camino de santiago
Transcrição
camino de santiago
Federação Espanhola de Associações do Caminho de Santiago Rúa Vieja, 3 bajo. Logroño Paradores de Turismo Central de reservas Requena, 3. 28013 Madrid % 902 547 979 ) 902525432 www.parador.es Postos de Turismo em Espanha Astorga: Glorieta Eduardo Castro % 987 618 222 ) 987 603 065 Bilbao: Plaza del Ensanche, 11 % 944 795 760 Burgos: Plaza de Alonso Martínez, 7 % 947 203 125 ) 947 276 529 Castro Urdiales: Avenida de la Constitución, 1 % 942 871 337 A Coruña: Dársena de la Marina % 981 221 822 Donostia-San Sebastián: Reina Regente, 3 % 943 481 166 ) 943 481 172 Durango: Askatasun Etorbidea, 2 % 946 033 939 Estella: San Nicolás, 1 % 948 556 301 Frómista: Paseo Central % 979 810 180 Gijón: Puerto Deportivo. Espigón Central de Fomento % 985 341 771 / 902 931 993 Huesca: Plaza de la Catedral, 1 % 974 292 170 Jaca: Regimiento de Galicia, 2 % 974 360 098 ) 974 355 165 León: Plaza de la Regla, 3 % 987 237 082 ) 987 273 391 Logroño: Paseo del Espolón, 1 % 941 291 260 ) 941 291 640 Lugo: Plaza Mayor, 27-29 % 982 231 361 Mondoñedo: Plaza de la Catedral, 1 % 982 507 177 Nájera: Constantino Garrán, 1 % 941 360 041 Orreaga-Roncesvalles: Antiguo Molino % 948 760 301 Ourense: Edificio Caseta do Legoeiro (Ponte Romana) % 988 372 020 Oviedo: Cimadevilla, 4 % 985 213 385 Palencia: Calle Mayor, 105 % 979 740 068 ) 979 700 822 Pamplona: Calle Eslava, 1 % 848 420 420 Ponferrada: Gil y Carrasco, 4 % 987 424 236 Serviços espanhois de turismo no estrangeiro BRASIL. São Paulo Escritório Espanhol de Turismo Rua Zequinha de Abreu, 78 Cep 01250 SÃO PAULO % 5511/36 75 20 00 ) 5511/38 72 07 33 www.spain.info/br e-mail: [email protected] PORTUGAL. Lisboa Delegaçao Oficial do Turismo Espanhol Av. Sidónio Pais, 28 – 3º dto. 1050 – 215 LISBOA % 351 21/ 315 30 92 ) 351 21/ 354 03 32 www.spain.info/pt e-mail: [email protected] Catedral. Santiago de Compostela Texto: Embaixadas en Madrid Brasil Fernando El Santo, 6 % 917 020 689 ) 917 004 660 Portugal Pinar, 1 % 917 824 960 ) 917 824 972 Cristóbal Ramírez Versão portuguesa: Henrique Antunes Ferreira Fotografías: Arquivo Turespaña Grafismo: Koldo Fuentes Maquetagem: OPCIÓN K. Comunicación Visual, S.L. Publicação: © Turespaña Secretaría de Estado de Turismo Ministerio de Industria, Turismo y Comercio MINISTERIO DE INDUSTRIA,TURISMO Y COMERCIO COMUNIDADE EUROPEIA Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Impresso por: GRAFOFFSET, S.L. D.L.: M-27904-2009 NIPO: 704-09-368-X Impresso em Espanha 3ª edição P TURESPAÑA Espanha O Caminho de Santiago Informações Turísticas. TURESPAÑA www.spain.info Emergências % 112 Urgências Sanitárias % 061 Guardia Civil % 062 Polícia Nacional % 091 Policía Municipal % 092 Informação ao cidadão % 010 AENA % 902 404 707 www.aena.es ADIF % 902 432 343 www.adif.es Informaçao Internacional % 902 243 402 Trânsito. Informações sobre as estradas % 900 123 505 www.dgt.es Correios % 902 197 197 www.correos.es O Caminho de Santiago Indicativo telefónico internacional % 34 Telefones de interesse Puente la Reina: Plaza de Mena, 1 % 948 340 845 ) 948 340 813 Ribadeo: Plaza España % 982 128 689 Sahagún: El Arco, 87 % 987 781 121 Santander: Hernán Cortés, 4 % 942 310 708 Santiago de Compostela: Rúa del Villar, 30 % 981 584 081 Santo Domingo de la Calzada: Calle Mayor, 70 % 941 341 230 Villafranca del Bierzo: Avenida Bernardo Díez Ovelar % 987 540 028 Villaviciosa: Parque Vallina % 985 891 759 Vitoria-Gasteiz: Plaza General Loma % 945 161 598 Espanha Direcções com interesse Apresentação 2 O Caminho Aragonês 4 O Caminho Real Francês 8 Navarra A Rioja Burgos Palência León Galiza 12 17 20 25 27 33 Os outros caminhos 38 A Rota da Costa O Caminho de Oriente O Caminho Inglês O Caminho Português 38 43 46 47 Apresentação N o ano de 813, no coração desse fim do Mundo que é a Galiza, o eremita Paio descobre o túmulo de Santiago o Maior, o Filho do Trovão, que, de acordo com a tradição, tinha evangelizado o norte da Península. Conta, ainda, a lenda que, depois deste último ter sido decapitado na Palestina, o seu corpo foi posto numa barca de pedra em que viajavam dois dos seus discípulos, a qual por si própria arribou a costas galegas e, subindo o rio Ulla, tomou fundo em Padrón (Padrão). Ali chegada, e após diversas vicissitudes, o corpo foi enterrado no monte Libredón. Pouco a pouco foi caindo no esquecimento, até que o ermitão o encontrou. Tendo esta bela lenda como pano de fundo, não é de estranhar que o túmulo apostólico se tenha convertido, a partir da sua descoberta, num ponto de referência para a cristandade. Como se fosse um íman semelhante a Roma ou Jerusalém, Compostela começou a atrair visitantes que, a partir de todos os pontos do planeta queriam seguir o caminho das estrelas, assinalado pela Via Láctea, para ganhar o perdão dos seus pecados. Conta-se que o próprio imperador Carlos Magno o fez, daí que a tradição popular considere que foi ele que inaugurou o itinerário jacobeu. Além do seu significado espiritual, o Caminho de Santiago –declarado Património da Humanidade– goza de outros valores históricos, tal como o de ter sido a coluna vertebral da unidade cultural que a Europa é: as sendas dos caminhantes partiam da Suécia, da Polónia, dos Países Baixos, da Irlanda e da Grã Bretanha e da Turquia e todas as suas ramificações confluíam em França para seguir até à Galiza como uma só corrente. Perseguindo o caminho do sol e das estrelas, esse fluxo humano que atravessava os campos de todo o Mundo mereceu de Dante o nome de “peregrinação”. E a corrente aumenta em cada Ano Jubilar. É declarado Ano Santo Jacobeu aquele em que o Dia do Apóstolo (25 de Julho) caia num domingo. Daí que a periodicidade dos anos santos se verifique de 6, 5, 6 e 11 anos: ou seja, 2004, 2010, 2021, etc. 3 O romeiro mete-se, assim, ao caminho, de ida e volta, para procurar-se e encontrar-se a si e aos outros em cada etapa, em cada albergue e em cada monjoie –um montículo de pedra– até chegar em frente ao altar do Apóstolo. Compostela, umbigo da Europa, é o final desta aventura. E essa cidade de beleza milenar oferece-se ao visitante como o cume dos seus desejos, como a entrada no Paraíso que cada um soube construir. Os Pirinéus são o verdadeiro início de tal viagem. Nas passagens dessas montanhas coincidem as vias de peregrinação europeias: a Lemovicense (que vem de Vezeley e Limoges), a Podense (Le Puy) e a Turonense (de Tours a Bordéus) passam pelos Pirinéus navarros, enquanto que ao Somport aragonês chega a via Tolosana (de Toulouse). l Peregrino 4 O Caminho Aragonês A o pico de Somport (1 632 metros) vai dar a via Tolosana, procedente de Toulouse, que atravessa o antigo Bearn. Esta passagem entre as montanhas abre caminho para Candanchú e Canfranc; junto a esta levanta-se o castelo de Col de Ladrones. Hoje em dia nada resta a não ser as ruínas da fortaleza de Candanchú nem do que foi Campo Franco, mas outros projectos continuam a fazer dessas localidades motivo de visita, dado que se tornaram estações de Inverno célebres. Um percurso alternadamente de solo empedrado e de asfalto leva ao Castiello de Jaca, uma fortificação, bem tratada, que se ergue desde o século XII sobre a estrada dos Pirinéus e que anuncia a chegada à que foi outrora a capital do reino de Aragão: Jaca. Embora tenha bons traços modernos, não se pode esquecer que no século XI foi berço de reis. E ainda conserva o perfil da sua grandeza românica na catedral de São Pedro, na altura com grande importância. Tem no seu recinto um Museu Diocesano de valor inestimável, que lhe é conferido pela extraordinária colecção de pintura medieval (românica e prégótica). Outras obras de arte como a igreja de Santiago, o mosteiro das Beneditinas e uma ponte medieval falam do passado esplendor de Jaca. Mas o seu poder prolongou-se até muito depois, como o testemunha a Cidadela, magnífico exemplar da arquitectura militar, e que Felipe II mandou construir no século XVI. O seu traçado pentagonal é visível à distância. l Vale de Canfranc. Huesca À saída, a ponte ogival de pedra de São Miguel marca o rumo para o sul, pouco depois confirmado por um cruzeiro. O caminho desce as ladeiras pirenaicas e, com elas, atravessa ribeiros e riachos, leitos pedregosos equilibrados pelos belos panoramas, refrigérios do olhar. E, de repente, entre os montes antes dos Pirinéus, aparece Santa Cília de Jaca, aldeia modesta mas bem tratada que na antiguidade tinha um mosteiro. Nas proximidades, existe a pequena Ponte da Rainha de Jaca, onde a estrada tem como alternativa Berdún, enclave cujas origens se perdem no tempo, mas que soube manter as características de vila medieval, que sempre atraem os viajantes. l Castelo de Jaca (Huesca) 5 6 l Castelo de Javier. Sangüesa (Navarra) Fora do asfalto, a via continua através de Arrés, Mianos e Arteida. Depois de atravessada a barragem de Yesa, o itinerário aproxima-se de Sangüesa. Falamos de uma vila privilegiada pelo Caminho, a quem deveu a sua prosperidade na Idade Média. Da sua antiga importância política dá mostras o conjunto monumental, tanto na sua faceta urbana (com as casas senhoriais que ladeiam a Rua Maior, entre as quais se destaca o palácio do Príncipe de Viana), como na arquitectura religiosa. Aqui há que mencionar expressamente a colegiada de Santa Maria Real, em que se venera uma imagem de Santa Maria de Rocamador, culto introduzido pelos romeiros