camino de santiago

Transcrição

camino de santiago
Federação Espanhola de Associações do Caminho de Santiago
Rúa Vieja, 3 bajo. Logroño
Paradores de Turismo
Central de reservas
Requena, 3. 28013 Madrid
% 902 547 979 ) 902525432 www.parador.es
Postos de Turismo em Espanha
Astorga: Glorieta Eduardo Castro % 987 618 222 ) 987 603 065
Bilbao: Plaza del Ensanche, 11 % 944 795 760
Burgos: Plaza de Alonso Martínez, 7 % 947 203 125 ) 947 276 529
Castro Urdiales: Avenida de la Constitución, 1 % 942 871 337
A Coruña: Dársena de la Marina % 981 221 822
Donostia-San Sebastián: Reina Regente, 3
% 943 481 166 ) 943 481 172
Durango: Askatasun Etorbidea, 2 % 946 033 939
Estella: San Nicolás, 1 % 948 556 301
Frómista: Paseo Central % 979 810 180
Gijón: Puerto Deportivo. Espigón Central de Fomento
% 985 341 771 / 902 931 993
Huesca: Plaza de la Catedral, 1 % 974 292 170
Jaca: Regimiento de Galicia, 2 % 974 360 098 ) 974 355 165
León: Plaza de la Regla, 3 % 987 237 082 ) 987 273 391
Logroño: Paseo del Espolón, 1 % 941 291 260 ) 941 291 640
Lugo: Plaza Mayor, 27-29 % 982 231 361
Mondoñedo: Plaza de la Catedral, 1 % 982 507 177
Nájera: Constantino Garrán, 1 % 941 360 041
Orreaga-Roncesvalles: Antiguo Molino % 948 760 301
Ourense: Edificio Caseta do Legoeiro (Ponte Romana) % 988 372 020
Oviedo: Cimadevilla, 4 % 985 213 385
Palencia: Calle Mayor, 105 % 979 740 068 ) 979 700 822
Pamplona: Calle Eslava, 1 % 848 420 420
Ponferrada: Gil y Carrasco, 4 % 987 424 236
Serviços espanhois de turismo no estrangeiro
BRASIL. São Paulo
Escritório Espanhol de Turismo
Rua Zequinha de Abreu, 78
Cep 01250 SÃO PAULO
% 5511/36 75 20 00 ) 5511/38 72 07 33
www.spain.info/br
e-mail: [email protected]
PORTUGAL. Lisboa
Delegaçao Oficial do Turismo Espanhol
Av. Sidónio Pais, 28 – 3º dto.
1050 – 215 LISBOA
% 351 21/ 315 30 92 ) 351 21/ 354 03 32
www.spain.info/pt
e-mail: [email protected]
Catedral. Santiago de Compostela
Texto:
Embaixadas en Madrid
Brasil
Fernando El Santo, 6
% 917 020 689
) 917 004 660
Portugal
Pinar, 1
% 917 824 960
) 917 824 972
Cristóbal Ramírez
Versão portuguesa: Henrique Antunes Ferreira
Fotografías:
Arquivo Turespaña
Grafismo:
Koldo Fuentes
Maquetagem:
OPCIÓN K. Comunicación Visual, S.L.
Publicação:
© Turespaña
Secretaría de Estado de Turismo
Ministerio de Industria, Turismo y Comercio
MINISTERIO
DE INDUSTRIA,TURISMO
Y COMERCIO
COMUNIDADE EUROPEIA
Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional
Impresso por:
GRAFOFFSET, S.L.
D.L.: M-27904-2009
NIPO: 704-09-368-X
Impresso em Espanha
3ª edição
P
TURESPAÑA
Espanha
O Caminho de Santiago
Informações Turísticas. TURESPAÑA
www.spain.info
Emergências % 112
Urgências Sanitárias % 061
Guardia Civil % 062
Polícia Nacional % 091
Policía Municipal % 092
Informação ao cidadão % 010
AENA % 902 404 707 www.aena.es
ADIF % 902 432 343 www.adif.es
Informaçao Internacional % 902 243 402
Trânsito. Informações sobre as estradas % 900 123 505 www.dgt.es
Correios % 902 197 197 www.correos.es
O Caminho de Santiago
Indicativo telefónico internacional % 34
Telefones de interesse
Puente la Reina: Plaza de Mena, 1 % 948 340 845 ) 948 340 813
Ribadeo: Plaza España % 982 128 689
Sahagún: El Arco, 87 % 987 781 121
Santander: Hernán Cortés, 4 % 942 310 708
Santiago de Compostela: Rúa del Villar, 30 % 981 584 081
Santo Domingo de la Calzada: Calle Mayor, 70 % 941 341 230
Villafranca del Bierzo: Avenida Bernardo Díez Ovelar % 987 540 028
Villaviciosa: Parque Vallina % 985 891 759
Vitoria-Gasteiz: Plaza General Loma % 945 161 598
Espanha
Direcções com interesse
Apresentação
2
O Caminho Aragonês
4
O Caminho Real Francês
8
Navarra
A Rioja
Burgos
Palência
León
Galiza
12
17
20
25
27
33
Os outros caminhos
38
A Rota da Costa
O Caminho de Oriente
O Caminho Inglês
O Caminho Português
38
43
46
47
Apresentação
N
o ano de 813, no coração desse fim do Mundo que é a
Galiza, o eremita Paio descobre o túmulo de Santiago o
Maior, o Filho do Trovão, que, de acordo com a tradição, tinha
evangelizado o norte da Península. Conta, ainda, a lenda que,
depois deste último ter sido decapitado na Palestina, o seu corpo
foi posto numa barca de pedra em que viajavam dois dos seus
discípulos, a qual por si própria arribou a costas galegas e,
subindo o rio Ulla, tomou fundo em Padrón (Padrão). Ali chegada,
e após diversas vicissitudes, o corpo foi enterrado no monte
Libredón. Pouco a pouco foi caindo no esquecimento, até que
o ermitão o encontrou.
Tendo esta bela lenda como pano de fundo, não é de
estranhar que o túmulo apostólico se tenha convertido, a partir da
sua descoberta, num ponto de referência para a cristandade.
Como se fosse um íman semelhante a Roma ou Jerusalém,
Compostela começou a atrair visitantes que, a partir de todos os
pontos do planeta queriam seguir o caminho das estrelas,
assinalado pela Via Láctea, para ganhar o perdão dos seus
pecados. Conta-se que o próprio imperador Carlos Magno o fez,
daí que a tradição popular considere que foi ele que inaugurou
o itinerário jacobeu.
Além do seu significado espiritual, o Caminho de Santiago
–declarado Património da Humanidade– goza de outros valores
históricos, tal como o de ter sido a coluna vertebral da unidade
cultural que a Europa é: as sendas dos caminhantes partiam da
Suécia, da Polónia, dos Países Baixos, da Irlanda e da Grã Bretanha
e da Turquia e todas as suas ramificações confluíam em França para
seguir até à Galiza como uma só corrente. Perseguindo o caminho
do sol e das estrelas, esse fluxo humano que atravessava os campos
de todo o Mundo mereceu de Dante o nome de “peregrinação”.
E a corrente aumenta em cada Ano Jubilar. É declarado Ano Santo
Jacobeu aquele em que o Dia do Apóstolo (25 de Julho) caia num
domingo. Daí que a periodicidade dos anos santos se verifique de
6, 5, 6 e 11 anos: ou seja, 2004, 2010, 2021, etc.
3
O romeiro mete-se, assim, ao caminho, de ida e volta, para
procurar-se e encontrar-se a si e aos outros em cada etapa, em
cada albergue e em cada monjoie –um montículo de pedra– até
chegar em frente ao altar do Apóstolo. Compostela, umbigo da
Europa, é o final desta aventura. E essa cidade de beleza milenar
oferece-se ao visitante como o cume dos seus desejos, como a
entrada no Paraíso que cada um soube construir.
Os Pirinéus são o verdadeiro início de tal viagem. Nas
passagens dessas montanhas coincidem as vias de peregrinação
europeias: a Lemovicense (que vem de Vezeley e Limoges), a
Podense (Le Puy) e a Turonense (de Tours a Bordéus) passam
pelos Pirinéus navarros, enquanto que ao Somport aragonês
chega a via Tolosana (de Toulouse).
l Peregrino
4
O Caminho Aragonês
A
o pico de Somport (1 632 metros) vai dar a via Tolosana,
procedente de Toulouse, que atravessa o antigo Bearn.
Esta passagem entre as montanhas abre caminho para
Candanchú e Canfranc; junto a esta levanta-se o castelo
de Col de Ladrones. Hoje em dia nada resta a não ser as ruínas
da fortaleza de Candanchú nem do que foi Campo Franco,
mas outros projectos continuam a fazer dessas localidades
motivo de visita, dado que se tornaram estações de Inverno
célebres.
Um percurso alternadamente de solo empedrado e de asfalto
leva ao Castiello de Jaca, uma fortificação, bem tratada, que se
ergue desde o século XII sobre a estrada dos Pirinéus e que
anuncia a chegada à que foi outrora a capital do reino
de Aragão: Jaca.
Embora tenha bons traços modernos, não se pode esquecer
que no século XI foi berço de reis. E ainda conserva o perfil
da sua grandeza românica na catedral de São Pedro, na altura
com grande importância. Tem no seu recinto um Museu
Diocesano de valor inestimável, que lhe é conferido pela
extraordinária colecção de pintura medieval (românica e prégótica). Outras obras de arte como a igreja de Santiago, o
mosteiro das Beneditinas e uma ponte medieval falam do passado
esplendor de Jaca. Mas o seu poder prolongou-se até muito
depois, como o testemunha a Cidadela, magnífico exemplar da
arquitectura militar, e que Felipe II mandou construir no século
XVI. O seu traçado pentagonal é visível à distância.
l Vale de Canfranc. Huesca
À saída, a ponte ogival de pedra de São Miguel marca
o rumo para o sul, pouco depois confirmado por um cruzeiro.
