as diretrizes oficiais e propostas pos tsunami em matsushima

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as diretrizes oficiais e propostas pos tsunami em matsushima
RECONSTRUÇÃO DE PAISAGEM DA TERRA NATAL: AS DIRETRIZES OFICIAIS E
PROPOSTAS POS TSUNAMI EM MATSUSHIMA (2011) NO JAPÃO
RECONSTRUCTION OF HOMELAND'S LANDSCAPE:THE OFFICIAL GUIDELINES
AND SUGGESTIONS POST TSUNAMI ON MATSUSHIMA (2011) IN JAPAN
Kelton Gabriel
Doutorando em Geografia, Pesquisador do Laboratório de Paisagem da UEL
[email protected]
Humberto Yamaki
Docente do Doutorado em Geografia UEL, Pesquisador CNPq
Resumo
A palavra Furusato ou terra natal possui significado denso na cultura japonesa. Permeia a nostalgia,
o bucólico, uma paisagem imaginaria de montanhas, rios e mares. Um terremoto seguido de
tsunami devastou em março de 2011 a região de Matsushima, considerada uma das três paisagens
cênicas nacionais do Japão. Logo foi montado um Conselho de Reconstrução, formado por uma
equipe de personalidades representativas da sociedade em várias áreas. Sete princípios foram
definidos para o design da reconstrução cujo lema é Esperança além da Destruição. O retorno à área
de risco à beira mar com a construção de grandes quebra mares ou o deslocamento da população
para as partes altas é tema que não consegue o consenso entre autoridades e moradores. Uma
proposta de reconstrução da paisagem de Oku Matsushima é avaliada. A metodologia tem como
foco o estudo de transformação da paisagem através da análise de mapas históricos. Identifica
elementos como pontos, linhas e manchas e as mudanças originadas em cada período. O estudo
mostra as inúmeras variáveis e a complexidade de um projeto de reconstrução da paisagem da terra
natal onde a participação da comunidade local e da sociedade como um todo é vital
Palavras-chave: Paisagem da terra natal; Reconstrução; Catástrofe; Japão
Abstract
The word Furusato or homeland has a dense meaning in Japanese culture. Permeates the nostalgia
and a image of a landscape of mountains, rivers and seas. An earthquake and tsunami in March
2011 devastated the region of Matsushima, considered one of the three national scenic landscapes of
Japan. Soon was assembled a Board of Reconstruction, formed by a team of representative
members of the society in various areas. Seven principles were defined for the design of the
reconstruction whose slogan is Hope beyond destruction. The return to risk area in the seaside with
the construction of large barriers or the replacement of the population to the higher land has no
consensus among officials and residents. A proposal of reconstruction of the landscape of Oku
Matsushima is evaluated. The methodology focuses on the study of landscape transformation
through analysis of historical maps. Identifies components such as points of interest, axis and areas
and their changes in each period. The study reveals the complexity of the homeland landscape
reconstruction wherein the participation of the community and the whole society are vital.
Key words: Landscape of the Homeland; Reconstruction; Disaster, Japan
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INTRODUÇÃO
MEINIG (1979, p.164) afirma que toda Nação (amadurecida) tem suas paisagens simbólicas
e que fazem parte de iconografia e conjunto de idéias, memórias e sentimentos que são
compartilhados pelo povo. Sob essa perspectiva, a paisagem da terra natal é aquela impregnada de
elementos que compõem um cenário bucólico, que conduzem a um sentimento de nostalgia e
simplicidade. No caso do Japão é representado por um vale de arrozais cercado de montanhas de
florestas, um ribeirão de águas límpidas e casas dispersas. A paisagem da terra natal, denominada
furusato pode ser considerada uma paisagem idealizada, portanto carregada de aspectos simbólicos.
O artigo trata de reconstrução de paisagem da terra natal (furusato) na região afetada pelo terremoto
e tsunami em março de 2011 no Nordeste (Tohoku) do Japão. Segundo Lewis (1979, p.12) ler a
paisagem não é tão facil como ler um livro. É preciso saber olhar, interpretar a paisagem. Como
pesquisadores preocupados com a paisagem, somos propensos a considerar que a vida e atividades
econômicas e o local são indissociáveis e constituem um lugar. No entanto, frente a uma grande
catástrofe, para alguns o desejo de permanência num local é levado a segundo plano. Assim, no
caso de Tohoku 2011, as opiniões de especialistas e moradores estão divididas. Não chegam a um
consenso revelando a complexidade do processo de reconstrução.
