avaliação das juntas soldadas utilizando o processo de - Crea-PR
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AVALIAÇÃO DAS JUNTAS SOLDADAS UTILIZANDO O PROCESSO DE SOLDAGEM A PONTO NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA Marcos Antonio Pintor Junior Engenheiro Mecânico (UNITAU); http://lattes.cnpq.br/1307558573404062; [email protected] RESUMO A utilização de chapas zincadas na indústria automobilística melhorou a qualidade das carrocerias, no entanto a junção destas chapas que é feita através da solda ponto, utiliza vários fatores e parâmetros que se não estiverem adequados podem resultar em juntas que não atendam exigências de projeto. Este trabalho tem como objetivo avaliar as soldas em chapas zincadas que utilizam o processo de soldagem a ponto e também estabelecer parâmetros adequados à pequena variação na espessura das chapas que são adquiridas na indústria. Serão feitos testes com chapas de aço de dupla face zincada, de espessura 1mm. Serão soldados alguns corpos de prova utilizando transformadores de 160kVA. Serão feitos testes de arrancamento para sabermos se a solda atende os requisitos previamente estabelecidos. Para obter resultados satisfatórios foi necessário analisar as chapas adquiridas desde o início do processo, realizando assim alguns ensaios importantes para analisar as suas características estruturais. Palavras-chave: Chapas Zincadas, Solda Ponto, Soldagem Automobilística. ABSTRACT The plate use zinced in the automobile industry, improved the quality of the cars, however the junction of these plates that is made through the weld point, uses some factors and parameters that if they will not be adjusted can result in meetings that do not take care of Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 1 de 15 project requirements. This work has as objective to evaluate welds in zinced plates that use the welding process the point and also to establish adequate parameters to the small variation in the gauge that is acquired in the industry. Tests with steel plates will be made of double zinced face, of thickness 1mm. will be welded some bodies of test using transforming of 160 kVA. Pulling up tests will be made to know if the weld previously takes care of the established requirements. To get resulted satisfactory it was necessary to analyze plates acquired since the beginning of the process, being thus carried through some assays important to analyze its structural characteristics. Word-key: Zinced Plates, Weld Point, Automobile Welding. 1. INTRODUÇÃO Na indústria de fabricação de veículos automotores as uniões de duas chapas, antes da introdução da solda por resistência, eram feitas utilizando parafusos e rebites como elementos de fixação, o que ocasionava um contratempo de ter que apertá-los periodicamente, além do que, a partir da década de 80, iniciou-se um processo de aceitação, em todos os níveis, da aplicação de soldas por pontos feita por robôs, com forte tendência de substituição dos homens (MAINIER, 1997). Graças aos avanços tecnológicos e aos estudos de novas técnicas surgiram as uniões soldadas pelo processo de solda por resistência, que oferecem maior resistência às vibrações mecânicas. A utilização de chapas zincadas na indústria automobilística, melhorou em muito a qualidade das carrocerias no referente à corrosão, entretanto, a junção destas chapas, feita através da solda ponto, utiliza vários fatores e parâmetros que se não estiverem adequados podem resultar em juntas soldadas que não atendam as exigências de projeto. 