Prevalência do blastocystis hominis na

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Prevalência do blastocystis hominis na
PREVALÊNCIA DO BLASTOCYSTIS HOMINIS NA POPULAÇÃO ATENDIDA
POR UM LABORATÓRIO PARTICULAR EM SALVADOR-BA
Camila Pereira Ferraz Leal, Gleide de Oliveira Silva Patrocínio, Marcelo Leite Brito, Diogo Aparecido Ferreira, Hibera Lopes
Brandão
Laboratório Sabin de Análises Clínicas, Salvador-BA
Resultados e discussão
Introdução
A blastocistose tem ampla distribuição mundial, sendo as maiores prevalências
Foram analisadas 35.230 amostras de fezes e foram obtidos os seguintes resultados:
observadas em áreas onde as condições sanitárias e socioeconômicas da população
23.904 amostras (67,85%) apresentaram resultados negativos, 5.786 (16,42%)
são precárias. O Blastocystis hominis foi inicialmente classificado taxonômicamente
amostras apresentaram o protozoário Blastocystes hominis (isolado), 2.671 (7,59%)
como leveduras, fungos ou ameboides, flagelados, ou esporozoário protozoários. Com
amostras apresentaram o Blastocystis associado com outros parasitas, totalizando
base em estudos moleculares, relacionados com a informação da sequência do gene
8.457 (24%) amostras positivas para o Blastocystis e 2.869 (8,14%) outros parasitos
completo SSUrRNA, o B. hominis foi colocado dentro de um grupo informal, os
(protozoários e /ou helmintos). (Figura 2 A)
stramenopiles (Silberman et al., 1996). Stramenopiles são definidas, com base em
Dentre as amostras com a presença do B. hominis , os indivíduos do gênero feminino
filogenias moleculares, como um conjunto evolutivo heterogêneo de protistas
representaram 54,65% (figura 2 B).
unicelulares e pluricelulares (Patterson, 1994). Atualmente é um protozoário parasito
A)
intestinal
percentual dos resultados
Amostras negativas
O B. hominis é um organismo pleomórfico que apresenta quatro formas clássicas:
Amostras B. hominis
vacuolar (forma de corpo central), granular, amebóide e cística. Essas formas são
outros protozoarios e/ou helmintos
8,14%
identificadas pelo exame das fezes com ou sem coloração pelo lugol, e em esfregaços
permanentes corados pelo tricrômico, hematoxilina férrica ou Giemsa. A forma
clássica encontrada nas fezes humanas é o cisto, o que varia muito em tamanho 6-40
24%
µm . O cisto de paredes espessas presente nas fezes acredita-se ser responsável pela
transmissão externa, por via fecal-oral através da ingestão de água ou alimentos
67,85%
contaminados. Os cistos infectam as células epiteliais do trato digestivo e se
multiplicam de forma assexuada.
Estudos mostram que a ação patogênica do B. hominis pode estar relacionada à
imunodeficiência, com a virulência da cepa e com a carga parasitária. Dados da
literatura revelam que a maioria dos indivíduos acometidos por este protozoário se
B)
apresentam assintomáticos. Nos casos sintomáticos, os sinais e sintomas presentes são
Percentual dos resultados positivos para os gêneros
inespecíficos, e inclui náusea, vômito, anorexia, dor abdominal, edema, flatulência,
Feminino
diarréia aguda ou crônica, sem a presença de sangue e leucócitos nas fezes, em alguns
masculino
casos a remissão ocorre sem tratamento.
O B. hominis é considerado a causa de distúrbios intestinais quando se confirma a
45,35%
inexistência de outros agentes patogênicos (vírus, protozoários, bactérias e helmintos).
54,65%
Objetivo
O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência do protozoário Blastocystis hominis
na população atendida por um Laboratório particular em Salvador-BA.
Figura 2 A e B – Percuntual de resultados: A) Total e B) Positivos por gênero.
Material e métodos
Conclusão
Foram analisadas 35.230 amostras de pacientes atendidos nas unidades ambulatoriais,
Os dados apresentados mostram a ocorrência do protozoário em 24% das amostras
no período de Janeiro a Dezembro de 2014. As amostras de fezes foram coletadas em
analisadas nesta população, mostrando a importância do diagnóstico laboratorial
coletor copro-plus (fabricante NL diagnóstica) contendo o conservante formalina a
associado com a clínica.
5%, com dupla filtragem (filtro cônico e microfiltro interno). As amostras foram
A infecção causada por este protozoário (blastocistose) ainda envolve várias
preparadas em lâminas e com o corante lugol (fabricante Newprov)) e examinadas
controvérsias e indefinições em relação a sua ação patogênica.
através da microscopia direta (microscópio Nikon E – 200 LED). (figura 1, A e B).
Referências
A)
B)
1.
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