gentileza, o segredo da felicidade

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gentileza, o segredo da felicidade
GENTILEZA, O SEGREDO DA FELICIDADE
Escrito por kitebahia
Ter, 30 de Junho de 2009 02:40 - Última atualização Seg, 21 de Setembro de 2009 13:46
Atitudes de carinho, respeito e atenção trazem mais
benefícios do que você imagina. Doçura e gentileza, além
de ajudar aos outros, nos deixa mais felizes e também nos
ajuda a viver mais. Por Claire Buckis
Muito do que torna a vida mais difícil – uma batidinha no
carro, uma porta que alguém não segurou quando você
passou – se deve à falta de consideração. Imagine só
como seria o mundo se todos fossem um pouquinho mais
gentis. Ao tentarmos entrar numa rua movimentada, por
exemplo, alguém nos cede a passagem. No supermercado,
você deixa alguém apressado entrar na sua frente na fila
do caixa. No metrô lotado, você se levanta para dar lugar a
quem parece cansado.
Uma nova teoria, chamada “sobrevivência do mais gentil”,
diz que foi graças à gentileza que a espécie humana
prosperou. O professor Sam Bowles, do Instituto Santa Fé,
nos Estados Unidos, analisou sociedades antigas e
verificou que a gentileza era componente fundamental da
sobrevivência das comunidades. “Grupos com muitos
altruístas tendem a sobreviver”, diz ele. “Os altruístas
cooperam e contribuem para o bem-estar dos outros
integrantes da comunidade.”
Isto quer dizer que temos em nós a capacidade de ajudar
os outros, principalmente os que nos são próximos, a fim
de garantir nossa sobrevivência.
Sobre gentileza: a doçura traz felicidade
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A pesquisa demonstra que a gentileza também pode nos
deixar mais felizes. A professora Sonja Lyubomirsky, da
Universidade da Califórnia, pediu aos participantes de um
estudo que praticassem ações gentis durante dez
semanas. Ela verificou que a felicidade aumentou no
período do estudo, embora houvesse um senão: quem teve
atitudes de gentileza variadas – segurar a porta aberta para
um estranho passar, lavar a louça do colega de quarto –
registrou nível bem mais alto de felicidade, mesmo um mês
depois do fim do estudo, do que quem repetiu o mesmo
ato várias vezes.
Não faz diferença em termos de felicidade se ajudamos um
ente querido ou um estranho, mas o resultado pode ser
diferente. “O ato pequeno e anônimo faz com que a gente
se sinta uma pessoa muito boa”, diz a professora
Lyubomirsky. “Mas um grande ato de gentileza feito a
alguém que conhecemos pode ter consequências sociais:
podemos fazer um novo amigo ou receber agradecimentos
generosos.”
Assim, pagar um café para um estranho pode levantar o
astral por al­gum tempo, mas auxiliar um vizinho idoso a
fazer compras talvez ajude a melhorar de fato um
relacionamento.
Para ter saúde: altruísmo
A gentileza nos faz bem de outras maneiras. O professor
Stephen Post, autor de Why Good Things Happen to Good
People (Por que coisas boas acontecem a pessoas boas),
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examinou os indícios de que ser gentil faz bem à saúde.
Um estudo com 2.016 frequentadores de igrejas verificou
que os que ajudavam os outros regularmente tinham mais
saúde mental e menos depressão. Outros estudos
constataram que as pessoas solidárias têm menos
probabilidade de sofrer de doenças crônicas, e seu
sistema imunológico tende a ser melhor. “Existe uma
relação direta entre bem-estar, felicidade e saúde nas
pessoas gentis”, diz Post.
A gentileza talvez ajude a regular as emoções, o que causa
impacto positivo sobre a saúde. Se nosso instinto
biológico automático do tipo “lutar ou correr” ficar ativo
demais por causa do estresse, o sistema cardiovascular é
afetado e a imunidade do corpo enfraquece. “É difícil ficar
zangado, ressentido ou amedrontado quando se
demonstra amor altruísta pelos outros”, afirma Post.
O mundo está preparado para pessoas gentis?
A gentileza pode ser uma virtude, mas isso não quer dizer
que seja fácil. Diego Villaveces decidiu realizar atos
aleatórios de gentileza para com estranhos, inspirado por
alguém que “teve uma vida dificílima mas, apesar disso,
conseguiu manter a generosidade para com os outros”.
Villaveces deu entradas de cinema, vales-refeição e livros
a estranhos nas ruas, mas provocou algumas reações
esquisitas.
