que pode ser acessada por aqui - Faculdade de Comunicação e

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que pode ser acessada por aqui - Faculdade de Comunicação e
Instituto São Rafael
realiza tradução de livros
didáticos para o braille,
atendendo à demanda de
escolas que possuem
alunos cegos. Página 12
RICARDO MALLACO
RICARDO MALLACO
RICARDO MALLACO
Tiro com Arco é praticado
por atletas deficientes que
se dedicam ao esporte
tornando-o um aliado no
processo de inclusão
social. Página 14
A redução das matrículas
nas escolas públicas da
Região Noroeste preocupa
instituições de ensino, que
procuram entender as
causas do problema. Página 6
marco
jornal
Ano 38 • Edição 278 LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas Novembro • 2010
TECNOLOGIAS AJUDAM
A DRIBLAR O TRÂNSITO
SAMARA AVELAR
Problema antigo em cidades
como São Paulo, o trânsito é
preocupação crescente para
moradores de Belo Horizonte,
tanto motoristas como usuários
do transporte coletivo. Com o
aumento significativo da frota de
veículos, tecnologias surgem
para tentar amenizar a situação,
como o sistema Infotráfego, que
oferece informações a respeito
das vias da capital através de
SMS. Veículos de comunicação,
como emissoras de rádio e TV
encontram nessa área um novo
filão e fazem investimentos para
melhorar a qualidade do serviço
prestado. Páginas 8, 9, 10 e 11
RICARDO MALLACO
YASMIN SANTANA
Localizada no município de Belo Vale, a
100 km da capital mineira, o vilarejo
Noivas do Cordeiro chama a atenção pela
liderança feminina. Composta por 90% de
mulheres, a comunidade desenvolveu
linguagem e costumes próprios. Página 15
Moradores do Bairro Dom
Cabral pedem nova UMEI
Falta alternativa para a saúde
no Bairro Coração Eucarístico
A falta de vagas para crianças de
zero a seis anos nas UMEIs de Belo
Horizonte gera problemas para os
moradores da capital. No Bairro Dom
Cabral, onde as vagas também se
esgotaram, a comunidade reivindica a
construção de uma nova unidade em
Em uma região onde o comércio
ocupa um grande espaço e continua
crescendo gradativamente, a ausência
de postos de saúde e clinicas médicas
com profissionais da área se tornou
um problema frequente. No Coração
Eucarístico, essa situação acaba obri-
um terreno da Prefeitura de Belo
Horizonte, que não está sendo utilizado para nenhuma atividade. O
lote vago é depósito de lixo da comunidade e oferece riscos para os
moradores da região, pois serve como
esconderijo para assaltantes. Página 4
gando moradores a procurar o atendimento necessário em bairros próximos como Padre Eustáquio e Dom
Cabral. Nesses lugares, são encontrados centros de saúde que realizam
atendimento público, principalmente,
em adultos e idosos. Página 3
RENATA FONSECA
“Temos esse tipo de
problema, o cinema
não é tão valorizado”
Após começar a frequentar festivais
de cinema por influência do irmão,
André Novais não teve dúvidas quanto à profissão que seguiria. Aos 26
anos, o cineasta já possui cinco trabalhos em sua carreira, todos curtasmetragens. Sua última produção,
"Fantasmas" (2010), ganhou diversas
premiações, dentre elas a de Melhor
Filme na 3ª Mostra Independente do
Audiovisual Universitário (MIAU).
Estudante do curso de História da
PUC Minas, André está concluindo
estudo que relata o pioneirismo da
Escola Superior de Cinema da Universidade Católica de Minas Gerais
(ESC-UCMG) na produção cinematográfica brasileira. Página 16
2 Comunidade
jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas Novembro
editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditoria
• 2010
EDITORIAL
Trânsito vira motivo
de preocupação no
dia a dia da capital
n
LAURA DE LAS CASAS
3º PERÍODO
O trânsito nas ruas de Belo Horizonte é um assunto que
preocupa não só os motoristas, mas também pedestres
e usuários de linhas do transporte coletivo. Por se tornar
um problema cada vez maior na vida dos cidadãos belohorizontinos, devido ao grande volume de carros se movimentando ao mesmo tempo e a ausência de um planejamento urbano eficiente, esse foi um dos principais
temas escolhidos para estampar quatro páginas de uma
reportagem especial dessa edição do MARCO.
Foi montada uma equipe com nove repórteres com o
objetivo de recolher histórias de pessoas comuns que
precisam mudar a rotina devido aos transtornos causados pelos engarrafamentos recorrentes nas ruas e
avenidas da cidade. Os repórteres apuraram sobre a
influência do trânsito na vida dessas pessoas, buscaram
a opinião de especialistas no assunto e procuraram também o posicionamento de autoridades.
Como forma de amenizar problemas provocados pelos
engarrafamentos constantes, existem investimentos em
novas tecnologias, como alternativa aos motoristas que
precisam se informar frequentemente sobre a situação
do trânsito em seus caminhos. São diversos recursos
como GPS, placas de monitoramento, programas em
rádios e telejornais direcionados ao trânsito da capital
mineira, mensagens de celular, entre outros. Para contar
um pouco sobre essas novidades que estão se tornando
cada vez mais comuns no nosso dia a dia, o MARCO
procurou detalhar esse assunto, relatando a importância
que esses diferentes meios de informação ganharam nos
últimos tempos.
Mas não é só de trânsito que trata o MARCO. O jornal
aborda um delicado problema vivenciado por escolas
estaduais da Região Noroeste. Uma matéria relata a
redução de matrículas nas instituições de ensino da
área. Em contraponto, outra de nossas reportagens
conta a situação vivenciada por diversos pais de família,
moradores do bairro, que não conseguem vaga para seus
filhos pequenos nas Unidades Municipais de Educação
Infantil (UMEI) próximas ao Dom Cabral. Buscando
solucionar esse problema, o Conselho Tutelar do Bairro
Padre Eustáquio quer ocupar um terreno abandonado
próximo à PUC Minas, para a construção de mais uma
UMEI, permitindo assim que a população seja atendida
de forma completa.
REDE CONTRA A VIOLÊNCIA
O projeto Rede de Vizinhos Protegidos busca reunir moradores do São Gabriel para que haja redução de criminalidade no
bairro. A intenção do programa é criar parceria entre Polícia Militar e comunidade, em busca de maior segurança pública
JULIANA CRISTINA
devido a transições dos militares responsáveis. "O projeto começou com um
major e um capitão, mas
durante a implantação eles
se aposentaram e agora
novos responsáveis assumiram. Então, isto tudo levou
um tempo para reorganizar", esclarece a moradora.
De acordo com Darlene,
toda primeira segunda-feira
do mês os moradores se
reúnem com a PM para
obter dicas de segurança e
para avaliarem juntos o
andamento do projeto.
n
JULIANA CRISTINA,
7° PERÍODO
Há cerca de um ano, a 24ª
Companhia de Polícia
Militar, localizada à Rua
Walter Ianni, 80, no Bairro
São Gabriel, em conjunto
com moradores, implantou o
projeto Rede de Vizinhos
Protegidos. Presente há mais
tempo em outras regiões da
capital, a iniciativa visa
aumentar a segurança para
moradores e prevenir ações
criminosas no bairro.
O presidente da Associação do Bairro São
Gabriel, Sebastião José de
Freitas, 79 anos, foi convidado pela Polícia Militar
para participar de uma
reunião sobre o projeto,
antes da sua implantação.
Segundo ele, a Rede de
Vizinhos Protegidos no
bairro abrange as residências que estão mais
próximas da 24ª Companhia. "A ideia foi implantar o programa nas casas
mais próximas da companhia para depois ir estendendo para outras áreas do
bairro, mas o morador de
ruas mais distantes da companhia já pode aderir ao
projeto", explica Freitas.
De acordo com o líder
comunitário, o projeto
busca promover e criar
estratégias de ajuda mútua
entre os vizinhos para se
protegerem contra crimes,
"É necessário que os vizinhos se conheçam para
criar esta rede. É preciso ter
Rede de Vizinhos Protegidos é trunfo para melhorar a segurança pública
cuidado para não ferir a
intimidade do vizinho, mas
eles têm que criar uma
abertura para o projeto dar
certo", explica o presidente
da Associação.
A moradora Cleuza de
Fátima Guimarães participa
do projeto desde a implantação e diz que nunca precisou utilizar o apito que os
moradores recebem para
dar alarme quando veem
algum suspeito pela região.
Ela conta que o uso do
apito às vezes sobrepõe ao
telefone "Até buscar a agenda com o número do meu
vizinho para avisá-lo que há
um suspeito tentando pular
o muro, ele [suspeito] já
roubou e está longe", diz.
Cleuza atribui o afastamento de pessoas suspeitas
em sua porta à placa afixada na fachada de sua casa.
"Quando a pessoa que quer
fazer o mal vê uma placa
com as inscrições de que
aquela residência está ligada a um programa da
Polícia Militar, ela pensa
várias vezes antes de tentar
alguma coisa", acredita.
Darlene Aparecida Oliveira também aderiu ao
projeto desde o seu início,
mas ressalta que só há um
mês a Rede de Vizinho
Solidários tomou formato,
NOVAS PARCERIAS O bairro São Gabriel, Região
Nordeste de acordo com o
delegado Osório Tertius
Silva Oliveira, tem como
principais ocorrências policiais ameaças, furtos e roubos,
assim como nos outros vinte
e cinco bairros da Região
Nordeste, que estão sobre a
responsabilidade da 15ª
Delegacia Distrital.
Para o delegado, que
ocupou há seis meses o posto
da 15ª Delegacia Distrital, a
parceria entre a delegacia e
moradores da região no combate a estes tipos de crime é
muito importante. Ele
lamenta a inexistência de
projetos nesse sentido. "Infelizmente não existe nenhuma aliança, mas já estamos
estudando algumas estratégias, não só com as associações dos bairros, mas também com outros agentes
sociais", diz.
Falta de sinalização no Coreu
KARINE VERSIANI
Em busca de histórias de superação, essa edição traz
uma reportagem contando a realidade de portadores de
necessidades especiais que encontraram no tiro com
arco paraolímpico um motivo para se ter dedicação e
compromisso, ajudando também na saúde do corpo e da
mente. São realidades que se tornaram exemplos de
perseverança e, a exemplo do que já foi tratado em
edições anteriores neste ano, reforçam a importância do
esporte como fator de inclusão social.
Sem deixar a cultura de lado, essa edição têm a entrevista com o jovem e talentoso curtametragista mineiro
André Novais, que conta sua trajetória no mundo dos
filmes, desde que se descobriu cineasta até os dias atuais, nos quais já comemora diversas premiações. O
mineiro ainda enfatiza a importância dos festivais de cinema para sua vida e fala dos seus planos profissionais
para o futuro.
E assim é o MARCO, jornal que procura valorizar em
suas páginas temas simples, mas, nem por isso, menos
importantes, já que afetam diretamente a vida das pessoas.
EXPEDIENTE
expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpediente
jornal marco
Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas
www.pucminas.br . e-mail: [email protected]
Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico
Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920
Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110
Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286
Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Glória Gomide
Chefe de Departamento: Profª. Maria Libia Araújo Barbosa
Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. José Milton Santos
Coordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Daniela Serra
Editor: Prof. Fernando Lacerda
Subeditor: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa
Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais
Monitores de Jornalismo: Adriana Benevenuto, Bruna Fonseca, Carlos Eduardo
Alvim, Cínthia Ramalho, Laura de Las Casas, Pedro Vasconcelos
e Samara Nogueira
Monitores de Fotografia: Renata Fonseca e Ricardo Mallaco
Monitora de Diagramação: Lila Gaudêncio
Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares
n
KARINE VERSIANI,
6º PERÍODO
O
Bairro
Coração
Eucarístico, localizado à
Região Noroeste de Belo
Horizonte, apresenta algumas deficiências em relação
à sua sinalização. Apesar de
ter uma boa localização,
infra estrutura e ainda
abrigar o mais antigo campus
da
PUC Minas,
moradores e motoristas que
circulam diariamente pelas
ruas do bairro, sentem-se
inseguros ao terem que passar por algumas ruas da
região .
Para Elizete Maria de
Oliveira, a rua Demerval
Gomes deveria ter “quebra-molas”. Ela conta que
acidentes já aconteceram
ali decorrentes da falta de
sinalização. Dentre os
fatores que são capazes de
provocar acidentes no trânsito, a falta de atenção e
imprudência de motoristas
e pedestres também podem
contribuir
significativamente para aumentar o
número de transtornos.
"Em relação à sinalização,
na minha opinião, falta
pouca coisa. Eu acho que
falta um pouquinho mais
do pedestre também, que
as vezes entra na frente do
carro, atravessa fora da
faixa no sinal vermelho",
observa o economista Isaac
Simon, 26 anos.
Os motoristas de táxi,
Rua no Bairro Coração Eucarístico é retrato da falta de sinalização
que circulam pelo Coreu,
também encontram dificuldades para transitarem em
determinadas regiões do
bairro, principalmente em
horários de final de expediente que apresentam um
fluxo intenso de veículos.
Mas também existem outros fatores que podem dificultar ainda mais a circulação além da falta de sinalização. Para o taxista
Ademar Pereira Vidal, a
maioria das ruas do bairro
apresenta deficiências pela
presença de árvores que
ficam próximas aos locais
nos quais são colocadas as
placas de trânsito, dificultando a visualização.
Outro fator agravante
está relacionado com as
faixas pintadas nas ruas,
que já estão desgastadas.
"As ruas ficam meses e
meses sem serem pintadas,
e a maioria do pessoal não
sabe que as ruas são preferenciais", afirma Ademar.
Segundo o motorista, nas
ruas Dom Aristides Porto e
Dom Joaquim Silvério já
aconteceram alguns acidentes decorrentes da falta
de placas e de faixas de circulação pintadas em melhores condições.
"Depois
que
eles
mudaram a sinalização, que
a Dom Aristides Porto passou a ser preferência, eu já
vi mais de 15 acidentes",
afirma. Para o motorista, os
cruzamentos que existem
entre essas ruas são muito
perigosos.
Secretária acadêmica da
PUC
Minas
Valéria
Azevedo Soares detecta um
problema encontrado no
bairro, e que, segundo ela,
atrapalha o tráfego dos
veículos que se encontram
nas ruas transversais e horizontais. "As ruas transversais só podem ir e as ruas
horizontais só podem
descer, e as pessoas que
entram
no
Coração
Eucarístico que não têm
esse conhecimento não
conseguem sair dele, a não
ser dando uma volta total
no bairro”, diz. “. Para sair
na Via Expressa, o bairro só
tem uma saída", acrescenta.
Outro problema de sinalização percebido pelos
moradores foi em relação
ao fluxo de carros que
descem a rua Dom José
Gaspar e que, ao entrarem
à direita, não encontram
um sinal de trânsito.
Para o taxista Cláudio
Eustáquio Pereira, nos
cruzamentos da rua Dom
Prudêncio Gomes, há
necessidade de pintar indicações de PARE no asfalto.
Ele conta também que na
rua Demerval Gomes sempre acontecem acidentes.
Comunidade
3
Novembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas
SERVIÇO DE SAÚDE LIMITADO NO COREU
JULIANA MAIA
Com um número pequeno de
profissionais da área de saúde
prestando atendimento no
Coração Eucarístico, moradores
do bairro são obrigados a se
consultar em outros locais,
incluindo o centro de saúde do
vizinho Dom Cabral
[ ]
“NÃO VI NENHUMA
MUDANÇA NOS SERVIÇOS
DE SAUDE, APENAS NO
COMÉRCIO”
HIGINO NETO
n
ISABEL GARIBA,
JULIANA MAIA,
MARIANA GODOY,
TEREZA XAVIER,
WALISSON MENDONÇA,
7º PERÍODO
Conhecido principalmente
por abrigar o campus da PUC
Minas, o Bairro Coração
Eucarístico, na Região Noroeste
de Belo Horizonte, possui uma
vida comercial agitada, com
bares, restaurantes, supermercados, bancos e lojas de roupa, mas
é mais restrito quando se trata
da oferta de atendimento na área
da saúde para seus mais de nove
mil habitantes. Em levantamento realizado pela reportagem
foram localizados apenas 24
profissionais da área de saúde,
dos quais seis são médicos: um
clínico geral, três dermatologistas, um psiquiatra e um pneumologista.
Além dos médicos, têm
endereços de trabalho no
Coração Eucarístico, de acordo
com esse levantamento, outros
18 profissionais ligados à saúde:
nove dentistas, uma enfermeira,
três fisioterapeutas, uma fonoaudióloga e quatro psicólogos.
Existem profissionais que dividem uma mesma clínica, caso
dos três dermatologistas e do
clínico geral.
De acordo com informações
da Gestão de Marketing da
Unimed-BH, única das maiores
seguradoras de saúde existentes
em Belo Horizonte com atuação
no bairro, a cooperativa não
interfere no local de funcionamento dos consultórios ou clínicas. A cooperativa informou
Falta de profissionais da saúde no Coreu faz com que moradores busquem atendimento em outros locais como o Centro de Saúde Dom Cabral
ainda que realiza uma seleção
anual para preencher o quadro
de médicos cooperados após um
estudo interno sobre a quantidade de especialistas por áreas e
a demanda de clientes.
Segundo
o
comerciante
Higino Neto, de 81 anos, ao
longo dos 42 anos em que mora
no bairro, o atendimento na área
da saúde sempre foi limitado.
"Desde que me mudei para o
bairro não vi nenhuma mudança
nos serviços de saúde, apenas no
comércio", conta. Higino destaca
também os serviços oferecidos
pela PUC Minas, nas áreas de
odontologia, fisioterapia e psicologia, e que, segundo ele, são
desconhecidos pela maior parte
dos moradores do bairro.
A ausência de postos de saúde
e clínicas médicas tornou-se um
problema para moradores do
Coração Eucarístico, que precisam se dirigir aos bairros vizinhos como Dom Cabral e Padre
Eustáquio para conseguir atendimento de urgência. "Como dona
de pensionato, já precisei levar
os moradores daqui correndo
para os hospitais", revela a cantora Sônia Maria Gargiulo
Moreira, 65 anos, que abriga
estudantes em sua pensão.
A dentista Giselle Paolinelli
trabalha no bairro há três anos.
Seu consultório localizado à Rua
Dom Lúcio Antunes pertencia à
sua ex-dentista, que lhe ofereceu
o espaço quando decidiu se
aposentar. De acordo com
Giselle, que não trabalha com
nenhum
convênio,
seus
pacientes são em grande parte
moradores do próprio Coração
Eucarístico.
Já Marta Efigênia Rocha
atende pacientes de diferentes
bairros da cidade e somente 20%
deles são residentes do Coração
Eucarístico. Auxiliar de enfermagem, ela possui 30 anos de
profissão e atende em domicílio
há dez, de forma particular, sem
nenhuma ligação com planos de
saúde.
