O CURSO PRODUÇÃO VÍDEOARTE
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O CURSO PRODUÇÃO VÍDEOARTE
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO - UNIVASF CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS ROBÉRIO BRASILEIRO MOTA JUNIOR O CURSO PRODUÇÃO VÍDEOARTE: O exercício da docência nos modelos EaD e Presencial Juazeiro/BA 2014 2 ROBÉRIO BRASILEIRO MOTA JUNIOR O CURSO PRODUÇÃO VÍDEOARTE: O exercício da docência em Artes nos modelos EaD e Presencial Trabalho de Conclusão de Curso a ser submetido à Universidade Federal do Vale do São Francisco, como parte dos requisitos para a conclusão da Graduação em Artes Visuais. Orientador: Prof. Dr. Fulvio Torres Flores Juazeiro/BA 2014 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO - UNIVASF CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS FOLHA DE APROVAÇÃO ROBÉRIO BRASILEIRO MOTA JUNIOR O CURSO PRODUÇÃO VÍDEOARTE: O exercício da docência em Artes nos modelos EaD e Presencial Trabalho de Conclusão de Curso a ser submetido à Universidade Federal do Vale do São Francisco, como parte dos requisitos para a conclusão da Graduação em Artes Visuais. Aprovado em: ______/______/ 2014 BANCA EXAMINADORA: _____________________________________________________________ Prof. Orientador. Dr. Fulvio Torres Flores, UNIVASF _____________________________________________________________ Prof. Me. Wayner Tristão Golçalves, UNIVASF _____________________________________________________________ Profa Dra. Graziela Maria Lisboa Pinheiro, (ONG-Sapucaí) 4 DEDICATÓRIA Primeiramente e acima de tudo, a Deus eu devo essa conquista mencionando algumas palavras. Por quanto eu acreditei que Ele me tiraria de uma gaiola fadada ao tédio e a mesmice, pois, as minhas orações foram ouvidas. A minha Mãe que tanto me trouxe felicidade a cada vez que vinha me visitar. Ao meu Pai, grande incentivador dos sonhos e conquistas alcançados. Ao Professor Fulvio Torres Flores, com quem partilhei algumas inseguras ideias daquilo que veio а ser esse trabalho. Por sua praticidade, competência, organização que me motivaram a escolhê-lo como Orientador desde o início. Aos meus Alunos do Curso de VideoArte nas duas modalidades que ele existiu agradeço por partilharem suas experiências e aprendizado comigo durante o processo. Dedico essa pesquisa aos que ousaram, enfrentaram e se sentiram incomodados com o cotidiano e pela Arte puderam Transformar, Existir e Vencer. 5 “Criatividade não é propriedade de artistas independentes. É um elemento básico da natureza humana, não importa em que cultura você está, não importa onde você está na terra ou na história.”1 Bill Viola 1 Original: “La creatividad no es propiedad de los artistas independientes. Es un elemento básico del carácter humano, no importa lo que la cultura que se encuentre, no importa donde estés en la Tierra o en la historia”. – Bill Viola 6 RESUMO A presente pesquisa apresenta, estrutura, analisa e interpreta as ações metodológicas dentro do Curso Produção VídeoArte nos modelos EaD e Presencial. Buscamos evidenciar o surgimento do projeto por etapas e traçar um percurso da trajetória do Docente e dos Discentes pela linguagem da videoarte. A organização do curso e como foi o desenvolvimento da parte teórica e prática também fazem parte deste trabalho de forma que descrevemos aqui todo o conteúdo programático e as etapas avaliativas do curso. É por meio das obras dos discentes que a produção do curso evidencia a capacidade, a arte, a experimentação, a técnica, e a vivência com o vídeo e seus diversos recursos para a criação das mais diferentes propostas artísticas. O ponto final é a culminância do curso na participação de um Concurso de VídeoArte organizado com exclusividade para os participantes do curso mediante premiação que trouxe uma série de produções de qualidade para o acervo do nosso curso. Palavras-chave: VideoArte. Produção. Curso. 7 ABSTRACT This research presents, structures, analyzes and interprets the methodological actions within the Video Art Production Course in Distance Education and Classroom models. We seek to highlight the emergence of the project in stages and set a course of the trajectory of Teacher and Learners and the language of video art. The organization of the course and how the development of theoretical and practical part happened is also part of this work so that we describe here the whole syllabus and evaluative stages of the course. It is through the works of the students of the course that the production emphasizes the capacity, art, experimentation, technique and experience with the video and its many features to create the most diverse artistic proposals. The endpoint is the culmination of ongoing participation in a Contest organized exclusively for video art course participants through awards that brought a number of quality productions for the collection of our course. Keywords: Video Art. Production. Course. 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO: Por que Videoarte? 9 2. A CONFIGURAÇÃO DO CURSO PRODUÇÃO VÍDEOARTE EM EAD: O NARRAVIS 13 3. CRIANDO E ESTRUTURANDO O CURSO NO AMBIENTE VIRTUAL: A TEORIA E PRÁTICA 19 3.1 A parte Teórica: 20 3.2 A parte Prática: 27 4. O CPVA E O CONCURSO: AS POÉTICAS DO OLHAR, CORPO E MOVIMENTO 39 4.1 Considerações sobre o CPVA-EaD: Analisando os pontos positivos e negativos 45 5. A CONFIGURAÇÃO DO CURSO PRODUÇÃO VÍDEOARTE – PRESENCIAL 51 5.1 A trajetória do CPVA-Presencial até a Mostra de VídeoArte “Os Rios” 55 5.2 Considerações sobre o CPVA-Presencial: analisando os resultados do processo 66 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 69 REFERÊNCIAS 71 ANEXOS 9 1. INTRODUÇÃO: Por que Videoarte? O interesse pelo tema despertou no decorrer da graduação em Artes Visuais a curiosidade pelo vídeo e sua potência agregadora frente a possibilidades híbridas do vídeo como suporte de outras linguagens. Pequenas premiações em curta-metragem, participações em Festivais2 internos com premiação de primeiro lugar estimularam ainda mais a paixão e dedicação a linguagem. A transformação ou passagem de vídeo para videoarte surgiu pela possibilidade de quebra com o convencional e o entusiasmo pela performance de corpo dentro da própria linguagem permitia liberdade criativa e ousadia para transcender alguns modelos e padrões dentro do cinema local. O curso surgiu na sua primeira versão em modalidade EAD no primeiro semestre de 2013.1 oferecido dentro do Narravis (do qual falaremos no tópico que apresenta o projeto) e lecionado por Robério Brasileiro Mota Júnior, Docente e idealizador deste Curso a nível nacional e também regional com o objetivo de ampliar a percepção para o tema da videoarte dentro das tecnologias do vídeo digital para criação e produção ligados à arte e posteriormente à reflexão e crítica sobre essa junção e o mais importante ainda, o exercício da sua prática pedagógica no curso de licenciatura. A dita “ampliação” partiu de um incômodo e a busca de uma nova perspectiva diferenciada frente ao que se vinha experimentando e discutindo dentro do cinema amador comparando a vasta produção local e o interesse em curta-metragem e filmes com narrativas mais lineares. Contraposto a isso, esta pesquisa faz uma revisão histórica/teórica da prática videográfica no Brasil. Este trabalho é o início da pesquisa acerca da linguagem e de objetos da Arte que estão a margem no que tange à estética da programação dominante da televisão e do cinema e menos ainda dentro do contexto Juazeiro/Petrolina. Falar desta pesquisa é falar de videoarte, e antes disso, é articulá-la com os objetivos do curso, com a educação a distância e também com o ensino presencial. O curso aconteceu em dois momentos com resultados distintos, em que, o seu produto gerou uma quantidade e qualidade de material apto à apreciação e discussão. 2 - Primeiro e Segundo “Curta PIBID-UNIVASF” realizado dentro do projeto de pesquisa “As Artes Visuais e a Educação do Campo: diálogos para a construção de uma proposta metodológica. 10 O curso a distância aconteceu entre abril e junho (primeiro semestre) e agosto à outubro (segundo semestre) de 2013. Programadas as atividades dentro do fórum com uma carga teórica de leituras, trabalhos, vídeos, chats, fóruns, debates, leitura de textos em PDF e também atividades práticas de criação, roteiro, filmagens, formatos, softwares, finalização e exibição dos vídeos e posteriormente a reflexão sobre o material produzido mostras de videoarte dentro e fora do curso com as obras que produzimos, afim de unir a práxis educativa. O tema é oportuno ainda mais em nível regional e local devido à escassez de trabalhos e pesquisas em videoarte. Escolher videoarte para se ensinar e produzir dentro da região do Vale do São Francisco traz discussão muito pouco recorrente sobre esse tema para um foco promissor para as Artes Visuais, pois, é uma área do conhecimento que agrega outros tipos de linguagens da arte e tem grande potencial para difusão de ideias dentro da pesquisa e do ensino crítico pelo audiovisual. A linguagem alcança públicos de diversas localidades e faixa etárias, bastando estes possuir acesso à internet ou nos espaços de exibições de vídeos. O vídeo institui percepções diferenciadas e continuamente chama seu público a refletir sobre o trabalho do artista, de forma poética e estética, utilizando recursos dos mais híbridos que mostram o quanto a arte está em constante mudança e consonância com seu tempo, então, por que não escolhê-la como objetivo de ensino e pesquisa? A finalidade da produção dentro do curso é gerar uma gama de produtos audiovisuais que possam colaborar para o fomento do ramo “alternativo” vídeo digital como suporte para produção de filmes na região. O próprio vídeo não só colabora para produções diferenciadas como é a própria alternativa para produções de baixo orçamento, equipes reduzidas, manuseio de equipamentos menos sofisticados porém, de mais qualidade técnica e acesso. No que diz respeito às diferenças, o vídeo que já foi considerado uma atividade marginal nos seus primórdios em 1960 contraposto ao Cinema Novo aqui no Brasil ou quando comparado à grandiosidade e maestria da qualidade cinematográfica internacional ou ainda da organização da televisão, hoje, ele é ferramenta indispensável para quaisquer indivíduos que queiram entrar para o ramo da comunicação e da arte. O vídeo como se apresentava inicialmente na década de 1960 e como ele é entendido nos dias atuais precisava ser contextualizado dentro do guia didático do curso e debatido para gerar produtos que dialogassem com a temática pretendida, portanto, 11 fizemos um percurso dentro do conteúdo programático do curso que abarcava desde o surgimento da Videoarte, Videoarte no Brasil, Videoarte na Atualidade e por fim no contexto local. Para o curso não queríamos discutir a videoarte sem experimentar e produzir, então, decidimos propor uma forma diferenciada das produções locais em contrapartida ao olhar comum dos curtas e longas lineares fazendo também pesquisas sobre temas locais e reflexões sobre a nossa região e problemas recorrentes na nossa sociedade para agregar aos trabalhos com o vídeo. Se precisávamos entender a videoarte, precisávamos também entender nosso contexto social para expandir a produção pelas formas mais variadas de experimentação da linguagem sem dispensar nenhum elemento da modernidade e da tecnologia, sobre isso: A videoarte nasce entre as experiências estéticas e alternativas da televisão convencional em meados dos anos de 1960 e 1970, considerada resultado de um movimento artístico com o objetivo de questionar o cinema. Historicamente, o vídeo surge entre o cinema e a imagem infográfica; tecnicamente, entre a imagem eletrônica e a analógica e, esteticamente, entre a ficção e o real, entre o filme e a televisão, entre a arte e a comunicação. (RIBEIRO, 2013, p. 1) No entanto, para além desta forma diferenciada de fazer vídeo, RIBEIRO (2013) acrescenta no mesmo artigo que “a videoarte se constituiu de forma autêntica em uma expressão conceitual por meio de propósitos legítimos no campo artístico [...]” isso por que o vídeo exerce atitude agregadora frente a outras linguagens, mesmo não sendo de exclusividade dela fazê-lo. O curso então detém um olhar para legitimar o produto audiovisual que se pretende construir propondo uma oscilação no cenário local com produções engajadas no tema e um olhar crítico, como se jogássemos uma pedra no rio para ver até onde poderia reverberar. Foi necessário retornar aos primórdios do período acima citado para introduzir conceitos-base para os discentes contando com salas de debates, atividades, leitura programada com questionamentos a serem respondidos sobre videoarte, afim de esclarecer as primeiras dúvidas sobre o conteúdo do curso. Por que videoarte? Todos os alunos passaram por um processo de adaptação do tema, conhecimentos prévios do conteúdo, aulas práticas de filmagem e edição, pondo posteriormente suas obras em forma 12 de link para apreciação, debate e reflexão, propondo maneiras de aproveitar as críticas para aprimoramento dos vídeos. Fizemos durante os cursos um estudo teórico para entender o contexto da videoarte desde o surgimento da televisão na década de 1920 por uma seleção de textos e artigos ligados ao tema selecionados pensando nos diversos níveis de aprendizado e avançando durante as décadas até a atualidade com leituras mais densas. Buscamos juntar a teoria e a visualidade para exemplificar com vídeos e imagens os trabalhos dos primeiros videoartistas. A carga prática é mesclada com a teoria afim de aliviar e avaliar o estudo dos aspectos da videoarte e seus métodos. Os alunos produziam seus vídeos em consonância com os conteúdos. Nesse trabalho buscou-se durante as aulas juntamente com os alunos a compreensão do que estávamos estudando e o por que fazer videoarte frente a outras possibilidades. Compreendemos as etapas da linguagem e o objetivo do curso como fomentador da produção e da reflexão. Isso foi de fundamental importância para o sucesso desse trabalho e dessa pesquisa gerando resultados surpreendentes. O curso Produção VídeoArte buscou compreender como a linguagem se insere no contexto da educação visual e crítica dos indivíduos que a acessam, bem como, a capacidade técnica e de expressão da linguagem do audiovisual de criação e propagação da videoarte frente a outros mecanismos visuais. O caminho do curso guiou os discentes para produções que uniram as reflexões da teoria e da prática do vídeo. 13 2. A CONFIGURAÇÃO DO CURSO PRODUÇÃO VÍDEOARTE EM EAD: O NARRAVIS O curso “Produção em VídeoArte” foi criado primeiro semestre de 2013.1 com o intuito de integrar-se à proposta do NARRAVIS. Porém, antes de adentrarmos propriamente no curso, é de importância inserirmos uma introdução sobre o que é esse projeto, afim de compreender a modalidade, a organização, e o público do Projeto de Extensão Narrativas e Visualidades. A respeito do surgimento do “Narravis” sigla adotada para a nomenclatura do programa, encontramos no próprio site (NARRAVIS, 2014) mantido e criado pelo Prof. Dr. Fulvio Torres Flores, informações que referendam como surgiu a ideia de oferecer esses cursos e o porquê: O grupo de pesquisa criado em setembro de 2011 e liderado pelo Prof. Dr. Fulvio Torres Flores e pela Profa. Dra. Graziela Maria Lisboa Pinheiro, pretendeu-se investigar as diversas narrativas literárias (dramaturgia, romance, conto, poesia) e também as visualidades (cinema, encenação teatral, televisão, fotografia, HQ), especialmente a partir da interlocução entre essas formas artísticas. Dessa forma, estudar o cada vez mais frequente recurso da referencialidade (ou adaptação) presente nos meios visuais que se apoiam nas narrativas literárias para suas composições. Com isso, reflete-se sobre os temas contemporâneos da literatura e das artes visuais essencialmente narrativas. A partir dos estudos desenvolvidos pelos integrantes do grupo pretende-se criar uma rede de pesquisa sobre a interface desses estudos, podendo gerar a oferta de linhas de pesquisa em Narrativas e Visualidades para os TCCs de vários cursos nos quais os participantes atuam, inclusive o de Artes Visuais da UNIVASF. Sugerindo uma gama de cursos em EAD pela plataforma virtual Moodle3 Univasf para os mais diversos públicos, o projeto aceita inscrições mediante cadastro no site para posteriormente selecionar os seus alunos pelos pré-requisitos e critérios de cada gestor/docente de curso. Além de oferecer os cursos de extensão em EaD nas diversas expressões e também dentro do campo das Artes Visuais, os gestores evidenciam a possibilidade dos cursos servirem como linha de pesquisa para alunos em graduação 3 Moodle - é o acrônimo de Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment. 14 vivenciarem a prática do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) o que garante uma possibilidade experimentação da prática docente e também de pesquisa e experimentação da temática que se deseja. Organizados e estruturados na plataforma virtual do Moodle por docentes (e atualmente também discentes) da Univasf e de outras instituições de ensino superior, assim como de organizações não governamentais, todos os cursos são gratuitos e abertos a quaisquer interessados nas diversas áreas, recomenda-se portanto, o acesso à internet banda larga para melhor aproveitamento dos cursos. Esses são oferecidos e criados por graduados, especialistas, mestres e doutores dentro e fora da universidade e/ou discentes com alguma competência e atuação em determinada área oferecida, afim de proporcionar uma qualidade educativa mediante aos conteúdos teóricos e práticos com carga horário total de 40h para todos os cursos. Ao final, os inscritos têm direito ao certificado garantido pela Pró-Reitoria de Extensão da Univasf. O Narravis estrutura-se por ser um projeto engajado dentro da universidade e recebe suporte da pró-reitoria específica de extensão, mas tem ações autônomas quanto à criação das ações pedagógicas e gerenciamento da maioria das etapas dos processos dos cursos dentro da plataforma virtual Moodle, utilizando-se dos serviços da universidade para inclusão dos inscritos, bem como, seus cadastros e acesso e resolução de problemas técnicos. Organizadas as etapas das aulas em 12(doze) semanas, cada semana segue um determinado guia de planejamento didático. Os professores são orientados antes de oferecerem cursos a ingressar no Curso de modelagem de atividades do ambiente virtual para compreender como estruturar as atividades, fóruns, chats, links, postagens, avaliação e outros. Especificando melhor, dentro do curso você encontra aspectos históricos e legais da EaD; prática de uso da plataforma de ensino, gestão do ambiente e preparação do curso proposta aos professores. Nesse ambiente, o ingressante no Narravis pode administrar o tempo de acesso aos conteúdos que são ministrados pelo Professor Fúlvio e pela Professora Graziela Lisboa. Ao concluir o curso de modelagem o professor pode começar a estruturar suas aulas e ainda contando com a orientação dos supervisores da plataforma Moodle, servidores da Univasf e dos professores responsáveis pelo Narravis para tirar possíveis dúvidas e solucionar eventuais problemas. Os coordenadores do projeto acompanham passo a passo a criação do curso, pois, possuem acesso a todos os guias didáticos e 15 também ao curso na plataforma online, podendo assim fornecer indicações necessárias para os novos professores e veteranos. Esse projeto de extensão evidencia uma de suas vantagens. É mais econômico no que tange ao comparativo com projetos que exigem recursos maiores da universidade, pois é um projeto relativamente prático que precisa da plataforma virtual para existir e um corpo de interessados em oferecer cursos e outro para cursá-lo. O pagamento aos professores é a própria experiência, o espaço cedido a eles para o ensino e pesquisa que se caracterizará também como “extensão” por realmente oferecer cursos e o acesso as pessoas que são externas ao ambiente acadêmico e indo mais além quando recebe um retorno desses participantes. A relevância do curso como projeto de extensão está adequada aos padrões da “Política Nacional de Extensão Universitária criada pelo Fórum de Pró-reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras cujo o documento foi publicado em maio de 2012 em Manaus-AM que já conceituaram a extensão: A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade. A Extensão é uma via de mão dupla, com trânsito assegurado à comunidade académica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração das práxis de um conhecimento académico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento. Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, académico e popular, terá como consequência: a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional; a democratização do conhecimento académico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade. Além de instrumentalizadora desse processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social. (FORPROEX4, 1987 apud RENEX, 2014) Podemos usar a citação para verificar se o Narravis se articula como projeto verídico de extensão fazendo um paralelo dos termos acima citados e o que realmente 4 FORPROEX: Não há como informar a referência completa pois não consta no original. 16 acontece nas etapas do projeto aqui apresentado. Estaremos sempre remetendo a ela para entender melhor o Narravis e onde se insere o Curso de Produção VídeoArte e seus objetivos. Consideremos a primeira parte dessa análise a universidade ou a Univasf como a instância maior e criadora das normas com suas pró-reitoras e em específico a PróReitoria de Extensão, a Proex, que organiza e sistematiza ações e documentos para viabilizar o surgimento de projetos de diversas formas, tamanhos, tipos acreditando no primeiro elemento que compõe a extensão universitária seja o ensino para além: Quanto ao ensino, discute-se e aprofunda-se um novo conceito de sala de aula, que não se limite ao espaço físico da dimensão tradicional, mas compreenda todos os espaços, dentro e fora da universidade, em que se realiza o processo histórico-social com suas múltiplas determinações, passando a expressar um conteúdo multi/inter/trans-disciplinar, como exigência decorrente da própria prática. (RENEX, 2014) Os Professores inicialmente pensariam/pensam projetos ligados as suas linhas de pesquisa ou interesses para que se apliquem à sociedade e indivíduos de fora da universidade de um determinado espaço social visando receber uma demanda de informações e/ou dados que contribuem para seu estudo. Dentro desses projetos, existem ações diferenciadas que abrem oportunidade para outros projetos se desenvolverem, no caso do Narravis, ligados a Arte e suas ramificações e nas áreas das Ciências Humanas (neste ponto está uma de suas particularidades) ministrados por professores, alunos da IES ou profissionais das áreas. O Quadro [1] demonstra o processo de desenvolvimento e articulação do Narravis: 17 Quadro [1] ilustrado com esquema sequencial e estrutura do Narravis. As setas indicam uma ordem demonstrando quais as etapas do projeto. (Imagem criada e editada pelo autor desta pesquisa). Poderíamos acrescer uma seta da última ilustração do quadro Pessoas Capacitadas para Novos Projetos uma vez que estes concluintes podem agora oferecer cursos dentro do projeto Narravis se demonstrarem interesse, competência para tal em seus currículos e concluir um dos cursos. A exemplo disso, o discente Nelson Lopes Rodrigues que cursou “Literatura e Cinema on the Road (2013.1)” e “Cinema Expressionista e Filme Noir (2012.2)”, ambos lecionados pela Graziela Lisboa. O discente Tobias Faria Four concluiu o curso “Great American Plays and their Adaptations” ministrado pelos professores Fúlvio e Graziela no semestre 2013.1, eles agora estão habilitados para ofertar. O objetivo é pensar juntamente o ensino, a pesquisa e a extensão como os pilares sustentadores da Universidade que garantem uma via de mão dupla, já que, “a extensão entendida como prática académica que interliga a universidade, nas suas atividades de ensino e de pesquisa com as demandas da maioria da população [...]” RENEX (2014). Partindo daí, temos a pesquisa universitária para manter a universidade atualizada e renovada de conhecimento para dinamizar suas atividades e função de ensino, sobre isto: Com relação à pesquisa, reconhece-se um leque bastante diversificado de possibilidades de articulação do trabalho realizado na universidade com setores da sociedade. Assume interesse especial a possibilidade de produção de conhecimento na interface universidade/comunidade, priorizando as 18 metodologias participativas e favorecendo o diálogo entre categorias utilizadas por pesquisados e pesquisadores, visando a criação e recriação de conhecimentos possibilitadores de transformações sociais, onde a questão central será identificar o que deve ser pesquisado e para quais fins e interesses se buscam novos conhecimentos. (RENEX, 2014) O idealizador do Narravis relata que a “oferta desses cursos de extensão gratuitos cumpre um papel social importante porque leva para além dos muros da universidade o conhecimento que ela debate no ensino e produz na pesquisa” (FLORES, 2014). As metodologias participativas são aquelas que só se concluem com o diálogo e interação de ambos os lados da investigação para que o processo educativo e também o da extensão tenha coerência. O projeto Narravis é criado a partir do ensino e da pesquisa e posteriormente oferece campo de atuação para o docente tendo como foco a disseminação dessa pesquisa e posteriormente, para públicos em geral dando como base a oferta de cursos dentro dele. Os professores podem também abrir ao diálogo a sua metodologia e prática pedagógica para fomentar uma investigação e uma nova pesquisa. Fica bastante explícito que a extensão só se concretizará, enquanto prática académica, quando for discutida a sua proposta de ação global e sua inserção institucional nos departamentos, definindo as suas linhas de ensino e pesquisa em função das exigências da realidade. (RENEX, 2014) Se entendemos até aqui que Narravis é um projeto que atua na interface entre pesquisa e extensão universitária, voltemos então ao quadro [1] para podermos a partir de “Projetos: Ligados à Arte” e dar continuidade ao processo de análise e surgimento do Curso Produção VídeoArte (doravante CPVA) como parte fundamental do ensino e da pesquisa de outros professores, e no caso, do Docente deste curso, que completa a função de extensão do seu projeto principal, articulando-se ao Narravis. A partir de agora vamos entender como se organizaram as etapas pré-projeto, e durante ele como essa organização coube ao modelo a distância. 19 3. CRIANDO E ESTRUTURANDO O CURSO NO AMBIENTE VIRTUAL: A TEORIA E PRÁTICA O curso em sua etapa de planejamento em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) por meio da plataforma Moodle da Universidade Federal do Vale do São Francisco, foi estruturado em semanas com a ajuda do Guia Didático contendo os procedimentos do curso na sua primeira versão (Anexo 1). O objetivo do guia é fornecer ao discente uma gama de informações sobre o curso, ementa ou perfil curricular, pré-requisitos, materiais, conteúdo programático, formas de avaliação. O Docente utiliza desse mecanismo para ter um norte, organização e potencializar os métodos de ensino dos conteúdos objetivados, foram eles: a) Estruturar o Curso Produção VídeoArte na plataforma virtual Moodle-Univasf selecionando os conteúdos e a organização das atividades de modo a aproveitar o máximo do ambiente virtual de aprendizagem e seus vários recursos e mecanismos (fórum, chat, links, questionários, etc.). Isso só foi possível graças aos tópicos encontrados no curso de Modelagem e Gestão de Ambientes Virtuais de Ensino; “Introdução aos Aspectos Legais da EaD, Prática e Uso da Plataforma Moodle, Mediação e Gestão do Ambiente Virtual de Ensino” e por fim, a “Modelagem do Ambiente Virtual” feito pelo Docente deste curso que complementou a formação do mesmo e, mais que minimamente, forneceu subsídios necessários para a criação do curso. b) Selecionar o conteúdo programático do curso bem como seus artigos, dissertações, livros em PDF, vídeos e filmes com links disponíveis na internet em canais gratuitos e de livre circulação e colocá-los distribuídos nas doze semanas de curso. Como o curso possui carga teórica e prática fizemos a escolha de alternar entre: semana teórica (leituras e debates) e semana prática (atividades, exercícios e reflexão). Isso com objetivo de dinamizar o ambiente virtual, motivar os alunos a experimentar a 20 teoria com mais frequência e assim criar sempre novos campos de debates sobre o processo de criação, e com isso, possamos sempre fazer um paralelo entre produto gerado e conteúdo estudado. Para dar conta de uma explicação mais organizada e de como aconteceu a teoria e a prática no Curso Produção VídeoArte separamos abaixo em dois tópicos, que tratam especificamente de como os dois momentos do curso foram aproveitados, contudo, teremos a noção que o curso foi sempre alternado como explicado acima. 3.1 A parte Teórica: Em resumo, pondo em linha do tempo os conteúdos a serem citados, temos a seguinte sequência e como foi abordada no curso: A História da Videoarte Mundial A história da Televisão Os Primeiros Videoarte e Videoartistas A Videoarte no Brasil A Videoarte na atualidade (Mundo e Brasil) Um percurso programático que primou por seguir além de uma linha cronológica, fez um paralelo entre as produções atuais e os primeiros videoarte, para assim poder entender que mudanças vão ocorrer mais nitidamente, como a tecnologia atual e o novo contexto sócio-histórico que ela se insere como direcionam os videoartistas. Para tratar dessas questões conceituais na metodologia do curso vamos entender o porquê dessas preferências para abordagem teórica e como ela sucedeu. A escolha do material a ser aplicado no curso define os caminhos pelos quais o Docente decide seguir e o perfil curricular adotado. Optando por dar ênfase na história da videoarte com Nam June Paik e Wolf Vostell em 1960 com o grupo Fluxus5, os primeiros 5 O Grupo Fluxus foi um movimento que marcou as artes das décadas de 1960 e 1970, opondo-se aos valores burgueses, às galerias e ao individualismo. O nome Fluxus, (do latim flux, significa modificação, escoamento, catarse) era, em princípio, o título de uma revista, mas se estendeu posteriormente para designar as performances organizadas por George Maciunas, criador do grupo. Valorizando a criação coletiva, esses artistas integravam diferentes linguagens como música, cinema e dança, se manifestando principalmente através de performances, happenings, instalações, entre outros suportes inovadores para a época. 21 videoartistas e a ousadia do grupo com a performance, arte eletrônica e recursos de música e distorção da imagem para criar uma série de vídeos de caráter experimental, são os pontos de aprofundamento. A história da videoarte articula-se também com o surgimento da televisão nos anos 1920. E nos anos subsequentes a sua lapidação, melhoria da resolução e sua forma organizada e de programas lineares ela será o movimento oposto a TV. A relação entre televisão e videoarte é muito tênue porque artistas vão aderir ao movimento da televisão jovem e ao mesmo tempo repudiá-la e, já que existe um ímã que está sempre repelindo e unindo essas duas práticas não poderíamos ignorar essa relação: Que o vídeo-arte esteja ligado à televisão, que se origine da televisão, que a ela retorne constantemente, que esteja contra, mas de encontro a ela, que essa relação, por si só insuficiente para defini-lo, seja no entanto o que lhe cola na pele a ponto de circunscrever sua imagem em espelho, isso já foi dito e redito. (BELLOUR, 1997:60) A afirmação acima refere-se a um período da videoarte em que ela ganha força logo depois de assumir uma vertente contra a televisão no início da década de 1960 no Brasil e unir-se novamente a ela com o surgimento de, por exemplo, a MTV em 1981 nos EUA e posteriormente em 1990 no Brasil. Primeira imagem da MTV americana6 (Foto: Divulgação). 6 Imagem retirada da página: <http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/08/mtv-americana-completa-30-anos-de-no-ar.html> da reportagem sobre os 30 anos do canal no ar no EUA. 22 A imagem refere-se ao momento da chegada do homem à Lua e a fincada bandeira americana ganha uma nova versão com logomarca e cores e em um movimento que anuncia também a chegada de um novo modelo televisivo. Era o momento de adesão de artistas no ramo televisivo e no Brasil, segundo as análises de LIMA (2010) sobre o que diz Arlindo Machado em “A Arte do Vídeo (1990)”, quando ele fala a respeito da segunda fase desse momento específico para a videoarte; “a segunda aconteceu nos 1980, e representou a geração do vídeo independente, na qual visa-se produzir para a televisão, diferente da geração anterior de videoartistas”. IMAGEM 1 - TV Magnet (1965) Nam June Paik. Fonte: http://paikstudios.com / IMAGEM 2 - TV Cello (1971) Charlotte Moorman na apresentação do concerto de Paik na Galeria Bonino em Nova York. Fonte: http://intermidias.blogspot.com/2006/12/nam-junepaik.html (imagens unidas pelo autor dessa pesquisa) A “Vídeo-arte surge em um ambiente crescentemente absorvido pelos meios de massa, especialmente pela televisão (1960)” (ZANINI, 2012, p.9). São programas com propostas interativas e vinhetas que propunham chamar a atenção do público e também o público alvo, os jovens. Com a Semana De Arte Moderna em 1920 o vídeo toma corpo abstrato e vanguardista, experimental sendo esse o caminho e diferença que queríamos buscar no curso. A escolha feita para dinamizar a produção audiovisual garante interpretações subjetivas que exige dos discentes e dos públicos que vierem a apreciar os vídeos, interatividade e múltiplas formas de olhar uma mesma obra. Não precisamos seguir modelos, podemos apenas partir de vários e gerar nossas próprias impressões. O primeiro texto do curso trata de “Uma breve história da videoarte”. Material confeccionado coletando informações sobre cada década da videoarte mundial e como ela se desenvolveu até a atualidade. Esse material é uma junção de diversos textos e 23 artigos disponíveis na internet, que só foi válido depois de vistoriado se as informações eram condizentes e semelhantes com outras fontes (artigos, livros já publicados como os que foram utilizados dentro da linha de estudo do curso que posteriormente iremos falar.) assim evitando que o material fosse defasado ou apresentasse informações inadequadas ou erradas. Os textos são resumos de cada década desde 1960 até o século XXI, que não dá conta da complexidade do tema mas é de caráter introdutório de extrema importância com seus períodos a serem debatidos mais a fundo no decorrer do curso. O segundo é um artigo intitulado “A videoarte na vida de June Paik” de Isley Martins e Souza que trata basicamente do surgimento do primeiro videoartista reconhecido como “pai” da videoarte e integrante do Fluxus. Ela ressalta que “No entanto, é na década de 60, através das ideias vinculadas pelo grupo Fluxus, que a Arte Conceitual torna-se um fenômeno mundial.” e ainda o seu surgimento “A origem do Grupo Fluxus situou-se em torno das aulas de música experimental ministradas por John Cage na New School for Social Research.” (TUMCUNDUBA, 2010, p.71). Os primeiros videoarte não foram feitos com uma câmera ou edição. Segundo o artigo foram “ímãs nas televisões” que conduziram o andar da primeira exposição chamada “TV Magnet”, distorções na imagem eram os efeitos dessa combinação juntamente com a música. Sendo assim a eletrônica e a física foram elementos destacáveis nos materiais presentes nessa exposição e o material que Paik precisava para criar foram inicialmente o suporte na ausência do vídeo [IMAGEM 1]. No seu artigo para a revista, Martins reforça sobre o grupo de artistas e sua proposta: Oficialmente, o grupo foi criado por George Maciunas no ano de 1961, em Wiesbaden, na Alemanha, durante o Festival Internacional de Música. O nome Fluxus, (do latim flux, significa modificação, escoamento, catarse) era, em princípio, o título de uma revista, mas se estendeu posteriormente para designar as performances organizadas por Maciunas. Os membros do grupo valorizavam a criação coletiva e integravam diferentes linguagens como música, cinema e dança, manifestavam-se principalmente através de performances, happenings, instalações, entre outros suportes inovadores para a época. (Revista Tucunduba, Vol. 1, nº 1, 2010) O quadro que apresenta a [IMAGEM 2] ilustra a união entre as instalações, performance e a música com a experimentação da tecnologia do vídeo. Era comum que 24 os artistas transitassem entre as linguagens da arte compondo-a com tecnologia. Mesmo sem ter o recurso da edição em ilha ou na própria câmera, era possível distorcer a imagem gerada na TV com ímãs e interferências externas causando um efeito estético e visual ainda nunca visto. Os próximos textos em PDF são teses sobre a trajetória da videoarte também aqui no Brasil. O texto da dissertação de mestrado de Marília Xavier de Lima7 com foco no surgimento e desenvolvimento da técnica desde 1970 até a atualidade com referências a nomes de alguns artistas e seus principais trabalhos. Nesse, “Videoarte no Brasil: história e conceitos” a discussão é travada partindo da pesquisa de Arlindo Machado8 em “A arte do vídeo” onde “a primeira nos anos 1970 em que o vídeo foi explorado exclusivamente por artistas plásticos e na qual o circuito era restrito aos museus e casas de artes” citando posteriormente Antônio Dias como um artista que produzia com o auxílio da música e para a televisão. Além de ser uma referência na pesquisa Arlindo Machado traz também nomes da videoarte brasileira que são importantes fontes de estudo e pesquisa dentro do curso para os discentes e o próprio docente. Entender o trabalho de cada um deles e pôr em reflexão os mecanismos e técnicas, significados e conceitos em que esses videoartistas criaram, nos permite um recorte mais preciso e fértil para análise de cada proposta e assim descobrir que pouco se sabia sobre essa linguagem. Vídeo: O corpo9 – Arnaldo Antunes. Imagens retiradas do vídeo original disponível na internet. Os “prints” são de dois momentos distintos do vídeo e mostram partes do corpo riscadas com palavras associadas ao corpo. (Montagem feita em programa de edição pelo autor da pesquisa). 