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MARCELO PAUPERIO GEORGETTI " MOLDAGENS EM PRÓTESE TOTAL " Trabalho apresentado ao módulo “ Moldagem em Prótese Total ” como exigência parcial ao título de MESTRE em Prótese Dental sob orientação do Prof. Dr. Vyto Kiausinis. UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO SÃO PAULO 1995 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ___________________________________________PAG. 03 REVISTA DA LITERATURA _______________________________PAG. 04 DISCUSSÃO _____________________________________________PAG. 09 TÉCNICAS DE MOLDAGEM _______________________________PAG. 10 CONCLUSÃO ____________________________________________PAG. 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________________________PAG. 18 3 INTRODUÇÃO Attanasio4 cita Heartwell e Rhan definindo as moldagens para prótese total (P.T.) como um registro negativo de toda área de apoio e estabilização da Prótese e das áreas de selamento de borda presentes em uma boca edentada". Cita ainda Sharry adicionando que este recobrimento máximo não deve interferir com os "movimentos musculares normais", impedindo através disso, qualquer deslocamento da prótese ou ulceração dos tecidos orais. Roberts citado por Klein e Broner12 salienta ainda que " a realização das moldagens para P.Ts. é um importante passo na confecção da prótese, pois boas moldagens contribuem para retenção, estabilidade e conforto do trabalho executado. Elas são as bases sobre as quais nós iremos construir nossas próteses e portanto merecem nossos melhores esforços". Para entender os objetivos da confecção de uma P.T., é importante rever os conceitos de retenção e estabilidade. O aumento do potencial de retenção, conseguido através de um selamento de borda e de superfícies corretamente contornadas e polidas, não devem ir contra a musculatura em função. As forças físicas são de coesão, adesão e tensão interfacial, que está diretamente ligada à lâmina de saliva entre a base da prótese e os tecidos. As forças fisiológicas são principalmente musculares e são exercidas pelas bochechas, lábios e língua. A retenção da base da prótese é mantida por um constante inter-relacionamento entre as forças físicas e fisiológicas durante a fala, mastigação e deglutição 18. Todos esses princípios físicos e fisiológicos desejados em uma P.T. básicamente serão conseguidos através das moldagens e mantidos através de um adequado equilíbrio oclusal, tudo isso estando em harmonia com os princípios mecânicos de uma P.T., onde a mastigação é fator primordial. Essa harmonia ou esse equilíbrio entre esses diferentes princípios visa sempre a preservação do suporte do osso alveolar, fator esse que também poderia ser considerado como um dos objetivos principais. As diferenças nas técnicas para as moldagens finais, ou moldagens funcionais ou moldagens corretivas podem ser agrupadas como aquelas que: 1) registram os tecidos moles em uma posição funcional (posição tecidual sob ação de pressão, que essencialmente provoca deslocamentos desse tecido) e 2) aquelas que registram os tecidos moles em suas posições de repouso, ou seja, sem qualquer deslocamento (técnica da mínima pressão ou "mucostática") 18. 4 Neste trabalho serão abordadas e discutidas as diferentes técnicas com os diferentes materiais relacionados às moldagens para P.Ts. que tem sido reportadas na literatura e usadas na prática clínica. REVISTA DA LITERATURA Independente da técnica empregada para tratar os pacientes com P.Ts., o objetivo principal deveria ser uma interação ideal entre a borda da prótese com os tecidos, resultando em uma íntima adaptação 16. Tomando-se isso como base, pode-se citar as especificações formuladas por Roberts citado por Klein e Goldstein 9 onde dizia que "a forma da área que apoiará a prótese... deveria ser registrada sem distorções" e "o desenho da área basal... deveria ser registrado exatamente como é determinado pelos movimentos funcionais dos tecidos bordejantes". Isto quer dizer que deveremos ter uma "cópia" fiel das zonas de suporte tanto principal (crista de rebordo alveolar) como secundário (vertentes Vestibular e Lingual do rebordo), tendo também em vista todas as estruturas que irão circundar as bordas da prótese e, acrescentaria ainda em que tipo de estrutura a prótese irá se apoiar. Barreñas e Odman1 relatam que o espaço limítrofe ao qual a P.T. pode ser adaptada sem criar distúrbios funcionais - o espaço protético ou zona neutra ou espaço protético funcional - tem sido descrito, discutido e analisado em muitos trabalhos ao longo dos