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1 FEAD – FACULDADE DE ESTUDOS ADMINISTRATIVOS – MG CURSO DE GRADUAÇÃO EM TURISMO Jaqueline Xavier de Freitas A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA TURÍSTICA NA REGIÃO DE AYSÉN: PELA CARRETEIRA AUSTRAL - PATAGÔNIA CHILENA Belo Horizonte 2015 2 FEAD – FACULDADE DE ESTUDOS ADMINISTRATIVOS – MG CURSO DE GRADUAÇÃO EM TURISMO Jaqueline Xavier de Freitas A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA TURÍSTICA NA REGIÃO DE AYSÉN: PELA CARRETEIRA AUSTRAL - PATAGÔNIA CHILENA Trabalho final apresentado como requisito de conclusão do Curso de Graduação em Turismo da FEAD – Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais. Orientador: Tiago S. A. de Brito Belo Horizonte 2015 SUMÁRIO Página Resumo _________________________________________________________________________ 3 ABSTRACT ____________________________________________________________________ 4 Introdução _____________________________________________________________________ 5 1 - Objetivos ____________________________________________________________________ 6 1.2 Objetivo Geral ________________________________________________________________ 6 1.3 Objetivos Específicos ___________________________________________________________ 6 Justificativa _____________________________________________________________________ 6 2 - Revisão de Literatura _________________________________________________________ 7 2.1 O Turismo Chileno ____________________________________________________________ 7 2.2 A Região de Aysén ____________________________________________________________ 10 2.3 Suas Particularidades – Um pouco de História e Cultura _______________________________ 11 2.4 Destinos Turísticos em Aysén ___________________________________________________ 13 2.5 Patagônia: Potencialidade e Fragilidades na prospecção do turismo ______________________ 15 3 - Discursão e Metodologia ______________________________________________________ 16 3.1 A importância da Consciência Turística ___________________________________________ 17 3.2 Estudo de Caso: Incêndio Florestal – Parque Nacional Torres del Paine/ Magalhães ________ 17 4 - Resultados e Estratégias ______________________________________________________ 18 4.1 O agente líder - que papel desempenha quanto á preservação dos Biomas naturais? _________ 19 5 -Considerações Finais ___________________________________________________ 21 6 - Referências Bibliográficas _____________________________________________________ 22 Anexo I - Fixa de Avaliação dos Projetos de Trabalho de Conclusão de Curso LISTA DE ILUSTAÇÕES Figura 1 - Esquema Explicativo da Zona Austral ----------------------------------------------------------- 10 Mapa 1 - Regiões do Chile - Divisão Política 2012 ---------------------------------------------------------- 7 Mapa 2 – Pela Carreteira Austral, trecho que percorre a cidade de Aysén ------------------------------- 14 Quadro 1 - Análise comparativa dos riscos e consequências ambientais--------------------------------- 14 Quadro 2 – Foto Comparativa: Pastagem de Animais, antes e depois do incêndio -------------------- 18 Quadro 3 – Foto comparativa: Lagoa Azul e arredores, antes e depois do incêndio -------------------- 18 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Visitação á Chile em Janeiro mês de alta temporada 2015/2014 ----------------------------- 9 Tabela 2 - Chegada de Turistas Estrangeiros em Janeiro (2008-2014) ------------------------------------ 9 Tabela 3 – Análise dos dados da tabela 2.Variação em (%) ano completo de 2008 á 2014 ------------ 9 Tabela 4 – Fluxo turístico. Ingressos a XI Região, Aysén – Fronteiras (terrestres e marítimas) ------ 13 Tabela 5 - Valores e Meses de Pico das principais variáveis anos 2010-2013 --------------------------- 15 LISTA DE FOTOGRAFIAS Foto 1 - Lago General. Carrera ------------------------------------------------------------------------------- 13 Foto 2 – Capilla de Mármol ------------------------------------------------------------------------------------ 13 Foto 3 - Bahía Exploradores ------------------------------------------------------------------------------------ 13 Foto 4 - Laguna San Rafael ------------------------------------------------------------------------------------ 13 Foto 5 – Carreteira Austral ------------------------------------------------------------------------------------- 13 Foto 6 – Rio Simpson -------------------------------------------------------------------------------------------- 13 Foto 7 –Termas de Puyuhapi ------------------------------------------------------------------------------------ 13 Foto 8 – Ventisqueiro Colgante --------------------------------------------------------------------------------- 16 ANEXOS Anexo I – Ficha de Avaliação dos Projetos de Trabalho de Conclusão de Curso Curso: TUR EAD Aluno: JAQUELINE XAVIER DE FREITAS RA: 282923 Orientador: Tiago Silva Alves de Brito Modalidade: Artigo Científico Título: A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA TURÍSTICA NA REGIÃO DE AYSÉN: PELA CARRETEIRA AUSTRAL - PATAGÔNIA CHILENA TCC – 100 pontos Itens a serem avaliados: 01 Atendimento às normas da ABNT e Padrão FEAD de normalização. 02 Redação do trabalho - clareza, coerência, precisão conceitual. 