O caminho desce as ladeiras pirenaicas e, com elas, atravessa
ribeiros e riachos, leitos pedregosos equilibrados pelos belos
panoramas, refrigérios do olhar. E, de repente, entre os montes
antes dos Pirinéus, aparece Santa Cília de Jaca, aldeia modesta
mas bem tratada que na antiguidade tinha um mosteiro.
Nas proximidades, existe a pequena Ponte da Rainha
de Jaca, onde a estrada tem como alternativa Berdún,
enclave cujas origens se perdem no tempo, mas que soube
manter as características de vila medieval, que sempre atraem
os viajantes.
l Castelo de Jaca (Huesca)
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6
l Castelo de Javier. Sangüesa (Navarra)
Fora do asfalto, a via continua através de Arrés, Mianos
e Arteida. Depois de atravessada a barragem de Yesa, o itinerário
aproxima-se de Sangüesa. Falamos de uma vila privilegiada pelo
Caminho, a quem deveu a sua prosperidade na Idade Média.
Da sua antiga importância política dá mostras o conjunto
monumental, tanto na sua faceta urbana (com as casas senhoriais
que ladeiam a Rua Maior, entre as quais se destaca o palácio do
Príncipe de Viana), como na arquitectura religiosa. Aqui há que
mencionar expressamente a colegiada de Santa Maria Real,
em que se venera uma imagem de Santa Maria de Rocamador,
culto introduzido pelos romeiros procedentes do santuário com
o mesmo nome na França meridional. A igreja de São Francisco
possui um claustro gótico realmente notável, enquanto que a de
Santiago guarda uma verdadeira panóplia de representações
românicas e góticas sobre o tema jacobeu; atenção ao tímpano
policromo do pórtico sul, que mostra o Apóstolo com ar de
peregrino e uma profusão de conchas de vieiras.
Mas estas terras, além da singularidade das suas construções,
também possuem uma orografia rica. E se esta
exige ao caminhante algum esforço, também
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lhe paga através de paisagens prodigiosas, como a do Alto
de Loiti, que preside ao perfil acidentado da serra, vendo-se
a Este a garganta que o rio Irati cavou por alturas de Lumbier.
Para adiante ainda temos de passar junto à Higa de Monreal.
Trata-se de uma montanha impressionante com a forma de cone
cortado, da qual se pode gozar de outra magnífica vista:
os prometedores vales navarros que anunciam a Puente
de la Reina (Ponte da Rainha), onde se retoma o Caminho
Francês. Quando se desce, outra ponte de pedra, gótica e com
aspecto peregrino.
Poucos quilómetros antes de se abandonar o Caminho
Aragonês, a calçada antiga leva o romeiro a Nossa Senhora
de Eunate, uma pequena mas curiosa igreja fundada pelos
templários, octogonal tal como o Santo Sepulcro, e cujos lados,
todos diferentes, chamam a atenção. É rodeada por uma arcada
aberta, pouco habitual, que lhe deu o nome (Eunate em basco
quer dizer cem portas). E já só resta Obanos para que o viajante
chega a uma das principais metas, localidade da qual se conta
que Santiago fez um dos seus mais célebres prodígios: o milagre
de Santa Felícia e San Guillén, a que também se chama
o Mistérios de Obanos, de acordo com o qual um anjo fez
o pagão conde burguinhão Guillén arrepender-se dos seus crimes
e abraçar a fé jacobeia, convertendo-se num eremita hospitaleiro.
A excelente intervenção do Apóstolo anima o peregrino, bem
como o terreno plano e a união iminente com a enorme corrente
humana que é o Caminho Real Francês.
l Puente la Reina (Navarra)
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O Caminho Real Francês
O
Caminho com maior tráfego de todos os que levam a
Santiago é o chamado Real Francês, que reúne nos
Pirinéus navarros as vias Lemovicense e Podense, bem como a
parte da Turonense que escolheu a rota do interior peninsular em
vez de seguir a da Costa.
Luzaide-Valcarlos e Orreaga-Roncesvalles
respectivamente) são as primeiras povoações navarras
que o peregrino encontra. Estes nomes recordam todas as lendas
que ligam o imperador Carlos Magno com a criação do Caminho.
De facto, o peregrino pode seguir os passos do famoso monarca
a partir de Valcarlos, onde consta que acampou depois do seu
exército ter sido derrotado pelo rei mouro de Saragoça.
Conta a lenda que depois de recuperar o corpo do seu sobrinho
Roldão e dar-lhe sepultura, o grande Carlos ajoelhou-se no Alto
de Ibañeta, onde um anjo lhe indicou o caminho das estrelas,
o único que o conduziria ao perdão. Actualmente, uma cruz
cravada no chão conta de tal momento, bem como as centenas
de cruzinhas que muitos outros fiéis, por seu turno,
plantaram.
l Igreja de Santiago. Orreaga-Roscesvalles (Navarra)
Nestas terras pirenaicas as marcas carolíngias são o pão
de cada dia e podemos segui-las ao longo de todo o itinerário,
desde a geografia (gargantas a fundo que Roldão terá aberto com
a sua espada) até obras humanas como o mosteiro de São
Salvador de Ibañeta; este convento incluiu em tempos a chamada
Capela de Carlos Magno e o Hospital de Roldão. A tudo isto
temos de juntar as contribuições mais recentes, como o monólito
e uma sugestiva representação das armas daquele primeiro
cavaleiro: a espada Durendal e um par de maças lembram em
Ibañeta a gesta francesa.
Aos pés do monte escarpado, na vizinha, florestal e recolhida
Roncesvalles, cenário da sangrenta batalha da Chanson de Roland,
uma intervenção prática do bispo Sancho de Larrosa atraiu,
em plena Idade Média, a atenção que os caminhantes
dispensavam à serrana Ibañeta. Daí é datada a Real Colegiada
de Nossa Senhora de Roncesvalles, uma construção que, ainda
que muito enxertada, mostra bem a sua construção gótica.
Nas suas instalações houve um hospital e há um ossário para
caminhantes chamado o Silo de Carlos Magno, que a tradição
l Luzaide-Valcarlos (Navarra)
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Em Larrasoaña ainda se consegue descortinar a sua
importância já passada, pelas ruínas do mosteiro e do hospital que
antes possuía. Aqui, o viajante encontra-se, igualmente, com jóias
artísticas do Caminho, embora se trate apenas da modesta Ponte
dos Bandidos, um enclave sobre o rio Arga, que os viajantes
medievais tratavam de evitar e que, naqueles tempos, contribuiu
para criar a ideia, tão divulgada como falsa, dos perigos de
Navarra. Mas o tempo não passa debalde, e o caminhante de hoje
sabe com certeza que pisa uma das comunidades mais
acolhedoras e afáveis da geografia jacobeia.
A ponte de Zabaldika anuncia a chegada a Arre, onde um
trabalho de recuperação recente nos permite ver o conjunto da
Trindade de Arre, com a sua igreja, ponte e albergue de
peregrinos, além de outros edifícios tradicionais, como os moinhos
de rio. Um pouco mais à frente, Villava (a terra do célebre ciclista
Miguel Induráin) adverte o viajante que se encontra às portas da
mui hospitaleira Pamplona.
l Erro (Navarra)
popular relacionava directamente com a batalha carolíngia.
Naturalmente, do seu tesouro, consta o Xadrez de Carlos Magno,
de traço renascentista. Um pouco mais adiante, o Caminho
passa pela Cruz do Peregrino, monumento votivo da tradição
popular.
Imperador por imperador, alguns preferem, quando o tempo
lho permite, deixar a rota da lenda e entrar pela que foi
inaugurada por Napoleão. Diz-se que Bonaparte quis evitar que se
repetisse com as suas tropas o incidente medieval, para o que
aproveitou as passagens montanhosas que os pastores usavam na
Primavera. É um trajecto de enorme beleza paisagística que conta
com vistas magníficas. O itinerário parte da localidade francesa de
Saint Michel le Vieux e, através de uma floresta de faias, encontra
a garganta Lepoeder (1 440 metros). Daí, atravessando as
serranias, dirige-se ao Poyo de Roldán, no Alto de Ibañeta. Além
de evitar na sua maior parte o traçado da estrada, esta rota
propicia ao viajante a impressionante possibilidade de contemplar
os Pirinéus.
Uma segunda etapa começa depois de se ultrapassar o
enorme obstáculo dos cumes, e é a que leva a terras de
Pamplona. É um troço de bosques em que se vão alternando
povoações como a senhorial Auritz-Burguete e Erro, com a sua
capela ogival, com outras muito mais modernas, como Zubiri.
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l Fonte para peregrinos. Orreaga-Roncesvalles (Navarra)
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Navarra
Entra-se em Pamplona (Iruña) por cima, como não podia
deixar de ser numa cidade bimilenar que soube manter
os seus encantos. Para começar, deve atravessar-se a ponte
medieval da Madalena, de raízes jacobeias (cruzeiro com a
imagem do apóstolo de um lado), e continua-se rodeando as
muralhas. Conforme a tradição, deve visitar-se primeiro a catedral,
onde antes era o Hospital de São Miguel. O edifício, de traça
gótica francesa e com uma elegante fachada neoclássica,
foi construído sobre as ruínas do primitivo, de estilo românico.
Destaca-se no seu interior o belo claustro gótico e a porta
de entrada, assim como a nave que rodeia a ábside, característica
dos lugares de peregrinação.
O resto do percurso leva pela rua da Curia até ao início
da Mayor, onde se ergue a igreja românica do popular
San Cernin, com galeria presidida pela imagem do Apóstolo.
As peregrinações a Santiago marcaram fortemente esta cidade,
cuja padroeira é a Virgem do Caminho (com uma capela na citada
San Cernin) e que acolhe imagens apostólicas em cada um dos
seus templos, como no de Santo Domingo (desde as portas até
ao altar maior).
