Logística Reversa – Abordagem Ambiental
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Logística Reversa – Abordagem Ambiental
LOGÍSTICA REVERSA Luiz Alberto Nogueira Morato - 2012 Unidade III – ABORDAGEM AMBIENTAL Objetivo Prezado Aluno (a), Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: - Compreender a importância da questão ambiental; - Estabelecer a relação entre a Logística Reversa e os aspectos ambientais. 52 3.1. Legislação Ambiental no Mundo e no Brasil Alguns canais reversos se organizam por se mostrarem rentáveis economicamente pela natureza do produto logístico, suas condições tecnológicas de reutilização ou transformação. Outros canais, porém, mostram-se pelas leis naturais do mercado pouco rentáveis. Assim quando alguns desses canais apresentam um desequilíbrio com impacto ambiental entre o fluxo direto e o reverso ocorre uma intervenção governamental em forma de leis, muitas vezes exigida pela sociedade. A legislação ecológica / ambiental encontra-se em diferentes estágios nos diversos países e envolvem diferentes aspectos do ciclo de vida útil de um produto, desde a fabricação e o uso de matérias-primas até sua disposição final ou a dos produtos que o constituem. Novos princípios de proteção ambiental estão sendo formados em diversos países desenvolvidos, tal como, o de EPR (Extended Product Responsability ou Responsabilidade Estendida do Produto) que preconiza a idéia de que o produtor ou a cadeia industrial deve ter a responsabilidade pelo seu produto até a decisão correta do seu destino após o seu uso original. Alguns desses novos conceitos em legislação ambiental são apresentados abaixo: • Restrições a respeito de aterros sanitários e incineradores: proibição de novos aterros sanitários em muitos estados americanos ou proibição de disposição em aterros sanitários de certos produtos. • Implantação de coleta seletiva domiciliar ou comercial. • Responsabilidade do fabricante sobre o canal reverso de seus produtos (“product take back”): legislação no Japão em 1997 impôs a obrigatoriedade para a indústria automobilística de organização de rede reversa de reciclagem. Em julho de 1996 França. Alemanha e Holanda em acordo entre governos estabelecem que a responsabilidade de coleta, reciclagem ou do reaproveitamento dos automóveis descartados pela sociedade fosse para os fabricantes de automóveis. 53 • Uso de selos verdes para identificar produtos “amigáveis” ao meio ambiente, produtos de pós-consumo que podem ou não ser depositados em aterros sanitários, restrição ao uso de produtos com conteúdos de matérias-primas secundárias, etc. • Valor monetário depositado na compra de certos tipos de embalagens. • Índices mínimos de reciclagem: alguns estados dos EUA adotam a obrigatoriedade do equilíbrio de produção e reciclagem. Outros possuem legislação específica incentivando o uso de produtos fabricados com materiais reciclados. Alguns adotam um sistema tributário especial para os diversos elos da cadeia reversa. Nos EUA existem três grandes grupos de leis ambientais: sobre a disposição final dos produtos e sistemas de coletas. As leis que incentivam o mercado a usar produtos com algum índice de reciclagem, regulamentando os selos verdes ou incentivos financeiros e, em forte intensidade, as leis relativas à redução de resíduos sólidos na fonte e interdição de produtos com alto impacto ambiental. Os governos locais são responsabilizados para equacionar os problemas. Na Europa as leis tendem a responsabilizar os produtores e demais agentes da cadeia produtiva direta pelos problemas e estruturação dos canais reversos de seus produtos. O ônus da coleta seletiva e da redução de resíduos sólidos recai sobre os produtores. No Japão é um dos países mais desenvolvidos em reciclagem de materiais, porém, com baixa intervenção governamental em relação à índices de reciclagem, apesar de apresentar os maiores índices de reciclagem do mundo, em torno de 60% na maioria dos materiais recicláveis, como papel, embalagens, baterias, etc. No Brasil foi criado em 1998 o Programa Brasileiro de Reciclagem pelo Ministério da Indústria e Comércio para propor uma legislação e diretrizes na área. Vários aspectos envolvendo logística reversa de pós-consumo estão sendo tratados em propostas de lei no congresso. 