1.1. Processos de Soldagem por Resistência Elétrica A soldagem por resistência compreende um ramo da arte de soldagem feita por um processo de pressão, produzido a partir da superfície de contato entre duas peças distintas, por meio do calor gerado por efeito Joule durante a circulação da corrente elétrica por resistência de junção (KEARNS 1984). As principais características desse processo são as altas velocidades de execução, onde em média são necessários menos de um Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 2 de 15 segundo para a execução de um ponto, além da flexibilidade e elevada capacidade de automação deste processo. (STOCCO 2010). Este fato torna este processo diferente dos demais já que nenhum material externo, como fluidos ou arames é utilizado. Assim, nos ensina Machado (1996), a metalografia da solda não é complicada de se observar uma vez que não ocorre adição de material externo. Além disso, o processo de soldagem por resistência difere dos processos de soldagem por fusão ao utilizar força mecânica para forjar e unir as peças. O efeito da força é refinar a estrutura dos grãos, produzindo, desta forma, uma solda com propriedades físicas, na maioria dos casos, iguais ao metal de origem e em alguns outros casos com qualidade até mesmo superior. No processo de soldagem a ponto ou solda por projeção é efetuada uma simples aplicação ou um pulso de corrente. 1.2. Princípios Gerais da Solda a Ponto Soldagem a ponto por resistência elétrica é um processo de soldagem no qual a junção de metais é produzido em superfícies sobrepostas pelo calor gerado pela resistência do material à passagem de corrente elétrica. Uma força é sempre aplicada pelos eletrodos, antes, durante e após a aplicação da corrente para restringir a área de contato da solda nas superfícies sobrepostas. As superfícies em contato na região de concentração de corrente são aquecidas por um curto pulso de baixa tensão e alta corrente para formar uma região fundida de metal de solda, que recebe o nome de lente de solda (PAES, 1989). Quando o fluxo de corrente cessa, a força de eletrodo é mantida enquanto o metal de solda rapidamente resfria e solidifica. Os eletrodos se afastam após cada solda, que usualmente é efetuada numa fração de segundos. A forma e o diâmetro das lentes de solda formadas são limitados, fundamentalmente, pelo diâmetro e contorno da face do eletrodo. Com o objetivo de esclarecer a natureza da soldagem por resistência e de como ela é efetuada, considera-se uma simples solda a ponto.Sobre a geração de calor, uma solda a ponto é efetuada ao pressionar duas ou mais peças sobrepostas enquanto uma corrente elétrica passa através de uma área de contato localizado até aquecer o metal formando uma lente de solda até a temperatura de soldagem (INTERMACHINERY 2000). Um dos princípios da soldagem por resistência é gerar o calor na região da solda de forma rápida para que a quantidade mínima de calor seja dissipada através da condução para o material adjacente mais frio. Para que isto ocorra, é necessária uma alta taxa de geração de calor e isto é obtido através da passagem de alta corrente pela região de solda Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 3 de 15 durante um curto intervalo de tempo. Um outro princípio é gerar muito mais calor na região de solda do que em qualquer outra região do circuito secundário da máquina de solda. A teoria e prática para se atingir estes dois princípios podem ser resumidas da seguinte forma: O calor é gerado sempre que uma corrente elétrica passa por uma resistência elétrica. A taxa na qual o calor é gerado é dada por: W I2 *R (1) onde: W = potência I = corrente em Ampères R = resistência em Ohms Se a corrente for aplicada em um intervalo de tempo t em segundos, a energia desenvolvida na resistência, segundo a lei de Joule é dada por: Q I 2 * Rt (2) onde: Q = energia; R = resistência elétrica; I = intensidade de corrente elétrica; T = tempo de solda A medição das resistências de contato de uma junta soldada é extremamente complexa, ora que não podem ser separadas das resistências referentes à espessuras da peça, sua profundidade não é definida e os valores obtidos possuem grande range de variação (ROGEON, 2007). Percebe-se que a amplitude da energia gerada pode variar de acordo com as variáveis de corrente, resistência e tempo de soldagem. Os valores de corrente elétrica ( I ) e tempo ( t ) podem ser prontamente afetados pelo ajuste do controle de soldagem enquanto, a resistência das peças que estão sendo soldadas, é mantido fixo. Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 4 de 15 Existem dois tipos de resistência elétrica no circuito secundário de uma máquina de soldagem por resistência, sendo uma a resistência por volume do material no circuito, incluindo as peças e a outra, a resistência de interface das superfícies de contato. Todos os metais têm algum grau de resistência à passagem de corrente. Esta resistência, oferecida à corrente é conhecida como resistividade e é a resistência de um volume padrão medido em uma determinada temperatura, que é função da composição do material e varia com a temperatura. A resistência é maior à passagem de corrente alternada (AC) devido à presença de correntes parasitas geradas no interior do condutor. Este fato é conhecido como efeito casca e aumenta à medida que a frequência da corrente e a área da seção do condutor aumentam. A resistência real é chamada de resistência efetiva e é diretamente proporcional ao comprimento do condutor e inversamente proporcional à área de sua seção transversal, considerando efeito casca, caso exista. Levando-se em conta os metais comuns, o cobre tem o valor mais baixo de resistividade e é usado como base de comparação para outros materiais. Para propósitos de comparação, o valor inverso da resistividade, chamado de condutividade, também pode ser usado. Neste caso, o cobre apresenta-se com o valor de 100%, enquanto que o aço comum, cerca de 10%. Desta forma, para uma dada corrente passando em áreas de seção e volume igual de cobre e aço, na geração de calor, resultará aproximadamente 10 vezes maior no aço do que no cobre (WAINER, 1995). A resistência na interface é a resistência à passagem de corrente pelas superfícies de contato dos dois metais. O valor varia com a composição do metal, condição superficial, área de contato e pressão. Em geral, esta resistência segue a resistividade de volume dos metais envolvidos. Por exemplo, ao se considerar as mesmas áreas de contato na mesma pressão, tem-se uma resistência muito menor em superfícies sobrepostas de cobre do que de aço. No entanto, superfícies de contato (cobre/aço) possuem resistência entre os dois casos citados anteriormente (MARIMAX 2009). É importante observar que a resistência de interface pode variar enormemente devido à contaminação da superfície e condições físicas, tais como paralelismo, pontos de corrosão, etc. Se a máquina de soldagem foi concebida a partir de um projeto de construção adequado e os eletrodos de soldagem especificados estão sendo utilizados, a resistência da interface nas superfícies sobrepostas das peças será geralmente maior do que a resistência Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 5 de 15 efetiva de qualquer outra seção do circuito secundário e muito maior do que em qualquer outra superfície de contato existente. Todas as resistências envolvidas no circuito secundário da máquina estão em série e já que a mesma corrente passa em cada uma delas, o calor gerado em cada local é proporcional ao valor da resistência naquele ponto. Desta forma, o calor gerado na superfície de contato das peças é maior do que em qualquer outro ponto localizado no circuito secundário e, durante a primeira parte do intervalo de tempo de soldagem, ele é responsável pela entrada de calor na região de solda. O calor gerado no restante do circuito secundário é perdido e dissipado por radiação, convecção ou condução sendo auxiliados pela refrigeração à água. Existem 7 resistências conectadas em série, a saber: 1 Eletrodo superior 2 Contato entre eletrodo superior e chapa superior 3 Chapa superior 4 Contato entre chapas superior e inferior (superfícies sobrepostas) 5 Chapa inferior 6 Contato entre chapa inferior e eletrodo inferior 7 Eletrodo inferior Observando a figura 1, e tomando-se como base as informações anteriores, o calor será gerado em cada uma das seções na proporção da resistência de cada uma. Entretanto, o calor de soldagem é desejado apenas no item 4 e esforços devem ser feitos de forma a reduzir o máximo possível de calor nos outros pontos. No início de uma solda, a temperatura em todas as partes é representada por linhas verticais indicadas “temperatura da água”. O ponto de maior resistência é o 4, portanto, calor é rapidamente desenvolvido nesta região. Pontos de resistência mais significativos após aquele da região 4, são os da região 2 e 6 e a temperatura aumenta rapidamente nestes pontos também, mas não tão rápido como no ponto 4. Após cerca de 20% do tempo de soldagem ter transcorrido, o gradiente térmico é representado pela curva à esquerda na figura 1 (Metals Handbook 1993). A curva à direita representa o gradiente térmico no final do tempo de soldagem. Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 6 de 15 Figura 1- Pontos de calor nos eletrodos e gradiente de temperatura do tempo de soldagem. Fonte: Metals Handbook 1983, modificado. Quando as condições de soldagem são adequadamente controladas, a temperatura de soldagem é primeiramente alcançada em locais perto de 4, na interface entre as chapas. Durante o período de aquecimento, a região fundida cresce e se torna contínua para formar a lente de solda. Os gradientes térmicos mostrados na figura 1 são também afetados pela condutibilidade térmica relativa da chapa e eletrodos e pelo diâmetro, forma e velocidade de resfriamento dos eletrodos. Observa-se que o calor gerado nas regiões 4 e 6 são rapidamente dissipados em direção aos eletrodos de contato refrigerados à água 1 e 7, enquanto que o calor em 4 é parcialmente capturado e sua dissipação é muita mais lenta. Portanto, à medida que o tempo de soldagem avança, a taxa de aumento para o ponto 4 será muito mais alta do que em 2 e 6. A temperatura de soldagem é indicada pela linha vertical pontilhada. Em um solda perfeitamente controlada, a temperatura de soldagem seria atingida em uma área insignificante das superfícies sobrepostas e daria origem à lente de solda com o passar do tempo. A partir das considerações anteriores, é evidente a importância de controle dos parâmetros de soldagem, a saber: ciclo de soldagem, corrente de soldagem, força de eletrodo e tempo de soldagem. Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 7 de 15 2. EQUIPAMENTOS, MATERIAIS E MÉTODOLOGIA EXPERIMENTAL. 2.1. Equipamentos Foram utilizados um transformador Fase, com potência de 160kVA / 380V / 60Hz; com potência permanente 113kVA, para uma tensão secundária em circuito aberto com 20Vmáx, corrente de circuito máximo de 25kA; dinamômetro sensor development ing. e comando de solda digital fase. Ainda, eletrodos com a forma A, conforme figura 2, alicate de solda manual com capacidade de exercer uma força no eletrodo de até 150kgf e terminal digital de fase. Figura 2. Eletrodo em forma A. Fonte: Arquivo pessoal Para os corpos de prova, chapas de aço de 20mm x 5mm zincada eletroliticamente com 1mm de espessura, com composição química dada pelo fornecedor: C (0,005%) Si (0,01%), Mn (0,27%), P (0,018%), S (0,01%), Al (0,053%), Cr (0,03%), N (0,0065%) Estas chapas chegam a fábrica em bobinas e em seguida são desenroladas e cortadas com as medidas necessárias da peça a ser conformada. Após o corte as chapas são conformadas a frio e se tornam partes a serem soldadas nas carrocerias dos veículos. Nesta fase do trabalho, foi feito um levantamento das condições as quais a chapa zincada estava antes de começar o processo de soldagem, inspecionando-se principalmente alguma impureza que poderia interferir no processo de soldagem. Os testes foram feitos através de análises das características das chapas e no processo para a avaliação dos itens em estudo. Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 8 de 15 As chapas zincadas provinham da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e também da USIMINAS. Através do número de controle de cada chapa conseguimos saber o fornecedor e lote a qual a chapa pertence. As três chapas ensaiadas estavam atendendo os requisitos necessários, estando com suas propriedades dentro do padrão de qualidade. Foram feitos testes com chapas de aço de dupla face zincada eletroliticamente conforme DIN-EN 10131, com espessura de 0,99mm, para um limite de escoamento entre 160 a 220MPa, com alongamento de 680mm, mínimo 37%, e um limite de resistência entre 270 a 350. Foram soldados 17 corpos de prova utilizando transformadores de 160kVA, variando corrente e tempo de solda com o objetivo de alcançar os melhores parâmetros no processo de soldagem que atendessem as condições: diâmetro da lente de solda de no mínimo 4mm, qualidade visual e vida útil do eletrodo; e após as soldas foram feitos testes de arrancamento para verificar se a solda atende os requisitos previamente estabelecidos realizando assim alguns ensaios importantes para analisar as características estruturais das chapas (AWS C1.3-70). 