Marta acredita que os serviços
de saúde do bairro são pouco
numerosos devido ao perfil de
seus moradores, composto por
um grande número de idosos, e
que, em sua maioria, possuem
plano de saúde. "Não há demanda suficiente para a ampliação
dos serviços no bairro que aten-
dem bem às necessidades dos
moradores", afirma.
É o caso da proprietária de
pensão Sônia Maria Moreira,
que não abre mão de consultar
com seus médicos fora do
Coração
Eucarístico.
"Não
procuro as clínicas do bairro
porque antes de mudar para cá,
já tinha os meus médicos que eu
consultava regularmente, que eu
continuo indo", afirma.
O pneumologista José Félix de
Azevedo avalia que são esses
hábitos que fazem com que haja
pouco atendimento médico. "É
mais uma cultura do bairro de
não ter esses serviços. E há também uma cultura de Belo
Horizonte e até outros lugares de
que existam áreas específicas
para esses atendimentos, como
temos a área hospitalar", diz.
Azevedo atende no consultório, um espaço em sua
própria casa, desde que se
aposentou do serviço público há
20 anos. Segundo o médico, essa
escolha se deu pelo prestígio que
ele já conquistou em sua especialidade. "Atendo pessoas de
todo o Estado, então, do próprio
bairro é um número ínfimo", diz.
Contudo, concorda que exista
uma carência do bairro em
atendimentos de emergência e
em variedades de especialidades
médicas. "O serviço público que
atende ao bairro é feito pelo
Padre Eustáquio e Dom Cabral.
São atendimentos de qualidade,
mas não são ideais para as necessidades dos cidadãos", considera.
TEREZA XAVIER
Posto no Dom Cabral é utilizado
como alternativa pelos moradores
Para atender aos moradores
do Coração Eucarístico que
precisam de atendimento
público, o Centro de Saúde do
Bairro Dom Cabral, localizado à Praça da Comunidade, é
a solução mais próxima. O
espaço, entretanto, só oferece
consultas com clínicos gerais,
pediatras e ginecologistas. O
posto recebe ainda a demanda
de parte dos bairros João
Pinheiro e Dom Bosco.
Segundo a gerente deste
Centro de Saúde, Silvana
Ferreira de Andrade e Sousa,
são atendidos diariamente
cerca de 300 pacientes, mas
somente 20 deles são
moradores
do
Coração
Eucarístico. "Nós atendemos
todos os usuários do bairro
que vêm até o posto", afirma.
De acordo com os dados
levantados no centro de
saúde, o perfil dos usuários é
formado, principalmente, por
idosos e adultos. No momento, 100 idosos moradores do
Coração Eucarístico estão
cadastrados no Programa de
Saúde da Família (PSF) que,
através de agentes comunitários, atende os pacientes
em domicílio e realiza um
acompanhamento regular.
A gerente esclarece também
que a Secretaria de Saúde
Municipal considera a população do bairro de baixo risco,
de acordo com o índice de
vulnerabilidade à saúde, que
avalia em toda a capital as
regiões que mais necessitam
do atendimento do Sistema
Único de Saúde (SUS).
Aguardando atendimento
com o clínico geral, a
ascensorista Jandira Marques,
de 52 anos, é moradora do
Coração Eucarístico e diz que
sempre utiliza os serviços do
posto, por não possuir nenhum plano de saúde. Ela revela ainda gostar do atendimento do posto, mas admite
que só vai até ao Dom Cabral
por falta de opção, e que apesar da distância sempre vai à
farmácia do posto para pegar
seus remédios de pressão de
uso contínuo.
Mas nem todos os atendimentos do posto são destinados às consultas médicas.
"Alguns
moradores
do
Coração Eucarístico procuram
o posto para tomar as vacinas
e para cuidados menores,
como curativos", afirma
Silvana. Essa característica é
comum entre os moradores do
bairro, segundo a gerente do
centro de saúde. "Até mesmo
os usuários de convênios buscam os medicamentos receitados pelos médicos de suas
seguradoras", observa.
Sobre a distribuição dos
pontos de atendimento à
saúde, Silvana explica que
não faz parte do planejamento da cidade ter um posto de
atendimento médico para
cada bairro, ainda que a
Secretaria de Saúde esteja
repensando algumas áreas que
têm apresentado mais problemas.
Morador do bairro há 42 anos, Higino Neto diz que o serviço de saúde sempre foi limitado
4 Comunidade
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FALTA DE VAGAS
COMPROMETE O
ENSINO INFANTIL
Unidade da UMEI no Bairro Dom Cabral ajudaria a resolver o problema de crianças que
não conseguem vagas para estudar. Lote vago na comunidade, e quem vem sendo utilizado como depósito de lixos, poderia ser utilizado para a construção da escola infantil
MARCELO COELHO
n
MARCELO COELHO,
8º PERÍODO
Foi um sorteio que
deixou Thales Rezende de
Paula, uma criança de apenas oito meses de idade,
de fora do berçário da
UMEI do Bairro João
Pinheiro,
na
Região
Noroeste
de
Belo
Horizonte. Thales nasceu
em fevereiro deste ano
(2010) e desde maio o seu
pai, Leonardo Cristiano de
Paula, está tentando a
vaga
no
berçário.
"Infelizmente as vagas
foram ocupadas por outras
pessoas que já estavam na
fila desde o ano passado.
Agora espero conseguir
uma vaga no ano que vem,
e para isso vamos ter que
contar com a sorte no
próximo sorteio", explica
Leonardo, morador do
Bairro Alto dos Pinheiros
há 37 anos.
Mas as vagas para crianças
nas
Unidades
Municipais de Educação
Infantil (UMEI) não deveriam ser decididas por
sorteio. E no bairro em
que Leonardo mora, a
falta de espaço não é um
problema. Três ruas abaixo
de sua casa a prefeitura
tem um lote de aproximadamente dois mil metros quadrados, que não
vem sendo utilizado e
acaba servindo de depósito de lixo. "O lote está se
tornando uma área de
risco, com assaltantes se
escondendo e muito lixo
que é descarregado pela
própria
comunidade",
conta Mauricio Antonio
Sales,
presidente
da
Associação de Moradores
do Bairro Dom Cabral.
Para o líder do bairro, já
passou da hora do local ser
usado para algum benefício da comunidade. "Seria
uma ótima forma de solucionar os problemas do
lote vago e criar novas
opções para as pessoas que
moram na região. Mas
infelizmente tudo sempre
demora muito para acontecer, e quem acaba prejudicado são os moradores",
opinou Maurício.
A ideia de construir
uma UMEI no lote partiu
do Conselho Tutelar do
Bairro Padre Eustáquio,
que encontrou nesta alter-
• 2010
nativa uma solução para
vários problemas da comunidade. Acabar com os
problemas de violência e
sujeira no lote vago e usar
o espaço para atender uma
demanda importante para
moradores do bairro. Mas,
para que a obra seja aceita
e saia do papel será preciso
muita mobilização e que
mais gente da região cobre
da prefeitura.
"Uma
unidade por aqui vai ser
fundamental. Temos que
divulgar mais essa ideia,
porque poucas pessoas já
sabem da possibilidade
dessa construção", conta
Carlos Guilherme, representante do Conselho
Tutelar.
O órgão público municipal que tem como
função zelar pelos direitos
da infância e da juventude
trabalha para avançar no
desenvolvimento
deste
projeto, mas ainda não
tem previsão do início da
obra. “O nosso primeiro
movimento é explicar o
que é a UMEI, explicar
qual a importância para
comunidade, no que isso
vai ajudar todo mundo",
explica Carlos.
Levantamento da região
ainda não está concluído
Leonardo Cristiano de Paula não conseguiu uma vaga para o filho Thales no berçário da UMEI do Bairro João Pinheiro
A falta de vagas nas
UMEIs na capital mineira
é uma das principais reclamações que o Conselho
Tutelar
da
Regional
Noroeste recebe. Dos 150
pedidos de vaga para crianças entre zero e seis
anos, a cada semestre, são
atendidos apenas um terço
, ou seja, pelo menos 100
pedidos não podem ser
atendidos por falta de
vagas, segundo o Conselho
Tutelar. "E o número de
defasagem aqui na nossa
região é ainda maior,
muitas pessoas não sabem
que seus filhos têm esse
direito e não chegam a
solicitar a vaga”, diz
Carlos Guilherme.
Segundo a Gerente de
Rede Física Escolar da
Secretaria Municipal da
Educação, Kenya Marques
Pereira, o processo para a
construção das UMEIs
depende de vários critérios
para serem aprovados.
"Na cidade temos vários
pontos com procuras pelas
vagas, principalmente no
ensino
fundamental,
alguns com mais necessidades e outros com
menos. Por isso temos que
levar em conta vários
fatores, é preciso um levantamento de números
quantitativos com as listas
de espera e também
realizar vistorias nos terrenos, para saber sé é possível a instalação de uma
nova unidade", explica
Kenya. No Bairro Dom
Cabral a avaliação ainda
não foi concluída e não há
previsão para o início das
obras.
Exposição reúne pais e filhos na Vila Vicente
RENATA FONSECA
n
RAUL MARIANO,
6º PERÍODO
A UMEI São Vicente,
Unidade Municipal de
Educação Infantil da Vila
São Vicente, no bairro
Padre Eustáquio, promoveu, no dia 6 de
novembro, uma mostra de
arte com os trabalhos confeccionados por seus
alunos ao longo do semestre. O tema da exposição
"Projeto Volta ao Mundo"
surgiu durante a Copa do
Mundo, realizada na
África do Sul e uma das
ideias era permitir que os
alunos trabalhassem com
foco na região do globo
que mais lhes despertassem interesse.
De acordo com a professora Kênia Simão Mol,
que dá aula para alunos
com idade entre cinco e
seis anos, as escolhas dos
objetos a serem construídos foram surgindo nas
próprias conversas com a
turma, quando os alunos
foram instigados a pensar
sobre como representar o
conteúdo estudado.
TEMAS Para a turma
das crianças com idade
entre quatro e cinco anos
o tema definido foi "O
valor das frutas". Segundo
a professora Maria Luzia
Martinelli, os alunos não
tinham o costume de
comer frutas. "Na hora da
refeição era um desastre a
alimentação. Então, fomos
incentivando,
falando
sobre o valor nutritivo de
cada fruta e o resultado foi
muito gratificante. Até a
acerola foi aceita", afirma.
O berçário, formado por
alunos com até um ano de
idade, desenvolveu o projeto
"Crescendo
Cantando" que teve o contato com a música como
foco principal. Para a professora da turma, Josianne
Lessa, a ideia surgiu pelo
fato da música agradar
muito às crianças e desenvolver a linguagem oral e a
expressão corporal. "O que
estamos expondo é o registro - em formato de
portfólio - das músicas e
histórias que os bebês
mais gostaram. Porém,
para nós, o mais importante é o processo que está
registrado em fotos, pois
isso retrata o momento do
qual os pais não participam, mas revela as crianças interagindo umas
com as outras, se sujando
de tinta, dançando e brincando", explica Josianne.
INTERAÇÃO
A
Unidade atende, em
tempo integral, 157 crianças de até cinco anos e
oito meses de idade, tendo
como prioridade aquelas
que possuam algum tipo
de carência afetiva ou
socioeconômica.
Para
Norma Lúcia da Silva,
umas das vice-diretoras da
escola, a interação entre a
família dos alunos e a
escola é o resultado mais
importante do evento.
Prova disso foi a presença
massiva de pais que prestigiaram a exposição. Maria
de Fátima Braga e Wagner
Zazá, pais da aluna
Eduarda, de seis anos, confirmaram a importância
do contato entre pais e
professores. "Eu trouxe
sugestões como, por exemplo, cantar o hino nacional
e fazer orações na hora das
refeições e a escola se
mostrou muito aberta a
esse tipo de coisa", afirma
Maria de Fátima.
Entre zebras construídas com latas de extrato
de tomate e elefantes
feitos de rolos de papel
higiênico, o que se viu na
exposição foi o processo de
reciclagem transformando
o que se tornaria lixo em
obras de arte. O clima alegre do evento e a presença
das famílias dos alunos
demonstraram que a união
em prol da educação promove melhorias visíveis e
têm as crianças como seus
maiores
beneficiados.
"Nós ficamos emocionadas
porque vemos que o trabalho vai ao encontro do
desejo da comunidade",
afirma a também vice-diretora, Valdívia de Freitas.
A aluna Eduarda mostra seu trabalho para os pais Maria de Fátima e Wagner
Comunidade
5
Novembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas
RICARDO MALLACO
FALTAM SACOLAS
PLÁSTICAS PARA
A FUNDAMIGO
Instituição que oferece alimentos e roupas para pessoas carentes, enfrenta dificuldades em
conseguir sacolinhas plásticas para o transporte das doações. A presidente da entidade,
Simone Junqueira, afirma que a falta se deve à substituição da sacola plástica pela de pano.
n
KENETH BORGES SOARES,
2º PERÍODO
Todos os sábados a
Fundação de Doutrina
Espírita,
Fundamigo,
localizada à Avenida dos
Esportes nº 777, no Bairro
Coração Eucarístico, beneficia
400
pessoas
cadastradas para receberem a cesta auxilio alimento, composta por
macarrão, arroz, feijão,
óleo e alguns legumes.
Além disso, outras pessoas
que ali comparecem também aos sábados, se alimentam com sopa oferecida pela instituição. O projeto de cunho social realiza distribuição de sopa a
partir das 11h30 e cesta
alimento ás 14h, além do
café da manhã que é servido a partir das 8h, afirma
Simone
Junqueira
Brandão, presidente da
Fundamigo, que já realiza
esse trabalho desde 1993.
"A Fundamigo conta
com 60 voluntários fixos,
e cerca de 100 que são
chamados de flutuantes,
por não comparecerem
sempre. Os voluntários
são responsáveis pela captação de doações, seja de
alimentos para o preparo
da sopa e composição da
cesta alimento, há peças
de vestuário", explica.
Gilmar Khouri Rossi é
um dos voluntários fixos e
há sete anos e meio está
nesse projeto, sendo um
dos responsáveis pela
preparação da sopa e sua
distribuição que ocorre
aos sábados. Ele conta que
o preparo da sopa começa
na
sexta-feira,
onde
grande parte dos legumes
como batata, cará, abobrinha e mandioca são picados, o suã que também
compõe a sopa é refogado
no sábado às 6h. "O trabalho começa cedo, para
que às 11h30 a sopa seja
distribuída, pois são 960L
de sopa e 100 kg de suã o
que em média dá 2.000
pratos de sopa", ressalta
Gilmar Rossi.
Maria Augusta da Silva,
65 anos, também ajuda na
Fundamigo e, segundo ela,
são mais de 15 anos de
dedicação. Lavando as
panelas ela conta com
[ ]
A FALTA DAS
SACOLINHAS
ESTARIA LIGADA AO
FATOR ECOLÓGICO
emoção que tudo começou
quando ia apenas para
tomar a sopa na fundação,
e que com o passar do
tempo se tornou uma das
voluntárias.
Augusta
comenta que a sopa tem
sabor especial. "O segredo
é o carinho com que a
sopa é feita, isso dá um
sabor especial", avalia.
Mas não é só Augusta
que pensa assim. Maria da
Rosa de Andrade, 75, vai
todos os sábados tomar a
sopa. "O dia que chega
sábado meu coração fala,
vai tomar a sopa", comenta satisfeita. “Aqui é a
nossa segunda casa", completa.
Já Maria da Conceição
Lopes, 62, não recebe ape-
nas a sopa, mas também o
café da manhã que é servido. "A primeira refeição do
dia é muito importante, e
aqui podemos fazê-la", justifica.
De acordo com Simone
Junqueira, está havendo
falta das sacolinhas plásticas para que as pessoas
possam acondicionar a
vasilha com sopa e levar
para casa. "Quando faz
mais calor, sobra sopa, e
eles podem levar para casa
e terão um jantar completo", observa.
A sacola plástica também é importante para
montarem a cesta alimento, além de transportar
roupas e calçados recebidos. "Se eu for entregar a
roupa ou calçado não
quero entregar na mão,
mas colocar na sacola, dar
dignidade para os que
recebem", diz Simone.
Ela acredita que a falta
das sacolinhas estaria ligada ao fator ecológico, pois
muitas pessoas substituíram as sacolas plásticas
do supermercado pelas de
pano que já levam de casa.
"Agora que há uma conscientização
ambiental
maior nas pessoas, as
sacolinhas começaram a
desaparecer, mas é importante pensar nessa questão
ecológica", disse.
Para
aumentar
o
número de doações, foram
confeccionados imãs de
geladeira com os dizeres
"ajude-nos ajudar", "doe
para nossa despensa", mas
foram produzidos somente
o de macarrão e de óleo,
Simone Junqueira explica
que futuramente serão
feitos para outros alimentos.
Voluntárias do projeto servem a sopa que é preparada todos os sábados, com a ajuda de doações de alimentos
Instituição beneficente é
também ponto de socialização
A presidente da Fundamigo, Fundação de
Doutrina Espírita, Simone
Junqueira Brandão, o local
que distribui sopa e cesta
auxilio alimento também
serve de ponto de encontro para moradores de rua.
"Aqui eles ficam sem problemas, tem um lugar para
conversar, encontrar, sem
ninguém para incomodar",
afirma.
Este é o caso de Hector
Adeodato, 37 anos, há três
meses morando na rua,
que já fez amigos na fundação. "Aqui conversamos
em paz, contamos casos, e
nossas histórias de vida
sem ninguém nos olhando
com preconceito", conta
Hector, que saiu de sua
casa em São Paulo por
problemas de alcoolismo,
abandonou esposa e seu
filho de 15 anos. "Saí de
casa porque percebi que
estava atrapalhando, bebia
muito e ficava agressivo e
não percebia isso, achava
que era festa chegar em
casa depois de beber no
bar, demorou para ficha
cair que estava atrapalhando a vida da minha
família", ressaltou.
Hector Adeodato ainda
conta que em São Paulo
era barbeiro, e que seu pai
tinha uma barbearia onde
ele trabalhava, mas que
aqui em Belo Horizonte
não conseguiu emprego, e
na Fundamigo ele pode se
alimentar, além de encontrar com os amigos que
fez.
Luiz de Almeida, 54, é
um dos amigos de Hector,
juntos compartilham dos
mesmos problemas e
procuram por tratamento
nos Alcoólicos Anônimos,
Luiz Almeida conta que
também saiu de casa há
um bom tempo, mas que
sua família não sabe que
ele mora na rua. "Na
minha idade não vou
voltar para casa, nem
pedir ajuda para os meus
filhos, é questão de orgulho", revela.
D.A (que não quis se
identificar), também faz
parte desse grupo de amigos, depois ter saído de
casa deixando esposa e
uma filha de 12 anos, por
causa do vicio do álcool e
drogas, dos quais ainda
não conseguiu se livrar.