03 Consistência e fundamentação da argumentação 04 Otimização do tempo, adequação dos meios empregados e cumprimento de cronograma. Total: 87 pontos e APROVADO Belo Horizonte, 10 de Julho de 2015. _ Tiago Silva Alves de Brito Orientador A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA TURÍSTICA NA REGIÃO DE AYSÉN Jaqueline Xavier de Freitas Tiago Silva Alves de Brito (Orientador) RESUMO No decorrer deste trabalho abordaremos temas relevantes como a preservação de ambientes selvagens, tendo em vista os diversos biomas ai presentes; a conscientização turística ao longo da Carreteira Austral e suas paisagens únicas; e a fragilidade biológica frente a proximidade com o Buraco da camada de Ozônio localizado na vizinha Antártica. Texto com base no artigo: Biodiversidade Costeira e Marinha da Patagônia da pesquisadora e bióloga: Nuria Natalia Vázquez em parceria com a Fundação Patagônia Natural. Todavia, aqui nos dedicaremos especificamente a Província de Aysén, uma das regiões que compõem a Patagônia Chilena, região de florestas e glaciares milenares. Ainda teremos a oportunidade de ver em detalhes os principais atrativos turísticos das cidades e povoados mais procurados pelos turistas, seus eventuais problemas e iniciativas de solução. Também se relatará os tipos de turismo que estão mais em evidência na região patagônica, neste respeito daremos enfoque ao “Turismo Alternativo” e “Turismo Científico”. Buscaremos responder: “Glaciares milenares - quão eterno é esse gelo?” – “Como o turista e a esfera pública e privada podem utilizar e desenvolver da melhor forma o turismo alternativo e sustentável em Aysén-Patagônia?” e por último “O agente líder - que papel desempenha quanto á preservação dos Biomas naturais?” Espero com este trabalho dar maior visibilidade a Patagônia Chilena, provocar um sentimento de inquietude, e servir de base para futuras discussões. Palavras-Chave: Preservação; Bioma; Comportamento; Conscientização. 4 A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA TURÍSTICA NA REGIÃO DE AYSÉN Jaqueline Xavier de Freitas Tiago Silva Alves de Brito (Orientador) ABISTRACT Along this work we talk about a subject-matter concerning the preservation of wild environments taking on mind the several biomes presents there in; the touristic awareness throughout the Astral Road and its unique landscapes; and also the biological weakness toward the closeness to hole of Ozone layer, located in the nearby Antarctica. Text based on the article: Patagonian Biodiversity of Coast and Sea, written by the biologist and searcher: Nuria Natalia Vásquez in association with Patagonia Natural Foundation. However, here in this work we will dedicate us specifically to the Aysén Province, one of regions that belongs the Chilean Patagonia, region of woods, and millennial glaciers. Also we’ll have the opportunity to see in details the main tourist attractions of the cities and villages most wanted by tourists, their problems and initiatives of solution. And them, will be described types of tourism more evident at the Patagonian region, regard this, we’re going focus on “Alternative Tourism” and “ Scientific Tourism”. We’ll try to answer: “Millennial Glaciers – how eternal this ice is?” – “How tourist, governing and companies may use and develop the alternative and sustainable tourism in the better way at AysénPatagonia?” and last, “The leader agent - what role performs about the preservation of naturals Biomes?”. I hope, with this job give more visibility to the Chilean Patagonia, to cause feeling of unquietness, and serve as bases to futures discursions. Key words: Preservation; Biome; Behavior; Awareness 5 INTRODUÇÃO Apresentação. Apesar de não fazer fronteira com o Brasil, Chile pode ser considerado um país vizinho, pois esta á aproximadamente 4 horas em um voo direto de São Paulo até a capital, Santiago. Atualmente está dividido em 15 distintas regiões ao longo dos seus 4.200 km de extensão continental de Norte ao Sul, dispersos na comprida e estreita faixa de terra entre o Oceano Pacifico e a Cordilheira dos Andes. Sua superfície continental é de 756.096 km² y 1.250,000 Km² no território antártico chileno, ademais das Ilhas San Félix, San Ambrósio, Salas & Gómez, Ilha de Páscoa, Arquipélago de Juan Fernández, com uma população estimada em mais de 14.000.000 de habitantes, sendo sua maioria descendente de espanhóis e também temos uma grande influência Alemanha, Francesa e Italiana; também existem outras populações de menor proporção como os Aymaras no Altiplano – Norte de Chile, os Polinésios da Ilha de Páscoa e os Mapuches ao Sul de Santiago. O clima como a posição geográfica (altitude relativa ao mar) resultam em biomas muito variados de norte a sul, como: o Altiplano, Deserto, Deserto Florido, Cordillerano, Semideserto, Zona Chuvosa, Litoral, Zona Austral e Antártico. Neste trabalho nos concentraremos em uma das regiões pertencentes a Patagônia Chilena – AYSÉN (XI Região), que aparece no (mapa 1) a seguir. Situada na Zona Austral, compõe um dos nove Biomas do Chile já mencionados. É uma região ainda pouco conhecida pelo turista brasileiro, mas conforme veremos esta situação está mudando progressivamente. A tão grande variedade de paisagens, climas e ecossistemas ai encontrados, permite experiências incríveis aos visitantes. Seu exuberante bioma, quer dizer: conjunto de diferentes ecossistemas (fauna e flora) com determinado nível de homogeneidade, ou seja, características fisionômicas semelhantes de uma mesma região. Também pode ser designado o termo Unidade Biológica, repleto de contrastes que vão desde bosques sempre verdes, vulcões. Alguns vulcões da região Sul apresentaram atividade no ano de 2015. Esse foi o caso do Vulcão Villarica em Puerto Varas no dia 03 de Março 2015 e o mais recente, Vulcão Cabulco – Puerto Montt com atividade em 22 de Abril de 2015. Ambos localizados na região de Los Lagos, vizinha a província de Aysen. Além de contar com rios, fiordes de aguas azul celeste e grandes arquipélagos á glaciares milenares, considerados gelo eterno. O que suscita uma importante pergunta: Quão eterno é esse gelo? - Por isso e por uma série de outros motivos pertinentes, na qual veremos no decorrer deste trabalho, entre eles estar localizada justamente em direção do buraco da camada de ozônio e sofrer profundos danos pelo aquecimento global, Aysén foi a região escolhida pela autora como objeto de estudo. Encontrada ao Sul do Chile e a margem esquerda da Cordilheira dos Andes, pois também se 6 estende ao lado argentino (mais divulgado pela mídia), a Patagônia possui aproximadamente 800.000 km² de extensão entre os dois países. No lado Chileno abrange três regiões ricas em natureza: Los lagos, Aysén e Magalhães. Banhada pelo Oceano Pacífico seu inicio vai desde Puerto Varas (Região de Los Lagos), tendo seu fim em Puerto Williams (Magalhães), região considerada o “Sul do Mundo” já fazendo divisa com a Antártica. A Ilha de Terra do Fogo, dividida entre Argentina e Chile, também forma parte da Patagônia. Entretanto devido a grande magnitude de atrativos, biodiversidade e a sua evidente fragilidade ambiental e importância mundial, neste trabalho nos concentraremos especificamente na Região de Aysén. Percorrendo algumas das cidades e povoados mais turísticos e seus atrativos naturais dispersos ao longo da Carreteira Austral também chamada Rota 7 - principal acesso terrestre. Segundo o artigo apresentado pela revista de viagens de Condé Nast, “a Carreteira Austral, possui algumas das paisagens mais vibrantes e emocionantes de todo o planeta”. 