54 Início da certificação ambiental Desde 1977 começa a preocupação com a certificação ambiental. A partir dessa iniciativa alemã, com o rótulo ecólogico : Anjo Azul, deu-se a contrapartida para informar o consumidor sobre os produtos de vista ambiental. Anjo Azul – Blauer Engel 55 Selos ambientais e selos verdes 56 Certificação ambiental pelo mundo Certificado Ambiental da Comunidade Européia Certificação de produtos 100% orgânicos Ponto Verde – potencial de reciclagem 57 Certificação ambiental pelo mundo Selo Verde de Taiwan Selo Verde do Canadá Certificado Ambiental dos Países Nórdicos Selo Verde da Nova Zelândia Selo Verde de Singapura Selo Verde Norte Americano 58 3.2. Marketing Verde O termo marketing verde, ecológico ou ambiental, surgiu nos anos setenta, quando a AMA (American Marketing Association) realizou um Workshop com a intenção de discutir o impacto do marketing sobre o meio ambiente. Após esse evento o Marketing Ecológico foi assim definido: “O estudo dos aspectos positivos e negativos das atividades de Marketing em relação à poluição, ao esgotamento de energia e ao esgotamento dos recursos não renováveis.” O Marketing Verde ou Marketing Ecológico é a parte do Marketing que proporciona campanhas e ações que terão como objetivo final a redução dos impactos de degradação ao meio ambiente. Ao adotar o marketing verde, a organização deve informar a seus consumidores acerca das vantagens de se adquirir produtos e serviços ambientalmente responsáveis, de forma a estimular e despertar o desejo do mercado por esta categoria de produtos. O marketing moderno consiste em criar e ofertar produtos e serviços capazes de satisfazer os desejos e necessidades dos consumidores. No marketing verde, os consumidores desejam encontrar a qualidade ambiental nos produtos e serviços que adquirem. Percebemos assim, que nenhum esforço por parte das empresas tem sentido, se os consumidores insistirem em continuar consumindo determinados bens que agridam a natureza. Como há muito a questão ambiental deixou de ser apenas uma onda verde e romântica, abrem-se inúmeras oportunidades para utilização de estratégias de sensibilização de seus clientes da importância de inserir suas empresas no chamado Desenvolvimento Sustentável. Com isso a entidade a que serve perseguirá simultaneamente situação de responsabilidade socioeconômica viável, linha de ação socialmente justa e prudência ecológica. Nada mais honesto, transparente e oportuno do que sejam abertos os olhos dos clientes, fornecedores, para a vantagem competitiva advinda da adoção de um Sistema de Gestão 59 Ambiental e de uma Certificação Ambiental (da série ISO 14.000), com a conseqüente tornar público através do Balanço Social, de todos os esforços que a empresa vem empreendendo no sentido de preservar o Meio Ambiente. Dentre os tipos de marketing, o marketing verde pode ser considerado por muitos, como modismo, uma tendência passageira, mas o dia-a-dia tem provado exatamente o contrário, que o marketing verde será uma ferramenta imprescindível para a maioria das empresas, dos mais variados segmentos do mercado, que terá em um futuro próximo o seu lugar dentro do planejamento estratégico das organizações. O problema de descarte do produto depois do consumo sempre existiu, mas agora se torna crítico a partir do aumento das preocupações ambientais por parte dos consumidores, pode ser divida a possibilidade de descarte em três categorias: descarte direto, reciclagem e remarketing. O descarte direto, mais comum, ocorre quando o produto ou as sobras deste são simplesmente abandonadas na natureza, indo parar nos lixões ou aterros sanitários. A reciclagem ocorre quando os produtos ou parte deles são reutilizados ou reaproveitados em um novo processo produtivo, aumentando sua vida útil e reduzindo a extração de produtos naturais e o remarketing que ocorre na forma de venda de produtos usados, tais como roupas e carros, entre outros. A reciclagem tem obtido cada vez mais adesão entre as empresas e os consumidores e tem sido bastante estimulada pela mídia através de campanhas vinculadas à educação ambiental. Desde produtos simples, como plástico, papel e papelão, até produtos mais complexos, como automóveis, várias têm sido as experiências. Dessa forma, e tendo em vista o conjunto de suas ações em diferentes frentes, a empresa não só busca assinalar para o consumidor a sua preocupação com o meio ambiente, como também procura mostrar que seus produtos podem ser reciclados de forma a não agredir o meio ambiente. 