Construção quer produtividade - Sinduscon-SP

Transcrição

Construção quer produtividade - Sinduscon-SP
EDITORIAL
Superar gargalos
Sergio Watanabe*
U
m importante jornal paulista
publicou em abril reportagem
sobre os gargalos enfrentados
pela construção imobiliária, com uma manchete inusitada: “Construtora atrasa obra e
eleva custo do imóvel em SP”. Uma leitura
apressada pode dar a impressão de que,
propositalmente, determinada empresa
ou um grupo delas estaria deixando de
cumprir prazos de entrega e, com isso,
penalizando os adquirentes.
É fato que diversas construtoras
enfrentaram problemas para manterem
seus cronogramas em dia. Mas nenhuma
empresa está retardando de propósito os
prazos contratados. Atrasos não interessam às empresas da construção porque
elas sofrem os maiores prejuízos financeiros e desgastes.
Hoje, o número de obras com dificuldades no cumprimento do cronograma é
reduzido e tende a diminuir. Os problemas
residem nos gargalos já conhecidos. Um
dos principais é a complexidade existente
de maneira geral na obtenção dos licenciamentos dos órgãos públicos, muitos dos
quais também vêm sofrendo em face do
aumento dos pedidos de aprovação dos
projetos de edificação.
Outro gargalo conhecido é a escassez de mão de obra. Hoje, a indústria da
construção vivencia uma situação de pleno
emprego.
Soluções para estes problemas estão
sendo equacionadas. Órgãos públicos se
aparelharam para atender rapidamente o
novo patamar de lançamentos imobiliários. Empresas treinam trabalhadores nos
próprios canteiros. Aumenta o número de
vagas nos cursos de formação nas profissões técnicas da construção oferecidas
pelo Senai e pelos convênios celebrados
O setor precisa
de desoneração
para elevar sua
produtividade
por entidades diversas com o Ministério
do Trabalho.
A necessidade de atrair novos segmentos de trabalhadores para a construção civil
acabou sendo incluída nas convenções
coletivas deste ano. Nelas, o Sindus­Con-­­
SP e os sindicatos dos trabalhadores se
comprometeram a envidar esforços visando a inserção de mulheres no mercado
de trabalho da construção, bem como a
favorecer a inclusão social nos canteiros
de obras.
Também foi auspiciosa a iniciativa do
governo federal de lançar o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico, para
capacitar 3,5 milhões de trabalhadores até
2014, dos quais 500 mil ainda em 2011.
Uma vez que gargalos desta enverga-
dura não se resolvem da noite para o dia,
as construtoras, numa atitude responsável,
se comprometem com prazos de entrega
um pouco mais dilatados ao lançarem novos empreendimentos.Trata-se de situação
transitória, que certamente será alterada
assim que os gargalos forem superados.
Para que essa dilatação não se reflita
nos custos, as construtoras buscam elevar
a produtividade por conta de inovações
tecnológicas em processos construtivos. E
contam com a concorrência na indústria de
insumos de construção para obter produtos
acessíveis e de qualidade. Por isso, toda
a cadeia produtiva requer incentivos para
investir em tecnologia.
Neste ponto, o SindusCon-SP espera
que os sindicatos dos trabalhadores se
unam às construtoras em favor de uma
maior qualificação dos profissionais e
da desoneração dos investimentos em
novas tecnologias. Com aumento da produtividade, se buscará atenuar o efeito do
expressivo reajuste salarial concedido em
maio sobre o custo das obras.
A tecnologia será ainda mais acessível
se o governo conseguir desonerar a folha
de salários. No projeto de lei em preparação, espera-se que a compensação
para evitar uma queda de arrecadação do
INSS não penalize aquelas empresas que
conseguem empregar mais justamente por
terem um faturamento maior.
* Presidente do SindusCon-SP
,
entários, críticas
Envie seus com
as
stões de tem
perguntas e suge
:
na
para esta colu
.br
dusconsp.com
presidente@sin
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
3
Presidente
Sergio Tiaki Watanabe
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R. Dona Veridiana 55, 2º andar - 01238-010 - São Paulo
voz do leitor
MISSÃO CUMPRIDA
“A reportagem Londres respira sustentabilidade (Notícias da Construção, edição 99)
foi bastante feliz transmitir as percepções
dos integrantes da Missão Técnica Inglaterra
2011 do SindusCon-SP em relação aos benefícios da adoção do BIM e da sustentabilidade
em todos os elos da construção. Além de
retratar amplamente a maratona de visitas
realizadas, o texto prestou um belo serviço
a todos aqueles que estão empenhados no
aperfeiçoamento contínuo da construção brasileira. Parabéns à repórter Nathalia Barboza.”
Salvador Benevides
Diretor de Relações Internacionais do
SindusCon-SP
Vice-presidentes
Cristiano Goldstein
Delfino Paiva Teixeira de Freitas
Francisco Antunes de Vasconcellos Neto
Haruo Ishikawa
José Antonio Marsilio Schwarz
José Carlos Molina
José Roberto Pereira Alvim
Luiz Antônio Messias
Marcos Roberto Campilongo Camargo
Maristela Alves Lima Honda
Mauricio Linn Bianchi
Odair Garcia Senra
Paulo Brasil Batistella
Diretores das Regionais
José Batista Ferreira (Ribeirão Preto)
José Roberto Alves (São José dos Campos)
Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente)
Luiz Cláudio Minniti Amoroso (Campinas)
Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru)
Paulo Piagentini (Santo André)
Ricardo Beschizza (Santos)
Ronaldo de Oliveira Leme (Sorocaba)
Emilio Carlos Pinhatari (São José do Rio Preto)
Representantes junto à Fiesp
Titulares:
Eduardo Capobianco, João Claudio Robusti
Suplentes:
Sergio Porto, Artur Quaresma Filho
6
Capa
Mão de obra:
a construção
busca acertar
o passo
Comissão busca melhoras no PAC
Painel discute cuidado ao terceirzar
14
Habitação
Moradia Digna define agenda
21
Eventos
Enic colabora em ação anti-sarampo
23
Qualidade
Diálogo do setor avança na ABNT
29
SindusCon-SP em Ação
Construção quer produtividade
Fórum debate mão de obra
conselho editorial: Delfino Teixeira de Freitas,
Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício
Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto,
Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto
SUPERINTENDENTE: Antonio Laskos
gerência de mercado: Igor Archipovas
Secretaria: Marcia Laurino
editor responsável: Rafael Marko
16
Meio Ambiente
Gestão de resíduos, tema estratégico
20
Relações Internacionais
Cônsul britânico recebe homenagem
30
Regionais
Campinas incentiva financiamentos
Secretário dialoga sobre projetos
Ribeirão forma operador de elevador
Regional dá orientação em canteiro
Rio Preto discute segurança
Bauru debate qualidade e inovação
Sorocaba estimula qualificação
colunistas
Robson Gonçalves – Conjuntura
28
12
Celso Petrucci – Financiamento
34Antonio Jesus de Britto Cosenza - Marketing
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José Carlos Puoli – Legislação Ambiental
36Alexandre Navarro e Fabiano Marcos – Jurídico
24
Maria Angelica Covelo Silva – Motivação
38
26
Pedro Luiz Alves – Motivação
40Ercio Thomaz - Soluções Inovadoras
5
Assessoria de Imprensa
Rafael Marko - (11) 3334-5662
Nathalia Barboza - (11) 3334-5647
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REDAÇÃO:
Nathalia Barboza (São Paulo)
com colaboração das Regionais:
Ester Mendonça (São José do Rio Preto)
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(São José dos Campos)
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Tiragem desta edição: 9 mil exemplares
As opiniões dos colaboradores não refletem
necessariamente as posições do SindusCon-SP
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42Vahan Agopyan - Inovação
4
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
“O papel desta revista foi feito com madeira de
florestas certificadas FSC e de outras fontes
controladas.”
CONJUNTURA
Dilema cambial
Robson Gonçalves*
A
Economia é realmente fascinante. Em poucas áreas do
conhecimento, boas notícias
somadas podem se transformar em uma
má notícia ou num dilema. Por estranho
que pareça, esse é o caso das contas
externas brasileiras.
Em abril, uma importante agência
internacional elevou a classificação de
risco do país, uma ótima notícia. Estamos
cada vez mais consolidados como uma
economia confiável, ainda que sujeita aos
solavancos dos emergentes. Quase de
imediato, a cotação cambial desceu mais
um degrau, firmando-se abaixo de R$ 1,60
por dólar. Essa também poderia ser uma
boa notícia. Afinal, as compras dos turistas
brasileiros nos exterior se tornaram ainda
mais baratas, fazendo a alegria da classe
média. Ao mesmo tempo, alguns itens
importantes da cesta básica tendem a
ficar mais baratos ou, pelo menos, subir de
preço mais lentamente, como trigo, arroz e
óleo de soja. Sem falar dos combustíveis.
Mas esse movimento de valorização
do real deve ser visto com mais atenção.
Nos primeiros dois meses do ano (última
informação disponível no momento do
fechamento deste texto), as reservas internacionais haviam crescido mais de US$
18 bi, superando a marca de US$ 307 bi.
O grande responsável por esse acúmulo
foram as contas financeiras. No mesmo
período, ingressaram no país cerca de
US$ 27 bi em capitais estrangeiros. Em
igual período de 2010, esse ingresso havia
sido de “apenas” US$ 11 bi. De novo, não
parecem más notícias. Afinal, o mundo
está redobrando suas apostas no país e
aplicando aqui seus recursos.
Ocorre que boa parte desses capitais
busca títulos do Tesouro, remunerados
Na Economia,
fatos positivos
podem virar uma
notícia ruim
pela Selic. Considerando o ano de 2010
como um todo, ingressaram no país liquidamente mais de US$ 100 bi em capitais
estrangeiros. Destes, nada menos que
US$ 64 bi eram capitais de curto prazo,
atraídos pelo imenso diferencial de juros
interno-externo.
É verdade que os fluxos de capital
produtivo também estão apresentando um
bom desempenho. No primeiro bimestre,
os ingressos dessa modalidade de capital
somaram US$ 19 bi contra pouco mais de
US$ 7 bi em capitais especulativos. Mas o
upgrading recente em nossa classificação
de risco internacional tende a ter efeitos
rápidos sobre os fluxos mais voláteis e
pode mais uma vez impulsionar a entrada
de capitais especulativos, gerando novas
ondas de valorização cambial. Enquanto
isso, a economia real sofre a perda de
competitividade frente aos produtos estrangeiros. Produzir no Brasil está ficando cada
vez mais caro em dólares, fato que tende
a tornar o país cada vez menos atrativo
para os capitais produtivos. No curtíssimo
prazo, o governo tende a ser tolerante com
esse quadro, pois o dólar baixo contribui
para segurar alguns preços importantes
na composição da inflação, já bastante
pressionada pelo excesso de demanda
que parece não perder impulso, apesar do
encarecimento do crédito.
Nesse ponto o círculo de boas notícias se fecha, numa autêntica armadilha.
Medidas mais severas para espantar os
capitais especulativos podem ser vistas
com desconfiança pelos investidores
internacionais, sempre prontos a apontar
ameaças às “boas práticas de mercado”
quando seus ganhos estão em xeque. Ao
mesmo tempo, em tempos de pressão
inflacionária, o ajuste cambial jogaria a
favor da alta de preços. Nesse contexto,
a melhora de nossa classificação de risco
só veio agravar os dilemas da política
econômica. Precisamos de uma operação
delicada para realinhar o quadro macroeconômico. Vamos torcer pelos nossos
governantes. Sinceramente.
* Professor dos MBAs da FGV
e consultor da FGV Projetos
,
entários, críticas
Envie seus com
as
stões de tem
perguntas e suge
:
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robson.goncalve
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
5
CAPA
Setor busca
acertar o passo
Nathalia Barboza
6
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Falta de qualificação, alta rotatividade da mão de obra, queda da
produtividade, incertezas sobre os
limites da terceirização e salários
nas alturas. Depois de a construção
se curar da escassez e elevação de
preços de materiais e insumos entre
2007 e 2008, que infernizou os setores de compras das construtoras,
agora são os RHs que experimentam
as dores do crescimento acelerado
vivido desde 2005 pelo setor.
A Sondagem Especial da Construção Civil, rea­
lizada pela CNI
(Confederação
Nacional da Indústria), com
apoio da CBIC
( C â m a ra B ra s i leira da Indústria
da Construção)
sobre a falta de
trabalhador qualificado revelou que se trata de um
problema para 89% das empresas do
setor da construção pesquisadas. Já
a alta rotatividade dos trabalhadores
foi apontada por 56% das construtoras pesquisadas como uma das
principais dificuldades das empresas
para capacitá-los. A pesquisa revelou
ainda que 94% das que enfrentam a
falta de mão de obra qualificada têm
dificuldade em encontrar profissionais ligados à obra, como pedreiros
e serventes.
Ainda de acordo com a pesquisa,
61% das empresas que enfrentam o
problema da falta de trabalhador qualificado entendem que a questão afeta
a busca pela eficiência e a redução
de desperdícios.
Uma outra pesquisa, do Centro de
Pesquisas Sociais (CPS) da Fundação Getulio Vargas (FGV), chama a
atenção para o fato de que o apagão
de mão de obra no setor não ocorre
por ausência de pessoas que não
estudaram. Pelo contrário, a pesquisa
“Trabalho, educação e juventude na
construção civil” revela ser justamente porque o jovem de origem humilde
passou a estudar mais nos últimos 20
anos que ele não quer mais o trabalho
braçal. A pesquisa foi encomendada
pelo Instituto Votorantim e divulgada
em abril.
O diagnóstico do economista Marcelo Neri, coordenador do CPS/FGV,
é que “as empresas do setor vão ter
que pagar mais para atrair os jovens,
até porque o pesquisador constatou
que a construção civil está cada vez
mais se tornando
um setor de meia
idade. Entre 1996
e 2009, a participação de trabalhadores de 15 a
29 anos no setor
caiu de 36,5%
para 29,2%, e é
n e s t a fa i x a q u e
estão os profissionais com maior escolaridade –média
de 8,06 anos de estudo, ante 4,78
anos de estudo entre os com mais
de 40 anos.
