Ensino Médio Elaborado pelos professores: José Ataíde da
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Ensino Médio Elaborado pelos professores: José Ataíde da
Ensino Médio Elaborado pelos professores: José Ataíde da Silva e Madson Euzébio de Oliveira 1 Sumário Introdução..............................................................02 Energia e Meio Ambiente......................................02 Uma cidade às escuras........................................................02 Iluminação das casas...........................................................03 Os serviços domésticos......................................................04 Pioneirismo brasileiro.............................................04 Civilização e uso da energia...................................05 Monjolo, marcador do tempo.................................05 Acompanhar as Mudanças...................................06 Perceber os riscos................................................13 Propor alternativas...............................................19 Exercícios..............................................................23 Bibliografia............................................................26 2 INTRODUÇÃO Nesta apostila iremos aprender que as mudanças na paisagem constituem um tema importante de pesquisa para o geógrafo e o principal motor de transformação do espaço geográfico na atualidade é sua estrutura sócio-econômica, na qual o homem provoca alterações nas relações entre sociedade e natureza. E no acompanhamento dessas transformações, o geógrafo trabalha em conjunto com as demais Ciências Sociais e procura compreender como interagem a ecologia, a economia e a sociedade nas formações territoriais do mundo contemporâneo. O período histórico atual é marcado por profundas transformações científicas e tecnológicas que, para alguns, significa uma verdadeira Terceira Revolução Industrial, onde a velocidade das mudanças comprime tempo e espaço, alterando profundamente as relações entre os homens e entre a sociedade e a natureza, implicando numa busca de novos caminhos para garantir os objetivos maiores de igualdade social e sustentabilidade ambiental. A Geografia também está presente nessa busca de alternativas, e sua contribuição é muito importante para decifrar como o desenvolvimento tecnológico altera radicalmente as condições do meio natural. Também vamos acompanhar como os geógrafos podem utilizar o conhecimento que possuem para identificar áreas de risco ambiental - sujeitas a catástrofes naturais ou a acidentes com produtos tóxicos. Avaliar e ter noção sobre os riscos ambientais é uma atividade onde o geógrafo participa com outros profissionais, na tentativa de minorar os efeitos de eventos perigosos e propor alternativas para reduzir a probabilidade de sua ocorrência no futuro é uma maneira eficaz de mostrar à população os perigos a que está exposta por causa de catástrofes naturais e de acidentes tecnológicos. A Tecnologia que ajuda a solucionar muitos problemas da humanidade traz em si novas e poderosas fontes de riscos para a vida humana. A partir da analise do espaço geográfico e da compreensão do processo de evolução e mudanças das paisagens, pode–se diagnosticar e avaliar empiricamente, o potencial dos riscos existente nos dias atuais e as perspectivas de mudanças de comportamento futuro, embasado numa proposta de sustentabilidade.. Afinal, conhecer o espaço geográfico nos mostra que temos conteúdo disponível para interrompermos a trajetória que leva ao esgotamento dos recursos ecológicos e à contaminação do ambiente em que vivemos. Enfim, nessa busca por um planeta sustentável, já temos iniciativas, como a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, realizada no Rio de Janeiro em 1992 - a Rio-92 - que se tornou um marco importante na tomada de consciência de que ainda somos capazes de decidir o que queremos no futuro. Energia e Meio Ambiente Uma cidade às escuras Imagine uma cidade antiga, sem energia elétrica. Vamos passear por ela à noite. As ruas são completamente escuras, pois ainda não chegou a moda dos lampiões de gás. Se tivermos a sorte de uma noite sem nuvens, entre o quarto crescente e o quarto minguante lunar, poderá haver, conforme a hora, um luar agradável. Uma luz pálida, 3 quase azulada, que se refletirá nos telhados e nas pedras do calçamento e permitirá, pelo menos, enxergarmos as silhuetas das casas e a torre da igreja. Mas, a partir do quarto minguante, já a Lua somente surgirá após a meia- noite, exibindo apenas a metade da sua face e de sua luz. Na maior parte do tempo só teremos o céu estrelado: lindo, más escuro. As casas e, principalmente, os bares, restaurantes e cafés estão iluminados por dentro e podemos ver o seu interior através das amplas janelas. São lampiões a querosene ou a óleo, ou simplesmente velas de cera distribuídas pelo salão. Algumas casas mais ricas dispõem, já, de um sistema próprio de gás acetileno, produzido pela reação de pedrinhas de carbureto de cálcio com água e recolhido em um gasômetro instalado no quintal. Ainda hoje os trabalhadores das minas e também espeleólogos – pessoas que estudam cavernas - usam lâmpadas se acetileno para iluminar os caminhos escuros das entranhas da terra. A iluminação das casas Entremos em qualquer casa. Na sala, onde se acha reunida a família após o jantar, um grande lampião Petromax, de gasolina sob pressão, pendurado ao teto, ilumina todo o ambiente. É uma bonita peça, toda de cobre, com um lindo abajur de vidro leitoso, com uma barra de florzinhas rosadas e azuis. Ele produz umas luz intensa, muito branca, por causa de uma