a iniciação do leitor/ escritor literário no ambiente escolar

A INICIAÇÃO DO LEITOR/ ESCRITOR LITERÁRIO NO AMBIENTE
ESCOLAR
Maitê Dias Ribeiro, Bruna Soares Lopes, Juliane dos Santos Porto, Cleusa Petrarca
dos Santos, Zila Letícia Goulart Pereira Rêgo
Trabalho desenvolvido com apoio material e/ou financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Capes – Brasil.
(2)
Maitê Dias Ribeiro, estudante (Bolsista de Iniciação a docência PIBID) na Universidade Federal do Pampa
(Unipampa);na Cidade de Bagé/ RS; [email protected];
(3)
Bruna Soares Lopes, estudante (Bolsista de Iniciação a Docência PIBID) na Universidade Federal do Pampa
(Unipampa); na Cidade de Bagé/RS; [email protected] ;
Juliane dos Santos Porto, estudante (Bolsista de Iniciação a Docência PIBID) na Universidade Federal do Pampa
(Unipampa); na Cidade de Bagé/RS; [email protected];
Cleusa Petrarca dos Santos Professora (Supervisora PIBID) na E.M.E.F. São Pedro na cidade de Bagé/ RS;
[email protected]
(4)
Zila Letícia Goulart Pereira Rêgo, professora na Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
(1)
RESUMO: O projeto "A INICIAÇÃO DO LEITOR/ESCRITOR LITERÁRIO NO AMBIENTE ESCOLAR" foi elaborado e
aplicado em três turmas de oitavo ano pelo grupo do PIBID - Letras Português, campus Bagé, da Universidade Federal
do Pampa, composto por cinco bolsistas ID, que atuam na Escola Municipal de Ensino Fundamental São Pedro,
localizada também na cidade de Bagé. Baseando-se na percepção de que os estudantes possuíam poucos
conhecimentos literários e de gêneros textuais, surgiu a ideia de trabalhar com a leitura e a produção de alguns gêneros
que os pibidianos julgaram importantes na construção desses conceitos a partir de módulos específicos. Esses módulos
tiveram como objetivo formar leitores e cidadãos com um pensamento crítico sobre questões sociais. Sabemos que
esses objetivos serão alcançados a longo prazo, mas já podemos perceber algumas mudanças nas atitudes dos alunos,
seja na melhora dos textos escritos e até mesmo nas disciplinas de outros professores, com um perceptível aumento
nas notas.
Palavras-Chave: GÊNEROS – LEITURA – ESCRITA.
INTRODUÇÃO
O projeto foi aplicado na Escola Municipal de Ensino Fundamental São Pedro, localizada em uma parte
central da cidade de Bagé/RS. Ela recebe alunos de várias localidades, inclusive da periferia. Após observação das
turmas de oitavo ano e aplicação de uma atividade diagnóstica, percebemos uma carência em relação ao conhecimento
da estrutura de gêneros textuais/literários e também a falta de hábito de leitura dos mesmos. A partir desta análise
decidimos estudar gêneros textuais/literários com o objetivo de ampliar e desenvolver o conhecimento sobre os
mesmos.
METODOLOGIA
O projeto começou com o estudo de gêneros mais próximos aos alunos, como o conto, que é bastante
usado por professores de língua portuguesa, e até mesmo de outras disciplinas, como educação artística, ensino
religioso e espanhol. Após a exposição de suas características e a leitura dos contos “Zap” de Moacyr Scliar, e ‘Carta de
um defunto rico” de Lima Barreto, os alunos foram instigados a refletir sobre questões de sentido dos dois textos, além
de análises linguísticas, afinal a linguagem dos dois textos é bastante distinta e rica. Esse módulo foi encerrado com a
escrita de um conto, a partir de tema livre, e foi avaliado o domínio desse aluno em relação ao gênero estudado e às
suas competências linguísticas.
Após essa etapa, o gênero estudado foi a Notícia, e todas as suas possibilidades de sentido e forma. A
produção final também envolveu a escrita, mas dessa vez de uma notícia, que poderia ser baseada em um dos contos
lidos, ou no conto escrito pelos próprios alunos. A avaliação, por sua vez, se deu da mesma forma.