"Não consegui sair do
mundo das drogas nem do
álcool, mas também não
me esforcei para isso, na
rua é muito fácil de conseguir a droga", diz.
Preso dois anos por
interceptação de carga,
D.A se arrepende do delito. "A única coisa que me
arrependo é de ter roubado, foi muito constrangedor quando minha mãe
foi me visitar na cadeia,
mas hoje já paguei pelo
erro que cometi, não pretendo fazer isso de novo",
explica.
Grupo de apoio ajuda mulheres da comunidade
n
MARIANA FARIA,
5º PERÍODO
Quinta-feira, 14h. No
espaço cedido pelo Centro
de Saúde Jardim Vitória,
mulheres vão chegando
aos poucos, se reunindo
para mais um encontro.
Maria André da Silva
Santos, 53 anos, entra
apressada e contando que
deixou os afazeres domésticos pela metade, só para
não se atrasar. "Tento não
perder nenhum encontro.
Quando não venho, aviso.
Já faz parte da minha
vida", explica. Ela é uma
das participantes do
Grupo Mulheres Vitoriosas, que acontece todas
as quintas-feiras, no
Bairro Vitória, Região
Nordeste de Belo Horizonte.
Maria André, entre as
amigas conquistadas no
grupo, conta que ficava
em casa, deprimida e sem
perspectiva. Ela decidiu
conferir após o convite de
uma agente de saúde do
bairro. "No tempo que
passamos aqui, esquecemos o que está lá fora. Fiz
novas amizades, sempre
aprendo novas coisas. Tem
dia que a barriga chega a
doer de tanto rir. Vir para
cá foi uma vitória",
declara.
Segundo a coordenadora do projeto, a assistente
social Vanessa Beatriz
Vida Schuch, o diferencial
do grupo está em como os
assuntos são tratados em
cada reunião. A cada
temática, um profissional
do centro de saúde é convidado a orientar as participantes. Enquanto conversam, as mulheres realizam atividades de artesanato, culinária e teatro.
"Aqui, buscamos sempre
promover um bate papo
de comadre, uma troca de
experiências e ter a possibilidade de criar algo que
possa
gerar
renda",
ressalta. As discussões permeiam temas como relacionamentos, saúde da
mulher, violência doméstica, nas quais todas podem
compartilhar
com
opiniões e depoimentos
de vida
Maria Terezinha da
Silva, 52 anos, também é
uma das vitoriosas. Ela
explica que passou boa
parte da vida em casa
cuidando dos pais, que
faleceram no último ano.
Terezinha conta que se
sentia só. Começou a participar a convite de uma
vizinha. "Mudei meus
pensamentos. Antes, parecia que era eu pequena,
agora tudo ampliou. Para
mim, é uma vitória aprender e também poder ensinar", conta.
RESGATE O grupo, aberto
a toda comunidade, surgiu
em 2008, por meio de
uma demanda das mulheres que participavam
de outras atividades promovidas pelo centro de
saúde, como o Grupo de
Caminhada e o Grupo de
Nutrição. Para a coordenadora, abrir um
espaço para o público
feminino propiciou o resgate da auto-estima e do
convívio social dessas participantes. "Queremos resgatar conhecimentos que
muitas vezes podem estar
sendo perdidos. Com isso,
promovemos um espaço
para reflexão e entretenimento dessas mulheres",
explica.
A oportunidade de participar é muito gratificante segundo Anésia
Maria de Souza, 49 anos.
Para a vitoriosa, as
amizades e a troca de
experiências são fundamentais. "Gosto muito de
estar aqui, pois as pessoas
querem ouvir seus ensinamentos. Como eu faço trabalhos em crochê, pude
ensinar muitas coisas. É
uma terapia", declara.
A cada final de semestre, uma das propostas é
desenvolver a exposição
dos trabalhos feitos pelas
vitoriosas. Vanessa conta
que já houve peça teatral,
exposição de artesanatos e
pinturas e que, neste ano,
será produzido um livro
com receitas culinárias das
participantes. "Fizemos
várias receitas sugeridas
por elas, agora queremos
compartilhá-las
entre
todas. Já está tudo
reunido, só falta digitar e
imprimir o livro", garante.
6 Comunidade
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• 2010
MATRÍCULAS NAS ESCOLAS DIMINUEM
RICARDO MALLACO
As instituições de ensino da Região Noroeste estão com um número cada vez menor de
matrículas, causando grande preocupação ao Conselho Tutelar. Outro fator constatado
pelo sistema de Quadro de Turma e Matrícula é a infrequência dos alunos em sala de aula
n
LUISA FARIA PEREIRA,
2º PERÍODO
Escolas estaduais da
Região Noroeste de Belo
Horizonte apresentam
dificuldades de manter os
alunos na sala de aula. A
não
renovação
de
matrículas e a infrequência escolar dos estudantes
são problemas enfrentados pelas diretorias dos
estabelecimentos, que
sofrem com ameaças ao
encaminharem
ao
Conselho Tutelar e, em
último caso, à Promotoria
da Infância e Juventude
da cidade, jovens que
deveriam estar na sala de
aula.
"Acredito que um dos
motivos que mais geram
evasão escolar é o fato da
família não reconhecer na
educação uma forma de
ascensão. O processo educacional não corresponde
somente à alfabetização,
conteúdo de exatas ou
humanas. É na escola que
o indivíduo aprende a se
relacionar, posicionar-se
ante a sociedade em um
meio que não é o de sua
família", diz Carlos
Guilherme, 30 anos,
membro do Conselho
Tutelar do Bairro Padre
Eustáquio, ao constatar a
infrequência dos alunos
nas instituições de ensino
da Regional Noroeste.
"Na verdade, a grande
maioria dos pais matricula os filhos nas escolas. A
evasão acontece por
questões
sociais
e
econômicas: migração de
um bairro para outro, ou
de cidade e até mesmo de
estado", explica Maria das
Graças Soares Martins,
59 anos, diretora da
Escola Estadual Ursulina
de Andrade Melo, no
Bairro
Jardim
Montanhês. Maria das
Graças também diz que a
evasão é mais decorrente
do envolvimento de
alunos e/ou familiares
com o tráfico de drogas.
Uma vez que os estudantes tendem a serem
indisciplinados na sala de
aula e, dependendo da
gravidade do ato indisciplinar praticado, é preciso
o encaminhamento dos
mesmos à Promotoria da
Infância e Juventude
responsável por crimes de
jovens menores de 18
anos. "Como, em geral, o
comportamento não melhora com as advertências, o aluno permanece
grande parte do tempo
afastado da escola porque
os pais não conseguem
atuar junto às escolas, na
transmissão de valores
humanos que facilitem a
socialização destes alunos, ou o seu interesse
pelo aprendizado", revela
a diretora.
Maíze
Breguez
Martins da Costa, 49
anos, é vice-diretora da
Divisão
da
Equipe
Pedagógica (Divep) da
Superintendência Regional
de
Ensino
Metropolitano B, do
Bairro Carlos Prates, e
considera que a principal
causa da não matrícula
dos alunos nas escolas são
as baixas condições
socioeconômicas em que
se encontram algumas
famílias e por isso, não
priorizam a educação dos
filhos. "No cadastramento escolar são inseridos
dados que posteriormente são conferidos nas
escolas. Ao se constatar
que a matrícula não foi
efetuada (muitas vezes
por meio de denúncias), a
Superintendência
Regional de Ensino
(SRE) encaminha a criança para uma escola
mais próxima de sua
residência. Caso persista
a resistência em matricular a criança, o Conselho
Tutelar é acionado para
devidas providências",
afirma.
Segundo ela, o desinteresse nos estudos por
parte dos jovens é mais
um fator que engrossa a
lista de alunos infrequentes nas escolas. Para
Maíze
Breguez,
a
Secretaria de Educação,
após a matrícula, faz a
verificação na escola, por
meio do Serviço de
Inspeção Escolar, verificando registros nos
diários escolares.
A diretora da Escola
Estadual
Professora
Maria Auxiliadora Lanna,
do Bairro Pindorama,
Vera Lúcia Rabelo, 46
anos, confirma o que
disse Maíze sobre o controle da frequência dos
alunos, pois, segundo ela,
atualmente há uma analista de educação que
acompanha todo o trabalho pedagógico da escola
e a frequência dos alunos.
"Se o aluno não está frequentando (a partir do 5º
dia consecutivo de falta)
e não pediu transferência,
acionamos os familiares
para apurar o caso e se
não conseguimos êxito, o
caso é passado ao
Conselho Tutelar para as
devidas providências",
explica a diretora.
O sistema de Quadro
de Turma e Matrículas
(Q.T.M.) e o Educasenso
são programas também
da Secretaria de Educação para acompanhar
o estudante e diferenciar
os casos, realmente, de
alunos evadidos da escola, dos que foram transferidos para outra sem
cancelar a matrícula da
escola de origem ou dos
que faleceram. "No final
do ano, ao fechar a
escrituração escolar e se
deparar com situações
como essa, a escola que
admitiu este aluno deverá entrar em contato
com a escola de origem
para providências no
envio da documentação
necessária. Isso é da
responsabilidade da secretária da escola juntamente com o diretor da
escola", esclarece Maíze
sobre o que devem fazer
as escolas que receberam alunos durante o
ano letivo.
Vera Lúcia, diretora da E.E. Professor Maria Auxiliadora Lanna, reconhece o problema de frequência entre os alunos
Dificuldades encontradas por
alunos que voltam a estudar
Os
alunos
que
ficaram sem estudar,
ou foram retidos, por
motivos
variados,
enfrentam duas dificuldades básicas para
a
retomada.
A
primeira é a falta de
vagas e a segunda a
defasagem. "Aqueles
alunos que estiverem
fora da faixa etária,
que ficaram sem estudar por algum motivo
ou que foram retidos,
quando eles voltam,
existe uma grande dificuldade, que é a falta
de vaga, porque a prioridade é para os ‘piquititos’, e a segunda
dificuldade
é
a
defasagem, porque ele
não consegue acompanhar o ritmo da
escola", explica Cláudia Márcia Pereira, 44
anos, supervisora regional da Divisão da
Equipe
Pedagógica
(Divep), sobre a não
abertura de vagas para
alunos com idade
acima da regular para
o Ensino Fundamental
(6 aos 14 anos) que
quiserem matricular
em uma escola que
não seja o Educação
para Jovens e Adultos
(EJA).
Contudo, a supervisora da Divep explica
existirem casos em que
alunos são encaminhados, por uma ação
judicial, às escolas
mesmo quando as salas
de aulas já atingem seu
número limite e depois,
nem a Promotoria,
nem
o
Conselho
Tutelar acompanham a
permanência dele na
escola.
"Nós temos muitos
encaminhamentos de
Promotoria e as escolas não negam. A
Promotoria quando
leva esse aluno, geralmente o menino é um
marginal, ela também
não
acompanha.
Então, o menino não
quer escola, ele está ali
por outro motivo, para
traficar. E não existe
um acompanhamento
do Conselho Tutelar e
da Promotoria da
Infância e Juventude
para fazer com que
este aluno permaneça
na escola", diz Cláudia
Márcia.
De acordo com ela,
aumentaram as oportunidade de egresso na
escola, pois, pelo
menos
em
cada
regional há o EJA e
projetos de aceleração
de
aprendizagem
como
o
Centro
Estadual de Educação
Continuada (Cesec) e
o Supletivo, que permitem uma conclusão
tanto do Ensino Fundamental quanto do
Ensino Médio em
menos tempo.
Av. Avaí ganha dois redutores de velocidade
CARLOS EDUARDO ALVIM
n
LAURA DE LAS CASAS,
3º PERÍODO
Em uma das principais
avenidas
da
Vila
Califórnia, situada na
Região Noroeste de Belo
Horizonte, é possível ver
movimento de carros e
pedestres ao longo de todo
o dia. Crianças brincam no
meio da rua e transitam
pelo local sem medo. O
perigo causado pelos carros em alta velocidade e
pela falta de sinalização
chamou a atenção dos
moradores. Na edição 276
do Jornal MARCO, uma
das matérias abordou esse
assunto, relatando os aci-
dentes causados na região
e expondo os pedidos das
pessoas que vivem no local
por dois redutores de
velocidade e placas de
sinalização,
feitos
a
BHTrans.
No dia 18 de outubro
começaram as obras dos
quebra-molas e das placas,
que foram concluídas no
mesmo dia. Segundo a
assessoria da BHTrans,
sempre que se sentirem
prejudicadas as pessoas
podem solicitar redutores
pelo telefone 156, mas ele
só pode ser implantado em
aclive maior que seis
graus. Então, a equipe vai
até o local para averiguar a
necessidade e a possibili-
dade da obra para realizála. Mesmo assim, a velocidade permitida no local
citado é de 40 km, sendo
assim, responsabilidade do
motorista respeitar essa
norma.
Para José Rodrigues de
Souza, 40 anos, comerciante e morador do Vila
Califórnia, o fluxo de carros com alta velocidade
diminuiu na região. "Aqui
é cheio de menino
pequeno, e as mães deixam todos soltos no meio
da rua, então é perigosíssimo. Com os redutores a
gente fica mais tranquilo,
as pessoas se educam só
dessa forma", afirma.
Os quebra-molas instalados na Avenida Avaí, na Vila Califórnia, trazem tranquilidade para os moradores do local
Comunidade • Meio Ambiente
7
Novembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas
TOCOS INCOMODAM MUITA GENTE
n
PEDRO VASCONCELOS,
3° PERÍODO
Todos os meses, a
Prefeitura de Belo Horizonte recebe centenas de
pedidos para destoca,
remoção de tocos e raízes
de árvores extraídas de um
local público. Normalmente estes pedidos são
feitos por moradores, vítimas de transtornos causados pela não remoção dos
restos de tronco. Um desses moradores é João
Tadeu Santos, 46 anos,
que reside no bairro Padre
Eustáquio, Região Noroeste da capital mineira,
que há três meses espera
pelo serviço de destoca. "O
chão do passeio fica todo
detonado, os tocos atrapalham a gente de andar
pela rua, umas coisinhas
dessas
trazem
uma
chateação danada", afirma.
Segundo o morador, as
árvores foram removidas
em janeiro pela prefeitura.
“As raízes estavam podres,
estavam perigando cair
nas casas, a prefeitura veio
e arrancou, mas deixou os
tocos aí", diz. No dia 19
de agosto, João Tadeu realizou o pedido de destoca
na central de atendimento
ao cliente da Prefeitura de
Belo Horizonte e agentes
municipais foram até sua
casa e ele foi informado
que os tocos seriam
removidos em no máximo
um mês. "Eu ligo para lá
quase toda semana para
saber quando que eles vão
vir, mas eles sempre
desconversam e falam que
não podem me dar uma
data certa. Mas na
primeira vez que eles vieram aqui, prometeram a
destoca em um mês. Já
tem quase dois que eu
estou esperando por alguma resposta.", afirma João
Tadeu.
Alexandre Guias, assessor de imprensa da
prefeitura de Belo Horizonte, assegurou que a
destoca em locais públicos
é de responsabilidade do
estado, mas salientou que
a destoca em propriedades
privadas é de responsabilidade do próprio morador.
"A prefeitura recebe centenas de pedidos de destoca
por mês, mas alguns são
de propriedades privadas e
nestes casos, o município
não pode intervir", afirma.
Segundo ele, a complexidade do serviço pode estar
atrasando a destoca na rua
de João Tadeu. "O trabalho
de destoca não é tão fácil,
ele é manual e requer um
estudo de caso prévio, são
muitos os pedidos e isso
pode demorar um pouco",
diz o assessor.
João Tadeu nasceu e foi
criado na Avenida dos
Esportes, sempre fez
questão de manter a
fachada de sua casa limpa,
asfaltada e bem cuidada.
Ele tinha planos para
reformar o seu passeio,
que foi destruído pelas
raízes das árvores, mas
está com a reforma parada
já que o serviço de destoca
ainda não foi feito pela
prefeitura. Vizinhos de
João Tadeu ressaltam a
importância da destoca.
Maria Lúcia Soares, 55
anos, moradora do Bairro
Padre Eustáquio há 15,
chama a atenção para os
perigos que os tocos abandonados podem causar.
"De noite a gente vem
aqui, pode tropeçar e
machucar. E também sem
os tocos a rua pode ficar
mais bonita, mais bacana
mesmo."diz.
Luís Antônio Linhares
também é morador da
Avenida dos Atletas e diz
que o problema não é
novo na região. "Na porta
lá de casa tinha um toco
que dava cupim e um
monte de bicho que entrava para dentro. Eu fiz o
pedido de destoca, eles
vieram aqui e tiraram.
Demorar, demora, mas se
pedir eles vem", ressalta
Luís. Apesar da demora
João Tadeu aguarda confiante a destoca, "A Prefeitura vai vir sim. Eles já
vieram aqui, já fizeram a
vistoria.O problema é a
demora, mas paciência a
gente tem que ter por que
é bem chata esta situação,"afirma. Os moradores que desejarem solicitar o serviço de destoca
em locais públicos devem
entrar em contato com a
Prefeitura de Belo Horizonte, por meio do
número 156 e agendar
uma visita.
Moradores da região Noroeste reclamam que o problema causado pelos tocos de árvores
que ficam no meio das ruas da região já é antigo. Os pedidos para remoção muitas vezes
não são atendidos, causando acidentes e demais transtornos para quem vive no local
RENATA FONSECA
Tocos abandonas na Avenida dos Atletas destroem passeios e geram transtornos para os moradores da região
Moradores reivindicam recuperação de praça
RENATA FONSECA
n
PEDRO VASCONCELOS,
3° PERÍODO
Telas de proteção quebradas,
quadras esburacadas, muros
pichados e vestiários depredados. Esta é a situação da Praça
da Comunidade no Bairro Dom
Cabral, na Região Noroeste de
Belo Horizonte. O local, que é
uma das principais alternativas
de lazer do bairro, sofre há mais
de cinco anos com problemas de
conservação. Foi pensando nisso
que o presidente da associação
de moradores, Mauricio Antônio
dos Santos, organizou um abaixo
assinado com mais de 700 assinaturas reivindicando uma reforma completa na praça. "Na verdade, este é um problema antigo,
que a antiga gestão também não
conseguiu resolver, a comunidade precisa da praça em um
bom estado. Muitas atividades
acontecem na região e ela está
ficando muito perigosa, principalmente para as crianças", diz
Mauricio.
Segundo o presidente da associação, a má conservação da
praça gera inúmeros transtornos
para comunidade, sobretudo
para uma creche que utiliza o
espaço diariamente em suas
atividades."A creche é a que mais
usa o espaço. É perigoso para as
crianças brincarem em um piso
esburacado, podem machucar o
olho no arame solto das telas.
Mas o pessoal do Lian Gong e
Moradores do Bairro Dom Cabral organizam abaixo asssinado para resolver problemas de má conservação na Praça da Comunidade
de outros projetos que usam a
quadra também reclamam", afirma Mauricio.