Segundo Neri, “o aumento de renda na construção civil cresce em ritmo
mais acelerado do que em outros
setores nos últimos anos. Entre 2003
e 2009, enquanto os ganhos na construção subiram 3,2%, o crescimento
em outras atividades foi de 2,58%”.
No entanto, “os trabalhadores da
construção ainda ganhavam abaixo
dos demais setores em 2009: R$ 933,
ante média de R$ 1.094 do restante
das ocupações.”
“O governo precisa colocar em
prática o mais rápido possível seu
projeto de geração de uma política
nacional de qualificação”, sugere
Har uo Ishikawa, vice-presidente
de Relações Capital-Trabalho do
SindusCon-SP e diretor da Ishikawa
Engenharia.
Empresas contam
como estão driblando
falta e alta rotatividade
da mão de obra
Mão de obra futura
Para superar este gargalo, ele
conta que vem contratando ajudantes pelo piso salarial de servente e
os colocando para trabalhar desde o
primeiro dia em várias funções diferentes, sempre ao lado de operários
qualificados, até que o novato encontre a atividade que mais lhe agrade.
“Como não conhecemos inicialmente
o perfil dele, se for alfabetizado
poderá trabalhar de carpinteiro; se
não, de pedreiro. Somente a partir do
momento em que ele amadurece e
encontra sua vocação, o trabalhador
é indicado para um treinamento do
Senai”, diz Ishikawa.
Lá, ele deverá fazer sua capacitação por um período que vai de 6
meses a um ano. “Depois disso, o
piso dele sobe para o de trabalhador
qualificado. É o jeito. Sem isso, não
vejo como gerar uma política de mão
de obra futura”, afirma o empresário.
“Claro que a produtividade de
um trabalhador não qualificado não
é mais a mesma. Hoje, um pedreiro
experiente faz de 10 a 16 metros
quadrados de alvenaria por dia. O
não qualificado faz menos da metade
disso. Um azulejista sem treinamento
também não rende mais do que 50%
de um habilitado”, calcula.
Retenção de profissionais
Para Jorge Batlouni Neto, diretor
da Tecnum & Corporate, a maior dificuldade é na retenção do profissional.
“A rotatividade da mão de obra nos
canteiros tem sido muito forte e isto
é muito penoso, pois todo o treinamento feito em cima do profissional é
perdido, além do impacto negativo na
produtividade da obra”. Segundo ele,
“apesar dos aumentos significativos
dos salários, a rotatividade não tem
diminuído. Há falta de bons profissionais em todas as áreas, mas, sem
dúvida, a de engenheiros e pedreiros
tem sido mais grave”.
Ele adverte não haver uma fórmula
mágica. “Mas temos mantido salários
de mercado, mostrado aos profissio-
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
7
nais a vantagem de trabalhar numa
empresa que respeita a boa técnica,
o meio ambiente e os aspectos de
segurança”, pondera o diretor da Tecnum. Ele conta que, além disso, tem
investido na capacitação dos profissionais, quer em cursos de graduação
e pós-graduação, quer em seminários
e cursos paralelos sobre assunto
diversos, como a Norma de Desempenho e o BIM (Building Information
Modeling). “No canteiro de obras,
temos feito eventos motivacionais
como churrasco de confraternização,
por exemplo”, revela Batlouni.
Fiscalização
Com o custo da mão de obra nas
alturas, Carlos Alberto Borges, sócio
da construtora Tarjab, tem intensificado as ações de treinamento e principalmente de fiscalização dos trabalhos
no canteiro. “Por conta da falta de
qualificação, a qualidade e a produtividade caíram muito. Temos convênios
com o Senai, para treinar nos canteiros
de obra os nossos carpinteiros, e com
um projetista de fôrmas. Além disso,
contratamos mais pessoas para a área
de qualidade e estamos dando mais
peso à equipe de
obra para fazer
as fiscalizações,
até porque está
c a d a ve z m a i s
difícil contratar
empresas que
entreguem qualidade”, relata.
“Não é possível
formar pessoas
rapidamente.”
Borges estima que a produtividade
tenha caído 10% na etapa de estruturas. “O índice piorou. Precisamos de
mais homens-hora para cada metro
quadrado de fôrma executado, especialmente quando se sai de São Paulo.
O trabalhador de outras cidade precisa de um período de maturação do
processo de trabalho do qual não dis-
pomos. Precisamos de
resultados”,
assinala.
Segundo Borges a
política interna da Tarjab para os
estagiários
t a m b é m fo i
alterada para
permitir que
cada um deAmarradeira automática para vergalhão reduz 70% da necessidade de mão de obra
les execute
projeto de canteiro foi respeitado, se
sempre o mesmo serviço, na expecas equipes foram treinadas, se estão
tativa de que se tornem especialistas
fazendo a gestão correta dos resíduos
nas tarefas. “Hoje, estamos treinando
e se as fichas de controle dos materiais
pessoas para treinar outras pessoas.”
estão em ordem”, descreve Bernardes.
O grupo é formado por uma enControle de qualidade
genheira civil e dois engenheiros de
Com o objetivo de reduzir os riscos
qualidade, que são responsáveis por
da expansão dos negócios, a partir de
auditar a qualidade real das obras, mas
2009 a Tecnisa conta com uma espécie
“vai crescer” ainda em 2011. A primeira
de esquadrão, cuja missão é zelar pela
auditoria é de orientação. A partir da
qualidade das obras da empresa. O
segunda, os resultados da empresa
gerente de Desenvolvimento Tecnolósão colocados à prova.
gico da Tecnisa, Maurício Bernardes,
“Em 2010, o setor realizou 135
explica que o Departamento de Quavisitas a canteiros e auditou quase 5
lidade e Produtividade já existia antes
mil itens. Sem contar os cursos para
disso, mas desde
os engenheiros de obra, as equipes
então cresceram
de canteiro receberam 370 treinaos investimentos
mentos diretos do grupo”, contabiliza
num sistema mais
Bernardes.
rígido de controle
Segundo ele, depois de dois anos,
de qualidade caa empresa começa a sentir uma mupaz de garantir a
dança de postura em relação ao grupo
implementação das
verificador. “Deixamos de ser os chatos
regras da ISO 9001
para sermos vistos como parceiros,
e a “qualidade real”
cúmplices da qualidade, pois dividimos
de cada etapa das
responsabilidades com as equipes
obras. “Vamos no
de obra. Com isso, o número de não-­
detalhe daquilo que está sendo produconformidades reduziu bastante de
zido”, revela Bernardes.
2009 para 2010”, diz o gerente.
As visitas incluem apontamentos de
Yorki Estefan, diretor da Conx
problemas segundo um check list de
Construtora e Incorporadora, também
cerca de 100 itens, incluindo itens de
está investindo em treinamento de
alvenaria, gestão de resíduos e saúde
gestão de qualidade e adicionando
e segurança do trabalho. “Checamos no
“alguns cuidados na inspeção da quacampo se as regras da Tecnisa estão
lidade de suas obras. “A qualidade e
sendo respeitadas. Verificamos se o
‘Governo precisa
por em prática
uma política nacional
de qualificação’
8
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
a produtividade estão sofrendo com a
altíssima rotatividade de trabalhadores”, afirma.
Segundo ele, o momento exige um
grau de excelência maior, mas a relação com os profissionais qualificados
tem sido delicada. “A facilidade que
um bom carpinteiro encontra hoje de
recolocação no mercado o tem tornado mais ‘sensível’ e feito com que ele
não aceite reclamações”, diz Estefan.
Mas é a falta de gente especializada que tem diminuído a produtividade.
Segundo Estefan, ela despencou 30%
só no último ano, principalmente em
alvenaria estrutural. “Uma laje que era
feita em 7 ou 8 dias hoje sobe em 10
ou 12, como reflexo direto também do
nível de escolaridade dos novatos”,
aponta. Segundo ele, “o mercado
tem incorporado trabalhadores cuja
capacidade de entendimento dos
processos cada vez mais complexos
é muito baixo”.
Por isso a Conx “fatiou” o canteiro
entre vários empreiteiros, para tentar
ter mais gente qualificada na obra. “O
lado ruim disso é que estamos contratando empreiteiros que não têm tradição com a gente. Novos fornecedores
Mais do que vantagem,
controle mais rígido
da qualidade
é uma necessidade
levam algum tempo até se adequarem
aos nossos processos”, diz Estefan.
“Mais do que valer a pena, o
controle mais rígido da qualidade é
necessário neste momento do setor,
até porque não temos pessoas muito
experientes em número suficiente
para tocar todas as nossas obras.
Este seria o mundo ideal. Mas não
existe”, conclui Mauricio Bernardes.
Industrialização
Segundo Jorge Batlouni, da Tecnum, a industrialização será um passo
necessário em todo o mercado de
construção civil. “Como os profissionais do canteiro estão com salários
muito altos, para que se tornem economicamente viáveis é necessário
que a produtividade deles seja alta.
Como isto não tem ocorrido, a alternativa –que já ocorre nos países desenvolvidos– é a industrialização”, diz.
Depois de perder em menos
de um ano os 25 carpinteiros que
treinou numa parceria com o Senai
e a Prefeitura de São Bernardo do
Campo, Paulo Rogério Loungo Sanchez, diretor da Sinco Incorporadora
e Construtora, revela-se cético em
relação ao treinamento de pessoal
como forma de fidelização e decreta:
“a saída é a industrialização”.
Segundo ele, a Sinco está “trabalhando arduamente para fazer a
qualificação dos trabalhadores, mas
isto não resolve o problema, porque
o mercado está muito demandado e o
trabalhador não se mantém na mesma
empresa por muito tempo”, comenta.
Batlouni conta que em uma de
suas obras uma grua acabou se
tornando viável dada a redução de
pessoal que ela permite. “Estávamos
em dúvida sobre a viabilidade econômica da instalação do equipamento.
Com os recentes aumentos no valor
da mão de obra, a grua passou a ser
viável, e até fundamental para garantir
o cronograma da obra”, justifica.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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No entanto, ele adverte que, uma
vez instalada a grua, a obra deve
ser pensada de outra maneira. “As
escadas podem ser pré-moldadas em
concreto, os blocos podem ser recebidos em pallets, o aço transportado
pela grua e assim por diante.”
“Resolvemos adotar uma máquina
elétrica que faz a amarração do aço
e reduz em até 70% a necessidade
de mão de obra em comparação à
mesma tarefa executada manualmente”, afirma Haruo Ishikawa. Segundo
a fabricante No-Sag, a amarradeira
automática para vergalhões promete
grande agilidade no sistema de alvenaria estrutural e na fabricação de
lajes maciças e pré-moldadas, trabalha com diferentes diâmetros de vergalhões e possui bateria recarregável.
“A tecnologia existe e sempre
esteve à nossa disposição. A mão de
obra está tão cara e improdutiva que
passa a valer a pena mecanizar o
canteiro”, avalia Sanchez.
A troca da alvenaria de bloco por
drywall e instalações hidráulicas com
PE-X e de portas prontas (já vêm com
as guarnições) são algumas das soluções que fazem, segundo Sanchez,
minimizar os efeitos da escassez de
mão de obra na construção civil. “Só
que isso tudo custa mais caro. Uma
fachada interna industrializada custava há dois anos R$ 25/m². Hoje,
pode chegar a R$ 60/m² só de mão
de obra”.
Em busca de um sistema construtivo que faça frente ao maior impacto
dos altos custos da mão de obra na
construção de casas populares do
Programa Minha Casa, Minha Vida, o
vice-presidente de Obras Públicas do
SindusCon-SP e diretor da EME Engenharia e Consultoria, Luiz Antonio
Messias, começa a apostar nas fôrmas industrializadas de paredes pré-­
moldadas. “O sistema já foi aprovado
pelo IPT e provou que pode reduzir a
necessidade de mão de obra e acelerar a produção”, salienta Messias.
10
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Comissão tripartite busca
melhoria de condições
nas obras do PAC
Numa reunião em 29 de março, em
Brasília, que contou com a presença do
vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa,
governo, empresários e centrais sindicais
decidiram formar uma comissão tripartite
para melhorar, nos próximos meses, as
condições de trabalho nos canteiros de
obras do PAC.
A chamada “Mesa de Diálogo e
Negociação Tripartite para Melhorar as
Condições de Trabalho na Construção
Civil, em especial na Construção Pesada”
foi motivada pelos acontecimentos envolvendo as grandes obras das hidrelétricas
de Belo Monte e sobretudo Jirau, em
Rondônia, onde cerca de 16 mil trabalhadores se rebelaram.
A reunião realizada no Palácio do
Planalto foi coordenada pelo ministro
Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral
da Presidência da República, e teve a
participação do ministro do Trabalho e
Emprego, Carlos Lupi.
Ishikawa compareceu a convite da
CBIC, que também enviou seu vice-­
presidente José Carlos Martins.
O representante do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, propôs a formação da
comissão tripartite para definir um acordo
sobre a intermediação de mão de obra e
a formação e qualificaç ão profissionais,
chamado de marco regulatório para as
relações de trabalho na construção civil.
Na reunião, ficou decidido que a
haverá reuniões mensais da Mesa de
Diálogo e Negociação Tripartite, formada
por 6 representantes das centrais sindicais, 6 das entidades patronais e 1 do
Dieese, sob a coordenação da Secretaria
Geral da Presidência da República e do
Ministério do Trabalho e Emprego. Além
disso, será constituído um grupo de trabalho para formulação de propostas para o
Marco Regulatório Nacional do Setor da
Construção Civil Pesada.
Na primeira reunião do GT, a representação patronal ficou de indicar
alguns pontos para discussão, entre
eles questões de formação profissional.
Os trabalhadores propuseram a criação
de comissões de solução de conflito e
negociação das condições de trabalho
por canteiro de obra. Os empresários
prometeram discutir o tema entre seus
associados e concordaram em retomá-lo
numa próxima reunião.
Ishikawa deverá continuar a frequentar o GT, agora ao lado do presidente da
Comissão de Política de Relações Trabalhistas da CBIC (CPRT), Antônio Carlos
Mendes Gomes.
