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A íntegra da revista Financeiro está disponível em arquivo pdf, cuja
Samuel Pessôa: “Crescimento econômico pode não
ser o principal objetivo da sociedade”
edição
88
set
O que vem por aí?
Acrefi reúne os melhores nomes da
economia nacional e internacional para
analisar o Brasil e o mundo em 2015
Palestrantes:
Alexandre
Schwartsman
Barry
Naughton
William R.
Rhodes
Antonio
Delfim Netto
Luiz Carlos
M. de Barros
conteúdofinanceiro
8
12
18
30 Executivo:
8 9º SIAC
30
Sérgio Darcy
Acrefi reúne grandes nomes
da economia para analisar o
Brasil e o mundo
36 Painel Cetip
38 Mercedes Benz
11 Crédito com Garantia
42 Teatro Cetip
de Imóvel (CGI)
44 Biblioteca
Mário de Andrade
12 Páginas Azuis
O economista Samuel Pêssoa 46 Hotel Unique
avalia os erros na condução 50 Fundação Cafu
da economia e seus
53 Projeto Viver
efeitos perversos
Voluntárias: Gisele Andrade
e Cintia Falcão
18 Economista do Ano
Gustavo Loyola é eleito
pela Ordem dos
Economistas do Brasil
20 Voz do BC:
Alexandre Tombini
53
22 Seminário
Educação Financeira
24 Seminário 2
Crédito e Cobrança em
Transformação
26 Seminário 3
Crescimento e Superação
em Época de Incerteza
55 INEPAD
Artigos
10 William Rhodes
29
32
(Rhodes Global Advisors)
Rosi Vuolo (Itaú Unibanco)
Bruno Salama e Vicente Braga (Direito GV/SP)
35
Henrique Alves (AMC Brasil)
66
Nicolas Tingas (Acrefi)
setembro 2014 financeiro
3
editorial
O Brasil
dos sonhos
A
s eleições estão aí e, independentemen-
que apresentarão e debaterão com os presentes
te do resultado, devem ser comemora-
ao seminário o cenário atual e, principalmente, as
das. Será a sétima eleição presidencial
perspectivas da economia para 2015 – mais um ano
seguida, uma sequência rara em nossa história,
repleto de desafios.
ainda mais porque o processo aconteceu sem
E, desta vez, além das apresentações e debates,
intervenções nem interrupções, e vem se repetin-
a Acrefi apresentará durante o 9º SIAC os resulta-
do há 25 anos. Goste-se ou não do que dizem as
dos de uma pesquisa que vai captar as expectativas
urnas, o fato é que as instituições brasileiras estão
de executivos e empresários em relação ao futuro,
cada vez mais fortes e a democracia consolida-se
já levando em conta o resultado final das eleições.
como um dos valores máximos de nossa socieda-
O 9º SIAC será, portanto, uma oportunidade
de. Desta vez, como já aconteceu anteriormente,
única de ampliar o leque de informações e, assim,
o período que antecedeu o pleito foi impactado
municiar-se para gerenciar o novo período que se
pelo imponderável. O acidente de avião em que
avizinha, em que o quadro econômico oferecerá
faleceu o candidato do PSB, Eduardo Campos,
novidades mesmo em caso de manutenção do atual
provocou reviravolta a menos de dois meses das
governo no poder.
eleições. Mas todo o processo que vai desembocar
Como se vê, novidade é o que não falta nos pró-
na abertura das urnas no dia 5 de outubro correu
ximos meses. O mais importante é que, por mais
dentro da normalidade, de acordo com as regras
diferente que seja o cenário, a sociedade demons-
do jogo. Assim, a sociedade brasileira deu mais
tra ter abraçado para valer conceitos básicos para a
uma demonstração de maturidade e de que man-
construção de um país melhor. Essa postura autori-
tém seu firme propósito de construir um país cada
za otimismo em relação ao futuro, numa caminhada
vez mais sólido e alinhado com o que há de mais
que nos leve até o Brasil com que todos nós sonha-
moderno no mundo, em termos políticos.
mos, há tanto tempo.
Evidente que, logo após o resultado das elei-
Foto: Flávio Roberto Guarnieri
ções, surgirá a pergunta: como será o País a partir
de 2015? As respostas a essa dúvida certamente
não são fáceis de encontrar e, por isso, ganha especial importância o 9º SIAC (Seminário Internacional
Acrefi), que nossa entidade vai realizar no dia 6 de
novembro, no Renaissance Hotel, em São Paulo.
Com o tema “Crescer e Desenvolver”, o 9º SIAC
manterá a tradição desses encontros de contar com
palestrantes de alto nível, brasileiros e do exterior,
Érico Sodré
Quirino Ferreira:
Presidente
da Acrefi
setembro 2014 financeiro
5
expediente
ISSN 1809-8843
Publicação da acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento
Rua Líbero Badaró, 425 – 28°andar – São Paulo – SP
Tel: (11) 3107-7177 fax: (11) 3106-6082 – www.acrefi.org.br
Presidente
Érico Sodré Quirino Ferreira
Vice-presidentes
Aquiles Leonardo Diniz, Décio Carbonari de Almeida, Felicitas Renner, José Luiz Acar Pedro, Leonardo Marcondes Dadauto, Luís Fernando Staub, Mauro Roberto
Vasconcellos Gouvêa e Rubens Buttion
Diretor Tesoureiro
José Garcia Neto
Diretor Secretário
Renato Oliva
Diretores regionais
Carlos Alberto Samogim, Edmar Casalatina, Eliseu Colman, Leonardo Bortolini, Luis Eduardo da Costa Carvalho, Marcos Rosa, Paulo Dalla Nora,
Paulo Henrique P. Guimarães e Sebastião Geraldo Toledo Cunha
Diretores executivos
Alexandre Teixeira, Deo Rozindo Filho, Gabriel José Gama Ferreira, Hilgo Gonçalves, João dos Santos Caritá Júnior e Ronaldo Rondinelli
Montadoras
Edson Fróes Castilho, Edson Tadashi Ueda, Eduardo Tavares Nobre Varella, Gunnar Alejo Ramos Murillo, Joelcyr Carmello Filho e Nelson Dias de Aguiar
Diretores conselheiros
José Carlos Alves, Ricardo Janini e Roberto Jabali
Conselho consultivo
Alkindar de Toledo, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon (membros natos); Décio Carbonari de Almeida, Flávio Antonio Meneghetti, Ilídio Gonçalves dos
Santos, Miguel José Ribeiro de Oliveira, Ricardo Loureiro e Rogério Pinto Coelho Amato (membros)
Conselho fiscal
Domingos Spina e Sérgio Darcy (efetivos), Geraldo Lima Wandalsen e Marcus André de Oliveira (suplentes)
Diretor superintendente
Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Controller
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Consultora Jurídica
Lívia Esteves
Economista-chefe
Nicola Tingas
Assessoria contábil
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Arte
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Impressão
Eskenazi Gráfica
6 financeiro setembro 2014
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Financiamento e Investimento S.A.
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Agiplan Financeira S.A. CFI
Banco Safra S.A.
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Financiamento e Investimento
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Banco Bradesco
Financiamentos S.A.
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Banco Cacique S.A.
Banco Yamaha Motor
do Brasil S.A.
Kredilig S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Lecca Crédito,
Financiamento e Investimento S.A.
Mercantil do Brasil
Financeira S.A. Crédito,
Financiamento e Investimentos
Midway S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Múltipla CFI S.A.
Banco Carrefour S.A.
Banif Banco Internacional do
Funchal (Brasil) S.A.
Banco Cifra S.A.
Omni S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
BMW Financeira S.A. CFI
Banco Citibank S.A.
Banco Citicard S.A.
Banco CNH Capital
Brickell S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
BV Financeira S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Parati Crédito
Financiamento e Investimento S.A.
Pernambucanas
Financiadora S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Banco Daycoval S.A.
Caixa Econômica Federal
Banco De Lage
Landen Financial
Services Brasil S.A.
Portocred S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Caruana S.A.
Sociedade de Crédito
Financiamento e Investimento
Portoseg S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Cetelem Brasil S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Santana S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
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Sociedade de Crédito,
Financiamento e Investimento
Sax S.A. Crédito,
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Finamax S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
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Senff S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Socinal S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Banco Intermedium S.A.
Financeira Alfa S.A. Crédito,
Financiamento e Investimentos
Banco Itaú S.A.
Financeira BRB
Sorocred Crédito, Financiamento e
Investimento S.A.
Banco Itaucard S.A.
Herval Financeira S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Sul Financeira S.A. Crédito,
Financiamento e Investimento
Banco Panamericano S.A.
setembro 2014 financeiro
7
Qualidade, respeito e
Os mais renomados especialistas em
economia brasileira e internacional vão se
encontrar no 9º SIAC, evento internacional
da Acrefi, que acontece dia 6 de
novembro, em São Paulo
O
William Rhodes e Barry Naughton, vão apresentar e debater o novo
cenário brasileiro e global, proporcionando uma oportunidade
excepcional para quem se prepara para encarar os desafios que
2015 nos reserva”.
A qualidade dos palestrantes mantém a tradição do SIAC,
que ao longo dos anos firmou-se como um dos principais foros
de conhecimento e debate sobre o quadro político-econômico
do Brasil e do mundo. De acordo com levantamentos realizados
com participantes das versões anteriores do Seminário Internacional Acrefi, as análises e os debates realizados durante o
encontro se transformaram em ferramentas importantes como
apoio à tomada de decisão.
Nesta 9ª edição do SIAC, os participantes poderão conhecer a visão arguta e abalizada da economia e da política do Brasil este ano e
as perspectivas para 2015, com os renomados economistas Delfim
Netto, Alexandre Schwartsman e Luiz Carlos Mendonça de Barros.
São nomes de reconhecido prestígio que, ao longo do tempo, se tornaram referências no debate da economia e suas tendências. Delfim Netto é professor emérito da Universidade de
Foto: Divulgação
s empresários e executivos do setor financeiro terão a
oportunidade única de obter informações importantes
para entender como estará a economia do Brasil e das
principais regiões do mundo a partir de 2015. A Acrefi vai realizar
no dia 6 de novembro, no Hotel Renaissance, em São Paulo, o 9º
SIAC (Seminário Internacional Acrefi), com a presença de especialistas de renome para falar sobre o cenário no Brasil pós-eleição. Além disso, palestrantes internacionais analisarão o quadro
atual e as perspectivas da economia mundial, com ênfase à China
e aos Estados Unidos.
Além das palestras e do debate, o 9º SIAC terá um atrativo
extra este ano – será apresentado, durante o evento, o resultado de uma pesquisa com o setor financeiro, que mostrará como
os principais executivos da área estão enxergando os rumos do
Brasil depois das eleições.
“O 9º SIAC acontecerá em um momento particularmente importante, logo após o primeiro turno das eleições”, recorda Érico
Ferreira, presidente da Acrefi. “Especialistas de porte, como Delfim
Netto, Alexandre Schwartsman, Luiz Carlos Mendonça de Barros,
Alexandre Schwartsman
8 financeiro setembro 2014
William R. Rhodes
Barry Naughton
credibilidade
São Paulo (USP) e foi ministro da Fazenda, do Planejamento e
da Agricultura. É considerado um dos mais preparados analistas da economia e da política do País. Já Alexandre Schwartsman foi diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e
é doutor em economia pela Universidade da Califórnia, Bentley.
E Luiz Carlos Mendonça de Barros é economista, ex-presidente
do BNDES e ex-ministro das Comunicações.
Além disso, em relação à parte internacional, quem for ao 9º
SIAC terá a oportunidade de ouvir William “Bill” Rhodes, professor
da Brown University e ex-vice-chairman do Citigroup – cargo no
qual conheceu a fundo a realidade brasileira, principalmente na
época de renegociação da dívida externa do País, nos anos 1980.
Além disso, os presentes poderão participar de palestra de Barry Naughton, professor da Universidade da Califórnia e um dos
maiores especialistas do mundo em economia da China.
Esses especialistas participarão de debate após as apresentações, sob a coordenação de Nicola Tingas, economista-chefe da
Acrefi. O evento será apresentado pela jornalista Christiane Pelajo.
Inscrições: www.acrefi.org.br/eventos/evento.asp?ID=113
Programação:
Abertura – Agenda Brasil 2015–2018. Desafios do Novo
Governo: Sociedade, Política e Economia
CHINA – Mudança de Modelo Econômico na China: Reformas Econômicas e Fim do “Hipercrescimento”. Consequências para comércio global, investimento e crescimento
ESTADOS UNIDOS – Tendências Econômicas Globais e
Perspectivas para Mercado de Capitais. O impacto das crescentes taxas de juros norte-americanas nos mercados financeiros.
BRASIL – Cenário Econômico e Resultados Possíveis no
Futuro Próximo. Quais são os cenários alternativos para o
período do novo mandato presidencial (2015–2018)?
BRASIL – Economia Política e a Avanços na “Agenda Brasil 2015–2018”. Como construir uma “Agenda Social e Política” que permitirá criar condições para crescer e desenvolver?
DEBATE – Visão dos palestrantes sobre riscos, desafios
e oportunidades da “Agenda Brasil 2015–2018”.
Antonio Delfim Netto
Luiz Carlos Mendonça de Barros
setembro 2014 financeiro
9
artigoWilliam R. Rhodes
Riscos para a Estabilidade
Financeira e a Necessidade
Extrema de Liderança
William R. Rhodes
V
astas somas de caixa de curto prazo estão
agora fluindo para dentro e para fora dos mercados em busca de retorno financeiro. Temos
observado crescente evidência de tomadas de risco imprudentes, o que é motivo para preocupação. Enquanto
isso, para muitos mercados emergentes, a volatilidade
dos fluxos de capital tem provocado mudanças substanciais na política monetária, especialmente para assegurar crescimento econômico não inflacionário.
A busca generalizada por retornos é consequência da extraordinária
quantidade de recursos criados pela
Reserva Federal dos Estados Unidos,
pelo Banco do Japão, pelo Banco da
Inglaterra e pelo Banco Central Europeu. E também pelas políticas de baixíssimas taxas de juros perseguidas
por essas instituições e suas garantias de continuidade de políticas monetárias frouxas.
Na primavera de 1997, fiz uma
apresentação em uma conferência do
William R. Rhodes:
Encontro Anual do Banco Interamepresidente e CEO da William
ricano de Desenvolvimento, em que
R. Rhodes Global Advisors,
alertei dos iminentes riscos da crise
LLC. Foi senior vice-chairman
financeira asiática. Então, na véspera
do Citigroup.
da Grande Recessão, em março de
2007, e novamente em março de 2008, escrevi artigos
para o Financial Times que evidenciaram minha visão
dos cumulativos riscos para a estabilidade do sistema
financeiro internacional. Em cada vez minha avaliação
foi amplamente ignorada. Agora, eu acredito que uma
vez mais estamos diante de crescentes riscos para a
estabilidade do sistema financeiro global.
Agora, na medida em que nós percebemos a erosão da prudência dos padrões de gestão de risco, devemos estar alertas de que a principal causa das crises
financeiras passadas tem sido esquecida por muitas
10 financeiro setembro 2014
instituições financeiras. Eu acredito ser importante que
os executivos das principais instituições financeiras e
seus conselhos de administração, como também as
agências reguladoras e de supervisão, persistam em
ações que possam assegurar um comportamento prudente nas decisões de tomadas de risco e uma cultura
que construa credibilidade pública e contribua para a
solidez do sistema financeiro.
Enquanto isso, que direção devem tomar um governo dos mercados emergentes e os bancos centrais
nessas circunstâncias?
Eu escrevi sobre essa questão central em meu livro
Banqueiro do Mundo – Lições de Liderança da Linha de
Frente das Finanças Globais. Lá, assinalei que governos e
bancos centrais devem reconhecer a extrema velocidade das transações nos mercados financeiros, os riscos
de contágio quando a crise se inicia, e a necessidade de
garantir políticas de reforma orientadas para o crescimento que tenham apoio da população.
Liderança é a chave. Eu relembro quando no final
dos anos 80, eu e outros trabalhamos com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Nicolas Brady, para
formular o que ficou conhecido como o “Plano Brady”
para solucionar a crise da dívida da América Latina. O
sucesso dependeu da habilidade e da determinação
dos líderes da região.
No início dos anos 1990, identificamos o ministro
da Fazenda do Brasil, depois presidente, Fernando
Henrique Cardoso, como um líder crucial nessa ocasião. Finalizamos uma reestruturação “Brady” e foi
anunciado o “Plano Real”. Foi um sólido programa
anti-inflacionário e pró-crescimento que convenceu
os brasileiros de que havia condições para o crescimento interno; ele obteve amplo apoio popular; e
colocou em prática os fundamentos para uma era dinâmica de desenvolvimento econômico brasileiro. Ele
estabeleceu um exemplo que muitos deveriam seguir
nesses tempos difíceis. f
comissãoACREFI
CGI
Acrefi cria
comissãoCGI CGI CGI CGI CGI CG
CGI CGCGI CGI CGI CG
para
CGI CI CGI CGI CGI CGI
discutir oCGI CGI CGI CGI CGI C
Crédito com Garantia de Imóvel,
em breve, pode se tornar
tão conhecido quanto o
Crédito Consignado
E
m reunião no dia 8 de setembro, a Acrefi criou
uma comissão para discutir questões relacionadas ao CGI (Crédito com Garantia de Imóvel). O
presidente do novo colegiado é Laercio Souza, gestor de
Crédito com Garantia de Imóvel do Banco Daycoval. O CGI
é um produto que já existe no mercado, mas ainda é relativamente pouco conhecido pelo cliente pessoa física. Ele
pode ser uma opção de crédito para quem tem um patrimônio imobilizado e quer dar esse bem como garantia
para financiar um sonho ou um projeto de vida – reformar a casa, viajar, custear o estudo dos filhos no exterior,
reorganizar as finanças e até mesmo empreender.
Imagina-se que em pouco tempo o CGI pode se tornar
uma alternativa financeira tão conhecida como é atualmente o Crédito Consignado. O CGI permite crédito de até
60% do valor do imóvel dado em garantia. Cada instituição terá suas características, como, por exemplo, valores
de R$ 50 mil até R$ 1 milhão, prazos de quitação de até
15 ou 20 anos e taxas de juros diferenciadas.
Embora não seja uma novidade no mercado de crédito, o CGI ainda é um produto que precisa que sua regulamentação, metodologia e mecanismos passem a
ser mais difundidos no mercado e mais conhecidos pelo
cliente pessoa física. É importante atentar que, sendo
uma operação de crédito e com a garantia em alienação
fiduciária, em caso de não pagamento, o bem responde
pela liquidação da dívida. No entanto, o objetivo das instituições de crédito é oferecer mais uma opção que possa
ajudar os clientes a realizarem seus sonhos ou projetos
por meio de crédito com taxas competitivas. f
Laercio Souza:
presidente da
Comissão do CGI
da Acrefi
setembro 2014 financeiro
11
entrevistadomês
“Nas eleições, ganhe quem g
as expectativas vão melho
Ex-petista militante nos anos 1980, o
economista e físico Samuel Pessôa
tornou-se, nos últimos anos, uma
das principais vozes do PSDB quando
se fala em economia. “Deixei o PT na
virada dos anos 1990 porque passei
a discordar de várias posturas do
partido”, conta. Essa postura crítica
acentuou-se durante o governo Dilma,
principalmente quando se optou
pela “nova matriz econômica” que, na
avaliação de Pessôa, “foi um desastre”.