1 – DOS OBJETIVOS 1.2 Objetivo Geral: Dar a conhecer a Patagônia Chilena, uma vez que há explicitamente maior divulgação e informação literária a cerca deste tema com respeito ao lado pertencente a Argentina. Entre os atrativos turísticos mais procurados no país vizinho podemos citar a cidade de Ushuaia (Tierra del Fuego) e o Glaciar de Calafate. O que muitos desconhecem é a existência de glaciares ou fiordes de gelo ao Sul de Chile, bem como de espécies endêmicas desta zona em risco de extinção. Por isso, neste trabalho Aysén possui um papel chave ao disseminar o turismo alternativo e cientifico, em plena Patagônia Chilena. 1.3 Objetivos Específicos * Analisar o comportamento de turistas em áreas de preservação ambiental e fomentar o turismo científico. * Incentivar profissionais do turismo a tornarem-se agentes líderes e através da conscientização ajudar o turista a assumir a postura de auto gestor. Justificativa O que faz de Aysén uma região tão especial? 7 Seu precioso Bioma, (Zona Austral) caracterizado pelas baixas temperaturas e abundância de precipitações em forma de chuva e neve que propiciam um ecossistema extremamente rico em diversidade tanto na fauna quanto na flora. Ademais esta zona encontrasse entre as três áreas prioritárias, quanto á preservação ambiental do Chile, são elas: Magalhães, Aysén, Los Lagos e ultimo 8 lugar no ranking a Reg. Metropolitana respectivamente. Por exemplo, no setor de Golfo Corcovado, se pode encontrar impressionantes mamíferos marinhos como a Baleia Azul, o animal mais grande do mundo e está em perigo de extinção. A parte de tudo isso seus Campos de Gelo Norte e Sul; e seus fiordes e glaciares sofrem abruptamente com a proximidade ao buraco da camada de ozônio, localizado sobre a Antárctica, região vizinha que pertence a Magalhães. 2 - REVISÃO DE LITERATURA 2.1) O TURISMO CHILENO: Destinos e a estruturação da Política Turística No ano de 2010 foram catalogados cerca de 55 destinos dentro das 15 regiões em que se divide o país. O Balance de turismo nacional apresentado pelo Diário La Tercera (2015), mostra que a taxa de ocupação hoteleira media nestes destinos alcançou cerca de 72,4%, segundo dados medidos de 9 á 14 de Fevereiro de 2015. É evidente o potencial turístico chileno, assim vejamos algumas das principais e mais procuradas regiões turísticas no Chile. Começando pela capital Santiago (Região metropolitana), seguido pelo Deserto do Atacama (extremo Norte), Viña del Mar e Val Paraiso cidade portuária (Litoral Central), e finalmente a Patagônia ao (Sul) e a Antarctica (Extremo Sul), conforme podemos visualizar no mapa 1, ao lado. Nessas regiões, conhecidas mundialmente por serem extremamente heterogenias, destacam-se o Turismo Lazer, o Ecológico e de Aventura. Entretanto existem ainda outras práticas de turismo com grande valor para a sociedade, que tratam fundamentalmente da preservação ambiental, na qual analisaremos no decorrer deste trabalho. Em continuidade, o turismo aventura no Chile atualmente é muito procurado por turistas estrangeiros em especial o europeu e asiático, que buscam os rios de aguas cristalinas provenientes do derretimento anual da neve, como o famoso Cajon de Maipó em San José de Maipó – Pirque e a reserva Río Clarillo, que lhes permite a pratica de rafting, kayak, trekking, e mais ao centro: Ski e snowboard entre outros esportes na Cordilheira dos Andes em plena Santiago - região metropolitana; e também na Patagônia. Todo o Mapa 1: Regiões do Chile - Divisão Política 2012 9 patrimônio natural ao longo do Chile, como as florestas, reservas e imensos bosques estão a cuidados da Corporação Nacional Florestal (CONAF) encarregado de administrar a política florestal e fomentar o desenvolvimento do setor. A CONAF foi criada em 13 de abril de 1973 em substituição da anterior Corporação de Reflorestamento. Sua missão é contribuir ao desenvolvimento do país através da conservação do patrimônio silvestre e o uso sustentável dos ecossistemas florestais. Para isso lança mão de diferentes estudos científicos, incluindo os que se realizam na de Região de Aysén. Em contra partida o SERNATUR – Serviço Nacional de Turismo é um organismo público encarregado de promover e difundir o desenvolvimento da atividade turística do Chile. Tem por Missão Institucional: “... Executar a Política Nacional de Turismo mediante a implantação de planos e programas que incentivem a competitividade e participação do setor privado, no fomento da oferta turística, a promoção e difusão dos destinos turísticos resguardando o desenvolvimento sustentável da atividade, que beneficiem aos visitantes, nacionais e estrangeiros, prestadores de serviços turísticos, comunidades e ao país em seu conjunto”. Esse órgão desempenha semelhante trabalho realizado pelo Ministério do Turismo Brasileiro – o Mtur. Dentro do Serviço Nacional de Turismo – SERNATUR, recebe, ênfase o Programa de consciência turística, que busca identificar qual o papel do cidadão chileno enquanto turista e anfitrião. Caso queira obter mais informação deste tema visite: http://www.sernatur.cl/conciencia-turistica. Para alcançar tal objetivo ocupam duas estratégias chaves no processo: as Capacitações e Campanhas. O programa estuda ainda o comportamento de turistas em áreas específicas do seu território; por exemplo em áreas de preservação ambiental e assim promover, através da conscientização, a formação do turista auto gestor, responsável de suas ações nestes ambientes. O que creio ser aplicável também aos turistas estrangeiros que ingressão em tais áreas. Já o Programa de fomento ao turismo, onde se destacam os programas “Chile es tuyo” voltado para o cidadão e residentes estrangeiros no país e; “Chile Travel”, com um foco internacional. A