros, porque a população pobre não vai conseguir pagar o aluguel e morar naquela região.” Joselicio Junior (Juninho), Círculo Palmarino Veja os depoimentos completos nos vídeos do site Salve Embu das Artes: http://salveembudasartes.com.br/?p=901 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES Março 2012 5 Plano Diretor: impactos na mobilidade urbana Cláudio Dias, engenheiro civil, presidente da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Técnicos de Embu (AEATE) O novo Plano Diretor cria a Zona do Corredor Empresarial que impactará diretamente na mobilidade da cidade. O corredor irá abranger alguns viários significativos, como: vias coletoras, vias arteriais, vias locais e vias mistas (rural/urbana). Esses bairros serão atingidos diretamente e terão suas áreas destinadas ao uso e atividades mescladas, desde residenciais, industriais, agropecuárias, comerciais e de serviços. Este novo modelo de uso e ocupação do solo irá impactar diretamente a vida das pessoas que residem nesses locais, principalmente no tocante à valorização dos imóveis, cuja especulação imobiliária irá expulsar os moradores desses bairros. Isto já está sendo vivenciado pela nossa população, após a entrada em operação do Trecho Oeste e Sul do Rodoanel, com os constantes congestionamentos em nossa cidade, decorrentes do modelo logístico implantado no nosso município. Corredor aumentará o tráfego diário Outra questão muito importante é o tamanho da abrangência desse corredor empresarial proposto no Plano Diretor. Para se ter uma ideia dessa dimensão, eles ocuparão aproximadamente 4 % do nosso território, ou seja, uma área em torno de 3 milhões de metros quadrados ao longo das vias e estradas acima citadas. Principais vias impactadas pelo Corredor Empresarial 1. Avenidas: João Batista Medina e Maria José Ferraz Prado e Rua 18 de Fevereiro (Bairros: Itatuba, Pq. São Leonardo, Chácaras Bartira e Ana Lucia, Vale do Sol, Bosque do Embu e Centro); 2. Estrada Velha de Cotia e Via Arterial projetada (Bairros: Itatuba, Ressaca, Jardim Itatiaia, Votorantim, Embu Colonial e Pindorama) 3. Estradas Marajoara, Orquidófilos, Kaiko e Rua do Ex-Combatente (Bairros: Maria Imaculada, Chácaras Lídia, Engenho Velho e Maria Auxiliadora). Levando-se em conta que a ocupação desses 3 milhões de metros quadrados ocorrerá por entrepostos, terminais, armazéns ou depósitos, com áreas construídas em média entre 2.500 e 5.000 metros quadrados, um novo e considerável volume de tráfego será gerado em nossa cidade, com aproximadamente 20 a 25 mil novos veículos diários. Hoje trafegam pela cidade cerca de 12 mil veículos/dia. Isto será um caos total, que irá impactar diretamente a vida cotidiana dos nossos munícipes. Cidade não está preparada Outra questão não menos importante é sobre a verticalização da nossa cidade, que irá se concen- trar na parte leste do nosso município (Jardins: Santo Eduardo, Presidente Kennedy, Independência, Casa Branca, Vazame, etc.), cujo viário é precário com ruas estreitas e com traçados geométricos inadequados, o que inviabilizará a circulação e fluidez da demanda desse novo volume de tráfego, que surgirá com a construção de prédios residenciais. Portanto, a infraestrutura viária do nosso município não está adequada e preparada para receber essa grande demanda de veículos decorrentes desses novos polos geradores de tráfegos, cujo estudo de impacto de vizinhança se faz necessário para avaliar com exatidão qual será a solução a ser proposta para acomodar e dar fluidez a essa nova demanda viária, cuja reestruturação da infraestrutura da cidade não irá acompanhar a velocidade da dinâmica do mercado imobiliário, no tocante a ocupação dessas áreas com novos empreendimentos. “Temos um questionamento aqui primordial em relação ao Plano Diretor: qual é o próximo passo? Após essa plenária, o plano está aprovado? Isso não se fala, não foi comentado. A questão é que