Come now my child if we were planning to harm you would we be
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Come now my child if we were planning to harm you would we be
Editorial É com muita satisfação que apresentamos a primeira edição da Revista Terror Interessante. Acreditamos que nossa publicação venha ser um entretenimento diferente e que buscará mostrar sempre o lado interessante de diversos assuntos que aterrrorizam muitas pessoas. A nosssa proposta é levar até você histórias de terror com muita qualidade.... Editores: Frederico Stefani | Guilherme Reis | Rosemberg Braga | Renato Audrey | Eduardo Carceroni Reportagem: Produção: Frederico Stefani Colaboração: Eduardo Carceroni Design/Diagramação: Guilherme | Fred.. Projeto Gráfico: Frederico Steffane Fotografia: Papel capa: Couche 230g laminação brilhante Papel miolo: Couche 80g Fontes: Futura, ITC Garamond Impressão: Aster Graf ltda Tiragem: 01 exemplar Terror Magazine |3 Joshua Hoffine Terror Magazine |5 O mestre da “horror photograph” A Terror Magazine fez uma entrevista exclusiva com o mestre da horror photograph. Conheça um pouco dos seus métodos de trabalho e sua equipe de produção. Seu trabalho ainda não é muito conhecido no Brasil. Você pode falar um pouco sobre sua carreira, sobre como ela começou, quando surgiu o interesse pela fotografia, se investe somente em trabalho autoral ou também faz algum outro tipo de fotografia, seja jornalística ou publicitária, e sobre quais são suas influências? Comecei a fotografar logo depois de me graduar na faculdade. Meu principal interesse sempre foi fotografia de arte, mas já fiz vários outros tipos de trabalho.Trabalhei para o Hallmark Cards, que fica aqui na minha cidade natal, Kansas City. Depois disso, comecei um negócio de fotografia para documentos e casamentos. Fotografei mais de duzentos casamentos durante os quatro anos em que mantive o negócio. Atualmente, além do meu trabalho pessoal com o Horror, também fotografo para bandas e músicos. Minhas duas maiores influências são Nick Vedros e Rich Grosko. Nick Vedros é o fotógrafo “comercial” mais famoso em Kansas City. Fui estagiário dele antes de ir pro Hallmark. Aprendi técnicas de iluminação com Nick, que é um gênio no assunto. Também tive a oportunidade de trabalhar em várias produções de fotos com Nick, que foi uma experiência única. Rich Grosko foi meu mais importante mentor. Ele foi fotojornalista e me ensinou como ganhar a vida como fotógrafo. Sempre me incentivou a seguir minhas idéias, não importa o quão grotescas elas possam ser. Sem o seu apoio, nunca seria o fotógrafo que sou hoje. Meu trabalho se direcionou ao Horror há cinco anos, logo depois de ler um poema de Kenneth Patchen: “Come now my child if we were planning to harm you would we be lurking here beside the path in the very darkest part of the forest?”* De onde surgiu sua fascinação pelo horror? Fotografar o horror é mais estético do que, digamos, a felicidade? Eu queria criar imagens que exalassem essa aura do poema. E, obviamente, isso tem muito mais força imagética do que fotografar algo alegre, pelo menos para mim. Como se dá a escolha do tema, da montagem, da história que você quer reinventar em suas imagens. Eu batalhei para criar imagens que tocassem medos universais. Quanto mais comum o medo, mais eu queria criar uma imagem dele. Com “After dark, my sweet”, tendo a mostrar imagens com a gramática visual de uma criança, que incluem o imaginário de contos de fada. Eu acredito que os filmes de Horror são os contos de fadas modernos. Seu ensaio trabalha ao extremo com o imaginário infantil. O terror infantil é mais poderoso que o adulto? Só à menção do horror infantil, os adultos ficam, Minhas fotografias lembram aos adultos de coisas que eles costumavam temer e ainda não esqueceram. Ao recuperar essa memória, você redescobre o medo. Há uma capacidade metafórica no gênero de Horror que pode comportar idéias complexas de uma maneira direta e formatada. O monstro representa a feiúra do mundo, como a brutalidade e a depravação. A pequena menina representa nossa inocência perdida. Ver a depravação