busca pela captação de público estrangeiro é a pedra fundamental na preservação de biomas nativos e selvagens. Ambos os programas, fornecem informação pertinente aos serviços turísticos, de interesse geral em sua plataforma na web por meio de links como os de catálogos turísticos, eventos, novidades, onde ir, destaques, vídeos e o mais importante o que fazer em cada região. Atividades que atraem os turistas é o que de fato, não falta. De acordo com o departamento de Estudos e estatística do SERNATUR, nos anos de 2008 á 2015 foi registrado um volume expressivo no número de turistas de diferentes nacionalidades oriundos de 149 países de todos os continentes, entre eles África, América Central, América do Norte, América do Sul, Caribe, Ásia, Europa, Meio Oriente e Oceania respectivamente. Alta temporada - Janeiro costuma ser o mês de referência para a coleta de dados, em razão de estar dentro do período de férias, 10 que coincidem com a época de verão, onde as condições climáticas são mais favoráveis tanto ao acesso quanto a exploração territorial. Analisando os dados dos últimos anos, apresentados na tabela 1, tabela 2 e tabela 3 respectivamente, podemos concluir que: Tabela -1 Visitação á Chile em Janeiro, mês de alta temporada, anos 2015/2014. Índice de turistas Estrangeiros: Jan/2015 = 560.397 Índice de turistas Brasileiros: Jan/2014 =490.976 Jan/2015 = 47.606 Variação 2015/2014 = 14,1 % Jan/2014 = 32.456 Variação 2015/2014 = 46,7 % Tabela 2 - Chegada de Turistas Estrangeiros em Janeiro (2008-2014) Total 2008 Total 2009 Total 2010 Total 2011 Total 2012 Total 2013 Total 2014 2.710.024 2.759.695 2.800.637 3.137.285 3.554.279 3.576.204 3.672.803 Tabela 3 – Análise dos dados da tabela 2. Variação em (%) ano completo de 2008 á 2014 09/08 10/09 11/10 12/11 13/12 14/13 1,8 1,5 12,0 13,3 0,6 2,7 Na variação obtida entre Jan/2015 e Jan/2014, apresentada na tabela 1, observa-se um aumento de quase 50% no número de brasileiros que visitaram o país, entre o último ano. E que a quantidade de turistas estrangeiros ingressos, há oscilado bastante entre o período que corresponde de 2008 á 2014. Entretanto, estes dados apontam também para o potencial turístico nas diferentes regiões do território chileno, especialmente a Patagônia. Surge ai a questão da “Consciência Turística” relativa ao preparo dos turistas, que chegam de diversas partes do mundo, para que possam percorrer áreas de preservação ambiental, sem contudo ocasionar-lhe prejuízos. Uma estratégia viável é aliar o conhecimento prático ao teórico, aumentando assim a bagagem cultural de quem a visita; e ao mesmo tempo o nível da qualidade do turismo regional, ai encontrado. Conheceremos então a XI região de Chile, cujo nome oficial vem a ser: Aysén del General Carlos Ibáñez do Campo. 11 2.2) A REGIÃO DE AYSÉN A Província de Aysén, cuja a capital é a cidade de Puerto Aysén, se caracteriza por ser a maior da região, possui uma superfície de 52.330 km² o que corresponde a 48% da superfície regional. Em seu vasto território surpreende um fragmentado relevo costeiro que dá origem a dezenas de ilhas, arquipélagos, fiordes, e canais (vide esquema da Figura - 1). Conta com o maior arquipélago do Chile, o arquipélago de Los Chonos, que possui mais de 2.000 ilhas, a grande maioria delas totalmente virgens e desabitadas. Grande parte desta província cobre a área litoral onde se encontram localidades pesqueiras e é cortada pela Carreteira Austral, “uma das melhores rotas da América do Sul” segundo o jornal (THE GUARDIAN). . - Características Morfológicas e Oceanográficas Para melhor compreensão da formação geográfica e hídrica desta singular parte do planeta, segue esquema abaixo, sucedido por algumas peculiaridades que compõe o Bioma Austral e o cotidiano da população local. Figura – 1 Esquema Explicativo da Zona Austral Corte aproximadamente a altura de Coihaique Cordilheira dos Andes Cordilheira da Costa Chile Oceano Pacifico Ilha Ilha Zona Intermediaria Ilha Argentina 2000m 1500m 1000m 500m 0m Zona de Ilhas Fiordes, Lagos e Glaciares Estepa Patagônica - Condições climáticas: Clima: Úmido e frio todo o ano, com forte atividade eólica (vento). Chuvoso no período do inverno. Precipitações: variam segundo a região, entre 500 e 3000 mm Temperatura: Média anual: 7º C Temp. Media Max. 12º C Período de Atividades biológicas: Verão Temp. Media Min. 4º C Vegetação: rasteira, típica do serrado 12 - Característica das formações naturais: lagos, vulcões, glaciares milenares (Ventisqueros), Campo de gelo Norte e Sul, Termas e sítios arqueológicos. - Flora: espécies endêmicas de floresta úmida. Segundo Hoffmann e Sanchez (2011), com o aumento da pluviosidade e uma diminuição de temperatura a medida que se avança ao su do pais, oferecem uma boa oportunidade para mostrar mudanças de vegetação e fauna. A flora de esta zona é densa com bosques mistos, ervas, musgos e líquens. Entre as árvores de maior predominância estão o mañío, canelo, a luma, a lenga, o nitre o ciprés. - Fauna Marinha e Terrestre: A fauna da região austral é bastante variada e alguns deles só existem ai. Se destacam as nutrias de rio (lontra ou ariranha), zorros colorados (raposa), os pumas, os guanacos (llama Alpaca) que dá origem a suvenir para os turistas, e o lobo do mar. Também encontramos várias espécies de insetos, aves entre as que se podem mencionar o huairavo, o cisne de pescoço negro, o caiquen, o ñandú, condor e o tiuque cordillerano. A zona patagônica em si mesma, conta com mais de 50 espécies de aves marinhas, o catálogo da biodiversidade costeira da patagônia da Fundação Patagônia Natural – FPN relata ainda 36 espécies de aves costeiras, 41 espécies de mamíferos marinhos entre eles a Baleia Azul e a Baleia Franca Austral, 35 tubarões (Calle et al 2004), 30 raias, 90 de crustáceos decápodes, 200 de moluscos, 300 de peixes marinhos, 150 de macroalgas, (PMIZCP, 1996), 90 de aves terrestres (Harris, 1998), 55 espécies de repteis, 25 de anfíbios, 74 de mamíferos terrestres e 19 tipos de pássaros litorâneos (CARPES et al, 1995). Uma parte considerável encontrasse justamente nas cercanias da Província de Aysén. Parques Nacionais e Reservas onde se observam esses Biomas: Parque Nacional Queulat, O’Higgins localizado em Coihaique e Parque Nacional Torres del Paine na cidade de Punta Arenas, Região de Magalhães. 