- Câmara de Comércio Americana

Transcrição

- Câmara de Comércio Americana
Recursos Humanos: People Connections reunirá especialistas em junho
REVISTA DA
CÂMARA DE
COMÉRCIO
AMERICANA DO
RIO DE JANEIRO
Desde 1921 nº291
abr/mai 2015
A nova cara da
AmCham Rio
Rafael Motta lidera diretoria e destaca
oportunidades no Rio e no Espírito Santo
FOCO
FOCO
FOCO
A PARNAÍBA GÁS NATURAL (PGN) É UMA EMPRESA
INDEPENDENTE DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO QUE
ATUA NA BACIA DO PARNAÍBA, NO MARANHÃO.
A PGN OPERA TRÊS CAMPOS E SETE BLOCOS
EXPLORATÓRIOS, SOMANDO 7 MIL QUILÔMETROS
QUADRADOS. COM PRODUÇÃO MÉDIA DE GÁS DE 4,9
MILHÕES DE M³/DIA, A COMPANHIA ESTÁ ENTRE
AS PRINCIPAIS OPERADORAS PRIVADAS DE GÁS
NATURAL DO PAÍS. EM 2015, PLANEJA CONDUZIR
A MAIOR CAMPANHA PRIVADA DE PERFURAÇÃO
ONSHORE DO BRASIL.
FOTO DE DIVULGAÇÃO/LUCIANA TANCREDO
6_Edição 287_jul/ago 2014
EDITORIAL
SUMÁRIO
A
Conselho editorial
Henrique Rzezinski
João César Lima
CIA DA FOTO
revista Brazilian Business traz, na reportagem de capa, a chegada de uma nova diretoria à Câmara de Comércio Americana do
Rio de Janeiro (AmCham Rio). Liderados pelo presidente, Rafael
Sampaio da Motta, os executivos vão preparar a AmCham Rio para enfrentar um momento de crise, mas que também oferece oportunidades.
Esta não será a primeira vez que a câmara tem desafios pela frente.
Com 99 anos de história, a entidade, que foi criada durante a Primeira
Guerra Mundial, já passou por muitas turbulências, sempre atuando para
a melhoria do ambiente de negócios. Parte dessa história está compilada
na coluna Rio.
Além de documentar o passado, a Brazilian Business olha para o futuro. Um Especial analisa o cenário do Rio de Janeiro em relação à
segurança, aos grandes eventos e à infraestrutura. Além da reportagem
de abertura, há artigos de opinião de Manuel Fernandes, presidente do
Comitê de Energia da AmCham Rio, José Mariano Beltrame, secretário
de Segurança, e Jerônimo de Moraes, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio.
Na seção From the USA, o brasilianista Peter Hakim analisa, em
artigo exclusivo, as relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos. Já
Conexão Global enfoca o Business Future of the Americas (BFA),
evento anual da Association of American Chambers of Commerce in Latin America (Aaccla), que será realizado entre os dias 15 e 17 de junho.
As novas ferramentas para alavancar as exportações brasileiras estão
no foco da Reportagem de Diogo Martins. Já Luciana Calaza aborda a
importância do engajamento organizacional.
Na coluna Foco, a Parnaíba Gás Natural (PGN), que atua no Maranhão, prepara-se para conduzir uma das maiores campanhas privadas de
perfuração onshore do Brasil.
CARTA DO PRESIDENTE
08 Rafael Sampaio da Motta fala sobre os
desafios que terá como novo presidente da
AmCham Rio
POSSE AMCHAMRIO
10 Cerimônia realizada no Rio marcou
o início da gestão 2015/2016 do novo
quadro diretor da câmara
RIO
16 AmCham Rio completa 99 anos de
fundação e mostra como contribuiu para a
melhora do ambiente de negócios no Brasil
TRIPÉ CARIOCA
22 Como problemas em infraestrutura,
petróleo e segurança pública afetam o
desenvolvimento do Rio
PORTAL ÚNICO
28 Especialistas brasileiros analisam o
programa criado pelo governo para facilitar
as negociações de comércio exterior
PERFIL
34 Fabio Caldas, diretor de Assuntos
Externos da Shell para a América
Latina, faz um levantamento sobre o
atual momento energético do País
FROM THE USA
36 Peter Hakim, presidente emérito do
Inter-American Dialogue, aponta o
que precisa ser melhorado nas relações
bilaterais com os EUA
OVERVIEW
38 Queda nas receitas de royalties do Brasil
é um dos assuntos abordados pelos
gerentes da AmCham Rio
RECURSOS HUMANOS
40 Reportagem mostra como um bom
engajamento organizacional aumenta a
produtividade das empresas
CONEXÃO GLOBAL
44 Vice-presidente da AmCham Haiti
conta como andam os preparativos para
o BFA de 2015
Roberto Ramos
Robson Goulart Barreto
Gerente de Comunicação
Eduardo Nunes
[email protected]
Editor-chefe e jornalista
responsável
Cláudio Motta (MTB
01001400/RJ)
[email protected]
Colaboraram
nesta edição:
Fábio Matxado (edição
de arte), Luciana Maria
Sanches (revisão),
Bernardo Guimarães
(texto e fotos), Diogo
Martins (texto), Luciana
Calaza (texto), Eny
Miranda e Luciana
Tancredo (Cia. da Foto)
Os artigos assinados são
de total responsabilidade
dos autores, não
representando,
necessariamente,
a opinião dos editores
e a da Câmara de
Comércio Americana
do Rio de Janeiro
Publicidade
Felipe Tavares
[email protected]
A tiragem desta edição,
de 3 mil exemplares,
é comprovada pela EY
AMCHAM NEWS
45 Anteprojeto de lei que visa proteger
Boa leitura!
dados pessoais foi um dos assuntos
discutidos na AmCham Rio
CLÁUDIO MOTTA_EDITOR
amchamrio.com
+ IMAGEM
+ CONTEÚDO
+ FOCO
+ BUSINESS&NEWS
Assista na íntegra ao vídeo oficial da
Cerimônia de Posse da AmCham Rio.
Acordo entre Brasil e EUA facilitará o comércio bilateral.
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Acesse e confira o ensaio fotográfico completo com as
imagens da coluna Foco: http://bit.ly/BB291Foco.
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Acompanhe o ensaio fotográfico completo
com os melhores momentos da posse.
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Brasil é o primeiro no ranking de custo mais alto de energia
para indústria. http://bit.ly/1C2S5kB
Nova ferramenta mede confiança do consumidor em 24 países.
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Rafael Sampaio
da Motta
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CARTA DO PRESIDENTE
RAFAEL MOTTA, PRESIDENTE DA CÂMARA DE COMÉRCIO AMERICANA DO RIO DE JANEIRO
Entre desafios
e oportunidades
A
PEDRO KIRILOS
ssumir a presidência da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
(AmCham Rio) com a missão de preparar as comemorações que marcarão o
nosso primeiro centenário, em 2016, é motivo de orgulho pessoal, mas também
um grande desafio. O atual cenário econômico apresenta, sem dúvida, muitas dificuldades, especialmente em razão do setor de óleo e gás – queda do preço do barril, alto
custo de extração das reservas brasileiras e crise na Petrobras –, motor das economias
fluminense e capixaba.
Nesses momentos, quando confrontada com grandes desafios, a liderança deve necessariamente agir pelo exemplo, de forma objetiva e eficaz, inspirando, engajando e mobilizando
equipes para uma agenda positiva. Se o setor de óleo e gás enfrenta dificuldades, essa é a
oportunidade para o desenvolvimento de novos nichos de mercado e a ampliação da competitividade regional e global, que também podem ser impulsionados com a reaproximação
dos Estados Unidos. Bons investidores olham para um horizonte de dez, 15 anos.
O primeiro passo para dar robustez a essa agenda positiva é atrair e intensificar a
participação de líderes empresariais de diferentes segmentos nos nossos projetos e ações
estratégicos. Para tanto, vamos criar um ambiente exclusivo para esses executivos. Promoveremos encontros com porta-vozes de relevo das esferas pública e privada compartilhando cenários e dados confiáveis e prioritários. Dessa forma, as empresas poderão
se preparar melhor para os atuais e futuros desafios. Nesses momentos-chave, o acesso
rápido à informação de qualidade é absolutamente crucial para o tomador de decisões.
Nós queremos, ainda, potencializar a experiência internacional e a ampla e qualificada
rede de relacionamento de nossos executivos para melhorar as relações bilaterais entre
Brasil e Estados Unidos. Fortaleceremos as relações comerciais com os americanos trazendo para o Rio de Janeiro e o Espírito Santo o diálogo com importantes players, sejam
eles nacionais ou internacionais, acerca de iniciativas que alavanquem novos negócios
entre o setor privado de ambos os países. Também vamos concentrar nossos esforços na
realização de missões empresariais estratégicas ao mercado americano, estimulando parcerias e gerando novas oportunidades de negócios para nossas empresas associadas.
Temos ainda o objetivo de aprimorar cada vez mais nossos eventos, voltando-os para
a educação executiva e o relacionamento de alto nível, apresentando pessoas e compartilhando experiências que sejam de fato relevantes tanto no aspecto pessoal quanto no
profissional. O tempo é hoje um ativo muito precioso para profissionais e empresas, e,
por isso, queremos que cada momento de nossos associados conosco valha a pena.
As pequenas e médias empresas têm atenção especial na nossa estratégia. Inicialmente, a proposta prevê a formatação de um combo de produtos e serviços – envolvendo algumas grandes empresas associadas – a ser oferecido com preços diferenciados.
Uma iniciativa que está diretamente ligada ao nosso DNA: contribuir para a melhoria
do ambiente de negócios.
Ano que vem, a primeira câmara de comércio da América Latina chegará ao centenário renovada e reconhecida pelo networking altamente qualificado, pela defesa dos
interesses dos associados nas esferas pública e privada e pelo estímulo às relações bilaterais comerciais com os Estados Unidos. Sou um otimista por natureza. Vamos nos
destacar mesmo em um momento de crise. Tudo que fazemos com envolvimento, dedicação e empenho tem grande chance de dar certo!
8_Edição 291_abr/mai 2015
FOTOS CIA. DA FOTO
CAPA
Nova diretoria da AmCham Rio
toma posse em Copacabana
Infraestrutura, tecnologia e serviços são as atuais
oportunidades para o Rio de Janeiro, destaca Rafael Motta
A
Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
(AmCham Rio) empossou Rafael Sampaio da Motta,
CEO do Grupo Case Benefícios e Seguros, como presidente para o biênio 2015/2016. O executivo assumiu o posto com
a nova diretoria em sucessão a Roberto Ramos, consultor sênior
da Odebrecht Óleo e Gás. A solenidade foi realizada no Windsor
Atlântica Hotel, em Copacabana, e teve a presença da embaixadora
dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, do governador do
Rio, Luiz Fernando Pezão, e do presidente da AmCham-Espírito
Santo, Otacílio Coser.
Em uma conjuntura pautada pela queda no preço do petróleo,
instabilidade na segurança pública e retração dos investimentos
em infraestrutura, a nova gestão da câmara incentivará o desenvolvimento de nichos diversificados de mercado, que possam prover
sustentabilidade à atividade econômica fluminense e capixaba nos
próximos anos. Para apoiar o desenvolvimento desse trabalho, a
entidade tem um novo corpo diretor, que reúne Pedro Almeida,
executivo sênior da IBM, João César Lima, sócio da PwC, e Fabio
Lins de Castro, CEO da Prudential, como vice-presidentes.
“No momento em que as economias nacional e mundial desaceleram, o mercado americano representa uma oportunidade
para a agenda da exportação brasileira. O Brasil, o Rio e o Espírito Santo precisam intensificar a integração às cadeias produtivas
globais. O caminho é o estímulo à presença de nossas empresas
no mercado externo, além da atração de investidores estrangeiros para atuar em diferentes segmentos de mercado doméstico”,
afirmou Rafael Motta.
10_Edição 291_abr/mai 2015
Serviços, infraestrutura e logística, tecnologia e turismo estão
entre os focos de atenção da câmara para os próximos anos. A reaproximação com os Estados Unidos, mercado que mostra sinais de
recuperação, soma-se a esse cenário como mais uma oportunidade
de crescimento associativo. Segundo o governador Luiz Fernando
Pezão, é fundamental garantir a cooperação e as trocas comerciais
entre Brasil e Estados Unidos, especialmente em um momento em
que o Estado sofre com a perda em royalties do petróleo: “É importante ressaltar o valor estratégico e fundamental dessa parceria entre
Brasil e Estados Unidos, particularmente em um momento de crise
pelo qual passa o Estado do Rio de Janeiro, com uma economia que
é tão dependente do petróleo. Não é fácil para o Rio perder R$ 10
bilhões de receita, mas estamos fazendo nosso dever de casa desde
os primeiros momentos e acreditamos nessa relação bilateral para
garantir novos investimentos”, resumiu Pezão.
“É IMPORTANTE RESSALTAR O VALOR
ESTRATÉGICO E FUNDAMENTAL DESSA
PARCERIA ENTRE BRASIL E ESTADOS
UNIDOS, PARTICULARMENTE EM
UM MOMENTO DE CRISE PELO QUAL
PASSA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
COM UMA ECONOMIA QUE É TÃO
DEPENDENTE DO PETRÓLEO”,
LUIZ FERNANDO PEZÃO
Nova diretoria da
AmCham Rio na
primeira foto oficial;
Rafael Motta recebe
Luiz Fernando
Pezão (ao centro)
e a embaixadora
Liliana Ayalde;
Rafael Motta ao lado
de Roberto Ramos,
que o antecedeu na
presidência; e Pedro
Almeida, Sidney Levy,
e Julian Chediak
conversam na
cerimônia de posse
A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, ressaltou
a importância da reaproximação entre
os dois países no que tange à melhoria
das trocas comerciais e para a sustentabilidade do desenvolvimento econômico
contínuo. De acordo com ela, o encontro
dos presidentes Dilma Rousseff e Barack
Obama, marcado para o dia 30 de junho,
em Washington, abrirá caminhos para
novas medidas visando intensificar nossa integração econômica e comercial.
“A Câmara de Comércio Americana
do Rio de Janeiro tem sido uma grande
e importante parceira da missão diplomática dos Estados Unidos no Brasil.
Comércio e investimento representam
os dois pilares mais importantes dessa
parceria e reúnem um enorme impacto positivo em todos os outros aspectos
da nossa relação. O elo entre os nossos
países é muito forte. O Brasil é a sétima
maior economia do mundo e o oitavo
parceiro comercial dos Estados Unidos,
sendo indiscutivelmente um mercado
fundamental para as empresas americanas”, afirmou Liliana.
Como parte do compromisso em fortalecer o ambiente de
negócios, a AmCham Rio planeja entregar soluções voltadas
para pequenas e médias empresas e impulsionar a ampliação de
oportunidades em educação executiva, além de promover novas missões empresariais. Às vésperas de comemorar o primeiro
centenário, a entidade multissetorial reúne mais de 250 empresas
associadas de diversas nacionalidades com negócios no Rio de
Janeiro e no Espírito Santo.