6 - Mestra do Curso de Comunicação Social da Faculdade de Comunicação da UFJF, Juiz de Fora, Minas Gerais. 8 - É professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP e do Dept. de Cinema, Rádio e Televisão da Universidade de São Paulo. Seu campo de pesquisas abrange o universo das chamadas "imagens técnicas", ou seja, daquelas imagens produzidas através de mediações tecnológicas diversas, tais como a fotografia, o cinema, o vídeo e as atuais mídias digitais e telemáticas. 9 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/UczfTHPtgmY 25 Com apenas trinta anos de história “no Brasil, a comunicação artística também “explodia” por meio de ações, múltiplos suportes e canais” (ZANINI, 1997, p. 235). Muitas dessas produções ou foram esquecidas, incorporadas e “engolidas” pela vasta produção da TV e do Cinema e sua complexidade ficou à margem sem um grupo que se dedicasse a desvendá-la. O caminho teórico do Curso Produção VídeoArte levou os discentes até “Vídeoarte imagens do ontem e do hoje” de Alessandra Zanini10 mais do que um artigo de pósgraduação, conduz ao entendimento da Videoarte no Brasil e as atuais técnicas híbridas que ela incorpora hoje sem ignorar o tempo e espaço que se insere, nos faz refletir sobre o papel da videoarte e como ela não pode mais ser como era antes devido às dinâmicas cotidianas da nossa sociedade e o principal, como ela pode ser utilizada na educação fundamental de crianças e jovens na escola. Quando o Docente seleciona um material com reflexões pedagógicas ele prepara também os discentes do curso para a relação ensino/aprendizagem efetiva, e nosso caso, na modalidade EaD precisando entender a dinâmica e o engajamento da tecnologia com esse método de educação para que faça algum sentido na vida desses indivíduos. Buscouse zelar pela integridade e indissociável proposta desse curso, a parte educativa. “As novas tecnologias hoje se tornam indispensáveis na educação. O vídeo-arte surge como um recurso cheio de possibilidades e grandes resultados em sala de aula.” (ZANINI, 2012, p.2). A probabilidade de despertar interesse nas pessoas que procuram o curso é muito grande pela possibilidade de aprender videoarte além do processo criativo, da técnica e uso pessoal, é a possibilidade de utilizar a linguagem em sala de aula. As novas tecnologias irão fornecer “instrumentos imprescindíveis para essa empreitada, pois os recursos que elas disponibilizam são capazes de facilitar e agilizar a vida da sociedade contemporânea” (LIMA; MOITA, 2011, p.133) e colaboram também para as dinâmicas educativas e formação do aluno. Os artigos escolhidos para o curso possuem um caráter educativo pois são escritos por professores-artistas que não negligenciam as teorias educacionais. E juntamente com isso que a pesquisa procura dialogar e o curso busca investir. Instrumentalizar esse 10 - Professora Licenciada em Educação Artística e Habilitação em Artes Plásticas Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Chapecó. 26 Discente para que ele possa realizar no futuro obras autônomas em videoarte seja em curso, profissão e no ensino sempre refletindo sobre os processos de sua formação. Na primeira versão EaD o Curso foi oferecido em dois semestres diferentes com duração de três meses cada (12 semanas por semestre) com a proposta de realizar com pouco material (uma câmera e um computador e editor de vídeo) as obras de vídeo dentro das poucas possibilidades de recursos disponibilizados pelos docentes. Requisitávamos celulares VGA e câmeras compactas comuns, ou qualquer equipamento que filmasse entendendo que essa realidade é ainda mais comum para alunos de nas escolas públicas. Ou seja, quando o discente do Produção VídeoArte aprende a técnica com recursos básicos ele pode ir ainda além quando instrumentalizado com materiais de mais qualidade e custo. Outra vantagem é que a prática com recursos menores, câmeras de baixa qualidade possibilita uma comparação e uma experiência estética parecida com o trabalho de primeiros videoartistas. Partindo daí os trabalhos tomam outras formas e algumas muito interessantes. Vídeo: O Poeta11, de Flaw Mendes. Duração 1 minuto. Filmado com câmera digital de celular e produzido dentro do Curso Produção VídeoArte no primeiro semestre de 2013. No quadro 1 o caminho a ser percorrido vai se distorcendo mediante movimentação brusca da câmera percebido até o quadro 3. O efeito visual não é inteiramente do movimento da corrida mas também da câmera utilizada. O efeito pode ser interessante se a proposta estética estiver de acordo com os objetivos do artista e seus conceitos. Utilizando as câmeras amadoras atuais podemos conseguir outros resultados e até nitidez com o mesmo movimento de mãos em movimento. As possibilidades que equipamentos, câmeras, edição, enquadramentos e ângulos, cores, cortes, são dos mais variados tipos e ainda combinam-se com outras possibilidades técnicas e interferências do corpo do ator e da música. Terminado com a parte teórica do curso, vamos adentrar na escolha do material que orientou a confecção dos objetos e a produção videográfica do curso fundamentando as escolhas para o aspecto do ensino a distância. 11 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/abx8I3wWVxw 27 3.2 A parte Prática: Propondo utilizar artigos mais técnicos optamos pela seguinte ordem: 1. Manuseio Inicial das funções de “gravar” da câmera 2. A Construção de um Roteiro 3. Literatura e Adaptação Cinematográfica. 4. Adaptação de roteiro 5. Ângulos, movimentos e planos de câmera 6. Tutoriais de uso e edição (Moviemaker e Adobe Premiere (Trial Version), Conversores e Contas de Usuário) Na fase prática do curso EaD encontramos os seguintes questionamentos: como ensinar/aprender as técnicas de videoarte de forma eficiente quando comparado com a modalidade de ensino tradicional? Mesmo que esse modelo também tenha suas limitações a grande diferença é que no ensino presencial os problemas podem ser resolvidos mais rapidamente mediante uma orientação de como, por exemplo, manusear uma câmera ou instalar e resolver problemas de softwares apenas de olhar para o problema. Há uma grande responsabilidade em tentar seguir um modelo ou arcar com o fracasso de não conseguir sustentar um novo método. O Docente acredita que uma possibilidade que garante segurança metodológica e também o permite ariscar é adotar um modelo que permita introduzir atitudes inovadoras como uma experiência que pode fornecer um lugar seguro para ir para frente ou voltar para zona de conforto. O sistema de Tutoriais para a maioria dos softwares de edição e conversão dão essa possiblidade e ao mesmo tempo permitem ir mais longe devido as inúmeras fontes na internet. Em forma de vídeo-tutorial, PDF’s, guias e fóruns. Fazer videoarte exige dos indivíduos que à adotam como linguagem um arrojo no uso da performance e de ações com objetos a um nível muito mais inquietante e que causam muitas das vezes desconfortos nas ações dramáticas. Dizemos isso por que trabalhar com videoarte é também trabalhar com a performance e performance é também incomodo. Para Walter Zanini (1997, p. 240) estas performances eram: 28 [...] atitudes radicais, de um teor minimalista, eram de desmistificação do exclusivismo artesanal nas artes visuais, de crítica à televisão comercial. Partilhavam questões antropológicas, sócias e políticas próximas, mergulhos existências ou a prospecção de valores inerentes à imagem de tempo real. Como poderíamos ensinar a construção desse “corpo” que se cria exclusivamente para videoarte? E que diferente da performance, não pode existir sem o registro videográfico? Precisávamos de pesquisas e mecanismos para aprender e entender a performance antes de começarmos a trabalhar nas filmagens e que por ser um ramo da arte muito complexo que tange a outras pesquisas, optamos então por abordar a performance de artistas como Marina Abramovic, Bill Violla, Nam June Paik ou outros integrantes do Fluxus que eram constantemente citados nas nos artigos teóricos do curso. Se o discente optasse por fazer uma imersão nesse tema, poderia requisitar outros materiais e leituras, contudo não é a proposta do curso aprofundar na performance. Fazer do corpo um meio de criar formas para obras de videoarte podia não ser tão fácil em um curso a distância, por isso sempre remetíamos as obras desses artistas para solucionar problemas de postura frente a câmera. Entendendo que performance é usada ideologicamente com carga dramática fundamental para se transmitir uma ideia. Vídeo e roteiro: “Inspiração12” – de Rafael Silva. Realizado para o I Concurso de VídeoArte: As poéticas do Corpo, Olhar e Movimento dentro do Curso Produção VédeoArte. Os quadros acima representam sequencias da ação onde a palavra “Repetição” vai nortear a atuação do personagem para um aspecto cotidiano. Imagens retiradas do vídeo original disponível no Youtube. (Montagem feita pelo autor dessa pesquisa). 12 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/IgMgtc4dZTs 29 No Narravis a relação Docente-Discente é direta e não existe mediadores entre os conteúdos que estão postos no ambiente virtual de ensino e os alunos. Porém me aproprio de um tema recorrente na EaD, a tutoria, para fazer alusão as práticas de acompanhamento do discentes no Curso. O ato de acompanhar efetivamente as ações práticas dos alunos têm que ser criteriosas e minuciosas, afim de avaliar se as etapas do processo foram respeitadas, construídas e absorvidas pelo aluno. O que segundo MILL (2008, p.114) afirma ser a “tutoria virtual ou tutoria a distância, dedicada ao acompanhamento dos educandos virtualmente (a distância), por meio de tecnologias de informação e comunicação”. Traz vantagens na interação imediata entre alunos e professor como em casos de contato por e-mail/lista de discussão e/ou fórum, não precisam, sequer, estar conectados ao mesmo tempo para que aconteça a interação. Para Mill (2008) o professor-tutor existe entre o professor da EaD e aluno. Esse profissional funciona como mediador do que é posto no ambiente virtual e o que o aluno acessa. Contudo não é esse o foco do nosso interesse, alocar alguém entre esses saberes, mas sim de se apropriar das técnicas de tutoria para aperfeiçoar ainda mais e garantir a autonomia das modalidades de ensino a distância e das aulas práticas e como gerencialas. É certo que a tutoria funciona como método de intermédio dos conteúdos, contudo, o que nos interessa aqui é o conceito de aproximação e contato com os discentes. As ferramentas de comunicação disponíveis no Moodle permitem atendimento aos discentes; já outras, como chat, permitem atendimento coletivo e/ou individualizado. Os fóruns de debate servem também como avaliadores do processo. Todo vídeo independente da etapa em que se encontra no curso é posto ao debate para que o discente/autor/artista possa defender e justificar suas escolhas frente aos questionamentos do grupo no Curso. A ideia que a tutoria traz se incorporada as práticas de ensino em EaD reforça a integridade das atividades práticas em comparação com o presencial, que também exige um retorno de quem constrói os trabalhos práticos e de quem os avalia. Ambas podem se aproximar ainda mais com essa melhoria. Garantimos que o espaço virtual de ensino se consolide tão bem como o espaço presencial, já que, podemos evitar plágio, trabalhos feitos por mãos de pessoas de fora do curso, falta de conhecimento do trabalho que esteja executando. O acompanhamento é de extrema importância para o curso principalmente na sua parte prática, por isso o trabalho com a tutoria tem como: 30 [...] função de acompanhar os alunos no processo de aprendizagem, que se dá, na verdade, pela intensa mediação tecnológica. Justamente por ser um novo parceiro na construção do conhecimento e pela falta de práticas e modelos educacionais aos quais pudemos ter acesso, o trabalho do tutor requer atenção e cuidado de toda a equipe envolvida em EaD. (MILL, 2008, p.113) A colaboração da tutoria é teórica mas pode sim ser adaptada para o método de gestão do ambiente. Absorvemos algumas dessas técnicas de tutoria para criar métodos de avaliação tão bons quanto os que já existem em EaD. O aluno falará sobre o processo criativo, fará parte dele e escreverá sobre aquilo que produz e receberá também um retorno dos outros alunos e do professor. Frente a tudo isso a primeira atividade prática consiste em testar os equipamentos. Os discentes descreviam formatos gerados, tamanhos em megabytes, resolução, extensões (ex: mpg, mp4, mov, avi, etc.) do vídeo e até a marca dos mesmos. Com isso é possível prever a qualidade de cada material a ser produzido e associa-lo a quem produz. Outra vantagem é que os equipamentos com baixa definição ou formatos pouco conhecidos podiam ser logo no início do curso aproveitados para roteiros diferenciados, como solucionar problemas de exportação, edição no software propondo conversores gratuitos e eficientes para os próximos ajustes nos seus vídeos. A confecção do primeiro roteiro aconteceu mediante leitura e orientação. O texto “Como formatar seu roteiro” de Hugo Moss (1998), grande especialista em roteiros com diversos filmes em portfólio como “Tropa de Elite”, “Olga”, “Febre do Rato” e muitas outras obras do cinema brasileiro. Outros modelos de roteiro na mesma linha foram selecionados por atender as estruturas básicas de formatação de capa, cabeçalho, cenas, sequencias que fornecem os requisitos para uma boa construção de roteiro quando se trata de cinema. Essa escolha se deu por que iriamos começar a pensar a existência de “roteiros de videoarte”, por isso, teríamos que partir de um modelo existente para ter noção de estrutura linear e não linear de roteiro e como será essa construção. 31 Vídeo: “Um sonho de toda cor13”, de Jefferson Batista. Duração 57 segundos. Roteiro: Rafael Silva. Filmado com câmera VGA de celular e produzido para o Curso Produção VídeoArte no primeiro semestre de 2013. Roteiro em fase de orientação; testes de câmera e experimentações nos diferentes tipos de luz. Os alunos com câmeras de baixa qualidade evitariam por exemplo escrever cenas de velocidade extrema e posteriormente gravar vídeos com muito movimento de câmera ou câmera na mão. Outra proposta era justamente ao contrário, escrever roteiros com excesso de planos e movimentos e nas gravações ver os resultados como poderiam ser melhor aproveitadas as imagens. Os dois exemplos aqui colocados são de duas etapas distintas do roteiro. O primeiro (acima) é a primeira versão do roteiro e das filmagens ainda em fase de teste. O segundo (abaixo) é o roteiro finalizado e adaptado para sua versão definitiva. Vídeo: “Um sonho de toda cor14”, de Jefferson Batista. Duração 1:17 seg. Roteiro: Rafael Silva. Filmado com câmera VGA de celular e produzido dentro do Curso Produção VídeoArte no primeiro semestre de 2013. As imagens são quadros estáticos onde foram filmadas luminárias [quadro 1 e 2] no quadro 3 as luzes se movimentaram sobre o corpo do ator enquanto ele permanecia parado e dormindo. Esse foi um dos primeiros vídeos a ganhar vida dentro do curso. A movimentação da câmera foi feita de forma muito suave para evitar distorções não intencionais. No exemplo do vídeo “O poeta” (citado na parte teórica do curso) a movimentação já estava presente no roteiro e o efeito teve bons resultados visualmente. As aulas práticas com filmagem aconteceram apenas a partir da Quarta Semana, depois dos experimentos com as câmeras na Primeira Semana e a escrita dos primeiros miniroteiros na Segunda Semana. Mais adiante falaremos da organização das semanas, mas por hora vamos dar atenção a analisar que nesse vídeo como em outros só foi possível a sua realização independentemente do tipo de material escolhido, bastando adaptar o roteiro as possibilidades naquele momento. 