anos. A mucosa oral do paciente desdentado é objeto de forças mecânicas que variam em natureza. Essas forças podem ser estimulantes, assim como o efeito massageante da língua e de alimentos suaves, ou desfavoráveis, assim como os alimentos relativamente duros. Com a colocação das P.Ts., as forças que agem sobre a mucosa são considerávelmente modificadas. Tanto as forças traumáticas como as de "massagem" (estimulação) são prevenidas através de um contacto direto da prótese com os tecidos. Sendo assim, os tecidos são diretamente afetados pelas próteses mal adaptadas e pelo deslocamento mecânico dos mesmos, feito pela base da prótese 24. Não podemos nos esquecer ainda que a musculatura impõe propriedades de retenção e estabilidade para a base da P.T., base essa que quando bem adaptada irá promover grande longevidade para o rebordo alveolar residual 18. Apesar da área basal poder ser uma região capaz de receber uma carga, ou uma força ativa ou passiva, os tecidos periféricos obrigatóriamente devem receber forças passivas e compatíveis com sua fisiologia. Dessa maneira a zona 5 de mucosa oral ou mucosa não-queratinizada (com tecido conjuntivo frouxo e fibras elásticas), deverá ser moldada diferentemente e com materiais de moldagem diferentes do que a mucosa inserida (densamente queratinizada)9. Os diferentes tipos de mucosa associados às diferentes técnicas de moldagem devem ser observados na confecção das P.Ts. A técnica de moldagem utilizada, desempenha um grande papel no tipo de reação dos tecidos de suporte. De um modo geral, essas técnicas dividem-se em técnica da mínima pressão ("mucostática"), máxima pressão e pressão funcional 14, diferindo um pouco conforme o autor, mas sempre seguindo uma dessas filosofias. Executando uma técnica ou outra, os objetivos serão sempre os mesmos, e procuram seguir as orientações impostas por cada filosofia de trabalho diferente, buscando sempre os melhores resultados. As técnicas que preconizam a máxima pressão geralmente se utilizam de materiais de moldagem com pouco escoamento e que produzem grande afastamento dos tecidos. Klein e Broner12 relatam que os proponentes dessa filosofia declaram que obtêm uma boa retenção inicial, mas com sua perda após um curto período de tempo devido à alterações teciduais. Os objetivos da técnica de máxima pressão são para proporcionar uma melhor distribuição de cargas e para melhorar o selamento de borda ou o selamento periférico. Deve-se saber que uma pressão contínua sobre os tecidos durante a função e durante o repouso é potencialmente prejudicial e interfere na circulação do sangue, dos nutrientes e no metabolismo desses tecidos. Já as filosofias que preconizam a mínima pressão ou mucostática, estão primáriamente interessadas na preservação dos tecidos através da garantia de um suplemento sanguíneo normal e de uma circulação dos fluidos intersticiais 14 . Klein e Broner12 advogam que na técnica mucostática há um descuido do contorno e adaptação de borda e que foi uma técnica originalmente formulada por PAGE, que sugeria a necessidade de identificar os fatores físicos de adesão, coesão e tensão interfacial e de pressão atmosférica nas moldagens. Citam ainda Addison que defende essa filosofia e Applegate que a considera como uma técnica nada prática pois resulta em uma base que ficará firmemente adaptada em algumas áreas, as quais farão todo o trabalho, e frouxamente adaptada em outras áreas que irão fazer pouco ou nenhum trabalho. 6 El-Khodary, Shaaban e Abdel-Hakim 24 citam autores que se opõem a esta técnica por sugerir uma pobre adaptação de borda e uma distribuição desigual de cargas durante a função. Em se tratando agora da técnica da pressão funcional, a moldagem é obtida através de um material de alto escoamento usado em conjunto com uma moldeira construída de um molde obtido com a moldagem preliminar. Klein e Broner12 citam também Montieth relatando que essa filosofia oferece a única maneira na qual toda a área de apoio da prótese distribuirá de forma uniforme a força mastigatória. A técnica de pressão funcional combina as melhores características das técnicas da mínima e da máxima pressão12 e é vista como uma solução para os problemas de selamento de borda, circulação sanguínea normal e distribuição favorável de forças durante a função14. Citando o trabalho de El-Khodary, Shaaban e Abdel-Hakim24 que fazem um estudo comparativo entre as 3 filosofias de moldagem e entre os resultados histopatológicos e histoquímicos obtidos, concluem que a pressão funcional de moldagem mostra-se como a mais protetora da mucosa de