Fazer

Transcrição

Fazer
N.º 4
Faz bem à Saúde.
FÁTIMA
LOPES
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
E a nova
campanha
“Deixe que
a Médis
cuide de si”
Trimestral
Grande
Nº4
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
Trimestral
¤ 3.00
Entrevista
João Paço
e a história
de Manuel
BUTÃO
Um país perdido
na Cordilheira
dos Himalaias
sumário EDITORIAL
SUMÁRIO
4
NOTAS SOLTAS
Notícias, espectáculos e exposições.
8
GRANDE ENTREVISTA
Professor João Paço.
13
SIGHTSEEING
Descobrir Sortelha.
16
MUNDO MÉDIS
Hospital Privado de Guimarães.
20
MUNDO MÉDIS
Ressonância Magnética Caselas.
23
SPACE SHUTTLE
A última viagem.
24
GLOBETROTTER
Butão é um paraíso perdido.
29
MUNDO MÉDIS
Sonhos de crianças.
30
MUNDO MÉDIS
Gestão da Rede Médis.
33
MUNDO MÉDIS
Site www.mediskids.pt
34
HI-TECH
Volantes da Fórmula 1.
36
MUNDO MÉDIS
Rastreio médico
no regresso à escola.
40
MUNDO MÉDICO
Novos estudos médicos.
42
TENDÊNCIAS MODA
Sugestões para o Outono/Inverno.
44
GOURMET
Propostas requintadas.
46
WEEKEND
Prazeres alentejanos.
50
MUNDO MÉDIS
Fátima Lopes
e a nova campanha Médis.
54
MUNDO MÉDIS
Clínica Universidade Navarra.
56
ON THE ROAD
Revolução Range Rover.
58
ÚLTIMA PÁGINA
A mulher símbolo
da Rolls Royce.
Filipe Clemente
DIRECTOR COORDENADOR
GESTÃO DE SINISTROS
FIDELIZAR CLIENTES
Presentemente, a oferta de produtos e serviços é cada vez mais diversificada,
os consumidores estão cada vez mais exigentes e menos tolerantes a falhas
dos seus fornecedores. A Internet veio revolucionar vários aspectos da
lealdade, possibilitando a comparação de propostas de preços e produtos,
tornando o abandono mais fácil, à distância de um clique ou de um e-mail.
Todavia, a ameaça do on-line é simultaneamente uma oportunidade para
as empresas que saibam tirar partido das novas ferramentas para comunicar
as vantagens do seu produto e do seu serviço, para além de potenciar
o desenvolvimento de um melhor relacionamento com o Cliente.
Se uma marca opta por uma estratégia assente no preço e não desenvolve
uma ligação emocional e fortes argumentos na qualidade do serviço que
presta, o Cliente mudará de fornecedor sempre que surja uma melhor oferta.
É neste contexto que a Médis procura diferenciar-se no mercado dos
Seguros de Saúde, com uma oferta de serviços de excepção e um
permanente compromisso com a qualidade, assente em processos de
trabalho em constante inovação, de forma a encontrar a solução mais
apropriada para todos os Clientes.
Está comprovado que é mais eficiente (a nível de custos, gestão de tempo
e recursos) a manutenção de um Cliente do que a captação de um novo.
Nos dias que correm, o esforço de fidelização passou a ser uma palavra de
ordem. Ao conseguirmos que um Cliente se mantenha leal num momento
de dificuldade como o que atravessamos, o mais provável é que permaneça
connosco num futuro mais tranquilo.
Foi nesta linha de actuação estratégica que criámos uma equipa
especializada na retenção do Cliente, que permitisse à Médis compreender
as motivações que conduzem aos pedidos de anulação dos contratos e ter
a capacidade de propor soluções adequadas à sua manutenção.
Esta equipa, apesar de recente, obteve já resultados significativos, como
a reconquista de 30% dos Clientes individuais que haviam manifestado
intenção em anular a sua apólice, o que indicia a mais-valia desta iniciativa.
A fidelização de Clientes é o resultado da coordenação e da
complementaridade existente entre as diversas equipas da Médis, as quais
actuam sempre com enfoque absoluto no Cliente e numa perspectiva
de futuro.
Como afirmou o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, “o importante
não é prever o futuro, mas sim torná-lo possível”.
Director: Gustavo Barreto. Direcção Editorial: Rui Faria ([email protected]). Textos: Fátima Vilaça, Luís Guilherme, Rui Faria e Paula Santos. Infografia: Nuno Costa.
Fotografia: Diogo Pinto, João Paulo Batalha, José Rebelo, Nuno Alexandre e Getty Images.Direcção de Arte: Sofia Lucas. Design Gráfico: Maria Papoula. Paginação: Patrícia
Santos. Pesquisa de Imagem: Diana Bastos. Copy-Desk: Carla Sacadura Cabral. Produção: Cofina Media. Pré-impressão: Graphexperts, Lda., Av. Infante Santo, 42 - A/B, 1350-179 Lisboa.
Impressão: Lisgráfica S.A., Estrada Consigliéri Pedroso, 90, Casal de S.ª Leopoldina, 2745-553 Queluz de Baixo. Propriedade: Médis – Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde, S.A.,
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Redacção: Cofina Media, Av. João Crisóstomo, 72 – 1069-043 Lisboa. Tel. 21 330 94 00/ 21 330 77 09. www.cofinaconteudos.pt. Depósito Legal: 319892/10. Registo na ERC com o
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n.º 503 496 944. Sede Av. José Malhoa, 27 – 1070-157 Lisboa
A MÉDIS NÃO SUBSCREVE, NECESSARIAMENTE, AS OPINIÕES VEICULADAS NESTA REVISTA.
NOTAS soltas
Um milhão
de robôs
na fábrica
da iPhone
BORBOLETAS EM EXTINÇÃO
Em Novembro, as borboletas Monarca iniciam um fluxo migratório
dos EUA para o México. São verdadeiras nuvens com milhares destes
insectos que oferecem um espectáculo sublime, mas, todos os anos,
são em menor número. A agricultura intensiva, a utilização de
herbicidas que dizimam as plantas que alimentam as borboletas e
o aumento das culturas transgénicas são factores apontados pelo
WWF (World Wildlife Fund) como causas potenciais da extinção das
Monarca, que, felizmente, ainda encontram um porto de abrigo no
México, graças ao sucesso da política de antidesflorestação do país.
Aviões influenciam
o clima
Um estudo publicado na revista
norte-americana Science refere que,
nas proximidades dos grandes aeroportos,
aumentam as quantidades de chuva e de
neve. Investigadores do National Center
for Atmospheric Research de Boulder, no
Colorado, e da NASA, concluíram que os
aviões, ao atravessarem as nuvens, criam
canais que favorecem a precipitação,
especialmente nos locais onde o tráfego
aéreo é mais intenso.
É um efeito semelhante ao das substâncias
químicas que, agindo como condensadores,
provocam chuva. Porém, os cientistas
consideram que a criação destes
“microclimas” num raio de centenas de
quilómetros dos grandes aeroportos ainda
não é um problema grave.
MASAI
MARA ESTÁ AMEAÇADO
A pastorícia no Parque Nacional Masai Mara, no Quénia, aumentou
1.100 por cento nos últimos trinta anos, ao mesmo tempo que se
reduziu drasticamente um dos mais ricos espaços de biodiversidade.
Os leopardos estão praticamente extintos e os rinocerontes para lá
caminham. As populações de leões e de elefantes estão em declínio,
o mesmo acontecendo com as girafas, os antílopes, as impalas e os
facóceros. Estudos referem uma redução de setenta por cento na
população de zebras e mesmo o número de gnus, que, anualmente,
protagonizam a grande migração em direcção ao Serengueti, na
Tanzânia, reduziu-se em dois terços. Em contraponto, as manadas
de bovinos continuam a crescer.
4 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
Fotografia: Getty Images; D.R.
A Foxconn, a maior multinacional produtora de
componentes electrónicos, anunciou que vai aumentar o
número de robôs nas suas fábricas, passando dos 10 mil
actuais para 300 mil no espaço de dois anos. Este colosso
tailandês, que opera na China e produz os iPhone e os
iPad da Apple, a Playstation
da Sony e o Kindle da
Amazon, para além de
fornecer a Dell, a Nintendo,
a Microsoft, a Acer, a Nokia
e a Intel, emprega cerca de
1,2 milhões de pessoas, a
maioria das quais nas treze
fábricas que tem na China.
Este problema poderá vir a
ter graves consequências,
havendo já quem o
compare com o que
aconteceu na cidade
norte-americana
de Detroit, quando a
desindustrialização ditada
pela deslocalização do
sector automóvel criou
gravíssimos problemas
económicos e sociais
no Michigan.
GOOGLE NÃO PÁRA
A Google, criada em 1996 por
Larry Page e Sergey Brin, não
pára de bater recordes com a
sua rede social surgida em 28
de Junho. Ultrapassou os 25
milhões de utentes e assumiu-se como o site com o
crescimento mais rápido na
história da World Wide Web.
Segundo um estudo da
ComScore, uma empresa
de pesquisa de marketing
especializada na análise de
tráfego na Internet, a Google
atingiu um volume de tráfego
que o Facebook demorou três
anos a conseguir, enquanto o
Twitter só o obteve ao fim de
dois anos e meio e o MySpace
em quase 24 meses. Mesmo
assim, o Facebook, com os seus
750 milhões de utilizadores,
continua a ser uma referência
no campo das redes sociais.
A TERRA
TERÁ TIDO
DUAS LUAS
Francis Nimmo, investigador da Universidade da Califórnia, publicou, na revista Nature,
uma teoria que defende que a Lua, tal como a conhecemos, se formou após o impacto de
um asteróide de grande dimensões com a Terra. Dos corpos projectados, dois passaram a
orbitar o nosso planeta antes de colidirem entre si há 10 milhões de anos. O impacto não
terá sido muito violento porque seguiam a mesma órbita, mas poderá justificar o facto de
a face visível da Lua ser muito mais plana do que a face invisível, extremamente
acidentada. É uma explicação “interessante e provocatória”, como afirmou Peter Schultz,
da Universidade de Brow, de Providence, em Rhode Island. A teoria será avaliada no
futuro e poderá tirar partido das informações que vierem a ser recolhidas pela sonda
Graal que a NASA vai enviar para explorar a face escura da Lua.
HACKERS ANDAM AÍ...
Paradoxo
dos
biocombustíveis
A sociedade de segurança informática McAfee anunciou ter
detectado o maior ataque informático de que há notícia. Entre
as vítimas, encontram-se a ONU, os governos dos Estados Unidos,
Canadá, Coreia do Sul, Índia, Vietname e Taiwan, o Comité Olímpico
Internacional, a ASEAN (Associação de Estados do Sudoeste Asiático),
a Agência Mundial Anti-Doping e numerosos sectores da Defesa
e de altas tecnologias. A ofensiva foi detectada em 2006 e baptizada
como Operação Shady RAT. “É a maior ameaça à propriedade
intelectual da história e as suas dimensões são verdadeiramente
preocupantes”, admitiu a McAfee em comunicado.
A União Europeia (UE)
pretende uma utilização
de dez por cento de
biocombustíveis até 2020,
para reduzir a utilização
de combustíveis fósseis, mas
a decisão pode ter um efeito
boomerang. A UE já legislou
no sentido de evitar a desflorestação
para dar espaço a culturas de soja,
colza e palma, para já não falar na
cana de açúcar que, todos os anos,
rouba terreno às florestas e à criação
de gado no Brasil. Contudo, essa legislação
não impede que terrenos utilizados para
agricultura alimentar sejam plantados
com espécies lucrativas, capazes de produzir
combustíveis, como está a acontecer nos EUA.
Por isso, há vozes que afirmam que a “gasolina
verde” ameaça a agricultura e as florestas.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 5
NOTAS soltas
O museu Les Arts Décoratifs, em Paris, convidou Hussein
Chalayan para uma exposição patente até Novembro. Trata-se
de uma viagem futurista pelos trabalhos de um criador que
recusa estereótipos e busca a inovação com experiências que
se situam na fronteira entre a Arquitectura, o Design e a moda.
É uma exposição muito completa, capaz de surpreender a todo
o momento, onde não faltam projecções de vídeos e efeitos
especiais que Hussein Chalayan utilizou nos seus desfiles.
LE FUTURE
C’EST MOI
From the Sidwalk to the
Catwalk é uma impressionante
exposição que reúne 130 peças
de Jean-Paul Gaultier,
trabalhos marcantes de 35 anos
de carreira de um criador, que
as considera como “the things
I’m proud of”. O estilo muito
pessoal, o arrojo e os trabalhos
marcantes, como os corpetes
da Blonde Ambition Tour e
que Madonna cedeu para a
exposição, foram aplaudidos
na passagem pelo Montreal
Museum of Fine Arts, onde
esteve antes de chegar ao
DMA (Dallas Museum of Art),
onde permanecerá até
ao mês de Outubro para,
depois, viajar até São Francisco.
Hitchcock reencontrado
Foi descoberto, num arquivo de filmes na Nova Zelândia,
um dos primeiros trabalhos de Alfred Hitchcock, que foi
o argumentista, director de arte, editor e assistente de
realização do filme The White Shadow, dirigido por
Graham Cutts em 1923. Três das seis bobinas originais
foram salvas pelo projector de filmes Jack Murtagh,
apontado como um excêntrico coleccionar de filmes,
moedas e selos. Depois da sua morte, em 1989, a sua
família legou o seu espólio ao New Zeland Film Archives.
Apesar de incompleta, a película “oferece a
oportunidade para estudar as ideias visuais e narrativas
quando estas começaram a ganhar forma”, afirmou
David Sterritt, presidente da Sociedade Nacional de
Críticos de Cinema, a um canal de TV neozelandês.
Para muitos, o nome de Anton
Corbjin é imediatamente associado
aos telediscos que realizou para
bandas como os U2, Depeche Mode
ou Nirvana, ou até mesmo ao filme
Control, sobre Ian Curtis, dos Joy
Division, que realizou. No entanto,
este holandês também tem um
contributo notável no campo da
fotografia, o qual, agora, é
celebrado em Inwards and
Onwards, com os seus mais
recentes trabalhos reunidos numa
edição da Shirmer & Mosel, numa
parceria com o FOAM, o museu de
fotografia de Amesterdão.
6 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
ANTON
CORBJIN
Fotografia: Getty Images. D.R.
BEST OF GAULTIER
Cinanima em Espinho
O Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação
é o mais importante festival de cinema de animação
português. Realiza-se em Espinho desde 1976, tendo, este
ano, a sua 35.ª edição, o que o torna num dos mais antigos
festivais deste tipo de cinema em todo o Mundo. Organizado
pela Cooperativa NASCENTE e pela Câmara de Espinho,
decorre de 7 a 13 de Novembro.
NOVO
ÁLBUM DE WINEHOUSE
A Universal deverá lançar brevemente um disco póstumo de Amy Winehouse.
Segundo a editora, a cantora tinha praticamente pronto um trabalho com doze temas
inéditos. “Não é um disco completo”, admitiu o produtor Salaam Remi. “Ainda há
muito trabalho para fazer e, para além disso, estamos a tentar perceber quais são as
intenções da família.” Um porta-voz da Universal adiantou que Amy “tinha terminado
o esqueleto das canções e há algumas que estão mais avançadas do que outras, mas
estamos muito confiantes porque ela canta como cantou nos seus melhores tempos”.
Novo Museu dos Coches
A inauguração do novo Museu dos Coches está agendada para
o início de 2012. Projectado pelo arquitecto brasileiro Paulo
Mendes da Rocha, ocupa o terreno onde funcionaram as
antigas Oficinas Gerais do Exército, uma área de 15.177 metros
quadrados divididos entre o pavilhão de exposições e um anexo
onde funcionará uma cafetaria e um restaurante, para além da
biblioteca e os serviços educativos. A estrutura está concluída,
tendo tido início a fase de acabamentos, que antecede a
mudança do espólio museológico, que continua a estar patente
ao público no antigo Picadeiro Real, junto do Palácio de Belém.
200 ANOS DA
“FERREIRINHA”
Os duzentos anos do aniversário do
nascimento de D.ª Antónia Adelaide
Ferreira, a “Ferreirinha”, como foi
apelidada pelas gentes do Douro, é o
tema de uma exposição patente no
Museu do Douro, localizado na Régua.
A vida de uma das personalidades
mais marcantes na história da
produção do vinho do Porto e a época
em que viveu são recordadas numa
mostra onde se destacam inúmeros
objectos pessoais, que vão do
mobiliário ao vestuário, de alfaias
agrícolas a peças de arte. Uma visita
interessante para quem passe pela
Régua até ao final do próximo Inverno.
Tinta da China
A pintura chinesa
a tinta-da-china
sobre papel de arroz
constitui a arte
oriental por
excelência. Em
colaboração com
a China Artists
Association (CAA),
o Museu da
Fundação Oriente
reuniu 110 obras da
autoria de mais de
oitenta artistas de toda a China, que ilustram
paisagens, fauna e flora produzidas, ora de forma realista, ora abstracta,
com recurso à cor, a efeitos de luz e sombra, ao claro/escuro, ao seco e
ao molhado. A não perder, de 2 a 31 de Dezembro, no Museu do Oriente.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 7
GRANDE entrevista
JOÃO PAÇO
“ESTA FOI DAS
CIRURGIAS QUE MAIS
ME MARCARAM”
O Prof. João Paço realizou, em Abril, a primeira cirurgia
de implante coclear bilateral simultâneo, numa criança
de sete meses de idade que sofria de surdez profunda,
devolvendo-lhe assim a audição e o desenvolvimento da fala.
O director clínico, do Hospital Cuf Infante Santo, descreve
o momento único em que o pequeno Manuel ouviu e reagiu
pela primeira vez a um som. Para a mãe, Ana Monteiro,
é “um sonho tornado realidade” Por Paula Santos
8 de Abril de 2011. O serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Cuf Infante Santo
efectuou a sua primeir a cirurgia de
implante coclear bilateral, em simultâneo,
numa criança de sete meses de idade que
sofria de surdez profunda bilateral. É uma
data importante…
Antes de mais, podemos abordar esta intervenção por dois pontos. O primeiro é a
idade da criança, que, neste caso, é a ideal
para fazer um implante. O segundo aspecto tem a ver com o implante em simultâneo, ou seja, no ouvido direito e no ouvido esquerdo. Importa referir que, em
Portugal, os principais serviços que fazem
implantes são estatais e efectuam esta cirurgia apenas num ouvido. O Serviço Nacional
de Saúde, tendo em conta o número elevado de doentes, comparticipa apenas um
implante, mas a Médis proporcionou-nos
fazer um implante simultâneo, que é uma
intervenção bastante cara. Esta é a grande
mensagem. O Manuel, se não fosse a Médis,
não poderia ter feito um implante bilateral
simultâneo. Esta possibilidade foi-me dada
por um seguro de saúde e julgo que isto
merece ser divulgado.
Em que consiste esta técnica pioneira de
reabilitação?
Através de um grande conjunto de exames,
CRITÉRIOS DE SELECÇÃO
DOS CANDIDATOS AO IMPLANTE COCLEAR
BILATERAL SIMULTÂNEO
Surdez profunda bilateral
Falta de aquisição de qualquer tipo de linguagem ou de r esultado com as próteses
tradicionais
l Ausência de deficits cognitivos (por exemplo, autismo)*
l Meio familiar favorável (Para o Professor João Paço, a interrelação com as pessoas
do meio envolvente é fundamental na reabilitação. “No caso do Manuel,
a família é fantástica, está toda concentrada e dedicada à sua volta.”)
l
l
* Os critérios variam de país para país. Em alguns locais do Mundo , os deficits cognitivos
não são motivo de exclusão.
8 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
chegámos à conclusão de que o ouvido
interno não funciona. O canal está óptimo,
o tímpano também, mas, no ouvido interno, as células não funcionam e, consequentemente, nada é transmitido ao cérebro. A
solução passa por encontrar uma nova
forma de fazer chegar estímulos eléctricos
à cóclea, a parte do ouvido interno que
também é conhecida por caracol. Como?
Através desta técnica, que consiste na colocação de um disco (de titânio) sob a pele,
do qual emerge um fio que é introduzido
na cóclea e que tem 22 eléctrodos, correspondentes a frequências auditivas. Este fio
dá duas voltas e meia, precisamente as espirais que existem dentro do ouvido interno. O implante vai, desta forma, captar as
ondas sonoras, através do aparelho que é
colocado externamente atrás da orelha, e
os sons passam assim a ser transmitidos,
primeiro para o interior do ouvido interno
e, finalmente, para o cérebro.
Que especialistas estão envolvidos neste
tipo de cirurgia?