O presente estudo tem por foco apresentar uma tentativa de reconstrução de Oku
Matsushima, nos limites de uma das três paisagens cênicas do Japão, sob a tutela das primeiras
medidas oficiais tomadas pelo governo japonês após o terremoto e tsunami de março de 2011. Para
esse fim são analisados alguns documentos publicados pelo governo japonês que foram de suma
importância para as primeiras medidas na reconstrução. A metodologia adotada nesse trabalho é
uma análise textual comentada dos artigos sobre a reconstrução da paisagem no Japão. Por análise
textual comentada entende-se aqui a possibilidade metodológica inerente a qualquer trabalho
científico de expor e analisar propostas documentais ou teóricas de outras entidades ou cientistas,
limitando-se em conseguir sintetizar o labor dentro dos limites pré-estabelecidos, e apresentar uma
conclusão justificativa.
O objetivo nesse artigo é trabalhar e apresentar pesquisas relacionadas com o projeto maior,
que é a Reconstrução da Paisagem da Terra Natal caso de Tohoku no Japão (região nordeste afetada
pelo terremoto e tsunami de março de 2011). E a importância desse projeto de pesquisa se justifica
na possibilidade de apreender e compreender os padrões culturais japoneses e seus mecanismos de
reconstrução, que são notórios em todo o mundo, um exemplo de organização e processo coletivo
de reconstrução cujo modelo poderia servir em outra localidade que venha a sofrer desastres
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similares e necessite de diretrizes.
Antes é preciso introduzir alguns termos japoneses importantes nessa pesquisa, para fins de
compreensão do modo de reconstrução japonês: o primeiro é furusato, que pode significar em
português “terra-natal” e nessa especificidade do termo “furusato” não agrega apenas o sentido de
terra nativa ou natal, mas sim um senso carregado de paisagens internalizadas, como se fosse a terra
natal uma continuação do próprio corpo das pessoas nativas (ROBERTSON, 1988, p. 494). Quando
a paisagem original é devastada ou a pessoa se muda do local,
aparece na subjetividade a
“nostalgia” . Então a paisagem da terra natal emerge como algo não destrutível, algo maior, que
permanece idealizado em um “espaço mental” captável pelos sentidos internos (cognição) e com
ânsia de revitalização aos sentidos orgânicos (percepção). Portanto os sentidos geram o sentimento
de pertencimento aos nativos e com isso uma “paisagem da terra natal”.
Além da compreensão de “furusato” (terra natal) o termo “fukkou” (reavivamento,
reconstrução) é importante e também se torna presente nessa perspectiva. A força coletiva é a
amalgama desse conceito no Japão. É como se a psicologia humana , individual, fosse tragada por
um propósito comum essencial para a vida de todos, e não apenas de si mesmo. Talvez o modo
japonês de pensar nos descendentes e antepassados o faz compartilhar profundamente essa
tendência, independente de sua posição social. Depois do grande terremoto de Kanto no Japão em
1923 o termo “fukkou-keikaku” (plano de reconstrução) tornou-se bastante usual na administração e
também mais complexo, pois as cidades naquele momento já eram muito maiores do que no
passado. O tradicional planejamento (toshi-keikaku) não daria conta das inúmeras variáveis que a
cidade teria que resolver no pós-terremoto (AKIMOTO, 2012).
Planos de Reconstrução depois do Grande Terremoto do Nordeste Japonês
O terremoto de 11 de março de 2011 com Magnitude de 9,0 foi o maior já registrado na história do
Japão e o quarto maior registrado no mundo. Fica abaixo apenas para o Chile em 1960 (Magnitude
9,5), Alaska (EUA) de 1964 (Magnitude (9,2) e para o de Sumatra (Indonésia) em 2004 (Magnitude
(9,1).
O Conselho de Reconstrução
Logo após a catástrofe, foi criado um Conselho que visava traçar as diretrizes do processo
de reconstrução. Era formado por autoridades de vários setores da sociedade. Simultaneamente o
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governo japonês conclamava a toda a população num esforço conjunto para a reconstrução (fukkou)
segundo os princípios de solidariedade. O processo de reconstrução da área afetada seria também a
chave para um futuro mais prospero e renascimento do país. Desse modo, o governo japonês
precisava convocar um grupo consultivo de intelectuais, que geraria o então chamado “Conselho do
Projeto de Reconstrução em Resposta ao Grande Terremoto do Leste do Japão” (doravante: “O
Conselho”) para articulações e discussões sobre uma formulação de diretrizes para a reconstrução,
assim como a aplicação das opiniões e recomendações do Conselho para o desenvolvimento da
reconstrução (CABINET DECISION, 2011).
A estrutura desse Conselho seguia algumas recomendações:
1 - Que o Conselho fosse composto por membros, sob a indicação do Primeiro Ministro, que
tivessem grande conhecimento sobre reconstrução pós terremoto;
2 - O presidente desse conselho e o vice-presidente deveriam ser nomeados pelo Primeiro
Ministro;
3 - O conselho poderia formar grupos de estudo se necessário, no entanto apenas com membros
que possuíssem profundo conhecimento sobre reconstrução pós terremotos e fossem nomeados pelo
Primeiro Ministro;
4 - O líder dos grupos de estudos teria que ser nomeado pelo presidente do Conselho;
5 - O Primeiro Ministro poderia indicar um assessor para ajudar a orientar o Conselho quando
preciso.