A Cerimônia de Posse da Nova Diretoria da AmCham Rio
teve patrocínio máster de Domingues e Pinho Contadores e Grupo Case Benefícios e Seguros; patrocínio de 15º Ofício de Notas;
copatrocínio de Amil, Garcia & Keener Advogados e Chevron;
e apoio de Chediak Advogados, MJV Tecnologia, Parnaíba Gás
Natural, Prudential e PwC. >
Edição 291 Brazilian Business_11
CAPA
“As associações estabelecem
que não estamos sozinhos”
Rafael Sampaio da Motta, de 34
anos, vai liderar a AmCham Rio, que
celebrará o centenário em 2016
100 anos. Em 2016, vamos sediar o Business
Future of the Americas, o BFA, o mais importante evento da Associação de Câmaras
de Comércio Americanas da América Latina (Aaccla), que reunirá, no Rio de Janeiro,
representantes das 24 câmaras da região.
BB: De que forma a AmCham Rio
contribuirá para o fortalecimento das
relações bilaterais entre Brasil e EUA?
RSM: Hoje, vivemos um momento político
Brazilian Business: O senhor vai suceder Roberto Ramos na
presidência da AmCham Rio. Quais são os desafios de liderar a
instituição no ano do centenário da câmara, em 2016?
Rafael Sampaio da Motta: Roberto Ramos presidiu com vigor a
diretoria da AmCham Rio no biênio 2013-2015, mantendo a excelência na gestão, que tem sido marcante na nossa câmara. Eu me
esforçarei para mantê-la no mais alto nível. No atual ambiente de
dificuldade econômica, o desafio para os próximos anos se torna
ainda maior. No entanto, também teremos um momento único para
celebrar. Ano que vem, a Câmara de Comércio Americana do Rio
de Janeiro (AmCham Rio) chegará ao primeiro centenário. Por isso,
planejamos realizar uma série de ações para comemorar os nossos
CIA DA FOTO
Cláudio Motta [email protected]
Eduardo Nunes [email protected]
T
radição é uma das marcas da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio), que vai celebrar
100 anos, em 2016. Energia é uma das características do
CEO do Grupo Case Benefícios e Seguros, Rafael Sampaio da
Motta. Ambas as qualidades deverão marcar a gestão do jovem líder empresarial na presidência da AmCham Rio.
Responsável pelas operações do Grupo Case Benefícios e Seguros no Brasil e nos Estados Unidos, Motta, 34 anos, é graduado
em administração de empresas e pós-graduado em marketing pela
Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Ele também
atua como consultor e palestrante especialista em benefícios, gestão
de saúde, seguros corporativos e resseguros, além de investidor em
negócios de infraestrutura, logística, tecnologia e construção civil.
O novo presidente da AmCham Rio também é membro e
co-education officer da Young Presidents’ Organization (YPO),
membro do Lide Brasil, do Vistage International e vice-presidente
do Conselho da Associação Brasileira das Administradoras de
Benefícios (Abrab). “Eu tenho um carinho enorme por esta instituição; me dediquei muito à câmara nestes últimos anos. Tenho
aqui grandes amigos, que me ensinaram o significado da palavra
confiança e pelos quais estou aqui hoje”, disse Motta.
e econômico bastante distinto dos últimos
anos, com uma janela de oportunidade a
partir da reaproximação entre os dois países. O mais recente e emblemático capítulo
aconteceu durante a reunião da 7ª Cúpula
das Américas, no Panamá, quando a presidente Dilma Rousseff se reuniu com o presidente Barack Obama para acertar detalhes
sobre a visita a Washington. No contexto das
relações bilaterais, a AmCham Rio tem desempenhado papel importante e estratégico,
seja de apoiadora das empresas, seja de articuladora com as autoridades brasileiras e
americanas, reforçando o interesse do setor
privado no diálogo comercial com os Estados Unidos. Em um momento em que as
economias nacional e mundial desaceleram,
o mercado americano é um dos poucos em
recuperação, portanto, uma oportunidade
para a agenda da exportação brasileira. O
Brasil precisa intensificar a integração às
cadeias produtivas globais e estimular a presença de nossas empresas no mercado americano pode contribuir positivamente para
a elevação da arrecadação, para a melhoria
do balanço de pagamentos e para o fortalecimento da cadeia de produção do mercado local. Atualmente, com o sétimo maior
PIB do mundo, o Brasil é só o 22º maior
exportador, respondendo por apenas 1,3%
do total das vendas globais. Há um grande
potencial para negócios a partir da internacionalização das empresas, especialmente
para pequenas e médias, e a AmCham Rio
tem tradição e reconhecimento no suporte
às organizações que voltam a estratégia para
o mercado americano. >
ASSUMIMOS O COMPROMISSO DE TRABALHAR PARA
CONSTRUIR UMA ASSOCIAÇÃO CADA VEZ MAIS
DINÂMICA NA REALIZAÇÃO DE SUAS AÇÕES, MAIS
FORTE EM TERMOS DE REPRESENTATIVIDADE, MAIS
RELEVANTE E ESTRATÉGICA PARA OS ASSOCIADOS
12_Edição 291_abr/mai 2015
Edição 291 Brazilian Business_13
CAPA
BB: Quais são os pontos prioritários da agenda da AmCham Rio
para a questão bilateral?
RSM: Nesse sentido, é preciso ter consciência de que questões bem
BB: Quais devem ser as principais
marcas da sua gestão?
RSM: Alguns objetivos já estão definidos:
mais complexas – como o acordo para evitar a bitributação e o fim
da exigência de vistos –, demandarão mais tempo e negociação dos
países até a derradeira conclusão. Por isso, defendemos e apoiamos a construção de uma agenda mais pragmática neste primeiro
momento, que contemple, por exemplo, um acordo para o Programa Viajante Seguro, modelado com base no programa americano
Global Entry. Esse seria o primeiro passo para a futura inclusão do
Brasil no programa americano de isenção de vistos, o Visa Waiver
Program. Para alcançar esses objetivos, o País precisa de um plano
de ação bem definido, com a participação ativa do setor privado.
Nós podemos participar e contribuir com essa discussão.
queremos aproximar ainda mais a câmara
das lideranças das empresas. É muito importante que os presidentes das empresas
tenham cada vez mais interlocução e proximidade com a AmCham Rio. Também
planejamos desenvolver e criar um mix de
produtos e serviços com nossas associadas
voltado especialmente para pequenas e médias empresas. Esse segmento merece uma
atenção especial dentro da nossa estratégia.
Aprimoraremos nossos eventos, voltando-os para educação executiva e relacionamento de alto nível, trazendo pessoas e
experiências que sejam de fato relevantes,
pois nosso tempo é muito precioso e precisamos fazer valer a pena cada momento
de nossos associados conosco. Queremos,
ainda, fomentar as missões empresariais,
estimulando parcerias e gerando novas
oportunidades de negócios nos Estados
Unidos e no Brasil.
BB: E quanto ao Rio de Janeiro?
RSM: No âmbito doméstico, também temos totais condições de
apoiar os Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo para a abertura de oportunidades para empresas americanas. O atual ambiente interno apresenta, sem dúvida, muitos desafios, principalmente,
de ordem econômica. O setor de óleo e gás, motor das economias
fluminense e capixaba, vive um momento de grandes dificuldades
com a queda do preço do barril, o alto custo de extração das reservas brasileiras e a crise que assola a Petrobras. Energia, infraestrutura e segurança representaram pilares do crescimento do Rio
nos últimos anos. No atual cenário, esse tripé nos desafia a buscar
alternativas que possam garantir sustentabilidade às conquistas alcançadas e a descobrir novos nichos para explorar, gerando riqueza e ampliando a carteira de forma consistente.
BB: Como o senhor pretende se envolver
pessoalmente com a AmCham Rio?
RSM: Sou uma pessoa de muita energia
BB: Onde estão as oportunidades de negócio no Rio?
RSM: É possível, por exemplo, desenvolver setores industriais e
CIA. DA FOTO
de serviços que possam trazer novas oportunidades de negócios.
Além do setor de energia, há potencial para os segmentos de infraestrutura, transporte, logística, financeiro, indústria criativa e
tecnologia. Esses representam hoje os setores de maior potencial
na economia fluminense.
e um obcecado por fazer as coisas darem
certo, especialmente em momentos difíceis. Por isso, gosto de estar cercado de
pessoas que têm essa mesma vibração. As
associações estabelecem que não estamos
sozinhos. Estabelecem que, a partir delas,
temos uma estrutura segura, uma base que
nos torna mais fortes e capazes de competir. Assim é a AmCham Rio. Assumimos o
compromisso público de trabalhar e nos
dedicar para construir uma associação
cada vez mais dinâmica na realização de
suas ações, mais forte em termos de representatividade, portanto, mais relevante e
estratégica para os associados.
ALÉM DO SETOR DE ENERGIA, HÁ
POTENCIAL PARA OS SEGMENTOS
DE INFRAESTRUTURA,
TRANSPORTE, LOGÍSTICA,
FINANCEIRO, INDÚSTRIA
CRIATIVA E TECNOLOGIA
14_Edição 291_abr/mai 2015
PEDRO ALMEIDA
1º vice-presidente
COMITÊ EXECUTIVO PARA 2015
Pedro Almeida ingressou na AmCham Rio, em 2009,
como diretor e membro do comitê executivo da entidade, cargo que ocupou até 2010. Ele é executivo
sênior da IBM no Rio de Janeiro e vice-presidente
da IBM Brasil. Almeida ingressou na IBM Brasil, em
1998, tendo ocupado posições como responsável pela
parceria entre as empresas IBM e EBX; diretor do
projeto Cidades Inteligentes, voltado à execução de
soluções tecnológicas para o desenvolvimento da infraestrutura de grandes cidades; e diretor do setor industrial para a América Latina. É graduado em engenharia eletrônica pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), com MBA em negócios pelo Ibmec.
1º Vice-presidente_Pedro Paulo Pereira de
Almeida_IBM Brasil
JOÃO CÉSAR LIMA
2º vice-presidente
João César Lima ingressou na AmCham Rio, em
2004, como diretor e membro do comitê executivo.
Em 2007, foi indicado para a presidência da entidade,
cargo que assumiu também em 2008. Sócio da PwC, o
executivo é responsável pelo escritório da organização
no Rio de Janeiro e membro do comitê executivo da
empresa, na qual atua como líder de Capital Humano
para o Brasil e Américas, além de líder de Responsabilidade Corporativa para o mercado brasileiro. É graduado em contabilidade e administração de empresas,
cônsul honorário da Áustria no Rio de Janeiro e membro do Conselho de Desenvolvimento da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e
do conselho da ONG Rio Como Vamos.
FABIO LINS DE CASTRO
3º vice-presidente
Fabio Lins de Castro ingressou na AmCham Rio, em
janeiro de 2010, como 2º vice-presidente e, no ano seguinte, assumiu o cargo de 1º vice-presidente, no qual
permaneceu até 2014. O executivo é presidente e CEO
da Prudential do Brasil Seguros de Vida S.A. Iniciou
carreira na empresa, em outubro de 2002, como diretor executivo de Operações, sendo promovido a vice-presidente executivo, em agosto de 2009, e a presidente e CEO, em julho de 2010. Antes de ingressar na
companhia, ocupou vários cargos em nível executivo
em empresas de seguro e finanças, entre elas, Banco
Pactual e Icatu Hartford Seguros. Fabio é diretor estatutário da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) e membro do Conselho de
Desenvolvimento da Central de Serviços e de Proteção ao Seguro da CNseg. Graduado em tecnologia da
informação, possui MBA em finanças pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Presidente_Rafael Sampaio da Motta_Grupo
Case Benefícios e Seguros
2º Vice-presidente_João César Lima_PwC
3º Vice-presidente_Fabio Lins de Castro_
Prudential do Brasil
Diretor Financeiro_Manuel Domingues e
Pinho_DPC
Conselheiro Jurídico_Luiz Claudio Salles
Cristofaro_Chediak Advogados
Diretor-secretário_Steven Bipes_Albright
Stonebridge Group
DIRETORES PARA 2014 E 2015
Álvaro Cysneiros _Totvs
Antonio Cláudio Buchaul_Citibank
Carlos Alexandre Guimarães_ SulAmérica
Companhia Nacional de Seguros
José Firmo_ Seadrill Serviços de Petróleo Ltda.
Leandro Andrade Azevedo_Construtora Norberto
Odebrecht S.A.
Luiz Claudio Salles Cristofaro_Chediak
Advogados
Manuel Domingues e Pinho_ DPC
Marco Antônio Gonçalves_Bradesco Seguros S.A.
Rafael Benke
Roberto Braga Mendes_Thermo Fisher Scientific
Robson Pinheiro Campos_Wärtsilä Brasil Ltda.
DIRETORES PARA 2015 E 2016
Alexandre de Botton_Korn Ferry
Antonio Carlos Worms Till_Vita Check-up Center
Carlos Affonso S. d’Albuquerque_Valid
Fabio Lins de Castro_Prudencial do Brasil
Fábio Maia_Amil
Hélio Blak_Integridade Consultoria
Italo Mazzoni_Ibeu
Luiz Carlos Costamilan_Firjan
Manuel Fernandes R. de Souza_KPMG
Maurício J. Vianna e Silva_MJV Technology &
Innovation
Noel De Simone Júnior_Casa da Criação
Osmond Coelho Junior_Petrobras
Pedro Paulo Pereira de Almeida_IBM Brasil
Rafael Jaen Williamson_Chevron
Rafael Sampaio da Motta_Grupo Case Benefícios
e Seguros
Rafael Sauer Eisenberg_Amsterdam Sauer
Raíssa Lumack_Coca-Cola Brasil
Steven Bipes_Albright Stonebridge Group
Edição 291 Brazilian Business_15
Entre Brasil e
Estados Unidos,
99 anos de histórias
A um ano do centenário, Câmara de Comércio Americana do Rio
de Janeiro mantém foco na melhoria do ambiente de negócios
Bernardo Guimarães
[email protected]
Primeira foto oficial do quadro de
diretores da AmCham Rio, em 1916
16_Edição 291_abr/mai 2015
As diretrizes da AmCham Rio foram delineadas em uma reunião de representantes comerciais americanos no dia 17 de maio
de 1915. Pouco tempo depois, a Federation of American Chambers of Commerce at Washington – hoje conhecida como U.S.
Chamber of Commerce – já apoiava oficialmente a criação da filial
carioca. Em 22 de setembro de 1915, uma carta assinada por D. A.
Skinner, secretário-assistente da U.S. Chamber of Commerce, foi
endereçada ao cônsul americano Alfred Gottschalk: “Tenha certeza de que a nossa instituição está pronta para cooperar de todos os
modos com essa câmara de comércio americana no Brasil”.