A cirurgia implica um estudo prévio do
doente. Além do otorrinolaringologista,
estão por isso também envolvidos audiologistas, terapeutas da fala e psicólogos,
que não só estudam o tipo de perda auditiva, como a criança em si. É fundamental perceber se a criança apresenta um
bom nível de desenvolvimento psicológico e um ambiente psicossocial favorá-
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 9
GRANDE entrevista
-se desta forma a transmissão de ondas
sonoras ao cérebro. Antes, era feito um
raio X ao ouvido interno, actualmente,
verificamos imediatamente. No que respeita à fase pós-cirurgia, a criança não
vai para o recobro normal. É encaminhada para os cuidados intensivos específicos na recuperação. A criança tem de ter
um médico e uma enfermagem especializada em pediatria. Apenas passados um
a dois dias, poderá ir para o seu quarto.
Portanto, há uma grande estrutura envolvida e empenhada para que tudo corra o
melhor possível.
“Na cirurgia é de
destacar o papel da
médica anestesista.
Estamos a falar de
uma criança com
sete meses que
terá seis horas
de anestesia”
Quem é o
Professor
João Paço?
Licenciado em Medicina pela Faculdade
de Medicina de Lisboa, tem o
doutoramento e Agregação em Medicina
e Cirurgia (Otorrinolaringologia). Foi
Otorrinolaringologista e pertenceu
à Direcção Clínica do Hospital de Santa
Maria, desempenhando actualmente
funções no Hospital Cuf Infante Santo
como Director do Centro de
Otorrinolaringologia e Director Clínico.
É ainda membro do Conselho Médico
da José de Mello Saúde e Professor
de Otorrinolaringologia da Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade
Nova de Lisboa. Pelas actividades de
solidariedade desenvolvidas no âmbito
do Clube do Stress, foi distinguido
Comendador da Ordem de Mérito.
Porém, há ainda uma outra forma
de descrição, mais simples e menos
académica: “Um bom médico.
Um fantástico ser humano”,
nas palavras de Ana Luísa Monteiro,
a mãe de Manuel Monteiro.
10 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
vel. [Ver caixa Critérios de Selecção dos
Candidatos ao Implante ] Ainda nesta
fase, o neuroradiologista, que, neste caso,
é o Dr. Manuel Branco, é mais uma peça
essencial para o sucesso da intervenção.
Na cirurgia propriamente dita, é de destacar o papel da médica anestesista, pois
estamos a falar de uma criança com sete
meses que terá seis horas de anestesia, o
que requer uma análise exigente da criança. A equipa é ainda composta por três
otorrinolaringologistas: dois cirurgiões e
um ajudante. Procuro ter sempre elementos que façam cirurgia e possam ir aprendendo, porque a Medicina faz-se ensinando. A intervenção conta ainda com
uma enfermeira circulante e uma a duas
enfermeiras instrumentistas, visto tratar-se de uma cirurgia bastante longa. Intra-operatoriamente, importa referir o técnico do implante, uma vez que, assim que
colocado, o funcionamento do implante
é verificado de imediato, confirmando-
Esta cirurgia é, então, apenas o culminar
de um longo processo? Que tipo de exames e estudos antecedem o momento da
intervenção?
O processo pode ser desencadeado pelos
pais, que começam por suspeitar que algo
de errado se passa com a audição da
criança, quando, por exemplo, ela não
vira a cabeça, nem reage perante um
objecto que cai no chão. Inicialmente, a
criança “palra” e é capaz de emitir sons,
sons estes a que chamamos laríngeos,
associados a exercícios da laringe, mas,
por volta dos cinco, seis meses, a criança
deixa de fazer esses exercícios e cala-se.
Porque simplesmente não se ouve. A
criança que é surda profunda pára, a
determinada altura, de emitir som.
Existem, por outro lado, exames que são
feitos à nascença: tratam-se dos rastreios
auditivos neonatais, que, em muitos
casos, revelam-se já conclusivos. Porém,
nem todos os locais o fazem. Quanto ao
processo de diagnóstico, envolve desde
Potenciais Evocados Auditivos, exame
realizado sob anestesia geral, no caso de
crianças, e que consiste na emissão de
sons junto à mastóide, a avaliações sonoras com jogos que permitem chegar à
conclusão de que a criança não ouve correctamente dos dois ouvidos. A criança
que ouve mal só de um ouvido consegue
passar despercebida a muitos pais.
Frequentemente, os pais dão conta da
situação quando as crianças já têm três,
quatro anos, altura em que começam a
reparar que o seu filho aproxima o telemóvel apenas de um ouvido. Outras
vezes, apercebem-se quando lhes querem dizer um segredo e a criança pede
que o façam junto do outro ouvido. É
muito importante os pais estarem atentos. E também é muito habitual os pais
passarem por uma fase de negação, uma
etapa típica e que leva a que procurem
vários médicos.
Esta fase de negação, e ventualmente
associada a um atraso na evolução dos
acontecimentos, remete-nos para um
ponto que o Professor João Paço fez questão de referir no início: os timings mais
indicados para o implante.
Quanto mais cedo, melhor, desde que o
implante possa ser realizado cirurgicamente, pois esta é uma intervenção que
enfrenta alguma dificuldade técnica no
caso de crianças muito pequenas. Estamos
a falar de um córtex mínimo. Por exemplo, o caso do implante do Manuel, o
implante bilateral mais precoce aqui realizado, foi colocado praticamente sobre a
meninge. E nem todos os centros estão
habilitados para tal. O Hospital Cuf Infante Santo apresenta uma infra-estrutura de
muitos anos de treino e uma equipa preparada para fazer este tipo de cirurgia. O
principal centro de implantes continua a
ser o Hospital dos Covões, público, em
Coimbra, mas, neste momento, posso
dizer-lhe que somos já o segundo centro
de implantes do país.
Um estudo publicado no Journal Otolaryngology – Head and Neck Surgery, em
Maio de 2008, associa esta técnica a algumas competências auditivas bastante
positivas, como a capacidade de audição
em ambientes barulhentos, entre outras.
Ou seja, dois implantes é muito melhor
do que um? Os benefícios compensam os
custos?
Com um implante bilateral, a criança não
vai ter de aprender língua gestual, ao contrário de um implante unilateral, que obriga a aprender linguagem gestual para o
caso de o implante avariar ou deixar de
funcionar correctamente. Além disso, a
audição desta criança é melhor do que a
de outras com um implante unilateral.
Porque não sofre o efeito de ter apenas
um ouvido a funcionar, o chamado efeito
sombra. O caso do Manuel, cujos pais fizeram um seguro de saúde, serve de exemplo para outros pais.
O professor já colocou 24 implantes, mas
este terá sido dos mais emocionantes…
A emoção é grande, sem dúvida. Tenho
muitos anos de experiência e já operei
muitos e muitos doentes, mas esta talvez
tenha sido das cirurgias que mais me marcaram. Quando ligámos pela primeira vez,
um mês após a cirurgia, a altura em que
os primeiros testes decorrem, e o Manuel
isto?” Era a primeira vez que tinha som na
sua cabeça. Começou então a chorar…
Depois, aproximei-me e provoquei barulho e ele voltou-se à procura do ruído.
São momentos fortíssimos. A partir do
momento em que se coloca o implante,
“Se a criança não ouve, não desenvolve a
linguagem. Se os adultos perdem a capacidade
auditiva por completo, deixam de falar após
alguns dias. Nós falamos bem porque nos
estamos a ouvir ao mesmo tempo. Quando
deixamos de ter feedback da nossa voz, entramos
no mundo do silêncio. E, portanto, um adulto
também é um candidato a implante.”
voltou a fazer sons novamente foi um
momento único. Recordo-me perfeitamente. Ele estava ao colo da mãe quando fizemos chegar o som ao seu ouvido.
Lembro-me da sua cara muito surpreendida e da primeira reacção de olhar para
a mãe, como que a perguntar: “O que é
acontece algo espectacular: o Manuel passou a fazer imenso barulho. Ele passou a
gritar e a bater com objectos para se ouvir.
Depois, é uma questão de começar a coordenar os sons que ouve com aqueles que
são emitidos, para adquirir fala e desenvolver a linguagem.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 11
GRANDE entrevista
Desde 1996, o ano em que realizou o primeiro implante, registam-se grandes
melhorias e avanços nestes equipamentos?
Este prato [na fotografia] foi-me dado pela
senhora a quem fizemos o primeiro
implante, em 1996, e conforme retrata o
desenho nesta peça de olaria, o implante
era ligeiramente diferente dos de hoje em
dia. Dantes, era um autêntico “calhamaço”
que a pessoa trazia à cintura. Agora, é só
um pequeno equipamento atrás da orelha, com a vantagem de ter ainda um
comando que permite ligar, desligar, ajustar a situações com mais e menos ruído.
Actualmente, os implantes apresentam
também grandes diferenças na qualidade
do som.
O implante bilateral simultâneo é, então,
hoje, a resposta mais inovadora que se
conhece para a surdez profunda?
Sim, sem dúvida. O que existe depois são
melhoramentos contínuos dos implantes.
Existem, por exemplo, os implantes híbridos, um implante com um fino mais fino,
que, ao ser introduzido, preserva as células
auditivas funcionais. Este implante tem a
vantagem de permitir o uso simultâneo de
uma prótese auditiva. Existem várias companhias que oferecem uma grande variedade de implantes que se adaptam ao caso
mais concreto de cada um destes doentes.
Quando falamos de doentes candidatos a
implantes, referimo-nos a crianças e
adultos?
Temos dois tipos de pacientes para este
tipo de implantes: os pré-linguais, que são
os bebés como o Manuel, que não têm
nem adquirem linguagem sem o implante. Sem um implante, estão condenados a
aprender língua gestual; e os pós-linguais.
Convém
não esquecer
que,
além da surdez congénita, existem um
conjunto de complicações que podem
provocar surdez. O vírus da parotidite epidémica, a vulgar papeira, o vírus do sarampo, o vírus gripal, assim como doenças
como a meningite podem levar à necessidade de um implante. Ou seja, um adulto
também é um candidato a implante.
Coloquei um implante a um doente com
cerca de 70 anos que sofreu recentemente uma doença grave que o levou a tomar
antibióticos. Estes fármacos acabaram por
prejudicar-lhe a audição do ouvido que
ele ainda usava. Ou seja, se não fosse o
implante, ninguém falava com o senhor
neste momento.
O primeiro rastreio auditivo, com um mês de idade, não foi conclusivo. A técnica de serviço estava
convencida de que os sinais, ligeiramente anormais, eram passageiros, mas os testes seguintes
aumentaram os motivos de preocupação e conduziram a exames de diagnóstico. Manuel era um menino
louro e de olhos azuis, tudo perfeito até chegarem os resultados: surdez profunda. Os pais não hesitaram
em partir de imediato para Espanha, à procura dos melhores médicos, junto dos quais repetiram exames
e se aconselharam. “O médico disse-me que a melhor so lução seria fazer um implante bilateral simultâ neo,
entre os seis e os oito meses”, recorda a mãe, Ana Luísa Monteiro. Numa corrida contra o tempo,
empenharam-se em acelerar o processo, equacionando realizar a cirurgia em Espanha. O nome do Professor João Paço surgiu, entretanto,
em conversa com uma representante de uma marca de implantes. E assim se proporcionou a primeira consulta no Hospital Cuf Infante
Santo. Os pais de Manuel estavam determinados em cobrir as despesas da cirurgia, o que incluía a hipótese de um empréstimo bancário
(Só cada implante tem o valor de 22.500 mil euros.), mas a resposta da Médis superou as expectativas: Manuel tinha feito um seguro de
saúde com poucos dias de vida e a Médis pr oporcionou “tornar um sonho em realidade”, como refere a mãe. A primeira vez que ligaram
o implante e o Manuel começou a emitir sons… “Foi uma emoção muito difícil de descrever.” Manuel, o príncipe Manuel, como lhe c hama
o Professor João Paço, sempre que contacta os pais para acompanhar a evolução dos acontecimentos, faz um ano de idade e, graças
às sessões de terapia da fala, já conjuga sílabas, vogais e sons, como “mamã”. “Tem sido uma alegria”, conta Ana Monteiro.
12 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
Fotografia: Nuno Alexandre
ERA UMA VEZ UM “SONHO TORNADO REALIDADE”
sight SEEING
SORTELHA
Fotografia: Rotas & Destinos/Pedro Sampayo Ribeiro.
NINHO DE ÁGUIAS
Escondida no meio
do granito, num
outeiro perdido entre
Belmonte e o Sabugal,
o Castelo de Sortelha
parece uma sentinela
perdida no tempo.
Foi um baluarte nos
tempos da afirmação
da nacionalidade
e, hoje, é um recatado
oásis de paz,
que convida
ao descanso
Por Rui Faria
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 13
SIGHT seeing
F
eliz ou infelizmente, Sortelha
é uma aldeia esquecida, apesar
de estar perto do IP2/A23 e de
ser vizinha da Covilhã. Longe
das rotas habituais, ganhou um ambiente
pacato. Nas suas ruas, ouve-se um silêncio
monástico, apenas quebrado pelo canto
das aves, já que nem mesmo os (raros)
cães dão importância a quem passa.
Ao mesmo tempo, toda esta tranquilidade
é lamentável porque se alimenta do
desconhecimento quase geral desta
verdadeira jóia.
Sortelha foi um centro importante. Apoiou
a política de povoamento encetada por
D. Sancho I para afirmar as fronteiras
do país. A sua proximidade com as terras
de Castela exigia cautelas redobradas e
o castelo tornou-se num verdadeiro ninho
de águias vigilantes, atentas a qualquer
movimentação pelas terras que vão do
Sabugal a Belmonte. Sortelha até pode
ser pequena, mas a sua posição
estratégica foi de grande importância,
14 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
já que foi o primeiro castelo português
a ser erigido na margem esquerda do Rio
Côa. A estrada municipal, feita de curvas e
contra curvas, que sobe o monte à sombra
de árvores de vetusta idade, tem tanto
de bonita, como serve para recordar as
dificuldades no acesso. O maciço granítico
ajudava a defesa da retaguarda e as
escarpas impediam os ataques dos lados
de Espanha. Hoje, depois do ziguezague
da estrada, somos surpreendidos pelas
muralhas, perfeitamente conservadas,
escondidas por enormes penedos de
granito, alguns dos quais parecem ovos
monstruosos, em equilíbrio precário,
prestes a rolar sobre os “invasores”.
O anel castelhano
O nome de Sortelha pode ter origem “na
palavra castelhana ‘cortija’, que significa
‘anel’, ainda hoje visível na sua pedra
de armas”, como salientou Raul Proença,
no Guia de Portugal, editado entre 1924
e 1927 (posteriormente reeditado pela
Fundação Calouste Gulbenkian).
No volume dedicado às Beira Baixa
e Beira Alta, o autor recorda o texto que
Alexandre Herculano incluiu, em 1852,
no seu diário, após uma visita a Sortelha:
«Agosto, 28. Visita à vila contida dentro
da cerca. Calçada que sobe para ela do
arrabalde: à direita, rochedos enormes
sobrepostos uns nos outros; à esquerda,
despenhadeiros para um valeiro
profundíssimo; entre a porta da cerca;
o castelo edificado sobre picos de rocha:
é um pequeno recinto oblongo; os
muros parecem da época de D. João I;
a vila fica em anfiteatro, para a direita,
numa altura superior ao castelo; o
agregado das penedias sobrepostas
umas às outras em que ela assenta é
semelhante a um pão de açúcar, tem
penedos de mais de três braças de alto.
Sobre a porta, um balcão com buraco
para lançar matérias inflamáveis.
Na ombreira de uma das portas
da cerca, a medida de vara e côvado.»
Fotografia: Miguel Angelo Silva
«O CASTELO, EDIFICADO SOBRE PICOS DE ROCHA, É UM PEQUENO RECINTO OBLONGO; OS MUROS
S
sight SEEING
PARECEM DA ÉPOCA DE D. JOÃO I; A VILA FICA EM ANFITEATRO.» (In Diário, de Alexandre Herculano)
Volvidos 159 anos sobre esta visita de
Alexandre Herculano a Sortelha, pouco
mais haverá para dizer, tanto mais que o
tempo parece ter passado ao lado deste
promontório e a descrição continua a
ser perfeitamente actual. Mesmo assim,
podemos ser surpreendidos. Quem
ultrapassa o arco da pequena porta
ogival que dá acesso à praça de armas
(um automóvel passa à justa), descobre
uma aldeia imaculada, que parece
perdida no tempo. É imponente pelo seu
aspecto marcial, vincado pela sobriedade
quadrangular das casas, feitas de grandes
paralelepípedos perfeitamente talhados
em granito, mas o cinzento da pedra
agreste parece cintilar quando o sol
arranca reflexos da mica, que parecem
brilhos de minúsculos diamantes.
O estado de conservação é tal que
as casas parecem ter sido construídas
há pouco tempo, o que é rapidamente
desmentido pelas inscrições árabes
que surgem em algumas habitações,
pela arquitectura da torre de menagem,
dos tempos de D. Dinis, e pelo pelourinho
manuelino, para já não falar na igreja, um
templo modesto, do século XVI, mas rico
no detalhe e marcante pelo seu tecto
mudéjar, que merece ser apreciado.
Sortelha é talvez uma das melhores
“aldeias-museu”. Não rivaliza em
mediatismo com Óbidos, não tem
o apelo fashion que a barragem
do Alqueva deu a Monsaraz, nem
é tão conhecida como Marvão, mas
é exactamente esse o seu charme.
A não perder
Só se vai a Sortelha para vê-la ou para
cultivar o pecado da gula, oficiado
com todos os preceitos no restaurante
D. Sancho. Tão secreto como a aldeia
onde se afirmou com a sua cozinha, é um
local de culto para todos quantos sabem
valorizar a verdadeira cozinha regional,
dando valor a pratos onde o borrego, a
caça e o bacalhau são tratados a preceito.
Depois de uma lauta refeição, nada
melhor do que vaguear por ruas,
becos e vielas onde a calçada e as
lajes graníticas são como que um pano
de fundo onde se projectam as
sombras do casario. Por ali, não é
difícil encontrar senhoras sem idade,
que cultivam a arte da cestaria, dando
forma a arbustos “recolhidos à mão,
junto das ribeiras, que é preciso
trabalhar e coser à linha”, como nos
referiu uma cesteira de provecta idade.
Orgulhosa de um trabalho condenado
pela “era do plástico”, como ela
própria lamenta, reconhece que “só os
mais velhos é que conhecem esta arte”,
tanto mais que “dá muito trabalho e
canseira”. Por isso, a anciã indigna-se
com “alguns malandros que vêm aqui
oferecer um euro pelo nosso trabalho”.
Quem já o fez, que tenha vergonha.
A arte não tem preço e o verdadeiro
artesanato tem de ser respeitado
e preservado...
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 15
MUNDO médis
A EXCELÊNCIA
ALIADA À
TECNOLOGIA
A tecnologia de vanguarda e a Medicina 4P – preditiva,
preventiva, personalizada e participada – são os vectores
que alicerçam o crescimento sustentado da taxa de
ocupação, que já ultrapassa os 70%, do AMI – Hospital
Privado de Guimarães, uma unidade de saúde, da rede
AMI – Assistência Médica Integral
16 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
O
AMI – Hospital Privado de
Guimarães iniciou actividade
em Fevereiro do ano passado
e “é já uma unidade de referência para mais de um milhão de habitantes do norte de Portugal, em função da
excelência dos serviços prestados”, assegurou-nos Nelson Brito, director-geral da
AMI | HPG. “Mais do que um espaço onde
se fazem consultas, exames e cirurgias, pretendemos prestar serviços de máxima qualidade e isso levou algum tempo a conseguir, pelo que consideramos que o nosso
ano de arranque foi 2010”, afirmou Nelson
Brito, para justificar o hiato temporal que
mediou entre a abertura de portas, em
Novembro de 2009, e o início de actividade, quatro meses depois.
Com um corpo técnico e de enfermagem
próprios, bem como um conjunto de médicos cirurgiões e especialistas que prestam
serviços na instituição, a AMI | HPG assegura colocar o cliente no centro da sua
acção e apostar na inovação e nas novas
tecnologias.
“Temos um aparelho TAC de 64 cortes e
uma ressonância magnética 3 Tesla, ambos
de tecnologia avançada e únicos na região,
FICHA DO HOSPITAL
Área: 12.000 m2
Salas de bloco: 4
Salas de parto: 3
Pisos de internamento: 4
Número de camas: 96
Gabinetes de consulta: 34
Salas de exame: 20
Colaboradores: 200
que são as duas âncoras que nos distinguem em termos tecnológicos”, especificou o gestor. “Não tenho a menor dúvida
de que somos, em toda a região norte acima
do Porto, a unidade com melhor equipa-
mento no que toca à imagiologia”, complementou.