Por outro lado, o recém-chegado dispõe de indicações do
itinerário a Compostela (setas em
forma de estrelas) nos letreiros
com o nome das ruas.
O Caminho passa também em
frente da igreja de São Lourenço,
onde se encontra a capela do
famoso San Fermin.
A saída faz-se pela Vuelta del
Castillo, que rodeia a Cidadela,
limpa e bem cuidada, e ter-se-á
que atravessar a Universidade até
chegar à ponte sobre o rio Sadar,
que devolve o viajante à sua
caminhada solitária. Mas o
percurso desde a capital de
Navarra faz-se de uma maneira
cómoda no andar e rica em
l Catedral de Pamplona
13
l Pamplona
contemplações artísticas. Assim, temos boas imagens góticas em
Cizur (igreja de Santo André), Astrain e Legarda, entre outras,
até chegar ao ponto em que as duas vias (Navarra e Aragonesa) se
unem no curso único do Caminho Real Francês: Obanos, antesala da Puente la Reina (a Ponte Rainha).
A entrada para a Ponte Rainha faz-se pela rua Mayor
ladeada de casas solarengas e palacetes enfeitados
impecavelmente por artesãos. Também aí se encontra a igreja do
Crucifixo, que comunica com o albergue dos peregrinos graças a
um arco gótico. Na mesma via existe o templo de Santiago o
Maior, em cujo interior está a célebre talha apostólica conhecida
popularmente como “el Beltza”. Sai-se da Ponte Rainha também
pela rua Mayor, mas atravessando a ponte que lhe dá o nome e
que é uma preciosa obra românica de seis arcos e com a parte
superior ligeiramente curva.
A boa sinalização que existe em toda a Navarra, permite
conduzir sem problemas até Estella, encontrando no caminho
aldeias de dimensões reduzidas. Cirauqui, modesta povoação
no alto duma colina, é, sem dúvida, um precioso local de
reminiscências medievais, tanto no traçado das suas ruas
como nos brasões das suas casas. Vale a pena fazer este percurso
com calma. Ali se ergue a igreja de São Romão, de origem
14
l Mosteiro de Irache
l Igreja de Santa María. Viana
românica e com influências cistercienses, que ainda guarda no seu
interior uma pedra de altar romana. Completam o conjunto
artístico de Cirauqui uma modesta ponte que precede uma calçada
romana, agora bem reconstruída, que ajuda a descer a colina.
Estella (Lizarra), a paragem seguinte, com algum relevo,
foi chamada “a Toledo do Norte” pela sua riqueza monumental.
O peregrino deve passar, primeiro, pela igreja de São Miguel in
Excelsis, um templo românico de forte influência gótica (fins do
século XII) em que se destaca o pórtico Norte, com grande
número de imagens (Pantocrator, São Miguel, etc.), assim como
um altar gótico no interior. Continuando o percurso urbano,
passa-se em frente à fonte da Mona (da Macaca), renascentista,
antes de chegar aos palácios de San Cristóbal (com frontaria
plateresca) e dos Reis de Navarra, magnífico e raro exemplar do
românico civil peninsular, adornado com cenas bélicas lendárias.
O rol imenso de monumentos de Estella completa-se com as
l Igreja de São Miguel. Estella
l Los Arcos
igrejas paroquiais do Santo Sepulcro, São Pedro da Rúa, Santo
Domingo, El Puy, etc., e acaba com a inesquecível basílica de
Nossa Senhora de Rocamador.
Estella é a última grande povoação navarra que o viajante
encontrará, pois agora dirigirá os seus passos até Logroño,
em terras de La Rioja. Mas ainda percorrerá os férteis campos
do vale navarro, riquíssimos em produtos hortícolas e também
em vinhedos. Daí que a primeira surpresa da etapa seguinte seja
a fonte de Irache. A seu lado, um bonito mosteiro, o de Santa
Maria a Real, de origem visigótica.
O Caminho, que agora coincide com a estrada, bordeja vilas
de forte sabor histórico, como a pequena e fortificada
Villamayor de Monjardín, de tradição carolíngia (diz-se que
foi conquistada pelo imperador da barba florida), ou Los Arcos,
romana, mostruário de estilos artísticos (a igreja românica de
Santa Maria tem a torre e claustros góticos e o interior com
decoração barroca).
Na igreja de Torres del Rio volta a aparecer a tradição do
Santo Sepulcro, nessa construção de base octogonal que vinha da
Terra Santa e que já se viu em Eunate. Como aquela ermida, o
templo do Santo Sepulcro dispunha, em tempos, de uma enorme
lanterna no alto da torre que servia de farol aos peregrinos.
16
A Rioja
l Cathédrale de Logroño
Em Viana o Caminho despede-se de Navarra. Nesta vila,
antigamente fronteiriça (e por isso fortificada) vale a pena dar
um passeio, a fim de admirar a bela igreja catedral de Santa
Maria, de estilo de base gótico (torre, naves e abóbadas), mas
muito bem completada com a nave central barroca e as capelas
absidais. Por Viana vagueia o espírito de César Bórgia, que foi
enterrado no átrio do mencionado templo e de cujos restos
mortais nada se sabe hoje; de qualquer das formas um
monumento evita o esquecimento sobre quem foi um religioso
discutido e um homem apaixonado do seu tempo.
A ermida das Cuevas (antigo hospital de peregrinos do
século XIII) e um pinhal anunciam a proximidade do rio e, com ele,
a entrada em Rioja.
17
A Rioja é uma pequena comunidade favorecida pela Natureza
e pela História, tendo simultaneamente uma presença relevante na
formação do Caminho de Santiago. Não se estranhe, assim,
que a entrada nas suas terras seja tão prometedora. Com efeito,
ao atravessar a ponte que dá acesso a esta comunidade o
horizonte abre-se numa extensão de hortas que lembram a
proverbial qualidade das suas hortaliças (espargos, alcachofras e,
sobretudo, pimentos), o sabor das suas frutas (cerejas, pêras e
pêssegos) e o prestígio universal dos seus vinhos. Se qualquer
destes tiver acompanhado um borrego assado ao estilo tradicional
ou, pelo menos, um enchido da serra (presuntos curados com
pimentão), a refeição foi uma delícia.
Ao passar o já caudaloso rio Ebro por uma ponte de pedra,
entramos na capital, Logroño. É esta uma pequena cidade que
foi crescendo à medida que o Caminho o foi necessitando.
Não é em vão que se diz que toda a Rioja é a terra mais arreigada
na tradição da rota jacobeia: a sua riqueza monumental e as suas
lendas corroboram-no. O percurso urbano começa aos pés
de Santa Maria do Palácio, erguida no século X, mas de cujas
origens apenas restam vestígios. Hoje em dia pode-se admirar a
agulha piramidal da sua torre, um cruzeiro gótico e um altar
renascentista, além de frescos do século XVIII com imagens da
Paixão de Cristo.
A esta primeira visita terá que se acrescentar a da igreja
de Santa Maria a Redonda, uma construção do século XV erigida
sobre outra, octogonal (daí o seu nome), da época medieval.
l Mosteiro de Yuso. San Millán de la Cogolla
A igreja paroquial de São Bartolomeu é mais antiga, e para além
do gótico primitivo salienta-se um conjunto escultórico (o mais
notável entre os riojanos) que representa o santo. E, como não
podia faltar, temos um templo de consagração jacobeia, Santiago
o Real, que tem no pórtico Sul uma modesta e renascentista
imagem de Santiago peregrino, ofuscada por outra, barroca, de
Santiago Matamoros; isto recorda a batalha de Clavijo, próxima,
em cujas ermidas e igrejas paroquiais se venera a intervenção de
Santiago no ano de 844, quando (diz-se) montado num cavalo
branco arremeteu contra o exército de Abderramán originando a
vitória cristã.
Os solitários campos riojanos chegam a Navarrete, em cujo
cemitério se reutilizaram restos arquitectónicos do antigo hospital
de peregrinos, restos que agora servem de portais góticos aos
jazigos. Já a caminho de Nájera, o viajante ainda encontrará
recordações do lendário cavaleiro francês, como acontece em
Poyo Roldán.
Nájera prova a estreita relação entre o político e o espiritual
nos séculos passados. Por este ponto, e por mandato real,
se fez passar o itinerário costeiro do Caminho, pois era Nájera
Corte Real. Na povoação temos um mosteiro, hoje franciscano,
de Santa Maria a Real, com um magnífico claustro, construído
para converter-se em panteão de reis e onde descansam os restos
mortais de Blanca de Navarra. Também é refúgio de peregrinos
e, no seu interior, venera-se uma imagem milagrosa. Segundo se
conta, um certo cavaleiro caçador perseguiu um dia uma pomba
até o interior duma gruta, onde encontrou a imagem da virgem
iluminada por uma candeia; aos seus pés, junto a um vaso com
lírios, escondia-se a pomba.
Os milagres, jacobeus ou não, são frequentes nestas terras
que começam em Clavijo e que têm o seu centro em Santo
Domingo de la Calzada (São Domingos da Calçada), vila já muito
próxima e a que se pode chegar directamente, seguindo o
traçado, ou deixando-se levar pela curiosidade, como os velhos
l Igreja da
Assunção.
Retábulo.
Navarrete
19
l Santo Domingo de la Calzada
peregrinos. É que na época em que não havia pressas os crentes
não tinham nenhum inconveniente em fazerem um desvio, depois
de Azofra, até aos mosteiros de San Millán de la Cogolla, Yuso
e Suso, Património da Humanidade, e até ao tamben próximo
de Santa Maria de Las Cañas, todos aos pés da serra.
Na época, não os movia a curiosidade artística ou histórica de
hoje, mas sim a fervorosa adoração a qualquer relíquia que
se conservasse nos santuários. Que diferença...