2.1.1Características do material Foi selecionada a chapa utilizada no painel externo da tampa dianteira com as seguintes características: Norma: DIN-EN 10131; Espessura: 0.99mm; Variação (+ ou – 0.7mm); Peso da chapa: 10.381kg Características físicas e mecânicas Norma:DIN-EN 10152 DE + ZE 50/50; Limite de escoamento de 160 a 220MPa; Alongamento: 680mm (mínimo 37%); Limite de resistência: 270 a 350 Características da rugosidade1 Norma utilizada: SEP-1940; Cut off = 2.5mm; Lt = 15mm; Lm = 12,5mm, RA =0.7A 1.5µ (microns) 2.2 Metodologia Experimental 1 Dados fornecidos pelo fornecedor do material. Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 9 de 15 Com a finalidade de encontrar os melhores valores para variáveis de corrente e ciclo, para atender a qualidade do processo com redução no consumo de capa de eletrodo, o ensaio consistiu em soldar as chapas de aço dupla face zincadas eletroliticamente com um transformador de 160kVA. Após serem soldadas as chapas passaram por teste de arrancamento, tipo de teste mecânico mais comumente usado em soldas a ponto, usado para determinar a soldabilidade em todas as especificações automobilísticas. As razões para o amplo uso de teste destacam-se: facilidade de execução, baixo custo, e utilização em chão de fábrica como um teste de controle de qualidade. Assim, após os corpos-de-prova terem sido soldados, eles são levados a um dispositivo fixador e com auxílio de uma ferramenta apropriada, foram feitos testes de dobramento, fazendo-se o arrancamento da lente, como pode ser observado na figura 3. Em seguida mediu-se, com um paquímetro calibrado, o diâmetro do botão de solda em duas direções perpendiculares. A qualidade da solda é avaliada pelo diâmetro do botão de solda que ficará aderido a uma das partes após separação e para posterior análise do diâmetro da lente de solda e aspecto visual (ASME, 1996). Figura 3. Dimensões exigidas pela ASME para corpos de prova. Fonte: ASME, 1996 Utilizando um equipamento de solda que já estava em produção, optou-se em fazer o teste pelo método de manter uma força dn cilindro constante (150kgf), já que alteração desta variável não é recomendada devido a falta de pressão. Mantida a força do cilindro constante soldou-se 17 chapas variando o número de ciclos e a corrente. Na tabela 1 temos os valores utilizados para soldar cada chapa: Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 10 de 15 Tabela 1 – Número de ciclos e correntes utilizadas. (1c = 1/60 segundos) Chapa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Ciclos 4 4 4 5 5 5 6 6 6 7 7 7 7 8 8 9 9 Corrente 8 7 8.5 5 7.5 8 5 6 7 8.5 7 7.5 6.5 7 8 6 5.5 2.3 Sequência de soldagem: 1º passo: as chapas foram numeradas de 1 até 17; 1/2 2º passo: definição de eletrodo através da fórmula D = 5x(e) , onde D é o diâmetro (Ø) da face de contato de eletrodo e “e” a espessura da chapa; para espessura de 1mm temos: D = 5mm 3º passo: as chapas foram soldadas utilizando os valores da tabela 1, executando 5 pontos para cada chapa, para isso, os valores de ciclo e corrente foram alterados com o uso do terminal digital Fase. Para cada chapa soldada, a capa do eletrodo era substituída para evitar que o desgaste da capa prejudicasse a solda da próxima chapa; 4º passo: análise visual da solda. A análise visual da solda consiste em verificar se a solda não apresenta respingos e deformação. Essa análise é válida apenas para efeito de qualidade visual, não levando em consideração o aspecto estrutural da solda. 5º passo: as chapas passaram por teste de arrancamento. O quesito necessário para a aprovação da solda neste teste é que a ruptura não ocorra na solda e sim nas proximidades, e o ideal é que a lente de solda tenha um diâmetro médio (Ømédio) mínimo de 4mm (ASME 1996). 