Clique aqui para ver o Guia de Fauna da Região da

Transcrição

Clique aqui para ver o Guia de Fauna da Região da
Elaboração
Realização
Acionistas
Autores
André Barcellos Silveira
André de Mendonça Lima
Carla Elisabete Steffler
Dagoberto Port
Fabiana Teixeira de Castro
Fernanda Trierveiler
Giovanni Vinciprova
Nelson Jorge Esquivel Silveira
Produção
Coordenação:
Fábrica de Comunicação
Ellen Sezerino
[email protected]
Projeto Gráfico e Capa:
Rodrigo Lóssio
[email protected]
Diagramação:
Márcio Labes Fukuda
[email protected]
Apresentação
A Usina Hidrelétrica Campos Novos está localizada no rio Canoas, no planalto de Santa Catarina, na divisa dos municípios
de Campos Novos e Celso Ramos. A região atingida pelo lago da
usina engloba os municípios de Campos Novos, Celso Ramos,
Abdon Batista e Anita Garibaldi.
A ENERCAN - Campos Novos Energia S.A. - é a empresa responsável pela construção do empreendimento, que tem uma
potência instalada de 880 MW fornecida por três turbinas de
293 MW cada uma. A energia gerada pela hidrelétrica é equivalente a 1/4 do consumo do Estado de Santa Catarina
Com relação à vegetação, a área do empreendimento é abrangida pela Mata Atlântica que, pela destruição do hábitat e elevado
grau de endemismo, é uma das florestas mais importantes para
a conservação mundial.
Nas páginas a seguir encontram-se informações, características
(descrição física, alimentação, reprodução, hábitat) e curiosidades sobre algumas espécies de vertebrados de interesse popular
e que podem ser encontradas nas áreas de influência do empreendimento. Muitos destes aspectos podem ser facilmente observados pela população, despertando o interesse da mesma pela
preservação dos animais e dos ambientes em que eles ocorrem.
O guia destina-se à população em geral, servindo como subsídio
para pesquisas, trabalhos escolares e de turismo ambiental.
Localização
mamíferos
59 Sabiá-coleira
60 Tico-tico
61 Trinca-ferro
62 Cabecinha-castanha
63 Papo-preto
64 Tiê-preto
65 Saíra-viúva
66 Pula-pula-assobiador
répteis
16 Flamenguinho
17 Sapo-cururu
18 Perereca-chica
19 Perereca-do-banheiro
20 Perereca-verde-do-brejo
21 Sapo-martelo
22 Rã-cachorro
23 Rã-crioula
24 Sapo-guarda
25 Rã-touro
28 Cobra-de-vidro
29 Lagartixa-preta
30 Lagarto-teiú
31 Cobra-cega
32 Boipeva
33 Boipeva-serrana
34 Cobra-coral-verdadeira
35 Cobra-d’água
36 Cobra-lisa
37 Jararaca
38 Jararaca-pintada
aves
anfíbios
Índice
42 Gavião-carijó
43 Carrapateiro
44 Marreca-piadeira
45 Seriema
46 Rolinha-roxa
47 Pariri
48 Tiriba-de-testa-vermelha
49 Corujinha-do-mato
50 Beija-flor-de-topete
51 Tucano-de-bico-verde
52 Picapauzinho-verde-barrado
53 Arapaçu-verde
54 Choca-da-mata
55 Bem-te-vi-rajado
56 Suiriri
57 Dançador
58 Sabiá-laranjeira
70 Gambá
71 Tamanduá-mirim
72 Tatu-galinha
73 Morcego-vampiro
74 Morcego-fruteiro
75 Bugio-ruivo
76 Graxaim-do-mato
77 Quati
78 Mão-pelada
79 Irara
80 Gato-maracajá
81 Jaguatirica
82 Onça-parda
83 Veado-mateiro
84 Glossário
88 Dicas e locais
de observação
89 Bibliografia sugerida
Como usar o guia
Organização do guia
As espécies estão organizadas seguindo a sua classificação zoológica, ou seja, agrupadas conforme o parentesco.
Cada espécie está ilustrada por uma fotografia. Para cada espécie são fornecidas informações sobre aspectos gerais de sua
vida. Esses aspectos, na ordem em que aparecem no texto, são:
descrição física (cor, formato, tamanho), distribuição geográfica, ambiente, alimentação, reprodução e curiosidades.
Que tal tentarmos conhecer mais estes bichos e assim aumentar
nossa compreensão sobre eles? Até que não é tão difícil, afinal,
eles são nossos vizinhos; só requer um pouco de tempo e paciência.
Principais características dos vertebrados
Dos vertebrados, há dois grupos considerados de “sangue frio”
– os anfíbios e os répteis. Nesses animais, o controle da temperatura do corpo é feito através do comportamento: o animal fica
sob o sol para se esquentar (“lagarteando”), e vai para a sombra
e para a água quando a temperatura corporal sobe muito.
Como diferenciar anfíbios de répteis? É fácil. Os anfíbios possuem duas fases de vida bem distintas. O jovem é aquático (girino) e se parece com um pequeno peixe, sem patas e com guelras. À medida que cresce, ele sofre metamorfose, isto é, adquire
patas, perde a cauda e as guelras e passa a ser um adulto, que
vive em terra e respira através de pulmões. Quanto aos répteis,
sua pele é seca e possui escamas, ao contrário da dos anfíbios,
que é lisa e úmida.
As aves e os mamíferos são considerados animais de “sangue
quente”, ou seja, a temperatura do corpo se mantém estável independente do ambiente estar muito quente ou muito frio.
Distinguir as aves dos mamíferos também é muito fácil. As aves
possuem penas, se reproduzem por ovos e a maioria é voadora.
Já os mamíferos possuem o corpo coberto por pêlos, e as mães
alimentam seus filhotes com leite. Essas são características exclusivas dos mamíferos, que nenhum outro tipo de animal possui.
Glossário
No glossário é dada a definição dos termos utilizados no texto.
Essas palavras fazem parte do vocabulário científico, e são originadas de outras palavras em outras línguas, principalmente o
grego e o latim.
Chave de símbolos
Junto com a foto de cada animal, encontram-se os símbolos
representando, respectivamente: período de atividade, aspecto
comportamental, ambiente preferido e hábito alimentar.
Esses símbolos são generalizações, e maiores detalhes sobre a
espécie podem ser encontrados no respectivo texto. Em alguns
casos, pode aparecer uma tarja vermelha sobre a foto, com o
significado de que aquela espécie está ameaçada de extinção
segundo a Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
(IBAMA 2003). O significado dos símbolos está representado
nas páginas seguintes.
Período de atividade
Diurno: animal que exerce suas atividades,
ou a maior parte delas, durante o dia.
Noturno: animal que exerce suas atividades,
ou a maior parte delas, durante a noite.
Diurno-noturno: animal que exerce suas
atividades independente do período.
Aspecto comportamental
Solitário: espécie que tem hábitos
solitários a maior parte do tempo.
Em pares: espécie que anda em duplas.
Gregário: espécie que anda
em grupos ou bandos.
Ambiente preferido
Aquático: animal que habita o meio líquido
ou ambientes com bastante água.
Semi-aquático: animal que utiliza ambientes
terrestres e aquáticos, na zona de transição entre
estes.
Terrícola: animal que habita
o ambiente terrestre.
Arborícola: organismo que vive nas árvores,
ou passa a maior parte da vida sobre elas.
Aéreo: animal que utiliza o espaço
aéreo a maior parte do tempo.
Status de conservação
Ameaçada
Hábito alimentar
Carnívoro: animal que se alimenta
quase exclusivamente de carne.
Insetívoro: animal que se alimenta
quase exclusivamente de insetos.
Onívoro: animal que se alimenta
de uma variedade de itens, incluindo
plantas, frutos, grãos e outros animais.
Frugívoro: animal que se alimenta
predominantemente de frutos.
Granívoro: animal que se alimenta
predominantemente de grãos e sementes.
Folívoro: animal que se alimenta quase
exclusivamente das folhas das plantas.
Hematófago: animal que se alimenta
quase exclusivamente de sangue.
Anfíbios
Flamenguinho
Melanophryniscus gr. tumifrons
Espécie de pequeno porte, mede de 2 a 3 cm. Tem coloração escura, geralmente preta, com manchas vermelhas ou alaranjadas
na barriga e nas palmas das mãos e pés. O corpo é coberto de
verrugas, com um tubérculo grande na ponta do focinho entre
os olhos. Sabe-se que ocorre no RS e SC. É comum na área do
reservatório durante a época reprodutiva. São noturnos, vocalizando na beira de córregos e banhados com água corrente. Alimentam-se de insetos, em especial de formigas. São avistados
somente durante a época de reprodução (agosto e setembro).
As fêmeas são maiores que os machos, sendo comum encontrar
vários machos agarrados a uma única fêmea. Quando manuseados, assumem uma postura defensiva: ficam imóveis, encolhendo-se e mostrando as partes coloridas das patas e do ventre
(veja detalhes na figura acima).
16
anfíbios
Sapo-cururu
Bufo ictericus
Mede entre 10 a 15 cm. Corpo coberto por verrugas, com duas
grandes glândulas paratóides de veneno dos lados da cabeça.