13 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/cg6LRzyYQhU 14 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/nLtvi1aqlrg 32 Os roteiros sofrem modificações a todo o tempo e não existe um método conhecido que ensine a criar roteiros para videoarte, contudo, partimos do roteiro de cinema e fazíamos um novo caminho. Fizemos as seguintes perguntas no curso: como escrever uma sequência de acontecimentos em que seu resultado poderia não fazer um sentido tão claro para quem lê? Como interpretar o sentido múltiplo de um trabalho de videoarte? buscamos referencias e padrões dentro do roteiro convencional de cinema, formas na escrita e também sentido análogo aos roteiros de comuns. Adotamos um único modelo para todos primando por situar nossa escrita em um ponto de organização mas também não queríamos restringir o escritor. Esse modelo foi comum a todos os alunos e sua variação foi pouco perceptível. A ideia é que os roteiros depois de revisados, possam ser compreendidos por qualquer aluno do curso até chegar o momento que teriam que ser interpretados e adaptados nas gravações. Sobre o processo não foi tão fácil, afinal a adaptação cinematográfica é um ponto bem delicado para o cinema, mas como foi essa adaptação no CPVA? As adaptações exigem muito dos roteiristas, uma vez que elas consistem numa boa dose de criatividade, além de um bom-senso que impõe verdadeiro desafio à inteligência e técnica de quem reescreve algo. A vantagem de trabalhar com a plataforma virtual Moodle é que as semanas do curso ficam disponíveis se o Docente assim desejar, optando também por liberar gradativamente as atividades e isso pode gerar uma expectativa no curso mesmo que eles estejam previamente descritos no guia. No CPVA os alunos confeccionariam os miniroteiros e enviaram para correção e apreciação pelo Professor. Eles pensaram que os roteiros seriam filmados por eles posteriormente. De fato, foi. Só que houve uma proposta momentos antes da atividade de captura e filmagem. Os roteiros deveriam ser trocados entre eles seguindo uma lista de duplas de troca, como na descrição da imagem acima, o roteiro pertence a Rafael Silva mas foi realizado por Flaw Mendes. Com isso eles poderiam experimentar a possibilidade de dirigir um roteiro, adaptar da obra literal para obra gravada em vídeo de acordo com suas possibilidades técnicas e conceituais e dentro de tudo isso enfrentam decisões e pensam soluções, o comprometimento com as etapas do curso também aparece nesse ponto tornando-os mais engajados, criativos frente ao desafio da linguagem. A adaptação cinematográfica nem sempre se preocupa em expor conceitos já existentes numa determinada obra escrita; muitas vezes, ela pode expressar novos valores e, consequentemente, ser 33 tão ou mais interessante que o próprio texto que a inspirou. (RODRIGUES, F. L. F. e ZANINELLI, R, 2009, p.180) Esse é ponto o Professor tem que interferir. Os roteiros são recebidos via e-mail, criado exclusivamente para o CPVA, e passam por revisões com o objetivo de verificar a possibilidade de execução e adaptação do mesmo. O artigo sobre adaptação cinematográfica utilizado no Curso traz uma análise do filme “Tróia” (2004), do cineasta Wolfgang Petersen, justamente pelo fato de essa adaptação cinematográfica ter atraído olhares curiosos à obra atribuída a Homero, tratando das etapas como acontece a apropriação do texto original pelos roteiristas até sua execução fílmica. “MÃOS” FADE IN: INT – COZINHA – DIA CLOSE SHOT – ANTEBRAÇOS, MÃOS, TORNEIRA. Uma mulher e um homem colocam seus antebraços e mãos debaixo da pia. Ela abre a torneira, a ÁGUA escorre, eles molham suas mãos. O homem fecha a torneira. Com um SABÃO EM BARRA a mulher ensaboa suas mãos. Com um SABÃO LÍQUIDO o homem ensaboa suas mãos. Com as mãos dadas fazem movimentos circulares. A mulher abre a torneira, a ÁGUA enxagua às mãos. Os dois retiram suas mãos e vão embora. A ÁGUA continua escorrendo. CORTE SECO. FADE OUT. Miniroteiro de “Mãos” escrito por Marcos Paulo Gomes Miranda dentro do Curso de Produção VídeoArte como atividade a ser desenvolvida em forma de vídeo. O roteiro posteriormente seria adaptado por outro aluno. O processo pelo qual o roteiro se transforma é ainda mais interessante a medida que os alunos vão gravando. Os resultados dessa troca serão avaliados pelos roteiristas originais mediante um Barema15 de notas (Anexo 2). O objetivo da tabela é que os alunos não avaliem apenas de forma subjetiva, mas que, obedeçam critérios objetivos podendo assim atribuir nota aos outros trabalhos de forma justa e equilibrada. 15 - Barema: Tabela de notas contendo tópicos a serem analisados pelos alunos. Ex: Visibilidade, som, planos, enquadramentos, conteúdo, qualidade, tema e parte de análise conceitual escrita. 34 Vídeo: “Mãos16” de Dharana Ferraz – Roteiro: Marcos Paulo. – Vídeo construído para o Curso Produção VídeoArte nas atividades de práticas de criação. No vídeo a Aluna adapta o roteiro às possibilidades de execução e também o modifica de acordo com sua interpretação do mesmo. Percebendo os quadros de cenas do vídeo “Mãos”, quando comparados ao roteiro, notamos algumas diferenças de planos e enquadramentos, e que tipos de mãos possam aparecer no vídeo. Existem elementos que o roteiro não apresenta, então ficando a direção livre para solucionar essas lacunas. As mãos são negras e brancas, as brancas com unhas pintadas de vermelho. Os planos não são todos definidos nesse modelo de roteiro, apenas dando uma indicação inicial de “close shot17” dizendo que as mãos teriam que estar sempre em detalhe ou mais próximas em câmera. A adaptação permite ao diretor acrescer detalhes ao roteiro e valor plástico no vídeo chamando a atenção elementos que poderiam ter passado despercebidos e dar margem criativa a ele. O penúltimo texto técnico que antecede o uso dos tutoriais mas foi disponibilizado para ser usado no momento das gravações. “Planos e Movimentos do site da “educom.fundhas.org.br” tem uma abordagem mais empírica com exemplos ilustrados do que seria cada escolha dentro do cinema e o porquê de utiliza-las. A leitura obrigatória aconteceu na terceira semana antecipando os desafios da gravação do roteiro na quarta semana. Existe dentro desse texto uma série de nomes e etapas bem detalhados (plano conjunto, plano médio, plano americano, etc.). Os tutoriais são basicamente a forma mais popular utilizada por usuários da internet para aprender a utilizar softwares. Contudo, o uso deles requer que o próprio Docente já tenha conhecimento dos programas de edição 16 17 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/0qzmxbohBCg - é um plano da cabeça e ombros de uma pessoa, ou até duas, personagens. 35 e finalização para sanar possíveis dúvidas e também trabalhar junto com eles. O professortutor (como aquele que acompanha os alunos frequentemente), deve ser especialista no conteúdo do curso que irá atuar, além do domínio das tecnologias a serem utilizadas para a realização do curso e suas práticas tutoriais. (TUTORIA EM EAD, 2010). Banners da Quarta e Quinta semanas. Referente ao uso dos softwares livres e como manuseá-los usando tutoriais disponíveis na internet e trazidos para o curso. (Imagem construída para o CPVA que ilustram as atividades à serem desenvolvidas naquela semana). Além de tutoriais em PDF escolhemos vídeo-tutoriais que poderiam ser indicados pelos alunos a fim aumentar as fontes de pesquisa sobre os softwares para solucionar efeitos especiais, exportações e outras funções dos programas. Utilizamos o Moviemaker (disponível em qualquer sistema operacional Windows) e o Adobe Première CS (trial version) gratuitamente. Não apresentamos problemas com o uso dos softwares gratuitos ou os de conversão graças aos critérios de seleção do curso, os quais iremos falar no item “c” desse percurso de estruturas e metodológias. Foram criados tópicos nos fóruns para registrar as dúvidas e tentar soluciona-las o mais rápido possível, já que, programas de edição e conversão constantemente apresentam problemas na instalação no manuseio devido a diferenças nos sistemas operacionais nos quais são instalados. Esse é um problema comum quando não atentamos para alguns requisitos antes de adentrar no curso e não podem apenas ser solucionados com tutoriais, é preciso que tenhamos um conhecimento mínimo de informática. c) Seleção dos discentes, feita pelo Docente, por pré-requisitos de: compreensão da informática básica, possuir acesso à internet frequentemente, possuir computador 36 próprio com softwares comuns de edição. Assim já traçamos um perfil que deve ter algum conhecimento em contato com os aparelhos de edição e suporte, mesmo sem saber manusear uma câmera, forneceríamos esse suporte a partir daí. O curso dispõe de etapas que vão desde tutoriais para criação de contas no Youtube até a edição intermediária em softwares mais complexos. Com esse mecanismo podíamos traçar o perfil dos Discentes. O número de inscrições para os dois primeiros semestres é muito parecido, com mais de 40 inscritos de todos os locais do país. Em sua maioria os discentes são do estado de Pernambuco, mais de 15 inscritos. Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraíba, Bahia, Matogrosso, Piauí, Ceará e Santa Catarina também apresentaram interessados. A ampla divulgação do curso é feita também por outras universidades, instituições, pessoas que compartilham do banner de divulgação do curso. O formato teórico-prático do curso exige um perfil mínimo em consonância com o tema “Arte” e com tecnologias da informática e uso de hardwares e softwares (computadores e programas), evitando que o curso trate de questões da informática básica. Esse processo de seleção faz-se fundamental para que a metodologia não caia em lacunas e na falta de conhecimentos mínimos e se desvie dos objetivos do curso. E-Cartaz de divulgação de cursos do Narravis 2013.1 para distribuição e compartilhamento online. 37 Os interessados enviam um e-mail cumprindo os requisitos mínimos mediante uma “carta de intenção – contendo os principais motivos para participar do curso” e posterior a isso aguardam a aprovação. Para o CPVA foi escolhido como critério a carta e os conhecimentos especificados anteriormente na página no Narravis com as informações do curso já disponíveis. Os perfis curriculares dos participantes também são diversos. Na sua maioria recebemos professores com formação nas áreas de Artes, Letras, Publicidade interessados em ampliar seus currículos, compartilhar experiências. Outro público é o de alunos do ensino médio com algum trabalho já realizado dentro do audiovisual. O Curso buscou selecionar os discentes com base nas experiências e motivações de cada um, bem como, mesclar uma turma de nível diferenciado para que houvesse troca de experiências diversas de diferentes formações para trabalhos conjuntos no futuro. No fórum de apresentação os alunos falavam de sua experiência com o audiovisual. A metade deles já haviam produzidos curtas, feito edições no moviemaker ou manuseado câmeras mais sofisticadas enquanto poucos relataram não ter nenhuma experiência. Por isso, o Docente recomendou aos alunos com mais habilidades que desenvolvessem um trabalho colaborativo com os que não possuíam experiência. Esse trabalho foi de compartilhar experiências de aprendizado, tirar dúvidas quando ao manuseio de softwares e tutoriais práticos, já que, a competência dos alunos com os equipamentos e softwares não é de conhecimento único do Docente e não pode ser ignorada. Com esse método podíamos diminuir a distância e a sensação de atraso ou incapacidade dos alunos iniciantes do vídeo. Tais recursos acrescentaram à educação a distância maiores possibilidades de interação, diminuindo consideravelmente a sensação de solidão e distância, oportunizando a realização de atividades cooperativas e colaborativas, aproximando professortutor-cursistas-demais cursistas, criando assim uma rede de estudos. (TUTORIA EM EAD, 2010, p. 25) A experiência e habilidade com o audiovisual está dissociada da formação acadêmica. Nenhum nível de conhecimento pode ser menosprezado para a educação e o direito de acesso ao Curso. O processo de seleção é um simplificador e existe como um filtro que facilita o trabalho do professor para gerir um número de participantes para que não haja sobrecarga no seu ensino e supervisão, assim como acontece nas escolas de 38 ensino presencial onde o professor se queixa constantemente das superlotações e dificuldade em gerir a prática educativa. O conceito de EaD diz que ela “É, antes de tudo, educação” e “Está ligada à ideia de democratização e acesso à educação” (TUTORIA EM EAD, 2010) O educador tem autonomia para se valer dos mecanismos aqui já citados para guiar sua prática metodológica e se armar previamente de eventuais problemas e falhas. Posterior ao processo seletivo, são encaminhadas as listas de aprovados para liberação de senhas e cadastros de acesso para os futuros alunos para por fim começarmos. Vamos entender como aconteceu o curso propriamente dito no seu desenvolvimento até chegar ao Concurso de VídeoArte “As Poéticas do Olhar, Corpo e Movimento” criado exclusivamente para o encerramento do CPVA. 39 4. O CPVA E O CONCURSO: AS POÉTICAS DO OLHAR, CORPO E MOVIMENTO. O que faz do CPVA diferente é a capacidade de gerar uma produção de qualidade e quantidade baseados no ensino teórico-prático gerido por ações de debates e incentivo à produção de obras audiovisuais com um olhar novo e curioso sobre a videoarte. Durante todo o processo os alunos tiveram que criar a videografia do curso e refletir sobre. Nas salas de fóruns e nos debates armados para os momentos de dúvidas extraíamos informações preciosas sobre o processo de criação. O melhor do processo de produção acontece no momento em que os alunos passam a ter acesso aos vídeos uns dos outros, e quando, finalmente, veem seus roteiros ganhar vida pelas mãos do outro. É o momento da expectativa, de ver as possibilidades não imaginadas pelo roteirista. O exercício é instigante e motivador. Falar dos processos é tão interessante quando criá-los dentro do Curso. Os alunos iam expondo o “modo de fazer” e como solucionaram algumas questões plásticas e conceituais do roteiro. O mais gratificante é o debate, e sem ele, não faria sentido nenhum o fazer. A opção de criamos um espaço para exclusivamente discutir a nossa produção colocava o que tínhamos estudado e os conteúdos teóricos como jurados dos vídeos e faziam com que questionássemos esses textos, tentando entender até que ponto a videoarte poderia ir além do que eles pregavam. O curso manteve-se sempre conciso e claro quanto aos seus objetivos. As Semanas de atividades eram liberadas a cada domingo com o objetivo de criar também uma expectativa sobre o desenrolar do curso. Com esse método, pôde-se notar a frequência e o interesse dos alunos inscritos dado o número de acessos ao Moodle e seus tópicos de atividades. O número de acesso e entradas é gerado em forma de relatório de atividades no próprio sistema da plataforma virtual e pode ser consultado para eventuais diagnósticos, como nome dos tópicos de atividades, quantidade de visitas, dias e horários que os discentes acessaram. As semanas do Curso eram ilustradas por imagens de cabeçalho que identificam cada tópico e etapa do estudo. São imagens representativas com o intuito de deixar o ambiente virtual mais agradável e propor sair da rigidez de títulos para cada semana. A exemplo na última semana de curso: 40 Bâner do I Concurso de VideoArte – Narravis – As Poéticas do Corpo, Olhar e Movimento. Arte criada e editada pelo autor da pesquisa para o curso. A forma avaliativa do Curso se dividiu em dois momentos: O primeiro, vídeo de 1 minuto e o minirroteiro como primeira atividade. Essa, como já foi posta aqui, serviu de introdução à prática do roteiro e da gravação, conhecer os equipamentos e ter uma primeira experiência com a videoarte. No segundo momento, elaborar na etapa final do curso um roteiro para ser gravado em até 5 minutos para o concurso específico dentro do Curso. Eles sabiam que teriam que criar um vídeo como atividade final desde o início já especificado no guia didático, contudo não imaginavam que era para um Concurso. A surpresa veio com o banner acima e eles ficaram empolgados com a ideia de participar como competidores. A atividade foi adaptada para o Modelo do Edital (Anexo 3) que apresenta o concurso. A partir de uma ideia do Docente de formar seus alunos, para que eles pudessem posteriormente participar de eventuais concursos de videoarte fora do curso e que constantemente acontecem, preparou-se então um edital real de um concurso de videoarte seguindo um modelo de regras, normas, datas, procedimentos rigorosos e premiação, mas que foram simplificados em poucas normas para o concurso. Quando questionado pelos alunos na sala de debate daquelas últimas semanas, o Docente explicou que aquilo faria parte da incorporação de uma experiência real proposta a eles, afim de que, depois do CPVA continuassem a pesquisar e criar seus próprios trabalhos e enfrentar os editais de premiação podendo gerar disso, novas criações, desafios e possibilidades de utilizar o que aprenderam para projetos futuros. O tema do concurso também não foi aleatório. É muito forte a presença da performance nos textos escolhidos e também na videoarte. Os trabalhos dos primeiros videoartistas, da primeira geração eram, em sua maioria, o registro de performances; uma forma de estabelecer o confronto entre o corpo do artista e a câmera (LIMA, 2010). O 41 tempo todo a performance era o elemento aliado à videoarte e definitivamente ela não poderia ser deixada de fora agora. O subtítulo “As Poéticas do corpo, olhar e movimento” já sugeria ao discente a possibilidade de experimentação das formas do corpo frente ao tema que é quase uma imposição para a performance. Segundo Zanini (2010) a videoperformance é uma forma inovadora de expressar os processos artísticos. Não exclusiva a ela, mas que, quando somadas as linguagens da arte tem grande impacto no público que a assiste. Os tópicos do edital tratavam justamente de que a avaliação dos trabalhos dentro do concurso deverá levar em conta a originalidade e a linguagem estética, a ousadia quanto aos recursos e principalmente ao uso da performance bem como o tema do concurso na sua forma mais ampla. Destacamos durante todo o Curso a importância de dois aspectos para o videoarte que não deveriam ser ignorados: Performance e Linguagem Artística. A arte como performance coloca o artista como um conjunto visual, corporal e musical (ZANINI, 2010, p. 8). Outro fator importante presente durante os estudos e as leituras para a videoarte foi a incorporação das Linguagens da Arte aos trabalhos. Para cada performance realizada juntamente com o vídeo o aluno poderá adequar uma ou mais linguagens das Artes Visuais e Cênicas: pintura, fotografia, dança, teatro, desenho, poesia, cerâmica, escultura, videoprojeções, intervenção, etc. O objetivo era unir a Performance + Linguagens da Arte de forma coerente para assim mantermos o conceito de VídeoArte vivo até o fim do curso. Como foi experimentado pelo Fluxus ou pelos Performers como Marina Abramovic, um dos nomes mais respeitados na arte da performance, testando os limites de sua resistência física e mental. Em 2010, o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) organizou uma grande retrospectiva da sua obra. A artista que muito se utilizou do vídeo para registrar as suas performances de corpo. 