De Oswald de Andrade a Michel Teló
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De Oswald de Andrade a Michel Teló
CMYK CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quarta-feira, 7 de março de 2012 • Opinião • 15 De Oswald de Andrade a Michel Teló » GILBERTO LIMA JR Consultor em Negócios Internacionais, presidente da Going Global Consulting e membro do Conselho do World Trade Center ARI CUNHA DESDE 1960 VISTO, LIDO E OUVIDO [email protected] com Circe Cunha // [email protected] Pescador de homens Fortaleza – Marcelo Crivella prometeu abundância de peixes para o brasileiro. Não acredita que, com tantos quilômetros de mar e temperatura favorável, seja necessário que o Brasil cobre tão caro pelo alimento que vem do oceano. Tantos tanques e criatórios deixam o peixe cheio de gordura e com gosto alterado. Não é possível, com uma costa de quase 8 mil quilômetros, que o quilo de um peixe do mar passe dos R$ 20. O peixe custar mais que a carne foge a todos os parâmetros estatísticos e econômicos. E não é só em Brasília, como na Feira do Guará, onde o peixe é supervalorizado. No Nordeste também. Restaurantes cobram muito dinheiro pelo peixe que não exigiu o mesmo cuidado que um boi. O novo ministro da Pesca é engenheiro civil e bispo da Igreja Universal. Disse que seu nome apareceu não para garantir unidade do poder com os evangélicos. Argumentou que o comportamento durante o segundo mandato no Senado foi a forma com que defendeu a respeitabilidade e entendimento das coisas. Disse haver aprendido detalhes sobre a vida do país. Assim como estudar o comportamento do povo, pró ou contra as votações dependendo de injunções de fora. Crivella ocupa o Ministério da Pesca não para colocar a minhoca no anzol, mas para ser pescador de homens e votos. Semana de Arte Moderna de 1922 foi amplamente comemorada pela passagem dos 90 anos. Nela a expressão singular da cultura brasileira, conhecida como Manifesto Antropofágico, delineou o jeito de ser de um povo amistoso, amável, receptivo e, como dizem os norte-americanos, friendly (amigável) na relação com outras culturas e valores. Em vez de xenofobia ou louvor cego aos padrões da arte estrangeira, expoentes de nossa cultura, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Heitor VillaLobos, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, resolveram mostrar a capacidade do brasileiro de misturar e digerir as influências externas e internas e projetar uma expressão singular na forma de ver o mundo e na própria forma de ser. Desde lá, o mundo voltou a reverenciar nossa cultura em diferentes momentos pela via dos grandes autores, escritores e compositores. Carmem Miranda representou uma de nossas antropofagias musicais. Uma portuguesa convertida ao carioquismo em essência que levou nossas batucadas ao estrelato nas telas dos cinemas e aos palcos internacionais. O estrangeirismo aumentaria com a abertura econômica do país na fase da substituição das importações, especialmente no período do mandato do presidente JK (1956 a 1960). Juscelino precisou negociar com diversos países, visitou e recebeu inúmeros chefes de Estado, buscando os recursos necessários à implementação de seu plano desenvolvimentista que previa crescimento de 50 anos em cinco. A Sua gestão foi marcada pela construção da indústria automotiva, das grandes obras nacionais como hidroelétricas, rodovias e Brasília, a nova capital da República, verdadeiro museu de arte a céu aberto, hoje tombado como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. Nesta fase, a presença de multinacionais no país se multiplicou e o presidente teve a felicidade de ver a autoestima brasileira nas alturas. Afinal o mundo parava para nos reverenciar pela primeira vez, com a conquista da Copa de 58, disputada na Suécia, ao mesmo tempo em que emplacávamos por toda história o grande produto de nossa exportação, a bossa-nova. Anos Dourados aqueles. Na sequência, autores como Jorge Amado, pintores como Cândido Portinari e outros ícones projetaram “este nosso jeito de ser”. Mais recentemente, a produção audiovisual brasileira, especialmente as telenovelas, trataram de levar nossas histórias, costumes e paisagens tropicais mundo afora. Inesquecível para qualquer brasileiro, a novela Escrava Isaura foi exibida em mais de 100 países e até hoje a atriz Lucélia Santos é reverenciada na China. Em ocasiões mais recentes, numa viagem a Moscou, foi