procedentes do santuário com o mesmo nome na França meridional. A igreja de São Francisco possui um claustro gótico realmente notável, enquanto que a de Santiago guarda uma verdadeira panóplia de representações românicas e góticas sobre o tema jacobeu; atenção ao tímpano policromo do pórtico sul, que mostra o Apóstolo com ar de peregrino e uma profusão de conchas de vieiras. Mas estas terras, além da singularidade das suas construções, também possuem uma orografia rica. E se esta exige ao caminhante algum esforço, também 7 lhe paga através de paisagens prodigiosas, como a do Alto de Loiti, que preside ao perfil acidentado da serra, vendo-se a Este a garganta que o rio Irati cavou por alturas de Lumbier. Para adiante ainda temos de passar junto à Higa de Monreal. Trata-se de uma montanha impressionante com a forma de cone cortado, da qual se pode gozar de outra magnífica vista: os prometedores vales navarros que anunciam a Puente de la Reina (Ponte da Rainha), onde se retoma o Caminho Francês. Quando se desce, outra ponte de pedra, gótica e com aspecto peregrino. Poucos quilómetros antes de se abandonar o Caminho Aragonês, a calçada antiga leva o romeiro a Nossa Senhora de Eunate, uma pequena mas curiosa igreja fundada pelos templários, octogonal tal como o Santo Sepulcro, e cujos lados, todos diferentes, chamam a atenção. É rodeada por uma arcada aberta, pouco habitual, que lhe deu o nome (Eunate em basco quer dizer cem portas). E já só resta Obanos para que o viajante chega a uma das principais metas, localidade da qual se conta que Santiago fez um dos seus mais célebres prodígios: o milagre de Santa Felícia e San Guillén, a que também se chama o Mistérios de Obanos, de acordo com o qual um anjo fez o pagão conde burguinhão Guillén arrepender-se dos seus crimes e abraçar a fé jacobeia, convertendo-se num eremita hospitaleiro. A excelente intervenção do Apóstolo anima o peregrino, bem como o terreno plano e a união iminente com a enorme corrente humana que é o Caminho Real Francês. l Puente la Reina (Navarra) 8 O Caminho Real Francês O Caminho com maior tráfego de todos os que levam a Santiago é o chamado Real Francês, que reúne nos Pirinéus navarros as vias Lemovicense e Podense, bem como a parte da Turonense que escolheu a rota do interior peninsular em vez de seguir a da Costa. Luzaide-Valcarlos e Orreaga-Roncesvalles respectivamente) são as primeiras povoações navarras que o peregrino encontra. Estes nomes recordam todas as lendas que ligam o imperador Carlos Magno com a criação do Caminho. De facto, o peregrino pode seguir os passos do famoso monarca a partir de Valcarlos, onde consta que acampou depois do seu exército ter sido derrotado pelo rei mouro de Saragoça. Conta a lenda que depois de recuperar o corpo do seu sobrinho Roldão e dar-lhe sepultura, o grande Carlos ajoelhou-se no Alto de Ibañeta, onde um anjo lhe indicou o caminho das estrelas, o único que o conduziria ao perdão. Actualmente, uma cruz cravada no chão conta de tal momento, bem como as centenas de cruzinhas que muitos outros fiéis, por seu turno, plantaram. l Igreja de Santiago. Orreaga-Roscesvalles (Navarra) Nestas terras pirenaicas as marcas carolíngias são o pão de cada dia e podemos segui-las ao longo de todo o itinerário, desde a geografia (gargantas a fundo que Roldão terá aberto com a sua espada) até obras humanas como o mosteiro de São Salvador de Ibañeta; este convento incluiu em tempos a chamada Capela de Carlos Magno e o Hospital de Roldão. A tudo isto temos de juntar as contribuições mais recentes, como o monólito e uma sugestiva representação das armas daquele primeiro cavaleiro: a espada Durendal e um par de maças lembram em Ibañeta a gesta francesa. Aos pés do monte escarpado, na vizinha, florestal e recolhida Roncesvalles, cenário da sangrenta batalha da Chanson de Roland, uma intervenção prática do bispo Sancho de Larrosa atraiu, em plena Idade Média, a atenção que os caminhantes dispensavam à serrana Ibañeta. Daí é datada a Real Colegiada de Nossa Senhora de Roncesvalles, uma construção que, ainda que muito enxertada, mostra bem a sua construção gótica. Nas suas instalações houve um hospital e há um ossário para caminhantes chamado o Silo de Carlos Magno, que a tradição l Luzaide-Valcarlos (Navarra) 9 10 Em Larrasoaña ainda se consegue descortinar a sua importância já passada, pelas ruínas do mosteiro e do hospital que antes possuía. Aqui, o viajante encontra-se, igualmente, com jóias artísticas do Caminho, embora se trate apenas da modesta Ponte dos Bandidos, um enclave sobre o rio Arga, que os viajantes medievais tratavam de evitar e que, naqueles tempos, contribuiu para criar a ideia, tão divulgada como falsa, dos perigos de Navarra. Mas o tempo não passa debalde, e o caminhante de hoje sabe com certeza que pisa uma das comunidades mais acolhedoras e afáveis da geografia jacobeia. A ponte de Zabaldika anuncia a chegada a Arre, onde um trabalho de recuperação recente nos permite ver o conjunto da Trindade de Arre, com a sua igreja, ponte e albergue de peregrinos, além de outros edifícios tradicionais, como os moinhos de rio. Um pouco mais à frente, Villava (a terra do célebre ciclista Miguel Induráin) adverte o viajante que se encontra às portas da mui hospitaleira Pamplona. l Erro (Navarra) popular relacionava directamente com a batalha carolíngia. Naturalmente, do seu tesouro, consta o Xadrez de Carlos Magno, de traço renascentista. Um pouco mais adiante, o Caminho passa pela Cruz do Peregrino, monumento votivo da tradição popular. Imperador por imperador, alguns preferem, quando o tempo lho permite, deixar a rota da lenda e entrar pela que foi inaugurada por Napoleão. Diz-se que Bonaparte quis evitar que se repetisse com as suas tropas o incidente medieval, para o que aproveitou as passagens montanhosas que os pastores usavam na Primavera. É um trajecto de enorme beleza paisagística que conta com vistas magníficas. O itinerário parte da localidade francesa de Saint Michel le Vieux e, através de uma floresta de faias, encontra a garganta Lepoeder (1 440 metros). Daí, atravessando as serranias, dirige-se ao Poyo de Roldán, no Alto de Ibañeta. Além de evitar na sua maior parte o traçado da estrada, esta rota propicia ao viajante a impressionante possibilidade de contemplar os Pirinéus. Uma segunda etapa começa depois de se ultrapassar o enorme obstáculo dos cumes, e é a que leva a terras de Pamplona. É um troço de bosques em que se vão alternando povoações como a senhorial Auritz-Burguete e Erro, com a sua capela ogival, com outras muito mais modernas, como Zubiri. 11 l Fonte para peregrinos. Orreaga-Roncesvalles (Navarra) 12 Navarra Entra-se em Pamplona (Iruña) por cima, como não podia deixar de ser numa cidade bimilenar que soube manter os seus encantos. Para começar, deve atravessar-se a ponte medieval da Madalena, de raízes jacobeias (cruzeiro com a imagem do apóstolo de um lado), e continua-se rodeando as muralhas. Conforme a tradição, deve visitar-se primeiro a catedral, onde antes era o Hospital de São Miguel. O edifício, de traça gótica francesa e com uma elegante fachada neoclássica, foi construído sobre as ruínas do primitivo, de estilo românico. Destaca-se no seu interior o belo claustro gótico e a porta de entrada, assim como a nave que rodeia a ábside, característica dos lugares de peregrinação. O resto do percurso leva pela rua da Curia até ao início da Mayor, onde se ergue a igreja românica do popular San Cernin, com galeria presidida pela imagem do Apóstolo. As peregrinações a Santiago marcaram fortemente esta cidade, cuja padroeira é a Virgem do Caminho (com uma capela na citada San Cernin) e que acolhe imagens apostólicas em cada um dos seus templos, como no de Santo Domingo (desde as portas até ao altar maior). Por outro lado, o recém-chegado dispõe de indicações do itinerário a Compostela (setas em forma de estrelas) nos letreiros com o nome das ruas. O Caminho passa também em frente da igreja de São Lourenço, onde se encontra a capela do famoso San Fermin. A saída faz-se pela Vuelta del Castillo, que rodeia a Cidadela, limpa e bem cuidada, e ter-se-á que atravessar a Universidade até chegar à ponte sobre o rio Sadar, que devolve o viajante à sua caminhada solitária. Mas o percurso desde a capital de Navarra faz-se de uma maneira cómoda no andar e rica em l Catedral de Pamplona 13 l Pamplona contemplações artísticas. Assim, temos boas imagens góticas em Cizur (igreja de Santo André), Astrain e Legarda, entre outras, até chegar ao ponto em que as duas vias (Navarra e Aragonesa) se unem no curso único do Caminho Real Francês: Obanos, antesala da Puente la Reina (a Ponte Rainha). A entrada para a Ponte Rainha faz-se pela rua Mayor ladeada de casas solarengas e palacetes enfeitados impecavelmente por artesãos. Também aí se encontra a igreja do Crucifixo, que comunica com o albergue dos peregrinos graças a um arco gótico. Na mesma via existe o templo de Santiago o Maior, em cujo interior está a célebre talha apostólica conhecida popularmente como “el Beltza”. Sai-se da Ponte Rainha também pela rua Mayor, mas atravessando a ponte que lhe dá o nome e que é uma preciosa obra românica de seis arcos e com a parte superior ligeiramente curva. A boa sinalização que existe em toda a Navarra, permite conduzir sem problemas até Estella, encontrando no caminho aldeias de dimensões