entrevista - Mágico Amador

Transcrição

entrevista - Mágico Amador
Le Tourniquet - Nº 4
AS QUATRO
FACES DO
MÁGICO
Junho de 2005
ENTREVISTA
Bombeiro, o líder
do Mágico Amador
Saiba qual é a sua
EUGENE BURGER
Um papo com o
mestre.
0 080405 012341
MANIPULAÇÃO
É preciso ser
rápido?
MICHAEL
AMMAR
Aumente seu conhecimento sobre um dos grandes.
Le Tourniquet - Nº 4
editorial
e d i
Junho de 2005
t o r i a l
D
epois de um longo período em OFF, finalmente...
VOLTAMOS!!! Antes de qualquer outra coisa, gostaria
de agradecer a todos que torcem pelo sucesso da
nossa revista e dizer que estamos fazendo o possível para
retribuir à altura este apoio. Não poderia também deixar de
agradecer, ao meu grande parceiro neste desafio... JimVerc,
sem ele, nada disso seria possível. Bom, chega de tanto
agradecimento e vamos ao que temos pra lhes mostrar.
Nesta edição, preparamos para vocês 4 belos artigos. Em um
deles, "Aplauso Por favor", Scott Guinn fala sobre a importância
do aplauso. Temos também um outro artigo muito legal para
refletir, "A Manipulação... é rapidez?". Procure aprender algo
nas sábias palavras do mestre Eugene Burger em "O Valor da
Importância" e em um pequeno artigo, Jeff McBride mostra "As
4 Faces do Mágico".
Depois de tudo isso, queremos que vocês conheçam duas
figuras. Uma delas, já muito famoso e acho difícil que alguém
que pratique Artes Mágicas não tenha ouvido falar ainda... me
refiro a Michael Ammar, numa biografia completa. O outro,
nosso grande amigo de fórum e um dos responsáveis pela
criação da Comunidade Mágico Amador... o Bombeiro. E muito
mais... Não deixem de conferir!!!
Gostaria de lembrar a todos que a LT no dia 31 de Janeiro
completou seu primeiro ano de vida e para que possamos
comemorar esta data por muitos e muitos anos novamente,
precisamos de sua participação, seja com alguma sugestão ou
crítica, o objetivo é sempre melhorar. Para isto, o nosso novo
endereço é [email protected] . Participe!!!
No mais.... boa leitura!!!
0b1iiZ
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expediente
Le Tourniquet - N° 4
Junho/2005
Editor
0b1iiZ
Artigos
JimVerc
0b1iiZ
Entrevista
0b1iiZ
Diagramação
JimVerc
Logo “Le Tourniquet”
Cabala
Email:
[email protected]
Le Tourniquet - Nº 4
na
n maleta:
a m
Junho de 2005
a l e t a
05 Aplauso Por Favor
Scott Guinn
07 A Manipulação... É Rapidez?
Faustino Palmero Garzón
08 As Quatro Faces do Mágico
Jeff McBride
09 O Valor da Importância
Romany / Eugene Burger
13 Entrevista
Alexander Souza, o Bombeiro
18 Piada
Na loja de Mágicas
19 Biografia
Michael Ammar
- Página 4 -
artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
APLAUSO POR FAVOR
por Scott Guinn
R
ecentemente, meu amigo Burt
Yaroch do Texas postou uma
pergunta sobre aplauso no
The Magic Café. Depois de responder a isto
e ler algumas das outras respostas, eu
pensei que traria uma boa prestação para
Pro-Files.
Burt estava desejando saber basicamente se aplauso é importante ou até
mesmo necessário. Para ele, o olhar de surpresa e silêncio atordoado era o bastante, e
ele estava perguntando se havia razões
válidas, além de satisfação do ego, encorajar o aplauso.
Como vários outros que responderam, eu sinto que o assunto aplauso é
largamente ditado pelo tamanho e formalidade (ou falta disso) do desempenho (performance).
Na mágica de close-up, eu nunca
"sugestiono" aplauso (embora eu gratamente aceito isto quando oferecido). Se
alguém diz, "Wow!" ou "Incrível!" -- Eu sorrio para eles e (língua na bochecha) digo,
"Uma resposta apropriada!"
Porém, como eu disse, eu gratamente
aceito o aplauso quando oferecido, até
mesmo em situações de close-up tal como
table-hopping (pulando mesas) em um
restaurante. Eu tenho uma carta ardendo
de recomendação do dono de um
restaurante onde eu me apresentei 4 noites
por semana durante vários anos. Um das
linhas fundamentais desta carta declara
que ele podia ouvir os convidados rindo e
aplaudindo enquanto ele estava na
Cozinha, assim ele soube que eu estava
fazendo meu trabalho para ajudar o
restaurante a conseguir sua meta de dar
para os convidados uma positiva,
experiência agradável. A implicação é
óbvia: Se ele não tivesse ouvido o aplauso,
ele não estaria tão seguro que eu estava
fazendo meu trabalho.
Assim, enquanto eu estou pessoalmente da mesma maneira feliz com o
atordoado silêncio, em um local de apresentação paga, seria importante, pelo
menos para o sujeito que me pagou, que
resulte uma resposta audível positiva.
Então, uma das distinções primárias
sobre se aplauso é essencial, ou pelo menos
se é importante, é isto: Você está sendo
pago para entreter e ajudar outra pessoa
conseguir uma meta, ou você está somente
tentando surpreender alguns amigos na
casa deles? Ambas são performances
completamente legítimas. Porém, no
informal, local não pago, a expectativa do
terceiro (e um modo para provar que você
está cumprindo isto) não está presente.
Em meus maiores espetáculos, por
outro lado (pago ou não), eu solicito
aplauso, começando com uma piada sobre
quando eles deveriam aplaudir. Isto obtêm
grandes risos e aplausos, e eu posso fazer
isto uma ou duas vezes mais no espetáculo,
mas uma vez eles "tendo êxito" que é o OK
se eles aplaudem, não é mais necessária
nenhuma "sugestão".
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artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
Por que aplauso? Há várias razões,
além da satisfação óbvia do ego.
Freqüentemente, a pessoa que o contratou é a pessoa que toma conta do evento,
e mais freqüentemente ela não está numa
sala próxima, nem mesmo ver o espetáculo, porque ela está controlando problemas, preparando o próximo evento na
agenda, contando cheques, etc.. A única
medida que ela tem relativo ao sucesso de
seu espetáculo pode bem ser o aplauso que
ela ouve (ou não ouve!). Assim, se ela
continua ouvindo aplauso entusiástico, ela
sabe que você está "os matando" e isso é
uma coisa a menos que ela tem que se
preocupar.
Aplauso também é uma boa coisa
para a platéia. Lhes dá um senso de
comunidade -- eles estão agindo como uma
unidade em vez de 250 indivíduos.
Quando você "os tem" no ponto onde isto é
verdade -- eles estão agindo como uma
única entidade -- é uma coisa verdadeiramente maravilhosa. Também permite
a platéia liberar calor, libertar tensão (causado pela surpresa) e mostrar sua apreciação.