60 Campanhas ecológicas, todas elas baseadas no Marketing verde são cada vez mais freqüente, e buscam não só conscientizar os clientes sobre a importância da preservação de nossos recursos naturais, mas principalmente demonstrar para a sociedade quão estão ecologicamente preocupadas essas organizações. Ao promover a logística reversa, a empresa estará implicitamente promovendo ações de marketing verde, pois a logística reversa tem como um dos seus principais objetivos aumentar a vida útil dos produtos ou dos seus componentes, ou seja, alongar a vida dos produtos após o seu uso, utilizando o principio do 4RD (Reutilizar, Reciclar, Remodelar, Recondicionar e Descartar). SKATE ECOLOGICAMENTE CORRETO Batizado de 'Folha Seca', o skate é feito de camadas de laminado de pupunha e bambu orgânico, manta de fibras naturais e sintéticas unidas com adesivo vegetal. Desde o princípio, o produto foi festejado. Em 2008, foi finalista da Volvo SportsDesign e material vencedor do iF Design Awards. Patrocinado pela International Forum Design de Hannover, na Alemanha, esse concurso é reconhecido mundialmente como um dos mais importantes do design industrial. Temos ainda a associação embora discreta de outro tipo de marketing, que é o marketing do pós-venda, que ainda no Brasil está engatinhando, mas a Logística reversa deverá incrementar seu uso e dar mais visão para esse tipo de marketing. 61 3.3. Gestão Ambiental A Gestão Ambiental é a administração do exercício de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais, renováveis ou não. A gestão ambiental deve visar o uso de práticas que garantam a conservação e preservação da biodiversidade, a reciclagem das matérias-primas e a redução do impacto ambiental das atividades humanas sobre os recursos naturais. Fazem parte também do arcabouço de conhecimentos associados à gestão ambiental técnicas para a recuperação de áreas degradadas, técnicas de reflorestamento, métodos para a exploração sustentável de recursos naturais, e o estudo de riscos e impactos ambientais para a avaliação de novos empreendimentos ou ampliação de atividades produtivas. A prática da gestão ambiental introduz a variável ambiental no planejamento empresarial, e quando bem aplicada, permite a redução de custos diretos pela diminuição do desperdício de matérias-primas e de recursos cada vez mais escassos e mais dispendiosos, como água e energia - e de custos indiretos - representados por sanções e indenizações relacionadas a danos ao meio ambiente ou à saúde de funcionários e da população de comunidades que tenham proximidade geográfica com as unidades de produção da empresa. Um exemplo prático de políticas para a inserção da gestão ambiental em empresas tem sido a criação de leis que obrigam a prática da responsabilidade pósconsumo. À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade de se preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o meio empresarial a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de maneira mais racional. O próprio mercado consumidor passa a selecionar os produtos que consome em função da responsabilidade social das empresas que os produzem. Desta forma, surgiram várias certificações, tais como as da família ISO14000, que atestam que uma determinada empresa executa suas atividades com base nos preceitos da gestão ambiental. 62 3.4. ISO 14000 3.5. Resíduos sólidos ISO 14000 é uma série de normas desenvolvidas pela International Organization for Standardization (ISO) e que estabelecem diretrizes sobre a área de gestão ambiental dentro de empresas. Resíduos sólidos constituem aquilo que genericamente se chama lixo: materiais sólidos considerados sem utilidade, supérfluos ou perigosos, gerados pela atividade humana, e que devem ser descartados ou eliminados. Os impactos ambientais gerados pelo desenvolvimento industrial e econômico do mundo atual constituem um grande problema para autoridades e organizações ambientais. No início da década de 90, a ISO viu a necessidade de se desenvolverem normas que falassem da questão ambiental e tivessem como intuito a padronização dos processos de empresas que utilizassem recursos tirados da natureza e/ou causassem algum