2.3) – Suas Particularidades - Um Pouco de História e Cultura Sua História agrega um acervo cultural eminentemente gaúcho mesclado com alguns costumes Huasas, Chilotas, Mapuches, Tehuelches e Europeus. O povoamento surge por uma parte de chilenos que haviam morado por um tempo na Argentina e que, decidiram voltar ao seu país de origem. Por outro lado se originou também com os Tehuelches, os Aonikenk e os Chonos, povos originários que habitaram nestes lugares. Por último por colonos que vieram de outras partes do mundo, principalmente ingleses, alemães e belgas para viver as margens do Lago General Carrera. 13 » Costumes Os habitantes de Aysén herdaram vários costumes típicos dos imigrantes que chegaram ao final do sec. XIX desde a patagônia oriental. Uma expressão comum deles é o consumo de Erva Mate, uma fusão típica na Sul América, trazida a estas terras por antigos pioneiros. Se toma, em uma cabaça ou jarro de louça, utilizando uma bombilha, muito semelhante ao nosso chimarrão consumido no sul do Brasil. O Mate é uma bebida que geralmente se comparte, assim se alguma vez o convidem a prova-lo aceite – isso é uma forma de dar boas-vindas. » Gastronomia A gastronomia se destaca pelo Assado de Cordeiro em Estacas um tipo de churrasco gaúcho, Curanto, Cancato, Ceviche, Pescado Frito e Cazuela de cholga seca, uma sopa de mariscos. Os frutos do mar Chileno, oriundos do Pacífico são reconhecidos como os melhores do mundo. Acompanhando ao Mate já mencionado, é costume comer “Tortas Fritas” chamadas (Sopaipillas) recheadas com Pebre, uma vinagrete picante, apimentada com Ají ou Merken, pimenta típica da região Araucânia. » Economia Beneficiando-se da fria corrente de Humboldt (alta produtividade marinha) que flui desde a Antárctica, costa acima, a atividade econômica desta zona está associada á pesca extrativista ou artesanal, na qual a cultura do Salmão e da Truta, produtos de exportação para o mercado asiático, e de Moluscos e Ostras para Europa, representam uma das principais fontes de renda atualmente; bem pelo cultivo e extração de algas marinhas, como os gigantes Cochayuyo, Luga Negra e Vermelha, e a Spirulina, muito apreciados pelo mercado cosmético e endócrino brasileiro. Em segundo lugar aparece o turismo em suas distintas formas, o professor Marcel Freitas (2015) afirma que “...para as comunidades que vivem próximas ou dentro de reservas (ambientais) e que não podem desenvolver atividades comerciais importantes, pelo risco de degradarem o ambiente, o turismo se mostra como uma opção viável para a solução de algumas dificuldades,” em terceiro e último lugar aparece a pecuária. Vale ressaltar que a produção de gado de corte para a exportação de carne bovina em geral não faz parte da cultura econômica do país como um todo. O que deixa as atividades antes mencionadas em um nível elevado quanto á importância financeira, econômica e de desenvolvimento regional. 14 2.4) - Destinos Turísticos em Aysén Cada vez mais há a procura por destinos ecológicos e de aventura, como ruptura da rotina urbana. E o sul da patagônia chilena se inclui perfeitamente neles. Segundo estudos e estatísticas do SERNATUR, o transito de turistas na região vem aumentando gradativamente nos últimos 6 anos conforme exposto na tabela 4 de fluxo turístico a seguir. Fluxo Turístico Tabela - 4: Ingressos a XI Região, Aysen – Fronteiras (terrestres e marítimas) 2009 54.258 2010 2011 2012 2013 2014 56.152 61.732 68.028 75.778 78.962 Aysen possui em sua ampla geografia, diferentes e singulares paisagens que proporcionam ao turista incríveis experiências, tanto de lazer como de conhecimento. Aprofundemo-nos um pouco nelas. Desse momento em diante apresentaremos os principais atrativos turísticos das cidades e povoados mais procurados pelos turistas ao longo da majestosa Carreteira Austral, principal via de acesso terrestre a região sul, também chamada Rota 7. No seu artigo, Foto 1: Lago General. Carrera Travessia Austral a respeitada TRAVEL TIME MAGAZINE, escreveu: “A Carreteira Austral oferece uma gama de paisagens tão impressionantes como distintas, incluindo montanhas, lagos glaciares, bosques, cascatas, rios, vales, fiordes e montes nevados”. Conforme Dewailly (2006) o “turismo” em Aysen se divide em três grupos o Turismo de montanha, verde ou de natureza; o Turismo Sustentável com foco mais étnico e o Turismo de Aventura ou Foto 2: Capilla de Mármol Esporte, frequentemente praticado nas famosas cidades e vilarejos nas localidades de Alto Palena, Puyuhuapi, Coihaique, Balmaceda, Cerro Castillo, Puerto Tranquilo, Puerto Bertrand, Cochrane, Calleta Tortel e Villa O’Higgins que junto aos sus atrativos naturais compõem a paisagem de Aysén, conforme aparecem nas figuras ao lado direito e a baixo do texto. Foto 3: Bahía Exploradores Foto 4: Laguna San Rafael Foto 5:Carreteira Austral Foto 6: Rio Simpson Foto 7: Termas de Puyuhuapi Tter 15 Pela Carreteira Austral Mapa 2: Carreteira Austral, trecho que percorre a cidade de Aysén 16 2.5) - PATAGÔNIA: potencialidade e fragilidades na prospecção do turismo Tabla 5 - Fluxo de Ingressos: Aysén. Valores e Meses de Pico das principais variáveis anos 2010-2013 Variantes Maior quantidade de entradas - Janeiro (Alta Temporada) Menor quantidade de entradas - Junho (Baixa Temporada) Total de ingressos em cada ano: 2010 2011 2012 2013 38.204 47.123 51.364 50.397 15.894 16.779 17.009 22.198 288.124 321.928 346.966 383.625 Fonte: Observatório Turístico - Anuário Estadístico de Turismo de la Región de Aysén 2013. De acordo com a tabela-5 citada acima, observamos que a Média Anual do ingresso de pessoas a região, chega a mais de 335 mil em anos recentes. Parte deste contingente também é formado, não só por turistas estrangeiros como também por brasileiros que vão em busca do turismo de aventura, e por muitos outros brasileiros que já são residentes no país, tal como a autora deste trabalho. Afim de atualizar-nos no tempo e espaço, podemos ver a seguir, o ingresso de pessoas na região sul da Patagônia entre os anos de 2010 á 2013 nos meses de férias que compreendem neste caso