O ofício com essas diretrizes foi publicado no dia 11 de abril de 2011, a exato um mês da
data que ocorreu a catástrofe. E a formação do conselho principal (The Reconstruction Design
Council in the Great East Japan Earthquake) logo foi publicada com os nomes do presidente e
vice-presidente, assim como outros integrantes representacionais, assim como segue:
Presidente: IOKIBE Makoto (Professor Emérito da Universidade de Kobe);
Vice-Presidente: ANDO Tadao (Architeto e Professor da Universidade de Tokyo)
Vice-Presidente: MIKURIYA Takashi (do Centro de Pesquisas para Avanço da Ciência e Tecnologia da Universidade de Tokyo).
Membros:
AKASAKA Norio (Professor da Universidade de Gakushuin University e Diretor do Museu de Fukushima);
UCHIDATE Makiko (escritor cênico)
ONISHI Takashi (Professor da Escola de Graduação em Engenharia da Universidade de Tokyo – Urbanista e Planejador
Regional).
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KAWATA Yoshiaki (Professor da Universidade de Kansai University, Ciência da Segurança, Diretor Executivo do Memorial do
Grande terremoto Hanshin-Awaji);
GENYU Sokyu Sacerdote do Templo de Rinzai Zen Fukujuji);
SATO Yuhei (Governador da Província de Fukushima);
SEIKE Atsushi (President de Universidade de Keio);
TAKANARITA Toru (Professor da Universidade de Sendai);
TASSO Takuya (Governor da Província de Iwate);
CHUBACHI Ryoji (Vice-Presidente da Sony Corporation)
HASHIMOTO Goro (Colunista Sênior do Jornal Yomiuri da Daily News Paper Company);
MURAI Yoshihiro Governador da Província de Miyagi);
Assessor Especial (Presidente Honorário): UMEHARA Takeshi (Filósofo)
Observa-se que entre esses membros existem uma ampla gama de profissões e atividades
distintas. Não são apenas governadores, planejadores urbanos, arquitetos, etc., mas também
participa um monge budista, empresário, além de escritor e filósofo. Paralelamente, o Conselho do
Projeto de Reconstrução do grande desastre de Tohoku de 2011 conta com um grupo de estudo
(Study Group of the Reconstruction Design Council in Response to the Great East Japan
Earthquake), formado em grande maioria por professores pesquisadores de várias áreas do
conhecimento, como pode se observar a seguir:
Presidente: IIO Jun (Professor do Instituto Nacional de Graduação em Ciências Políticas);
Vice: MORI Tamio (Presidente da Associação Japonesa dos Prefeitos das Cidades, Prefeito da cidade de Nagaoka);
Membros:
IGARASHI Takayoshi (Professor da Universidade de Hosei University);
IKEDA Masahiro (Gerente Executivo da Rede Colaborativa para Suporte do Grande Terremoto do Leste do Japão);
IMAMURA Fumihiko (Professor do Centro de Pesquisas em Controle de Disastres da Escola de Engenharia da Universidade de
Tohoku);
UETA Kazuhiro (Professor de Economia da Universidade de Kyoto);
OTAKE Kenichiro (Vice-Presidente e Direteror Representativo da Otsuka Holdings Co., Ltd);
GENDA Yuji (Professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Tokyo);
KONO Ryutaro (Chefe do Departamento de Pesquisas Econômicas da BNP Paribas Securities (Japan) Limited);
SAIGO Mariko (Planejador Urbano);
SASAKI Keishin (President&CEO, e-solutions,inc);
SHOBAYASHI Mikitaro (Professor do Colégio para Mulheres de Gakushuin);
SHIRAHASE Sawako (Professor da Escola de Graduação de Humanas e Sociologia da Universidade de Tokyo);
SHINJO Atsushi (Professor Associado da Faculdade de Ambiente e Estudos das Informações da Universidade de Keio);
TAKEMURA Shinichi (Professor de Arte de Design da Universidade de Kyoto);
DANNO Hisashige (Secretário Geral Adjunto do JTUC-RENGO);
BABA Osamu (Professor de Ciência Marinha e Tecnologia da Universidade de Tokyo);
HIROTA Junichi (Professor de Agronomia da Universidade de Iwate);
MOTANI Kosuke (Vice-Presidente Sênior do Grupo de Desenvolvimento Regional do Bank of Japan Inc.).