pequena rede de titânio que envolve a chama. Esta aquecida pela chama do vapor de gasolina, emite uma luz muito forte e clara que a chama tremeluzente amarelo-avermelhada do simples lampião de querosene que se acha pendurado à parede do corredor, ou a lamparina de óleo do banheiro. Nessa sala, cada membro da família está entregue a seu passatempo favorito. A dona de casa maneja rapidamente as longas agulhas de tricô, fazendo um novo colete para o colete para o marido. Este dá voltas à manivela de um pequeno gramofone, ou vitrola de corda, coloca o disco de ebonite, substitui a agulha de aço a cada dois discos tocados e deleita-se com sua sinfonia predileta: a Nona sinfonia de Beethoven, em doze discos arranjados em dois belos álbuns de couro. O menino, ajoelhado no tapete, entretém-se numa partida de paciência com seu baralho novo, e a irmã, mocinha de 14 anos, está absorvida na leitura de um emocionante romance de Madame Delly, próprio para sua idade. 4 Os serviços domésticos Não existe televisão, rádio, videofilmes ou qualquer passatempo eletrônico. Não há também aquela enorme variedade de aparelhos eletrodomésticos que substituem todo o esforço físico na realização dos trabalhos de rotina: a roupa tem de ser lavada e esfregada no tanque, torcida com as mãos e estendida ao Sol, no quintal, para ser alvejada ou seca, pois ainda não existe a máquina de lavar ou a de secar; o tapete é varrido ou estendido no quintal e batido com o batedor de tapetes, de vime, para retirar a poeira: o aspirador de pó, elétrico, ainda não foi inventado; o chão é encerado e polido com o pesado escovão de ferro; as claras de ovos e as massas de bolo são batidas à mão; o fogão é de lenha; o banho quente é temperado na tina, com chaleiras aquecidas no fogão. Todos dormem muito cedo, pois não há muito que fazer à noite. Além disso, tudo que for feito é penoso, pois a falta de luz castiga a vista, e o consumo de querosene e de velas é grande. Assim, após o jantar (que é servido as seis da tarde), há apenas tempo de fazer digestão, entreter-se um pouco com a música ou a leitura e depois ir para a cama: as crianças às 8 e os pais às 9 horas. Apaga-se o grande lampião da sala. Os pequenos lampiões são levados para os quartos. Durante a noite, fica acesa apenas a lamparina de óleo do banheiro e, talvez, um outra próximo à cozinha. O silêncio é completo: não existe buzina nem roncos de motores acelerados. Só o ruído compassado dos cascos ferrados de cavalos batendo nas pedras do calçamento. Pioneirismo brasileiro Essa não é uma cidade fictícia, existente apenas nos romances: é São Paulo do século XIX, ou poderia ser Recife, com suas belas pontes sobre o Rio Capibaribe refletindo o luar. O menino de calças curtas que jogava baralho poderia ter sido meu pai pó seu avô. O Brasil, que aliás foi um dos primeiros países do mundo a utilizar geradores de energia elétrica, teve sua primeira usina térmica instalada em 1883 e a primeira hidrelétrica em 1889, em Juiz de Fora, Minas Gerais. . A primeira hidrelétrica de São Paulo, em Santana de Parnaíba, no Tietê, foi inaugurada em 1901, embora já existisse um gerador a vapor , na rua Araújo, em 1900, quando começaram a transitar os bondes elétricos. Mas até próximo de 1930 a iluminação das ruas era preponderantemente a gás e, nas casas, a eletricidade era empregada para acender umas poucas lâmpadas. As máquinas industriais eram, como as locomotivas, movido principalmente a vapor obtidos de grandes caldeiras aquecidas pela queima de carvão importado da Inglaterra. De manhã cedo, ouviam-se as caldeiras das fábricas emitindo seus apitos, em vários tons, para anunciar a hora de entrada para o trabalho. E na passagem do Ano Novo, dia 31 de Dezembro, havia uma competição de apitos, para ver qual caldeira que aguentava mais tempo. Com o mesmo carvão mineral que aquecia as caldeiras era produzido, na Companhia de Gás, o gás de iluminação e, todas as tardes, cada um dos postes de iluminação da cidade era acendido pelos funcionários da empresa pública: os acendedores de lampiões. 5 São Paulo – século XIX – observe o lampião do lado esquerdo da imagem Civilização e uso de energia É difícil, para uma pessoa nascida neste último quarto de século, imaginar sequer a vida em uma cidade sem energia eletricidade. Mesmo os recantos mais distantes, os sítios e as fazendas situadas no interior longínquo, dispõem desse benefício. As rodas-d’água, os monjolos, os belos moinhos de ventos antes utilizados para acionar a mós de pedra, com que se trituravam os grãos de milhos para fazer fubá e outras farinhas, foram pouco a pouco sendo abandonados e sendo substituídos por máquinas elétricas, assim como as juntas de bois foram substituídas por tratores e caminhões. E quase não se vê uma casa, por modesta que seja, que não ostente sobre o telhado a arborescente antena de televisão e, na cozinha, um liquidificador. MONJOLO, MARCADOR DO TEMPO Marcador incansável do tempo Esquecido nos confins de uma era que se vai... Marcou seu tempo, um tempo em que reinou. Voltava à posição normal, Novamente a água enchia-o e despejava-se Num doce murmúrio completando o curso Que se seguia radiante... Pelo leito do rio, coroado por flores simples de rara beleza, Ele cumprindo seu propósito de Deixar marcas no tempo realizando tarefas... A água corrente era seu combustível, a vida... Ele a máquina, o ser... A água continua sendo vida E eu, o velho monjolo! 