atacando a inocência, mesmo então, mais horrorizados? Seu trabalho também reflete o imaginário tipicamente norte-americano, com o porão, o palhaço, a estética da dona-de-casa da década de 1950. Seria correto afirmar que os norte-americanos têm certa forma familiar de Horror aprisionada o tempo todo no imaginário coletivo do país? em termos metafóricos. Essa é uma pergunta interessante. Muito dos elementos em meus sets, como os padrões dos papéis de parede e o mobiliário vêm das décadas de 1940 e 1950. Nos Estados Unidos, há um sentimento de nostalgia por esse período. Para a nossa cultura, representa um período de relativa inocência. Enquanto o Horror explora questões fundamentais e universais sobre a existência humana, também lida com as ansiedades e tabus de uma cultura em tempos específicos. No Horror contemporâneo japonês, por exemplo, há uma preocupação com fantasmas, algo mais raro no Horror americano. Isso porque a cultura japonesa é preocupada com o espírito de seus ancestrais, e a América, não. Sem dúvida, o Horror americano se ocupa das inquietações americanas. É impossível ver o seu trabalho e não pensar em literatura. Você tem fortes influências literárias? Uma das maiores funções do Horror é definir os tabus culturais. A experiência do Horror reside nessa confrontação com o que é tabu. O que é ou não bom gosto nunca é considerado. Terror Magazine |7 Indo além, para onde caminha o trabalho de Joshua? Por enquanto, mais Horror. Agora estou começando a trabalhar a segunda parte de “After dark, my sweet”. Quando terminar, tenho dois projetos, um chamado “The grand Guignol” e o outro “The culture of fear”. Esses três projetos foram criados para ser vistos juntos. “After dark, my sweet” lida com os medos universais das crianças.“The grand Guignol” lidará com as preocupações adolescentes com sexo e morte. E “The culture of fear” terá os medos reais adultos, como terrorismo e holocausto nuclear, como foco. No Brasil, a fotografia narrativa, como as de Sebastião Salgado, atinge um nível mítico fora do comum. Como um trabalho autoral forte como o seu pode transgredir esse status quo, de que fotografia narrativa deve ser necessariamente de cunho social? Atualmente, nos Estados Unidos, estamos vivendo a Era do Terror. Estou interessado em explorar a natureza de nossos medos e o papel que eles desempenham em nossa cultura. Meu trabalho pode ser mais repugnante do que místico, mas espero que tenha algum mérito social. Um artista é um contador de histórias; acho que tudo é um jogo. Morte é um assunto tão importante quanto vida. * “Venha minha criança se estamos planejando feri-la. Estaríamos aqui observando ao lado do caminho na parte mais escura da floresta?” Estas imagens são parte da minha série baseada em medos da infância. Eu fiz um pequeno conjunto no meu porão de um colchão e cobriu-o na sujeira e folhas. A mãe morta / figura da bruxa era tocada pelo meu amigo de Zoe. Perguntei Zoe para o papel por causa de maçãs do rosto acentuadas. Camisola vintage veio de um shopping de antiguidades. Usei farinha de continuar a branquear os cabelos, e crepitação Halloween make-up para sua pele. Suas unhas eram feitas de Lee-prima em pregos, cimento de borracha, e um Sharpie preto. Eu não podia real lentes de contato especiais FX, então eu já iluminou seus olhos azuis no Photoshop. As aranhas são as aranhas de plástico preto que eu encontrei no Hal- loween Superstore. Meu amigo Felix e eu passei mais de uma hora a atravessar o barril de aranha, escolhendo os melhores e colocando-os em uma pilha separada. Os trabalhadores adolescentes no Halloween Superstore achou que fôssemos loucos. O bebê da foto é meu sobrinho Matt. Ele dormia nos braços de Zoe’s em toda a foto inteira. Terror Magazine |9 Terror Magazine |11 Humor Negro Menina fria Concentrada, Aninha tentava furar o olho de um canário com uma agulha. De repente, seu irmãozinho mais novo entra correndo na sala: - Mana, mana, aconteceu uma tragédia! A vovó estava fazendo tricô na varanda e alguém esbarrou na sua cadeira de rodas. Ela caiu pela escada e foi parar no meio da rua. Aí veio um caminhão