A realização destes e de outros exames,
como a mamografia digital com estereotaxia e a ecografia de aquisição volumétrica, “também invulgares”, têm sido as principais portas de entrada de novos clientes
no hospital. As convenções e os acordos
com a Administração Regional de Saúde e
com o Ministério da Saúde para a realização de exames e de cirurgias, ao abrigo
do plano para a redução de listas de espera, têm sido, segundo o director-geral,
“a melhor publicidade. Já fizemos aqui
milhares de cirurgias ao abrigo do programa de redução de listas de espera e estamos muitíssimo bem classificados”, explicou, acrescentando que, “na região norte,
somos o segundo prestador em número
de cirurgias realizadas e temos tido cá muitos pacientes que, de outra forma, se autoexcluiriam”. De acordo com Nelson Brito,
após uma passagem pelo hospital, “todas
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 17
MUNDO médis
Acordo
com a Médis
“Os seguros de saúde têm funcionado
como uma boa alavanca
de desenvolvimento
dos serviços de saúde
privados”, admitiu
o director-geral
do AMI – Hospital
Privado de
Guimarães,
Nelson Brito.
DIRECTOR-GERAL
Com um total
DO AMI de clientes Médis
- HOSPITAL PRIVADO
a rondar os 30%
DE GUIMARÃES
de todos quantos
recorrem aos serviços
de saúde desta unidade,
o director-geral reconhece que
os seguros “acabam por trazer
mais clientes ao sector privado”.
Ainda assim, Nelson Brito não deixa
esquecer que, “sem uma rede de
unidades hospitalares privadas de
relevo, os seguros de saúde também
não se desenvolveriam, porque
ninguém vai comprar um seguro que depois não pode utilizar”.
O acordo com a Médis “tem trazido vantagens ao hospital”, sublinha o director-geral,
que fala de “um bom relacionamento com a seguradora”, bem como de um “acordo
celebrado antes mesmo de o hospital abrir portas”.
O gestor relembra ainda a necessidade de as companhias de seguros de saúde
reverem os protocolos, porque, acredita, “o seguro é importante para o hospital,
mas o hospital também é fundamental para o seguro. Ambos crescem se houver
efectiva melhoria”.
NELSON
BRITO
as pessoas acabam por perceber que, afinal, também podem estar cá”, o que tem
funcionado como um “enorme foco de
divulgação do hospital”. É isso que faz do
AMI | HPG “um hospital de todos para
todos”.
APOSTA NAS NEUROCIÊNCIAS
Querendo afirmar-se na região como um
verdadeiro centro de excelência, o AMI –
Hospital Privado de Guimarães está apostado em prestar cuidados de saúde com
enfoque no diagnóstico imediato e com
elevados índices de sofisticação e complexidade. As cirurgias de Parkinson e da
epilepsia, no campo das neurociências,
são dois “excelentes exemplos da diferenciação dos nossos serviços”, referiu
Nelson Brito. “Temos o equipamento
necessário e as equipas para fazer as cirurgias de Parkinson e epilepsia. Não há, na
região, algo semelhante. É altamente diferenciador porque estamos habilitados
para tratar o paciente, fazendo o diagnóstico rápido, a intervenção cirúrgica e o
18 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
tratamento pós-cirúrgico, e todo o follow-up de ambulatório”, explicou o directorgeral, assegurando que este exemplo “desmistifica a ideia de que as coisas mais complicadas só se fazem nos grandes hospitais públicos”.
Com serviço de urgência a funcionar
24 horas por dia, 365 dias por ano, unidades de cuidados intensivos e intermédios disponíveis, quatro salas de bloco
operatório, três salas de maternidade, 96
camas, 34 consultórios e duzentos colaboradores, o AMI – Hospital Privado de
Guimarães está preparado para prestar
cuidados de saúde numa área de influência com mais de um milhão de habitantes: Guimarães, Fafe, Póvoa de Lanhoso,
Vieira do Minho, Cabeceiras de Basto,
Celorico de Basto, Vizela, Famalicão,
Felgueiras, Mondim de Basto, Ribeira de
Pena, Braga, Santo Tirso, Barcelos,
Penafiel, Lousada, Paredes e Paços de
Ferreira, bem como a toda a sub-região
de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Consciente da qualidade do serviço públi-
co existente na região no que toca
às áreas materno-infantil e de neonatologia, o AMI – HPG equipou-se para aqui
marcar a diferença. “Queremos ser o
berço da Cidade-Berço”, admitiu Nelson
Brito, adiantando que foram criadas as
infra-estruturas necessárias e constituí-
das as “melhores equipas”, para garantir
a máxima segurança “às futuras mamãs
e aos seus bebés”. O director-geral mostrou-se satisfeito com os números alcançados no ano passado, mas não escondeu que, em 2011, quer atingir os “cem
nascimentos” na unidade.
“Este é um hospital que vem preencher
uma lacuna nesta região mais interior”,
afirmou-nos Maria José Torres, directora clínica
do AMI – Hospital Privado de Guimarães.
“Dispomos de equipas
multidisciplinares, equilibradas
e dinâmicas, vocacionadas para
todo o tipo de especialidades
médicas e, ao mesmo tempo,
disponíveis para participar em
actividades que consideramos
muito importantes, como o
ensino”, referiu a directora
clínica, destacando a parceria
com a Escola de Ciências da
Saúde da Universidade do Minho,
com a CESPU e com a
Universidade Católica.
Neste sentido, e ao abrigo de
protocolos rubricados no ano
passado, o AMI – HPG está já a
receber psicólogos e estudantes
de Medicina e de Nutrição.
“Trabalhamos com o objectivo
de estabelecer uma ligação que
possa dar frutos a longo prazo”,
admitiu Maria José Torres.
O AMI – HPG, ao contrário dos
hospitais públicos, opta por
um ensino mais personalizado.
Com uma oferta integrada
no que toca às especialidades
médicas, há, no entanto, áreas
clínicas que se destacam nesta
unidade de saúde. É o caso da
Pediatria, uma das mais
procuradas no hospital.
“A Pediatria é uma das áreas
mais importantes para o sector,
porque, mesmo numa altura de
contenção de gastos, tentamos
que não falte nada aos nossos
filhos. Aumentámos, por isso,
o leque de oferta de subespecialidades dentro da
Pediatria”, referiu a médica,
apontando áreas como a
Gastrenterologia pediátrica,
“invulgar acima do Porto, tanto
no privado como no público”,
acrescentou.
“Apostamos ainda na Cardiologia
pediátrica, realizando também
ecocardiograma fetal,
na Pedopsiquiatria, na
Neuropediatria, na Urologia
pediátrica, na Cirurgia pediátrica,
na Alergologia e na Pneumologia
pediátrica, além da urgência com
sala de observações pediátrica
e o internamento pediátrico”,
sublinhou.
Como a sua própria identidade
sugere, a rede AMI aposta numa
oferta integral de cuidados de
saúde. Maria José Torres dá o
exemplo do Centro Integrado de
Diagnóstico do Cancro da Mama,
“para diagnóstico e tratamento
em fase precoce das doenças
mamárias”, ou do Centro de
Tratamento da Obesidade,
que conta com uma ampla
equipa pluridisciplinar.
A oferta de horários alargados
até a meia-noite e ao fim-de-semana em algumas
especialidades como
Oftalmologia, Psiquiatria ou
dentária permite aos clientes
conciliar a vida laboral com a
pessoal.
No domínio da Cirurgia, a
directora clínica destaca a cirurgia
oftalmológica com colocação de
lentes intra-oculares multifocais,
a cirurgia plástica e maxilofacial,
a neurocirurgia que dispõe de
um microscópio absolutamente
invulgar, a cirurgia oral dentro da
área da medicina dentária e a
implantologia dentária.
Além das áreas mais
convencionais, o AMI – Hospital
Privado de Guimarães está a
apostar na Medicina preditiva
e preventiva, com um amplo
suporte diagnóstico só
possível em virtude quer da
disponibilidade de
equipamentos de alta
tecnologia, que permitem
a realização de angio-TAC
às coronárias e ressonância
magnética cardíaca, quer
da parceria com o Centro de
Genética Clínica, que nos
possibilita pesquisar marcadores
genéticos de vários tipos de
cancro, morte súbita ou o tipo
de reacção de cada indivíduo
em particular aos medicamentos
que lhe vierem a ser prescritos.
“Acreditamos que podemos
reduzir bastante os custos com
a saúde e aumentar a
longevidade e a qualidade de
vida conseguindo prever e
prevenir as doenças que poderão
surgir”, constata a directora.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 19
MUNDO médis
RESSONÂNCIA
MAGNÉTICA CASELAS
O centro Ressonância Magnética Caselas é uma unidade
pioneira no nosso país. Iniciou a actividade no final dos
anos 80 e, desde essa altura, tem sido uma referência
num sector que ajudou a divulgar em Portugal
A
história do centro Ressonância
Magnética Caselas começou há
mais de duas décadas, tendo
tido por base um núcleo de médicos “que
integrava o serviço de Radiologia do
Hospital Egas Moniz, que, na época, era
pioneiro nos exames por TAC”, referiu-nos
Jorge Cannas, o actual director clínico, que
recorda que, “nessa altura, tínhamos a prática de realizar reuniões semanais ou bi-semanais aos sábados, no âmbito daquilo
a que chamávamos ‘journal club’, onde
discutíamos casos clínicos interessantes”.
Nesses encontros, “que nos ajudavam a
crescer”, também eram discutidos “artigos
de revistas científicas que considerávamos
relevantes para a nossa especialidade”, na
presença de “convidados médicos de especialidades afins, como os neurocirurgiões,
neurologistas, otorrinos e oftalmologistas
do hospital”.
O grande número de exames realizado por
este grupo “era no âmbito da TAC, que era,
na altura, a tecnologia de ponta nos estudos
por imagem em Portugal”, acrescentou Jorge
Cannas. “Contudo, pouco a pouco, fomos
20 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
descobrindo que essa janela se ia fechando
nas revistas internacionais, que tinham cada
vez mais artigos sobre ressonância magnética e cada vez menos relativos à TAC.
Percebemos claramente que o exercício da
nossa especialidade passava pela necessidade de ter experiência e começar a trabalhar
no campo da ressonância magnética.”
ACTIVIDADE PIONEIRA
Foi assim que surgiu a ideia de lançar um
novo projecto, “que só foi possível vir a concretizar-se dado o carinho especial que
encontrámos junto da General Electric, que
apostou no grupo que formámos e que anexou radiologistas gerais ao núcleo inicial,
formado apenas por neuro-radiologistas e
com uma especialidade muito restrita ao
sistema nervoso”. O alargamento do núcleo
de médicos passou “pela chegada de colegas com quem já tínhamos algumas experiências de sucesso numa outra empresa, a
IMI, e que, inicialmente, fora criada apenas
com ecografia, TAC e radiologia geral”.
A experiência destes médicos “talvez tenha
sido a razão que levou a General Electric a
apostar em nós como grupo, o que nos
garantiu condições excepcionais para
podermos começar a trabalhar em Caselas”.
“Em 1988, foi criada a sociedade e, no ano
seguinte, começámos a trabalhar em pleno.
Em 1990, começámos a divulgação, através
do primeiro curso de ressonância magnética, já com um historial de casos e uma experiência acumulada, que foi um êxito. Com
a presença de colegas do país inteiro e
durante quatro anos consecutivos, mantivemos a prática desses cursos, que ajudaram a divulgar uma técnica nova em
Portugal, numa altura em que os hospitais
ainda não estavam equipados com ela, o
que representa o grande pioneirismo do
centro de Ressonância Magnética Caselas.
Os serviços dos hospitais enviavam-nos
internos para estagiarem connosco para se
familiarizarem com a técnica e, com o passar dos anos, começou a haver concorrência, não só na área privada, mas também
nos hospitais civis, que passaram a contar
com equipamentos deste tipo, o que nos
levou a alterar o nosso posicionamento.”
Esta fase de divulgação da ressonância
magnética, em que o centro teve uma
importância capital, “só terminou quando
nós considerámos que o trabalho estava
feito junto da classe médica”.
DO PASSADO AO PRESENTE
Hoje, os tempos são outros, “mas o centro
de Ressonância Magnética Caselas nunca
abdicou de alguns pontos essenciais e a
sua forma de funcionamento mantém-se”,
considerou Jorge Cannas. “Dos catorze
sócios originais, mantêm-se treze, após a
morte de um deles, e desde o início que
tomámos a decisão de que a gestão desta
casa deveria ser feita por profissionais
dessa aérea e não por nós, porque não estávamos vocacionados para isso e não nos
temos dado nada mal.”
Deste modo, “a equipa de gestão manteve
sempre a composição de um conselho de
administração com três elementos e a articulação com os médicos pode ter uma fase
informal com qualquer médico em qualquer altura”, embora tivesse existido inicialmente “um conselho clínico de três elementos, que, em 2002, deu origem a uma
direcção clínica, assumida por uma única
pessoa, eleita pelos médicos”.
O grande objectivo destes clínicos também
se manteve inalterado. “A nossa prioridade
constante tem sido a qualidade do serviço
prestado”, tendo havido sempre uma grande preocupação com os equipamentos, o
que “exigiu a realização de upgrades suces-
sivos e investimentos dos lucros da
actividade de uma forma muito significativa na actualização dos equipamentos. Quando começámos, estávamos na plataforma de ponta do que
estava disponível a nível internacional e, com o passar dos anos, se não
tivesse existido essa evolução, a plataforma estaria completamente
ultrapassada”. Os números
falam por si, já que, “ao
longo destes 22 anos,
houve cerca de onze
intervenções sucessivas em termos de
upgrades e, se alguns
DIRECTOR CLÍNICO
deles foram ao nível
RESSONÂNCIA
MAGNÉTICA
de software e hardware, outros implicaram
mudanças de plataforma tecnológica”.
Em termos dos aparelhos, existe
algo não se alterou com o tempo.
“O fundamental é um campo
magnético que é gerado por bobinas que são resfriadas em hélio
JORGE
CANNAS
RESSONÂNCIA
MAGNÉTICA
CASELAS
Rua Carolina Ângelo
1400-045 Lisboa
Tel. 21 3303 11 40
Fax 21 301 81 40
E-mail [email protected]
www.rm-sdi.pt
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 21
líquido e esse campo magnético gerado tem
de ter características de intensidade e homogeneidade muito especiais e vigiadas”, e,
por isso, o centro ainda mantém a máquina
inicial, mas, se ela ainda é a mesma, tudo o
que lhe diz respeito “foi alterado e evoluin-
equipamentos de 3 Tesla, o topo da intensidade de campo, e nós ponderámos, em
2008, substituir um dos nossos equipamentos, necessariamente o mais antigo, e fizemos algumas consultas”.
Como o centro continua a manter “uma relação privilegiada com a General Electric,
somos um dos seus sites de referência”,
foi informado de que “a qualidade da imagem que poderíamos obter não correspondia ao salto tecnológico, o que acabámos por vir nós próprios a constatar
em diversos exames que nos foram chegando. Embora tendo reconhecido que
seria prematuro adquirir o equipamento
nessa altura, hoje em dia, a realidade já é
APOSTA
NA QUALIDADE
“Os exames têm um nível
de exigência e de
customização /personalização
muito elevado o que se traduz
numa qualidade efectiva
muito elevada. Este é um
dos nossos principais factores
de diferenciação”, referiu-nos
Sara Valente administradora
do Centro de Ressonância
Magnética de Caselas .”
É certo que o mercado é
muito competitivo e temos na
área da grande Lisboa muitos
concorrentes, uma situação
que no passado não existia,
mas mesmo neste contexto
continuamos a afirmar-nos
como centro de referência,
junto das diversas unidades
hospitalares bem como dos
médicos prescritores com
quem mantemos uma relação
de estreita colaboração
personalizada, devido à
excelência do corpo clínico
e do trabalho que têm
desenvolvido ao longo deste
vinte e poucos anos e do
equipamento de que
dispomos para a realização
dos exames”, acrescentou.
“Desde o inicio da actividade
que estamos preparados para
receber doentes hospitalares,
já que o edifício foi projectado
desde raiz para receber
doentes acamados
transportados em
ambulâncias”.
Hoje a Ressonância Magnética
de Caselas “mantém a sua
grande aposta na qualidade
e no rigor dos exames, somos
certificados pela NPEN9001
:2008”, prosseguiu Sara
Valente. “Continuamos a
apostar na diferenciação dos
exames nomeadamente
na área dos exames fetais,
do sucessivamente, tendo recebido, em
2007, uma nova plataforma tecnológica”.
Apesar disso, “a General Electric informou-nos que, em termos de upgrade, este equipamento tinha batido no tecto”. Por isso, o
centro Ressonância Magnética Caselas dispõe
“de uma plataforma mais avançada no segundo equipamento, que já não pode ser equiparada com a do inicial, embora a qualidade
desse ainda seja excelente”. Mesmo assim, “há
determinados tipos de exame que têm de ser
direccionados para a plataforma mais actual”.
Em relação à intensidade de campo, “optámos desde início por uma intensidade de
1,5 Tesla, o que já é considerado alto campo
e tem dado uma boa qualidade, mas, há uns
seis, sete anos, começaram a ser instalados
22 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
cardíacos, mama, crânio
e corpo. Os exames
direccionados à área
pediátrica têm especial
importância uma vez que
temos uma experiência
importante no apoio
anestésico através dos
3 anestesistas que
colaboram com o centro”
Numa recente avaliação Sara
Valente concluiu que “ desde
o final 2009 até ao primeiro
semestre de 2011 a origem dos
nossos doentes tem vindo a
alterar-se, historicamente
eram cerca de 70% de doentes
dos hospitais e os restantes
provenientes do sector
privado, neste momento
o volume dos doentes
hospitalares e privados
é praticamente idêntico
assistindo-se a uma quebra
nos doentes do sector publico.
diferente, pelo que esse é um equipamento
apetecível”, admitiu Jorge Cannas.
CUIDADOS PERSONALIZADOS
Actualmente, o centro já deixou de estar sozinho no mercado, o que não é uma grande
preocupação para os seus responsáveis.
“Todas as moedas têm duas faces e se, por um
lado, acabou um período de graça que advinha de estarmos sozinhos no mercado, a outra
face aumenta-nos o grau de exigência, porque só assim poderemos diferenciar-nos e dar
passos em frente”, justificou Jorge Cannas, ao
mesmo tempo que admitiu que “quando se
surge depois e se tem como referência quem
o precedeu, vai querer-se atingir esse nível
ou ultrapassá-lo. Quanto a nós, só podemos
querer fazer melhor, tendo como referência o caminho que já percorremos”.
Neste sentido, a grande preocupação
passa “pela nossa capacidade de resposta
aos médicos prescritores, sejam eles quem
forem, estejam ou não ligados a hospitais,
porque historicamente temos ligações
com todos os hospitais, embora também
contemos com muitos médicos individuais
que nos referem aos seus doentes com
alguma deferência, que é uma coisa que
nos agrada de sobremaneira”.
Para garantir este tipo de confiança, há
um estilo na realização dos exames, “que
não se limita a aplicar uma esquadria,
como a qualidade exige, mas perante a
surpresa de um exame a um doente, quando começamos a descobrir, vamos atrás
dessa descoberta até ao fim, o que é uma
das práticas que sempre nos distinguiu.
Qualquer um de nós poderá citar centenas de casos em que começou com um
exame de crânio e acabou num exame
de coluna até ao fim, à procura das lesões
que se espalharam, sem preocupações a
nível de remuneração, pois um doente
que nos chega para ser estudado tem de
ser estudado integralmente”.
A preocupação com o doente implica
que “os nossos médicos tenham a atitude pro-activa de procurar o doente,
fazendo ponto de honra em que todo o
doente que seja visto por ele tenha a
possibilidade de fazer alguma pergunta
e obter uma resposta”.
É uma dinâmica que se manteve desde
sempre e “para a qual não é alheio o facto
de sermos os mesmos médicos desde o
início deste centro”, embora o corpo clínico tenha sido alargado com médicos adicionais, “que não são sócios, mas são
remunerados como eles, responsáveis por
áreas específicas, como a mama ou a
Cardiologia, que é um outro ponto forte
desta casa, sempre ligada ao dr. Nuno
Tavares Jalles, pioneiro nesta área a nível
nacional”. O mesmo acontece com a anestesia, muito importante “nos casos de
crianças ou de adultos que, por estarem
agitados, sofrerem de claustrofobia, demências ou doenças degenerativas, estão
incapazes de compreender ou manter a
memória de que é necessário estarem
quietos, pelo que devem ser sedados”.
Fora da área clínica, também é muito
importante o papel do Professor Mário
Forjaz Secca, que, “desde o início, nos ajudou a aprender alguns princípios físicos
que nunca ninguém nos tinha ensinado”,
tendo-nos ministrado um mini, mas intensivo e prolongado, curso de Física, que
nos ajudou a melhor interpretar as imagens dos exames”.
Fotografia: Nuno Alexandre
MUNDO médis
space SHUTTLE
A ÚLTIMA MISSÃO
Ao fim de trinta anos, o Atlantis realizou a última missão
dos space shuttles. Foi o fim de uma era na conquista do Espaço
Por Rui Faria
Fotografia: Getty Images.
N
o dia 21 de Julho,
o Atlantis concluiu a 135.ª missão do Programa
Space Shuttle, encerrando uma
página na história da aventura
espacial norte-americana, iniciada no dia 12 de Abril de 1981,
quando o Columbia descolou
na primeira missão dos vaivéns
espaciais criados para potenciar
a capacidade de exploração
espacial dos Estados Unidos.