Você alguma vez sentiu verdadeira
gratidão por alguém e, tentando expressar
isto à pessoa, e foi somente renunciado?
Imagine por um momento que alguém fez
algo realmente especial para você. Eu
quero dizer realmente especial — ele fez
seu dia. Agora imagine que, em sua mais
sincera, gratidão de coração, você tentou
expressar seu obrigado, e ele somente
renunciou a você despedidamente. Isso é
uma real baixaria — até mesmo ofensiva —
e isto arruína parcialmente se não
completamente a experiência inteira. Nós
QUEREMOS mostrar para as pessoas nossa
apreciação. Isto completa a experiência,
assim dizendo.
artista e ele “os renuncia” despedidamente.
Quando uma audiência lhe dá uma ovação
-- particularmente uma ovação de pé não
solicitada -- se aqueça nisto. Sorria, lhes
agradeça, e os deixe fazer isto. Fazer o
contrário não somente é rude, mas fere os
sentimentos deles! Eles estão “completando a experiência!”
Assim não pegue pesado com aplauso
-- não force. Mas certamente sinta-se livre
para aceitar isto e até mesmo, às vezes, para
encorajar isto! E sempre sinta-se livre para
DESFRUTAR isto, particularmente quando
é oferecido sinceramente e apreciadamente. É o modo da platéia responder, de
interagir, de lhe agradecer por está
“fazendo o dia deles!”
Este é o mesmo modo que uma platéia
sente quando eles começarem a aplaudir o
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Calorosos cumprimentos,
Scott F. Guinn
Fonte: The Online-Visions
Visite o site de Scott:
Grande Scott - Isto é Mágica!
http://www.greatscott-itsmagic.com/
artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
A MANIPULAÇÃO...
É RAPIDEZ?
Por Faustino Palmero Garzón
L
evei cerca de 50 anos dedicados à manipulação, especialmente a Cartomagia, e à
força, tenho que ter adquirido uma série de
experiências que são as que na continuação desejo desenvolver.
Comecei com a manipulação de cartas aproximadamente aos 18 anos. Tinha
uma grande afeição, que me ajudava a
suportar longas horas de prática,
acompanhado e posso dizer isto sem
vaidade, de uma grande habilidade. Aos 28
anos já trabalhava como profissional e a
verdade é que era uma "bala" minha
rapidez e meus reflexos. Todos os que me
viam admiravam-se de minha destreza, e
........ esse foi meu engano. Demorei muito
tempo à me dar conta disto. Quando
trabalhava com algum companheiro
Mágico, via muitas vezes que ele recebia
muitíssimos mais aplausos que eu e isso o
conduziu em habilidade na manipulação.
Depois de vários anos descobri o porquê
disso. Eu criava admiração e meu amigo
Milagres, Intriga, Mistério, surpresa, etc.
está aqui a diferença.
Desde esse momento compreendi
tudo, vi com os olhos da alma. O caminho
que eu levava não era o que nossa querida
Mágica deseja. Eu fazia malabares e a
Mágica é MILAGRE. Eu aconselho a muitos
cartomagos que acalmem sua velocidade,
que sejam normais em seus movimentos, já
que uma velocidade impede que "se veja"
ou "se note" (até sem ver nada) que algo raro
se faça, é possível que possa encobrir um
movimento que não está devidamente
perfeito. Isso se vê frequentemente nos
Mágicos ao fazer o Pass: A parte que
movem os braços, as mãos ou dedos
impulsionam uma grande velocidade que
impede ver a "armadilha". Porém o público
embora não veja, nota algo raro e isso é o
que se deve evitar, pois o milagre
desaparece instantâneamente. Uma boa
execução não deve ser feito com
velocidade. O Manjar deve ser comido
lentamente, saboreando-o.
Recordemos o inesquecível e maravilhoso Arturo de Ascânio. Aqueles que
tiveram a sorte de ver suas atuações,
estarão de acordo em que jamais "corria",
sua Mágica era natural, as vezes pastosa,
porém.... que final amigos. ISSO ERA
MÁGICA!!! que sensação criava!!, era uma
maravilha que nos fazia duvidar da realidade.
Termino meus amigos, e não esqueças que quase sempre ao utilizar uma
velocidade inapropiada, se esconde uma
má execução da técnica. Há que se evitar
isso, e só existe um caminho:
PRÁTICA E ESTUDO DO MOVIMENTO!!!!
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FONTE: Magic World Magazine Nº 14
artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
AS QUATRO
FACES DO MÁGICO
por Jeff McBride
N
as reuniões da escola
Mystery, queríamos criar um
sentimento de familiaridade,
confiança e conexão entre os participantes.
Eu sabia que seria importante para nós
encontros em grupos menores, então
criamos quatro divisões de pessoas com
desejos similares, interesses e habilidades.
O tema de cada grupo era um dos quatro
aspectos das funções do Mágico: o
Trapaceiro, o Feiticeiro, o Profeta e o Sábio.
Esses quatro arquétipos (interpretados
com beleza por Katlyn Breene na seção de
cor Arcana do livro Mystery School)
representam um ciclo de vida e um
diagrama do aprendizado, mas logicamente existem várias outras combinações possíveis de máscaras mágicas -- ou
persona – à disposição do ator-mágico que
queira interpretá-las.
O Trapaceiro fala e pensa rapidamente. Ele (ou, é claro, ela) representa o
elemento Ar. Muitos mágicos tornam-se
interessados em mágica enquanto crianças
ou adolescentes. O Trapaceiro nos ensina
como usar a mágica para desenvolver
nossas habilidades de comunicação.
Alguns mágicos permanecem Trapaceiros
e nunca sentem a necessidade de explorar
os outros arquétipos. Alguns Trapaceiros
modernos desenvolveram este estilo de
mágica até uma arte superior. Penn e Teller,
Dan Harlan, e Robert Neale são todos
exemplos modernos excelentes de artistas
que escoam o espírito do Trapaceiro. No
ciclo de idade do mágico, o Trapaceiro
representa aproximadamente as idades de
oito a dezoito anos.
O Fe i t i c e i r o é h a b i l i d o s o e
disciplinado e oferece tempo considerável
e energia em seu trabalho mágico. Ele
evoca o elemento Fogo. O Feiticeiro é
interessado não somente em sua arte, mas
também em afiar suas habilidades de palco
e artes teatrais. Feiticeiros dos dias
modernos englobam Jonathan Pendragon,
Siegfried e Roy, e Lance Burton. Muitos
mágicos escolhem mudar para a disciplina
do Feiticeiro depois de ficarem satisfeitos
com o arquétipo do Trapaceiro. No ciclo de
idade do mágico, o Feiticeiro representa,
aproximadamente, o período dos vinte aos
quarenta anos.