3 – RESULTADOS Foram selecionadas 3 chapas para o ensaio de tração as quais foram laminadas a frio e após ensaio foram encontrados os seguintes valores: Tabela 2 – Valores encontrados nas chapas após ensaio de tração Esp. da chapa Limite escoamento Limite Resistência Alongamento Material Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo (%) (%) 1 0.98 0.93 192 187 306 305 42 38 Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 11 de 15 2 1.00 0.96 172 170 306 305 41 40 3 0.99 0.92 188 179 306 305 40 39 3.1 Qualidade visual dos pontos de solda A figura 4 abaixo mostra 16 das 17 chapas após serem soldadas, antes de passarem pelo teste de arrancamento. Figura 4 – Chapas de 1 até 16 Para melhor visualização e interpretação do resultado do teste de arrancamento, apresentamos a tabela 3 que mostra o diâmetro médio das lentes de solda obtidas nos ensaios. Observação importante diz respeito aos pontos que apresentam lente de solda com valores iguais a zero, pois estes foram os que romperam na solda e não no metal base. Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 12 de 15 Tabela 3 - Diâmetro Médio da lente de solda obtida (mm) CHAPA 1º PONTO 2º PONTO 3º PONTO 4º PONTO 5º PONTO MÉDIA 1 2 3 5 6 7 8 9 10 11 13 14 15 16 17 0 2 0 5 4.2 2.7 4.2 3.7 4 4.2 4.5 2.8 4.8 3.7 3.6 0 4 4.4 4.3 4.2 3.2 4.5 3.5 3.7 4.5 4.5 3 4 3.7 4.3 2.3 3.7 3.8 3.8 4.2 3.2 4.5 3.9 3.9 4.4 4.5 2.8 4.5 3.7 3.9 2.3 4.2 4.1 4.1 4.1 3.2 3.5 4 4.4 4.5 4.5 2.3 4.3 3.7 4.3 2.3 3.8 3.8 4.1 4.2 3.2 3.5 3.3 1.8 4.2 4.5 3.4 4.3 4.6 4.3 1.38 3.54 3.22 4.26 4.18 3.1 4.04 3.68 3.56 4.36 4.5 2.86 4.38 3.88 4.08 A tabela 4 apresenta o aspecto visual dos pontos de solda obtidos: chapa 1 2 3 4 5 6 7 Qualidade M M M R B B R 8 R 9 10 11 12 13 14 15 16 17 R R B B M M R B B Onde: Qualidade visual boa (B): solda não apresenta deformação e respingos; Qualidade visual média (M): solda apresenta poucos respingos e baixa deformação (redução da espessura da chapa na região da solda); Qualidade visual ruim (R): alta incidência de respingos e alta deformação. 4. DISCUSSÕES E CONCLUSÃO Durante os ensaios verificamos que todas as soldas realizadas com correntes acima de 7,4KA apresentaram alta incidência de fagulhas e maior abrasão dos eletrodos devido à alta temperatura, que causa a reatividade química (ligação) entre o zinco e os eletrodos de cobre, formando uma camada isolante na superfície do eletrodo, reduzindo assim a vida útil do eletrodo. Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 2ª edição - setembro de 2014 - página 13 de 15 É válido lembrar que a vida útil reduzida significa aumento no consumo de eletrodo, e consequentemente o aumento no custo de produção. Ainda, o acumulo de zinco na capa do eletrodo ocorre normalmente para qualquer parâmetro de solda adotado, mas para correntes acima de 7,4KA verificou-se que esse problema se agrava. Após todos os testes de arrancamento, foram poucos os corpos de prova que atenderam a condição de apresentarem uma lente de solda com diâmetro mínimo 4mm (ASME 1996). Com 9 ciclos observamos que a partir de 5,6KA atende a condição, com 6 ciclos a partir de 7,4KA, com 7 ciclos a partir de 7KA. Deste ensaio conclui-se, que o melhor parâmetro para soldagem de chapas dupla face, zincada eletroliticamente tem como características um tempo de solda de 9 ciclos; uma corrente: de 5,6 a 6KA; e uma força no eletrodo de 150kgf. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 1. ASM Metals Handbook: Welding and Brazing, Vol. 6A, 1993; D.L. Olson, G.R. Edwards, S. Liu, 1299 pág. 2. AWS C1.3-70 Recomended Practices for Resistance Welding Coated Low Carbon Steels. 3. ASME Boiler and Pressure Vessel Code, Section IX welding and Brazing Qualifications, Date of Issue: December 31, 1996. 4. DIN EN 10131: 1992-01 5. INTERMACHINERY , Soldagem a Ponto de Chapas Zincadas, 2000 6. KEARNS, W. H. Welding Handbook: Resistance and Solid-State Welding and Other Joining Processes. Miami: American Welding Society, 1984. 7. MACHADO, I.V. Soldagens e Técnicas Conexas: Processos. 1996 8. 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