Depois dos foguetões que levaram o homem à Lua, os space
shuttles foram desenvolvidos
para orbitar a Terra, transportando novos satélites e carga
que ajudou a construir e a abastecer a estação orbital internacional. Ao longo de três décadas, foram construídas cinco
naves espaciais, Columbia,
Challenger, Discovery, Atlantis e
Endeavour, das quais apenas
três ainda hoje existem, já que,
em Janeiro de 1986, a Challenger explodiu poucos minutos
após o seu lançamento e,
dezassete anos depois, a
Columbia teve a mesma sorte
na fase de reentrada na atmosfera terrestre.
Discovery é recordista
A Discovery foi a nave mais utilizada, tendo cumprido 39 missões, seguida por Atlantis (33),
Columbia (28), Endeavour (25)
e Challenger (10), o que perfaz
135 missões que totalizaram
1330 dias, 18 horas e 9,44 minutos, durante os quais foram
cumpridas 21.158 órbitas à
Terra, protagonizadas por 335
astronautas. De entre as mais
variadas missões científicas e
militares, destaca-se a colocação
em órbita e a posterior reparação do telescópio Hubble, para
além do material que foi transportado para a construção da
estação orbital internacional,
como aconteceu na última viagem da Atlantis, que carregou
3,6 toneladas de equipamentos.
Os space shuttles foram projectados para estarem ao serviço
durante quinze anos, mas o
custo implícito na sua substituição prolongou a sua vida útil
por três décadas. Depois da
derradeira missão do Atlantis,
fica em aberto tudo quanto se
relaciona com as viagens espaciais no futuro e não deixa de
ser curioso recordar que o ciclo
que agora termina teve início a
12 de Abril de 1981, no dia
exacto em que se celebravam
os vinte anos do voo de Yuri
Gagarin, o primeiro homem a
orbitar o nosso planeta. Foi
como que uma provocação à
então União Soviética. Hoje,
privados dos seus vaivéns, os
astronautas norte-americanos
ficam dependentes dos foguetões russos para poderem chegar à estação orbital norte-americana.
Futuro incerto
A NASA está a desenvolver
um novo foguetão capaz de ir
mais longe no Espaço, mas os
destinos ainda não estão
SPACE
SHUTTLE
135 MISSÕES
1330 DIAS, 18 HORAS
E 9,44 MINUTOS
21.158 ÓRBITAS À TERRA
335 ASTRONAUTAS
anunciados ou sequer calendarizados e os investimentos
foram significativamente reduzidos. Paralelamente, a agência espacial norte-americana
está a tentar estabelecer parcerias com empresas privadas,
como a Boeing e a SpaceX, o
que poderá abrir as portas à
criação de naves capazes de
orbitar a Terra, embora esse
projecto ainda esteja muito
longe de poder avançar. Por
isso, os space shuttles passam
a ser uma memória que, dentro de algum tempo, poderá
ser uma atracção museológica.
O Discovery será entregue ao
Smithsonian Museum, de
Washington, o Endeavour será
exposto no California Science
Center, de Los Angeles, e o
Atlantis irá enriquecer a colecção do Kennedy Space Center,
em Cabo Canaveral.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 23
GLOBE trotter
Butão
TERRAS DE
SHANGRI-LA
24 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
O
Shangri-La é sinónimo de um
paraíso terrestre oculto. É um
mito da tradição oral budista,
que o imaginou em latitudes
tão díspares como a Cordilheira dos
Himalaias, as proximidades da Sibéria ou
até localizado para os lados de Khotan,
que poderá ser o Deserto de Gobi. Estas
tradições sem idade serviram de base ao
livro Lost Horizon, publicado em 1925 pelo
britânico James Hilton, aumentando o fascínio e o misticismo do Budismo na
Europa.
O Shangri-La é um mito por descobrir, mas
pode ter estado sempre entre a Índia e o
Tibete, no meio dos vales e das altas montanhas, que se elevam a alturas superiores a
sete mil metros, onde, hoje, o reino do Butão
continua a ser um país perdido e esquecido
desde os tempos em que foi um verdadeiro
covil de lobos marcado por uma história de
disputas de senhores feudais sem soberano.
O PRIMEIRO “TURISTA”
Estêvão Cacella, um jesuíta português, foi o
primeiro europeu a entrar no Butão e as
suas cartas do século XVII falavam de
Ngawang Namgyel, um príncipe fugido do
Tibete que conseguiu unificar o Butão, afirmando-se como Shabdrung (“aquele a cujos pés todos se prostram”), tendo sido res-
No meio de vales
e altas montanhas,
encaixado entre
a Índia e o Tibete,
o Butão é um país
perdido no tempo,
que vive ao ritmo
das suas tradições.
É um mundo
esquecido
à espera de quem
aprecia uma boa
aventura
Por Rui Faria
ponsável pela construção de inúmeros
dzong, fortalezas que repartiam o poder político-militar com o poder religioso budista,
servindo igualmente como bastiões de defesa contra as invasões mongóis e tibetanas.
Nos séculos seguintes, a influência dos
dzong fez renascer o regime feudal e os
conflitos internos agudizaram-se, mas, em
1907, Ugyen Wangchuck logrou dominar
a oposição, afirmando-se como o primeiro rei do Butão. Actualmente, o país é governado pela quarta geração dos
Wangchuck. É uma monarquia constitucional, mas não esqueceu os traços feu-
dais assentes na pirâmide social: clero,
nobreza (talvez nem tanto por esta ordem) e povo.
ACESSO DIFÍCIL
O Butão até pode estar ligado ao Mundo
pela Internet, mas continua a viver parado no tempo, sem grandes contactos com
o exterior, porque, se é difícil lá chegar,
também não é fácil lá entrar. Primeiro, é
necessário marcar a viagem com um operador local ou com qualquer agência que
trabalhe com as autoridades do país, porque se torna mais fácil fazer o pagamento obrigatório de duzentos dólares norteamericanos por dia e por pessoa (deve
subir para 250 USD em 2012) exigidos a
qualquer visitante. Este preço inclui alojamento, comida e bilhetes de acesso a vários monumentos (os melhores hotéis e
restaurantes são extras, pagos à parte),
mas também a escolta de um motorista,
“polícia” ou guia, como lhe queiram chamar. Nenhum estrangeiro anda sozinho
pelo Butão. A autorização de entrada pode demorar mais de um mês.
Estas são algumas das particularidades de
um país que só tem duas entradas: uma
na cidade indiana de Phutsholing, onde,
num extremo, um arco que mais parece a
“porta principal” dá acesso à cidade butaOUTUBRO/DEZEMBRO 2011 25
GLOBE trotter
SABIA QUE...
TODAS AS CASAS são iguais. O primeiro
andar é formado por paredes de pedra
caiada e o segundo piso, em madeira,
com pilares que se prolongam formando
terraços cobertos. As únicas diferenças
são feitas pela mestria dos carpinteiros
que talham, com maior ou menor
habilidade, as janelas de madeira ou
pelas pinturas de falos, cuja dimensão
apela à fertilidade da família que a
habita.
OS TRAJES tradicionais são obrigatórios
e ninguém pode sair à rua de forma
diferente, sob pena de ser multado
pelas autoridades. Os homens vestem
o “khô”, uma espécie de roupão largo
com uma cinta igualmente avantajada,
e as mulheres vestem a “kira”,
composta por uma blusa de seda e um
pano que é enrolado no corpo até à
altura do peito, onde é preso por um
alfinete chamado “komá”. Esta “moda”,
transportada para Portugal, seria
a mesma coisa que obrigar todos
os ribatejanos a vestirem-se como
campinos ou a exigir que todas
as mulheres do Minho trajassem
“à minhota”...
AS CORES do vestuário traduzem
a hierarquia social. No topo da pirâmide
está o rei, o único que pode utilizar
o amarelo e o salmão (as cores da
bandeira nacional) nas suas roupas,
seguido pelo vermelho das vestes dos
monges. Por isso, no Butão, quase pode
afirmar-se: diz-me de que cores vestes,
dir-te-ei quem és...
TRADIÇÃO BUDISTA
A vida quotidiana é marcada
pelas tradições. Os dzong (em
cima) são centros políticoreligiosos e Thimpu (em baixo)
é a cidade mais moderna
e menos interessante
nesa de Jaigalon; e a outra no aeroporto
de Paro. Como, para chegar à fronteira
terrestre, é necessário cruzar a Índia, apesar da beleza das planícies onde a planta
do chá floresce com um jardim nas regiões de Sikkim e Siliguri, o avião é a forma mais simples, mas também uma experiência inolvidável.
VOO INESQUECÍVEL
Druk Air (www.drukair.com.bt) é uma
empresa butanesa e a única que voa pa-
ra Paro. Os aviões são modernos e as tripulações, experientes, mas a pista está
encravada num vale estreito e a aproximação é feita serpenteando o leito de um
rio que segue entre os picos, pelo que,
sempre que há nevoeiro (o que é habitual), não há voos...
Antes da aterragem, o comandante avança com o discurso habitual. “Estamos a
iniciar a nossa descida para Paro, por favor, apertem os cintos de segurança”, mas
prossegue. “Muitos estão habituados a
voar sobre as montanhas, mas esta aproximação é algo diferente, vão ver as montanhas, as árvores e as casas bem perto
da ponta das asas. Este é o procedimento
normal em Paro. O cenário é magnífico,
desfrutem da paisagem.” Chegar de avião
ao Butão é assim mesmo...
DESCOBRIR PARO
Chegados a Paro, temos a sensação de
uma viagem no tempo. É uma cidade de
casas iguais, imaculadas na conservação.
Mesmo as mais recentes têm um aspecto
centenário, que parece (e é) contemporâneo dos trajes “oficiais” da população.
A rua principal data de 1985, mas a cidade fervilha com o seu comércio de bens
de primeira necessidade, “antiguidades” e
pedras mais ou menos preciosas. Tudo se
confunde nos escaparates de comerciantes com milhares de anos de experiência
de regatear preços.
26 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
PARO-THIMPU-WANGDUE
Os miúdos, saídos de uma escola budista,
são iguais a quaisquer outras crianças.
Rebeldes, risonhos e atrevidos. A sua alegria convida a descobrir as instituições
budistas, que se multiplicam como cogumelos ao longo de um vale onde a clemência do clima faz florescer a agricultura. Os pomares de maçãs e a elegância
dos salgueiros marcam a paisagem e convidam ao passeio.
É neste cenário rural feito de quintas que
vão surgindo pequenos templos como o
Tshongdoe Naktshang (século XVI) ou o
singelo Dungstae Lhakhang (século XV),
que, apesar das muitas alterações ao longo
dos séculos, impressiona pela calma e pela
energia que consegue transmitir num longo
passeio pelos corredores que convidam à
meditação, a caminho do apogeu dos aposentos, ricamente decorados pelos trabalhos
de madeira pintada num encarnado vivo,
contrastante com as imagens douradas de
Buda.
Por mais belos que sejam os edifícios, nenhum pode rivalizar com a imponência do
Paro Dzong (século XVII), apontado como
um dos melhores exemplos deste tipo de
arquitectura. Tal como no passado, governo e religião continuam a partilhar o espaço como sempre o fizeram ao longo da
história de um país que é recordada no interessante Museu Nacional, que propõe
São jovens monges
que são entregues
aos mosteiros “logo que
são capazes de correr
atrás de um corvo”,
como nos disseram.
uma viagem desde a pré-história à actualidade do Butão.
Essa história continua viva nas encostas
das montanhas que sobem até os cinco mil
metros, traçadas por trilhos de comércio e
de invasores vindos do Tibete. Nestas zonas altas, Ihakhang é um dos mosteiros
mais belos e antigos (659 d.C.) do país.
A distância entre Paro, o mais antigo centro cultural e político do país, e Thimpu,
a cidade onde se instalou o rei, não é
grande, mas a viagem pode demorar mais
de duas horas. No Butão, a distância não
se mede em quilómetros mas em tempo.
O alcatrão só chegou há cerca de cinquenta anos e as estradas são tão estreitas, como sinuosas. Sobem a alturas que
ultrapassam os três mil metros e descem
com a mesma rapidez, sempre à beira de
precipícios de cortar a respiração.
O verde é a cor dominante, embora nos
picos mais elevados surjam sempre os mastros com as bandeiras de oração feitas de
panos multicores que a população por lá
vai deixando ao sabor do vento.
Apesar de ser a capital, ou talvez por isso
mesmo, Thimpu está longe de ser uma
cidade atraente. Não tem o apelo da
modernidade e falta-lhe a autenticidade
que marca o resto do país. É, por isso, apenas um local de passagem no caminho para
Wangdue, numa estrada sempre marcada
pelo sobe e desce. O dzong de Wangdue
está junto ao rio e é fácil ser convidado a
entrar nas áreas reservadas aos monges.
Com estrangeiros por perto, as crianças aparecem imediatamente de todos os cantos.
São jovens monges que são entregues aos
mosteiros “logo que são capazes de correr
atrás de um corvo”, como nos disseram. No
Butão, esta entrega é para a vida, embora
possam renunciar, “o que muito poucas
vezes acontece, porque seria uma vergonha terrível para a família”. No interior das
salas de estudos, os jovens, vestidos com
os seus trajes vermelhos, entoam as suas
ladainhas, que só são interrompidas ao pôr-do-sol, quando são sopradas as enormes
trompas nas altas torres do dzong.
NO CORAÇÃO DO BUTÃO
Quem quiser internar-se na zona central
do Butão, pode seguir até Jakar, desfrutando de uma paisagem onde as montanhas
são sempre tão altas, como diferentes.
A floresta, onde se destacam antiquíssimos
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 27
GLOBE trotter
COMO IR
A melhor altura do ano para visitar o Butão é o período entre Março e Maio e o mês de Outubro,
antes da chegada do Inverno. A butanesa Druk Air (www.drukair.com.bt) é a única companhia
a voar para Paro. Tem ligações com partidas de Katmandu, Banguecoque e Deli.
A forma mais fácil de agendar a viagem é através de um operador internacional, e a Catai Tours
(www.catai.es) tem dois programas que incluem o Butão. O primeiro tem início em Calcutá, visita
Darjeeling e Siliguri, na Índia, antes de entrar de autocarro por Phutsholing, seguindo para Paro
e Thimpu, com regresso a Deli por avião (desde ¤ 3.995). O segundo, com chegada de avião em
Katmandu (Nepal), visita Paro e Thimpu (desde ¤ 2.910). Como os vistos podem demorar mais
de um mês a serem emitidos, as reservas têm de ser feitas com dois meses de antecedência.
Onde ficar
O Butão é um país diferente e exótico
em tudo o que lhe diz respeito.
Há alguns hotéis modernos
e acolhedores em algumas cidades,
mas, quem se afastar dos grandes
centros, apenas encontra guest
houses, onde, apesar da higiene
e da hospitalidade, não estão
disponíveis os requintes dos grandes
locais turísticos.
Todas as informações sobre hotéis
pode ser encontrada junto do
Bhutan’s Department of Tourism,
PO Box 126, Thimpu, Bhutan
(www.tourism.gov.bt),
que também trata da documentação
relativa a vistos, pagamento da diária
obrigatória (ver texto principal)
e o calendário das festividades.
28 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
cedros, é omnipresente, com uma fauna rica. Os picos cobertos de neves eternas e
os vales onde a agricultura floresce fazem
parte de uma paisagem deslumbrante,
marcada por cumes como o passo de Pele
La (3.200 metros) e descidas abruptas. Por
ali, surgem uns bambus estranhos que, devido à altitude, nunca crescem suficientemente, mas são um alimento predilecto
para os iaques, ainda hoje utilizados para
arar as terras, como animais de carga ou
fonte de alimento.
Em Chendebji, na confluência de dois
rios, surge um pequeno templo inspirado
no Swayambhunath de Katmandu, construído no século XIX pelo Lama Shida do
Tibete. Mais à frente, o Trongsa Dzong.
Devido à sua posição estratégica, teve
uma influência marcante em todo o país,
sendo daí que Jigme Namgyal, pai do primeiro rei, assumiu as rédeas do Butão.
Ainda hoje, um rei, antes de ser coroado,
tem de servir como governador de
Trongsa.
Para lá de Yotong (3.425 metros), o Vale de
Bunthang conserva vestígios pré-históricos,
para além de ser um espaço de misticismo,
habitat de espíritos e demónios da tradição
budista, bem como de templos que evocam
nomes santos, como o Guru Rimpoche
(também conhecido como o Buda tibetano), cuja influência é muito marcante na região em torno de Jakar, onde surgem vários
mosteiros relevantes. É o caso do magnífico
Jampey Lhakhang, que se acredita ter sido
construído em 659 d.C., local de acolhimento do Guru Rimpoche, cujas relíquias estão
depositadas nas vizinhanças, no mosteiro
Kurjey Lhakhang. Estes são apenas alguns
exemplos de inúmeros locais de culto que
surgem à volta de Jakar, uma cidade de
uma única rua, mas um importante centro
comercial e cultural.
Na zona central do Butão, ainda há menos
estrangeiros do que na região de Paro.
É uma zona mais autêntica, onde a agricultura continua a ser o principal meio de
subsistência.
Fotografia: Getty Images.
As casas são todas iguais. As diferenças
surgem na talha da madeira e nas pinturas
das janelas ou na dimensão dos f alos,
que apelam à fertilidade da família que a habita
Getty Images
mundo MÉDIS
SONHOS
REALIZADOS
“F
oi com muita alegria que ajudámos
a realizar o sonho de três crianças,
proporcionando-lhes uma visita à
EuroDisney”, afirmou-nos Gustavo
Barreto, director de marketing da Médis,
que abraçou mais um projecto lançado pela
Make a Wish, uma IPSS cujo grande objectivo passa por realizar sonhos de crianças
portadoras de doenças de risco.
A Make a Wish “nasceu há 31 anos nos
Estados Unidos com a mãe de Christopher,
uma criança que gostava de ser polícia embora a mãe soubesse que esse dia muito dificilmente iria chegar”, recordou-nos Mariana
Tavares, directora executiva da Make a Wish
em Portugal. “O Chistopher sofria de leucemia e a mãe tentou realizar o seu sonho quan-
“Levar força, esperança e alegria a crianças com doenças
de risco através da realização dos seus sonhos” é o lema
da Make a Wish, uma IPSS que, em parceria com a Médis,
levou três crianças à EuroDisney em Paris
to antes, o que veio a acontecer graças ao
envolvimento da comunidade de uma
pequena cidade norte-americana, que permitiu que a criança fosse polícia por um dia.
Teve o seu uniforme, andou de carro patrulha
e até de helicóptero.”
Pouco tempo depois, Christopher faleceu “e
a sua mãe achou que deveria continuar a realizar desejos de crianças doentes porque viu
o impacto que a sua iniciativa tinha tido junto
do filho. E assim foi. Começou a angariar fun-
MAKE A WISH
A Fundação
Realizar Um Desejo
é uma filial da
Make-A-Wish®
internacional.
A fundação
é uma instituição
particular de
solidariedade
social e está em
Portugal desde
2007. Até hoje,
foram realizados
75 desejos, sendo
que, no primeiro
semestre de 2011,
foram realizados
trinta desejos. Tem
actualmente cem
voluntários em
Lisboa, Porto e
Coimbra e está
presente em todos
os hospitais
centrais de Lisboa,
Porto, Coimbra e
Algarve. Cinquenta
desejos aguardam
para serem
realizados.
Missão: realizar
desejos de crianças
e jovens, entre os
três e os dezoito
anos, com doenças
graves,
progressivas,
degenerativas ou
malignas, para
levar-lhes um
momento de
alegria e de
esperança.
Fundação Realizar um Desejo – Make a Wish Portugal
Av. Fontes Pereira de Mello, 6, 3.º esq.º, 1050-121 Lisboa
Telemóvel: 96 637 84 11 / E-mail: [email protected]
www.makeawish.pt / www.facebook.com/makeawish.pt
dos e, até hoje, a Make a Wish já realizou 225
mil desejos de crianças em todo o Mundo”,
acrescentou Mariana Tavares.
A actividade da Make a Wish em Portugal
“teve início em 2007. Começou como uma
fundação e, a seguir, transformou-se numa
IPSS, que começou a dar a conhecer os seus
objectivos e, até hoje, já conseguiu concretizar 75 sonhos de crianças”. Entre eles estavam o Paulo, o Rodrigo e o Daniel, que
tinham o desejo de conhecer a EuroDisney.
“Quando surgiu a oportunidade de podermos associar-nos a esta iniciativa em concreto, aceitámos de imediato”, afirmou-nos
Gustavo Barreto, director de marketing da
Médis. “Na verdade, quisemos ir um pouco
mais longe e divulgámos a iniciativa em
alguns meios de Comunicação Social para
permitir que as pessoas pudessem contribuir
para a concretização de sonhos de outras
crianças através de um donativo para uma
conta bancária da Make a Wish. E posso
adiantar que contámos com uma grande
receptividade de todos.”