suporte subjacente, enquanto que a da máxima pressão afeta os tecidos direta e desfavorávelmente. Portanto, a pressão funcional é o método recomendado para as moldagens, visando a preservação dos tecidos de suporte da P.T.. Apesar da necessidade de entendimento de todos esses princípios e filosofias que irão nos orientar na preservação das estruturas orais, deve-se conhecer também os fatores que podem prejudicar essa preservação ou até mesmo acelerar a destruição; entre eles podemos citar segundo Bolouri e Mc. Kinney5 o uso prolongado de P.Ts. mal-adaptadas maxilares, a colocação de próteses imediatas superiores sem qualquer modificação ou correção, ou mesmo reembasamentos após 6 meses da extração, o uso de dentes de porcelana anteriores superiores e inferiores em combinação com dentes posteriores em acrílico, ou a "Síndrome Combinada", citada também por Schmitt25, que é uma síndrome descrita por Kelly onde se faz necessário a presença de P.T. superior associada à prótese parcial removível inferior de extremidade livre e com a presença de dentes naturais anteriores inferiores. Esta situação provocará : 1) perda óssea da parte anterior do rebordo alveolar superior, 2) extrusão das tuberosidades, 3) hiperplasia papilar no pálato duro, 4) extrusão dos dentes anteriores inferiores e 5) perda óssea sob a base da prótese parcial removível. 7 Para iniciarmos agora o desenvolvimento das moldagens, procurando por em prática todas as observações vistas anteriormente e querendo alcançar todos os objetivos necessários já descritos, deve-se começar com o correto selecionamento das moldeiras, que serão os anteparos para os materiais de moldagem que possibilitarão a confecção do molde. Segundo Devlin15 é essencial que exista uma moldeira "especial", com espaço interno uniformemente distribuído, contendo o material de moldagem, que entrará em contacto com os tecidos, também de uma forma uniforme, durante sua inserção na boca. Inúmeras formas de confecção de moldeiras são enfatizadas durante o desenrolar das técnicas de moldagem própriamente ditas. De imediato pode ser citado o trabalho de Gordon, Johnson e Drennon2 onde mostram o efeito da seleção da moldeira na precisão das moldagens com elastômeros. Avaliam a fidelidade de reprodução dos modelos feitos, usando diferentes moldeiras com diferentes materiais de moldagem (silicona de adição, poliéter e polisulfide). As moldeiras foram feitas com resina acrílica, com material termoplástico e plástico e obtiveram como resultados, que as moldeiras individuais apresentam maior acuidade quando comparadas às moldeiras de estoque; que as moldeiras termoplásticas e de resina acrílica obtiveram práticamente os mesmos resultados e que as moldeiras de estoque plásticas produziram modelos com grandes alterações dimensionais quando comparados ao modelo padrão, alterações essas na forma do arco e nas dimensões no sentido antero-posterior. Muitos autores, como ainda será visto, tomam cuidados especiais em relação às bordas das moldeiras, tanto para as moldagens preliminares como para as moldagens corretivas, tanto em moldeiras de estoque como em moldeiras individuais. Esse cuidado especial nada mais é do que uma individualização ainda maior das moldeiras, buscando melhores resultados à P.T.. A moldagem de borda, tanto para melhorar as condições das moldeiras como para a moldagem de borda própriamente dita, procura melhorar a adaptação da borda da base da P.T. à chamada "prega mucolabial" ou "fórnix" ou "fundo de saco" ou "fundo de sulco gengivo-geniano", buscando sempre um melhor selamento periférico com um consequente aumento de retenção e estabilidade da prótese. Para esse tipo de moldagem deve-se realizar uma manipulação, em geral dos lábios e bochechas, visando a movimentação da prega mucolabial e registrando suas mais variadas posições quando em função e repouso. 8 Mc. Arthur13 relata que: 1) se a manipulação do lábio superior for muito vigorosa, o material de moldagem de borda poderá ser deslocado em uma direção anteroinferior e o resultado será uma forma anterior de borda que não se contactará aos tecidos em suas superfícies superior e interna. A subsequente adaptação e retenção da P.T. estará comprometida. 2) os tecidos móveis dos lábios permitem, por si próprios, a sobreextensão da prótese nas mãos do dentista que não está preocupado com esse perigo. O material de moldagem de borda incorretamente manipulado poderá deslocar excessivamente a mucosa da prega mucolabial. Isto implicará em uma queixa pelo paciente de um volume exagerado, dor e carência de retenção da prótese. 