enorme e passou por cima dela... não sobrou nada da velhinha! - Puxa, Pedrinho! Não faz eu rir, senão eu erro o olho do canário! Terror Magazine |13 Elizabeth Bathory A maior das vampiras Parte I Sem dúvida Elizabeth Bathory pode ser considerada uma legítima vampira devido à sua “fascinação” por sangue e sua busca para nunca envelhecer. Era de uma crueldade indescritível. Certamente se Elizabeth tivesse conhecido o nosso famoso Conde Vlad Tepes(Drácula),eles seriam almas gêmeas e a época teria perdido muitas vidas vítimas de suas crueldades.” A família Bathory era uma das mais ricas e poderosas famílias protestantes em toda a Hungria. Nela existiam dois dos mais importantes príncipes reinantesna Transilvânia, um vasto número de heróis de guerra, oficiais da igreja na Hungria e até mesmo um grande construtor de impérios, Stephen Bathory,príncipe da Transilvânia e rei da Polônia. Foi nessa família que nasceu Elizabeth Bathory, no ano de 1560.Uma mulher conhecida por sua beleza, uma das mais belas da época. Também tivera um ótima educação, era inteligente, falava alemão, latim e húngaro fluentemente, chegava a ser mais inteligente que muitos homens e até príncipes de seu tempo. Mas como diz o ditado, quem vê cara não vê coração. Elizabeth era uma mulher cruel, cometeu inúmeras atrocidades. Suas atitudes desumanas são atribuídas a traumas de infância. Por volta dos 6 anos, Elizabeth teria visto um cigano, que foi acusado de vender crianças, ser colocado por soldados dentro da barriga de um cavalo, depois a barriga foi costurada e o cigano lá ficou para morrer. Outro fato seria de que ela Elizabeth viu suas duas irmãs sendo mortas e estupradas durante um ataque ao castelo. Um verdadeiro massacre de onde poucos escaparam. Em 1571, Elizabeth ficou noiva de Ferenc Nadasdy, de uma famíla prestigiada, mas não tão rica quanto a Bathory. N a época do noivado Ferenc tinha 16 anos, e Elizabeth 11. Casou-se em 1575, em um grande acontecimento onde até mesmo o Santo Imperador Romano Maximian II foi convidado. Elizabeth e Ferenc tiveram 4 filhos, três meninas e um menino depois de 10 anos de casamento. Ferenc era um grande guerreiro, por isso precisava ficar longos períodos longe de casa deixando o castelo e os criados aos cuidados de sua esposa. Os métodos de disciplinar os criados eram atos de extrema tortura. Elizabeth espetava alfinetes nos lábios e unhas das criadas.Costumava tambémarrasta-las pela neve onde ela ou suas aias jogavam água fria nas moças até que morressem congeladas. Durante a ausência do marido, Elizabeth começou a desenvolver outros gostos.Visitava freqüentemente uma tia lésbica muito conhecida de nome Klara. Esta sempre tinha a disposição muitas belas garotas e influenciada pela tia,Elizabeth participava sempre de suas orgias. Em 1604 faleceu o Conde Ferenc Nadasdy. Não se sabe se ele tinha conhecimento das atrocidades que sua esposa cometiia, mas sim de que ele também participava das elaborações de tortura, nunca chegando a ponto de matar os criados como Elizabeth costumava fazer. ANGEL EIN SOF Terror Magazine |15 Espaço publicitário Elizabeth Bathory A maior das vampiras - parte II Em cartas de Elizabeth para a família notase que era extremamente carinhosa com os filhos e marido, o contrário do que acontecia com os seus criados. Segundo historiadores, a morte do Conde fortaleceu mais o lado sanguinárioda Condessa. A uma lenda que diz que durante um passeio Elizabeth insultou uma senhora idosa dizendo que sua aparência era repulsiva. A senhora respondeu: “Cuidado, ó vaidosa, em breve ficarás como eu e depois, o que farás?” Esta foi outra razão apresentada para justificar a obsessão de Elizabeth com a idade e envelhecimento, apesar de não haver evidências em nenhum documento que comprove este evento. Segundo a história,a prática sanguinária de Elizabeth começou quando uma criada acidentalmente puxou o cabelo da Condessa enquanto o estava a pentear. Elizabeth instintivamente bateu na moça com tanta força que a mesma começoua sangrar, fazendo com que o sangue espirrasse para a mão da Condessa. A princípio Elizabeth ficou enraivecida e