“Algumas pessoas se mostraram muito perplexas”, diz ele.
“Muita gente fica sem graça ao receber presentes de
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estranhos. Algumas chegaram a devolvê-lo, dizendo que
não queriam minha generosidade. Tive de aprender a
aceitar e respeitar isso.”
Villaveces, 38 anos, que trabalha com marketing e mora em
Sydney, na Austrália, com a mulher e os filhos, a cada ato
gentil aleatório dá também um cartão, que pede ao
destinatário para fazer uma boa ação para outra pessoa.
“Decidi que queria fazer algo mais pela humanidade”,
afirma. “A gentileza pode criar uma onda significativa de
mudanças à nossa volta.”
Ele criou um site para acompanhar o progresso dos
cartões, mas admite que, até agora, a resposta tem sido
modesta.
“Pensei que seria mais fácil levar os outros a participar,
mas isso também faz parte do desafio, e eu o aceito.”
É justo dizer que, como descobriu Villaveces, há um certo
nível de cinismo diante da gentileza. O rótulo de “bom
samaritano” nem sempre é um elogio. Todos gostamos da
ideia de sermos gentis, mas ao mesmo tempo os gentis
não acabam sendo sempre os últimos? Agir pela bondade
do coração vai diretamente contra a teoria da evolução
pela “sobrevivência do mais apto”, segundo a qual os
seres humanos são levados a competir pela vida de modo
bastante egoísta.
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Em 1968, os pesquisadores Bibb Latané e John Darley
descobriram um fenômeno conhecido como “efeito do
espectador”: quando alguém precisa de ajuda num lugar
público, a probabilidade de ser ajudado é menor quanto
mais gente houver em volta. Os pesquisadores acreditam
que o efeito surge porque todo mundo imita o
comportamento da maioria e pressupõe que algum outro
assumirá a responsabilidade. Nas cidades grandes, as
pessoas também não se sentem seguras para interagir
com estranhos.
Gentileza X Egoísmo
Mas nada do que foi dito aqui explica por que somos
gentis quando queremos ser. Rebecca Egan, 34 anos, fez
um dos maiores sacrifícios possíveis por alguém que
amava: doou um rim ao pai, de 57 anos. “Foi uma das
decisões mais fáceis que já tive de tomar”, revela. Foi um
profundo ato de gentileza, mas que ela sente que só faria
por um ente querido.
“Não sei por que, mas acho que não doaria um rim a
qualquer pessoa; provavelmente só pensaria em fazer isso
por um parente”, admite. “Ao mesmo tempo, doar o rim ao
meu pai ajudou outras pessoas, porque papai saiu da lista
de espera de doadores e alguém pôde ocupar o seu lugar.”
O pai de Rebecca talvez possa agradecer à genética pela
gentileza da filha. Um estudo de 2005 da Universidade
Hebraica, em Israel, descobriu um vínculo entre a bondade
e o gene que libera a dopamina, neurotransmissor que
proporciona bem-estar. A pesquisa de Alan Luks,
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publicada em 1991 no livro The Healing Power of Doing
Good (O poder curativo de fazer o bem), verificou que as
pessoas que tinham atitudes gentis descreviam ter uma
sensação física. Muitos disseram sentir-se mais cheios de
energia, mais calorosos, mais calmos e com mais
amor-próprio, fenômeno que ele cha­ma de “a onda de
ajudar”.
Alguns cientistas dizem que, como só somos altruístas
pelo bem do grupo e para sentir a descarga de dopamina,
isso significa que, na verdade, a gentileza é egoísta.
“Talvez, em algum nível, a maioria dos casos de altruísmo
seja em proveito próprio”, diz Bill Von Hipple, professor de
Psicologia da Universidade de Queensland.Que
importância tem se a gentileza é egoísta?”, pergunta a
escritora Catherine Ryan Hyde. Seu livro Pay It Forward
(Pague depois) conta a história de um garoto angustiado
que decide começar a pagar todas as boas ações que
recebe praticando três boas ações a outras pessoas. O
livro se transformou em filme (no Brasil, o filme chama-se
Corrente do Bem)e provocou um movimento de gente
dedicada ao bem na vida real. A iniciativa ilustra como a
gentileza pode ser verdadeiramente altruísta: estranhos
ajudam estranhos sem expectativa de ganho pessoal.
Ryan Hyde diz que não importa o que motiva as pessoas a
doar; o que importa é que decidiram doar. “Se tanto quem
ajuda quanto quem é ajudado se sente bem, parece-me um
exemplo em que todos saem ganhando. Não há jeito
errado de fazer uma gentileza.”