O Profeta é mais interessado em
assuntos de percepção e intuição. A
correspondência elementar do Profeta é a
Água. O Profeta explora as técnicas sutis do
mentalismo e psicologia. Explorando as
profundidades do inconsciente coletivo
estão os Profetas modernos como Max
Maven e Alain Nu. O Profeta representa a
meia-idade do ciclo vital do mágico,
aproximadamente entre quarenta e
sessenta anos.
O Sábio é o mentor e mestre da arte,
cujo trabalho é continuar durante uma vida
inteira de conhecimento purificado para
aqueles que procuram. O Sábio representa
o elemento Terra: paciência e poder. Ele é
interessado na filosofia e história da
mágica, e em ensinar o que aprendeu,
mantendo a arte viva. Eugene Burger e
Rene Lavand são dois dos Sábios
importantes no mundo de hoje. O Sábio
representa a parte final da vida do mágico,
a partir de sessenta anos.
Nós admiramos essas funções do
Mágico por muitos anos e aprendemos que
um mágico bem modelado pode atuar
nesses papéis em épocas diferentes, ou
mesmo no curso de uma única
apresentação. Mas para começar, você
pode escolher um para se focalizar. Qual
das quatro faces do Mágico você escolherá?
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artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
O VALOR DA
IMPORTÂNCIA
Uma conversa com Eugene Burger
por Romany - Diva da Mágica
E
u conheci Eugene Burger no
FISM Dresden de 1997 em meu
primeiro ano de aprendizagem
da mágica e fiquei fascinada e inspirada
por suas palestras originais. Tenho sido
ainda uma estudante de sua teoria mágica
através de seus livros e do McBride Master
Classes. Conforme a série de prêmios
concedidos a ele pelo mundo da mágica
podem confirmar:
!
!
!
!
Mágico Close-Up do Ano do Magic
Castle (2 vezes)
Palestrante do Ano do Magic Castle (2
vezes)
Prêmio “Os 100 Mágicos Mais
Influentes do Século XX" (Revista
MAGIC)
“Melhor Mágico” (revista Chicago,
edição “Melhor de Chicago”, agosto,
2003)
Sei que não estou sozinha em
considerar Eugene um dos melhores
mágicos, professores e pensadores da
mágica que existem. Assim, no último
Master Class que estive presente com Jeff
McBride e Eugene em Las Vegas, pedi a ele
para resumir alguns de seus pensamentos
mágicos.
Romany - Eugene, você apresenta
mágica em tempo integral há 25 anos
agora...
Eugene - Mais de 25 anos.
R - Qual é a lição mais importante que
você aprendeu nesse tempo? E - (Risos)
Fazer a mágica que me parece importante
para as pessoas que vêem.
R - E como você faz isso?
E - Bem, essa é uma grande pergunta.
Como fazemos isso? Bem, a primeira coisa
seria tratar a mágica como se ela fosse
importante para mim. Se eu achar que o
que estou fazendo é importante, pode ser
que eu possa fazer minha audiência
acreditar nisso também. Muita mágica,
especialmente a close-up, eu acho, é
apresentada como se não fosse importante;
ela é desvalorizada. Ela é apresentada
como uma façanha, você sabe, como se
balança uma cadeira em sua cabeça ou uma
pena em seu nariz. Enquanto isso possa ser
excessivamente divertido — você pode
parar uma festa fazendo isso e todos vão
gostar! — mas para mim isso não é mágica.
São proezas. Então a questão para mim é
como eu consigo que minha audiência veja
a mágica como mágica e não como uma
série de façanhas?
R - Vamos pegar um truque de cartas.
Como você começa a tornar um truque de
cartas importante?
E - Posso começar fazendo com que as
próprias cartas sejam importantes. Se eu
apenas tirar um baralho do meu bolso e
jogá-lo sobre a mesa e começar, essa é uma
maneira de cuidar disso. Mas e se eu retirar
o baralho do meu bolso, levantá-lo, olhar
para ele e dizer algo como, "Eu sempre fui
fascinado por cartas. Você sabe, pode-se
ganhar ou perder fortunas, amores vêm e
vão, no virar de uma única carta." Agora,
estou dando ao baralho uma mitologia e,
no processo, estou tentando elevar o que
estou fazendo. Minha sensação interna é
que quanto mais importante posso fazer
esse truque de cartas, mais zeros posso
adicionar ao meu pagamento no fim da
tarde.
R - Que é a coisa boa!
E - Sim. E essa é a grande coisa que
aprendi através dos anos. Eu não quero ser
marginalizado como um artista que alguém
pode simplesmente ignorar. Você sabe, eu
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artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
acho que os dois artistas que mais me
influenciaram nesse aspecto foram Max
Maven e Jimmy Grippo. Max é um grande
mestre em deixar cada momento de sua
apresentação importante. Todos nós
podemos aprender muito com ele nesta
área.
Eu vi Jimmy Grippo em 1981 antes de
ter escrito qualquer livro, e ninguém sabia
quem eu era. E havia um encontro de
mágica. Então eu fui até ele e me
apresentei, dizendo, "Eu sempre quis ver
você se apresentar." E ele disse, "bem, faça
algo primeiro." Então eu fiz uma versão
antiga do Card Warp, o maravilhoso efeito
de Roy Walton. Então Gino Munari reuniu
algumas pessoas que não eram mágicos,
colocando-me à direita de Jimmy e Jimmy
fez um show de meia-hora para nós. E...
querido Deus, ele foi incrível...
R - Por quê?
E - Bem, não foi como se estivesse
fazendo truques com cartas. Foi como se
ele estivesse fazendo milagres! Essas
pessoas foram colocadas na Twilight Zone.
E eu também. Ele estava fazendo a mesma
mágica várias vezes, você sabe, seu famoso
efeito onde a carta escolhida aparece no
bolso interno do casaco dele.
R - Então como ele valoriza isso?
E - Agindo como se isso fosse importante! Ele tratou o que estava fazendo
como se fosse importante. Veja, se estou
simplesmente jogando minha mágica fora
ou interrompendo a todo momento com
uma piada estúpida, então ninguém vai
levar-me a sério. Mas Jimmy Grippo estava
apresentando sua mágica como se fosse a
coisa mais importante do planeta. E eu
comprei isso, como essas pessoas fizeram,
e realmente foi incrível.
R - Em sua opinião, qual o mágico
atual que realmente consegue estabelecer a
importância de sua mágica?
E - Max Maven. E eu digo que não é
porque ele é um amigo meu, mas porque eu
tive uma chance de vê-lo apresentar closeup, salão, atos curtos no palco e shows
noturnos. Eu tive a oportunidade de
realmente estudar seu trabalho. Como
membros da audiência, sabemos que o que
ele está fazendo é importante pois é como
ele está se relacionando com isso. E então
eu pego esse senso de importância, da
mesma forma que posso pegar sarampo ou
catapora. Da mesma maneira, posso pegar
um entusiasmo do artista. Quando você
tem um artista que ama o que faz e irradia
esse amor, então como membro da
audiência, posso pegar isso.
R - Então, como artistas, precisamos
descobrir o que é importante para nós em
nosso ato.