Ishikawa: comissão de solução de conflitos
Painel Jurídico debate os cuidados
necessários com a terceirização
As possibilidades, limitações e cuidados na terceirização de serviços na
construção civil foram debatidos por representantes de 110 construtoras que lotaram
o auditório do SindusCon-SP no Painel
Jurídico, realizado em 7 de abril. Ao abrir
o evento, o presidente do sindicato, Sergio
Watanabe, reforçou a importância de as
construtoras conhecerem em profundidade o tema, para realizarem terceirizações
com atenção à legislação e cuidados com
a segurança e a saúde do trabalho no
ambiente da obra.
Paulo Brasil Batistella, vice-presidente
de Jurídico do SindusCon-SP, disse que
“hoje não há como trabalhar na construção
sem a terceirização”.Também compareceu
o vice-presidente de Relações Capital-Trabalho, Haruo Ishikawa.
Obrigações
O assessor jurídico do SindusCon-SP, membro do Conselho Jurídico da
entidade e colunista da revista Notícias da
Construção, Renato Romano, explicou que
o artigo 455 da CLT abre a possibilidade
de terceirização na construção. O artigo
estabelece que o subempreiteiro responde
pelas obrigações dos contratados, cabendo
a eles o direito de reclamar contra o empreiteiro principal em caso de inadimplemento.
Para Romano, a terceirização na construção é um processo irreversível, na medida em que surgem novas metodologias,
serviços especializados e o produto final
depende de outros serviços específicos.
Ele lembrou que as últimas convenções
coletivas de trabalho redigidas por empregadores e trabalhadores do setor vinham
admitindo a terceirização feita de maneira
legal, para combater a informalidade.
O assessor jurídico recomendou, diante de uma eventual autuação do Ministério
Público do Trabalho, que a construtora
busque adequar e manter o ambiente de
Romano, Batistella, Watanabe e Joselita falaram sobre as exigências legais e a gestão dos contratos
trabalho dentro das exigências legais, evitando assinar um TAC (Termo de Ajuste de
Conduta), por sua abrangência. Ele criticou
o que chamou de “TAC de adesão”, cuja
assinatura por vezes é exigida do contratante da empresa
principal diante de
irregularidades encontradas no ambiente de trabalho
dos terceirizados.
Em sua palestra,
a advogada, procuradora aposentada
do Trabalho e integrante do Conselho
Jurídico do SindusCon-SP, Joselita Nepomuceno, elencou as seguintes providências a serem tomadas pela empresa
contratante:
• levar em conta a especialidade da subempreiteira, que precisa ser especializada na atividade e ter pessoal especializado;
• acompanhar a evolução da jurisprudência sobre a matéria no âmbito do TST
e as futuras alterações do Congresso;
• cuidar para que a subcontratada
seja uma empresa em situação tributária,
jurídica e trabalhista regular, idônea, com
contrato social registrado, sócios que tenham bens para cobrir eventuais prejuízos,
capacidade operacional e que apresente
os últimos três balancetes anuais;
• evitar subcontratar empresas com
parentes próximos como sócios aos da
empresa principal e recusar contratos de
empresas que só
trabalhem para a sua
construtora;
• cuidar para que
a terceirização seja
lícita, num legítimo
processo de parceria
(e não de subordinação e/ou personalização), no qual
a empresa principal
gerencie a prestação do serviço, com
acesso a toda a documentação da subcontratada antes e durante o período de
contratação, sendo esse acesso garantido
em contrato;
• zelar pelo ambiente de trabalho e
pelas comprovações de adimplemento.
Joselita também recomendou que
a construtora busque sanar eventuais
irregularidades no ambiente de trabalho
em vez de assinar um TAC, uma vez que
este, além de impor “multas astronômicas”
por não-cumprimento, inclui todos os dispositivos da NR 18 e é muito difícil de ser
revogado na Justiça.
“Tema na construção
civil é um processo
irreversível”, diz
Renato Romano
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
11
FINANCIAMENTO
Em busca de dados
Celso Petrucci *
A
maior carência no Brasil é de estatísticas com base na construção imobiliária. Depois de andar
“de lado” por mais de 15 anos, o mercado
tem crescido de forma consistente nos
últimos 5, possibilitando dados variados e
suficientes para prever e avaliar períodos
de estabilização ou de queda.
Em 2010, as 18 incorporadoras de
capital aberto lançaram quase 257 mil
unidades no valor de R$ 36,3 bilhões e
venderam mais de 206 mil unidades no
valor de R$ 33,1 bilhões. Atenção: o total
das vendas resulta da soma de unidades
lançadas no ano e em estoque, ou seja, de
lançamentos de anos anteriores.
Impressiona o banco de terrenos dessas empresas que chega a um potencial
de R$ 137 bilhões em empreendimentos
a serem desenvolvidos nos próximos anos.
Também impressiona a receita líquida dos
balanços: R$ 33,5 bilhões, um crescimento
de R$ 12,9 bilhões em relação a 2009, e
lucro líquido total de R$ 4,8 bilhões –R$
1,9 bilhão acima daquele do ano anterior.
Apenas PDG, MRV, Gafisa e Brookfield
responderam por quase 60% desse lucro
adicional.
A Comissão da Indústria Imobiliária da
CBIC vem buscando consolidar pesquisas
de lançamentos e vendas regionais, feitas
por Ademis de Alagoas, Bahia, Distrito
Federal, Goiás, Pernambuco e Rio de
Janeiro, Secovis do Ceará e São Paulo, e
Sinduscons do Amazonas, Espírito Santo,
Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
A coleta de informações acontece
primordialmente nas capitais dos Estados,
porém em alguns casos, como São Paulo,
abrange também a Região Metropolitana,
e na Bahia inclui Feira de Santana, Lauro
de Freitas e Camaçari.
12
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Quantas moradias
são lançadas e
vendidas por ano
em todo o país?
Se considerarmos todas as cidades
cobertas pelas pesquisas, teremos o equivalente a 46% do PIB nacional referente a
2008, 31% da população do país e 31%
dos domicílios permanentes referente ao
Censo 2010.
Essas pesquisas indicaram, em 2010,
o lançamento de pouco mais de 187 mil
unidades residenciais novas e a venda de
quase 169 mil unidades (aqui também se
trata da soma dos lançamentos do ano e
dos estoques dos anos anteriores).
O estoque final de unidades em construção em 31 de dezembro passado era
de 115 mil unidades. Com base nesses
resultados das regiões pesquisadas podemos, ainda que prematuramente, prever
cenários para tentar mensurar o tamanho
do mercado imobiliário do país, mesmo
sabendo que as conclusões alcançadas
nada têm de científico.
Adotando-se o PIB apenas das amostras, o mercado de vendas de imóveis novos poderia chegar a 409 mil unidades. Se
tomássemos o cenário de representatividade da população das cidades pesquisadas
ou o número de domicílios das amostras,
o mercado imobiliário teria pouco mais de
600 mil unidades.
Como se pode perceber, ainda estamos longe de obter números representativos de lançamentos e vendas de imóveis
no Brasil, apesar dos esforços das entidades que pesquisam o setor. É necessário
que haja uma cobrança da sociedade junto
aos governos (federal, estadual e municipal) e aos cartórios de registro de imóveis,
a fim de facilitar a obtenção de dados para
todos conhecerem o mercado.
Tradicionalmente, países desenvolvidos têm estatísticas sobre tudo e destinada
para todos os segmentos econômicos,
com dados muitas vezes fornecidos pelo
governo. No Brasil, apesar de alguns
esforços louváveis, esbarramos em informações sigilosas ou em cláusulas de
confidencialidade.
Ainda temos de conscientizar governo,
empresários e sociedade em geral acerca
da importância da apresentação de dados
estatísticos consolidados, sem causar
desconforto a ninguém.
* economista-chefe do Secovi-SP, diretor
executivo da vice-presidência de Incorporação
Imobiliá­ria do Sindicato e membro titular do
Conselho Curador do FGTS
,
entários, críticas
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
13
HABITAÇÃO
Moradia Digna define agenda
A coordenação
nacional da Campanha Nacional
pela Moradia Digna – Uma Prioridade Social definiu
em abril, durante
reunião plenária,
a agenda para o
ano 2011, estabelecendo como prioridade a coleta
de assinaturas em prol da aprovação
da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 285/08, a chamada PEC da
Habitação, para que sejam entregues
ao Congresso em outubro.
A PEC “acrescenta artigo ao ato
das disposições constitucionais transitórias para dispor sobre a vinculação
de recursos orçamentários da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos
municípios aos respectivos Fundos
e Habitação de Interesse Social”. Os
recursos definidos na PEC –2% do Orçamento da União e 1% dos Estados,
Municípios e Distrito Federal– são o
mínimo necessário para que todos os
Estados cumpram a tarefa de combater
o déficit.
“No ano passado, a Campanha não
teve a força que queríamos por conta da
desmobilização imposta pelo processo
eleitoral e pelo avanço da questão habitacional no país, o que é um mérito
do governo, mas agora temos plenas
condições de retomá-la com energia,
até porque nossa meta é garantir a todo
brasileiro inserido nas estatísticas do
déficit uma moradia digna para viver”,
afirmou Miguel Sastre, coordenador-geral da Campanha e membro do
Núcleo de Habitação Popular do
SindusCon-SP.
Para Elcio Sigolo, secretário-­
geral da Campanha, um dos pontos positivos da
dela foi a inclusão
da PEC na pauta da Câmara dos
Deputados –a proposta já foi aprovada pela Comissão
de Constituição e Justiça e aguarda
votação pelo Plenário. Ele lembrou que
já foram recolhidas 400 mil assinaturas
que pedem a aprovação, pelo Congresso Nacional, da PEC da Habitação.
“Somente com o empenho das entidades apoiadoras da Campanha pela Moradia Digna será
possível obter as
600 mil restantes”,
reconheceu.
“A Campanha
valorizará as entidades que demonstrarem comprometimento com
a coleta de assinaturas e com a divulgação em seus sites”, afirmou Carlos
Marun, secretário
de Habitação do
Mato Grosso do
Sul e representante
do Fórum Nacional de Secretários de
Habitação e Desenvolvimento Urbano.
Cada uma das entidades terá um banner
em seus endereços eletrônicos para
direcionar o internauta para o site www.
moradiadigna.org.br.
“É importante dar continuidade à
Meta é completar
1 milhão de
assinaturas a favor da
PEC 285 até outubro
14
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Campanha, até porque, na prática, o
país precisa de uma política de Estado
para a habitação, e não apenas um
programa de governo, que só é bom
enquanto dura”, afirmou Antonio José
de Araújo, representante do MNLM
(Movimento Nacional de Luta pela Moradia). “A política de Estado encoraja a
realização da produção de moradias”,
completou.
“A PEC é um avanço em relação ao
MCMV”, definiu Carlos Marun.
Contenções
Miguel Sastre lembrou que o momento do programa Minha Casa, Minha
Vida é delicado. “Embora o governo
não admita, o corte no Orçamento
provocará contenções também nesta
área”, afirmou. Para Maria Henriqueta
Alves, representante da CBIC, o corte
de R$ 5,1 bilhões no Orçamento “é
prova clara de que a moradia precisa
ter uma política específica”.
(Nathalia Barboza)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
15
MEIO AMBIENTE
Experiência de diálogo
O SindusCon-SP retomou de forma
intensiva em 2011 as ações do Comasp
(Comitê de Meio Ambiente) voltadas à
gestão de resíduos da construção civil.
Com a entrada em vigor no final do ano
passado da PNRS
(Política Nacional
de Resíduos Sólidos, introduzida
pela Lei Federal
12.305, o tema
voltou a ser considerado estratégico
para o sindicato,
que tem tradição
de liderança sobre
as discussões da matéria desde os
debates que culminaram na publicação
da Resolução Conama 307, em 2002.
Como primeira ação concreta, o
SindusCon-SP encomendou um estudo
técnico à consultoria I&T (Informações
e Técnicas em Construção Civil). Segundo Tarcísio de Paula Pinto, diretor
da I&T e responsável pelo estudo, “o
trabalho pretende levar adiante a experiência de diálogo e de compartilhamento de responsabilidades que o setor
vem tendo, além de estabelecer novas
formas de convivência das construtoras
com fabricantes, transportadores e
receptores de resíduos”.
Segundo Tarcísio, embora a gestão de resíduos já esteja espraiada
pelo setor, “há espaço para a difusão
contínua das melhores práticas”. André Aranha Campos, coordenador do
Comasp, comenta que o comitê está
bastante envolvido com o processo.
“A Política Nacional deu nova luz para
o processo. Temos instrumentos para
voltar a trabalhar e discutir o assunto
com profundidade com associadas,
Regionais e Prefeituras”, diz. Entre
elas, a de Guarulhos, na Grande São
Paulo, que já se mostrou entusiasmada
em encaminhar a
montagem de um
grupo de trabalho
com as construtoras para realizar
ações conjuntas.
“Queremos identificar em qual estágio
estamos e os gargalos do setor, para
depois apontar as
soluções”, afirma Campos.
Como representante da CBIC, o
sindicato participou de reuniões e
apresentou sugestões para a regulamentação da Política Nacional, bem
como tem participado das reuniões do
Conama, onde continuam sendo discutidos assuntos relacionados à gestão
de resíduos da construção.
Em São Paulo, o Comasp participa
também, como representante da Câmara Ambiental da Construção, ligada à
Cetesb, da Câmara Ambiental Resíduos, que reúne representantes dos diferentes setores produtivos. “Neste grupo
serão discutidas as ações necessárias
para compatibilização da Política Estadual de Resíduos com a versão nacional. Precisamos estar envolvidos nestes
fóruns para que possamos elaborar em
conjunto com governo as diretrizes que
deveremos atender”, aponta Lilian Sarrouf, coordenadora técnica do Comasp.
O Comasp também retomará as
ações dos grupos de trabalho de resí-
Política Nacional eleva
gestão de resíduos a
tema estratégico
do SindusCon-SP
16
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
duos de madeira, tintas, impermeabilização e a discussão com caçambeiros,
ATTs (Área de Transbordo e Triagem),
empresas de reciclagem e aterros para
avançar nas soluções de destinação
dos resíduos. Nesta nova etapa a participação das Regionais do SindusCon-­
SP será fundamental.