Janeiro e Junho. Tomando por base o conceito de Brito (2012) quanto á como exploramos os recursos naturais: “Para mencionar a ideologia da sustentabilidade o empreendimento deve ser economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto, formando assim a conceituação do triângulo da sustentabilidade”, assim analisemos por um instante os principais fatores de risco relacionados a demanda turística e o mau comportamento humano com relação a natureza a nível global. Quanto aos problemas, além das eventuais adversidades que os ecossistemas ao redor de todo o mundo enfrentam, conforme notamos no Quadro 2 logo a baixo, á zona patagônica somasse dois grandes problemas: a contaminação pela radiação solar; e incêndios florestais em regiões de ventos sumamente fortes e constantes, nos quais alguns turistas demonstram pouca ou nenhuma preocupação. Quadro 2 – (Análise comparativa dos riscos e consequências ambientais) Situação de Risco Consequências: • Derramamento de óleo Contaminação dor mar e fauna marinha • Aquecimento global Degelo de glaciares, fiordes e geleiras • Pesca predatória Escassez de espécies endêmicas e desequilíbrio • Radiação solar ambiental • Produtos não biodegradáveis Mutação genética e cancerígena de distintas espécies • Construções irregulares Contaminação de rios, lagos e lençol freático • Pichação gráfica Descaracterização do ambiente natural e cultural • Fogueiras, queima de dejetos e cigarros Depredação de estruturas geológicas Incêndio florestal 17 Contaminação Ambiental por Radiação Solar Na atmosfera a Estratosfera é importante por sua capa de ozônio cuja função é prevenir que a radiação solar chegue até a superfície da Terra. Através da sua interação com o oxigênio permite a absorção da luz ultravioleta, mais energética, conhecida como UV-C y UV-B entre outras. E porque a citamos nesta pesquisa? A resposta tem que ver com seus efeitos biofísicos projetados no meio ambiente, em especial para a biodiversidade austral chilena. A luz ultravioleta causa dano biológico como câncer de pele, dano aos tecidos dos olhos (em células humanas e animais) e dano a plantas. Os científicos creem que a vida sobre a Tierra talvés não haveria se desenvolvido – e não existiria hoje sem ela. E mesmo assim, esta camada vem sofrendo uma considerável redução devido às emissões de gases de efeito estufa (GEE). Todo ano, a camada de ozônio sofre redução, o que chamamos de “buraco na camada de ozônio. Isto causa gigantescos impactos na região patagônica, em decorrência da sua proximidade territorial com a Antártica. Um exemplo de importância relevante é o que passa ao Ventisquero Colgante ou glacial, situado no Parque Nacional Queulat, um dos atrativos mais visitados de Aysén, inclusive por brasileiros. Formado á mais de 50.000 anos, o Ventisquero é um triângulo de neve compacta que foi descoberto em 1875 pelo Capitão Enrique Simpson, que também dá nome a outro parque nacional e a um rio, o Río Simpson. Segundo sua descrição, o ventisqueiro chegava a 100 metros da orla do mar e estava literalmente pendurado na montanha, sobre um arroio originado pelo degelo. Nas últimas décadas observamos o seu descongelamento gradativo, o que antes contava com 130m de extensão, agora não passa de 120m, fenômeno resultante do aquecimento global. Surge então a resposta a nossa primeira pergunta: “Glaciares milenares - quão eterno é esse gelo?” Fica evidente que os Foto 8: Ventisqueiro Colgante, Parque Nacional Queulat - Aysén glaciares e fiordes patagônicos não são eternos, e que sua duração dependerá em muito do comportamento humano. Com este conceito claro em mente, passamos ao próximo sub tópico, onde veremos a importância da consciência turística. 3 – DISCUSSÃO E METODOLOGIA O presente artigo utilizou em sua metodologia os tipos mais comuns de pesquisa: a Descritiva de Cervo & Bervian (1983) ademais da análise de Estudo de Caso, proposta por Gil (1991). Aqui teremos a oportunidade de ver em detalhes o instigador estudo de caso: Incêndio Florestal – Parque Nacional Torres del Paine/ Magalhães, que nos levará a importante reflexão do tema inicial: a importância da consciência turística. Para a confecção deste trabalho foram consultados relatórios e bibliografias do centro de investigação em ecossistemas da patagônia CIEP, além de artigos científicos e publicações 18 19 em revistas. As informações estatísticas foram coletadas em sites institucionais de turismo no Chile como o SERNARTUR para garantir a confiabilidade e procedência dos dados. O texto escrito pela autora teve como base inicial o artigo: Biodiversidad Costera Mariña de la Patagonia da pesquisadora argentina Nuria Natalia Vázquez, em parceria com a Fundação Patagônia Natural – FPN e de discussões e textos do Pesquisador da Universidade Austral do Chile: Fabien Bourlon. No decorrer deste projeto, foi encontrada pouca bibliografia sobre a Patagônia Chilena em português, implicando em tempo para tradução dos textos científicos em espanhol, o que por um lado dificultou a realização de um estudo mais aprofundado do assunto aqui tratado e por outro nos mostra a importância de estudos em um tema tão relevante para a humanidade. Um dos objetivos agregados ao tema está o foco e exposição da patagônia ao sul do Chile e não somente o tão conhecido lado argentino e a solicitação acadêmica pela vasta publicação científica a ser disponibilizada também em português como material de estudo. Todas as fontes de informações deste TCC estão citadas abaixo em referencias bibliográficas para a livre averiguação. 3.1 )- A IMPORTANCIA DA CONSCIENCIA TURÍSTICA Reflexionando sobre a aula 14 - Formação e Produção de Roteiros Turísticos, vemos aspectos quanto á formação e implantação de códigos legais com respeito á hábitos de conduta em ambientes de preservação ambiental. Assim, “... tais códigos de posturas legais têm como objetivo explicitar para o turista qual é a conduta adequada naquele habitat, o que é e o que não é permitido, bem como o que ele pode fazer para ajudar a conservação do lugar que está visitando” (SERIE TURISMO ALTERNATIVO, 2004). O professor Marcel Freitas nesta aula explica que tais normas são para sua própria segurança e também para minimizar os impactos naturais e sociais que são ocasionados, geralmente, pela desinformação. Por conseguinte criar um projeto de turismo ecológico implica o compromisso com a preservação e restauração do entorno onde ele será implantado. Vejamos agora a veracidade destas palavras. 