Pâmela Santos, 27 anos, tem
um filho de quatro matriculado
na creche e se preocupa com a
integridade física dele. "Aqui precisa de uma reforma faz tempo.
A gente fica preocupada, mas
deixa os meninos brincarem",
afirma. Pâmela é uma das
moradoras que participou do
abaixo assinado e aguarda uma
posição das autoridades. "Vamos
ver se agora eles fazem alguma
coisa, porque até agora só estão
enrolando, e faz tempo isso",
relata a moradora.
No dia 12 de outubro, Carlos
Guilherme, morador do Bairro
Dom Cabral e presidente do
conselho tutelar do Padre
Eustáquio, encaminhou o abaixo
assinado para o secretário do
adjunto municipal da Regional
Noroeste, Nildo Tarone. "Junto
com o abaixo assinado nós anexamos algumas fotos para ilustrar bem as condições da praça",
diz. A Regional Noroeste informou que a Secretaria de Estado
de Esportes e da Juventude de
Minas Gerais já está tomando as
devidas providências para solucionar o problema da praça.
Zaner Araújo, assessor de
comunicação da Secretaria de
Esportes, confirmou que o proje-
to de reforma da Praça da
Comunidade já está com a
Superintendência
de
Desenvolvimento da Capital
(Sudecap) aguardando a autorização da Caixa Econômica
Federal. "Já sabemos deste problema. O projeto de reforma já
está na Sudecap, só falta o parecer da Caixa. Esse tipo de obra
demora um pouco mesmo, não
posso estipular uma data certa,
mas acredito que em um ano a
obra já estará realizada", afirma
o assessor. Maurício vê com
desconfiança o desenrolar da
obra. "Nós inclusive já tivemos
uma reunião com eles lá na secretaria e não adianta, tem anos
que eles estão só prometendo",
ressalta.
Para Carlos Guilherme, o
problema
da
Praça
da
Comunidade não será resolvido
apenas com a reforma."Além de
uma fiscalização mais atuante do
poder público, os moradores precisam se envolver, no sentido de
preservar a praça. Porque não faz
sentido reformar as quadras se
os próprios moradores deixarem
elas serem depredadas de novo",
diz. Segundo ele, os moradores
precisam se organizar para que a
praça não se torne um reduto de
delinquentes. "Alguém precisa
ficar responsável pelas chaves
dos vestiários, pois à noite o
local se torna propício para a
prática de estupro", afirma.
Wander Augusto de Souza, 62
anos mora no Bairro Dom
Cabral há 25 e teme pela preservação da praça. "Só está destruída porque alguém destruiu, concorda? Se reformar eu acho que
vão destruir outra vez, o povo
não tem educação", explica. Já
Maurício acredita que após todo
este processo a comunidade vai
se envolver diretamente com a
preservação da praça. "A gente
sabe que a população precisa se
conscientizar, depois dessa novela eu acho que a maioria vai
estar disposto a ajudar", afirma o
presidente da associação.
8Especial
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Desacostumados em se preocupar com o trânsito na
cidade, os belo-horizontinos têm que prever os congestionamentos para chegarem ao seu destino, e para isso,
contam com a existência de recursos tecnólogicos
TRÂNSITO PREOCUPA
CADA VEZ MAIS OS
BELO-HORIZONTINOS
RICARDO MALLACO
[ ]
"VOCÊ VÊ O TANTO QUE O
TRÂNSITO DA CAPITAL ESTÁ
RUIM PELO FATO DE AS PES-
SOAS ESTAREM INVESTINDO EM
RECURSOS PARA MELHORÁ-LO”
MÁRIO DO ROSÁRIO MENDES
Painel luminoso na Avenida do Contorno avisa aos motoristas informações a respeito da situação do trânsito cada vez mais intenso na capital mineira
BHTrans controla tráfego na região
central por intermédio de câmeras
A
Empresa
de
Transportes e Trânsito
de Belo Horizonte
(BHTrans) tem o Centro
de Controle Operacional
(CCO), órgão responsável por monitorar o
trânsito da cidade.
Segundo a supervisora
Gabriela Pereira Lopes,
formada em engenharia
civil, a BHTrans trabalha para amenizar os
problemas de trânsito da
capital mineira. "As pessoas não podem ter essa
ilusão que a gente daqui
vai apagar o carro, não
tem como, dois corpos
não ocupam o mesmo
espaço. Se não está pas-
sando é por algum motivo, porque a via é estreita ou porque tem carro
demais, e tem carro
demais, aqui a gente fica
para amenizar, a gente
não tem como burlar a
lei da física", explica.
O CCO controla os
semáforos da capital,
dez
Painéis
de
Mensagens
Variáveis
(PMV) e monitora o
trânsito da área central
da cidade através de 25
câmeras, a maioria
instalada entre 2005 e
2006. Gabriela afirma
que as imagens são
monitoradas das 6h30
até às 23h, e os fun-
cionários são divididos
em turnos. Os turnos
contam com técnicos de
transporte de trânsito e
dois estagiários. "Os técnicos, cada um fica por
conta da programação
de semáforos da área
central, outro com a programação
semafórica
fora da área central, o
terceiro
seria
com
câmeras e painéis, e os
estagiários auxiliando
nessa questão de varrer
as câmeras", conta.
Os sistemas que são
utilizados pela BHTrans
procura auxiliar usuários
do transporte urbano.
As câmeras fazem o
monitoramento
dos
principais corredores de
Belo Horizonte, e quando ocorre algum problema, os técnicos do CCO
entram em contato com
as equipes que trabalham nas ruas, para
resolvê-lo. Além disso,
os painéis de mensagens
variáveis dão informações em tempo real
sobre a situação do trânsito. As imagens das
câmeras são disponibilizadas no site da
BHTrans, ou então, o
usuário pode ligar no
156 solicitando informações sobre o tráfego.
n
ADRIANA BENEVENUTO,
CARLOS EDUARDO ALVIM,
CÍNTHIA RAMALHO,
LAURA DE LAS CASAS,
PEDRO VASCONCELOS,
SAMARA NOGUEIRA,
3º E 4º PERÍODOS
Acostumada a passar boa
parte do dia circulando em
seu carro pelas ruas da
cidade, a comerciante Maria
do Rosário Mendes, 37 anos,
precisou mudar sua rotina
para se habituar ao trânsito
de
Belo
Horizonte.
Moradora de um condomínio em Nova Lima, na
Região Metropolitana da
capital, a vendedora precisa
sair de casa com pelo menos
uma hora de antecedência
para chegar até a Savassi e
começar seu trajeto de vendas, que, sem retenções,
poderia ser feito em meia
hora. "Antes de sair eu ligo o
rádio e vejo através das dicas
de trânsito qual o melhor
caminho a ser feito", conta.
Durante muito tempo, o
trânsito não era motivo de
preocupação dos cidadãos,
que podiam sair de casa a
qualquer hora e chegariam a
seu destino. O panorama em
Belo Horizonte, entretanto,
mudou. Atualmente, tornouse uma preocupação constante o tempo em que leva
para se deslocar de um lugar
para o outro, fazendo com
que as pessoas procurem
soluções para os problemas
gerados pela quantidade de
carros existentes nas ruas e
para o estresse causado pelos
engarrafamentos diários nos
diversos pontos da capital.
"Quando chove piora tudo.
Eu tenho que sair de casa
uma hora e meia antes, pelo
fato de morar longe", conta
Maria do Rosário.
A comerciante não é a
única que sofre com os frequentes engarrafamentos.
Larcides Faria Lama, 55
anos, morador do Bairro
Ipiranga, na Região Leste de
Belo Horizonte, conta que
há 20 anos, de carro, demorava cerca de 15 minutos
para chegar à firma em que
trabalha, no Bairro de
Lourdes, na Zona Sul. Hoje,
tem que sair de casa 50 minutos mais cedo. "E mesmo
assim, ainda chego atrasado
às vezes", diz Larcides.
Muitos motoristas já comparam o trânsito da capital
mineira com os dois maiores
centros do país, São Paulo e
Rio de Janeiro. Porém, o
urbanista e especialista em
tráfego e trânsito Ronaldo
Guimarães Gouvêa, professor de engenharia de transportes e geotecnia da Escola
de
Engenharia
da
Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), não
acredita que em Belo
Horizonte a situação esteja
igual à capital paulista. "O
trânsito está ruim sim, mas
não é igual São Paulo não",
afirma. Para ele, o trânsito
de Belo Horizonte é um
problema antigo e vem
sofrendo piora lenta e gradual. O professor explica que
não houve um ano específico
que se possa identificar essa
piora, mas há um fenômeno
de degradação do sistema
viário de Belo Horizonte.
Esse fenômeno se intensifi-
cou nos últimos 30 anos.
O especialista aponta o
aumento da frota de carros
como problema que não
atinge
somente
Belo
Horizonte, mas outras
cidades também. Ronaldo
Gouvêa constata que a frota
de automóveis está se tornando incompatível com a
capacidade das vias. "A
expansão das vias é limitada.
Este é um fenômeno
nacional", comenta. Além
disso, ele salienta que os carros são muito grandes, transportam poucas pessoas e
ocupam muito espaço.
"Falando em termos de
engenharia de tráfego, as
famílias poderiam ter um
carro só, mas se não podem
diminuir o número de carros, pelo menos poderiam
tentar diminuir o tamanho
desses veículos, o problema é
que carros pequenos como o
Smart ainda são muitos
caros", diz.
De acordo com Ronaldo
Gouvêa, uma solução seria a
construção de um sistema
metroviário eficiente e de
qualidade. Ele analisa a
importância de investimentos nas áreas de linhas de
grande capacidade como o
metrô, e de pequena capacidade, como o microônibus
para dentro dos próprios
bairros, sem deixar de lado
as de média capacidade, que
são as linhas de ônibus.
Segundo o profesor, seria
uma forma de incentivo para
que moradores se dispusessem a largar o carro de
vez em quando, se lhes fosse
oferecido um transporte
público de qualidade.
Outra questão abordada
pelo urbanista é a possível
construção de um novo anel
rodoviário, para que sirva de
conexão entre as grandes
rodovias da cidade, tirando o
tráfego de passagem da
região central, que já está
prejudicada pelo próprio
trânsito. "Essa obra deveria
ser prioritária", completa
Ronaldo Gouvêa.
TECNOLOGIA Os recursos
tecnológicos surgem cada
vez mais bem estruturados
como forma de auxiliar os
motoristas no momento de
escolher o melhor caminho.
Para isso, rádios, telejornais,
GPS (global position system,
em português, sistema de
posicionamento global) ou
até mesmo mensagens de
celular surgem para orientar
e informar sobre o tráfego
nas grandes cidades. Maria
do Rosário vê os recursos
tecnológicos como tentativas
de ajudar o motorista e analisa a situação do tráfego em
Belo Horizonte. "Você vê o
tanto que o trânsito da capital está ruim pelo fato de as
pessoas estarem investindo
tanto em recursos para melhorá-lo, como programas de
rádio que informam sobre o
trânsito, GPS, jornais de TV
que sempre mostram imagens com o intuito de ajudar
o telespectador", opina.
O sistema de mensagens
via celular, Infotráfego, é
uma iniciativa recente da
BHTrans, em parceria com a
Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte (PBH) e já está
Especial
9
docursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas jornalmarcolaboratório
disponível para o usuário
desde o dia 1º de outubro,
que pode cadastrar rotas de
interesse no site da empresa
(www.bhtrans.pbh.gov.br).
As mensagens enviadas têm
o custo de R$0,23 para o
destinatário e não há limite
de mensagens diárias recebidas. O assessor de comunicação da BHTrans, Gilvan
Marçal, informou que o
usuário pode comprar um
pacote de mensagens mensal, e receberá as informações de acordo com a rota
e os horários que cadastrou
no site. Segundo ele, cerca
de 150 pessoas já utilizam o
serviço.
O uso do GPS ajuda o
motorista a se localizar e a
criar novas rotas para fugir
de um congestionamento.
"Nas minhas outras atividades, que consigo usar meu
carro, faço uso do GPS. Foi
um investimento muito bom
quando comprei, pois assim
posso dirigir por rotas alternativas, sem me perder",
comenta a psicóloga Érica
Pereira, de 45 anos. O estudante Diego Borello Faria
Lama, de 21 anos, diz ter
vontade de adquirir um
aparelho, mas acha que o
preço ainda está alto.
Os preços de GPS variam
entre R$249 até R$1699.
Esses aparelhos podem ser
adquiridos em sites pela
internet, em lojas que vendem produtos eletrônicos, e
em lojas de acessórios e
equipamentos automotivos.
O estudante acredita que o
GPS é um grande aliado do
motorista. "Eu acho que o
GPS ajuda, ajuda a achar
caminho, eu sou mestre em
ficar perdido, sou muito desorientado e as placas não
ajudam", conta.
Por outro lado, os
motoristas divergem em
relação ao uso do aparelho.
"O problema do GPS é que
muita gente distrai, GPS distrai um pouco mesmo, o
melhor é não colocar ele na
frente do volante, deixá-lo
mesmo de lado e só olhar
quando tiver dúvida", aponta o também estudante
Diogo Ferraz da Costa, 20
anos. Já Welerson Pereira
Dênis Júnior, que trabalha
com transporte escolar e é
motorista de uma firma de
autopeças, vê falhas no sistema do equipamento e
acredita conhecer mais que o
aparelho. "Eu já ganhei um
GPS, mas não me acostumei. Eu conheço muito
mais de caminho do que um
GPS. O aparelho manda a
gente virar na contra mão e
em rua que não existe", diz.
POLÍTICA PÚBLICA Ronaldo
Gouvêa vê com bons olhos a
inclusão de instrumentos
tecnológicos no controle do
tráfego, mas ressalta que
estes instrumentos devem
estar associados a boas
políticas
públicas.
"Tecnologia é o seguinte, é
um instrumento de gestão.
No sistema viário você tem
muito desses instrumentos,
como bilhetagem eletrônica,
semáforo eletrônico, só que a
tecnologia não faz milagre,
ela apenas é uma boa opção
auxiliadora", conclui o espe-
cialista.
Apesar dos investimentos
que estão sendo feitos pela
BHTrans a fim de melhorar a
qualidade do transporte
informando as condições de
trânsito, o tráfego ainda é
motivo de preocupação.
Welerson Júnior diz que trabalha na rua há quase 16
anos e vê mudanças para
pior no trânsito de Belo
Horizonte. "O trânsito antes
não agarrava tanto assim
não. Antes os engarrafamentos tinham horários específicos e lugares que a gente já
sabia. Agora em qualquer
lugar agarra", comenta o
motorista. "Parece que o
mundo inteiro está na rua
quando chega 19h. Por isso,
às vezes enrolo, prefiro
esperar dar 20h para pegar
estrada de volta, pois me
poupo de trânsito e stress",
conta Maria do Rosário.
A psicóloga Érica Pereira,
que atende na área hospitalar da cidade, no chamado
hipercentro, também reclama do trânsito. Segundo ela,
o tráfego na cidade é motivo
de muita preocupação, pois
o tempo inteiro as ruas estão
lotadas de carros, não tem
lugar para parar o carro, e
tem que ficar em busca de
um caminho que a faça
chegar em casa com menos
atraso. Larcides Faria conta
que já perdeu o casamento
de um primo por não imaginar que a Avenida Cristiano
Machado estaria engarrafada em um sábado às 10h.
Os motoristas encontram
alternativas para driblarem o
caos dos engarrafamentos no
trânsito. Maria do Rosário
afirma que prefere passar
por um trajeto mais longo e
escapar dos congestionamentos, para poupar tempo,
do que ficar parada no trânsito. Já Érica prefere ir de
ônibus para o trabalho para
evitar transtornos com o
fluxo movimentado da
região hospitalar e também
com a dificuldade em estacionar seu carro.
Apesar do especialista
Ronaldo Gouvêa dizer que
não cabe comparação entre
os trânsitos de Belo
Horizonte com São Paulo e
Rio, motoristas têm outra
visão. "O trânsito de BH é
muito ruim, o povo reclama
de São Paulo, Rio de Janeiro,
mas aqui está no mesmo
caminho", opina Diego
Borello.
Diogo Ferraz conta que já
dirigiu no Rio de Janeiro e
em São Paulo, mas afirma
que conduzir um veículo em
Belo Horizonte é mais difícil. Segundo ele, enfrentar
trânsito pesado já faz parte
de sua rotina, e que tenta,
nem sempre com sucesso,
evitar atrasos saindo mais
cedo de casa. "Eu sempre
chego pelo menos um
pouquinho atrasado por
conta de engarrafamento,
mas fora isso está tranquilo,
quem mora em BH já está
acostumado com isso", conclui.
LILA GAUDÊ
Novembro • 2010
NCIO
Informações divididas com os usuários
A BHTrans tem três portas de
entrada de informações sobre o
trânsito. As câmeras são a
primeira, e os técnicos que ficam
monitorando os equipamentos, ao
detectarem algum tipo de problema na via, entram em contato
com as equipes de campo para
solucioná-lo. "Exemplo: um carro
quebrado. A gente aciona a nossa
equipe de campo para retirar o
carro. Outro exemplo: manifestação. A gente aciona a equipe da
Polícia Miltar que fica aqui do
lado da gente para poder tomar
ação em relação àquela manifestação, se for para resolver qualquer
coisa", diz a supervisora do Centro
de Controle Operacional (CCO),
Gabriela Pereira Lopes. Em casos
de retenção na via, é possível ao
CCO modificar a programação
semafórica, para ajudar na fluidez
do trânsito.
A segunda porta de entrada é o
usuário através do 156, em que os
cidadãos podem ligar e informar
alguma questão do trânsito da
cidade. "Se o problema não for no
local que é visto pelas câmeras, a
gente chama nossa equipe de
campo para ir lá e confirmar se
está realmente acontecendo o
problema, e a partir do momento
que é confirmado a equipe vai até
o local e toma a mesma ação de
quando o problema é visto pelas
câmeras", explica a supervisora.
A terceira porta são os agentes
de campo da BHTrans. "Temos
uma equipe de mais ou menos
100 pessoas que trabalham dia e
noite em campo, na rua. Eles também detectam problemas, informam ao CCO caso não consigam
resolver sozinhas”, conta Gabriela.
A supervisora explica ainda que
quando o problema não pode ser
resolvido pela BHTrans, os
agentes entram em contato com o
órgão que pode solucioná-lo,
como, por exemplo, em caso de
falta de energia que prejudica o
trânsito, a Companhia Energética
de Minas Gerais (Cemig).
Gabriela conta ainda que existem as portas de saída das informações que chegam no CCO, que
procuram auxiliar os motoristas.