reduzidas. Cirauqui, modesta povoação no alto duma colina, é, sem dúvida, um precioso local de reminiscências medievais, tanto no traçado das suas ruas como nos brasões das suas casas. Vale a pena fazer este percurso com calma. Ali se ergue a igreja de São Romão, de origem 14 l Mosteiro de Irache l Igreja de Santa María. Viana românica e com influências cistercienses, que ainda guarda no seu interior uma pedra de altar romana. Completam o conjunto artístico de Cirauqui uma modesta ponte que precede uma calçada romana, agora bem reconstruída, que ajuda a descer a colina. Estella (Lizarra), a paragem seguinte, com algum relevo, foi chamada “a Toledo do Norte” pela sua riqueza monumental. O peregrino deve passar, primeiro, pela igreja de São Miguel in Excelsis, um templo românico de forte influência gótica (fins do século XII) em que se destaca o pórtico Norte, com grande número de imagens (Pantocrator, São Miguel, etc.), assim como um altar gótico no interior. Continuando o percurso urbano, passa-se em frente à fonte da Mona (da Macaca), renascentista, antes de chegar aos palácios de San Cristóbal (com frontaria plateresca) e dos Reis de Navarra, magnífico e raro exemplar do românico civil peninsular, adornado com cenas bélicas lendárias. O rol imenso de monumentos de Estella completa-se com as l Igreja de São Miguel. Estella l Los Arcos igrejas paroquiais do Santo Sepulcro, São Pedro da Rúa, Santo Domingo, El Puy, etc., e acaba com a inesquecível basílica de Nossa Senhora de Rocamador. Estella é a última grande povoação navarra que o viajante encontrará, pois agora dirigirá os seus passos até Logroño, em terras de La Rioja. Mas ainda percorrerá os férteis campos do vale navarro, riquíssimos em produtos hortícolas e também em vinhedos. Daí que a primeira surpresa da etapa seguinte seja a fonte de Irache. A seu lado, um bonito mosteiro, o de Santa Maria a Real, de origem visigótica. O Caminho, que agora coincide com a estrada, bordeja vilas de forte sabor histórico, como a pequena e fortificada Villamayor de Monjardín, de tradição carolíngia (diz-se que foi conquistada pelo imperador da barba florida), ou Los Arcos, romana, mostruário de estilos artísticos (a igreja românica de Santa Maria tem a torre e claustros góticos e o interior com decoração barroca). Na igreja de Torres del Rio volta a aparecer a tradição do Santo Sepulcro, nessa construção de base octogonal que vinha da Terra Santa e que já se viu em Eunate. Como aquela ermida, o templo do Santo Sepulcro dispunha, em tempos, de uma enorme lanterna no alto da torre que servia de farol aos peregrinos. 16 A Rioja l Cathédrale de Logroño Em Viana o Caminho despede-se de Navarra. Nesta vila, antigamente fronteiriça (e por isso fortificada) vale a pena dar um passeio, a fim de admirar a bela igreja catedral de Santa Maria, de estilo de base gótico (torre, naves e abóbadas), mas muito bem completada com a nave central barroca e as capelas absidais. Por Viana vagueia o espírito de César Bórgia, que foi enterrado no átrio do mencionado templo e de cujos restos mortais nada se sabe hoje; de qualquer das formas um monumento evita o esquecimento sobre quem foi um religioso discutido e um homem apaixonado do seu tempo. A ermida das Cuevas (antigo hospital de peregrinos do século XIII) e um pinhal anunciam a proximidade do rio e, com ele, a entrada em Rioja. 17 A Rioja é uma pequena comunidade favorecida pela Natureza e pela História, tendo simultaneamente uma presença relevante na formação do Caminho de Santiago. Não se estranhe, assim, que a entrada nas suas terras seja tão prometedora. Com efeito, ao atravessar a ponte que dá acesso a esta comunidade o horizonte abre-se numa extensão de hortas que lembram a proverbial qualidade das suas hortaliças (espargos, alcachofras e, sobretudo, pimentos), o sabor das suas frutas (cerejas, pêras e pêssegos) e o prestígio universal dos seus vinhos. Se qualquer destes tiver acompanhado um borrego assado ao estilo tradicional ou, pelo menos, um enchido da serra (presuntos curados com pimentão), a refeição foi uma delícia. Ao passar o já caudaloso rio Ebro por uma ponte de pedra, entramos na capital, Logroño. É esta uma pequena cidade que foi crescendo à medida que o Caminho o foi necessitando. Não é em vão que se diz que toda a Rioja é a terra mais arreigada na tradição da rota jacobeia: a sua riqueza monumental e as suas lendas corroboram-no. O percurso urbano começa aos pés de Santa Maria do Palácio, erguida no século X, mas de cujas origens apenas restam vestígios. Hoje em dia pode-se admirar a agulha piramidal da sua torre, um cruzeiro gótico e um altar renascentista, além de frescos do século XVIII com imagens da Paixão de Cristo. A esta primeira visita terá que se acrescentar a da igreja de Santa Maria a Redonda, uma construção do século XV erigida sobre outra, octogonal (daí o seu nome), da época medieval. l Mosteiro de Yuso. San Millán de la Cogolla A igreja paroquial de São Bartolomeu é mais antiga, e para além do gótico primitivo salienta-se um conjunto escultórico (o mais notável entre os riojanos) que representa o santo. E, como não podia faltar, temos um templo de consagração jacobeia, Santiago o Real, que tem no pórtico Sul uma modesta e renascentista imagem de Santiago peregrino, ofuscada por outra, barroca, de Santiago Matamoros; isto recorda a batalha de Clavijo, próxima, em cujas ermidas e igrejas paroquiais se venera a intervenção de Santiago no ano de 844, quando (diz-se) montado num cavalo branco arremeteu contra o exército de Abderramán originando a vitória cristã. Os solitários campos riojanos chegam a Navarrete, em cujo cemitério se reutilizaram restos arquitectónicos do antigo hospital de peregrinos, restos que agora servem de portais góticos aos jazigos. Já a caminho de Nájera, o viajante ainda encontrará recordações do lendário cavaleiro francês, como acontece em Poyo Roldán. Nájera prova a estreita relação entre o político e o espiritual nos séculos passados. Por este ponto, e por mandato real, se fez passar o itinerário costeiro do Caminho, pois era Nájera Corte Real. Na povoação temos um mosteiro, hoje franciscano, de Santa Maria a Real, com um magnífico claustro, construído para converter-se em panteão de reis e onde descansam os restos mortais de Blanca de Navarra. Também é refúgio de peregrinos e, no seu interior, venera-se uma imagem milagrosa. Segundo se conta, um certo cavaleiro caçador perseguiu um dia uma pomba até o interior duma gruta, onde encontrou a imagem da virgem iluminada por uma candeia; aos seus pés, junto a um vaso com lírios, escondia-se a pomba. Os milagres, jacobeus ou não, são frequentes nestas terras que começam em Clavijo e que têm o seu centro em Santo Domingo de la Calzada (São Domingos da Calçada), vila já muito próxima e a que se pode chegar directamente, seguindo o traçado, ou deixando-se levar pela curiosidade, como os velhos l Igreja da Assunção. Retábulo. Navarrete 19 l Santo Domingo de la Calzada peregrinos. É que na época em que não havia pressas os crentes não tinham nenhum inconveniente em fazerem um desvio, depois de Azofra, até aos mosteiros de San Millán de la Cogolla, Yuso e Suso, Património da Humanidade, e até ao tamben próximo de Santa Maria de Las Cañas, todos aos pés da serra. Na época, não os movia a curiosidade artística ou histórica de hoje, mas sim a fervorosa adoração a qualquer relíquia que se conservasse nos santuários. Que diferença... A planície avisa-nos, de longe, que vamos em direcção a São Domingos da Calçada. Toda a povoação actual, pode dizer-se, é obra desse mesmo Domingos, primitivo engenheiro do século XI, que passou a sua vida arranjando as comunicações da zona com o objectivo de favorecer a peregrinação. Trata-se de uma vila pequena mas bem dotada: muralhas, calçada, uma Casa do Santo que acolhe os recém chegados e um parador de turismo que recebe os mais exigentes. E, como não podia deixar de ser, uma catedral (São Salvador) na qual, além do túmulo do Santo, se guarda um curioso galinheiro repleto de aves, em memória de um dos mais célebres milagres com que Santiago protege os viajantes. Segundo se conta, foi por obra do Apóstolo que uma ave já cozinhada reviveu para remediar uma injustiça. E daí o ditado: São Domingos da Calçada, onde cantou a galinha depois de assada. Sai-se daqui por uma ponte de pedra, também obra do santo, em direcção a Grañón. O viajante encontra-se na última povoação riojana e nela ainda pode deleitar-se com a arte mística desta Comunidade: no interior da igreja paroquial contemplará um altar renascentista verdadeiramente interessante. 