Para a concretização do sonho do Paulo, do
Rodrigo e do Daniel, a Médis contou com o
envolvimento de toda a equipa de colaboradores, “pois este é um tipo de acção que causa
orgulho e motivação adicional para o nosso
trabalho do dia-a-dia, saber que podemos
contribuir para fazer a diferença na vida de
alguém”, admitiu-nos Gustavo Barreto.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 29
MUNDO médis
GESTÃ O DA REDE
DE SAÚDE MÉDIS
O
que é a gestão da R ede de
Saúde Médis?
É uma área que está integrada na Direcção de Coordenação de Redes (DCR) e que realiza toda a
gestão da relação com os prestadores de
cuidados de saúde que têm acordo com a
Médis e que, na prática, são entendidos
como parceiros, portanto, muito para além
de simples prestadores.
Como é que está organizada a estrutura?
A estrutura tem uma intervenção a nível
nacional, incluindo regiões autónomas, e
conta com nove gestores de rede. Cada elemento desta equipa tem a responsabilidade
de acompanhar uma carteira de prestadores de cuidados de saúde segmentados por
30 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
“A equipa de gestão
da rede de saúde contribui,
de uma forma decisiva,
para a consolidação da
relação de parceria que
temos com os nossos
prestadores”, afirmou-nos
Carlos Marreiros,
o responsável pela equipa
de profissionais que
acompanha e monitoriza
a actividade dos
prestadores de cuidados
de saúde integrados
na Rede Médis
zonas geográficas. Com efeito, todos os gestores de rede têm um ou mais distritos onde
desenvolvem a respectiva actividade.
Qual o perfil de um gestor de Rede Médis?
Dentro da nossa equipa, temos pessoas com
formação académica totalmente distinta e
com percursos profissionais diferentes. A
heterogeneidade existente favorece a partilha de informação assente numa gestão eficiente e racional de recursos (capacidade de
financiamento e prestadores), buscando uma
constante melhoria da qualidade dos serviços prestados pelos nossos parceiros aos
clientes Médis. Entendemos que o equilíbrio
de distintas competências, como os conhecimentos técnicos detidos por alguns gestores de rede que são profissionais de saúde e
Da esquerda para a direita: Pedro Correia (Director
Coordenador de Redes), Sofia Costa (G.R. Saúde), Carlos
Marreiros (responsável pela Rede Saúde), Carla Lopes
(G.R. Saúde), Nuno Gastão (Controlo e Monitorização),
Paula Galvão (Responsável pelas Redes Complementares),
Ricardo Faria (Responsável pelo Controlo e Monitorização),
Gonçalo Oom (Redes Complementares), Carla Esteves (G.R.
Saúde), Edite Lopes (Redes Complementares), Sofia Roque,
Francisco Lemos, Tiago Catarino, Isabel Ulrich, Vanda Araújo,
Florbela Lança e Luís Ferreira (Gestores de Rede Saúde)
os conhecimentos de outros, são uma mais-valia importante na relação mantida com os
profissionais que integram a Rede Médis.
Que trabalho é realizado junto dos prestadores de cuidados de saúde da R ede
Médis?
Como já referi antes, o trabalho dos gestores de rede assenta numa relação de parceria que se consubstancia numa permanente interacção com os prestadores, que
vai desde a selecção e contratação dos mesmos às acções de monitorização e acompanhamento da actividade, passando pelas
tarefas quotidianas de manutenção de uma
relação contratual que se pretende profícua para todas as partes envolvidas, clientes, prestadores e seguradora.
Como é feita a contratação de novos prestadores de cuidados de saúde?
A Rede Médis abrange todo o território
nacional e responde às necessidades dos
nossos clientes. Podemos dizer que a oferta de prestadores está francamente estabilizada, excepto em zonas geográficas pontuais, cujo aumento do número de clientes
determina a contratação de novos parceiros, sem prejuízo de, em outras zonas,
estarmos atentos a projectos que, na área
da prestação privada, vão surgindo no mer-
cado, constituindo-se como ofertas relevantes pela sua diferenciação. A base de
trabalho para a integração de novos elementos na Rede Médis tem diversas origens das quais destacaria a pesquisa proactiva por parte dos gestores de rede em
zonas mais carenciadas e as candidaturas
espontâneas apresentadas directamente
por profissionais ou unidades de saúde.
para efeitos de contratação, assim como
os vários aspectos de carácter qualitativo
e curricular. Por fim, é dada continuidade
ao processo através do alinhamento das
regras contratuais entre as partes, que irá
complementar a decisão da integração ou
não na Rede Médis.
E no caso de prestadores que já integram
a Rede Médis?
No âmbito da relação contratual já existente, os nossos parceiros, de uma maneira
geral, solicitam-nos a contratação de um
conjunto de novos procedimentos, nomeadamente, novas valências, inclusão de
novos serviços, extensão de morada, etc.
Neste contexto, a Médis utiliza basicamente os mesmos critérios de avaliação que são
considerados nas novas integrações e que
mencionei já. Também como elemento de
decisão, é indissociável o desempenho do
prestador nos vários vectores que suportam a parceria.
Este processo é semelhante para qualquer
tipo de prestador de cuidados de saúde?
É exactamente igual. A Médis tem como
objectivo oferecer aos seus clientes uma
solução integrada de cuidados de saúde
de elevada qualidade com base em
padrões de exigência uniformes a toda
a rede, independentemente do serviço
prestado.
Ultrapassada a fase de contratação, como
se processa a actividade dos gestores de
“A estrutura tem uma intervenção a nível
nacional, incluindo regiões autónomas,
e conta com nove gestores de rede.
Cada elemento desta equipa tem a
responsabilidade de acompanhar uma
carteira de prestadores de cuidados de
saúde segmentados por zonas geográficas.”
Numa primeira fase, todas as candidaturas
são analisadas, considerando o rácio existente e desejável entre o número de clientes e o de prestadores num determinado
ponto geográfico. Passado este patamar, é
realizada uma análise global tendo presente os requisitos legais que estão definidos
rede juntos dos prestadores de cuidados
de saúde?
A actividade que é desenvolvida diariamente obedece a uma constante interligação
entre as partes que visa a gestão eficiente
da rede de prestadores com o objectivo de
proporcionar aos clientes Médis um serviço
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 31
melhorámos a informação de gestão facultada
aos nossos prestadores
através de documentos
síntese que incorporam todos os indicadores que deverão
ser permanentemente monitorizados por ambas as
RESPONSÁVEL
PELA EQUIPA DE
partes.
GESTORES DA REDE
Essa monitorização
DE SAÚDE
é bem vista por parte
dos prestadores de cuidados de saúde da Rede
Médis?
Acima de tudo, é interpretada como um factor positivo na melhoria da relação existente, uma vez que
permite uma observação
conjunta e sistemática da
actividade que se pretende desenvolvida em bases
estratégicas comuns. Os critérios utilizados na identificação dos dados, o rigor
aplicado na análise dos mesmos e a consequente partilha das conclusões são elementos chave para alcançar
uma saúde de excelência
financeiramente sustentável.
O objectivo é, sempre em
conjunto com os nossos parceiros, identificar eventuais oportunidades de melhoria,
introduzindo alterações sempre que tal se
mostre necessário.
Há outros canais de contacto entre o prestador de cuidados de saúde e a Médis?
CARLOS
MARREIROS
de reconhecida qualidade.
Promove-se uma cultura de diálogo constante, assente num modelo de gestão equilibrada de interesses que se pretende que
sejam comuns. Primeiro, há que garantir
padrões de formação elevados relativamente aos procedimentos próprios de uma operação managed care. Segundo, concretizar
um acompanhamento uniforme da actividade desenvolvida pelo parceiro que permita aferir eventuais necessidades e melhorias. Exemplo disto é o trabalho que está a
ser desenvolvido ao longo do ano em curso
relativamente ao roll-out da nova versão do
site Médis para prestadores. Esta nova versão vai permitir uma significativa melhoria
ao nível dos processos de interacção entre
prestadores e Médis, sendo um importante
marco para gestão eficiente de recursos. Para
os prestadores e para a Médis, é importante
que os processos administrativos sejam
ágeis, robustos e transparentes, permitindo
ganhar espaço para o que é realmente
importante: para a Médis, proporcionar e
gerir o acesso dos seus clientes a uma rede
de prestadores com elevados padrões de
qualidade e excelência; para os nossos parceiros, dedicarem o seu tempo, conhecimentos e recursos na melhoria efectiva das
condições de saúde dos clientes Médis. Na
mesma lógica de aproximação pretendida,
32 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
“O sucesso da gestão da
Rede Médis tem sempre
inerente um trabalho de
equipa com as várias
áreas da companhia,
assim como através da
criação e da manutenção
das sinergias com os
nossos parceiros”
Para além da interacção havida com o gestor de rede, estão ao dispor dos prestadores outros veículos de contacto com a companhia que são de igual modo relevantes
na gestão diária. Neste âmbito, gostaria de
destacar o papel fundamental da Linha
Médis, que, através da disponibilidade
exercida, permite dar uma resposta imediata às necessidades quotidianas dos prestadores. Outros importantes canais de contacto são também a Gestão de Pré-
-Autorizações, para o esclarecimento de
assuntos correntes ligados a serviços médicos sujeitos a prévia autorização por parte
da Direcção Clínica da Médis, e a Área de
Pagamentos a Prestadores, para tratamento de temas relacionados com facturação
de serviços prestados. Todos estes canais
constituem um valor acrescentado no contacto imediato e permitem despoletar, sempre que necessário, os mecanismos internos que visam a informação para o gestor
de rede de forma a que este possa intervir
e garantir a melhor qualidade de serviço
ao cliente e ao prestador.
Isso quer dizer que a gestão da R
ede Médis
também tem uma pr eocupação com a
satisfação do cliente para além de estar
focada no negócio?
Qualquer área da companhia tem sempre
presente a satisfação do cliente e a equipa
de gestão da Rede Médis não é uma excepção. O foco na gestão global da relação com
os prestadores é um meio para se atingir
este objectivo. Este é o modelo que está
interiorizado pela equipa e apenas desta
forma é que podemos ir ao encontro das
expectativas diárias dos nossos clientes,
capacitando a Rede Médis com os serviços
necessários para o efeito. Neste contexto,
são ainda realizados pela Médis inquéritos
de qualidade junto dos clientes e dos prestadores com o objectivo de avaliar a qualidade de serviço prestado e que permitem,
em conjunto, identificar as áreas prioritárias
de actuação. Em conclusão, o sucesso da
gestão da Rede Médis tem sempre inerente
um trabalho de equipa com as várias áreas
da companhia assim como através da criação e manutenção das sinergias com os nossos parceiros.
Fotografia: Nuno Alexandre.
MUNDO médis
mundo MÉDIS
Website
www.mediskids.pt
O
website Médis Kids vai ao
encontro de um público infantil/juvenil, com idades compreendidas entre os quatro
e os doze anos. Esta plataforma digital é, ao
mesmo tempo, lúdica e didáctica, permitindo
que os mais jovens aprendam sozinhos, ou
com a ajuda dos pais, conceitos básicos de
saúde, para além de adquirirem hábitos de
vida mais saudáveis, sempre de uma forma
divertida e bem disposta, sendo uma grande
aposta da Médis, uma empresa que sempre
investiu na capacidade de inovar a cada
momento.
O website é composto por diversas áreas
ricas em conteúdos de entretenimento,
embora os temas relacionados com a saúde
sejam uma constante. Para além de jogos
didácticos e de wallpapers que estimulam a
criatividade, também estão disponíveis
alguns filmes onde, tal como acontece na
maioria das histórias dirigidas às crianças,
há os bons e os maus, apresentados na área
“Amigos & Inimigos”.
O website Médis Kids
está disponível na
Internet, surgindo como
uma plataforma digital
lúdica e didáctica que
divulga conceitos básicos
de saúde e promove
hábitos saudáveis
BONS E MAUS DA FITA
O Super-Médis é o líder dos bons
e está sempre pronto para
combater os maus da fita,
contando com a colaboração
imprescindível do João Globulão,
um anafado glóbulo branco,
mas também dos Globitos, um
grupo de irrequietos glóbulos
vermelhos, e ainda o Zé Formax,
um elemento da força especial
dos anticorpos.
São estes protagonistas que, ao
longo de várias aventuras
didácticas, enfrentam o parasita
Fred Fungo, que tem por
acólitos o Ben e a Bina Bactéria,
para além do Vic Vírus, que está
sempre a tentar criar uma
infecção.
Os bons e os maus da fita já se
enfrentaram em diversas
aventuras e, depois das
Infecções, da Gripe e da
Nutrição, o website Médis Kids
disponibiliza um novo filme que
aborda a importância da
vacinação, quer no nosso
quotidiano, quer ao nível
global, onde se registam
grandes carências nos países do
chamado Terceiro Mundo.
O quarto episódio das
Aventuras do Super-Médis foi
realizado com a colaboração
com a ONG Médicos do Mundo,
com quem a Médis tem feito
parcerias em diversas
iniciativas, como aconteceu com
o patrocínio da Corrida
Solidária. Este, como todos os
filmes que estão disponíveis
em www.mediskids.pt,
também podem ser vistos no
YouTube, bastando pesquisar
MédisKids.
As mensagens são tão simples
como importantes, pelo que
vale a pena divulgar o endereço
www.mediskids.pt junto dos
seus filhos, mas também junto
dos seus familiares e amigos, já
que este website é igualmente
uma educativa forma de
entretenimento para os mais
novos. Ao registar-se no site,
passará a receber regularmente
uma newsletter electrónica, com
todas as novidades do mundo
Médis Kids.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 33
HIGH tech
SUPERVOLANTES DA F1
O volante de um monolugar de Fórmula 1 pode custar 100 mil euros.
Recorre à mais sofisticada tecnologia aeroespacial e tem mais funções
do que a mais tecnológica consola de jogos. Por Rui Faria I Infografia de Nuno Costa
s volantes dos F1 são construídos em fibra de carbono
para terem um peso reduzido e a resistência necessária
para suportar todo o equipamento electrónico que passaram a incorporar. São peças de alta tecnologia, cujo
preço pode variar entre os 50 e os 100 mil
euros. Deixaram de ter apenas a função de
virar as rodas e passaram a ser o centro
nevrálgico da gestão de todo o veículo,
gerindo o motor que é capaz de debitar
mais de 750 cv, controlando a caixa de
velocidades, a aerodinâmica e a suspensão
através de um sistema de gestão electrónico que pesa cerca de um quilograma.
O piloto passou a ser obrigado a ter uma
agilidade de dedos superior à de um grande
pianista, porque tem mais de 30 botões e
interruptores para gerir a mais de 300 km/h.
Fernando Alonso (Ferrari) não sente dificuldades “porque interiorizei todos os procedimentos”, mas outros, como Sebastian
Vettel (Red Bull), já se queixaram dos perigos que tantos comandos podem ter ao
nível da concentração.
As novidades do regulamento técnico introduzidas este ano fizeram com que a parte
frontal do volante deixasse de ter espaço suficiente para receber tantos comandos, e eles
já tomaram conta da face inferior. É aí que
surgem as já tradicionais patilhas da caixa de
velocidades semi-automática, mas também a
regulação da abertura dos deflectores de ar
da asa traseira (que algumas equipas complementam com um pedal de comando ou uma
alavanca), a regulação
O
34 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
dos diferenciais e do sistema Kers, que permite regenerar a energia das acelerações e
travagens para garantir ainda mais potência.
No volante, também surgem as mais diversas
informações que o piloto pode ver num
pequeno ecrã de leds. São avisos sobre bandeiras de sinalização de ultrapassagem e acidentes, tempos por volta, regime de rotações
do motor e tantas outras coisas. Dentro da
mesma equipa, cada um dos pilotos tem gostos especiais e configurações específicas para
o seu volante. No caso dos Ferrari, Fernando
Alonso prefere que a informação sobre a
carga da bateria do sistema Kers tenha uma
indicação numérica, enquanto que Filipe
Massa optou por uma barra gráfica.
O piloto tem autonomia para tomar muitas
opções ao nível da regulação dos sistemas
que tem ao seu dispor, mas também recebe indicações via rádio para as efectuar.
É ele que comanda o rádio (mais outro
botão) que o liga ao muro das boxes,
onde os engenheiros podem decidir
poupar combustível, mandando reduzir a riqueza da mistura ar/gasolina, alterando a cartografia de funcionamento do motor, ou modificando
as leis de funcionamento da
suspensão, seja pela
estratégia de corrida ou devido a
uma modificação das condições da pista.
A electró-
nica está lá para ajudar e, se a tecnologia
alterou radicalmente os dados do jogo, algo
permanece inalterado: sempre se disse que
um campeão tinha que ter “muitas mãozinhas” e, hoje em dia, elas são mais importantes do que nunca para quem persegue a
vitória sentado atrás de um
volante cheio de
botões...
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 35
MUNDO médis
A PRIMEIRA
VEZ…
A adaptação das crianças ao infantário
é difícil, uma vez que implica uma
separação dos hábitos parentais e do
aconchego do lar. Deve ser feita, por isso,
de forma progressiva. Experimente levar
um brinquedo nos primeiros dias,
aconselha a médica pediatra. O
brinquedo é algo familiar à criança
e servirá de conforto.
D
urante este mês, 1.952.114 alunos, do ensino pré-escolar ao
secundário, regressam às aulas.
A transição das tardes de praia
e dos prolongados momentos de lazer frente à televisão para o ambiente de sala de
aula requer tempo e alguns ajustes, sendo
quase sempre geradora de ansiedade. A
ansiedade é positiva quando associada “ao
contentamento de reencontrar colegas e
professores”, aponta a médica pediatra
Marinela Teixeira. Outras vezes, traduz-se
em dores de barriga, vómitos e insónias.
Um rastreio permitiria o despiste, mais ou
menos imediato, da existência de complicações de saúde, mas a experiência clínica também tem os seus truques, praticamente infalíveis no contexto. Marinela
Teixeira recorre ao histórico familiar e, com
a ajuda dos pais, analisa o comportamento da criança durante as férias. Se os sintomas coincidem apenas com o início da rotina escolar, segunda a médica, o diagnóstico está à vista e as queixas são passageiras. O que não afasta a necessidade de pais
e professores continuarem atentos – um
aspecto crucial na educação e na saúde.
36 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
ATRASOS NO DESENVOLVIMENTO
DA LINGUAGEM: UMA CAUSA
FREQUENTE DE INSUCESSO ESCOLAR
Atenção ao desenvolvimento da linguagem.
0 - 1 anos
Reage aos sons e ao seu nome; parla; comunica; compreende algumas palavras
e frases simples; usa gestos, mímicas e palavras simples.
1 - 2 anos
Compreende ordens e perguntas simples; diz o próprio nome; nomeia objectos,
acções e pessoas familiares; faz frases simples, mas já de duas a três palavras.
2 - 3 anos
Faz jogos simbólicos com brinquedos; produz frases de três e quatro palavras;
faz perguntas; compreende preposições, adjectivos, pronomes.
3 - 4 anos
Concentra-se a ouvir uma história; executa ordens; é compreendido fora da família;
constrói frases bem estruturadas; conta acontecimentos. Já deve saber pronunciar
os sons p, t, k, d, d, g, f, ch, v, m, n, nh, rr.
4 – 5 anos
Comunica de forma autónoma com crianças e adultos; reproduz histórias ou
acontecimentos com pormenor; usa verbos e adjectivos; consegue memorizar
e cantar canções infantis. Deve ter adquirido os sons s, z, j.
5 – 6 anos
Faz frases bem estruturadas e tem um discurso rico em conteúdo.
Deve ter os sons l, r, lh e grupos consonânticos.
RASTREIO
NO INÍCIO DO
ANO ESCOLAR
Canetas, lápis de cor, dossier com argolas… E um rastreio que
deve acrescentar à lista todos os anos lectivos. Apenas os exames
e os rastreios permitem saber, por exemplo, se a dor de barriga
ou os sinais de gaguez dos nossos filhos merecem um
acompanhamento específico ou não passam de ansiedade, típica
dos primeiros dias de aulas ou das vésperas de testes Por Paula Santos
VISÃO: RASTREIOS ESCOLARES
NEM SEMPRE SÃO SUFICIENTES
Há quem lhe chame desinteresse pelo
que se passa no quadro, mas, muitas vezes, o problema chama-se “falta de visão”
e pode ser simplesmente resolvido, ou
mesmo evitado, com uma visita ao oftalmologista. Rastreios escolares, sim, mas
nem sempre são suficientes, alerta a pediatra Marinela Teixeira. “Na presença de
histórico familiar de determinadas patologias oftalmológicas, como, por exemplo, a
miopia, a criança deve fazer testes aos
seis meses de idade. Caso contrário, regra
geral, o despiste oftalmológico acontece
por volta dos três anos. Entre os cinco e
os seis anos, deverão voltar a fazer novo
exame e, a partir dessa idade, anualmente, ou de dois em dois anos”, alerta. As
recomendações da Associação Americana
de Oftalmologia estão em consonância.