A planície avisa-nos, de longe, que vamos em direcção a São
Domingos da Calçada. Toda a povoação actual, pode dizer-se, é
obra desse mesmo Domingos, primitivo engenheiro do século XI,
que passou a sua vida arranjando as comunicações da zona com o
objectivo de favorecer a peregrinação. Trata-se de uma vila
pequena mas bem dotada: muralhas, calçada, uma Casa do Santo
que acolhe os recém chegados e um parador de turismo que
recebe os mais exigentes. E, como não podia deixar de ser, uma
catedral (São Salvador) na qual, além do túmulo do Santo, se
guarda um curioso galinheiro repleto de aves, em memória de um
dos mais célebres milagres com que Santiago protege os viajantes.
Segundo se conta, foi por obra do Apóstolo que uma ave já
cozinhada reviveu para remediar uma injustiça. E daí o ditado:
São Domingos da Calçada,
onde cantou a galinha depois de assada.
Sai-se daqui por uma ponte de pedra, também obra do santo,
em direcção a Grañón. O viajante encontra-se na última
povoação riojana e nela ainda pode deleitar-se com a arte mística
desta Comunidade: no interior da igreja paroquial
contemplará um altar renascentista verdadeiramente interessante.
20
e as igrejas de Santa Maria e São Pedro. Belorado tem no seu
centro uma típica plaza Mayor que o caminhante agradecerá
como lugar de refrigério.
O ponto seguinte a ter em conta é Villafranca de Montes
de Oca. O nome traz ecos do seu passado esplendor, quando foi
sede episcopal. Com o tempo, o prestigioso Hospital de Santo
António Abad foi abandonado à sua sorte. Claro que Villafranca
também constituía um local temido, pois aí começam os Montes
de Oca, antes da penosa travessia pela densa mata brava (mas
hoje arranjada a ponto de se transformar num passeio agradável
pela sua frescura e variedade), que só mostram uma dureza
moderada no alto da Pedraja (1.150 metros).
San Juan de Ortega constitui o limite do sistema
montanhoso e é uma das vilas com maior fama hospitaleira desde
que foi fundada pelo santo que lhe dá o nome, e isso traduz-se
nos nossos dias num albergue com grande capacidade de
acolhimento e uma tigela de sopas de alho para os recémchegados. Também àquele São João se deve a origem do actual
mosteiro (onde repousa o seu fundador) e que alberga várias
dependências, como a capela de São Nicolau de Bari,
renascentista e, já na igreja monástica , uma curiosa Anunciação:
trata-se de um capitel que representa a cena bíblica e que, no
l Santovenia de Oca
Burgos
Embora a entrada em Castela pareça caprichosa (um cartaz no
meio da Caminho), a paisagem logo anunciará que o caminhante
se interna num local afastado dos campos riojanos. Estamos em
Burgos e, a partir de agora e através das pequenas povoações
por onde passa, verá uma interminável planície de espigas ao sol.
Por vezes, algum outeiro de terra vermelha desponta no meio da
planície, e torres isoladas de alguma igreja paroquial anunciam
uma povoação próxima. Às vezes, antes da torre, distingue-se a
cabeça e, de seguida, o longo perfil de uma cegonha.
A sobriedade da paisagem e a aparente modéstia das aldeias
não deve enganar o viajante, porque o interior destas pequenas
fachadas muitas vezes esconde verdadeiros tesouros. Isto acontece
com a primeira localidade, Redecilla del Camino, dentro de cuja
igreja se guarda uma pia baptismal românica e com traços bizantinos.
Noutra pia –na igreja de Viloria– foi baptizado São Domingos.
Pouco mais à frente entra-se em Belorado, de sabor jacobeu,
como o demonstram alguns restos arquitectónicos, entre eles
a ponte destruída e o que foi o Hospital da Misericórdia.
Para compensar, ainda conserva à entrada a ermida de Nossa
Senhora de Belém (que se ergue sobre as ruínas de um hospital)
21
l San Juan de Ortega
22
princípio da Primavera, recebe, ao entardecer, um raio de luz que
o ilumina a partir de uma pequena cavidade que dá para o Sul.
À saída de San Juan de Ortega apresentam-se várias
possibilidades, embora, talvez a mais recomendável seja a
tradicional; isto é, a que atravessa Agés, Atapuerca (famosa pelas
suas jazidas arqueológicas pré-históricas) e Cardeñuela.
O caminhante encontra-se de novo ante as imensas planícies de
Castela, que agora alternam com uma ou outra mata, e pouca
distância o separa da poderosa Burgos.
Assim como há povoações que nasceram porque ali passava o
Caminho, pode dizer-se que a principal rota jacobeia foi traçada
propositadamente para que chegasse a Burgos. Tão grande foi a
importância desta velha Corte Real castelhana, que os seus
monarcas conseguiram, esforçadamente, atrair até este local a via
que, ao princípio, atravessava a costa cantábrica.
l Catedral
de Burgos
l Castrojeriz
Nesta cidade, o peregrino deverá começar por percorrer
o itinerário marcado pela tradição. Entrará pelas ruas Vitória,
Covadonga e Calzadas, e chegará à praça de São João.
Antigamente, aqui existia um dos trinta hospitais que abriam as
suas portas para acolhimento dos romeiros; hoje, convertido em
Casa da Cultura, só mantém a fachada gótica. Ao seu lado, a
também gótica igreja de San Lesmes (santo hospitaleiro que
pertenceu à congregação de Cluny), em que avultam o notável
pórtico Sul e um púlpito plateresco.
A Porta de São João permite seguir pelas ruas de São João,
Avellanos e Fernán González, que nos leva à catedral. Trata-se de
um impressionante monumento que deslumbra pela enorme
leveza do seu imenso volume. Consagrada a Santa Maria, esta
complexa construção é de um elegantíssimo gótico e foi declarada
Património Cultural da Humanidade. Da sua múltipla riqueza
artística cabe realçar a famosa frontaria com as suas
características duas torres, que lembram bastante o estilo francês.
No seu interior, bem iluminado por um fantástico conjunto de
vitrais, abrem-se as três naves, a principal e um belo zimbório
octogonal central.
Sai-se de Burgos pela Puente de los Malatos (Ponte dos
Doentes), de pedra, que atravessa o rio Arlanzón, e inicia-se o
percurso que leva até a frente do Hospital do Rei, que foi o mais
importante do Caminho, juntamente com o de Compostela. Nele
destacam-se os elementos platerescos (pórtico) e uma enorme
profusão de imagens jacobeias, começando pelas talhas da porta.
Perto deste local, encontra-se o mosteiro das Huelgas Reales.
24
Alheio ao asfalto e ao passar dos séculos, o Caminho segue
em frente desde Hornillos a Hontanas, e daí, paralelamente ao
rio Garbanzuelo, cheio de barrancos, depressa se chega até as
românticas ruínas do convento de Santo Antão. Trata-se de restos
de uma ordem já desaparecida e que no passado gozava de
prestígio porque, dizia-se, os seus membros sabiam curar a
gangrena.
Castrojeriz é um exemplo típico de povoação-calçada, pois os
seus dois quilómetros ladeiam um Caminho para o qual dão lojas,
uma colegiada dedicada à Virgem del Manzano (de importantes
elementos românicos e góticos, como, por exemplo, uma rosácea
e os pórticos), uma plaza Mayor, uma igreja de São Domingos
(que exibe tapetes flamengos com desenhos de Rubens) e uma
outra igreja, a de São João, de soleira antiga.
A etapa até Frómista (meta seguinte) reserva uma surpresa,
a subida até a Colina de Mostelares (1.400 metros), cuja
escalada, pico e descida são marcadas com curiosas cruzes.
Do alto advinha-se Itero del Castilho (última localidade da
província de Burgos) e o curso do rio Pisuerga, que anuncia
a entrada em Palência.
Palência
Com efeito, ao sair de Itero, uma ponte de pedra, a de Fitero,
marca com os seus onze buracos a rota que agora deve atravessar
a chamada Terra de Campos, desde Itero de la Vega a Frómista.
Itero é uma povoação ribeirinha, como o seu nome indica, que
na actualidade conta com um moderno albergue, além da clássica
ermida (a da Piedade) com imagem do apóstolo peregrino e que
antecede a chegada a Bobadilla del Camino, de maior relevância
artística pelo seu pelourinho isabelino e a sua notável igreja
também renascentista.
O famoso cronista da peregrinação, Aymeric Picaud, deu por
finalizada a sua sexta etapa com a chegada a Frómista, cuja igreja
de San Martín obriga a uma paragem, mais do que o cansaço.
O templo, um incomparável exemplo do românico, apresenta essa
mistura de singeleza e de riqueza de formas própria do seu estilo.
Perto daqui ficam os restos da judiaria numa alfama, assim como
também se distingue o entusiasmo peregrino no antigo hospital
de Palmeros e no renascentista de Santiago. Ainda na
surpreendente Frómista encontramos as igrejas góticas de São
Pedro, Santa Maria do Castelo e Santiago.
Villalcázar de Sirga surpreende o viajante com um enorme
templo consagrado a Santa Maria la Blanca. No seu interior
l Igreja de San Martín. Frómista
l Igreja de Santa María la Blanca. Villalcázar de Sirga
25
León
l Igreja de Santa María
del Camino. Carrión de
los Condes
(restam nela elementos visigóticos) existe um autêntico mostruário
de todos os estilos, desde o gótico dos túmulos ao renascentista
das talhas.
A paragem seguinte é Carrión de los Condes, cuja rua de
Santa Maria passa, à entrada, pela igreja de Santa Maria do
Caminho, e, no núcleo urbano, a de Santiago, românica. Os alto
relevos da sua fachada são considerados os melhores da arte
jacobeia ao longo de todo percurso. A descida até ao rio permite
adivinhar, já na outra margem, as belezas do mosteiro de San
Zoilo, românico, cujos túmulos rivalizam com o claustro
renascentista.