20 e as igrejas de Santa Maria e São Pedro. Belorado tem no seu centro uma típica plaza Mayor que o caminhante agradecerá como lugar de refrigério. O ponto seguinte a ter em conta é Villafranca de Montes de Oca. O nome traz ecos do seu passado esplendor, quando foi sede episcopal. Com o tempo, o prestigioso Hospital de Santo António Abad foi abandonado à sua sorte. Claro que Villafranca também constituía um local temido, pois aí começam os Montes de Oca, antes da penosa travessia pela densa mata brava (mas hoje arranjada a ponto de se transformar num passeio agradável pela sua frescura e variedade), que só mostram uma dureza moderada no alto da Pedraja (1.150 metros). San Juan de Ortega constitui o limite do sistema montanhoso e é uma das vilas com maior fama hospitaleira desde que foi fundada pelo santo que lhe dá o nome, e isso traduz-se nos nossos dias num albergue com grande capacidade de acolhimento e uma tigela de sopas de alho para os recémchegados. Também àquele São João se deve a origem do actual mosteiro (onde repousa o seu fundador) e que alberga várias dependências, como a capela de São Nicolau de Bari, renascentista e, já na igreja monástica , uma curiosa Anunciação: trata-se de um capitel que representa a cena bíblica e que, no l Santovenia de Oca Burgos Embora a entrada em Castela pareça caprichosa (um cartaz no meio da Caminho), a paisagem logo anunciará que o caminhante se interna num local afastado dos campos riojanos. Estamos em Burgos e, a partir de agora e através das pequenas povoações por onde passa, verá uma interminável planície de espigas ao sol. Por vezes, algum outeiro de terra vermelha desponta no meio da planície, e torres isoladas de alguma igreja paroquial anunciam uma povoação próxima. Às vezes, antes da torre, distingue-se a cabeça e, de seguida, o longo perfil de uma cegonha. A sobriedade da paisagem e a aparente modéstia das aldeias não deve enganar o viajante, porque o interior destas pequenas fachadas muitas vezes esconde verdadeiros tesouros. Isto acontece com a primeira localidade, Redecilla del Camino, dentro de cuja igreja se guarda uma pia baptismal românica e com traços bizantinos. Noutra pia –na igreja de Viloria– foi baptizado São Domingos. Pouco mais à frente entra-se em Belorado, de sabor jacobeu, como o demonstram alguns restos arquitectónicos, entre eles a ponte destruída e o que foi o Hospital da Misericórdia. Para compensar, ainda conserva à entrada a ermida de Nossa Senhora de Belém (que se ergue sobre as ruínas de um hospital) 21 l San Juan de Ortega 22 princípio da Primavera, recebe, ao entardecer, um raio de luz que o ilumina a partir de uma pequena cavidade que dá para o Sul. À saída de San Juan de Ortega apresentam-se várias possibilidades, embora, talvez a mais recomendável seja a tradicional; isto é, a que atravessa Agés, Atapuerca (famosa pelas suas jazidas arqueológicas pré-históricas) e Cardeñuela. O caminhante encontra-se de novo ante as imensas planícies de Castela, que agora alternam com uma ou outra mata, e pouca distância o separa da poderosa Burgos. Assim como há povoações que nasceram porque ali passava o Caminho, pode dizer-se que a principal rota jacobeia foi traçada propositadamente para que chegasse a Burgos. Tão grande foi a importância desta velha Corte Real castelhana, que os seus monarcas conseguiram, esforçadamente, atrair até este local a via que, ao princípio, atravessava a costa cantábrica. l Catedral de Burgos l Castrojeriz Nesta cidade, o peregrino deverá começar por percorrer o itinerário marcado pela tradição. Entrará pelas ruas Vitória, Covadonga e Calzadas, e chegará à praça de São João. Antigamente, aqui existia um dos trinta hospitais que abriam as suas portas para acolhimento dos romeiros; hoje, convertido em Casa da Cultura, só mantém a fachada gótica. Ao seu lado, a também gótica igreja de San Lesmes (santo hospitaleiro que pertenceu à congregação de Cluny), em que avultam o notável pórtico Sul e um púlpito plateresco. A Porta de São João permite seguir pelas ruas de São João, Avellanos e Fernán González, que nos leva à catedral. Trata-se de um impressionante monumento que deslumbra pela enorme leveza do seu imenso volume. Consagrada a Santa Maria, esta complexa construção é de um elegantíssimo gótico e foi declarada Património Cultural da Humanidade. Da sua múltipla riqueza artística cabe realçar a famosa frontaria com as suas características duas torres, que lembram bastante o estilo francês. No seu interior, bem iluminado por um fantástico conjunto de vitrais, abrem-se as três naves, a principal e um belo zimbório octogonal central. Sai-se de Burgos pela Puente de los Malatos (Ponte dos Doentes), de pedra, que atravessa o rio Arlanzón, e inicia-se o percurso que leva até a frente do Hospital do Rei, que foi o mais importante do Caminho, juntamente com o de Compostela. Nele destacam-se os elementos platerescos (pórtico) e uma enorme profusão de imagens jacobeias, começando pelas talhas da porta. Perto deste local, encontra-se o mosteiro das Huelgas Reales. 24 Alheio ao asfalto e ao passar dos séculos, o Caminho segue em frente desde Hornillos a Hontanas, e daí, paralelamente ao rio Garbanzuelo, cheio de barrancos, depressa se chega até as românticas ruínas do convento de Santo Antão. Trata-se de restos de uma ordem já desaparecida e que no passado gozava de prestígio porque, dizia-se, os seus membros sabiam curar a gangrena. Castrojeriz é um exemplo típico de povoação-calçada, pois os seus dois quilómetros ladeiam um Caminho para o qual dão lojas, uma colegiada dedicada à Virgem del Manzano (de importantes elementos românicos e góticos, como, por exemplo, uma rosácea e os pórticos), uma plaza Mayor, uma igreja de São Domingos (que exibe tapetes flamengos com desenhos de Rubens) e uma outra igreja, a de São João, de soleira antiga. A etapa até Frómista (meta seguinte) reserva uma surpresa, a subida até a Colina de Mostelares (1.400 metros), cuja escalada, pico e descida são marcadas com curiosas cruzes. Do alto advinha-se Itero del Castilho (última localidade da província de Burgos) e o curso do rio Pisuerga, que anuncia a entrada em Palência. Palência Com efeito, ao sair de Itero, uma ponte de pedra, a de Fitero, marca com os seus onze buracos a rota que agora deve atravessar a chamada Terra de Campos, desde Itero de la Vega a Frómista. Itero é uma povoação ribeirinha, como o seu nome indica, que na actualidade conta com um moderno albergue, além da clássica ermida (a da Piedade) com imagem do apóstolo peregrino e que antecede a chegada a Bobadilla del Camino, de maior relevância artística pelo seu pelourinho isabelino e a sua notável igreja também renascentista. O famoso cronista da peregrinação, Aymeric Picaud, deu por finalizada a sua sexta etapa com a chegada a Frómista, cuja igreja de San Martín obriga a uma paragem, mais do que o cansaço. O templo, um incomparável exemplo do românico, apresenta essa mistura de singeleza e de riqueza de formas própria do seu estilo. Perto daqui ficam os restos da judiaria numa alfama, assim como também se distingue o entusiasmo peregrino no antigo hospital de Palmeros e no renascentista de Santiago. Ainda na surpreendente Frómista encontramos as igrejas góticas de São Pedro, Santa Maria do Castelo e Santiago. Villalcázar de Sirga surpreende o viajante com um enorme templo consagrado a Santa Maria la Blanca. No seu interior l Igreja de San Martín. Frómista l Igreja de Santa María la Blanca. Villalcázar de Sirga 25 León l Igreja de Santa María del Camino. Carrión de los Condes (restam nela elementos visigóticos) existe um autêntico mostruário de todos os estilos, desde o gótico dos túmulos ao renascentista das talhas. A paragem seguinte é Carrión de los Condes, cuja rua de Santa Maria passa, à entrada, pela igreja de Santa Maria do Caminho, e, no núcleo urbano, a de Santiago, românica. Os alto relevos da sua fachada são considerados os melhores da arte jacobeia ao longo de todo percurso. A descida até ao rio permite adivinhar, já na outra margem, as belezas do mosteiro de San Zoilo, românico, cujos túmulos rivalizam com o claustro renascentista. O Caminho segue agora pela estrada até ao rio, depois do qual atravessa terras de cultivo que deixam ver, em redor, os desertos avermelhados do campo palentino. São etapas de solidão e meditação obrigatória, onde o caminhante aprende a amar a beleza de uma paisagem sóbria. À esquerda, ficaram, seguindo a estrada, Calzada de los Molinos (são dignas de ver as imagens híbridas de Santiago que a sua igreja paroquial mudéjar esconde), Cervatos de la Cueza e Quintanilla de la Cueza (jazidas romanas). Calzadilla de la Cueza vem a seguir, pelo trilho ou pelo asfalto, e o seu nome faz alusão à via romana que a atravessava. As localidades que se seguem são Ledigos, Terradillos de Templarios, Moratinos e San Nicolás, que amenizam com as suas construções de azulejos e suas modestas igrejas paroquiais o trecho já curto até ao limite com León (Leão). 