Para o encerramento do projeto, o tema escolhido foi o Artigo de Opinião, pois julgamos de suma
importância que o sujeito saiba se posicionar com argumentos sólidos, e além disso saiba respeitar a opinião do outro,
mesmo que contrária. Para isso escolhemos um tema que poderia ser bastante explorado mas que não está muito da
percepção desses adolescentes, que é o mundo da Internet. Durante essa etapa, apresentamos o lado bom e o lado
mais delicado da rede e encerramos com um debate, onde metade da turma defendia o uso da internet, mostrando
argumentos que embasassem sua posição, e a outra parte condenava o uso da internet, também mostrando
argumentos sólidos e coerentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao final desse projeto percebemos que nosso objetivo de certa forma foi alcançado. Durante o processo
de desenvolvimento percebemos uma estranheza por parte dos alunos, pois trabalhamos com textos que nos parecem
comuns e, no entanto, para eles eram muito distantes. Outra descoberta que tivemos como futuros professores foi a de
que é muito difícil fazer com que eles escrevam, afinal não possuem uma caminhada como leitores, e por isso, o
vocabulário e as ideias ficam limitadas e um pouco confusas. Mas ao final do projeto, além de um crescimento na
capacidade crítica dos mesmos, as últimas produções se apresentaram mais elaboradas. Além disso percebemos
também um interesse maior em escrever as palavras de maneira adequada à norma culta. Pensando nas dificuldades,
ressaltamos o trabalho minucioso e lento para que esses objetivos fossem alçados. Afinal trabalhamos com alunos
pouco incentivados à leitura e escrita.
“Ao contrário, longe da crença ingênua de que a leitura literária dispensa aprendizagem, é preciso que se
insista na análise da elaboração do texto, mesmo com leitores iniciantes ou que ainda não dominem o código escrito.”
(COSSON, Rildo. O espaço da literatura na sala de aula. In: Coleção explorando o ensino – Literatura - Ensino
Fundamental, p. 59).
Logo, faz-se necessária a apresentação de gêneros textuais, permitindo que os alunos se apropriem deste código,
apresentado no gênero estudado, que ainda não dominavam. Permitindo que assim eles conheçam seu funcionamento
estrutural e contextual.
Também pensando na literatura como agente humanizador, usamos os ensinamentos de Antônio
Cândido (2004) onde ele diz que:
“A literatura tem um papel humanizador, pois oferece a ele a oportunidade de exercitar sua reflexão,
adquirir saberes, expressar suas emoções, perceber melhor o mundo e os seres. Com todos esses
benefícios o ser humano consegue compreender melhor o outro, lidar com os desafios da vida de
forma mais clara, expressar suas ideias e opiniões, mas sem as impor, diante dos outros”.
Vê-se, então, no estudo da literatura uma forma de desenvolver o aspecto humano de cada ser, bem
como ampliar sua visão de mundo e de pessoa. Logo, encontramos no estudo dos gêneros abordados neste projeto um
meio de instigar a inserção dos alunos como leitores literários.
Além disso, este projeto apresenta não somente o estudo de gêneros literários, mas também o estudo de
gêneros textuais. Bunzen (2010) nos fala que o aluno tem seu próprio letramento e que devemos tentar utilizar este
para ensinar o português e a língua padrão, formal ou informal. É necessário compreender que o aluno desde que
começa a falar já é um sujeito letrado, o que a escola deve ensinar é como usar a língua da maneira formal e informal.
O professor pode utilizar deste conhecimento dos alunos, para ensiná-lo a usar a linguagem de forma adequada, isso
fará com que o aluno compreenda mais facilmente o funcionamento de sua língua e também melhore seu vocabulário.
CONCLUSÕES
A formação do leitor/escritor é o principal objetivo que pretendemos alcançar com esse trabalho,
adequando cada escrita ao gênero, mostrando aos estudantes que cada gênero possui uma estrutura, mas que essa
estrutura pode ser mudada de acordo com o meio de circulação, como acontece com a notícia. Além disso, ressaltamos
o crescimento literário dos mesmos, por meio dos contos trabalhados. Nossa atuação em sala de aula é baseada em
crescimento. Nesse projeto começamos com o conto, em um próximo projeto podemos partir para a crônica, do texto
dramático, do romance e assim construirmos um leitor literário que tem a capacidade de refletir, problematizar e se
posicionar como cidadão.
REFERÊNCIAS
a. Livro:
BARRETO, Lima. Cara de um defunto rico. Morula Ebook, origem nacional, 2013.
SCLIAR, Moacyr. Os melhores contos de Moacyr Scliar. Seleção de Regina Zilbermann. 6 ed. São Paulo: Global, 2003.
b. capítulo de livro:
BUNZEN, Clecio. Os significados do letramento escolar como prática sociocultural. In: Letramentos: ruptura,
deslocamentos e repercussões de pesquisas em Linguística
CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 4 Ed. Ed. reorg. Pelo autor. Rio de Janeiro: outro sobre o Azul/São Paulo: Duas
Cidades, 2004.
COSSON, Rildo. O espaço da literatura na sala de aula. In: Literatura: ensino fundamental / Coordenação; PAIVA,
Aparecida; MACIEL, Francisca; COSSON, Rildo (orgs.). Brasília: Ministério de Educação, Secretaria de Educação
Básica, 2010. (Coleção explorando o ensino ; v. 20)