O suporte foi importante para que, exatamente no dia 16 de
abril de 1916, a AmCham Rio fosse oficialmente fundada – a primeira câmara de comércio americana da América Latina –, com
15 empresas associadas, entre as quais a General Electric do Brasil
(GE) e a Texaco Brasil S.A. (atual Chevron Brasil Petróleo Ltda.).
Hoje, aberta também para companhias nacionais, são cerca de 250
empresas no Rio e no Espírito Santo, que correspondem a 70% do
PIB desses Estados. Roberto Ramos, presidente da câmara entre
2013 e 2015, ressalta que melhorar o ambiente de negócios e facilitar as relações bilaterais com os EUA sempre esteve no DNA da
instituição. “Desde a fundação, a câmara atua com destaque pelo
fortalecimento do ambiente de negócios, fomentando as relações
comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Promovemos diversos
encontros de aproximação de lideranças empresariais e políticas
de ambos os países. O networking de alto nível, aliás, é uma das
marcas da AmCham Rio”, afirma Ramos.
A presidência da AmCham Rio, porém, era ocupada exclusivamente por norte-americanos até a década de 1970. Em 1975, o
britânico Eoghan Murray McMillan foi o primeiro não americano a liderar a Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
(AmCham Rio). E o pioneiro brasileiro a ocupar o cargo foi Ronaldo Veirano. De acordo com ele, a AmCham Rio foi fundamental
para a criação do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos,
pelo presidente Ernesto Geisel, em 26 de janeiro de 1976. A delegação do País era formada por mais de 180 presidentes brasileiros
de grandes companhias, e a do lado americano, por 300.>
A Edição pioneira da
Brazilian Business
estampou na capa a
Estátua da Amizade,
presente dado pela
câmara ao centenário de
independência do Brasil
FOTOS ARQUIVO
I
nflação alta, desemprego, crise econômica e política. A semelhança com os
dias de hoje é mera coincidência. O
cenário em questão tem cem anos, tempos
bem mais turbulentos. Em 1915, o presidente era Wenceslau Braz, que governou o Brasil entre os dias 15 de novembro de 1914 e
1918. Ele enfrentou a Guerra do Contestado
(1912-1916, na divisa entre Santa Catarina e
Paraná) e a Primeira Guerra Mundial (de 28
de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918).
E, diante da brutal redução das exportações,
3 milhões de sacas de café estocadas foram
queimadas, evitando a queda dos preços. O
panorama internacional requeria a conquista de mercados internacionais importantes,
no qual os Estados Unidos tinham destaque. Esse foi o pano de fundo da criação da
Câmara de Comércio Americana do Rio de
Janeiro (AmCham Rio).
Edição 291 Brazilian Business_17
ARQUIVO
Avenida Rio Branco, no centro do Rio, em 1916:
endereço da primeira sede da AmCham Rio
Favorecer o diálogo entre líderes empresariais e governos,
tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos, é uma das vocações
da AmCham Rio. Nomes de peso já passaram pela câmara,
como Richard Nixon, João Goulart e Fernando Henrique Cardoso. Nos anos 1990, a AmCham Rio se mobilizou para colocar
o Rio no roteiro da visita oficial do presidente americano Bill
Clinton ao Brasil. Durante a passagem dele, Clinton enviou à
câmara a secretária de Estado americana Madeleine Albright,
que falou aos associados sobre as relações bilaterais entre os dois
países. E, em 2013, durante a visita do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao Brasil, a AmCham Rio foi convidada
a apresentá-lo a empresários brasileiros.
Para facilitar o trânsito entre ambos os países, a AmCham
Rio defende a entrada do Brasil no Visa Waiver Program – programa americano de isenção de vistos. Em 2013, por exemplo,
mais de 2 milhões de turistas do Brasil pisaram em solo americano, um aumento de 15% em relação a 2012 e de 534% em
comparação com 2003. Os números poderiam ser ainda maiores se houvesse menos exigências burocráticas.
Influenciar a decisão de governos é outra característica histórica da câmara. Durante a retomada da democracia brasileira,
a AmCham Rio deu suporte a empresários e especialistas em
Brasília para qualificar as discussões com ministros sobre a elaboração da Constituição de 88. Mais recentemente, em 2014, a
neutralidade da rede também foi defendida pela câmara, que
criou e entregou ao governo uma carta conjunta alertando sobre os pontos críticos do Marco Civil da Internet, que exigia o
armazenamento no Brasil de dados das empresas que operam
no País e dos cidadãos brasileiros. Essa exigência ficou fora do
texto final, conforme era o pleito da AmCham Rio.
18_Edição 291_abr/mai 2015
“TODA CIDADE DE RAZOÁVEL
PORTE NOS ESTADOS UNIDOS
TEM UMA CÂMARA DE COMÉRCIO,
E TODOS SE ASSOCIAM.
É FANTÁSTICO VER ESSA
REPRESENTAÇÃO DO ESPÍRITO
ASSOCIATIVO NORTE-AMERICANO
NA AMCHAM RIO”,
LUIZ MATTOSO, EX-CHEFE DO DEPARTAMENTO
DE INFORMAÇÕES COMERCIAIS DA AMCHAM RIO
Ser porta-voz do setor privado, portanto, faz parte das
atividades da AmCham Rio. A troca de experiências e informações durante os eventos promovidos pela câmara é fundamental para essa tomada de opinião. Em 1994, por exemplo,
CEOs de grandes companhias tinham um fórum especial
para se reunir e ouvir de analistas econômicos, políticos e jornalistas as tendências do governo e as perspectivas do mercado para o futuro.
Hoje, essa inteligência vem dos próprios comitês e subcomitês setoriais da câmara, sendo 11 no total, nos quais
debates entre os setores público e privado geram posicionamentos importantes a serem defendidos pela AmCham Rio.
De acordo com Luiz Mattoso, ex-chefe do Departamento de
Informações Comerciais da AmCham Rio entre 1975 e 1989,
“toda cidade de razoável porte nos Estados Unidos tem uma
câmara de comércio, e todos se associam. É fantástico ver essa
representação do espírito associativo norte-americano na
AmCham Rio”, diz ele. >
Prêmio Brasil
Ambiental
completou dez
edições em 2014
Getúlio Vargas recebe Franklin Roosevelt: AmCham Rio tem
histórica atuação para facilitar as relações bilaterais
Inserida em uma rede global, na qual as conexões com a
Tereza Marques, mais conhecida como Terezinha, acompaU.S. Chamber of Commerce – a maior associação empresa- nhou de perto a evolução da Brazilian Business e da AmCham
rial do mundo – e com a Associação de Câmaras de Comércio Rio. Contratada, em 1977, para ser secretária da editora da
Americanas da América Latina (Aaccla, na sigla em inglês) revista, Terezinha fazia de tudo, desde tradução de artigos até
são fundamentais, a AmCham Rio também valoriza as liga- controle das assinaturas. A dedicação foi reconhecida e, anos
ções regionais. Em 1998, foi criada a AmCham Espírito San- mais tarde, ela se tornou responsável por cuidar dos sócios da
to, primeira filial da AmCham Rio fora do Estado, ainda hoje câmara. “Desde que cheguei pela primeira vez, sabia que era
operando na capital capixaba.
aqui que queria trabalhar. Este lugar cheira a Estados Unidos,
Seja atuando de forma global ou regional, mesmo sendo lugar pelo qual sou apaixonada”, lembra Terezinha. Perguntada
uma associação multissetorial, a AmCham Rio mantém o foco sobre a primeira coisa que pensa ao se lembrar dos momentos
nos interesses do setor privado. Um dos maiores exemplos dis- passados na AmCham Rio, ela não hesita: “Um amor que não
so é o Brazil Energy & Power, evento da câmara em parceria sei explicar. Além da vida”. «
com a Brazil-Texas Chamber of Commerce (Bratecc) e o Brazil-U.S. Business Council (BUSBC). Realizada pela primeira vez,
em 1994, no Texas (EUA), e chegando à 12ª edição em 2015, a
conferência teve – e ainda tem – um papel importante na aproCURIOSIDADES
ximação entre as maiores companhias de energia do mundo e
na discussão de temas prioritários das empresas com as esferas
• A câmara passou por dois endereços na
Avenida Rio Branco até se estabelecer de vez
públicas e privadas.
na Praça Pio X, em 1980, a atual localização.
Mais do que promover bons negócios, a AmCham Rio é protagonista quando o assunto é responsabilidade social e sustentabi• Gabriella Icaza foi a primeira (e única) mulher
lidade nas empresas. Em 2005, ano em que o Brasil comemorava
a presidir a AmCham Rio. “Eu era pioneira
o segundo ano consecutivo na redução das emissões de gás carpor onde passava”, revela a executiva.
bônico, a câmara realizou, no Rio, a primeira edição do Prêmio
Brasil Ambiental (PBA). O reconhecimento das melhores práticas
• A Escola Americana do Rio foi criada e
sustentáveis de empresas fez sucesso e, em 2014, o PBA chegou à
fundada pela AmCham Rio, em 1937.
décima edição com mais de 50 projetos premiados. E, em 2016, a
AmCham Rio celebrará seu centenário sendo anfitriã do Business
• A primeira Câmara de Mediação e
Future of the Americas (BFA), que vai reunir representantes das 24
Arbitragem do Rio de Janeiro (Camarj) foi
câmaras de comércio americanas da América Latina e do Caribe
inaugurada pela AmCham Rio, em 2002
em debates importantes para o desenvolvimento da região.
Acostumada a fazer história, a AmCham Rio também valo• Os associados fundadores da Câmara eram:
riza a comunicação. A revista que está em suas mãos, Brazilian
American Bank Note Co.; Bethlehem Steel;
Business, foi criada em 1921. Ela sucede a publicação trimestral
Burroughs Adding Machine Co. (sucedida
The Quarterly. Já na primeira edição,
pela Unisys Brasil Ltda.); Citibank N.A.;
a revista conseguiu um furo, publi“O NETWORKING DE ALTO
Cutler-Hammer do Brasil Ltda.; Esso
cando com exclusividade a foto da
NÍVEL, ALIÁS, É UMA DAS
Brasileira de Petróleo Ltda.; Elevadores Otis;
visita do presidente Franklin RooseMARCAS DA AMCHAM RIO”,
General Electric do Brasil; Middletown Car
velt ao Brasil. Ao longo das décadas,
Co.; Midvale Steel; R.G. Dun & Co; Singer
o acervo de revistas serviu como uma
ROBERTO RAMOS, PRESIDENTE DA AMCHAM
Sewing Machine Co.; Texaco Brasil S.A. (atual
fonte de estudo para trabalhos uniRIO ENTRE 2013 E 2015
Chevron Brasil Petróleo Ltda.).
versitários e históricos.
20_Edição 291_abr/mai 2015
ÁREAS DE ATUAÇÃO
PRACTICE AREAS
Direito Administrativo, Regulação e Infraestrutura
Administrative Law
Direito Societário
Corporate Law
Mercado Financeiro e de Capitais
Financial and Capital Markets
Direito da Concorrência
Competition Law
Direito da Energia
Energy Law
Direito Tributário
Tax Law
Contencioso Judicial e Administrativo
Judicial and Administrative Litigation
Arbitragem
Arbitration
Contratos
Contracts
Direito Imobiliário
Real-Estate Law
Direito do Trabalho
Labor Law
Direito Previdenciário
Pension Law
Direito Ambiental
Environmental Law
Direito Eleitoral
Election Law
Propriedade Intelectual
Intellectual Property
Direito Internacional
International Law
Rua Dias Ferreira 190, 7º andar
Rua Sete de Setembro 99, 18º andar
Leblon – Rio de Janeiro – RJ
Centro – Rio de Janeiro – RJ
Av. Juscelino Kubitschek 1600, 13º andar,
conjunto 132,
22431-050 – Brasil
20050-005 – Brasil
Itaim Bibi – São Paulo – SP
T 55 21 3543.6100 F 55 21 2507.0640
T 55 21 3543.6100 F 55 21 2507.0640
04543-000 – Brasil
T 55 11 4097.2001 F 55 11 4097.2100
clcmra.com.br
ESPECIAL
Cláudio Motta
[email protected]
P
arece que o Rio de Janeiro se acostumou aos bilhões. Basta avaliar, por
exemplo, investimentos anunciados
para a Olimpíada (cuja organização está
estimada em R$ 37,7 bilhões), exploração
do pré-sal (cerca de US$ 80 bilhões apenas
no campo de Libra) ou para aquisição de
equipamentos de segurança (o orçamento
de 2015 da Secretaria Estadual de Segurança está na casa dos R$ 10 bilhões). Juntos,
esses grandes investimentos realizados em
infraestrutura, petróleo e segurança pública funcionam como indutores de negócios.
Porém, esse tripé começa a apresentar sinais de desgaste.
Grandes eventos
melhoram a
infraestrutura
do Rio
Dados do Ministério do Trabalho são preocupantes. Entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, o Brasil perdeu 81.774 empregos com carteira assinada. Praticamente metade dessas demissões
(40.658) ocorreu no Rio de Janeiro. Grande parte desse impacto
está associada à crise internacional do setor de óleo e gás e aos
problemas domésticos enfrentados pela Petrobras.
As maiores obras de infraestrutura, que geram muitos postos de
trabalho, têm a execução atrelada aos grandes eventos. Com o fim
da Olimpíada, ainda não foi anunciada uma agenda pós-2016. E, por
fim, a grande estrela da política pública de segurança, as Unidades
de Polícia Pacificadora (UPPs), enfrenta questionamentos severos.
Mesmo antes dos jogos de 2016 começarem, já há lamentações
oficiais quanto às oportunidades perdidas. No dia 23 de março –
quando faltavam 500 dias para a Olimpíada –, o prefeito Eduardo
Paes afirmou que a Baía de Guanabara não será despoluída, uma
atribuição do Governo do Estado: “É uma pena, uma oportunidade
perdida. Embora as competições ocorram próximas à boca da baía,
onde o controle é mais fácil, o serviço não será completo”, disse Paes.
DIVULGAÇÃO/RIOTUR/ JP ENGELBRECHT
A Copa do Mundo de 2014 aumentou
a visibilidade do Rio. A Olimpíada, em
2016, encerra grandes eventos
22_Edição 291_abr/mai 2015
A ação policial permanente deu esperança às pessoas que
eram obrigadas a conviver com a quase total ausência do Estado. Entretanto, a estratégia começa a ser duramente criticada por
especialistas. Áreas que já tinham sido consideradas pacificadas
como, por exemplo, o Morro do São João, no Engenho Novo, o
Morro dos Macacos, em Vila Isabel, a Rocinha, o Complexo do
Alemão, voltaram à rotina de tiroteios e medo. “Não haverá retrocesso na política de pacificação”, garante o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
A insegurança é a maior desvantagem do Rio de Janeiro,
de acordo com a 8ª Sondagem Empresarial “A força do Rio de
Janeiro”, referente a 2014, com 57% das respostas. Em seguida,
aparecem os custos maiores no Estado (49%). Era possível votar
em mais de uma resposta, por isso o total ultrapassa os 100%. A
pesquisa, feita pela PwC com 50 empresas fluminenses, também
mostra que as principais ações que o governo deveria priorizar
na economia são os investimentos em segurança (78% das respostas) e infraestrutura (55%). Também era uma questão de múltiplas respostas.