42 Cartaz do Documentário: “A artista está presente”. A artista não só relembrou obras passadas, como decidiu realizar uma nova performance pela qual interagiu intensamente com o público durante três meses no MoMA. O documentário foi assistido pelo discentes do CPVA com o objetivo de compreender a performance dentro do vídeo. Durante o processo de criação da obra final, o Docente, a fim de causar uma interferência positiva no processo de criação dos discentes quanto ao uso do próprio corpo para atuar e se fazerem presentes dentro de seus vídeos, recomentou uma reflexão sobre o documentário e propôs que seguissem pelo caminho da entrega e da performance. As linguagens da arte não foram escolhidas aleatoriamente no curso. Os alunos foram confrontados desde o início a adotar algumas dessas linguagens e pesquisar sobre o uso delas na performance, já avisados que seria de pertinência essa união para garantir a parte artística do vídeo em si. Tentamos sair da ideia de registro e de usar o vídeo apenas como suporte para a performance artística, onde ele é na verdade, elemento fundamental para a videoarte e sua execução só acontece com sua presença. Não é como uma performance ou uma pintura que passam a existir sem que para isso precise ser filmada ou fotografada, na verdade a videoarte ela é a própria obra quanto as Aplicações estéticas do vídeo: invoca a gestualidade do artista, semelhante à de um pintor (especialmente expressionista); monitor pode ser usado como escultura; registro de performances (por vezes íntimas, que não teriam outra forma de serem divulgadas). (ZANINI, 2010, p. 10) 43 As implicações de usar o vídeo apenas como registro está ligado a sua função no desenvolvimento da tecnologia no seu sentido mais comum, o vídeo serve para gravar e reproduzir ações cotidianas. “O vídeo é um dispositivo composto pelo processamento de sinais eletrônicos, analógicos ou digitais, idealizados com a finalidade de capturar, armazenar e veicular imagens em movimento.” (RIBEIRO, 2013, p.5). É preciso uma intencionalidade para dar sentido às obras de videoarte. Mais do que o registro em si, a obra só existe porque o vídeo proporciona essa experiência. Os fóruns de dúvidas e debates criados para as semanas nove, dez e onze (as finais) foram amplamente utilizadas para compartilhamento de “sinopse + foto” do processo de construção do vídeo de cada aluno bem como as orientações de formato e a estética do vídeo a ser apresentado na mostra final. Previamente foi organizado um modelo de normas de edição para padronização dos vídeos em virtude a sua possível exibição fora do ambiente do curso. Logomarcas do Narravis, do CPVA e do Concurso juntamente com um texto informativo da Mostra foram introduzidos aos créditos de início e fim das obras. Logo do I Concurso VídeoArte (criado pelo Docente para créditos iniciais de vídeo com duração de máx. 5 segundos). Foi sugerido que eles fossem os responsáveis por todas as etapas do processo de criação das obras audiovisuais. Roteiro, direção, atuação, filmagem, edição e finalização. Precisavam estar presentes em maior parte do processo. Poderiam assim sair da zona de conforto e vivenciar ainda mais a videoarte. O filme garantiu uma experiência muito forte, entrega e compromisso por parte dos alunos. A participação no edital era obrigatória para a conclusão do curso e ao final, 6 vídeos com duração máxima de 5 minutos fizeram parte da mostra. 44 Imagens de divulgação da I Mostra de VídeoArte realizada mediante edital dentro do Curso Produção VídeoArte com o tema: “As Poéticas do Corpo, Olhar e Movimento”. As obras foram todas hospedadas em canal do Youtube e disponibilizados por links em um tópico criado para entrega e avaliação na última semana do Curso. Posterior a isso os trabalhos foram avaliados por comissão julgadora como descrita no edital ao qual se submeteram, os avaliadores são pessoas externas ao processo do curso e com formação nas áreas integradas as artes visuais e humanas. O ganhador do I Concurso foi o vídeoarte “Inspiração” de Rafael Silva Loureiro que, segundo a comissão avaliadora, atingiu a maior parte dos objetivos listados no edital. Todos os participantes do concurso tiveram direito ao certificado do CPVA-Narravis e também certificados extras de participação no I Concurso de VideoArte, tendo seus vídeos também reconhecidos mediante esse novo certificado. Um debate sobre o curso finalizou e deu as despedidas entre os alunos e o professor. Um registro do desempenho individual de cada aluno até o fim do concurso deu fim à avaliação dos discentes e também à avaliação geral do curso. Essa avaliação serve para uma análise dos resultados obtidos e podemos agora fazer as considerações do CPVA na modalidade EaD e entender os erros e acertos. 45 4.1 Considerações sobre o CPVA-EaD: Analisando os pontos positivos e negativos. A avaliação do docente acontece em Curso. A avaliação do Curso acontece nessa pesquisa e considera a realização das atividades, participação individual e coletiva dos alunos, utilização dos recursos do ambiente virtual de aprendizagem, cumprimento dos prazos previstos para a realização de cada atividade, o Concurso de Videoarte e a Primeira Mostra de Videoarte, esse foi o caminho traçado pelo doente para entender o nível da sua prática educativa. O curso em EaD registrou um grande número de inscritos, mas de poucos concluintes, o que não comprometeu a qualidade do curso bem como a sua continuidade. Durante o tempo em que aconteceu os vídeos construídos pelos participantes começaram a compor o acervo videográfico do CPVA e servirão para os próximos cursos. No total a modalidade registrou cerca de 20 obras em videoarte. Os concluintes não registraram na avaliação do curso problemas com o aprendizado, com a técnica e com a metodologia. Contudo, é importante entender os motivos pelos quais houve as desistências e os problemas durante o curso. Os relatos de desistência logo no início do curso foram recebidos mediante e-mail e postagens nos fóruns e apresentavam motivos de problemas no acesso ao Moodle. Esses inscritos relataram problemas para logar ou entrar no curso com o CPF. Esse problema poderia ser eventualmente resolvido mediante acionamento dos responsáveis pelo ambiente virtual. Contudo, os e-mails chegaram depois da primeira semana do curso e alguns dos que aguardavam solução acabavam por desistir de continuar depois do início do semestre ou sempre que perdiam o acesso durante alguma semana de atividades se sentiam atrasados ou prejudicados em ralação a turma. Outro motivo recorrente está na esfera pessoal. Alguns que iniciaram o curso relatavam que haveria de deixá-lo mediante outras atividades, doença, mudança, falta de acesso constante à internet e justificativas diversas, contudo, nenhuma ligada à metodologia e/ou conteúdo do curso. Seja por problemas de acesso ou pessoais, os alunos que não permaneceram não comprometeram o andamento das semanas. Consolidamos o grupo de alunos e esses logo foram envolvidos pelos procedimentos didáticos e pela temática e se comprometeram a permanecer. Se o número de inscritos inicialmente fosse igual ao número de concluintes os dados positivos seriam maiores, o dobro ou o triplo de vídeos e concluintes. Contudo, o 46 número reduzido de 10 alunos por semestre manteve-se em boa quantidade e qualidade. Os trabalhos ganharam foco e corpo mais consistente e de uma forma geral e para as pessoas que trabalham com vídeo ou aprenderam a técnica da videoarte no CPVA puderam internalizar a teoria e a prática para utilizar dentro e fora dos circuitos comerciais, em festivais, concursos e no ensino, já que, grande parte dos inscritos que permaneceram são professores em busca de aprender a técnica para uso em sala de aula e publicitários em busca de novas formas de produzir vídeos. Os professores discentes do curso relataram nos fóruns que desconheciam a profundidade da videoarte como tema de estudo ou como prática artística. O domínio raso do conteúdo cabia a dois ou três que faziam constantes comparações sobre a influência da videoarte nos videoclipes, citando artistas como Britney Spears no clipe Hold It Against Me (2011) onde numa cena que mostra a cantora em uma sala alta e cilíndrica com muita fiação, cabos, tubos e televisores que exibem todos os seus videoclipes, desde o início da carreira, em 1999. Em relato do aluno Adonias Fernandes18 ele diz que “Nesta sala, vemos Spears subir lentamente através de uma plataforma, passando pelos televisores com seus vídeos, até que chega no topo mais alto”. Ele acredita que naquele momento do vídeo é um “VideoArte pura” e que “o clipe possa ter sido uma linda homenagem ao Paik.” Verdadeira ou não, essa impressão relatada pelo aluno evidencia sua percepção para elementos que compõem a videoarte e a videoinstalação. Comparação feita pelo aluno do curso. A esquerda, a performance artística da cantora. (Imagem retirada do videoclipe disponível no youtube). A direita, obra de “Nam June Paik”. Untitled. 1993. Piano Player, 15 televisores, duas câmeras, dois leitores de discos a laser, uma luz elétrica e lâmpada, e fios, de modo geral aprox. 8 '4 "x 8" 9 "x 48" (254 x 266,7 x 121,9 centímetros). (Descrição e imagem retirada do site do MoMA.) 18 Retirado do Moodle-Univasf, disponível dentro do fórum do CPVA disponível em: <Http://www.moodle.univasf.edu.br/mod/forum/discuss.php?d=5626> acessado em 20 de Jul. 2014 47 Uma discussão recorrente no curso durantes as duas primeiras semanas de curso era sobre as diferenças e semelhanças do videoclipe, cinema, TV com a videoarte. Como o conteúdo programático do curso já enfatiza esses aspectos as leituras orientavam para compreensão dessa divisão e soma. No geral o curso apresentou etapas bem definidas e organizadas não restando grandes problemas a não ser os citados anteriormente. Evasão é um problema recorrente em qualquer modalidade de ensino, seja presencial ou Ead, não atribuindo maior ou menor causa a apenas uma delas, que possuem causas, razões e naturezas muito particulares. Para fins de conclusão e certificação do curso, além da realização de todas as atividades previstas, a frequência foi computada como avaliação e critério de formação no curso. As dinâmicas de debates semanalmente apresentaram sucesso pela organização. As postagens seguem uma ordem; o primeiro a colocar suas opiniões e dúvidas esperam os demais discentes façam o mesmo, logo após, o Docente faz a mediação entre o que foi referenciado no fórum, tira as dúvidas e incita a novos questionamentos sobre os conteúdos. Desta forma o ciclo de debate está sempre em movimento até que se termine a semana. As postagens no fórum de debates são solicitadas obrigatoriamente na metade e no final de cada semana, dando tempo para leitura dos artigos e reflexão do debate periodicamente. Colocar pessoas de diferentes estados do Brasil para produzir vídeos pode ser bastante desafiador. Dentro do curso encontrou-se métodos eficientes para checar a integridade das produções e dos roteiros. A falta de orientação presencial apresenta sim insegurança para o Docente, contudo, se todos os métodos de chegar e acessar o aluno estiverem em consonância, essa insegurança desaparece. Foi o que aconteceu na medida em que os alunos estavam sempre presentes a cada semana procurando interação e compartilhando as vivências com a videoarte. Logo na semana de gravações os alunos hospedaram os vídeos na internet que gradativamente podiam ser avaliados, corrigidos até a entrega final da obra. 48 Vídeo: “Folha em Branco19” – Flaw Mendes. Duração 4:55 – No vídeo, uma folha que cai é pintada, escrita e recolocada na árvore. Produzido para o I Concurso de VídeoArte. Na terceira, quarta e quinta semana do curso tratamos da análise de videoclipes, videoarte, video-linguagens, video-performance e obras de artistas conceituados na videoarte. O objetivo era consumir um grande número de obras visuais para ampliar nossos repertórios e experiências sobre o tema e a partir daí ter material artístico para o debate. Alguns dos vídeos foram sugeridos pelos alunos e eles puderam ter noção de como e onde a videoarte se insere nas produções atuais do cinema e da televisão que se apropriam da linguagem e como essa também se utiliza desses meios para existir para públicos diferenciados (do cinema e do videoclipe). Na avaliação geral das obras dos discentes o tópico de debate da sétima semana contou com uma lista iniciada pelos alunos falando de cada um dos vídeos produzidos por ele e avaliando os pontos positivos e negativos. Dois relatos no curso chamaram a atenção. Adonias Fernandes e Rosângela Maia20 no semestre de 2013.2, respectivamente: [...]quanto mais se assiste a videoarte, mais se aprende sobre esse gênero. Ter a oportunidade de assistir aos vídeos dos exalunos do curso nos dá a oportunidade de observar como quem, assim como nós, se venturou nesse gênero fílmico intrigante. Todos vídeos têm ideias e abordagens bem interessantes, mas irei me ater aos que mais me tocaram. 19 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/rmrSTFqq6wQ Retirado do Moodle-Univasf, disponível dentro do fórum do CPVA disponível em: < http://www.moodle.univasf.edu.br/mod/forum/discuss.php?d=5815> acessado em 25 de Jul. 2014 20 49 A experiência de assistir aos vídeos dos colegas foi muito enriquecedora. Vejo a criatividade como um ponto crucial que, aliada ao conhecimento técnico, pode construir produções muito significativas. Embora diversas, as produções visualizadas comungam da possibilidade de um extrapolar de ressignificações, o que permite a quem assisti ir além da descrição que o autor faz do seu vídeo, acredito que esta seja a maior característica da arte. Sem dúvida "Inspiração" consegue um destaque por sua construção narrativa e pela habilidade do autor na "concretização" de sua ideia através do vídeo. O exercício contínuo de consumir videoarte faz com que a imersão seja prazerosa e expanda os limites do olhar comum. Na análise pessoal dos discentes eles relatam grande interesse pelos trabalhos dos alunos do semestre anterior e os têm como obras inspiradoras que os conduzem para o desafio de tentar da vida as suas ideias. Sobre os vídeos, a qualidade do trabalho é inegável mesmo mediante a limitações técnicas de alguns alunos ou quando pensamos que alguns deles chegaram sem nenhum conhecimento da técnica nem do tema videoarte. As produções ganharam mais força quando realizadas para um concurso que movimentou e deu ainda mais vida ao curso. Os discentes se mobilizaram para realizar trabalhos de qualidade e não mediram esforços para vencer o concurso. Convidaram amigos, atores, dançarinos, músicos para compor trilha e enceraram alguns dos vídeos. Vídeo: “Tombo Dançante21” – Pedro Lacerda. Duração: 3:10 - “Jovem dança e desce a escada no ritmo de uma música”. 21 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/qxgObsBU290 50 Assim como os debates, os vídeos dos alunos contribuem com 50% com o objetivo do CPVA. São pontos de vista divergentes, propostas estéticas e roteiros inovadores. As obras audiovisuais são mais do que material de acervo, são também materiais didáticos e educativos de olhares em constante construção. A satisfação pelo curso é evidente não só na escrita e relatos dos discentes mas também no conjunto de obras e o compromisso real com a videoarte. Tratamos aqui nesta etapa da pesquisa dos aspectos gerais do desenvolvimento do curso em EaD, quais os elementos que o compõem, como foram avaliados dentro dos processos metodológicos sem esquecer a avaliação da aprendizagem com suas nuances relacionadas aos critérios e instrumentos. Não podemos deixar de citar o Docente, tutor e gestor do CPVA como um “sujeito da EaD” e que “agindo de forma efetiva colabora para a mediação didático-pedagógica em momentos de interação e é de grande importância na avaliação do sistema de Educação a Distância” (TUTORIA EM EAD, 2010). É importante compreender que o sucesso de um curso EaD é de responsabilidade do Professor-Tutor, da qualidade do seu material, do ambiente de ensino escolhido e das práticas adotadas por ele e também de cargo do Discente que firma um compromisso com o Curso e seus objetivos desenvolvendo uma ação conjunta, mútua e indissociável. Os diálogos foram fortes aliados para que a relação professor-aluno se mantivesse sólida e a comunicação os mantivesse conectados. O que ficou do curso foi a vivencia da educação a distância como formas plurais e diversas de caminhos e maneiras que encontramos para promover um curso de qualidade com resultados que se fazem presentes na produção videográfica do curso. Foi a possibilidade de capacitar o grupo de discentes na teoria e prática da videoarte e possibilitar o acesso ao concurso e a mostra. Por fim, Trazer o CPVA para a esfera presencial devido ao sucesso da sua versão EaD e com a possibilidade de enriquecer ainda mais a experiência da docência em Artes Visuais pela Videoarte. O curso expande suas práticas efetivas para a sala de aula e agora pretende dialogar com o método EaD não pela mudança, mas pela possibilidade de adaptá-lo. 51 5. A CONFIGURAÇÃO DO CURSO PRODUÇÃO VÍDEOARTE – PRESENCIAL Todo início de semestre o Narravis abre chamadas para a oferta de cursos (novos, os mesmos ou já lecionados). Como forma de ir gerindo o projeto e as demandas de ensino, pesquisas e extensão assim como beneficiar aqueles que precisam cumprir cargas horárias de (ACC22). Depois de encerradas as atividades do CPVA o Coordenador do Projeto Professor Fúlvio Torres enviou e-mail à todos os ofertantes de cursos residentes em Petrolina e Juazeiro, já que, o curso seria oferecido dentro dessas duas cidades, comunicando a possibilidade desses agora passarem a ser ofertados também na esfera presencial. Como essa possibilidade o CPVA poderia ir ainda mais longe, e começar a experimentar a investigação da produção de videoarte aqui na região do Vale do São Francisco para as cidades de Juazeiro e Petrolina. Outra vantagem é que essa pesquisa pode ser ampliada e contextualizada com a realidade local e colabora também para a formação deste Docente em uma linguagem pouco experimentada nas duas cidades. Com a proposta aceita, o próximo desafio é estruturar uma série de ações de adaptação de Curso para que a prática tenha resultados melhores ou equivalente ao seu formato EaD. As modificações aconteceram mais no campo físico (espaço, sala de aula, equipamentos, horários, material didático). Era preciso ter onde lecionar e suporte como datashow, quadro branco, piloto, ambiente propício para receber os alunos e desenvolver as etapas do curso presencial. Isso foi facilmente resolvido dentro do curso de Artes Visuais da Univasf pelas ações engajadas do Coordenador que solicitou salas, equipamentos, xérox das apostilas, cartazes para divulgação e tudo quanto fosse de responsabilidade do coordenador de forma bastante eficiente sem que houvesse nenhum contratempo ligado a estrutura física do projeto durante o período do CPVA. A adaptação física estava então bem encaminhada e começamos a criar a identidade visual do curso Presencial sem se distanciar do modelo EaD para preservar a ideia de continuidade. Fomos o primeiro curso do Narravis a ser adaptado para o modelo presencial e para isso foi preciso criar alguns materiais de divulgação e de chamada para 22 Atividades Acadêmicas, Científicas e Culturais - São atividades que devem privilegiar a interdisciplinaridade e a interação entre a Universidade e a comunidade, proporcionando aos estudantes a prática dos conhecimentos adquiridos em sala de aula. 52 o projeto. Todos os designs do CPVA, logomarcas, cartazes, folders, banners foram de livre criação do Docente, garantindo certa autenticidade, aproximação e intimidade com as etapas do curso. Banners do CPVA – Esquerdo: Modelo I EaD – Direito: Modelo II Presencial – houve uma mudança e criação de uma logo para o Curso. O modelo II foi utilizado para impressão e divulgação pela internet enquanto o I ilustrava o curso na plataforma Moodle. A quantidade de elementos contidos no banner II foi com o intuito de fazer uma divulgação impressa com informações relevantes e completa para os interessados. Definimos as informações com base no local já disponível para as aulas; as salas do LACULT23 (que posteriormente mudamos para LAPIDAVIS24 devido à iluminação controlada da sala para uso do datashow). O melhor dia da semana para estudantes e indivíduos que trabalham seria o sábado e com os horários bem flexíveis de 8h às 12h ou as vezes de 9h as 13h dependendo de acordos com a turma mas mantendo a carga horária geral. Com a divulgação impressa, o curso recebeu também a oportunidade de fazer divulgação pela TV aberta local (TV Grande Rio-Petrolina) na em forma de entrevista. Nela foram divulgados o meio de inscrição e do que o curso se tratava, porém não foi permitido dizer nomes de sites onde o cartaz estava hospedado (facebook, site da Univasf, ou outros sites) devido as políticas do G1. Contudo o e-mail e telefone para contatos 23 24 Laboratório de Cultura Visual. Laboratório de Produção e Didática em Artes Visuais. 