6 Tentando marcar meu tempo no tempo em que pela vida passei. Deixar minha marca impressa no coração dos seres que amei... E a marca indelével da saudade na alma de quem na verdade Por toda a minha vida chorei!... Enemércio de Moura - Sábado, 20 de setembro de 2008 É o progresso, dizemos. Sem energia não há civilização, não há desenvolvimento! Sem o domínio das poderosas fontes de energia, não teríamos chegado à Lua, não disporíamos dos meios de transportes que tornam tão fácil a comunicação entre locais tão distantes e povos tão diferentes. Não contaríamos com todo esse conforto que nos proporciona a mecanização. Por isso, devemos refletir sobre os meios energéticos e buscarmos novas fontes que visam fim da poluição e desgastes por parte do planeta em que vivemos, pois esta é nossa casa, e devemos cuidar dela com mais atenção e menos ambição. Acompanhar as mudanças Pensar o desenvolvimento sócio-econômico significa compreender como as sociedades humanas transformam a si próprio, ao modificarem suas relações com a natureza. Como vimos nas unidades anteriores, o homem é essencialmente um animal social, isto é, não atua como um indivíduo isolado na produção dos bens materiais necessários a sua subsistência. Para essa sobrevivência, teve de estabelecer, primeiro, regras e normas entre os próprios seres humanos, de modo que pudesse trabalhar a natureza em seu proveito. A família, o clã, a tribo ou uma comunidade nacional são expressões de grupos sociais que se organizam para produzir bens e garantir sua reprodução enquanto sociedade organizada. A escravidão foi uma relação de trabalho muito comum nas colônias, durante o capitalismo comercial. Na gravura escravos brasileiros na moenda de cana de açúcar. 7 SAIBA MAIS: Em Sociologia, uma sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade. A sociedade é objeto de estudo comum entre as ciências sociais, especialmente a Sociologia, a História, a Antropologia e a Geografia. Em Biologia, sociedade é um grupo de animais que vivem em conjunto, tendo algum tipo de organização e divisão de tarefas, sendo objeto de estudo da Sociobiologia. Uma sociedade é um grupo de indivíduos que formam um sistema semi-aberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo. Uma sociedade é uma rede de relacionamentos entre pessoas. Uma sociedade é uma comunidade interdependente. O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada. A origem da palavra sociedade vem do latim societas, uma "associação amistosa com outros". Societas é derivado de socius, que significa "companheiro", e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinônimo para o coletivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico. Pessoas de várias nações unidas por tradições, crenças ou valores políticos e culturais comuns, em certas ocasiões também são chamadas de sociedades (por exemplo, Judaico-Cristã, Oriental, Ocidental etc.). Quando usado nesse contexto, o termo age como meio de comparar duas ou mais "sociedades" cujos membros representativos representam visões de mundo alternativas, competidoras e conflitantes. Também, alguns grupos aplicam o título "sociedade" a eles mesmos, como a "Sociedade Americana de Matemática". Nos Estados Unidos, isto é mais comum no comércio, em que uma parceria entre investidores para iniciar um negócio é usualmente chamada de uma "sociedade". No Reino Unido, parcerias não são chamadas de sociedade, mas cooperativas. Margaret Thatcher não foi a única a dizer que não existe sociedade. Ainda há um debate em andamento nos círculos antropológicos e sociológicos sobre se realmente existe uma entidade que poderíamos chamar de sociedade . Teóricos marxistas como Louis Althusser, Ernesto Laclau e Slavoj Zizek argumentam que a sociedade nada mais é do que um efeito da ideologia dominante e não deveria ser usada como um conceito sociológico. Para conseguir abrigo e sustento, o grupo social estabelece relações de produção entre seus membros, o que pressupõe certa divisão social do trabalho. Na maioria das comunidades, por mais “primitivas” que sejam, existem trabalhos que são atribuições masculinas, enquanto outros são de responsabilidade feminina. Há atividades desempenhadas por jovens; outras, por adultos; e algumas, por idosos. Isso significa que as primeiras formas de divisão social do trabalho acompanharam a estrutura de sexo e de idade da comunidade. 8 Hoje, a divisão social do trabalho é muito mais complexa, com centenas de profissões diferentes e mais oportunidades, embora ainda existam sociedades que obrigam seus membros, seja por sexo, seja por idade, seja por etnia ou por casta, a desempenhar trabalhos subalternos e com remunerações inferiores. Para retirar seu sustento e construir seu abrigo, os grupos sociais atuam sobre a natureza, utilizando instrumentos e processos de trabalho que formam um conjunto a que chamamos de meios de produção. O conjunto dos meios de produção à disposição de determinada sociedade corresponde a seu nível de evolução no conhecimento científico e tecnológico, mais atrasado ou mais avançado, a que podemos denominar de forças produtivas para o trabalho social. 