Para Francisco Vasconcellos Neto,
vice-presidente de Meio Ambiente do
SindusCon-SP, o trabalho do sindicato
em relação aos resíduos tem como
meta “disseminar as ferramentas de
gestão para as construtoras e permitir
uma participação ainda mais intensa do
setor nas discussões sobre as políticas
públicas voltadas ao tema”.
Potencializar
Segundo Lilian, “o decreto regulamentador da PNRS traz um ganho
importante para a construção civil ao
mudar o entendimento de que os resíduos da construção se enquadram
como resíduos industriais, como era
feito até então. Agora, foi reconhecido que eles devam ter uma forma de
gerenciamento diferenciada conforme
suas características de geração e tendo
como base a Conama 307. Esta determinação permite potencializar as ações
que tem sido desenvolvidas alinhadas
à Resolução”.
Outro importante avanço da PNRS,
diz Lilian, é o regramento para as ações
que devam ser feitas pelos Estados,
municípios, geradores de resíduos e
pela própria sociedade. A existência
dos “lixões” limitada a 2014 foi outro
progresso.
“É fundamental que os municípios
façam a gestão dos resíduos sólidos.
Sem isso, as construtoras ficarão pressionadas a resolver o problema”, afirma
Francisco Vasconcellos.
“A entrada em vigor da PNRS é um
momento novo e significativo. Ele obriga
os municípios a darem uma guinada total
em sua abordagem a respeito da gestão
de resíduos. O texto é avançado e direciona para resultados tangíveis, embora
o déficit de atenção a este tema seja
ainda muito grande. A Política Nacional
aponta para um conjunto de boas diretri-
zes e conceitos necessários e inevitáveis
de serem exercidos com consciência
ambiental”, afirma Tarcisio Pinto.
Segundo ele, neste aspecto de
implementação de boas práticas, a
construção civil sai em vantagem em
relação às demais atividades econômicas. “Considero um privilégio do setor
receber a PNRS num momento em que
está prestes a completar dez anos da
Meta é disseminar
as boas práticas
e opinar sobre as
políticas públicas
Resolução Conama 307. A nova lei poderá revigorar as práticas que já estão
em andamento no setor, como no caso
da logística reversa, cujas iniciativas
têm aparecido em várias partes do
país”, diz. Como exemplos, ele lembrou
as logísticas do gesso, em São Paulo;
de impermeabilizantes, na Bahia; e de
tintas, no Rio Grande do Sul.
A definição de metas de implantação de uma logística reversa pós
consumo está no Decreto 7.404, de
23/12/2011, que regulamentou a Política Nacional e determina que o governo
federal desenvolva um sistema de
informações (SNIR) para gerenciar os
dados dos resíduos gerados, seu tratamento e destinação de todos Estados
e municípios.
Resíduos “B”
Dentro deste espírito, Luiz Antonio
Martins Filho, gerente-executivo da
Associação Drywall, comemora a reclassificação do gesso na Conama 307 da
classe “C” para “B”. “Os resíduos ‘B’ são
aqueles que podem voltar a serem eles
mesmos, ou seja, vidro volta a ser vidro,
plástico torna-se plástico de novo e gesso
é gesso. Na prática, esperamos que isso
dissipe qualquer dúvida a respeito da não
periculosidade do material e aumente a
sua oferta para reciclagem”, diz.
“A construção civil tem a peculiaridade e um grande desafio de lidar
com a gestão dos resíduos de uma
atividade produtiva que não é só de um
setor organizado; é também do cidadão
comum, daquela dona de casa que
retoca as paredes no fim de semana”,
aponta Tarcísio.
“Por esta lei, a construção se enquadra como um dos setores que deve
apresentar um Plano de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos, ou seja, o gerador
deve elaborar o plano de gestão de
resíduos que, pela Resolução Conama
307/2002, era denominado de Projeto
de Gerenciamento de Re­­sí­­­du­os”, explica Lilian Sarrouf.
“Espera-se que estes Planos sejam incorporados imediatamente aos
processos licitatórios de todo o país.
Várias capitais já têm feito isso. É o
caso da Sabesp que, além de colocar
o gerenciamento de resíduos como
condição de contrato, incorpora nas
suas práticas o consumo de produtos
oriundos dos resíduos gerados em suas
próprias obras”, afirma Tarcísio Pinto.
Segundo o consultor, “a mudança
sistemática nos procedimentos dos
órgãos públicos é resultado de um
processo perseverante que fez as obras
significativas do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) atentarem
para o gerenciamento de resíduos”. São
os casos das implosões do Carandiru
e, mais recentemente, do Edifício São
Vito, em São Paulo. Em Belo Horizonte
(MG), uma recicladora móvel foi instalada para reaproveitar os resíduos
de demolição ao longo de quase três
quilômetros de grandes estruturas que
estavam em uma das laterais da pista
da Avenida Dom Pedro. “As arenas
da Copa do Mundo 2014 são também
casos emblemáticos de gestão de resíduos, por exigência do BNDES, que
financia as obras”, pontua Tarcísio.
(Nathalia Barboza)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
17
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Reflexos na cidade
José Carlos Baptista Puoli *
N
o fechamento desta edição,
parecia estar próxima do fim a
enorme polêmica a respeito da
aprovação do novo Código Florestal. O
código em vigor foi criado pela lei 4.771 em
1965. A despeito disto, tem sido enorme a
resistência à sua atualização.
O assunto é de suma importância para
a construção. Um dos temas mais relevantes refere-se ao conceito de “área urbana
consolidada”, com a respectiva criação
de um “regime especial” para as “áreas
de preservação permanente” ali situadas.
A proposta consiste em utilizar raciocínio similar ao usado pela legislação
tributária, afirmando que será “área urbana consolidada: a área integrante do
perímetro urbano, definido pelo plano
diretor municipal referido no art. 182, § 1º,
da Constituição, ou pela lei municipal que
estabelecer o zoneamento urbano, que,
além de malha viária implantada tenha,
no mínimo, três dos seguintes elementos
de infraestrutura urbana implantados: a)
drenagem de águas pluviais urbanas; b)
esgotamento sanitário; c) abastecimento
de água potável; d) distribuição de energia
elétrica; ou limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos”.
Além de criar esta definição, a proposta
deixa claro que as áreas de preservação
permanente deverão ser observadas
tanto nas zonas rurais como nas urbanas,
a despeito de, em relação a estas, haver
previsão de um “regime especial” que condiciona eventual alteração das mesmas a
lei municipal regulando o caso específico.
Os críticos da proposta afirmam que
este tema não poderia ser deixado ao
alvedrio do legislador local, que poderia
abrandar indiscriminadamente limites e
penalizar o meio ambiente. Este raciocí-
18
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
O novo Código
Florestal deve
trazer novidades
para a construção
nio é equivocado na medida em que à lei
federal cabe apenas discriminar critérios
gerais, deixando a regulação das situações
específicas a cargo do legislador municipal,
quem melhor pode compreender a situação
“local”.
Quando muito, pode haver na lei federal
a fixação de critérios “específicos” para
setores igualmente específicos, em relação
aos quais a lei federal realize escolha prévia
a ser seguida pela legislação local. Isto já
é feito, por exemplo, quanto à região Amazônica, bioma especial para o qual foram
eleitos critérios diferenciados.
Contudo, exigir que parcelas relevantes
da regulação das inúmeras e diversas
realidades urbanas fiquem amarradas a
critérios genéricos do legislador federal
é desprezar a divisão constitucional de
competências legislativas, pela qual os Municípios têm prerrogativa de regulamentar
assuntos de interesse local, dentre os quais
o uso do solo urbano.
Querer impedi-lo fere a Constituição e
menospreza o princípio da razoabilidade,
na medida em que não é razoável supor
que escolhas gerais da lei federal possam
ser sobrepostas a critérios de quem está
presente no dia a dia da cidade e melhor
conheça o que de específico existe no
tocante às funções ambientais de tais e
quais áreas de preservação “urbana”.
Ademais, a lei federal, por meio do Estatuto das Cidades, já criou condicionantes
que permitem “fiscalizar” a atividade do
legislador municipal de maneira que, por
absurdo, havendo legislação que num
município específico se revele “ilegal”, esta
poderá ser, como já ocorre hoje, questionada judicialmente. Ou seja, os mecanismos
para controle a casos excepcionais já existem, não se justificando que novamente
se queira extirpar a autonomia municipal.
De todo modo, a polêmica continua
viva e se deve estar atento ao texto que
venha a ser aprovado, pois a regra trará
importantes repercussões para a atividade
da construção.
* Advogado do Escritório Duarte Garcia, Caselli
Guimarães e Terra, Doutor em Direito/USP e
Membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP
ntários, críticas,
Envie seus come
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
19
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Cônsul britânico
recebe homenagem
O SindusCon-SP homenageou em um
almoço, realizado em 14 de abril, o cônsul
britânico em São Paulo, John Doddrell.
Valéria Martinez, gerente para Construção
e Meio Ambiente do UKTI (United Kingdom
Trade Investment), braço comercial do consulado, também recebeu uma placa de prata. Eles foram recebidos pelo representante
do sindicato junto à Fiesp, Sergio Porto,
que na ocasião representou o presidente
do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; pelo
vice-presidente de Tecnologia e Qualidade,
Mauricio Bianchi; pelo diretor de Relações
Internacionais, Salvador Benevides; e por
integrantes da Missão Técnica Inglaterra
2011, que levou 25 empresários brasileiros
da construção civil a Londres, entre 25 de
fevereiro e 5 de março deste ano.
Ambos os representantes receberam
as placas em reconhecimento ao grande
auxílio que deram para que a Missão Técnica Inglaterra fosse considerada uma das
mais bem sucedidas dentre as oito missões
realizadas pelo sindicato desde 2004.
“A visita a Londres foi muito especial. A
missão foi muito organizada e terá vários
desdobramentos importantes para ambos
os países”, afirmou Sergio Porto. Benevides
concordou: “A missão cumpriu seus objetivos e o nível de satisfação dos participantes
foi muito alto”, disse. Segundo ele, “Londres
deixou uma imagem muito positiva”.
“É muito bom visitar um lugar mais
desenvolvido e que demonstre
para nós ser correta a rota
Dodrell recebe placa de prata das mãos de Sergio Porto
que os brasileiros tomaram”,
disse Mauricio Bianchi, ao destacar a
Para a coordenadora do Comasp
preocupação dos ingleses com o tema da
(Comitê de Meio Ambiente) do SindusCon-­
sustentabilidade, um dos principais focos
SP, Lilian Sarrouf, “foi muito compensador
da missão promovida pelo SindusConver que o assunto sustentabilidade, pelo
-SP. “Fomos recebidos com carinho e
qual o Comitê vem lutando há tempos, foi
atenção”, completou.
absorvido pelos empresários”.
“Espero que no futuro possamos estar
O empresário Gianfranco Baradel, por
ainda mais próxisua vez, contou que
mos, e o UKTI está
a Missão já deu reaí para trabalhar
sultou nua visita de
conjuntamente com
Raúl Cúriel, diretor
os construtores”,
da Aukett Fitzroy Rorespondeu Doddrell.
binson, a São José
Valéria comedos Campos. Ele fimorou o saldo pocou interessado em
sitivo da viagem e
colaborar com a resse colocou à dispotauração do Parque
sição para atender
Vicentino Aranha,
a novas demandas.
marco histórico de
Alguns dos participantes da Missão
nossa cidade”, disse.
também celebraram as lições aprendidas
durante a viagem. “O que Londres tem feito
Galegos e espanhóis
a partir do Parque Olímpico, trazendo a
A Diretoria também recebeu em abril
comunidade para trabalhar junto, é extraorrepresentantes da Associação de Empredinário”, afirmou José Roberto Bernasconi,
sários Galegos em São Paulo (Aegasp).
presidente do Sinaenco-SP (sindicato das
O presidente, Jesús Caneda Aguiar,
consultorias de engenharia). “O modo de
e o diretor, Gustavo Burgos, foram recebio Comitê Olímpico trabalhar consolida na
dos por Salvador Benevides para discutir
gente a ideia de planejamento”, disse.
formas de contato entre as empresas
Segundo Bernasconi, os encontros
espanholas e brasileiras.
com os profissionais dos escritórios Arup
Em outro encontro, Ana e José Mare Foster+Partners “foram um grande estítínez, sócios da Martan Autoescuela de
mulo às nossas iniciativas e provocaram
Maquinaria, mostraram como a empresa
uma enorme vontade de nos aprimorarespanhola fabrica simuladores e treina
mos, sobretudo em relação aos nossos
mão de obra, visando a segurança do
critérios de contratação e articulação com
trabalhador. O diretor do Centro Espanhol
os gestores públicos”.
de Negócios, Juan José María Lago,
acompanhou a visita.
John Doddrell
colaborou para
sucesso de Missão
à Inglaterra
Após trabalhar intensamente
em prol da Missão à Inglaterra,
Valéria é homenageada por
Benevides
20
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
EVENTOS
Enic colabora com
ação contra sarampo
Agora, além da participação no
maior evento da construção civil da
América Latina, os inscritos para o 83º
Enic (Encontro Nacional da Indústria
da Construção) também colaborarão
com a primeira “Campanha de Prevenção ao Sarampo”, que o Seconci-SP
(Serviço Social da Construção Civil do
Estado de São Paulo) realiza desde
13 de abril nos canteiros de obra da
Capital e Grande São Paulo em benefício dos trabalhadores da construção
civil. É que a coordenação do Enic
decidiu doar ao Seconci-SP 5% de
toda a arrecadação com inscrições
dos participantes do encontro, para
incrementar a campanha.
O evento promovido pela CBIC será
realizado pelo SindusCon-SP de 10 a
12 de agosto, em São Paulo. Nos dias
do evento, o Seconci-SP será responsável por disponibilizar as equipes médicas e de enfermagem e as ambulâncias
que estarão de plantão no WTC, lugar
do evento.
