Projeto Técnico “Fragmentos”

Transcrição

Projeto Técnico “Fragmentos”
Projeto Técnico “Fragmentos”
Proponente: Tiago Barbiero Saad
a) Conceito do Curta Metragem de Ficção (Animação)
Esse curta mostra uma vida inteira de uma pessoa, desde seu nascimento até sua
morte. O grande diferencial desse curta é que a alma dessa pessoa, que evolui durante a
sua vida, não é encapsulada em um corpo, mas é o próprio corpo em si. Todos os
ensinamentos de seus pais, das pessoas à sua volta e do meio são visualmente
incorporados ao personagem.
O filme é recheado de conceitos de psicologia, desde o desenvolvimento motor da
criança até a rigidez de pensamento de uma pessoa madura, passando pelos conflitos da
adolescência, paixão, entre outros aspectos tão importantes e significativos na vida do ser
humano.
A proposta se encaixa perfeitamente em um curta com uma narrativa poética e
reflexiva, mas com um passo coerente e temporização linear, facilitando a compreensão de
todos os valores abstratos que serão apresentados.
B)
Personagens
Personagem principal:
Podemos dizer que ele é a representação de uma vida
inteira durante o filme, passando pela infância, adolescência,
fase adulta e maturidade. Não há a necessidade de dar um
nome, nem mesmo definir o sexo do personagem principal
(inclusive nem haverão vozes no filme), o que aumenta a
abrangência de identificação do público.
Ele é uma pessoa entre tantas outras, que vive a sua vida
pelo mesmo conjunto de ações e reações de um ser humano
qualquer. Ele age e reage às pessoas e ao meio de forma
espontânea, se alegrando, se aborrecendo e se
reconstruindo a cada experiência.
Seu visual mudará durante todo o curta – mas mantendo
uma estrutura que o identifique. Cada pequena experiência
que nos modifica um pouco, no caso do nosso personagem
será exteriorizada por mudanças em seu próprio corpo.
Elementos:
Não são personagens em si, mas desempenham um papel
importantíssimo, pois são o que mais interagem com o
personagem principal. Esses elementos são todas as nossas
experiências, desenhadas de forma abstrata, e que estarão
disponíveis para o personagem absorver, ajudando o
personagem a se construir ao longo do filme.
Esses elementos serão formas luminosas, muitas vezes
acompanhadas de um formato abstrato que o emite, ou
simplesmente estão viajando pelo mundo.
Há também um grande conjunto de elementos no mundo dele,
como se fossem nuvens pairando no ar, de onde os
elementos também emanam.
C) Roteiro
Seq 1) Bebê
Câmera abre, mostrando uma forma simples que começa a se desenvolver. Inicia somente boca e olhos.
Braços se formam e depois as pernas, tudo bem geométrico, sem nuancias de dedos.
Pais (só vemos pernas deles) enviam muitos elementos e o bebê absorve praticamente tudo. Muitos
elementos são absorvidos e muitos são descartados.
Quando o personagem principal “absorve” um elemento/objeto de outro personagem ou lugar, o objeto é
duplicado e os 2 ficam com o elemento/objeto.
Seq 2) O Mundo
Câmera abre, revelando o mundo à sua volta, que ele para pra observar um pouco.
O cenário é bem clean com algumas texturas de papel. Poucas linhas distinguem chão de céu.
No céu, há uma grande nuvem de elementos/objetos pairando sobre ele. Ele olha e absorve alguns.
Outros personagens passam e ele absorve elementos deles também.
Seq 3) Criança
Ele começa a andar, inicialmente trôpego, mas aos poucos conseguindo. Seu corpo continua mudando
bastante. Pega muitos elementos e descarta muitos também. Já podemos distinguir dedos.
Ele passa ao lado de um bebê que absorve um elemento dele. Ele observa esse momento com curiosidade.
Chegam notas musicais, ele admira esses elementos e absorve sua essência.
Se depara com uma TV, que “emite” elementos demais, ele até fica zonzo com o excesso de informações,
mas absorve bastante coisa e fica bastante agitado.
Ele passa por um personagem velho (estático, quase não muda), mas ele está tão maravilhado com tudo à
sua volta que nem percebe sua presença.
Livros dançam à sua volta, ele absorve elementos desses livros e cresce cada vez mais.
Sequência de vários elementos diferentes sendo absorvidos (close na mão pegando 1 elemento, nos olhos,
no ouvido, etc.)
Seq 4) Adolescente
Nosso personagem já está adolescente, fazendo um caminhar descontraído.
Ele continua absorvendo e descartando muita coisa, mas não tanto quanto antes.
Ele encontra uma peça divertida (molas com estrelas na ponta), que absorve e que ficam expostas no alto
de sua cabeça como 2 antenas. Ele acha isso divertido e caminha bem alegre.
Ele passa por 2 outros personagens que olham, apontam pras antenas e riem. Ele fica aborrecido, bravo,
triste e arranca as antenas da cabeça – saem 2 ou 3 elementos juntos com as antenas. Ele volta a
caminhar, mas mais cabisbaixo.
Seq 5) Conflito interno
Ele encontra um elemento que analisa e tenta absorver. Quando ele absorve este elemento outro cai dele.
Ele analisa esse elemento que caiu e tenta absorver de volta e o que ele havia absorvido antes cai. Ele