"A gente pode fazer alterações
semafóricas, acionar uma equipe e
também dividir essa informação
com o usuário", diz. "A gente
entende que o usuário bem infor-
[ ]
“A CENTRAL DE RÁDIO
FUNCIONA 24 HORAS, HOJE
NÓS ESTAMOS COM 27
OPERADORES”
GABRIELA PEREIRA LOPES
mado ele pode alterar o seu caminho, ele pode ficar mais tranquilo em relação a algum congestionamento, sabendo que o congestionamento vai terminar logo
ali", completa. As informações que
chegam aos técnicos são colocadas
nos painéis de mensagens variáveis, como obras na via, eventos e
as condições de trânsito na região
central. "A central de rádio funciona 24 horas, hoje nós estamos
com 27 operadores, que trabalham revezando 24 horas por dia.
A central de rádio faz a ponte de
informação entre os usuários que
ligam no 156 e informam
questões que estão causando pro-
blemas ao trânsito, e a nossa
equipe de campo, que entra em
contato com os operadores via
rádio, nos carros, ou da rua
mesmo", conta Gabriela.
Segundo a supervisora, todas as
informações são disponibilizadas
na internet para os usuários. "Você
consegue acessar as imagens das
câmeras, consegue saber em cada
painel quais são as mensagens que
estão sendo divulgadas. Na área
central, onde a gente tem sensores
e detectores, você consegue ver
qual a saturação daquela via, se ela
está com trânsito bom, com trânsito lento, retido, ou com trânsito
intenso".
Em função da Copa do Mundo
de 2014, em que Belo Horizonte
será uma das cidades-sede, a
BHTrans pretende quadruplicar o
número de câmeras. "A ideia é
chegar a 100 câmeras, até 2014",
calcula Gabriela. As câmeras
devem ser instaladas nos corredores, e não somente na região
central da cidade. "Hoje, a gente
tem as câmeras muito na área central, não que todos os pontos da
área central a gente já vê, tanto
que nos vamos expandir também
na área central, mas o maior
número de câmeras, dessas 75
quase que serão instaladas, serão
nos corredores", explica.
Além disso está previsto a instalação de mais nove painéis de mensagens variáveis. Segundo Gabriela,
os 10 painéis atuais são suficientes
para informar uma área menor da
cidade que são cobertos pelas 25
câmeras, mas a partir do momento
em que aumentarem o numero de
câmeras será necessário instalar
mais painéis.
10 Especial
jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas Novembro
• 2010
TAXISTAS LIDAM COM TRÁFEGO INTENSO
n
ADRIANA BENEVENUTO,
CARLOS EDUARDO ALVIM,
CÍNTHIA RAMALHO,
SAMARA NOGUEIRA,
Acostumados a enfrentar situações de trânsito caótico, principalmente nos horários de pico, os taxistas contam que o
excesso de veículos e os consequentes engarrafamentos, causam prejuízo no seu trabalho, e que eles não têm alternativa
RICARDO MALLACO
3º E 4º PERÍODOS
Os taxistas opinam que
o aumento do fluxo de
trânsito nos últimos anos
foi causado pelo aumento
da frota. "O trânsito
piorou muito ao longo dos
anos, pois são muitos carros. Antes uma família de
cinco pessoas tinha um
carro, agora tem cinco, um
para cada. Desnecessário",
diz o taxista Edir Paulo
dos Santos, 43 anos.
"Acredito que o trânsito de
Belo Horizonte já sofreu
grandes
modificações.
Com os benefícios que o
governo deu muita gente
comprou carro e o fluxo
aumentou", percebe o também taxista Alexandre
Muritiva da Silva.
Apontando as diferenças entre o trânsito de
anos atrás com os dos dias
atuais, os taxistas têm
praticamente a mesma
opinião. "O que eu percebo de mudança no trânsito
de 12 anos para cá, foi a
quantidade de carros nas
ruas" diz Íris Costa Filho,
que trabalha há 12 anos
como taxista. "A principal
diferença é a lentidão no
trânsito nos horários de
pico, causada pelo grande
número de veículos",
opina Rodrigo Torquato
Lobato, 35 anos, taxista
há dez e gerente de uma
empresa de transportes.
Diante desse problema,
apontado pelos motoristas
como o principal causador
de engarrafamentos, os
taxistas buscam formas de
driblar os congestionamentos e cumprir com sua
obrigação de levar o passageiro a seu destino.
"Como alternativa para
fugir dos engarrafamentos,
eu utilizo os desvios. Em
BH a gente ainda tem
bons caminhos alternativos. Além disso, eu evito
locais como Via Expressa,
Para o taxista Íris Costa Filho, ouvir os boletins de trânsito dados pelas rádios é essencial para o seu trabalho devido ao aumento do número de veículos em BH
Avenida Amazonas à
tarde, Avenida Cristiano
Machado, essas vias de
acesso e Anel Rodoviário",
conta
Íris.
Rodrigo
Torquato afirma que conhece vários atalhos na
cidade, mas que esses
caminhos também estão
ficando saturados devido
ao aumento no número de
carros.
"Sempre procuramos o
melhor caminho, e isso
não significa o caminho
mais curto, e sim aquele
que tem menos fluxo de
carro, o que tem menos
sinais de trânsito, dessa
forma procuramos o caminho que deixa nosso
cliente no seu destino da
forma mais rápida, pois
praticamente todos os passageiros estão com pressa.
Muita gente opta pelo táxi
porque ônibus demora
muito, então temos que
respeitar isso, um trabalho
de taxista bem feito é
aquele que consegue satisfazer o passageiro", explica
Edir Paulo.
Alexandre Muritiva não
se considera um fã de tecnologias que podem auxiliar os motoristas no trânsito, como o GPS, que
segundo ele, é apenas uma
ferramenta que chama a
atenção e que certamente
será levado em caso de
assalto. "Eu uso um guia,
um livrinho que me ajuda
muito", conta. Rodrigo
Torquato conta que utiliza
todos
os
recursos
disponíveis para ajudar na
logística do transporte,
como GPS e rastreamento
via satélite. "Devido ao
grande
número
de
motoristas que trabalham
conosco, sempre ligamos
uns para os outros para
pedir e passar coordenadas
do trânsito diariamente
para facilitar o deslocamento de nossos passageiros", afirma.
As emissoras de rádio
também foram citadas
pelos motoristas, que
alegam usar o serviço
prestado por elas para se
informarem sobre as
condições de trânsito do
momento na cidade. "Eu
ouço muito a BandNews,
dá muita reportagem sobre
o trânsito, Itatiaia também. Ajuda muito a gente.
Se falou que está congestionado a gente sai fora",
diz
Alexandre.
"Acompanho as rádios,
principalmente para saber
se teve algum acidente que
está atrapalhando o trânsito,
principalmente
a
Itatiaia", declara Íris.
Além disso, a rádio central também é uma opção
para os taxistas. "Usamos
rádio para nos informar do
trânsito. Quase todo
taxista acessa a rádio central, que nos informa dos
imprevistos, não só do
trânsito, mas acidentes,
chuva forte, desmoronamento. Tudo eles avisam e
isso
ajuda
bastante,
ficamos de ouvidos atentos", garante Edir Paulo.
"Táxi é o seguinte, tirando
a tecnologia, é conhecimento. Quanto mais conhecimento, mais dinheiro
se faz", conclui Íris.
Os
engarrafamentos
constantes prejudicam o
trabalho dos taxistas, que
muitas vezes perdem a
oportunidade de fazer
mais viagens em decorrência de terem ficado presos
em algum congestionamento. "O engarrafamento
reduz o montante de corrida e o dinheiro também.
Corrida que daria R$11 dá
R$18, mas aí não compensa, porque você fica agarrado no trânsito e não
consegue fazer mais corridas", observa Íris Costa.
"Quanto mais fico agarrado no trânsito, menos viagens posso fazer, causando
prejuízo para todos nós,
tendo em vista que se faço
cada vez menos viagens,
tenho que aumentar o
preço para conseguir pagar
os custos", atesta Rodrigo.
Segundo os motoristas,
o trânsito não é visto
como vantagem para os
taxistas, ao contrário do
que muitas pessoas pensam. "Para um taxista o
ideal são várias viagens. Se
eu estou no trânsito
empacado
em
uma
viagem, eu poderia estar
fazendo outras duas ou
três, para a gente não é
vantagem nenhuma ficar
parado, por mais que o
taxímetro cobre mais
enquanto está parado",
explica Edir Paulo. Íris
comenta ainda que o
aumento no fluxo de trânsito não faz com que haja
perda de passageiros, mas
conta que já houve casos
em que o seu cliente
perdeu vôos ou compromissos por causa dos
engarrafamentos.
Em decorrência desse
problema, os motoristas
sugerem iniciativas que
poderiam melhorar as
condições de trânsito na
capital mineira. "O trânsito melhoraria através de
grandes obras viárias,
como túneis e rodovias. Só
assim para controlar a
quantidade de carros que a
cidade comporta. Poderia
haver rodízio, igual em
São Paulo também. Acho
importante as pessoas
aprenderem a viver sem
essa dependência do carro.
Aprender a usar outros
recursos, senão daqui a
pouco ninguém mais sai
do lugar", opina Edir
Paulo.
Rodrigo Torquato acredita que a flexibilização
dos horários de início e
término do expediente
poderia colaborar para a
redução do caos no trânsito nos chamados 'horários
de pico'. "Outra coisa que
observo, é o individualismo. Todo mundo vai para
o trabalho de carro e sozinho! Todos poderiam
dar uma carona para o vizinho, amigo ou colega de
trabalho", acrescenta. "O
que ia favorecer o trânsito
era a construção de linhas
de metrô. É um método
mais rápido e barato para
ajudar a desafogar esse
trânsito", comenta.
Usuários pedem cobertura em ponto de ônibus
RICARDO MALLACO
n
BRUNA CARMONA,
4º PERÍODO
A ausência de um abrigo em um dos pontos de
ônibus da Rua Imbiaçá, no
Bairro
Dom
Cabral,
Região Noroeste de Belo
Horizonte, está causando
incômodo aos moradores
que usam o transporte
público diariamente. Eles
contam que desde que um
ônibus perdeu o controle e
subiu na calçada, a cobertura foi danificada e retirada. Os moradores estimam
que o acidente aconteceu
há três anos e desde então,
o abrigo não foi reinstalado.
Maria Nazaré da Silva
Lopes usa todos os dias
uma das linhas que passa
no ponto da Rua Imbiaçá
e sente falta do abrigo "Faz
falta. Não só a cobertura,
mas também o banquinho
para a pessoa sentar e ficar
esperando, porque às
vezes o ônibus demora",
diz.
Para a pedagoga Renata
Calado, a situação piora
em dias de chuva. "Fica
todo mundo encolhido
aqui debaixo, com sombrinha", conta, fazendo
referência à marquise do
Pet Shop em frente ao
ponto de ônibus. "A cobertura aqui que a gente
tinha antes não era muito
boa, mas era bem melhor
do que não ter", completa
a pedagoga. Ela conta que
às 6h a marquise da loja
não suporta a quantidade
de pessoas.
Wander Pedrosa trabalha no Pet Shop e acha
importante a instalação do
abrigo no ponto. "Se houvesse uma cobertura seria
mais confortável para o
usuário, apesar de ter a
marquise ali, que o pessoal
usa muito para se esconder", afirma. Ele diz que
não se sente incomodado
com as pessoas que utilizam a marquise da loja
para se proteger da chuva
ou do sol muito forte
"Uma vez ou outra a gente
tem que pedir licença à
pessoa que fica em frente a
porta para poder passar
com alguma caixa, esse
tipo de coisa, mas incomoda muito pouco", conta.
Segundo informações
da
Assessoria
de
Comunicação
da
BHTrans, não há registro
de pedido para recolocação da cobertura, nem
de acidente envolvendo
ônibus na região no período
estimado
pelos
moradores. O órgão informou que vai solicitar a
reinstalação da cobertura.
Em dias de chuva, a falta de cobertura do ponto de ônibus da Rua Imbiaçá gera transtornos para os usuários
Especial
11
Novembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas
O PAPEL DAS RÁDIOS NO TRÂNSITO
n
BRUNA FONSECA,
CÍNTHIA RAMALHO,
CARLOS EDUARDO ALVIM,
3º E 4º PERÍODOS
"Trânsito ainda lento na
Avenida Nossa Senhora
do
Carmo,
sentido
Belvedere", "trânsito intenso no complexo da
Lagoinha e na Avenida do
Contorno,
sentido
Gutierrez". Ao começarem
os boletins de trânsito, Iris
Costa Filho não pensa
duas vezes antes de
aumentar o volume do
rádio, ferramenta obrigatória no dia a dia do
taxista. Quando está em
seu carro transportando
passageiros, Iris, que trabalha no ramo há 12 anos,
sempre deixa o rádio ligado. Ele sempre recorre aos
boletins
transmitidos
pelas emissoras de rádio
para poder realizar seu trabalho com mais tranquilidade. "Acompanho as
rádios,
principalmente
para saber se teve algum
acidente que está atrapalhando o trânsito. Isso
ajuda muito", afirma.
Desde que os problemas
com o trânsito começaram
a interferir na vida de
quem vive na capital
mineira, as emissoras de
rádio de Belo Horizonte
passaram a investir muito
na cobertura, principalmente pelo fato dos principais ouvintes das programações serem os motoristas, como explica a chefe
de redação da BandNews
FM, Ivana Moreira. "A
cobertura de trânsito para
a gente é muito importante porque a audiência
de rádio é praticamente
uma audiência de carro",
afirma. Segundo estatísticas divulgadas no portal
da BHTrans, a frota média
anual de veículos que em
2005 era de 845 mil, no
ano passado atingiu a
marca de 1.221.042.
Para dar os boletins, que
geralmente acontecem a
cada 15 minutos durante a
programação, as emissoras
de rádio contam com
repórteres nas ruas da capital e na central de informações da BHTrans, de
onde acessam as câmeras
de monitoramento e, dessa
forma, levam as informações até os ouvintes. Na
maioria das vezes, os
repórteres se dirigem à
BHTrans no período da
manhã, entre 7h e 8h,
quando o movimento de
veículos pelas ruas da
cidade é mais intenso.
Verônica Pimenta, repórter
da Rádio Inconfidência, sabe
da responsabilidade que tem
quando se dirige todas as manhãs para a central da
BHTrans. "Eu chego aqui às
6h30, vou para a BHTrans,
fico lá até 9h30, que é quando
termina o horário de pico nos
principais corredores", conta.
A repórter reconhece a
importância do seu trabalho na cobertura de trânsito, porém, afirma que nem
todos os jornalistas compartilham da mesma
opinião. "Eu acho que, em
geral, tem até preconceito
em relação aos boletins de
trânsito, isso está implícito
na nossa cultura profissional, julgar que isso não
é jornalismo. Mas, eu não
vejo dessa forma, eu acho
que no dia a dia, eu lá dentro da central de operações
da BHTrans comecei a ver
de outra forma, porque o
rádio é muito ligado ao
serviço, então, as vezes, o
ouvinte está ligado no
rádio porque ele quer
informações úteis que possam ajudá-lo no dia a dia",
opina Verônica.
O motorista Welerson
Pereira, assegura que
muda a rota devido à
informação que recebe das
emissoras de rádio. "Ouço
rádio o dia todo, ouço
quase todas as rádios e
nessa questão de engarrafamento eles ajudam
muito. Muitas vezes já
mudei
completamente
minha rota por informação de rádio", alega.
As principais fontes de
informação para as emissoras de rádio saem das
agências que controlam o
tráfego em Belo Horizonte
e nas cidades da região
metropolitana, além da
Polícia Militar e da Polícia
Rodoviária Federal. As
rádios contam ainda com
a participação de ouvintes
que ligam para passar
[ ]
“A AUDIÊNCIA DE RÁDIO
É PRATICAMENTE UMA
AUDIÊNCIA DE CARRO”
IVANA MOREIRA
informações, além de
parcerias
com
cooperativas de táxi, como
faz a Inconfidência e a
CBN.
INTERAÇÃO
Itamar
Mayrink,
chefe
de
reportagem da Rádio
CBN, acredita que a participação do ouvinte
através do telefone é uma
maneira de interação com
a notícia. "O próprio
ouvinte passa muita informação para a gente, então,
o celular é uma ferramenta
fantástica. Quando o
ouvinte liga para a gente,
nós checamos as informações na BHTrans ou na
Polícia Rodoviária; na verdade, o ouvinte acrescenta
e a gente aproveita para
poder comentar e ampliar
as informações", conta.
Verônica Pimenta diz
que monitorar trânsito é
um trabalho complexo,
mas considera gratificante
o retorno dos ouvintes.
"Há três anos eu fazia um
quadro sobre cidadania,
que eu julgava ser muito
mais importante, mas as
pessoas começaram a falar
olha, você deu boletim de
trânsito em tal dia que me
ajudou, porque eu tinha
um entrevista de trabalho,
tinha alguma coisa para
fazer´. O retorno é muito
maior, e isso é incrível.
Você vê que o ouvinte
quer coisas práticas no
rádio ou em qualquer
outro veículo de comunicação", conta a repórter.
Ivana Moreira diz que
se surpreendeu com a
reação dos ouvintes em
relação aos boletins de
trânsito,
que
na
BandNews são transmitidos em intervalos de 20
minutos. "A cobertura de
trânsito é fundamental. Eu
pensava que o ouvinte
achava isso tudo muito
chato e me surpreendi,
porque eu encontrei muita
gente que me dá retorno
de que é muito útil, então
eu vi que isso é uma
prestação
de
serviço
importante e que a gente
precisa fazer de uma
forma que seja mais interessante e de fato mais
útil", explica Ivana.
A chefe de redação
conta que o trânsito em
Belo Horizonte a cada dia
ganha mais espaço na
cobertura
jornalística,
uma vez que na capital
essa é uma preocupação
recente. "É muito fácil ser
repetitivo na cobertura de
trânsito. Parece que é simples, mas o trânsito exige
da gente muito mais criatividade,
muito
mais
atenção do que na construção de uma matéria,
que é mais fácil de ser
administrada. É uma coisa
que incomoda profundamente o morador da
cidade, até porque é uma
novidade, há poucos anos,
as condições de tráfego na
cidade eram melhores",
afirma a jornalista.
As emissoras de BH
contam ainda com as imagens das 25 câmeras controladas pela BHTrans e
instaladas nos principais
corredores da capital. As
imagens são disponibilizadas no site do órgão e
acompanhadas durante
todo o dia pelos jornalistas. "Com as câmeras a
gente tem um retrato
mesmo da situação das
vias", afirma Mayrink.
Falar sobre a situação do
trânsito exige cuidados,
como não passar a informação com exageros e ficar
atento às atualizações, já
que, mudanças no trânsito
ocorrem com grande velocidade. Verônica Pimenta
ressalta que por ser um
importante serviço prestado
à população além de descrever o trânsito -, é importante aprofundar o conteúdo dos boletins. "É realmente uma visão de
serviço”, constata.
A psicóloga Érica Pereira
conta que adapta diferentes tecnologias para evitar os congestionamentos.