Para Alexandre Rangel, sócio de consultoria e especialista em
megaeventos da Ernst & Young (EY), é necessário fazer um novo
planejamento estratégico para a cidade visando o ciclo pós-2016.
“Copa e Olimpíada não foram feitas ao acaso, foram fruto de planejamento. A lição é não deixar isso ao acaso no futuro. Existe outro ciclo de grandes eventos, como a exposição universal e
feiras. É importante a cidade ter isso em seu plano estratégico”,
afirma Rangel. “Se descartarmos a parte ambiental – não apenas
a questão da Baía de Guanabara, como também a situação dos
rios e do sistema lagunar – e pensarmos na parte da mobilidade
urbana e de recuperação de áreas
A INSEGURANÇA É A MAIOR
degradadas, como
DESVANTAGEM DO RIO DE
porto, Engenhão, o
JANEIRO,
DE ACORDO COM
legado é bom.” >
PESQUISA FEITA PELA PWC
DIVULGAÇÃO
Fim da temporada de grandes
eventos, crise no petróleo e
problemas nas UPPs afetam ambiente
de negócios, alertam especialistas
BERNARDO GUIMARÃES
O enigma carioca
para além de 2016
Apesar das críticas, o prefeito ainda defende com unhas e dentes
o legado que a competição deixará para a cidade. De acordo com
ele, o benefício local será maior do que as melhorias em Barcelona,
consideradas um caso de sucesso de realização. De acordo com Paes,
R$ 24 bilhões estão sendo investidos em obras que vão melhorar a
qualidade de vida do carioca, como a implementação dos corredores expressos de ônibus e a revitalização da região portuária. “No
entanto, é preciso pensar em uma agenda pós-Jogos Olímpicos, com
outros desafios pela frente. E esse planejamento deve incluir, necessariamente, a participação do setor privado. Cabe ao poder público continuar criando incentivos – seja por meio de concessões, da
atração de novos negócios ou da retirada de entraves – para que a
presença de empresas nacionais e estrangeiras na economia carioca
seja cada vez maior”, afirmou Paes à revista Brazilian Business.
O presidente da Rio Negócios, Marcelo Haddad, afirma que
nenhuma cidade passará por tantas transformações após a Olimpíada como o Rio de Janeiro. Ele cita investimentos em segurança,
mobilidade e infraestrutura como os principais legados. Um dos
setores beneficiados, de acordo com Haddad, será o da Indústria
Criativa e de Telecomunicações. “A cidade vem preparando a infraestrutura lógica para atender as gigantescas demandas de conectividade dos Jogos Olímpicos de 2016, como a instalação de
um backbone de mais de 10 mil quilômetros de fibra óptica de
alta velocidade. Iniciativas como essas têm um grande efeito para o
desenvolvimento e a atratividade de negócios em tecnologia.”
A estratégia da agência de negócios é aproveitar ao máximo a
janela de oportunidade proporcionada por grandes eventos e promover a cidade. “Agora, com o aniversário de 450 anos da cidade e
os Jogos Olímpicos de 2016, vamos realizar o maior programa de
negócios do País, a Casa Rio – Embaixada Brasileira de Negócios
– um abrangente e extenso programa de ações para aproveitar a
presença de investidores na cidade. A maior parte da programação acontecerá na Casa Rio, um espaço de mil metros quadrados
na zona portuária”, diz Haddad. “Um dos destaques da programação será o encontro anual da associação de cidades de energia, o
World Energy Cities Partnership (WECP). São 22 cidades que têm
o petróleo como uma das bases da economia. Os prefeitos e as delegações estarão reunidos na cidade com a Offshore Technology
Conferences (OTC), transformando o Rio na capital mundial do
petróleo, em outubro.”
No setor energético, a queda do valor do petróleo de US$ 115
para US$ 45 e a crise da Petrobras estão provocando revisões de
contratos, diminuição de investimentos e corte de pessoal. Isso
afeta toda a cadeia produtiva do setor, gerando desemprego em
cascata e diminuição da arrecadação com royalties. As prefeituras fluminenses perderam, juntas, R$ 289 milhões em repasses na
comparação entre o primeiro trimestre de 2015 e o mesmo período de 2014. Apenas Itaguaí, entre as 88 cidades que recebem essa
verba, não teve prejuízo.
Como se já não bastassem os problemas econômicos, a segurança pública volta a ser uma preocupação para os cariocas. Concebido em dezembro de 2008, o projeto das UPPs foi criado com a
promessa de diminuir a violência e recuperar o controle territorial
da cidade. Bairros inteiros do Rio ficavam sob o domínio de bandidos, como traficantes de drogas ou milicianos, que usam armamentos pesados, como fuzis.
Edição 291 Brazilian Business_23
ESPECIAL
A atratividade da
indústria de petróleo
e gás no Brasil
O
Manuel Fernandes_
sócio-líder da área
de Óleo e Gás da
KPMG no Brasil
e presidente do
Comitê de Energia
da AmCham Rio
setor de óleo e gás brasileiro atraiu
altíssimo interesse no mercado doméstico e internacional com a realização do leilão de novas áreas e do campo
de Libra, em 2013. Foi criado um cenário
promissor de bons negócios, mudando as
expectativas dos patamares de exploração e
produção no País, abrindo amplas oportunidades para as empresas do segmento, mesmo sem um calendário mais previsível para
realização de novos leilões – que permitiria
um melhor planejamento financeiro.
O cenário atual no Brasil e no resto do
mundo passa por uma nova realidade. O nível de incertezas sobre os preços esperados
para o barril de petróleo, em queda livre de
praticamente 50% desde meados de 2014, é
muito grande. As previsões entre analistas
variam de US$ 20, o barril, até US$ 200. A
estimativa mais otimista é da Organização
de Países Exportadores de Petróleo (Opep),
por conta de possíveis cortes de produção e
falta de investimentos em exploração e produção. Um indicador da queda de atividade global, segundo sites especializados, é a
retirada de operação de, aproximadamente,
43% das plataformas de perfuração desde
o pico em 2014, o que poderia indicar um
potencial aumento dos preços.
Por outro lado, a capacidade de armazenamento de petróleo está em níveis baixos,
o que pode causar queda dos preços pela
necessidade de escoar os estoques. Adicionalmente, não se pode precisar como
o contínuo aumento da oferta ocasionado
pelo crescimento da produção de petróleo
nos Estados Unidos afetará o mercado. Em
fevereiro, eram 9,3 milhões de barris/dia.
É PRECISO REVER O MODELO ATUAL
DE OPERADOR ÚNICO NO PRÉ-SAL. ELE OBRIGA
A PETROBRAS A PARTICIPAR COM, NO MÍNIMO,
30% DOS INVESTIMENTOS
24_Edição 291_abr/mai 2015
Há, ainda, incertezas do lado da demanda.
Países como China, Rússia e Brasil mostram
redução do ritmo da atividade econômica.
Passando a comprar menos, pressionam ainda
mais os preços.
Esse cenário, aliado às incertezas quanto à
capacidade financeira de execução dos projetos
pela Petrobras, afeta de forma relevante a indústria petrolífera no Brasil. A estatal, responsável
por cerca de 90% da produção nacional, concentra grande parte da demanda de bens e serviços,
e as dificuldades atuais pelas quais passa afetam
toda a cadeia, incluindo as operadoras parceiras,
que dependem da sua execução.
É preciso rever o modelo atual de operador
único no pré-sal. Ele obriga a Petrobras a participar com, no mínimo, 30% dos investimentos.
Mais flexibilidade permitirá que a companhia
possa se concentrar nos projetos de grande desafio, como as áreas da cessão onerosa e o campo
de Libra, por exemplo.
A retração no mercado impacta a cadeia de
fornecedores, formada por cerca de 20 mil empresas que atuam direta e indiretamente na área.
O mote do setor é buscar sinergias para minimizar o impacto no fluxo de caixa.
O risco iminente de potencial perda do nível de investimento pelo Brasil é outro fator que
pode afetar as previsões futuras, já que aumentará a dificuldade de captações financeiras, provocando a fuga de investidores em busca de portos
mais estáveis e retornos mais previsíveis. O natural aumento dos custos dos recursos financeiros
motivará ainda mais a desmobilização e venda de
ativos como fonte alternativa de captar recursos.
Apesar de o cenário pouco otimista, o Brasil apresenta aspectos que ainda o mantêm na
mira dos investidores da área de óleo e gás,
uma das principais indústrias brasileiras: bom
nível de reservas, regras transparentes e respeito aos contratos. É hora de rever as estratégias,
resgatar a confiança de todos os agentes do
setor de petróleo e gás e atrair novos investimentos, mantendo o País como um destino
estratégico no cenário mundial.
Desafios da segurança
A
oportunidade de falar sobre a política de segurança é sempre válida, pois, mesmo após mais de oito anos de gestão,
um livro publicado e inúmeras entrevistas, poucos sabem
do processo de estruturação da Secretaria de Estado de Segurança
nesse período. Antes, sempre é importante ressaltar ao público estrangeiro as peculiaridades estruturais da segurança pública no País.
Aqui temos duas polícias. A Polícia Civil, que cumpre o papel
de polícia judiciária, investigando os crimes, e a Polícia Militar, responsável pelo patrulhamento ostensivo. Ambas estão subordinadas
à Secretaria de Estado de Segurança, uma estrutura do Governo do
Estado. Enquanto, por exemplo, nas cidades americanas, a polícia é
única e subordinada ao prefeito.
Nosso primeiro desafio foi motivar as duas polícias ao trabalho
integrado. A Subsecretaria de Integração e Planejamento Operacional foi criada com esse objetivo. Essa estrutura gerencia o Sistema
Integrado de Metas e Acompanhamento de Resultados, que premia
os policiais, independentemente de patente ou cargo, pela redução
dos crimes de letalidade violenta. Até o momento, o Estado já pagou
R$ 339 milhões em premiações.
Além disso, para aproximar fisicamente batalhões da Polícia Militar e as delegacias de Polícia Civil, desde 2009, foram criadas as Regiões Integradas de Segurança Pública (Risps), que colocam em um
mesmo prédio o policial civil do Departamento de Polícia de Área
e o policial militar do Comando de Policiamento de Área, para trabalhar no controle dos índices de criminalidade. Temos sete Risps,
duas delas em prédios próprios.
No quesito equipamentos, programas de humor e filmes retratavam de forma jocosa, porém fiel, o caos que encontramos na
segurança em 2007. Ausência de coletes balísticos, armamento inapropriado, batalhões onde funcionavam oficinas e até viaturas cujas
portas fechavam com arame. Investimento em tecnologia era um
sonho distante, algo do cinema americano. Para equipar apropriadamente os agentes, o orçamento saltou de R$ 1,9 bilhão, em 2007,
para R$ 4 bilhões, em 2012, e o orçamento previsto para 2015 é de
R$ 10 bilhões. A manutenção das viaturas foi terceirizada.
Construímos o Centro Integrado de Comando e Controle, que
monitora mais de mil câmeras no Estado, inclusive 950 câmeras embarcadas em viaturas policiais equipadas também com computadores de bordo com acesso à internet.
Por causa dos grandes eventos, obtivemos do Governo Federal
como legado uma Plataforma de Observação Elevada (POE), dois
veículos especiais chamados Centros Integrados de Comando e
Controle Móvel e um aparelho de imageamento aéreo. A intensa
agenda de grandes eventos provocou intercâmbios e cursos com polícias dos Estados Unidos, da Espanha, da França e da Alemanha.
Outro ponto importante foi a formação policial. Com o projeto
de pacificação, uma polícia de proximidade se faz necessária. Para
tanto, a oxigenação das academias das polícias foi fundamental. Instituímos o Programa Novo Tempo Para a Segurança, que produziu
uma nova apostila para os alunos do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, entre inúmeras ações, e, com o Banco de Talentos, renovamos o quadro de professores.
Chego agora ao lado mais visível da minha pasta. As Unidades
de Polícia Pacificadora são debatidas intensamente pela sociedade.
Se, na primeira hora, a população
especulava qual seria a próxima
comunidade pacificada, o atual
momento é classificado pela mídia José Mariano Beltrame_
como sendo de realinhamento da secretário de Segurança do
Estado do Rio de Janeiro
política de pacificação.
A sociedade discute como devem
colaborar os demais entes federativos, outras secretarias de Estado e
a iniciativa privada para pagar o débito social com uma população
que, ao contrário das outras metrópoles brasileiras e mundiais, não
está em uma periferia distante, mas é vizinha das classes mais altas,
habitando os morros cariocas.
Assim como disse, reafirmo: não haverá retrocesso na política de
pacificação. Vejo com satisfação a sociedade constatar nos jornais,
por meio tanto de editoriais como cartas de leitores, que segurança
pública não é apenas uma questão de polícia, mas uma responsabilidade de todos. Da segurança primária de uma prefeitura, que tanto
pode podar uma árvore para iluminar mais um caminho como zelar
pelo funcionamento efetivo dos Conselhos Tutelares, passando até
por um esforço enfático do Governo Federal no controle de fronteiras para coibir a chegada de armas e drogas.
Vivemos um momento importante, no qual a pacificação deixou
de ser política de governo para ser programa de Estado institucionalizado com todas as pastas provocadas a colaborar e responder
por suas contribuições na Comissão Executiva de Monitoramento e
Avaliação da Política de Pacificação. A convicção de que já possibilitamos uma vida melhor nas comunidades antes conflagradas é comprovada com a redução de homicídios dolosos em 65,5% e de 80%
nas mortes em decorrência de ações policiais nas áreas pacificadas,
na comparação realizada nos seis primeiros meses de 2014 em relação ao primeiro semestre de 2008, ano de implantação da primeira
UPP, em levantamento feito pelo Instituto de Segurança Pública.
Temos problemas? Sim, mas estamos distantes dos patamares
encontrados por nossa equipe quando chegamos à Secretaria de Estado de Segurança. Lidamos com uma pasta cujas decisões afetam o
bem maior e único do ser humano: a vida.
É cansativo, pois não podemos errar, mas compensa ver os olhares de agradecimento dos moradores nas comunidades antes sob o
jugo do tráfico. Emociona ver a imagem internacional do Rio mudando aos olhos dos turistas estrangeiros. Fortalece saber da recuperação de áreas antes degradadas após a chegada de novas empresas
geradoras de empregos. Temos o desafio de uma Olimpíada pela
frente, e nada pode ser mais estimulante do que pensar na Copa do
Mundo de 2014, antes vista por alguns como um fracasso certo e,
posteriormente, considerada “a Copa das Copas”, sendo que a segurança pública foi aprovada por 73% dos visitantes estrangeiros do
Rio de Janeiro. Que venham eventos, empresas e empregos. O Rio
de Janeiro está pronto. 