tenta forçar com as mãos os 2 elementos nele simultaneamente, mas todos seus elementos começam a
pulsar e se tornarem instáveis.
Ele fica irritado e dá um grito!
Boa parte, mais da metade de seus elementos se desprendem, caindo ao chão.
Ele se acalma, respira pausadamente. Ele olha os elementos caídos ao chão e escolhe alguns para se
recompor.
Seq 6) Adulto/Paixão
Nosso personagem volta a caminhar, agora mais leve, mais confiante. Elementos vêm e vão, mas ele vai
absorvendo com critério cada um, já não muda tanto.
Ele avista outra personagem – bem diferente dele - e fica admirado. A outra personagem se aproxima e
também demonstra admiração.
Eles se completam, dançam e trocam muitos elementos entre si. Eles acabam ficando parecidos um com o
outro.
Seq 7) Paternidade/Maternidade
Entre os 2 surge uma nova estrutura, o filho deles, que vai ganhando forma aos poucos, assim como
aconteceu com o nosso personagem quando era bebê.
Nosso personagem tenta transmitir o máximo de elementos que ele tem para o filho, que absorve quase
tudo e também cresce.
O filho (já uma criança) vem brincando e chuta algum elemento na direção do nosso personagem, que
acaba absorvendo esse elemento à força, expulsando 2 ou 3 que ele tinha, deixando-o um pouco
atordoado.
Seq 8) Maturidade
Ele vê a criança crescendo e se afastando dele. Ele se volta para um jornal.
Ele já não absorve elementos do meio, nem descarta.
Do jornal vem um elemento na direção dele. Pensativo ele olha, analisa, e recusa.
Lendo o jornal vem outro elemento que ele olha com ar mais feliz, analisa um pouco e absorve.
Seq 9) Velhice
Ele vira uma página do jornal, vários personagens passam como que em câmera acelerada, enquanto ele
continua folheando o jornal.
Ele vira a última página e sua fisionomia já está bem envelhecida (usaremos óculos e outros elementos que
ajudem e deixar isso claro).
Som de várias pessoas falando, passando.
Elementos novos são ignorados. Ele não absorve mais nada.
Outros personagens (crianças brincando) passam à sua volta e ele tenta oferecer um elemento próprio pra
eles (esse é um elemento chave, é o que define o personagem – pode ser um coração estilizado ou algo
menos óbvio). Os outros personagens mal notam a presença do nosso personagem e seguem sem
absorver seu elemento. Outros personagens passam, ele tenta oferecer o elemento dele, mas ninguém
pega.
Câmera afasta. Nosso personagem está afastado dos outros personagens/elementos. O som de várias
pessoas falando fica baixo, ao longe.
Seq 10) Morte
Ele olha à sua volta, para o mundo, para as pessoas, já bem distante (talvez no alto de uma colina), já nem
ouve mais as vozes das pessoas.
Há um momento calmo, de observação do mundo.
Uma leve brisa bate em seu rosto. Ele fecha os olhos e sente novamente a brisa, agora um pouco mais
forte.(começa uma música bem suave).
Seus elementos começam a sacudir suavemente com a brisa.
Aos poucos, seus elementos começam a se desprender, subindo no ar. Ele vai se transformando numa
grande revoada de elementos que vai subindo para o céu (mostrar isso de alguns ângulos diferentes), onde
se encontra a grande nuvem de elementos. Câmera foca por alguns instantes nessa cena. (música termina).
Fade para preto
Seq 11) Epílogo
Abre a cena. Câmera subjetiva. Uma mão folheia um álbum de fotos.
Numa virada de página aparece uma foto de nosso personagem com o seu elemento (aquele que ele tentou
transmitir no fim da vida) à mostra (mas não dando a entender que ele queria transmitir aquilo naquele
momento).
A mão calmamente toca a foto e o elemento é absorvido.
Fade para preto (FIM)
D) Proposta de Direção:
Esta é uma história que usa como grande diferencial um visual singular guiado por um roteiro
poético. Ele é uma síntese da vida de uma pessoa, sua alma, suas vontades e desejos, traduzidos em
elementos visuais que ela absorve e incorpora ao seu corpo/fisionomia. Cada objeto que o personagem
carrega representa um desejo, valor ou pensamento que faz parte de si e o constrói como é por dentro. A
alma do personagem é aquilo expressada pela composição de seu corpo, uma coleção dos objetos que ele
resolveu incorporar em si mesmo.
O personagem principal - e também os secundários - trarão um visual evolutivo, fruto de suas
experiências com o meio e com os demais à sua volta. Essa construção de elementos se dará de forma
esteticamente única, inspirada em estilos e obras de grandes nomes da pintura do sec XX como Pablo
Picasso, Salvador Dali, Fernand Leger, Miró, Matisse, Tarcila do Amaral, Anita Malfatti entre outros artistas
nacionais e internacionais.
O objetivo visual do filme é que cada quadro do filme seja digno de uma galeria de arte. Cada
composição de cena, cada personagem, cada elemento, seja único e esteticamente poético.
“Fragmentos” - Arte conceitual
“Fragmentos” - Envelhecimento - Arte conceitual
“Fragmentos” - Personagens Secundários - Arte conceitual

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