apanhou uma toalha para limpar o sangue, mas subitamente reparou que à medida que o sangue ia secando a sua pele parecia ter retomado a mesma brancura e jovialidade da pele das jovens camponesas. Embora pareça que ela nunca tomou banho em sangue de raparigas, vários relatos mostram que ela as torturava de tal maneira que ficava ensopada no seu sangue e tinha que trocar de roupa antes de poder prosseguir. Elizabeth poderia ter continuado com esta moda de torturar criados até à morte, à sua vontade e indefinidamente, porque até os clérigos naquele tempo consentiam que os nobres tratassem os seus criados da maneira que quisessem, por mais cruel que essa fosse e legalmente não diziam nada. A Condessa não estava só em suas maldades, junto a ela existia um sevo, Ficzko a ama dos seus filhos, Helena Jô, Dorothea Szentos (Dorka) e Katarina Beneczky, uma lavadeira. Entre os anos de 1604 e 1610 uma misteriosa mulher de nome Anna Darvulia, que provavelmente era amante de Elizabeth, juntou-se a ela e ensinou-lhe novas técnicas de tortura. Este é o relato de uma das atrocidades cometida por esse grupo: “...uma rapariga de 12 anos chamada Pola conseguiu escapar do castelo, mas Dorka, ajudada por Helena Jo, apanhou a assus- tada rapariga de surpresa e levou-a à força para o castelo de Csejthe.A Condessa recebeu a rapariga no seu retorno. Estava furiosa, novamente. Avançou para a rapariga e forçou-a a entrar numa espécie de jaula. Esta jaula foi construída com a forma de uma grande bola, demasiado estreita para ser possível uma pessoa sentar-se e demasiado baixa para se poder permanecer em pé. Uma vez posta a rapariga lá dentro a jaula era erguida por uma roldana e dezenas de espigões ressaltavam de dentro dela. Pola tentou não ser apanhada pelos espigões, mas Ficzko manuseou as cordas de modo a que a jaula oscilasse para os lados. A carne de Pola ficou desfeita. Com a morte de Darvulia, por volta dos 40 anos de Elizabeth, esta tornou-se ainda mais descuidada. Era Darvulia que se certificava que as vítimas seriam apenas camponesas e que nenhuma rapariga da nobreza era levada, mas com a sua morte e também com as dúvidas das camponesas acerca das maravilhas do castelo Csejthe, Elizabeth começou então a escolher raparigas da baixa nobreza. Sentindo-se sozinha, a Condessa juntouse à viúva de um fazendeiro da cidade vizinha de Miava. O nome dela era Erzsi Majorova. Aparentemente foi ela que encorajou Elizabeth a ir atrás de raparigas de berço nobre para além de continuar a sua busca entre as camponesas. Elizabeth teve de vender dois de seus castelos já que uma não foi paga a ela uma dívida pendente.Isso chamou a atenção do seu primo, o Conde Thurzo que reuniu o restante dos Bathory para exilar Elizabeth, só que isso não deu certo. Em 1610 alguns camponeses avistaram os criados de Elizabeth jogando os corpos de suas vítimas Terror Magazine |17 das muralhas do castelo. Este ato foi informado aos oficiais do rei e Thurzo obrigado a fazer algo a respeito da situação. A 29 de Setembro de 1610 foi efetuado o ataque ao castelo Csejthe. Não houve necessidade de fazer um ataque noturno e de surpresa, pois ao longo dos anos, as evidências dos crimes de Elizabeth foram-se acumulando. Quando o grupo de ataque chegou à mansão senhorial de Elizabeth, encontraram um corpo de uma criada espancada logo na entrada. Elizabeth e os seus cúmplices não se tinham preocupado em enterrar o corpo. Dentro da casa, os nobres depararam-se ainda com os corpos de mais duas raparigas, pelos vistos muito marcadas pelas torturas e uma delas encontrava-se ainda viva. Os cúmplices de Elizabeth foram julgados e cada um teve sua sentença no ano de 1611. As testemunhas haviam dito que o número de mortes executadas pela Condessa girava em torno de 30 a 60. Porém uma nova testemunha surgiu e revelou uma lista ou registro , feita pela Condessa onde a própria revelava o número de garotas mortas até então. Foram 650. Elizabeth foi a única a não ser levada a corte, sua sentença foi dada pelo próprio Thurzo: “Tu, Elizabeth, és como um animal” - disse ele - “estás nos últimos meses da tua vida. Não mereces