A ação faz parte dos temas de
sustentabilidade e responsabilidade
social do Enic. Durante a campanha, a
equipe de enfermagem do Seconci-SP
está percorrendo diversos canteiros das
empresas participantes e aplicando a
vacina tríplice viral, que imuniza contra
sarampo, caxumba e rubéola.
A previsão é imunizar 4 mil trabalhadores na região metropolitana. A
medida é importante porque o Estado
de São Paulo já confirmou um caso de
sarampo neste ano, algo que não acontecia desde 2005, segundo a Secretaria
de Estado da Saúde.
Além da proteção, os trabalhadores
recebem orientações sobre a doença e
ganham como brinde um squeeze (garrafa plástica que traz dizeres sobre o
uso consciente da água e a importância
em hidratar o corpo).
Com desconto
As inscrições para o 83º Enic que
forem feitas até 30 de junho, pelo site
do evento (www.enic.org.br) ganharão
descontos especiais.
Até esta data, empresários e diretores das construtoras, assessores e
acompanhantes poderão economizar
R$ 100 no valor das inscrições. Os
estudantes receberão desconto de
R$ 50.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
21
GESTÃO DA OBRA
Contradições do crescimento
Maria Angelica Covelo Silva *
A
construção tem vivido muitas
contradições. De um lado, empresas se esforçam por melhorias,
por aproveitar a lucratividade para investir
em tecnologia incorporada nos produtos,
capacitação da equipe, aperfeiçoamento
dos sistemas de gestão, melhoria das
condições de qualidade de canteiros e da
qualidade de vida dos trabalhadores.
De outro lado, temos condições de
trabalho inadequadas, terceirizados que
não cumprem as obrigações trabalhistas,
obras com problemas sérios de engenharia
e segurança. Esse é o quadro que mais
aparece na mídia não especializada. A excelência, aquilo que há de melhor no setor,
não aparece. A imagem que a sociedade
tem do setor ainda é predominantemente
negativa, pois não há visibilidade suficiente
sobre o que há de melhor nas empresas
da cadeia produtiva.
Temos o que mostrar? Sem dúvida,
mas além de mostrar o positivo, moderno,
precisamos neutralizar o negativo, lutar
para que o setor possa erradicar práticas
empresariais inadequadas em todos os
pontos da cadeia produtiva. Temos algum
movimento organizado neste sentido?
Não parece.
Falamos pouco das práticas inadequadas no setor, não discutimos em profundidade os problemas que aparecem na
mídia, não temos ações suficientemente
organizadas para combater as práticas inadequadas. Sim, combater, porque nenhum
setor se fortalece se for contaminado por
práticas inadequadas que impedem seus
clientes, investidores, órgãos de regulação
e de financiamento etc. de separarem o joio
do trigo. Somos todos nivelados por estas
práticas que mais aparecem, carimbados
como o setor que tem todas estas mazelas.
22
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
O setor precisa
mudar práticas
para resgatar a
sua credibilidade
É preciso coragem para desenvolver
tais movimentos, porque as práticas
inadequadas estão infiltradas em toda a
cadeia produtiva. Se não fizermos nada,
fica a enorme contradição: um setor que
cresce e se desenvolve, mas que continua
aos olhos da sociedade apenas como gerador de emprego em grande quantidade,
por ser “intensivo em mão de obra”. Isso é
muito pouco no mundo atual.
É preciso gerar emprego com qualidade de vida aos profissionais do setor,
compromisso com a segurança, qualidade do produto final, cumprimento de
leis, atendimento de normas técnicas,
desenvolvimento e evolução tecnológica,
satisfação real dos clientes. Precisamos
nos aproximar mais de práticas de países
desenvolvidos, entendendo profundamente seus conceitos e fundamentos e mobilizando os agentes envolvidos para uma
real mudança de condições institucionais
e empresariais que nos aproximem das
melhores práticas internacionais.
Precisamos deixar de considerar
imutáveis as situações de nossa realidade
setorial que impedem a evolução e buscar
mudanças que nos coloquem como setor
com efetiva credibilidade na sociedade.
Credibilidade pela capacidade de ter
mecanismos eficazes para erradicar as
práticas empresariais não condizentes
com a sociedade brasileira atual e do
futuro próximo e que escondem a parte
moderna do setor –as empresas que, independentemente de tamanho, são parte
de um novo tempo, no qual a construção
civil precisa ser vista como um setor que
faz muito mais do que gerar empregos em
grande quantidade.
Viver esta mudança será possível se
formos à raiz destas ocorrências, sem
atribuir suas causas somente a fatores externos, como a escassez de mão de obra,
a chuva excessiva, e a outros fatores, e
assumindo a responsabilidade por ações
de organização e verdadeira estratégia
setorial, de gestão empresarial avançada
e, sobretudo, por uma atitude corajosa de
coibir as práticas danosas no setor.
* Engenheira civil, mestre e doutora em
engenharia, diretora da
e
NGI Consultoria
Desenvolvimento
,
entários, críticas
Envie seus com
as
tem
stões de
perguntas e suge
:
na
lu
para esta co
toria.com.br
ngi@ngiconsul
Diálogo avança na ABNT
A insistência do SindusCon-SP em
obter da ABNT uma definição mais
precisa sobre o escopo das atividades do CB-02 –Comitê Brasileiro da
Construção Civil começou a dar seus
primeiros frutos em abril. A presidência
da ABNT concordou em discriminar
detalhadamente os projetos que foram
mantidos no CB-02 após a alteração do
escopo original.
Ao mesmo tempo e em atenção a
uma reivindicação do SindusCon-SP e
do CB-02, os trabalhos de normatização do sistema de paredes de concreto, que estavam sendo executados pelo
CB-18 (Comitê Brasileiro de Cimento,
Concreto e Agregados), foram para o
âmbito do CB-02. O sindicato havia
chegado a notificar a ABNT para que
não permitisse a aprovação da norma
no CB-18.
Norma de parede de
concreto vai para o
Comitê da Construção
“A falta de clareza do novo escopo
havia dado margem para que o CB-18
iniciasse a redação daquela norma, a
qual nitidamente deveria estar no Comitê da Construção”, comenta o vi­cepresidente de Tecnologia e Qualidade
do SindusCon-SP, Mauricio Bianchi.
Segundo ele, a discriminação dos
projetos que cabem ao CB-02 evitará
a repetição de casos como este.
“De acordo com o novo escopo, o
CB-03 deverá passar para o CB-02 a
redação das normas de projeto das
instalações elétricas (pois quem executa, projeta), ficando com as normas
dos materiais, a exemplo dos demais
CBs”, defende o vi­ce-presidente.
Além de Bianchi, participaram das
reuniões com a direção da ABNT o
presidente do SindusCon-SP, Sergio
Watanabe; o vice-presidente de Meio
Ambiente, Francisco Vasconcellos; o
coordenador do Comitê de Tecnologia
e Qualidade (CTQ), Paulo Sanchez, e
o superintendente do CB-02 e membro
do CTQ, Carlos Borges.
No Conselho
No início de maio, o SindusCon-SP
foi eleito para continuar participando
do Conselho Deliberativo da ABNT. A
entidade será representada por Paulo
Sanchez (titular) e José Paulo Jereissati (suplente).
(Rafael Marko)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
23
junho 2011
Dia 1, em São Paulo
Gestão Estratégica de Almoxarifado
e Estoques
Dia 13, em Campinas
Estruturação e Técnicas em Administração
de Cargos e Salários na Construção Civil
Dia 2, em Bauru
A Nova Secretária (Metacompetente,
Pró Ativa e Dinâmica)
Dia 13, em São Paulo
Legislação Tributária na Construção Civil
Dia 3, em São Paulo
Etiqueta Empresarial, Ética Profissional
e Postura Social
Dia 3, em Santos
Gestão de Empreiteiros na Construção Civil
Dia 6, em São Paulo
Administrando as Ferramentas do 5S
na Construção Civil
Dia 7, em São Paulo
Instrução Normativa 971/09
Dia 14, em Santo André
Gestão Estratégica de Contas a Pagar
Dia 15, em Ribeirão Preto
Governança e Sucessão em Empresas
Familiares
Dia 20, em São Paulo
DACON X EFD-PIS/COFINS
Dia 21, em São Paulo
Contratos Built Suit
Dia 27, em Campinas
Fundamentos da Engenharia Econômica
Dia 8, em São Paulo
Legislação Previdenciária com Foco
na Construção Civil
Dia 27, em São Paulo
Gestão de Empreiteiros na Construção Civil
Dia 9, em São José do Rio Preto
Entendendo a NR 33 - Espaços Confinados
Dia 28, em Bauru
Redação Empresarial
Dia 10, em São Paulo
Como Evitar Autuações Fiscais
Dia 28, em São Paulo
Dicas Práticas Previdenciárias
CURSOS IN COMPANY
Para atender às necessidades das empresas do setor, o SindusCon-SP
criou a modalidade In company, que tem como objetivo treinar e capacitar
profissionais de forma exclusiva. A facilidade na escolha da data, os temas
e a redução dos custos são alguns dos diferenciais desta modalidade.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
•
Comércio Exterior
•
Financeira
•
Recursos Humanos
•
Empresarial
•
Marketing e Vendas
•
Responsabilidade Social
•
Estoque e
Logística
•
Produção
•
Tributária e Trabalhista
•
Qualidade
Cadastro e Atendimento ao Associado: (11) 3334-5600
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MOTIVAÇÃO
O líder moderno
Pedro Luiz Alves *
A
maioria dos líderes imagina
que suas competências mais
importantes são a técnica ou
conhecimento do processo e a obtenção
de resultados. No entanto, o que vai garantir a posição de líder é a capacidade
de gerenciar pessoas.
É responsabilidade do líder a gestão das seguintes fases da vida do
profissional na organização: Seleção
e admissão; Integração e acolhimento;
Treinamento e capacitação; Acompanhamento de desempenho; Retenção;
e Transição.
Não adianta transferir a contrataçãopara o RH. Já vi muitos líderes atribuírem
o insucesso de uma contratação a essa
área, porém mal sabem eles que a incompetência foi deles, pois nenhum líder
pode permitir a inclusão de alguém em
sua equipe sem que haja o seu “de acordo”. Se isso acontecer, o líder transferiu
a responsabilidade para alguém que não
está habilitado para tal decisão.
É muito comum também um líder,
quando quer desligar alguém da equipe, encaminhá-lo ao RH. É um absurdo
encontrarmos hoje tais situações com
tamanha frequência. Nas organizações,
o grande diferencial competitivo é o ser
humano. Saber como desenvolver e
manter os talentos é papel imprescindível da liderança. Eis algumas dicas
para tornar sua vida um pouco mais fácil
neste modelo:
1) Seleção e admissão: aqui o papel do líder é “eleger” o melhor candidato
entre as alternativas que o RH colocou
à sua disposição. A melhor escolha é
aquela que: tecnicamente tenha boas
capacitações e possibilidades de desenvolvimento; denote “aderência e identifi-
26
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Cuide do novo
profissional ao
longo de toda a
vida na empresa
cação” com a equipe que vai trabalhar;
mas, sobretudo, possua “empatia” com
você. Porém, lembre-se de não prejulgar a pessoa pela primeira impressão.
No momento em que estiver entrevistando um candidato, preocupe-se em
colecionar informações profissionais e
comportamentais de forma consistente
para minimizar erros.
2) Integração e acolhimento: após
a admissão do profissional ele deve ser
cuidadosamente integrado à equipe.
Não é a integração para mostrar os direitos e deveres de cada um e sim aquela
do novo profissional aos integrantes da
equipe. O líder deve se reunir com a
equipe para informá-la antes da data de
início do novo profissional, dando alguns
detalhes para minimizar a resistência a
ele e garantir que a divisão de espaço
organizacional não será afetada. Antropologicamente, nos transformamos em
animais irracionais quando sentimos
nosso espaço invadido. Acolher o novo
integrante também é de fundamental
importância, portanto, converse com
o profissional, explique a linguagem
do grupo e a simbologia implícita nos
relacionamentos entre as pessoas da
equipe. Mostre-lhe a importância de
manter-se receptivo, simpático e disponível, nas interações com os novos
colegas. E esteja atento todo o tempo
para apagar os possíveis “incêndios”
provenientes da vaidade humana.
3) Treinamento e capacitação: aqui
o papel do líder é treinar o profissional ao
modelo empresarial em que ele foi inserido. Um profissional pode ser contratado
com inúmeros predicados técnicos,
porém ele só fará pleno uso de suas habilidades se for bem orientado pelo líder.
Não basta integrar e depois jogar o novo
profissional no cotidiano para que ele
descubra os caminhos organizacionais
sozinho. Para que o profissional consiga
trazer os resultados que a empresa quer,
o líder deve preparar e capacitá-lo todos
os dias e não “delargá-lo” para que ele
“se vire”.
4) Acompanhamento de desempenho: deve ser feito continuamente.
Uma boa ideia é manter um “Diário de
Bordo” sobre a performance do profissional, com o registro de cada ação
positiva e negativa empreendida. Nesta
fase, o líder precisa dar feedback. Esse
exercício deve ser pontual e garantir que
o profissional seja posicionado de tudo o
que ele precisa saber para melhorar em
alguns aspectos e comemorar seus gols.
O feedback deve ser sempre centrado
em dados e fatos, não é um momento de
desabafo e sim uma ocasião para levar
o profissional a refletir sobre seu desempenho e obter maior clareza sobre suas
competências e pontos de melhoria.
5) Retenção: manter os talentos na
equipe é fundamental e o líder só vai
conseguir isso se tratar as pessoas de
sua equipe com dignidade e respeito.
Acompanhar a trajetória de todos da
equipe é fundamental para identificar
as “pedras preciosas” que valem todo
o investimento de tempo por parte do
líder. Mas não menospreze os demais
que remam o barco e fazem muito pela
equipe também. Não deixe de focar nos
possíveis sucessores, pois eles serão
imprescindíveis para o seu futuro como
líder na organização.