O Caminho segue agora pela estrada até ao rio, depois do
qual atravessa terras de cultivo que deixam ver, em redor, os
desertos avermelhados do campo palentino. São etapas de solidão
e meditação obrigatória, onde o caminhante aprende a amar a
beleza de uma paisagem sóbria. À esquerda, ficaram, seguindo a
estrada, Calzada de los Molinos (são dignas de ver as imagens
híbridas de Santiago que a sua igreja paroquial mudéjar esconde),
Cervatos de la Cueza e Quintanilla de la Cueza (jazidas
romanas). Calzadilla de la Cueza vem a seguir, pelo trilho ou
pelo asfalto, e o seu nome faz alusão à via romana que a
atravessava.
As localidades que se seguem são Ledigos, Terradillos de
Templarios, Moratinos e San Nicolás, que amenizam com as
suas construções de azulejos e suas modestas igrejas paroquiais o
trecho já curto até ao limite com León (Leão).
27
A entrada em León surpreende o viajante num cruzamento
de caminhos. Um trilho para peões conduz, desviando-se à
direita, até à ponte sobre o rio Valderaduey, que serve de
fronteira. No outro extremo, a ermida da Virgem da Ponte abre
caminho até a povoação de Sahagún, o primeiro de uma série
de locais que, em terras do antigo reino leonês, tem um marcado
peso tanto na tradição da rota compostelana como na própria
história do país.
A vila de Sahagún nasceu em redor do mosteiro cluniciense
dedicado a San Facundo (daí o seu nome). Das glórias passadas,
hoje só se conservam alguns restos, como o Arco de São Benito
ou a Torre do Relógio. Mas embora o centro da povoação se
ressinta do abandono monástico, o brilho dos outros tempos
ainda se advinha no românico mudéjar de alguns dos seus
templos: a capela de San Mancio e o santuário da Peregrina
(a imagem da virgem está hoje no museu das Beneditinas)
são talvez o melhor exemplo, também reflectido nas igrejas
de Santo Tirso e São Lourenço.
O Caminho, que desce até ao rio Cea e o atravessa, abandona
a estrada em Calzada del Coto. A partir daqui o itinerário
bifurca-se: o da direita percorre a Calçada dos Peregrinos, que segue
o traçado (empedrado e solitário) da via romana; o da esquerda,
o Caminho Real Francês, que atravessa as povoações de Bercianos,
El Burgo Ranero e Reliegos, onde os dois ramais se juntam para
seguir até Mansilla de las Mulas. O Caminho Francês beneficia
neste trecho de uma boa quantidade de áreas de descanso.
l Arco di San Benito. Sahagún
As muralhas que rodeiam Mansilla de las Mulas falam dos
tempos em que esta praça era forte e de grande valor
estratégico. Eram anos de contínuas batalhas territoriais, e neste
local, nas margens do rio Esla, ergueram-se grossos muros de
pedra e cal para sua protecção. Mansilla chegou a ter um
mosteiro e sete igrejas dentro do seu recinto amuralhado com
torres com ameias e fechado por quatro portas. Hoje, só duas
delas se conservam, as dos Arco da Conceição e Arco de Santo
Agostinho (por onde os peregrinos saem da povoação).
A partir de agora e até à capital da província, o trajecto é
salpicado aqui e acolá por ruínas históricas. Por exemplo, a
chegada a Villamoros anuncia a proximidade de um castro, uma
fortificação asturiana conquistada pelos romanos nos primeiros
anos da nossa era. Pouco mais adiante, atravessa-se a ponte
de Villarente sobre o Porma, em curva, tão grande que tem
dezassete arcos de épocas diferentes. No seu final, ainda existe
um hospital de peregrinos.
l Palácio Episcopal. Astorga
Só Archajuela e Valdelafuente separam o caminhante de
Leão, mas ainda o espera o Alto del Portillo (1.200 metros), de
cujo cume, marcado por um moderno cruzeiro, se pode divisar
sem problemas as promissoras torres da catedral. A descida do
monte termina na ponte do Castro, que depois de atravessar o rio
Torio se interna na antiga judiaria. Estamos em León (Leão).
O viajante nunca saberá se foi a importância das Cortes que
atraiu o Caminho ou se este era o que enformou a capital dos
reinos. Mas o certo é que a rota para Compostela passa agora
pela capital do antigo reino de Leão, como antes o fizera pelas
capitais de Castela, Navarra e Aragão. E além disso, Leão
conquista o estatuto de capital disputando o terreno, primeiro
à Oviedo, asturiana, e depois a Burgos, castelhana. Mas graças
aos seus esforços o reino leonês foi próspero e poderoso, como
o demonstra a cidade que o peregrino
contempla passados mil anos.
O trajecto começa depois de
se atravessar a ponte sobre o rio
Torio e deve continuar pela rua
Alcalde Miguel Castaño até à praça
de Santa Ana. A rua Barahona
conduz até a muralha, em cujo
interior se encontra a praça do
Mercado, onde se ergue o templo românico da padroeira, Santa
Maria del Camino, que recebia os peregrinos pela Porta do
Perdão, a sul. As ruas empedradas e os pórticos levam-nos
à Catedral de Santa Maria de Regla, considerada o melhor
exemplar do gótico peninsular, e no qual se destacam
principalmente os vitrais. O edifício assenta sobre antigas termas
romanas e sucessivas construções (românica e moçárabe),
e pela sua magnífica nave central transitam os crentes até
à capela de Santiago e a da Virgem Branca.
Antes de sair para a rua da Abadia, pelo passeio jacobeu,
conviria voltar atrás e deter-se mais um pouco na cidade que se
estende por dentro e fora da muralha. Só assim se poderá
contemplar a Rúa, ladeada pelos seus palacetes, e mais adiante a
casa dos Botins, obra de Gaudí.
A rua Renueva, fora de muros, conduz ao convento de São
Marcos (hoje, um luxuoso Parador de Turismo) e o seu hospital de
peregrinos, última das jóias que Leão desvenda para deleite do
caminhante. Em frente à fachada ergue-se um majestoso cruzeiro
procedente do Alto del Portillo, que, apesar da sua beleza, não
consegue ofuscar o frontispício renascentista do edifício
inequivocamente jacobeu.
Os peregrinos devem atravessar a ponte de São Marcos, sobre
o rio Bernesga, para abandonar a cidade e dirigir-se às terras do
l Colegiada de San Isidoro. León
31
l Santuário da
Quinta Angústia.
Cacabelos.
Páramo. A metade deste trajecto é marcada pela torre de um
templo moderno, o santuário da Virgem do Caminho, com
bronzes de Subirachs. Depois de San Miguel del Camino
começam as terras do Páramo, que actualmente têm a sua aridez
suavizada por irrigações e culturas de milho. Estas terras
antecedem a chegada a Hospital de Orbigo, localidade amena
a que se acede atravessando a famosa ponte do Paso Honroso
(nome que herdou quando em 1434 serviu de cenário a um
duelo de cavaleiros).
A subida à meseta permite ver, em terras da Maragatería,
a bela Astorga. Uma ponte romana sobre o rio Tuerto anuncia
um local de forte tradição latina: da antiga Astúrica restam
numerosas ruínas no centro da vila. Também ali se erguem o
convento gótico de São Francisco e o Hospital das Cinco Chagas.
O passeio continua pela plaza Mayor, em cuja Casa Consistoral
um relógio com a imagem dos maragatos faz soar os sinos do
carrilhão.
Nas imediações foi construída a catedral tardogótica de Santa
Maria, com profusão enorme de vitrais e imagens jacobeias (entre
elas, a figura do herói maragato da batalha de Clavijo, Pero
Mato). Junto a essa mole, o palácio episcopal revela o estilo bem
diferente do arquitecto catalão Antonio Gaudí; alberga um Museu
dos Caminhos (além do jacobeu, o das vias romanas).
Sente-se a Galiza na proximidade dos montes de Leão (não
muito pronunciados) que nos guiam de Rabanal del Camino até
à povoação mineira de Ponferrada. Neste trecho o caminhante
32
encontrará a melhor tradição jacobeia dos monjoies, também
conhecidos por milladoiros no noroeste peninsular: no cume de
Foncebadón, uma cruz sobre um montão de pedras marca o
trajecto e convida o visitante a que faça a sua contribuição ali
colocando mais pedras. Do alto do Cume (1.517 metros), desfruta-se
um magnífico panorama sobre as terras férteis do Bierzo.
Nas imediações de Ponferrada, Molinaseca mostra-nos uma
capela das Angústias digna de atenção no início de um conjunto
monumental bem cuidado: ponte romana e antigas ruas com
pórticos para onde dão palacetes de soleira antiga. Uma ermida,
a de São Roque, anuncia a saída de Molinaseca e a iminente
entrada em Ponferrada.
Ponferrada é uma vila mineira e com história. Desde a
recordação da primitiva ponte reforçada com ferro (Pons Ferrata –
Ponte Ferrada) até ao castelo templário, tudo se conjuga num
passado de prestígio. O castelo, muito bem conservado no seu
exterior, não esconde um certo carácter cabalístico (três muralhas,
doze torres, etc.). Mais abaixo, no núcleo antigo, encontra-se o
Hospital da Rainha, um albergue renascentista próximo da igreja
de Santo André, onde se guarda um Cristo dos Templários.
Prontos já para a saída, os peregrinos terão ainda de passar em
frente à basílica da Virgem de la Encina (bonita torre barroca), que
faz alusão a uma aparição milagrosa.
A etapa seguinte decorre entre os campos férteis do Bierzo, e
logo se chega a Cacabelos, que além de dar o seu nome aos
vinhos da zona, acolhe no seu centro a igreja da Nossa Senhora
da Praça, com um interessante Museu Arqueológico.
O final deste trecho do Caminho situa-se em Villafranca del
Bierzo, onde os peregrinos, que o justifiquem devidamente,
podem dar por concluída a sua caminhada e evitar assim a parte
final. Como não podia deixar de ser, temos aqui uma igreja de
Santiago, românica, com a sua inevitável Porta do Perdão. Perto
daqui o convento de São Francisco (os religiosos produzem o seu
próprio vinho) preside à descida ao centro antigo, cujas ruas estão
ladeadas de belas casas solarengas. Para o outro lado fica o
castelo, com os seus muros severos e robustos.