27 A entrada em León surpreende o viajante num cruzamento de caminhos. Um trilho para peões conduz, desviando-se à direita, até à ponte sobre o rio Valderaduey, que serve de fronteira. No outro extremo, a ermida da Virgem da Ponte abre caminho até a povoação de Sahagún, o primeiro de uma série de locais que, em terras do antigo reino leonês, tem um marcado peso tanto na tradição da rota compostelana como na própria história do país. A vila de Sahagún nasceu em redor do mosteiro cluniciense dedicado a San Facundo (daí o seu nome). Das glórias passadas, hoje só se conservam alguns restos, como o Arco de São Benito ou a Torre do Relógio. Mas embora o centro da povoação se ressinta do abandono monástico, o brilho dos outros tempos ainda se advinha no românico mudéjar de alguns dos seus templos: a capela de San Mancio e o santuário da Peregrina (a imagem da virgem está hoje no museu das Beneditinas) são talvez o melhor exemplo, também reflectido nas igrejas de Santo Tirso e São Lourenço. O Caminho, que desce até ao rio Cea e o atravessa, abandona a estrada em Calzada del Coto. A partir daqui o itinerário bifurca-se: o da direita percorre a Calçada dos Peregrinos, que segue o traçado (empedrado e solitário) da via romana; o da esquerda, o Caminho Real Francês, que atravessa as povoações de Bercianos, El Burgo Ranero e Reliegos, onde os dois ramais se juntam para seguir até Mansilla de las Mulas. O Caminho Francês beneficia neste trecho de uma boa quantidade de áreas de descanso. l Arco di San Benito. Sahagún As muralhas que rodeiam Mansilla de las Mulas falam dos tempos em que esta praça era forte e de grande valor estratégico. Eram anos de contínuas batalhas territoriais, e neste local, nas margens do rio Esla, ergueram-se grossos muros de pedra e cal para sua protecção. Mansilla chegou a ter um mosteiro e sete igrejas dentro do seu recinto amuralhado com torres com ameias e fechado por quatro portas. Hoje, só duas delas se conservam, as dos Arco da Conceição e Arco de Santo Agostinho (por onde os peregrinos saem da povoação). A partir de agora e até à capital da província, o trajecto é salpicado aqui e acolá por ruínas históricas. Por exemplo, a chegada a Villamoros anuncia a proximidade de um castro, uma fortificação asturiana conquistada pelos romanos nos primeiros anos da nossa era. Pouco mais adiante, atravessa-se a ponte de Villarente sobre o Porma, em curva, tão grande que tem dezassete arcos de épocas diferentes. No seu final, ainda existe um hospital de peregrinos. l Palácio Episcopal. Astorga Só Archajuela e Valdelafuente separam o caminhante de Leão, mas ainda o espera o Alto del Portillo (1.200 metros), de cujo cume, marcado por um moderno cruzeiro, se pode divisar sem problemas as promissoras torres da catedral. A descida do monte termina na ponte do Castro, que depois de atravessar o rio Torio se interna na antiga judiaria. Estamos em León (Leão). O viajante nunca saberá se foi a importância das Cortes que atraiu o Caminho ou se este era o que enformou a capital dos reinos. Mas o certo é que a rota para Compostela passa agora pela capital do antigo reino de Leão, como antes o fizera pelas capitais de Castela, Navarra e Aragão. E além disso, Leão conquista o estatuto de capital disputando o terreno, primeiro à Oviedo, asturiana, e depois a Burgos, castelhana. Mas graças aos seus esforços o reino leonês foi próspero e poderoso, como o demonstra a cidade que o peregrino contempla passados mil anos. O trajecto começa depois de se atravessar a ponte sobre o rio Torio e deve continuar pela rua Alcalde Miguel Castaño até à praça de Santa Ana. A rua Barahona conduz até a muralha, em cujo interior se encontra a praça do Mercado, onde se ergue o templo românico da padroeira, Santa Maria del Camino, que recebia os peregrinos pela Porta do Perdão, a sul. As ruas empedradas e os pórticos levam-nos à Catedral de Santa Maria de Regla, considerada o melhor exemplar do gótico peninsular, e no qual se destacam principalmente os vitrais. O edifício assenta sobre antigas termas romanas e sucessivas construções (românica e moçárabe), e pela sua magnífica nave central transitam os crentes até à capela de Santiago e a da Virgem Branca. Antes de sair para a rua da Abadia, pelo passeio jacobeu, conviria voltar atrás e deter-se mais um pouco na cidade que se estende por dentro e fora da muralha. Só assim se poderá contemplar a Rúa, ladeada pelos seus palacetes, e mais adiante a casa dos Botins, obra de Gaudí. A rua Renueva, fora de muros, conduz ao convento de São Marcos (hoje, um luxuoso Parador de Turismo) e o seu hospital de peregrinos, última das jóias que Leão desvenda para deleite do caminhante. Em frente à fachada ergue-se um majestoso cruzeiro procedente do Alto del Portillo, que, apesar da sua beleza, não consegue ofuscar o frontispício renascentista do edifício inequivocamente jacobeu. Os peregrinos devem atravessar a ponte de São Marcos, sobre o rio Bernesga, para abandonar a cidade e dirigir-se às terras do l Colegiada de San Isidoro. León 31 l Santuário da Quinta Angústia. Cacabelos. Páramo. A metade deste trajecto é marcada pela torre de um templo moderno, o santuário da Virgem do Caminho, com bronzes de Subirachs. Depois de San Miguel del Camino começam as terras do Páramo, que actualmente têm a sua aridez suavizada por irrigações e culturas de milho. Estas terras antecedem a chegada a Hospital de Orbigo, localidade amena a que se acede atravessando a famosa ponte do Paso Honroso (nome que herdou quando em 1434 serviu de cenário a um duelo de cavaleiros). A subida à meseta permite ver, em terras da Maragatería, a bela Astorga. Uma ponte romana sobre o rio Tuerto anuncia um local de forte tradição latina: da antiga Astúrica restam numerosas ruínas no centro da vila. Também ali se erguem o convento gótico de São Francisco e o Hospital das Cinco Chagas. O passeio continua pela plaza Mayor, em cuja Casa Consistoral um relógio com a imagem dos maragatos faz soar os sinos do carrilhão. Nas imediações foi construída a catedral tardogótica de Santa Maria, com profusão enorme de vitrais e imagens jacobeias (entre elas, a figura do herói maragato da batalha de Clavijo, Pero Mato). Junto a essa mole, o palácio episcopal revela o estilo bem diferente do arquitecto catalão Antonio Gaudí; alberga um Museu dos Caminhos (além do jacobeu, o das vias romanas). Sente-se a Galiza na proximidade dos montes de Leão (não muito pronunciados) que nos guiam de Rabanal del Camino até à povoação mineira de Ponferrada. Neste trecho o caminhante 32 encontrará a melhor tradição jacobeia dos monjoies, também conhecidos por milladoiros no noroeste peninsular: no cume de Foncebadón, uma cruz sobre um montão de pedras marca o trajecto e convida o visitante a que faça a sua contribuição ali colocando mais pedras. Do alto do Cume (1.517 metros), desfruta-se um magnífico panorama sobre as terras férteis do Bierzo. Nas imediações de Ponferrada, Molinaseca mostra-nos uma capela das Angústias digna de atenção no início de um conjunto monumental bem cuidado: ponte romana e antigas ruas com pórticos para onde dão palacetes de soleira antiga. Uma ermida, a de São Roque, anuncia a saída de Molinaseca e a iminente entrada em Ponferrada. Ponferrada é uma vila mineira e com história. Desde a recordação da primitiva ponte reforçada com ferro (Pons Ferrata – Ponte Ferrada) até ao castelo templário, tudo se conjuga num passado de prestígio. O castelo, muito bem conservado no seu exterior, não esconde um certo carácter cabalístico (três muralhas, doze torres, etc.). Mais abaixo, no núcleo antigo, encontra-se o Hospital da Rainha, um albergue renascentista próximo da igreja de Santo André, onde se guarda um Cristo dos Templários. Prontos já para a saída, os peregrinos terão ainda de passar em frente à basílica da Virgem de la Encina (bonita torre barroca), que faz alusão a uma aparição milagrosa. A etapa seguinte decorre entre os campos férteis do Bierzo, e logo se chega a Cacabelos, que além de dar o seu nome aos vinhos da zona, acolhe no seu centro a igreja da Nossa Senhora da Praça, com um interessante Museu Arqueológico. O final deste trecho do Caminho situa-se em Villafranca del Bierzo, onde os peregrinos, que o justifiquem devidamente, podem dar por concluída a sua caminhada e evitar assim a parte final. Como não podia deixar de ser, temos aqui uma igreja de Santiago, românica, com a sua inevitável Porta do Perdão. Perto daqui o convento de São Francisco (os religiosos produzem o seu próprio vinho) preside à descida ao centro antigo, cujas ruas estão ladeadas de belas casas solarengas. Para o outro lado fica o castelo, com os seus muros severos e robustos. À medida que o peregrino atravessa as voltas do rio Valcarce e se afasta destes ricos campos de cerejas, também se interna na zona montanhosa que, até Ruitelán, exibe os cumes mas que, a partir daí, o prepara para a última grande batalha: a conquista da Galiza por O Cebreiro. Galiza E, por fim, a Galiza, terra que acolhe os restos mortais do Apóstolo Santiago. Terra fértil, montanhosa, agreste por vezes, mas sempre gratificante, como o peregrino o pode comprovar quando, do alto de Pedrafita, vira à esquerda e, subindo sempre, chega a O Cebreiro, uma aldeia em que ainda permanece em pé um conjunto de palhotas ou casas de pedra com o tecto de palha, habitadas até há pouco. Uma delas, perto da parte moderna da aldeia, está integrada numa das duas instalações de turismo rural com que conta a localidade; outra, muito mais antiga, foi convertida em museu de entrada gratuita, aberto de manhã e à tarde. No Cebreiro é obrigatória a visita à sua igreja –que guarda um Santo Graal no qual se transformou o vinho em sangue de Cristo, milagre que teve lugar à volta de 1300 e no qual a hóstia se converteu em pão– cujos sinos soavam durante os Invernos para orientar os peregrinos no meio da névoa. Deve-se também parar na hospedaria de San Giraldo de Aurillac, sem dúvida a mais frequentada desde Roncesvalles, pois funciona a partir do século XI, com apenas uma interrupção de pouco mais de cem anos. Depois, dirijam-se a Liñares (simples e bonito templo de Santo Estevo; o lugar pertenceu aos monges do Cebreiro) e subir ainda até ao alto de San Roque, primeiro, e ao de O Penedo, depois, para encontrar Hospital, Padornelo (com uma fonte l Pallozas. O Cebreiro 34 l Convento da Magdalena. Sarria l Igreja de Santiago. Barbadelo l Pórtico da Glória. Santiago de Compostela de Pinguela e a igreja de San Xoán, São João) e, mais acima, Poio, a 1.335 metros de