nossa cidade está sendo disputada. Não há um interesse comum. Então a participação é essencial, só que não pode ser uma participação com cara de participação, mas que no fundo é uma manipulação. Porque quando somos manipulados, depois nos sentimos usurpados, ou seja, discutimos, fazemos propostas, e quando vemos, cadê? Então, na questão do Plano Diretor, é essencial também dizer quais os pontos do Plano anterior que não puderam ser implementados e porque está sendo feita a proposta de mudança, essa proposta nova do Plano Diretor.” “(...) como é a última Audiência, quais são os mecanismos de negociação, diante de muitas falas importantes que têm aqui, do ponto de vista técnico, do ponto de vista de atendimento às demandas, várias demandas que nós temos aqui. É isso que eu gostaria de ouvir, como proposta, qual o próximo passo. (...) É na ausência de políticas públicas, que agora colocamos, estão movimento contra movimento, e nós temos que saber, inteligência, nós vamos nos unir. E aliás têm muitos companheiros, muitos companheiros que têm convergência, embora seja sem teto, seja ambientalista. (...) e aí é meu questionamento, Chico, a proposta genérica, ela pode apontar para alguma direção, mas se não tiver mecanismos técnicos para direcionar, não vale nada. Porque nós não podemos deixar as casas que vocês desejam, para vocês competirem com a especulação imobiliária. Por isso tem que estar muito claro no Plano Diretor, quais são os mecanismos que vão dirigir as moradias para essa classe social.” Vanessa Aderaldo, presidenta da Casa de Cultura Santa Tereza Prof. Toninho, ex-Vereador de Embu das Artes 6 março 2012 MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES desafios da cidade O seu aluguel vai SUBIR! O IPTU também! Rodolfo Nunes de Almeida, empresário A dificuldade em conseguir uma moradia no Embu já aflige boa parte da população e, no mercado imobiliário, isso tem relação com quantidade de oferta e procura. Essa revisão do Plano Diretor troca a vocação de moradia de muitos bairros, pela permissão para a construção de indústrias (em mais de 60% do município). Além disso, onde podem ser feitas indústrias, o valor dos terrenos é sempre mais caro, pois essas áreas são vendidas a grandes empresas que têm muito dinheiro para investimento. Diminuindo as ofertas de moradias, o aluguel sobe! Uma casa que já custa em média R$ 800 reais, poderá custar o dobro, elevando ainda mais o custo de vida do cidadão Embuense. Com esse mesmo valor é possível morar em bairros nobres de São Paulo. Quando o valor dos imóveis aumenta, o valor do IPTU, que é calculado com base no valor do terreno, sobe junto. Assim, ao invés de garantir áreas adequadas para moradia e obrigar o proprietário a construir ou vender para quem investe em moradias, garantindo quantidade suficiente de casas populares para todos, a Prefeitura apoia donos de imobiliárias que ganham muito dinheiro com esse Plano. A consequência direta disso é que a população pobre será expulsa de Embu das Artes, indo para a periferia de outras cidades, locais mais distantes, sem nenhuma infraestrutura, onde os terrenos são baratos. É assim que nossos “governantes” resolvem o problema da demanda de moradia: LIVRANDO-SE DELA (DO POVO)! ZEIS2 Moradia ou promessa eleitoreira? A revisão do Plano Diretor promete criar áreas para até 8,5 mil moradias populares no município, tarefa importante, mas que gera dúvidas quanto a sua implementação. Na Lei de 2003 já existiam artigos que obrigavam o dono do terreno selecionado para ZEIS, a fazer somente casas populares, sob pena de ter seu IPTU aumentado e até de ter o terreno desapropriado em troca da quitação das dívidas do IPTU não pago. Nessa proposta da revisão, as penalidades foram escritas de maneira equivocada, de forma que se tornam inaplicáveis, e o não cumprimento disso não terá consequências. A Prefeitura pode forçar você a vender o seu terreno A