Os machos podem ser castanhos ou amarelados; as fêmeas
são manchadas; nos dois sexos o ventre é claro com manchas
castanhas. Ocorrem desde o nordeste até o sul do Brasil, em
regiões serranas, sendo muito comuns na área do reservatório.
São animais terrestres, ocorrendo em áreas florestadas ou
abertas. São encontrados em banhados, córregos e lagoas. Fora
do período de atividade escondem-se sob pedras e troncos
caídos. Comem insetos, minhocas e até pequenos mamíferos.
Reproduzem-se principalmente de julho a janeiro. O veneno
desta espécie pode causar alguns problemas para o homem,
sendo afetado se, após o manuseio dos animais, colocam as mãos
na boca ou nos olhos sem lavá-las. É um veneno cumulativo,
podendo não causar reações no primeiro contato, e sim após
vários manuseios.
anfíbios
17
Perereca-chica
Hyla minuta
Perereca de pequeno porte, mede de 2 a 3 cm. O dorso é castanhoalaranjado, castanho ou bege, algumas vezes esbranquiçado,
com duas listras longitudinais paralelas mais escuras; o ventre
é claro, com saco vocal amarelo vivo nos machos. Distribuem-se
pelo sudeste e sul do Brasil, sendo a espécie mais comum da área
do reservatório. São animais subarborícolas, mas geralmente
ocupam as bordas das lagoas, banhados e poças, onde ficam
sobre a vegetação aquática. Alimentam-se de pequenos insetos.
Durante os meses de setembro a fevereiro ocorre o período
reprodutivo, quando a fêmea coloca de 150 a 350 ovos sobre
as plantas aquáticas. Nessa época, os numerosos machos que
ocupam um determinado corpo d’água vocalizam em conjunto,
realizando concertos ruidosos. O canto é estridente, que
apresenta variações.
18
anfíbios
Perereca-do-banheiro
Scinax fuscovarius
Mede de 3,5 a 5 cm. O corpo é de coloração castanho-escura ou
castanho-acinzentada, com um padrão de estrias escuras e claras, que varia em cada indivíduo. O ventre é claro com manchas
escuras; o saco vocal, nos machos, é negro. Apresentam uma
cor amarela viva, com manchas escuras na parte interna das coxas. São comuns no sudeste e sul do Brasil, assim como na área
do reservatório. São animais de áreas abertas, podem ser encontrados nas margens dos banhados, lagoas, poças e qualquer
outro corpo d’água parada. Ficam, geralmente, sobre o solo,
mas podem ocupar os arbustos. Alimentam-se de insetos. As
fêmeas colocam cerca de 1.500 a 2.000 ovos sobre a vegetação
aquática, nos meses de primavera e verão. Causam muitos sustos quando encontradas nos banheiros das casas. Dizem que a
secreção líquida que esse animal ejeta quando molestado causa
“cobreiro”, mas isso é lenda.
anfíbios
19
Perereca-verde-do-brejo
Sphaenorhynchus surdus
Espécie de pequeno porte, medindo de 2 a 4 cm. De coloração
verde vivo, com listras claras e escuras laterais e, geralmente,
pequenos pontos pretos no dorso. O ventre é verde claro. São
endêmicos da Mata Atlântica, ocorrem no sudeste e sul do
Brasil, sendo raras na área do reservatório. Ocorrem em corpos
d’água como açudes, banhados e lagoas, sempre nas partes mais
profundas, onde ocupam a vegetação aquática. Alimentam-se
de insetos. É uma espécie ameaçada de extinção no Rio Grande
do Sul. Como são animais raros, existe pouca informação sobre
eles, o que torna muito importante seu registro na região.
20
anfíbios
Sapo-martelo
Hyla faber
Mede de 8 a 10 cm. Possui o dorso bege, alaranjado ou castanho,
com uma listra vertebral que inicia no focinho e se estende até
o final do corpo; o ventre é branco. Os machos possuem saco
vocal negro. Distribui-se desde o nordeste até o sul do Brasil.
Na época de reprodução, podem ser encontradas em corpos
d’água grandes e permanentes, em áreas florestadas ou áreas
abertas. Fora do período reprodutivo, ficam sobre as árvores.
Alimentam-se de insetos. As fêmeas colocam de 3.000 a 4.000
ovos nos meses de dezembro a fevereiro. Na época reprodutiva os
machos ficam dentro d’água, nas bordas das lagoas ou banhados,
fazendo ali um ninho em forma de bacia. Eles vocalizam de
dentro dos ninhos chamando as fêmeas para o amplexo. São
territoriais, sendo comum terem cicatrizes obtidas em brigas.
O nome popular se deve ao canto semelhante a marteladas em
objeto metálico.
anfíbios
21
Rã-cachorro
Physalaemus cuvieri
Mede de 2,5 a 3,5 cm. A coloração dorsal é variável, de bege a
castanho escuro, podendo ser acinzentada, com manchas de formato variado. Apresentam uma faixa escura larga nas laterais,
desde o focinho até a cintura. O ventre é branco, manchado de
escuro no peito e na garganta; o saco vocal dos machos é preto.
Ocorrem desde o nordeste até o sul do Brasil, sendo comuns na
área do reservatório. É uma espécie de áreas abertas, podendo
ser encontrada em bordas de mato, sob troncos e pedras fora do
período de atividade. À noite vocalizam nas bordas das lagoas,
açudes e banhados. Alimentam-se de insetos. As fêmeas colocam de 400 a 700 ovos, em ninho de espuma, flutuante, preso
à vegetação, durante os meses de setembro a fevereiro. Quando
vocalizam, inflam o corpo, boiando em posição característica.
Seu canto é semelhante ao latido de um cachorro, o que lhe confere o nome popular.
22
anfíbios
Rã-crioula
Leptodactylus ocellatus
Mede até 13 cm. O dorso é castanho ou castanho-esverdeado, com
listras escuras e manchas castanhas, arredondadas, marginadas
de branco. Possuem uma mancha (ocelo) maior entre os olhos,
que lhes dá o nome “ocellatus”. O ventre é branco. Os machos
apresentam os membros anteriores muito grossos e fortes, com
um espinho preto no primeiro dedo. Ocorrem em todo o Brasil.
Habitam áreas florestadas e abertas, ocupando as margens
dos corpos d’água. São carnívoras, comendo desde insetos
até outros anuros, além de pequenos mamíferos e filhotes de
aves aquáticas. As fêmeas colocam milhares de ovos em um
ninho de espuma, e cuidam dos girinos, podendo atacar um
predador ferozmente. Produzem uma secreção escorregadia,
que é liberada quando manipuladas, favorecendo a fuga. É uma
espécie comestível.
anfíbios
23
Sapo-guarda
Elachistocleis ovalis
Espécie de porte pequeno, mede de 2 a 4,5 cm. A coloração dorsal é castanha, ou castanho-amarelada. O corpo possui forma
triangular, com cabeça curta e pontuda. O ventre é amarelado
ou amarelo vivo, e o saco vocal dos machos é preto. Ocorrem
no sul do Brasil e são comuns na área do reservatório. Habitam
campos abertos, e possuem hábitos subterrâneos. Alimentamse de cupins e formigas. A fêmea deposita de 300 a 700 ovos na
superfície da água, durante os meses de outubro a fevereiro. O
canto desses animais é um assovio estridente.
24
anfíbios
Rã-touro
Rana catesbeiana
Espécie exótica e de grande porte, medindo de 9 a 20 cm, e
chegando a pesar mais de 1 kg. Sua coloração é marrom esverdeada, com ou sem manchas escuras. O ventre é claro, com
algumas manchas castanhas. Essa espécie foi introduzida no
país por criadouros comerciais e hoje pode ser encontrada em
toda a região sul, sendo incomum na área do reservatório. É
uma espécie aquática, habitando lagoas, açudes e banhados.
São carnívoras e podem comer desde insetos até outros anfíbios, peixes, répteis, aves e mamíferos. As fêmeas colocam cerca
de 20.000 ovos, envoltos em uma massa gelatinosa. A grande
quantidade de ovos produzidos, o tamanho corporal e a agressividade desses animais facilitam sua dispersão. Podem causar
danos à fauna nativa, pois, como são carnívoras, podem auxiliar
na extinção local de algumas espécies de vertebrados. São rãs
comestíveis.
anfíbios
25
Répteis
Cobra-de-vidro
Ophiodes cf. striatus
Espécie de porte médio, mede até 40 cm. O corpo é alongado,
sem membros, possuindo dois apêndices vestigiais próximo à
cloaca. A cauda é muito mais longa que o corpo, e possui muitos pontos de autotomia (de quebra). Sua forma geral lembra
uma serpente, por isso são chamados de cobras. A coloração
do corpo é verde brilhante, com estrias longitudinais escuras.
Distribuem-se no sul do Brasil. Ocorre nos campos e matas,
com hábitos semi-fossoriais. Comem principalmente insetos,
mas podem predar minhocas e outros animais subterrâneos.