"Se escuto na rádio que em
tal lugar está muito trânsito, logo vou no meu GPS e
busco um outro caminho
que me faça chegar em
casa mais rápido", explica.
Já o comerciante Larcides
Lama afirma que ouve os
boletins de trânsito, pois
acredita que seu maior
problema não é de não
saber qual rota seguir, mas
sim saber onde está engarrafado, para evitar esses
caminhos. “Os programas
de rádio ajudam nessa
questão”.
O trânsito já é uma preocupação para os belo horizontinos. Por isso, as emissoras de rádio
da capital dedicam sua transmissão para auxiliar os cidadãos que enfrentam o tráfego
CARLOS EDUARDO ALVIM
Imagens captadas por câmeras da BHTrans são utilizadas por emissoras de rádio e TV para informar a população
A cobertura do trânsito
pelos repórteres aéreos
Outros
mecanismos
usados para transmitir
informações a respeito do
trânsito
nas
grandes
cidades são os helicópteros
e aviões de pequeno porte.
O primeiro repórter aéreo
de rádio e televisão foi
Franz Netto, que na década de 70 cobria os acontecimentos da cidade de
São Paulo a bordo do
"Helicóptero
Vermelho
Bandeirantes". Franz ficou
conhecido como "repórter
voador" e mais tarde como
o " abelhudo Cofap" devido ao patrocínio da marca
de amortecedores.
Em novembro, Simone
Crisóstomo, repórter aérea
há 17 anos, iniciou a
cobertura do trânsito de
Belo Horizonte para o
Sistema Globo de Rádio.
Todos os dias, do ar, ela
passa as informações dos
corredores mais movimentados da cidade para os
ouvintes das rádios CBN,
BH FM e Globo AM.
Simone aponta que os
principais desafios da
profissão estão relacionados às condições climáticas. "É frustrante, chuva e
invisibilidade são combinações que não te permitem decolar. Quando
está um dia muito fecha-
do, eu vou para o aeroporto, a primeira abertura que
der, a gente decola", diz.
Simone foi a primeira
repórter a cobrir o trânsito
em Belo Horizonte de um
helicóptero. Para ela, este
é um grande desafio, pois
acredita que sua informação tem um peso
importante na vida das
pessoas que a escutam.
"Comecei a perceber que
aquele tipo de informação
[de trânsito] interferia na
rotina das pessoas de uma
maneira bem contundente", afirma. Ela conta
que as emissoras não costumam ter seus próprios
helicópteros, mas sim
fretá-los para este tipo de
cobertura.
Mesmo
o
serviço sendo caro, a
repórter acredita que o
custo benefício acaba valendo a pena. "Sem sombra de dúvidas é uma
cobertura cara, mas que
vale a pena. É realmente
uma prestação de serviços
que estamos fazendo
naquele momento", analisa.
Além do custo, outro
problema são falhas técnicas que podem ocorrer
durante as transmissões
aéreas. Ivana Moreira
explica que esse foi o moti-
vo da BandNews suspender
o
uso
do
helicóptero por enquanto.
"Tivemos uma dificuldade
técnica que era de transmissão, a gente não estava
conseguindo sintonizar a
freqüência, coisas bem
técnicas. Então, chegou
uma hora que a gente
achou que isso não estava
agregando nada mais ao
ouvinte e isso era frustrante”, comenta Ivana.
Hamilton Alves da Rocha,
mais
conhecido
como
Comandante Hamilton, é
jornalista e piloto de
helicóptero, e hoje faz coberturas aéreas para o programa
"Brasil Urgente", pela TV
Bandeirantes, apresentado
por José Luiz Datena.
Hamilton acredita que as
informações a respeito da
situação do trânsito podem
até mesmo salvar vidas.
"Imagina uma pessoa que
está grávida, doente, ou passando mal e tem que ir para
um hospital, você tem que
checar o trânsito antes de sair.
Então, você acaba ajudando
até a salvar vidas, por isso que
eu acho importante esse trabalho, principalmente devido
ao problema de uma cidade
como São Paulo, como na
maioria das cidades aqui do
Brasil, não houve planejamento para fazê-la”, diz.
12 Cidade
jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas Novembro
Pensando na dificuldade
dos deficientes visuais,
que muitas vezes não
tem acesso á livros
didáticos de qualidade, o
Instituto São Rafael realiza a tradução de livros
escolares para facilitar o
aprendizado de cegos
• 2010
INSTITUTO SÃO RAFAEL TRADUZ
LIVROS DIDÁTICOS PARA BRAILLE
RICARDO MALLACO
n
HANNA OLIVEIRA,
JOANA GERVÁSIO,
7º PERÍODO
Em Belo Horizonte, o
Instituto São Rafael é o
responsável por atender a
demanda de boa parte da
cidade por livros didáticos
em braille, as escolas que
têm alunos cegos solicitam
a tradução dos livros
necessários para determinada série. "Ao todo são
aproximadamente
80
alunos beneficiados, um
em cada sala e os professores solicitam a adaptação para os capítulos
que serão utilizados",
conta Maria Alice de
Melo, vice diretora do
núcleo de apoio e produção do Instituto São
Rafael. Um livro, por
exemplo, pode se transformar em vários volumes. O
processo é demorado já
que cada capítulo leva
aproximadamente um mês
para ser produzido, o que
dificulta a produção de
livros inteiros.
O braille é uma linguagem composta por seis
pontos e cada combinação
significa uma letra. O
processo de produção se
dá da seguinte forma: o
livro é escaneado e, através
de um programa de computador, é convertido para
a linguagem braille e
impresso. "O livro em
braille é uma cópia do
original, que é preparado
através do programa
Braille Fácil, que adapta a
partir das especificidades
da linguagem", afirma
Juarez Gomes, diretor da
Biblioteca do Instituto
São Rafael. Com um corpo
técnico formado por cerca
Juarez Gomes, diretor da biblioteca do Intituto São Rafael com um dos livros traduzidos para o braille e que facilita a leitura para deficientes visuais
de 10 pessoas, o Instituto
São Rafael, além da produção, revisa todo o material confeccionado. "Um
deficiente visual lê o livro
em braille enquanto outra
pessoa acompanha a leitura no livro original e,
assim, conferem eventuais
erros", informa a vice-diretora. Este processo foi
intensificado a partir de
2007 com a lei de inclusão
social.
O processo de alfabetização de alunos deficientes, apesar de mais
demorado, é o mesmo dos
demais alunos, eles aprendem braille, começam com
livros menores e se aperfeiçoam. A dificuldade que
esses alunos encontram é
com relação aos desenhos,
que são reproduzidos em
alto relevo ou, então,
traduzidos para palavras.
Segundo a pedagoga da
escola Maurício Murgel,
Vitorina Batista da Rocha
de Albuquerque, a imprensa braille ainda tem dificuldades em relação à
matemática. "Como reproduzir gráficos de funções
de forma intelígivel aos
deficientes visuais?", completa Vitorina.
A Escola Estadual
Maurício Murgel tem
alunos cegos em todos os
turnos e, para atendê-los,
os professores montam
apostilas que são enviadas
para o Instituto São Rafael
para serem impressas em
braille. "Não tem livros
didáticos
para
esses
alunos, além disso a demora na impressão dos mate-
riais faz com que a escola
tente outras alternativas
para que os alunos não
sejam
prejudicados",
ressalta a pedagoga. Uma
dessas alternativas é a
prova oral e a ajuda dos
próprios colegas de turma,
que acompanham o aluno
com deficiência visual e o
ajudam a copiar a matéria
dada em sala de aula. "Foi
feito um trabalho com os
alunos e eles mesmos
deram a ideia de cada dia
um estar ao lado de Luzia
[aluna deficiente visual do
1º ano do ensino médio do
turno da tarde] e ajudá-la
no que for preciso", finaliza Vitorina.
A Biblioteca Luiz de
Bessa, localizada na Praça
da Liberdade de Belo
Horizonte, apresenta um
Setor Braille, o qual presta
serviço de atendimento
aos portadores de deficiência visual desde 1965.
Estudantes encontram no
local muito além de livros
em braille, gravação de
texto em fita K7 e CD e
transcrição de livros: eles
recebem a ajuda de voluntários e funcionários que
dedicam uma parte do dia
para dar voz aos livros,
revistas, apostilas e olhos
aos estudantes.
Para a funcionária Joana
Maria da Silva, o trabalho
com os deficientes visuais
é bastante prazeroso.
"Aqui a gente conta
histórias, lê e-mails e livros
para os estudantes, grava,
produz e revisa todo o
material. O retorno a
gente recebe dos leitores,
sempre com uma sabedoria a passar para a gente".
Joana Maria da Silva está
na Biblioteca há 17 anos e
hoje é uma dos responsáveis pelo projeto "Eu
também assino": um curso
de assinatura para os deficientes visuais da Luiz de
Bessa. "É como se fosse um
processo de alfabetização
mesmo. A gente ensina o
deficiente visual a escrever
por extenso o próprio
nome porque em muitas
situações a digital não é
possível", conta a funcionária. Segundo Gildete
Santos Veloso, coordenadora do Setor Braille da
Biblioteca Pública Luiz de
Bessa, "o projeto 'Eu também assino' tem como
objetivo ampliar o número
de leitores que frequentam
o Setor Braille e estimular
e promover a emancipação, autonomia e o sentido de privacidade dos
deficientes visuais."
O cadastro de voluntários para trabalhar
na Biblioteca Pública
Luiz de Bessa é feito
através de um termo
de compromisso assinado pelo voluntário
indicando, além de
dados pessoais, o tipo
de colaboração, a
disponibilidade
e
quais
habilidades
específicas possui.
O Setor Braille funciona de segunda a
sexta-feira, das 8h às
18h, e sábado, das 8h
às 12h.
Grupo Aloma apresenta espetáculos gratuitos
n
ANTONIO ELIZEU DE OLIVEIRA,
7º PERÍODO
Descentralizar e democratizar o acesso à cultura
circense, com apresentações nas escolas. Essa é a
forma que o Grupo Circo
Aloma encontrou para
inovar na apresentação
dos seus espetáculos,
numa resposta dos segmentos culturais para
acompanharem essas inovações tecnológicas.
A família Monteiro
desembarcou na cidade
São José do Rio Pardo, no
interior de São Paulo, em
1901, vindos de Portugal.
Nesta cidade fundaram
um
circo
itinerante,
daqueles tradicionais, com
lona e tudo. Em 1935
houve uma inovação, a criação do Circo-teatro
Aloma. Com o surgimento
da televisão, na década de
1950, o teatro perdeu
espaço. Porém, como as
transmissões televisivas
ainda não atingiam toda a
população, o circo até
então fazia sucesso.
Outras
modificações
foram implantadas em
2003 por Max Borges
Monteiro, integrante da
terceira geração descendente da família portuguesa. Nesse ano foi criado o
atual Grupo Circo Aloma,
agora sem a tradicional
lona e montado num terreno baldio. Essa foi uma
maneira de atualização do
formato mantendo outras
características do picadeiro, como o vocabulário
circense.
Hoje, na quarta geração
da família fundadora, o
Circo é dirigido por
Affonso Monteiro Netto,
33 anos. As apresentações
contam com as participações do seu pai, Max
Monteiro, 66, sua irmã
Paula Monteiro, 25, e o
irmão, Nikolas Monteiro,
10 anos. "O objetivo é
manter a tradição familiar.
Eu nasci no circo. Meu
filho tem 3 anos, nasceu
no circo. Meu irmão, hoje
com 10 anos, também
nasceu no circo", revela
Affonso.
Segundo ele, o desafio
nesses novos tempos é
abrir novos espaços possíveis, inovar nas apresentações, seja nas escolas, em
espaços culturais, porém
sempre manter o acesso à
linguagem do circo. O
Grupo Circo Aloma conta
com Marcelo Rocco, na
direção dos espetáculos e a
trilha sonora fica a cargo
de Maria Tereza Costa, Ed
Carlos
Gonçalves
e
Elisiane Monteiro.
De acordo com o diretor, o Circo Aloma já realizou mais de 300 apresentações em escolas públicas
da Região Metropolitana
de Belo Horizonte. Isso
significa mais de 10 mil
alunos presentes nas
plateias dos espetáculos.
Nesse universo, muitas crianças e jovens que não
tiveram oportunidade de
ir a um circo e quando
assistem às apresentações
com números de palhaço,
diabolo (tipo de malabarismo, composto por
um carretel e um barbante
amarrado a duas varas),
perna de pau, tecido, lira,
bastão e malabarismo. "Os
alunos acham interessante, ficam bobos", explica Affonso.
As montagens das apresentações acontecem dentro de dois projetos,
"Vamos ao circo", nos centros culturais e "Circo na
escola". A finalidade é
levar oficinas e espetáculos
dentro da estrutura da
escola, adaptando-os à
estrutura física existente
no espaço físico da instituição, seja no pátio, numa
cantina ou outro espaço
disponível. A apresentação
será realizada, também, na
Colônia de Féria do Sesc,
localizado em Venda
Nova, na Região Norte da
capital, onde será ministrada oficina no parque
aquático.
A proposta do Grupo
de Circo Aloma é descentralizar o acesso à cultura,
levar a arte onde as pessoas estão. "Há uma
defasagem de oferecimento de locais públicos nesse
sentido. A prefeitura mantém teatros, parques e
muitos outros ambientes
para o lazer e cultura, mas
não oferece espaços para a
montagem de um circo.
Área de shopping center é
caríssima",
desabafa
Affonso Monteiro.
Na última sexta-feira do
mês de outubro, a quadra
da Escola Municipal
Professora Isaura Santos,
situada à Rua Hofman, nº.
80, Santa Cruz, Barreiro
de Cima, Região Oeste de
Belo Horizonte, foi palco
para duas apresentações
do Grupo Circo Aloma,
uma pela manhã e a outra
à tarde. Alunos e professores tiveram oportunidades de assistirem a
essa nova modalidade
circense. "É muito bom
poder viver uma coisa
diferente. Esse trabalho
deles, trazendo entretenimento para a gente e
recepcionando os alunos.
O circo foi perfeito, são
certinhos", diz João Victor
Braga, 14 anos, estudante
da 8ª série. Ele fez oficina
durante um ano, assistiu
as duas apresentações,
inclusive foi convidado
para mostrar um pouco do
que aprendeu naquelas
apresentações.
"É
a
primeira vez que vejo um
circo. Achei muito legal",
afirma Bruno Ferreira
Mota, 12 anos, aluno da
5ª série, que completa com
uma reclamação: "Faltaram
os animais". Opinião idêntica tem o colega Hudson
Majela Gonçalves, 13
anos, da 6ª série.
Cultura
13
Novembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas
CONCURSO DE TROVA ATRAI JOVENS
n
KENETH BORGES SOARES,
Realizado em Belo Horizonte o evento, direcionado aos jovens trovadores, teve participação de 140 estudantes alunos de todo o estado de Minas Gerais e premiação para o que ficaram nos três primeiros lugares
2º PERÍODO
RENATA FONSECA
O grupo de trovadores que
existe há mais de 30 anos em
Belo Horizonte conta com 75
integrantes, que se reúnem uma
vez por mês, sempre às segundas-feiras à Rua da Bahia.
Segundo Maria Lúcia de Godoy
Pereira, presidente da União
Brasileira de Trovadores, seção
Belo Horizonte, o grupo já tem
um público cativo e exigente que
sempre passa para escutar as
trovas.
Ela conta que a instituição
inovou ao lançar o concurso
"Cantinho do Estudante", que
está em sua segunda edição, e
que teve a Esperança como tema
deste ano. Em 2009, segundo a
presidente, foram apenas 11
alunos concorrendo, e neste ano
140 candidatos. "A Secretaria de
Educação de Minas Gerais é parceira do projeto, e colaborou na
divulgação, isso contribuiu para
que nesse ano tivéssemos mais
alunos concorrendo", explica
Maria Lúcia de Godoy.
Júlia Carvalho Passos, 14
anos, que está na 8º série do
Colégio Santa Dorotéia, foi a
única ganhadora de Belo
Horizonte, ficando em segundo
lugar. De acordo com Júlia, sua
bisavó faz trovas e a incentivou a
participar do concurso. Ela revela, no entanto, que não imaginava que seria uma das ganhadoras. "Entrei sem pretensão de
ganhar, mas quero continuar a
fazer trovas", comenta.
Ademir Aparecido Bicudo, 19
anos, que ganhou o primeiro
lugar, está cursando o 2º ano do
ensino médio na Escola Estadual
Alfredo Albano de Oliveira, em
Brasópolis, no Sul de Minas. Ele
O concurso “Cantinho do Estudante” promovido pelo Grupo de Trovadores de Belo Horizonte, premia jovens talentos de Minas Gerais
diz que está feliz pela conquista.
Sua professora Nazaré Antunes
que há 22 anos leciona a disciplina de português, afirma que
Ademir é um bom aluno. "Se
todos os alunos fossem como ele,
seria uma benção", ressaltou.
O terceiro lugar ficou para
Natália Dias Araujo, 15 anos,
cursando o 9º ano na Escola
Estadual Pedro Leite, em
Paraguaçu, também no Sul de
Minas. O evento teve a presença
de diversos trovadores. Gilvan
Carneiro da Silva, 75 anos, que
vem de São Gonçalo (RJ) a Belo
Horizonte pela primeira vez
para receber a menção honrosa
do XXII Concurso Nacional/Internacional de Trovas
"Cidade de Belo Horizonte
2010”, com os temas Imprensa e
Notícia, ele que aos 18 anos ganhou seu primeiro concurso no
Paraná com tema solidão, e já
tem o seu livro de trovas
"Circunstâncias" na segunda
edição, ainda se lembra da sua
primeira premiação. "A primeira
vez a gente nunca esquece, apesar de cada concurso ser uma
emoção diferente é como se fosse
a primeira vez", disse.
Ederson Cardoso Lima, 64,
nascido em Niterói (RJ), que
também recebeu menção honrosa no concurso, fala de seu
amor pelas trovas desde a juventude, recitando versos ele explica
que as trovas, a poesia, é uma
forma de desligar do mundo.
"Vivemos em um mundo midiatizado e as pessoas valorizam
muito o dinheiro, fazer trovas é a
forma que encontro para me
esquecer disso", afirma. Ederson
Cardoso ainda conta que já não
é mais um sonho agora é objetivo de vida publicar um livro. "Já
tenho reunido todas as minhas
trovas, agora só falta publicar",
ressalta.
Rogério Salgado que é poeta
profissional há mais de 35 anos,
e com mais de 20 livros publicados também foi prestigiar o
evento, conta que faz poesias de
temas diversos e confessa que as
de amor são inspiradas na
esposa.
Maria Conceição Antunes
Abritta é uma das mais antigas
trovadoras que frequentam a
União Brasileira de Trovadores
em Belo Horizonte, sua paixão
pelas trovas começou desde
menina. Segundo ela, o primeiro
concurso que ganhou foi em
1979 em Mariana e a partir
desse momento não parou mais
de escrever.