Edição 291 Brazilian Business_25
ESPECIAL
Os Jogos Olímpicos e a
cultura do improviso
O
Jerônimo de
Moraes_presidente
do Conselho de
Arquitetura e
Urbanismo do Rio
de Janeiro
clima de apreensão antes da
Copa do Mundo de 2014, quando se duvidava da capacidade do
País de sediar um evento daquele porte,
dissipou-se quando os turistas estrangeiros voltaram para casa com uma impressão positiva do evento, encantados com
a famosa simpatia do nosso povo. E nós,
brasileiros, ficamos com a sensação de
que, no fim das contas, tudo deu certo.
Essa cultura do improviso está refletida
em nossas cidades. A falta de planejamento
tem resultados graves, como as atuais crises hídrica e energética. Esse problema não
está ligado a uma gestão governamental em
particular. A fragilidade dos investimentos
em transportes de alto rendimento no Rio
se arrasta há, pelo menos, 50 anos e extrapola os limites do município.
Os holofotes agora se voltam para a cidade do Rio de Janeiro, que sediará os Jogos
Olímpicos. Nos preparativos para esse evento, o padrão se repete. O cenário ideal seria a
integração da capital com a região metropolitana, que só agora começa a ganhar forma,
com a aprovação do Estatuto da Metrópole.
Enquanto são feitos grandes investimentos em BRTs (transporte rápido por
ônibus), projetos de expansão de linhas de
metrô correm o risco de nem se concretizare, como a Linha 3, que atenderia Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. Mesmo com os
benefícios trazidos para a população pelos
BRTs, como mais agilidade nos trajetos,
observa-se que a implantação desse modal
não está inserida em um projeto maior, formulado após debate com a sociedade.
O planejamento, essencial na arquitetura e no urbanismo, é vital, ainda, para
a redução de custos. A licitação de obras
por projeto básico, em detrimento do
projeto executivo, não possibilita uma visão real do que será, de fato, necessário
na execução da obra, gerando aumento
de gastos com situações não previstas. A
cerca de um ano dos jogos, a maior parte
dos projetos não tem valores e prazos de
conclusão precisos e a previsão do orçamento é constantemente revisada.
26_Edição 291_abr/mai 2015
Em relação à revitalização da zona
portuária, que dará nova cara à cidade,
devolvendo aos cariocas a visão do mar,
percebe-se um descolamento do restante do projeto olímpico, concentrado na
maior parte na Barra da Tijuca. Uma das
poucas atividades previstas inicialmente
para o Porto Maravilha, que era abrigar o
centro de imprensa, mostrou-se inviável,
evidenciando a falta de mobilidade para o
deslocamento entre as duas regiões.
A realização de competições na Barra
da Tijuca, área com crônicos problemas
de mobilidade, não se mostra uma decisão tão acertada. Considerando a parcela
da população que se desloca diariamente
para o Centro, seria mais vantajoso que os
equipamentos olímpicos ficassem na zona
portuária, com investimentos maciços nas
redes ferroviária e metroviária.
ESSA CULTURA DO IMPROVISO ESTÁ
REFLETIDA EM NOSSAS CIDADES. A FALTA
DE PLANEJAMENTO TEM RESULTADOS
GRAVES, COMO AS ATUAIS CRISES HÍDRICA
E ENERGÉTICA
Fica no ar a dúvida se, após a conclusão das obras do porto, a região conseguirá atrair novos moradores e não apenas
edifícios corporativos. A cultura urbana
pressupõe cidades de usos mistos. Um
bairro ideal deve oferecer aos moradores
opções de lazer, serviços, comércio, cultura e habitação. Vale lembrar que o centro
do Rio, hoje deserto aos fins de semana,
concentrou, nos anos 1930, espaços de lazer, como a Cinelândia.
Para além das intervenções pontuais,
devemos esperar que os Jogos Olímpicos
sejam o ponto de partida para uma cidade planejada, que leva em conta a opinião dos habitantes e atenda suas necessidades. Tornando-se um lugar melhor
para se viver e investir, o Rio de Janeiro
atrairá recursos não atrelados somente a
eventos passageiros.
REPORTAGEM
Ferramenta
antiburocracia
Criado a partir do diálogo entre o governo brasileiro
e a iniciativa privada, Portal Único de Comércio
Exterior melhora o ambiente de negócios
Diogo Martins
O portal recebeu elogios no evento, sendo considerado pioneiro,
porque foi desenvolvido a partir do diálogo entre o governo brasileiro e a iniciativa privada e, também, porque esse debate se mantém
até hoje para o aprimoramento do serviço.
Afora os elogios em Davos, países sul-americanos e africanos
estão consultando o governo brasileiro para o desenvolvimento
de portais únicos.
“Ainda há muito trabalho pela frente. Há sempre formas de
aperfeiçoar os trâmites dos processos, e essa tarefa deve ser contínua para o MDIC. O Portal Único representa um grande avanço
nesse sentido, e o governo, em parceria com a iniciativa privada,
tem expectativa de remover os entraves burocráticos no comércio exterior", afirma Godinho, por e-mail.
Na avaliação de João César Lima, diretor da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio), o portal
facilita o dia a dia de todas as empresas, independentemente do
porte, mas ele ressalta que as maiores beneficiárias são as companhias que estão iniciando atividades no comércio exterior.
Apesar de ver o portal como um avanço na desburocratização
brasileira, César Lima ressalta que ainda há um longo caminho a
ser percorrido pelo governo brasileiro. >
DIVULGAÇÃO/EOM/RENATO SETTE CAMARA
[email protected]
D
epois de receber elogios no Fórum Econômico Mundial em janeiro, em Davos, na Suíça, o Portal Único
de Comércio Exterior – lançado ano passado para
facilitar os processos de importação, exportação e trânsito
aduaneiro – também está sendo bem avaliado por especialistas
brasileiros. Em geral, há consenso de que a famigerada burocracia do País diminuiu. Apesar disso, profissionais do setor
afirmam que, se o Brasil quiser se tornar um ator relevante no
comércio mundial (atualmente, detém participação de menos
de 2%), será preciso avançar na desburocratização. Até mesmo
o governo reconhece o desafio.
Em entrevista à revista Brazilian Business, o secretário de
Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Daniel Godinho, diz
que foi “gratificante” o reconhecimento alcançado pelo Portal
Único no Fórum Econômico Mundial e que isso será importante para prover mais conhecimento e facilidade na instalação do projeto.
ENTRE O LANÇAMENTO DO PORTAL ÚNICO E 2030,
A NOVA FERRAMENTA DO COMÉRCIO EXTERIOR
RESPONDERÁ POR 2,5% DO CRESCIMENTO
ACUMULADO DO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)
NESSE PERÍODO, INFORMA ESTUDO DA CNI
28_Edição 291_abr/mai 2015
Edição 291 Brazilian Business_29
REPORTAGEM
“O Brasil ainda é um país muito burocratizado, muito complexo, em todos os
sentidos. Não é só desburocratizar. É preciso agilizar. Existem muitos órgãos envolvidos com aspectos sanitários e de qualidade dos produtos. O portal facilita, mas
não resolve toda a questão da burocracia
no comércio exterior”, diz ele.
Os efeitos práticos do Portal Único ainda
estão sendo medidos por entidades ligadas
ao comércio exterior brasileiro. Estudo da
Confederação Nacional da Indústria (CNI),
realizado pela Fundação Getulio Vargas
(FGV), estima que, entre o lançamento do
Portal Único e 2030, a nova ferramenta do
comércio exterior responderá por 2,5% do
crescimento acumulado do Produto Interno Bruto (PIB) nesse período. Na mesma
base de comparação, o portal responderá
por 5,2% do aumento dos investimentos do
País e pela alta de 26,5% das exportações e
de 11,6% das importações.
Fábio Faria,
vice-presidente
da Associação de
Comércio Exterior
do Brasil (AEB)
A FGV projetou aumento anual na corrente de comércio
entre 6% e 7%, o equivalente a US$ 36,1 bilhões, em 2017, e US$
68,4 bilhões, em 2030. Além disso, o estudo concluiu que haverá diversificação das exportações, com aumento progressivo da
participação de produtos provenientes da indústria de transformação, com crescimento de 10,3%, em 2017, e de 26,5%, em
2030. A indústria de transformação vem perdendo participação
na pauta de exportações desde 2008 para commodities.
“O Portal Único não é a solução de todos os problemas
do comércio exterior brasileiro, mas é a primeira e a mais
importante. Ainda falta a medida do governo em relação ao
Operador Econômico Autorizado (OEA), que facilita a movimentação da carga, que pode ser analisada antes e até mesmo
depois da partida do local aduaneiro, sem ficar presa, onerando os custos das empresas. Ou seja, os dois projetos são
irmãos. Um facilita a documentação e o outro, o transporte
de cargas”, afirma o gerente executivo de Comércio Exterior
da CNI, Diego Bonomo.
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do
Brasil (AEB), Fábio Faria, critica a demora na liberação das
mercadorias no trânsito aduaneiro. Para ele, dar agilidade a
esse processo é o passo seguinte à instalação do Portal Único.
ANUÊNCIAS PRÉVIAS
LOGÍSTICA PORTUÁRIA
INSPEÇÃO NO PORTO
SECEX
INMETRO
EXÉRCITO
CNEM
IBAMA
ANP
POLÍCIA FEDERAL
MCTI
SEP
(Secretaria de Portos)
RECEITA FEDERAL
ANVISA
ALFÂNDEGA
VIGIAGRO
PORTAL
SISCOMEX
Exportador
Importador
30_Edição 291_abr/mai 2015
Transportador
BASE
DE DADOS
Inspeção
coordenada
com base em
análise de
riscos
“Hoje, no Porto de Rio Grande,
100% da carga de exportação está sujeita
à taxa de inspeção invasiva. Ou seja,
toda carga tem de ser vistoriada por
scanner. Achamos isso um exagero. É um
processo que gera aumento de despesas,
quando poderia e deveria ser feito por
amostragem, como em outros países”,
afirma Faria, citando Estados Unidos e
Portugal como exemplos.
O líder da área de consultoria tributária da PwC Brasil, Carlos Iacia, diz que,
além de desburocratizar a documentação
para se exportar e importar, é preciso pensar em maneiras de melhorar o financiamento e diminuir impostos.
“O problema é que o cenário para mexer em impostos não é o mais favorável”,
diz Iacia, referindo-se à atual série de aumento de impostos, que vem da necessidade de elevar a arrecadação do governo.
Outro estudo, divulgado recentemente
pela consultoria Bain & Company, afirma
que as recentes ações adotadas para facilitar o comércio exterior ajudam e fazem
parte de uma política de Estado, não de
governo. A consultoria também elogia a
participação do setor privado nas discussões sobre o setor, mas ressalta que o País
precisa promover melhorias em logística.
Cálculos da Bain & Company indicam
que o Brasil poderia economizar cerca de
US$ 120 milhões por ano em gastos logísticos com reformas em estradas e portos.
Em 2013, a CNI ouviu 600 empresas
exportadoras, de diversos tamanhos e setores. Desse total, 44% das empresas viam
a burocracia como o maior empecilho às
vendas externas. O percentual só não foi
maior do que o de empresas que se queixavam do câmbio. Ao contrário de hoje,
o real estava valorizando, beneficiando as
importações em detrimento das exportações. Com isso, 46,3% das exportadoras
viam, no levantamento da CNI, o câmbio
como o maior problema. >
MENOS PAPEL E CARIMBO
Burocracia de comércio exterior
deverá estar digitalizada até 2017
Daniel Godinho,
secretário de
Comércio Exterior
do MDIC
“HOJE, NO PORTO DE RIO GRANDE, 100% DA
CARGA DE EXPORTAÇÃO ESTÁ SUJEITA À TAXA DE
INSPEÇÃO INVASIVA. OU SEJA, TODA CARGA TEM
DE SER VISTORIADA POR SCANNER. ACHAMOS
ISSO UM EXAGERO”,
FÁBIO FARIA, VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL
Com o objetivo de facilitar os trâmites de importação, exportação e trânsito aduaneiro, o Portal Único de Comércio
Exterior foi lançado, em abril de 2014. Desde então, o projeto vem sendo implementado gradualmente, com a inserção
de cada órgão de fiscalização no portal. O plano é que, até
2017, todo o processo burocrático das operações de comércio
exterior esteja digitalizado e centralizado no mesmo portal,
formando o chamado single window. A título de comparação,
nos EUA, o processo de importação e exportação é todo digitalizado, mas cada órgão americano ligado ao comércio exterior tem a própria plataforma de registro.
O projeto segue as diretrizes estabelecidas no Acordo de Facilitação de Comércio, firmado pelos 159 países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), em
reunião ministerial em Bali, Indonésia, em dezembro de
2013. A medida, também conhecida como Pacote de Bali,
estabeleceu a simplificação e padronização de parte dos
procedimentos alfandegários.
Segundo a OMC, o pacote pode contribuir para a redução dos custos do comércio mundial, com aumento de
eficiência, transparência e velocidade dos procedimentos
aduaneiros, além de redução da burocracia e da corrupção.
A entidade calcula que os custos com intercâmbio dos países que adotarem o Pacote de Bali cairá entre 10% e 15% e
que, se todos os países-membros da organização seguirem
a medida, haverá economia de US$ 400 bilhões a US$ 1 trilhão em escala global.
De acordo com o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, até março, apenas o governo dos Estados
Unidos, de Cingapura e de Hong Kong ratificaram o Pacote
de Bali. Em visita a Brasília, no início do ano, ele disse que
o Brasil precisa ratificar o acordo o mais rápido possível.
Tanto no Brasil quanto em outros países, o Pacote de Bali
espera por apreciação no parlamento.
O Brasil vem trabalhando no Portal Único antes do Pacote de Bali, que ainda está sendo traduzido para o português.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC) estima que, com a instalação total do Portal
Único, prevista para 2017, haverá diminuição do prazo médio de exportação de 13 para oito dias e do prazo médio de
importação de 17 para dez dias.
De acordo com o MDIC, os usuários podem esperar redução de prazos e custos. Depois de concluída a instalação
do módulo de anexação eletrônica dos processos da Secretaria de Comércio Exterior do MDIC e da Receita Federal,
os demais órgãos intervenientes do comércio exterior passarão a implementá-lo ao longo deste ano. Para 2016, está
prevista a operacionalização do sistema para processos de
exportação e, para 2017, a entrada em operação do sistema
para os processos de importação. (DM)
Edição 291 Brazilian Business_31
REPORTAGEM
Carlos Iacia, da PwC Brasil, vê na valorização do dólar a intenção do governo em aumentar as exportações. Ao mesmo tempo, ele destaca que o objetivo ficou mais difícil de ser alcançado
com a queda dos preços de commodities, em consequência da
desaceleração da economia chinesa. A queda no ritmo de crescimento da China afetou os preços de minério de ferro e soja.
