MANEJO DE SOVI (Ictinia plumbea)

Transcrição

MANEJO DE SOVI (Ictinia plumbea)
MANEJO DE SOVI (Ictinia plumbea) ATRAVÉS DO MÉTODO DE CRIA-CAMPESTRECONTROLADA
Laura Andréa Lindenmeyer-Sousa, Julian Stocker, Ana Paula Morel, Denise Giani, Guilherme
Cavalcante da Silveira e Luiz Gustavo Trainini da Silva
Hayabusa Consultoria Ambiental LTDA.
Rua Selso Fidélis Jardim, 590. Bairro Rincão Gaúcho, Canoas/Rio Grande do Sul. CEP: 92035020, [email protected]
Palavras-chave: gavião, hacking, conservação
O sovi (Ictinia plumbea) é uma ave de rapina (Accipitriformes: Accipitridae) de pequeno porte,
cosmopolita e de hábitos migratórios. A espécie ocupa campos e/ou áreas abertas em campos
arados, seguindo incêndios em pequenos grupos ou pares para capturar insetos em fuga (1, 2).
A criação em cativeiro de aves de rapina constitui-se necessária à prática da falcoaria e à
reintrodução de indivíduos dessas espécies em seu hábitat natural (3) e pode ser realizada de
várias formas. A cria-campestre-controlada (hacking) constitui uma técnica de criação eficaz
para a recuperação de indivíduos de aves de rapina e consiste na criação de juvenis de uma
determinada espécie em regime de semiliberdade. O uso de hacking é de fundamental
importância para a conservação de populações de rapinantes. A partir disso, o objetivo deste
trabalho é descrever o primeiro evento de uso de cria-campestre-controlada para a reabilitação
do sovi no Brasil. Um ninhego de I. plumbea foi entregue à empresa Hayabusa Consultoria
Ambiental LTDA. em novembro de 2013, após cair de um ninho na cidade de Passo Fundo/RS,
quando seu processo de reabilitação foi iniciado. A ave passou por um processo de imprinting
durante os primeiros meses de vida, através de técnicas utilizadas em falcoaria descritas em
trabalhos anteriormente realizados na América do Norte. Após esse processo, a alimentação
manual passou a ser reduzida, gradativamente, desvinculando o falcoeiro como principal fonte
de alimento. O gavião foi mantido em regime de semiliberdade, apesar de atrelado a artefatos
de falcoaria, durante o período em que a alimentação foi oferecida de forma indireta. No
decorrer do processo, o indivíduo passou a executar voos livres, aprendendo a caçar de forma
autônoma e a se defender de possíveis predadores, seguindo o mesmo processo utilizado em
programas de conservação de Falco cherrug, F. rusticolus e F. peregrinus na Inglaterra (4). O
indivíduo demonstrou aptidão em defesa contra um individuo silvestre de Accipiter striatus.
Quando plenamente apto à vida em liberdade e depois de avaliado o seu bom condicionamento
e higidez física, os artefatos de falcoaria (jesses, destorcedor e leash) foram retirados em
definitivo do animal. O gavião retornou ao ambiente natural em novembro de 2014.
1 Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 912 pp.
2 Sigrist, T. (2011) Guia de Campo Avis Brasilis – Avifauna Brasileira. Série Guias de Campo Avis Brasilis, tomo V.
Editora Avis Brasilis, São Paulo, 592 pp.
3 Sapage, M. A. P. (2011) Comportamento reprodutor de rapinas diurnas em cativeiro na Coudelaria Alter Real e em
Vaiamonte. Dissertação de Mestrado. Lisboa, Portugal, 54 pp.
4 Fox, N. (1995) Adiestramento y Acondicionamento: Crianza silvestre campestre. En: Fox, N. (Libros Clan A.
Gráficas S.L.), Comprender al ave de presa. Cairel Ediciones, Madrid, 453 pp.