O professor José Carlos Baeta
que também é poeta e membro
da
União
Brasileira
de
Trovadores, seção de Belo
Horizonte, já publicou alguns
livros, sendo o mais recente publicado no final do ano passado,
levando o título de “Trovelhices”
onde homenageia pessoas com
quem conviveu ou que apenas
admira. Segundo José Carlos
Baeta, suas trovas são uma
forma de encanto e fascínio.
De acordo com o presidente
estadual da União Brasileira de
Trovadores em Minas Gerais,
Luiz Carlos Abritta, 75 anos, a
Fundação existe desde 1963, e é
de grande importância pois
estimula a criatividade, a criação. Ele ainda explica que existem três gêneros básico na trova:
líricas, filosóficas e humorísticas.
"Escrevo hoje sobre as trovas
humorísticas, que vêm sofrendo
restrições de toda espécie, principalmente nos concursos, que,
muitas vezes, não as contemplam", explicou.
Cursos trazem incentivo através de artes e ofícios
RENATA FONSECA
n
MARIANA FARIA,
5º PERÍODO
A
necessidade
de
inserção no mercado de
trabalho e de ampliação de
novas
perspectivas
motivou Andréia Maciel
Benjamim,
45
anos,
moradora da Vila da Paz,
Região do Barreiro, a buscar qualificação. Na capital mineira, entidades
como o Instituto Yara
Tupynambá promovem,
em parceria com órgãos
públicos, cursos e oficinas
que
oferecem
possibilidades de ascensão
profissional.
Andréia participa do
curso de Bordado e
Pedraria, promovido pelo
Instituto. Atualmente desempregada, ela conta que
já conhecia o ramo de bijuteria, mas resolveu fazer o
curso pelas oportunidades
viabilizadas na área. Este é
o seu primeiro curso
profissionalizante. "Estou
adorando. Aqui trabalho a
minha
criatividade.
Descobri que tenho uma
capacidade que nem imaginava. Espero encontrar
um emprego depois do
curso", relata.
Segundo a coordenadora dos projetos em parceria
Alunas do Instituto Yara Tupynambá ganham novas perspectivas de melhoria profissional através dos cursos oferecidos pela entidade
com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
(PBH), Priscilla Ruiz
Muniz, cerca de 5000
alunos são formados pela
entidade, em toda Minas
Gerais. Desde 1996, promove cursos diversos na
área administrativa, artesanato, corte e costura,
construção civil, informática e maquiagem. Os
cursos possuem rápida
duração, com carga horária
diferenciadas, dependendo
da área. O Instituto, criado em 1987, busca a promoção das artes e ofícios,
por meio de cursos de
qualificação social e profissional, em parceria com
órgãos governamentais,
municipais e iniciativa privada.
NOVAS PERSPECTIVAS
Rosângela Marques da
Silva, 39 anos, moradora
do Bairro Santa Maria,
trabalha com artesanato e
customização de camisetas. Ela também participa
do curso de bordado e
pedraria. Entusiasmada,
conta que por meio do seu
primeiro curso profissionalizante,
pretende
aprimorar o conhecimento
adquirido ao longo da
vida. "Nunca tinha feito
um curso antes, sempre
aprendi sozinha. Agora,
quero fazer novos modelos,
produzir
mais",
declara.
Há dois anos, a artista
plástica Suzana Teixeira
Machado, 58 anos, leciona
o curso de Bordado e
Pedraria, no Yara Tupynambá. Segundo ela,
habilitar uma profissão e
uma formação de qualidade é requisito fundamental
para
atender
demandas carentes em
mão de obra. "Quando elas
chegam, procuram conhecimento. Querem aprender
uma atividade que possa
ser trabalhada em casa. No
caso do curso de bordado,
buscamos colocar a mulher em casa, mas de
forma produtiva", ressalta
Suzana.
Para Priscilla Muniz, a
importância desses projetos está ligada a relação
entre instituição-aluno.
Questionada sobre o nível
de desistência dos alunos
ao longo do projeto, a
coordenadora salienta que
este fato ocorre minimamente, por casos diversos,
como
conquista
de
emprego, por exemplo. Os
alunos têm limites de falta
e de presença para obter o
certificado.
Ela também explica que
a entidade possui grande
preocupação e mobilização social, por meio de
uma relação próxima com
os alunos, que chegam
muitas vezes vulneráveis,
desempregados e sem perspectiva de integração ao
mercado formal. "Temos
que ter certo tato nessa
preocupação de mobilização social e qualificação
profissional. Aqui, tratamos nosso aluno como
uma jóia", afirma Priscilla.
14 Esporte
jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas Novembro
TIRO COM ARCO
PARAOLÍMPLICO
EM MINAS GERAIS
Atletas deficientes descobriram no esporte uma maneira para superar obstáculos e vencer
desafios. Para especialista, o envolvimento com a atividade esportiva traz benefícios para o
corpo e para a vida destes atletas e os incentiva a passar pelos processos de recuperação
RICARDO MALLACO
O atleta Ricardo Macedo encontrou no Tiro com Arco a superação das dificuldades trazidas pela poliomielite
n
GABRIEL DUARTE,
6º PERÍODO
Concentração, mira e uma
dose de perseverança. Todos
estes ingredientes juntos para
realizar o tiro perfeito. É
assim
que
os
atletas
paraolímpicos de tiro com
arco de Minas Gerais buscam
as vitórias no esporte e na
vida. É o caso do atleta
Ricardo Macedo.
Ele contraiu poliomielite
quando tinha seis meses de
idade e teve o comprometimento da sua perna direita. A
doença é causada por um
vírus e pode levar à morte.
Em 2007, por meio de um
amigo de Brasília, ele conheceu o tiro com arco, fez um
curso intensivo por duas semanas e se inscreveu para o
Campeonato Brasileiro de
Iniciantes. Resultado: medalha de ouro na categoria. A
partir disso, o esporte não saiu
da vida dele. "Quem puxa o
arco pela primeira vez sente
um prazer tão grande que não
consegue parar", afirma.
O treinamento dos atletas
de tiro em Belo Horizonte é
realizado em um campo
anexo ao Mineirinho, na
Pampulha. Os resultados dos
mineiros,
no
último
Campeonato Brasileiro realizado em novembro no
Amazonas, mostram a perseverança dos atletas e a
importância de ter um espaço
adequado de treinamento. Na
modalidade arco recurvo masculino, o atleta Daniel Xavier
foi o campeão brasileiro individual de tiro. Na competição
por equipes, Minas Gerais
também
se
consagrou
campeã.
Ricardo Macedo treina
quatro vezes por semana no
local. A busca pelo tiro perfeito já traz bons rendimentos
nas competições disputadas.
Em 2008 e no ano passado,
Ricardo ficou em segundo
lugar na sua categoria. Este
ano, ele terminou em terceiro.
"O deficiente hoje busca a
superação dentro do esporte.
Cada medalha que a gente
busca tem um significado
muito grande. Ela vem carregada de muita emoção, luta,
conquista e superação", completa.
As dificuldades no esporte
não foram abrandadas também na vida do atleta. Desde
pequeno, ele sempre lutou
para ter um tratamento igual
na família e na escola. "A
partir do momento que você
se aceita como diferente,
deficiente, as pessoas não
conseguem mais ficar para
baixo. E é assim que tiramos
muita gente de casa e da
depressão. Na vida é assim,
nós temos dificuldades,
temos pedras no caminho.
recurvo. O primeiro não pode
ser utilizado nos jogos olímpicos nem nos pan-americanos.
Possui um sistema de
roldanas que permite manter
o arco tensionado por mais
tempo para efetuar a mira e o
disparo. O arco recurvo é utilizado em todas as competições
da
Federação
Internacional de Tiro com
Arco, exigindo do arqueiro
uma coordenação harmoniosa
entre suas ações para um tiro
eficiente.
Cabe a nós vencermos estes
obstáculos", afirma.
Como está entre os três
melhores atletas em sua categoria, o atleta paraolímpico
recebe o auxílio bolsa-atleta.
O benefício do Governo
Federal visa garantir a
manutenção pessoal aos atletas de alto rendimento que
não possuem patrocínio. Com
isso, busca-se dar as condições
necessárias para que se
dediquem ao treinamento
esportivo e possam participar
de competições que permitam
o desenvolvimento de suas
carreiras. O valor do benefício, que é mensal, varia de R$
300, para atletas estudantes, a
R$ 2.500, para esportistas
olímpicos e paraolímpicos.
[ ]
“O DEFICIENTE HOJE
BUSCA A SUPERAÇÃO
DENTRO DO ESPORTE”
RICARDO MACEDO
REGRAS No tiro com arco
paraolímpico existem três categorias: Cadeirante 1, destinada
a
tetraplégicos;
cadeirante 2, disputada por
paraplégicos e a última categoria, Stand, que é realizada
por atletas que podem se
movimentar com mais facilidade. Ricardo Macedo disputa nesta categoria e atira sentado. Para ser enquadrado em
uma das categorias, o atleta
passa por uma avaliação de
médicos classificadores, que
analisam as dificuldades de
[ ]
“SUPERAÇÃO PARA
MIM VEM JUNTO COM
AMOR, CARINHO E
PERSEVERANÇA”
MARCO ANTÔNIO
CASTRO
cada um.
Uma distância de 70 metros separa os atletas do alvo.
O alvo é formado por dez círculos concêntricos. O mais
externo vale um ponto. A partir daí, quanto mais próxima
do círculo central estiver a
flecha, maior a pontuação
obtida. Dez pontos são dados
para quem acerta o centro do
alvo, lance que requer muita
precisão. Caso a flecha fique
no limite entre dois círculos, é
considerado o de maior valor.
Se uma seta perfurar a outra,
a mesma pontuação da
primeira é dada à segunda.
O Tiro com Arco é um
esporte que pode ser disputado em ambientes abertos
(Outdoor)
e
fechados
(Indoor). São usados dois
tipos de arco: o composto e o
• 2010
BENEFÍCIOS
Além
das
vitórias, o tiro com arco também traz benefícios para o
corpo e mente. Ricardo
Fonseca é fisioterapeuta da
equipe brasileira de tiro com
arco paraolímpico e explica
que a avaliação não é de
caráter eliminatório. "Não é
um vestibular, é apenas uma
forma de definir as dificuldades de cada um para termos
uma competição mais justa,
mas todos podem participar",
explica. Segundo ele, o
esporte "melhora a mobilidade articular, força muscular,
coordenação,
integração,
atividade motora, harmonia
de movimento, e o atleta
passa a cuidar do corpo, se
arrumar, ter uma postura melhor, fica mais incentivado a
passar pelos processos de
cura".
Exemplo disso é Marco
Antônio Castro, conhecido
como "Xará" entre os competidores. Antes da prática,
Castro
era
piloto
de
motocross e participava de
campeonatos em todo o país.
Porém, em uma segunda de
carnaval, sofreu um AVC
(Acidente Vascular Cerebral),
que é uma restrição de circulação de sangue no cérebro,
que lhe custou distúrbios
visuais e perda do equilíbrio.
O atleta ganhou seu primeiro
arco de um amigo, que lhe
falou sobre a modalidade e a
Federação Mineira de Arco.
Desde então, vem praticando
o tiro com arco em busca de
vitórias no esporte e da superação, que tem um significado diferente para ele.
"Superação para mim vem
junto com amor, carinho e
perseverança", define.
A perseverança do atleta
chamou a atenção de seus
médicos e Marco Antônio
Castro hoje é exemplo para
outros pacientes que tiveram
o mesmo problema. "Meu
médico já me chamou várias
vezes para eu conversar com
outros pacientes dele, que
tiveram o mesmo problema.
Pacientes que estavam tristes
e com depressão e eu acho
isso até bacana para mostrar
que podemos conseguir",
afirma.
Inglaterra é o berço da modalidade que tem origem milenar
O arco e flecha existe há
cerca de 25 mil anos. A
descoberta desta arma permitiu a sobrevivência do
homem primitivo, através da
caça e do uso do aparato nas
guerras tribais antigas.
Inicialmente, este artigo
era utilizado como instrumento de guerra. Ele foi
difundido pelos reis antigos
ingleses, que baixavam leis
tornando obrigatório o porte
constante de arcos e flechas
pelos jovens ingleses, que
formavam uma "milícia
nacional", sempre armada e
de prontidão para combater
as invasões bárbaras, como a
dos vikings e normandos.
Na Inglaterra, o interesse
pelo tiro com arco como
lazer era mantido através de
inúmeros torneios nacionais
ou regionais nos condados,
sendo os vencedores tratados com honras de heróis
nacionais, recebendo favores
da realeza e bons prêmios
em dinheiro. A Guerra das
Duas Rosas, no século XV,
tornou o arqueirismo como
principal arma de guerra no
país europeu. O Rei
Henrique VIII ajudou a fundar, inclusive, o primeiro
"clube" de arqueiros, o
Fraternity Saint. George, em
1537.
Em 1545, o inglês Robert
Ascham,
instrutor
da
Rainha Elizabeth I, escreveu
o primeiro livro sobre ensinamentos da arte do
arqueirismo: "Toxophilus
toxophility"
significa
"amantes do arco". O
Príncipe de Gales, Rei
George IV, estabeleceu, em
1787, as distâncias dos
alvos.
Do
período
Renascentista até a Era
Moderna, o tiro com arco
tornou-se um esporte, principalmente na Inglaterra,
onde era praticado tanto por
plebeus como por aristocratas.
A primeira competição de
tiro com arco ocorreu em
Finsbury, Inglaterra, em
1583, com 3.000 participantes. O tiro com arco foi
aceito como esporte olímpico nos Jogos de Paris, em
1900. O belga Hubert Van
Innis é o arqueiro com maior
número de medalhas olímpicas da história, com seis
medalhas de ouro e três de
prata nos jogos de 1900 e
1920. Por 42 anos, o tiro
com arco não foi considerado esporte olímpico. Só em
1972, em Munique, na
Alemanha, o tiro com arco
retorna aos Jogos Olímpicos.
O tiro com arco para atletas com deficiências foi
parte dos primeiros Jogos
para atletas deficientes em
Stoke Mandeville, em 1948.
Como esporte paraolímpico,
a prática foi incluída nos
Jogos Paraolímpicos de
Verão de 1960 em Roma.
Atualmente, 37 países participam no tiro com arco
Paraolímpico.
Segundo a Confederação
Brasileira de Tiro com arco,
a modalidade esportiva
chegou ao Brasil na década
de 50, com o comissário de
vôo Adolpho Porto, da
empresa brasileira de aviação Panair. Em uma feira
popular de Lisboa, capital de
Portugal, Porto conheceu
um marceneiro que possuía
um estande sobre tiro com
arco. Em 1955, quando seu
baseamento na Europa terminou, Adolpho Porta
regressou ao Rio de Janeiro
trazendo alvos, arcos e flechas. Trouxe também um
regulamento da Federação
Internacional de Tiro com
Arco (FITA). Atualmente,
existem no Brasil federações
em nove estados. De acordo
com CBTARCO, existem em
torno de 400 atletas federados e 250 confederados com
uma proporção de 40% de
mulheres e 60% de homens.
Em relação a praticantes não
federados, estima-se um
número em torno de 4.000.
Comportamento
15
Novembro • 2010 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas
MULHERES LIDERAM COMUNIDADE
n
HELEN MURTA,
SAMARA AVELAR,
YASMIN SANTANA,
No vilarejo Noiva do Cordeiro, 90% dos moradores são mulheres. O grupo, formado por cerca de 300 pessoas e liderado
por uma matriarca, reforça o valor da cooperação, da vivência coletiva e se mantém isolado, preservando suas tradições
CRÉDITO
8º PERÍODO
Localizado no município
de Belo Vale, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, o
vilarejo batizado Noiva do
Cordeiro é caracterizado pela
vida em comunidade dos
cerca de 300 habitantes –
90% mulheres –, que compartilham atividades produtivas,
objetos,
alimentação
e
hábitos. Um grande casarão é
o principal local de convivência e a maioria dos indivíduos
passa a noite em dormitórios
comunitários.
Um passeio pelos corredores da casa principal do
povoado evidencia sinais da
vida coletiva. Nos armários
dos banheiros, é possível ver
um emaranhado de escovas
de dente. Os quartos costumam ter pelo menos duas ou
três camas para atender aos
moradores e visitantes. Na
sala principal, uma mesa de
jantar, que foi desenhada e
feita por um morador, serve
também para jogos entre os
habitantes. A área externa à
casa-sede é o lugar onde os
grupos de crianças brincam, e
a mangueira próxima ao local
dá sombra para aqueles que
querem bater um papo.
De acordo com Flávia
Emediato Vieira, uma das
moradoras do local, é na sala
principal que o grupo se reúne
para as refeições, para o lazer
e para tomar decisões. Os
cuidados destinados aos
meninos e meninas do vilarejo não são proporcionados
apenas pelos pais desses
jovens, já que a tarefa de educar os garotos também é coletiva. Flávia conta que não tem
filhos, mas se sente como se
fosse mãe. "As crianças aqui
não têm uma ligação só com
seus pais. Eles recebem a
gente, buscam a gente, o
tempo inteiro", afirma.
O relacionamento entre os
moradores é pautado pelo
exemplo de uma matriarca,
Delina Fernandes Pereira.
Flávia afirma que ela é o elo
central da comunidade. Elaine
Fernandes Pereira, 29 anos,
O vilarejo sobrevive com a colaboração de cada morador, que ajuda da maneira que pode, na manutenção da comunidade Noiva do Cordeiro
filha da matriarca, revela que
sua mãe trata a todos da
mesma forma e ensina não apenas pelas palavras, mas por
suas atitudes, que inspiram os
habitantes. "Até as mulheres
mais velhas que ela, a conside
ram como mãe", explica Elaine.
Uma das características da
líder é acolher outras famílias no
vilarejo, como aconteceu com a
família de Flávia. Sua mãe
nasceu em Noiva do Cordeiro,
mas se casou com um membro
de outro povoado e foi morar
com ele. Flávia conta que, devido ao preconceito que existia em
relação à população do local, o
casal vivia em constante conflito.
De acordo com ela, seu pai,
envolvido pelos rumores sobre
os moradores de Noiva do
Cordeiro, pediu para que sua
mãe escolhesse entre o casamento e a comunidade onde ela
nasceu. A mulher, então, optou
pelo retorno às suas origens.
Ao voltar, a mãe de Flávia e
seus 11 filhos foram recebidos
por Delina, a matriarca da
comunidade. "Eu nunca vou
esquecer essa atitude, porque,
desde o dia em que Dona
Delina nos colocou em sua
casa, eu fui tratada como filha.
Vi o que é um amor de ser
humano para ser humano",
revela.
O trabalho na comunidade
é dividido de acordo com as
preferências dos habitantes do
lugar, como conta Elaine.