À medida que o peregrino atravessa as voltas do rio Valcarce e
se afasta destes ricos campos de cerejas, também se interna na
zona montanhosa que, até Ruitelán, exibe os cumes mas que, a
partir daí, o prepara para a última grande batalha: a conquista da
Galiza por O Cebreiro.
Galiza
E, por fim, a Galiza, terra que acolhe os restos mortais do Apóstolo
Santiago. Terra fértil, montanhosa, agreste por vezes, mas sempre
gratificante, como o peregrino o pode comprovar quando, do alto
de Pedrafita, vira à esquerda e, subindo sempre, chega a
O Cebreiro, uma aldeia em que ainda permanece em pé um
conjunto de palhotas ou casas de pedra com o tecto de palha,
habitadas até há pouco. Uma delas, perto da parte moderna da
aldeia, está integrada numa das duas instalações de turismo rural
com que conta a localidade; outra, muito mais antiga, foi convertida
em museu de entrada gratuita, aberto de manhã e à tarde.
No Cebreiro é obrigatória a visita à sua igreja –que guarda um
Santo Graal no qual se transformou o vinho em sangue de Cristo,
milagre que teve lugar à volta de 1300 e no qual a hóstia
se converteu em pão– cujos sinos soavam durante os Invernos
para orientar os peregrinos no meio da névoa. Deve-se também
parar na hospedaria de San Giraldo de Aurillac, sem dúvida a mais
frequentada desde Roncesvalles, pois funciona a partir do século XI,
com apenas uma interrupção de pouco mais de cem anos.
Depois, dirijam-se a Liñares (simples e bonito templo
de Santo Estevo; o lugar pertenceu aos monges do Cebreiro) e
subir ainda até ao alto de San Roque, primeiro, e ao de O Penedo,
depois, para encontrar Hospital, Padornelo (com uma fonte
l Pallozas. O Cebreiro
34
l Convento da Magdalena. Sarria
l Igreja de Santiago. Barbadelo
l Pórtico da Glória.
Santiago de Compostela
de Pinguela e a igreja de San Xoán, São João) e, mais acima, Poio,
a 1.335 metros de altitude.
Chega, por fim, a hora de descer. Por Fonfria (que também
teve um hospital) e Biduedo (capela posta sob a protecção de São
Pedro) desce-se até Triacastela e, a partir daqui, começam as
subidas e descidas sem fim, todas sinalizadas, para ninguém se
perder.
Assim se chega a essa vila na qual terminava a etapa onze do
Codice Calixtino –o livro guia escrito pelo já citado Aymeric
Picaud– que nos tempos do rei Alfonso IX teve um forte
desenvolvimento. Tem uma igreja reconstruída nos finais do
século XVIII sobre outra românica, da qual ficaram os contrafortes
e a ábside.
O itinerário mais suave conduz a A Balsa (ermida) e San Xil
(São Gil). Outro, igualmente frequentado mas mais longo, leva ao
imponente Mosteiro de Samos. Neste último lugar viveu uma
comunidade eremita, que se viu favorecida pelas iniciativas da
hierarquia religiosa e, pouco a pouco, foi-se construindo o
mosteiro que ofusca o resto da povoação. Em Samos viveu e
partilhou com os outros o seu magistério o conhecido erudito
Benito Feijóo, mais conhecido como o padre Feijóo, um natural de
Ourense, nascido no século XVII e falecido no século seguinte; a
sua marca faz parte da História da Galiza. O mosteiro esteve a
ponto de desaparecer devorado pelas chamas quando se iniciava
a segunda metade do nosso século. Felizmente foi reconstruído
e o peregrino pode continuar a passear pelos dois claustros: o de
Feijóo e o de Las Nereidas.
Os dois trechos levam a Sarria, cidade fundada por Alfonso IX
com o nome de Vilanova de Sarria. Por um desses acasos
da vida, o monarca morreu na vila quando a atravessava em
peregrinação a Compostela. Recomenda-se uma paragem
para contemplar o castelo, o convento da Madalena, as igrejas
de Santa Mariña e de El Salvador e, por que não, deitar uma vista
de olhos a alguns dos objectos vendidos pelos numerosos
antiquários da localidade.
Dali a Barbadelo (igreja com uma notável fachada e torre
românicas), passando depois por Morgade (curiosa fonte e ruínas
de uma ermida), Mirallos (templo que até os finais do século XVIII
se encontrava noutro local; foi mudado pelos vizinhos) e Vilachá.
Depois, Portomarín, submerso pelas águas da barragem de
Belesar.
No entanto, há hoje um Portomarín novo que, ainda que
não tenha o mesmo encanto do outro, conserva a mesma igreja
que foi erguida no fundo do vale. Agora, pelo contrário,
ocupa a parte mais alta de uma colina. O edifício religioso é
dedicado a São Nicolau, e as ameias da sua parte superior
35
36
l Refúgio para peregrinos. Portomarín
reportam aos tempos em que a cruz e a espada nem sempre
eram antagónicas.
Palas de Rei (para trás ficaram Castromaior com o seu
templo românico e Vendas de Narón com a ermida da
Madalena) é a ante sala de uma povoação cujo centro histórico
gozou de uma especial protecção ao longo dos séculos. Trata-se
de Melide, que bem merece um passeio urbano para se conhecer
primeiro a capela de São Roque (à entrada), com um cruzeiro que
durante décadas passou por ser o mais antigo da Galiza. Depois,
temos que entrar no Museu da Terra de Melide, para continuar o
passeio pela praça do Convento, para a qual também dão a igreja
de São Pedro (com bons túmulos medievais) e o edifício onde hoje
são as instalações da Câmara Municipal (do século XVII). Já à
saída, temos o templo de Santa Maria (também do século XII) que
aponta para onde continua o Caminho, que desce até ao
tranquilo vale do rio Isso, com uma ponte medieval e o hospital de
Santo Antão.
É assim que se chega às ruas dessa capital do queijo chamada
Arzúa, com a sua igreja da Madalena (gótica) e a de Santiago, e
se fazem os últimos quilómetros até Compostela. Não espere o
caminhante ver grandes monumentos, mas sim pequenas aldeias,
além da fonte do Francês e o solar de São Lázaro, à saída de
Arzúa, e de outra bela fonte, esta em Santa Irene (onde se ergue
uma capela dos princípios do século XVIII). Também não há
grandes inclinações, e assim se chega a Lavacolla, em cujo rio os
peregrinos se lavavam antes de iniciarem a última subida, a que
conduz ao Monte do Gozo, donde se descobrem as torres da
catedral compostelana.
Já no centro urbano, pela rua de São Pedro, chega-se à Porta
do Caminho e sobe-se pela rua das Casas Reais até à praça de
Cervantes (onde, noutros tempos tinha lugar um mercado
concorrido). O peregrino encontra-se já em pleno centro histórico
de Santiago, dentro das muralhas desaparecidas, e a escassos
37
metros da fachada da Azabacheria, à qual se chega pela rua do
mesmo nome; se o viajante fez a peregrinação num ano santo,
a Porta Santa, na ábside, estará aberta. Dentro do impressionante
templo, Património da Humanidade, espera-o a arca de prata com
os restos mortais de Santiago Apóstolo. Aqui sim, não deverá sair
do recinto sem cumprir o ritual de colocar os dedos no Pórtico
da Glória (a obra prima do românico europeu), sem encostar a
cabeça na estátua do Mestre Mateo (artífice do Pórtico) e sem
abraçar o busto de Santiago (sobre o altar-mor). Então, sim, a
peregrinação terá valido a pena.
l Catedral de Santiago de Compostela
Os outros caminhos
A
inda que todos os caminhos levem a Compostela, o mais
frequentado é o Francês. Mais percorrido não quer dizer
único, porque outras muitas vias até Santiago se abriram por toda
a Península e iam formando variantes que percorriam diversos
trechos do terreno. São caminhos que abriram novas vias, longe
da massificação, e que ofereceram a oportunidade de conhecer
outros conjuntos monumentais de renome talvez não tão sonoro
mas de indubitável beleza e valor histórico.
A Rota da Costa
De todas as razões que avalizam esta rota, costuma-se citar mais
as do célebre peregrino Aymeric Picaud, para quem apenas se
tratava de fugir da barbárie de Navarra. É que, apesar do atractivo
e da hospitalidade dessa terra, convém recordar que os primeiros
peregrinos que se dirigiram a Santiago só se atreviam a passar por
zonas da costa, as únicas pacificadas na turbulenta época do
primeiro milénio. Isto sucedeu a maior parte das vezes até que
Burgos se tornou Corte. Além disso, a caminho de Compostela, os
l Tolosa (Guipúzcoa)
viajantes buscavam a protecção de outras relíquias, e muitas delas
situavam-se no reino das Astúrias. Por tudo isso, grande parte dos
caminhantes chegou até ao Apóstolo por Bayonne (França), para
de seguida atravessar o País Basco, Cantábria e Astúrias.
A entrada na Península faz-se por Irun, onde havia um
hospital de peregrinos. Daí atravessavam o rio Bidasoa por uma
ponte de madeira, que antecedeu a actual. Ainda que não figure
no traçado da rota jacobeia, a proximidade de Donostia-San
Sebastián constitui uma boa ocasião de conhecer esta bela
cidade. Em Hondarribia, uma ermida de Santiago recorda o
trânsito de pessoas, que hoje podem deleitar-se na contemplação
do seu conjunto histórico-artístico.
De Oiartzun, um desvio na rota principal levava por Tolosa e
l Zumaia (Guipúzcoa)
l San Julián de los Prados.
Oviedo
l Mosteiro do Salvador.
Vilar de Donas (Lugo)
Vitória-Gasteiz até Burgos. Chamam a atenção neste percurso
as localidades de Armentia, Miranda de Ebro e a monumental
Briviesca.