São vivíparos. Possuem a habilidade de “quebrar” quando
capturados, ou seja, soltam a cauda quando segurados por ela
(habilidade de alguns lagartos). Como a cauda é muito longa, e
as pessoas não conseguem definir o limite entre ela e o corpo,
acreditam que esse lagarto quebra o corpo ao meio.
28
répteis
Lagartixa-preta
Tropidurus torquatus
Espécie de porte pequeno, mede até 30 cm de comprimento,
incluindo a cauda. Possui coloração escura com manchas mais
claras. Ocorre em todo o Brasil, exceto na Amazônia, sendo
comuns na área do reservatório. Estão sempre associados a
formações rochosas expostas, geralmente em borda de mata.
Também são comuns em áreas alteradas pelo homem. Alimentam-se de artrópodes, principalmente formigas, vespas,
aranhas, besouros e larvas de insetos. Os exemplares maiores
podem comer vegetais. São ovíparos. As fêmeas colocam de 6 a
8 ovos, uma vez por ano, durante a estação chuvosa. Podem ser
encontrados nos muros de casas e nas taipas. Fogem ao menor
sinal de perigo, sendo difíceis de capturar. Costumam ser encontrados em grandes grupos sobre a mesma pedra, tomando
sol nas horas mais quentes do dia durante o inverno, e no início
da manhã e final da tarde durante os meses mais quentes.
répteis
29
Lagarto-teiú
Tupinambis merianae
Espécie de grande porte, mede até 2 m de comprimento, sendo
a cauda maior que o restante do corpo. Possuem o corpo escuro,
com manchas claras; a cauda é anelada de preto e branco. Os
filhotes apresentam coloração mais viva, verde manchada de
preto. Ocorrem em quase todo o Brasil, sendo comuns na área
do reservatório. Habitam as matas, saindo para áreas abertas
em busca de alimento. São onívoros, comendo vegetais, frutos,
insetos, anfíbios, pequenos mamíferos e outros répteis, não
desprezando nem mesmo carcaças de animais mortos. São
ovíparos. São animais agressivos quando molestados, podem
morder e desferem chicotadas com a longa cauda, causando
ferimentos doloridos. É comum lutarem com cachorros. Além
disso, são famosos “ladrões de galinheiro”, comendo ovos e
pintos. Por isso, muitas vezes, são mortos pelos homens do
campo.
30
répteis
Cobra-cega
Amphisbaena sp.
Espécie de porte pequeno a médio, medindo desde 10 até 50 cm.
Seu corpo é alongado, sem patas. A coloração é parda-rosada,
uniforme, podendo ser mais clara na região ventral. Ocorrem
em todo o Brasil, sendo comuns em toda a área do reservatório.
São animais subterrâneos, podendo ser encontrados sob pedras
e troncos, principalmente depois de alguma chuva. Alimentamse de insetos e minhocas. São ovíparas. Podem ser encontradas
nas hortas, pelos agricultores, que as confundem com serpentes. Costumam ser agressivas, mordendo quando manipuladas;
suas mordidas são inofensivas, não passando de um beliscão.
répteis
31
Boipeva
Waglerophis merremii
Espécie de porte médio, mede até 1,5 m. Possui coloração
parda com manchas laterais mais escuras imitando o grupo
das jararacas, principalmente as cruzeiras. Distribuem-se
desde o Brasil central até o Sul, extremamente comuns na área
do reservatório onde são conhecidas como urutus-amarelas.
Habitam as matas, mas podem ser encontradas em campo
aberto e nas bordas de banhados. Alimentam-se de anfíbios,
principalmente sapos, sendo uma das únicas espécies imunes
ao veneno desses anuros. São ovíparas, podendo colocar mais
de 30 ovos. Apresentam comportamento agressivo, achatandose no chão para parecerem maiores, abrem a boca e dão muitos
botes. Possuem um par de dentes grandes no fundo da boca,
que usam para perfurar os pulmões dos sapos, esses dentes se
assemelham às presas das jararacas, e são visíveis quando o
animal escancara a boca para assustar os predadores. Apesar de
tudo isso, são completamente inofensivas.
32
répteis
Boipeva-serrana
Xenodon neuwied
Mede de 30 a 80 cm. O corpo tem coloração parda com manchas
oblíquas, claras e escuras, imitando as jararacas. Ocorrem
associadas às matas com Araucária, no Sul e Sudeste do Brasil.
São comuns na área do reservatório. Percorrem o solo das matas
que habitam em busca de anfíbios, principalmente sapos, dos
quais se alimentam. São imunes ao veneno desses anfíbios. São
ovíparas. Podem apresentar um comportamento semelhante
às boipevas-comuns, achatando-se no chão, triangulando a
cabeça, e dando botes. Mesmo assim, são inofensivas. Os sapos
costumam inflar o corpo quando abocanhados, enchendo os
pulmões de ar. Como as boipevas-serranas possuem dentes
desenvolvidos no fundo da boca, os utilizam para perfurar os
pulmões dos sapos e assim poder engoli-los. Em função desses
dentes maiores, sua mordida é bastante dolorida.
répteis
33
Cobra-coral-verdadeira
Micrurus altirostris
Espécie de pequeno porte, medindo de 40 cm a 1 m. Tem coloração
viva, com o corpo coberto por anéis vermelhos, amarelos e
pretos. Espécie típica do sul do Brasil e muito comum na área
do reservatório. Apresenta hábitos subterrâneos, alimentandose de animais serpentiformes, inclusive outras serpentes,
mesmo as peçonhentas. Costumam colocar ovos no interior
de formigueiros e cupinzeiros. As corais possuem o veneno
mais tóxico entre as serpentes brasileiras, mas os acidentes são
raros, devido ao seu tamanho e comportamento. São calmas,
não dão botes e sempre procuram fugir. Dizem que as corais
picam com o rabo, o que é uma lenda. Isso pode ser explicado
pelo comportamento dos machos que, quando incomodados,
costumam erguer a cauda formando uma argola. Essa argola
permite mostrar os órgãos sexuais, chamados hemipênis,
cheios de espinhos. Os espinhos assustam as pessoas, que os
consideram venenosos, mas na realidade são inofensivos.
34
répteis
Cobra-d’água
Helicops infrataeniatus
Espécie de porte pequeno, medindo entre 30 e 80 cm. A
coloração do dorso é escura, com listras longitudinais, o ventre
pode ser branco, amarelo ou vermelho, com listras ou padrão
xadrez preto. Distribuem-se desde o sudeste até o sul do Brasil,
e extremamente comuns na área do reservatório. São facilmente
encontradas nos açudes, banhados, campos alagados e em
quase qualquer corpo d’água. Alimentam-se principalmente de
peixes, mas também podem comer pequenas rãs. São vivíparas,
podendo parir cerca de 25 filhotes por gestação. Muito agressivas
quando molestadas, mas suas mordidas são inofensivas. Essas
serpentes costumam abocanhar os peixes presos em redes e
anzóis, assim, é comum serem encontradas por pescadores que
acabam por matá-las desnecessariamente.
répteis
35
Cobra-lisa
Liophis miliaris
Serpente de médio porte, medindo até 1 m. A coloração varia
de verde azulado a verde musgo escuro. As escamas são muito
brilhantes, dando um aspecto úmido à serpente. O ventre pode
ser branco ou amarelo vivo, com bordas negras nas escamas.
Os filhotes possuem coloração diferenciada dos adultos, sendo verdes com pequenas manchas pretas e cabeça toda negra.
Ocorrem em quase todo o Brasil e são muito comuns na área do
reservatório. Ocupam tanto o ambiente aquático como o terrestre, podendo ser encontradas em banhados, lagoas e poças de
água parada. Alimentam-se de anfíbios e peixes, não sendo incomum tentarem comer animais grandes demais. São ovíparas.
Não costumam morder, e são inofensivas. Quando molestadas,
exalam um cheiro fétido, assustando os predadores. Além disso, os filhotes costumam achatar a parte anterior do corpo para
parecerem maiores.
36
répteis
Jararaca
Bothrops jararaca
Serpente de porte médio, em torno de 1,5 m. Tem coloração que
varia do cinza ao preto, com manchas nas laterais do corpo. São
comuns em todo o Brasil, do nordeste ao sul, e ocorrem em todo
o reservatório. Habita principalmente as matas, mas pode ser
encontrada em campos e lavouras. Alimenta-se basicamente de
roedores, mas pode comer rãs, lagartos e até algumas aves. São
vivíparas. As jararacas são agressivas, possuem dentes grandes,
e dão botes que geralmente alcançam a distância máxima de
um terço do comprimento da serpente. Seus filhotes possuem a
ponta da cauda branca. São peçonhentas, podendo causar acidentes graves para o homem e para outros animais. Elas se camuflam entre as folhas do chão da mata e movimentam a cauda,
como se fosse uma minhoca, a fim de atrair suas presas.
répteis
37
Jararaca-pintada
Bothrops neuwiedi
Serpente de porte médio, medindo 1,5 m. Possui coloração parda,
clara ou escura, muitas vezes com tons rosados ou alaranjados
e manchas nas laterais em forma triangular. Ocorrem em todos
os Estados brasileiros, onde a cor e o tamanho podem variar
de acordo com a região. São raras na área do reservatório. São
animais de campo, mas também podem ser encontradas nas
matas. Alimentam-se principalmente de roedores. São vivíparas.