3) os tecidos móveis dos lábios permitem também a obtenção de bordas extremamente espessas em sua secção transversal. Essa espessura pode distorcer a prega mucolabial e o paciente posteriormente irá se queixar de um aumento de volume da região anterior. Mc. Arthur13 conclue ainda que a prega mucolabial deve ser manipulada corretamente durante os procedimentos de moldagem de borda. Caso não seja, o único recurso seria realizar um reembasamento da P.T., com todos os cuidados para não repetir o mesmo erro. Thomas8 estuda a relação entre a consistência dos materiais de moldagem e os tecidos periféricos e revela que os materiais com diferentes consistências interagem com os tecidos sulculares diferentemente durante os procedimentos de moldagem; e já que a consistência do material está fora do controle do operador, é muito importante a seleção do material com o escoamento correto para uma interação ideal. Para isso é necessário qualificar a distenção dos tecidos periféricos, para correlacionar com a consistência ótima do material de moldagem , procedimento esse que será adquirido ao longo da experiência. A moldagem correta dos diferentes tecidos orais requer um material que: 1) cause o mínimo deslocamento dos tecidos periféricos , 2) seje fiel e exato , 3) fácilmente manipulado, 4) não polimerize por imediata reação química e escoe até o seu endurecimento, 5) tenha um bom escoamento na temperatura da boca e 6) seje dimensionalmente estável até ser confeccionado o modelo. Hansen12 descreve um método para eliminar bolhas de ar no pálato enquanto se executam as moldagens com qualquer material de grande escoamento: - manipular e aplicar o material na moldeira normalmente; 9 - depois da moldeira adequadamente preenchida, usar a espátula para mover o excesso de material que se acumula na região do rebordo para o centro do pálato; - inverter a moldeira de modo que o material não volte para a região de crista do rebordo pelo efeito da gravidade. As forças coesivas e adesivas do material irão evitar que ele caia da moldeira; - ao levar para a boca do paciente, retornar à posição normal e rápidamente inserí-la antes que o excesso de material possa fluir de volta para a crista do rebordo da moldeira. DISCUSSÃO Na definição das diferentes filosofias de moldagem ("mucostática", máxima pressão e pressão funcional) citadas por Klein e Broner12 e El-Khodary, Shaaban e Abdel-Hakim24, pode-se observar que na mucostática consegue-se uma P.T. com deficiências no selamento de borda e má distribuição de forças durante a mastigação23 pois está mais preocupada com que a prótese se extenda sómente à mucosa de apoio (de revestimento), sendo assim vão existir sub-áreas dentro da área basal que irão ser mais exigidas do que outras (12); vai promover uma deficiência na retenção da base pois irá contar sómente com a força de tensão interfacial entre a prótese e a mucosa, interpostas pela lâmina de saliva4. A filosofia da pressão máxima, por outro lado irá exigir um máximo de contacto (adaptação) entre toda a base e borda da prótese com a mucosa oral durante a função4. Para isso se utilizam de moldagem com boca-fechada, geralmente já com os planos de orientação confeccionados16,24 ou se utilizando, para a moldagem corretiva, de moldeiras individuais não perfuradas associadas à um material de moldagem com pouco escoamento (por exemplo a Godiva) como advoga Tamaki27 ou Fournet-Tuller citado por Klein e Broner12. Com esta técnica obtêm-se uma grande retenção inicial que será perdida em um curto período de tempo devido à alteração tecidual12, portanto não é uma técnica que visa a preservação dos rebordos alveolares residuais (um dos fatores primordiais em uma P.T.). 10 Sendo assim, desenvolveu-se e desenvolve-se cada vez mais, a técnica da pressão funcional, que busca as vantagens das duas demais técnicas, onde procura um máximo de apoio e de área basal, sem causar qualquer dano às estruturas anatômicas envolvidas. A maioria dos autores 3,4,5,6,7,12,14,15,16,17,18,23 advogam esta filosofia pois é a que irá promover os melhores resultados em relação a retenção e estabilidade e em relação à preservação dos rebordos residuais. Todos eles se utilizam, para a moldagem corretiva, de materiais com grande poder de escoamento, que irão permitir grande fidelidade e grande controle de espessura e largura de borda, aumentando o selamento periférico. A moldagem de borda, própriamente dita, antes da moldagem corretiva, também é preconizada, pois daria uma maior fidelidade dessa região, ficando assim a precisão da moldagem corretiva uma