9 Em uma economia industrial, uma árvore é além de uma fornecedora de sombra e carvão (como numa sociedade primitiva), ela é matéria-prima para a produção de álcool combustível e de papel e celulose, sem os quais a indústria gráfica teria tido muita dificuldade para desenvolver-se, e nosso livro talvez nem estivesse impresso. Hoje, com os avanços da biotecnologia - setor industrial que combina os conhecimentos da engenharia genética com a tecnologia industrial -, uma árvore é uma fonte de conhecimento sobre a estrutura genética, sobre novas substâncias e, em alguns casos, uma verdadeira fábrica capaz de sintetizar novos produtos. SAIBA MAIS: Biotecnologia é tecnologia baseada na biologia, especialmente quando usada na agricultura, ciência dos alimentos e medicina. A Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU possui uma das muitas definições de biotecnologia:[1] “ "Biotecnologia define-se pelo uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de resolver problemas e criar produtos de utilidade." ” A definição ampla de biotecnologia é o uso de organismos vivos ou parte deles, para a produção de bens e serviços. Nesta definição se enquadram um conjunto de atividades que o homem vem desenvolvendo há milhares de anos, como a produção de alimentos fermentados (pão, vinho, iogurte, cerveja, e outros). Por outro lado a biotecnologia moderna se considera aquela que faz uso da informação genética, incorporando técnicas de DNA recombinante. A biotecnologia combina disciplinas tais como genética, biologia molecular, bioquímica, embriologia e biologia celular, com a engenharia química, tecnologia da informação, robótica, bioética e o biodireito, entre outras. 10 Dessa maneira, vimos como o meio natural tem sua utilidade determinada pelo grau de desenvolvimento das forças produtivas sociais, que evoluem no decorrer da história. Entretanto, o ritmo desse desenvolvimento não é determinado apenas pelo avanço da ciência e da tecnologia, mas também pelas relações sociais de produção. Um exemplo pode ser encontrado nas formas de produção e distribuição de energia. Sabe-se que o petróleo e seus derivados constituem matéria-prima para uma infinidade de produtos; que as reservas mundiais de petróleo são finitas; que a combustão incompleta dos combustíveis derivados do petróleo é a grande responsável pela poluição nas grandes cidades e pelo aquecimento global. No entanto, o poder das grandes empresas mundiais de exploração, refino e distribuição de petróleo, bem como todos os demais setores ligados ao sistema produtivo que se origina dele, ainda pesa muito e dificulta a adoção de novas fontes de energia limpa e da generalização dos transportes de massa, como trens elétricos e metrôs. Energia eólica SAIBA MAIS: Energia limpa: o nome já traduz o que seria esta forma de energia, ela não polui o meio ambiente. Como exemplo de energia limpa tem a energia eólica (produzida através de correntes de ventos), a energia solar (obtida pelos raios solares), a hidrelétrica (fornecida através da movimentação da água), entre outras. Em se tratando da energia necessária para a movimentação de veículos, a energia limpa aparece como sendo aquela que não emite gás carbônico na atmosfera. O gás natural é um exemplo de combustível de energia limpa, ele não colabora com o chamado “efeito estufa”. Os biocombustíveis (produzidos por fontes renováveis) também entram na lista dos geradores de energia limpa. Até a energia nuclear pode ser considerada energia limpa, apesar dos rejeitos perigosos. Segundo especialistas, os rejeitos permanecem radioativos por séculos, mas o lixo atômico não emite poluentes na atmosfera, ou seja, se devidamente descartados não oferecem riscos ao meio ambiente. A energia limpa pode ser classificada como energia renovável, porque é produzida com o uso de recursos renováveis (movimento da água, luz solar, vento). Em contrapartida existem as 11 fontes não renováveis, como petróleo, que mais cedo ou mais tarde ficará extinto. Este acontecimento seria visto como um bem para a nação, uma vez que os mais perigosos poluentes provêm da queima de combustível oriundo de fonte não renovável. O carvão mineral também é um exemplo de fonte não renovável, considerando a matériaprima necessária para sua obtenção como objeto de exploração. Se milhares de árvores são cortadas diariamente, o plantio de novas para tornar o processo renovável é praticamente inútil. Na realidade, a matriz energética, isto é, como são combinados os diversos recursos energéticos na produção e consumo social, ainda está centrada no petróleo e na energia elétrica de origem térmica. Essas foram tecnologias desenvolvidas no final do século XIX e início do século XX, graças à Segunda Revolução Industrial, que, por sua vez, havia alterado a matriz energética baseada no carvão mineral, típica da Primeira Revolução Industrial. Dada a grande importância que o petróleo ainda tem no mundo atual, muitos analistas duvidam da existência efetiva de uma Terceira Revolução Industrial, já que pouco mudou na matriz energética, exceto a fissão nuclear, que apresenta mais problemas a serem resolvidos do que soluções reais para o abastecimento de energia. Observe a tabela a seguir: Fontes Energéticas a partir das Revoluções Industriais MATRIZES PERÍODO CARVÃO MINERAL 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL PETRÓLEO E ENERGIA ELÉTRICA 2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ENERGIA NUCLEAR E BIOMASSA, 3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Para a Geografia, é importante observar como essas Revoluções Industriais afetaram as relações entre a estrutura sócio-econômica e seu meio geográfico, isto é, sua formação territorial. Assim, durante a Primeira Revolução Industrial, alterou-se radicalmente a distribuição territorial do trabalho, com uma mudança radical do eixo econômico do campo para a cidade. Isso alterou também o eixo social, que passou a se orientar no sentido da urbanização acelerada, concentrando-se em grandes cidades industriais, como Londres, Manchester e Liverpool (na Grã-Bretanha). A Segunda Revolução Industrial intensificou os processos já manifestos na anterior, acentuando-se a centralização do capital financeiro e a concentração industrial, generalizando-se o processo de produção e consumo de massa. A conseqüência social mais importante desse processo foi a concentração metropolitana, quando as grandes cidades se juntaram (cidades sem limites entre elas) e formaram grandes aglomerados urbanos (fenômeno chamado de CONURBAÇÃO), surgindo assim as grandes megalópoles mundiais, que são os centros de produção e de gestão financeira, como os que existem no leste dos Estados Unidos, entre as cidades de Boston e Washington. 