respirar o ar nesta terra, nem ver a luz do Senhor. Irás desaparecer deste mundo e nunca mais irás aparecer. As sombras irão encobrir-te e terás tempo para te arrependeres da tua brutal vida. Condeno-te, Senhora de Csejthe, a seres aprisionada perpetuamente no teu próprio castelo.” Trabalhadores foram chamados para tapar as janelas de cima a baixo com tijolos e a porta do quarto de Elizabeth no castelo de Csejthe onde ela passaria o resto da sua vida. Existiria apenas um pequeno orifício por onde passaria a comida e ainda algumas fendas para a ventilação. Adicionalmente, quatro forcas foram construídas nos quatro cantos do castelo para demonstrar aos camponeses que justiça havia sido feita. Em agosto de 1614, um dos carcereiros da condessa, sabendo da reputação da mulher, quis ver se ela ainda continuava sendo a tão bela Elizabeth, foi então que espremendo-se pelo orifício na parede, ele a encontrou no chão, morta aos 54 anos de idade. Esse foi o fim de Elizabeth Bathory, a Condessa Sanguinária. ANGEL EIN SOF Terror Magazine |19 Resident Evil 4 Resident Evil é uma dos jogos e posteriormente seqüência cinematográfica mais famosa do mundo, desde o lançamento, muitas pessoas já jogaram o game, violência extrema, clima pesado e a grande trama por trás de tudo colocam Resident Evil como o maior jogo do seguimento terror/ação já feito para videogames. Resident Evil não é apenas mais um jogo divertido, mas a definição de um novo gênero, o survival horror (horror de sobrevivência), assim como uma das melhores coisas que aconteceriam na indústria em muito tempo. Pela primeira vez que um jogo de videogame me deixava tenso por sua atmosfera. Os becos escuros, os sons ecoantes de seus próprios passos, o vazio caótico do cenário, a irrefreável sensação de impotência, os uivos, choros, gemidos e gritos, as criaturas – tudo no jogo eram peças que se juntavam e criavam uma atmosfera incrivelmente opressora e assustadora.A famosa mansão vista em Resident Evil era terrível, mas a simples idéia de voltar para o negrume fantasmagórico da floresta era suicídio. Desde os primeiros instantes, o jogo me fazia sentir como em um pesadelo psicológico, daqueles em que acordar para uma realidade segura, simplesmente não é uma opção. Aquele, definitivamente, não era um jogo para jogar sozinho no meio da noite. Lançado originalmente em 1995 para os consoles da geração 32bits, Resident Evil foi o estopim necessário pra que aquela geração enfim empolgasse. A jogabilidade mudou completamente, nos primeiros jogos, a câmera era fixa e você controlava seu personagem de uma forma bastante confusa, que exigia um pouco de experiência do jogador para se acostumar, aquela câmera já deixou gente nervosa, pois, por exemplo, focava uma lareira onde o jogador tinha que encaixar uma jóia assim destravando uma porta que levava a um quebra-cabeça, enquanto uma horda de zumbis raivosos tomava a sala. O jogo recebia a classificação como “Adventure”, já que situações como essa correspondiam a praticamente 80% do tempo de jogo. Em Resident Evil 4, tudo mudou, agora você tem uma câmera em terceira pessoa, colocada logo acima do ombro do personagem. O modo de mira, que antigamente era quase como um tiro teleguiado, agora funciona praticamente como um FPS: apertando o R1, uma mira laser aparece e você a controla, além disso, o jogo deixou de ser um Adventure e assumiu as vertentes dos jogos de Ação/ Tiro.Você passa muito menos tempo procurando as pedras e engrenagens do que nos jogos anteriores. Vamos a uma breve história, bastante resumida, o T-Virus não é o grande responsável pela proliferação de zumbis como nos jogos anteriores, mas sim por contaminar moradores dos vilarejos que são chamados “Gañados” e por uma seita Espanhola acusada de raptar a filha do presidente. Leon S. Kennedy, que protagonizou Resident Evil, 2 tem a missão de descobrir o que se passa por trás dessa seita, destruir o T-Virus e, claro, resgatar a filha do presidente. No lugar dos zumbis, fomos agraciados com os já citados GAÑADOS, os zumbis espanhóis, a diferença é que, ao invés dos sempre divertidos zumbis, os gañados