A
Por
Theo Carnier e
Gustavo Girotto
Fotos: Régis Filho
pesar de muitas restrições, ele elogia algumas (poucas) medidas adotadas por Dilma
Rousseff, como a regulação para o fundo de
pensão de funcionários públicos. Mas, no geral, avalia que os erros na condução da economia foram muitos e com efeitos perversos provocando, entre outros
malefícios, a volta da inflação e a perda de confiança
que inibe o consumo e adia os investimentos.
Samuel Pessôa contesta a tese de que o atual
quadro econômico seja consequência do cenário
externo. “Como defender essa tese, se somos uma
das economias mais fechadas do mundo?”, pergunta. Ele prevê mudanças para evitar uma piora e considera que a guinada deverá acontecer mesmo no
caso de reeleição da Presidente Dilma.
Leia, a seguir, a entrevista.
Revista Financeiro: Qual a sua avaliação sobre o baixo crescimento?
Samuel Pessôa: O assunto merece ser analisado com cuidado. Não acho que o Presidente da
República tenha obrigação de entregar crescimento.
que o Fernando Henrique Cardoso foi o melhor Presidente da República da História do Brasil. Então,
crescimento é um dos ingredientes, mas não é o
único nem necessariamente o mais importante. O
fato de o crescimento ter uma queda no período
da Presidente Dilma, em princípio, é ruim, porque
o País precisa crescer, mas é preciso verificar bem
as circunstâncias e a partir daí fazer uma avaliação.
RF – Por quê?
Pessôa – Veja o governo FHC. Ele entregou o
RF – Antes de falar sobre as agendas, não seria importante verificar também o peso do cenário
externo?
Brasil com um crescimento, em média, baixo. Acho
12 financeiro setembro 2014
RF – Mas o crescimento tem grande importância, não?
Pessôa – Do ponto de vista estrutural, crescimento pode não ser o principal objetivo da sociedade.
Estamos em uma democracia, governos são eleitos
porque eles fazem o que a média da sociedade quer.
E é possível que a média da sociedade não queira,
muitas vezes, crescer. Existem hoje na formulação
da política econômica brasileira duas agendas, muito
diferentes. E para entender a desaceleração da economia, que vem ocorrendo de 2009 para cá, temos
que entender essas duas agendas.
ganhar,
orar”
Pessôa – Acho importante lembrar a discussão sobre o papel da desaceleração mundial na
nossa economia. Existem duas posições extremadas em relação a esse impacto: uma delas atribui
a retração do crescimento à desaceleração da economia mundial; mas há outro grupo, no qual me
incluo, que avalia que a desaceleração recente no
Brasil é fruto mais dos impactos ruins da alteração
do regime de política econômica, que começou de
forma muito intensa em 2009.
RF – Como foi essa mudança?
Pessôa – O ministro Guido Mantega demonstrou, na forma como ele foi colocando a
sua agenda de política econômica, muito senso
de oportunidade. Sem nenhuma conotação pejorativa. Acho que quando se é um formulador de
política econômica é preciso ter sensibilidade política, não é só uma questão técnica. E o ministro
Mantega mostrou essa habilidade. Quando ele entrou, em 2006, encontrou uma política econômica
que não era a dele, tocou o barco com competência, e esperou o momento oportuno para alterar a
política econômica na direção que ele avalia que
seja a mais adequada.
RF – Quer dizer, não trouxe mudanças imediatas.
Pessôa – Houve uma defasagem temporal. Uma ou outra mudança ocorreu logo no início, mas o pacote completo, que o Mantega viria a chamar de nova
matriz econômica, começou em 2009. Esse pacote passou a ser uma política
institucionalizada, nomeada, apenas em 2011.
RF – E impactou o crescimento.
Pessôa – Minha explicação para uma redução tão profunda do crescimento no período Dilma é que os impactos ruins da nova matriz econômica sobre
a eficiência da economia se materializaram. Mas aí temos o debate: “Será que
não foi a situação internacional? Será que foi apenas a nova matriz econômica?
Ou foram as duas coisas ao mesmo tempo?”
RF – Qual a sua opinião em relação a esse debate?
Pessôa – Acho que não se pode atribuir a retração ao cenário externo. Por
dois motivos: o primeiro é que a economia brasileira é das mais fechadas do
mundo, sob qualquer critério. Então, como é que justamente uma economia tão
fechada teria sido tão sensível ao quadro internacional? O segundo motivo é que
o boom no preço de commodities está acontecendo agora.
RF – Esse boom no preço das commodities não aconteceu antes?
Pessôa – Não. Os termos de troca hoje estão em valores muito mais elevados do que nos tempos dos governos Lula e FHC. É um fenômeno pós-crise de
2008. As commodities estavam aumentando, mas tudo em dólar estava em alta.
Existia a inflação em dólar, porque a moeda norte-americana estava se desvalosetembro 2014 financeiro 13
entrevistadomês
rizando em consequência do déficit de transações correntes nos Estados Unidos.
Com desvalorização do dólar acontece inflação no mundo.
RF – Esse cenário cria mesmo uma alta geral dos preços.
Pessôa – Quando consideramos os termos de troca, que é a relação entre a
pauta exportadora e a pauta importadora, houve um aumento no período pré-crise,
mas não foi um boom.
RF – Esses dois fatores derrubam a tese de que a cena externa está travando o crescimento?
Pessôa – Sim. O Brasil, com uma economia tão fechada e hoje com termos de troca os mais elevados dos últimos 50 anos, teria parado de crescer por
causa do resto do mundo? Não faz sentido. Na minha avaliação, a retração no
Brasil é por efeitos ruins da nova matriz econômica.
RF – Formou-se um quadro que é o oposto do que ocorria no governo Lula.
Pessôa – No governo FHC crescemos em média 2,3% ou 2,4% e com Lula
o crescimento foi de 4%. Por quê? No meu entender, o crescimento obtido pelo
Lula é efeito das reformas institucionais feitas por Fernando Henrique Cardoso.
Foi um longo processo de construção institucional que talvez tenha começado
com o fim da conta-movimento no governo Sarney, a criação da Secretaria do
Tesouro e de vários passos importantes na administração do ministro Antonio
Palocci na área de crédito.
RF – Esse ciclo virtuoso foi interrompido no governo Dilma?
Pessôa – Acho que o governo Dilma fez também coisas importantes. Recapitulando, considero que o primeiro governo Lula foi muito bom. Mas que a
partir de 2009, na formulação da política econômica, houve um pequeno desastre, que é essa nova matriz econômica.
RF –Mesmo assim o senhor considera que houve progressos no governo Dilma?
Pessôa – Na linha das mudanças institucionais que melhoram a eficiência
da economia, a Dilma fez algumas coisas. Duas medidas dela são importantes,
de alcance de longo prazo: a regulamentação do fundo de pensão do funcionário público e a mudança na forma de remuneração da caderneta de poupança.
RF – Apesar desses pontos, o senhor é crítico da política econômica?
Pessôa – Muitos consideram que sou injusto ao atribuir os problemas
atuais da economia a mudanças na matriz econômica. E também consideram
injusto que eu atribua a fase positiva do governo Lula à colheita de frutos das
medidas no governo FHC. Essas pessoas consideram que essa postura é falha
porque há um problema de assimetria, já que o ganho de eficiência demorou
muito para ser colhido, enquanto as consequências da ineficiência fizeram-se
sentir de maneira muito mais rápida.
RF – Como o senhor se contrapõe a essa postura?
Pessôa – Essa relação é assimétrica mesmo. É como acontece com a
reputação, que é superassimétrica: demora para se construir, mas é destruída
muito facilmente. Acho que efeitos das instituições sobre a economia são assim
também – é fácil de destruir e difícil de construir.
RF – O senhor poderia detalhar como a nova matriz econômica causou
tantos prejuízos?
Pessôa – Boas instituições têm dois componentes. O primeiro é que elas
14 financeiro setembro 2014
“Destruíram-se as
finanças públicas –
o superávit primário este
ano, se bem medido, deve
ficar próximo de zero – e se
impossibilitou a capacidade
dos empresários de
projetar o futuro”
têm que fazer o que os economistas chamam de alinhamento de incentivos. Em outras palavras, elas
têm que fazer com que o retorno privado que resulta das ações dos indivíduos seja parecido, alinhado,
com o retorno para a sociedade que resulta dessas
mesmas ações. O segundo ponto é que marco institucional regulatório que gere eficiência da economia tem que dar horizonte, tem que facilitar que a
sociedade faça trocas intertemporais. Quase tudo o
que se faz na vida envolve trocar o presente pelo
futuro de alguma forma. Portanto, se você tem uma
institucionalidade que potencializa a incerteza natural do ambiente econômico, dificulta-se muito o
funcionamento da economia. A nova matriz econômica teve efeito particularmente ruim em dificultar
as trocas intertemporais. Principalmente no que ela
destruiu do regime de política macroeconômica.
RF – Com a nova matriz a mudança foi muito
profunda?
Pessôa – Até a nova matriz vínhamos em um
processo de liberalização da economia. Desde o governo Collor, embora de forma atabalhoada, essa
agenda de liberação vinha melhorando as instituições nos dois componentes que citei anteriormente. Em particular, quando você tem um regime macroeconômico balizado por metas de inflação, com
mecanismo de fixação de juros para garantir que a
inflação fique dentro na meta, além da fixação de
superávit primário suficientemente elevado para
garantir que a dívida pública reduza e o câmbio se
mantenha flutuante.
RF – Tudo isso, no entanto, mudou no governo Dilma.
Pessôa – De repente vem uma agenda que diz:
”Eu quero baixar os juros na marra”. Por quê? Por
conta de alguma leitura heterodoxa da formação da
taxa de juros no Brasil. Conheço duas dessas teorias, mas pode haver mais por conta da criatividade
da heterodoxia: uma é de equilíbrios múltiplos, segundo a qual você poderia ter um mesmo conjunto
mais dinheiro ainda para o BNDES para emprestar baratinho para a Petrobras.
Quebra o setor sucroalcooleiro. E é preciso dar mais dinheiro para o BNDES
para que o banco tente resgatar as usinas.
RF – Criou-se um círculo vicioso.
Pessôa – A lógica de funcionamento do sistema deixa de funcionar e começa a gerar problemas em cascata. Cada problema em cascata vai exigir um
esparadrapo e, para piorar, cada esparadrapo que se coloca vai gerar, um ano à
frente, problemas que vão exigir três esparadrapos, e por aí vai. Acontece uma
progressão geométrica dos problemas. Você tinha um sistema em que se interferiu de forma discricionária. Com isso, destruíram-se as finanças públicas – o
superávit primário este ano, se bem medido, deve ficar próximo de zero – e se
impossibilitou a capacidade dos empresários de projetar o futuro.
RF – Fica muito difícil sem ter essa projeção do futuro.
Pessôa – O futuro é sempre incerto. Mas os sistemas estabelecem regras de resposta das diversas variáveis econômicas a diferentes cenários. Se
o sistema estiver funcionando bem, você consegue pelo menos isso, construir
cenários. Se não existe sistema, se tudo é discricionário, é impossível tomar
uma decisão de investimento. Então as expectativas ficam péssimas, o horizonte encurta e o investimento despenca.
de fundamentos macroeconômicos produzindo em
equilíbrio diferentes taxas reais de juros. Se estiver
num equilíbrio considerado “ruim”, ou seja, em que
com esses fundamentos o juro é alto, forçando-se
um pouco a mão seria possível chegar ao equilíbrio
“bom”, em que com os mesmos fundamentos eu teria um juro baixo.
RF – É muita criatividade.
Pessôa – Folha branca de papel aceita tudo.
É fácil escrever modelinhos que geram equilíbrios
múltiplos. A outra teoria heterodoxa diz: o importante não é o nível do juro real, mas sim a variação
do juro real. Então, a economia sentiria nesse caso
quando o juro cai ou quando o juro sobe. Assim,
por essa teoria, havendo uma oportunidade deve-se baixar bastante a taxa de juro porque, quando
a gente quiser subir, não será preciso subir tanto.
RF – Essa visão parece ter prevalecido.
Pessôa – Essa agenda em relação à formação da taxa de juros acabou vindo, e se forçou uma
queda da taxa. Evidentemente, a inflação começou a
fugir do controle, mas em vez de reconhecer o erro
preferiu-se persistir nele. Começou-se a se controlar preços de utilidades públicas e de tarifas importantes. Mas o sistema tem uma lógica, que foi quebrada. Ao quebrar a lógica com a entrada da agenda
heterodoxa, problemas começam a aparecer. Mas
o governo preferiu persistir no erro. Aí, começou a
controlar tarifas e com isso passou a gerar problemas na Petrobras. Em consequência, tem que dar
RF – Qual seria a fórmula recomendável para reduzir a carga tributária?
Pessôa – Há duas agendas nessa direção. A primeira é o ensaio do nacional desenvolvimentismo ou a nova matriz econômica, que acho que deu com
os burros n’água. Aliás, eu li outro dia uma entrevista da professora Maria da
Conceição Tavares, em que ela desembarca do nacional desenvolvimentismo,
fato que achei superinteressante.
RF – Surpreendente?
Pessôa – Isso, surpreendente! Achei uma enorme demonstração de inteligência da Conceição Tavares. Eu discordo dela em várias coisas. Porém ela é
obviamente uma mulher muito inteligente.
RF – O senhor já foi do PT?
Pessôa – O Bernard Appy – que é meu amigo e foi um técnico muito bom
no ministério da Fazenda no governo Lula, somos amigos de infância – fala
“Samuel, você é maluco. Você era petista e quando fomos para o governo você
deixou de ser petista!”
RF – Por que você deixou de ser petista?
Pessôa – Deixei de ser na virada dos anos 1990 porque algumas coisas
me incomodaram, como quando o PT deixou de assinar a Constituição de 1988;
incomodou quando o PT não aceitou participar do governo Itamar Franco; e,
mais, quando expulsou Luiza Erundina, Aírton Soares e a Bete Mendes. Aí quando veio o Plano Real e o PT foi contra, ficou impossível permanecer. O plano é
algo belíssimo, uma matriz teórica feita por economistas brasileiros brilhantes,
como André Lara Resende e Pérsio Arida, iria funcionar, estávamos numa crise
hiperinflacionária que trazia um mal imenso para a sociedade e acho que o PT
foi mesquinho ao não dar seu peso político no momento em que o País precisava. Foram pobres de espírito. Acho que o PT, de fato, no governo FHC, fez uma
oposição destrutiva, postura que o PSDB nunca teve com o governo do PT.
RF – O senhor chegou a ser filiado ao PT?
Pessôa – Fui, eu era filiado!
setembro 2014 financeiro 15
entrevistadomês
RF – Então é um dissidente (risos)?
Pessôa – Eu era do diretório do bairro de Perdizes. O Rui Falcão (atu-
RF – E os juros?
Pessôa – A questão dos juros terem ido para
al presidente nacional do PT) fazia parte desse diretório. Fui me tornando
economista e conforme o PT foi se aprofundando em uma oposição muito
destrutiva, em um momento de hiperinflação do País, eu fui me afastando.
Aproximei-me de novo no primeiro governo Lula, quando eu assessorava
o Tasso Jereissati. Foi um período de muita colaboração entre a bancada
tucana e iniciativas do governo Lula. A bancada tucana foi muito colaborativa, pois votamos a favor do Prouni, da minirreforma tributária, da Previdência, apoiamos todas as iniciativas. O primeiro momento em que fomos
contra foi na votação da CPMF.
30%, 40% é uma enorme desonestidade intelectual que os petistas têm com a gente. Acho que os
petistas fazem o debate político no limite do que é
aceitável, levam a disputa política de forma muita
violenta, não é simétrico. Tem gente que diz que é
‘igualzinho’ ao que fez o PSDB, mas não acho que é
igual. Quando o PSDB é oposição, e isso ficou claro
no primeiro governo Lula, tem outro procedimento,
outra forma de levar a disputa política que não é
na violência nem tratando o oponente como inimigo.
Não queremos destruir os petistas.
RF – O PT faz muitas críticas à gestão FHC. Uma delas é que o Armínio
Fraga, quando assumiu o BC, elevou a Selic de 25% para 45%, diante da crise
da Ásia. Outra crítica sobre a privatização.
Pessôa – Privatização é governar de frente para o povo, porque ela melhorou diversos serviços que todos nós usamos e o povo mais pobre usa. Eu
não vejo nenhum conflito entre privatização, concessão de serviços de utilidade
pública, parcerias público-privadas e o bem-estar da população. Acho que esse
é um ponto que ninguém reparou. É inegável que houve uma reação da população a algumas privatizações, e os governos petistas e as campanhas usaram
isso. Ninguém reparou que isso pode estar associado a um fenômeno que é o
aumento da carga tributária.
RF – Qual a relação entre as duas coisas?
Pessôa – O País saiu da redemocratização destruído, tivemos o fim do
regime militar que se alongou muito. Note-se que a gente teve um ciclo de liberalização com FHC, depois a colheita do crescimento com Lula, crise externa, estatização e perda de eficiência com Dilma, e no regime militar tivemos o
mesmo ciclo: liberalização com Castello Branco, colheita do crescimento com
Médici, crise internacional com a triplicação do petróleo em 1973, estatização
com Geisel e a estagnação da economia. Talvez o governo João Figueiredo seja
uma boa previsão do que seria um segundo governo da Dilma.
RF – E a privatização?
Pessôa – Saímos do governo Sarney com o País destruído e quando
fomos para a privatização, tivemos que privatizar e recompor todas as tarifas e as finanças públicas. Tivemos que organizar as finanças estaduais,
os Estados tinham quebrado, bancos estaduais também, e qual foi a forma
que os políticos e a sociedade encontraram? Aumentar muito os impostos
sobre alguns setores de utilidade pública em que a tributação é fácil, então
passamos a tributar muito a energia elétrica, a telefonia e esses serviços
que são fáceis de ser tributados. Então a gente privatizou e aumentou a
carga tributária, não é que a tarifa ficou cara porque privatizou, a tarifa
líquida do imposto caiu, inclusive porque a eficiência do serviço explodiu
em relação ao que era antes.
RF – É difícil a população entender esse processo.
Pessôa – É difícil você querer que a sociedade entenda isso: que
a conta de luz está cara não porque a empresa privatizada está ficando
rica, mas sim porque você teve que pegar uma parte grande do ajuste
fiscal dos Estados e jogar em cima da conta de luz. Esse é um problema
que a gente tem porque criou-se esse estigma para a privatização por
conta desses fenômenos.
16 financeiro setembro 2014
RF – O PSDB poupou o Lula naquele momento
crítico do mensalão.
Pessôa – A gente nunca jogou pesado com isso.
Temos aquele episódio superesquisito, dos jovens promotores do Ministério Público, em cima de gestores do
governo FHC. Eles nunca acharam nada. O caso do Eduardo Jorge é impressionante. No PT você nem procura
um pouquinho e já começa a achar prova material. Os
promotores jovens ficaram em cima do Eduardo Jorge.