altitude. Chega, por fim, a hora de descer. Por Fonfria (que também teve um hospital) e Biduedo (capela posta sob a protecção de São Pedro) desce-se até Triacastela e, a partir daqui, começam as subidas e descidas sem fim, todas sinalizadas, para ninguém se perder. Assim se chega a essa vila na qual terminava a etapa onze do Codice Calixtino –o livro guia escrito pelo já citado Aymeric Picaud– que nos tempos do rei Alfonso IX teve um forte desenvolvimento. Tem uma igreja reconstruída nos finais do século XVIII sobre outra românica, da qual ficaram os contrafortes e a ábside. O itinerário mais suave conduz a A Balsa (ermida) e San Xil (São Gil). Outro, igualmente frequentado mas mais longo, leva ao imponente Mosteiro de Samos. Neste último lugar viveu uma comunidade eremita, que se viu favorecida pelas iniciativas da hierarquia religiosa e, pouco a pouco, foi-se construindo o mosteiro que ofusca o resto da povoação. Em Samos viveu e partilhou com os outros o seu magistério o conhecido erudito Benito Feijóo, mais conhecido como o padre Feijóo, um natural de Ourense, nascido no século XVII e falecido no século seguinte; a sua marca faz parte da História da Galiza. O mosteiro esteve a ponto de desaparecer devorado pelas chamas quando se iniciava a segunda metade do nosso século. Felizmente foi reconstruído e o peregrino pode continuar a passear pelos dois claustros: o de Feijóo e o de Las Nereidas. Os dois trechos levam a Sarria, cidade fundada por Alfonso IX com o nome de Vilanova de Sarria. Por um desses acasos da vida, o monarca morreu na vila quando a atravessava em peregrinação a Compostela. Recomenda-se uma paragem para contemplar o castelo, o convento da Madalena, as igrejas de Santa Mariña e de El Salvador e, por que não, deitar uma vista de olhos a alguns dos objectos vendidos pelos numerosos antiquários da localidade. Dali a Barbadelo (igreja com uma notável fachada e torre românicas), passando depois por Morgade (curiosa fonte e ruínas de uma ermida), Mirallos (templo que até os finais do século XVIII se encontrava noutro local; foi mudado pelos vizinhos) e Vilachá. Depois, Portomarín, submerso pelas águas da barragem de Belesar. No entanto, há hoje um Portomarín novo que, ainda que não tenha o mesmo encanto do outro, conserva a mesma igreja que foi erguida no fundo do vale. Agora, pelo contrário, ocupa a parte mais alta de uma colina. O edifício religioso é dedicado a São Nicolau, e as ameias da sua parte superior 35 36 l Refúgio para peregrinos. Portomarín reportam aos tempos em que a cruz e a espada nem sempre eram antagónicas. Palas de Rei (para trás ficaram Castromaior com o seu templo românico e Vendas de Narón com a ermida da Madalena) é a ante sala de uma povoação cujo centro histórico gozou de uma especial protecção ao longo dos séculos. Trata-se de Melide, que bem merece um passeio urbano para se conhecer primeiro a capela de São Roque (à entrada), com um cruzeiro que durante décadas passou por ser o mais antigo da Galiza. Depois, temos que entrar no Museu da Terra de Melide, para continuar o passeio pela praça do Convento, para a qual também dão a igreja de São Pedro (com bons túmulos medievais) e o edifício onde hoje são as instalações da Câmara Municipal (do século XVII). Já à saída, temos o templo de Santa Maria (também do século XII) que aponta para onde continua o Caminho, que desce até ao tranquilo vale do rio Isso, com uma ponte medieval e o hospital de Santo Antão. É assim que se chega às ruas dessa capital do queijo chamada Arzúa, com a sua igreja da Madalena (gótica) e a de Santiago, e se fazem os últimos quilómetros até Compostela. Não espere o caminhante ver grandes monumentos, mas sim pequenas aldeias, além da fonte do Francês e o solar de São Lázaro, à saída de Arzúa, e de outra bela fonte, esta em Santa Irene (onde se ergue uma capela dos princípios do século XVIII). Também não há grandes inclinações, e assim se chega a Lavacolla, em cujo rio os peregrinos se lavavam antes de iniciarem a última subida, a que conduz ao Monte do Gozo, donde se descobrem as torres da catedral compostelana. Já no centro urbano, pela rua de São Pedro, chega-se à Porta do Caminho e sobe-se pela rua das Casas Reais até à praça de Cervantes (onde, noutros tempos tinha lugar um mercado concorrido). O peregrino encontra-se já em pleno centro histórico de Santiago, dentro das muralhas desaparecidas, e a escassos 37 metros da fachada da Azabacheria, à qual se chega pela rua do mesmo nome; se o viajante fez a peregrinação num ano santo, a Porta Santa, na ábside, estará aberta. Dentro do impressionante templo, Património da Humanidade, espera-o a arca de prata com os restos mortais de Santiago Apóstolo. Aqui sim, não deverá sair do recinto sem cumprir o ritual de colocar os dedos no Pórtico da Glória (a obra prima do românico europeu), sem encostar a cabeça na estátua do Mestre Mateo (artífice do Pórtico) e sem abraçar o busto de Santiago (sobre o altar-mor). Então, sim, a peregrinação terá valido a pena. l Catedral de Santiago de Compostela Os outros caminhos A inda que todos os caminhos levem a Compostela, o mais frequentado é o Francês. Mais percorrido não quer dizer único, porque outras muitas vias até Santiago se abriram por toda a Península e iam formando variantes que percorriam diversos trechos do terreno. São caminhos que abriram novas vias, longe da massificação, e que ofereceram a oportunidade de conhecer outros conjuntos monumentais de renome talvez não tão sonoro mas de indubitável beleza e valor histórico. A Rota da Costa De todas as razões que avalizam esta rota, costuma-se citar mais as do célebre peregrino Aymeric Picaud, para quem apenas se tratava de fugir da barbárie de Navarra. É que, apesar do atractivo e da hospitalidade dessa terra, convém recordar que os primeiros peregrinos que se dirigiram a Santiago só se atreviam a passar por zonas da costa, as únicas pacificadas na turbulenta época do primeiro milénio. Isto sucedeu a maior parte das vezes até que Burgos se tornou Corte. Além disso, a caminho de Compostela, os l Tolosa (Guipúzcoa) viajantes buscavam a protecção de outras relíquias, e muitas delas situavam-se no reino das Astúrias. Por tudo isso, grande parte dos caminhantes chegou até ao Apóstolo por Bayonne (França), para de seguida atravessar o País Basco, Cantábria e Astúrias. A entrada na Península faz-se por Irun, onde havia um hospital de peregrinos. Daí atravessavam o rio Bidasoa por uma ponte de madeira, que antecedeu a actual. Ainda que não figure no traçado da rota jacobeia, a proximidade de Donostia-San Sebastián constitui uma boa ocasião de conhecer esta bela cidade. Em Hondarribia, uma ermida de Santiago recorda o trânsito de pessoas, que hoje podem deleitar-se na contemplação do seu conjunto histórico-artístico. De Oiartzun, um desvio na rota principal levava por Tolosa e l Zumaia (Guipúzcoa) l San Julián de los Prados. Oviedo l Mosteiro do Salvador. Vilar de Donas (Lugo) Vitória-Gasteiz até Burgos. Chamam a atenção neste percurso as localidades de Armentia, Miranda de Ebro e a monumental Briviesca. Mas o Caminho continuava pela costa basca por Orio, onde ainda se ergue a ermida de San Martín de Tours, e Zarautz, em cuja igreja de Santa Maria a Real se encontra, segundo a tradição, o “túmulo do peregrino”. O Caminho vai de Zumaia a Guernika-Lumo, onde ainda existe um hospital de origem barroca para albergar os romeiros. Estamos perto de Bilbau, de tradição compostelana. A sua catedral, de Santiago, foi construída sobre um templo anterior. Também ali se ergue a Porta dos Peregrinos, mas não convém esquecer o popular santuário da Virgem de Begoña. Toda a costa do País Basco está cheia de hospitais para peregrinos e ermidas dedicadas ao apóstolo, mas também de imagens jacobeias (como o Santiago Matamoros de Santa Maria de Portugalete). Na Cantábria, não são menos as demonstrações de devoção ao santo e entre elas temos de destacar as de Santoña (ao antigo hospital junta-se a bela e tardogótica igreja de Santa Maria do Porto). Não dista muito da acolhedora e calma Santander, que ao seu tesouro de arquitectura religiosa (a catedral foi construída sobre um templo dos Corpos Santos) soma o encanto urbano (não esquecer o palácio da Madalena). A escassos quilómetros de Santillana del Mar, conjunto histórico-artístico, temos as Grutas de Altamira. Além disso, a colegiada românica de Santa Juliana é um marco para quem aqui buscava o caminho Francês por alturas de Frómista. 