Hábitos alimentares dos estudantes do ensino superior em Chaves
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Hábitos alimentares dos estudantes do ensino superior em Chaves
Hábitos alimentares dos estudantes do ensino superior em Chaves Autores: Barbosa B; Atrio C; Marta J; Fernández J; Borges J; Costa M; Lobo A Nos países europeus industrializados, o crescimento económico e o aumento do poder de compra motivou um aumento na disponibilidade alimentar o que conduziu a alterações dos hábitos alimentares (WHO, 2003). Independentemente de outras causas de risco, os hábitos alimentares desequilibrados associados a um estilo de vida sedentário têm um impacto negativo expressivo no estado nutricional e na saúde das populações, levando ao desenvolvimento de patologias crónicas. Segundo a mesma fonte, 90% dos casos de diabetes mellitus, 80% dos casos de doenças cardiovasculares e 33% de todos os tipos de cancro poderiam ser evitados pela adopção de estilos de vida mais saudáveis, designadamente através dos hábitos alimentares e a prática regular de exercício físico (WHO, 2003). Padrão et al. (2007), concluíram que para a prevenção e redução do risco das doenças crónicas é preponderante o consumo regular de alimentos de baixa densidade energética, pobre em gorduras saturadas, ricos em vitaminas, minerais, fibra alimentar e anti-oxidantes, como a que se adquire através de uma alimentação rica em produtos hortícolas e fruta. De acordo com Moreira 2005, em Portugal tem-se verificado a perda progressiva da maioria das características do padrão alimentar tradicional em detrimento da adopção do padrão alimentar ocidental. Este caracteriza-se por um excesso de alimentos altamente energéticos, aumento do consumo de gorduras saturadas e colesterol, diminuição do consumo de alimentos ricos em hidratos de carbono complexos e aumento da ingestão de hidratos de carbono simples como o açúcar branco, consumo deficiente e irregular de produtos hortícolas, aumento do consumo de carne, produtos lácteos gordos, óleos e gorduras hidrogenadas, produtos confeccionados, bebidas alcoólicas e açucaradas. Porém, ainda perduram algumas características favoráveis, como a ingestão de azeite e consumo superior de frutas, relativamente aos países nórdicos (Chen et al., 2007; Moreira, 2005). A agência europeia da alimentação (EUFIC, 2005) evidencia que os estilos de vida são influenciados por múltiplos factores, entre os quais a idade, género, factores genéticos, ambiente envolvente, família, tradições socioculturais e religiosas, disponibilidade alimentar, publicidade, preferências actuais, preços e propriedades sensoriais dos alimentos. Sendo certo que entre outros factores: os novos estilos de vida com uma difícil gestão do tempo, as mudanças na natureza dos bens alimentares mais acessíveis têm vindo a modificar, tanto a composição como a confecção das refeições (Morse e Dristall, 2009). Verifica-se que determinados condições e grupos da sociedade estão mais susceptíveis de sofrerem o efeito destas influências, como seja o caso dos estudantes universitários, em resultado de maiores exigências de estudo, afastamento das famílias, mudança de horários, maior independência (Há e Caine-Bish, 2009). De acordo com Larson et al. (2009) os jovens universitários tendem a recorrer com grande frequência a alimentos fast-food, enquanto solução muito prática e acessível para quem tem necessidade de realizar as refeições fora de casa, recorrendo á alimentação em confeitarias, refeitórios, self-services, snack-bars, pizzarias. Num estudo dos determinantes das escolhas alimentares dos estudantes universitários Davy et al. (2006) e Deshmukh-Taskar (2007), foram identificados, a falta de tempo disponível, as questões socioeconómicas, as preocupações com a saúde e a imagem corporal. Também Moreira (2006), refere que na actualidade, os alimentos tipo fast-food (refeições pré-confeccionadas, pizzas, hambúrgueres, produtos de confeitaria e pastelaria, batatas fritas, entre outros) são muito apreciados pelos jovens. Assim, os estilos de vida desenvolvidos e exibidos durante este período de vida repercutem-se na vida adulta, influenciando o estado de saúde dos sujeitos (Duskey e Grobe, 2009). A este respeito, Larson et al. (2007) indicam que a ingestão nutricional deve ser valorizada nesta fase do ciclo vital, dada a sua relação com a promoção de um peso e condição de saúde saudável e prevenir as patologias crónicas, podendo mesmo contribuir para o êxito escolar. Face à problemática em estudo, procura-se determinar e analisar os hábitos alimentares dos estudantes do ensino superior em Chaves. Para tal definem-se os seguintes objectivos: i) identificar descrevendo os hábitos alimentares dos estudantes universitários de Chaves; ii) analisar os hábitos alimentares dos estudantes tendo como referencia a nova roda de alimentos portuguesa. Metodologia Propõe-se desenvolver um estudo transversal, exploratório de natureza descritiva, com uma abordagem quantitativa. No total da Escola Superior de Enfermagem de Chaves e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro do pólo de Chaves, existem cerca de 600 estudantes. Seleccionar-se-á uma amostra intencional, que inclua estudantes de todos os anos curriculares de todos os cursos existentes, que voluntariamente acedam participar no estudo. A recolha de dados será feita por questionário, que nos permitirá caracterizar os sujeitos em termos sócio-demográficos e antropométricos, e para avaliar a ingestão alimentar, será aplicado também um questionário semi-quantitativo de frequência alimentar (QFA) (EUFIC, 2005). Previamente será solicitado o consentimento informado escrito. Os resultados obtidos serão analisados utilizando o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Bibliografia WHO: Process for a World Health Organization Global Strategy on Diet, Physical Activity and Health. 2nd ed. Geneva: WHO; 2003. Padrao P, Lunet N, Santos AC, Barros H. Smoking, alcohol, and dietary choices: evidence from the Portuguese National Health Survey. BMC Public Health. 2007; 7:138 Moreira P. Obesidade muito peso, várias medidas. 2a ed ed. Porto: Ambar; 2005. p. 140. Morse KL, Driskell JA. Observed sex differences in fast-food consumption and nutrition self-assessments and beliefs of college students. Nutr Res. 2009; 29(3):173-9 Chen Q, Marques-Vidal P. Trends in food availability in Portugal in 1966- 2003: comparison with other Mediterranean countries. Eur J Nutr. 2007; 46(7):418-27 European Food Information Council. The Determinants of Food Choice EUFIC; 2005. [citado em: 2009 Julho]. Disponível em: http://www.eufic.org/article/en/page/RARCHIVE/expid/review-food-choice/. Davy SR, Benes BA, Driskell JA. Sex differences in dieting trends, eating habits, and nutrition beliefs of a group of midwestern college students. J Am Diet Assoc. 2006; 106(10):1673-7 Deshmukh-Taskar P, Nicklas TA, Yang SJ, Berenson GS. Does food group consumption vary by differences in socioeconomic, demographic, and lifestyle factors in young adults? The Bogalusa Heart Study. 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