Apesar dessa separação de
tarefas, no entanto, as pessoas
exercem outras atividades
além das que foram designadas para fazer, de acordo
com as necessidades da comunidade. Elaine explica que a
comunidade tenta ser autosustentável. A comunidade
criou em 1999 uma confecção
que fabrica roupas, tapetes,
colchas e outros utensílios,
atividade que contribui para o
sustento do povoado. Os produtos são vendidos no próprio
lugar, além de serem comercia
lizados em uma loja no Barro
Preto, em Belo Horizonte. "A
produção da fábrica também
facilita o nosso vestuário.
Muitas das peças que usamos
são feitas aqui", afirma Elaine.
A fabricação de alguns produtos de limpeza é um fator
importante para essa subsistência, assim como a
lavoura. Elaine conta que, na
época do plantio e colheita,
cerca de 40 pessoas se concentram na atividade. "A gente
capina, planta e colhe. Os
mais velhos e as crianças não
participam do mutirão, mas a
fábrica para, grande parte do
pessoal vai e trabalhamos com
isso em cada temporada",
explica.
Como a verba obtida com
esses segmentos não é suficiente, muitos homens tra ba
lham nos grandes centros com
o objetivo de complementar a
arrecadação necessária para a
manutenção financeira de
Noiva do Cordeiro. A maioria
das pessoas que precisa deixar
o vilarejo, seja para exercer sua
profissão ou para estudar,
mora em Belo Horizonte,
também em uma casa comunitária.
A movimentação desses
indivíduos entre a capital
mineira e o vilarejo é um dos
fatores que contribuem para a
constante oscilação do número
de habitantes de Noiva do
Cordeiro, segundo Flávia. Ela
conta que, além disso, fami
liares e amigos que vivem em
outras cidades, como Montes
Claros e Desterro de Entre
Rios, costumam passar algumas temporadas na comunidade, mais um elemento que
dificulta a confirmação da po
pulação local. A falta que os
habitantes do vilarejo sentem
daqueles que moram fora é
uma dificuldade destacada por
Elaine, mas ela conta que,
quando "a saudade aperta", os
moradores da comunidade visitam os que estão distantes. E
quem não vive mais no povoa
do costuma ir ao local nos fins
de semana e em comemorações, como o Dia das
Mães, o aniversário da matriarca Delina Fernandes Pereira e a
Festa Junina.
Além das atividades que
geram
lucro
para
os
moradores, também são exercidas tarefas que não proporcionam ganho financeiro, mas
contribuem para diminuir a
dependência da comunidade
em relação a outros lugares.
Cortes e tinturas de cabelo,
maquiagem e serviços de ma nicure são feitos pelos
moradores. "As pessoas aqui
fazem o que podem pela
comunidade. Colaboramos
uns com os outros", diz Elaine.
A contribuição de Pedro
Henrique Fernandes para a
comunidade envolve seu
domínio de informática e os
conhecimentos adquiridos no
período em que ele estudou
em Belo Horizonte. Ele tem
13 anos e nasceu em Noiva do
Cordeiro. O jovem conta que
percebe muitas diferenças
entre os garotos de sua idade
que vivem no vilarejo e aqueles que moram na capital
mineira. "Os adolescentes que
não são da comunidade pensam muito em festas e em
garotas. Aqui, gostamos de
brincar, é outra coisa", conta.
Aroldi Fernandes Pereira,
41 anos, também destaca a
divergência entre o relacionamento das pessoas de fora e as
que pertencem ao povoado.
Ele descreve a convivência
entre as pessoas de Noiva do
Cordeiro como uma relação
de confiança total, diferentemente do que acontece nos
outros lugares que já morou,
como São Paulo, Belo
Horizonte e Montes Claros.
"O que une às pessoas é o
apreço que existe entre elas.
Considerar o sentimento dos
outros é o que gera essa união
que temos aqui na comunidade",
afirma
Aroldi.
Mesmo com a diferença entre
o número de homens e mulheres, o morador explica que
as tarefas costumam ser realizadas por ambos os sexos, de
acordo com a capacidade de
cada um.
CRÉDITO
Linguagem própria
foi desenvolvida
Em Noiva do Cordeiro não
é difícil encontrar um aviso
pregado na parede da casasede, ou até mesmo nos guarda-roupas. Devido ao fluxo de
pessoas, são necessários recados escritos para que todos
saibam onde encontrar o
cobertor de casal ou onde
devem ser colocadas as louças
sujas ou pilhas usadas, além de
se informarem sobre os eventos que serão realizados na
comunidade.
Mensagens de agradecimento aos moradores e faixas também são elementos que facilitam a comunicação entre os
habitantes. Elaine destaca a
interação boca-a-boca como
outro instrumento importante
para o convívio na comunidade. Os membros do vilarejo fazem constantes reuniões
para tomar decisões. "Tudo o
que resolvemos fazer aqui é
feito em conjunto, para o bem
da comunidade", afirma Flávia.
Até mesmo quando se trata de
uma atitude de indisciplina de
um único membro, os
moradores procuram mostrar o
problema e educar a todos
através do teatro. As peças não
são apenas realizadas em
comemorações, mas quando é
preciso ensinar as crianças e os
outros habitantes.
A arte também é utilizada
para homenagear pessoas e
contar a história da comunidade. A memória do povoado
e os assuntos relativos ao cotidiano da população são representados
pelos
próprios
moradores, existindo ainda
vídeos produzidos por eles,
como o filme que conta a
história da comunidade desde a
sua fundação.
O contato com pessoas de
outras cidades fez com que
Elaine percebesse diferenças no
modo de falar. Para tirar
carteira de habilitação, Elaine
passa a semana na capital estudando legislação. "Tem horas
que eu falo as coisas e as pessoas
não me entendem muito bem.
Acho que nós de Noiva do
Cordeiro desenvolvemos uma
linguagem própria", revela.
Nome do vilarejo
surgiu no século XIX
Moradoras do povoado se dedicam às atividades domésticas
Maria Senhorinha de Lima, moradora do povoado de
Roças Novas, casada há três
meses com o descendente de
franceses Arthur Pierre,
decidiu abandonar o marido
e viver com outro homem,
conhecido como Chico Fernandes. Essa história vivida
no século XIX deu início à
comunidade que hoje se
chama Noiva do Cordeiro.
A atitude de Senhorinha
era pouco comum para a
época, fazendo com que o
casal se tornasse alvo de preconceito. O casal viu-se obrigado a deixar Roças Novas
quando a segregação por parte
da população local começou a
aumentar. Senhorinha e
Chico Fernandes foram viver
em um terreno isolado, onde
constituíram família. A discriminação envolveu também
seus descendentes, levando-os
ao isolamento de outros
povoados e cidades da região.
O nome do povoado
surgiu quando Anísio, entre
as décadas de 40 e 50, casou-
se com Delina Fernandes
Pereira, uma das netas de
Dona Senhorinha. O pastor
fundou no vilarejo a Igreja
Evangélica Noiva do Cordeiro, que também foi
implantada nas cidades de
Montes Claros e Desterro de
Entre Rios. Hoje, a Igreja não
existe mais na comunidade,
mas, sua criação deu origem
a um vínculo forte entre
Noiva do Cordeiro e os
municípios onde foi constituída. Com o passar dos
anos, a neta de Maria
Senhorinha, Delina Fernandes, foi naturalmente se
tornando líder do local.
O terreno onde a comunidade foi constituída, de
acordo com Aroldi Pereira,
filho de Delina, possui hoje
cerca de 16.2 hectares. Mas o
vilarejo se estende às terras
de outros familiares que também construíram casas no
local, somando cerca de 40
hectares. Ele estima em 45 o
número de casas existentees
em Noiva do Cordeiro.
André Novais
Entrevista
CINEASTA
jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursode
[ ]
“É PRECISO CONSTRUIR
n
BRUNA CARMONA,
REBECA PENIDO,
4º PERÍODO
UMA PRODUÇÃO MAIS
RICA, NÃO SÓ EM
TERMO DE QUALIDADE,
MAS EM QUANTIDADE”
André Novais Oliveira começou a assistir curtas quando era adolescente, por influência do irmão. Com o tempo, sentiu vontade de partir para
a ação e dirigir seus próprios filmes. Em 2004, aos 19 anos, entrou para a Escola Livre de Cinema, onde realizou seus primeiros trabalhos.
Hoje, aos 26, tem cinco curtas, sendo que o último deles, Fantasma (2010) ganhou vários prêmios, incluindo o de Melhor Filme no 3º Mostra
Independente do Audiovisual Universitário (MIAU) e de melhor experimental no Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro (Porta
Curtas). "As principais janelas para o curta-metragem ainda são os festivais”, afirma o curtametragista, em entrevista ao MARCO.
Graduando do curso de História na PUC Minas, André pesquisou sobre Escola Superior de Cinema da Universidade Católica de Minas
Gerais (ESC-UCMG). O estudo, em fase de conclusão, relata que a Católica foi pioneira na produção cinematográfica brasileira. Ele revela o
lançamento, em 2011, de seu primeiro longa metragem, que deverá se chamar “Estádio de sítio”, feito com outros sete diretores e em fase de edição.
LILA
GAU
DÊ
NC
IO
PANORAMA DO CINEMA MINEIRO
RENATA FONSECA
n Quando você decidiu que queria fazer filmes?
n Qual foi a importância do padre
Edeimar Massote para o cinema mineiro?
A vontade surgiu a partir do momento que eu comecei a
frequentar os festivais de cinema, principalmente o festival internacional de curtas de Belo Horizonte, que geralmente acontece no Palácio das Artes. Meu irmão já frequentava há um tempo, um dia eu fui com ele e gostei
bastante. Aí quando eu percebi estava lá passando tarde
e noite assistindo muito curta. Foi aí que eu descobri a
Escola Livre de Cinema que, à época se chamava Oficina
de Cinema. Aí entrei lá em 2004. Acho que a partir do
segundo ano que eu frequentei esse Festival em BH e eu
estava muito envolvido, gostando muito de assistir, na
época que eu não assistia festival eu assistia muito filme
em casa. E eu não lembro exatamente quando que foi
que deu um estalo "eu quero fazer". Acho que foi essa
oportunidade de ver a Escola Livre, eu tinha feito um
curso de fotografia básica, que me despertou o interesse
também. Mas acho que foi a partir desse momento que
eu consegui assistir muito filme, principalmente curtametragem, deu uma vontade.
O padre Massote foi uma das pessoas que tentou fazer
esta engrenagem dar certo. Ele tentou formar uma escola com outras pessoas. Por ser um padre jesuíta, tinha
tudo para ser uma pessoa mais rígida, com conceitos religiosos firmes, porém, ele fez funcionar. Fazia, incentivava os alunos na questão da produção, acabou sendo
responsável por algumas produções de longa-metragem
que vieram para cá como o "Padre e a Moça" (1965) e "A
hora e a vez de Augusto Matraga" (1965), que são longas que tiveram participações de alunos da Escola. Ele
não foi responsável por trazer, mas foi responsável por
incluir e incentivar os alunos na questão da produção.
n A UCMG foi pioneira em produção cinematográfica?
Havia uma temática recorrente nas produções realizadas
por seus alunos?
Ela foi a primeira escola de cinema em Minas e do Brasil
também. Muita gente atribui à Universidade de Brasília
(UnB), e à Escola de Comunicação e Artes da USP
(ECA), mas na verdade, a primeira escola de cinema no
Brasil surgiu aqui [em Minas Gerais]. Qualquer tema,
mesmo que não tivesse a ver com as matérias do curso,
tinha uma formação humanística forte. O padre
Massote era receptivo a muitos temas. Tinha sempre
uma rixa, até um preconceito, de achar que os alunos da
Escola eram muito formais, religiosos. Tinha uma va
riação muito grande dentro da própria Escola. Alguns
alunos eram do partido comunista ou tinham formação
religiosa totalmente diferente. O padre Massote foi
importante por permitir esta liberdade mesmo em um
lugar católico. Foi iniciativa dele emprestar a câmera
sem se importar com o conteúdo do filme.
n O que você aprende dentro de uma Escola de Cinema?
Questão da produção, dentro da escola você aprende na
prática, mas a teoria é importante. Você está dentro do
set, aprendendo o que um assistente faz e tem a questão
da amizade. O que fica mais é a questão de estar aprendendo com as pessoas e ver as afinidades com elas. É ver
e pensar assim: "Com esta pessoa eu quero trabalhar!", de
ter amizade. Isto é importante. Eu conheci o Gabriel
Martins lá, o Maurílio Martins eu conheci depois e a
gente fez uns filmes antes de montar a produtora.
n Como é o processo de fazer um filme,
desde o surgimento da ideia até a execução?
n Hoje existem lugares para discutir cinema?
Dos curtas que eu já fiz, foram muito de ter uma ideia,
que eu não sei dizer exatamente de onde surge e tentar
desenvolver principalmente o roteiro, eu gosto muito de
trabalhar com roteiro. Desse desenvolvimento do roteiro
surge a questão de montar equipe e tal, que agora está
sendo uma coisa muito de amizade mesmo, de juntar os
amigos e fazer um filme. O processo acho que vai sendo
bem natural, no sentido de bolar um roteiro, ver se realmente dá para fazer, com grana ou sem grana e tentar
levar isso.
Sim, tem sim. Tem o que pega um pouco da tradição do
Cineclubismo em Belo Horizonte que já vem desde os
anos 50 e tal. Tem o Curta Circuito, que é cineclube
Curta Minas e sempre tem debates e tem festivais de
cinema de grande peso, o Festival Internacional de
Curtas de Belo Horizonte, que eu já citei, e tem o Cine
BH que é o da Universo Produção, que é uma produtora que está fazendo festivais muito interessantes, que
faz os festivais de Ouro Preto e Tiradentes. Tem o Indie
também e tem outros grupos de discussão, grupos que
estão se formando ainda.
n Quais são as suas influências no cinema?
Eu sou muito de fases. Agora eu estou assistindo muito
cinema brasileiro e de tudo um pouco. Acho que até tem
a ver com a questão de tentar pesquisar sobre cinema,
sobre o cinema mineiro. Tem diretores assim que eu
estou gostando bastante ultimamente, o Carlos Alberto
Prates Correia, que fazia filmes em Montes Claros, tem
o Hugo Carvana também, o pessoal do cinema marginal,
[Júlio] Bressane, [Rogério] Sganzerla e essa galera aí
estou gostando bastante, cinema novo também, quer
dizer, é tudo mesmo. Eu acabo assistindo chanchada,
pornochanchada, cinema contemporâneo brasileiro também, curta-metragem, longa metragem, tudo que vier. E
já tive fase de gostar de muito cinema hollywoodiano
assim dos anos 40, 50 e 60, foi uma das fases que eu
mais gostei. Gosto de assistir coisas
contemporâneas também, americanas e de tudo mesmo. Cinema
europeu, estamos aí!
n Você está quase se formando no
curso de História. Passou pela sua
cabeça fazer graduação em Cinema?
n Um de seus curtas, Fantasma, ganhou
muitos prêmios. Como você recebeu isso?
mas em vários outros lugares. Mas a intenção é conti
nuar com História e continuar com a produção de
Cinema e tentar conciliar a História com o Cinema.
Tenho muito interesse na pesquisa de cinema, principalmente em pesquisa de cinema mineiro e já trabalhei
nisso com a bolsa de iniciação científica da Fapemig, trabalhando a história da Escola Superior de Cinema da
Universidade Católica de Minas Gerais (UCMG) e é um
campo que eu pretendo seguir, de trabalhar sobre a
história do cinema. E continuar com a produção sempre.
[ ]
“A JANELA PRINCIPAL
DO CURTA-METRAGEM
SÃO OS FESTIVAIS”
Depois que eu fiz esse curso da
Escola Livre eu cheguei a passar no
vestibular em um curso de Cinema
em Juiz de Fora, na Faculdade
Universo. Mas pensei bastante, principalmente que
História era um curso que eu gostava bastante e rolava
muito papo de que os cursos de Cinema estavam meio
que se formando, ainda não era um curso 100% e tal, aí
eu dei uma parada, pensei bem e falei, 'não, vou fazer
história mesmo.
n E quando você se formar,
vai conciliar História e Cinema?
A intenção é conciliar as duas coisas. Viver de cinema é
uma coisa meio difícil de falar, não só aqui em Minas
n Você realizou uma pesquisa
sobre a Faculdade de Cinema da
Universidade Católica, hoje Pontifícia.
O que você descobriu sobre o
cinema mineiro?
Descobri alguns problemas do cinema mineiro, a questão da dependência do eixo Rio - São Paulo, por
exemplo. Tem também a questão das
características do cinema mineiro
que tinha nos anos 60 e 70 e há uma
ligação forte entre essa época e hoje.
Existem muitas coisas interessantes para se pesquisar
dentro do cinema mineiro e não é só a questão de produção cinematográfica, mas todo o modo de produção
também. Os problemas do cinema mineiro são muito
grandes e por muitos motivos. Não existe uma
engrenagem que se construa e que fique no meio do ca
minho. É preciso construir uma produção mais rica, não
só termo de qualidade, mas em quantidade, principalmente de longa-metragem porque de curta-metragem a
gente está bem. Temos este tipo de problema, o cinema
não é tão valorizado.
Bom, o Fantasma foi um filme bem despretensioso, que
eu tive a ideia e chamei os outros dois amigos da produtora, que eles que atuam no filme, eles não são atores
profissionais; a gente juntou numa terça-feira, "vamos
fazer, e tal". E aí a gente juntou mais pessoas da equipe
que são amigos nossos também e fizemos. Foi um filme
assim, aparentemente bem fácil de fazer e teve muitas
coisas pensadas anteriormente, na pós-produção também, mas foi um filme que a gente não estava esperando
essa repercussão tanto da crítica quanto dos festivais, de
participar dos festivais e ganhar alguns prêmios.
n Fora dos festivais, é difícil exibir os filmes?
É difícil. Está crescendo esse espaço, principalmente na
internet. Mas acho que a janela principal do curtametragem são os festivais. A gente manda [os curtas]
para muitos festivais para tentar passar em pelo menos
alguns e isso sempre tem um resultado bom para a gente.
Só no sentido de as pessoas verem mesmo, e ter um canal
de discussão mesmo, de conhecer outros realizadores,
festivais. Geralmente a gente vai em outros estados, co
nhece outros realizadores e aí rola um intercâmbio, uma
troca de idéias bastante forte que é muito interessante.
n Você tem planos de fazer um longa-metragem?
Tem um longa que a gente fez agora e que a gente está
editando. Foram oito diretores. Um longa totalmente
independente, que já está para sair. Tenho muito inte
resse sim. O lançamento seria em Tiradentes, que tem
espaço para filme digital e para filmes um pouco mais
experimentais. O mais certo é que o longa se chame
"Estado de sítio".sei onde ele vai passar. A gente manda
para os festivais, mas nunca sabe se será selecionado.