dano ambiental decorrente de suas atividades. No ano de 1993, a ISO reuniu diversos profissionais e criou um comitê, intitulado Comitê Técnico TC 207 que teria como objetivo desenvolver normas (série 14000). O conceito de "lixo" pode ser considerado como uma invenção humana, pois em processos naturais não há lixo. As substâncias produzidas pelos seres vivos e que são inúteis ou prejudiciais para o organismo, tais como as fezes e urina dos animais, ou o oxigênio produzido pelas plantas verdes como subproduto da fotossíntese, assim como os restos de organismos mortos são, em condições naturais, reciclados pelos decompositores. Por outro lado, os produtos resultantes de processos geológicos como a erosão, podem também, a um escala de tempo geológico, transformar-se em rochas sedimentares. 63 Embora o termo lixo se aplique aos resíduos sólidos em geral, muito do que se considera lixo pode ser reutilizado ou reciclado, desde que os materiais sejam adequadamente tratados. Além de gerar emprego e renda, a reciclagem proporciona uma redução da demanda de matériasprimas e energia, contribuindo também para o aumento da vida útil dos aterros sanitários. Certos resíduos, no entanto, não podem ser reciclados, a exemplo do lixo hospitalar ou nuclear. Tipos de resíduos Resíduos orgânicos - O chamado lixo orgânico tem origem animal ou vegetal. Nessa categoria inclui-se grande parte do lixo doméstico, restos de alimentos, folhas, sementes, restos de carne e ossos, etc. Quando acumulado ou disposto inadequadamente, o lixo orgânico pode tornar-se altamente poluente do solo, das águas e do ar. Ademais, a disposição inadequada desses resíduos cria um ambiente propício ao desenvolvimento de organismos patogênicos. O lixo orgânico pode entretanto ser objeto de compostagem para a fabricação de adubos ou utilizado para a produção de combustíveis como biogás, que é rico em metano. Outros resíduos - Resíduos de plásticos, metais e ligas, vidro, material de construção etc. quando lançados diretamente no ambiente, sem tratamento prévio, demoram muito tempo para se decompor. O plástico por exemplo, é constituído por uma complexa estrutura de moléculas fortemente ligadas entre si, o que torna difícil a sua degradação e posterior biodigestão por agentes decompositores (primariamente bactérias). Para solucionar este problema, diversos produtos industrializados são biodegradáveis. Lixo tóxico - Lixo nuclear e hospitalar entram nesta categoria. Esses resíduos precisam receber tratamento especial, antes da disposição final, de modo a evitar danos ambientais e à saúde das pessoas. O lixo nuclear deve ser isolado, enquanto lixo hospitalar deve ser incinerado. 64 3.6. Disposição final 3.6.1. Lixões "Lixão", vazadouro ou descarga de resíduos a céu aberto é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. No "lixão" não há nenhum controle quanto aos tipos de resíduos depositados. Resíduos domiciliares e comerciais de baixa periculosidade são depositados juntamente com os industriais e hospitalares, de alto poder poluidor. A presença de catadores, que geralmente residem no local, e de animais (inclusive a criação de porcos), os riscos de incêndios causados pelos gases gerados pela decomposição dos resíduos constituem riscos associados aos lixões. 3.6.2. Incineração Depois da queima, resta um material que pode ser encaminhado para aterros sanitários ou mesmo reciclado. É recomendada a reutilização racionalizada dos materiais queimados para a confecção de borracha, cerâmica e artesanato. Com a incineração é possível uma redução do volume inicial de resíduos até cerca de 90% através da combustão, a temperaturas que variam entre 800 e 3 000°C. No entanto, certos resíduos liberam gases tóxicos aos serem queimados. Nesses casos, para evitar a poluição do ar, é necessário instalar filtros e equipamentos especiais – o que torna o processo mais caro. Deste processo resultam como produtos finais a energia térmica (que é transformada em energia elétrica ou vapor), águas residuais, gases, cinzas e escórias. Os gases resultantes da incineração têm de sofrer um tratamento posterior, uma vez que são compostos por substâncias consideradas tóxicas (chumbo, cádmio, mercúrio, cromo, arsênio, cobalto e outros metais pesados. 