Com o câmbio mais favorável aos exportadores (real desvalorizado frente ao dólar), o diretor da AmCham Rio João César
Lima afirma que é natural que as vendas externas brasileiras aumentem e que Brasil e Estados Unidos se reaproximem a partir
do comércio, uma vez que a economia americana dá sinais cada
vez mais concretos de melhora.
A relação entre os dois países foi abalada com o vazamento de
informações, em 2013, de que a Agência de Segurança Nacional
americana havia espionado a presidente Dilma Rousseff, a Petrobras e milhões de brasileiros. Dilma chegou a cancelar uma visita
de Estado a Washington, em outubro daquele ano. Hoje, existe a
expectativa de que a visita ocorra no segundo semestre de 2015.
“As relações ficaram estremecidas de forma geral, incluindo
“HÁ UMA APROXIMAÇÃO DO MINISTÉRIO COM
O DEPARTAMENTO DE COMÉRCIO AMERICANO
NO TEMA FACILITAÇÃO DE COMÉRCIO, O
QUE PODERÁ LEVAR A RESULTADOS AINDA
MAIS EXPRESSIVOS PARA A COMUNIDADE
EMPRESARIAL DOS DOIS PAÍSES”,
DANIEL GODINHO, SECRETÁRIO DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MDIC
o comércio. Agora, os dois países, por meio
do comércio, estão reatando essas relações. A
visita [da presidente Dilma aos EUA] não é
essencial, mas pode ser um marco importante. Não deve ser apenas um aperto de mãos.
O encontro precisará de uma história para
contar, um acordo para assinar, senão ele não
se justifica. Penso que essa visita só vai sair se
houver algum acordo para ser assinado”, afirma César Lima.
Ainda que não esteja clara a história que
será contada por Brasil e EUA, existe no governo brasileiro a expectativa de reaproximação com os americanos, pelo menos do
lado comercial.
“Conforme já foi dito, há estimativa de aumento na corrente de comércio do País com o
mundo, e esse fato certamente irá resultar em
aumento no intercâmbio com os EUA, um
dos principais parceiros comerciais do Brasil.
Em paralelo, há uma aproximação do ministério com o Departamento de Comércio
americano no tema facilitação de comércio, o
que poderá levar a resultados ainda mais expressivos para a comunidade empresarial dos
dois países”, afirma o secretário de Comércio
Exterior do MDIC, Daniel Godinho. «
Brasil poderia
economizar cerca de
US$ 120 milhões
por ano em gastos
logísticos com
reformas em
estradas e portos
32_Edição 291_abr/mai 2015
“Não atuar de acordo
com o pensamento
da sustentabilidade
é um risco para
os negócios”
Fabio Caldas, diretor de Assuntos Externos da Shell
para a América Latina, analisa o setor de energia
Cláudio Motta [email protected]
D
iretor de Assuntos Externos da Shell para a América Latina, Fabio Caldas combina engenharia e comunicação,
letras e números. Engenheiro de produção pela UFRJ,
com dois anos de especialização na Coppead (Escola de Negócios da universidade), tornou-se um apaixonado pelo marketing
e pela estratégia. Na empresa desde 1990, acumula vivências e
experiências para traçar, em entrevista exclusiva para a revista
Brazilian Business, um cenário do setor de energia. Mais do que
isso, apresenta sua visão de longo prazo e discorre sobre a importância da sustentabilidade para o setor privado.
Experiência internacional, formação continuada e treinamento
contribuíram para diversificar sua formação. “A companhia permite que as pessoas se desenvolvam em diversas áreas, dependendo do perfil de cada um. O meu era de generalista, característica
de quem gosta de estratégia e marketing”, diz Caldas. “Além disso,
a companhia oferecia rotação – hoje ainda ocorre, mas com menos
intensidade, já que as pressões competitivas requerem mais especialização. Há ainda o aspecto da internacionalização da empresa.
Atuo com pessoas do mundo inteiro, expatriados.”
Com a racionalidade de engenheiro no DNA, Caldas foi desenvolvendo sua intuição ao longo da jornada. De acordo com
ele, o profissional da área de Assuntos Externos precisa ter insights, compreender a linguagem corporal, saber observar. Acompanhe, abaixo, a entrevista concedida por Fabio Caldas:
BB: Qual é a importância de inserir
o conceito da sustentabilidade na
estratégia da empresa, inclusive na
visão de futuro?
FC: Acompanhei e achei fascinante o pro-
Brazilian Business: Ter clareza acerca da visão e da missão da
empresa é fundamental para a longevidade de uma organização?
Fabio Caldas: A Shell tem mais de 100 anos, e também no Brasil tem
com o approach do pensamento de sustentabilidade é um risco para os negócios.
Hoje falamos em licença para operar, isso
emana de uma sociedade que está cada
vez mais informada sobre os impactos dos
negócios em sua vida. É a sociedade da informação, não tem como escapar.
mais de 100. Passou por duas guerras mundiais, atuando de forma
global desde o início. Superou inúmeras crises, como a de 1929 e a
de 2008. Certamente, a Shell é uma empresa que tem percepção da
sua visão e missão de longo prazo, em nível global e local.
34_Edição 291_abr/mai 2015
cesso de implementação disso na Shell.
Foi montada uma estrutura separada da
nossa estrutura de negócios. Os núcleos
que faziam o desenvolvimento sustentável
reportavam centralmente. Ou seja, havia
um processo de aculturar a companhia.
Ao longo do tempo, a cultura da sustentabilidade foi ficando embutida na cultura
do negócio. A partir de determinado momento, essas estruturas locais puderam ser
retiradas. A Shell tem especialistas de sustentabilidade de forma local? Poucos. Tem
um time global e uma cultura embutida:
na governança, temos custo de carbono,
testamos o projeto num modelo financeiro, observamos ciclos de 20, 30 anos.
BB: Qual é o peso da sustentabilidade
na Shell?
FC: Cedo ou tarde, não atuar de acordo
FOOS DIVULGAÇÃO/SHELL
PERFIL
O MUNDO TERÁ CERCA DE 9 BILHÕES DE PESSOAS
EM 2050. TAMBÉM HAVERÁ UM AUMENTO DE
RENDA PER CAPITA, O QUE TEM RELAÇÃO DIRETA
COM O CONSUMO DE ENERGIA
BB: A Shell tem uma história repleta de inovações...
FC: O investimento em P&D da Shell está entre as maiores do setor:
mais de US$ 1 bilhão no mundo. Em termos relativos, é uma das
maiores companhias globais de energia. No Brasil, há investimentos
consolidados em biocombustíveis. Na parte de gás, esse é um combustível importante para a economia de baixo carbono.
BB: E, quando olha para o futuro, qual é a sua visão?
FC: A mensagem principal é: o mundo terá cerca de 9 bilhões
de pessoas em 2050. Também haverá um aumento de renda per
capita, o que tem relação direta com o consumo de energia. O
que aconteceria se um chinês consumisse como americano? A
demanda energética é imensa. Tem a base de economia fóssil. A
Shell tem a seguinte posição: vamos precisar de todos os tipos de
energia: petróleo, gás, solar, eólica, todas serão necessárias. Nenhuma companhia vai poder fazer isso sozinha, os desafios são
muito grandes.
BB: O Brasil tem vocação e deve ser o líder
das energias alternativas?
FC: Certamente. Apesar de ter uma das matrizes mais fantásticas
no mundo, o desafio também se aplica aqui. Há espaço limitado
para crescer na hidrelétrica. Vai precisar de outras fontes? Tem
alguma dúvida? Sim! Fóssil? Vai. Renováveis? Claro.
BB: A Shell foi a primeira companhia internacional a produzir
petróleo em escala comercial no Brasil após a abertura do
mercado. É necessário abrir mais o mercado?
FC: Novas oportunidades são sempre bem-vindas. O ambiente
de negócios deve proporcionar o máximo de oportunidades para
que as empresas possam contribuir para o País. Na área de petróleo e gás, novos leilões de exploração movimentariam a cadeia de
valor do setor, gerariam empregos, impostos, seria bom para a
implementação de programas sociais, bom para o Brasil. Essa é a
nossa visão. Estamos em Libra e gostaríamos de ter mais.
BB: O valor do petróleo caiu muito desde o leilão de Libra, além
da crise que assola a Petrobras. Mudam os planos? Aumentam
os desafios? Libra passa a ser uma aposta de alto risco?
FC: Estamos com Petrobras, Total, CNPC e Cnooc. A informação
que temos é de que tudo está se desenvolvendo da melhor forma
possível. Estamos muito satisfeitos com o consórcio. A Petrobras
é a operadora, parceira de primeira em Libra. Estamos satisfeitos
e, obviamente, o desenvolvimento tão positivo reforça a nossa
mensagem de que gostaríamos de ter muitas oportunidades de
uma forma geral no País.
BB: O senhor trabalhou como professor voluntário de ética para
crianças e adolescentes. Hoje, qual é a chave para falar sobre
ética com profundidade e eficiência? Qual é a importância da
ética para o mundo corporativo, na sua opinião?
FC: Estudo na Fundação Logosófica há alguns anos. Durante seis
ou sete anos, passei os domingos em sala de aula usando a metodologia logosófica com crianças e adolescentes, buscamos fazer
pensar. A ética tem um sentido moral profundo. Seria uma ética
consigo mesmo. Além disso, em um mundo no qual as pessoas
estão cada vez mais informadas, há a ética e a sustentabilidade,
que estão diretamente ligadas. Na sociedade da informação, é o
que lhe dá licença para operar.
BB: Fique livre para qualquer comentário adicional.
FC: Gostaria de ressaltar a importância do gás como combustí-
vel de transição no Brasil. E tem que se pensar no mundo. Com
tantos riscos não técnicos, não relacionados ao negócio, é importante pensar em termos inovadores, o que posso pensar fora da
caixa para trazer de novo tanto no negócio como fora: táticas de
sustentabilidade, ética, desenvolvimento tecnológico. Inovação
tem se tornado um jargão muito forte no ambiente de negócios.
E, com um investimento tão grande em P&D, estamos trazendo
grandes inovações, posso citar a plataforma flutuante de gás liquefeito – a maior da Terra – na Austrália. «
Edição 291 Brazilian Business_35
FROM THE USA
Economic Reforms, Not Trade Deals
B
Peter Hakim_President Emeritus,
Inter-American Dialogue
TIME AND AGAIN, THE
US HAS CALLED FOR MORE
ROBUST ECONOMIC
LINKS WITH BRAZIL
36_Edição 291_abr/mai 2015
razilians are not giving much
attention to foreign affairs these
days as their country confronts
a profound crisis of governance, its
worst since democracy was restored in
1985. Brazil is unsettled by a four-year
economic slump—compounded by the
nation’s worst corruption scandal ever, a
fractious congress, wide distrust of national
institutions, and a weakened president with
limited public and congressional support.
Better relations with the US could
help, however. In the long run, the
advantages are heightened access to US
consumer markets, investment capital,
and advanced technologies. Reviving
bilateral ties will not resolve Brazil’s
immediate problems, but modest short
term gains might be achieved—perhaps a
boost in the government’s nearly depleted
credibility, and in the shaken confidence
of local and foreign investors. Knowing
the benefits, President Dilma Rousseff
has made clear her interest in rebuilding
ties with Washington. For its part, the
US government is painfully aware that
a stronger political bond with Brazil is
needed to pursue its own policy agenda in
Latin America, economic and otherwise.
For both nations, bilateral economic
issues are the only realistic basis for
enduring cooperation. Time and again, the
US has called for more robust economic
links with Brazil. Every US presidents’ visit
to Brazil in recent decades has emphasized
commerce. In 2011, Obama brought his
entire economic cabinet to Brazil along
with 50 top CEOs. Successive Brazilian
and US governments have shown little
interest in cooperating on other matters.
Even on trade and investment issues,
the US and Brazil have been reluctant
partners. The US has reached free trade
pacts with 20 countries worldwide (11 in
Latin America) and is negotiating new
trade deals with the European Union
and number of Asian countries. Yet, the
US and Brazil have not signed a major
economic treaty in 30 years.
Still, US-Brazil trade has grown
substantially in recent years—more than
doubling from 2000 to 2012, even as China
replaced the US as Brazil’s leading trade
partner. Brazil, nonetheless, accounts for
only two percent of US trade, compared to
Mexico’s 15 percent. True, Brazil is not a US
neighbor, but neither is China—and its sales
in the US are equal to Mexico’s. Brazil should
be much more ambitious. Brazil should be
able to double or triple its exports to the US,
and attract considerably more investment.
The problem, however, is not how
limited Brazil’s commerce is with the
US. It is the small size of Brazil’s trade
worldwide. Brazil is the world’s seventh
largest economy, but only the 22nd largest
trader. Brazil has been ranked as most
protectionist country in the G-20 group of
major global economies.
Progress toward robust US-Brazil
economic relations does not depend on the
two countries finding agreement or signing
commercial pacts—or even patching up
their friendship. What it requires is well
understood by Dilma’s economic team.
Brazil has to open itself up to trade and
investment globally, lowering tariffs and
other barriers to foreign goods and capital,
and allowing them a prominent role in
the Brazilian economy. Selling to and
buying from Brazil should be facilitated
by improving port facilities and transport
infrastructure—and by making Brazil’s
business environment easier to navigate
with reforms in complex, time consuming
tax and regulatory systems and archaic labor
codes. A productive US-Brazil commercial
relationship does not, to be sure, depend on
Brazil alone. Washington will have to make
changes as well. US agricultural subsidies
and tariff need to be lowered, some
substantially. Technology transfers need to
be simplified and encouraged.
Trade deals will not produce the
powerful US-Brazil economic ties that
both countries now say they want. For
Brazil, the strengthening and opening
of its inward-looking economy will be
the crucial determinant of commercial
success with the United States and the rest
of the world.
OVERVIEW
Ednei Medeiros • Eduardo Nunes • Nadia Stanzig
<
INOVAÇÃO EM QUEDA
Houve um recuo de 4% no registro de marcas
e de 2,8% no de patentes em 2014 em relação
ao ano anterior. Os dados foram divulgados
no início deste ano pelo Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (Inpi). Quando considerados apenas os depósitos feitos pelo Brasil,
excluindo os de estrangeiros, os índices são
ainda piores: 3,4% em marcas e 8,5% em patentes. Esses indicadores refletem investimentos na área de inovação. Segundo especialistas, a crise na Petrobras, que responde
sozinha por cerca de 20% a 25% do total das
inovações feitas no País, reflete diretamente
nesses indicadores.
MAIS ÁGUA...
Em meio ao cenário nacional da crise hídrica, as iniciativas empresariais voltadas para a proteção da água
vêm ganhando mais espaço. No ano de 2014, a Odebrecht Óleo e Gás deu início à recuperação de três nascentes degradadas da Área de Proteção Ambiental (APA)
do Pratigi, localizada no Baixo Sul da Bahia. A empresa
teve apoio do Programa Carbono Neutro Pratigi, da Organização de Conservação da Terra (OCT), para realizar
o replantio de 3.998 mudas, de 39 espécies nativas diferentes, em propriedades rurais da região.