12 Observe o mapa e o quadro a seguir: SAIBA MAIS: No Brasil 13 Distribuição populacional do Brasil. Vista por satélite, a mancha urbana de São Paulo, Brasil. Pode-se observar ainda parte das manchas de São José dos Campos e Jacareí (a leste), da Baixada Santista (ao sul) e 14 de Campinas (ao norte). Imagem de satélite da Grande São Paulo à noite. Os livros e sítios didáticos geraram uma grande ambiguação quanto à existência de uma megalópole brasileira. Existem os livros que afirmam a existência de tal, onde estariam no eixo localizado no sudeste, vale do Paraíba, as regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro, interligadas especialmente pela Via Dutra. No entanto, existem outras fontes de informação que adicionam mais uma metrópole à região; algumas citam a Baixada Santista., outras, Campinas. Todo esse caos na informação ainda é expandido diante das obras que indicam a inexistência de tal megalópole, ou ainda, que acusam sua existência para então afirmar que de fato não há ligação entre as regiões metropolitanas, que a mesma ainda está em processo de formação, contra-dizendo-se, assim. Na verdade, entre Rio de Janeiro e São Paulo não se verifica a existência de uma megalópole, mas de um complexo metropolitano. Essa área é o lar de nada menos de 22% da população do Brasil, embora cubra apenas 0,5% de todo o território nacional. A região corresponde, ainda, a 60% de toda produção industrial brasileira. Naturalmente, esse complexo desempenha funções que o encaixam nesse grau de urbanização, tanto em aspectos culturais, quanto em aspectos financeiros; seus dois principais pólos estabelecem uma forte conexão entre as outras cidades brasileiras e com o restante do planeta. Porém, pode-se afirmar que já há uma megalópole (ou macrometrópole, conforme a definição da EMPLASA) entre São Paulo e Campinas, caraterizada por uma mancha urbana contínua e forte integração econômica e social. Esta enorme mancha urbana ameaça espalhar-se até pólos como Sorocaba e Baixada Santista. Pelo outro lado, está a atingir São José dos Campos e, daí, seguir sua trajetória até unir definitivamente São Paulo e Rio de Janeiro numa mancha urbana única. Rio-São Paulo o Localização: Sudeste do Brasil; o População: 43 milhões de habitantes; o Metrópoles abrangentes: São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas e Santos; 15 Hoje, do ponto de vista espacial, a formação territorial do capitalismo financeiro expandiu-se por todo o planeta, processo que se completou quase integralmente com o fim da Guerra Fria. Tal expansão ampliou os limites do mercado mundial para dimensões jamais vistas, o que fez com que alguns passassem a acreditar que a única lógica dominante é a do mercado. A Geografia e o trabalho dos geógrafos contribuíram para trazer à tona as reais dimensões do risco que a humanidade corre neste final do século, principalmente no que diz respeito à capacidade que a biosfera teria de garantir suporte para manter o ritmo atual de exploração dos recursos naturais e manter a depuração de toda a sorte de rejeitos lançados no meio natural. As novas relações entre economia e ecologia - mais do que nunca - têm de levar em conta a antiga noção geográfica de que a Terra é a morada dos homens. Perceber os riscos A atividade humana envolve certa dose de risco, que pode resultar em doença e/ou morte. Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico, e muitas vezes por causa dele, os perigos representam um elemento constante da vida cotidiana. O grande progresso está justamente na capacidade que a ciência e a tecnologia têm de reduzir os graus de incerteza acerca dos riscos futuros, e na possibilidade, ao menos formal, de informar às coletividades envolvidas sobre as dimensões do perigo, real ou potencial, a que estão sujeitas. É importante ter em mente que as diferentes paisagens estão sujeitas a distintas intensidades de risco, que provocam perdas humanas em um curto espaço de tempo, como foi o caso de Bophal, na Índia (intoxicação por gases tóxicos que vazaram de uma indústria química), ou da Vila Socó (grande incêndio provocado por vazamento de gases de petróleo em oleoduto), em Cubatão - São Paulo. 16 Vila socó – Cubatão (1984) E, também existem riscos advindos de exposição prolongada a produtos radioativos ou tóxicos, como ocorre quando se mora nas proximidades de depósitos de lixo atômico ou de resíduos tóxicos. Cidade fantasma de Pripyat com a usina nuclear de Chernobil ao fundo. A análise de risco desenvolveu-se justamente no setor em que o perigo é potencialmente muito grande - o setor nuclear. Os modelos analíticos mais sofisticados sobre a periculosidade de uma atividade produtiva foram desenvolvidos justamente no que diz respeito à probabilidade de acidentes nucleares e aos efeitos da radioatividade nos organismos vivos. O conhecimento acumulado nessa área difundiuse para os demais ramos produtivos, nos quais atividades aparentemente sem nenhuma periculosidade revelaram alto potencial de risco, a médio e longo prazo, 17 como é o caso do contato direto ou indireto com substâncias químicas que podem ser cancerígenas. A avaliação de riscos depende de fatores incontroláveis ou pouco