E - Bem, isso ajudaria, não? Esse é o
desafio de se apresentar mágica. É fácil
fazer mágica sem compromisso...
R - Ou como um trapaceiro.
E - Ou como um trapaceiro,
certamente. E quando eu comecei a fazer
mágica, era onde eu estava. Eu era um
trapaceiro que só queria que as pessoas
gostassem de mim.
R - Quando você mudou-se de
trapaceiro para o Eugene que agora faz a
corte, tecendo histórias de vida e morte?
Como veio essa transição?
E - Veio através de amigos, particularmente Max, Jeff McBride, Tony
Andruzzi e Bob Neale. Essas 4 pessoas,
cada um de seu jeito, me deram permissão
para tentar algo um pouco mais sério, algo
que pudesse ter um impacto mais profundo
e não apenas ser o cara bobo com o nariz de
palhaço.
R - Não posso imaginar você com um
nariz de palhaço.
E - (Risos) Obrigado! Não, eu nunca
tive um nariz de palhaço. Você sabe,
Romany, levou um bom tempo para que eu
percebesse que nem todas as risadas são
boas risadas. De fato, algumas são muito
ruins.
R - Por exemplo?
E - Alguns risos fazem a audiência
pensar que o artista é um idiota ou
cruelmente insensível ao sentimentos de
seus auxiliares ou seja o que for. Mas nós
tendemos a ser hipnotizados por risos e
pensar que todas as risadas são boas para
nós e nosso show. Mas receio que isso não
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Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
seja verdade. Alguns risos são muito ruins,
muito depois de meus 60 anos de idade
realmente.
quando era tempo de desenvolver uma
nova carreira. Jeff McBride disse, "Por quê
R - Eugene, você é conhecido como
você não faz um show conosco?"
um professor realizado que retira o melhor
de seus alunos.
R - Que show foi esse?
E - Espero que sim.
E - Bem, o primeiro show foi no final
da década de 90 com o Shakespeare
R - Quando você encontra cada aluno
Festival em Los Angeles que foi uma série
pela primeira vez, o que você procura?
de cenas de fantasma de Shakespeare. Eu
E - Procuro entender a eles e o que
era a conexão entre eles que apresentaram
eles querem. É por isso que muitas vezes,
efeitos misteriosos. Então, mais tarde, Jeff
eu pergunto às pessoas, "o que você se vê
McBride, sua esposa Abbi e eu fizemos um
fazendo em três anos com sua mágica?
show juntos na Califórnia. E eu descobri
Onde você se vê apresentando? Você se vê
que realmente havia gostado. Eu não tinha
num teatro, num cruzeiro de navio, trabaconfiança que seria bom como artista de
lhando num coquetel empresarial ou numa
palco. Eu realmente me imaginei como um
exposição comercial? Você se vê fazendo
artista de close-up e aquilo foi o fim. Mas
apresentações para amigos e, quem sabe,
Jeff e Abbi vieram para a noite de abertura
sócios de negócios?" Porque, como
do show Shakespeare e foram realmente
professor, minha mira é te ajudar a realizar
encorajadores.... Então Max
seu objetivo, não meu
me ajudou com aquele show
objetivo para você. Quando
“Não
faz
sentido
também. Ele veio em mais da
as pessoas que não têm muita
metade dos ensaios e também
base em mágica vêm estudar
ensinar às pessoas
em mais da metade dos shows
comigo, elas perguntam
truques com
e em toda vez que ele ia,
"onde começamos?" E eu
moedas quando elas saíamos para tomar um café
digo, "Bem, começamos com
depois e ele tinha incontáveis
o que te interessa." Se você
sonham com a
anotações de apresentações
não tem nenhum conhecicartomagia.”
p a r a m i m . Vo c ê s a b e ,
mento de mágica, eu proRomany, aprender como
vavelmente iria te sugerir a
receber anotações sobre suas apresenobtenção de um grande catálogo do Hank
tações é muito importante. É sobre ouvir e
Lee ou Abbotts ou Davenports e pesquisar
não se defender e todas aquelas bobagens.
e se imaginar fazendo cada efeito. Onde?
R - Então da mesma forma que você é
Para quem? Não faz sentido ensinar às
o mentor de muitos, muitos mágicos, você
pessoas truques com moedas quando elas
teve vários mentores também.
sonham com a cartomagia.
E - Ó, sim! Max e Jeff foram
R - Ali Bongo me aconselhou a assistir
certamente meus grandes mentores. Eles
o máximo de mágica possível.
sabiam de coisas que eu não sabia. Eu sabia
E - Ó, totalmente! Eu concordo! E ler
como fazer mágica close-up para um grupo
mágica na mesma medida também. Eu digo
pequeno de pessoas mas eu realmente não
aos meus alunos que para cada livro que
tinha confiança que pudesse fazer para
lerem publicados depois de 1960, leiam
uma audiência inteira de 400 pessoas. E foi
dois que foram publicados antes! Não
a confiança deles em mim que me fez tentar
somente mágica no campo de seu
isso
e não dizer não. Então Jeff, Abbi,
interesse. Por exemplo, meu campo de
Bryce, Jenny e eu fizemos um show em
interesse era mágica close-up mas eu lia
Atlantic
City. Eu nunca pensei que faria um
muita coisa sobre história da mágica e
show num cassino. Essa foi a coisa mais
adorava ler sobre shows de palco apesar de
distante
na minha imaginação. E nós
não imaginar na época que seria um
abrimos o show com Bhrahma, Vishnu e
mágico de palco algum dia. Aquilo veio
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artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
Shiva em Atlanta City, Nova Jersey! O
truque de abertura! Eu simplesmente não
podia acreditar que Jeff quis fazer! Mas
certamente ele fez. E funcionou de forma
linda! E depois Max Maven escreveu um
show para Tina Lenert, ele e eu, chamado
“O Trio Noturno,” e assim eu me apresentei
naquele show também. Sou muito sortudo.
R - Diga-me o que você aconselha que
as pessoas façam para se tornarem
melhores mágicos.
E - Primeiro você precisa ser muito
honesto consigo mesmo. Eu acho que os
mágicos devem gerar um efeito de cada
vez. O jogo é dominar um efeito, e não
saber 400 truques. Para realmente ter algo
que você faça tão bem como qualquer um
no planeta, não necessariamente melhor,
mas tão bom.
R - Quando você está ensinando no
Master Classes, o que é mais importante
para você? Eu sei que você gasta longas
horas mesmo depois de os alunos terem ido
para casa, você ainda se senta com Jeff
fazendo mais anotações para nós. Qual é
sua motivação para isso?
E - Ó, é realmente muito simples. Eu
acho que posso falar por Jeff também, essa
nossa visão de ensino é o aspecto mais
importante de nosso trabalho. Eu ganho
muito mais dinheiro me apresentando e
ensinar não é sobre ganhar dinheiro. É
sobre retribuir à mágica pois nós
recebemos muito. Há também o momento
maravilhoso quando a luz vai até os olhos
dos estudantes, quando eles entendem.