são fortes e inteligentes. Então fique sabendo que, ao invés de arrancar pedaços de carne, os gañados correm atrás de vocês com armas como foices, garfos de feno, dinamites e serras elétricas. Logo no começo, você é apresentado aos gañados. Depois de umas garrafas de cerveja, umas rodadas de truco e alguns palpites sobre a escalação da seleção, você descobre que eles não são tão amigáveis quanto nossos amigos zumbis. Eles não apenas são mais inteligentes, são mais durões também. Nos tempos áureos de Resident Evil 2, um tiro na cabeça era o suficiente pra acabar com qualquer zumbi, que caía imediatamente no chão e seu corpo ficaria ali até o fim dos tempos. Aqui, dois ou três tiros na cabeça não são suficientes pra matar um gañado. Mesmo você tendo a opção de mirar exatamente no meio da cabeça do individuo, um tiro certeiro o deixa apenas tonto, permitindo que você se aproxime e então o elimine. Outra opção que se tem é o chute, mas apenas o derruba você então teria tempo de 1- descarregar sua arma; 2- correr como uma mocinha; 3- usar a faca e retalhar o sujeito. resto do jogo. Uma curiosidade é que a maioria dos gañados deixa cair munição quando morrem, eles apenas podem te atacar com foices e machados, mas carregam consigo munição e pistola. É divertido sair atirando como um louco, mas lembre-se que as balas que você desperdiça agora podem faltar quando você está cara a cara com um inimigo muito mais forte que o normal. Agora vamos parar para tomar uma água, usar uma Green Herb e raciocinar. Você está lá, no meio de uma vila cheia de zumbis quando encontra uma porta aberta, ao adentrar a casa,“uma cena de filme” te informa de que um gañado está vindo atrás de você com uma serra elétrica. Você é obrigado a morrer umas duas vezes antes de descobrir que pode ganhar tempo empurrando o móvel até a porta, morre mais três ou quatro vezes até descobrir que deve subir a escada da casa, e morre mais duas até encontra a prova definitiva de que existe uma saída: uma shotgun emoldurada no segundo andar. Para sua surpresa, a shotgun vem carregada com três tiros. Pra melhorar sua situação, a munição do jogo é escassa, portanto, cada tiro que você der durante o jogo é um peso na consciência a mais para carregar pro Além do cara da moto serra, a casa ainda é invadida por algumas dezenas de zumbis por todos os cantos. Mas relaxa, tudo vai dar certo. Jogabilidade Como se não fosse o suficiente, a faca de Resident Evil 4 é uma das armas mais medíocres da história dos videogames. Tudo bem, para os experientes ela até consegue ser útil. Para os que não sabem jogar, serve apenas pra quebrar barris. Ao segurar o L1, seu personagem entra numa espécie de modo faca, onde ele é capaz apenas de balançar a faca de um lado para o outro, num raio de 30 centímetros além do seu corpo. Em suma, pra surtir algum efeito, você deve surpreender o gañado assim atingindo com uma facada certeira. Para piorar, os caras ainda fazem um Leon com habilidades limitadas, que só consegue realizar dois tipos de movimentos com uma arma de tamanha destreza. Ao invés de poder fazer investidas, cortar pescoços ou movimentos mais bruscos com o objeto cortante, Leon é capaz apenas de balançar a faca vinte centímetros de seu rosto. Som Resident Evil sempre me deu medo com sons assustadores, a atmosfera sombria do game é agravada por uma trilha sonora pesada. Não é raro, do nada, gritos e berros sinistros vindos do NADA. Com inimigos que são capazes de se comunicar, ao invés de Bããããããããhh,Grrroooooorrrrr e Brrrooooaarrrrrr, os gañados usam frases como Detras de tí, imbécil, e, claro, Mierda. Imagino como seria se o jogo se passasse no México. Seria divertido ver uma vila de gañados mariachis com sombreros, bigodes e violões. Gráficos Não se pode comentar muito esse quesito pois o jogo foi lançado originalmente para o Gamecube, que tem uma capacidade gráfica maior que o console da Sony. Houve uma grande perda de texturas, os cenários ficaram um pouco menos detalhados, mas nada que atrapalhe na qualidade do jogo. Como sempre, a Capcom se virou bem e soube trabalhar e deixar aceitável esse quesito.