3.2 - ESTUDO DE CASO: Incêndio Florestal – Parque Nacional Torres del Paine/ Magalhães Catalogado como 8ª maravilha do mundo pela Unesco no ano de 2008 e considerado o 5º lugar mais bonito do mundo pela revista National Geographic em 2013, o Parque Nacional Torres del Paine, situado em plena Patagônia, desafortunadamente se tornou protagonista de um dos piores incêndios florestais da região nos últimos 30 anos. Por esta razão foi escolhido para nossa discursão. O parque se encontra na fria cidade de Punta Arenas, localizada na Região de Magalhães, vizinha a 20 Aysén. Datado do dia 27 de Dezembro de 2011, tal incidente decorrente da falta de experiência em técnicas de acampamento, teve início com uma fogueira acendida com papel higiênico por um dos turistas que percorriam um dos famosos circuitos de trekking encontrados dentro do parque; e que ai se alojaram - dado este comprovado pela CONAF, órgão responsável por cuidar e preservar o parque Torres del Paine. Quanto às causas, ainda segundo a Onemi (Oficina Nacional de Emergência), “... nesta zona não ha possibilidades de incêndio de origem natural, pois não há tormentas eléctricas, portanto se trataria de uma nova negligencia dos turistas”. Relatasse que com os ventos chegando 190 km/h, as chamas consumiram mais de 300 mil hectares nos três primeiros dias. Para controlar tal episódio fatídico, o artigo publicado pela CONAF diz que foi necessário um contingente superior a 700 brigadistas que contou com ajuda de brigadistas de outros países, muitos deles vindos do Uruguai, Argentina e do nosso Brasil. Mesmo assim, o incêndio atingiu grandes magnitudes, com a incrível duração iniciada dia 27 de Dezembro de 2011 e que só se extinguiu no dia 8 Março de 2012; seus estragos são perceptíveis até o dia de hoje. Quanto aos danos e consequências: 17.600 hectares de bosque nativos e animais queimados, cerca de 400 turistas tiveram que ser evacuados da região ás presas. Viram-se afetadas as guaritas do parque em Pehoé e Pudeto além de instalações menores do CONAF. O lugar agora se vê em risco de erosão decorrente da falta de vegetação silvestre, há que se saltar o fato de que algumas dessas espécies não rebrotam. Em contra partida as penas a qual se enfrenta, ao comprovar se o delito de uso negligente de fogo em um bosque, é de 41 a 61 dias de prisão, mais uma multa. Este exemplo de anos recentes nos faz pensar também na legislação dos países em relação á crimes ambientais. No Brasil a impunidade nesse tipo de ação não é diferente. 4 - RESULTADOS E ESTRATÉGIAS Desta maneira o presente Estudo de Caso acima citado vem a comprovar, que de fato a “Conscientização Turista” é uma necessidade real e urgente, uma vez que o fluxo turístico só tende a aumentar nos próximos anos conforme dados da tabela 4 e tabela 5, apresentados anteriormente. Neste fluxo está incluído também o público brasileiro que no período que compreende as férias de Janeiro de 2015 houve uma variação de 46,7% sobre o ano anterior e de estrangeiros 14,1 %. E como já sabemos, a falta de conhecimento científico sobre regiões de preservação ambiental somada ao pouco preparo técnico de turistas, em especial sobre as principais características da Patagônia um deles os fortíssimos ventos constantes, pode levar a desastres imensuráveis e ás vezes permanentes, como a morte de diversas espécies de animais e plantas. O que notamos ao comparar as imagens antes e depois do incêndio no Parque Nacional Torres del Paine na Região de Magalhães vizinha a Aysén. Antes Depois Quadro 3 – Foto Comparativa: Pastagem de Animais, antes e depois do incêndio. Vista das Torres ao fundo. Antes Depois Quadro 4 – Foto Comparativa: Lagoa Azul e arredores, antes e depois do incêndio. Água contaminada por cinzas. 21 Portanto, temos de buscar estratégias para evitar novas ocorrências de todo e qualquer tipo de negligência por parte de turistas e de pessoas em trânsito nestas regiões. Para tanto, entre as estratégias que abordaremos estão: • Formação de agentes de turismo líderes • Educação ambiental, somada a práticas de campo • Orientar o turista comum, a ser um turista auto-gestor consciente • Incentivo ao Turismo Científico. 4.1) - O agente líder - que papel desempenha quanto á preservação dos Biomas naturais? Com respeito a formatação e produção de roteiros turísticos, Freitas (2015) diz que a preservação das características do ambiente natural que lhe servem de base é o fator que deveria subordinar todos os outros, como a exploração turística, por exemplo. Logo podemos concluir que para que o profissional do Turismo possa se tornar um agente líder ele (a) precisa sobre tudo, compreender as questões associadas à: biodiversidade; sustentabilidade e a verse como protagonista na luta pela preservação ambiental. E o que aspectos pode desenvolver a partir daí? O agente Líder contribui significativamente para a correta formação da imagem turística, promove a educação ambiental e atua junto ao ministério de turismo de cada região, delatando praticas funcionais e disfuncionais nelas aplicadas e se aprofunda na busca de novas soluções. A imagem turística projetada pelos biomas naturais, também exerce um papel lúdico no imaginário turístico. Teles (2009) afirma que no turismo usa-se com frequência a imagem mental, que em outras palavras refere-se a criação de uma fantasia, um sonho, repleto de expectativas. Nesse respeito á paisagem natural dispersa ao longo da Carreteira Austral, que atravessa uma grande parte da Patagônia Chilena e que em alguns lugares é quase primitiva, cumpre com esse papel a perfeição, conforme se observa no comentário a seguir: “Tem algumas das paisagens mais dramáticas do mundo, com vida silvestre, fiordes, planaltos e picos todos em condições imaculadas. A Carreteira Austral é um dos caminhos mais espetaculares da América do Sul” (GUIA CONCIERGE DE CONDÉ NAST TRAVELER). A Patagônia, em todo seu esplendor vive no imaginário turístico. Todavia, o