Essa indústria de dossiê que o PT teve com os “aloprados”. Eu me lembro de um tempo em que eles intermediaram um dossiê que era para destruir o Mário Covas.
A gente nunca fez isso. Os “aloprados” eram coisa que
não existia, o dossiê do Mário Covas era uma coisa que
não existia, o do Eduardo Jorge não existia, foram procurar onde quiseram e não acharam nada.
RF – A atitude do PT, então, é bem diferente?
Pessôa – Acho que o PT leva a disputa política
em um nível de violência, agressividade, dizendo que
o mundo os persegue e por isso têm que se defender,
Acho que isso é ruim para a democracia brasileira. E
faz parte dessa enorme desonestidade intelectual que
o PT tem com quem pensa diferente deles. Esse discurso que chamei de a numerologia dos governos: a
inflação média do governo FHC é possível que tenha
sido menor que a do governo Lula; agora a inflação média do governo FHC compara com o período anterior. A
gente tem que lembrar que governar é um processo,
na sociedade é um processo histórico, a nossa sociedade graças a Deus evolui e acho que o primeiro governo
Lula é um enorme degrau no processo de evolução da
nossa sociedade – como um governo de esquerda, fiscalmente responsável, que vai fazer sua política social
sem destruir as contas públicas, e eu acho um enorme
progresso.
RF – A estabilidade agora está sob risco?
Pessôa – Isso eles começaram a colocar em
xeque a partir de 2009, quando entrou essa agenda
lhorando, no final começou a piorar e pioramos muito nesses últimos anos de
governo Dilma. Apesar de haver uma ou outra área em que tivemos progresso.
“Fui me tornando
economista e conforme
o PT foi se aprofundando
em uma oposição muito
destrutiva e de um
momento de hiperinflação
do País, eu fui me
afastando”
da nova matriz econômica. O fato de os números do
governo Lula, em comparação a diversos indicadores da gestão FHC, eu acho normal, não fazem
mais que a obrigação. O País estava melhorando, é
claro que os números do governo Lula são superiores. A pergunta que a gente tem que fazer é: os
números do governo Lula, dadas às condições que
ele enfrentou, melhoraram o que podia melhorar?
Os números do governo FHC, dadas às condições
que ele tinha, melhoraram o que podia melhorar?
Os números do governo Dilma melhoraram o que
podiam melhorar?
RF – Nessa linha, é possível fazer comparações mais corretas?
Pessôa – Quando falo as condições que enfrentaram, são duas coisas: a primeira é de onde
você parte e qual é o legado que você tem. E a segunda, qual é o ambiente internacional com que
você se defrontou. Se nós nos debruçarmos honestamente sobre o governo FHC, pelo legado dele, de
onde partiu e as condições internacionais que ele
enfrentou, e o legado que ele passou para o Lula,
é uma herança bendita, com todos os problemas.
Para dar um número importante, o superávit primário que o FHC legou ao Lula foi de 2,85% do PIB, sem
receita extraordinária. A Dilma vai legar para ela,
ou para quem ganhar a eleição depois dela, alguma
coisa perto da casa de 0,3% do PIB.
RF – Um dado comparativo relevante.
Pessôa – No governo Lula continuamos me-
RF – Em caso de reeleição da Dilma, o senhor acha que teremos uma manutenção do atual modelo econômico?
Pessôa – Acho que a Presidente Dilma deu demonstração de capacidade
de aprendizado em algumas áreas. Deu mais autonomia para o Banco Central para fazer a política de juros, e aprendeu muito na questão regulatória das
concessões. São duas boas notícias que temos, acho que houve aprendizado.
Eu não sei o quanto ela tem consciência da dificuldade da situação fiscal que
temos hoje, isso não está claro.
RF – Como se arrumaria a questão fiscal?
Pessôa – É bem simples (risos...). Brincadeira, é hipercomplicado, mas
o conceito dá para entender: a gente vai ter este ano um superávit primário,
vai ter 0,6% de descontos para obras do PAC e desonerações, vai fazer 1%
e 3% – 0,3%, 0,4% de primário “limpo” e 0,9% de receitas extraordinárias. O
que são receitas extraordinárias? Refis, outorgas e antecipação de dividendo. Essas três rubricas vão dar alguma coisa este ano próxima de 0,9 ponto
percentual do PIB. A gente tem que construir um superávit primário de 2,5%
no horizonte de dois ou três anos, sem receitas extraordinárias. Eu não sei
em que medida a Dilma tem consciência da dramaticidade dessa situação.
Ao ganhar a eleição, ela vai sinalizar de forma muita clara como deve fazer
isso. Ela tem que sinalizar e já ir fazendo alguma coisa. Se ela não fizer isso,
mesmo que ela execute tudo certo, tem o risco de o País ter a sua nota de
crédito rebaixada dentro de um ano.
RF – Que efeito essa situação teria?
Pessôa – Como estamos no limite de deixar de ser grau de investimento,
o rebaixamento agora tem uma implicação qualitativa, não só quantitativa. Vamos mudar de qualidade e, ao mudar, uma série de investidores institucionais
vai ser obrigada a tirar seu dinheiro daqui por questões contratuais, de governança de seus fundos. Isso vai gerar uma corrida no câmbio, processo inflacionário e muitos problemas. Se a Presidente for reconduzida, ela precisa atuar
com clareza no front fiscal, senão vamos para um downgrade.
RF – Temos ainda a variável dos juros.
Pessôa – A dúvida que todo mundo tem é: quando vai começar um novo ciclo
da Selic? Ele será para cima ou para baixo? Isso vai depender da extensão dessa
desinflação que a gente vai ter daqui ao final do ano. Acho que fecha em 6,5%, se
a Dilma ganhar. Porque se vencer, qualquer espaço que tiver para dar aumento de
preço para Petrobras, ela vai dar. Então vejo até o fim do ano um processo mais
benigno. Meu número, sem aumento de gasolina, é algo entre 6,3% e 6,4%.
RF – E para 2015?
Pessôa – No ano que vem, ganhe quem ganhar, as expectativas vão
melhorar. Caso a Dilma seja reeleita, espero que ela faça uma programação
fiscal rígida. Espero que ela convença o mercado de que em dois ou três anos
caminhemos para um superávit limpo, de receitas extraordinárias na casa de
2% ou 2,5% do PIB, que não sejamos rebaixados, que a coisa melhore e a
economia se recupere. Se isso acontecer, a Selic no próximo ciclo talvez vá
para cima, pois o investimento vem forte. Essa queda na atividade ainda não
é uma redução de consumo, que vai bem, obrigado. A economia este ano deve
crescer 0,5% e o consumo, 2%. f
setembro 2014 financeiro 17
prêmio
Gustavo Loyola:
Economista
do Ano
Ex-presidente do
Banco Central e atual sócio-diretor
da Tendências Consultoria é eleito
pela Ordem dos Economistas do Brasil
E
conomista e sócio da Tendências, Gustavo Loyola foi eleito, com 47,15% dos votos
válidos, “Economista do Ano de 2014”, premiação da Ordem dos Economistas do Brasil, em
votação direta. A cerimônia de entrega do prêmio
aconteceu no dia 11 de agosto, em São Paulo.
Segundo o presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia, “os
economistas reconheceram o trabalho que Loyola
vem desenvolvendo ao longo desses anos”.
Gustavo Loyola é doutor em Economia pela
Escola de Pós-Graduação da Fundação Getúlio
Vargas, onde também cursou mestrado. Ele exerceu a presidência do Banco Central por duas vezes (entre 1992 e 1993 e de 1995 a 1997) e foi
diretor de Normas do Mercado Financeiro do BC.
Atualmente, além das atividades na consultoria (é
sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada), participa de conselhos de administração de
empresas brasileiras.
Entre suas várias atividades, Loyola ficou conhecido como um dos mentores do Programa de
18 financeiro setembro 2014
Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer),
que recuperou bancos com problemas
de caixa. Participou de várias reuniões
e seminários internacionais na área de
regulação financeira representando o
Brasil, promovidos por entidades como
FMI (Fundo Monetário Internacional) e
BIS (Banco Internacional de Compensações Financeiras), em Basileia, Suíça.
Na área acadêmica, Gustavo Loyola foi professor de Teoria Monetária e
Macroeconômica da FGV, em São Paulo,
em 1988 e 1989. Escreveu também o livro
Preços Relativos em um Processo Inflacionário,
em 1991, pela Editora da FGV. Atualmente é
também colunista de publicações, como o jornal Valor Econômico.
Loyola tem se mostrado cético em relação à
política econômica do governo Dilma. Ele acredita
que a tendência no mercado internacional é de
que haja liquidez mais restrita, com aversão ao
risco, principalmente com as mudanças na estratégia econômica dos Estados Unidos. Nessa situação, Gustavo Loyola enxerga problemas para
países “que não estejam fazendo a lição de casa
na macroeconomia, como o Brasil”.
Na avaliação de Loyola, a economia brasileira
vem perdendo dinamismo, com mercado de trabalho menos aquecido, crescimento mais lento do
crédito, confiança em queda, que fazem consumo
e investimento perder força, inflação acima da
meta de maneira recorrente e riscos setoriais em
alta em áreas como energia elétrica e petróleo.
As eleições de outubro podem trazer mudanças importantes, na análise do Economista do Ano
2014, desde que o(a) Presidente eleito(a) consiga
mostrar aos investidores que a política econômica
vai mudar para ser mais sustentável nos próximos
anos. Para ele, existem convergências entre o pensamento econômico de
Eduardo Giannetti
Gustavo Loyola: ex-presidente do
Banco Central e atual sócio-diretor
da Tendências Consultoria
da Fonseca, apontado como principal assessor de
Marina Silva em relação à economia, e Armínio Fraga, que comanda a equipe econômica que apoia o
candidato Aécio Neves, do PSDB. Quanto a Dilma, a dúvida seria sobre uma possível mudança da atual política, com redução do in-
“A economia brasileira
vem perdendo
dinamismo, com
mercado de trabalho
menos aquecido,
crescimento mais lento
do crédito, confiança
em queda, que fazem
consumo e investimento
perderem força”
tervencionismo e solução para a questão fiscal.
Gustavo Loyola prevê que o PIB vá fechar o ano
com alta de 0,6% e que em 2015 o índice será de
1,5%. Para a inflação medida pelo IPCA a estimativa é que a alta seja de 6,3% neste e no próximo
ano. Suas previsões são mais pessimistas em relações a outros índices importantes, como desemprego (4,8% em 2014 e 5,0% em 2015); taxa de
juros Selic (11,0% e 12,25%); taxa de câmbio (R$
2,45 por dólar e R$ 2,60); e déficit em conta-corrente (US$90,0 bilhões e US$ 93,40). Essas estimativas seriam válidas principalmente no caso de
reeleição da Presidente Dilma.
O Prêmio Economista do Ano também homenageou José Francisco de Lima Gonçalves,
na categoria Economista-Chefe; Monica Baumgarten de Bolle, como Economista Homenageada; David Kupfer, com Menção Honrosa; e Mara
Luquet, como Jornalista Econômico. A Comissão
de Apuração foi composta pelos economistas Juarez A. B. Rizzieri, presidente, e Modesto Stama,
secretário executivo. f
setembro 2014 financeiro 19
vozdoBC
15 anos do SCR
É
com grande satisfação que participo do evento em comemoração
aos 15 anos do Sistema de Informações de Créditos do Banco Central (SCR). Nesses últimos 15 anos, o Brasil passou por importantes
transformações econômicas e sociais, com a consolidação da estabilidade
macroeconômica, a ampliação do emprego e da renda e a redução da desigualdade social. Ao mesmo tempo, adotamos importantes reformas no
âmbito do Sistema Financeiro Nacional, incluindo o aprimoramento regulatório em linha com a evolução do arcabouço prudencial global, a criação
de novos instrumentos de captação e crédito, a redução dos riscos legais e
adotamos políticas para a promoção da inclusão financeira.
Tudo isso contribuiu para o aprofundamento do mercado de crédito no
País, que se expandiu nesse período de pouco mais de um quarto para os
atuais 56% do PIB, com reflexos positivos para a economia. SCR cumpriu
um importante papel nesse processo, ao contribuir para assegurar o desenvolvimento sustentável do mercado de crédito e a solidez do Sistema
Financeiro Nacional.
O SCR é uma das mais importantes ferramentas de trabalho do Banco Central do Brasil. A sua adoção há quinze anos permitiu um acompanhamento muito mais abrangente e tempestivo das operações de crédito
realizadas pelas instituições financeiras e, com isso, contribuiu para uma
profunda transformação na supervisão prudencial do Sistema Financeiro
Nacional. O foco mudou; passou a ser o risco incorrido pelos bancos e os
potenciais impactos à estabilidade financeira, e não mais apenas o mero
cumprimento de normas e regulamentos.
A supervisão ficou mais abrangente, eficiente e eficaz. A partir desse
banco de dados, aperfeiçoamos os nossos trabalhos de inteligência, fortalecendo a integração das atividades de monitoramento e de supervisão. O
monitoramento amplo, contínuo e analítico das operações de crédito, capaz
de identificar com maior precisão potenciais fontes de vulnerabilidades ou
mesmo irregularidades, contribuiu para aumentar o foco e reduzir o tempo
de execução dos trabalhos em campo.
O sistema trouxe também inúmeros benefícios para o monitoramento da estabilidade financeira. Permitiu, por exemplo, a realização de
testes de estresse abrangentes, de estudos sobre o comprometimento
de renda das famílias e das empresas, e a análise da qualidade do crédito por safras de empréstimos.
Esse rol de informações disponíveis possibilitou a realização de diagnósticos mais rápidos e precisos, o que contribuiu para ações corretivas
tempestivas, seja no âmbito exclusivo de uma instituição financeira, de um
20 financeiro setembro 2014
nicho de mercado ou mesmo de todo o sistema.
Essa riqueza de informações é de fundamental
importância para a definição e o ajuste de decisões e políticas envolvendo o SFN e em especial o
mercado de crédito. Foi fundamental, por exemplo,
na crise, na implementação de ajustes macroprudenciais em 2010, e, hoje, já nos permite observar,
na margem, após as medidas prudenciais recentemente adotadas, aumento no volume de concessão de crédito, em especial, em linhas como financiamento de veículos e capital de giro.
O SCR foi uma iniciativa pioneira. Hoje, é uma
referência internacional, que contribui para reforçar a qualidade da nossa supervisão e a solidez do nosso sistema financeiro. Por isso, recebemos com frequência visitas e pedidos de
assistência técnica de supervisores financeiros
de outras jurisdições – que querem conhecer em
detalhes essa ferramenta.
O SCR nasceu como uma ferramenta de supervisão bancária. No entanto, ao longo do tempo, passou a ser utilizado também por outras
áreas do Banco Central, e pelas próprias instituições financeiras. A área de regulação prudencial talvez seja um dos melhores exemplos.
Ao permitir enxergar com riqueza de detalhes a
evolução e a composição do crédito e seus riscos, o sistema favorece a definição de regras
mais precisas, adequadas ao perfil de negócios
dos nossos bancos.
A área de pesquisa econômica e financeira
também tem sido bastante beneficiada, usufruindo do amplo rol de informações disponíveis
para realizar estudos de cunho macro e microeconômicos, que servem de subsídio às decisões
e à adoção de ações nas mais diferentes áreas
do Banco Central.
Ao progressivamente passar a registrar operações de menor valor, o SCR tem também contri-
Discurso apresentado em 10/9/2014
Pronunciamento de Alexandre Tombini,
presidente do Banco Central, na abertura do evento
comemorativo do Sistema de Informações de Créditos
Alexandre
Tombini:
presidente do
Banco Central
buído na promoção da inclusão financeira. O SCR
passou a ser fonte de informação essencial também para a área de estatísticas econômico-financeiras do Banco Central. Ao longo desses últimos
quinzes anos, houve um processo gradual de convergência entre as estatísticas econômico-financeiras e as estatísticas de supervisão bancária.
Começou com a unificação de conceitos e da
plataforma tecnológica das duas áreas; as estatísticas de crédito passaram paulatinamente a
incorporar base de dados do SCR, o que permitiu
a consolidação e a redução do número de documentos remetidos ao Banco Central pelas instituições reguladas.
volvidas pelo Banco Central.
Nesse contexto, aproveito a oportunidade para anunciar três importantes iniciativas, que só foram possíveis graças ao desenvolvimento do SCR.
Duas delas, inclusive, inserem-se também no âmbito do Otimiza BC,
programa instituído pelo Banco Central que busca reduzir custos de observância e custos operacionais.
Uma das linhas de ação desse programa é a racionalização do fluxo de
informações, com objetivo de eliminar redundâncias de pedidos e duplicação de dados, com benefício indireto para o usuário final dos serviços
financeiros. E é nessa dimensão que o SCR e o Otimiza BC interagem, tornando os processos mais eficientes e menos onerosos, sem que haja perda
de qualquer informação relevante.
A primeira iniciativa que gostaria de anunciar é o fim da obrigatoriedade de elaboração e remessa do documento “Estatística Econômico-Financeira”, com informações de direcionamento do crédito por faixa de
risco, bem como natureza e classificação econômica dos tomadores. Tais
informações passarão a ser captadas diretamente no SCR, resultando na
eliminação de aproximadamente 3.700 documentos por ano, atendendo
plenamente aos objetivos do Otimiza BC.
A segunda iniciativa é a disponibilização, na internet, de uma nova ferramenta de informações sobre o sistema financeiro: são os “Dados Selecionados de Entidades Supervisionadas – IF.Data”, sistema que será alimentado pelo SCR e por outros bancos de dados administrados pelo BC.
Trata-se de um aperfeiçoamento da ferramenta “50 maiores”, mais versátil
e com muito mais funcionalidades. Com ela, qualquer cidadão poderá facilmente enxergar a participação de cada instituição
financeira no crédito por modalidade, região geográfica ou porte do tomador.
Com isso, foi possível pôr fim à obrigatoriedade de elaboração e remessa do documento
“Informações Financeiras Trimestrais – IFT”, eliminando mais de 25.000 documentos por ano,
inserindo-se, também, no âmbito do Otimiza BC.
A terceira iniciativa é a disponibilização de
informações sobre a distribuição do crédito por
sub-região, por modalidade e por classificação
de risco das operações. Tais informações estarão acessíveis no âmbito das “séries temporais”, coletânea de estatísticas
econômico-financeiras disponíveis ao público no site do Banco Central. São
informações que podem auxiliar na formulação de políticas públicas, ajudar a fomentar a competição entre instituições financeiras e servir como
insumo para a realização de estudos e pesquisas.
O SCR, no estágio atual, já é uma ferramenta ímpar no âmbito dos supervisores bancários. Mas o compromisso do Banco Central é de assegurar
que o SCR continue acompanhando a evolução do crédito no País e provendo informações abrangentes, tempestivas e precisas para a Supervisão e
para toda a comunidade de usuários do Sistema.