estranho assistir aos atores brasileiros tão familiares interpretados em russo ou ficar aguardando o intervalo comercial da novela A favorita para que os garçons do Hotel Nacional em Havana pudessem me atender e ainda protelarem a entrega do meu pedido enquanto não lhes contasse o futuro da Flora e da Donatella. No campo das artes, nomes como Romero Brito e Vick Muniz orgulham nosso povo com suas artes plásticas, os autores Paulo Coelho e Augusto Cury levam seus romances e aconselhamentos de um polo a outro do planeta, gênios como Washington Olivetto e Nizan Guanaes estão entre os mais premiados nos festivais internacionais de publicidade, e os executivos internacionais olham surpresos para um país que acaba de atingir a posição de sexto PIB do mundo. Nossa vocação cosmopolita ainda tem muito para amadurecer: participamos apenas de 1,2% do comércio mundial, ainda lutamos por conquistar uma vaga no Conselho de Segurança da ONU. É preciso que nossa população vá além do hit global do Michel Teló Ai se eu te pego e se orgulhe dos recordes de atração de investimentos estrangeiros em meio a um mundo em crise (US$ 66,7 bilhões em 2011). Quanto ao mundo, nosso jovem país tem muito a aprender, mas também a contagiar as outras nações com nossa alegria de viver, nossa flexibilidade, nossa tolerância, nossa antropofagia e a força de superação que vem do melhor do Brasil, o brasileiro. A vez dos portos » ALÉCIA PAOLUCCI NOGUEIRA BICALHO Advogada O apoio da Secretaria Especial de Portos (SEP) e da Casa Civil, e inaugura nova fase da evolução histórico-jurídica da infraestrutura portuária no país. A prestação dos serviços públicos nos portos brasileiros é tradicionalmente vinculada ao instituto do arrendamento, do Decreto-lei 5/66. Segundo o regime jurídico de origem, os terrenos, armazéns e instalações portuárias eram arrendados ou locados, com preferência aos usuários ou terceiros que se dispusessem a investir para completar, expandir ou aparelhar as instalações. Os serviços de movimentação e armazenagem de mercadorias podiam ser executados por estivadores ou terceiros. Mas a evolução legislativa e a prática das parcerias entre os setores público e privado tornaram impositiva a modernização desses lastros jurídicos. A prestação dos serviços públicos vinculada à construção, ampliação e manutenção das respectivas infraestruturas não se satisfaz mais com a flacidez do superado conceito de arrendamento, como mera utilização autorizada de instalações. Na década de 90, diversas leis aportaram ferramentas de desenvolvimento da infraestrutura portuária, no contexto contemporâneo, como as Leis dos Portos (8.630/93), Licitações (8.666/93), Concessões (8.987/95), PND – Plano Nacional de Desestatização (9.491/95), Reestruturação dos Transportes Aquaviário e Terrestre (10.233/01), e Decreto 6.620/08, que cuida das políticas e diretrizes para o desenvolvimento e fomento do setor portuário. O marco regulatório do setor, em especial CMYK Tribunal de Contas da União recebeu da Companhia Docas do Pará – CDP, na sexta-feira, os estudos da viabilidade econômico-financeira da expansão do Porto de Vila do Conde. A providência destina-se ao cumprimento do primeiro estágio de fiscalização do processo de desestatização. A modelagem construída pela CDP é inédita no setor portuário e foi autorizada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários – Antaq, nos termos da Resolução 2.380, de 7/2/12, que aprovou os estudos (EVTE) e as minutas de edital e contrato. A Agência decidiu pela regularidade dos instrumentos e pela continuidade dos procedimentos destinados à deflagração da licitação. O Porto de Vila do Conde é um dos seis portos administrados pela autoridade portuária paraense e situa-se em posição estratégica de escoamento dos produtos siderúrgicos na Região Norte. É beneficiado, ainda, pela rica malha hidroviária existente em seu entorno. A ampliação do PVC compreende a construção pela iniciativa privada de um terminal de múltiplo uso (TMU2) e de dois outros terminais (carvão e placas e bobinas), que serão explorados por uma sociedade de propósito específico, sob o regime de concessão precedida de obra pública. O processo vem sendo estruturado desde 2010, e seus instrumentos foram submetidos a Audiência e Consulta Públicas, com divulgação dos dados do projeto aos interessados. Na iniciativa, a Docas adota as diretrizes da legislação nacional, conta com