consequência desse cuidado especial. Para isso podemos citar diferentes materiais utilizados para a mesma finalidade, e entre eles temos a Cera9,12, a Godiva de baixa fusão6,14,16,17, os elastômeros17 e até mesmo o cimento cirúrgico periodontal21. Para esses autores que preconizam a moldagem de borda, a seleção do material de moldagem para a moldagem corretiva se torna fator de pouca importância; a única exigência é que ele apresente grande escoamento e boa estabilidade dimensional. Pequenas diferenças existem quanto à manipulação dos tecidos paraprotéticos. A única técnica que se preocupou com a moldagem da musculatura vestibular e palatina ou lingual, visando obter um melhor suporte auxiliar, oferecendo assim maior retenção da prótese com maior conforto ao paciente, foi a MIODINÂMICA1, onde após a montagem dos dentes realiza a moldagem da musculatura envolvida para esse suporte. Práticamente a única contradição encontrada foi quanto ao tipo de material utilizado para a moldagem corretiva após a moldagem de borda com godiva de baixa fusão. Javid, Colaizzi e Jaggers16 indicam o uso de mercaptanas e Hoffman, Bomberg e Bomberg6 e Hoffman, Bomberg, Hatch e Benson17 salientam que as mercaptanas podem atacar a superfície das godivas, contraindicando-as. TÉCNICAS DE MOLDAGEM Existe uma gama muito grande de diferentes tipos e técnicas de moldagens porém todas elas seguem alguma filosofia, na qual acreditam, e no geral buscam todos os mesmos objetivos inerentes de uma P.T.. 11 Vamos poder dividir as moldagens em moldagens preliminares, ou primeiras moldagens, ou moldagem anotômica e em moldagens corretivas, ou segundas moldagens, ou moldagem funcional. Fato é que em P.T. faz-se necessária a execução de pelo menos essas duas moldagens, para nas preliminares buscarmos o máximo de área basal e nas corretivas conseguirmos uma fidelidade e um detalhamento muito grande de toda essa área basal conseguida, além de uma precisão também muito grande de toda extensão, altura e largura de borda. Para isso também serão descritas técnicas de moldagem de borda. Para as MOLDAGENS PRELIMINARES podemos citar inúmeros autores com suas diferentes técnicas. Klein e Goldstain9 e Klein e Broner12 descrevem a moldagem preliminar com GODIVA onde primeiramente ajustam, por desgaste, a moldeira de estoque de alumínio à boca do paciente e depois de confeccionado o molde com godiva, recortam toda sua borda e executam agora a moldagem de borda própriamente dita com cera (Kerr impression wax, Sybron); cera esta que permanecendo sob a temperatura da boca manterá seu escoamento conseguindo o registro das estruturas anatômicas e suas posições fisiológicas. Cuidado especial deve ser tomado, para qualquer técnica que se utilize de cera para moldagem, na hora da confecção dos modelos. Para este deve ser feita uma mistura na proporção de 1/1 de gesso e pedra pomes pois esta inibirá a reação exotérmica de cristalização do gesso, o que poderia distorcer o molde feito com cera9. Klein e Broner12 advogam ainda a confecção de moldeiras individuais em resina acrílica perfuradas para a execução da moldagem corretiva com pasta de óxido de zinco e eugenol, alegando que essas perfurações iriam promover um "escape" do material de moldagem, eliminando a pressão hidráulica que seria imposta aos tecidos, minimizando distorções. Existem ainda autores que indicam a moldagem preliminar com godiva, a confecção de moldeiras em resina acrílica para posterior moldagem de borda e moldagem corretiva. Tanto godiva de baixa fusão como elastômeros poderão ser utilizados para a moldagem de borda. Para a moldagem corretiva o tipo de material utilizado terá mínima importância se a moldagem de borda for adequadamente executada. O único critério para a seleção do material seria que ele apresentasse um bom escoamento, não sendo muito viscoso para não comprimir excessivamente os tecidos moles6,17. 