Finalizo o meu pronunciamento parabenizando o diretor da Área de Fiscalização, Anthero de Moraes Meirelles, e todos os servidores do Banco Central
que ajudaram a construir e aprimorar o SCR nesses últimos 15 anos. f
“O SCR foi uma iniciativa
pioneira. Hoje, é uma referência
internacional, que contribui para
reforçar a qualidade da nossa
supervisão e a solidez do nosso
sistema financeiro”
Apesar de ter sido concebido para fins de supervisão, o BCB, resguardado o sigilo bancário,
disponibiliza informações do SCR para as próprias
instituições financeiras, que as utilizam para fins
de análise de risco dos potenciais tomadores de
crédito. Isto favorece a concessão eficiente e saudável de crédito, contribuindo para a sua expansão
principalmente em segmentos antes muito pouco
atendidos, como os cidadãos de mais baixa renda
e as micro e pequenas empresas.
Por fim, mas não menos importante, as informações do SCR também são utilizadas para
orientar as ações de educação financeira desen-
setembro 2014 financeiro 21
Fotos: Sonia Tamer
seminário
Nosso rico
dinheirinho
Seminário da Acrefi reúne entidades,
bancos e empresas para falar sobre os
benefícios da educação financeira para as
pessoas e para a sociedade
H
á cinco anos, falar em educação financeira
era quase uma indelicadeza social. Esse
tabu começou a ser desfeito a partir de
algumas iniciativas de instituições públicas e privadas atentas ao bem-estar e ao equilíbrio financeiro
das pessoas. O assunto ainda não é frequente nas
rodas sociais, mas já se tornou bem mais comum
na mesa de jantar das famílias. Em contribuição a
essa desmistificação, a Acrefi realizou, dia 18 de
setembro, no hotel Renaissance, em São Paulo, o
seminário “Educação Financeira – O Desafio Atual”,
com patrocínio da Cetip e apoio da Febraban.
Depois dar as boas-vindas aos convidados, Antonio Augusto de Almeida Leite, o Pancho, falou sobre a importância de a população brasileira estar
cada vez mais informada e atenta à estabilização
do seu orçamento doméstico. Em seguida, Fabio de
Almeida Lopes Araújo, da diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central,
abriu sua apresentação lembrando um dado do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que mostra que em 75% das famílias brasi-
22 financeiro setembro 2014
leiras o salário acaba bem antes do fim do mês.
Para atenuar essa dificuldade, o governo federal
criou, em 2010, a Estratégia Nacional de Educação
Financeira (ENEF), que reúne uma série de ações
que ajudam a população a tomar decisões financeiras de forma mais consciente. Entre as iniciativas monitoradas pelo BC está o programa piloto
Educação Financeira nas Escolas (Ensino Médio),
que já foi implantado em 891 escolas voluntárias,
atingindo 26 mil estudantes, de 14 a 17 anos. “Por
meio das diversas disciplinas do currículo escolar,
o programa procura informar os estudantes para
que tomem, desde já, decisões financeiras mais
conscientes”, disse Araújo.
Na palestra seguinte, Maria Eugênia Sosa Taborda, gerente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco, falou que o Programa de Sustentabilidade do
Itaú tem a preocupação de entender as necessidades das pessoas para oferecer conhecimento e
soluções financeiras adequadas, contribuindo para
que os indivíduos e as empresas tenham uma relação saudável com o dinheiro. “Como as pessoas
Fabio de Almeida
Araújo:
da diretoria de
Relacionamento
Institucional do BC
Maria Eugênia
Taborda:
gerente de
Sustentabilidade do
Itaú Unibanco
hoje vivem mais do que no passado, é importante,
por exemplo, informá-las sobre a importância de
fazer uma reserva para sua aposentadoria”, ponderou Maria Eugênia. Para o Itaú, educação financeira
é a combinação de três fatores: competências pessoais, conhecimento e comportamento em relação
ao dinheiro. “A preocupação não é gastar menos,
é gastar melhor o dinheiro. Quem lida melhor com
os seus recursos tem menos estresse, interage
melhor com a família e fica mais perto de algumas
conquistas pessoais, como a casa própria, viagens
ou a aposentadoria.”
Já Nayra Baptistelli, do núcleo de comunicação
do INFI (Instituto Febraban de Educação), falou sobre os avanços conquistados pelo programa Meu
Bolso em Dia, projeto criado em 2010, que oferece ao público informações gratuitas sobre como
adaptar a educação financeira ao seu dia a dia. O
portal já registrou até hoje 11 milhões de acessos,
com 200 mil visitas mensais. Entre as ferramentas
compartilhadas pelo INFI, o Jimbo é um software gratuito, que pode ser baixado no computador
ou no celular. Como mais de 7 mil downloads por
mês, ele ajuda as pessoas a lembrarem de todas
as despesas fixas, apresenta uma projeção das
despesas para os próximos meses e ainda mostra o comportamento financeiro do consumidor, se
está endividado ou se pode fazer uma poupança.
Para mostrar a eficiência do serviço, Nayra revelou
que 52% dos usuários, ouvidos pelo instituto Data
Popular, se tornaram heavy user do benefício.
Pelo lado das empresas, Marcos Etchegoyen,
Nayra
Baptistelli:
do INFI /
Febraban
Marcos
Etchegoyen:
presidente
da Zuum
Hilgo
Gonçalves:
presidente da
Losango
presidente da Zuum, joint venture da Telefónica com
a MasterCard, trouxe para o seminário da Acrefi as soluções de pagamentos móveis que oferece
ao público não bancarizado. Serviço que se torna
importante, por exemplo, para 55% dos brasileiros
que ainda recebem salário em dinheiro, segundo
levantamento do Banco Central. Ele também beneficia aqueles que antes tinham que ficar nas filas
dos bancos, em vez de usar os caixas eletrônicos,
para sacar a totalidade do salário no início do mês.
“Essas pessoas não podem dispensar os trocados
que o caixa eletrônico não está preparado para entregar”, conta Etchegoyen. “Para eles, os R$ 4,70
que ficam retidos na conta podem ser revertidos
em uma passagem e meia de ônibus. O orçamento
deles é curto e diário”, ponderou o executivo.
Para finalizar o evento da Acrefi voltado para
educação financeira, Hilgo Gonçalves, presidente
da Losango Promoções e Venda, falou sobre a importância dos vendedores em auxiliar as pessoas
a se tornarem consumidores mais conscientes.
“Se um casal recém-casado chega à loja disposto a comprar um fogão de seis bocas, é obrigação
do vendedor alertar sobre o eventual desperdício
gerado por essa escolha, sendo que um fogão de
quatro bocas pode perfeitamente atender às necessidades desse casal”, diz Gonçalves. “Hoje em
dia, o vendedor deve atuar como um consultor do
cliente”, afirma o executivo. “Se o lojista orientar
os seus vendedores de acordo com esse novo tipo
de postura, as vendas no futuro serão ainda melhores”, garante o presidente da Losango. f
setembro 2014 financeiro 23
seminário2
Mercado em
transformação
Evento realizado pela Acrefi aponta
que o consumo terá expansão
semelhante à do PIB nos
próximos anos e que haverá
queda da demanda, fatores que
deverão reduzir o volume de
empréstimos
O
mercado de crédito deverá ter crescimento mais contido nos próximos anos
e esse quadro, ao lado das incertezas na
economia em geral, exige atenção dos agentes
que atuam no setor, segundo especialistas que
trataram do assunto no evento “Crédito e Cobrança em Transformação”, realizado pela Acrefi
dia 28 de agosto, em São Paulo.
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central
e atual sócio-diretor da Tendências Consultoria,
disse em sua palestra que o consumo terá expansão semelhante à do PIB nos próximos anos e que
24 financeiro setembro 2014
haverá queda da demanda, fatores que deverão reduzir o volume de empréstimos. Ele lembrou que o governo
tomou medidas em agosto deste ano na tentativa
de incentivar o crédito “que poderão dar resultado,
mas terão mais impacto nos bancos públicos”.
Na avaliação de Loyola, o crédito não cresce com
a economia em recessão: “Crédito é pró-ciclo e não
adianta tentar turbiná-lo na marra, até porque os
empréstimos podem ser de má qualidade”. Por isso,
ele acredita que o panorama não é animador para
Fotos: Sonia Tamer
Gustavo Loyola:
ex-presidente
do BC e sóciodiretor
da Tendências
Consultoria
2015, embora possa haver reação em linhas específicas para pessoas físicas, com ligeira retomada
do financiamento de veículos, e para empresas, com
mais recursos para capital de giro. Para
o fechamento de 2014, Gustavo
Loyola estima que o saldo
total de crédito deverá
ter crescimento real de
4,6%, impulsionado pelos empréstimos direcionados, e que o nível
deverá ser semelhante
no próximo ano.
Por sua vez, Eduardo Falsarella Júnior,
CEO do Inepad Consulting, recordou durante o
evento da Acrefi que o cenário econômico é de retração, o
que resultou em menor expansão
do comércio varejista em 2014. O especialista acredita que o consumo crescerá a taxas menores a partir de 2015: “Quem faz
gestão de crédito sabe da importância do consumo
e da renda para o setor e por isso é preciso estar
atento à realidade que se desenha já em 2015”.
Falsarella mostrou também que o crédito
entre empresas está se expandindo em relação
aos empréstimos concedidos por instituições financeiras e recordou que a inadimplência está
em queda, tanto em pessoas físicas quanto em
empresas, “o que também precisa ser visto com
atenção pelo setor de crédito”.
Já Tiago Zequi, gerente comercial da Unidade
de Financiamentos da Cetip, disse durante o evento
que as medidas voltadas ao crédito anunciadas pelo
governo em agosto representam “sinais importantes” para o setor. Na avaliação dele, o crédito tem
passado por transformações, como a mudança conceitual “de que os empréstimos agora são baseados
no bem-estar, não são encarados apenas como dívidas, o que é importante para os concedentes”.
Também palestrante no evento da Acrefi, Ricardo Kalichsztein, CEO da Bom Pra Crédito, mostrou a importância do internet bank no Brasil, que
já soma 41 milhões de contas, e falou também
que a empresa que comanda é um indicativo da
relevância desse segmento no setor de crédito.
Tiago Zequi:
gerente
comercial da
Unidade de
Financiamentos
da Cetip
Ricardo
Kalichsztein:
CEO da Bom
Pra Crédito
“Somos uma loja virtual de produtos financeiros
que permite de forma ágil e segura que os clientes comparem, simulem, contratem e adquiram
o melhor produto para suas necessidades financeiras e econômicas”, afirmou. “Já temos mais de
30 mil cadastrados com solicitações de crédito e
isso é mais uma mostra da importância do mundo
virtual para o setor”.
Kalichsztein informou também que o perfil
dos solicitantes de crédito via Bom Pra Crédito é
o consumidor da Região Sudeste, jovens entre 20
e 30 anos, que pedem crédito até de madrugada:
“Esse público tende a se expandir”, garantiu. “O
tomador busca hoje praticidade e quer comprar,
dentro do perfil geral dos consumidores do País.
E há ferramentas que podem tornar a busca de
informações pela internet ainda melhor, como o
Cadastro Positivo”. f
Eduardo
Falsarella
Júnior: CEO
do Inepad
Consulting
setembro 2014 financeiro 25
seminário3
Superar sempre,
esmorecer jamais
Em seminário promovido
pela Acrefi e pela Serasa Experian,
especialistas apontam que o atual
momento do País demanda novas
atitudes por parte das empresas
O
Fotos: Sonia Tamer
atual momento do Brasil, que transita
por indefinições no seu quadro político
e econômico, impõe desafios ao sistema
financeiro. De olho nessa nova agenda, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) reuniu um time de
especialistas no Hotel Renaissance, em São Paulo, para discutir o tema “Crescimento e superação
em épocas de incerteza”.
Para o presidente da instituição, Érico Ferreira,
Fábio Barbosa:
presidente da
Abril Mídia
26 financeiro setembro 2014
o Brasil vivencia há mais de 60 anos cenários de
incerteza que, diretamente, impõem superação em
todos os setores da sociedade. “Para melhorar o
País, em suas mais diversas áreas, é preciso investir no esclarecimento
permanente do povo. Por
melhor que seja nosso
cenário, sempre teremos dificuldades para
combater”, ponderou.
O diretor de segmentos da Serasa Experian,
Danilo Nascimento, lem­
brou que no começo de
2014 a projeção do PIB
estava em torno de 2,5%
e com o tempo ficou
abaixo de 0,8%. “Esse
quadro está alinhado
com o nosso dever de
superação, que é crescer em um cenário de
Danilo Nascimento:
incertezas e adversidadiretor da Serasa
des. O setor financeiro
Experian
lida com escalas, o que
é um indicador fundamental que precisamos melhorar para ter crescimento e aumento na gestão
de expectativas”, enfatizou Nascimento.
Geovane Zanetti, gerente de produtos da Serasa
Experian, fez uso de uma ferramenta de votação
interativa para avaliar que fatores estão influenciando o crescimento do crédito. “A alta do endividamento da população (35,6%) liderou a pesquisa de opinião. Em seguida, o baixo crescimento
do PIB (24,4%), inflação (17,8%), mudanças no
comportamento do consumidor (13,3%), eleições
(4,4%), incertezas no cenário mundial e Selic empataram (2,2%). Os números nos permitem aferir
as preocupações do setor”, frisou Zanetti.
Gustavo Andres, executivo de credit risk do
Santander, relatou que mesmo diante das dificuldades econômicas vividas pelo Brasil o banco
registra história de sucesso há mais de 51 anos,
tendo 133 filiais e 1.900 funcionários diretos. “O
Santander tem alcançado liderança de market
share na área de produção de veículos, em que
2011 tínhamos 15% do consolidado e, no primeiro
semestre de 2014, passamos para 18%. Em usados, em 2011, nossa carteira girava em 17% e, no
primeiro semestre de 2014, passamos para 21%.
Isso mostra que reagimos à concentração em operações sem entrada na aquisição em veículos, em
que alocamos nossa estratégia de aprovação com
pelo menos 20% de entrada”, disse Andres. “Em
momentos de incerteza, o sucesso do passado não implica resultados de futuro. É preciso
se superar, aprender
com os erros, evoluir
nos modelos e ter decisão com foco em rentabilidade”, alertou o
executivo. Com expectativa de estabilidade
da inadimplência nos
próximos trimestres, o
Santander acredita que
o Brasil ainda tem muito a fazer para reduzir
os níveis atuais do saldo de devedores.
Gustavo Andres:
Diego Bodner, conexecutivo de credit risk
sultor da Serasa Expedo Santander
rian Argentina, falou
setembro 2014 financeiro 27
Fotos: Sonia Tamer
seminário3
“O Brasil investe
somente 2% do PIB
em infraestrutura,
um terço do que é
gasto na China”
Fábio Barbosa
Geovane Zanetti:
gerente de produtos da
Serasa Experian
sobre inovação em
Ele citou dois momentos antagônicos da reestratégias de ne- vista britânica The Economist, que em uma primeigócios com foco em ra capa mostrou o Cristo Redentor como foguete
otimização no cenário internacional. “Os desafios para dizer que o “Brasil decolava”. Pouco tempo
estão no controle ideal da inadimplência, olhando depois, a mesma publicação voltou a estampar o
para uma demanda de soluções de cobrança e novas País na capa de sua edição para a América Latina
oportunidades para acelerar o consumo. Em termos e a Ásia com uma manipulação digital da mesma
de otimização, a escolha objetiva e matemática da imagem – só que agora mostrando o Cristo afuninteração necessária para cada cliente transita para dando após um voo, com o questionamento: “Será
resultados mais precisos. E saber decidir, diante de que o Brasil estragou tudo?”. Diante do exposto, o
um cenário de arrefecimento e aumento de risco, é presidente da Abril Mídia respondeu: “Ainda não,
fundamental para a melhoria dos negócios.”
mas precisamos melhorar sempre em todos os
Fábio Barbosa, presidente da
campos. O mercado atual deAbril Mídia, deu ênfase em sua
manda novas atitudes por parfala no evento da Acrefi em valote das empresas, que envolvem
res, tendo como foco empresas,
impactos ambientais e novos
pessoas e a sociedade. “Até poumodelos de negócio, ou seja,
co tempo tínhamos um cenário
a sociedade mudou e isso veio
otimista, mas hoje o momento é
para ficar”, alertou.
outro. Poderíamos estar melhor,
Por fim, Barbosa citou que o
uma vez que temos potencial de
hashtag ‘#vemprarua’ deve se
crescimento e expansão, mas o
transformar em ‘#vempraurna’.
custo de oportunidade em promo“Precisamos é de uma reforma
ver melhorias na infraestrutura e
de valores, que passa pela meestimular o setor produtivo ainda
lhoria individual de cada um.
não é o ideal. O Brasil investe soO Brasil será o que dele nós
mente 2% do PIB em infraestrufizermos, cada um de nós, petura, um terço do que é gasto na
las nossas ações e omissões. A
Diego Bodner: consultor
China”, lembrou Barbosa.
hora é agora.” f
da Serasa Experian
Argentina
28 financeiro setembro 2014
“Lei Anticorrupção”
em compasso de espera
Por Rosi Vuolo
E
Artigo enviado em 2/09/2014
m 2 de agosto de 2013, foi publicada a Lei Federal nº 12.846,
que trata da responsabilidade administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos à administração
pública nacional e estrangeira, texto normativo conhecido como “Lei
Anticorrupção”.
Mencionados esforços de globalização do combate à corrupção
estão presentes em diversas ações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, que culminaram na
edição da Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários
Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, assinada
em 1997 e ratificada e promulgada em 2000.
Apesar da ratificação da convenção em 2000, apenas em
2010 foi proposto pela Presidência da República o Projeto de Lei
6.286/2010, que culminaria na Lei Anticorrupção.
Um ano depois de sancionada, e meses após entrar em vigor,
a Lei Anticorrupção ainda aguarda regulamentação pelo Palácio do
Planalto e não serviu de base para a abertura de nenhum processo
administrativo em nível federal, de acordo com a Controladoria-Geral
da União (CGU). O atraso na edição do decreto que vai regulamentar
a nova legislação provavelmente está atravancando sua aplicação.
A Lei Anticorrupção prevê uma série de sanções aplicáveis às
pessoas jurídicas, entre as quais se destaca a pena de multa que
pode variar de 0,1% a 20% do faturamento bruto da empresa, não
podendo jamais ser fixada em valor inferior à vantagem auferida.
No caso da impossibilidade da utilização do critério do valor do
faturamento bruto, a multa será de R$ 6 mil a R$ 60 milhões.
Para fixação do valor da multa
serão considerados os seguintes critérios:
• Gravidade da infração;
• A vantagem auferida ou pretendida;
• A consumação ou não da infração;
• O grau de lesão ou perigo de lesão;
• O efeito negativo produzido pela infração;
• A situação econômica do infrator;
• A cooperação da pessoa jurídica para apuração das infrações;
• O valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com a administração pública;
• O grau de eventual contribuição da conduta de servidor público
para a ocorrência de ato lesivo;
• A existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica.
Além disso, a lei inova com a
sanção de publicação extraordinária
da decisão condenatória, em meios
de comunicação de grande circulação, bem como no local de exercício
de atividade da empresa e em site
na internet. Ainda, com a implantação da lei, será criado no âmbito do
Poder Executivo Federal o Cadastro
Nacional de Empresas Punidas –
Rosi Vuolo:
CNEP, cuja função será a de reunir
especialista em Controles
Internos e Compliance do
e tornar pública as sanções aplicaItaú Unibanco
das pela administração pública com
base na Lei Anticorrupção.