Os sete princípios para Reconstrução
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A política adotada pelo governo japonês logo após o desastre se orienta em sete princípios
importantes para uma um esforço da reconstrução conforme a pronunciação dos membros do
Conselho do Projeto de Reconstrução do Primeiro Ministro do Japão (RECONSTRUCTION
DESIGN COUNCIL, 2011):
Primeiro Princípio:
Segundo o Conselho de Reconstrução, o único ponto de partida possível é lembrar e honrar
as vidas perdidas. Florestas memoriais e monumentos deverão ser criados para
gravar o desastre para sempre. Devem ser tiradas lições para serem compartilhadas com o mundo.
Vale lembrar que, após Tohoku 2011, inúmeros marcos de pedra gravada foram encontradas
espalhadas pelo Japão. Mostravam o local até onde tsunamis haviam chegado na antiguidade.
Segundo Princípio:
A reconstrução deve ter como foco principal a comunidade, tendo em vista a amplidão da
área atingida e a diversidade de problemas na região. O processo de reconstrução segundo
Guideline gerais e a reorganização institucional será apoiada pelo governo.
Terceiro Princípio:
A recuperação de Tohoku está ligada às possibilidades de recuperação e reconstrução que
possa direcionar a força latente da região e direcionar para inovações tecnológicas. A nação deve se
empenhar para que no futuro, o potencial sócio econômico da região de Tohoku possa liderar o
Japão.
Quarto Princípio:
Preservar os fortes laços de união dos moradores locais e construir comunidades seguras,
resilientes a desastres. Ao mesmo tempo, criar alternativas de fontes de energia não nuclear.
Existem planos de construção de usinas de energia solar e eólica na região.
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Quinto Princípio:
A região de Tohoku constitui importante pólo automobilístico e pesqueiro. Assim, o quinto
principio fala da necessidade de reconstrução simultânea da região e a revitalização da economia do
país.
Sexto Princípio:
O acidente nuclear na Usina de Tohoku transformou uma grande área em não habitável. A
radiação carregada para o mar afetou a indústria pesqueira e os ventos levaram a radiação a norte e
oeste, restringindo o consumo de arroz e hortifruti produzidos na região. Recente noticiário divulga
que o Japão irá eliminar todas as usinas nucleares até 2030. Todavia, o problema deve se prolongar
por décadas.
Sétimo Princípio:
A catástrofe de Tohoku afetou a vida de todos os japoneses. O processo de reconstrução
(fukkou) deve levar em consideração, ser permeado pelos laços de solidariedade da comunidade
(kizuna) .
Esforços para Reconstrução: O informativo do Conselho do Projeto de Reconstrução “Towards Reconstruction: Hope beyond the Disaster”
Em 25 de junho de 2011 o Conselho de Reconstrução e do Grupo de Estudos apresentou ao
Primeiro Ministro um informativo técnico. Trazia os procedimentos para o processo de construção
com as ações a serem desenvolvidas.
O informativo de 56 páginas é dividido em quatro capítulos: I) uma nova visão para
reconstrução da região; II) restauração da vida cotidiana e da terra natal; III) cuidados com o
acidente nuclear; e por fim IV) abertura das reconstruções em consonância com o mundo, em
busca de novos mecanismos energéticos e preventivos contra novos tsunamis e terremotos. Vejamos
o conteúdo principal desses capítulos em resumo.
I) Nova Visão para a Reconstrução da Região
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O Conselho enfatiza que a comunidade precisa estar inteiramente envolvida no processo e
que a ajuda entre os sobreviventes é fundamental para a reconstrução. E, principalmente, que é
preciso escutar as pessoas envolvidas.
Ao considerar a revitalização de regiões devastadas, seria importante em primeiro lugar
ouvir as vozes das pessoas que foram afetadas e proporcionar-lhes a possibilidade de reforçar os
laços de comunidade (kizuna). O fortalecimento de linhas de comunicação é essencial para que as
pessoas possam transmitir seus desejos e aspirações. Uma grande rede de comunicação poderia ser
formada a partir de associações de pessoas e organizações, desempenhando papel fundamental na
revitalização. (RECONSTRUCTION DESIGN COUNCIL, 2011, p. 11)
A união e o fortalecimento dos laços de comunidade, representada pela palavra kizuna seria
portanto a força motriz na reconstrução. Antecede até mesmo a necessária retirada dos escombros.
Outro tema importante é o chamado disaster reduction ou a redução de riscos no caso de
desastres como o terremoto e tsunami. É preciso pensar em métodos de sobrevivência nos primeiros
dias, rotas seguras de fuga, quebra mares resistentes e equipamentos e ferramentas multi uso para
casos de emergência. Mais que isso, a prevenção e a rápida ação pós desastre deve fazer parte do
cotidiano na cultura e educação da população.