Desferem botes, estando entre as mais agressivas do grupo das
jararacas. São peçonhentas, e seu veneno causa muita dor e
sangramento, podendo haver perda do membro afetado, efeito
comum em acidentes com jararacas. Seus filhotes possuem a
ponta da cauda branca, que usam como isca para capturar seu
alimento, principalmente rãs e lagartos.
38
répteis
Aves
Gavião-carijó
Buteo magnirostris
Pode ser considerado uma ave de rapina de porte médio, com
cerca de 40 cm. Possui listras na parte de baixo do corpo, horizontais no ventre e verticais no peito. A cabeça e o dorso são
marrom-escuros. É comum em todo o Brasil. Habita bordas de
matas, campos pouco ou bastante arborizados, áreas rurais e
capoeiras. Pode ser visto só ou aos pares, pousado em algum
ponto panorâmico ou executando vôos de exibição, quando é
possível ouvir seu som característico. Alimenta-se de lagartos, cobras, ratos, pássaros e sapos, não dispensando insetos
como gafanhotos e cupins. O ninho geralmente é em um local
alto, onde o casal se reveza para cuidar dos filhotes. Apesar da
acusação de matar pintos e galinhas, os benefícios exercidos
pelo gavião-carijó são maiores do que eventuais danos aos animais domésticos. Com sua atividade predatória, eles controlam
a quantidade de animais que podem representar prejuízo ao
homem, como roedores e insetos.
42
aves
Carrapateiro
Milvago chimachima
Mede cerca de 40 cm, apresentando aparência mais esguia do
que o gavião-carijó. Possui o dorso e as asas marrom-escuros
e o restante do corpo amarelo-claro. É um falcão habitante
de áreas abertas (campo, pastagens, áreas agrícolas) de quase
toda a América do Sul. Os falcões se distinguem dos gaviões
principalmente pelas asas mais estreitas e pontiagudas, o que
lhes confere maior poder de manobra em vôo. Alimentam-se
de roedores, répteis, insetos, frutos e carniça. O ninho é uma
plataforma, onde a fêmea deposita 1 ou 2 ovos de cor branca.
Pode ser visto em pares mesmo fora da época reprodutiva, ou
acompanhados de filhotes crescidos, que se distinguem dos pais
pela coloração estriada. O nome carrapateiro vem do hábito de
pousar junto ou sobre o dorso de bois e cavalos, eventualmente
retirando algum parasita da pele, como carrapatos e pulgas. É
oportunista, podendo ser encontrado na beira de estradas, à
procura de algum pequeno animal morto ou moribundo.
aves
43
Marreca-piadeira
Dendrocygna viduata
Possui cerca de 50 cm. A combinação de preto e branco na cabeça e as listras finas nos flancos a distinguem de qualquer outra
ave aquática. É encontrada em todo o Brasil, não sendo muito
comum na área da UHE Campos Novos. Vive em banhados e
outros tipos de águas paradas. Possui pés palmados, adaptados
à vida aquática, e bico especializado para filtrar a água e colher
pequenas plantas e animais dos quais se alimenta. Nidifica entre as palhas no banhado, e pode colocar até 12 ovos. Costuma
realizar vôos noturnos, a grandes alturas, deslocando-se de um
corpo d’água para outro. Nestas ocasiões, é possível ouvir o seu
assovio “vi-vi-ví”. Como é muito procurada pelos caçadores por
sua carne, deve-se ressaltar que seu abate é considerado um
crime ambiental.
44
aves
Seriema
Cariama cristata
É uma ave alta, chegando a medir cerca de 90 cm, pois possui
pernas e pescoço longos. Possui um topete na frente do bico e os
olhos são protegidos por cílios grossos. É encontrada em quase
toda a América do Sul abaixo da Amazônia. Vive nos campos,
de capim alto ou baixo, nativos ou alterados pelo homem. É um
animal carnívoro, alimentando-se de serpentes, lagartos, insetos, ratos e outros pequenos mamíferos. Apesar de viver a maior
parte do tempo no solo, a seriema constrói o ninho protegido no
alto de árvores. Encontrada em casais ou pequenos grupos que
se comunicam entre si por meio de uma voz alta e lamentosa,
tão forte que pode ser ouvida a quilômetros de distância.
aves
45
Rolinha-roxa
Columbina talpacoti
Atinge no máximo 18,5 cm. Como todas as pombas, possui uma
cabeça pequena comparada com o tamanho do corpo, patas curtas e corpo compacto, de vôo veloz. Macho e fêmea apresentam
dimorfismo sexual: ambos possuem plumagem cor-de-vinho, a
qual é a inspiração de seu nome popular; a fêmea é mais acinzentada e o macho possui cabeça cinza-azulada. Ocorre em todo o
Brasil. Vive em capoeiras, borda de florestas, parques, jardins,
áreas cultivadas e áreas urbanas. Alimenta-se de sementes e
pequenas frutas que coleta no chão. O ninho é um entrelaçado
de gravetos, onde são depositados 2 ovos de cor branca. A incubação dura mais ou menos dez dias. Os pais produzem um
líquido nutritivo no papo com o qual alimentam seus filhotes.
Este líquido lembra o leite e é chamado “leite-de-pomba”.
46
aves
Pariri
Geotrygon montana
Mede cerca de 25 cm de comprimento. Possui coloração pardoavermelhada, além de uma linha branca característica abaixo
do olho, mais marcada no macho. A cauda é curta. Pode ser encontrada em praticamente todo o Brasil, sendo rara na área do
reservatório. Habita o interior de florestas com vegetação densa. Alimenta-se geralmente no solo, onde procura frutos caídos,
comendo tanto a polpa quanto a semente. Também come artrópodes. Geralmente coloca 2 ovos brancos em um ninho feito
de gravetos. A voz lembra a da juriti-pupu, porém é mais simples (“pú”). A pariri se desloca em silêncio no solo da floresta, e
quando empoleira, sempre o faz baixo.
aves
47
Tiriba-de-testa-vermelha
Pyrrhura frontalis
É um periquito de médio porte medindo cerca de 25 cm, de
cauda longa, colorido geral verde, face cinza-escura e ventre
cor-de-ferrugem. Na testa há uma mancha vermelha, que originou seu nome popular. É uma ave endêmica da Mata Atlântica, sendo encontrada em matas do sul e sudeste do Brasil. Na
área do reservatório é uma espécie comum. Alimentam-se de
frutos, folhas e sementes; no inverno, os pinhões de araucária
são um importante alimento. Como todos os psitacídeos, são
inteligentes e rapidamente descobrem novas fontes de comida, freqüentando pomares e plantações de eucalipto (comem
as flores) e de pinheiro-americano (comem as sementes). São
monogâmicos e nidificam em ocos de árvores, depositando de
2 a 5 ovos brancos, incubados durante 30 dias. Ambos os pais
se revezam na alimentação dos filhotes. As tiribas são aves sociáveis, formando bandos de até 40 exemplares.
48
aves
Corujinha-do-mato
Otus choliba
Atinge 22 cm de comprimento. A cor é amarronzada ou
acinzentada, com desenhos barrados nas penas (principalmente
no peito). Na cabeça, apresenta dois tufos de penas que
lembram orelhas, as quais não têm função auditiva. Vive em
florestas, capoeiras e até em cidades de quase todo o Brasil.
Alimentam-se basicamente de grandes insetos e pequenos
vertebrados, como ratos e lagartos. Nidifica em ocos de árvores,
aproveitando ninhos escavados por pica-paus. Coloca em geral
3 ovos, brancos e quase redondos. Os filhotes possuem uma
penugem semelhante à lã, a qual mantém traços até um pouco
depois de sair do ninho. As corujas são conhecidas em virtude de
seus hábitos noturnos. Para isso, desenvolveram uma série de
adaptações, tais como: vôo silencioso, auxiliado pela estrutura
das penas; olhos grandes, capazes de enxergar com o mínimo de
luz possível; e audição, que é o principal sentido das corujas.
aves
49
Beija-flor-de-topete
Stephanoxis lalandi
Mede cerca de 8,5 cm. O macho apresenta um topete azul e uma
faixa preta que vai da garganta até a barriga. As costas e as asas
são esverdeadas e os lados do corpo são cinza claro. Só pode ser
encontrado na região da Mata Atlântica, e está distribuído ao
sul e sudeste do Brasil. É uma ave típica de florestas de regiões
altas e frias. Alimentam-se de néctar e insetos que vivem em
flores ou que capturam na vegetação. Na época de acasalamento, os machos se reúnem em grupos chamados de “leks”, onde
se exibem para as fêmeas. Após o acasalamento, a fêmea se encarrega sozinha da construção do ninho e do choco de dois ovos.
O ninho é uma construção pequena, feita de musgos, capins e
fibras vegetais, tudo colado com teia de aranha. Os beija-flores
estão adaptados para sua dieta à base de néctar, e cada espécie
possui um bico de forma e tamanho ideal para ser utilizado em
determinadas espécies de flores.