DESPISTE AUDITIVO PODE EVITAR
DIAGNÓSTICOS INCORRECTOS
Os rótulos surgem por vezes mais depressa do que os testes de despiste.
Hiperactividade ou autismo podem ser
precocemente mal avaliados quando, na
verdade, a criança apresenta dificuldades
de audição. “Pode também acontecer a
criança revelar um fraco desenvolvimento da fala, motivado por não ouvir bem”,
exemplifica a médica. Um estudo recente, publicado este ano no jornal Science,
vem precisamente chamar a atenção para
o facto de a dislexia, além de estar associada à dificuldade em ler e escrever, estar ainda relacionada com a audição. “Os
despistes auditivos fazem parte, por isso,
do rastreio ”, defende Marinela Teixeira,
especialmente perante a detecção de
comportamentos anormais na criança.
NÃO ESQUECER A HIGIENE ORAL!
A preocupação com a saúde oral inicia-se
mal os dentes começam a romper, havendo mesmo quem preconize cuidados mais
precoces. “Ensinar a lavar os dentes e explicar às crianças quais os alimentos que
provocam cárie dentária é fundamental”,
salienta a pediatra. Levar a escova para a
escola é proibido, por questões de contágio e surtos, mas Marinela Teixeira conti-
GA… GA…GUEZ
É…
Comum, no processo normal de
aquisição e desenvolvimento da
linguagem de muitas crianças.
Passam por uma fase de gaguez
fisiológica quando o seu aparelho
motor não consegue acompanhar
a velocidade do pensamento, mas,
se a gaguez se instala, e aponta-se
os quatro, cinco anos como o período
de transição, ou é acompanhada de
outros sinais, há que pedir ajuda.
Até lá, pais e educadores devem
aprender a escutar, isto é, aguardar
pela demora que a criança possa
apresentar em falar, em vez de se
enervarem e a corrigirem. “Para a
criança, não é um problema demorar
um ou dois segundos a dizer uma
palavra, mas, se lhe estiverem
permanentemente a dizer ‘vá lá,
despacha-te’ ou a antecipar as suas
frases, ela aperceber-se-á da sua
dificuldade”, explica Catarina Olim.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 37
MUNDO médis
ALERTA PARA OS SINAIS DE (MÁ)
COMUNICAÇÃO
A comunicação é essencial ao desenvolvimento dos mais jovens e a terapia da
fala surge aqui como uma boa solução,
desde em situações de atrasos globais
de desenvolvimento (como autismo ou
paralisia cerebral) a casos de crianças a
quem chamamos vulgarmente de “trapalhonas”. Tecnicamente, estas “trapalhices” têm nomes como, entre outros, perturbações da articulação. De acordo
com a presidente do Secretariado
Nacional da Associação Portuguesa de
Terapeutas da Fala, Catarina Olim, “é
expectável que a criança até aos sete
anos diga correctamente todos os sons,
incluindo os grupos e encontros consonânticos, por exemplo, pr, tr, cr, ld, rt. O
TERAPIA
DA FALA:
o que dizem
os números?
7,5% DAS CRIANÇAS tem problemas
graves a nível da linguagem nos
EUA, estimando-se a mesma
prevalência no nosso país.
5% é a prevalência estimada de
dislexia em crianças.
20 A 30% É A PERCENTAGEM
ESTIMADA DE CRIANÇAS COM
NECESSIDADE DE SEGUIMENTO em
terapia da fala pelas mais variadas
questões.
*Dados fornecidos pela terapeuta
da fala:
CATARINA OLIM
Arte & Fala
Rua João de Barros, 14-B
2780-119 Oeiras
Tel. 91 986 21 41 - 21 45 70 896
www.artefala.com
Os clientes Médis pagam apenas
¤ 20 por consulta.
38 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
sistema mais fácil é consoante-vogal-consoante-vogal, como em ‘papa’ ou
‘sopa’. Grupos tipo consoante-vogal-consoante-consoante-vogal, como em
‘porta’ ou ‘balde’, são mais difíceis.
Quando a criança entra na primária, já
deve ter estes sons bem desenvolvidos”.
Caso contrário, a terapia da fala dá uma
ajuda. Além das perturbações da articulação, o “atraso no desenvolvimento da
linguagem (ver caixa), as perturbações
específicas do desenvolvimento da linguagem, a disfluência, normalmente denominada gaguez (ver caixa), a disfonia, mais conhecida por rouquidão, a
dislexia, a perturbação da leitura e escrita, a deglutição atípica ou do tipo infantil” estão entre os diagnósticos terapêuticos mais comuns nesta área,
segundo a especialista.
MÉDICOS, PROFESSORES E PAIS:
TODOS ATENTOS!
Catarina Olim acrescenta mais uma categoria de pequenos candidatos a terapia da fala. “Há quem procure a terapia da fala no
sentido de potenciar a comunicação da
criança e de melhorar as suas competências
comunicativas”, esclarece. É precisamente
este o seu papel
numa companhia
de teatro infantil.
“Nenhuma
das
crianças com quem
trabalho apresenta
qualquer problema/desordem
à
partida”, conta a especialista, mas todas elas beneficiam
dos seus serviços,
“de modo a melhorar a dicção” e ainda para aprender
“algumas medidas
preventivas de protecção da sua voz,
visto que são sujeitas a uma maior sobrecarga vocal”.
Os abusos vocais
são um dos factores de rouquidão,
mas não só. Este é
“um problema cada vez mais comum nas crianças,
face aos ambientes
onde brincam, ao
excesso de ruído
existente à sua
volta, ao volume
dos
aparelhos
electrónicos, aos
hábitos alimentares, à presença de aparelhos de ar condicionado, entre outros factores”, explica.
O aspecto da comunicação é demasiado
importante para passar despercebido.
Por isso, enfatiza a especialista, “da mesma forma que o trabalho de um professor não deve terminar com o bater da
porta da sala de aula, também o trabalho de um terapeuta da fala não deve
terminar à porta do consultório. Em todas as fases do processo, deve existir
parceria, empenho, complemento e seguimento” entre pais, escola, clínicos e
terapeuta.
Fotografia: Nuno Alexandre.
nua a defender a causa da higiene oral
através do uso de uma escova que poderia ser devidamente identificada em ambiente escolar. A pediatra deixa mais um
conselho adicional aos pais: “Atenção ao
leite da noite. Se os dentes não forem lavados depois, a lactose ‘fica por lá’, a contribuir para a cárie dentária.”
MARINELA
TEIXEIRA
Avenida dos Bons Amigos,
Lote 1, 2.º A
2735-076 Agualva-Cacém
Tel. 21 914 53 24
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 39
MUNDO médico
Um estudo da
Universidade de
Columbia, em Nova
Iorque, publicado
na revista Science,
concluiu que a
utilização regular
da Internet está a
alterar o processo
como a nossa mente
arquiva as memórias
A WEB
ROUBA-NOS A MEMÓRIA
H
oje em dia, deixaram de ser necessários grandes esfor- informação seria arquivada, a outros foi vedada essa possibilidaços de memória, pois “alguém” faz esse trabalho por de. Como se esperava, os dois grupos reagiram de forma diferennós. Para além do advento das máquinas de calcular te e aqueles que estavam seguros de que informação seria “salva”,
inteligentes, que reduziram significativamente o esfor- esqueceram automaticamente a maioria dessa mesma informaço na resolução de problemas matemáticos, a Web está a afectar ção, enquanto que os restantes lograram memorizar uma boa parte
significativamente as memórias dos seres humanos, que delegam dos dados.
esse esforço de memória nos motores de busca, o que acaba por
ter um grande impacto em termos culturais, tanto mais que não Novo paradigma
podemos ignorar que alguém afirmou uma vez que “cultura é aqui- No estudo publicado na revista Science, os investigadores concluem
que a Web conseguiu revolucionar até a forma como a nossa mente
lo que fica depois de termos esquecido tudo o que aprendemos”.
Um estudo realizado pela Universidade de Columbia, em Nova organiza e arquiva a informação. O recurso aos motores de busca,
Iorque, e publicado na revista Science, faz
o retrato de um mundo afectado por amnésia, sustentado por uma memória colectiva
e digital. Segundo Betsy Sparrow, uma das
LIVE SCIENCE
autoras do estudo, a Web tornou-se numa
http://www.livescience.com/15044-internet-google-influence-learning-memory.html
espécie de “memória externa”, cómoda, utiBETSY SPARROW
líssima, capaz de responder por nós.
http://www.columbia.edu/cu/psychology/fac-bios/SparrowB/faculty.html
LINKS PARA CONSULTA DO ESTUDO
SCIENCE
http://www.sciencemag.org/content/333/6040/277
Uma equipa de investigadores realizou
vários testes a um grupo de jovens para
verificar como é que a sua capacidade de memórias e de aprendizagem se adaptaram a uma utilização regular da Web. Num primeiro teste, foram reunidos 46 alunos da Universidade de Harvard,
a quem foram colocadas as mais diversas perguntas sobre temas
aleatórios, tendo sido verificado que quantas mais palavras relacionadas com a Internet (Google, Yahoo, etc.) eram utilizadas,
mais rápidas eram as respostas, em contraponto com respostas
menos rápidas e seguras a perguntas onde o vocabulário utilizado era menos comum à Web.
Na segunda e na terceira experiências, os investigadores sujeitaram os voluntários a alguns inquéritos sobre os quais vieram a ser
mais tarde reinterrogados, para aquilatar a sua capacidade de
memória. Durante os testes, os jovens foram autorizados a tomar
apontamentos num PC (off-line) e se a alguns foi dito que essa
40 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
que passaram a fazer parte do nosso quotidiano, está a criar novos
paradigmas na forma de memorizar o conhecimento. O Ciberespaço
assumiu o espaço da memória real, ao mesmo tempo que subverteu
a ordenação da informação por ordem de importância. O filme
Casablanca é um exemplo desta realidade. Em vez de ser recordado o realizador (Michael Curtiz), é muito provável que fique impresso na memória o nome do site consultado para se saber mais sobre
a película. Será inútil afirmar que seria muito mais importante recordar o nome de Michael Curtiz, mas tudo é relativo. Raciocinamos
através de palavras-chave, mas Google e companhia estão a alterar a
forma como o nosso cérebro guarda a informação e, no fim de contas, Michael Curtiz é “apenas” o director de um dos filmes que faz
parte da história do cinema. E de que serve recordá-lo? O Google
tem essa informação disponível...
Fotografia: Getty Images.
O estudo
O sistema olfactivo
não funciona sempre
da mesma forma e
a descodificação
pode ser diferente
para várias pessoas,
concluiu um estudo
realizado nos EUA
pelo Scripps Research
e publicado na
revista Nature
O PERFUME
NÃ O É IGUAL
PARA TODOS
N
ão há dúvidas de que uma rosa
é uma rosa, mas a percepção
do seu perfume pode variar de
pessoa para pessoa, segundo é
afirmado num estudo da Scripps Research
publicado na revista Nature, onde os investigadores afirmam que o percurso de um
odor entre o nariz e o cérebro não é exactamente igual em todos os seres humanos,
porque o impulso do odor, uma vez captado e descodificado no “radar” da mucosa
nasal, pode chegar por caminhos diversos
ao córtex olfactivo primário, que se encontra no cérebro, onde podem ser interpretados cerca de 10 mil odores diferentes.
Experiência em ratos
Os investigadores da Scripps Research verificaram, em experiências levadas a cabo
com ratos, que os neurónios olfactivos,
quando enviam um sinal ao cérebro,
fazem-no de uma forma distinta, uma situação que também deve verificar-se entre os
seres humanos. “A nossa pesquisa demonstra que ainda temos muito que aprender
sobre a forma como o cérebro está ligado
aos sentidos”, afirmou Kristin Baldwin, uma
das autoras do estudo.
Os investigadores da Scripps Research destacam o facto de um perfume activar os
receptores dos estímulos, que se encontram na mucosa nasal, que transforma a
informação química num impulso nervoso
que é enviado aos “bolbos olfactivos”.
Neste ponto, o sinal chega a um feixe de
fibras nervosas, um glomérulo, que o envia
para o cérebro para ser interpretado pelo
córtex olfactivo primário. “Estes gloméru-
los funcionam da mesma forma em todos
os indivíduos”, afirmou Sulagna Ghosh, co-autora do estudo. “Partindo deste pressuposto, interrogámo-nos se, na viagem destes sinais olfactivos para a parte superior,
no córtex olfactivo, continuavam a funcionar de forma estereotipada.”
Sinais olfactivos
neurónios viajam para dois centros corticais de elaboração, o núcleo olfactivo anterior e o córtex piriforme. Os percursos
seguidos para estas duas zonas chave do
cérebro são muito distintos. Por outras
palavras, cada rato tem o seu próprio
“radar” para captar os odores”, admitiu
Sulagna Ghosh.
Em face disto, levanta-se a dúvida sobre a
capacidade de os mamíferos poderem ter
uma percepção comum dos odores. A equipa da Scripps Research avança com a hipótese de a possibilidade dos neurónios serem
projectados para uma terceira região do
cérebro, uma amígdala crucial na formação
das emoções. “No entanto, não conseguimos seguir o rasto dos odores nessa região
do cérebro, porque o traçado luminoso não
o conseguiu atingir”, acrescentou Sulagna
Ghosh, que avança com a possibilidade de
ser uma região com um funcionamento mais
ordenado e estereotipado.
Para individualizar o percurso destes sinais
olfactivos, os investigadores desenvolveram uma nova técnica que permite fazer
“brilhar” as ligações nervosas do cérebro
através da utilização de alguns vírus que
deixam atrás de si um rasto luminoso, o
que permitiu identificar o percurso dos
sinais olfactivos até ao cérebro em vários
ratos. A equipa de investigadores associou
um especialista de neuroinformática, que
desenvolveu um modelo em 3D capaz de
reproduzir a anatomia do cérebro para permitir o mapeamento dos diversos percursos dos traçados
nervosos para poder colocá-los em
confronto.
http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature09945.html
“De acordo com
os resultados, os
LINK PARA CONSULTA DO ESTUDO
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 41
MODA tendências
CAPA em pele
para iPad, Gucci.
BOINA
em lã, Louis
Vuitton.
BOTINS em pele,
Louis Vuitton.
LENÇO em algodão,
Hermès.
GRAVATA
em lã
e seda,
¤ 94,48,
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WINTER
TALE
Tudo se conjuga para um look
confortável. Materiais naturais
e tons terra oferecem-lhe um
Inverno de luxo moderado
Por Diana Bastos
CAMISOLA em malha,
Henry Cotton’s.
RELÓGIO com
bracelete em
pele, Hermès.
JOGO DE CARTAS,
Hermès.
CARTEIRA
em pele,
Gucci.
PERFUME Wood,
edição de luxo,
DSquared2.
SAPATOS em pele,
Hermès.
42 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
SACO em lona
e pele, Lacoste.
PULSEIRAS em ouro, com
diamantes e lacado, Tiffany’s.
CASACO em
pêlo, Antik
Batik.
LENÇO
em seda,
Louis
Vuitton.
BOTAS em pele,
Asos.com
ANOS 40
Viaje através do tempo em
busca de inspiração. Feminina
e ultra-sofisticada, assuma
o seu poder inspirando-se
na década de 40 Por Diana Bastos
CHAPÉU em
feltro de lã,
Asos.com
CASACO
em lã, French
Connection.
VELA perfumada
em caixa com
cristais, DL & Co.,
na Poolish.com
SOUTIEN,
¤ 29,90,
e culottes,
¤ 19,90,
em cetim, renda
e elastano,
Intimissimi.
CARTEIRA em
pele envernizada,
Louis Vuitton.
ÓCULOS DE SOL com
armação em massa,
Montblanc.
CAIXA em
metal, Butterfly
by Mathew
Williams.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 43
GOURMET tendências
Garrafa de gin,
¤ 25,90,
Hendrick’s.
Cálice de
vinho, ¤ 4,99,
Zara Home.
Jarro em
prata, preço
sob consulta,
Hermès.
Azeite de
trufas, ¤ 9,99,
La Tourangelle.
Decantador em cristal e
prata, preço sob consulta,
Pavillon Christofle.
Jarro cafeteira
em porcelana,
¤ 59, Seletti.
Tabeletes de chocolate feito á mão,
preço sob consulta, Mast Brothers Chocolate.
WHITE
NIGHTS
Noites de glamour enchem a sua mesa de
materiais luxuosos e sabores intensos.
Por Diana Bastos
Chávena Krenit, preço
sob consulta, Pátria.
Livro
Reinventing
Food, de
Colman
Andrews,
Phaidon.
Garrafa de vodka Crystal
Skull, preço sob consulta,
Crystal Head.
Frascos com
tampa Deli,
desde ¤ 29,01,
Eva Solo, na
Inexistência.
44 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
Garrafa para
vinho Bag
in a Box,
¤ 47,50, Eva
Solo, na
Inexistência.
Talheres iD,
conjunto de
três peças em
aço inox, ¤ 50,
Atelier Bow
Wow, na
Royalvkb.com
Flor de sal 100% natural, com
colher em porcelana, ¤ 11,25/125 g,
Sal de Ibiza, no El Corte Inglés.
Duo de frutos secos, figo torrado
e amêndoa frita com sal, preço
sob consulta, Boa Boca.
Chocolate
quente de
Madagáscar
com frutos
vermelhos,
¤ 13,88, Fortnum
& Mason.
Candelabros em
cerâmica, ¤ 79,
Pols Potten, na
Verypoolish.com
Garrafa de champanhe Vintage 2000,
edição limitada, preço sob consulta,
Dom Pérignon x Andy Warhol.
Livro India Cookbook,
de Pushpesh Pant,
¤ 42,35, Phaidon.
INDIAN
SUMMER
Caixa de gengibre
cristalizado,
¤ 22,20/300 g,
Fortnum & Mason.
Bule e taça em vidro
soprado a mão Wave
Baroque, em edição
numerada, ¤ 190 e ¤ 22
respectivamente,
Mariage Frères.
Vela perfumada
“laranja amarga”,
em cristal, ¤ 41,
Agraria.
Uma festa de cores e sabores traz
de volta memórias de Verão,
alegrando as tardes de Outono.
Vinagre com polpa de tomate
e vinagre com pimenta e
pimentos, ¤ 7,22/200 ml
cada, A L’Olivier.
Açúcar com baunilha,
¤ 1,50/250 g, Terre Exotique.
Azeite de trufas
brancas, preço sob
consulta, Savitar.
Caixa de
chá verde
com rosa,
¤ 12,20/125 g,
Kusmi Tea.
Caixa de chá verde
Sakura Sakura Gran
Cru, preço sob
consulta, TWG Tea.
Serviço de jantar Macau, preço sob consulta,
Matthew Williamson para Butterfly Home.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 45
WEEK end
PRAZERES
ALENTEJANOS
O
Baixo Alentejo é uma terapêutica anti-stress sem contraindicações conhecidas, sendo
recomendado em todas as
estações do ano, tanto mais que as planícies onduladas do montado se renovam
ciclicamente, tomando novas cores escolhidas na paleta dessa grande artista chamada Natureza. Nesta altura, quando os
calores do Verão dão lugar aos dias mais
frescos do Outono, as planícies douradas
pelo sol vão ficando mais bronzeadas, antes
de florescerem, lá mais para a frente, com
toda a pujança do verde.
Como não há nada melhor do que ver para
crer, vale a pena regressar ao Alentejo profundo e, para isso, a Herdade do Vale do
Manantio é um destino de excelência.
Afastado das grandes rotas, o “monte” desta
propriedade é como que um local perdido,
onde o tempo tem mais tempo e a ausência de poluição permite que o céu seja mais
azul durante o dia e as estrelas mais cintilantes quando a noite chega. Para além
disso, a herdade é um local onde a hospitalidade é cultivada a rigor e os cuidados
postos no detalhe sobressaem nos seus oito
quartos, todos diferentes, com temáticas
que vão do romântico ao estilo africano,
espalhados pelo edifício principal, pelo
antigo celeiro e por uma ala mais recente.
A Herdade do Vale do Manantio é como
que uma projecção do carácter da família
de Duarte Bravo, o actual anfitrião da propriedade adquirida pelo avô nos anos 60,
numa altura em que a casa era uma ruína.
Hoje, é um agradável “monte” alentejano,
onde não faltam as paredes brancas de cal,
com as janelas e as portas debruadas a
azul, que é uma das cores mais marcantes
do sul. O aspecto rústico dos edifícios contrasta com os interiores, que traem a paixão de Duarte Bravo por tudo o que está
relacionado com a actividade cinegética,
já que os troféus de caça estão omnipresentes num ambiente que Catarina Bravo,
a mãe de Duarte, conseguiu que fosse
informal e sofisticado, mas sobretudo
46 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
A Herdade do Vale do
Manantio parece perdida
no meio do montado,
mas está perto do
grande lago do Alqueva.