Acredito que um dos principais fatores para o sucesso dessa
lei não reside na aplicação das sanções, mas no poder inibitório da
simples existência da previsão de multas pesadas, mostrando ao
empresário que vale a pena ele se prevenir. Os dirigentes de empresa vão ser os maiores vigilantes interessados em cuidar para
que não aconteça a prática de nenhum dos atos previstos na lei.
As empresas que demonstrarem políticas efetivas de prevenção à corrupção terão tratamento diferenciado da Justiça e terão
condições de comprovar sua idoneidade perante situações de penalidade. Esse cenário coloca a compliance como uma das pautas
das atividades empresariais e corporativas e a existência de uma
estrutura de compliance já foi sinalizada pelo poder executivo
como um possível critério a ser considerado para a redução das
sanções, no decreto que está em elaboração.
Vale comentar que a vantagem de se ter uma estrutura de
compliance em funcionamento não se resumirá a redução do risco de responsabilização. É certo que empresas que se relacionam comercialmente busquem parceiros que também reduzam
sua exposição, que possíveis investidores enxerguem essas empresas como investimentos mais seguros, que essas empresas
sejam favorecidas em detrimento de concorrentes em relações
comerciais com multinacionais.
Uma análise de custo/benefício ao se implementar uma estrutura de compliance, com a entrada em vigor da lei anticorrupção, tornou o investimento ainda mais favorável, que pode não apenas evitar
o que pode vir a se tornar o fim de uma empresa, como também, aumentar oportunidades comerciais e de investimento, trazendo como
premissa que a ética de um possível parceiro ou investidor é um
fator importante de decisão para a concretização de transações. f
setembro 2014 financeiro 29
Foto: Gabriel Kosman
artigorosivuolo
executivo
“Nunca senti o trabalho
Dono de uma carreira construída ao longo
de 40 anos no Banco Central, Sérgio Darcy
hoje atua na iniciativa privada com a
mesma correção e competência que tantos
benefícios já trouxeram para o setor financeiro
S
Foto: Divulgação
érgio Darcy aposenMário Henrique Simonsen
tou-se do Banco Cene tornou-se um marco. Os
tral em 2006, depois
elogios ao trabalho do grude desenvolver uma das
po acontecem até hoje, mas
mais bem-sucedidas carreia vida continua e Sérgio
ras da história da instituição,
Darcy permaneceu no seu
e passou para o outro lado
trabalho no Banco Central
do balcão – desde então
até 1985, quando o banco
atua na iniciativa privacriou a área de normas.
da, em que pouco tempo
Ele foi indicado para trabatornou-se uma referência
lhar como chefe-adjunto do
para as instituições finannovo departamento, reporceiras, que requisitam sem
tando-se a ninguém menos
parar seus pareceres. Foi
que Gustavo Loyola, que deum salto e tanto, mas quanpois seria presidente do BC.
Sérgio Darcy: entre outras
do lhe perguntam quais as
Mais uma missão bem-suresponsabilidades, é consultor
principais mudanças descedida e Darcy tornou-se um
de compliance da Acrefi
sa mudança, ele responde
ativo interlocutor dos vários
com seu estilo simples e direto: “Na essência, nada segmentos do mercado financeiro. “Ao longo do tempo,
mudou. Como sempre, minha vida é ler”.
conseguimos elaborar normativos mais próximos
No mercado financeiro, no entanto, todos sabem da realidade”, conta. “Só é possível chegar a esse
que Sérgio Darcy foi (e ainda é) figura de destaque ponto com o diálogo, com o debate.”
no desenvolvimento do setor. Ele lembra que enEm 1991, ele passou a ser chefe do departatrou no Banco Central no primeiro concurso reali- mento de normas e seis anos depois tornou-se dizado pela instituição, em 1966, vindo da Faculdade retor da área. Sua marca, nessa trajetória, sempre
Nacional de Ciência Econômica, do Rio de Janeiro. foi o diálogo com o mercado. Como diretor, conviveu
“Entrei para atuar na área de mercado de capitais, com presidentes do BC de estilos diferentes como
que era nova no BC”, recorda. “Comecei estudando Gustavo Franco, Chico Lopes, Armínio Fraga e Henprocessos na área de autorizações. No desenvolvi- rique Meirelles. Atravessou também vários períomento desse trabalho passei a fazer parte do grupo dos de turbulência da economia e conviveu com os
que debatia normas para o mercado de capitais, que planos econômicos, que muitas vezes o obrigavam
incluía também representantes da CVM e das Bol- a passar noites em claro.
sas de São Paulo e do Rio.”
Permaneceu como diretor de normas até a apoO resultado dos debates desse grupo culmi- sentadoria, em 2006. Guarda ótimas recordações
naram na Resolução 932, que Darcy considera de suas quatro décadas no BC e reconhece: “No go“histórica, pela sua importância para o mercado”. verno, há muita pressão e não temos lá muito hoO texto foi entregue ao então ministro da Fazenda rário definido. E mais: quando se é correto, não há
30 financeiro setembro 2014
como um fardo”
como sair rico do governo. Mas não posso me queixar, já que fizemos, juntos com o mercado, várias
inovações, como os correspondentes bancários,
que aumentaram muito a inclusão bancária, entre
tantas outras novidades”.
Quando chegou a hora de se aposentar, depois
de ter sido o diretor que mais ficou no cargo na história do BC, Darcy passou pela quarentena (quatro
meses) e começou a ser convidado por instituições
financeiras, principalmente em comitês de auditoria. Tornou-se requisitado consultor e nessa atividade atua, entre vários outros segmentos, na área
de compliance da Acrefi. E passou também a fazer
parte do conselho de administração de empresas.
“O trabalho na iniciativa privada também é
muito intenso, mas consegui me ‘encaixar’”, comemora Darcy. “Faço o que gosto. Quando pergunto
sobre a intensa atividade mesmo depois de sair do
BC, respondo: faço o que gosto. Nunca senti o trabalho como um fardo.”
Ele continua a privilegiar contatos com jovens em suas andanças profissionais e participa
também de uma ONG ligada ao microcrédito, a
PlaNet Finance Brazil, em que preside o conselho de administração.
Em todas essas atividades Darcy mantém
sua linha de atuação, que vem desde o Banco
Central. “Tenho o cuidado extremo de só fazer
pareceres quando há base, quando concordo
com a proposta”, garante.
Assim, deixa cada vez mais distantes as preocupações que tinha quando estava para se aposentar
do BC. “Achei que ao deixar o Banco Central não teria mais valor”, recorda. “Eu dizia ao Armínio Fraga:
‘Não sei o que vou fazer lá fora’.”
A resposta a essa dúvida veio logo: apesar das
diferenças entre uma atividade e outra, Sérgio
Darcy é, no BC ou na iniciativa privada, sinônimo de
correção, competência e de trabalho sempre direcionado ao desenvolvimento do setor financeiro. f
notas
BRAiN
promove
mercado
brasileiro
na Ásia
A
BRAiN – Brasil Investimentos & Negócios
- deverá realizar em novembro deste ano,
na Ásia, mais uma edição do road show BEST –
Brazil (Excellence In Securities Transactions), que
tem como objetivo divulgar nas principais praças
financeiras globais os mercados brasileiros financeiro e de capitais. A iniciativa tem o apoio da
Febraban, Anbima, BM&FBovespa e Cetip e vem
contando com a participação do Banco Central, da
CVM, da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda e da Secretaria do
Tesouro Nacional. f
Banco Mundial recebe
comitiva brasileira para tratar
de ambiente de negócios
R
epresentantes do Instituto
BRAiN estiveram, no início de
agosto na sede do Banco Mundial
para discutir assuntos relativos ao
relatório Doing Business, pesquisa
da instituição que avalia o ambiente de negócios em 189 países e no
qual o Brasil ocupa a 116ª posição.
O convite para a reunião partiu da
Prefeitura Municipal de São Paulo e
da São Paulo Negócios. O relatório
avalia dez sub indicadores: Abertura de Empresas, Pagamento de Impostos, Registro de Propriedades,
Obtenção de Alvarás de Construção,
Obtenção de Crédito, Proteção de Investidores, Execução de Contratos,
Resolução de Insolvência, Comércio
entre Fronteiras e Obtenção de Eletricidade.
Na pauta do encontro, os participantes trataram das recentes
mudanças anunciadas pelo Banco Mundial sobre a metodologia
do Doing Business, que passará
a incluir mais de uma cidade em
suas avaliações. No ano passado,
o trabalho coordenado do Instituto
BRAiN permitiu que o Brasil avançasse 14 posições na pesquisa. f
setembro 2014 financeiro 31
artigosalamaepiccoli
Dois equívocos
Por Bruno Salama e Vicente Braga
32 financeiro setembro 2014
Artigo enviado em 22/08/2014
O
Fundo Garantidor de Créditos, ou FGC, é de resguardar a confiança no sistema financeiro
um ex-desconhecido do grande público através da proteção das partes “informacionalque recentemente migrou das notas de mente” vulneráveis. Um pequeno poupador não
rodapé para a primeira página dos noticiários. Em tem condições práticas de se informar sobre a
parte, isso tem ocorrido por conta de pendengas real situação do banco em que guarda seus recurjurídicas. A mais importante diz respeito a algu- sos: não consulta economistas, não lê balanços,
mas tentativas de fazer o FGC pagar por aquilo não acompanha o noticiário econômico, não tem
amigos influentes. Logo, esse pequeno poupador
que não deve.
O FGC oferece uma cobertura de até precisa de uma cobertura de depósito porque não
tem como avaliar a saúde finanR$ 250.000 para o titular de créceira do banco na hora de decidir
dito frente a uma instituição fionde aportar seus recursos.
Bruno Salama:
nanceira insolvente. Beneficiamprofessor associado da
Mas, o pequeno investidor
-se da cobertura pessoas físicas
Direito GV/SP e membro
com ativos em um fundo de
e jurídicas. A cobertura é indivititular do Conselho de
pensão não é “informacionaldual. Mas, recentemente, alguns
Recursos
do
Sistema
mente” vulnerável. Não é que
fundos de pensão com créditos
Financeiro Nacional
esse pequeno investidor seja
contra bancos quebrados têm
necessariamente
conhecedor
pleiteado judicialmente que a codas
complicadas
dinâmicas
dos
bertura para seus créditos seja
mercados financeiros; isso genão de R$ 250.000 para o fundo,
ralmente não acontece. Mas é
como estabelece o regulamento
que seus ativos são administrado FGC, mas de R$ 250.000 para
dos por entidades profissionais
cada uma das pessoas físicas
do mundo das finanças que poscom investimentos no fundo. Ou
suem a capacidade de monitorar
seja: a tese é a de que a cobertuas instituições financeiras que
ra deveria valer não apenas para
custodiam seus recursos. Funos credores diretos do banco
quebrado (inclusive o fundo de pensão), mas tam- dos de pensão conhecem o mercado financeiro e
bém para cada um dos credores indiretos (bene- jogam o jogo das finanças modernas. Tanto assim
que recebem um tratamento menos protetivo em
ficiários do respectivo fundo).
À primeira vista, estender a cobertura dessa diversos dispositivos da CVM, pois são vistos de
forma pode parecer uma medida de equidade. modo geral como agentes capazes de compreenAfinal, o FGC é uma entidade rica, e, logo, uns der os riscos envolvidos em suas escolhas e estostões a mais ou a menos talvez não lhe façam tratégias. Tudo isso quer dizer que estender aos
falta. Soa bonito, mas não tem sentido prático, e fundos de pensão uma proteção adicional vai na
contramão da lógica da regulação financeira moisso por pelo menos dois motivos.
Primeiro, porque a razão de ser do FGC é a derna, pois ajuda a blindá-los de riscos conscien-
sobre o FGC
temente assumidos e os desestimula de serem ciante, então, poderia ser responsabilizado por
cuidadosos e diligentes nas suas atividades de uma dívida de qualquer outro mercador. Daí a
investimento. Um problema sério, portanto.
mutualidade.
Há um segundo equívoco nas decisões judiA dinâmica moderna do FGC é análoga. Os
ciais que buscam expandir a cobertura do FGC bancos contribuem para o FGC com um percenpara os investidores indiretos. O equívoco de tual dos seus depósitos – não em contrapartida
imaginar que a cobertura do FGC tenha propria- a uma garantia fornecida, mas pelo privilégio de
mente uma natureza de seguro. Nas teses defen- fazerem parte do sistema bancário, que o FGC
didas em juízo por fundos de pensão, o fato de a ajuda a proteger com a sua atuação. O business
contribuição ao FGC ser calculado FGC não é oferecer seguro: é
da em um percentual fixo sobre
fomentar a confiança. Se fosse
qualquer valor depositado seria
puro seguro, por que o Banco do
incongruente com a limitação da
Brasil e a Caixa Econômica Fedecobertura. Afinal, por que pagar
ral precisariam contribuir? Aficontribuição ao FGC sobre valonal, legalmente são impedidos
res que não estão garantidos?
de quebrar, e sabem de antemão
Essa circunstância reforçaria a
que jamais terão um centavo sepossibilidade de que cada invesquer coberto pelo FGC.
tidor indireto poderia se aproveiO mesmo questionamento
tar individualmente do valor mápoderia
ser aplicado em relação
Vicente Piccoli
ximo da cobertura.
aos
maiores
bancos privados,
Medeiros Braga:
Ocorre que a natureza da cocuja
eventual
quebra
o FGC não
advogado e mestre
bertura do FGC é a mutualidade,
teria recursos para amparar.
pela Direito GV/SP
não o seguro. Voltemos na históAssim, o único fato que explica
ria. O primeiro garantidor de deque esses bancos grandes conpósitos, instituído em 1829, em
tribuam para o FGC é que o faNova York, teve sua proposta de
zem não para ter seus depósitos
criação expressamente justificada com base nas garantidos, mas para fortalecerem a confiança no
regras aplicáveis aos mercadores “hong”, do sis- sistema bancário do qual fazem parte e da qual
tema de comércio do Cantão (atual Guangzhou, se beneficiam.
China), que vigorou entre 1757 e 1842. Tais merAs finanças modernas são mesmo complicadores eram os únicos chineses da região auto- cadas. Entender tudo isso faz parte do percurso
rizados a comercializar bens com os estrangei- intelectual que pode evitar os equívocos de bemros, e, em razão de partilharem esse privilégio -intencionadas decisões voltadas a expandir a cocomum, a regulação imposta a eles determinava bertura do FGC, mas, ao fim e ao cabo, só fazem
que pudessem ser exigidos reciprocamente, uns contribuir para a redução da confiança pública no
pelas obrigações dos outros. Qualquer comer- nosso sistema financeiro. f
setembro 2014 financeiro 33
artigohenriquealves
Securitização de Créditos Vencidos:
Artigo enviado em 10/09/2014
N
os últimos anos, a visão da área de cobrança
dentro das instituições financeiras consolidou-se como sendo uma unidade de negócios responsável por maximizar resultados na gestão
da PDD, despesas de cobrança e receita de mora e multa. Dentro desse contexto, a venda de créditos vencidos
pode vir a se tornar uma importante alavanca para melhorar o resultado das organizações.
O mercado de Securitização de Créditos Vencidos começou a apresentar transações mais expressivas no início da década passada. Apesar de ser
uma operação já tradicional nos Estados Unidos e
nos principais países da Europa e da Ásia, o mercado de NPLs só ganhou corpo no Brasil após a estabilização da economia, com o Plano Real.
No Brasil, para avaliarmos o crescimento ocorrido nos últimos anos, basta observar o
avanço da relação “volume concedido de crédito
x PIB”. Dados do Banco Central mostram que essa
relação parte de 22% (R$ 200 bilhões) em 2002, e
atinge 56% (R$ 2,7 trilhões) em 2013. Estimativas
do mercado revelam que potencial brasileiro para
fins de negociação atingiu R$ 500 bilhões de créditos vencidos em 2013.
E quais as vantagens de vender? Como cri­
ar valor numa venda?
Quem vende está focado somente no resultado financeiro obtido na venda? Em alguns casos sim, mas
na maior parte das vezes a decisão vem acompanhada
de uma combinação de fatores que tornam a operação
mais atrativa e defensável perante os acionistas.
Valor de venda - A proposta de venda deve
ser compreendida pela instituição originadora como
uma antecipação dos recebimentos futuros dos créditos inadimplidos, “desagiados” por uma taxa interna de retorno buscada pelo investidor. É importante
também no processo de negociação que o originador
dos créditos contribua com informações que possam
ajudar o interessado na compra a estimar a recupe-
ração bruta da forma mais realista possível.
Aspectos fiscais - Aqui devem ser avaliadas as vantagens e as desvantagens:
• Antecipar ou não, o resultado da dedutibilidade fiscal por conta da venda de créditos vencidos
antes de transcorrer o prazo mínimo de dois anos
de atraso para utilização do crédito fiscal;
• Vender os créditos cuja dedutibilidade fiscal já
foi utilizada;
• Vender os créditos vencidos que, mesmo já tendo decorrido o prazo mínimo de dois anos de atraso,
ainda não podem ter a dedutibilidade fiscal por não
se enquadrarem nas exigências da Receita Federal.
Gestão da PDD - Na gestão da PDD devem ser
observadas a exigência de capital adicional (Banco
Central) e a provisão a ser constituída por conta
das operações que estejam apresentando evidente
tendência de deterioração e, portanto, consumindo
recursos. Também avaliar se os recursos a serem
dispendidos na recuperação de determinados ativos dentro da carteira geral não serão superiores
ao retorno esperado.
Aspectos operacionais - Nos aspectos operacionais considera-se a economia a ser realizada
pela desmobilização de recursos produzidos com a
venda de ativos. Típica situação é aquela relacionada a ativos non-core.
Conclusão - Os executivos de cobrança dentro
das instituições financeiras têm papel importante
na medida em que podem identificar oportunidades
de venda de créditos não performados, contribuindo com a melhoria do resultado da organização.
O desafio nos próximos anos está no aumento da
quantidade de instituições que vierem a se utilizar
desse canal. Nesse sentido, os investidores podem
contribuir, desenvolvendo novos modelos de negócios que atendam às necessidades das instituições
financeiras no momento da venda, mitigando riscos
e otimizando recursos. f
Foto: Divulgação
oportunidade que não deve
adormecer na sua mesa
Henrique Alves:
executivo-chefe
da área de Novos
Negócios da AMC
do Brasil
setembro 2014 financeiro 35
painelcetip
Vendas a crédito voltam a
recuar em agosto e
somam 514 mil unidades
Fonte: Inteligência de Mercado Cetip
O
s financiamentos de veículos no Brasil voltaram a recuar no mês de agosto, tanto na
comparação anual quanto na mensal, após o
fim da Copa do Mundo. Segundo Marcus Lavorato, gerente de Relações Institucionais da Unidade de Financiamento da Cetip, no acumulado deste ano já foram
financiados 4,085 milhões de veículos, entre automóveis leves, motocicletas, pesados e outros. Somente em
agosto, foram financiados 513.948 unidades, uma queda de 4% em relação ao último mês de julho e de 12%
na comparação com agosto de 2013.
36 financeiro setembro 2014
“A expectativa de recuperação do ritmo de vendas financiadas de veículos após a Copa do Mundo
acabou não se confirmando em agosto”, afirmou
Marcus Lavorato. “A estagnação da renda e o baixo
nível de confiança do consumidor parecem ditar o
rumo do mercado este ano”.