conhecidos, e está sujeita a uma boa margem de incerteza acerca do comportamento futuro de uma série de variáveis. Em sua formulação mais simples, o risco pode ser traduzido por uma equação matemática, sendo definida como o produto da probabilidade de ocorrer o acidente (ou o produto da freqüência da ocorrência) por suas conseqüências previstas (número de vítimas, por exemplo). Ao lado disso, mais complexo ainda é o grau de aceitação individual e coletiva dos riscos, o que varia de acordo com as condições objetivas e subjetivas, em que os benefícios provenientes da aceitação de certa dose de risco depende de fatores econômicos, sociais, culturais e, mesmo, éticos. Assim, a análise de risco ambiental deve ser vista como um indicador dinâmico das relações entre os sistemas naturais, a estrutura produtiva e as condições sociais de reprodução humana, em determinado lugar e em determinado momento. Isso é histórica e geograficamente determinado. Nesse sentido, é importante que se considere o conceito de risco ambiental como a resultante de três categorias básicas: o risco natural, associado ao comportamento dinâmico dos sistemas naturais, isto é, considerando o seu grau de estabilidade/instabilidade que se expressa em sua vulnerabilidade a eventos críticos, de curta ou longa duração, tais como inundações, desabamentos e aceleração de processos erosivos; o risco tecnológico, definido como o potencial de ocorrência de eventos danosos à vida, a curto, médio e longo prazo, em conseqüência das decisões de investimento na estrutura produtiva. Envolve uma avaliação da probabilidade de eventos críticos de curta duração e com amplas conseqüências, a exemplo de explosões, vazamentos ou derramamentos de produtos tóxicos, e também uma avaliação da contaminação a longo prazo dos sistemas naturais, por lançamento e deposição de resíduos do processo produtivo; Observe a imagem a seguir, no qual um rapaz nada num rio super poluído na cidade de Nova Déli na Índia. 18 Mahendra Kumar toma fôlego em rio poluído; segundo autoridades, indústrias estão ignorando leis e lançando lixo tóxico nas águas do Yamuna - India, que abastece a cidade de Nova Déli (Foto: Gurinder Osan / AP) o risco social, visto como resultante das carências sociais ao pleno desenvolvimento humano, que contribuem para a degradação das condições de vida. Sua manifestação mais aparente está nas condições de habitabilidade, expressa ou não no acesso aos serviços básicos, tais como água tratada, esgoto e coleta de lixo. No entanto, em uma visão a longo prazo, pode atingir as condições de emprego, renda e capacitação técnica da população local, como elementos fundamentais ao pleno desenvolvimento humano sustentável. Bairro México 70 – Cubatão/São Paulo Vila Telma - Santos/São Paulo 19 A avaliação de riscos pressupõe o conhecimento, por parte das pessoas envolvidas, das dimensões do perigo a que estão sujeitas. Um acidente em uma usina nuclear pode afetar milhares de pessoas que moram e trabalham a centenas de quilômetros da ocorrência do evento crítico, e todas as pessoas devem estar informadas sobre isso, no momento em que se decide instalar a usina. Do ponto de vista natural, os riscos ambientais criam limitações do ambiente quanto à sua reação a uma ação que altere uma dada situação, seja uma intervenção humana, seja uma catástrofe natural, um acidente químico ou mesmo a alteração lenta das condições do meio ambiente. As enchentes ou os desmoronamentos constituem exemplos desse tipo de risco. Tais condições limitam, por exemplo, a expansão de moradias em áreas críticas, isto é, onde exista maior probabilidade de ocorrência de eventos catástróficos. Um exemplo de estimativa de risco que merece algum comentário é a de risco de erosão de solos. Trata-se de uma alteração relativamente sutil, em geral associada ao uso inadequado e contínuo da terra. Representa a estimativa de um processo lento de alteração ambiental que, no entanto, é extremamente valioso para a tomada de decisões quanto aos empreendimentos agropecuários. A definição de riscos ambientais também serve para orientar a decisão quanto a alternativas de traçados viários. Um mesmo tipo de risco pode ser estimado para diversas alternativas, contribuindo para a seleção final de algumas delas. Estimativas de riscos de diversos tipos podem ser conjugadas (enchentes, desmoronamentos, ressacas, chuvas de granizo), gerando, assim, a definição de áreas com diferentes níveis de risco ambiental, o que contribui para demarcar áreas adequadas, intermediárias e também aquelas em que os riscos são muito elevados. A comparação entre mapas de uso e de estimativa de risco ambiental permite a definição de áreas com diferentes níveis de ocorrência simultânea de riscos e de usos específicos da terra. É o caso, por exemplo, de uma área com forte potencial de urbanização e que apresente riscos de enchentes. Como esses riscos concretizam-se episodicamente, é comum que urbanizações (favelas) se verifiquem em locais sujeitos a enchentes esporádicas, com os efeitos catastróficos conhecidos (perdas de vidas humanas, perdas materiais de toda ordem e eclosão de epidemias). Outro caso comum nas cidades brasileiras, semelhante ao da urbanização em áreas sujeitas a enchentes, é o da ocupação de encostas em áreas com riscos de desmoronamento e deslizamento. Novamente castigado por chuvas, SC já tem 10 cidades em emergência e mais de 4.000 fora de casa – Fonte UOL notícia – 13/05/2010 20 A definição de áreas críticas quanto ao potencial agrário de riscos de erosão dos solos é um caso em que o caráter crítico do problema pode ficar mascarado pela natureza