6) Transição: se você pensa que
está livre da pessoa quando se demite
ou quando você a demite, neste mo-
O feedback deve
ter sempre dados
e fatos para que o
profissional pense
mento seu papel como líder pode evitar
muitos aborrecimentos. Já presenciei
vários problemas de processos trabalhistas por assédio moral, simplesmente
pelo fato de o líder ter feito uma transição
equivocada no momento do desligamento. Basta demonstrar desrespeito
ou indiferença para estimular a pessoa
a processar a empresa. Ainda assim,
se o profissional não mover processo,
quando maltratada no desligamento
pode multiplicar uma imagem negativa
da empresa no mercado. Vale a pena
cuidar desta fase, agindo com profissionalismo e respeito para com o outro.
Fazer gestão de pessoas em um
mercado extremamente competitivo
em mão de obra, como o que estamos
vivendo na atualidade, é imprescindível.
Portanto, quem não estiver disposto a
aprender algumas dessas habilidades
humanas não terá chance de sobrevivência como um verdadeiro líder.
Pense bem sobre o assunto e comece a agir agora!
Administrador, consultor de RH e sócio da Ação
Consultoria e Treinamento
,
entários, críticas
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stões de temas
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
27
GESTÃO EMPRESARIAL
Avaliando decisões
Maria Angelica Lencione Pedreti *
N
a edição passada, argumentei
que as decisões estratégicas
sejam avaliadas quanto à sua
capacidade de gerar valor por meio de
metodologias de desconto de fluxo de
caixa e não de medidas contábeis.
As decisões estratégicas são as que
influenciarão muitos anos futuros da
companhia. Envolvem altos investimentos
e têm alto impacto no valor da empresa,
pois influenciam muito mais os fluxos de
caixa de longo prazo que os de curto prazo.
Para este tipo de decisão, são conhecidas várias ferramentas já mencionadas:
payback descontado, valor presente líquido, taxa interna de retorno, a mesma taxa
modificada e índice de lucratividade.
Estas ferramentas usam raciocínio que
envolve fluxos de caixa (não lucros) trazidos a valor presente por uma taxa de desconto –o custo de capital da companhia, o
qual reflete o risco de seus financiadores.
Isso não significa desprezar medidas
tradicionais, como EVA (Economic Value
Added) ou índices financeiros. Elas apenas
deveriam ser usadas em decisões táticas,
que envolvem montantes menores e não
costumam influenciar fluxos de caixa
de longo prazo. Exemplos: decisões de
avaliação de crédito, pequenas mudanças de produto sem qualquer inovação,
contra-propostas de clientes para negócios
imediatos etc.
Nestes casos, as tradicionais medidas
como ROI (Retorno sobre Investimento),
Ponto de Equilíbrio e EVA se aplicam muito
bem. Focam o curto prazo e as decisões
envolvidas. Por precisarem de métricas
contábeis, como o Lucro, possuem foco
ainda mais no presente e passado.
O EVA, po exemplo, mede quanto um
determinado projeto é capaz de oferecer
28
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Estratégias vão
passar pelo crivo
da análise dos
fluxos de caixa
um retorno acima do exigido por seus
financiadores. Veja o conceito abaixo:
EVA = (ROI – WACC ) X Capital Investido, onde:
ROI = retorno sobre o investimentos,
calculado pelo lucro do projeto dividido
pelo investimento em ativo fixo ou capital
de giro do projeto.
WACC = weighted average cost of capital ou custo médio ponderado de capital
–medido pela média ponderada entre os
custos de capital das diversas fontes de
recursos da companhia.
Capital investido = a soma de tudo o
que foi investido, seja em ativo fixo, seja em
estoques ou crédito concedido a clientes.
O EVA é o mais moderno e contempla
o custo de capital, que já considera risco.
Trata-se de medida de curto prazo, pois fala
do lucro de um período e do investimento
no mesmo período, e não considera evolução de fluxos de caixa pelo tempo.
Imagine que o diretor comercial da
companhia deseja conceder $1.000.000
adicional de crédito a um cliente. Isto elevará o Contas a Receber da empresa e,
portanto, representa investimento. Imagine
que o lucro incremental esperado seja de
$500.000, gerando um ROI de 50%.
Se o custo de capital da companhia for,
digamos, 30%, poderemos dizer que ele
gera 20% de retorno acima do necessário
para pagar as fontes de recursos para cada
real investido, ou seja, ele criará $200.000
de valor acima do necessário para pagar
o investimento.
Este valor vai para o bolso do acionista,
o personagem que fica com o dinheiro
que sobra depois de pagas as fontes de
recursos do projeto.
O mesmo raciocínio pode ser usado
para volumes adicionais de estoques ou
qualquer outro investimento cujo retorno
previsto possa ocorrer neste curto prazo,
medido pelo ROI.
Mas ainda se aplicam críticas quan­to a
medidas contábeis, o que exige julgamento
profissional do analista quanto ao correto
uso das ferramentas contábeis.
* Professora de Contabilidade e Finanças da
FGV, mestra em Administração de Empresas,
trabalha em
Planejamento Estratégico
,
entários, críticas
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@fgv.br
maria.lencione
SINDUSCON-SP EM AÇÃO
Construção quer produtividade
Um reajuste salarial de 9,75% foi o
destaque das convenções coletivas da
construção paulista, assinadas a partir
de 2 de maio, quando os presidentes do
SindusCon-SP, Sergio Watanabe, e do
Sintracon, Antonio Ramalho, firmaram
o primeiro desses acordos.
De acordo com o vice-presidente
de Capital-Trabalho do SindusCon-SP,
Haruo Ishikawa, “o reajuste é fruto
da negociação entre as partes, e o
SindusCon-SP espera que os sindicatos
dos trabalhadores se unam às empresas
em favor de uma maior qualificação dos
trabalhadores e da desoneração dos
investimentos em novas tecnologias
que elevem a produtividade. Desta
forma, com aumento da produtividade,
se buscará atenuar o efeito do aumento
salarial sobre o custo das obras.”
Em outra cláusula, SindusConSP e Sintracon “se comprometem a
estimular trabalhadores e empregadores
a envidarem esforços visando a inserção
de mulheres no mercado de trabalho da
construção civil”, bem como favorecer a
inclusão social nos canteiros de obras.
No caso específico da capital paulista,
um novo piso salarial foi introduzido: o
dos trabalhadores qualificados em obras
de montagem de instalações industriais.
Dentre as opções de alimentação, agora
figura um vale-supermercado mensal.
Também deverá ser fornecido café
da manhã e lanche da tarde. Demais
cláusulas permanecem.
Fórum debate questão da mão de obra
Ele também informou
Os gargalos
os primeiros resultados do
existentes à formação
Programa de Formação
de mão de obra e
nos Canteiros de Mão
os caminhos para
de Obra, uma parceria
sua superação
montada em fevereiro de
fo r a m a p o n t a d o s
2010. Foram formados 258
pelo presidente
trabalhadores, sendo 76
do SindusCon-SP,
de 4 empresas associadas
Sergio Watanabe, em
ao SindusCon-SP e
apresentação feita no
182 de 2 empresas não
Fórum da Indústria
associadas. A meta do
da Construção de
projeto piloto é capacitar
Santos e Região, no
2.336 trabalhadores.
início de maio, naquela
O presidente do
cidade. Realizado pelo
SindusCon-SP ainda
sistema “A Tribuna
relatou a nova parceria
de Comunicação”, o
Luiz Paiva dos Reis (Assecob), Watanabe, Beschizza e o associado Renato Monteiro
da Fiesp com o Senai-SP
evento teve o apoio do
e o SindusCon-SP para identificar
SindusCon-SP.
aperfeiçoar o currículo dos estudantes
necessidades de mão de obra de cada
Watanabe apontou como principais
de engenharia e aumentar o número de
região do Interior. A Regional Sorocaba
desafios, dentre outros: conseguir que os
vagas das faculdades.
formou a primeira comissão, que está
alunos formados no Senai efetivamente
O presidente do SindusCon-SP
levantando informações. Em outro
trabalhem nas construtoras e não
anunciou que, neste ano, o Senai
painel, o diretor da Regional Santos do
no mercado informal; intensificar os
paulista pretende formar 50 mil alunos
SindusCon-SP, Ricardo Beschizza, falou
cursos dentro dos canteiros de obras;
em seus cursos voltados à construção
sobre o Plano Diretor.
estimular mais empresas a aderirem
civil. Em 2010, foram formados 38,5 mil;
aos Programas de Qualificação de Mão
em 2009, um total de 46,5 mil; e em
Leia na próxima edição reportagem sobre os
trabalhos do Fórum
de Obra e de Elevação da Escolaridade;
2008, cerca de 28 mil.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
29
regionais
Campinas incentiva financiamentos
de recursos. Será destiUma mobilização
nada aos empresários da
da Regional Campinas
construção com juros de
do SindusCon-SP para
1,51% ao mês, mais TR,
projetar e fortalecer as
prazo de 10 anos e o valor
empresas do setor na
de financiamento de 70%
região ganhou apoio da
do valor do imóvel dado
Caixa Econômica Federal
como garantia.
e de outras entidades que
O convênio foi idealiatuam no setor imobiliário
zado depois de o diretor
na região.
da Regional ter consO s o b j e t i vo s d o
Paulo Galli (Caixa), Kelma Camargo (Secovi), Luiz Amoroso, Francisco Lima (Habicamp),
tatado a baixa procura
acordo são: capacitar os Reinaldo Biondi (Rede Total de Imóveis) e Rodrigo Coelho (Rede Imobiliária Campinas)
das linhas de crédito por
empreendedores no fiparte das pequenas construtoras. Entre
“Pretendemos que as pequenas emnanciamento imobiliário da Caixa para
as linhas de crédito apresentadas está o
presas do setor tenham acesso às linhas
a utilização das linhas de crédito habitaAporte Caixa, um financiamento para que
de financiamento para obras do Minha
cionais; aumentar a rede credenciada de
o empresário tenha recursos de forma mais
Casa, Minha Vida”, disse o diretor da Recorrespondentes Caixa Aqui, ampliando
rápida. “Desta forma, além de ampliar os
gional Campinas do SindusCon-SP, Luiz
os pontos de oferta de crédito imobiliário
negócios das empresas de construção, vaCláudio Amoroso.
e melhorando o atendimento à população;
mos reduzir o déficit habitacional na região
O benefício maior aos associados da
e levar o crédito Aporte Caixa aos emprede Campinas”, disse Amoroso.
Regional estará na disponibilidade de uma
sários, numa linha de crédito com garantia
(Vilma Gasques)
linha de crédito diferenciada para captação
real imobiliária, simples de ser contratada.
Secretário dialoga sobre projetos
A Regional Campinas do Sindus­ConSP promoveu encontro do secretário de
Urbanismo, Hélio Carlos Jarreta, com os
empresários do setor. A conversa teve
como foco o processo de aprovação de
projetos na Prefeitura, que passa por
mudanças com o Plano Local de Gestão
(PLG) e criação da macrozonas. Porém,
há discussões judiciais que emperram a
aprovação de muitos projetos e paralisam
o trabalho da construção.
“Foi muito importante abrirmos negociações para aprovação dos projetos.
Nossa preocupação é com os gargalos
que devem ser evitados, dando agilidade
às ações dos empresários”, destacou o
diretor da Regional.
30
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
“Gostaríamos de colaborar com a
Secretaria de Urbanismo, tendo um departamento de apoio do SindusCon-SP
dentro da Prefeitura para que haja um
contato maior com o poder público, e que
os projetos sejam aprovados com maior
rapidez”, disse Amoroso.
O secretário de Urbanismo expôs as
condições de trabalho da Secretaria, que
precisa garantir condições de desenvolvimento sustentável na cidade, harmonizando os usos urbanos e rurais e a infraestrutura necessária com conservação dos
recursos naturais existentes. “O importante
é o entendimento com os empresários
para resolver alguns problemas. Estamos
aprovando muitos projetos e conseguindo
resolver alguns casos. Somente quando
há discussão judicial é que não podemos
fazer nada além de cumprir a ordem,
mesmo que isso vá contra minha posição
como urbanista”, ressaltou.
Jarreta disse ainda que a atual administração está preocupada com o desenvolvimento da cidade e que possui uma
visão pragmática. “Procuramos ser próa­tivos em todos os processos e buscar
o desenvolvimento em todas as regiões.
Há dificuldades que precisamos vencer
e temos clareza disso, mas já aprovamos
a construção de 12 mil unidades habitacionais dentro do programa Minha Casa,
Minha Vida. E temos mais 20 mil unidades
para serem aprovadas”.
(VG)
Ribeirão forma
operadores
de elevador
Cerca de 20 trabalhadores de construtoras de Ribeirão Preto e região participaram em abril da turma do curso para
formação de operadores de elevadores
de obra, na Escola Municipal de Ensino
Profissional Básico Dr. Celso Charuri.
Como a certificação é obrigatória para
o exercício da função e faltam profissionais
qualificados no mercado, o curso é sempre
bastante procurado. São trabalhadores
como Manoel Messias, servente da
Construtora Copema, de Ribeirão
Preto (SP), que Os participantes da 23ª turma recebem orientações para se qualificarem
projetam a oporfila de espera para as próximas. Sua retunidade de aumentar o conhecimento e o
alização se deve a uma parceria entre a
ganho mensal. “Quero buscar crescimento
Regional e o Senai, com o apoio da Mecan
profissional e ajudar a minha família. Sou
Indústria e Locação de Equipamentos para
de Pernambuco e se um dia eu precisar
Construção.
voltar para minha cidade, terei facilidade
(Marcio Javaroni e Ana Paula Poem conseguir um emprego.”
polin)
O curso está na 23ª edição e já existe
Regional dá orientação
dentro do canteiro
Mais uma ação do Programa SindusCon-SP de Segurança (PSS, realizado
em parceria com o Senai) aconteceu em
Ribeirão Preto, desta vez na Construtora
Croma.
Com a participação de cerca de 30
trabalhadores, o técnico de segurança Raimundo Nonato realizou palestra e respondeu dúvidas sobre segurança, orientando
sobre o uso adequado de equipamentos e
procedimentos corretos.