regra que deveria servir para a Prefeitura priorizar a construção de moradias na periferia (Parcelamento e Edificação Compulsórios), na proposta de revisão do Plano Diretor, é aplicada inversamente em toda a cidade de forma indiscriminada. Assim, o Poder Público pode apontar para qualquer terreno que não atingir a área mínima construída e aumentar o imposto progressivamente (IPTU progressivo). Caso não possa construir de imediato a área exigida, o proprietário será forçado a dividir o terreno em lotes ou a vendê-lo. Só assim poderá escapar da multa e até da desapropriação, cujo pagamento seria em forma de títulos da dívida pública do município. Isso se torna uma arma de coação a qualquer cidadão, pois não existem critérios claros para essa cobrança, ficando a cargo dos técnicos da Prefeitura decidir quem deve ou não ser pressionado e podem usar isso contra qualquer pessoa que faça alguma oposição à Prefeitura, independentemente das leis vigentes, das políticas públicas ou da ética. Você quer dar todo esse poder à Prefeitura??? Áreas Verdes correm risco de serem sumariamente eliminadas Como dito anteriormente, a disposição de uso e ocupação do solo exige que os terrenos tenham uma área construída mínima de 10% da sua área de aproveitamento, mas não deixa claro em quais condições as áreas de florestas seriam isentas dessa obrigatoriedade. Novamente a disposição permite que os técnicos da Prefeitura decidam quais áreas verdes são ou não importantes para o município sendo que, em di- “ versas ocasiões, estes mesmos técnicos aprovaram obras que constituíram-se em verdadeiros crimes ambientais. Com isso, a intenção da Prefeitura é fazer com que os grandes terrenos e glebas sejam vendidos a preço baixo no mercado, favorecendo os incorporadores e especuladores. Essas áreas florestadas teriam que ser loteadas e rasgadas em pequenos quadradinhos, mesmo que essas matas tenham espécies raras e em extinção. O Plano Diretor deixa nas mãos dos técnicos da Prefeitura a decisão de quais áreas verdes são ou não importantes para o município. Sabe-se que o município sofre com a falta de técnicos especializados, e a fiscalização é precária. Edson Gonçalez MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES Plano Diretor é incompatível com a APA Embu Verde Zona do Corredor Empresarial é incoerente com os objetivos e diretrizes fundamentais da Lei 108/2008 que criou a Unidade de Conservação Municipal de Uso Sustentável Movimento Salve Embu das Artes O Corredor Empresarial proposto na Minu- zenagem, estocagem, depósito e logística, com um ta do Plano Diretor cria um enorme “anel padrão de uso e ocupação que apresenta alto nível industrial” que começa no centro do mu- de impermeabilização e forte alteração na paisagem nicípio e abraça toda a área verde do lado oeste, tipicamente rural. O zoneamento proposto não prodesembocando na Rodovia Regis Bittencourt (BR move dispensa de licenciamento ambiental, possivel116) e no Rodoanel. Pode comprometer de forma mente será entendido como um empreendimento irreversível a Zona de Interesse Ambiental (ZIA) que com 300 metros de largura e dezenas de quilômetros corresponde a quase 40% do município. O corredor de extensão estendendo-se entre a APA e APM da de comércio, indústrias e logística cortará toda a re- Guarapiranga. A complexidade dessa zona necessagião, promovendo um enorme impacto ambiental riamente levará a realização de Estudo de Impacto na Unidade de Conservação que foi implantada por Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental comser um patrimônio ambiental da cidade; por “reunir preendendo o projeto completo de infraestrutura mananciais de relevância para a Região Metropoli- para suportar todos os usos previstos em todos os tana de São Paulo”; por “estar localizada dentro da lotes, com diagnósticos do Meio Físico, Meio Biótico Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade e Meio Antrópico, Balanço dos Impactos, Medidas de São Paulo”; “pelos serviços ambientais que a ve- Mitigadoras e Compensatórias, apenas para a Ligetação oferece à metrópole de São Paulo”; pelo cença Prévia,” informa o documento publicado no “potencial de desenvolvimento social e econômico I Congresso de Áreas Verdes: Florestas Urbanas. sustentável, associado às qualidades ambientais da Enquanto o Plano de Manejo, estudo específico região”; por “abrigar remanescentes florestais de Mata para estabelecer as normas, o uso e ocupação do Atlântica, grande diversidade biológica e de ecossiste- solo, definindo o zoneamento ecológico-econômimas naturais”; por “reunir espécies de fauna e flora co, está atrasado mais de dois anos, e anda a passo ameaçados de extinção” e “pela necessidade de am- de tartaruga, a Prefeitura galopa velozmente para pliar a participação e responsabilização da sociedade a aprovação do Plano predatório que mudará o civil na gestão e preservação do meio ambiente”. destino da cidade das ARTES em pouco tempo! Especialistas do Instituto Florestal de São Paulo advertem para a necessidade O Plano Diretor não esclarece como a zona de corredor de estudos aprofundados. A será compatível com os objetivos da APA, incluindo Proposta do Plano Diretor usos industriais de médio risco, e ainda armazenagem, “não esclarece como a zona de corredor será compatível estocagem, depósito e logística, com um padrão de uso com os objetivos da APA, ine ocupação que apresenta alto nível de impermeabilicluindo usos industriais de zação e forte alteração na paisagem tipicamente rural. médio risco, e ainda arma- “ Março 2012 7 fora da lei Justiça reprova Contas de Campanha do Prefeito Carmem Katsonis, advogada N a tentativa de ganhar prazo, o Prefeito Chico Brito entrou novamente na Justiça. Desta vez com a interposição de Agravo Regimental no Supremo Tribunal Federal, um recurso derradeiro, solicitando a modificação da decisão que rejeitou suas Contas de Campanha. O Ministro Ricardo Lewandowski, Presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, julgou o processo e manteve a desaprovação das Contas de Campanha do Prefeito. O resultado foi publicado no mês de fevereiro e está disponível para consulta na Internet: PUBLICAÇÃO Nº 3/2012/SEPROC1 http://www.jusbrasil.com.br/diarios/34030647/ tse-01-02-2012-pg-16. Estará o Sr. Prefeito aprovado pela “Lei da Ficha Limpa” para concorrer nas próximas eleições? Insistirá ele em se candidatar, apesar de estar inelegível com base na “Lei da Ficha Limpa”? Ou seu cargo será entregue aos adversários? Certidão de Quitação Eleitoral A Certidão de Quitação Eleitoral destina-se a atestar, conforme disciplinado pelo § 7º do art. 11 da Lei nº 9.504/1997, a existência ou inexistência de registro no histórico do título do interessado no cadastro eleitoral de restrição quanto “a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral”. A Lei fala apenas em apresentação de Contas de Campanha e não em terem sido aprovadas ou não. Portanto, o fato da Certidão do Sr. Chico Brito ter sido NEGATIVA não quer dizer que ele esteja elegível. Poderá estar ou não. 8 março 2012 Espaço do leitor O poder mágico de um corredor imaginário – Inverdades dos discursos políticos Embu das Artes passa atualmente pelo processo de revisão de seu Plano Diretor. Nos espaços oficiais para a discussão das importantes questões ambientais, sociais, culturais e econômicas da cidade, temos ouvido e presenciado, perplexos, não um discurso de mediação de interesses e conflitos, papel do poder público e, nesse processo de construção do Plano Diretor, papel que se esperaria do poder público municipal, mas a nítida tomada e defesa de posição, de interesses econômicos, como se estivéssemos em palanques montados para eleições. Um discurso perigoso que amplia e exacerba conflitos entre classes sociais e não oportuniza o diálogo e a gestão transparente e