Os dados de agosto mostram ainda que os financiamentos de automóveis leves novos apresentaram uma queda de 9%, em relação a julho,
enquanto os usados recuaram 0,2%. Porém, segundo Marcus Lavorato, é preciso destacar que agosto
teve dois dias úteis a menos, em comparação ao
mês anterior. “Se considerarmos os valores médios
por dia útil, as vendas a prazo de autos leves novos
diminuíram 0,4%, na comparação mensal, enquanto
os usados cresceram 9,3%.”
Os números sobre financiamentos de veículos
são da Cetip, que opera o Sistema Nacional de
Gravames (SNG), base integrada de informações
que reúne o cadastro das restrições financeiras
de veículos dados como garantia em operações
de crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o
processo de financiamento de veículos seja suscetível a fraudes sistêmicas. f
A partir de out/13 a Cetip adotou nova metodologia para calcular os recursos liberados para
financiamentos de veículos. São consideradas
apenas inclusões de gravames de automóveis leves, com financiamento de até R$ 200 mil, e cujos
prazos não sejam superiores a 120 meses; para
motocicletas, o montante limite é de R$ 50 mil, com
prazo de 90 meses. A metodologia também limita
em R$ 500 mil e prazo de até 150 meses as inclusões de gravames de pesados. Dessa forma, a Cetip
desconsidera operações com valores e prazos destoantes com as práticas do mercado.
Fonte: Inteligência de Mercado Cetip
Fonte: Inteligência de Mercado Cetip
Fonte: Inteligência de Mercado Cetip
Fonte: Inteligência de Mercado Cetip
setembro 2014 financeiro 37
estilo
Mercedes-Benz
com DNA esportivo
No modelo CLA 45 AMG,
a esportividade está presente
no design, no desempenho do
motor e nos acabamentos
Por Evandro Ribeiro
38 financeiro setembro 2014
U
m Mercedes-Benz sempre foi reconhecido pelos brasileiros como um carro nobre,
confiável, elegante, tradicional e, de certa forma, conservador. Quem relaciona a marca a
conservadorismo certamente ainda não conheceu o
CLA 45 AMG, a aposta superesportiva da Mercedes-Benz que veio para quebrar paradigmas e atrair os
consumidores brasileiros sedentos por adrenalina.
Equipado com o mesmo motor 2.0 turbo usado
pelo A45 AMG e com os seus 360 cv de potência, o
cupê esportivo vai de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos. A velocidade máxima do carro é de 250 km/h,
Fotos: Divulgação
controlada eletronicamente. Adrenalina que chega
ao Brasil a partir de R$ 289.900.
Dirigir o CLA 45 AMG reforça a proposta da
AMG, marca de performance da Mercedes-Benz, de
“um homem, um motor”. O conjunto formado pelo
motor de quatro cilindros de série mais potente do
mundo, tração integral permanente, transmissão
esportiva SpeedShift DCT de sete velocidades e
suspensão especial garantem uma fantástica experiência de condução para os amantes de velocidade. Evandro Bastos, gerente de Marketing da
Mercedes-Benz do Brasil, enfatiza que “é um autosetembro 2014 financeiro 39
CLA 45 AMG
Cilindrada
1.991 cm³
Potência
265 kW
(360 cv)
a 6.000
rpm
Torque máximo
450 Nm
entre
2.250 - 5.000
rpm
Peso
1.585 kg
Altura
1.416 mm
Largura
2.032 mm
Comprimento
4.691 mm
Capacidade do
porta-malas
470 L
Capacidade do tanque 56/8 L
do combustível
móvel compacto e muito esportivo, dirigibilidade com as respostas do carro
muito rápidas, principalmente na troca de marchas, devido à transmissão 7G
DCT (Dual Clutch Transmission)”, afirma.
Ah, e o som? O escapamento com saída dupla muda o som de acordo com
a direção. Nas ruas da cidade o som é mais tranquilo. Já ao momento em que
o motorista acelera e ativa a opção de condução esportiva, geralmente em estradas, o fluxo de saída aumenta, com o barulho ficando mais alto, estralando
em mudanças de marchas. É tanta adrenalina que a impressão é de quem
está guiando um carro de corrida. Além disso, o programa eletrônico de estabilidade (ESP) e o assistente de curva tornam o carro extremamente estável e
seguro. Uma delícia ao volante.
Certamente isso se deve ao DNA, herança do automobilismo. O investimento nos superesportivos ficou ainda mais sólido com o Mercedes-Benz
Challenge: importante categoria nacional, disputada desde 2011 no Brasil
com a versão C 250 Sport. “O Brasil foi o primeiro mercado escolhido pela
Mercedes-Benz para a estreia do CLA 45 AMG Racing Series, versão de corrida do CLA 45 AMG. Este automóvel criou uma nova categoria no campeonato. Atualmente são cerca de 40 automóveis no grid, entre C 250 e CLA 45
AMG Racing Series”, conta Evandro Bastos.
O cupê compacto de quatro portas surpreende também pelo layout inovador.
A linguagem de design foi enriquecida pela AMG dando um toque todo especial
ao modelo. As proporções esportivas são enfatizadas ainda mais pela grade do
radiador AMG, ambas pintadas de cinza titânio fosco. Os faróis bi-xenônio são
40 financeiro setembro 2014
Pneus
235/35 R19
Aceleração 0-100
km/h
4,6 s
Velocidade máxima
250 km/h*
equipamentos de série. A versão comercializada no
Brasil é também equipada com o exclusivo Pacote
AMG Night, que inclui vidros escurecidos, faixa da
linha de cintura em preto anodizado, ponteiras de
escapamento pretas com detalhes cromados, divisor aerodinâmico dianteiro, espelhos externos e
friso traseiro pintados de preto.
O acabamento interno do veículo reforça a
esportividade, com bancos de couro preto e vermelho, além de portas e painel de couro. O teto
solar panorâmico é outro toque de extrema esportividade. Além disso, o CLA 45 AMG importado para o Brasil vem de série com rodas de liga
leve AMG de 19 polegadas.
Até o fechamento desta edição, a marca já havia vendido 17 unidades do CLA 45 AMG. A Mercedes-Benz fechou o ano de 2013 com 9.421 carros
vendidos no Brasil. De acordo com Evandro Bastos, “a previsão para 2014 é alcançar a marca de
11 mil automóveis Mercedes-Benz comercializados no País”, afirma. f
Fotos: Divulgação
estilo
marketing
Holofote cultural
Cetip fecha parceria com a Time for Fun
e passa a dar o seu nome à sala de
espetáculos do Complexo Cultural do
Instituto Tomie Ohtake
O
naming rights, ação de marketing que consiste em dar o nome de um produto ou de empresa para uma casa de espetáculo ou para
estádio de futebol, tem se mostrado uma forma eficiente de conquistar clientes e atrair novos negócios.
A partir dessa estratégia e na tentativa de tornar a sua
marca mais próxima da pessoa física, a Cetip fechou
parceria com a Time for Fun e dá seu nome à sala de
espetáculos do Complexo Cultural do Instituto Tomie
Ohtake, que passa a se chamar Teatro Cetip.
“A nossa empresa está inserida no dia a dia
42 financeiro setembro 2014
do brasileiro e poucos sabem disso. Provê a infraestrutura para que as instituições do mercado
financeiro realizem as suas operações habituais,
como aplicações financeiras e financiamentos de
veículos. Além disso, estamos investindo na cultura
do País, associando a imagem da companhia a um
centro cultural de destaque de São Paulo”, afirma
Gilson Finkelsztain, diretor-presidente da Cetip.
Para Fernando Altério, presidente da Time for
Fun, a iniciativa da Cetip favorece a posição de liderança da sua empresa no segmento do entretenimento. “Muito nos honra a Cetip apostar nesse
mercado de produções de alta qualidade, em São
Paulo”, exalta Altério.
Localizado entre as Avenidas Faria Lima e Pedroso de Morais, na região de Pinheiros, o Teatro
Cetip tem capacidade para 627 espectadores e sua
estrutura inclui, além da sala de espetáculos, um
espaço multiuso reservado para shows, apresentações, ensaios e eventos fechados. Em sua nova
fase, a sala recebe o musical “Se Eu Fosse Você”,
baseado em um dos maiores sucesso do cinema
nacional, que reúne mais de 30 canções de Rita Lee,
30 atores e músicos em cena e a supervisão artística de Daniel Filho. f
cultura
Morada
das letras
Com mais de 320 mil títulos,
51 mil deles classificados
como raros, a Biblioteca
Mário de Andrade,
em São Paulo, recebe
diariamente a visita de
1,2 mil pessoas
N
ão são poucas as pessoas que circulam
diariamente pelo centro de São Paulo e
não têm ideia do que funciona no prédio
estilo art déco que fica bem no cruzamento da Rua
da Consolação com a Avenida São Luís. Trata-se
da Biblioteca Mário de Andrade (BMA), o segundo
maior acervo público de livros do País, com 7 milhões de itens – mais de 320 mil títulos, 51 mil deles classificados como raros –, superado apenas
pela Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Em
média, o local recebe 1,2 mil pessoas por dia. Só
a área dos exemplares circulantes atende mais
de 700 usuários.
Fundada em 1925 como Biblioteca Municipal
de São Paulo, a BMA passou a ocupar seu atual
espaço em 1942, quando o prefeito Prestes Maia
inaugurou o edifício projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon. De lá para cá, o prédio passou
por inúmeros reparos e melhorias. Uma das significativas aconteceu entre 2007 e 2011, período
que, além da recuperação do edifício principal e do
anexo, os departamentos foram redistribuídos, o
44 financeiro setembro 2014
Fotos: Divulgação
Recuperação
da BMA:
investimento
de R$ 23
milhões
mobiliário passou por restauro e parte do acervo
dos livros foi higienizada. Foram investidos cerca
de R$ 23 milhões, R$ 13 milhões de reais no prédio
principal e outros R$ 10 milhões para o anexo. Com
a reabertura, o público voltou a explorar as coleções fixas (artes, coleção geral, mapoteca e raros
e especiais), trazendo para o dia a dia da biblioteca
pesquisadores, artistas e intelectuais que ficaram
afastados durante a revitalização do patrimônio.
Só a coleção de obras raras abriga 51 mil livros,
20 mil volumes de periódicos e outros 10 mil documentos, incluindo manuscritos, álbuns de fotografias originais, gravuras, desenhos, cartões-postais,
moedas, além de publicações impressas antes de
1500, como a Suma Teológica de Santo Tomás de
Aquino. Entre as relíquias estão obras do frade
franciscano André Thévet, cosmógrafo de Henrique II, rei da França; do missionário Jean de Léry,
que retratou a tentativa da colonização francesa na
Baía de Guanabara, e do padre português Manuel
da Nóbrega, responsável pela primeira missão jesuítica à América. f
Foto: Divulgação
Fotos: Divulgação
negócio&lazer
“Nossos hóspedes têm
‘cabeça aberta’, são
viajados e estão na faixa
entre os 35 e 50 anos”
Melissa Fernandes Oliveira,
gerente geral
46 financeiro
Puro bom gosto
Referência arquitetônica de São Paulo,
o Hotel Unique oferece ambiente
elegante, atendimento personalizado
e alta gastronomia – assinada pelo
chef Emmanuel Bassoleil, além
de ser um dos melhores
lugares para avistar a
cidade de cima
I
números empreendimentos são construídos em
São Paulo, mas muito poucos se tornam referência
arquitetônica da cidade. Uma dessas raridades é o
Hotel Unique. Projeto arrojado do arquiteto Ruy Ohtake,
o edifício foi inaugurado há 12 anos, quando começava a
surgir por aqui o conceito do hotel butique, com poucos
quartos, ambiente elegante, atendimento personalizado
e alta gastronomia – assinada pelo premiado chef Emmanuel Bassoleil. Na bastasse tudo isso, o restaurante
Conheça o Hotel Unique em números:
Apartamentos
85
Suítes
10
Pavimentos de apartamentos
6
Restaurante Skye
70 lugares
Bar Skye
120 lugares
Bar The Wall
50 pessoas
Piscina
25 x 4 metros
Comprimento do prédio
100 metros
Largura do prédio
15 metros
Altura do prédio
25 metros
Área de eventos
2 mil m²
Subsolos
3
Estacionamento
600 vagas
Funcionários
380
Seus apartamentos,
com metragens que variam de 36 m² a 250 m²,
Chef Emmanuel Bassoleil:
seu cardápio atrai diariamente
receberam projeto de inmais de 600 clientes
terior do arquiteto João
Armentano. Os quartos
das pontas do prédio, aliás, têm um atrativo a mais: o piso chega a
encostar no teto, acompanhando o desenho curvo da fachada. Já o
paisagismo simétrico do térreo e da cobertura foi idealizado por Gilberto Elkis, que também é responsável pelo projeto singular da piscina vermelha (lembra vinho rosé), de 25 metros de comprimento,
localizada na cobertura ao lado do bar e do restaurante do hotel.
Bastante conhecido no exterior, vide a lista de personalidades que
já se hospedaram por lá, o Unique faz parte do roteiro de muitos brasileiros que buscam na capital paulista um fim de semana que mistura programação cultural, compras e boa gastronomia. Aliás, o criativo cardápio do chef francês Emmanuel Bassoleil, do Skye, costuma
encantar tanto os paulistanos como os hóspedes estrangeiros. Entre
suas especialidades, o ceviche de bloody mary, preparado com robalo,
camarão, alga, cebola-roxa, milho e erva-doce no suco de tomate com
vodca; o canelone de pato, acompanhado de uma minicoxinha de foie
gras cremoso e um toque de trufa negra; ou a blanquete de vitela, levemente cozida com creme de leite e cogumelos, mais purê de batata.
Se ficar com peso na consciência e quiser gastar algumas calorias, o hóspede tem a opção de cair de cabeça no U-Bike, programa
de mobilidade sustentável da capital paulista, que estimula as pessoas a conhecer os principais pontos turísticos de São Paulo, pedalando por rotas ciclísticas alternativas.
A atmosfera moderna do Unique atrai também diversos hóspedes que vêm para são Paulo para participar de eventos da área
de moda e do universo artístico, como o SP Fashion Week ou a SP-Arte, mostra que reúne aproximadamente 30 galerias nacionais e
internacionais. Outra atração da cidade, que acontece há oito anos
nos salões do hotel, é o concorrido baile de gala da Vogue, festa
pré-carnavalesca que concentra centenas de celebridades, como
Gianne Albertoni, Shirley Mallmann, Heleninha Bordon, Marina Ruy
Barbosa, Adriane Galisteu, entre outras.
Se passou pela sua cabeça se casar em lugar que reúne tanta
diversidade e elegância, é bom se apressar. A concorrência por uma
brecha na programação do Unique não é menos disputada do que
um espaço na agenda da Igreja Nossa Senhora do Brasil. Se ainda
continuar interessado, só há reservas para 2015. f
Serviço: Hotel Unique, Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 4.700,
São Paulo - SP, Tel. (11) 3055-4710, www.hotelunique.com.br
48 financeiro setembro 2014
Fotos: Divulgação
Skye, localizado na cobertura do hotel, em pouco tempo, passou a
ser considerado um dos dez lugares mais incríveis para se ver São
Paulo de cima. Também pudera, de lá é possível avistar o Parque do
Ibirapuera, os espigões da Avenida Paulista e as mansões dos Jardins. “A combinação de cardápio atraente com a beleza do cenário
leva Bassoleil a atender por dia cerca de 600 clientes”, conta Melissa
Fernandes Oliveira, gerente geral do Unique.
Além daqueles que vão ao hotel apenas para almoçar ou jantar e
descansar o olhar no horizonte paulistano, o Unique tem clientes cativos, que mantêm quase sempre lotados seus 85 apartamentos e dez
suítes. Segundo Melissa, são hóspedes de “cabeça aberta”, viajados e
que têm entre 35 e 50 anos. A maioria é formada por executivos de
negócios, profissionais da moda ou do entretenimento e artistas. Por
isso, faça cara de paisagem se encontrar por lá Christian Louboutin,
Carolina Herrera, Harrison Ford, Kevin Costner ou o príncipe Harry.
Embora o arquiteto Ruy Ohtake prefira definir o seu projeto como
um arco invertido, com 100 metros de cumprimento, que parece estar suspenso no ar, não são poucos aqueles que enxergam na obra
semelhança com um barco ou até mesmo com uma fatia de melancia.
Não importa, o Unique se tornou um marco urbano de São Paulo.
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terceirosetor
Sonho de
campeão
Por Patrícia Marques
Após 12 anos
da conquista do
penta no Japão,
o ex-jogador Cafu
continua levando
esperança aos jovens
do Jardim Irene, em
São Paulo
50 financeiro setembro 2014
Ilustração: Rafael Pascoal
M
arcos Evangelista de Morais, o Cafu,
ao comemorar a conquista do penta
na Copa do Japão, em 2002, trouxe
notoriedade mundial para um bairro pobre da
zona sul da capital paulista: o Jardim Irene. Ao
erguer a taça Fifa, o capitão da seleção trazia
rascunhado na camiseta a frase: “100% Jardim
Irene”. A homenagem, no entanto, não refletia
a dura realidade de uma desconhecida região
da periferia paulistana, próxima ao Capão Redondo, conhecida apenas pelos altos índices de
violência e de exclusão social. Foi então que o
sonho de Cafu começou a tomar forma.
Criada em 2001, antes mesmo do mundial,
a Fundação Cafu nasceu do desejo do ex-jogador de levar oportunidade aos jovens da região, onde passou a infância e a adolescência,
para diminuir a exclusão social por meio de
programas e projetos que estimulam a educação, a cultura e o esporte.
Em novembro de 2002, já consagrado com
as cinco estrelas no peito, Cafu inaugurou a
sede da fundação e comemorou as primeiras
parcerias com as empresas. De lá para cá, a entidade só conquistou êxitos. Atualmente a instituição atende mais de 750 crianças e jovens,
entre 3 e 18 anos, que para participar das atividades da fundação precisam ser moradores do
Jardim Irene, devem frequentar escola pública
e ter renda familiar de até três salários mínimos. Para 500 adultos, entre 18 e 60 anos, a organização oferece cursos profissionalizantes.
Para aqueles que desejam mergulhar no universo das artes, a fundação promove oficinas de
teatro, instrumentos musicais, canto, iniciação
ao hip hop, aulas de desenho, grafite e capoeira,
prática de basquete, além do projeto voluntário
Brincando de Bola, que trabalha o futsal masculino e feminino, promovendo a interação dos
alunos mais velhos com os menores. ”Nós utilizamos o futebol como ferramenta de inclusão
social. Não estamos interessados na profissionalização do esporte. Aqui estamos focados na
ética, no respeito, na humildade e na esperança”,
explica Silvia Abranches, diretora-superintendente da Fundação Cafu. f
Como ajudar
A fundação é uma entidade sem fins lucrativos, criadora de oportunidades de desenvolvimento, que ajuda a combater a desigualdade social, é mantida com recursos
do ex-jogador e recebe doações por meio
de parcerias com empresas – Ambev, Danone, Adidas, Consigaz, entre outras – e de
pessoas físicas. As crianças e os adolescentes são atendidos de forma gratuita.