65 3.6.3. Compostagem 3.6.4. Aterro Sanitário A compostagem, quando possível, constitui uma das melhores soluções para atenuar ou eliminar os fatores indesejáveis do lodo de esgoto. Por meio dela ocorrem as seguintes modificações no material primário: conversão biológica da matéria orgânica putrescível para uma forma estabilizada, destruição de patógenos, redução da umidade, remoção de sólidos voláteis e produção de uma substância que possa ser utilizada na agricultura sem restrições. O Aterro Sanitário é um aprimoramento de uma das técnicas mais antigas utilizadas pelo homem para descarte de seus resíduos, que é o aterramento. Modernamente, é uma obra de engenharia que tem como objetivo acomodar no solo resíduos no menor espaço prático possível, causando o menor dano possível ao meio ambiente ou à saúde pública. Uma vez transformado em “composto”, o termo lodo de esgoto ou biossólido não é mais aplicável, visto que o produto obtido difere da matéria-prima. As propriedades do “composto” facilitam a estocagem, a embalagem e a comercialização. Doravante não existem restrições quanto à cultura, os riscos são mínimos e o novo produto pode ser difundido regularmente entre os técnicos especializados em fertilizantes. O passivo ambiental de outrora foi transformado em insumo agrícola com mercado e valor comercial. Essa técnica consiste basicamente na compactação dos resíduos no solo, na forma de camadas que são periodicamente cobertas com terra ou outro material inerte. Ainda que sendo o método sanitário mais simples de destinação final de resíduos sólidos urbanos, o aterro sanitário exige cuidados especiais e técnicas específicas a serem seguidas, desde a seleção e preparo da área até sua operação e monitoramento. Atualmente, os aterros sanitários vêm sendo severamente criticados porque não têm como objetivo o tratamento ou a reciclagem dos 66 materiais presentes no lixo urbano. De fato, os aterros sanitários são uma forma de armazenamento de lixo no solo, alternativa que não pode ser considerada a mais indicada, uma vez que os espaços úteis à essa técnica tornam-se cada vez mais escassos. Porém, deve-se considerar que a maioria dos materiais utilizados pelo homem, na realidade, são combinações de várias substâncias trazidas dos mais diferentes pontos do planeta. Assim, recuperar todos os materiais que utilizados é praticamente impossível, seja por motivos de ordem técnica ou econômica. Outras questões ainda devem ser consideradas. Os métodos de acondicionamento e coleta adotados pela maioria das cidades resultam na mistura de materiais que dificilmente são separados pelos processos de triagem atualmente utilizados. Como consequência, tanto as “usinas de compostagem” quanto as técnicas de “coleta seletiva” geram rejeitos que, obrigatoriamente, devem ser descartados. Mesmo os incinedadores, que, em tese, reduzem o volume dos resíduos de 5 a 15% do volume original, geram escórias e cinzas que presicam ser descartados em aterros. Teoricamente, a maioria desses rejeitos também pode ser reciclada. Na prática, não é o que ocorre. Os fatores de ordem técnica e econômica inviabilizam grande parte dos processos deixando como alternativa o descarte em aterro. Não se pode desprezar também a realidade dos países do terceiro mundo. Nem sempre a comunidade dispõe de recursos suficientes para a implantação e operação de técnicas para o tratamento de seus resíduos. Desta forma, o aterro sanitário não deve ser considerado como um vilão, ou como uma técnica ultrapassada dentro dos processos de proteção ambiental, mas como a saída atualmemente empregada para o descarte disciplinado de resíduos no solo. O objetivo principal do aterro sanitário é o de melhorar as condições sanitárias relacionadas aos descartes sólidos urbanos evitando os danos da sua degradação descontrolada. Os aterros podem ser divididos em diferentes tipos: 67 Aterro convencional: formação de camadas de resíduos compactados, que são sobrepostas acima do nível original do terreno resultando em configurações típicas de “escada” ou de “troncos de pirâmide”; Aterro em valas: o uso de trincheiras ou valas visa facilitar a operação do aterramento dos resíduos e a formação das células e camadas; assim sendo, tem-se o preenchimento total da trincheira, que deve devolver ao terreno a sua topografia inicial. O aterro sanitário deve operar de modo a fornecer proteção ao meio ambiente, evitando