Essa é a animação disso. É um trabalho
importante. Como vemos, estamos
mudando o futuro da mágica. Apenas
entenda uma coisa... Por exemplo, parte de
nosso ensino no qual somos muito fortes é
que nós temos de conseguir esses truques
de baralho subam até nossos rostos, e não
fiquem apenas sobre a mesa. Se está sobre a
mesa, o ângulo da televisão estará na mesa
e em minhas mãos! Eu prefiro que sejam
filmados as cartas e meu rosto. Isso
significa que as contagens devem ser feitas
novamente. Muitas coisas precisam ser
refeitas, tudo tem de ser repensado. Eu
acho que é o século 21 da mágica close-up,
agora está no ar e não embaixo, sobre a
mesa.
R - Isso é sobre melhorar a
comunicação entre o mágico e a audiência.
Eu estava assistindo a um efeito avançado
de prestidigitação há pouco. Foi bom, mas
devido as cartas estarem embaixo e ele não
empregou meus olhos, eu senti como se
tivesse sido enganada. O que é
interessante.
E - Sim, você vê o topo da cabeça do
artista e sente que foi enganado!
R - Então o que acontece entre o
mágico e eu durante um truque de cartas?
E - Bem, há um triângulo: você, o
mágico e as cartas. Sinceramente, eu acho
que a mágica não é realmente sobre o
mágico. O mágico cria a mágica. Então o
show é, na verdade, sobre aquela pessoa. E
não simplesmente sobre proezas que esta
pessoa pode realizar. A mágica close-up
para mim sempre foi sobre um relacionamento. Este relacionamento frágil e
curto com estranhos. Um relacionamento
que pode durar apenas 6 minutos e depois
acabar. E a pergunta é quando aqueles 6
minutos acabarem, qual foi a qualidade
daquele relacionamento? Como a audiência se sentiu? Como se sentiram sobre o
relacionamento e sobre mim? Eles senti-
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artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
ram que este foi um relacionamento maravilhoso e que eu seria uma boa pessoa para se
convidar para um jantar? (Risos)
R - Ou se sentiram enganados?
E - Ou se sentiram simplesmente enganados e ludibriados? (sorri) Você sabe, Romany,
deixe-me ser honesto: está certo também! Está certo em ser um trapaceiro! É apenas uma opção.
Você precisa entender que eu não acho que meu caminho é o único para todos fazerem isso! Eu
acredito verdadeiramente que a Casa da Mágica tem muitas salas e há uma para todos. Há sala
para as pessoas que só querem ser trapaceiros e fazerem proezas. Está certo para eles mas não
para mim. Não é o que eu quero fazer. Eu quero fazer mais que apresentar proezas. Eu
realmente quero que as pessoas experimentem uma apresentação minha para sentir que foram
afortunados em verem isso, que foram sortudos em ter alguém tão especial neste evento.
Mágicos, por definição, são pessoas muito especiais, você sabe. Eu quero que minha audiência
sinta que são sortudos em ter-me lá pois sou especial!
R - Você sabe, Eugene, nós realmente somos. Obrigada.
ENTREVISTA COM
BOMBEIRO
Nome completo:
Alexander Loureiro de Souza
Nome Artístico:
Bombeiro
Nascimento/idade:
17 de abril de 1971 (34 anos)
Onde nasceu/Onde mora:
Vitória/Vitória (Espírito Santo)
Que tipo de mágica faz?
Gosto de mágicas com objetos que são
ou parecem improvisados, excetuando-se
o IT. Preferencialmente, cartomagia,
elásticos e TT.
Faz parte de alguma associação?
Qual?
Nenhuma. Aqui no estado não tem
associação mágica.
Como descobriu a mágica? A partir
de que momento ela entrou na sua vida?
Lembro de quando tinha 10 anos, estava
numa noite em frente a um shopping aqui
na cidade, e havia um mágico num palco
para uma platéia grande. Ele fez várias
mágicas, mas a que me lembro realmente
foi uma em que, numa taça de alumínio
(taça de fogo), que antes estava pegando
fogo, depois de tampada e reaberta,
apareceu com uma pomba. Depois de
guardar a pomba, retirou várias balas da
taça e jogou para o público. Depois de seis
anos conheci este mágico (Raio-Z) e acabei
comprando esta taça, que guardo até hoje.
Começou com que idade?
Comecei a fazer mágicas com 16 anos,
quando recebi meus primeiros salários
como estagiário como técnico em mecânica da CST (Companhia Siderúrgica de
Tubarão). Passei a comprar materiais e
equipamentos numa loja que havia no
centro da cidade, do mágico Raio-Z. Meu
salário ia quase todo em mágicas, mas
depois de alguns meses, outras necessidades surgiram e aos poucos fui
perdendo o contato com a mágica, com
exceção da TT, que sempre guardei e usava
sempre que podia. Bons tempos, quando
ninguém sabia o que era uma TT. Depois de
muito tempo, em 2002, com 31 anos,
futucando a internet, conheci o site do
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artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
Clóvis Tavares. Aprendi algumas mágicas
lá e aquela fissura que havia esfriado há
tanto tempo voltou a me coçar. Pesquisei
sobre mágicas na internet e achei alguns
sites e fóruns de discussão. Descobri a
netmágicas.com, comprei vários vídeos e
livros (21 títulos ao todo em vídeo e a
coleção “Os Valetes”) e passei a me dedicar,
principalmente com cartomagia, e não
parei mais. Às vezes, por necessidades
diversas com trabalho, família, entre
outros, diminuo meu ritmo com os
treinamentos, mas sempre estou na ativa
desde 2002.
Quais suas influências? Que ou
quais mágicos te influenciaram?
No Brasil, o mágico Ângelo. Muito
carismático, me cativou quando pude
assistir os dois primeiros vídeos que
comprei dele (Técnicas e Mágicas com TT).
No exterior, Michael Ammar e Daryl,
principalmente. Na verdade, estes foram os
primeiros mágicos que vi atuando em
vídeo, quando comprei os títulos na
netmagicas.com, e realmente eles me
cativaram de forma que continuam no topo
das minhas recomendações.
Quais são os mágicos que você mais
admira?
Sem dúvida, David Copperfield, pela
competência de um modo geral. No Brasil,
gosto de ver a tranqüilidade diante das
câmeras do Eduardo Peres e Philip Blue.
Onde procurou ajuda?
A ajuda em termos de crescimento
sempre veio de pessoas que se importavam
com a mágica e com o futuro de um
iniciante na arte. Recebi muitos puxões de
orelha, muitos conselhos e acho que tudo
adiantou muito. Aqui na cidade, recebi
várias dicas do Aroudil, que é mágico
amador a mais de 50 anos. Ajudou-me
bastante também.
O que você acha ou como você vê a
mágica no Brasil?
