052- AS CAUSAS DA CONTAMINA(:AO POR

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052- AS CAUSAS DA CONTAMINA(:AO POR
cia XIV Semana ~acional
de Ocean0J::r.lfia - Ocean0l:rafia
e
Sociedade: um desafio a teoria e a pnitica Rio Grande, RS. Brasil 07 - 13
d~ outubro d~ ~OO1. Cop)Tight 2001. C~ntro Acadernico Livr~ d~
Oc<anologia - CALO
AllalS
052- AS CAUSAS DA CONTAMINA(:A.O
DO CASSINO, RS, SEGUNDO
POR RESiDUOS SOU DOS NA PRAIA
SEUS FREQUENTADORES
MARIANO. c.v.1: ABSALONSEN. L.2: SANTOS. I.R.3: FRIEDRICH. AC4
...
..
DUARTE, E.5
Palavras-chave:
&
lixo: usuario; conscientiza~ao
INTRODU(:A.O
A Praia do Cassino (Lat 32° SUL), municipio de Rio Grande (RS), situa-se na por~ao
imediatamente ao suI da desembocadura da Lagoa dos Patos, sendo 0 balneario mais
desenvolvido do litoral sui do RS. No verao, a popula~ao fixa de 20.000 habitantes e
aumentada em ate 15 vezes. Isto se deve a chegada de turistas dos paises vizinhos Uruguai e
Argentina, das cidades do interior gaucho e, principal mente, dos moradores de Rio Grande
(Wetzel, 1995). A conforma~ao da praia e continua, larga e com baixa declividade. Isto
permite que automoveis transitem ao longo da faixa litoranea e ocupem intensamente uma
extensao de 20 Km de praia durante a aha temporada. Para atender a demand a destes
veranistas ha muitos vendedores que comercializam diversos tipos de produtos, os quais
geram residuos atraves das sobras ou das embalagens.
Residuos solidos em ambientes praiais causam serios danos aos animais marinhos.
Tartarugas, pinipedes, golfinhos eaves marinhas frequentemente ingerem residuos ou se
enredam neles acidentalmente. Alem disso, diminuem a qualidade do ambiente para 0 usuario,
pois geram polui~ao visual e tomam-se
perigosos,
prejudicando
0 turismo e,
consequentemente, a economia local. Gastos com a limpeza publica e prejuizos na industria
de pesca tambem saD exemplos de problemas causados pelo lixo marinho (EP A, 1992).
Muitas vezes, a caracteriza~ao das Fontes dos residuos toma-se de dificil analise.
dificultando a determina~ao do publico alvo e 0 sucesso em campanhas de educa~ao
ambiental. Assim, 0 objetivo deste trabalho e avaliar 0 que pensam os frequentadores da Praia
do Cassino sobre as causas da polui~ao marinha no que diz respeito it contamina~ao da praia
por residuos solidos, considerando que este dado e fundamental para a elabora~ao de
programas de educa~ao ambiental que abordem tal problematica.
MATERIAL
E METODOS
as dados foram obtidos atraves da aplica~ao de questionarios
formados
exclusivamente por perguntas abertas a fim de evitar 0 condicionamento
das respostas
(Trivinos, 1992). No total, foram realizadas 224 entrevistas entre os dias 31/01/200] e
06/02/200] em pontos distintos ao longo da orla da praia durante dias considerados atrativos
para 0 lazeL ou seja, com sol e sem chuva. as entrevistados foram escolhidos aleatoriamente,
evitando-se apenas crian~as. A abordagem era feita de maneira cordial, com a identifica~ao
dos entrevistadores e do projeto e a entrevista era realizada, somente sob a aceita~ao da
pessoa abordada.
Neste trabalho e abordada apenas uma parte do questionario, dando continuidade ao
estudo de Santos et al (2001). As perguntas utilizadas para a elabora~ao deste trabalho, foram:
"Quais as razoes para haver lixo na Praia?" e "0 que voce costuma fazer com 0 lixo que
1.2.:'_ Departamento
de oceanografia - Fundayao Universidade Federa] do Rio Grande (FURG). Av. ]titlia, km 8,
CP 474, CEP 9620]-900. E-mai]: oce][email protected];
~Mestrado em Engenharia Oceanica (FURG):
5_ Departamento
de Fisica (FURG) E-mail: [email protected]
produz na praia?" alem daquelas que caracterizam
cidade de origem.
os usw:irios quanto a idade, escolaridade e
RESULTADOS
A maioria dos entrevistados era de Rio Grande (49, I%), havendo 4,9% de estrangeiros
sendo 0 restante de outras cidades gauchas. Aproximadamente
3 I% dos entrevistados
possuiam entre 3 J e 40 anos, sendo esta a faixa etaria mais freqiiente. Verificou-se tambem
que os entrevistados possuem alta da praia possuem alta escolaridade: 42,9% possuem 3°
grau, 37,5% possuem 2° grau e 19,6% possuem J° grau ou menos.
As respostas a pergunta "Quais as razoes para haver lixo na praia')" foram enquadradas
em tres classes: (J) problemas na infra-estrutura oferecida, isto e, falta ou ma disposiryao de
lixeiras em relaryao a quantidade de pessoas. Respostas como ausencia de fiscalizaryao e de
campanhas de educaryao ambiental foram mencionadas em menor escala; (2) falta de
consciencia dos usuarios, a qual e referente ao comportamento inadequado que eles tern em
relaryao ao ambiente; e (3) outras causas, como 0 "Jixo provem do mar", a "presenrya de
cachorros" e a "aryao do vento". Algumas pessoas tiveram respostas enquadradas em mais de
uma classe. A frequencia das respostas classificadas pode ser vista na figura I.