50
aves
Tucano-de-bico-verde
Ramphastos dicolorus
Tem cerca de 50 cm de comprimento. A coloração dorsal é preta, com amarelo e vermelho no peito; o bico é longo e, como
sugere o nome popular, é verde. São aves de floresta e podem
ser encontradas desde o Espírito Santo até o Rio Grande do Sul.
Pode ser encontrado também nas cidades quando atraído por
árvores cultivadas que frutificam no inverno. São basicamente
frugívoros, mas podem comer carne, abatendo desde insetos
até aves, roedores e morcegos. Destroem ninhos de outras aves,
procurando ovos e filhotes. O casal constrói o ninho em ocos de
árvores, de preferência bem no alto, às vezes apenas alargando
um pouco uma fenda já existente. O ninho é forrado com lascas
de madeira. A incubação dura cerca de 18 dias. É freqüentemente encontrado em bandos de 4 a 10 indivíduos, facilmente
localizados pela algazarra que fazem.
aves
51
Picapauzinho-verde-barrado
Veniliornis spilogaster
Espécie de pequeno porte, atingindo 17,5 cm de comprimento.
Possui coloração geral verde-clara, com listras pelo corpo todo;
no ventre é marrom listrado. Na face possui duas faixas claras. O
topo da cabeça é vermelho no macho e pardo na fêmea. Possuem
bicos retos e fortes, adaptados para perfurar a madeira em busca
de alimento. É encontrado desde o Rio de Janeiro até o Rio
Grande do Sul. É uma das espécies mais comuns nas florestas da
UHE Campos Novos. Vivem em florestas e capoeiras, taquarais
e parques. Alimentam-se basicamente de insetos, podendo
consumir frutos ocasionalmente. Para reproduzir, o casal
escava uma cavidade na madeira, preferindo árvores velhas e
inclinadas para escapar da chuva e do sol. A fêmea deposita 2
ou 3 ovos. Os pica-paus não carregam material para forrar o
ninho, utilizando as serragens da escavação. Normalmente, é
encontrado em casais, e pode acompanhar bandos mistos.
52
aves
Arapaçu-verde
Sittasomus griseicapillus
É o menor dos arapaçus do sul do Brasil, com cerca de 15 cm, o
corpo tem coloração verde-oliva, e as asas e cauda são marrons.
Possuem pés e unhas fortes, e cauda cujas penas terminam
em pontas duras, a fim de sustentar o peso da ave enquanto
se mantém em posição vertical nos troncos das árvores. Os
arapaçus possuem bicos longos e fortes, no entanto o arapaçuverde tem bico menor e menos possante. Esta espécie ocorre
em todo o Brasil. São aves adaptadas para a vida sobre troncos
e galhos grossos, os quais escalam a procura de insetos e suas
larvas. Nidifica em ocos de árvores, onde coloca dois ovos
brancos.
aves
53
Choca-da-mata
Thamnophilus caerulescens
Este pequeno pássaro possui cerca de 15 cm. A coloração geral
do macho é cinza com marcas pretas e brancas na cauda e nas
asas, além do ventre amarelo. Já a fêmea possui tons alaranjados
com as faces e o peito cinzento. O macho possui uma “coroa”
negra e a fêmea, castanha. Encontrada em florestas do Peru ao
sul do Brasil, sendo comum na área do reservatório. Alimentase de todo tipo de insetos, batendo os de esqueleto mais duro
contra os galhos, usando seu forte bico. O ninho tem forma de
cesto, confeccionado com musgos e fibras vegetais, e ali são
depositados dois ovos. Seu canto consiste de uma série rápida
de “cau-cau-cau-cau...”, nasal, chorada. O chamado da espécie é
um “éh” também anasalado. A choca-da-mata pertence à família
dos “Formicarídeos”, assim conhecida devido ao costume de
muitas espécies seguir as colunas de formigas-de-correição,
alimentando-se dos insetos afugentados.
54
aves
Bem-te-vi-rajado
Myiodynastes maculatus
Possui 18 a 20 cm de comprimento. É um bem-te-vi todo riscado,
com faixas negras no dorso e no ventre. Ocorre em todo o Brasil.
É encontrado em bordas de florestas, plantações exóticas de
eucalipto ou em áreas abertas com árvores esparsas. Insetívoro,
caça partindo de um poleiro e captura os insetos no ar. Seu bico
forte lhe permite capturar grandes insetos, tais como cigarras
e gafanhotos. Também pode comer frutas. Costuma fazer seu
ninho em cavidades de árvores, onde deposita até 3 ovos. É uma
espécie migratória, a qual chega ao sul do Brasil vindo de regiões
mais ao norte da América do Sul. Outra semelhança com o bemte-vi é o comportamento agitado; barulhento, é bastante visto
na copa da floresta.
aves
55
Suiriri
Tyrannus melancholicus
Atinge 20 a 22 cm de comprimento. Possui dorso, asas e cauda
marrom-claros, ventre amarelo e cabeça cinza. Na cabeça há um
topete com penas laranjas que ficam escondidas a maior parte
do tempo. Não é possível distinguir os sexos pela coloração. É
uma espécie migratória, que passa a primavera e o verão no
sul do Brasil, onde reproduz. Após, retorna para regiões ao
centro e norte da América do Sul, onde passa o inverno. Prefere
ambientes abertos ou bordas de florestas. Alimentam-se de
insetos, a maioria deles capturados em vôo. Constrói um ninho
com galhos secos no alto fixado geralmente numa forquilha, em
forma de prato raso, cujo fundo não é forrado. A postura consiste
de dois ou três ovos brancos, lavados de cinza-claro. Tanto o
macho quanto a fêmea participam da incubação dos ovos. Sua
voz é uma forte seqüência de assobios agudos e estridentes, os
quais, em conjuntos, soam como “siriri, siriri, siriri”, de onde
veio o seu nome popular.
56
aves
Dançador
Chiroxiphia caudata
Esta espécie tem cerca de 16 cm. O macho é azul, com asas,
cauda e cabeça negras, o alto da cabeça é vermelho vivo, e as
penas do meio da cauda são mais longas que as demais. A fêmea é inteiramente verde. Os jovens são todos verdes e passam
gradativamente para a cor do adulto. É habitante do interior de
florestas do Brasil, sendo comum na área do reservatório. Alimentam-se de frutos e pequenos animais. O ritual de acasalamento ocorre numa clareira na floresta, e consiste na reunião
de dois, três ou mais machos que se exibem na frente da fêmea,
dançando para ela um após o outro. Esta dança é seguida por
fortes pios e barulhos de asa, e tem por objetivo estimular a fêmea a escolher o macho que mais lhe agradar, ou seja, o melhor
dançador. Após o ritual, a fêmea choca os ovos e cuida sozinha
dos filhotes, criados num pequeno ninho, em forma de tigela,
na vegetação baixa.
aves
57
Sabiá-laranjeira
Turdus rufiventris
Tem cerca de 15 cm. O ventre é de coloração alaranjada. Ocorre
na metade sul e na costa do Brasil. Habita diferentes formações
vegetais, desde florestas até capoeirões e áreas abertas. Nas
grandes cidades, pode ser encontrado em parques e quintais.
Como todos os sabiás, são onívoros. Em dias chuvosos, é comum
encontrar sabiás com o bico sujo de barro, fuçando à procura de
minhocas que buscam na superfície da terra. Também apreciam
qualquer tipo de fruta, bicando as maiores e engolindo inteiras
as pequenas. O casal inicia a reprodução no final de agosto e
termina no fim de fevereiro, podendo obter até três ninhadas
em uma estação reprodutiva. Emite uma série de vozes, principalmente ao entardecer, lembrando cacarejos e miados. A espécie é muito apreciada pelo seu canto, o que a torna alvo pelos
passarinheiros.
58
aves
Sabiá-coleira
Turdus albicollis
Possui cerca de 23 cm e pode ser distinguido dos outros sabiás
pela gola característica que tem no pescoço, formada por uma
faixa branca logo abaixo do pescoço preto. Possui cor alaranjada nos flancos, o peito e a barriga são cinza-claros. É comum
em todo o território brasileiro, e basicamente um habitante de
florestas. Alimenta-se de frutos, e pequenos bichos (aranhas,
besouros, lagartas) que encontra no solo das florestas. A reprodução inicia em setembro, com a construção de um ninho
em forma de tigela, feito com matéria vegetal e reforçado com
barro. A postura é de 3 a 5 ovos, e os filhotes nascem depois de
12 dias de incubação. Possui um canto bonito, fácil de ser distinguido dos outros sabiás: é mais compassado, como se o animal
cantasse devagar.
aves
59
Tico-tico
Zonotrichia capensis
Este pássaro tem cerca de 15 cm. Possui um topete alto e um
lenço cor de ferrugem, exibido atrás do pescoço. Ocorre em
todo o Brasil, exceto em áreas florestadas da Amazônia. Vive em
capoeiras e bordas de florestas. Consome basicamente grãos.
Constrói o ninho em arbustos ou mesmo no solo, e pode ser
vítima do vira-bosta (Molothrus bonariensis), uma ave maior
cuja fêmea assalta o ninho do tico-tico e deposita ali um de seus
ovos, fazendo com que a fêmea do tico-tico choque e cuide do
filhote de vira-bosta. Sua voz é um “tic, tic” constante. Possui
também um canto forte, que entoa à noite. Pode ser encontrado
solitário ou em pequenos bandos.