A mágica no Brasil, na minha leiga
opinião, precisa de um poder centralizado
e respeitado por todos, com normas claras,
atitudes definidas tanto para o incentivo
das boas ações quanto para coibir as más
ações. Atualmente, vejo a mágica como
uma terra sem lei, onde qualquer um entra
e se aproveita dela em benefício próprio e
em detrimento da própria arte, e ninguém
tem força legal para coibir isto. Acredito
que se houvesse uma estrutura hierárquica
bem organizada, como nos conselhos de
medicina, enfermagem, etc (regionais e
federais), que fosse respeitada, que
pudesse ajudar quem navega entre os
pilares das boas ações em prol da arte, e
pudesse punir de alguma forma quem faz o
contrário, a mágica em si tenderia a crescer,
pois a organização é um dos primeiros
passos rumo ao crescimento, juntamente
com a previsão, comando, coordenação e
controle.
Ela tem o espaço necessário?
Tem o espaço que nós fazemos com
que ela mereça. Não é o satisfatório, mas
temos que tentar fazer algo melhor se
quisermos mudar.
O que você diria para os que estão
começando nas artes mágicas?
Quando recomecei em 2002, vi muita
exposição de segredos na internet, e isso
me incentivou a procurar mais e mais, mas
eu não sabia que quase na totalidade,
aquilo era material de péssima qualidade.
Não valia a energia elétrica que gastava
procurando isso na internet. Quando
comprei meus primeiros vídeos e livros,
descobri o tempo que havia perdido em
sites de exposição de segredos, pois a
qualidade das explicações e das próprias
mágicas é muito superior às que se acha na
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Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
internet de forma gratuita. Garanto para
quem está iniciando que vale a pena
consultar vídeos, livros, participar de
conferências e treinar o que aprendeu com
amigos, e que não vale a pena insistir nos
segredos de kits de mágica e sites de
exposição de segredos, devido à má
qualidade do que é ensinado por pessoas
que não têm compromisso com a arte e nem
com o comprador.
Como foi sua primeira apresentação?
A primeira, há 18 anos atrás, não
lembro, mas a primeira apresentação para
um público diferente da família foi em
dezembro de 2002, no interior, num
churrasco na casa da avó da minha esposa,
onde estavam várias pessoas que não
conhecia. Comecei com a TT, fazendo
sumir metade de uma sacola plástica de
supermercado. Isso chamou muito a
atenção dos que estavam desinteressados
inicialmente, e fui bastante feliz no
restante das mágicas que fiz, principalmente com baralho.
Você lembra qual foi o seu primeiro
truque? Qual? Como seria o efeito?
O primeiro que fiz na vida me lembro
bem. É aquele em que o mágico coloca um
caroço de feijão na parte de trás do pescoço
e este caroço vem parar na boca, supostamente atravessando o corpo do mágico
do pescoço até a boca, e após puxar com o
dedo na boca rapidamente, o caroço pula
saindo dela?
Já aconteceu algo errado em uma
apresentação sua? Alguém percebeu?
Já sim. Por duas vezes fiz mágica com
TT para pessoas que sabiam e conheciam
este artefato. Em uma das vezes, a mulher
(sargento do Corpo de Bombeiros) falava:
ele está com dedão, ele está com dedão!!
Isso foi dentro da seção em que eu
trabalhava no Corpo de Bombeiros. O outro
pessoal que estava vendo a mágica
realmente não entendeu nada, e nem
deram atenção ao que ela falava, pois
estavam concentrados em minhas mãos
para não perderem de vista o que estava
acontecendo. Pedi discretamente que ela
mantivesse o segredo, mas não teve jeito.
Depois da mágica feita, ela contou tudo.
Sobrou-me o silêncio e a cara de bobo,
como se não estivesse entendendo as
perguntas deles. Mulheres...
A partir de que momento decidiu se
tornar um Mágico?
Apesar de sempre ter gostado de
mágicas, não havia aqui no estado
nenhuma casa que comercializasse, e
nunca havia pensado na possibilidade de
encontrá-las na internet. Quando conheci
o site do Clóvis Tavares, foi como um start.
No mesmo dia produzi os materiais
ensinados no site e fiz algumas mágicas
para meu filho, que gostou de imediato
também. A partir daí passei a pesquisar
cada vez mais, culminando com a minha
compra inicial na netmagicas.com. Os
materiais chegaram e, confesso, acabei até
deixando um pouco a família de lado por
causa da empolgação. Foram alguns meses
de treinamento diário quando chegava do
trabalho, e, além disso, guardava um
baralho no carro para treinar na hora do
almoço. Estes primeiros meses foram
realmente um divisor de águas. Depois, vi
que estava falhando em alguns pontos em
que não devia faltar, principalmente com a
família, e dividi melhor meu tempo de
forma que nada ficasse subvalorizado.
Teve ou tem outra profissão? Qual ou
quais?
Sou bombeiro militar e dou aulas de
assuntos ligados à primeira resposta em
emergências, como combate a incêndios e
primeiros socorros principalmente.
Alguma dica para quem vai fazer
sua primeira apresentação:
Treine muito antes em frente ao
espelho, tenha a rotina toda decorada, na
veia, para não haver erros. Como dizemos
no militarismo: treinamento difícil, combate fácil.
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Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
Como e onde conseguiu seus
primeiros materiais (Truques, acessórios,
etc)?
Comprando numa loja de mágicas
que havia no centro da cidade, quando
tinha 16 anos. Recentemente, quando
voltei a fazer mágicas, comprei a maioria
dos meus materiais em sites da internet.
Você acha que a comunidade mágica
brasileira (mágicos) é unida? Justifique.
Analisando apenas pelas mensagens
que vejo em grupos de discussões, tenho
notado que quanto maior a influência de
algum mágico num grupo, maiores as
arestas criadas com os outros membros do
grupo. Para quem está iniciando, ou é
amador, vejo a boa vontade de ajudar e ser
ajudado, de compreender falhas, erros
primários, mesmo que relacionados à ética,
e todos tentam subir junto. Depois que
assumem um certo degrau na escada,
parece que se cria uma certa má vontade
com quem está do lado. Este comportamento não é da maioria, mas mesmo
sendo um comportamento de uma minoria, tem bastante repercussão negativa no
meio mágico.
Uma dica para aqueles que almejam
viver da profissão:
Um bom profissional é sempre
diferenciado dos demais. Em qualquer
ramo profissional, temos desde os medíocres até os extraordinários. Para quem
deseja viver profissionalmente como
mágico, recomendo que treine bastante
suas rotinas, aprenda a apresentar bem não
só em termos técnicos, mas em termos de
carisma também. Aprenda primeiro a
conquistar seus parentes e amigos em
apresentações familiares. Faça apresentações beneficentes, para ganhar experiência e satisfação pessoal de poder ajudar
alguém. Quando sentir que sua apresentação agrada ao público de forma satisfatória,
entre no mercado, lembrando que sua
apresentação pode ser pouco ou muito
satisfatória, e isso vai depender da sua
capacidade. Se quer viver da mágica,
procure ser o melhor possível. Procure
várias formas de aprendizado, dedique-se
bastante com treinamentos e criação de
rotinas, associe-se a uma entidade, ouça os
mais experientes, saiba quem te quer bem e
quem não te quer. Aprenda a subir mais
alto depois de cada tropeço e boa sorte.