53 foram divulgados e em poucos minutos o Docente pode receber ligações e e-mails dos interessados em participar do curso. A entrevista aconteceu na cidade de Petrolina-PE no Teatro Dona Amélia no Sesc-PE. Algumas informações como nome do curso e local onde ele é oferecido saíram com erro, mas não prejudicaram o curso. A divulgação teve aspectos positivos devido sua amplitude para atingir os públicos que acessam esse meio de divulgação. Na entrevista: à esquerda a repórter faz a apresentação do Curso antes de começar com as perguntas. A direita: o Professor do CPVA. Imagens retiradas da entrevista disponível no G125 Concluída essa etapa o Curso pode receber os inscritos mediante os mesmos critérios de seleção da versão EaD. No processo de adaptação muito se manteve deste modelo de curso. Os artigos, textos, tutoriais, vídeos contudo a metodologia foi adaptada se adequando a presencialidade do curso, buscando caminhos para garantir o mesmo sucesso como foi a primeira versão do curso. O que mudou foram as formas como esses artigos seriam discutidos em sala, os vídeos que seriam exibidos para debate, o guia didático ganhou uma tabela de cronograma das aulas como datas, horários, conteúdos da semana e suas atividades. A mudança a qual nos referimos acima é o fato de que as discussões em sala de aula serviriam para o Docente realizar uma pesquisa em videoarte mais específica dentro do tema da videoarte. Promovendo debates, buscou-se investigar a produção local e o que os discentes entendiam da linguagem do vídeo. A demanda nas cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE não possui força ou representatividade, já que, as produções locais são voltadas para curta-metragem documental e ficcional. Encontramos aí uma nova forma de produzir e nos tornarmos um grupo de pesquisa e produção em videoarte. 25 Disponível em: http://g1.globo.com/pe/petrolina-regiao/grtv-1edicao/videos/t/edicoes/v/curso-deproducao-de-videoarte-e-oferecido-em-petrolina/3282672/ 54 A sequência de semanas intercaladas de teoria e prática se mantiveram, a forma de avaliação por frequência, participação nos debates, e construção dos dois vídeos. Todos os conteúdos teóricos foram adaptados para o debate, e grande parte do método também teve que se adequar. Se formos listar mais mudanças notaremos as interações entre o professor e aluno e como esse conteúdo é administrado para a turma no espaço físico, e como já foi dito, as mudanças são mais perceptíveis no andamento do CPVA-Presencial. A adaptação além da mudança física está também no andamento do curso. As aulas práticas, por exemplo, são realizadas em conjunto com todos os participantes do curso e em sala específica (com computadores com os softwares já instalados), em contato direto uns com os outros eles podem começar a interagir na prática. As aulas-tutoriais não existem nesse modelo de curso, bastando substitui-los pela presença do Professor que domina os programas de edição e pode ir indicando as formas de manusear os softwares para cada aluno. Depois da seleção o curso estava pronto para começar por isso precisávamos reunir os inscritos em um espaço que mantivéssemos sempre contato durante a semana até o dia da aula. O que aconteceu nesse sentido foi que o curso manteve-se com um novo espaço; em ambiente virtual foi criado um grupo na rede social Facebook para o CPVA com o mesmo nome. Nesse espaço os alunos poderiam postar dúvidas, receber os conteúdos da semana, lançar ideias, notícias, ser informados de horários, feriados e assuntos ligados ao curso em geral. Os discentes chegavam a aula previamente preparados para as atividades. Basicamente esse espaço realiza funções que são comuns ao Curso EaD e positivamente colabora com o modelo presencial. É o espaço virtual e o presencial completando-se. Banner cabeçalho do “curso Produção VídeoArte” confeccionado para o Grupo do Facebook como forma de identificação e identidade visual. (Imagem criada em programa de edição pelo autor desta pesquisa). 55 Os alunos foram informados sobre todas as etapas do curso inclusive do concurso de videoarte ao qual teriam que se submeter e depois de concluídas as adaptações e divulgações do CPVA, podemos entender como aconteceu o curso presencial e o que sucedeu até o “II Concurso de VídeoArte: Os rios – espaço, tempo e elementos” que também foi adaptado para a versão presencial. 5.1 A trajetória do CPVA-Presencial até a Mostra de VídeoArte “Os Rios” A escolha dos conteúdos teóricos foi a mesma da versão EaD. Fazendo o uso de duas apostilas a cada aula promovendo debates. A partir da primeira aula o Docente pôde colocar em prática novas ideias e a segunda fase da sua pesquisa pôde começar com colaboração e apoio da turma. Foi explicado que um dos objetivos do curso nesta etapa seria de realizarmos uma pesquisa para entender a produção de vídeo pela linguagem do audiovisual nas localidades de Juazeiro e Petrolina e buscar repertórios nas matrizes culturais locais para produzir obras de videoarte partindo das referências que tínhamos. Os produtos audiovisuais locais são na maioria curtas/médias/longas metragens, ficção ou documentários. Essas produções possuem profissionais, demandas e um festival dedicado a elas (Vale Curtas e festivais regionais) devido a isso, o espaço para exposição de obras de videoarte deveria de ser construído e conquistado e instituído. O local para tais nunca foi negado, mas não tem força ou é inexistente perante as outras linguagens. Outro ramo que poderia apresentar características da videoarte é o clipe musical. A produção de videoclipes também é escassa e pouco relevante no cenário. Trouxemos para o curso e para os discentes como proposta atividades reflexivas que analisam as condições da videoarte nos meios do vídeo, utilizando dos conteúdos teóricos do curso para criar um conceito segundo parâmetros apresentados nos artigos que foram lidos e os vídeos assistidos. Dessa forma o conceito nos ajudaria a produzir obras específicas da linguagem se confundir-se com o cinema ou o videoclipe. Como a fase EAD do curso se concentrou na prática docente, no exercício do ensino, do planejamento, da metodologia e nas relações professor e aluno, o curso presencial somou a esse modelo a presente possibilidade de transformar o CPVA numa pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso com direcionamento mais preciso para produção de obras audiovisuais que dialoguem com a realidade local criando um grupo 56 de Pesquisa e Investigação em videoarte. A sugestão surgiu devido avanço e interesse da turma no tema, a parir das semanas finais, o Docente lançou a proposta de continuidade do CPVA para eles. Começamos o primeiro dia de aula com metade do número de inscritos. Ao todo 15 inscrições efetivadas via e-mail e respondidas, reforçando a data, horário e local da aula. Os motivos que causaram a redução da turma são os mesmos que atingiram o curso EaD como evasão, incompatibilidade de horários, motivos pessoas em geral. Dos sete efetivos, dois saíram do curso para outras atividades e cinco permaneceram. Para a aula inaugural discutimos o guia didático, os conteúdos programáticos, as apresentações da turma e expectativas sobre o curso. Os alunos eram dos cursos de Artes Visuais e Ciências Sociais da Univasf, ambos já tinham alguma experiência com o vídeo em disciplinas obrigatórias (para artes) e eletivas (NT de Cinema) alunos de Sociais. Fizemos uma mostra de abertura com os videoarte dos alunos do curso EaD e perguntamos a eles as impressões; começamos um debate na tentativa de extrair da turma o que eles entendiam de videoarte. As respostas no geral foram muito vacilantes ou incertas e abrangeram mais as Artes Visuais e a história do cinema. Coube ao professor trazer a teoria para sala de aula e recomendar a ordem de leituras para dar direcionamento às aulas. Outro problema recorrente foram os feriados regionais, locais, nacionais e também concursos públicos e festividades juninas que coincidiram com o horário e o período do curso. Devido a isso tivemos que repor pelo menos quatro sábados a mais. O curso que iria de 26 de abril a 21 de junho de 2014 se estendeu até 26 de julho do mesmo ano. Isso não impossibilitou que a turma mantivesse o compromisso de permanecer até o fim. Na aula sobre a “Videoarte no Brasil” assistimos a um programa chamado “Oficina de vídeo” da Rede Sesc Senac TV sobre os “30 anos do vídeo no Brasil”. O programa é bem completo e trata dos principais videoartistas brasileiros e depoimentos de Arlindo Machado sobre as obras desses artistas. Para entender do que se trata o documentário exibido, os alunos leram a tese de mestrado de Marília Xavier de Lima (2012) já utilizado no curso EaD. Nele relata-se que o registro videográfico é muito incerto no Brasil e que o mais antigo vídeo produzido aqui foi o M 3x3, uma coreografia da bailarina Analívia Cordeiro, gravada pela TV Cultura de São Paulo em 1973, já no vídeo os alunos tiveram acesso a essa obra, a fala da artista e a construção do vídeo. É uma experiência obrigatória nas leituras de videoarte a visualização das obras. 57 Vídeo: M3x326 - Analívia Cordeiro. Imagens mostram dançarinos realizando sequências de movimentos demarcados por traços e linhas. O primeiro videoarte despertou curiosidade e dúvida nos discentes: “O primeiro videoarte brasileiro, é então, um video-dança que se caracteriza como videoarte por possuir uma linguagem do corpo (performance) e das artes (a dança) utilizando do vídeo para poder existir enquanto linguagem própria?27” Essa dúvida se apoia nas experiências já vivenciadas nas leituras anteriores sobre a prática dos primeiros videoartistas e do uso da performance no vídeo e da própria separação que esses artistas buscaram no princípio. O M3x3 gravado em estúdio volta à questão da união entre TV e videoarte que também foi recorrente no curso. A resposta para essa pergunta se soluciona a medida que avançamos no curso. O que nos interessa é o trabalho conjunto que a videoarte pode criar atualmente somando-se a tecnologia de supercâmeras, alta resolução e qualidade de imagem criando formas e modelos semelhantes ao cinema e a abrangência do público da TV. Começamos a traçar os pontos e características do nosso próprio trabalho a partir dos primeiros vídeos produzidos na aula e com duração de um minuto, atividade obrigatória do Curso. Antes disso os alunos iniciaram as fases do roteiro. A elaboração do roteiro seguiu a mesma formatação do curso EaD e apresentou algumas dificuldades. Os alunos não estavam acostumados com a escrita de roteiro e termos como “Close Shot” e “Close Up” foram empregados de maneira equivocada e trocadas. As nomenclaturas evocam situações diferentes em um vídeo: CLOSE SHOT é um plano da cabeça e ombros de uma pessoa, ou até duas, personagens e o CLOSE UP é um plano detalhe de algo que se queira evidenciar. Mas a correção logo solucionou o problema na fase de revisão. 26 - Vídeo disponível em: Link: http://youtu.be/EEGpBjT57lU - Nos debates, os questionamentos dos alunos serviram para formular algumas dessas questões frequentemente citadas no corpo do texto. 27 58 A próxima etapa é a troca de roteiros e sua execução. Os alunos não apresentaram grande dificuldade na adaptação e as gravações aconteceram nos espaços do Ateliê de Artes para que o Docente pudesse orientar a todos. Cada um ocupou-se de um espaço e começaram a gravar. Os materiais que foram utilizados em cada um dos vídeos são de responsabilidade dos alunos. Os relatos de experiência de todos as obras ficaram registrados no dia da exibição. Na dinâmica de apresentações cada aluno iria à frente falar do processo de adaptação do roteiro falar se houve limitações, falta de objetos, cenários e performances. As impressões postas aqui são conclusões e consenso dos discentes com a mediação do Docente. O primeiro vídeo foi o “Bullying” o roteiro por Vinícius Colares e gravação de Bruce Wagner. Os vídeos deveriam ter tempo máximo de até 1 minuto, esse não chegou aos 45 segundos e tem três planos. Um plano aberto onde a bola é mostrada por inteira e ao fundo uma parede suja com marcas de tênis e lama, no segundo plano “Close Shot” da bola secando enquanto risadas ao fundo vão surgindo e termina em corte seco. As falas identificaram da evidência que o título provoca no vídeo. A palavra “Bulling” somadas a Bola, Risadas remeteu a ideia clara do tema, por isso, o título só aparecia no final e esse mesmo título não deveria fazer parte da interpretação da obra. No geral o trabalho foi apontado como interessante, bem enquadrado com alguns problemas de foco não percebidos pelo discente. O roteirista acreditou que o vídeo correspondeu ao que ele imaginava construir mas exigiu uma quantidade maior de planos. Video: “Bullying28” – por Bruce Wagner, roteiro Vinícius Colares. A bola é a protagonista nos dois únicos planos do vídeo. Em “No Ar” a aluna identificou no roteiro um trecho que dizia que “a personagem dançava com luzes e não víamos o seu corpo”. A solução que encontramos para fazer a cena foi utilizar luzes de pisca-pisca ou luzes de chaveiro presas em pulseiras no pulso e 28 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/_Z76jluM44o 59 nos tornozelos e a atriz vestiria roupas pretas, gravaria em sala sem luz. O resultado foi um vídeo que causou sensação de harmonia e tranquilidade, o vídeo tem uma fluidez clara e uma sequência de cortes imperceptíveis devido à falta de luz. Os depoimentos eram na sua maioria a favor dos vídeos. A obra de Ana Emídia “No Ar” e roteiro de Cleriton Ferreira foi um trabalho conjunto. Por mais que os roteiristas tenham sido orientados a não interferir na adaptação, para os dois era quase impossível de acontecer. No curso eles partilhavam da mesma câmera, mas também são um casal e um adotou a postura de ajudar na filmagem do outro. O roteiro de Ana também foi gravado por Cleriton, e chama-se “O Chá” e continha cenas onde o personagem usava roupas íntimas e desenhava uma linha pelo corpo enquanto a câmera seguia e ela ficaria responsável por acompanhar esse movimento. O Docente não acreditou que a relação afetiva pudesse causar interferência na criação mas temeu pela autenticidade na direção, adaptação e escolha dos planos. Durante a exibição eles foram perguntados sobre o processo e responderam que todas as escolhas foram feitas sem que houvesse intervenção, dicas do roteirista, garantindo originalidade da direção. Vídeo: “O Chá29” por Cleriton Ferreira, roteiro Ana Emídia. Hidrocor percorre o corpo do ator em um plano contínuo. “O chá” trouxe uma reflexão bastante interessante sobre o caminho da linha no corpo e de como o expectador pode se perder nos planos tão fechados tentando se localizar e fazer associações com o título. Isso foi encarado como positivo pois despertava a curiosidade da turma que no geral procurava um norte para o caminho escolhido. O vídeo tem aspecto de curta metragem, um plano principal contínuo com alguns planos alternados de objetos de cena que ajudam a narrar uma trajetória linear um tanto interessante com inserções de imagens da água que ferve, das xícaras de chá e colheres. O espectador descobre ao final da trajetória que aquela linha que perpassa pelo corpo corresponde à haste do saquinho do chá, escondido na palma da mão do ator. 29 Vídeo disponível em: http://youtu.be/8Ca4gri6yQo 60 Ambos os vídeos foram gravados com auxílio um do outro, sendo que um dos alunos executava a performance do vídeo e o outro filmava. Essa relação é um pequeno esboço da parceria de trabalhos que aconteciam frequentemente na fase final do curso, onde a obra final exige muito mais empenho e colaboração. Vídeo: “No Ar30” por Ana Emídia, roteiro Cleriton Ferreira. Os pontos são emissões de luz presos ao corpo da bailarina que se modificam quando ela faz seus movimentos. A solução encontrada para o vídeo de Ana Emídia resultou na obra onde a luz é o único elemento identificável no vídeo, assim como pedia o roteiro. Em momentos muito rápidos a presença do corpo da bailarina por silhueta era identificável. O vídeo chamou muito a atenção da turma pela qualidade da execução da dança e também pelo “disfarce” de cortes na edição que o blackout proporcionou, dando a ideia de uma filmagem contínua em único plano. A discente revelou que os desfoques foram ocasionados sem intenção pela função automática da câmera e que o efeito provocado agradou e ela decidiu manter. Em conversa31 ela revelou que a quantidade de cortes foi muito grande e que alternou os planos algumas vezes e utilizou o zoom digital do equipamento. O penúltimo vídeo foi apresentado por Vinícius que executou o roteiro de Bruce. “Piada” foi o único vídeo que apresentou forte aspecto de curta-metragem devido a forma como se apresentou no roteiro. A descrição tratava de um homem que se sentia ridicularizado durante seu dia a dia de trabalho. A trilha já estava também indicada no início do roteiro por “Crookers - That Laughing Track (ft. Style Of Eye & Carli)" e a trilha serviu como guia principal do restante do roteiro que desenrolava em uma série de ações cotidianas como acordar, lavar o rosto, trabalhar. O vídeo seria um curta comum se a adaptação, edição e efeitos especiais não realizassem uma intervenção no roteiro. O discente em questão é um dos poucos no curso que já domina com certa habilidade a linguagem do vídeo. Foi proveitoso para os outros alunos que ele falasse 30 31 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/LTnBHhRcDtc - Aula presencial do dia 19/06/14 dia da exibição dos vídeos no LAPIDAVIS. 