60
aves
ib.usp.br
Trinca-ferro
Saltator similis
Mede cerca de 21 cm. A coloração dorsal é olivácea, com tons de
cinza no ventre. Possui uma faixa branca acima dos olhos. Os
sexos são parecidos quanto à coloração. Jovens possuem o ventre estriado. Ocorre na metade sul do Brasil. Pode ser encontrado em capoeiras e bordas de florestas. Pode ser encontrado
também em pomares, em busca de árvores frutíferas exóticas
como caquizeiros, laranjeiras e abacateiros, entre outras. Alimentam-se de frutos, folhas, insetos e grãos. Na época reprodutiva, o casal constrói um ninho em forma de cesto, onde a fêmea
deposita 2 a 3 ovos. Os filhotes nascem após 13 dias de incubação. O nome “trinca-ferro” vem do seu chamado, que lembra
duas limas de ferro sendo raspadas uma contra a outra.
aves
61
Cabecinha-castanha
Pyrrhocoma ruficeps
Este pequeno pássaro tem cerca de 13 cm. Apresenta dimorfismo sexual, onde o macho possui colorido vistoso, com a cabeça
inteiramente marrom-avermelhada e o corpo cinzento. A fêmea
tem cor pardo-clara com tons de amarelo e laranja apagados.
Ocorre em todo o Brasil. É uma ave florestal, com preferência
por áreas fechadas com cipós. Onívora, alimenta-se tanto de
frutos quanto de pequenos artrópodes. A reprodução deste pássaro ocorre durante a primavera e o verão. É de comportamento
irrequieto e barulhento, andando em pares ou pequenos bandos entre a vegetação fechada. Também é um integrante dos
chamados “bandos mistos”, que reúnem aves de diferentes espécies, vagando pela floresta em busca de comida.
62
aves
arthurgrosset.com
Papo-preto
Hemithraupis guira
Possui cerca de 13 cm. A coloração básica do macho é amarelada, mais brilhante na cabeça e mais pálida no ventre, com uma
grande mancha negra na cabeça que cobre os olhos, face e toda
a garganta. A fêmea é mais pálida, sem negro na plumagem e
possui a mandíbula amarela. Ocorre em todo o Brasil. É uma
ave de floresta, onde habita principalmente a copa das árvores.
Alimentam-se de insetos. Inicia a reprodução com a chegada da
primavera e termina no meio do verão. O papo-preto se desloca de forma constante em busca de alimento. Nestas ocasiões,
pode originar os bandos mistos, quando aves de outras espécies
se reúnem aos papos-pretos para se alimentar. Devido a este
comportamento de atrair outras aves, o papo-preto é considerado uma “espécie-líder” de bandos mistos, assim como o tiê-domato-grosso (Habia rubica) e o tiê-de-topete (Trichothraupis
melanops).
aves
63
Tiê-preto
Tachyphonus coronatus
Mede entre 16 e 17 cm de comprimento. O macho possui
coloração preto-azulada, com um topete vermelho na cabeça. A
fêmea é marrom-avermelhada, com tons claros. Os jovens são
semelhantes. Ocorre do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul.
Os ambientes preferidos do tiê-preto são as florestas abertas,
beira de mata, capoeira e vegetação ao longo de cursos d’água.
Alimentam-se de frutos, flores e insetos. Freqüentemente
aparece em pomares para comer frutos de espécies vegetais
cultivadas. Para a reprodução, constrói um ninho de ramos e
folhas, em forma de tigela, no qual a fêmea deposita 2 ou 3 ovos.
Apesar do canto pouco atraente, a plumagem do tiê-preto faz
com que seja uma ave bastante apreciada pelos passarinheiros.
64
aves
Saíra-viúva
Pipraeidea melanonota
Este pássaro tem cerca de 15 cm. A coloração dorsal é azul-escura, a cabeça é azul-brilhante, com uma máscara preta, e o
lado ventral é amarelo-alaranjado. A fêmea mantém o mesmo
padrão de colorido do macho, porém mais desbotada. Ocorre
no sul e sudeste do Brasil, em borda de florestas, capoeiras e
mata de restinga. Alimentam-se em grande escala de insetos e
frutas. Faz um ninho em forma de cesto. Possui um canto extremamente agudo. As saíras-viúvas são vistas sozinhas ou aos
pares. Freqüentemente fazem parte do grande número de pássaros que se reúnem em árvores frutíferas.
aves
65
Pula-pula-assobiador
Basileuterus leucoblepharus
Esta espécie tem cerca de 14 cm. Possui coloração esverdeada
nas costas, com cinza no ventre e na cabeça. As pernas, rosadas,
são bastante longas, típicas de aves que habitam o solo.
Distribui-se pelo sudeste e sul do Brasil. Nas florestas da UHE
Campos Novos, é uma ave comum. Habita as porções inferiores
da floresta, podendo também ser encontrado em capoeira alta e
em densos aglomerados de taquaras. Alimenta-se de artrópodes
coletados nas folhas e ramos. Constrói um ninho no solo, e
coloca de 2 a 3 ovos. Uma característica sua é o canto, que é
alto, longo e vigoroso, e pode ser ouvido a grandes distâncias.
Este canto é um dos mais característicos das florestas do sul do
Brasil.
66
aves
Mamíferos
Gambá
Didelphis albiventris
É um animal de porte pequeno, pesando até 2,5 kg. Tem
coloração geral acinzentada; a cabeça tem três listras pretas e o
focinho é alongado. Comuns em todo o Brasil, ocorrem em toda
a região do reservatório. Habitam capoeiras, matas, banhados
e são comuns em lavouras e cidades. Têm hábito noturno
e sua alimentação é bastante variada, podendo inclusive
revirar lixeiras. Os filhotes nascem após um curto período de
gestação, em estágio inicial de desenvolvimento, e permanecem
presos às mamas da mãe por várias semanas até completar
seu desenvolvimento. Esta característica define o grupo dos
Marsupiais (que inclui os cangurus da Austrália, por exemplo),
ao qual o gambá pertence. Os gambás são animais lentos, que
conseguem subir em árvores e telhados com bastante facilidade,
com a ajuda da cauda preênsil. Quando muito irritados, exalam
um cheiro desagradável como mecanismo de defesa.
70
mamíferos
spanishcreek.org
Tamanduá-mirim
Tamandua tetradactyla
Pesa cerca de 6 kg. Tem coloração amarelada com um “colete”
preto que o identifica. O focinho é alongado e possui, nas patas
dianteiras, uma unha desenvolvida em forma de foice. Ocorre
em quase toda a América do Sul e em todo o Brasil, numa
variedade de ambientes, principalmente florestas. Alimentase de formigas, abelhas e cupins, cavando os cupinzeiros com
suas garras e capturando os insetos com a sua língua comprida.
A fêmea tem um filhote de cada vez, que após nascer fica
agarrado às suas costas até já estar bem crescido. É um animal
predominantemente noturno, e utiliza os ocos das árvores como
abrigo. Quando ameaçado, o tamanduá-mirim fica em pé nas
patas traseiras, defendendo-se com as grandes unhas das patas
dianteiras. Essa espécie vem sendo bastante perseguida, sendo
considerada vulnerável na região.
mamíferos
71
floridanature.org
Tatu-galinha
Dasypus novemcintus
Pesa de 4 a 8 kg. Apresenta carapaça sem pêlos e achatada
lateralmente, em geral com nove cintas móveis na região
mediana. Tem focinho longo e pontudo, orelhas grandes e
quase unidas na base, cauda comprida e revestida por anéis
córneos bem distintos. Espécie ocorrente em todo o Brasil.
Habita vários tipos de ambiente, onde constrói tocas no solo.
Sua dieta inclui insetos, pequenos vertebrados e vegetais. Na
época da gestação a fêmea constrói um ninho dentro da toca,
onde dá à luz quatro filhotes, após 120 a 260 dias de gestação.
O sentido mais desenvolvido do tatu é o olfato, tendo audição
e visão reduzidas. É um animal muito caçado. O consumo da
carne deste animal pode trazer riscos à saúde humana, já que
os tatus podem hospedar os parasitas da Doença de Chagas e
da Esquistossomose. Na área do reservatório também pode ser
encontrado o tatu-mulita (Dasypus septemcinctus).
72
mamíferos
Wikipedia
Morcego-vampiro
Desmodus rotundus
Morcego com cerca de 50 gramas. O nariz tem uma membrana
em forma de ferradura. Os dentes são adaptados para fazer
uma pequena perfuração no corpo de outros animais (aves e
mamíferos, domésticos e silvestres). Ocorre em todo o Brasil,
e em pontos isolados da área do reservatório. Não habita construções humanas e prefere cavernas e fendas em rochas, geralmente em locais úmidos, que podem ser reconhecidos pela
presença de suas fezes vermelho-escuras e de odor forte. Por
alimentar-se de sangue, pode transmitir o vírus da raiva, já
tendo causado muitos prejuízos às criações de bovinos e aves.