O Conselho direcionou seus esforços em um conceito de "redução de desastres", que
certamente deveria se concentrar nas pessoas, com medidas que vão além de uma dependência
exclusiva de estruturas costeiras defensivas. Em vez disso, deveriam engajar na educação completa
de prevenção de desastres fundada sobre o conceito fundamental de fuga e desenvolver mapas de
risco e de rotas de emergência. Além disso, seria necessário mobilizar tanto as medidas de infraestrutura baseadas e orientada para as pessoas em conjunto, incluindo a integração do uso do solo e
normas de construção que efetivaria a devida atenção aos riscos de desastres. A reconstrução da
região exigiria que todos fossem solidarios e reforçassem o senso de comunidade
(RECONSTRUCTION DESIGN COUNCIL, 2011, p. 12).
As necessidades da comunidade devem ser priorizadas na reconstrução e ao mesmo tempo
deve também estar em conformidade com a visão orientada para o futuro. Embora levando em conta
as mudanças estruturais do Japão, incluindo o envelhecimento e a gradativa redução da população
nas provincias proximas, a região de Tohoku pode ter um papel preponderante na reestruturação
economica do país.
A reconstrução das regiões deveria, portanto, prosseguir com vista a criar núcleos de cidades
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ou vilas, que tenderiam a dar atenção outros fatores: infraestrutura, paisagens, ambiente, transporte
público de conservação de energia, e segurança. Além disso, essas medidas deveriam procurar de
imediato atender as reconstruções de regiões que são auto-suficientes e que tem potencial para criar
valor econômico e cultural. Pois, dessa maneira, as cidades menores teriam melhores mecanismos
para se reconstruir (RECONSTRUCTION DESIGN COUNCIL, 2011, p. 13).
A discusão entre habitar áreas mais elevadas, provavelmente apareça pela primeira vez nesse
documento que inicia as atividade do conselho. E as argumentações entram em conflito muito mais
pelas atividades econômicas do que por tendências culturais. A preferência de habitar lugares altos é
sem dúvida o desejo de muitos, no entanto grande parte da economia, principalmente a da pesca e
da produção de derivados do mar, necessitam ter suas atividades junto ao litoral, o que faz existir
uma importante discussão no processo de reconstrução.
Embora o objetivo deva ser o de se mudar para um lugar mais alto, dadas as questões de
aquisição de terrenos adequados e as necessidades comerciais, tais como os da indústria da pesca,
ainda seria inevitável a utilização de áreas à beira mar. Nesses casos, dada a possibilidade de danos
no caso de um grande tsunami, seria importante, segundo o Conselho, implementar o uso da terra
integrado e os regulamentos de construção. Somente as funções industriais que são absolutamente
necessárias estariam localizadas nessas áreas. É necessário também uma consideração ativa para
elevar terra em aterros e em desenvolvimento e melhorar as funções de rotas de evacuação com
base em planos de evacuação adequados, bem como o desenvolvimento de edifícios de evacuação,
entre outros. (RECONSTRUCTION DESIGN COUNCIL, 2011, p. 14).
A região de planícies costeiras sofreu grandes danos devido à inundação do tsunami. O
impacto foi grande também aos agricultores. Em tais áreas, seria necessário, segundo o conselho,
não apenas construir enormes diques para proteção, mas implementar uma combinação de medidas,
incluindo o desenvolvimento de novos aterros de areia ao longo da costa e também no interior, bem
como restrições à ocupação. Essas medidas seriam baseadas em barreiras mais seguras e a garantia
de infra-estrutura de transportes.
Aos moradores o deslocamento de moradias para areas mais seguras no interior e diques
seriam fundamentais. No caso de moradias mais proximas do mar, é essencial a implantação em
locais seguros e que existam rotas seguras de fuga além de edificações refugio, baseadas em
criterioso planejamento. Além disso, devem ser dadas medidas de apoio à comunidade para garantir
a revitalização das áreas agrícolas e a segurança dos assentamentos de sobreviventes, já então
existentes (id. ibidem. p. 15).
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II. Restauração da Vida Cotidiana e da Terra-Natal
Por outro lado, o Conselho tinha em mente que a revitalização da região só se tornaria
possível quando as condições que estão em vigor possam garantir a sobrevivência e emprego. Do
ponto de vista dos meios de sobrevivência, seriam prioridade os serviços de cuidados comunitários
abrangentes" (pronto socorros, hospitais, mercados, igrejas, etc.) e a "expansão das funções da
educação".
As prioridades de saude e atendimento médico, assim como enfermagem e assistência social
deveriam ser oferecidos urgentemente e de maneira integral aos sobreviventes e também contribuir
à criação de empregos. Profissionais de alta especialização em vários campos da medicina deveriam
ser alocados para a região do desastre, desempenhando importante papel no desenvolvimento da
comunidade. Esta iniciativa, além de suporte à região serviria de modelo para serviços de
atendimento integral da comunidade e poderia ser, eventualmente, implementada para todo o país
(id. ibidem. p. 21).
Do ponto de vista do conceito de "redução de desastres", fortalecer as funções das
instalações escolares também é importante. Estas instalações devem ter centros de evacuação e
estações de prevenção de desastres. Nessa perspectiva, as escolas precisam ter funções avançadas
como instalações chave das novas comunidades.