61 sobre como foi construir e o processo de adaptação, revelando que a preocupação maior estava em como atuar e demonstrar sentimentos verdadeiros na gravação. Vídeo: “Piada32” por Vinícius Colares, roteiro Bruce Wagner. No vídeo há captação de imagens em vários planos, diferentes locações e ações. O personagem tem o rosto desfocado. A primeira versão da obra apresentada acima não tinha o desfoque facial que foi acrescentado depois do debate sobre as impressões que o vídeo traz. No roteiro original o personagem ia para o trabalho, a adaptação o personagem é um fotógrafo. Essa mudança se deu devido à utilização dos espaços do ateliê para que o Docente pudesse acompanhar todo processo. As cenas da casa e do banheiro tiveram que ser gravadas na casa do discente por ele. Os efeitos especiais, a qualidade da imagem são créditos do próprio aluno que tem um grande domínio das ferramentas de edição. O ritmo de videoclipe com a trilha sonora conduzindo as imagens trouxe-nos novamente a reflexão sobre a união com a videoarte. O desafio da adaptação somou-se ao de trazer algum elemento diferencial no momento da edição; existem momentos de preto, justificados pelo discente como momento em que o personagem reflete sobre o fato dele ser uma piada e que precisa se recompor. Existe uma série de flagelos que ele comete em si tentando aceitar-se. Os alunos apreciaram a qualidade técnica da obra e as sensações que o vídeo evocava. Angústia e agonia eram os sentimentos embalados pela trilha sonora cômica que trazia contradição. 32 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/DBiREssbRGU 62 O último dos vídeos chama-se “Espelhos” e ganhou forma bem simples. Com roteiro construído para expressar uma sequência de sensações de um personagem e seu reflexo no espelho a se masturbar. Este roteiro tem uma exigência para com o ator e foi criado para um projeto particular do Docente que só entrou para o curso por que o número ímpar de alunos no curso impossibilitava a troca de roteiros por igual. Por isso o discente Ricardo Castro ficou responsável pela execução deste roteiro específico que exigia gravação única em um plano sequência. Vídeo: “Espelhos33” por Ricardo Castro, roteiro Robério Brasileiro. Garoto se masturba em frente ao espelho com diferentes expressões faciais. Na apresentação, Ricardo declarou-se tímido e inseguro e que cogitou a possibilidade de mudar a cena e aparecer de outra forma, mas que decidiu manter fidelidade ao roteiro. O enquadramento foi de escolha do discente bem como a trilha sonora instrumental que tinha variações de volume e de graves, aumentando de repente quebrando com o ritmo calmo do vídeo. As mudanças e efeitos especiais entraram na edição modificando a aparência do reflexo e misturando os sentimentos do jovem como pedia o roteiro. O vídeo trouxe discussões bem calorosas a respeito do corpo e evocou a mesma sensação sexual do corpo muito mais agressiva do que “O chá”. O mistério que havia em um era explícito em outro e ambos impressionaram os espectadores pelas mudanças repentinas quando revelavam e escondiam os corpos. A performance causa incômodo e também desperta o público a se questionar e interagir, como bem aponta ZANINI (2010): O vídeo e suas várias possibilidades. Evoluir em sua forma de apresentação é algo que para os artistas é sem limites. A interatividade está inserida neste contexto, pois o expectador 33 - Vídeo disponível em: http://youtu.be/8dahBufNfLU 63 além de assistir ao vídeo, pode como objetivo, fazer parte do trabalho do artista envolvendo – se por completo em seu trabalho. Além de interferirem também utilizando objetos, mas em forma de performances que seus criadores apresentavam. Essas performances em se tratando do artista em pleno processo artístico também em muitos momentos pedem para que seu público contribua com o trabalho porque de fato quer que o espectador sinta aquilo que quer passar. Todas as exibições abriram debates enriquecedores e os discentes relataram as impressões. Dos 5 vídeos apresentados, todos corresponderam ao que mais ou menos o roteirista original esperava trazendo também surpresas quanto à forma como as obras foram criadas e editadas. Estas exibições criaram grandes expectativas nos discentes, pois eles estavam ansiosos para ver o resultado do roteiro. Os primeiros minirroteiros contribuíram para a avaliação das habilidades e competências dos discentes, acresceram em conhecimento de cada um e a forma como a videoarte vai se apresentando nas diferentes formas do vídeo. Demos continuidade à etapa final do CPVA trazendo o conteúdo teórico mais denso para reforçar a nossa prática. A tendência é que os artigos e teses apresentem teorias e estudos que exijam mais dos discentes e a grande contribuição desta fase foi tentarmos formular o conceito de videoarte que buscávamos para enquadrar as obras até então produzidas. Docente propôs durante as leituras o contato com o trabalho do/da artista sempre que citados para que entendêssemos todo o processo pelo qual a obra se consolida e assim propor debates consistentes. O curso presencial trouxe discussões recorrentes da videoarte no Brasil e no mundo. A tese de LIMA (2010) acima estudada apresenta um ponto de vista de DUBOIS (2004) que passamos a concordar quando diz que “grande parte das experimentações dos videomakers foi absorvida pela televisão, banalizada pela publicidade e pelos videoclipes. Mas tal incorporação trouxe, ao ambiente televisivo, criatividade e inovação”. É certo que a incorporação da videoarte pela TV e pelo Cinema modifica a forma como o filme e mídia televisiva se apresenta ao público, com cenas e interfaces mais artísticas, conceituais não tão óbvias e esteticamente mais elaboradas com a soma a tecnologias da edição e dos efeitos especiais. Acreditamos na positividade dessa junção e que a separação vídeo/arte é interessante para estudo e compreensão das etapas que definem o que é vídeo, TV, cinema e arte. 64 Ao adentrar neste debate, os alunos constantemente se questionaram sobre a presença da videoarte na maioria dos meios de comunicação visual de massa e se isso poderia ser um problema para a linguagem se ela for considerada “banalizada”. Resolvemos que a partir de outras leituras tentaríamos então descobrir qual é o conceito de videoarte que poderíamos formular dentre do CPVA que fosse direcionar a nossa pesquisa e produção local. A cada aula foi gerado um resumo que nos ajudaria a chegar no conceito de videoarte que procurávamos para compor a nossa obra final para a mostra. Ao longo do Curso e dos estudos fomos identificando que os nossos vídeos devem ter uma série de definições para se apresentar como videoarte, são eles: 1 – Os conceitos e ideias que se queiram transmitir devem apresentar um caráter de interpretações subjetivas para o expectador. 2 – O vídeo é uma linguagem técnica indissociável da obra que desejamos criar e não serve apenas como suporte. 3 – Integração com as demais linguagens da arte (pintura, desenho, fotografia, cerâmica, escultura, dança, música, multimeios) faz-se necessária para criação de obras de fruição artística. 4 – A performance compõe fundamentalmente o vídeo sendo o pré-requisito para a existência da linguagem; seja ela humana ou inumana (objetos e natureza) a performance é ação do protagonista do vídeo. 5 – A técnica utilizada leva em consideração as possibilidades interpretativas do artista durante a criação, execução, filmagem e edição do produto de vídeo podendo ser utilizados efeitos, planos e cortes que dialoguem com a ideia que se pretende transmitir. 6 – Contextualidade da obra com questões que dialoguem e girem em torno de nosso tempo, sociedade e história sem ignorar a atual potência da tecnologia do vídeo integrada com o cinema ou a televisão. 7 – Relacionar-se com o público que nos assiste na perspectiva de integrá-los à obra de alguma forma utilizando dos espaços físicos para interação e ampliar a percepção sobre a obra. Ao fim da teoria repensamos os primeiros vídeos realizados no Curso e checamos os acertos e os erros para tomar uma direção ainda melhor. Os tópicos acima formaram o conceito que seguiríamos até o fim do curso. Esses tópicos não são definitivos ou fixos, eles servem de base para a pesquisa em videoarte que decidimos traçar e sempre que confrontamos as obras entendemos que eles podem mudar de acordo com a relação entre artistas, obras e públicos. 65 Começamos a pensar e elaborar por fim o Concurso de VideoArte regido por normas de um edital específico para competição entre os discentes. Desta última etapa resultariam os vídeos concorrentes que irão compor a Mostra de VídeoArte “Os Rios: espaço, tempo e elementos”. Essa obras farão parte do encerramento do CPVA presencial e contará com a participação do público para interação e dos jurados para votação da melhor obra mediante barema, assim como na versão EaD, contudo não mais em espaço virtual. Cartaz: “Os Rios”, arte confeccionada pelo Docente para a Mostra de VídeoArte. Para organização da Mostra escolhemos um local e horário que favorece o modelo de exposição. Realizada no Ateliê de Artes Visuais, a noite no horário habitual de aula, o coordenador do Narravis, Professor Fúlvio, negociou a possibilidade dos professores do CARTES cederem as salas que lecionam para dar apoio ao curso direcionando suas turmas para exposição. A mostra foi marcada para um dia letivo com intuito de abranger os alunos presentes no campus da universidade. Os cartazes previamente distribuídos na sede da instituição e demais campus indicam sobre o evento na UNIVASF com todas as informações necessárias. 66 Os discentes tiveram uma aula específica para detalhamento do edital de participação (adaptado do modelo EaD) e tirar as dúvidas quanto a submissão da inscrição com roteiro, datas de entrega e a discussão sobre o tema. Escolhido pelo Discente, baseado na experiência pessoal de vivência e formação artística na região do Vale do São Francisco, a escolha dialoga também com temas locais e abrangem interesse a comunidade local. O tema é recorrente na região do Vale e muitas produções das Artes Visuais, Cênicas e da Música já adotaram o Rio São Francisco como fonte de inspiração e criação de repertórios culturais. Querendo dar oportunidade da videoarte traçar esse caminho, a apresentação do tema agradou os discentes que possuem algum tipo de relação com a sociedade na qual se inserem. O tema recorda uma fase da vida do Docente e de sua formação artística que remete ao espaço, ao tempo, recordações e composições criadas pela paisagem do Rio e as relações de afeto com Juazeiro e Petrolina. O tema foi motivado pela trajetória e o resultado é a retribuição artística. No processo, cada aluno se ocuparia de uma das salas de Artes no Ateliê e montaria a projeção e uma performance para ser executada em local no dia da Mostra. Esse projeto ainda está em fase de montagem posterior a entrega desta pesquisa. Dessa forma queremos abranger mais a experiência estética dos espectadores e fornecer uma exposição com mais recursos que dialoguem com a temática entre si. Os discentes concordaram em viver a videoarte naquele momento e se prontificaram a adotar o modelo da exposição pelo compromisso com a arte. 5.2 Considerações sobre o CPVA-Presencial: analisando os resultados do processo Tivemos um total de 9 encontros de 4 horas por sábado a partir da primeira aula totalizando 36h aula e as 4 horas restantes ficariam para o dia da montagem da Mostra. As discussões partiram da sala de aula para o grupo do Facebook com postagens de vídeos, concursos e festivais que iam surgindo na medida que o curso acontecia. O curso como fase presencial se destacou pela investigação da videoarte local e se dedicou a começar a produzir ligada ao contexto em que se insere. Buscou formar artistas/produtores que se interessem pelo tema e o propaguem de forma competente e consciente, sejam em grupos ou com propostas individuais. 67 Com o Curso formamos discentes com competências e habilidades em videoarte capazes de pensar a linguagem do vídeo e criar utilizando-se de técnicas e conceitos estudados suas próprias obras. Com essa pesquisa formamos pessoas capazes de participar de concursos, de organizar mostras de videoarte e também de integrar-se em forma de Grupo de Pesquisa e Investigação em videoArte. O curso presencial mantevese no aspecto educativo e do ensino como seu principal objetivo, mas também adentrou pela pesquisa do tema para expandir o CPVA para além das estruturas de sala de aula e não se encerrou posterior a ele com a criação deste grupo. Tentamos nos manter no exercício constante da troca de informações e contato durante a semana sem aula para evitar possíveis desistências e sensação de abandono que as aulas presenciais (uma vez por semana) poderia remeter, ainda mais com a frequência de feriados constantes. As dificuldades desta fase estão mais associadas aos imprevistos materiais e físicos do que propriamente ao método e compromisso com o curso. Uma diferença evidente entre os dois modelos de curso é que o presencial o Docente estabelece um vínculo e um contato mais direto com os Discentes, onde, muitos deles já são do mesmo convívio ou círculo social. É bastante comum que as relações de amizade, respeito e autoridade pudesse ser confundida, contudo, o compromisso e a forma como o curso foi conduzido recebeu avaliação positiva do corpo de alunos. Os motivos que levam a evasão e desistências são os principais fatores que contribuíram para um registro negativo do curso. O problema que é recorrente nos diversos tipos de cursos afetou o CPVA em números, mas não na sua qualidade. Acreditamos que uma quantidade maior de participantes mobiliza ainda mais o cenário local e chama a atenção para produção e enriqueceria a mostra. A passagem do saber mínimo para a formação do Grupo de Pesquisa é um avanço evidente pelo interesse e possibilidades que a videoarte apresentou. O curso garantiu uma série de experiências proporcionando uma troca para outras pessoas se assim desejarem. Não é comum profissionais ou artistas que trabalhem diretamente com o tema da videoarte na nossa região. O curso colabora para uma formação de artistas capazes de gerir suas próprias obras e dialogar sobre elas. O acerto vídeográfico mais uma vez se compôs aumentando o número de produções para mais de 30 obras em videoarte disponíveis no Canal do Curso34 no 34 - Canal onde estão hospedados todos os vídeos: <www.youtube.com/channel/UC879BIf0g6qZEykGFdZKajg/videos?view_as=public> 68 Youtube. Esse material servirá para mostras futura, compor também acervo das produções artísticas locais e material de consulta para eventuais pesquisadores de outras regiões e pessoas interessadas no tema. Possivelmente o CPVA-presencial é o primeiro a ensinar e produzir exclusivamente videoarte no âmbito local por maior período de tempo, cerca de três cursos em dois anos, formando artistas e buscando públicos para seus trabalhos com as realizações das mostras de vídeo. A falta de experiência e a diferença dos níveis de aprendizado de cada aluno não comprometeu o andamento do curso. Alguns alunos recebiam mais atenção nas aulas práticas do que os que dispunham de mais habilidades, contudo todos foram devidamente orientados desde a criação dos primeiros produtos audiovisuais até as obras finais que irão compor a Mostra de videoArte: Os Rios. A forma de avaliação por debate e produção demonstra o desempenho individual e coletivo dos discentes e de como eles aprendem e intendem a videoarte. No geral foi percebido resistência de alguns para com as adaptações do seu roteiro mediante orientação do Docente, ou ainda, se recusam a fazer mudanças no vídeo acreditando ser o resultado final a obra como ela deve ser, e não buscando compreender que as mudanças acarretam na possibilidade do vídeo atingir outras proporções, públicos e propostas visuais mais coerentes com as propostas. O curso presencial trouxe ampliação da proposta educativa do modelo EaD inspirado nas possibilidades e alcance do CPVA para a pesquisa. Destes dois modelos temos uma série de considerações que amarram a trajetória do curso. Assim como na videoarte a imagem que tanto se inspirou na TV e foi contra ela, os cursos, acabam por possuir pontos que se aproximam e se distanciam frequentemente. 