Mas o Caminho continuava pela costa basca por Orio, onde
ainda se ergue a ermida de San Martín de Tours, e Zarautz, em
cuja igreja de Santa Maria a Real se encontra, segundo a tradição,
o “túmulo do peregrino”. O Caminho vai de Zumaia a
Guernika-Lumo, onde ainda existe um hospital de origem
barroca para albergar os romeiros. Estamos perto de Bilbau, de
tradição compostelana. A sua catedral, de Santiago, foi construída
sobre um templo anterior. Também ali se ergue a Porta dos
Peregrinos, mas não convém esquecer o popular santuário da
Virgem de Begoña.
Toda a costa do País Basco está cheia de hospitais para
peregrinos e ermidas dedicadas ao apóstolo, mas também de
imagens jacobeias (como o Santiago Matamoros de Santa Maria
de Portugalete).
Na Cantábria, não são menos as demonstrações de devoção
ao santo e entre elas temos de destacar as de Santoña (ao antigo
hospital junta-se a bela e tardogótica igreja de Santa Maria do
Porto). Não dista muito da acolhedora e calma Santander,
que ao seu tesouro de arquitectura religiosa (a catedral foi
construída sobre um templo dos Corpos Santos) soma o encanto
urbano (não esquecer o palácio da Madalena).
A escassos quilómetros de Santillana del Mar, conjunto
histórico-artístico, temos as Grutas de Altamira. Além disso, a
colegiada românica de Santa Juliana é um marco para quem aqui
buscava o caminho Francês por alturas de Frómista.
41
San Vicente de la Barquera, lugar fronteiriço, conserva ainda
dois dos hospitais de peregrinos que na época tinha. Aqui
entramos no Principado das Astúrias, onde, além do hospital
da singela e portuária Llanes, passaremos pelo mosteiro românico
de São Salvador de Celorio, antes de pisar as ruas da bonita
Ribadesella (igrejas de Santa Maria Madalena e Nossa Senhora
da Guia; grutas de Tito Bustillo).
As montanhas indicam que Oviedo está próximo. A capital do
reino asturiano era a meta preferida de romeiros, que ali se
dirigiam à catedral de São Salvador, cuja riqueza só tem
comparação com os templos pré-românicos dos seus arredores.
A afluência de caminhantes originou uma variante que levava
a Oviedo a partir de Leão, atravessando o pico de Pajares.
Da grande Corte Real asturiana (que divulgou pelo Mundo a ideia
do Caminho de Santiago) apanhava-se novamente a rota do
Ocidente seguindo duas variantes: a primeira descia por Los Oscos
até Grandas de Salime, atravessando o cume de Acebo, para
passar a terras da Galiza por Fonsagrada. Descia logo até
Castroverde (igrejas de Vilabade e de Santiago) e Vilar de
Donas, nas imediações de Lugo. A outra variante apanhava
o cimo de La Espina, por onde se atingia a fronteira com a Galiza
através do rio Eo, que era necessário atravessar de barca
de Castropol.
Ribadeo (capela românica da Virgem do Caminho; edifícios
artísticos como o Solar dos Moreno), primeira vila galega,
recebia no seu porto peregrinos procedentes do Norte.
Estes seguiam depois a costa até Foz (igreja de Santiago),
l Mondoñedo (Lugo)
42
O Caminho do Oriente
l Igreja de Santiago e cruzeiros. Baamonde (Lugo)
passando antes pela inconcebível beleza natural da praia de
As Catedrais.
Na Foz o Caminho avança pelo interior até Vilanova de
Lourenzá (mosteiro de Santa Maria de Vilanova; túmulo do
Conde Santo), e, através dos montes, chegava à monumental
Mondoñedo, que é hoje conjunto artístico. A descida até Vilalba
(igreja de São Roque, museu etnográfico, torre dos condes de
Andrade) leva-nos rapidamente a Baamonde (igreja de Santiago,
cruzeiros e moderno conjunto escultórico).
Uma ponte medieval, na antiga Parga, leva a Sobrado dos
Monxes, onde se ergue um imponente mosteiro cisterciense
(Santa Maria), que é um compêndio de estilos arquitectónicos.
Daqui se chega a Arzúa (igreja de Santiago e hospital de
peregrinos), onde entroncamos com o Caminho Francês.
43
Procedia este Caminho do sul da península e de Castela,
e subia pela Extremadura, Salamanca e Zamora até às terras de
Ourense. O seu traçado coincidia com a Rota da Prata, via
de comunicação romana que ia por Sevilha a Astorga e ao
Cantábrico.
O início desta rota é possível a partir de qualquer ponto do
Sul, e há quem pense que este começo era em Sevilha (convento
da Ordem de Santiago), e a partir daqui subiria por Zafra, Mérida
(foi capital da Ordem de Santiago na Extremadura; múltiplos
restos romanos) e a monumental Cáceres até chegar a Plasência
(igreja de Santiago das Batalhas).
Em qualquer dos casos, Salamanca era o principal ponto de
afluência desta rota. Ali se uniam os ramais procedentes de Ávila
(por Peñaranda de Bracamonte e Alba de Tormes) e da
Estremadura, que dos diferentes pontos meridionais subiam até ao
Norte. Salamanca é um local histórico monumental. Às duas
catedrais (a Velha e a Nova), universidade e traçado urbano há
que acrescentar uma igreja dedicada a Santiago.
Zamora é uma cidade monumental (igreja de Santiago e
instalações da ordem com o mesmo nome; hospitais de
peregrinos), e pouco mais adiante existe uma bifurcação para
chegar a Astorga por Benavente (igreja de Santiago e da Ordem
l Catedral de Plasência
(Cáceres)
44
do Hospital) ou então para continuar pelos montanhosos lagos de
Puebla de Sanabria até terras de Ourense.
Entra-se na Galiza atravessando o cume de A Canda (santuário
em Lubián ) e logo se chega a A Gudiña (igreja de São Martinho).
Na planície alcançamos Verín, onde desemboca outro ramal
procedente da cidade portuguesa de Chaves. A vila moderna erguese perto da edificação medieval, digna de uma visita: Monterrei
conserva com cuidado o seu castelo palaciano, assim como um
templo românico dedicado a Santiago. As ruínas do hospital de
peregrinos, junto ao castelo, são facilmente identificáveis.
O Caminho coincide com a estrada até Xinzo de Limia e,
bordejando a agora seca lagoa de Antela (segundo a lenda no seu
fundo encontra-se uma cidade submersa) deixa atrás Sandiás
(pinturas flamengas em Santo Estevo) e sobe até Allariz. Esta
cidade, berço de reis, conta com um magnífico conjunto históricoartístico, também de grande valor etnográfico. Destaca-se a igreja
românica de Santiago e a arquitectura civil (judiaria e ponte).
A rota cruza-se com uma falha tectónica de interesse termal
em Santa Mariña de Aguasantas (igreja românica de Santa
Mariña; nas imediações, templo e sepulcro antropomorfo), e
continua até Ourense.
l Universidade e Catedral Nova. Salamanca
45
l Allariz (Ourense)
A capital da província ostenta uma larga tradição jacobeia
que se materializa no pórtico da sua catedral, irmão do
compostelano da Glória. Todo o centro antigo é zona monumental
histórico-artística, e à sua beleza temos que juntar a das igrejas
de Santiago e do convento de São Francisco (claustro gótico).
As origens romanas da cidade nascem na fonte termal de As
Burgas. E, embora obrigue a um desvio no trajecto marcado,
antes de abandonar esta terra vale a pena fazer uma visita aos
mosteiros do desfiladeiro de Sil: Santo Estevo de Ribas de Sil e
San Pedro de Rocas.
O percurso até Santiago vai de Ourense a San Cristovo de
Cea (o melhor pão de Galiza), perto do histórico artístico mosteiro
de Oseira. A escassos quilómetros, Dozón (antigo cenóbio
beneditino, hoje igreja românica) e Silleda (nos arredores,
santuário da Nosa Señora do Corpiño, em Vila de Cruces;
e, pouco mais à frente, as ruínas do mosteiro de Carboeiro).
O cruzeiro de Bandeira antecipa a chegada a A Granxa
(igreja pré românica e Mons Illicinus da lenda jacobeia), a um
simbólico salto do Pico Sacro: do seu cimo podemos ver as torres
compostelanas.
46
O Caminho Inglês
Este é o nome por que é conhecida a rota que empreendiam os
peregrinos que, procedentes na sua grande maioria das Ilhas
Britânicas, desembarcavam nos portos do noroeste galego para
dali seguirem para Compostela. A via teve a sua maior
popularidade a partir do século XIV.
Em A Coruña, a partir do porto de O Parrote os romeiros
dirigiam-se à colegiada românica de Santa Maria e à igreja de
Santiago, para subir até o Alto de Eirís. Deslocavam-se então até
O Burgo, que também era um ponto de desembarque dos
peregrinos. Em Cambre destaca-se a sua igreja, com a nave central
e uma pia baptismal que, segundo a tradição, foi trazida da Terra
Santa. O Caminho continuava por Sigrás, Calle e Bruma, onde se
unia com o ramal procedente dos portos de Ferrol e Neda.
Os que chegavam a uma destas localidades, após atravessar a
ponte sobre o rio Eume, entravam no recinto medieval de
Pontedeume (torreão de Andrade; igreja de Santiago).
Por Perbes chegavam a San Martin de Tiobre (templo românico)
e atravessando a chamada Ponte Vella entravam em Betanzos
(conjunto histórico-artístico; notável igreja românica de Santiago).
Por Requián alcançavam Bruma, ponto de encontro com
o trecho proveniente de A Coruña.