Através da "redução de desastres e educação para a prevenção de desastres", os professores,
bem como das crianças e estudantes e moradores locais, deveriam ter conhecimento das
características geográficas das suas comunidades e aprender a rota de "fuga" no caso de uma
emergência. Esta educação iria promover forte "kizuna" ou vínculos interpessoais na região. Além
disso, segundo o Conselho, tem o potencial para contribuir para a restauração da cultura na região.
O desenvolvimento das escolas como instalações focais das comunidades também teria promissor
potencial para a aplicação em larga escala (id. ibidem).
Outro ponto importante levantado para revitalização do cotidiano das pessoas é a cultura,
pois o desastre triplo do terremoto, tsunami e nuclear causou danos culturais na região de Tohoku.
No entanto, as culturas das comunidades geralmente não desenvolvem apenas em circunstâncias
favoráveis. É em tempos de adversidade que a força subjacente das culturas das comunidades é
posta à prova.
Um exemplo é mencionado pelo Conselho. Um festival num pequeno vilarejo foi capaz de
atrair muitas crianças de fora da comunidade, voltando a ser um atrativo. Novamente a palavra
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chave é laços de união (kizuna). Com o apoio dos governos nacional, provincial, municipal,
segundo oCconselho, iria permitir aos membros da comunidade uma reconfirmação da
profundidade do significado da palavra kizuna. No processo de restauração da cultura nas
comunidades, as pessoas tenderiam a se unir novamente e assim recuperar a motivação. Neste
contexto, as culturas das comunidades ajudará as pessoas lembrarem de suas raízes e ambientes
históricos, reforçando o sentimento de furusato (terra-natal) (id. ibidem, p. 25).
III. Cuidados com o Acidente Nuclear
Outro fator importante é a grande área desapropriada para a retirada dos habitantes, devido à
contaminação radioativa causada pela explosão de um dos reatores nucleares da usina de
Fukushima.
Há um medo imensurável na dimensão e alcance do acidente nuclear em Tohoku. Em adição
a isso, as pessoas estão vendo os eventos como se eles fossem um flashback das bombas atômicas
em Hiroshima e Nagasaki, que marcou o início do período pós-guerra. O acidente nuclear de
Fukushima tende a marcar o início do período pós-desastre. Isso despertou rumores sobre o mito da
"segurança" da energia nuclear. Nesse sentido, para o conselho, a crença de que uma acidente
nuclear não poderia ocorrer era mais convincente do que o caso de um terremoto e tsunami. Os
programas nucleares eram até então considerados seguros e de grande utilidade (id. ibidem, p. 37).
Uma indenização deveria ser paga moradores da região afetada pelo desastre (incluindo
empregadores) de forma rápida, justa e adequada. Além disso, pagamentos provisórios dos fundos
econômicos do Japão deveriam, segundo o Conselho, ser feitos rapidamente.
Algumas medidas especiais seriam necessárias para manter as comunidades locais e as
pessoas de áreas evacuadas e são incapazes de voltar para suas cidades de origem e aldeias.
Respostas institucionais e fiscais destinadas a manter o serviço administrativo e funções básicas da
sociedade para os residentes em áreas do governo local que foram forçados a mudar e ser
reimplantadas devido a terem antes estabelecimento nas zonas de evacuação seriam, do ponto de
vista do conselho, também extremamente importantes.
A Prefeitura de Fukushima foi colocada sob condições extremamente difíceis com relação à
revitalização e reconstrução da região. O governo nacional deveria nesse caso continuamente e
responsavelmente trabalhar com o renascimento e a reconstrução de uma perspectiva de longo
prazo, incluindo a integração de sistemas do governo nacional para lidar com a reconstrução após o
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acidente nuclear e do desenvolvimento da legislação necessária (id. Ibidem, p. 39).
Nesse processo de reconstrução, as províncias não podem estar isoladas e fechadas. Por essa
razão, o conselho expõe um sistema de política que permite intervenção direta de outras instâncias
do país, e além de ações colaborativas de diversas naturezas.
IV. Reconstrução de todo um País
As ajudas dos outros países e Ong’s para os afetados do desastre foram notáveis.
No processo, o conselho recomendou a intervenção direta de voluntários e outras pessoas de
diversas modalidades, para garantirem os recursos de assistência imediata aos sobreviventes e
feridos.
