Taxa de desidratação de feno de Leucena Sírio Douglas da Silva
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Taxa de desidratação de feno de Leucena Sírio Douglas da Silva
Taxa de desidratação de feno de Leucena Sírio Douglas da Silva dos Reis1*, Rosane Claudia Rodrigues3, Erika Silva Figueredo4, Susan Emanuelly Pinheiro Amorim5, Selma dos Santos Costa2, Samuel Alves Ferreira2, Antônio José Temístocles de Lima6, Diego Ribeiro Nunes7 1 Discente de Zootecnia da UFMA, Bolsista da FAPEMA. [email protected] Graduando em zootecnia na UFMA campus de IV Chapadinha-MA. Professora do curso de zootecnia da UFMA. 4 Zootecnista. 5 Discente do programa de pós graduação em Ciência Animal –UFPI. 6 Mestre em Ciência Animal. 7 Graduando em Agronomia UFMA campus IV Chpadinha-MA. *Autor apresentador. 2 3 Resumo: Objetivou-se avaliar a curva de desidratação do feno da Leucena na cidade de Chapadinha- MA, durante a época chuvosa. Foram coletadas amostras nos tempos 0, 2, 4, 6, 12, 24, 30, 32, 34, 36, 48, 50, 52, 56, 58 horas após o corte da leguminosa, com quatro repetições por tempo de avaliação. Verificou-se efeito linear positivo (P<0,05) do teor de MS com o aumento do tempo de secagem, atingindo o “ponto de feno” após 58 horas, com percentual de MS de 78,08%. Palavras-chave: leguminosa, fenação, padrão, secagem Leucaena hay dehydration rate Abstract: This study aimed to evaluate the hay dehydration curve of Leucena in the city of Chapadinha- MA, during the rainy season. Samples were collected at 0, 2, 4, 6, 12, 24, 30, 32, 34, 36, 48, 50, 52, 56, 58 hours after cutting the legume with four replications per evaluation time. There was a positive linear effect (P <0.05) of MS content with increased drying time, reaching the "hay point" after 58 hours with MS percentage of 78.08%. Keywords: drying, haymaking, leguminosea, pattern Introdução A fenação é processo de conservação de forragens através da desidratação parcial da massa, que pela paralização dos microrganismos e da atividade respiratória das plantas, faz com que o produto final, o feno, se conserve por um longo tempo (CALIXTO JUNIOR et al., 2012). Entretanto, para se produzir um feno de qualidade deverão ser considerados os fatores intrínsecos às plantas que serão fenadas, as condições climáticas ocorrentes durante a secagem e o sistema de armazenamento empregado. Dentre as plantas forrageiras que podem ser fenadas estão às leguminosas, que se caracterizam por serem fontes proteicas superiores à maioria das gramíneas tropicais. Uma leguminosa muito utilizada no Brasil, principalmente no Nordeste do país, é a Leucena (Leucaena leucocephala), planta perene e de boa produtividade, com teor proteico variando de acordo com as partes da planta, sendo encontrados nas folhas e ramos finos percentuais médios de proteína bruta (PB) superiores a 20% (BARRETO et al., 2010). Assim, baseado no exposto, objetivou-se com o presente estudo avaliar a curva de desidratação do feno da Leucena na cidade de Chapadinha- MA, durante a época chuvosa. Material e Métodos O experimento foi realizado no Setor de Forragicultura do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Federal do Maranhão, em Chapadinha, região do Baixo Parnaíba, situada à latitude 03°44'33”S, longitude 43°21'21”W, no mês de fevereiro do ano de 2014. O clima é tropical úmido, segundo a classificação de Koppen, com solo classificado como Latossolo Amarelo. Os dados de temperatura e precipitação observados durante os dias de avaliação estão apresentados na Figura 1. 40 69 35 68 30 67 66 25 65 20 64 15 URA (%) Precipitação (mm) e Temperatura C° Figura 1 - Médias de temperaturas máximas e mínimas, precipitação e umidade relativa do Ar (URA) registradas no período de 06 a 08 de fevereiro do ano de 2014 63 10 62 5 61 0 60 1ª dia 2ª dia 3ª dia Período Experimental Temperatura Máx Mín Precipitação (mm) URA(%) A área utilizada foi de aproximadamente 0,017ha, estabelecida no ano de 2012, com Leucena (Leucaena leucocephala) a qual apresentava idade de rebrota de aproximadamente 90 dias. O corte da forragem foi efetuado no dia 06/02/2014 no período da manhã, o material colhido foi posto para secagem em área coberta protegido do sol e da chuva. Para determinação da curva de desidratação foram coletadas amostras nos tempos 0, 2, 4, 6, 12, 24, 30, 32, 34, 36, 48, 50, 52, 56, 58 horas após o corte da leguminosa, com quatro repetições por tempo de avaliação. O tempo final foi determinado