São raros os casos de mordidas em humanos. Após cerca de
sete meses, a mãe dá à luz um filhote. É um animal social que
vive em colônias que podem ter dezenas de indivíduos. Devido
aos programas de combate à raiva, as populações de morcegos
hematófagos têm sido controladas.
mamíferos
73
Morcego-fruteiro
Sturnira lilium
Morcego com até 25 gramas. A coloração é amarela no ventre
e marrom-dourada no dorso, e há uma membrana em forma
de folha no nariz. Ocorre em todo o Brasil. Habita uma grande
diversidade de ambientes, e utiliza a vegetação como abrigo e
dormitório, sendo encontrado próximo a plantações e moradias. Alimenta-se de frutas e néctar de flores. Desempenha um
importante papel na dispersão de algumas espécies vegetais e
na regeneração de florestas, devido aos seus hábitos alimentares. Pode reproduzir ao longo de todo ano, e em geral produz
um só filhote. Se um morcego entrar em uma casa, não há motivo para medo: basta deixar as janelas e portas abertas que ele
irá encontrar a saída. Não tente espantá-lo com uma vassoura,
isso irá confundi-lo ainda mais. Os morcegos se orientam por
um tipo de sonar muito eficiente, por isso não baterão nas pessoas, mesmo no escuro. Os morcegos não são cegos como alguns pensam.
74
mamíferos
PUC/RS
Bugio-ruivo
Alouatta guariba clamitans
Espécie de porte médio, pesa de 4 a 8 kg. A pelagem é densa e a
coloração é marrom-avermelhada, que pode variar com a idade
e o sexo. Os machos possuem uma barba formada por pêlos
espessos ao redor da face. Possuem um osso muito desenvolvido
na região do pescoço, o que permite que emitam um som rouco
e alto, sendo ouvido a longas distâncias. Esse som é usado para
comunicação e marcação de território. O bugio ocorre na área
de Mata Atlântica, desde a Bahia até o Rio Grande do Sul, e na
UHE Campos Novos está restrito às áreas de floresta melhor
conservada. Alimentam-se de folhas, frutos e sementes. Os
filhotes andam agarrados às costas da mãe; em geral, nasce um
só por parto. São animais diurnos e arbóreos, que vivem em
grupos de 2 a 11 indivíduos de idades variadas, liderados por
um macho adulto, de coloração mais escura. Atualmente esta
espécie é considerada vulnerável, e tem sido ameaçada tanto
pela caça como pela perda de hábitat.
mamíferos
75
jboyd.net
Graxaim-do-mato
Cerdocyon thous
De porte médio, pesa em torno 7 kg. Possui pelagem acinzentada,
amarela na base, com a extremidade das patas escura. Esta
espécie ocorre em quase todo o país, com exceção da região
Norte. Ocupam diversos tipos de ambiente, podendo aproximarse bastante de residências e lavouras. É principalmente noturno
e alimenta-se de uma grande variedade de itens, desde roedores,
sapos e répteis até insetos e frutas. A gestação dura entre 52 e
59 dias, e a fêmea tem cerca de cinco filhotes por ninhada. Pode
andar solitário ou em pares. Algumas pessoas julgam o graxaimdo-mato nocivo por atacar galinheiros e outras criações. Este
fato geralmente é injustificado, pois na maioria das vezes a
identificação do animal que predou a criação é difícil, podendo
se tratar inclusive de cães domésticos. Em alguns locais, o
graxaim-do-mato ocorre junto com um parente próximo, o
graxaim-do-campo (Pseudalopex gymnocercus), de pelagem
mais clara e corpo mais gracioso.
76
mamíferos
Quati
Nasua nasua
Animal de porte médio, pesando de 3 a 7 kg. Tem coloração
amarelada no ventre e marrom ou acinzentada no dorso. A
cauda é bastante peluda e tem anéis claros e escuros bem
visíveis. Os quatis ocorrem em quase todo o país. Habitam
principalmente florestas. Alimenta-se de animais e vegetais
variados, deslocando-se tanto pelo chão como sobre as árvores
em busca de alimento. A gestação da fêmea dura entre 74 e 77
dias, e a ninhada pode ser de um a sete filhotes. Quando chega o
momento do parto, a mãe se afasta do grupo e constrói um ninho
nas árvores. São animais principalmente diurnos, podendo ser
vistos solitários (machos) ou em bandos de até 30 indivíduos.
Dentro do bando, as fêmeas se auxiliam no cuidado com os
filhotes. São animais de grande habilidade manual, capazes
de matar cobras e aranhas de grande porte sem se ferirem. É
caçado eventualmente para alimentação e para o comércio,
tendo sido mantido como animal de estimação.
mamíferos
77
Mão-pelada
Procyon cancrivorus
Espécie de porte médio, pesando até 8 kg. Possui uma “máscara” preta em torno dos olhos, cauda com anéis escuros e patas
dianteiras sem pêlos, o que lhe deu o nome. Ocorre em todo
o Brasil. Habita principalmente locais próximos a rios, lagos e
banhados, usando ocos de árvores para dormir durante o dia.
O mão-pelada alimenta-se, além de plantas, de animais como
peixes, caranguejos, lagostins e caracóis, que costuma procurar
em pequenos riachos. A fêmea tem de 2 a 4 filhotes por cria. É
noturno e principalmente terrestre, mas tem facilidade de subir
em árvores. Suas pegadas são bem características, pois o animal caminha com a planta apoiada e os dedos abertos, evitando
assim afundar no solo. Desta maneira, é possível detectar com
facilidade sua presença em determinada região.
78
mamíferos
animalpicturesarchive.com
Irara
Eira barbara
É uma espécie de porte médio, pesando cerca de 5 kg. A
coloração geral é cinza-amarelada, com uma mancha mais clara
no pescoço. Ocorrem em quase todo o Brasil. Habitam diversos
tipos de florestas e podem utilizar jardins e plantações para
se alimentar, podendo percorrer longas distâncias viajando
pelo solo, diariamente. É um animal solitário e tem hábitos
diurnos e noturnos. Usa ocos de árvores e tocas no solo como
abrigo. Alimenta-se de pequenos vertebrados, insetos, frutos e
mel. A irara é principalmente terrestre, mas também pode ser
vista subindo em árvores para comer frutos, ovos em ninhos
de aves e “assaltar” colméias. São animais esquivos e difíceis
de visualizar. Atualmente são bastante raros e considerados
vulneráveis na região.
mamíferos
79
Gato-maracajá
Leopardus wiedii
Felino de pequeno porte, pesando cerca de 3 kg. Possui, na
região do pescoço, listras pretas e pêlo voltado para frente. É
bem adaptado à vida nas árvores, possui olhos grandes, patas
largas e bastante móveis. A cauda é proporcionalmente mais
longa do que a dos outros gatos-do-mato, funcionando como
um importante órgão de equilíbrio. Sua distribuição inclui todo
o Brasil, menos a região Nordeste. Habita preferencialmente
florestas altas. É um animal solitário e principalmente noturno.
Seu hábito é tanto arborícola como terrícola. Sua alimentação
inclui pequenos mamíferos terrestres e arborícolas, aves e insetos. Após cerca de 80 dias de gestação, nascem um ou dois
filhotes, que ficam com a mãe até um ano de idade. Aos dois
anos, começam a reproduzir. O gato-maracajá não se adapta
facilmente a ambientes alterados. Devido à caça e perda de hábitat tornou-se vulnerável na região. Atualmente encontra-se
na Lista Oficial das Espécies Brasileiras Ameaçadas do IBAMA
(2003).
80
mamíferos
Jaguatirica
Leopardus pardalis
Animal de porte maior, pesando de 8 a 15 kg. As manchas nas
partes superiores do corpo às vezes unem-se formando “listras”
pretas. Alguns exemplares podem ser completamente negros,
um fenômeno conhecido como melanismo e que acontece
também com outros felinos. Ocorre em quase todo o Brasil,
habitando áreas de floresta. É predominantemente noturno,
terrestre e solitário. Alimenta-se principalmente de roedores,
mas também de aves, lagartos e cobras. Ao contrário da gatadoméstica, que possui oito mamas, a fêmea de jaguatirica
possui apenas quatro, o que corresponde ao número máximo
de filhotes que a mãe pode gerar. A gestação dura, em média, 70
dias, e os filhotes são amamentados durante dois meses. Utiliza
ocos de árvores, covas e furnas como abrigo. Tem sido caçado
para o comércio de sua pele, o que o tornou bastante raro e
vulnerável na região. Atualmente encontra-se na Lista Oficial
das Espécies Brasileiras Ameaçadas do IBAMA (2003).
mamíferos
81
Onça-parda
Puma concolor
Também chamada de puma, leão-baio e sussuarana, a onçaparda é o segundo maior felino do Brasil, com um peso entre
30 e 120 kg. Apresenta coloração marrom-clara uniforme.