41 San Vicente de la Barquera, lugar fronteiriço, conserva ainda dois dos hospitais de peregrinos que na época tinha. Aqui entramos no Principado das Astúrias, onde, além do hospital da singela e portuária Llanes, passaremos pelo mosteiro românico de São Salvador de Celorio, antes de pisar as ruas da bonita Ribadesella (igrejas de Santa Maria Madalena e Nossa Senhora da Guia; grutas de Tito Bustillo). As montanhas indicam que Oviedo está próximo. A capital do reino asturiano era a meta preferida de romeiros, que ali se dirigiam à catedral de São Salvador, cuja riqueza só tem comparação com os templos pré-românicos dos seus arredores. A afluência de caminhantes originou uma variante que levava a Oviedo a partir de Leão, atravessando o pico de Pajares. Da grande Corte Real asturiana (que divulgou pelo Mundo a ideia do Caminho de Santiago) apanhava-se novamente a rota do Ocidente seguindo duas variantes: a primeira descia por Los Oscos até Grandas de Salime, atravessando o cume de Acebo, para passar a terras da Galiza por Fonsagrada. Descia logo até Castroverde (igrejas de Vilabade e de Santiago) e Vilar de Donas, nas imediações de Lugo. A outra variante apanhava o cimo de La Espina, por onde se atingia a fronteira com a Galiza através do rio Eo, que era necessário atravessar de barca de Castropol. Ribadeo (capela românica da Virgem do Caminho; edifícios artísticos como o Solar dos Moreno), primeira vila galega, recebia no seu porto peregrinos procedentes do Norte. Estes seguiam depois a costa até Foz (igreja de Santiago), l Mondoñedo (Lugo) 42 O Caminho do Oriente l Igreja de Santiago e cruzeiros. Baamonde (Lugo) passando antes pela inconcebível beleza natural da praia de As Catedrais. Na Foz o Caminho avança pelo interior até Vilanova de Lourenzá (mosteiro de Santa Maria de Vilanova; túmulo do Conde Santo), e, através dos montes, chegava à monumental Mondoñedo, que é hoje conjunto artístico. A descida até Vilalba (igreja de São Roque, museu etnográfico, torre dos condes de Andrade) leva-nos rapidamente a Baamonde (igreja de Santiago, cruzeiros e moderno conjunto escultórico). Uma ponte medieval, na antiga Parga, leva a Sobrado dos Monxes, onde se ergue um imponente mosteiro cisterciense (Santa Maria), que é um compêndio de estilos arquitectónicos. Daqui se chega a Arzúa (igreja de Santiago e hospital de peregrinos), onde entroncamos com o Caminho Francês. 43 Procedia este Caminho do sul da península e de Castela, e subia pela Extremadura, Salamanca e Zamora até às terras de Ourense. O seu traçado coincidia com a Rota da Prata, via de comunicação romana que ia por Sevilha a Astorga e ao Cantábrico. O início desta rota é possível a partir de qualquer ponto do Sul, e há quem pense que este começo era em Sevilha (convento da Ordem de Santiago), e a partir daqui subiria por Zafra, Mérida (foi capital da Ordem de Santiago na Extremadura; múltiplos restos romanos) e a monumental Cáceres até chegar a Plasência (igreja de Santiago das Batalhas). Em qualquer dos casos, Salamanca era o principal ponto de afluência desta rota. Ali se uniam os ramais procedentes de Ávila (por Peñaranda de Bracamonte e Alba de Tormes) e da Estremadura, que dos diferentes pontos meridionais subiam até ao Norte. Salamanca é um local histórico monumental. Às duas catedrais (a Velha e a Nova), universidade e traçado urbano há que acrescentar uma igreja dedicada a Santiago. Zamora é uma cidade monumental (igreja de Santiago e instalações da ordem com o mesmo nome; hospitais de peregrinos), e pouco mais adiante existe uma bifurcação para chegar a Astorga por Benavente (igreja de Santiago e da Ordem l Catedral de Plasência (Cáceres) 44 do Hospital) ou então para continuar pelos montanhosos lagos de Puebla de Sanabria até terras de Ourense. Entra-se na Galiza atravessando o cume de A Canda (santuário em Lubián ) e logo se chega a A Gudiña (igreja de São Martinho). Na planície alcançamos Verín, onde desemboca outro ramal procedente da cidade portuguesa de Chaves. A vila moderna erguese perto da edificação medieval, digna de uma visita: Monterrei conserva com cuidado o seu castelo palaciano, assim como um templo românico dedicado a Santiago. As ruínas do hospital de peregrinos, junto ao castelo, são facilmente identificáveis. O Caminho coincide com a estrada até Xinzo de Limia e, bordejando a agora seca lagoa de Antela (segundo a lenda no seu fundo encontra-se uma cidade submersa) deixa atrás Sandiás (pinturas flamengas em Santo Estevo) e sobe até Allariz. Esta cidade, berço de reis, conta com um magnífico conjunto históricoartístico, também de grande valor etnográfico. Destaca-se a igreja românica de Santiago e a arquitectura civil (judiaria e ponte). A rota cruza-se com uma falha tectónica de interesse termal em Santa Mariña de Aguasantas (igreja românica de Santa Mariña; nas imediações, templo e sepulcro antropomorfo), e continua até Ourense. l Universidade e Catedral Nova. Salamanca 45 l Allariz (Ourense) A capital da província ostenta uma larga tradição jacobeia que se materializa no pórtico da sua catedral, irmão do compostelano da Glória. Todo o centro antigo é zona monumental histórico-artística, e à sua beleza temos que juntar a das igrejas de Santiago e do convento de São Francisco (claustro gótico). As origens romanas da cidade nascem na fonte termal de As Burgas. E, embora obrigue a um desvio no trajecto marcado, antes de abandonar esta terra vale a pena fazer uma visita aos mosteiros do desfiladeiro de Sil: Santo Estevo de Ribas de Sil e San Pedro de Rocas. O percurso até Santiago vai de Ourense a San Cristovo de Cea (o melhor pão de Galiza), perto do histórico artístico mosteiro de Oseira. A escassos quilómetros, Dozón (antigo cenóbio beneditino, hoje igreja românica) e Silleda (nos arredores, santuário da Nosa Señora do Corpiño, em Vila de Cruces; e, pouco mais à frente, as ruínas do mosteiro de Carboeiro). O cruzeiro de Bandeira antecipa a chegada a A Granxa (igreja pré românica e Mons Illicinus da lenda jacobeia), a um simbólico salto do Pico Sacro: do seu cimo podemos ver as torres compostelanas. 46 O Caminho Inglês Este é o nome por que é conhecida a rota que empreendiam os peregrinos que, procedentes na sua grande maioria das Ilhas Britânicas, desembarcavam nos portos do noroeste galego para dali seguirem para Compostela. A via teve a sua maior popularidade a partir do século XIV. Em A Coruña, a partir do porto de O Parrote os romeiros dirigiam-se à colegiada românica de Santa Maria e à igreja de Santiago, para subir até o Alto de Eirís. Deslocavam-se então até O Burgo, que também era um ponto de desembarque dos peregrinos. Em Cambre destaca-se a sua igreja, com a nave central e uma pia baptismal que, segundo a tradição, foi trazida da Terra Santa. O Caminho continuava por Sigrás, Calle e Bruma, onde se unia com o ramal procedente dos portos de Ferrol e Neda. Os que chegavam a uma destas localidades, após atravessar a ponte sobre o rio Eume, entravam no recinto medieval de Pontedeume (torreão de Andrade; igreja de Santiago). Por Perbes chegavam a San Martin de Tiobre (templo românico) e atravessando a chamada Ponte Vella entravam em Betanzos (conjunto histórico-artístico; notável igreja românica de Santiago). Por Requián alcançavam Bruma, ponto de encontro com o trecho proveniente de A Coruña. Daqui continua até o Sul e atravessa o Tambre por Sigueiro, já perto de São Marcos, onde se reúne com o Caminho Francês para entrar em Compostela. l Catedral. Porta principal. Tui (Pontevedra) O Caminho Português Os Portugueses também não podiam alhear-se do fenómeno das peregrinações a Santiago. Não seguiam um só caminho, mas antes a partir de vários pontos confluíam em Chaves — por onde se passava a Verín e se entrava na Rota da Prata – ou em Valença do Minho. Os que optavam pela segunda possibilidade atravessavam o rio Minho em barcos e iam dar a Tui ou aos seus arredores (ainda se conserva uma aldeia chamada Hospital), para seguir até o Norte por Pontevedra e Padrón. l Igreja de São Francisco. Betanzos (A Coruña) 47 48 Direcções com interesse Indicativo telefónico internacional % 34 Informações Turísticas. TURESPAÑA www.spain.info Federação Espanhola de Associações do Caminho de Santiago Rúa Vieja, 3 bajo. Logroño Paradores de Turismo Central de reservas Requena, 3. 28013 Madrid % 902 547 979 ) 902525432 www.parador.es Postos de Turismo em Espanha Astorga: Glorieta Eduardo Castro % 987 618 222 ) 987 603 065 Bilbao: Plaza del Ensanche, 11 % 944 795 760 Burgos: Plaza de Alonso Martínez, 7 % 947 203 125 ) 947 276 529 Castro Urdiales: Avenida de la Constitución, 1 % 942 871 337 A Coruña: Dársena de la Marina % 981 221 822 Donostia-San Sebastián: Reina Regente, 3 % 943 481 166 ) 943 481 172 Durango: Askatasun Etorbidea, 2 % 946 033 939 Estella: San Nicolás, 1 % 948 556 301 Frómista: Paseo Central % 979 810 180 Gijón: Puerto Deportivo. Espigón Central de Fomento % 985 341 771 / 902 931 993 Huesca: Plaza de la Catedral, 1 % 974 292 170 Jaca: Regimiento de Galicia, 2 % 974 360 098 ) 974 355 165 León: Plaza de la Regla, 3 % 987 237 082 ) 987 273 391 Logroño: Paseo del Espolón, 1 % 941 291 260 ) 941 291 640 Lugo: Plaza Mayor, 27-29 % 982 231 361 Mondoñedo: Plaza de la Catedral, 1 % 982 507 177 Nájera: Constantino Garrán, 1 % 941 360 041 Orreaga-Roncesvalles: Antiguo Molino % 948 760 301 Ourense: Edificio Caseta do Legoeiro (Ponte Romana) % 988 372 020 Oviedo: Cimadevilla, 4 % 985 213 385 Palencia: Calle Mayor, 105 % 979 740 068 ) 979 700 822 Pamplona: Calle Eslava, 1 % 848 420 420 Ponferrada: Gil y Carrasco, 4 % 987 424 236 Federação Espanhola de Associações do Caminho de Santiago Rúa Vieja, 3 bajo. Logroño Paradores de Turismo Central de reservas Requena, 3. 