como o momento em que a planta atingiu o “ponto de feno” (CALIXTO JUNIOR et al., 2012). As amostras foram encaminhadas para o laboratório, pesadas para obtenção do peso da massa verde, acondicionadas em sacos de papel, pré-secas a 65ºC por 72 horas e submetidas às análises laboratoriais para determinação dos teores de matéria seca (MS). Posteriormente, analisaram-se os dados através de modelos de regressão a 5% de probabilidade. Utilizouse o aplicativo computacional InfoStat® (Infostat - Software estatístico, Córdoba - Argentina, 2004). Resultados e Discussão Verificou-se efeito linear positivo da MS com o aumento do tempo de secagem (P<0,05) (Figura 2). O período de secagem pode ser dividido em três fases, as quais diferem na duração, na taxa de perda de água e na resistência a desidratação. Na primeira etapa, a secagem é rápida e envolveria intensa perda de água, onde os estômatos permaneceriam abertos e o déficit da pressão de vapor entre a forragem e o ar seria alto e a perda de água poderiam chegar a 1 g/g de MS/hora. Já a segunda fase, ocorreria após o fechamento dos estômatos, e a perda de água aconteceria via evaporação cuticular, o que afetaria a duração desta fase. Na terceira fase ocorreria rápida perda de água, em função da plasmólise, onde a membrana celular perde a sua permeabilidade seletiva. Para cada unidade adicional de perda de água, seria requerido um maior tempo de exposição do material à secagem (REIS; MOREIRA; PEDREIRA, 2001). Vale ressaltar que a média da umidade relativa do ar (UR) no período foi de 65,33% (Figura 1), sabe-se que a UR é um dos principais fatores ambientais que exerce influência na perda de água da forragem desidratada a campo. Segundo Zonta e Zonta, (2012), para que ocorrera uma adequada desidratação em capins a UR do ar deverá estar no máximo entre 65%, do contrário não haverá gradiente suficiente para a evaporação da água da planta para o meio ambiente. Assim, mesmo sendo uma leguminosa, a Leucena pode ter sofrido dificuldades em perder água para o ambiente o que possivelmente ocasionou a perda de água menos acentuada na primeira fase. Já na segunda fase pode ser observado um aumento na perda de água, mas o padrão de desidratação ainda se manteve uniforme. Na terceira fase, onde ocorreria rápida perda de água decorrente da plasmólise, pode ser observado um acréscimo mais acentuado no teor de MS entre as 56 a 58 horas de exposição à secagem (Figura 2). Figura 2 – Curva de desidratação da Leucena até o ponto de feno. 90 y = 0,7462x + 27,788 R² = 0,9439 80 Teor de MS (%) 70 60 50 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 Tempo de secagem (horas) 60 70 De acordo com Neres et al. (2011) outros fatores como a relação folha/caule e a espessura do caule também afetam a velocidade de desidratação do material a ser fenado, e, sendo a Leucena possuidora de folhas compostas, interligadas pelas ráquis (prolongamentos do caule), existe uma menor relação folha/caule, o que dificulta a perda de água. Assim, o teor de MS da Leucena estava em 27,31% no momento de início da exposição à desidratação, e somente após 58 horas a mesma apresentou ponto de feno com 78,08% de MS. Conclusões A curva de desidratação do feno de Leucena apresentou padrão linear positivo, atingindo o “ponto de feno” após 58 horas de secagem no campo, apresentando percentual de MS de 78,08%. Referências BARRETO, M. L. J. et al. Utilização da leucena (Leucaena leucocephala) na alimentação de ruminantes. Revista Verde, v. 5, n. 1, p. 7-16, 2010. CALIXTO JUNIOR, M.; JOBIM, C.C.; CECATO, U.; SANTOS, G.T.; BUMBIERIS JUNIOR, V. H. Curva de desidratação e composição químico-bromatológica do feno de grama-estrela (Cynodon nlemfuensis Vanderyst) em função do teor de umidade no enfardamento. Semina: Ciências Agrárias, v.33, n.6, p.2411-2422, 2012. NERES, M.A.; CASTAGNARA, D.D.; MESQUITA, E.E.; JOBIM, C.C.; TRÊS, T.T.; OLIVEIRA, P.S.R.; OLIVEIRA, A.A.M. Production of tifton 85 hay overseeded with White oats or ryegrass. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.8, p.1638-1644, 2011. REIS, R.A.; MOREIRA, A.L.; PEDREIRA, M.S. Técnicas para produção e conservação de fenos de forrageiras de alta qualidade. In: Simpósio sobre produção e utilização de forragens conservadas, 2001, Maringá, SP. Anais... Maringá, SP: UEM/CCA/DZO 2001. Maringá, SP: 319 p.1-39. ZONTA, A., ZONTA, M. C. M. Técnica da Produção de Feno. Pesquisa & Tecnologia, vol. 9, n. 2, Jul-Dez 2012.