12 Encerrando as técnicas que se utilizam de godiva para primeira moldagem pode-se relatar uma técnica que reduziria o tempo gasto para a execução das moldagens pois em apenas uma etapa clínica seriam feitas tanto a moldagem preliminar como a corretiva. Para isso seria feita uma moldagem inicial com godiva, a godiva seria agora recortada em sua borda e removida da moldeira metálica. A moldagem de borda será realizada com godiva de baixa fusão e utilizando-se desse molde, como sendo a moldeira individual, executase a moldagem corretiva que poderia ser feita com pasta de óxido metálico (LURALITE,Sybron Kerr), ou pasta de óxido de zinco e eugenol, ou elastômero ou hidrocolóide irreversível . Tudo isso teria como desvantagem o fato da " moldeira de godiva " ser frágil, se quebrar fácilmente e ser de difícil manipulação 6,14,17. Javid, Colaizzi e Jaggers16 citam uma técnica semelhante à anteriormente descrita porém confeccionam planos de orientação em cera sobre a "moldeira de godiva" antes da moldagem corretiva, que será agora realizada com os planos em oclusão e utilizando-se de materiais que podem ser pasta de óxido de zinco e eugenol ou mercaptanas de baixa viscosidade ou siliconas leves também com grande escoamento . Mudando um pouco de técnica, Attanasio4, El-Khodary, Shaaban e Abdel-Hakin24 preconizam o uso de HIDROCOLÓIDES IRREVERSÍVEIS (Alginato) para as moldagens preliminares com posterior confecção de moldeira individual em resina acrílica. Hoffman, Bomberg e Bomberg6 salientam que 60% das faculdades de odontologia dos E.U.A. indicam o uso de hidrocolóides irreversíveis para a primeira moldagem e que moldeiras de resina acrílica são utilizadas em 93% das escolas. Tempo clínico e instrumentais reduzidos podem ser considerados como as vantagens dessa técnica porém uma dificuldade na obtenção de extensão adequada das estruturas anatômicas na primeira moldagem, necessárias para a fabricação das moldeiras individuais para a moldagem corretiva, pode ser considerada como desvantagem6. Os autores não descartam ainda a necessidade da realização das moldagens de borda com moldeira de acrílico, da mesma forma que aquelas executadas para as técnicas de moldagem com godiva6,17. 13 Kirk e Holt21 descrevem uma técnica para moldagem de borda com o uso de cimento cirúrgico periodontal (Perio-Pack) salientando a vantagem da não necessidade do uso de qualquer adesivo e com um amplo tempo de trabalho. "O material se torna rígido e registra fielmente os detalhes". Appelbaum e Rivetti18 apresentam outra técnica um tanto quanto diversificada, onde realizam uma primeira moldagem preliminar, constroem uma moldeira com planos de orientação em cera e moldam novamente com cera de impressão (Kerr Iowa Wax). Uma nova moldeira em resina acrílica é feita para a moldagem corretiva, sendo que nessa segunda moldeira é aplicada internamente uma resina "soft" (Soft Resin Liner - Coe Soft - Coe Lab. Inc.) nas concavidades retentivas do modelo. A moldagem corretiva pode ser realizada agora com pasta de óxido metálico, ou elastômeros ou “ modified impression plaster ” (PLASTOGUM, Harry J. Boswrth Co.). Concluem que com essa técnica a musculatura impõe propriedades de retenção e estabilidade para a base de P.T. promovendo uma maior preservação do rebordo alveolar. Executadas as moldagens preliminares, na maioria das técnicas constroese uma moldeira individual em resina acrílica que pode ou não receber um tratamento mais detalhado de borda, para depois ser preenchida com um material de moldagem que possua agora um grande escoamento, permitindo então a moldagem corretiva; que por sua vez nos dará uma fidelidade muito maior de detalhes de toda a área basal acentuando assim os princípios físicos e fisiológicos já descritos, necessários em uma P.T.. Nas moldagens preliminares a diferença básica entre as técnicas pode-se dizer que é em relação ao tipo de material escolhido para a técnica, se ele é elástico ou não. E dependendo do tipo de material escolhido teremos uma moldagem que provocou afastamento dos tecidos (materiais anelásticos - por exemplo a Godiva), ou uma moldagem que procurava registrar os tecidos com seus contornos fisiológicos, sem afastamento ou distorções ( materiais elásticos - por ex. Alginato e Siliconas ). Então para a moldagem preliminar é possível dividí-la em moldagem com "compressão" (afastamento) ou não; Já para as moldagens corretivas, praticamente todas as técnicas se utilizam de materiais com grande escoamento, onde conclue-se que o afastamento dos tecidos não é mais desejado, entrando em questão agora as filosofias de moldagem (mucostática, pressão máxima e pressão funcional) que irão indicar, não mais o afastamento ou não dos tecidos, mas sim o tipo de força exercida durante o ato da moldagem e em que condições os tecidos de suporte e periféricos devem ser registrados, se em função ou não. 14 Para isso também serão encontradas técnicas que preconizam a moldagem com a "boca-fechada" ou com a "boca- aberta". Tryde citado por Attanasio4, advoga a técnica de boca-fechada ou técnica da pressão definida, na qual os tecidos são registrados em uma posição funcional com o paciente executando sua força mastigatória sobre o material de moldagem. Os proponentes dessa técnica