FOCO NA OLIMPÍADA
De olho na Olimpíada, duas grandes redes
hoteleiras inauguraram, em abril, novas unidades no Rio de Janeiro. No dia 9, o Hilton
abriu as portas do segundo empreendimento
no Brasil, na Barra da Tijuca. No dia 14, foi a
vez do Mercure, também na Barra, que já tem
90% dos leitos reservados pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para os jogos. A Riotur
prevê que, até o fim do ano, 15 mil quartos ficarão prontos, dos quais 10,5 mil somente na
Barra da Tijuca.
O MAIOR NEGÓCIO DA DÉCADA
A compra da BG pela Shell, por cerca de US$ 69 bilhões, já é considerada o maior negócio da década envolvendo empresas do setor de óleo e gás. Com esse movimento, a
anglo-holandesa Shell, que é associada à AmCham Rio, aumenta em quatro vezes a produção no Brasil, passando a ser a principal parceira da Petrobras no País. A produção da
Shell poderá saltar para 550 mil barris de óleo equivalente por dia em 2020, se o acordo
for concluído. Nos planos da gigante, o navio Prelude FLNG (foto), maior plataforma petrolífera móvel do mundo. Os ativos em águas profundas no Brasil e gás na Austrália foram dois dos principais interesses estratégicos da petroleira ao fazer a proposta pela BG.
MAIS INVESTIMENTOS
A Roche – uma das empresas líderes
em biotecnologia no mundo – vai investir R$ 300 milhões nos próximos
cinco anos na unidade fabril de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. O volume
de investimento, segundo o presidente da Roche Brasil, Rolf Hoenger,
será direcionado à modernização e
adaptação das instalações da fábrica, que se tornará o hub exportador
da Roche para a América Latina e,
potencialmente, para outras regiões.
Com quatro das dez maiores companhias farmacêuticas do mundo e 113
empresas de biotecnologia, o Rio de
Janeiro se consolida como um polo
do setor.
38_Edição 291_abr/mai 2015
...MENOS CARBONO
A recuperação florestal tem o propósito de neutralizar,
pela primeira vez, a emissão de gases do efeito estufa
das atividades da Odebrecht Óleo e Gás nos escritórios de Itajaí (SC) e Macaé (RJ). Ao longo de 30 anos, a
restauração compensará o total de 639,84 toneladas de
CO2 emitidos pela empresa em 2013. A iniciativa, além
de garantir a melhoria da qualidade dos mananciais e
o abastecimento de água para os produtores rurais da
região, traz uma nova fonte de renda aos agricultores,
que recebem R$ 1 por cada nova muda plantada.
MENOS RECURSOS
A Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) reduziu de 85% para 70% a
participação nos contratos de apoio
a projetos de exportação e investimentos assinados com entidades
setoriais. A medida vale para contratos assinados a partir de abril de
2015. A Apex-Brasil mantém, atualmente, contratos com cerca de 80
entidades de setores como têxtil,
calçados, joias e gemas, máquinas
e cerâmica. Segundo a agência, a
medida permitirá otimizar os recursos disponíveis para outros setores,
como games, softwares, moda, vinho
e equipamentos médicos.
AIRBUS INVESTE NO RIO
O grupo europeu Airbus instalou, em abril, no Rio de Janeiro, um centro de manutenção para a frota de aeronaves de
patrulha marítima P-3 e de transporte militar Amazonas,
da Força Aérea Brasileira. O projeto foi feito em parceria
com a empresa brasileira Digex, do grupo Synergy. As duas
empresas estão contratando cerca de 20 engenheiros e
técnicos para trabalhar no centro da Airbus. Também em
abril, a Helibras, controlada pela Airbus, entregou para o
governo do Rio de Janeiro dois helicópteros EC-145 (foto),
que serão utilizados em missões policiais e vão auxiliar a
segurança dos Jogos Olímpicos de 2016.
Edição 291_Brazilian Business_39
REPORTAGEM
Funcionários engajados
têm mais do que o
dobro de chances
de ultrapassar
expectativas
People Connections, evento que será
realizado pela AmCham Rio, em junho,
reunirá especialistas em recursos humanos
Luciana Calaza
[email protected]
U
ma relação ganha/ganha. Ganham
as empresas e ganham os profissionais. Assim deve ser encarado
o engajamento organizacional, visto por
especialistas em recursos humanos como o
desafio do século para as organizações. O
assunto será um dos temas do People Connections, evento da Câmara de Comércio
Americana do Rio de Janeiro (AmCham
Rio), previsto para a segunda quinzena de
junho, com palestras de experientes executivos de diferentes áreas e business.
Segundo levantamento do Hay Group,
empresa global de consultoria com escritórios em 48 países, organizações com
práticas efetivas de engajamento podem
atingir receita 30% maior. Funcionários
totalmente comprometidos têm 2,5 vezes
mais chances de ultrapassar as expectativas
de desempenho do que colegas "descomprometidos”, revela ainda a pesquisa. Apesar disso, o tema ainda não está na pauta da
maioria dos líderes.
Um dos palestrantes do People Connections será Riaz Khadem, presidente da
Infotrac, Inc., uma consultoria internacional com sede em Atlanta. Com o objetivo
de integrar as ações de cada profissional
de uma companhia à execução comum da
visão e da estratégia da empresa, Khadem
criou o software da metodologia Alinhamento Total. A técnica identifica e mensura, com a colaboração do software exclusivo, o que provoca o desalinhamento de
equipes. Depois, indica o melhor caminho
a seguir para reverter o quadro.
“O desenho é feito por meio de um
‘Mapa de Alinhamento’, que tem como
pontos centrais a visão e a missão da
empresa, com indicadores, posicionamentos de mercado e direcionamentos
táticos para o alcance de objetivos. Outro
destaque dentro dessa técnica é o método de ‘Prestação de Contas’, que inclui
a forma como cada gestor enxerga os
passos tomados rumo ao objetivo principal”, explica o especialista, que aplicou
a metodologia do Alinhamento Total em
empresas de médio e grande porte nos
Estados Unidos, no Reino Unido, na Alemanha, na Áustria, no Brasil, no México
e na Espanha.
Na prática, o engajamento é percebido quando as pessoas acreditam nos
objetivos e nos valores organizacionais
e se sentem pertencentes à organização,
avalia a consultora Jacqueline Resch, da
Resch RH. Quando a empresa e o profissional alcançam esse patamar na relação,
coisas boas acontecem. “O engajamento
vem desse alinhamento e da percepção de
que há um equilíbrio entre o que eu ofereço à organização e o que recebo dela. E
quando falamos no que os colaboradores
recebem, não estamos falando apenas de
salário e benefícios. Estamos falando da
soma de tudo o que as pessoas vivenciam
e recebem quando fazem parte de uma
empresa, desde a satisfação intrínseca
com o trabalho, até o ambiente, a cultura,
a liderança, os colegas, as perspectivas, a
remuneração etc.”, diz Jacqueline.
“O LÍDER TEM QUE SER EXEMPLO DE ATITUDE, COMPETÊNCIA,
HUMANIZAÇÃO E DEDICAÇÃO ÀS CAUSAS. DEVE FOMENTAR UMA
ATMOSFERA DE PERSEVERANÇA, POIS DIFICULDADES TODOS
ENFRENTAM, MAS NÃO SE PODE TER UMA POSTURA DE DERROTA”,
CLAUDIA MARCHI, DIRETORA BRASIL DE RECURSOS HUMANOS & QUALIDADE DA AMIL-UNITEDHEALTH GROUP E
PRESIDENTE DO COMITÊ ESTRATÉGICO DE RH NA AMCHAM RIO
40_Edição 291_abr/mai 2015
Edição 291 Brazilian Business_41
REPORTAGEM
Para Ricardo Rocha, gerente executivo da Michael Page, consultoria especializada no recrutamento de executivos de média e
alta gerência, a falta de comunicação clara entre líderes e equipe,
bem como a definição dos objetivos a serem atingidos, são fatores que interferem no engajamento das equipes: “O bom gestor
precisa entender as necessidades individuais de cada membro da
equipe: uma falha comum é tentar liderar todos os funcionários
do time da mesma maneira, correndo o risco de não potencializar as fortalezas de cada indivíduo”.
Claudia Marchi, diretora Brasil de Recursos Humanos &
Qualidade da Amil-UnitedHealth Group e presidente do Comitê
Estratégico de RH na AmCham Rio, ressalta que os profissionais
precisam acreditar num propósito maior – só desse modo há o
compromisso genuíno.
“O líder tem que ser exemplo de atitude, competência, humanização e dedicação às causas. Deve fomentar uma atmosfera
de perseverança, pois dificuldades todos enfrentam, mas não se
pode ter uma postura de derrota. É preciso ser transparente e
coerente, conduzindo a equipe. Engajar significa dar oportunidades de desenvolvimento, mentorar e envolver. E percebo, ainda, que o engajamento ocorre quando a cultura organizacional
estimula a participação sem o temor de errar”, comenta Claudia.
Jacqueline Resch concorda, e lembra que a proatividade é
estimulada em ambientes que têm foco na aprendizagem, permitindo às pessoas experimentar: “São culturas que estimulam a
autonomia responsável e não punem os erros que surgem da experimentação. Os erros são analisados para que se possa aprender para o futuro”.
Identificar talentos em cada funcionário faz parte dessa cultura
do engajamento e, para isso, é preciso haver espaço para conhecimento, no sentido pleno da palavra, avalia Claudia. “O líder e
a organização devem dedicar tempo e recursos para tal. Percebo
que dar autonomia frente a um desafio e acompanhar a performance como um mentor é uma alternativa estratégica e atemporal.
Existem técnicas e programas formais que auxiliam nesse processo, como programas de assessment com mentoring; programas
de trainee para diferentes níveis hierárquicos e objetivos; programas de trilha de carreira. Isso auxilia no diagnóstico não somente
técnico-comportamental, mas atua sobre a inteligência emocional,
pré-requisito para quem almeja crescer e se desenvolver.”
Rocha, da Michael Page, diz que, em primeiro lugar, é preciso
saber ouvir: “Nas equipes de alta performance, todas as opiniões são
relevantes, e, quando os liderados são estimulados a expressar opiniões, principalmente em situações difíceis, sentem-se mais confiantes em trazer soluções e ideias, consolidando, assim, o conceito de
equipe. Além disso, o gestor que conhece profundamente seu time
consegue delegar melhor as tarefas e, com isso, ter mais tempo para
pensar de forma estratégica no desenvolvimento de equipes”.
“O ‘MAPA DE ALINHAMENTO’ TEM COMO PONTOS
CENTRAIS A VISÃO E A MISSÃO DA EMPRESA,
COM INDICADORES, POSICIONAMENTOS DE
MERCADO E DIRECIONAMENTOS TÁTICOS
PARA O ALCANCE DE OBJETIVOS”,
RIAZ KHADEM, PRESIDENTE DA INFOTRAC, INC.
42_Edição 291_abr/mai 2015
Outra pesquisa do Hay Group, feita em parceria com o Centre for Economic Business Research, prevê que, até o fim de 2018,
quase um quarto (23,4%) das pessoas – aproximadamente, 192
milhões de trabalhadores – terá mudado de emprego no mundo.
Ao mesmo tempo, o mundo está passando por mudanças sem
precedentes. A pesquisa destaca seis “megatendências” poderosas, que estão transformando profundamente a forma como trabalhamos, o que valorizamos no trabalho e o que funcionários
esperam dos empregadores. E que tornam urgente uma reformulação das estratégias de engajamento. São elas:
Claudia Marchi
Riaz Khadem
Globalização 2.0: o mercado de talentos
se tornou global, e as empresas consolidadas agora têm que lutar com os novos
concorrentes. Isso as obrigará a encontrar maneiras criativas de atrair, engajar
e reter talentos. As estratégias e planos
de engajamento devem oferecer flexibilidade para que as equipes locais possam
adaptá-los às suas culturas, prioridades
e mercados de talentos. E uma vez que a
cooperação entre fronteiras se torna essencial, as empresas devem permitir a
colaboração mais intensa. Isso significa
estabelecer plataformas e processos para
facilitar a cooperação e dar as competências adequadas às pessoas. Sem esses
fatores de capacitação, os trabalhadores
logo ficarão frustrados.
Mudanças climáticas: as crises am-
Jacqueline Resch
bientais trazem uma infinidade de desafios
para as empresas que afetam também a
gestão de talentos. Os profissionais, principalmente os mais jovens, estão mais voltados para questões relacionadas à sustentabilidade e precisam perceber que as
empresas estão abraçando a causa ecológica pelas razões certas – não apenas para
reduzir custos ou ganhar mercado.
Mudanças demográficas: o envelheci-
Ricardo Rocha
mento da população traz o desafio de gerenciar uma força de trabalho com idades
cada vez mais diversificadas. As empresas
agora precisam entender, liderar, gerenciar e motivar equipes compostas por quatro gerações, cada uma com suas necessidades e motivações.
!
SAIBA MAIS sobre o
People Connections em
www.amchamrio.com.br/
site-eventosHome
Individualismo: cada vez mais outras motivações estão em jogo na hora de um talento optar por uma carreira ou emprego. Esses
fatores são profundamente pessoais e únicos, mas não menos importantes. As pessoas vão exigir que seus empregadores fiquem
atentos a essas necessidades e preferências.
Não dá mais para adotar uma mensagem
única para todos os trabalhadores. As pessoas vão exigir serem tratadas como indivíduos únicos. Dessa forma, o engajamento
terá de ser mais pessoal e relacionado com
as necessidades, motivações, perspectivas e
expectativas de cada funcionário.
Digitalização: a revolução digital está desafiando a nossa forma de trabalhar. Além
de questionar nossa necessidade de locais
de trabalho e hierarquias convencionais, a
tecnologia digital gera um clima de transparência, colocando as reputações em
risco. Do outro lado, a mídia social torna
nossos profissionais mais acessíveis à concorrência, uma vez que oferece recursos
para os indivíduos talentosos promoverem
habilidades e realizações.
Convergência tecnológica: o avanço
tecnológico vai transformar muitas áreas de nossa vida cotidiana, criando novos
mercados de produtos e deixando outros
para trás. Esse cenário pode criar um clima de incerteza, em que comunicar “o que
vai acontecer” ficará cada vez mais difícil.
É durante esses períodos incertos que o
engajamento é afetado.
A boa notícia é que os profissionais de engajamento reconhecem a oportunidade de gerar um impacto maior nas organizações. No entanto, outro trabalho do Hay Group, feito com 300
chefes de engajamento em empresas da Fortune 500 e FTSE 250,
sugere que muitos deles ainda não fizeram nada: mais de quatro
em cada cinco chefes de engajamento concordam que a empresa
precisa encontrar novas formas de engajar a força de trabalho
em função de um ambiente em mudança. Apenas um terço deles
acha que a empresa está se adaptando às megatendências e somente um quarto deles já começou a promover a mudança.