Ainda em abril, o Comitê Permanente
Regional (CPR) de Ribeirão Preto reu­niuse na sede da Regional. Na ocasião, foram
apresentadas ações como o atendimento
aos proprietários de obras com 300 a 1000
m² de construção, que estão sendo instruídos em relação à segurança dos trabalhadores nas obras, e as visitas realizadas
por técnicos de segurança de empresas
associadas, de forma voluntária, a esses
canteiros para orientação.
(MJ e APP)
O técnico de segurança Raimundo Nonato discorre sobre segurança do trabalho no canteiro da Croma
Rio Preto
discute
segurança
A Regional São José do Rio Preto do
SindusCon-SP e o Senac realizaram o Seminário de Segurança e Saúde na Construção, reunindo cerca de 150 pessoas. O
auditor fiscal da SRTE/SP do MTE Gianfranco Pampalon, um dos palestrantes,
apresentou dados estatísticos mostrando
que a altura é a principal causa de acidentes graves e fatais na construção civil. “No
Brasil e no mundo, 49% dos acidentes são
relativos a quedas”, disse.
Ele também informou que um GTT
–Grupo Técnico Tripartite está implementando a criação de uma norma regulamentadora específica para trabalhos em altura.
Segundo a coordenadora da Regional, Mércia Godoy, o SindusCon-SP está
sempre preocupado com a segurança do
trabalhador. Por isso realizamos eventos
para troca de informações com o objetivo
de reduzir os números de acidentes”, disse.
(Ester Mendonça e Camila Reale)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
31
melhores caminhos para garantir
qualidade total na construção. Especializado em patologia de materiais,
estruturas e habitabilidade, ele é diretor técnico do Grupo Falcão Bauer
e presidente do Instituto Falcão Bauer
de Qualidade.
O conselheiro Falcão Bauer expõe os requisitos para a busca da qualidade nas obras da construção
Bauru debate sobre
inovação e qualidade
A Regional Bauru do Sin­d us­
Con-SP e a Escola Senai “João
Martins Coube” realizaram em abril
um wor kshop sobre inovações e
qualidade dos materiais utilizados na
indústria da construção civil.
Qualidade total
O conselheiro do SindusCon-SP
Roberto Falcão Bauer destacou os
Isolamento acústico
A engenheira química Joana
Nogueira Cavalcanti, que atua na
área de Desenvolvimento Técnico e
Comercial da Votorantim Cimentos,
apresentou novas opões em tecnologia de sistemas da empresa. O
destaque ficou por conta de mantas
e argamassas que garantem isolamento acústico às edificações. “São
inovações que oferecem ótimos
resultados, sendo fáceis de aplicar”,
comentou.
O workshop contou com a participação de aproximadamente 130
pessoas, incluindo profissionais que
já atuam no mercado e alunos do
Núcleo da Construção Civil do Senai.
(Sabrina Magalhães)
Sorocaba estimula qualificação
A Regional Sorocaba do SindusCon-SP está convidando os empresários da construção da região a
incentivarem a qualificação de seus
funcionários, encaminhando ao Senai
os profissionais que já atuam no setor.
“O momento agora é de qualificar
pessoas que já trabalham na construção ou estão interessadas em ingressar
nesse mercado. Ninguém melhor do
que as próprias empresas para indicar
quem deve se qualificar, quem pretende
crescer na profissão”, afirmou o diretor
da Regional, Ronaldo de Oliveira Leme.
Segundo José Sarraccini Júnior,
gerente da Regional Sorocaba e coordenador da Comissão Permanente
de Qualificação de Mão de Obra na
Construção Civil, os cursos ministra-
32
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
dos por meio de parceria com o Senai
terão como foco o trabalho em uma
construtora. “Muitas vezes os cursos
eram frequentados por pessoas que
não tinham interesse em trabalhar no
setor, buscando uma qualificação a
mais ou para reformar ou construir a
própria casa. Enquanto isso, o setor
sofre com a falta de qualificação de seus
funcionários”, disse.
Empresários convocados
De acordo com Antonio Marcos
Vinícius Leite, agente de treinamento
do Senai, já foram feitas reuniões com
empresários de Sorocaba, Itapetininga,
Itapeva e Salto de Pirapora, visando a
formação de turmas para qualquer um
dos nove cursos oferecidos pela insti-
tuição e pelo SindusCon-SP.
“Queremos que os empresários
nos encaminhem os funcionários que
pretendem qualificar. Ou que, com a
ajuda do RH, indiquem quem está realmente interessado em entrar nesse
mercado”, disse.
Os cursos, que têm a duração média de 160 horas, se destinam a maiores de 18 anos e podem ser ministrados
a partir da formação de turmas de 16
alunos. As modalidades oferecidas são
pedreiro assentador, pedreiro revestidor, armador, pintor de obras, carpinteiro de formas, eletricista residencial,
encanador, dry-wall instalador e leitura
e interpretação de desenhos e projetos
de obras civis.
(Nerli Peres)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
33
marketing
Preços diferenciados
Antonio Jesus de Britto Cosenza *
A
precificação é um fator crítico de
sucesso de uma estratégia de
marketing.
Quando o setor é controlado pelo
governo, num cenário de elevada inflação
a variável preço deixa de ser trabalhada
estrategicamente pelas empresas, o
que provoca uma “comoditização” no
mercado.
As empresas de aviação comercial
possuem tarifas que variam conforme
a demanda. Uma área complexa dessa
indústria trabalha para aperfeiçoar a
utilização de seus altos ativos –os equipamentos de voo.
É uma prática corrente no setor de
serviços estabelecer preços por tipo de
cliente (parques e museus), por versão
de serviço (luxo ou standard) ou por localização (teatros, shows). Um “delivery” ou
uma lavanderia podem estabelecer seus
preços de acordo com os diferentes prazos de entrega. Teatros praticam preços
diferentes pela localização dos assentos.
As empresas aéreas segmentam preço
para as classes econômica, executiva e
primeira.
Há uma semana, no check in de um
voo de volta para São Paulo, ao solicitar
assento no corredor, fui informado de que
só havia aquele da saída de emergência,
pelo qual deveria pagar um pequeno valor
adicional. Agradeci e quis pagar no balcão,
mas fui orientado a ir até a loja da empresa
no aeroporto. Parabéns pela estratégia de
preço segmentado, pena que estava mal
estruturada. Deveriam facilitar e permitir o
pagamento no balcão.
Paguei e retornei confortavelmente a
São Paulo, em um corredor com espaço
para as pernas, sem ninguém a meu lado
e podendo ler com a cabeça abaixada
34
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Segmentação é
base para sucesso
de uma estratégia
de atendimento
sem correr o risco de levar uma “cadeirada” na testa, uma vez que o assento
da frente não reclina. Pensei: “Até que
enfim tomaram uma decisão a favor do
passageiro frequente. Foi uma sensação
de Primeiro Mundo. Vou enviar um e-mail
e elogiar a decisão da empresa.”
Felicidade efêmera! Em meados de
abril, o Procon multou a empresa pela
diferenciação de preços dos assentos.
É a ignorância geral que prevalece
sobre as estratégias empresariais internacionais. Em todo o mundo, o setor de
aviação busca incessantemente formas
de reduzir seus custos sem comprometer a segurança dos passageiros e encontra, com dificuldade, ideias criativas
para alcançar esse objetivo.
Mas no Brasil, não. Em nome do
acesso a todos, ocorrem interferências
despropositadas e inconsequentes. É o
mesmo que exigir que os teatros e as arenas de espetáculos padronizem os seus
preços pelo menor praticado. Vamos impor
às salas de exibição de cinemas, as que
possuam poltronas bem mais confortáveis,
que também pratiquem o preço mínimo,
sem diferenciação das demais?
Vamos impedir as construtoras e imobiliárias que cobrem mais caro pelos apartamentos dos andares superiores, porque
permitem uma vista privilegiada? Vamos
estender para o setor de alimentação e
padronizar os preços dos restaurantes?
Vamos também exigir o preço mínimo em
todos os assentos dos campos de futebol,
paixão nacional?
É difícil o país se inserir no Primeiro
Mundo. Quando o presidente dos EUA
afirma que o país do futuro já é presente,
ele não tem noção dos bastidores. É preciso o Procon entender que o processo
de segmentação em marketing é a base
para o sucesso de uma estratégia de
atendimento ao mercado consumidor. Ele
responde à questão –atender quem?– e
permite a formulação das estratégias que
nada mais são do que as respostas à
questão –atender como?
Pena que a felicidade seja tão efêmera
na terra do Carnaval.
* Consultor de empresas e professor da
EAESP­FGV e da BBS
ntários, críticas,
Envie seus come
stões de temas
perguntas e suge
:
para esta coluna
om.br
aeassociados.c
nz
se
co
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cosenz
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
35
JURÍDICO
Novidades fiscais
Alexandre Tadeu Navarro e Fabiano Marcos *
N
esta edição destacaremos três
novidades fiscais relacionadas
à construção: duas oriundas
de manifestações recentes da Receita,
mediante Soluções de Consulta, e a outra
relativa à MP 510/10, que reconheceu a
personalidade jurídica dos consórcios e
estabeleceu a solidariedade entre consorciadas e o consórcio.
A Receita vem decidindo acerca da
possibilidade do reconhecimento somente
no mês da entrega do bem ou da conclusão do serviço, em exceção ao regime de
caixa, do faturamento antecipado, bem
como dos adiantamentos recebidos por
conta da venda de unidades imobiliárias
em construção. Esta posição representa importante fôlego de caixa para as
empresas construtoras, especialmente
porque o usual é utilizar os adiantamentos
inteiramente para aquisição de materiais
e pagamento de subempreiteiros. Transcrevemos:
“Ementa: Atividade imobiliária. Lucro
presumido. Regime de caixa. Adiantamento.
Os adiantamentos relativos à prestação de serviço de empreitada ou à venda
de unidades imobiliárias não entregues
devem ser reconhecidos como receita
para fins de incidência do IRPJ, pela
pessoa jurídica optante pelo lucro presumido, regime de caixa, no mês em que
se der a entrega do bem ou a conclusão
do serviço.”
Adicionalmente, a Receita vem decidindo de forma positiva acerca da possibilidade de compensação do saldo retido
(11%) de contribuições previdenciárias,
na cessão de mão de obra e na empreitada, entre todos os estabelecimentos
da empresa cedente de mão de obra,
36
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Conheça três
alterações que
beneficiam a
construção civil
inclusive nos casos de obra de construção
mediante empreitada total.
Dentre as recentes decisões, destacamos aquela que reconheceu a possibilidade de uma empresa sucessora, por
incorporação, se aproveitar dos créditos
da empresa incorporada, de modo que
este valor poderá ser compensado por
qualquer outro estabelecimento da
empresa sucessora. Neste sentido, veja
trecho da Solução de Consulta:
“A empresa sucessora, por incorporação, pode compensar os créditos de
contribuições previdenciárias da empresa
incorporada, oriundos da antecipação das
contribuições previdenciárias representada pela retenção dos 11% sobre o valor
dos serviços prestados pela sucedida, e
dos valores das contribuições previdenciá­
rias recolhidos indevidamente.”
Tal posicionamento é reflexo das novas regras de compensação introduzidas
pela Lei 11.941/09, e está em consonância com o disposto na IN da Receita
973/2009, que dispôs sobre o assunto.
Vale lembrar que estas Soluções de
Consulta somente são vinculantes para
as empresas consulentes, mas mostram
importante tendência por parte do fisco.
Por fim, mas não menos importante,
destacamos o reconhecimento da personalidade jurídica aos consórcios pela
MP 510, de 28 de outubro de 2010, que
determinou que os consórcios passem
a cumprir suas “próprias” obrigações tributárias, bem como que as consorciadas
são solidariamente responsáveis entre
si, pelas obrigações tributárias assumidas
pelo consórcio.
Importante destacar que, embora a
MP 510 ainda não tivesse sido convertida
em Lei até a redação deste artigo –o texto
aprovado no Legislativo encontrava-se
pendente de sanção presidencial desde
12 de abril de 2011, data da nossa última
consulta–, seus efeitos já estão em vigor
e as empresas devem se atentar a esta
novidade, independentemente de sua
aprovação ou não, trazendo implicações
severas a este formato de parcerias tão
utilizado pelo setor construtivo.
* Respectivamente: Sócio e membro do Conselho
Jurídico do SindusCon-SP, e advogado pleno do
escritório
Navarro Advogados.
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
37
PREVENÇÃO E SAÚDE
Erradicação do sarampo
José Moacir de Lacerda Jr. *
O
sarampo é uma enfermidade
viral, aguda, que pinta o corpo
com manchas vermelhas, por
isso chamado pelos médicos de doença
exantemática. Seu aspecto é bastante
característico e deve sempre ser diagnosticado pelo médico, uma vez que há
muitas doenças que fazem parte desse
mesmo grupo.
O sarampo foi descrito pela primeira
vez no século 10 por Rhazes, um médico
persa. Ele classificou a doença como
sendo “mais horrorosa que a varíola”
e durante séculos elas foram alvo de
muita confusão entre os diagnósticos.
No século 17, o cientista John Graunt
fez a separação definitiva entre as duas
doenças. Entretanto, na metade do século
18, o médico escocês Francis Home verdadeiramente reconheceu a natureza da
doença e tentou preveni-la. Desde então,
inúmeras ações têm sido realizadas
nesse sentido.
No Brasil, o sarampo foi responsável
por muitas epidemias e por ter levado à
morte milhares (talvez milhões) de pes­
soas desde o descobrimento. Em 1968,
foi implantada a vacina em São Paulo e no
Rio de Janeiro, em caráter experimental.
Em 1974, passou a fazer parte, em caráter
definitivo, do calendário vacinal, sendo
aplicada, nessa época, aos oito meses de
idade. De lá pra cá sua aplicação passou a
ser aos nove meses e hoje é feita com um
ano de idade, na forma da vacina tríplice
viral (que protege também contra rubéola
e caxumba).
A doença geralmente se inicia com
febre acompanhada de tosse, coriza,
conjuntivite e fotofobia (sensibilidade à
luz). Tem muitas semelhantes com uma
gripe bastante forte, com uma caracterís-
38
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Seconci-SP está
vacinando quatro
mil trabalhadores
dentro das obras
tica de “face suja”, congesta. Por volta do
segundo ao quarto dia surgem as lesões
maculo-papulosas de coloração avermelhada, o exantema.