Que acessório ou utensílio você
aconselha que todo mágico deva ter?
Isso depende da preferência de cada
um, mas em se tratando de objetos que se
pode levar a qualquer lugar, aconselho
uma TT e alguns elásticos. Se puder levar
um baralho também, ótimo. Moedas são
bem vindas também para quem gosta, mas
não é o meu caso.
Pra você, qual a maneira mais
provei-tosa para se aprender Artes
Mágicas?
Literatura é indispensável para quem
procura conhecimento mais avançado.
Além de ensinar mágicas em si, vários
textos falam de ética, modo de apresentação, etc. Vídeos são muito bons para
iniciantes ou intermediários, mas não
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artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
incentivam a criatividade da criação da sua
forma personalizada de executar a mágica.
Por outro lado, te passam uma forma muito
boa de execução, já que a maioria dos
vídeos é feita por mágicos consagrados.
Acho que estas são as principais formas,
seguidas da participação em conferências,
treinamentos com amigos, etc.
Um vídeo indispensável?
Revelations, do Dai Vernon, porque
tem rotinas, fala de forma de atuação,
misdirection, etc.
Um livro indispensável?
Prefiro não opinar, pois conheço
apenas poucas literaturas nacionais.
Um truque indispensável em um
repertório (ou que todo mágico deva
saber)?
Carta ambiciosa, pois é o maior
clássico da maior vertente da mágica, que é
a cartomagia.
O que poderia ser feito para melhorar a Arte Mágica no Brasil? Ou acha que
está tudo perfeito?
Há muita coisa para se melhorar, mas
acredito que estamos num processo lento
de crescimento. Cada vez mais vemos
mágicos brasileiros na mídia, e isto é muito
bom. Muitos mágicos têm compromisso
real com o crescimento da arte. Por não
estar ligado ao grande centro mágico, que
são os estados de São Paulo e Minas Gerais,
Não tenho uma visão geral de como estes
mágicos estão trabalhando para o futuro da
arte, mas como disse numa resposta
anterior, acredito que seria interessante se
surgisse uma associação nacional que
representasse todos os mágicos brasileiros.
O que você acha do "Exposure"?
A exposição livre de segredos é uma
farsa. O segredo deixa de existir quando cai
no conhecimento de um grande número de
pessoas. Então, a exposição é o mesmo que
destruição. Devemos tomar cuidado ao
executarmos efeitos muito conhecidos,
pois a alegria do público está justamente no
mistério da mágica, quando não há
segredo, não há mágica, e sim uma
seqüência óbvia de procedimentos. Sou
contra a exposição de segredos, pois ela em
nada contribui nem com a mágica e nem
com o mágico. Demorei um tanto para
entender isso, mas hoje posso afirmar com
todas as letras que vale a pena investir em
conhecimento comprado, pois este
provavelmente não tenha sido acessado
pelo público que vê as apresentações do
mágico.
O que você acha de Comunidades
como a nossa?
Qualquer comunidade séria, que
respeita a ética e a forma correta de se tratar
de mágica é bem vinda. Sempre adiciona
algo. O fórum mágico amador surgiu de
uma necessidade de um ambiente
democrático para os iniciantes e
intermediários. Tropeçamos bastante para
chegarmos ao nível em que estamos
atualmente. Mas sempre tivemos a
determinação de fazer melhor do que
antes, e acredito termos hoje uma
comunidade respeitada no ambiente
mágico. Torço para que não pare por aí,
pois a internet é inegavelmente uma ótima
forma de entrosamento e ganho de
conhecimento para as mais diversas
pessoas nos mais diversos lugares. Outro
grande exemplo é o grupo “Artes Mágicas”,
administrado pelo Mahatma, que reúne
proporcionalmente mais mágicos profissionais. Ainda há espaço para outras comunidades. O importante é que elas estejam
unidas com objetivo de acrescentar à
mágica e aos mágicos.
O que seria interessante acrescentar
na nossa comunidade?
Sempre estamos trabalhando para
que o ambiente seja mais confortável e
seguro no fórum. Acredito que necessitamos de formas mais efetivas de controle
de usuários, pois alguns pouco comprometidos acabam por atrapalhar o
andamento de discussões dos muitos que
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artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
desejam o bem para a arte. Com a
atualização que está por vir, esperamos
poder melhorar a eficiência deste controle.
Conhece algum site que seja
indispensável para qualquer mágico?
Qual?
Para os que dominam o inglês,
recomendo o fórum “Magic Cafe” que
acredito ser o maior do mundo
(http://www.themagiccafe.com/forums/).
Minha recomendação é por fóruns, pois a
atualização é minuto a minuto, várias
vezes por dia, por isso, no Brasil,
recomendo o fórum “Mágico Amador” e o
boletim “Artes Mágicas”.
Quais são os eventos mais importantes para a divulgação da mágica no
Brasil?
Apresentações em TV sempre têm
grande repercussão, positiva ou negativa,
depende do mágico. Outro grande evento
foi o Congresso Brasileiro de Mágicos de
2004, que provou, para quem tivesse
dúvidas, a capacidade de organização dos
mágicos brasileiros, quando unidos.
Que anda fazendo atualmente? Tem
alguma apresentação ou evento previsto
que queira divulgar?
Como mágico hobbysta, só faço
mágicas para amigos e parentes, portanto,
não tenho apresentações em vista.
Quais são seus próximos projetos?
Fazer sempre o melhor, dentro das
minhas possibilidades, para que a mágica
brasileira seja cada vez maior e melhor.
Fique a vontade para falar o que
quiser para os nossos leitores:
Agradeço a oportunidade que me foi
dada de participar desta revista, e
aproveito para parabenizar estas duas
pessoas que fizeram com que este
instrumento de conhecimento tão importante possa existir. Atualmente, são poucos
que se dão tanto de maneira altruísta
visando o bem comum. Este exemplo não
deve ser apenas seguido, mas sim
perseguido pelos colegas mágicos, para
que possamos ter uma mágica forte e
bonita no nosso país. Orgulho-me bastante
de tê-los entre os meus mais cotados
companheiros e amigos. A todos os
leitores, espero que trilhem suas atitudes
cada vez mais rumo ao brilhantismo da arte
no nosso país. Faça mágica, faça amor, faça
alegria, pois todos nós brasileiros precisamos tanto disso tudo. Ame esta arte, pois
ela é sinônimo de amor, faz crescer o
coração das pessoas. Dedique-se não
apenas para ser um bom ilusionista, mas
para que num futuro, quando nossa arte for
mais crescida e reconhecida por todos,
você possa dizer que fez parte deste
processo, e que contribuiu como pôde para
que isso tenha ocorrido. Abraços.
Se quiser deixar alguma forma de
contato: (Email, ICQ, MSN, Site,
Endereço, Tel. e etc).