À medida que o êxodo de talentos se aproxima e as megatendências se fortalecem, será fundamental apoiar uma força
de trabalho engajada, e o papel do profissional de engajamento
será mais complexo, difícil e desafiador do que nunca. Mas vale
a pena lutar por isso.
Edição 291 Brazilian Business_43
CONEXÃO GLOBAL
NEWS
Haiti se prepara
para o BFA de 2015
Anteprojeto de lei quer garantir
proteção de dados pessoais
Pontos da lei em debate
público foram discutidos
durante palestra no Comitê
de Propriedade Intelectual
da AmCham Rio
Porto Príncipe irá receber, em junho, mais de 300 executivos
e as 24 câmaras de comércio da América Latina
Bernardo Guimarães
[email protected]
C
44_Edição 291_abr/mai 2015
BERNARDO GUIMARÃES
Andreia de Andrade Gomes e Alberto
Esteves Ferreira Filho apresentaram
o anteprojeto na AmCham Rio
reocupado com questões de privacidade e segurança de informação, o Ministério da Justiça está ouvindo a população brasileira para a elaboração do anteprojeto de lei de proteção de dados
pessoais. Aberto a discussões desde janeiro deste ano, o debate
público foi tema da palestra do advogado Alberto Esteves Ferreira
Filho, do escritório TozziniFreire Advogados, realizada, no dia 11
de março, na reunião do Comitê de Propriedade Intelectual da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio).
O objetivo do anteprojeto de lei é garantir e proteger informações pessoais cadastradas em banco de dados online ou não automatizados, dando ao cidadão o direito de conhecer quais e como
seus dados estão sendo tratados. Entre as mudanças previstas estão
o estabelecimento de um prazo para a guarda das informações e o
direito do usuário de ter acesso aos dados armazenados.
De acordo com Ferreira Filho, o processo de tramitação deve
seguir os mesmos moldes do Marco Civil da Internet. “Após o Ministério da Justiça levar em consideração todos os comentários feitos online, o anteprojeto passa por uma reestruturação textual e
ganha uma nova disponibilização”, explica o advogado.«
“APÓS O MINISTÉRIO DA JUSTIÇA LEVAR EM CONSIDERAÇÃO TODOS
OS COMENTÁRIOS FEITOS ONLINE, O ANTEPROJETO PASSA POR UMA
REESTRUTURAÇÃO TEXTUAL E GANHA UMA NOVA DISPONIBILIZAÇÃO”,
ALBERTO ESTEVES FERREIRA FILHO, DO ESCRITÓRIO TOZZINIFREIRE ADVOGADOS
A reestruturação do Haiti – desde a construção de novos
porto e parque industrial – promete atrair mais empresas ao
país. Hospedar o evento servirá como oportunidade de abrir
ainda mais as portas para o empresariado latino. “O BFA será
uma ótima forma de mostrar outro lado do Haiti, evidenciar
que nosso mercado está crescendo e pronto para novos negócios”, apontou a vice-presidente da AmCham Haiti.
Além de participar das discussões, a AmCham Rio estará
de olho nos detalhes do evento, já que a câmara será a responsável pela realização do próximo BFA, em 2016, no Rio. É o
que afirma Nadia Stanzig, gerente de Produtos e Serviços da
AmCham Rio. “A presença da AmCham Rio no Haiti servirá
para divulgar o BFA de 2016 e mostrar o que o Rio tem de
melhor no cenário empresarial”, completa Nadia.
Para um evento de sucesso, Régine dá a dica: planejar com
antecedência é o melhor começo. “Criar um comitê com líderes engajados e dedicados pode ser uma opção para garantir
um evento dinâmico, que irá manter o interesse de seu mercado e da região”, ressalta.«
IAN WAGREICH/US. CHAMBER OF COMMERCE
inco anos após o terremoto que
destruiu estruturalmente Porto
Príncipe, capital do Haiti, a cidade vem mostrando sinais de recuperação. Um deles será sediar a edição de
2015 do Business Future of the Americas (BFA), evento anual da Association
of American Chambers of Commerce
in Latin America (Aaccla), que reunirá
em discussões executivos de 24 câmaras de comércio da América Latina, incluindo a Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio),
entre os dias 15 e 17 de junho.
O tema escolhido para esta edição foi “Investimentos de diáspora na
América Latina”. Nos negócios, a diáspora é a diversificação dos investimentos em diferentes países para diminuir
os riscos de transações. De acordo com
Régine René Labrousse, vice-presidente da AmCham Haiti, a escolha reflete
o atual dinamismo comercial na região.
“Podemos ver um crescimento no fluxo de imigração entre nossos países, ao
mesmo tempo que nossas economias
estão se tornando cada vez mais globais”, explica Régine. Subtemas como
“Businesses focusing on diaspora &
emerging markets” e “Successfully investing in emerging markets” também
serão abordados.
O palco central das discussões será
o Marriott Hotel, inaugurado em fevereiro deste ano e um dos símbolos da
confiança do setor privado com o futuro
da cidade. O local, que será responsável
por recepcionar e hospedar os mais de
300 líderes empresariais esperados para
o evento, ainda servirá como ponto de
encontro de empresários em busca de
networking e matchmaking.
P
Rafael Lourenço,
diretor-superintendente
da AmCham Rio,
encontra-se com Régine
René Labrousse, vicepresidente da AmCham
Haiti, em reunião da
Aaccla em setembro
de 2014
Edição 291_Brazilian Business_45
news
por dentro da câmara
Novos Sócios
Marca dos 450 anos da cidade
atrai investimento privado
Aniversário da cidade é o tema da palestra do secretário municipal
de Cultura do Rio e presidente do Comitê Rio450, Marcelo Calero,
no Networking Coffee da AmCham Rio
A
festa de aniversário da cidade não
terminou com o “Parabéns para
Você”. A programação oficial, que
ultrapassa o dia 1º de março – a data de
fundação do Rio –, vai até março de 2016.
Por isso, o secretário municipal de Cultura do Rio e presidente do Comitê Rio450,
Marcelo Calero, ressalta: ainda há tempo
para empresas participarem das comemorações. “O que desejamos é que as empresas sejam nossas parceiras nas ações de
divulgação e que se valham da utilização
da marca em seus produtos e materiais”,
afirma Calero.
O convite de Calero foi feito no último
Networking Coffee, evento da Câmara de
Comércio Americana do Rio de Janeiro
(AmCham Rio) exclusivo para associados que reuniu, no dia 17 de março, 45
profissionais, de 35 diferentes empresas.
A abertura foi realizada pelo presidente
eleito da AmCham Rio, Rafael Sampaio
da Motta (Grupo Case Benefícios e Seguros), e teve a presença de membros da
diretoria, como Antonio Carlos da Silva
Dias (IBM Brasil), Carlos Alexandre Guimarães (SulAmérica Seguros) e Marcelo
Mancini Peixoto (Prudential).
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“O que desejamos é que as empresas sejam
nossas parceiras nas ações de divulgação e
que se valham da utilização da marca em seus
produtos e materiais”,
Marcelo Calero, secretário municipal de Cultura do Rio
e presidente do Comitê Rio450
Party in Rio!
A AmCham Rio
criou uma logo
personalizada para
as comemorações da
Cidade Maravilhosa.
A ideia foi juntar
ícones das culturas
americana e carioca,
como a Estátua
da Liberdade, a
estética da pop art,
e o calçadão de
Copacabana. A arte
fez tanto sucesso que
acabou estampada na
capa da edição 290 da
Brazilian Business.
46_Edição 291_abr/mar 2015
Vita Check-up Center
Antonio Carlos Worms Till
bernardo guimarães
Marcelo Calero
reforçou os
objetivos da
marca Rio 450
aos associados
da AmCham
Licks Advogados
Otto Banho Licks
Várias organizações já lançaram produtos inspirados no aniversário da cidade ou logomarcas personalizadas dos 450 anos. Até
a AmCham Rio entrou na brincadeira, desenvolvendo uma homenagem exclusiva com ícones das culturas americana e carioca: a
Estátua da Liberdade no calçadão de Copacabana, em uma estética
pop art, que ganhou fama nos Estados Unidos nos anos 1960.
Há muitos outros exemplos de uso personalizado do quatro,
do cinco e do zero, que formam, respectivamente, nariz, boca e
olho. Eles aparecem em faixas de pedestres, aviões, rótulos de
cerveja e até automóveis. Por ser uma campanha pública, basta
pedir uma autorização ao Comitê Rio450, explicou o secretário
municipal de Cultura do Rio e presidente do comitê.
Além das organizações, qualquer um pode criar sua logomarca personalizada. Basta acessar o site rio450anos.com.br, escolher cores, cabelos, olhos, bigodes, acessórios e salvar o resultado
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EXPEDIENTE
COMITÊ EXECUTIVO
PRESIDENTE
Rafael Sampaio da Motta_CEO, Grupo Case
Benefícios e Seguros
1º. VICE-PRESIDENTE
Pedro Paulo Pereira de Almeida _Vice-presidente,
IBM Brasil
2º. VICE-PRESIDENTE
João César Lima_Sócio, PwC
3º. VICE-PRESIDENTE
Fabio Lins de Castro_CEO, Prudential do Brasil
Marco Antônio Gonçalves_Diretor-gerente,
Bradesco Seguros S.A.
Mauricio J. Vianna e Silva_CEO, MJV Technology &
Innovation
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Osmond Coelho Junior_Gerente Executivo da Área
Internacional, Petrobras
Pedro Paulo Pereira de Almeida_Vice-presidente,
IBM Brasil
DIRETORIA AMCHAM ESPÍRITO SANTO
PRESIDENTE
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de Administração, Coimex Empreendimentos e
Participações Ltda.
VICE-PRESIDENTE
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Pelotização, Vale S.A.
Rafael Benke
DIRETORES
DIRETOR FINANCEIRO
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Corporativos, Chevron
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CONSELHEIRO JURÍDICO
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Advogados
Rafael Sampaio da Motta_CEO, Grupo Case
Benefícios e Seguros
DIRETOR-SECRETÁRIO
Steven Bipes_Senior Advisor, Albright Stonebridge
Group
EX-PRESIDENTES
Roberto Ramos; Henrique Rzezinski; Robson
Goulart Barreto
PRESIDENTES DE HONRA
Mauro Vieira_Embaixador do Brasil nos EUA
Liliana Ayalde_Embaixadora dos EUA no Brasil
DIRETORES
Álvaro Cysneiros_Diretor de Operações de
Mercado Internacional, Totvs
Alexandre de Botton_Sócio-diretor, Korn Ferry
Antonio Cláudio Buchaul_Segment Head,
Citibank
Antonio Carlos Worms Till_Presidente, Vita Checkup Center
Carlos Affonso S. d’Albuquerque_Diretor
Financeiro e de Relações com os Investidores, Valid
Carlos Alexandre Guimarães_Diretor Regional Rio
de Janeiro e Espírito Santo, SulAmérica Companhia
Nacional de Seguros
Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do
Brasil
Fábio Maia_Diretor Comercial, Amil
Hélio Blak_Diretor-presidente, Integridade
Consultoria
Italo Mazzoni_Presidente, Ibeu
José Firmo_Vice-presidente Sênior, Seadrill
Serviços de Petróleo Ltda.
Leandro Andrade Azevedo_Diretorsuperintendente, Construtora Norberto
Odebrecht S.A.
Luiz Carlos Constamilan_Firjan
Luiz Claudio Salles Cristofaro_Sócio, Chediak
Advogados
Rafael Sauer Eisenberg_Diretor, Amsterdam
Sauer Joalheiros Ltda.
Raïssa Lumack_Vice-presidente de Recursos
Humanos, Coca-Cola Brasil
Roberto Braga Mendes_Vice President and
General Manager, Latin America, Thermo Fisher
Scientific
Robson Pinheiro Rodrigues de Campos_
Presidente, Wärtsilä Brasil Ltda.
Steven Bipes_Senior Advisor, Albright Stonebridge
Group
DIRETORES EX-OFÍCIO
Andres Cristian Nacht | Carlos Augusto C. Salles
| Carlos Henrique de Carvalho Fróes | Gabriella
lcaza | Gilberto Duarte Prado | Gilson Freitas de
Souza | Henrique Rzezinski | Ivan Ferreira Garcia
| João César Lima | Joel Korn | José Luiz Silveira
Miranda | Luiz Fernando Teixeira Pinto | Omar
Carneiro da Cunha | Peter Dirk Siemsen | Roberto
Prisco Paraíso Ramos | Robson Goulart Barreto |
Ronaldo Camargo Veirano | Rubens Branco da Silva
| Sidney Levy
PRESIDENTES DE COMITÊS
Assuntos Jurídicos - Julian Chediak
Propriedade Intelectual - Andreia
de Andrade Gomes
Tax Friday - Gerson Stocco
Energia – Manuel Fernandes
Entretenimento, Esportes e Cultura - Steve Solot
Logística e Infraestrutura - em definição
Marketing - Noel De Simone
Meio Ambiente - Kárim Ozon
Recursos Humanos - Claudia Danienne Marchi
Carlos Fernando Lindenberg Neto_Diretor,
Rede Gazeta
Flavia Rodrigues_Chairperson do Comitê de
Marketing
João Carlos Pedrosa da Fonseca_Superintendente,
Rede Tribuna
Liberato Milo_Diretorg-geral, Chocolates Garoto
Márcio Brotto Barros_Presidente, Bergi Advocacia
Marcílio Rodrigues Machado_Negócios
Internacionais
Marcos Guerra_Presidente, Findes
Maria Alice Paoliello Lindenberg_Relações
Governamentais
Ricardo Vescovi Aragão_Presidente, Samarco
Mineração
Rodrigo Loureiro Martins_Advogado, Sócio
Principal, Advocacia Rodrigo Loureiro Martins
Simone Chieppe Moura_Diretora-geral,
Metropolitana Transportes e Serviços
Victor Affonso Biasutti Pignaton_Diretor, Centro
Educacional Leonardo da Vinci
LINHA DIRETA COM A AMCHAM RIO
Administração e Finanças: Ednei Medeiros
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Produtos e Serviços: Nadia Stanzig
(21) 3213-9231 | [email protected]
Comunicação: Eduardo Nunes
(21) 3213-9239 | [email protected]
Responsabilidade Social Empresarial - Silvina Ramal
Saúde - Gilberto Ururahy
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Seguros, Resseguros e Previdência - Luiz Wancelotti
Manuel Fernandes R. de Souza_Sócio responsável
pelo Escritório RJ, KPMG
Tecnologia da Informação e Comunicação - em
definição
48_Edição 291_abr/mai 2015
Realcafé Solúvel do Brasil S.A.
LINHA DIRETA COM A AMCHAM ES
Diretor executivo: Luiz Fernando Mello Leitão
(27) 99972-5933 | leitã[email protected]
1
1
1
99
AmCham Rio
anos
Since 1916
Mais do que valorizar essa memória, queremos que a nossa experiência
ajude a construir um ambiente de negócios melhor.

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