que de fato é, sempre foi, de suma importância é a divulgação dos atrativos turísticos, de forma correta e responsável, quer dizer, não predatória e inconsequente. Com uma política de preservação e conscientização a nível educacional; e esta deve começar muito antes do que supõem alguns. Por isso, para a efetiva conservação da rica biodiversidade presente na Aysen, torna-se fundamental a constante inversão na educação ambiental, com foco nas questões ambientais de interesse global. Cujo público alvo são crianças e adolescentes, a comunidade nativa e o público em geral. Em síntese: ter por objetivo alcançar todos os que têm e poderão ter um possível acesso a região e consumir seus 22 23 produtos. Tal resultado se pode alcançar através da produção de textos científicos e materiais pedagógicos direcionados ao tema para o uso em escolas e universidades em parceria com as ONG’S, além de cursos básicos como por exemplo, o de acampamento; e de publicações periódicas voltadas especificamente ao turista como: manuais de boas práticas turísticas, guia do bom viajante somada a qualificação profissional dos recursos humanos, através da elaboração de cursos e-learning e de extensão aos profissionais do setor, contribuindo assim para formação do agente líder. Segundo FREITAS (2015) “... Nesse processo, muito útil seria que o turismo – seja o profissional de um empreendimento privado ou de alguma instituição pública - peça apoio de órgãos como as Secretarias (estadual e/ou municipal) de Meio Ambiente e da FUNAI do estado em questão”. Com respeito a vivencias em turismo, de acordo com a Consultora de Projetos de Turismo Cultural (Mtur), Delma Andrade: O Grand Tour, sob o imponente e respeitável rótulo de “viagem de estudo”, assumia o valor de um diploma que lhes conferia significativo status social, embora – na realidade – a programação se fundamentasse em grandes passeios de excelente qualidade e repletos de atrativos prazerosos (...). Os ingleses, importantes e ricos, consideravam detentos de cultura apenas quem tivesse sua educação ou formação profissional coroada por um Grand Tour através da Europa (...). Seguindo este pensamento, outra grande ferramenta para a educação ambiental seria a implantação de um modelo de ensino marcado pela vivência regional, por meio da oferta de Viagens de Estudos e Pesquisa de Campo para alunos de escolas municipais e escolas de ensino técnico. Modelo este integrado ao sistema educativo já utilizado. Essa base primaria de conscientização, não só ajuda o aluno a entender os problemas ambientais a seu redor, como também de que formas este afeta e é afetado por outras regiões. Desta maneira privilegiamos “La práxis” como completo das atividades de aprendizagem. Existe também outras alternativas de fomentar, ao mesmo tempo, o turismo e a preservação do Bioma Austral; – através do incentivo ao Turismo Cientifico de forma estratégica. Entretanto é necessário que primeiro se entenda bem o que é Turismo Científico e sua vantagem competitiva. Definição: O turismo científico é um segmento do turismo de interesses especiais, onde os produtos se coordenam com o desenvolvimento de conhecimentos científicos, gerando oportunidades de apoio para as investigações, assim como transferência de conhecimentos ao público não especialista. - E em que consiste? Segundo Bourlon e Maio (2011) existem pelo menos quatro formas de turismo cientifico já classificados e que também estão presentes na Região de Aysén: o Turismo Aventura de Dimensão Científica, o Turismo Cultural de Conteúdo Científico, o Eco voluntariado Cientifico e o Turismo de Investigação Científica. Embora estas atividades sejam relativamente comuns na Região Patagônica, como por exemplo, as diversas pesquisas que são utilizadas pelo Centro de Investigação 24 25 em Ecossistemas da Patagônia (CIEP) da Universidade Austral de Chile, em nosso país ainda faltam divulgação e apoio sócio econômico para desenvolver o turismo científico em especial no tange a área acadêmica. Em termos de aprimoramento quanto à educação ambiental em cursos de nível superior, podemos dizer que algumas das características básicas que compõem o turismo cientifico, promovem significativamente o enriquecimento da grade curricular de diferentes disciplinas, bem como do crescimento pessoal do próprio aluno. Entre as modalidades que o caracterizam e propiciam tal desenvolvimento, estão a Exploração, a Investigação de Campo, Projetos de Voluntariado e Programas Eco Culturais. 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Vemos assim que além das formas tradicionais de turismo como o de Aventura, por exemplo, há um grande potencial para o Turismo Científico em Aysén - Patagônia. Respondemos algumas importantes perguntas entre elas: “Glaciares milenares - quão eterno é esse gelo?” – “Como o turista e a esfera pública e privada podem utilizar e desenvolver da melhor forma o turismo alternativo e sustentável em Aysén-Patagônia?”. Além disso vimos o papel fundamental do agente líder para a preservação de Biomas naturais. Também foi possível notar a escassez de literatura científica sobre a Patagônia Chilena. Por tanto se faz necessário o apoio de universidades e parceria governamental de distintos países tal como o Brasil, rico em biodiversidade; em consonância com institutos e centros de preservação da fauna e flora andina. Que juntos com seus conhecimentos e estudos técnicos, podem contribuir para capacitação de profissionais do turismo; e de turistas com um conceito auto gestor e ativos nas questões ambientais ao redor mundo, além de colaborara para o aumento na quantidade de artigos científicos e acadêmicos publicados. 26 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA VAZQUEZ, Nuria. Fundación Patagonia Natural. Consolidación e Implementación del Plan de Manejo de la Zona Costera Patagónica para la Conservación de la Biodiversidad, 2004. Gajardo, R. 1994. La Vegetación Natural de Chile: Clasificación y Distribución Geográfica. Santiago, Chile. Editorial Universitaria. 165 pp. Luebert, F. Pliscoff, P. 2003. Clasificación de la vegetación en la ecorregión valdiviana. World Wildlife Fund. 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