Eiffel, o mágico do ferro e do aço

Transcrição

Eiffel, o mágico do ferro e do aço
Eiffel, o mágico do ferro e do aço
As estruturas metálicas levantadas por Eiffel, combinadas com
uma técnica de artesanato incomparável e o elegante design,
colocaram-no na vanguarda dos engenheiros da sua época.
Com ele, foi dado o passo decisivo para substituir a pedra pelo
metal ou, em outras palavras, o que foi criado pela natureza
pela simbiose dum elemento natural e a inteligência humana.
Embora Gustave Eiffel seja mundialmente conhecido pela torre
que construiu em París por ocasião da exposição de 1889 e
actual símbolo da capital francesa, em geral, desconhece-se que este engenheiro francês legou
por todo o planeta centenares de obras metálicas de diferentes tipos. Só para citar um exemplo
próximo, em 2006 a sua primeira obra em Espanha faz 130 anos.
O uso massivo do aço em finais do século XIX revolucionou a arquitectura e a engenharia, pois a
construção saiu dos limites da alvenaria de pedra, tijolos e madeira. A indústria pesada tinha
atingido a sua maturidade, dando sinais dum futuro cheio de extraordinários progressos que
pessoas como Eiffel se encarregavam de imaginar.
Após alguns anos no sudoeste da França, onde supervisava os
trabalhos da ponte do caminho-de-ferro de Bordéus, Eiffel
estabeleceu-se por conta própria em 1864 como fabricante, isto é,
como empresário especializado nas estruturas metálicas.
A sua excepcional carreira neste âmbito é recompensada em 1876
com o viaduto do Porto sobre o rio Douro, depois o viaduto do Garabit
em 1884, o qual, durante algum tempo foi a ponte mais alta do mundo,
bem como a estação de Pest na Hungria.
Billington, na sua obra "The Tower and the Bridge" (Editorial Basic
Books, Inc., de 1983), afirma que o período de finais do século XIX é
caracterizado pelo uso do aço. Assim, Eiffel foi um dos primeiros em
usar os cabos desse metal, precursores dos cabos de alta resistência
utilizados no pré-esforço e das pontes suspensas contemporâneas.
Entre 1867 e 1884, Eiffel construiu numerosas pontes através das quais consolidou o progresso
dos seus cálculos e desenhos detalhados.
Entre os primeiros pedidos estrangeiros aceites por Eiffel destaca o viaduto de Maria Pia sobre o
rio Douro, a estrutura ferroviária mais famosa de Portugal. Foi inaugurada no dia 4 de novembro
de 1877 pelo Rei D. Luis I e pela Rainha D. Maria Pia, daí a escolha do seu nome. É constituida
por um único arco de aço de 160 m de altura, que sustenta a via férrea para um único comboio
através de pilares que reforçam todo o viaduto.
A construção da ponte Maria Pia foi levada a cabo em tempo recorde, em menos de dois anos
(desde 5 de janeiro de 1876 a 4 de novembro de 1877).
Seguindo o mesmo modelo, realizou o Viaduto de Garabit,
construído em ferro forjado sobre o rio Truyère. Com os seus
165 metros de vão, foi na época o maior arco do mundo.
Com esta ponte consolidaram-se as qualidades de Eiffel como
artista estrutural, chegando à cume como construtor de pontes.
Nela, misturam-se a simplicidade dos cálculos, o atractivo das
formas e a adaptação às necessidades de atenção das cargas,
melhorando estéticamente os avanços obtidos na ponte do
Douro.
Igualmente, na localidade lusa de Viana Do Castelo, situada na foz do rio Lima, encontra-se outra
ponte, amostra do talento de Eiffel.
Esta longa construção de aço, com 562 metros de comprimento, está actualmente sendo objecto
de recuperação. O piso actual é substituído por um pavimento de paneis metálicos e a plataforma
ferroviária passará de 6 para 8 metros.
A 56 Km. de Viana Do Castelo encontra-se a localidade raiana
galega de Tui. Um ponto de ligação entre a Galiza e Portugal é
a ponte Minho Internacional (1886). Um viaduto diferente do
resto, que se denomina "internacional" porque a metade sul
está situada em território português e o troço restante nesse
município pertencente à província de Pontevedra.
Também na Galiza, concretamente em Redondela
(Pontevedra), encontra-se a localidade conhecida como "A Vila
dos Viadutos", devido aos dois viadutos que atravessam a
mesma: o Viaduto Vello e o Viaduto Madrid, ambos construídos com métodos de gelosia.
No entanto, o Viaduto Madrid encontra-se desde 1971 abandonado. A sua construção está
relacionada com a linha Ourense-Vigo, já que, é nesse ponto onde enlaça com a linha proveniente
de Madrid. O viaduto passa por cima do profundo vale de Redondela, sendo constituído por dois
troços de acesso construídos com abóvadas de cantaria granítica e um troço principal formado
por vigas metálicas de ferro forjado sobre pilares de alvenaria. O comprimento final da ponte é de
256 metros, dos quais, 10 m. pertencem às abóvadas e 51 m. aos troços metálicos.
Eiffel encontrou no metal a força da sua obra, aplicando-o em naves
industriais, adegas e até mesmo como decoração e ambientação em
museus.
Nesse sentido, é significativa a estrutura do ?Museo Geológico
Minero?, situado nas dependências da nave industrial de «La Yutera»
do município cordobês de Peñarroya-Pueblonuevo e que está
catalogado como um dos melhores museus espanhóis da sua classe.
Nele, pode-se apreciar como as estruturas de ferro são fixadas na
sua totalidade com rebites, um dos elementos emblemáticos do
engenheiro.
Depois de Eiffel, um fiel reflexo da evolução na utilização de novas
tecnologias e materiais tem sido o aumento do consumo de aço ao
longo do século XX, apesar de que a Torre de París representa a culminação do uso do ferro
como material estrutural, abre as portas ao uso do aço em novas formas no futuro.
Assim, de 1900 a 1999 o seu consumo aumentou de 28 milhões de toneladas a 780 milhões de
toneladas por ano. Isto determina um crescimento médio de 3,4 % anual ao longo de 100 anos.
Do mesmo modo que se diz que o século XX foi "o século do aço", considerando a evolução
desse material para o aço leve galvanizado e outras ligas, pode-se dizer que o século XXI será o
século do "aço inteligente".
Texto: Revista Arcelor Espanha
Copyright © 2014 Constructalia. All rights reserved

Documentos relacionados

O viaduto de Millau bate todos os recordes

O viaduto de Millau bate todos os recordes dadas as dimensões impressionantes da obra. O tabuleiro tem 2.460 metros de comprimento, 32 metros de largura e 4,2 metros de espessura. A ponte assenta em 7 pilares, sendo o sétimo pilar o mais cu...

Leia mais

Ponte D. Maria Pia

Ponte D. Maria Pia A inauguração deu-se a 4 de Novembro de 1877 por D. Luís I e D. Maria Pia; a cerimónia teve a presença da Banda de Música da Cidade de Espinho. No último quartel do século XX tornou-se evidente que...

Leia mais