Serviço: Rua Alves
de Souza, 65
Tel. (011) 5824-0422
Jardim Irene –
São Paulo, SP
setembro 2014 financeiro 51
terceirosetor2
Um futuro melhor
Projeto Viver, na
Comunidade do
Jardim Colombo, em
São Paulo, oferece
apoio educacional
para 300 crianças e
orientação para que
jovens ingressem no
mercado de trabalho
N
aos jovens da comunidade, que
em todos imaginam o
têm entre 15 a 18 anos, o Prograprazer que é esquecer
ma Caminhando. São duas turpor um dia a rotina de
mas anuais, com 70 participantrabalho no mercado financeiro
tes cada, que recebem durante
para pintar o rosto da garotada
seis meses orientação e formaou se envolver na organização de
ção para que ingressem com o pé
uma festa beneficente do Dia das
direito no mercado de trabalho.
Crianças. Essa é uma alegria que
Eles são capacitados em inforGisele Andrade e Cintia Falcão,
mática, aprendem a organizar e
respectivamente, consultora de
Gisele Andrade e
montar o seu currículo, além de
investimentos e gerente jurídica
Cintia Falcão:
noções de como se apresentar
do Banco Votorantim, não abrem
voluntárias do Projeto
em uma seleção ou entrevista de
mão. Elas e outros 200 voluntáViver e executivas do
trabalho. “Muito deles chegam à
rios da Votorantim Finanças arBanco Votorantim
formatura do curso já empregaregaçam as mangas para levar
mais qualidade de vida para cerca de 900 pessoas dos. Outros se preparam para ingressar na faculque participam do Projeto Viver, na Comunidade dade. É um salto muito grande para eles e para
suas famílias”, comenta Gisele.
do Jardim Colombo, zona sul da capital paulista.
Mesmo quem não faz parte da Votorantim
Embora ofereça atividades complementares
para outras faixas etárias, a prioridade do Pro- Finanças pode ajudar e contribuir com o Projeto
jeto Viver é a educação de crianças de 6 a 14 Viver. Para a festa do Dia das Crianças, agora em
anos. Para que elas fiquem longe das ruas, 30 outubro, por exemplo, Gisele e Cintia criaram um
funcionários contratados da Associação Viver site de crowdfunding para arrecadar recursos:
em Família, direta ou indiretamente, atuam para www.catarse.me/diadascriancas2014.
Outra forma de colaborar é com a compra de
que 300 crianças passem as tardes no projeto,
recebendo alimentação, reforço escolar, aulas de kits lanches preparados pela comunidade. Atualinformática, incentivo à leitura, participem de ati- mente eles atendem empresas, com 1.000 pedividade esportiva, oficina de teatro, etc. “O nosso dos diários, mas têm disponibilidade para mais
objetivo é proporcionar um mundo melhor para 2.000 kits. Os lanches são montados sob orientação de nutricionistas, em uma cozinha semi-inessas crianças”, diz Cintia.
Passada a fase da infância, o projeto oferece dustrial e de acordo com as normas da Anvisa. f
setembro 2014 financeiro 53
bancodedadosinepad
Estratégias
para uma agenda
econômica eficiente
E
m ano de eleição, como 2014, debates sobre
as consequências, os acertos e os erros da
política econômica adotada nos últimos anos
mostram-se recorrentes, seja na grande mídia ou
em conversas informais no dia a dia das pessoas.
Debates sobre a melhor direção a ser trilhada pela
economia do País tornam-se mais frequentes pela
possibilidade de mudança ou de manutenção do
rumo das decisões tomadas pelo Poder Executivo, a
partir do processo eleitoral. Nesses debates, logicamente, há divergência de ideologias e de opiniões,
contudo alguns pontos a melhorar são consensos
nos argumentos e algumas estratégias básicas podem ser importantes para a construção de políticas
econômicas eficientes.
Começamos pela Educação. A Educação é fundamental para o desenvolvimento econômico de
um país. Com um melhor ensino, aumentamos
a oferta de profissionais capacitados, ou seja,
aumentamos a produtividade por trabalhador e,
consequentemente, a produtividade das empresas e de toda a economia. Além disso, profissionais bem formados possuem maior capacidade
para adaptar e criar métodos otimizadores de
recursos, bem como contribuem no desenvolvi-
Tabela 1 – Ranking de Carga Tributária/PIB em 2013
Colocação no
Ranking
País
Carga Tributária/
PIB
1º
Dinamarca
48,1%
2º
Suécia
44,5%
3º
França
44,2%
4º
Bélgica
44,0%
5º
Finlândia
43,4%
6º
Noruega
43,2%
7º
Itália
42,9%
13º
Alemanha
37,1%
19º
Reino Unido
35,5%
22º
Brasil
34,8%
23º
Argentina
34,6%
33º
Espanha
31,6%
34º
Portugal
31,3%
39º
Rússia
29,5%
58º
Estados Unidos
25,1%
91º
China
19,0%
Fonte: INEPAD e OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
setembro 2014 financeiro 55
bancodedadosinepad
mento e na implementação de novos processos e
novas formas de organização. Entretanto, aumentar os investimentos em educação destinando
uma parcela maior da arrecadação do governo ou
então aumentando a carga tributária não são as
únicas e nem deveriam ser as principais ações. O
ideal seria o aumento da eficiência na gestão dos
recursos públicos, ou seja, o foco não deve ser
apenas no aumento do gasto, mas na qualidade
do gasto despendido.
A gestão do gasto público possui relação direta com aquilo que ele arrecada. A relação carga
tributária/PIB brasileira é de 34,8%. Esse valor
é comparável ao de países desenvolvidos, como
mostra a Tabela 1. O Brasil está na 22ª colocação
dos países com maior carga tributária/PIB, sendo o primeiro entre os países latino-americanos
(seguido de perto pela Argentina) e o primeiro entre os BRICS. Ocorre que, apesar de possuir uma
carga próxima a tais países, quando analisamos o
retorno desse dinheiro à sociedade, em forma de
serviços públicos, a comparação é desfavorável
para o Brasil. O Governo Brasileiro não consegue
atender de maneira mínima os serviços públicos
básicos como educação, saúde, segurança pública, além disso, o investimento em infraestrutura
(produção de energia, portos, aeroportos, rodovias, ferrovias) é baixo.
Quanto ao ambiente macroeconômico brasilei-
Gráfico 1 – Taxa de Investimento/PIB do Brasil
ro, um dos principais desafios do próximo representante eleito será aumentar a relação taxa de investimento/PIB. Essa relação reflete qual parcela
do PIB é representada por investimento em capital
fixo, ou seja, qual parcela do PIB foi investida visando ao aumento da capacidade produtiva do País.
Como mostra o Gráfico 1, a taxa de investimento
do Brasil desde de 1995 oscila entre 16% e 20%
do PIB, saindo desse intervalo apenas uma vez, em
2008, quando alcançou 20,71%. A Tabela 3 expõe
uma comparação da taxa de investimento brasileira com a de outros países, é possível ver que a taxa
brasileira, além de estar abaixo da média mundial,
é a menor entre os BRICS, e, dos demais, está acima
somente da Alemanha, país que já é desenvolvido
e justifica a taxa em nível menor, e da Argentina,
que vivencia um cenário de crise nos últimos anos.
Tabela 3 – Taxa de Investimento/
PIB em 2013
País
Taxa de
Investimento/PIB
Argentina
16,88%
Brasil
18,17%
Chile
23,99%
China
46,54%
Alemanha
17,65%
Índia
30,37%
Rússia
21,47%
Estados Unidos
18,64%
Mundo
21,25%
Fonte: INEPAD e World Bank
Outras mudanças importantes a serem feitas
referem-se ao Sistema Tributário Nacional e ao
desenvolvimento do Mercado de Crédito Brasileiro. Quanto à estrutura tributária é interessante
simplificá-la e deixá-la mais transparente, para
assim, aumentar a competitividade do setor produtivo nacional. E o Mercado de Crédito do Brasil,
como exposto na Tabela 4 em que mostra a proporção crédito ao setor privado/PIB, possui gran-
56 financeiro setembro 2014
Fonte: INEPAD e World Bank
Elaborado pelo Centro de
Pesquisas do INEPAD Núcleo CEPEFIN
de potencial para crescer e facilitar a concessão
de crédito para projetos de investimento produtivo por parte das empresas. Enquanto a relação
crédito ao setor privado/PIB dos países desenvolvidos está acima de 100%, com alguns acima de
150%, o Brasil está em 68,37%. Dos BRICS, China
e África do Sul estão à frente.
Elaboração:
Iago Henrique Rodrigues Monteiro
– Pesquisador do Centro de
Pesquisas do INEPAD – Núcleo
CEPEFIN. Graduando em Ciências
Econômicas pela Faculdade
de Economia, Administração e
Contabilidade da Universidade de
São Paulo no campus de Ribeirão
Preto.
Foto: Divulgação
Orientador:
Alberto
Borges Matias
– Fundador
do INEPAD
e orientador
do CEPEFIN.
Professor
titular do
Departamento
de
Administração
da Faculdade
de Economia,
Administração
e Contabilidade da Universidade de
São Paulo no campus de Ribeirão
Preto. Livre docente em Finanças,
atuando nos programas de graduação, pós-graduação e MBAs da
Universidade.
Tabela 4 – Crédito ao Setor Privado/
PIB em 2012
País
Crédito ao Setor
Privado/PIB
Estados Unidos
183,79%
Reino Unido
176,07%
Japão
176,72%
África do Sul
151,07%
China
133,70%
França
115,96%
Alemanha
101,09%
Chile
73,25%
Brasil
68,37%
Índia
51,49%
Turquia
54,40%
Rússia
48,79%
México
27,74%
Argentina
18,54%
Fonte: INEPAD e World Bank
O Brasil é um país com enormes oportunidades
de crescimento, entretanto é necessário mudanças
para aumentar a produtividade e a competitividade
dos produtos nacionais no mercado internacional.
Com foco em educação, é necessário aumentar a
eficiência dos gastos e investimentos do governo
nos serviços públicos e em infraestrutura geral.
Além disso, uma reforma tributária e facilitar, sustentavelmente, a concessão de crédito no país, são,
também, importantes passos e refletem os desafios do Presidente eleito ou reeleito que conduzirá
o país nos próximos quatro anos.
setembro 2014 financeiro 57
bancodedadosinepad
Taxas Médias: geral
DATA
Aplicações
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p.
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
19,1
19,3
19,5
19,8
20,0
19,7
20,7
21,0
21,1
21,1
21,4
21,1
21,4
0,6
0,2
0,2
0,3
0,2
-0,3
1,0
0,3
0,1
0,0
0,3
-0,3
0,3
7,7
8,0
8,2
8,2
8,5
8,6
8,9
8,7
8,8
8,6
8,6
8,4
8,3
0,1
0,3
0,2
0,0
0,3
0,1
0,3
-0,2
0,1
-0,2
0,0
-0,2
-0,1
11,4
11,3
11,3
11,6
11,5
11,1
11,8
12,3
12,3
12,5
12,8
12,7
13,1
0,5
-0,1
0,0
0,3
-0,1
-0,4
0,7
0,5
0,0
0,2
0,3
-0,1
0,4
Variação
jul-jul
2,3
0,6
1,7
Fonte: BC / INEPAD
Taxas Médias: Pessoa física
DATA
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
Variação jul-jul
Aplicações
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p.
25,1
25,2
25,6
26,2
26,1
25,6
26,8
27,4
27,7
27,7
27,9
27,9
28,2
0,9
0,1
0,4
0,6
-0,1
-0,5
1,2
0,6
0,3
0,0
0,2
0,0
0,3
8,6
8,8
8,8
9,1
9,2
9,5
9,2
9,4
9,1
9,1
8,8
8,8
0,4
0,2
0,0
0,3
0,1
0,3
-0,3
0,2
-0,3
0,0
-0,3
0,0
0,6
16,6
16,8
17,4
17,0
16,4
17,3
18,2
18,3
18,6
18,8
19,1
19,4
-0,3
0,2
0,6
-0,4
-0,6
0,9
0,9
0,1
0,3
0,2
0,3
0,3
2,5
3,1
0,6
2,5
Fonte: BC / INEPAD
Taxas Médias: Pessoa física
DATA
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
Variação jul-jul
Aplicações
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p.
14,4
14,7
14,7
14,8
15,2
15,1
15,9
16,0
16,0
16,0
16,3
15,7
16,0
0,3
0,3
0,0
0,1
0,4
-0,1
0,8
0,1
0,0
0,0
0,3
-0,6
0,3
7,3
7,5
7,7
7,8
8,1
8,2
8,3
8,3
8,3
8,2
8,2
8,0
7,9
0,0
0,2
0,2
0,1
0,3
0,1
0,1
0,0
0,0
-0,1
0,0
-0,2
-0,1
7,1
7,2
7,0
7,0
7,1
6,9
7,6
7,7
7,7
7,8
8,1
7,7
8,1
0,3
0,1
-0,2
0,0
0,1
-0,2
0,7
0,1
0,0
0,1
0,3
-0,4
0,4
1,6
0,6
1
Fonte: BC / INEPAD
58 financeiro setembro 2014
Consignados: saldo de operações de crédito
crédito consignado (R$ milhões)
Crédito pessoal
Mês/Ano
Não
consignado
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
95.736
96.486
97.579
98.605
99.423
97.767
98.921
99.503
100.269
101.020
102.162
102 148
101 983
Fonte: BC / INEPAD
Taxa de Juros %a.a.
Total
Consignado
130.421
132.123
133.439
134.936
136.391
137.169
138.420
140.063
141.516
143.218
145.134
147 033
148 840
17.504
17.727
17.860
17.950
18.008
17.953
18.050
18.175
18.280
18.522
18.733
18 752
18 906
64.181
65.102
65.536
65.893
66.356
66.755
67.672
69.344
69.795
70.466
71.249
72 220
73 058
212.106
214.952
216.835
218.779
220.628
221.841
224.142
227.582
229.591
232.206
235.116
238 005
240 804
307.842
311.438
314.414
317.384
320.178
319.644
323.063
327.085
329.860
333.226
337.278
340 153
342 787
Consignado
24,4
24,5
24,3
24,6
24,5
24,4
24,9
25,1
25,3
25,3
25,5
25,6
25,9
Crédito
Diferença
Pessoal
39,8
39,7
40,3
42,2
41,7
41,3
43,0
44,1
43,9
45,2
44,9
45,5
45,8
15,4
15,2
16,0
17,6
17,2
16,9
18,1
19,0
18,6
19,9
19,4
19,9
19,9
setembro 2014 financeiro 59
bancodedadosinepad
Saldo da carteira de crédito - pessoa física
2,36
0,59
4,45
0,15
-3,68
-4,84
7,53
0,85
5,49
1,98
-1,00
2,61
-3,17
129.369
130.019
131.437
133.682
135.236
144.589
143.914
139.697
141.616
141.324
143.585
144.212
145.045
3,19
0,50
1,09
1,71
1,16
6,92
-0,47
-2,93
1,37
-0,21
1,60
0,44
0,58
21.721
21.739
21.558
21.500
21.416
21.195
21.058
20.887
20.719
20.598
20.629
20.430
20.424
-0,20
0,08
-0,83
-0,27
-0,39
-1,03
-0,65
-0,81
-0,80
-0,58
0,15
-0,96
-0,03
95.736
96.787
97.579
98.605
99.423
97.767
98.921
99.503
100.269
101.020
102.162
102.148
101.983
0,08
1,10
0,82
1,05
0,83
-1,67
1,18
0,59
0,77
0,75
1,13
-0,01
-0,16
212.106
214.728
216.835
218.779
220.754
221.878
224.143
227.581
229.591
232.206
235.116
238.005
240.803
VARIAÇÃO
EM %
CRÉDITO PESSOAL
VARIAÇÃO Crédito
Variação Crédito pessoTOTAL
EM % pessoal não
al consignado Variação
em %
em
%
total
consignado
1,34
1,24
0,98
0,90
0,90
0,51
1,02
1,53
0,88
1,14
1,25
1,23
1,18
307.842
311.515
314.414
317.384
320.177
319.645
323.063
327.085
329.859
333.226
337.279
340.153
342.786
0,94
1,19
0,93
0,94
0,88
-0,17
1,07
1,24
0,85
1,02
1,22
0,85
0,77
OUTROS
CRÉDITOS
LIVRES
26.279
26.417
25.700
25.167
25.723
25.930
26.354
25.397
24.909
25.091
24.861
24.515
25.060
0,93
0,53
-2,71
-2,07
2,21
0,80
1,64
-3,63
-1,92
0,73
-0,92
-1,39
2,22
Fonte: BC / INEPAD
20.962
21.086
22.025
22.058
21.247
20.219
21.742
21.926
23.129
23.587
23.350
23.960
23.201
CRÉDITO
PESSOAL NÃO
CONSIGNADO
VINCULADO À
DÍVIDA
VARIAÇÃO
EM %
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
CHEQUE VARIAÇÃO CARTÃO DE VARIAÇÃO
CRÉDITO
EM %
EM %
ESPECIAL
VARIAÇÃO
EM %
MÊS / ANO
recursos livres - (R$ milhões)
Saldo da carteira de crédito - pessoa física
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
ARRENDAMENTO
MERCANTIL
204.825
205.078
204.029
204.133
204.273
204.170
204.466
203.951
201.957
200.944
200.006
198.335
197.083
1,01
0,12
-0,51
0,05
0,07
-0,05
0,14
-0,25
-0,98
-0,50
-0,47
-0,84
-0,63
11.167
10.410
9.724
9.064
8.498
7.906
7.368
6.854
6.315
5.883
5.481
5.088
4.694
AQUISIÇÃO
Veículos
193.946
194.008
193.106
193.026
193.082
192.797
193.006
191.845
189.952
188.987
188.048
186.422
185.204
Variação
em %
Outros bens Variação
em %
1,02
0,03
-0,46
-0,04
0,03
-0,15
0,11
-0,60
-0,99
-0,51
-0,50
-0,86
-0,65
10.879
11.070
10.923
11.107
11.191
11.373
11.460
12.106
12.005
11.957
11.958
11.913
11.879
0,69
1,76
-1,33
1,68
0,76
1,63
0,76
5,64
-0,83
-0,40
0,01
-0,38
-0,29
VARIAÇÃO
EM %
-7,25
-6,78
-6,59
-6,79
-6,24
-6,97
-6,80
-6,98
-7,86
-6,84
-6,83
-7,17
-7,74
DESCONTO
DE
CHEQUES
1.525
1.553
1.538
1.524
1.578
1.564
1.534
1.574
1.528
1.517
1.541
1.582
1.537
-3,91
1,84
-0,97
-0,91
3,54
-0,89
-1,92
2,61
-2,92
-0,72
1,58
2,66
-2,84
Fonte: BC / INEPAD
MÊS / ANO
recursos livres - (R$ milhões)
recursos direcionados - (R$ milhões)
VARIAÇÃO - FINANC.