É vizinha de Moura
e está a dois passos
das terras raianas que
se estendem até Rosal
de la Frontera, surgindo
como um refúgio
ideal para um
fim-de-semana
bem passado
Por Rui Faria
acolhedor nos seus pormenores tradicionais, como os móveis alentejanos ou as
camas de ferro, onde surgem lençóis rematados a bordado inglês.
CAÇA E NÃO SÓ...
A casa de uma família de caçadores rapidamente se tornou num ponto de encontro de muitos outros que têm a mesma paixão. De início, foram apenas os amigos,
mas, actualmente, chegam hóspedes de
vários pontos do país e até de Espanha,
atraídos pelas cerca de 17 mil perdizes que,
anualmente, são criadas
numa herdade onde também não faltam rolas,
lebres e até javalis, que
dão vida a 1.600 hectares.
Outubro é o mês das perdizes e, nessa altura, o dia
dos caçadores começa
ainda antes do sol nascer,
terminando inevitavelmente com um almoço no
Taco, um acampamento
montado à beira das águas do Alqueva.
É tempo para preparar a batida que se prolonga pela tarde, terminando no “monte”,
com um lanche feito de iguarias locais temperadas com as ervas aromáticas que fazem
a riqueza da cozinha alentejana, que, por
ali, é muito justamente honrada. As refeições fazem as delícias dos hóspedes e os
interessados podem optar por um piquenique, fornecido a preceito, com os melhores
sabores regionais, onde não faltam os pratos de caça.
Ao fim do dia, quando o sol começa a
esconder-se no horizonte, o alpendre é um
local imperdível para deixar o tempo passar, embalado pelo cantar ritmado de ralos,
cigarras e grilos, que parece competir com
o barulho do borbulhar do jacuzzi, junto
da bela piscina de xisto.
Contudo, a Herdade do Vale do Manantio
não é exclusiva para caçadores. Todos são
bem recebidos, mesmo aqueles que só pretendem descansar, apreciar um bom passeio a cavalo ou de charrette, desfrutar da
paisagem do montado que se estende até
perder de vista ou tirar partido das águas
do grande lago do Alqueva, que convidam
A Herdade do Vale
do Manantio não
é exclusiva para
caçadores, todos são
bem recebidos,
mesmo aqueles que só
pretendem descansar
à prática dos mais variados desportos náuticos.
Alqueva é uma rota de
passeio ao longo das
suas margens, passando
pela Marina da Aguieira,
onde, para além do seu
restaurante, há barcos
para alugar. Quem passar
pela Luz, a nova urbanização que recebeu os
habitantes da Aldeia da
Luz quando esta foi engolida pelas águas, pode
BEM RECEBER
Duarte Bravo (em cima)
é o anfittrião da herdade, onde
não faltam actividades como os
passeios a cavalo ou pelo Alqueva
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 47
WEEK end
ONDE COMER
Sabores da Estrela
Rua Nova de Moura, 3. Lugar da Estrela.
Tel. 285 915 000.
Tradição alentejana, temperada
com alguma inovação. A esplanada
sobre o Alqueva é o local ideal para
saborear o queijo de Serpa assado.
Onde ficar
Adega Velha
Rua Dr. Joaquim Vasconcelos Gusmão,
13. Mourão. Tel. 266 586 443.
A sopa de cação e a perdiz à Adega
Velha são as especialidades de uma casa
onde, para beber, é “branco ou tinto”,
como afirma o dono da casa.
(Em cima)
Herdade do Vale do Manantio
7885-252 Moura. Tel. 91 656 49 74.
www.valedomanantio.com
Molhóbico
Rua Quente, 1. Serpa. Tel. 284 549 264.
Os velhos sabores alentejanos,
onde não faltam migas, açordas, porco
preto e a surraburra (cachola).
Um restaurante que já foi “casa de pasto”
e mantém clientes fiéis.
O Alentejano
Praça da República, 8. Serpa,
Tel. 284 544 335. A sopa de cação,
os pratos de porco preto e as espetadas
em pau de loureiro são algumas
das especialidades de um restaurante
em pleno centro histórico da vila.
Vila Velha
Rua do Mal Anda, 4. Vidigueira.
Tel. 96 605 39 80.
Cozinha tradicional tal como a decoração.
A carne de alguidar, o guisado
de borrego com coentros e as migas
de bacalhau justificam a viagem.
48 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
visitar o seu museu (www.museudaluz.org.pt),
onde o edifício, assinado pelos arquitectos
Pedro Pacheco e Marie Clément, reúne um interessante espólio etnológico e arqueológico.
VILAS PARA PASSEAR
A herdade também é um bom ponto de
partida para descobrir as terras cujas
memórias podem recuar até ao tempo da
ocupação mourisca ou recordar velhos
conflitos com castelhanos, testemunhados
por vários castelos que continuam a espreitar do alto dos montes.
Moura está bem perto e o seu nome é explicado na lenda que conta que Salúquia, a
filha do vizir, se atirou do alto da torre do
castelo quando soube que o seu amado
fora morto numa emboscada dos cristãos
que invadiram a fortaleza disfarçados com
as vestes dos vencidos. A história pode ser
fruto da imaginação de qualquer romântico, mas o nome perdurou e o labiríntico
bairro mourisco também. Bem perto, surge
o convento carmelita de Nossa Senhora do
Carmo, do século XIII, cujo claustro mostra alterações góticas e renascentistas, que
também surgem na igreja matriz, erigida
no reinado de D. Afonso V.
Seguindo a estrada para Pias, ao longo de
uma paisagem feita de olivais que dão origem a uma das mais ricas produções de
azeite do país, chega-se a Serpa. Na pacata povoação de casas brancas, vale a pena
conhecer a igreja matriz, um edifício gótico dedicado a Santa Maria junto ao qual
surge a imponente torre do relógio. A Igreja
da Misericórdia conta com magníficos azulejos do século XVIII, enquanto que a
Igreja de Nossa Senhora da Saúde, uma
antiga gafaria, impressiona pelas suas torres de agulha piramidais e pelo portal
renascentista em mármore. Curioso, o
Museu do Relógio (www.museudorelogio.com)
junto da Praça da República.
COMO IR
Na saída 5 da A6, seguir as indicações para Évora. Na cidade, continuar em
direcção a Beja, seguindo depois pela N18 para Reguengos e, depois, o IP2 para
Beja. Em Portel, vire para Moura, seguindo a N384. Passe o paredão da Barragem
do Alqueva e, cerca de cinco quilómetros depois, surge, à esquerda, a indicação
da Herdade do Vale do Manantio. Siga por uma estrada de terra batida.
Coordenadas GPS: 38º12’19’’ N/07º25’57’’ W
Distâncias aproximadas: Lisboa – 200 km; Porto – 480 km;
Alqueva: 10 km; Moura – 7 km.
PASSEAR
Desde Serpa, às águas do Alqueva
(em cima) passando pela nova
Aldeia da Luz (em baixo), sem
esquecer o Castelo de Noudar
Sobranceiro à vila surge o castelo mourisco
reconstruído por D. Dinis no século XIII,
com o seu curioso aqueduto que passa sobre
as muralhas que sobreviveram após a retirada do Duque de Ossuna, que o ocupou
durante a Guerra da Sucessão de Espanha,
em 1707, deixando apenas de pé alguns
panos da muralha, as portas de Moura e de
Beja, para além da torre de menagem.
Visitar a Vidigueira e o sítio arqueológico de
São Cucufate pode ser uma excelente desculpa para quem professa o culto da boa
mesa, porque o restaurante Vila Velha é um
santuário. De qualquer modo, importa
conhecer as escavações de
um mosteiro cujas abóbadas
remontam ao século IV e que
permitiram descobrir vestígios de uma grande casa agrícola romana, onde são visíveis os banhos, a adega e até
o templo, o que demonstra
que foi uma residência importante no século II.
Fotografia: Rotas&Destinos, Pedro Sampayo Ribeiro
ROTAS DO
CONTRABANDO
O curioso Castelo
de Noudar, vigilante
de um tempo que
passou, no alto de um
penhasco contornado
pelas ribeiras de
Ardila e Murtiga
Deixando a herdade e rumando em direcção às terras da raia, pode chegar a
Barrancos. A estrada sinuosa e íngreme
segue por Santo Aleixo da Restauração,
uma terra onde quase toda a população
deu a vida pela independência numa luta
onde também pereceram setecentos espanhóis. É uma terra acidentada. A paisagem
altera-se radicalmente e o verde é dominante no caminho para a terra que ganhou
mediatismo pelas suas touradas. Barrancos
é um local pitoresco no meio das serranias
que foram os caminhos de contrabando
de uma população que fala uma mistura
incompreensível de português e espanhol.
À entrada da vila, uma estrada, onde o mau
estado do alcatrão alterna com pisos de
terra, segue para o curioso Castelo de
Noudar, vigilante de um tempo que passou, no alto de um penhasco contornado
pelas ribeiras de Ardila e Murtiga.
A antiga fortaleza foi doada por Afonso X, o
Sábio, a D.ª Brites, mulher de D. Afonso III,
tendo sido uma praça importante, mas, ao
longo dos séculos, enquanto a sua população foi decrescendo, a de Barrancos foi
aumentando e, hoje, a fortaleza está esquecida, apesar de algumas escavações arqueológicas que ali foram realizadas tivessem
mostrado vestígios romanos.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 49
MUNDO médis
“Esta campanha
mostra um retrato do
país e apresenta
soluções”, explicou-nos
Fátima Lopes, durante
a rodagem do filme.
Nessa altura, falou-nos
sobre a sua ligação
à Médis e sobre o
presente e o futuro da
sua carreira na TVI
“Deixe que a
MÉDIS“
CUIDE DE SI
A NOVA CAMPANHA
COM FÁTIMA LOPES
50 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
“Eu
não sou
apenas a
cara da
Médis, eu
faço parte
da Médis”
á quatro anos que a F átima
Lopes é o r osto da Médis. F ale
desta parceria.
Tem sido uma parceria muito
positiva. Primeiro, porque sou uma mulher
que sempre defendeu as marcas portuguesas e, depois, porque acho que a marca
Médis é uma marca de referência no mercado português a nível dos seguros de saúde.
E, quando me convidaram a primeira vez
para dar a cara pela Médis, fiquei muito
contente, precisamente porque tinha uma
imagem muito positiva da marca. Aliás, eu
já tinha um seguro de saúde Médis e estava
muito satisfeita. Depois, comecei a fazer um
trabalho de proximidade com esta equipa, e
já lá vão uns anos, e é muito bom participar
em algumas reuniões da Médis, ir a algumas
iniciativas em que é parceira ou apoia. Ou
seja, eu não sou apenas a cara da Médis, eu
faço parte da Médis. E, quando digo que
faço parte, faço mesmo. Procuro saber os
resultados, como estão a correr as vendas,
se os números estão dentro da expectativa
do mês, do semestre ou do ano. Trabalho
com eles em permanência e acho que isso
é que é trabalhar com uma marca.
O facto de a Médis ser também uma marca
interventiva em acções cívicas e de carácter social é algo que valoriza?
Sim, isso também é muito importante, porque prezo muito as empresas que cultivam
a solidariedade social. É o caso da Médis.
Já fui com a Médis à Madeira entregar um
cheque a uma associação de ajuda às vítimas [do temporal de 20 de Fevereiro de
2010]. E já estive em outros projectos, tam-
H
bém de solidariedade, da Médis. Aliás,
sempre que me pedem para ir apadrinhar
uma acção em que ajudaram uma instituição, eu vou, faço questão. Acho que isso é
que também é ser a cara da marca.
É prestigiante ser o rosto desta marca?
Para mim, é prestigiante ser o rosto da
Médis. Tenho imenso orgulho e defendo a
marca como minha, porque sei o que vale
e o empenho dos profissionais que trabalham na Médis para corresponderem
àqueles que, às vezes fazendo um grande
esforço financeiro, porque, muitas vezes,
os clientes são pessoas com rendimentos
magros, deixam um pedaço do seu orçamento para fazer um seguro de saúde.
Estas pessoas têm de ter o que merecem.
A Fátima também é subscritora de um seguro de saúde Médis?
Eu tenho seguro, os meus filhos, os meus
pais, enfim, a família toda.
Em que difere esta campanha das anteriores?
Esta campanha é muito actual, muito atenta àquilo que está a acontecer no nosso
país, mas também no Mundo. Estamos a
passar por uma crise económica muito
complicada. Portugal está numa face de
grande aperto de cinto e os portugueses
estão todos a reorganizar os seus orçamentos familiares. Dado que as pessoas nem
sempre encontram nos hospitais públicos
todas as respostas que procuram e necessitam de sentir alguma segurança em caso de
terem algum percalço com a sua saúde,
então, a Médis tem uma resposta. A Médis
está a mostrar às pessoas que, numa altura
em que estão a organizar as suas contas, se
calhar, vale a pena pegar num valor pequeno e investir num seguro de saúde. E, portanto, a Médis está a dizer às famílias que
está atenta a situação do país, mas que tem
respostas para a sua saúde. Fico muito feliz
com esta campanha porque está perto das
pessoas. Nesta altura, não podemos fazer
campanhas fora da realidade. Esta é uma
campanha que é um retrato do país. Esta é
uma solução e nós precisamos de soluções.
Há algum denominador comum, algum fio
condutor, entre esta campanha e as anteriores?
Há. O facto de a Médis ser uma empresa
cuja maior preocupação é cuidar da saúde
dos portugueses. Este é um ponto comum.
Se formos ver a rede de soluções e de ofertas que a Médis, ano após ano, pôs cá fora,
vamos perceber que há cada vez mais clínicas, mais médicos, mais laboratórios e hospitais a trabalhar com a Medis. O que significa que é uma empresa que cumpre tão
bem o seu papel que há cada vez mais entidades privadas a juntarem-se a ela. O que
prova que o trabalho está a ser feito na
linha certa. Caso contrário, haveria profissionais a abandonar-nos e isso não acontece.
Dá valor à saúde?
Sem saúde, não se faz nada. Não há prazer, não há alegria, não se tem capacidade de viver a vida, de trabalhar… A saúde
é a base de tudo. Mas também não podemos vê-la de forma isolada. Isto funciona
de forma holística: uma pessoa que seja
muito infeliz na sua vida pessoal ou profissional, normalmente é uma pessoa que
não tem muita saúde. E porquê? Porque
normalmente a parte psicossomática é
extremamente importante e a nossa saúde
deteriora-se à velocidade dos nossos pensamentos positivos ou negativos. Nós
damos alimento à saúde ou lenha para
queimá-la. Ou seja, as coisas estão todas
interligadas e isso é extremamente importante. As pessoas, às vezes, vivem a vida
de uma forma muito compartimentada. A
nossa cabeça é o motor de tudo e por isso
é que há pessoas com 90 anos e uma vida
boa e uma saúde de ferro. Ainda esta
semana tive uma senhora com 91 anos no
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 51
MUNDO médis
meu programa cheia de saúde. Era muito
engraçada, solteira por opção e fazia
imensas caminhadas. E porquê? Porque é
uma pessoa que alimenta, que potencia
cada momento mágico e pequeno da
vida. Era uma senhora que tinha saúde
para dar e vender.
Já recorreu, com certeza, aos serviços da
Médis. Lembra-se de algum momento de
urgência extrema e do atendimento?
Não, mas já aconteceu a Beatriz, a minha
filha, magoar-se numa aula de voleibol.
Ficou com um dedo muito magoado, pensei mesmo que estava partido, e fui com ela
às urgências de um hospital da rede Medis.
vezes, é isso, é uma questão de fazer contas e ver o que ganhamos mais. Quando há
essa possibilidade, claro, porque eu tenho
consciência de que há muitas famílias que
não têm o que comer. Mas, quando, às
vezes, se tem um extra ou se está a juntar
para mais um brinquedo, quando os filhos
até têm três ou quatro e não precisam de
mais – sou completamente contra o consumismo excessivo –, provavelmente, mais
vale usar esses poucos euros para um seguro de saúde. Sinceramente, fico mais tranquila quando abro a carteira e vejo os cartões Médis dos meus filhos.
Como apresentadora, está habituada às câmaras, mas, para uma campanha publicitária, procura ser menos a Fátima e interpretar uma personagem?
Já estou muito habituada a fazer publicidade, porque faço-a há anos, mas a primeira vez foi traumatizante, porque não
A Médis está a dizer
às famílias que está
atenta à situação do
país, mas que tem
respostas para a sua
saúde”
Ela foi atendida rapidamente, deram-me as
instruções necessárias, fiz tratamento e tudo
correu bem. Mas os meus pais, por exemplo, não tinham seguro de saúde e eu fi-los
perceber a importância de ter um e tratei
pessoalmente de todos os documentos. A
minha mãe já precisou de recorrer aos serviços particulares da Medis e, num destes
dias, estávamos a falar e ela dizia-me estar
contente por termos optado pelo seguro.
Ela dizia-me assim: “Realmente, não fazia
bem as contas, porque o tempo que eu
esperava por este exame ou por estes resultados, a minha saúde ia-se deteriorando.” E
eu fiquei satisfeita porque a minha mãe
percebeu que, afinal, eu tinha razão e não
estávamos a falar de nada de extraordinário. Mas essa pequena diferença fez com
que ela tivesse respostas mais rápidas. E, às
52 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
pensei que o ritmo da publicidade
fosse tão lento e fiquei um pouco desgastada, confesso. Agora não. E depois
trago imensas coisas para fazer, trago
as minhas revistas para ler, trago trabalho… E eu já sei que é assim. Sei que,
por norma, trabalho dez a dezasseis
horas seguidas e, como sei com o que
conto, estou tranquila. Há pouco, o
director de marketing da Médis perguntava-me: “O que prefere, Fátima,
assim um dia inteiro de trabalho ou três
horas de um directo?” E eu respondi: sete
horas de directo. [Risos] Directo é directo,
não se grava outra vez. E começa a uma
hora e acaba a outra. Maravilhoso. Mas
gosto muito de estar aqui a fazer esta campanha. É um ambiente diferente, as pessoas
são diferentes. Eu sou muito bem tratada
também em publicidade. E procuro sempre
ser profissional: chego a horas, estou sempre pronta e isso também é bom. E estou
sempre bem-disposta.
E o facto de ser publicidade dá para teatralizar?
Dá-me muito gozo fazer publicidade. É
engraçado, porque, mesmo em publicidade,
o que me pedem é para ser eu, nunca me
querem numa personagem, mas este filme
da Médis é diferente, é a Fátima, mas um
pouco mais introspectiva do que as pessoas
estão habituadas na publicidade ou nos programas. Diria que é a Fátima mulher. É um
filme onde se vê mais a minha doçura, a
minha feminilidade e é com uma imagem
da Fátima um pouco diferente. Este filme é
completamente diferente.
Falemos agora da sua car reira. Além do
programa que conduz diariamente na T VI,
A Tarde é Sua, é júri de um pr ograma de
talentos, Canta Comigo. Está a gostar da
experiência?
Estou. É a primeira vez que o faço e tenho
aprendido imenso com o produtor e músico Luís Jardim, que é uma pessoa que percebe imenso de música e que tem muita
paciência para me explicar coisas – porque
eu pergunto-lhe tudo. No primeiro programa, estava muito nervosa, mas foi bom
estar com ele e com a cantora Rita Guerra,
porque são pessoas com quem tenho
muito à-vontade. E, por outro lado, é saboroso também estar num papel que não o
da apresentadora. Embora não seja tarefa
fácil, porque – deve ser defeito das pessoas
que trabalham nesta área – estou a fazer o
meu papel de jurada, mas também a ver o
dos outros. Ou seja, estou sentada, mas sou
capaz de estar a olhar para o realizador,
para o câmara... [Risos]
Não consegue distanciar-se?
Não, porque é o meu trabalho, é o meu
mundo.
A actriz Rita Pereira está a sair-se bem como
apresentadora ou ainda é cedo para dizê-lo?
A Rita, no primeiro programa, teve imensas dificuldades, mesmo o método é
muito diferente daquilo que ela estava
habituada e, portanto, não foi fácil, mas
depois trabalhámos algumas fragilidades.
A Rita pediu a sua ajuda?
Sim. E notou-se logo uma mudança fantástica porque ela é muito empenhada. A
Rita foi extremamente humilde, aceitou as
minhas sugestões e críticas. Gostei muito
da sua atitude e de repetir as coisas até
eu achar que estava bem. Digamos que
lhe dei ali uma ajuda na primeira semana,
mas ambas não temos muito tempo. Foi
com grande esforço que marcámos ali
alguns encontros. Normalmente, o que
faço agora é ir mais cedo e dar-lhe umas
indicações. Acho que a minha ajuda criou
ali uma ponte com a equipa, mas ela é
capaz e vai melhorar cada vez mais. O
registo de representar e o de apresentar
são diferente, além de este programa ter
características muito próprias.
E há muito talento em Portugal?
Muito. Fiquei fascinada com algumas vozes.
Há alguma voz de que tenha gostado mais?