Email: [email protected]
MSN Messenger: [email protected]
Site: www.magicoamador.com.br
Em nome da nossa comunidade agradeço o seu tempo e paciência concedidos
para esta entrevista e por ter compartilhado
conosco um pouco de seus conhecimentos!!! Nossa Comunidade te deseja
muito sucesso tanto pessoal, como
profissional. Muito Obrigado!!!
PIADA
O mágico chega em uma Loja de Mágica e diz:
- Bom, quanto custa um maço de baralho?
- Dez dólares.
- Dez? Mas na Loja de Mágica da XX custa
oito!
- Então porque não compra o baralho na loja
da XX?
- É que acabaram...
- Bem, pois quando eu acabar os maços de
baralho, eu também os venderei por oito dólares.
- Página 18 -
Biografia
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
Michael
Ammar
M
ichael Ammar é de uma
pequena comunidade
mineira de Logan, West
Virginia. Ele nasceu lá em 25 Junho de
1956, o mais novo de 4 crianças. Sua
família operava numerosos negócios,
incluindo o Magic Mart (ainda hoje em
operação), hotéis e vários restaurantes. Foi
assumido que Michael assumiria os
negócios da família depois que recebesse
seu diploma de business da WVU em 1978.
Mas ele quis seguir sua paixão pela Mágica.
Ele jurou que faria isto dar certo.
Vindo de um Estado que não tinha
uma loja de Mágica, as probabilidades
foram se empilhando contra ele. Tudo
começou quando lia um livro cômico e
observou um anúncio: "500 truques por 25
centavos!". Ele pagou pelo seu trimestre e
recebeu uma catálogo por correio.
Começou a comprar truques e praticá-los
obssessivamente. Pouco tempo depois, ele
tinha um espetáculo de mágica completo,
completo com powder-blue tux, pombas e
um adolescente assistente. A comunidade
local, tão pequena quanto ele era, apoiou
seus esforços e reservou ele para
espetáculos locais, para aniversários,
escolas e reuniões de grupos. Ele achou
mais fácil adquirir um novo ato que uma
nova pláteia, o que explica seu grande
repertório hoje.
Enquanto na faculdade na
Universidade de West Virginia, Michael
desenvolveu uma amizade com alguns
outros envolvidos na Mágica. Ele
frequentemente apresentava shows na
universidade.
Em 1983, depois de muita dedicação
e trabalho duro, Michael entrou na
competição de mágica Mundial "F.I.S.M."
organizado a cada 3 anos na Europa. Ele
viajou para Lausanne, Suíça e competiu
contra mágicos de 22 países diferentes.
Ganhou a Medalha de Ouro na categoria
Close-Up, sendo o segundo americano em
45 anos de história do evento a fazer isto.
Começou a publicar suas idéias nos
anos 80. Publicou títulos como "Encore I",
"Encore II", "Encore III", "Success & Magic",
"Brainstorm in the Bahamas" e o já popular,
"The Topit Book". Após a FISM, ele
começou visitar a Costa Ocidental e
tornou-se amigo íntimo de seu mentor, Dai
Vernon, de quem aprendeu muito. Vernon,
ou "O Professor" como tornou-se conhecido
no campo da mágica, graciosamente
escreveu a introdução para The Topit Book.
Durante os anos 80 Michael
apresentou-se no Magic Castle em
Hollywood, e apresentou o espetáculo "It's
Magic". Foi descoberto por um caça
talentos para "The Tonight Show" em 1985,
e apresentado por Johnny Carson (também
um mágico) naquele show duas vezes.
Apresentou mágica no "The Merv Griffin
Show" dez vezes, e de lá começou receber
mais reconhecimento por seu talento e
aparecer regularmente nos Shows de TV.
- Página 19 -
artigo
Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005
Em 1990, Michael casou-se com Hannah em Austin, Texas. Hannah vem
de uma das mais antigas famílas na mágica, o clã "Willard the Wizard", com
mais de cinco gerações de mágicos! Filha do mágico Francês Willard e a Editora
do Jornal San Antonio, Glenn Tucker. Ela é parte integrante da Mágica de
Michael Ammar, e se você alguma vez encontrou-se com Michael, você
provavelmente encontrou Hannah também.
Em 28 de novembro de 2000, Michael e Hannah tornaram-se pais
orgulhosos com o nascimento da primeira criança deles, a filha Savannah
Grace.
Desde então, Michael publicou mais de 40 títulos de videos, dúzias de
revistas e livros, recebeu um número sem precedentes de honras e prêmios,
viajou e excursou por mais de 38 países, e mantêm uma agenda cheia de
apresentações e palestras para corporações e celebridades do mundo todo. Em
1999, Magic Magazine nomeou Michael como um dos "100 Mais Influentes
Mágicos do Século".
Michael Ammar
Hannah Ammar
Abaixo segue a lista dos produtos autorizados de Michael Ammar:
"The Topit Tapes" Volumes 1 e 2
"Live at the Magic Castle"
"Easy to Master Card Miracles" Volumes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e
IMPRESSOS
"The Magic of Michael Ammar", introdução por David
Copperfield
"The Complete Cups & Balls"
"The Topit Book"
"Encore I"
"Encore II"
"Encore III"
"Brainstorm in the Bahamas"
"The Command Performance"
"Success & Magic"
"The Magical Arts Journal (MAJ) magazine
9
"Easy to Master Money Miracles" Volume 1, 2, 3
Stevens "Greater Magic Video Library" Volume 5
ÁUDIO
"Making Magic Memorable"
"Negotiating Higher Performance Fees"
"Restaurant Magic Business"
HONRAS/PRÊMIOS
VÍDEOS
"The Complete Cups & Balls" Volumes 1 & 2
"Introduction to Coin Magic"
"Exciting World of Magic"
"Anytime, Anyplace Magic"
"Vernon Revelations - Séries de vídeos" (17 volumes)
"Early Ammar" Volumes 1, 2, 3, 4
"Magic, Mastery & You"
"Icebreakers"
"Amazing Secrets of Card Magic"
"The Magic Video" Toys-R-Us
"Classic Renditions Volume 1: The Floating Bill"
"Classic Renditions Volume 2: Rubber Band Magic"
"Classic Renditions Volume 3: Invisible Bill Switch"
Magician of the Year, Tannen's 70th in New York, 2002
Best Close-Up Magic, "The World Magic Awards" Fox 2000
Presidential Citation, International Brotherhood of
Magicians, 1993
Best Sleight-of-Hand, "International Magic Awards" Fox 1992
Best Sleight-of-Hand, "International Magic Awards" Fox 1991
Best Parlor Magician, "Academy of Magical Arts" 1990
Best Parlor Magician, "Academy of Magical Arts" 1985
Best Close-Up Magician, "Academy of Magical Arts" 1983
Best Lecturer, "Academy of Magical Arts" / Magic Castle 1983
Best Lecturer, "Academy of Magical Arts" / Magic Castle 1982
Gold Medal - Close Up, "F.I.S.M. World Competition" 1982
Best Close-Up Magician, "Academy of Magical Arts" 1981
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