Ocorre desde o Canadá até o sul do Chile, incluindo todo o
Brasil. Habita vários tipos de formações vegetais. Alimenta-se
de pequenos roedores, pacas, cutias, capivaras e veados. São
polígamos, podendo um macho acasalar com mais de uma
fêmea, e vice-versa. Os filhotes nascem após 90 dias de gestação,
em número de 1 a 6, e adquirem a independência depois de um
ou dois anos de idade. O puma é tanto noturno como diurno,
solitário e principalmente terrestre, mas sobe em árvores com
muita agilidade. É um animal esquivo, raramente visto, embora
comum em algumas áreas. O puma tem sido muito perseguido,
através de caça para obtenção da pele, e por vezes é abatido por
ser responsabilizado por ataques a rebanhos. Devido a isso essa
espécie é considerada “em perigo”. Atualmente encontra-se na
Lista Oficial das Espécies Brasileiras Ameaçadas do IBAMA
(2003).
82
mamíferos
Veado-mateiro
Mazama americana
Pesa de 16 a 48 kg. Apresenta cor marrom-avermelhada, chifres
simples nos machos, e cauda branca na parte inferior. É encontrado do sul do México até o norte da Argentina, ocorrendo em
todo o Brasil. Habita florestas e capoeiras, podendo às vezes ser
encontrado em campo aberto. Alimenta-se de gramíneas, frutos
caídos e flores. Pode entrar em plantações, de milho e feijão,
por exemplo, para se alimentar. A fêmea tem um filhote por
gestação, que ao contrário dos adultos, tem manchas brancas
principalmente no dorso. O veado-mateiro utiliza a vegetação
mais fechada como abrigo. É tanto diurno quanto noturno,
podendo andar solitário ou aos pares. Devido à caça e perda de
hábitat tem se tornando raro e vulnerável na região. Na fuga,
procura a vegetação fechada ou a água, já que é bom nadador.
mamíferos
83
Glossário
Amplexo: abraço nupcial dos anfíbios. O macho
abraça a fêmea pelo dorso e posiciona sua cloaca sobre
a da fêmea, ela libera os óvulos e ele os espermatozóides
que fecundarão esses ovos. A fecundação é externa,
ou seja, ocorre fora do corpo da fêmea.
Anuro: anfíbios de quatro patas
de cauda. São os sapos, rãs e pererecas.
e
desprovidos
Artrópodes: animais com patas articuladas e corpo dividido
em segmentos, recoberto por um esqueleto externo de quitina.
Ex: insetos, caranguejos, aranhas e escorpiões.
Carapaça: parte que envolve o tronco de alguns animais.
Ex: tatu e tartaruga.
Classificação zoológica: arranjo sistemático de animais em
categorias ou agrupamentos, baseado em características interrelacionadas.
Cloaca: orifício que serve tanto para excreção quanto para reprodução. Existente em alguns peixes, anfíbios e répteis, e nas
aves.
Córneo: é dita a estrutura formada por grande quantidade de
queratina, de forte consistência e dureza. Ex: chifres, unhas e
escamas.
Dimorfismo sexual: condição em que os dois sexos apresentam diferença visível na aparência externa. Ex: diferenças na
coloração e plumagem das aves.
84
Dispersão: movimento para fora da área de origem de um animal ou vegetal de forma ativa ou passiva, no sentido de colonizar novas áreas.
Doença de Chagas: doença transmitida por um inseto: o barbeiro, que tem como germe o Tripanossomo. Moléstia causada
por um parasita do sangue, o plasmódio, podendo ocasionar
a morte. O nome é atribuído a Carlos Chagas, descobridor da
doença.
Dorsal ou dorso: região das costas dos animais.
Endêmico: espécie nativa restrita e exclusiva a determinada
área ou região.
Espécie exótica: espécie não nativa, e que foi introduzida
numa área ou região através de ação humana.
Esquistossomose: doença causada por um verme parasita, o
esquistossomo, que se aloja no sistema digestivo.
Glândula paratóide: estrutura dos animais peçonhentos que
produz peçonha ou veneno.
Hábitat: é o local ou tipo de ambiente onde um organismo
vive.
Invertebrados: animais sem coluna vertebral. Este grupo inclui vermes, moluscos e artrópodes.
Mata Atlântica: floresta úmida ocorrente ao longo do litoral
brasileiro, atingindo porções interiores do Brasil, Argentina e
Paraguai.
85
Metamorfose: mudança de forma ou estrutura que ocorre durante a vida de alguns animais, como insetos e anfíbios anuros.
Monogâmicos: animais que estabelecem casais. União onde
há um macho e uma fêmea.
Nidificar: ato de construir ninhos.
Nome Científico: nome, em latim, usado pela ciência para
identificar os seres; este nome é único e não varia em nenhuma
parte do mundo. Deve ser escrito em itálico ou sublinhado.
Ex: o nome científico do sapo-cururu é Bufo ictericus.
Ovíparo: animais que se reproduzem através de ovos. Os filhotes se desenvolvem dentro dos ovos, fora do corpo materno.
Peçonhento: animal capaz de produzir e injetar uma substância tóxica no ser humano ou em outros animais.
Pés palmados: pés com membranas entre os dedos.
Predar ou predação: ato onde um animal mata outro organismo com o objetivo de alimentar-se deste.
Preênsil: que tem a capacidade de agarrar ou segurar.
Saco vocal: estrutura dos anfíbios machos, localizada na região da garganta, usada para emitir sons, principalmente no
período de reprodução.
Secreção: substância expelida por um animal, geralmente
através de glândulas.
86
Semi-fossorial: animais que passam parte de sua vida debaixo do solo, ou exercem atividades sob o solo rotineiramente.
Sonar: sistema de localização através do som, utilizado na navegação. No caso dos morcegos, chamamos esse sonar de “ecolocalização”. Esses animais se localizam no espaço emitindo
gritos, orientando-se pelo eco que volta até eles.
Ventral ou ventre: região do abdômen (barriga) dos animais.
Vertebrados: animais que possuem coluna vertebral. Incluem
os peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Vertebral: região formada por ossos da coluna – as vértebras,
que se organizam do pescoço até a cauda.
Vestigiais: órgãos cuja forma e função original estão reduzidas ou ausentes.
Vivíparo: animal que se reproduz diretamente, sem produção
de ovos, como os seres humanos. Os filhotes nascem do ventre
da mãe, totalmente desenvolvidos.
Vocalização: sons emitidos pelos animais através de estruturas especiais.
87
Dicas e locais de observação
Para a observação de anfíbios, recomenda-se a procura em locais úmidos. O período ideal para procura desses animais é durante a noite, período em que esses estão mais ativos.
Quanto a répteis, o período de maior atividade é durante dias
quentes, onde costumam se deitar sob o sol para fazerem a termo-regulação. Para evitar acidentes, deve-se tomar cuidado em
locais onde tenham pedras.
As aves são mais facilmente avistadas nos períodos de nascer e
pôr-do-sol, momento em que estão mais ativas. Podem ser encontradas nos mais diversos ambientes. Deve-se evitar barulho,
caso contrário os animais podem ficar amedrontados e fugir.
Mamíferos são os animais mais difíceis para observação, sendo
que vestígios são as maneiras mais fáceis de registrar os animais
em determinado local. Os vestígios podem ser principalmente
pegadas, que podem ser mais facilmente visualizadas em locais
com substrato úmido, onde a impressão das patas dos animais
fica registrada.
88
Bibliografia
Becker, M. & J. C. Dalponte. 1991. Rastros de mamíferos silves
tres brasileiros: um guia de campo. Brasília: Editora Universidade de Brasília. 171 pp.
Belton, W. 1994. Aves do Rio Grande do Sul: distribuição e biologia. São Leopoldo: Editora Unisinos. 584 pp.
Cimardi, A. V. 1996. Mamíferos de Santa Catarina. Florianópolis: FATMA. 302 pp.
Dunning, J. S. & W. Belton. 1993. Aves silvestres do Rio Grande
do Sul. Porto Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande
do Sul. 172 pp.
Fontana, C.; G.A. Bencke & R. Reis. 2003. Livro Vermelho da
Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul. Porto
Alegre: EdiPUCRS. 632 pp.
Kwet, A. & M. Di-Bernardo. 1999. Anfíbios-Amphibien-Amphibians. Porto Alegre: EdiPUCRS. 110 pp.
Lema, T. 2002. Os Répteis do Rio Grande do Sul: atuais e fósseis – biogeografia –ofidismo. Porto Alegre: EdiPUCRS.
Marques, O.; A. Eterovic & I. Sazima. 2001. Serpentes da Mata
Atlântica. São Paulo: Holos Editora. 174 pp.
Naka, L. N. & M. Rodrigues. 2000. As aves da Ilha de Santa
Catarina. Florianópolis: Editora UFSC. 294 pp.
89
Narosky, T. & D. Izurieta. 1993. Guia para la identificación de
las aves de Argentina y Uruguay. Buenos Aires: Vazquez
Mazzini Editores.
Rosário, L. A. 1996. As aves em Santa Catarina: distribuição
geográfica e meio ambiente. Florianópolis: FATMA. 326 pp.
Sick, H. 1996. Ornitologia brasileira: uma introdução. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira. 912 pp.
Silva, F. 1994. Mamíferos Silvestres - Rio Grande do Sul. Porto
Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. 246
pp.
90
Rua Tenente Silveira, 225 - 10º andar
Centro - Florianópolis -SC
Fone: (48) 3224-5076
www.enercan.com.br

Documentos relacionados