Sim, há. A de uma jovem, Tatiana salvo
erro, que tem uma voz maravilhosa, uma
voz para estar nos tops. E tem uma grande
PERFIL
Fotografia: Estúdio João Cupertino.
“Sinceramente, fico mais tranquila quando abro
a carteira e vejo os cartões Médis dos meus filhos”
capacidade de comunicar com a câmara.
Faz agora um ano que está na T VI, qual o
balanço?
Estou muito feliz com a minha decisão de
ter saído da SIC e entrado na TVI. Acho
que tomei a decisão certa no momento
certo. Num destes dias, vieram ter comigo
e disseram-me: “Fátima, parece que trabalhas aqui há anos, já estás muito à-vontade.” E é verdade. Gosto muito do ambiente, da relação que temos com os nossos
superiores. Gosto da forma como nos
mimam e nos fazem sentir importantes. E
gosto que haja a humildade de me chamarem e quererem a minha opinião
quando se trata de tomar uma decisão.
Acho que isso é um sinal de respeito e de
que sabem e reconhecem o meu percurso. É muito bonito e deixa-me feliz.
Entretanto, para breve, a TVI vai estrear a
segunda temporada do reality show Secret
Story, gostava de apresentá-lo?
Se a TVI me dissesse que precisava de
mim para o fazer, eu fazia. Nunca fui pedir
para fazer, mas não é algo que neste
momento gostasse de fazer. E digo isto
porque, quando se faz uma mudança tão
grande como eu fiz, é preciso canalizar a
energia num sentido, ou seja, investir tudo
no que estou a fazer. Neste caso, no meu
programa da tarde. Manter este público e
fazê-lo perceber que agora está lá a Fátima
Lopes é o meu grande objectivo.
E é Teresa Guilherme que vai apresentar
Secret Story. Feliz escolha da TVI?
A Teresa Guilherme é a cara do Secret
Story, julgo que não há nenhuma pessoa
em Portugal com melhor perfil do que ela.
O público que vê a Fátima Lopes na TVI já
é o “público” que a via na SIC’?
Acho que sim, pelas audiências. Se não é,
são os mesmos números. Ou então é o
público da Júlia que me aceitou. E por isto
digo que é preferível apontar as baterias
para trabalhar com este público e fazê-lo
bem e fazê-lo perceber o quanto estou dedicada. E quando este público estiver a fazer
equipa comigo, já há disponibilidade para
fazer outra coisa qualquer de forma pontual.
Eu faço quinze horas de directo por semana... Não estamos a falar de uma pessoa que
vai à antena uma hora por semana.
É um programa que exige muito trabalho de
bastidores…
É muito trabalho. Eu tenho quatro grandes
histórias para estudar todos os dias. Nunca
tive tanta coisa para ler para um programa
como tenho agora. Este é o programa de
mais conteúdo que já tive até agora. Só
tenho conversa. Quero conquistar este
público; depois, logo se vê. Portanto, não
fui pedir para fazer nada. E, depois, há
outra coisa: acumular mais coisas seria tirar
tempo aos meus filhos. E isso não. Eu prefiro ter menos horas para brilhar no ecrã,
mas brilhar em minha casa.
E novidades no seu programa?
Tal como temos o polígrafo, que vai continuar, estamos a trabalhar outras mudanças que vão marcar o programa sem o
desvirtuar. O público àquela hora está
habituado a um determinado produto e
não fica assim muito contente se fizermos
mudanças muito grandes. Por isso é que,
por vezes, temos de testar, porque as pessoas sentem que o programa é delas e
nós não podemos mudar a casa delas
assim… Mas digamos que podemos ter
Fátima Lopes, 42 anos, é licenciada em
Comunicação Social e foi jornalista do
extinto Diário Popular muito antes de
se ter estreado na apresentação, na SIC.
O programa Perdoa-me catapultou-a
para a fama, seguindo-se All You Need Is
Love e Surprise Show. Ainda na SIC,
apresentou o programa das manhãs SIC
10 Horas, que liderou as audiências
durante quatro anos. Depois, seguiram-se Fátima e Vida Nova. A 2 de Julho de
2010, Fátima Lopes deixa a SIC, após
dezasseis anos, indo para a TVI para
apresentar Agora é Que Conta, que
estreou a 21 de Setembro do mesmo ano.
Apresenta agora A Tarde é Sua, que
estreou em 3 de Janeiro de 2011.
Do seu currículo, contam ainda a
condução de diversos eventos, desde
Moda Paris e Moda Roma ao Portugal
Fashion e às galas dos Globos de Ouro da
SIC. Distinguida com o prémio Melhor
Apresentadora de Entretenimento pela
Casa da Imprensa em 2004, Fátima Lopes
também lançou três romances: Amar
Depois de Amar-te, Um Pequeno Grande
Amor e A Viagem de Luz e Quim.
uma rubrica nova ou um espaço de três
ou quatro semanas. Vamos experimentar
algumas coisas novas.
Este programa é, de facto, diferente do que
fez na SIC… E muito mais do Agora é Que
Conta, cujo testemunho passou a Leonor
Poeiras, mas tem saudades destes ou de
outros programas que já tenha feito?
Este programa, A Tarde é Sua, é bastante
diferente de Vida Nova [SIC]. Obrigada por
ter reparado, porque há quem pense o
contrário. Mas não tenho saudades do que
já fiz. Encaro todas as experiências como
positivas porque todas me ensinaram. Um
destes dias, lembrei-me de uma gala que
fiz no Algarve, inenarrável, porque as condições que nos prometeram saíram todas
ao lado, que me desgastou bastante na
altura. E então andei ali a gritar com toda
a gente e as coisas lá começaram a aparecer. Lembro-me que pensei se valeria a
pena seguir com tudo aquilo, mas, quando chegou a hora de desempenhar o meu
papel, fi-lo com gosto. Isto para lhe dizer
que eu sei que não tenho capacidade para
ser apenas apresentadora, porque, se for
preciso tratar de uma coisa de produção,
eu trato, só não me entreguem câmaras
para a mão, de resto, trato de tudo. E
nessa altura percebi que era muito mais
capaz do que aquilo que eu pensava.
E mais projectos futuros?
Não sei. Para já, estou centrada no presente. [Risos]
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 53
MUNDO médis
Clínica Universidade Navarra
(CUN) é um centro hospitalar
de referência. Localizada em
Pamplona, a capital da Comunidade de Navarra, propõe 36 especialidades médico-cirúrgicas asseguradas pelos
seus cerca de 1.900 profissionais (285 médicos, 176 residentes, 625 enfermeiros e 276
auxiliares), que trabalham em regime de
exclusividade, quer nas actividades relacionadas com os cuidados de saúde, quer na
investigação científica, uma actividade com
grande relevância em termos da universidade em que está integrada.
A CUN assume-se como uma unidade especializada em patologias complexas e a clínica tem um foco multidisciplinar, apostando
na personalização dos cuidados de saúde
que disponibiliza, quer para doentes nacio-
A
nais, quer para o grande número de estrangeiros que procuram as soluções de vanguarda nos tratamentos que oferece nos
campos da Oncologia, cirurgia robótica,
cirurgia bariátrica, terapia celular, programas
de transplantes, implantes cocleares, etc.
No período de 2009/2010, a CUN totalizou 192.845 consultas ambulatórias, formalizou 12.597 hospitalizações e atendeu
5.949 doentes no hospital de dia. No
mesmo período, foram atendidas 11.372
urgências, praticaram-se 12.270 cirurgias
nas mais diversas especialidades médicas
e foram registados 75.012 internamentos.
A investigação médica é um dos pilares do
modelo de funcionamento da CUN, gerida
através da Unidad Central de Investigación
Clínica” (UCICEC), que tem por missão coordenar a gestão da investigação, desenvolvi-
CONTACTOS ÚTEIS
Clínica Universidade Navarra
www.cun.es
Avenida Pio XII, 36
31008 – Pamplona, Espanha.
Tel. +34 948 255 400
Fax +34 948 296 500
E-mail [email protected]
VANTAGENS
PARA O CLIENTE
MÉDIS
Os clientes Médis com cobertura
internacional têm, nos termos
das condições previstas na sua
apólice, uma cobertura com
“capital ilimitado”, mas qualquer
outro cliente Médis (salvo
os clientes Médis Vintage)
pode usufruir de um desconto
de 15% nas consultas e nos meios
complementares de diagnóstico.
mento e inovação (i+D+i), bem como os
diversos serviços de apoio à investigação
clínica. Para além disto, a CUN mantém uma
estreita colaboração com as faculdades de
Medicina e de Ciências e Farmácia da
Universidade de Navarra, assim como com
o Centro de Investigação Médica Aplicada
(CIMA), que permite, por um lado, abarcar
todo o processo que vai desde a investigação médica básica até à prática clínica, para
além de favorecer a colaboração com a
indústria médica e biotecnológica no desenvolvimento de novos produtos para diagnóstico e tratamento. A CUN é uma entidade privada e 61,5% do financiamento destinado ao i+D+i é garantido por fundos, também eles privados, o que demonstra a confiança de empresas e instituições no trabalho que ali é realizado.
Certificação de qualidade
A aposta na qualidade na prestação de cuidados de saúde passou pela certificação por
54 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
CLÍNICA
UNIVERSIDADE
NAVARRA
A Clínica Universidade Navarra (CUN) é uma unidade
hospitalar reconhecida pelo seu elevado grau de
especialização, pela evolução tecnológica e pela eficiência
da sua equipa de profissionais especializada em patologias
complexas. Fundada em 1962, conta com uma relevante
actividade de pesquisa científica
DOENTES ESTRANGEIROS
parte da Joint Comission International (JCI)
em 2004. A JCI é uma divisão da Joint
Comission on Accreditation of Healthcare
Organizations (JCAHO), reconhecida internacionalmente como a maior organização
de acreditação dos Estados Unidos da
América. Esta acreditação é a garantia de que
uma unidade de prestação de cuidados de
saúde garante níveis de excelência, baseando-se em parâmetros que vão muito além
da prática clínica, atendendo a factores como
a organização, para a qual são estabelecidos
padrões que devem ser respeitados para a
garantia de boas práticas. Para além disso,
uma acreditação por parte da JCI é também
um compromisso claro por parte da unidade hospitalar, que assume a responsabilidade da melhoria da qualidade da assistência
ao doente, da garantia de um ambiente seguro a todos os níveis de funcionamento e do
trabalho contínuo para a redução de riscos
para os doentes e para todo o pessoal hospitalar.
A Clínica Universidade Navarra atende anualmente milhares de doentes estrangeiros,
oriundos de cerca de cinquenta países. No ano passado foram registadas 19.315
assistências, das quais 13.925 a portugueses, que procuraram principalmente áreas
clínicas como a Oncologia, Radioterapia, Medicina Interna, Urologia e Cardiologia.
A CUN procura garantir a estes doentes um atendimento tão individualizado quanto
possível, pelo que criou a imagem da “pessoa de contacto”, que pode acompanhar o
doente e/ou a sua família, para facilitar o acesso à consulta de especialidade que seja
pretendida. Nesse sentido, a Clínica Universidade Navarra tem disponível um serviço de
assessoria ao doente capaz de ajudá-lo a escolher o especialista mais indicado para dar
resposta à sua patologia clínica, bem como os procedimentos mais adequados às suas
necessidades. Para além disso, este serviço também é capaz de ajudar o doente
e os seus familiares a encontrar, junto de uma agência de viagens externa, as melhores
condições para quem necessite de deslocar-se a Pamplona, dispondo igualmente
de acordos específicos com algumas unidades hoteleiras vizinhas da clínica.
Desde o momento em que o doente chega à clínica, é acompanhado no cumprimento
dos trâmites administrativos que antecedem a sua consulta médica, havendo sempre
um interlocutor (médico ou enfermeiro) para cada paciente. O cuidado ao nível da
personalização do atendimento passa inclusivamente pela escolha de dietas alimentares
que se coadunem com os hábitos do país de origem do paciente.
Depois da passagem pela Clínica Universidade Navarra, é marcada uma consulta
posterior, de acordo com as disponibilidades do doente em deslocar-se a Pamplona,
da mesma forma que uma assessoria clínica indica os nomes dos medicamentos
equivalentes no país de origem relativamente aos que foram ministrados durante
o seu internamento. O doente recebe ainda todos os exames complementares de
diagnóstico que tenham sido realizados durante a sua permanência em Pamplona.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 55
ON THE road
A
Land Rover separou as águas. O
mesmo é dizer que manteve o seu
nome tradicional para uma gama
de modelos que inclui o Defender,
o Freelander e o Discovery, “promovendo” a
Range Rover ao estatuto de marca premium,
com uma oferta que inclui o Range Rover clássico e o sport, para além de um recém-chegado, baptizado como Evoque.
O novo Range Rover Evoque surge com todos
os argumentos necessários para afirmar-se no
segmento dos SUV de prestígio. A sua carroçaria impressiona pela elegância conseguida
pelo apuro da forma, capaz de deixar roídos
de inveja os mais reputados designers italianos. A beleza deste modelo, que surge nas versões de três e cinco portas, em nada belisca o
carácter robusto e musculado de um modelo
que parece ser maior do que na realidade é. O
Evoque é compacto e tem apenas 4,35 metros
de comprimento, o que equivale a dizer que é
150 milímetros mais curto do que o seu primo
Freelander. É um “mini” quando comparado
com o Range Rover Sport, 43 centímetros mais
comprido e 20 centímetros mais largo, pelo
que já lhe chamaram “baby Range Rover”.
Para além de ser capaz de despertar paixões à
primeira vista, o Evoque pode ser personalizado
de acordo com o gosto de cada cliente. Para
REVOLUÇÃO
RANGE
ROVER
além de três tipos de acabamento (Pure,
Prestige e Dynamic), estão disponíveis doze
cores para a carroçaria e quatro para o tejadilho, bem como oito tipos de jantes com
medidas que vão das dezassete às vinte polegadas. Em termos de motorizações, a opção
também é vasta, numa gama que inclui o D4
(motor 2.2 de 150 cv e tracção dianteira), o
SD4 (com motor 2.2 com 190 cv, tracção integral e caixa automática ou manual) e o Si4
(motor 2.0 turbo a gasolina com 240 cv).
É certo que a exclusividade custa dinheiro e
os (muitos) opcionais estéticos, de conforto
e até em termos de ajudas electrónicas da
condução (como o Park Assist, que permite
estacionar de forma automática num espaço
1,2 superior ao do modelo) também, mas os
novos Range Rover são competitivos face
aos seus concorrentes directos se olharmos
para os preços das suas versões base: o eD4
de cinco portas tem preços desde os 37.800
euros e o SD4 Prestige, com o equipamento
mais completo, custa 66.312 euros.
O coupé de três portas é algo mais exclusivo
e elitista. No entanto, sendo trinta centímetros
mais abaixo, oferece menos espaço para
os ocupantes dos bancos posteriores
56 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
Habitáculo moderno
Segundo a Range Rover, a possibilidade de
combinação de jantes, equipamentos e
motores permite criar 36 versões diferentes, para o que muito contribui a diversidade de opções a nível do habitáculo, sobre-
DESIGN ARROJADO.
O novo Range Rover
Evoque afirma a
originalidade de um
design capaz de rivalizar
com o estilo italiano.
O habitáculo é funcional
e requintado, seguindo
a tradição britânica
O novo Evoque está aí.
É o mais compacto
Range Rover de
sempre e talvez o mais
apelativo que já foi
produzido pela marca
de Gaydon. É um SUV
exclusivo e dinâmico,
capaz de despertar
paixões Por Rui Faria
tudo no que diz respeito ao desenho dos
bancos, que podem variar entre as opções
mais convencionais e bacquets desportivas, para já não falar no tipo de estofos, que
vai do tecido à pele de uma ou mais cores.
Seja qual for a opção, o habitáculo do
Evoque é cuidado ao nível da qualidade, no
detalhe e no conforto, mantendo o status
que está inerente à sua imagem de marca. O
coupé de três portas é algo mais exclusivo
e elitista. No entanto, sendo trinta centímetros mais baixo, oferece menos espaço para
os ocupantes dos bancos posteriores, para
já não falar na menor facilidade de acesso.
O coupé pode ser encomendado na versão
de quatro ou cinco lugares, mas o cinco portas tem sempre cinco lugares e as bagageiras
também apresentam diferenças, já que, no
caso do três portas, o volume varia entre os
550 e os 1.350 litros e, no de cinco portas,
entre os 575 e os 1.445 litros.
Grande eficácia
Ágil e dinâmico, o Range Rover Evoque é
muito eficaz na estrada e, nas versões 4x4,
não teme pequenas aventuras fora dela, um
compromisso que é potenciado pelo desempenho dos pneus Continental CrossContact,
para já não falar na suspensão “inteligente”
MagneRide (opcional), que, em modo
Dynamic, é capaz de modificar as leis de
amortecimento da suspensão, a resposta da
direcção e até o ritmo das passagens de
caixa, nas versões equipadas com transmissão automática, para vincar o carácter desportivo ou o desempenho fora de estrada.
Para além do bom comportamento em
asfalto, onde o reduzido rolamento da carroçaria garante uma grande estabilidade
direccional, o Evoque mostra o mesmo àvontade nas estradas de terra, sendo ágil a
subir e seguro nas descidas mais íngremes,
geridas pelo sistema electrónico Hill
Descent Control (HDC), que pode ser complementado com o Gradient Release
Control, o qual liberta progressivamente os
travões em descidas acentuadas até se atin-
gir a velocidade determinada pelo HDC.
Os mais aventureiros podem ainda optar
pelo diferencial central Haldex e pelo sistema Terrain Response (conhecido noutros
Range Rover) com modos específicos de
funcionamento para pisos de areia/gravilha/neve, lama e areia.
É certo que o Evoque não é um todo-o-terreno puro e duro, mas não ficam dúvidas
de que é um grande “todos-os-caminhos”.
Mesmo quem não equacione a utilização do
modelo em aventuras fora de estrada, pode
tirar todo o partido do acréscimo da segurança passiva que está inerente à tracção total
permanente. Ainda assim, a Range Rover
disponibiliza versões 4x2, que irão chegar ao
mercado nacional em 2012.
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011 57
ÚLTIMA página
A MULHER
POR TRÁS DO
SPIRIT OF
ECSTASY
A estatueta que parece querer
saltar do vértice da grelha dos
Rolls Royce tem nome. Chama-se
Espirit of Ecstasy e celebra o seu
centésimo aniversário. Por trás
dela, está uma história de um
amor mais ou menos secreto.
Henry Royce foi um pioneiro
na construção automóvel e
Charles Rolls, um aristocrata
apaixonado pelas “novas
carroças sem cavalos”.
Encontraram-se nos primeiros
anos do século XX porque Charles
Rolls ouvira falar dos automóveis
de Henry Royce. Deste encontro
nasceu uma sociedade cujo
nome viria a ser um ícone
da história do automóvel.
Quando se fala num Rolls Royce,
a primeira imagem que nos salta
à cabeça é a “dama alada”,
58 OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
a imagem que nos remete para
uma das mais antigas estátuas
clássicas, a Vitória de Samotrácia,
que parece saltar do vértice
da grelha destes automóveis.
No entanto, os primeiros Rolls
Royce, produzidos em 1904, não
contavam com este ornamento.
Ele surgiu mais tarde.
Lord John-Scott Montagu era
um apaixonado pelos
automóveis e fundador da Car,
uma das primeiras revistas de
automóveis, fundada no Reino
Unido. Para além disso, era
amigo de Charles Rolls e ajudou-o na elaboração do catálogo
que a Rolls Royce apresentou em
1911. Para elaborá-lo, contactou
Charles Skyes, um artista plástico
renomado na época.
Charles Rolls odiava as mascotes
ridículas, estilo gatos, diabos
e outras loucuras que se
tinham tornado moda como
ornamentos das tampas dos
radiadores que encimavam
as grelhas da maioria dos
automóveis, mas Lord
Montagu queria uma mascote
e Charles Skyes foi encarregue
de fazer algo diferente. Depois
de várias tentativas, surgiu
o mais prestigiado símbolo
da indústria automóvel.
Inicialmente, chamaram-lhe
Spirit of Speed e se, em
Inglaterra, é apenas a Flying
Lady, o seu verdadeiro nome
é Espirit of Ecstasy. Teve por
modelo Eleanor Thornton, que,
oficialmente, era (apenas)
secretária de Lord Montagu,
e rapidamente deixou de
ornamentar apenas o automóvel
do seu amante para tornar-se
na imagem de marca da Rolls
Royce. Cem anos depois,
ninguém recorda Eleanor,
mas todos conhecem
o Espirit of Ecstasy.
Make up: Teint Radiance N°6, Touche Eclat N°2, Crème de Blush N°3, Ombre Solo N°2, Dessin du Regard N°6, Mascara Volume Effet Faux Cils N°1, Rouge Pur Couture N°5
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Caneta venerada por make-up artists, TOUCHE ÉCLAT ilumina e enaltece a tez gesto a gesto.
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N°1.5
N°2
N°3
N°4
N°5

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