100%
20%
21%
86%
60%
40%
80%
0%
2%
Problemas na
infra-estrutura
respostas
Falta de
consciemcia do
usuario
Outros
Figura 1: As causas da contamina<;iio por residuos s61idos na Praia do Cassino,
it pergunta "Quais as rames para haver lixo na praia')".
de acordo com as
Com intuito de verificar se os turistas que nao sac de Rio Grande estao satisfeitos com
a estrutura oferecida pela administraryao local cruzaram-se os resultados da figura I com a
cidade de origem dos entrevistados. 0 resultado desta analise mostrou que nao ha diferenryas
significativas entre as respostas de pessoas de Rio Grande e de outras cidades.
Alguns aspectos mencionados enquadram-se como sugestoes para combater 0
problema. 0 incentivo a formaryao de cooperativas e associaryoes de catadores de lixo como
atividade altemativa de manutenryao da limpeza e a distribuiryao de sacolas plasticas a fim de
suprir a falta de lixeiras foram lembrados por alguns entrevistados.
As respostas a pergunta "0 que voce costuma fazer com 0 tixo que produz na praia?"
foram agrupadas em duas classes: (J) da destine adequado ao lixo, quando 0 entrevistado
afirmava que colocava seu residuo na lixeira mais pr6xima ou levava para casa; e (2) da
destino inadequado, quando 0 entrevistado afirmava que abandonava seu residuo ou 0
enterrava na areia, embora varias pessoas acreditem que ao enterrar 0 residuo estao realizando
urn procedimento adequado. Dos entrevistados, 84,8% dizem que dao urn destino adequado
ao seu lixo, enquanto que apenas 7, J% admitiram que costumam abandonar seu lixo na praia.
DISCUSSAO
Duarte (1997) afirma que alem dos pr6prios frequentadores, a disposiryao impr6pria do
lixo em terra, esgotos, embarcaryoes e plataformas de 61eo e gas saD fontes de residuos para a
praia. Pianowski (1997) mostrou que toda a costa gaucha encontra-se contaminada par
residuos solidos e esferulas plasticas, ate mesmo as praias sem urbanizar;:ao como a Taim,
embora as maiores niveis de contaminar;:ao estejam associ ados a presenr;:a humana. Entretanto,
98% das res pastas a pergunta "Quais as razoes para haver lixo na praia?" foram enquadradas
nas classes "problemas na infra-estrutura local" e "fait a de consciencia do frequentador". Em
ultima analise, ambas classes culpam a proprio frequentador da praia pela contaminar;:ao par
residuos solidos, au seja, 98% dos entrevistados parecem acreditar que so existe lixo em
praias urbanizadas.
Apenas alguns entrevistados (7,1%) admitiram que dao urn destino inadequado para
seus residuos. Comparando esta pergunta direta sabre a procedimento do entrevistado com a
pergunta relativa as razoes da contaminar;:ao par residuos solidos nota-se uma incoerencia. A
maioria dos entrevistados afirma que nao abandona a lixo na praia, entretanto, estas mesmas
pessoas culpam a proprio frequentador pela sujeira. Entao fica a duvida: sera que apenas esta
pequena parcela (7,1%) de veranistas e responsavel pela sujeira da praia? Possivelmente,
alguns entrevistados tenham omitido a fato de que deixam a lixo na praia par
constrangimento diante dos entrevistadores. Aliado ao fato de que no ponto de vista quase
unanime dos entrevistados a causa da poluir;:ao sao as proprios usuarios, seja pela fait a de
consciencia au pela falta de infra-estrutura oferecida, estes dados levam a crer que urn usuario
culpa a outro pela contaminar;:ao da praia, isentando-se de qualquer responsabilidade.
As melhorias na infra-estrutura da Praia do Cassino nao acompanharam, na mesma
proporr;:ao, a aumento do fluxo turistico em alta temporada. Par isso, a administrar;:ao local
deve se preocupar em adequar a disposir;:ao e quantidade de lixeiras ao longo da aria, ja que
varias pessoas alertaram sabre este problema e, paralelo a isso, seria fundamental atividades
de educar;:ao ambiental relacionadas a problema do lixo na praia, enfocando as problemas
socio-ambientais-economicos
causados pelo lixo marinho e alertando sabre as procedimentos
incorretos, como enterrar a lixo na areia.
REFERENCIAS
BIBLIOGRA.FICAS
DUARTE, E.M.M.B. Plano de gerenciamento de residuos s6lidos do porto do Rio Grande: proposta
preliminar. Dissertac;:iio de Mestrado. Rio Grande: FURG. 1997.248 p.
ENVIRONMENTAL
PROTECTION AGENCY (EPA). Turning the tide on trash - a learning guide
on marine debris. EP A 842-B92-003. Environmental Protection Agency, Washington. 1992. 77p.
PIANOWSKI, F. Residuos s6lidos e esferulas pl<isticas nas praias do Rio Grande do SuI. Monografia.
Rio Grande: FURG. 1997. 78p.
SANTOS, I.R.: FRIEDRICH, A.c.: MARIANO. C.V.: ABSALONSEN.
L. & DUARTE. E. Os
problemas causados pelo Iixo marinho sob 0 ponto de vista dos usmirios da Praia do Cassino. RS.
Revista Eletronica do Mestrado em Educac;:iio AmbientaI. 200 I. No prelo.
TRIVINOS, A.N .S. Introduc;:iio a pesquisa em ciencias sociais: a pesquisa qualitativa em educac;:iio.
Siio Paulo: ATLAS. 1992. 175 p
WETZEL, L.B. Contaminac;:iio por residuos s6lidos e piche: uma perspectiva da Praia do Cassino,
municipio de Rio Grande, RS. Monografia. Rio Grande: FURG. 1995. 113 p.

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