28013 Madrid % 902 547 979 ) 902525432 www.parador.es Postos de Turismo em Espanha Astorga: Glorieta Eduardo Castro % 987 618 222 ) 987 603 065 Bilbao: Plaza del Ensanche, 11 % 944 795 760 Burgos: Plaza de Alonso Martínez, 7 % 947 203 125 ) 947 276 529 Castro Urdiales: Avenida de la Constitución, 1 % 942 871 337 A Coruña: Dársena de la Marina % 981 221 822 Donostia-San Sebastián: Reina Regente, 3 % 943 481 166 ) 943 481 172 Durango: Askatasun Etorbidea, 2 % 946 033 939 Estella: San Nicolás, 1 % 948 556 301 Frómista: Paseo Central % 979 810 180 Gijón: Puerto Deportivo. Espigón Central de Fomento % 985 341 771 / 902 931 993 Huesca: Plaza de la Catedral, 1 % 974 292 170 Jaca: Regimiento de Galicia, 2 % 974 360 098 ) 974 355 165 León: Plaza de la Regla, 3 % 987 237 082 ) 987 273 391 Logroño: Paseo del Espolón, 1 % 941 291 260 ) 941 291 640 Lugo: Plaza Mayor, 27-29 % 982 231 361 Mondoñedo: Plaza de la Catedral, 1 % 982 507 177 Nájera: Constantino Garrán, 1 % 941 360 041 Orreaga-Roncesvalles: Antiguo Molino % 948 760 301 Ourense: Edificio Caseta do Legoeiro (Ponte Romana) % 988 372 020 Oviedo: Cimadevilla, 4 % 985 213 385 Palencia: Calle Mayor, 105 % 979 740 068 ) 979 700 822 Pamplona: Calle Eslava, 1 % 848 420 420 Ponferrada: Gil y Carrasco, 4 % 987 424 236 Serviços espanhois de turismo no estrangeiro BRASIL. São Paulo Escritório Espanhol de Turismo Rua Zequinha de Abreu, 78 Cep 01250 SÃO PAULO % 5511/36 75 20 00 ) 5511/38 72 07 33 www.spain.info/br e-mail: [email protected] PORTUGAL. Lisboa Delegaçao Oficial do Turismo Espanhol Av. Sidónio Pais, 28 – 3º dto. 1050 – 215 LISBOA % 351 21/ 315 30 92 ) 351 21/ 354 03 32 www.spain.info/pt e-mail: [email protected] Catedral. Santiago de Compostela Texto: Embaixadas en Madrid Brasil Fernando El Santo, 6 % 917 020 689 ) 917 004 660 Portugal Pinar, 1 % 917 824 960 ) 917 824 972 Cristóbal Ramírez Versão portuguesa: Henrique Antunes Ferreira Fotografías: Arquivo Turespaña Grafismo: Koldo Fuentes Maquetagem: OPCIÓN K. Comunicación Visual, S.L. Publicação: © Turespaña Secretaría de Estado de Turismo Ministerio de Industria, Turismo y Comercio MINISTERIO DE INDUSTRIA,TURISMO Y COMERCIO COMUNIDADE EUROPEIA Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Impresso por: GRAFOFFSET, S.L. D.L.: M-27904-2009 NIPO: 704-09-368-X Impresso em Espanha 3ª edição P TURESPAÑA Espanha O Caminho de Santiago Informações Turísticas. TURESPAÑA www.spain.info Emergências % 112 Urgências Sanitárias % 061 Guardia Civil % 062 Polícia Nacional % 091 Policía Municipal % 092 Informação ao cidadão % 010 AENA % 902 404 707 www.aena.es ADIF % 902 432 343 www.adif.es Informaçao Internacional % 902 243 402 Trânsito. Informações sobre as estradas % 900 123 505 www.dgt.es Correios % 902 197 197 www.correos.es O Caminho de Santiago Indicativo telefónico internacional % 34 Telefones de interesse Puente la Reina: Plaza de Mena, 1 % 948 340 845 ) 948 340 813 Ribadeo: Plaza España % 982 128 689 Sahagún: El Arco, 87 % 987 781 121 Santander: Hernán Cortés, 4 % 942 310 708 Santiago de Compostela: Rúa del Villar, 30 % 981 584 081 Santo Domingo de la Calzada: Calle Mayor, 70 % 941 341 230 Villafranca del Bierzo: Avenida Bernardo Díez Ovelar % 987 540 028 Villaviciosa: Parque Vallina % 985 891 759 Vitoria-Gasteiz: Plaza General Loma % 945 161 598 Espanha Direcções com interesse Cartografía: GCAR S.L. Cardenal Silíceo, 35 28002-MADRID Año 2004 SINAIS CONVENCIONAIS Auto-estrada de portagem Auto-estrada livre e via rápida Estrada nacional Estrada (rede básica 1. classe) Estrada (rede Básica 2. classe) Estrada local Alta velocidade Linha de caminho de ferro Património da Humanidade Parador (pousada) Santuário – Mosteiro Aeroporto Grutas a a OS CAMINHOS DE SANTIAGO O Caminho Real Francês Cabo Ortegal Ortigueira A A R I L S T A Viveiro 549 Xistral 1033 AG-64 Pontedeume As Pontes de Neda García Rodríguez Foz Cabo de Peñas Tapia de Casariego Cabo Prior Ferrol Os outros caminhos Cervo Cedeira S O Caminho do Norte Estaca de Bares Ribadeo Cudillero Luarca 634 Navia Castropol Pravia C O S Candás Avilés 632 T A V E R D E Gijón A-8 C Cabo de Ajo O S T A A S C Bayonne Orthez Santoña Castro Bermeo A-64 Arteixo Malpica A-8 Suances Hondarribia 634 Arriondas Tineo Punta do Roncudo Llanes 634 Urdiales Getxo Grado Santa Eulalia Pola de AG-55 AS-1 634 Torrelavega Colindres Gernika-Lumo Betanzos A-8 OVIEDO Rí Langreo 640 Vilalba Colombres Cambre de Oscos Laxe Cangas Allende Carballo o Limpias Covadonga Parga "Cuevas de VI I Irún Puente Zumaia Zarautz Narcea Pola de de Onís 595 A-67 550 PAU Panes Ainhoa P Altamira" Grandas Portugalete BILBAO Mieres Oiartzun Viesgo Laviana Baamonde 621 a Ramales A-8 Muxia Cangas 625 o s de Salime Na 121 Pola de Europ Orio 121 I lón Elgóibar Peña Sagra A-6 de la Victoria Fonsagrada PARQUE NACIONAL C O de Narcea DonestebeCabo Touriñán de Lena Arenas Potes 2046 Sobrado St. Jean-Pied-de-Port "Monasterio Oloron-Ste. Marie DE LOS PICOS DE EUROPA R D Balmaseda R Santa Comba Santesteban Tolosa de Santa María" de Iguña Durango do Monxes Fuente Dé I L L E 1890 Luzaide Dumbria Vilabade A 623 R C LUGO e 634 I A "San Salvador I R r Bergara B Á C A N T Llodio AP-68 240 Campomanes Sigüeiro Valcarlos mb de Ibañeta" a 611 Peña Prieta Espinosa de T Fisterra Castroverde Braña Caballo 2536 121 Riaño Orreaga-Roncesvalles N AP-9 S A-15 Beasain los Monteros 641 2189 Embalse Espigüete Arrasate A Puebla Amurrio SANTIAGO Peña Ubiña Aitzgorri Reinosa 629 E V de Riaño 2450 Cabo Lekunberri Auritz-Burguete A-1 Arzúa 547 Melide 2417 Degaña de Lillo 1544 Lavacolla DE COMPOSTELA Fisterra 138 S Pic d'Orhi Palas de Rei Embalse Medina Ulla Valdecebollas O 2021 del Ebro Villablino T E Altsasu"Santuario de Nuestra Muros 2136 630 de Pomar VITORIAErro Miravalle M O N Cervera RÍO Señora do Corpiño" Vila de Cruces Portomarín e S Boñar i n 1969 Alsasua Noia Palacios del Sil de Pisuerga 135 Zubiri GASTEIZ Río Bandeira Sarria Triacastela VI S A AP-66 Padrón 640 Urdos Ezcároz Isaba Visaurin 540 Pedrafita 685 Cistierna AP-53 Silleda 2670 Trespaderne Aguilar 640 Villava 232 PAMPLONA Fabero Argomaniz La Robla Armentia Aoiz O Cebreiro do Cebreiro 623 Embalse de Campóo Vilagarcía A Estrada Candanchú Cizur Altotero Lalín Samos 550 Rioseco Guardo de Belesar Ruitelán Miranda 1176 Treviño Liñares Legarda de Arousa Canfranc de Tapia Ansó Sta. Uxia 525 Chantada 330 de Ebro Cirauqui Obanos Amaya Monreal Río Lumbier Caldas "San Salvador 625 Poza de la Sal Bembibre AP-9 1373 de Ribeira Almanza Dozón Estella Pancorvo "Monasterio Santa Cilia Villanúa de Leyre" "Nuestra Señora 627 de Reis Cacabelos AP-68 Puente Monforte Villafranca del Bierzo Berdún de Oseira" A-6 111 de Eunate" Cambados 541 de Jaca 240 Yesa la Reina Villamayor de Monjardín AP-1 de Lemos Haro Biescas Laguardia Jaca LEÓN Herrera de O Grove "Santa María la Real" PONTEVEDRA Molinaseca Briviesca Los Arcos San Cristovo 232 Ponferrada 120 Sangüesa Javier Puente la Reina 120 Saldaña Pisuerga 611 Villadiego EB Viana de Cea ío R Astorga Santo Domingo Tafalla de Jaca R Torres del Río O I e "San Juan Mansilla de 536 AP-71 Sos del Marín Pobra t Rabanal Sil de la Calzada Calzada de la Peña" O Carballiño Sabiñánigo Olite A-231 las Mulas LOGROÑO Rey Católico Hospital n del Camino de Trives Sasamón 550 del Coto Sahagún O Barco Gállego San Juan Osorno Navarrete VI Belorado o de Órbigo A-66 A-231 Hornillos AP-15 Cangas Redondela Grañón de Ortega M Carrión de El Burgo Ranero OURENSE Tardajos Nájera Lédigos del Camino 330 Teleno Manzaneda los Condes Itero del Castillo Vigo Ribadavia Calahorra Villafranca232 AP-68 2185 La Bañeza Peña Trevinca 1778 Quintanilla Itero de la Vega Hontanas 2077 120 120 Villalbilla 601 A-52 121 2124 Clavijo Montes de Oca 630 de la Cueza Castrojeriz Baños de Villalcázar San Millán BURGOS Sádaba Viana do Bolo Cervatos de de Sirga Ponteareas Castrocontrigo Bobadilla Molgas AG-57 A-55 Arnedo Frómista Ayerbe de la Cogolla Baiona Alfaro la Cueza A-1 Allariz 525 del Camino Villanueva 611 A-62 Lago de Sanabria HUESCA Tui Sandiás de Cameros Ribadelago Río Villalón A Gudiña Amusco Monçao Xinzo de Campos Becilla de Ayedo Valença A-23 Cintruénigo 525 Ejea de de Limia Mombuey 111 Tudela Camarzana 1719 Valderaduey Monterrei A-52 Salas de Lubián los Caballeros Ca Puebla de Tera A-52 610 Cebolla Almudébar Río los Infantes rrió 525 610 1415 Lerma 113 2142 de Sanabria n A Guarda 1755 Benavente 121 Verín Corraes PALENCIA 232 S 330 1262 532 Magaz ie Larouco Vinuesa Santo Domingo Peña Mira Tauste Zuera rr 1575 Tarazona 1238 S de Silos a 122 Medina Tórtoles AP-68 Dueñas 234 de Feces Villalpando Tábara I Agreda Matute Alcubierre de Rioseco de Esgueva l M A-6 S Alagón 1419 on 631 VIANA DO 630 ca 601 A-62 T BRAGANÇA San Leonardo yo Alcañices Utebo a v E 2313 CASTELO e de Yagüe Embalse de Esgu 1256 SORIA Ricobayo Río 122 M a eg Aranda âm A Villanubla T VALLADOLID 122 El Burgo de Duero 234 BRAGA ZARAGOZA 122 de Osma Rí Gómara Alfajarín o I Miranda do Douro AP-2 Toro Peñafiel 111 B 122 A-11 II San Esteban Río Rubio ZAMORA de Gormaz Tordesillas Cabrera La Almunia de Almazán É 1313 Ria 1433 A-2 R z Bermillo ío Godina a A-1 RDoña330 Cuéllar de Sayago Ayllón A-62 VILA REAL Calatayud I 110 601 Alaejos Belchite Ce Embalse de ga Cariñena C 630 Río Almendra Medina Riaza Fonta Longa 620 232 Alhama Sepúlveda O 883 del Campo Peñausende Fuentesaúco de Aragón A-6 PORTO Cabo de San Adrián Mondoñedo 1201 Cornellana Boal A-66 Villaviciosa 634 632 Colunga SANTANDER Ribadesella "Cuevas de Tito Bustillo" San Vicente de la Barquera A-8 Cabo Matxitxako Santillana del Mar V A Pi Río Eo AP-9 Vilanova de Lourenzá o Rí O e Esla O RÍ s Ega Río erv a Hu Rí o ón t ra Du RÍ O Río RO E DU VISEU 70 km SALAMANCA 30 km SALAMANCA 36 km MADRID 96 km MEDINACELI 10 km TERUEL 109 km FRAGA 47 km Sabo r Ja ló n BARBASTRO 49 km o big Ór Bibey Río Río A S I X B A Pisuerga Cea d ión Carr S Í A AINSA-SOBRARBE 59 km Río Río L e ó n c MIÑ r r a d e a r e s C O Rí o S Na via c Río R Río AVEIRO 80 km