paulatina do processo de esgotamento dos solos agrícolas. Os efeitos definidos por esse confronto entre potencial agrário e riscos de erosão dos solos podem, no entanto, ser estimados com antecedência. Definidas previamente as áreas críticas, é possível preconizar e implementar medidas de manejo do solo agrícola. Em uma área urbana densamente povoada os riscos não são igualmente distribuídos entre os diversos grupos sociais que ali habitam. Em uma metrópole, como o Rio de Janeiro, as favelas e habitações da periferia estão mais sujeitas a desabamentos, inundações e epidemias do que uma residência comum da cidade. Isso não significa que não possam ocorrer eventos catástróficos em bairros de classe média e de classe alta, mas sim que a probabilidade de que tais eventos ocorram é infinitamente inferior à aquela que ocorre em uma habitação sub-normal, que é como são classificadas, pelos órgãos oficiais de levantamento de estatísticas, as construções nas Favelas. SAIBA MAIS: Consequências de Chernobyl nos dias atuais. Há dezenove anos, o reator número quatro da antiga central nuclear de Chernobyl, Ucrânia, rebentou, provocando o maior desastre do gênero no mundo. O acidente provocou a morte de sete mil pessoas e libertou uma radiação duzentas vezes superior às bombas atômicas de Hiroshima e Nagasáqui. Dados apresentados por cientistas apontam para que mais de 500 mil de pessoas nas próximas gerações possam continuar a ser afetados pelo maior acidente do gênero da história da humanidade. Atualmente, a radioatividade libertada é associada a aproximadamente dois mil casos de cancro na tiróide. Cientistas israelitas e ucranianos também descobriram evidências de que pequenas doses de radiação poderiam provocar mudanças no ADN humano e que estas passam para futuras gerações. As análises a crianças, que nasceram depois da explosão de Chernobyl - descendentes de pais que limparam o reator da central nuclear russa - registraram um grande aumento de mutações, que poderão ser de longa duração, revelou um estudo. O estudo também encontrou fatores que 21 decréscimo dos efeitos como a passagem do tempo entre a exposição e a concepção e a duração do trabalho dos daqueles que limparam o reator. A nuvem de radiatividade que surgiu depois da explosão na Ucrânia continha gás xenônio e césio inativos, mas a maioria dos componentes era isótopos radioativos de iodo. Além das perdas humanas, a radioatividade de Chernobyl contaminou os solos e águas de 137 mil quilômetros quadrados de territórios na Ucrânia, Bielorússia e Rússia. Chernobyl inutilizou ainda 114 mil hectares de terra e 492 mil hectares de floresta, forçando 400 mil pessoas a abandonarem as suas habitações. Propor alternativas O desenvolvimento sustentável está vinculado, em sua forma e conteúdo, a uma base ambiental e ao processo eficiente de aproveitamento dos recursos ecológicos. Ambiente e economia podem, e devem, ser mutuamente reforçados para o verdadeiro desenvolvimento social. Um ponto de partida para a discussão sobre o planejamento integrado entre ambiente e economia está na consideração de que o desenvolvimento possui quatro dimensões fundamentais, a saber: a dimensão ambiental ou ecológica, que inclui todos os bens naturais, inclusive aqueles considerados livres e abundantes, como o ar e a água, cujo comprometimento das reservas mundiais pela poluição industrial e urbana começa a atingir níveis alarmantes; Rio poluído 22 a dimensão da produção material, que inclui todos os componentes da infra estrutura física e os equipamentos que formam a estrutura produtiva; Infra estrutura física a dimensão do desenvolvimento humano, composta pelas pessoas que vivem e trabalham em uma determinada porção do espaço geográfico, também incluindo-se aqui sua capacitação e sua habilidade de utilizar e adaptar tecnologias no proveito das comunidades locais; a dimensão institucional, que pressupõe toda a estrutura institucional, legal e organizacional da sociedade, em todos os seus níveis, assim como as possíveis combinações entre o setor público e o setor privado. 23 Instituição pública Instituição privada O padrão anterior de desenvolvimento havia fixado sua atenção predominantemente sobre a segunda dessas quatro dimensões. A acumulação física de capital produtivo era identificada exclusivamente com os mecanismos do crescimento. Depois disso, deu-se uma atenção cada vez maior à dimensão do desenvolvimento humano, e as discussões correntes entre os planejadores chamam cada vez mais a atenção para a necessidade de introduzir o conhecimento como uma variável importante do desenvolvimento econômico e social. A dimensão ambiental ou ecológica está sendo vista como uma variável crítica para se obter o desenvolvimento sustentável ou durável, seja pela valorização crescente do capital natural, isto é, as condições ambientais, seja por seu papel na ampliação da capacidade produtiva, considerando o desenvolvimento de tecnologias adequadas, com um dano mínimo aos ecossistemas naturais. Igualmente, a dimensão institucional está sendo cada vez mais reconhecida como uma categoria que merece ser considerada separadamente. No entanto, as relações entre as diferentes instâncias de governo são muito difíceis de conceitualizar e medir. Por isso, os aspectos institucionais foram descuidados nas análises clássicas do crescimento. Mas, hoje, a dimensão institucional vem sendo cada vez mais reconhecida como um fator determinante na promoção do desenvolvimento sustentável. Em síntese, uma proposta que tenha a sustentabilidade como meta deve enfocar e integrar as dimensões ambiental, econômica, social e