acreditam que os tecidos irão permanecer em contacto com a prótese durante a mastigação. Outros, entretanto, acreditam que as próteses não estarão bem adaptadas na posição de repouso, quando os tecidos distorcidos tenderão a retornar às suas posições normais, tendo assim um inadequado contorno periférico, resultando em próteses sobreextendidas. A técnica de boca-aberta registra os tecidos em suas posições sem deslocamentos. Com a técnica mucostática ou da mínima pressão, as bordas da P.T. estarão limitadas à mucosa de revestimento e suporte. Apesar dessa técnica preconizar máximo recobrimento, promove uma adaptação da base somente à mucosa não distorcida, ganhando estabilidade. Ela não promove os fatores de retenção do selamento de borda e confia na tensão interfacial para a retenção da prótese4. Específicamente para as "MOLDAGENS CORRETIVAS" ainda podemos acrescentar as descritas por El-Khodary, Shaaban e Abdel- Hakim24 onde para a técnica mucostática se utilizam de moldeiras acrílicas perfuradas com 3 "stops" na superfície interna da moldeira para permitir um espaço de 2 mm para o material de moldagem, que no caso foi o hidrocolóide irreversível. Citam ainda, só que agora para a técnica da máxima pressão ou "pressão de mordida", assim como Javid, Colaizzi e Jaggers16 também preconizam, o uso de moldeiras não perfuradas com planos de orientação em cera na região de prémolares e molares, ajustados na correta Relação Cêntrica, e pasta viscosa de óxido de zinco e eugenol como material de moldagem. Appelbaum e Rivetti18 indicam a moldagem corretiva de "boca-aberta" com um material de moldagem de grande escoamento, sendo que o tecido de suporte remanescente seja moldado tão próximo quanto possível da posição de repouso ou de não deslocamento, e indicam o uso de pasta de óxido metálico, materiais elastoméricos ou "Plasters". Para exemplificar uma técnica de pressão funcional que seria aquela que aproveitaria as vantagens da mucostática e da pressão máxima pode-se citar novamente Attanasio4 que descreve uma técnica de moldagem corretiva Neuromuscular para P.Ts. onde se utiliza de moldeira individual de acrílico e 15 realiza a moldagem corretiva em duas fases. O material utilizado foi o Myoprint (isobutyl mathacrilato azul - Myo Tronics Research, Inc.). A primeira fase é responsável pelo refinamento inicial e recorte muscular da moldeira acrílica, identificando áreas de extensão e espessura excessivas da moldeira. E a segunda fase responsável pelo refinamento do molde da primeira fase. Para a moldagem neuromuscular faz uso do TENS, que é um estimulador neural elétrico de baixa frequência, onde o paciente fica sob sua ação de 15 a 20 min. antes do ato da moldagem, estimulando o N. Facial e o N. Trigêmio; e durante tanto da fase 1 como da fase 2 , o TENS é utilizado provocando contrações musculares que serão imprimidas no material de moldagem já levado à boca. Ao invés de se fazer uma manipulação manual da musculatura durante o ato da moldagem, ele se utiliza do TENS ficando o profissional sómente responsável pela colocação do material de moldagem na moldeira e de sua introdução na boca, fazendo sómente uma ligeira pressão para permitir o escoamento adequado do material. Conclue que os tecidos orais são reproduzidos com todas suas inserções musculares numa posição funcional que seria compatível com o conforto do paciente durante a fala, mastigação e deglutição. Hoffman, Bomberg e Bomberg6 mais uma vez indicam como possíveis materiais de escolha para a moldagem corretiva ("Master Impression") as pastas de óxido de zinco e eugenol, os elastômeros, polisulfides, siliconas convencionais, poliéteres e siliconas de adição, sendo que esta última são as que obtêm melhores resultados com menores inconvenientes e desconfortos aos pacientes e é o material mais estável dimensionalmente. Sempre que formos executar uma moldagem em P.T., além de seguirmos uma ou outra filosofia, com essa ou aquela técnica, deveremos ainda fazer modificações conforme a nossa necessidade; Como é o caso apresentado por Bolouri e Mc. Kinney5 onde possuíam um tecido inflamado e com hipermobilidade, na região anterior superior, devido à perda de suporte ósseo. Para a realização das moldagens sem que ocorresse deslocamento desse tecido, realizaram os procedimentos normais de moldagem e após a execução da moldagem corretiva, removeram uma "janela" na moldeira, removendo junto o material de moldagem dessa região, expondo assim toda a área de tecido hipermóvel. 