Esse período pode durar até sete dias,
quando se inicia o período de remissão,
com diminuição da febre e do mal estar e
mudança na cor do exantema de avermelhado para vinho (ele vai gradativamente
escurecendo).
Um período intermediário mais grave,
o toxêmico, pode ocorrer quando o sarampo debilita muito as defesas do organismo,
principalmente de crianças desnutridas e
adultos jovens, trazendo complicações
como broncopneumonia, inflamação de
órgãos como cérebro e coração, além de
lesões oculares e diarréia intensa.
Por se tratar de doença viral, não há
tratamento específico. Normalmente são
prescritos antitérmicos e analgésicos
para aliviar os sintomas de febre e tosse,
e se recomenda o aumento da ingestão
de líquidos, como água e suco de frutas.
Complicações, se surgirem, devem ser
tratadas caso a caso.
No Brasil, o sarampo é doença de
notificação compulsória desde 1968. Até
1991, o país enfrentou nove epidemias,
uma a cada dois anos, em média. Em
1992, o país adotou uma meta de erradicação da doença até o ano 2000 e, de
fato, o último surto aconteceu nesse mesmo ano com a notificação de 15 casos.
Em 2006, 56 casos foram notificados na
Bahia, mas acredita-se que tenham sido
causados por vírus importados de outros
países. Em janeiro deste ano, a Secretaria
de Estado da Saúde confirmou o primeiro
caso, um morador de Campinas que contraiu a doença em uma viagem aos EUA.
Reconhecidamente a melhor forma de
prevenção contra a doença é a vacinação.
Por isso, o Seconci-SP, ciente da sua responsabilidade social e em parceria com o
SindusCon-SP, está promovendo Campanha de Prevenção ao Sarampo, aplicando
a vacina tríplice viral nos trabalhadores do
setor. Esta ação teve início em 13 de abril
e deverá se estender ao longo do mês
de maio, quando deverão ser vacinadas
quatro mil pessoas.
* Médico pediatra e homeopata formado pela
Faculdade de Medicina do ABC e integrante da
equipe médica do
Seconci-SP
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SOLUÇÕES INOVADORAS
Pisos elevados
Ercio Thomaz *
A
tecnologia dos pisos elevados
nasceu basicamente com o advento das calculadoras elétricas
e das máquinas de escrever elétricas,
firmando-se mais com o desenvolvimento da informática. Ainda com a chegada
das máquinas copiadoras, dos scanners,
impressoras, sistemas de som e imagem,
aparelhos multimídia e outros equipamentos, os escritórios passaram a demandar
cada vez mais esse recurso.
Pisos elevados facultam o caminhamento de dutos e cabos, as adaptações
de layout, a personalização e flexibilização
dos ambientes. Interna ou externamente,
facilitam ainda as operações de manutenção de instalações neles embutidas,
bem como de impermeabilizações ou
do próprio piso, com a possibilidade de
simples substituição de placas modulares
apoiadas sobre pedestais, sem a necessidade de rompimento de concretos ou
argamassas. Onde o pé direito e outros
fatores permitirem, os pisos elevados podem ser utilizados no retrofit de edifícios
comerciais, minimizando a geração de entulho e o tempo despendido nas reformas.
Devidamente projetados, podem ainda contribuir para o isolamento acústico
entre pavimentos, particularmente no
que concerne aos ruídos transmitidos
por impacto, e também para um sistema
alternativo de condicionamento de ar: o de
insuflamento invertido, ou seja, da base
para o topo do ambiente. No caso de pisos
Tecnologia pode
contribuir para
isolamento térmico
e até acústico
externos, a camada de ar entre as placas
e a laje é importante fator de contribuição
para a isolação térmica, constituindo boa
opção para as lajes de cobertura ou de
terraços. Contribuição importante para
o isolamento acústico de pisos todavia
só será conseguido com o emprego de
apoios constituídos por materiais resilientes ou pela interposição desses materiais.
Restritos inicialmente aos ambientes
internos, os pisos elevados têm sido ado-
tados também nos ambientes externos.
Em áreas extensas, por exemplo, onde
o grande número requerido de ralos e os
caimentos necessários para a drenagem
superficial poderiam comprometer a estética ou a funcionalidade do piso, o sistema
possibilita a construção de pisos perfeitamente planos, escoando a água através
das frestas mantidas entre as placas que
o integram. Tais frestas, se benéficas e
necessárias por um lado, por outro podem
dificultar o trânsito de carrinhos de bebê,
cadeiras de rodas, bicicletas e outros,
podendo servir de armadilha para saltos
de sapato femininos, skatistas e dedinhos
de crianças. Cuidados também devem
ser tomados para que o piso elevado não
se transforme num criadouro de insetos
e pragas.
Com altura variável (pode superar até
um metro nos CPDs de maior porte), o
plenum constituído entre a face inferior do
piso e a laje apresenta normalmente altura
em torno de 20cm, variando em função de
disposições arquitetônicas, do porte dos
equipamentos e instalações que se deseje
embutir e da distância mínima requerida
entre cabos elétricos, sistemas de voz e
de transmissão de dados, para que não
ocorram interferências indesejáveis entre
os diferentes sistemas. No caso de insuflação de ar pelo piso, tal altura estará ainda
condicionada à vazão de ar projetada.
Os primeiros pisos elevados eram
constituídos por placas de concreto re-
Foto: Remaster
Foto: Buzon International
Foto: Buzon International
Pedestais com articulação apoiados sobre lajes
inclinadas; instalações elétricas e de dados, com tomada
embutida no piso, e pedestais com altura regulável
Foto: Appian Corporation
Foto: Eng° Maurício Bernardes
Piso elevado externo próximo a espelho d´água, dentro da área de um jardim
pousando sobre alvenaria ou pequenos
apoios de concreto moldados no local:
efetuava-se o nivelamento da face superior do piso, moldando-se cada apoio
na altura necessária. Depois, vieram as
placas pré-fabricadas em aço, alumínio,
concreto celular, plásticos de engenharia
(PVC, PEAD etc.), placas de rocha estruturadas com telas de fibra de vidro no
tardoz, porcelanato e placas de madeira
reconstituída (MDF/HDF, OSB –com possibilidade de revestimento em carpete,
manta de vinil, laminado melamínico e
outros).
Criaram-se os pedestais reguláveis,
telescópicos, em aço ou plástico, inclusive
com articulações que permitem manter o
piso nivelado mesmo se apoiado sobre
uma laje inclinada. Mais recentemente,
surgiram os pisos elevados monolíticos,
constituídos por pirâmides de PVC invertidas e sequenciais, posteriormente preenchidas com argamassas autonivelantes.
No dimensionamento das placas
devem-se considerar as cargas concentradas e distribuídas passíveis de atuar,
riscos de puncionamento, resistência à
flexão e ao cisalhamento, resistência a
impactos de corpo mole e de corpo duro,
eventuais cargas dinâmicas de veículos
leves etc. Para os pedestais, devem ser
consideradas cargas de flexo-compressão
e os riscos de instabilização ou ruptura
por flambagem, providenciando-se nos
pedestais de maior altura os contraventamentos necessários. As cargas atuantes
nas placas e nos pedestais obviamente
devem ser absorvidas pela base.
A paginação/modulação das
placas tem influência direta em
todos os aspectos: estética, resistência mecânica, custo, maior
ou menor dificuldade de remoção/
execução das manutenções, custos e dificuldade de reposição etc. Terraços com pisos elevados em edifício
Além desses fatores, o projeto do
11.802 para pisos elevados em geral, espiso elevado deve considerar a
pecificação que se encontra relativamente
necessária segurança ao fogo, risco de
desatualizada. Para placas de concreto
propagação de chamas, possibilidade
foi recentemente editada a norma NBR
de ressonância, aspectos ergonômicos/
15.805-2010, com exigências aderentes
desconforto causado por deformações
aos requisitos de desempenho da normaou vibração das placas etc. O material e a
lização 15.575 (Desempenho de edifícios
textura superficial das placas irão facilitar
habitacionais) e que inclusive apresenta
ou dificultar a limpeza e conservação do
um anexo sobre os pedestais de apoio.
piso, devendo-se atentar nos pisos exterPara quem necessitar de mais infornos para o perigo de escorregamento que
mações, o tema é tratado com extrema
representam as superfícies muito lisas.
competência na dissertação de mestrado
Principalmente nos pisos externos,
“Tecnologia Construtiva de Piso Elevado
pela ação da radiação ultravioleta as plapara Áreas Externas de Edifícios” (Epusp,
cas tendem a apresentar esmaecimento
2009), do engenheiro da Tecnisa Maurício
da cor, fator a ser considerado no projeto
Bernardes, com orientação da professora
de arquitetura. Mesmo que se preveja
Mércia de Barros.
razoável estoque para reposição, no caso
de cores muito vivas as placas repostas
apresentarão considerável diferença de
* Doutor pela EPUSP, pesquisador do IPT,
cor em relação às remanescentes. As
professor na pós graduação do IPT e do
placas devem apresentar grande reguMackenzie.
laridade dimensional, particularmente no
que tange ao esquadro e à espessura.
Como os pedestais em geral se prestam
ao apoio simultâneo de até quatro placas,
ntários, críticas,
Envie seus come
diferenças de espessura entre as placas
stões de temas
perguntas e suge
contíguas resultarão em dentes no piso,
:
para esta coluna
de nada adiantando o ajuste milimétrico
l.com.br
uo
@
az
erciothom
na altura dos pedestais.
Encontra-se em vigor a norma NBR
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
41
INOVAÇÃO
Construção e sociedade
Vahan Agopyan *
S
empre que há uma reunião do
conselho do CIB, o Conselho
Internacional da Construção,
relato aqui as discussões ocorridas, pois
os temas levantados repercutem no Brasil
em um curto espaço de tempo. A última
reunião foi na semana da Páscoa em
Beijing, na China, e o tema central foi o
do título deste artigo.
Antes apresento uma discussão paralela mantida com os construtores presentes, todos do Hemisfério Norte (EUA,
Europa e Japão). A maior preocupação
deles é ter à disposição o melhor projeto
integrado possível para serem competitivos. Eles estavam se referindo às soluções de projeto integrado, contemplando
desde sua concepção até a entrega da
edificação ou obra de arte, o conceito de
IDDS – Integrated Design and Delivery
Solutions, que já comentei aqui.
O termo projeto deve ser entendido
no seu sentido amplo, vindo do inglês
design, não se restringindo aos desenhos
e especificações da obra, mas envolvendo todas as etapas do empreendimento,
da concepção à manutenção. O termo
integrado também tem o sentido da
língua inglesa, não sendo uma somatória
de partes, mas a combinação de vários
processos que resultam no todo, com
sinergia.
Para esses construtores, conseguir o
melhor projeto é a sua sobrevivência num
ambiente muito competitivo. Para isso,
todos participam direta ou indiretamente
na elaboração dos IDDS de suas obras,
montando inclusive equipes próprias de
projeto, muitas vezes em empresas coligadas. Nossa realidade é bem diferente, não
sendo isso sempre ainda válido, como por
exemplo em obras públicas, mas deve-se
42
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Ambiente construído
é decisivo para a
qualidade de vida
da população
estar atento para as demais obras e as
concessões.
Voltemos ao tema do título, cuja motivação básica é que o ambiente construído
existe para satisfazer os anseios dos seus
usuários diretos e indiretos, pois cada
construção afeta toda a sociedade. Não
se trata de diminuir os aspectos técnicos e
tecnológicos do setor, mas de ampliar seu
escopo. O ambiente construído é decisivo
para a qualidade de vida da sociedade e
os diversos atores da cadeia produtiva
da construção devem ter consciência
disso. Essa visão holística complementa
as abordagens discutidas nesta coluna: a
da valoração da construção, entendendo
o valor da obra pela sua importância à
sociedade e não apenas pelo seu custo
somado aos benefícios, e a da construção
centrada nos usuários, em que o atendimento dos anseios deles é o foco central.
Todo o esforço da construção no exterior é se posicionar como determinante
para a sociedade e tentar se fazer reconhecer pela população como atividade social e não apenas técnica. Mais: em países
como o Brasil, a construção desempenha
um papel decisivo na economia, contribuindo para superar dificuldades, como
ficou claro durante a última grande crise
financeira. As melhorias nos processos
construtivos garantem construções melhores, mais rápidas e viáveis, inclusive
para o lucro da empresa. Isso não está
claro para a sociedade e precisa ser melhor difundido. O objetivo da abordagem
proposta não é apenas de divulgação,
mas de mudança de comportamento
do setor. Ainda são conjecturas, ideias a
serem discutidas, não se tendo propostas
concretas. No entanto, o melhor posicionamento da construção para a população
não pode ser considerado como um fato
secundário ou complementar. Trata-se de
mudança cultural decisiva para que o setor
se coloque como social e intensamente
participante da melhoria de qualidade de
vida. Essa visão mais ampla é decisiva
para o fortalecimento da construção na
sociedade.
* Professor Titular da Escola Politécnica da USP
e
Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP
ntários, críticas,
Envie seus come
stões de temas
perguntas e suge
:
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poli.usp.br
vahan.agopyan@
Inscrições limitadas
Não deixe de participar da 7ª edição que traz
à debate os principais aspectos atuais da
Tecnologia de Sistemas Prediais.
DATA
17 de junho de 2011
Horário
8h30 às 18h
Local
SindusCon-SP
Rua Dona Veridiana, 55 - Santa Cecília, São Paulo
Informações e Inscrições
11 3334.5600
[email protected]
Investimento
Empresas associadas e entidades apoiadoras: R$ 350,00
Empresas não associadas: R$ 450,00
www.sindusconsp.com.br
realização
coordenação
patrocínio
FaÇa Sua INSCRIÇão No SITE
www.enic.org.br
São Paulo
10, 11 e 12 de agosto de 2011
WTC - SP
Av. das Nações Unidas, 12.551 - Brooklin Novo
promoção
realização
patrocínio
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