69 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Enquanto recurso educativo o vídeo ao CPVA serviu a favor da disseminação da metodologia de ensino para as duas versões do curso, tanto a EaD quanto a Presencial. Aproveitamos ao máximo a experiência artística, a criação e propagação de ideias ligadas a arte, sempre destacando a importância de se utilizar os recursos atuais e tecnológicos ao nosso favor para mostrar a arte de forma inovadora, diferenciada. Tentamos tornar a arte um instante mágico, poético e significativo para educador e educando sempre refletindo sobre nossas obras. O Narravis forneceu o espaço e que funcionou como o alicerce de postura metodológica para pensar ações docentes em arte, defendo que o exercício levou o Docente à competência de ensinar arte pela experiência e aprimorá-la. O que tanto contribuiu para o CPVA ganhar a força de uma pesquisa está na capacidade do vídeo de abraçar as demais linguagens das Artes Visuais sendo um mecanismo de se ensinar e aprender e transformar. Pelo vídeo podemos satisfazer a complexidade da criação do artista e dar vida as diversas formas de construir a realidade. Mas o vídeo não é feito somente dos desejos do artista, dos efeitos, das edições ou do roteiro, ele é muito mais, e por isso sobreviveu a tantas transformações tecnológicas e as constantes idas e vindas entre cinema e televisão. O vídeo convive, atualmente com as novas condições de produção e fruição artísticas impostas pela grande demanda audiovisual e juntamente com elas vai sobrevivendo. As condições positivas fizeram o Curso formar discentes produtores de videoarte e fazer do cenário local um grande rio de fluxos de inspiração de ideias que levam a temática à seguir um novo caminho, mais livre, promissor, e uma nova opção para os que buscam formas diferenciadas de produções audiovisuais. As obras aqui produzidas se lançam ao âmbito das narrativas audiovisuais experimentais, se assim quiser, das narrativas lineares. A videoarte proporcionou uma vivência única que envolveu Docente e Discentes em um crescimento mútuo e processual. A vivência do processo de construção das obras, das infinitas possibilidades de criações e adaptações que o vídeo nos proporcionava instigou e nos fez produzir sempre buscando o melhor. Fizemos uma comparação entre os modelos de curso a todo momento mas sem nos ater a destacar melhores ou melhores formas, já que, ambos são bem consolidados e em constante transformação, possuem 70 particularidades únicas dos seus universos. O objetivo desta pesquisa se ateve a essas questões de análise e aos pontos que contribuíram para o acerto e para os erros e a partir daí estudar formas de solucionar esses problemas e propor melhorias nas práticas educativas e metodológicas em um curso teórico prático. Ambos os modelos do CPVA colaboraram para essa pesquisa, para a vivência educativa do Docente, para o aprendizado de todos os discentes ao longo dos semestres do curso. Contudo, a pesquisa tomou traços e se consolidou na sua fase presencial e se estendeu para além do curso com o grupo de pesquisa em videoarte organizado para continuar os estudos e criações posterior ao curso. A experiência de ensinar videoarte a distância foi algo desafiador, e que traz resultados satisfatórios e evidentes ao final do curso EaD. A forma insegura dos primeiros momentos de criação dos vídeos mostrou que os alunos estavam ao tempo todo buscando a expressão, testando seu olhar, apurando os sentidos e vivendo as formas de criação pelo sensível, seja com movimentos, com o corpo, gestos ou a performance, e isso proporcionou resultados imediatos e ampliou o conhecimento e a vivência criativa. Os vídeos têm sido cada vez mais utilizados como recurso pedagógico, além de ser o próprio tema do Curso aqui analisado. O uso de vídeos em educação agrega as ideias de múltiplos estilos de aprender e ensinar e também de múltiplas criações: discentes que aprendem melhor quando submetidos a desafios, a estímulos artísticos do audiovisual se pararmos para comparar com outros tipos de cursos apenas textuais e que hoje também se utilizam dos diversos mecanismos para diversificar as formas de se ensinar. O CPVA deu os primeiros passos de um processo em constante construção e melhoria para a educação das Artes Visuais pelos métodos de ensino EaD e presencial estruturados no Narravis com um corpo discente que contribuiu ativamente para a melhoria e qualidade do aprendizado pela forma intensa como se dedicam a videoarte. As obras enriquecem o repertório artístico do Curso e aumentaram cada vez mais as habilidades dos que pelo vídeo se interessaram, assim como, os primeiros videoartistas que se apropriaram dos elementos do seu tempo e propagaram uma inovação que perdura até hoje nas maiorias dos meios de comunicação visual do entretenimento midiático. Esses alunos agora fazem parte de um grupo maior que iniciou a Produção VídeoArte na região do Vale do São Francisco e serão futuramente lembrados nesse curso de propostas tão pioneiras. É imprescindível, portanto, que as obras e produções se multipliquem, inclusive para avaliar como é possível superar as limitações criativas ao nosso redor. 71 REFERÊNCIAS ARZI-RIBEIRO, R. A. Entre cinema e vídeo: tensões e interações na videoarte brasileira. In: INTERCOM - XVIII Congresso de Ciências da Comunicação Região Sudeste, 2013, Bauru. Anais do XVI Congresso de Comunicação da Região Sudeste, 2013. v. 01. p. 01-15. BELLOUR, Raymond. Entre-Imagens. São Paulo: Papirus, 1997. DUBOIS, Philippe. Cinema, vídeo e Godard. São Paulo: Cosac & Naify, 2004. FLORES, Fulvio Torres. Extensão e Educação a Distância em Dois Cursos de Literatura. Revista Cultura e Extensão USP, São Paulo, v. 12, 2014. (No prelo) LIMA, Érika Rossana Passos de Oliveira; MOITA, Filomena M. Gonçalves da Silva Cordeiro. A tecnologia e o ensino de química: jogos digitais como interface metodológica. In: SOUSA, Robson Pequeno de; MOITA, Filomena M. Gonçalves da Silva Cordeiro; CARVALHO, Ana Beatriz Gomes. (Org.). Tecnologias digitais na educação. Campina Grande-PB, EDUEPB, 2011. p. 131-154. LIMA, M. X.. Videoarte no Brasil: história e conceitos. In: XIV Colóquio Internacional da Escola Latino-Americana de Comunicação, 2010, São Paulo. Anais do XIV Colóquio Internacional da Escola Latino-Americana de Comunicação, 2010. SOUZA, I. M.. A videoarte na vida de Nam June Paik. Revista Tucunduba, v. 01, p. 70-75, 2010. MILL, D.; ABREU-E-LIMA, D.; LIMA, V.; TANCREDI, R. O desafio de uma interação de qualidade na educação a distância: o tutor e sua importância nesse processo. Cadernos da Pedagogia (Ufscar. Online), v. 2, p. 112-127, 2008. NARRAVIS. Narrativas e Visualidades. Disponível em: <Http://www.narravis.com.br/cursosoferecidos2014_1.html>. Acesso em: 10 mar. 2014 RENEX. Rede Nacional de Extensão. Plano nacional de extensão universitária. Disponível em: <http://www.renex.org.br/documentos/Colecao-ExtensaoUniversitaria/01-Plano-Nacional-Extensao/Plano-nacional-de-extensao-universitariaeditado.pdf>. Acesso em: 15 maio 2014. 72 RODRIGUES, F. L. F.; ZANINELLI, R. Literatura e adaptação cinematográfica: diferentes linguagens, diferentes leituras. Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades, v. VIII, p. 45-58, 2009. TUTORIA EM EAD / Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretoria de Tecnologias Educacionais. – Curitiba: SEED – Pr., 2010. - 20 p. – (Cadernos temáticos). ZANINI, Alessandra - Vídeoarte: imagens do ontem e do hoje. (2012) Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mydownloads_01/viewcat.php?cid= 33&orderby=titleD>. Acesso em: 17 abr. 2014 ZANINI, Walter. Primeiros tempos da arte/tecnologia no Brasil. In:________. A arte no século XXI: A humanização das tecnologias. São Paulo: UNESP, 1997. 73 ANEXOS: (ANEXO 1): Guia Didático do CPVA-EaD PROFESSOR: Robério Brasileiro NOME DO CURSO: Produção de Vídeo-arte CARGA HORÁRIA: 40H N° DE INSCRITOS: 20 EMENTA O curso trabalhará com manuseio de equipamentos de filmagem básicos e comuns (celular e cameras compactas), som e iluminação, captura e decoupagem, edição de vídeo-arte com objetivo trazer a arte para as produções de video e ampliar as discussões sobre o tema. PRÉ-REQUISITOS informática básica e MUITO interesse em aprender. Não se assuste com os termos caso não tenha conhecimento ainda. Todos eles serão trabalhados com calma ao longo do curso, qualquer um com computador simples pode desenvolver as etapas do curso. MATERIAIS celular, camera comum (que filme), computador, softwares (windows movie maker por exemplo). - Vídeos disponíveis no website Youtube. Os links para esses vídeos serão postados no Moodle no decorrer das aulas. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO • Roteiro e Produção: introdução ao tema, estado da arte da produção audiovisual 74 • Noções básicas de elaboração de roteiro: modelos, estrutura, linguagem, adaptação de texto. • Etapas de produção: planejamento, cronograma, pesquisa. Escolha do tema dentro da videoarte que o aluno irá trabalhar: dança, performance, artes plásticas, atuação, etc. • Captação de imagem: tipos de câmera de vídeo, operações básicas, recursos, acessórios, cuidados com o equipamento, enquadramento, iluminação, sonorização. • Roda de conversa sobre roteiro, pré-edição, edição e finalização (POR ETAPAS, as rodas de CHAT e debate acontecem de acordo com a etapa do projeto em que estamos). • Apresentação de Formatos de vídeo e áudio para Web . • Finalização dos produtos de video-arte. • Apresentação dos videos produzindo pelos alunos em um canal do youtube para a grupos na web (universidade e outros cursos) AVALIAÇÃO • Participação nas discussões do fórum. • Cumprir as etapas do roteiro • Entrega do roteiro de video-arte • Execução das etapas de filmagem • Projeto Final – entrega do video com duração máxima de um minuto via Link postado no moodle. *As notas serão feitas com base em um BAREMA. DATAS A definir durante as aulas do curso. (ANEXO 2) – Barema para Alunos BAREMA – PRODUÇÃO EM VIDEOARTE PROFESSOR: ROBÉRIO BRÁSILEIRO ATIVIDADE – PRODUTO AUDIOVISUAL MODALIDADE: VIDEOARTE TÍTULO: DURAÇÃO: FORMATO: 75 ROTEIRO(A): DIREÇÃO: BAREMA – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ÍTEM ASPECTO ROTEIRO + VIDEO– Ideia principal do que será utilizado e como será construído o documentário a partir do roteiro. [esse quadro apenas para professor] Pontualidade na Entrega – até dia 05/05, através de email seguindo os critérios de entrega no moodle Coesão – sentido no que foi entregue / na idéia do roteiro PRODUTO entregue dia 05/05/2013 – PARA OS ALUNOS Criatividade, ousadia e funcionalidade para o âmbito ORIGINALIDADE e ADPTAÇÃO DO ROTEIRO da videoarte. (aplicação na proposta do projeto) Diversidade de planos Estabilidade na imagem IMAGEM – recurso imagético que permita a Gravada compreensão da ideia. Iluminação – respeito aos princípios da visibilidade Qualidade das imagens SOM - audibilidade: o que promove a compreensão do som capturado + à utilização Qualidade/audibilidade de trilha sonora (caso haja). DIÁLOGOS/LENGENDAS – qualidade das entrevistas, falas e a organização de modo que Qualidade nas as torne interessantes para o público. entrevistas/falas ou legendas EDIÇÃO – domínio sobre a junção dos planos e significação da ideia: tornar inteligível. RESUMO/SINOPSE Coerência (sentido/razão) Qualidade Resumo contendo de três a cinco linhas sobre o produto. TOTAL PONTUAÇÃO MÁXIMA 1,0 0,5 2,0 0,5 0,5 0,5 0,5 1,0 1,5 0,5 1,0 0,5 10,0 (ANEXO 3) – Modelo do Edital do Concurso do CPVA. EDITAL n°. 002 INSCRIÇÃO DE PROPOSTAS PARA O 3º CONCURSO DE VIDEOARTE – “(Os Rios: espaço, tempo e elementos)” PONTUAÇÃO OBTIDA 76 O Curso Produção VideoArte, por meio do Narravis, com o objetivo de incentivar e fomentar às atividades artísticas vinculadas a videoarte bem como suas vertentes, torna público a abertura das inscrições de propostas dos interessados em participar do “3º Concurso de Videoarte – “Os Rios: espaço, tempo e elementos”, de acordo com as normas e condições constantes deste Edital. 1. DA PARTICIPAÇÃO 1.1. O 3º CONCURSO DE VIDEOARTE – “OS RIOS: ESPAÇO, TEMPO E ELEMENTOS”, será realizado presencialmente no Ateliê de Artes Visuais-UNIVASF, dentro do curso de extensão NARRAVIS no período de 15 e 16 de Junho de 2014 e será aberto a artistas/discentes do Curso de Produção VídeoArte inscritos regularmente. 1.2. A participação no 3º CONCURSO DE VIDEOARTE – “OS RIOS: ESPAÇO, TEMPO E ELEMENTOS”, é aberta a qualquer aluno matriculado regularmente no curso e que cumpriu todas as etapas de atividades do curso até o início deste edital. 1.3. Todos alunos participantes devem inscrever-se por etapas, seguindo uma única temática: PERFORMANCE. Levando em consideração a abrangência da palavra e o tema do concurso: “OS RIOS: ESPAÇO, TEMPO E ELEMENTOS”. 1.3.1. Para cada performance o aluno poderá adequar UMA ou MAIS linguagens das artes visuais: Desenho, Pintura, Cerâmica, fotografia, dança, teatro, poesia, intervenção urbana, etc. 1.3.2. Nas escolhas os alunos devem arcar com todos os materiais que vão precisar, bem como a organização das etapas que deve cumprir até seu trabalho estar totalmente habilitado para participar do concurso. 1.3.3. Não serão permitidos videoclipes exclusivamente musicais, para esse edital. 1.4. Serão 3(TRÊS) etapas do concurso: 1–INCRIÇÃO DOS ROTEIROS. 2– INSCRIÇÃO DOS VÍDEOS. 3–CONCURSO DE VIDEOARTE: OS RIOS: ESPAÇO, TEMPO E ELEMENTOS. 1.4.1 As etapas acontecerão com acompanhamento do professor do curso. Durante a semana 1(UM) DE 13 A 19 DE JULHO a inscrição dos ROTEIROS via email. Durante a semana 2(DOIS) DE 20 JULHO A 03 DE AGOSTO a CONSTRUÇÃO DOS VIDEOS nas aulas práticas e ENTREGA em PENDRIVE até o LIMITE 03 DE AGOSTO do PRODUTO FINAL. Na última semana, 15 e 16 DE AGOSTO, o CONCURSO, EXIBIÇÃO E TÉRMINO DO CURSO DE VIDEOARTE. 1.5. Não serão aceitos trabalhos anteriores, cópias, bem como obras executadas fora das etapas e fora do tema do concurso ou sem orientação do professor. 77 1.6. O professor poderá participar sem concorrer a premiação. Apenas para incentivar e engajar-se com os alunos dentro do concurso. O professor deverá orientar os roteiros, sempre que achar necessário. 2. DA INSCRIÇÃO 2.1. A inscrição deverá ser feita mediante a submissão nas etapas do concurso descritas acima. Devendo os alunos preencherem a ficha de inscrição disponível no grupo (www.facebook.com/Produçãovideoarte), posterior ao lançamento desse edital. Sendo obrigatório o envio da ficha preenchida para o email: [email protected] até o final do concurso. 2.1.1. Serão aceitas apenas obras individuais. 01 (uma) ficha de inscrição por aluno concorrendo. Bem como uma proposta de roteiro e vídeo para o concurso por aluno/artista. 2.2. As inscrições serão gratuitas e efetuadas no período de 13 a 19 de Julho de 2014, via ficha de inscrição disponível em grupo. 2.2.1. Os trabalhos em VídeoArte deverão ter no máximo 05 (cinco) minutos de duração e mínimo de 3 minutos sendo editado para reprodução em “looping” para a EXIBIÇÃO e outro com CRÉDITOS e TÍTULOS para internet. 2.3. Para cada semana, o participante deverá encaminhar os materiais e atividades solicitados pelo orientador dos projetos, no caso o professor, dentro dos prazos. De forma que, é irrevogável o prazo de entrega dos roteiros e dos vídeos. As datas estarão disponíveis dentro do edital no ítem 1.4.1. 2.4 Cada inscrito realizará sua mostra e montagem adequando-a com o espaço pelo qual ficou responsável. Salas dos Ateliês de Artes Visuais propondo que o espaço também faça parte de sua obra e a linguagem a qual ele se refere. 3. DA PREMIAÇÃO 3.1. As obras inscritas serão submetidas a um processo de seleção para premiação a cargo de uma comissão composta por 3 (TRÊS) membros indicados pelo professor deste Curso de Produção VídeoArte oferecido pelo Narravis. Este processo, se dará em etapa única, no dia da exibição/mostra dos vídeos no espaço de Artes Visuais. 3.1.1. Um dos critérios de avaliação das obras será a adequação do roteiro a obra visual produzida e ao seu espaço, onde, os jurados terão acesso ao roteiro e o vídeo antes da exibição/mostra. 78 3.1.2. A avaliação dos trabalhos deverá levar em conta a originalidade e a linguagem estética, a ousadia quanto aos recursos e PRINCIPALMENTE ao uso da PERFORMANCE bem como o tema do CONCURSO “OS RIOS: ESPAÇO, TEMPO E ELEMENTOS”. 3.2. As obras só não serão selecionadas se fugirem completamente o tema, a proposta do roteiro e a falta de orientação, que será antes de mais nada avaliada pelo professor e, devolvida ao aluno para adequações de acordo com as atividades propostas em tempo hábil para que assim o inscrito não corra nenhum risco de perder a sua participação no concurso. 3.3. A Comissão de Seleção e Premiação lavrará ata imediatamente após o julgamento dos trabalhos, cujo resultado será tornado público através das redes sociais, cursos da UNVIASF e anúncios em e-cartaz pela internet. No caso dos artistas selecionados, estes, serão comunicados, também, via e-mail ou outra informação constante na ficha de inscrição, logo após o resultado da premiação. 3.4. A Comissão de Premiação deverá conferir ao 1º lugar o prêmio SIMBÓLICO: 1 TROFÉU VIDEOARTE + CERTIFICADO DO CURSO de PRODUÇAÕ EM VIDEOARTE-NARRAVIS + Certificado de 1º LUGAR NO CONCURSO DE VIDEOARTE: OS RIOS: ESPAÇO, TEMPO E ELEMENTOS. 3.4.1. Todos os outros participantes receberão o certificado conclusão do curso de Produção em VideoArte-Narravis e certificado de participação no concurso. 3.5. O Prêmio simbólico será entregue ao ganhador no dia da mostra e os certificados apenas por meio digital via e-mail, posteriormente. Parágrafo Único. Será selecionado um único trabalho, entre todos os vídeos inscritos para receber o prêmio “TROFÉU DE 1º LUGAR NO 3º CONCURSO DE VIDEOARTE – “OS RIOS: ESPAÇO, TEMPO E ELEMENTOS” 4. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 4.1. A Comissão Organizadora será composta pelo Mestre e Professor Wayner Tristao, pelo Dr. Professor Fúlvio Torres Flores e pela Doutora e Professora Fabiane Pianoski. O professor do curso de Produção VideoArte atuará como mediador entre os produtos de videoarte dos alunos e os demais avaliadores. 4.2. Caberá exclusivamente à Comissão Organizadora o Conceito da Montagem da Mostra (se houver) bem como determinar o vencedor do Concurso. 4.3. Os alunos devem manter os links das obras audiovisuais de videoarte ativas depois da mostra/exibição dos seus vídeos na internet via canal de youtube. 79 4.4. Os vídeos, todos que participarem do curso de Produção em Videoarte dentro do Narravis bem como no Concurso de Videoarte passará a integrar o acervo do mesmo, executando-se a obra de exibição/mostra quando necessário, podendo ser enviadas para mostras de quaisquer naturezas dentro ou fora do país, por tempo indeterminado, ficando a disposição do curso após a realização das atividades do Narravis e do curso de videoarte. 4.5. As obras de vídeo serão incorporadas ao acervo do Curso Produção VídeoArte - NARRAVIS, que passa a ter total liberdade para deliberar quanto a sua destinação, de acordo com a Lei de Direitos Autorais. 4.5. Os casos omissos a este regulamento serão resolvidos pela Comissão Organizadora. 4.6. A Comissão Organizadora terá autonomia para recusar inscrições que não estejam de acordo com o presente Regulamento. 4.7. O ato da inscrição implica na automática e plena concordância com as normas deste Regulamento. 4.8. Outras informações poderão ser obtidas dentro do curso Produção VideoArte dentro do Narravis nas semanas destinadas ao concurso. JUAZEIRO – BAHIA, 13 DE JULHO DE 2014. ROBÉRIO BRASILEIRO MOTA JUNIOR Professor do Curso de Produção VideoArte - Narravis