16 Feito isso, aplicaram agora, com um pincel, o material de moldagem em grande quantidade diretamente sobre o tecido exposto, não introduzindo assim qualquer modificação de sua posição. Atingida a presa do material, o molde é removido cuidadosamente da boca e o modelo confeccionado. Devlin15 também descreve um método para um caso semelhante, porém executa uma moldeira dividida onde as duas partes se encaixam precisamente sempre. Primeiro realiza a moldagem da área que não apresenta flacidez e depois, com essa primeira parte em posição, faz a segunda parte da moldagem com a outra parte da moldeira envolvendo todo o conjunto, fazendo a transferência. No caso de P.T. Imediata, Ow e Chia23 também descrevem um método de moldagem com moldeiras seccionadas, uma para a parte desdentada e outra para a parte dentada (geralmente dentes anteriores) e realizam a moldagem também seccionada. Primeiro a parte desdentada e com o molde em posição, molda-se a parte dentada. Remove-se as duas partes separadamente, unindo-as depois para a confecção do modelo. Já Gardner, Parr e Rahn7, também para P.T.Imediata, utilizam sómente uma moldeira para a parte desdentada moldando a região vestibular anterior superior com silicona de adição pesada (putty), dizendo que ela tem a capacidade de moldar com fidelidade e de ser compatível com qualquer outro material de moldagem utilizado. Terminando as moldagens e avaliando-se o selamento periférico, Naser e Postaire3 afirmam que o IMPREGUM deve ser o material de moldagem de escolha para as moldagens corretivas, por ser ele o material que proporcionou o melhor selamento periférico funcional nas P.Ts. , quando comparado à Godiva da Kerr, ao Neoplex, ao Xantopren e ao Permadyne (poliéter). Smutko14 e Miller19 indicam a técnica de selamento posterior utilizandose de cera flúida (Melt Iowa Wax - Sybron Kerr). Barreñas e Odman1 comparam P.Ts. confeccionadas de forma convencional com as MIODINÂMICAS onde para as miodinâmicas, após a montagem dos dentes e a prótese ainda em cera, aplica-se Xantapren Blue e realiza nova moldagem com forte pressão, sómente para o material escoar bastante, e durante a polimerização o paciente realiza diferentes movimentos musculares com a emissão de vários sons (e,i,o,etc.). Após a polimerização, o Xantopren é recortado e removido da região vestibular do dente 13 ao dente 23 permanecendo sómente as partes distais da prótese com o material, como se 17 fosse uma moldagem das superfícies funcionais de suporte. A prótese dessa maneira é incluída e terminada. Concluem que um alto grau de conforto foi alcançado com as próteses miodinâmicas quando comparadas às próteses convencionais. Para finalizar, Ritchie, Guerra e Finger26 ensinam uma técnica simples porém honerosa para a confecção de modelos após a realização das moldagens, onde incluem o molde em um recipiente preenchido com Alginato, com a superfície dos tecidos e as bordas do molde voltadas para cima; após isso recortam os excessos e vazam o gesso, obtendo o modelo. 18 CONCLUSÃO Nota-se diferenças quanto a escolha do material para a moldagem preliminar. De um modo geral o que foi encontrado para essa moldagem foi a escolha ou da GODIVA (material de baixo grau de escoamento e grande capacidade de afastamento dos tecidos) ou do HIDROCOLÓIDE IRREVERSÍVEL (Alginato); Sendo assim poderíamos pensar que as técnicas que se utilizam da godiva, seguem a filosofia da máxima pressão pois como iríamos ter grande afastamento dos tecidos teríamos bordas sobreextendidas, e as que se utilizam do alginato já estariam voltadas para a mínima pressão ou para a pressão funcional. Porém essas diferenças de materiais se deram para as moldagens preliminares. Para as moldagens corretivas, práticamente todos os autores, com poucas excessões, seguem a filosofia da pressão funcional de moldagem, o que nos faz concluir que é essa filosofia que nos dará melhores resultados ( > retenção, > estabilidade e > preservação dos rebordos ) e que consequentemente oferece maior satisfação ao paciente com uma maior aceitação, e redução de ajustes após o termino da confecção da P.T.. 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Barreñas, L. e Odman, P. - Myodynamic and convencional construction of complete dentures : a comparative study of comfort and function. - J. of ORAL REHAB.16 (5): 457-465,1989. 2) Gordon, G. E. , Johnson,G.H. e Drennon,D.G.- The effect of tray selection on the accuracy of elastomeric impression materials.- J. PROSTHET. DENT. 63(1): 12-15, 1990. 3) Naser , B. e Postaire, M. - Use of elastomere impression material in full dentures.- C.A.H. 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