Deutsche Bahn duplica operação em Portugal
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Deutsche Bahn duplica operação em Portugal
ID: 42623365 04-07-2012 Tiragem: 18101 Pág: 24 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 27,04 x 30,41 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Michele Tantussi/Bloomberg Deutsche Bahn duplica operação em Portugal Filial portuguesa quer facturar mais dez milhões com segundo comboio semanal de mercadorias. Nuno Miguel Silva [email protected] O gigante alemão do transporte ferroviário Deutsche Bahn (DB) está a reforçar a aposta no mercado português. Através da participada DB Schenker, iniciou em Fevereiro um serviço com um comboio semanal de mercadorias nacionais exportadas para a Alemanha e outros países europeus. Com os clientes já angariados, entre os quais grandes empresas como a Autoeuropa e a Portucel, a empresa promete duplicar, a partir de Setembro, a frequência semanal de comboios de mercadorias a sair de Portugal, assim como a carga transportada para 1.400 toneladas. O primeiro grande cliente deste serviço da DB Schenker foi a Autoeuropa, mas o êxito trouxe outros contratos de grande porte: Portucel, Corticeira Amorim e Crisal Atlantis. E estão em estado adiantado conversações com a Altri para ser o próximo grande cliente deste serviço. O administrador executivo da DB Schenker Portugal, Frank Gutzeit, escusou-se a revelar se esta crescente aposta do grupo CONCORRÊNCIA COM CAMIÕES Mais rápido Depois de feitos os primeiros testes, em Novembro e Dezembro do ano passado, a DB Schenker passou a carregar um comboio por semana, às sextas-feiras, saindo da Pampilhosa, perto de Coimbra. É na Pampilhosa que o grupo alemão dispõe de um ‘hub’ para fazer a consolidação das mercadorias nos contentores. Após ter feito escala em Frankfurt, este comboio chega na sexta-feira seguinte a Braunschweig. Segundafeira, de manhã, já está de volta à Pampilhosa. “É um tempo que um camião não consegue fazer”, sublinha Jorge Carvalho, director de vendas da DB Schenker. será um sinal do interesse da DB na privatização da CP Carga, um processo adiado para 2013 e cujos prazos e parâmetros continuam a aguardar definição do Governo. Frank Gutzeit salienta que o principal objectivo da DB Schenker é captar clientes portugueses que importem mercadorias, no sentido de tirar o máximo proveito dos comboios utilizados na viagem de regresso da Alemanha. Enquanto na vertente de exportação os comboios operados pela DB Schenker têm uma taxa de ocupação de 100% – daí a decisão de duplicar a frequência a partir de Setembro –, de volta os mesmos comboios têm taxas de 30% a 50%. O gestor adianta que a tentativa de rentabilizar ao máximo os comboios no regresso da Alemanha está a ser coordenada com a AICEP, com o objectivo de angariar clientes que actualmente optam pelo transporte rodoviário de mercadorias. Os comboios operados pela DB Schenker têm 32 vagões, o que corresponde à extensão máxima permitida em Portugal no transporte ferroviário de mercadorias (480 metros). A carga de cerca de 703 toneladas transportadas por cada um destes comboios equivale a retirar da estrada 30 camiões TIR por semana. Esta ligação conta com os parceiros da casa-mãe DB para os terminais na Alemanha, da CP Carga para os terminais em Portugal, e da Transfesa para os vagões e caixas, assim como para as gruas em Irún, na fronteira com a França, onde se procede à transferência devido às diferentes bitolas. A DB Schenker reclama ser líder europeia nos transportes ferroviários, empregando 91 mil colaboradores nos dois mil escritórios em 30 países. Em Portugal, está há 60 anos. Opera na logística e no transporte rodoviário, marítimo, aéreo e, agora, ferroviário. Facturou 91 milhões de euros no nosso País em 2011. ■ A Deutsche Bahn é a maior operadora ferroviária da Europa e é detida pelo Estado alemão. QUATRO PERGUNTAS A... Além da Autoeuropa, que outros grandes clientes já garantiram? FRANK GUTZEIT Presidente-executivo da DB Schenker Portugal ”Vamos aumentar facturação em dez milhões ao ano” O presidente-executivo da DB Schenker Portugal está confiante no sucesso comercial do segundo comboio semanal de mercadorias para a Alemanha e espera facturar mais dez milhões de euros por ano com este serviço já em 2013. Mas evita falar sobre TGV. Entre os grandes clientes a partir de Portugal, trabalhamos já com a Autoeuropa, Portucel, Crisal e Corticeira Amorim. Estamos em conversações com a Altri, que tem muitas exportações para França. Também temos muitos pequenos clientes que são igualmente importantes. Com a duplicação da frequência e das mercadorias, qual o impacto que terá na facturação da empresa? Facturámos cerca de 90 milhões de euros o ano passado. Para este ano, prevemos facturar entre 95 e 100 milhões. Para o ano seguinte, prevemos um acréscimo de dez milhões de euros na facturação da DB Schenker. Como surgiu esta iniciativa? Foi uma iniciativa local. A estratégia do grupo Deutsche Bahn, da casa-mãe, estava e está mais orientada para efectuar transportes ferroviários na Europa no sentido transversal, de Oeste para o Leste. Este serviço no sentido Norte-Sul não fazia parte das preocupações principais. Mas depois de muito debate interno conseguimos convencê-los e agora já nos apoiam totalmente neste projecto. Como comenta as indefinições sobre o anterior projecto de alta velocidade e as actuais intenções de ligar Portugal a Espanha e ao resto da Europa com uma linha mista em bitola europeia? Nós usamos as infraestruturas que temos hoje. Tentamos optimizar ao máximo o que existe. Os políticos falam e têm muitas ideias e projectos. Somos uma empresa que tomou uma iniciativa que já está a ter resultados.