esclarecida de interesses diferentes. Um discurso obscuro, MOVIMENTO SALVE EMBU DAS ARTES Temos recebido forte apoio da população para denunciar as irregularidades em nosso município. Se você quiser participar, entre em contato com a gente pelo e-mail: [email protected] que tece a ilusão de soluções mágicas com a instalação de indústrias numa zona de APA, - área de relevante importância ambiental, patrimônio, não dos ricos, mas da cidade, direito de seus habitantes. Como se, milagrosamente, seriam as indústrias e os galpões, o poder privado na região da APA, que trariam moradias dignas, empregos com salários adequados, compatíveis com a possibilidade de seus assalariados, de colocarem seus filhos em escolas de qualidade. Bem, na história da modernidade, até o momento, não temos notícias de nenhum país ou cidade que tenha conseguido esses avanços, somente com a mágica instalação de indústrias. Nenhum país sério conseguiu ainda realizar milagre que não partisse de condições de salários compatíveis com a dignidade humana, com políticas públicas éticas, sérias, transparentes, livres dessa praga da corrupção. Mas, na região da APA Embu Verde se espera a “aparição” de uma nova classe social, que nascerá do Plano Diretor proposto, com esse mesmo modelo de desenvolvimento econômico e de distribuição de renda injusto e predatório, porque isso não está em discussão, e porque essa é a construção imaginária que se está estabelecendo com os novos discursos de alguns representantes do poder imobiliário, empresarial e político que têm se instaurado nas reuniões promovidas para a discussão do Plano Diretor. Perigosos discursos esses, que iludem e instauram uma “participação” desinformada. Nós, socioambientalistas de Embu, pertencentes ou não a entidades e associações, moradores, cidadãos e cidadãs, estamos preocupados em discutir o que virá para os próximos dez anos, dialogar sobre um planejamento comprometido sim com moradia, com economias alternativas e sustentáveis, com uma adequação de espaços em territórios ambientalmente compatíveis com a preservação da qualidade da água, do ar, com a biodiversidade, com a VIDA em todas as suas nuances. VIDA boa para todos e pensarmos juntos, com tempo, com transparência, com dignidade, quais as ações, os planejamentos, as políticas, as ECONOMIAS, as ECOLOGIAS necessários e possíveis para Embu das Artes, Embu das Matas, Embu das Águas, Embu das Pessoas Dignas, Embu, a “FelizCidade”, como já sonhou nosso deputado Geraldo Cruz. “Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos preocupados e comprometidos possa mudar o mundo; de fato, é só isso que o tem mudado”. Margaret Mead Maria Isabel Franco, Professora e Educadora Ambiental, Doutora em Educação, moradora da APA Embu Verde Charge enviada por Edson Gonçalez, publicitário, morador da APA Embu Verde Este é o Jornal do Movimento Salve Embu das Artes Jornalista responsável: Indaia Emília S. Pelosini - MTb 19.109 Redação: Avenida Sete de Setembro, 10.725, Chácaras Bartira, Embu das Artes, SP - e-mail: [email protected] Gráfica: Atlântica Gráfica e Editora Ltda. Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição: gratuita As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores. O Movimento Salve Embu das Artes surge para reunir e encorajar todos os cidadãos do Brasil e moradores da cidade, que querem participar na autodeterminação/ construção de nosso futuro. Nossa Luta é COMBATER a ameaça de destruição dos valores Culturais, Artísticos, Ambientais e Humanos de Embu das Artes. Nosso Movimento está crescendo e conta com o apoio de diversas entidades. A todos os leitores, eleitores e simpatizantes da CAUSA está aqui o nosso convite: VAMOS À LUTA! EMBU DAS ARTES NÃO ESTA À VENDA! www.salveembudasartes.com.br. Denuncie e manifeste-se também no Ministério Público de São Paulo - Ouvidoria http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/Ouvidoria