O conceito adotado pelo conselho de “Open Reconstruction” (reconstrução aberta,
literalmente) envolve a divulgação de várias atividades criativas de reconstrução, não apenas nas
áreas afetadas, mas também em todo o Japão e em todo o mundo. Os processos de reconstrução
após uma catástrofe em países desenvolvidos podem servir como um modelo forte de sobrevivência
para pessoas ao redor do mundo. Além disso, palavras como "voluntário", "ajuda mútua" e
"inclusão social" agora poderiam realmente apontar para a realidade emergente. Benefícios
individuais e sociais, bem como novas formas de contribuição que cruzam as fronteiras nacionais
estão se tornariam ainda mais evidente dia-a-dia de reconstrução. Aqui, um reforço que a
reconstrução simboliza um recomeço inovador. A idéia de laços de união (kizuna) é incorporado em
todas estas palavras de ação ligando as pessoas com as outras, e a oportunidade surgeria também
para a inclusão daqueles que não tinham um lugar "e papel social" e assim foram anteriormente
excluídos. No entanto, a melhoria significativa das ajudas nesse começo em quantidade e qualidade
das atividades voluntárias seria possível somente com o surgimento de coordenadores efetivos de
voluntários que serveriam como ligações entre os voluntários e as áreas afetadas pelo desastre (id.
Ibidem, p. 40).
Esse modelo de reconstrução seria a possibilidade de erradicar as diferenças sociais entre as
regiões do Japão e motivaria outras regiões adotarem para diminuir o processo de exclusão social
por fartores ecônomicos ou por idade das pessoas.
O Japão sempre teve o objetivo de se tornar uma sociedade que valoriza a atividade ao longo
da vida, em que as pessoas com motivação e capacidade de trabalho são capazes de exercer suas
habilidades independentemente da idade. Nesse sentido, a criação de um modelo abrangente de
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emprego na região afetada pelo desastre com base na atividade de idosos abriria o caminho para um
estado ideal no Japão no futuro. Em suma, o modelo de reconstrução para as áreas afetadas pelo
desastre serve como um guia para o futuro de todo o país. Além disso, o desenvolvimento das áreas
afetadas pelo desastre também serve como um modelo para a erradicação das diferenças regionais
(id. Ibidem, p. 41).
A economia do povo japonês foi atingida pela crise e pelo terremoto, e dessa forma era
preciso melhorias em produtividade de alto valor agregado. Para esse efeito, além de se concentrar
indústrias e tecnologias, também era importante, na visão do Conselho, revitalizar indústrias
relacionadas aos estilos de vida de marcas que estão à frente dos tempos. Quando os turistas trazem
produtos relacionados às necessidades básicas da vida que combinem como uma ligação com a
cultura local e os gostos das pessoas de fora da região, esses produtos tornam-se marcas e estilos de
vida. A região de Tohoku, que tem sido apoiado pelas tradições que remontam à era Jomon, tem a
base e fundamento para gerar esses novos estilos de vida (ibidem).
O caráter da paisagem de Oku Matsushima
O conjunto de duzentos e sessenta ilhas de Matsushima na região de Tohoku é reconhecida
como uma das três paisagens cênicas nacionais do Japão. As outras duas são Amanohashidate e
Miyajima. Segundo Saito (2002) a definição de paisagens cênicas nacionais reforça a identidade de
um povo. A única restrição seria de que, ao valorizar esses locais as pessoas tendem a negligenciar
outros pontos de qualidade paisagística.
Afirma-se que a definição de Matsushima ou conjunto de ilhas como paisagem cênica
firmou-se a partir do século XVIII, sendo a partir de então retratadas por artistas e na literatura. Os
poemas haiku do poeta Matsuo Basho no século XIX reforçaram a popularidade do local como
ponto de visitação.
Um dos pontos panorâmicos importantes é o alto da Ilha de Miyato com altitude de 105
metros. Dali pode-se avistar o conjunto de centenas de ilhotas escarpadas com pinheiros no topo.
Na ilha maior, Miyato, estão alguns vilarejos ocupando as poucas áreas à beira-mar com relevo
favorável.
5 a 8 de Nov. de 2012, Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, Guarapuava – PR. – ISSN: 2175-232X
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Figura 1 – A paisagem de ilhas escarpadas com pinheiros no topo, na baía de
Matsushima
Fonte: Imagens Google 2012
A ilha de Oku Matsushima fica na extremidade norte da Baía de Matsushima. É a maior do
arquipelago e uma parte fica voltada para o mar aberto. Essa parte da ilha tinha vários vilarejos
tradicionais à beira mar que foram completamente destruídos pelo tsunami de 2011.
Devido à peculiaridade do relevo, bastante acidentado, os vilarejos procuravam ocupar os
poucos sítios favoráveis à implantação. Uma rede intrincada de estradas interligava os vilarejos e
dava acesso ao continente. Uma estrada no topo da ilha abrigava a escola e os correios, mas não era
a principal.
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Figura 2 – A localização da baía de Matsushima na região Nordeste do Japão
Fonte: Imagens Google
Elaboração: KG
Sua posição é na entrada da baía, tendo o oceano Pacífico em uma de suas extremidades.