IMOBILIVARIAÇÃO
MÊS /
CRÉDITO RURECURSOS
LIVRES
(R$ Milhões)
ANO
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
RAL TOTAL
EM %
ÁRIO TOTAL
EM %
FINANC. RECURSOS DO BNDES
VARIAÇÃO
EM %
MICROCRÉDITO TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
OUTROS CRÉDITOS
DIRECIONADOS
VARIAÇÃO
EM %
99.448
103.181
105.950
108.036
110.969
115.287
116.353
117.794
119.943
122.988
126.201
129.093
127.643
-2,25
3,75
2,68
1,97
2,71
3,89
0,92
1,24
1,82
2,54
2,61
2,29
-1,12
306.493
314.896
319.441
326.403
333.878
341.465
347.709
354.600
360.784
367.637
376.530
384.522
392.977
2,71
2,74
1,44
2,18
2,29
2,27
1,83
1,98
1,74
1,90
2,42
2,12
2,20
33.527
34.086
34.504
35.026
35.688
37.067
38.608
39.102
39.328
39.564
39.180
39.289
39.643
1,23
1,67
1,23
1,51
1,89
3,86
4,16
1,28
0,58
0,60
-0,97
0,28
0,90
4.116
4.158
4.188
4.423
4.873
5.392
5.450
5.415
5.261
5.172
5.301
5.458
5.512
-1,29
1,02
0,72
5,61
10,17
10,65
1,08
-0,64
-2,84
-1,69
2,49
2,96
0,99
5.109
5.314
6.074
6.169
6.343
6.745
6.865
6.968
6.807
7.030
7.277
7.334
5.531
7,44
4,01
14,30
1,56
2,82
6,34
1,78
1,50
-2,31
3,28
3,51
0,78
-24,58
Fonte: BC / INEPAD
60 financeiro setembro 2014
Fonte: BC / INEPAD
Saldo da carteira de crédito - pessoa física
Data
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
out/08
nov/08
dez/08
jan/09
fev/09
mar/09
abr/09
mai/09
jun/09
jul/09
ago/09
set/09
out/09
Saldo
96.426
100.256
102.555
104.222
106.498
107.293
108.041
110.428
112.303
115.578
118.248
120.720
121.211
123.198
125.550
127.281
129.704
130.039
129.741
131.707
130.219
133.330
137.539
139.997
142.569
145.446
148.622
151.359
154.386
Taxa de Juros
51,06
50,61
49,89
49,43
48,88
46,75
45,80
53,08
52,59
50,48
50,60
48,39
51,39
53,59
54,49
56,31
57,42
59,88
60,44
56,51
54,49
50,84
48,78
46,62
45,64
44,78
44,29
44,71
45,74
Data
nov/09
dez/09
jan/10
fev/10
mar/10
abr/10
mai/10
jun/10
jul/10
ago/10
set/10
out/10
nov/10
dez/10
jan/11
fev/11
mar/11
abr/11
mai/11
jun/11
jul/11
ago/11
set/11
out/11
nov/11
dez/11
jan/12
fev/12
mar/12
Saldo
156.259
159.692
162.446
165.543
170.393
174.442
178.844
181.458
184.359
188.779
191.969
195.497
198.633
201.611
205.727
209.255
210.445
213.685
216.864
220.666
224.603
229.192
232.172
235.202
238.570
238.854
242.445
246.608
250.527
Taxa de Juros
43,64
44,35
44,83
43,81
42,69
42,87
43,04
41,97
42,21
41,96
41,63
43,55
41,99
44,11
48,32
47,96
43,01
44,34
44,56
44,52
45,01
44,52
44,64
45,34
43,64
42,40
44,80
45,20
43,90
Fonte: BC / INEPAD
Gráfico do crédito pessoal
Data
abr/12
mai/12
jun/12
jul/12
ago/12
set/12
out/12
nov/12
dez/12
jan/13
fev/13
mar/13
abr/13
mai/13
jun/13
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
Saldo
254.431
259.656
263.702
266.503
270.538
271.628
275.565
278.776
279.104
283.245
287.061
291.741
296.412
301.254
304.967
307.842
311.515
314.414
317.384
320.177
319.645
323.063
327.085
329.859
333.226
337.279
340.153
342.786
Taxa de Juros
41,40
39,30
38,20
38,60
38,00
37,70
37,80
37,10
36,90
37,30
37,90
37,17
36,83
36,74
38,02
39,75
39,71
40,34
42,23
41,72
41,32
43,00
44,10
43,90
45,20
44,90
45,50
45,80
Fonte: BC / INEPAD
Saldo da carteira de crédito - pessoa física
MÊS / ANO
Saldo (R$ milhões) e percentual (%) da carteira de crédito com recursos livres PF Total e com atraso entre 15 e 90 dias
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
CRÉDITO PESSOAL
Saldo total
307.842
311.515
314.414
317.384
320.177
319.645
323.063
327.085
329.859
333.226
337.279
340.153
342.786
AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS
Com atraso de % sobre saldo
da carteira
15 a 90 dias
12.252
12.118
13.048
12.759
12.199
13.265
14.344
14.032
14.745
15.395
14.739
15.035
13.746
3,98%
3,89%
4,15%
4,02%
3,81%
4,15%
4,44%
4,29%
4,47%
4,62%
4,37%
4,42%
4,01%
Saldo total
193.946
194.008
193.106
193.026
193.082
192.797
193.006
191.845
189.952
188.987
188.048
186.422
185.204
AQUISIÇÃO DE OUTROS BENSSOAL
Com atraso de % sobre saldo
da carteira
15 a 90 dias
15.826
15.152
15.796
15.693
15.350
14.922
14.939
14.408
16.051
15.818
15.307
15.175
14.224
8,16%
7,81%
8,18%
8,13%
7,95%
7,74%
7,74%
7,51%
8,45%
8,37%
8,14%
8,14%
7,68%
Saldo total
10.879
11.070
10.923
11.107
11.191
11.373
11.460
12.106
12.005
11.957
11.958
11.913
11.879
Com atraso de % sobre saldo
da carteira
15 a 90 dias
814
794
765
796
789
753
842
856
970
988
935
929
861
7,48%
7,17%
7,00%
7,17%
7,05%
6,62%
7,35%
7,07%
8,08%
8,26%
7,82%
7,80%
7,25%
setembro 2014 financeiro 61
bancodedadosinepad
Fonte: BC / INEPAD
Juros
Taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres - Pessoa Física
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS
MÊS / ANO
CRÉDITO PESSOAL
R$ Milhões
jul/13
307.842
2,83
0,11
39,75
1,73
193.946
1,55
0,06
20,28
0,81
10.879
4,39
0,06
67,49
1,09
ago/13
311.515
2,83
0,00
39,71
-0,04
194.008
1,60
0,04
20,92
0,64
11.070
4,39
0,00
67,55
0,06
set/13
314.414
2,86
0,04
40,34
0,63
193.106
1,64
0,05
21,60
0,68
10.923
4,43
0,03
68,17
0,62
out/13
317.384
2,98
0,11
42,23
1,89
193.026
1,59
-0,05
20,83
-0,77
11.107
4,58
0,16
71,19
3,02
nov/13
320.177
2,95
-0,03
41,72
-0,51
193.082
1,62
0,03
21,28
0,45
11.191
4,65
0,07
72,57
1,38
dez/13
319.645
2,92
-0,02
41,32
-0,40
192.797
1,62
0,00
21,29
0,01
11.373
4,93
0,28
78,13
5,56
jan/14
323.063
3,03
0,10
43,00
1,68
193.006
1,72
0,10
22,74
1,45
11.460
4,73
-0,20
74,16
-3,97
Saldo
total
Saldo
total
Taxa de juros
% am
Varição
p.p
% aa
Varição
p.p
R$ Milhões
Saldo
total
Taxa de juros
% am
Varição
p.p
% aa
Varição
p.p
R$ Milhões
Taxa de juros
% am
Varição
p.p
% aa
Varição
p.p
fev/14
327.085
3,09
0,07
44,10
1,10
191.845
1,80
0,08
23,85
1,11
12.106
4,79
0,06
75,36
1,20
mar/14
329.859
3,08
-0,01
43,90
-0,20
189.952
1,78
-0,02
23,54
-0,31
12.005
4,84
0,05
76,43
1,07
abr/14
333.226
3,16
0,08
45,20
1,30
188.987
1,71
-0,06
22,62
-0,92
11.957
4,89
0,04
77,34
0,91
mai/14
337.279
3,14
-0,02
44,90
-0,30
188.048
1,74
0,03
22,99
0,37
11.958
4,93
0,04
78,19
0,85
jun/14
340.153
3,17
0,04
45,50
0,60
186.422
1,74
0,00
23,02
0,03
11.913
4,91
-0,02
77,75
-0,44
jul/14
342.786
3,19
0,02
45,80
0,30
185.204
1,75
0,01
23,14
0,12
11.879
4,95
0,04
78,55
0,80
Fonte: BC / INEPAD
Atividade Econômica
DATA
"Taxa da Utilização
da Capacidade
Instalada"
Var. p.p.
DATA
"Índice de
Produção Física
Média Móvel
Trimestral"
Var. %
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
82,4
82,2
82,0
82,2
81,9
81,6
82,2
82,0
81,1
81,0
80,8
80,4
81
-0,30
-0,20
-0,20
0,20
-0,30
-0,30
0,60
-0,20
-0,90
-0,10
-0,20
-0,40
0,60
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
101,60
102,60
104,20
102,10
102,10
98,40
100,90
100,80
100,2
99,7
98,8
97,4
98,10
-3,61%
0,98%
1,56%
-2,02%
0,00%
-3,62%
2,54%
-0,10%
-0,60%
-0,50%
-0,90%
-1,42%
0,72%
-1,4
Variação
jul-jul
Variação
jul-jul
62 financeiro setembro 2014
-3,44%
Taxa de Desemprego
Rendimento
Inepad & IBGE
Taxa de Desemprego (%)
DATA
abr/13
mai/13
jun/13
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
10%
9%
8%
Brasil
Var. p.p.
7%
6%
5,80%
0,1
5,80%
0,0
5%
6,00%
0,2
4%
5,60%
-0,4
3%
5,3%
-0,3
5,40%
0,1
2%
5,20%
-0,2
1%
4,60%
-0,6
0%
4,30%
-0,3
4,0
4,80% jan/13 fev/13
0,5 mar/13
5,10%
0,3
5,00%
-0,1
3,5
4,90%
-0,1
1,0
0,8
SP
Var. p.p.
0,6
Taxa de Desemprego
0,4
6,7%
0,400
Inepad & IBGE 0,2
6,3%
-0,400
10%
6,6%
0,300
0,0
9%
5,80%
-0,800
8%
-0,2
5,40%
-0,400
7%
5,80%
0,400
-0,4
6%
5,60%
-0,200
5%
-0,6
4%
4,70%
-0,900
3%
-0,8
4,40%
-0,300
5,00% mai/13 jun/13
0,600 jul/132%ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14
abr/13
1%
5,50%
0,500
0%
5,70%
0,2
jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13
5,20%
-0,5
Brasil
Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido - B
SP - (mil R$)
In
São Paulo
Var. p.p.
0,2
IBGE
abr/13
mai/13
jun/13
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
1974,1
1967,5
1964,5
1947,6
1981,3
2001,8
1999,1
2038,3
2023,7
2031,7
2047,0
2040,3
2028
Var. p.p.
1,5
-0,18%
1,0
-0,34%
-0,15%
-0,86%
0,5
1,73%
1,03%
-0,13%
0,0
1,96%
-0,72%
0,40%
0,75%
-0,33%
-0,60%
SP
2104,6
2090,7
2078,9
2049,9
2083,3
2105,0
2127,6
2159,9
2136,2
2136,9
2145,2
2144,7
2139,30
-0,49%
-0,66%
-0,57%
-1,39%
1,63%
1,04%
1,07%
1,52%
-1,10%
0,03%
0,39%
-0,02%
-0,25%
IBGE
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
SP
SP
Brasil
Brasil
Anfavea
Produção - Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais, Leves e Pesados
(em unidades)
Produção
Média Trim.
Var. Mensal
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
ago/14
Variação
Ago-Ago
342.757
322.350
322.514
293.189
230.892
237.186
281.452
271.217
277.091
281.355
215.934
252.635
265.910
328.164
327.654
329.207
312.684
282.198
253.756
249.843
263.285
276.587
276.554
258.127
249.975
244.826
24.902
-20.407
164
-29.325
-62.297
6.294
44.266
-10.235
5.874
4.264
-65.421
36.701
13.275
Var. Mensal
(%)
7,8%
-6,0%
0,1%
-9,1%
-21,2%
2,7%
18,7%
-3,6%
2,2%
1,5%
-23,3%
17,0%
5,3%
-22,42%
Produção - Automóveis Leves e Pesados
Inepad & Anfavea
400.000
350.000
300.000
Unidades
Data
Var. p
-0,6
Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido - Brasil e
Inepad &
SP - (mil R$)
Var. p.p.
São Pa
-0,2
-0,8
nov/13 dez/13 jan/14
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14
jul/14 ago/14
setembro 2014 financeiro 63
Brasil
0,0
-0,4
2,5
Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido (R$)
2,0
Brasil
0,6
0,4
3,0
DATA
1,0
0,8
bancodedadosinepad
Exportação de Autoveículos montados (em unidades)
Data
Exportações
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
abr/14
mai/14
jun/14
jul/14
ago/14
Variação
Ago-Ago
64.071
45.441
51.819
45.234
43.298
22.797
28.844
23.408
35.637
35.194
24.425
34.235
31.651
Média Trim.
55.870
54.536
53.777
47.498
46.784
37.110
31.646
25.016
29.296
31.413
31.752
31.285
30.104
Var. Mensal
Var. Mensal
(%)
9.975
-18.630
6.378
-6.585
-1.936
-20.501
6.047
-5.436
12.229
-443
-10.769
9.810
-2.584
Exportação de Autoveículos Montados
Fonte:
Inepad & Anfavea
18,44%
-29,08%
14,04%
-12,71%
-4,28%
-47,35%
26,53%
-18,85%
52,24%
-1,24%
-30,60%
40,16%
-7,55%
-50,60%
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
Exportações
Média Trimestral
Fonte: Anfavea / INEPAD
Licenciamento por Categoria Automóveis
Fonte: Inepad & Anfavea
Licenciamento de Automóveis Nacionais e180.000
Importados - (em unidades)
160.000
Data
Total
1000cc
% no
Total
+1000cc a
2000cc
% no
total
jan/13
fev/13
mar/13
abr/13
mai/13
jun/13
jul/13
ago/13
set/13
out/13
nov/13
dez/13
jan/14
231.343
172.080
209.797
246.379
232.974
233.277
250.685
242.479
222.155
239.590
223.748
259.211
228.670
97.475
68.814
85.683
98.563
93.970
96.715
99.838
94.689
85.937
89.442
88.745
101.512
86.481
42,1%
40,0%
40,8%
40,0%
40,3%
41,5%
39,8%
39,1%
38,7%
37,3%
39,7%
39,2%
37,8%
132.707
102.250
122.993
146.066
137.426
135.298
149.235
146.205
134.794
148.753
133.291
155.889
140.452
57,4%
59,4%
58,6%
59,3%
59,0%
58,0%
59,5%
60,3%
60,7%
62,1%
59,6%
60,1%
61,42%
Licenciamento por Categoria Automóveis
140.000
% no
+2000cc
120.000
total
100.000
1.161
1.016
1.121
1.750
1.578
1.264
1.612
1.585
1.424
1.395
1.712
1.810
1.737
0,5%
80.000
0,6%
60.000
0,5%
0,7%
40.000
0,7%
20.000
0,5%
0,6%
0
0,7%
0,6%
0,6%
0,8%
0,7%
0,76%
Fonte: Inepad & Anfavea
160.000
140.000
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
0
1000cc
1000cc
+1000cc a 2000cc
+2000cc
+1000cc a 2000cc
+2000cc
Fonte: Anfavea / INEPAD
Macro
64 financeiro setembro 2014
Previsões Econômicas
Ano de 2014
"PIB Total
% a.a."
"PIB Agropecuário
% a.a."
"PIB Indústria
% a.a."
"PIB Serviço
% a.a."
"Produção Industrial
% a.a."
Previsão 29/08/2014
(2014/2014)
0,54
2,16
-1,09
1,35
-1,70
1 semana antes 22/08
0,72
2,47
-0,60
1,49
-1,80
1 mês antes 29/07/2014
0,9
2,65
-0,44
1,5
-1,22
Ano de 2014
"Selic
Taxa anual"
"IGP-DI
% a.a."
"IPCA
% a.a."
"Taxa de Cãmbio
R$ / US$"
"Saldo
Comercial
US$ bilhões"
Previsão 29/08/2014
(2014/2014)
11,01
3,67
6,25
2,34
242,81
1 semana antes 22/08
11,01
3,61
6,25
2,35
243,63
1 mês antes 29/07/2014
11,04
4,47
6,38
2,35
243,35
setembro 2014 financeiro 65
artigopalavrafinal
Crescer e
desenvolver
Por Nicola Tingas
66 financeiro setembro 2014
Artigo enviado em 8/09/2014
C
rescer e desenvolver, no conda e estímulo privado empreendetexto econômico de uma nação,
dor, além da participação de cada
tem diversa interpretação, decidadão no sentido de promover
Por Nicola Tingas:
finição ou representação, dependendo
esforços coerentes, firmes e coneconomista-chefe
do autor. Creio que consiste, sintetisistentes. Desenvolver é um desejo
da Acrefi
camente, em um processo de escolha
e objetivo do conjunto da sociedade
[email protected]
de prioridades, metas e objetivos para
e para tal prescinde de lideranças
o desempenho presente e futuro de
públicas e privadas imbuídas do
uma nação, de forma a atender demandas econô- “espírito de construção” da nação.
micas, políticas e sociais do conjunto da sociedade,
Como resgatar objetiva e assertivamente o
e em particular, da promoção do bem-estar e do binômio crescer e desenvolver será a proposiprogresso familiar e individual do cidadão.
ção central do 9º SIAC – Seminário Internacional
De outra forma, crescer e desenvolver não ACREFI do dia 6 de novembro de 2014. O evense limita apenas a ter o produto interno bruto (o to anual tratará de aspectos importantes na de“PIB”) crescendo a taxas elevadas; pois o produ- finição e nas escolhas da agenda econômica do
to poderá ser mal distribuído ou obtido de forma governo eleito para o mandato representativo
inadequada para promover ampla inserção so- 2015–2018. Serão verificados aspectos do cenácial, produtividade e progresso para o todo da rio internacional, do cenário nacional, e as escoeconomia. Mais do que isso, é necessário também lhas prováveis da “economia política” do próximo
haver foco de longo prazo, no sentido de perse- ciclo econômico brasileiro.
guir permanentemente o objetivo de desenvolver.
Diversos palestrantes, nacionais e internaPortanto, é importante não somente crescer cionais, farão apresentações individuais e depois
em termos de riqueza; como também, obter sig- debaterão conjuntamente as tendências e possinificativos avanços qualitativos em termos de bilidades de avanços durante os próximos anos
saúde, educação, moradia, mobilidade, cultura, da economia nacional. A programação preliminar,
qualidade de vida para a sociedade como um a seguir, indica esse contexto de busca de um detodo. Isso é algo que só se obtém ao longo do bate equilibrado e produtivo sobre a Agenda Bratempo, desde que haja política pública adequa- sil 2015–2018. f