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A recompensa não pode ser dinheiro
A gentileza tem outra semelhança com a felicidade: não
pode ser comprada.
Segundo o professor Sam Bowles, os economistas
costumam cometer o erro de achar que todos são
inerentemente egoístas e que só fazem algo bom em troca
de recompensa financeira ou para evitar multas. Mas o
relatório de Bowles publicado em 2008 na revista Science
mostra o contrário.
A pesquisa acompanhou seis creches que começaram a
cobrar multa dos pais que se atrasavam para buscar os
filhos. Depois das multas, a incidência de atraso dos pais
duplicou. Um estudo semelhante também verificou que a
probabilidade de mulheres doarem sangue é menor se
forem pagas. Bowles acredita que ficamos ressentidos
com a ideia de que nossos princípios possam ser
comprados: preferimos fazer boas ações de graça. “Ser
gentil nos dá prazer”, diz.
Ser gentil ou individualista é opção de cada um.
Um dos sinônimos de bondade é humanidade. Em
essência, a bondade e a gentileza são o reconhecimento
do fato de que todos somos humanos, o reconhecimento
de que estamos juntos.“Muito do que faz a vida valer a
pena depende de que pelo menos alguns de nós sejamos
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altruístas de vez em quan­do”, diz Bowles. “Não podemos
enfrentar problemas como a mudança climática global, a
disseminação de doenças e a violência mundial apelando
apenas para o individualismo.”
A boa notícia é que é fácil aprender a ser gentil. “Basta
praticar mais atos de gentileza do que estamos
acostumados, e de forma regular; por exemplo: cinco atos
de gentileza toda segunda-feira”, diz Sonja Lyubomirsky.
A gentileza, portanto, é apenas uma questão de opção: é
uma atitude que adotamos e que pode fazer diferença,
ainda que pequena, na vida dos outros.
Diego Villaveces acredita que a gentileza tem de começar
por dentro.
“Às vezes afastamos os outros de nós para nos sentirmos
mais seguros, mas isso também nos isola do restante do
mundo”, diz ele. “Todas as grandes religiões têm o amor
como princípio universal. A gentileza leva o amor a um
nível mais terno e acessível, com o qual a maioria se sente
à vontade. Fazer o bem aos outros é reconhecer que todos
à nossa volta são iguais a nós.”
Como ser gentil e altruísta
(Dicas do Diego Villaveces)
• Compre um saquinho de amendoim ou alguns bombons
no supermercado e os dê a um morador de rua.
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• Visite um asilo de idosos e passe uma hora jogando
cartas com alguém que não recebe muitas visitas.
• Carregue a mala pesada de alguém que parece estar se
esforçando muito para arrastá-la.
• Compre raspadinhas e distribua-as de graça e
inesperadamente.
• No metrô ou no ônibus, ofereça seu lugar a outra pessoa,
mesmo que seja alguém mais jovem ou em melhores
condições físicas que você.
• Prepare um jantar para um amigo que está passando por
dificuldades.
Crianças e gentileza
As crianças pequenas demonstram tendência para a
gentileza antes mesmo de desenvolver a linguagem, de
acordo com um estudo de 2006 publicado na revista
Science. As crianças de 2 anos pegam objetos que os
adultos deixam cair no chão para devolvê-los, mas só se a
criança achar que o objeto não foi jogado de propósito.
Você pode ensinar seus filhos a serem gentis começando
com o básico da educação:
- Lembre-os de dizer “por favor” e “obrigado”, e dê o
exemplo.
- Aumente o sentimento de empatia encorajando-os a
entender como os outros se sentem.
- Recompense a gentileza. Quando vir seu filho
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ajudando alguém, elogie-o.
“Que importância tem se a gentileza é egoísta?”
Ryan Hyde diz que não importa o que motiva as
A recompensa não pode ser dinheiro
A gentileza tem outra semelhança com a felicida
Segundo o professor Sam Bowles, os economist
A pesquisa acompanhou seis creches que come
Ser gentil ou individualista é opção de cada um.
Um dos sinônimos de bondade é humanidade. E
A boa notícia é que é fácil aprender a ser gentil.
A gentileza, portanto, é apenas uma questão de o
Diego Villaveces acredita que a gentileza tem de
“Às vezes afastamos os outros de nós para nos
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FONTE: REVISTA SELEÇÕES READER´S
DIGEST ABRIL DE 2009
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