institucional no planejamento, em todas suas etapas, desde o diagnóstico, passando pela programação, até a implementação e o monitoramento, e a avaliação dos planos e programas de desenvolvimento. A lógica que orienta a articulação desses critérios está na avaliação da base ambiental, incluindo-se aqui a utilização sustentável dos recursos naturais, isto é, no uso correto dos recursos naturais como fundamento para a elevação do desenvolvimento humano. Isso se reflete na melhoria dos níveis de qualidade de vida da população, tendo como instrumento principal o aumento da eficiência da estrutura 24 produtiva, com a introdução de tecnologias limpas e adequadas às condições ambientais. Mas tudo isso só será obtido com a consolidação da democracia participativa, nas diversas esferas de intervenção do Estado, por meio da efetiva participação da sociedade local na administração ou gestão do território. Os conflitos pela posse da terra no Brasil atual podem ser vistos como um problema de gestão do território, pois o acesso à terra representa, de fato, o acesso ao abrigo e ao sustento. Assim, deve-se compreender que a questão da reforma agrária e dos sem-terra, não é apenas um ajuste de contas em relação ao passado, mas também a busca de alternativas para a construção de um futuro melhor. 1- 2- 31) Sem-tetos - Tóquio – Japão - 2) Paris – França - 3) mulher cigana – Roma – Itália O instrumental para promover o desenvolvimento sustentável não é apenas técnico-científico, pela simples razão de que o território está repleto de interesses políticos e econômicos no que diz respeito ao seu uso e a sua apropriação. Cabe ao conhecimento geográfico mostrar como se manifestam esses interesses para que a democracia seja um componente de seu planejamento. Isso significa que, para a efetiva sustentabilidade do desenvolvimento, a ideologia de impor uma ordem superior ao território deve ser substituída por uma gestão democrática e participativa. O desenvolvimento sustentável ainda é uma proposta, embora seja algo mais que uma utopia. Estão equivocados aqueles que acreditam que se trata apenas de uma postura ambientalista. A sustentabilidade pressupõe o combate à pobreza, a apropriação de novas tecnologias e o fortalecimento da democracia. O reconhecimento das diversidades - biológicas, culturais e tecnológicas - é um bom princípio para romper com a herança homogeneizadora do autoritarismo e para estimular novas formas de gestão democrática do território, que ampliem a participação e o compromisso dos brasileiros com a construção de seu futuro. 25 Exercícios Faça as atividades no caderno,não rasure a apostila, obrigado pela atenção!!! 1 - Considere o esquema representativo de um espaço moderno, mostrado a seguir. Verifique as relações sugeridas. Trata-se de: a) setor de serviços moderno ou atividades terciárias dinamizadoras do espaço urbano; b) atividades primárias da economia, nas quais se iniciam todas as transformações de bens e as extensivas transformações espaciais; c) espaço da produção industrial que, em geral, se assenta no meio urbano, onde melhor se desenvolve; d) atividade secundária, a mais difusa no espaço e, por isso, sem grandes implicações para os demais setores da produção. 2 - O que são áreas de risco ambiental? Como a percepção do risco afeta as nossas decisões? 3 - O que é o desenvolvimento sustentável? Como podemos contribuir para que a sustentabilidade seja um critério básico para a tomada de decisão quanto a um futuro em que seremos capazes de legar um ambiente sadio aos nossos filhos; em que nossos descendentes tenham a garantia de sustento e abrigo para suas famílias e a possibilidade de escolher livremente os caminhos a serem trilhados? 4 - Nos Estados Unidos, a concentração industrial e financeira criou centros de produção e gestão financeira cuja conseqüência imediata foi uma concentração metropolitana, que se localiza: a) no nordeste, principalmente nos centros de Nova York e do vale do rio Tennessee; b) no sudoeste, com os principais centros no Texas; c) no sul, com os principais centros na Geórgia, na Carolina e no Alabama; d) no noroeste, com os principais centros no vale do rio Ohio. 26 5 - O gráfico abaixo mostra a evolução do consumo de energia proveniente do uso de diferentes combustíveis. Justifique a evolução da participação do carvão mineral e do petróleo. 6 - A partir da Revolução Industrial, o processo de acumulação de capital se internacionalizou cada vez mais. Esse processo tem se caracterizado, ao longo do século XX, por: a) alianças econômicas bem-sucedidas entre países de pequena dimensão territorial para se proteger do comércio com os países capitalistas desenvolvidos; b) aprofundamento da divisão do trabalho entre países e no interior dos próprios países dependentes, com o crescimento da industrialização associada ao grande endividamento externo; c) solidariedade entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, cabendo aos primeiros suprir os demais em matérias-primas raras e programas de educação e saúde das populações pobres. 7 - A segunda Revolução Industrial foi caracterizada: a) pela construção das primeiras estradas de ferro; b) pelos sistemas de produção e consumo; c) pelo uso da energia a vapor; d) pela substituição do aço pelo ferro. BIBLIOGRAFIA: www.wikipedia.org www.bibvirt.futuro.usp.br www.passei.com.br, link: telecurso2000 – apostila do ensino Médio de Geografia http://www.brasilescola.com/quimica/energia-limpa.htm Energia e Meio Ambiente – Samuel Murgel Branco – coleção Polêmica Editora Moderna – fragmentos das páginas 7, 8 e 9. www.uol.com.br; 27 www.google.com.br. 28