Daqui continua até o Sul e atravessa o Tambre por Sigueiro,
já perto de São Marcos, onde se reúne com o Caminho Francês
para entrar em Compostela.
l Catedral. Porta principal. Tui (Pontevedra)
O Caminho Português
Os Portugueses também não podiam alhear-se do fenómeno das
peregrinações a Santiago. Não seguiam um só caminho, mas
antes a partir de vários pontos confluíam em Chaves — por onde
se passava a Verín e se entrava na Rota da Prata – ou em Valença
do Minho. Os que optavam pela segunda possibilidade
atravessavam o rio Minho em barcos e iam dar a Tui ou aos seus
arredores (ainda se conserva uma aldeia chamada Hospital), para
seguir até o Norte por Pontevedra e Padrón.
l Igreja de São Francisco.
Betanzos (A Coruña)
47
48
Direcções com interesse
Indicativo telefónico internacional % 34
Informações Turísticas. TURESPAÑA
www.spain.info
Federação Espanhola de Associações do Caminho de Santiago
Rúa Vieja, 3 bajo. Logroño
Paradores de Turismo
Central de reservas
Requena, 3. 28013 Madrid
% 902 547 979 ) 902525432 www.parador.es
Postos de Turismo em Espanha
Astorga: Glorieta Eduardo Castro % 987 618 222 ) 987 603 065
Bilbao: Plaza del Ensanche, 11 % 944 795 760
Burgos: Plaza de Alonso Martínez, 7 % 947 203 125 ) 947 276 529
Castro Urdiales: Avenida de la Constitución, 1 % 942 871 337
A Coruña: Dársena de la Marina % 981 221 822
Donostia-San Sebastián: Reina Regente, 3
% 943 481 166 ) 943 481 172
Durango: Askatasun Etorbidea, 2 % 946 033 939
Estella: San Nicolás, 1 % 948 556 301
Frómista: Paseo Central % 979 810 180
Gijón: Puerto Deportivo. Espigón Central de Fomento
% 985 341 771 / 902 931 993
Huesca: Plaza de la Catedral, 1 % 974 292 170
Jaca: Regimiento de Galicia, 2 % 974 360 098 ) 974 355 165
León: Plaza de la Regla, 3 % 987 237 082 ) 987 273 391
Logroño: Paseo del Espolón, 1 % 941 291 260 ) 941 291 640
Lugo: Plaza Mayor, 27-29 % 982 231 361
Mondoñedo: Plaza de la Catedral, 1 % 982 507 177
Nájera: Constantino Garrán, 1 % 941 360 041
Orreaga-Roncesvalles: Antiguo Molino % 948 760 301
Ourense: Edificio Caseta do Legoeiro (Ponte Romana) % 988 372 020
Oviedo: Cimadevilla, 4 % 985 213 385
Palencia: Calle Mayor, 105 % 979 740 068 ) 979 700 822
Pamplona: Calle Eslava, 1 % 848 420 420
Ponferrada: Gil y Carrasco, 4 % 987 424 236
Federação Espanhola de Associações do Caminho de Santiago
Rúa Vieja, 3 bajo. Logroño
Paradores de Turismo
Central de reservas
Requena, 3. 28013 Madrid
% 902 547 979 ) 902525432 www.parador.es
Postos de Turismo em Espanha
Astorga: Glorieta Eduardo Castro % 987 618 222 ) 987 603 065
Bilbao: Plaza del Ensanche, 11 % 944 795 760
Burgos: Plaza de Alonso Martínez, 7 % 947 203 125 ) 947 276 529
Castro Urdiales: Avenida de la Constitución, 1 % 942 871 337
A Coruña: Dársena de la Marina % 981 221 822
Donostia-San Sebastián: Reina Regente, 3
% 943 481 166 ) 943 481 172
Durango: Askatasun Etorbidea, 2 % 946 033 939
Estella: San Nicolás, 1 % 948 556 301
Frómista: Paseo Central % 979 810 180
Gijón: Puerto Deportivo. Espigón Central de Fomento
% 985 341 771 / 902 931 993
Huesca: Plaza de la Catedral, 1 % 974 292 170
Jaca: Regimiento de Galicia, 2 % 974 360 098 ) 974 355 165
León: Plaza de la Regla, 3 % 987 237 082 ) 987 273 391
Logroño: Paseo del Espolón, 1 % 941 291 260 ) 941 291 640
Lugo: Plaza Mayor, 27-29 % 982 231 361
Mondoñedo: Plaza de la Catedral, 1 % 982 507 177
Nájera: Constantino Garrán, 1 % 941 360 041
Orreaga-Roncesvalles: Antiguo Molino % 948 760 301
Ourense: Edificio Caseta do Legoeiro (Ponte Romana) % 988 372 020
Oviedo: Cimadevilla, 4 % 985 213 385
Palencia: Calle Mayor, 105 % 979 740 068 ) 979 700 822
Pamplona: Calle Eslava, 1 % 848 420 420
Ponferrada: Gil y Carrasco, 4 % 987 424 236
Serviços espanhois de turismo no estrangeiro
BRASIL. São Paulo
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% 5511/36 75 20 00 ) 5511/38 72 07 33
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PORTUGAL. Lisboa
Delegaçao Oficial do Turismo Espanhol
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1050 – 215 LISBOA
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Catedral. Santiago de Compostela
Texto:
Embaixadas en Madrid
Brasil
Fernando El Santo, 6
% 917 020 689
) 917 004 660
Portugal
Pinar, 1
% 917 824 960
) 917 824 972
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Versão portuguesa: Henrique Antunes Ferreira
Fotografías:
Arquivo Turespaña
Grafismo:
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Publicação:
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Ministerio de Industria, Turismo y Comercio
MINISTERIO
DE INDUSTRIA,TURISMO
Y COMERCIO
COMUNIDADE EUROPEIA
Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional
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NIPO: 704-09-368-X
Impresso em Espanha
3ª edição
P
TURESPAÑA
Espanha
O Caminho de Santiago
Informações Turísticas. TURESPAÑA
www.spain.info
Emergências % 112
Urgências Sanitárias % 061
Guardia Civil % 062
Polícia Nacional % 091
Policía Municipal % 092
Informação ao cidadão % 010
AENA % 902 404 707 www.aena.es
ADIF % 902 432 343 www.adif.es
Informaçao Internacional % 902 243 402
Trânsito. Informações sobre as estradas % 900 123 505 www.dgt.es
Correios % 902 197 197 www.correos.es
O Caminho de Santiago
Indicativo telefónico internacional % 34
Telefones de interesse
Puente la Reina: Plaza de Mena, 1 % 948 340 845 ) 948 340 813
Ribadeo: Plaza España % 982 128 689
Sahagún: El Arco, 87 % 987 781 121
Santander: Hernán Cortés, 4 % 942 310 708
Santiago de Compostela: Rúa del Villar, 30 % 981 584 081
Santo Domingo de la Calzada: Calle Mayor, 70 % 941 341 230
Villafranca del Bierzo: Avenida Bernardo Díez Ovelar % 987 540 028
Villaviciosa: Parque Vallina % 985 891 759
Vitoria-Gasteiz: Plaza General Loma % 945 161 598
Espanha
Direcções com interesse
Cartografía: GCAR S.L.
Cardenal Silíceo, 35
28002-MADRID Año 2004
SINAIS CONVENCIONAIS
Auto-estrada de portagem
Auto-estrada livre e via rápida
Estrada nacional
Estrada (rede básica 1. classe)
Estrada (rede Básica 2. classe)
Estrada local
Alta velocidade
Linha de caminho de ferro
Património da Humanidade
Parador (pousada)
Santuário – Mosteiro
Aeroporto
Grutas
a
a
OS CAMINHOS DE SANTIAGO
O Caminho Real Francês
Cabo Ortegal
Ortigueira
A
A
R I
L
S
T
A
Viveiro
549
Xistral
1033
AG-64
Pontedeume
As Pontes de
Neda García Rodríguez
Foz
Cabo de Peñas
Tapia
de Casariego
Cabo Prior
Ferrol
Os outros caminhos
Cervo
Cedeira
S
O Caminho do Norte
Estaca
de Bares
Ribadeo
Cudillero
Luarca
634
Navia
Castropol
Pravia
C
O
S
Candás
Avilés
632
T
A
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Gijón
A-8
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Bayonne
Orthez
Santoña Castro
Bermeo
A-64
Arteixo
Malpica
A-8
Suances
Hondarribia
634
Arriondas
Tineo
Punta do Roncudo
Llanes 634
Urdiales Getxo
Grado
Santa Eulalia
Pola de
AG-55
AS-1
634
Torrelavega Colindres
Gernika-Lumo
Betanzos
A-8
OVIEDO Rí Langreo
640
Vilalba
Colombres
Cambre
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Mieres
Oiartzun
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121
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DE LOS PICOS DE EUROPA
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2536
121
Riaño
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AP-9
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2189
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Sarria Triacastela VI S A
AP-66
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640
Urdos
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540
Pedrafita
685
Cistierna
AP-53 Silleda
2670
Trespaderne
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640
Villava
232
PAMPLONA
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La
Robla
Armentia
Aoiz
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623
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Cizur
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Lalín
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550
Rioseco
Guardo
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Ruitelán
Miranda
1176
Treviño
Liñares
Legarda
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Canfranc
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525
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330
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Ebro
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AP-9
1373
de Ribeira
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Dozón
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Pancorvo
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Santa Cilia Villanúa
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120
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AP-71
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del Coto Sahagún
O Barco
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San Juan
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A-231 Hornillos
AP-15
Cangas
Redondela
Grañón
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Ortega
M
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El
Burgo
Ranero
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Tardajos
Nájera
Lédigos
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330
Teleno
Manzaneda
los Condes
Itero del Castillo
Vigo
Ribadavia
Calahorra
Villafranca232 AP-68
2185
La Bañeza
Peña Trevinca
1778
Quintanilla
Itero de la Vega Hontanas
2077
120
120
Villalbilla
601
A-52
121
2124
Clavijo
Montes de Oca
630
de
la
Cueza
Castrojeriz
Baños de
Villalcázar
San Millán
BURGOS
Sádaba
Viana do Bolo
Cervatos de de Sirga
Ponteareas
Castrocontrigo
Bobadilla
Molgas
AG-57
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