Justamente esse lado da ilha foi completamente destruído pelo tsunami de março de 2011
(KOBAYASHI, 2012). Após o terremoto seguido de tsunami há uma tendência das pessoas que
foram afetadas, de procurarem morar em lugares mais altos, como morros e montanhas. No caso de
Oko-Matsushima pode-se dividir em duas áreas de análise, a ilha de Miyato e a península de
Nobiru.
As ondas do Tsunami nessa área atingiram dez metros e destruíram muitas coisas, plantações
e colheita de algas e peixes. A vila de Tohna foi completamente destruída (KOBAYASHI, 2012).
Desse modo, pode-se pensar o quanto foi afetada a normalidade natural entre as espécies que ali
estabeleciam seus ecossistemas, além da vida social humana ter sido completamente destruída. As
ondas do tsunami não levaram apenas entulhos, mas também a história e a paisagem cultural
daquela localidade. O canal de Tohna Unga, por exemplo, que foi construído em 1884 para ligar o
trafego de navios do Oceano Pacífico com o porto internacional de Nobiru, também sofreu estragos
até mesmo maiores do que os causados por um tufão no ano de sua inauguração, que o deixou três
anos em restauração (KOBAYASHI, 2012).
O pesquisador Keiichi Kobayashi da Universidade de Tohoku propõe intervenções baseadas
no estudo de transformação da paisagem em mapas históricos e a identificação de pontos
tradicionais de visualização de paisagens cênicas.
Sua proposta se define em estabelecer uma ocupação fixa no centro da ilha em lugares mais
elevados, deixando as margens isoladas para a recuperação natural pela ação do tempo, e se justifica
em uma linha temporal explicativa que expõe as alterações históricas já ocorridas na localidade
como fundamento para naturalização da mudança em frente aos pensamentos conservadores.
(KOBAYASHI, 2012).
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Figura 3 – Proposta de Reconstrução de Oku-Matsushima por Kobayashi.
Uma estrada axial no topo da ilha interliga antigas estradas, permanecendo
os pontos de maior atratividade.
Fonte: KOBAYASHI, 2012, p. 12
Por fim Kobayashi ressalta a importância do estudo do passado nas decisões do presente e
do futuro. Pensamentos divergentes em tempos diferentes sugerem perspectivas distintas. Para
tanto, apresenta como reflexão final três pontos (KOBAYASHI, 2012, p. 11):
1. Para projetar o futuro é preciso olhar para o passado e ajustar a escala de tempo na
ordem das mudanças históricas;
2. É preciso também ter uma noção de várias visões do futuro de acordo com as
diferentes escalas temporais;
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3. Esses processos de consonância temporal esclarecem o significado do agora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um terremoto seguido de tsunami e acidente nuclear, ocorrido em março de 2011, devastou
em instantes a paisagem da região. Apagou as referencias naturais e culturais e tornou inacessível
parte da região de Matsushima, no Nordeste do Japão. A região é conhecida por abrigar uma das
três paisagens cênicas naturais do Japão. Destruiu-se assim o furusato (terra natal) de milhares de
pessoas.
O plano de reconstrução de Tohoku 2011 previa diretrizes e princípios em que a palavra
chave é a solidariedade, comunicação e a construção de uma sociedade altamente tecnologica e que
possa depender de fontes alternativas de energia.
Paralelamente ao processo de reconstrução, algumas iniciativas preveem a reconstrução da
paisagem da terra natal. É o caso de Oku Matsushima onde um projeto não oficial procura através
de metodologia de analise que leva em consideração as transformações históricas apreendidas em
mapas historicos, fazem proposta de recuperação .
O estudo de caso de Tohoku 2011 mostra a importancia de ações imediatas, a criação de
conselhos com representantes de vários setores da comunidade, juntamente com uma equipe tecnica
capaz de apresentar principios e diretrizes com variaveis que se modificam a cada tempo.
A preocupação com a recuperação da paisagem cênica de Matsushima juntamente com a
paisagem do cotidiano da terra natal - furusato mostra a amplitude e as possibilidades de projetos
frente a desastres desta natureza.
Agradecimentos
Esta pesquisa foi desenvolvida através da Bolsa Doutorado da Capes (Kelton Gabriel) e pelo
auxilio bolsa pesquisa do CNPq (Humberto Yamaki).
REFERÊNCIAS
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to the Great East Japan Earthquake. XV INTERNATIONAL PLANNING HISTORY SOCIETY
CONFERENCE. São Paulo, Jul. 2012.
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the Great East Japan Earthquake. Publicação Oficial Governo Japonês, 11 abril de 2011.
KOBAYASHI, Keiichi. A REGIONAL DESIGN SURVEY AND PLANS FOR A REVIVAL
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DISASTER OF MARCH, 2011. XV INTERNATIONAL PLANNING HISTORY SOCIETY
CONFERENCE. São Paulo, Jul. 2012.
MEINIG,D; Simbolic Landscapes in The interpretation of ordinary landscape, D.Meinig org.;
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