a contaminação das águas subterrâneas pelo chorume (líquido de elevado potencial poluidor, de cor escura e de odor desagradável, resultado da decomposição da matéria orgânica), evitando o acúmulo do biogás resultante da decomposição anaeróbia do lixo no interior do aterro. O biogas pode sair do interior do aterro de forma descontrolada ou infiltrar pelo solo e atingir redes de esgotos, fossas e poços rasos podendo causar explosões. A seguir são listadas algumas das principais características do aterro: -Impermeabilização da base do aterro: evita o contato do chorume com as águas subterrâneas. A impermeabilização pode ser feita com argila ou geomenbranas sintéticas; - Instalação de drenos de gás: canal de saída do gás do interior do aterro. Os drenos podem ser construídos de concreto ou de PEAD, podendo receber uma conexão final de açoinox quando a célula for fechada. O biogás pode ser recolhido para o aproveitamento energético através da ligação de todos os drenos verticais com um ramal central; -Sistema de coleta de chorume: a coleta de chorume deve ser feita pela base do aterro. O chorume coletado é enviado a lagoas previamente preparadas com impermeabilização do seu contorno ou enviados para tanques de armazenamento fechados; 68 -Sistema de tratamento de chorume: após coletado, o chorume deve ser tratado antes de ser descartado no curso de um rio ou em uma lagoa. O tratamento pode ser feito no próprio local ou o chorume coletado pode ser transportado para um local apropriado (geralmente uma Estação de Tratamento de Esgotos). Os tipos de tratamento mais convencionais são o tratamento biológico (lagoas anaeróbias, aeróbias e lagoas de estabilização), tratamento por oxidação (evaporação e queima) ou tratamento químico (adição de substâncias químicas ao chorume); - Sistema de drenagem de águas pluviais: o sistema de captação e drenagem de águas de chuva visa escorrer a água por locais apropriados para evitar a infiltração que gera o chorume). Além da operação, o aterro deve contar com unidades de apoio, como acessos internos que permitam a interligação entre os diversos pontos do aterro, portaria para controlar a entrada e saída de pessoas e caminhões de lixo e isolamento da área para manutenção da ordem e do bom andamento das obras. Tipos de aterro Aterro controlado é uma fase intermediária entre o lixão e o aterro sanitário. Normalmente é uma célula adjacente ao lixão que foi remediado, ou seja, que recebeu cobertura de argila, e grama (idealmente selado com manta impermeável para proteger a pilha da água de chuva) e captação de chorume e gás. Esta célula adjacente é preparada para receber resíduos com uma impermeabilização com manta e tem uma operação que procura dar conta dos impactos negativos tais como a cobertura diária da pilha de lixo com terra ou outro material disponível como forração ou saibro. Tem também recirculação do chorume que é coletado e levado para cima da pilha de lixo, diminuindo a sua absorção pela terra ou eventuamente outro tipo de tratamento para o chorume como uma estação de tratamento para este efluente. 69 No Aterro sanitário há a pepaação prévia do terreno antes de iniciar a disposição do lixo, com o nivelamento de terra e com o selamento da base com argila e mantas de PVC, esta extremamente resistente. Desta forma, com essa impermeabilização do solo, o lençol freático não será contaminado pelo chorume. Este é coletado através de drenos de PEAD, encaminhados para o poço de acumulação de onde, nos seis primeiros meses de operação é recirculado sobre a massa de lixo aterrada. Depois desses seis meses, quando a vazão e os parâmetros já são adequados para tratamento, o chorume acumulado será encaminhado para a estação de tratamento de efluentes. A operação do aterro sanitário, assim como a do aterro controlado prevê a cobertura diária do lixo, não ocorrendo a proliferação de vetores, mau cheiro e poluição visual. 70 71 FIGURA ESQUEMÁTICA DE UM ATERRO SANITÁRIO 72 QUADRO ESQUEMÁTICO SOBRE O TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 73 Bibliografia DONATO, Vitório. Logística Verde: uma abordagem sócio-ambiental. São Paulo: Ciência Moderna, 2009. LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa. 2 ed. São Paulo: Pearson / Prentice Hall, 2009. 74
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