o a Instrução Normativa Antaq – 55/02, substituída pela 2.240/11, permite o uso mais eficiente da área do porto organizado, potencializando o conceito contemporâneo do serviço público prestado nas áreas e instalações portuárias. E o TCU tem atuação de destaque na evolução histórica da regulação da infraestrutura e de serviços no setor portuário. Em 2009, o tribunal consolidou os resultados das auditorias operacionais realizadas nos portos nacionais, em cumprimento às determinações do Tema de Maior Significância – TMS 7 – Portos. Nos acórdãos 1.904/09 (Gestão) e 2.896/09 (Regulação) foram apontados gargalos do setor e medidas de mitigação. Em especial, foi definitivamente caracterizado o regime jurídico de delegação dos serviços portuários: a concessão, sendo o arrendamento ali referido para fins meramente históricos. Então, o projeto noticiado atende às demandas estatais e sociais: viabiliza a ampliação de dispendiosas infraestruturas portuárias — sem orçamentação, como é ínsito ao regime de concessão —, e de forma vinculada à adequada prestação dos serviços. É certo que nem tudo são rosas. A SEP enfrenta tormentosas questões, como a discussão sobre o uso de instalações portuárias de uso privativo misto; os ajustes necessários à execução do PNLP – Plano Nacional de Logística Portuária; além da adequação dos contratos à legislação vigente, cuja perspectiva de prorrogação esvaiu-se de vez diante da acertada revogação da Resolução Antaq 1.837/10. Mas o cenário é positivo no setor. E patientia…placatiore animo… A frase que não foi pronunciada “Não chame seu cônjuge de meu bem. O leão da Receita está solto.” Carioca fazendo piada com a fortuna paga em impostos no Brasil. Luz » Plínio Mósca espalha teatro pelo Rio Grande do Sul. Neste momento está em Gravataí. Dirige a peça Mas, afinal, quem é inimigo do povo? O trabalho faz parte do projeto das ONGs Parceiros Voluntários e Amar a Vida. Treze adolescentes vão interpretar o texto adaptado por Mósca da peça Um inimigo do povo, do norueguês Henrik Ibsen. Apesar de tudo, vislumbra-se esperança em indivíduos e instituições melhores. Moderno » Com mais de 20 anos de idade, quando se fala em Chávez, entende-se o presidente da Venezuela. Com menos de 20 anos, Chaves é o sucesso quase inexplicável da TV mexicana. Décadas depois, o seriado ainda desperta a atenção do público. O carinho é tanto que os detentores dos direitos autorais entenderam que não vale a pena guardar a produção. Todos os episódios do grupo estão disponíveis no Youtube e com acesso livre. Melancolia » Passo por uma rotativa e vejo a luz alternando com o passar das páginas. É como se a máquina tivesse um coração pulsando. Omissão » Atletas da mesma categoria se exercitam no Centro Olímpico do Riacho Fundo I. Os campos estão abandonados e a proliferação do mosquito da dengue tem assustado os moradores. Perigo » Quem anda pelo centro de Taguatinga sem ter o hábito de trafegar na região deve triplicar os cuidados. Primeiro, as faixas de pedestres estão apagadas. Segundo, os motoristas não têm paciência com quem não sabe o caminho; e terceiro, os buracos surpreendem a todo instante. Sensatez » Certo mesmo seria o Exército, a Aeronáutica e a Marinha, além das polícias, bombeiros e defesa civil venderem os próprios uniformes. Qualquer pessoa pode chegar a uma loja e comprar a indumentária, o que é um perigo. Rinha » Deputado federal José Mentor quer acabar com a transmissão pela TV a cabo ou TV aberta de qualquer luta de artes marciais mistas, ou MMA (sigla em inglês). Por muito menos, Duda Mendonça torcia por um galo e precisou pagar fiança para não ser preso. Galo não pode. Ser humano pode. Faz sentido? Reguladora dorme » Caos em Brasília. Semáforos intermitentes. Trânsito parado. Faltou luz no centro da cidade. Transtorno no Setor de Rádio e TV Sul, Setor Bancário e Comercial. Prejuízos, mil explicações e conta alta. Na nota » Nem sempre informar o número do CPF quer dizer CPF na nota. Depois do bom-dia e boa-tarde, fale CPF na nota. Manobras no comércio para não registrar a compra no programa Nota Legal. É que muitos caixas pedem o CPF, mas não registram na nota porque o cliente não pediu. Artimanhas de quem quer escapar do fisco. História de Brasília Ainda hoje há bueiros entupidos desde a última chuva. Deve ter havido um erro de engenharia para que a mesma falta ocorra em toda a cidade, simultaneamente.(Publicado em 9/5/1961)