Pastoral da Saúde - Paróquia de Nossa Senhora Aparecida

Transcrição

Pastoral da Saúde - Paróquia de Nossa Senhora Aparecida
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
ÍNDICE GERAL
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Pag. 1 - Pastoral dos Enfermos – Preparação e Organização
Pág. 4 – A Dor e o Sofrimento no Contexto Bíblico
Pág. 6 – A Morte
Pág. 8 – O Ministro
Pág. 10 – Enfrentando uma Situação de Morte
Pág. 12 – Primeiro Encontro dos Ministros Extraordinários dos Enfermos
- o ministério Leigo (teólogo João Santiago)
- programa de internação domiciliar (enfermeiro Roberto)
- os ministérios leigos (ministro da Comunhão Extraordinária e da Palavra Antonio
César Teixeira)
- a Pastoral da Saúde (Pe. Beto)
- A Unção dos Enfermos (Pe. Beto)
- A Visitação aos Doentes (Pe. Alex)
Pág. 19 – ABCEL – providências e medidas em caso de óbito
Pág. 24 – Direitos do Paciente (Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo)
Pág. 27 – Visita ao Doente
Pág. 29 - Milagre Eucarístico de Lanciano
Pág. 32 – São Camilo de Lélis
Pág. 37 – São João de Deus
Pág. 39 – Carta ao Presidente
Pág.42 – Juramento de Hipócrates
Pág. 43 – Vozes da Idade
Pág. 47 – As Dimensões da Pastoral da Saúde
Pág. 48 – A Enfermidade e a Bíblia
Pág. 49 – Livros Recomendados
Pág. 52 – Evangelizar
Pág 53 – A Dor e o Sofrimento na Bíblia
Pág. 58 – Descendência Nobre de Maria
Pág. 62 – Elementos de Estudo Bíblico
Pág. 67 – Sacramentos e Sacramentais
Pág. 71 – Objetos Litúrgicos
Pág. 74 - Centenário do Hospital Ega Moniz (Homilia de D. José Sanches Alves)
Pág 76 – Como fazer uma visita rápida ao doente (Anísio Baldessim)
Pág. 78 – Aprenda a Escutar (ROBERTA ISRAELOFF)
Pág. 80 – Origem e Ponto de Partida da Pastoral da Saúde
Pág. 81 – Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Pág. 84 – DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis)
Pág. 92 – Segurança no Lar
Pág. 97 – Dimensões Solidária, Comunitária e Institucional da Pastoral da Saúde
Pág 100 – 5 de Dezembro – Dia Internacional do Voluntário
Pág. 109 - Os Ministros Extraordinários da Comunhão e a Pastoral da Saúde
Pág. 112 – Psicologia do Enfermo
Pág. 116 – Vestes dos Ministros Extraordinários
Pág. 121 - Como chamar as pessoas que tem deficiências
Pág. 128 – A Sagrada Comunhão fora da Missa
Pág. 131 – A Unção dos Enfermos
Pág. 134 – Gripe
Pág. 136 – Resfriado
Pág. 138 – Dom de Deus e Busca Humana
Pág. 142 – As Atitudes e o Gestos Litúrgicos
Pág. 147 – A Comunicação na Liturgia
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
PASTORAL DOS ENFERMOS
Preparação e Organização
A Pastoral dos Enfermos deve ir ao encontro dos doentes tanto nos
hospitais e casas de saúde como nos domicílios particulares. São
ambientes diferentes que exigem também um modo diferente de fazer
pastoral.
A Pastoral dos Enfermos terá como preocupação principal de toda a sua
ação evangelizadora:
• Humanizar e cristianizar os ambientes de tratamento dos doentes.
• Dar um sentido cristão ao sofrimento.
• Atingir o coração do enfermo e aproximá-lo de Cristo.
• Levar o enfermo a tomar uma atitude de fé e esperança perante a
dor
• Fazer do doente um apóstolo pelo exemplo de sofrimento assumido.
Um fator importante para essa Pastoral é ver, aceitar, atingir e tratar o
doente como um todo: físico, psíquico e espiritual.
Para que um doente seja espiritualmente atendido não basta garantir a ele
a visita rápida de algum Ministro da Igreja. É preciso que os profissionais
da saúde estejam preparados, despertados na fé e conscientes de sua
missão cristã junto ao doente.
A Pastoral dos Enfermos deve propiciar mudanças nas estruturas que
atendem os doentes, tanto nos hospitais como nas casas de família, para
fazer destes lugares sinais de Igreja Viva e presença de Cristo junto à
pessoa que sofre.
O papel da Pastoral dos Enfermos é fazer entender que a tarefa de libertar
as pessoas de seus males, de suas doenças, cabe:
•
ao poder público: executando uma política de saneamento básico.
•
à classe médica: tratando o doente como ser humano.
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aos enfermeiros e enfermeiras e outros profissionais da saúde:
fazendo da profissão uma vocação.
•
às escolas de medicina e de enfermagem: profissionalizando e
humanizando os currículos.
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•
aos familiares e amigos: dando ao doente carinho e atenção
permanente.
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aos agentes de pastoral: levando o conforto espiritual.
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aos que visitam o doente: transmitindo uma palavra de otimismo,
amor, solidariedade, esperança.
•
ao próprio doente: assumindo a sua condição e libertando-se.
Compete à Equipe Arquidiocesana de Pastoral dos Enfermos dar
assessoramento na organização dessa Pastoral dentro dos hospitais, casas
de saúde, bem como na criação e animação das equipes paroquiais.
A Equipe de Pastoral dos Enfermos dentro dos hospitais terá, dentre
outras, estas preocupações principais:
•
Defender a vida humana em todos os seus aspectos.
•
Ajudar na formação do chamado "ambiente terapêutico" dentro do
hospital, onde tudo contribui para o bem-estar dos doentes.
•
Humanizar, cristianizar o ambiente, de modo especial as UTIs.
•
Garantir o atendimento religioso dos enfermos.
•
Oferecer oportunidade de formação religiosa aos profissionais do
hospital.
•
Zelar pelo diálogo ecumênico, evitando o mal-estar de interesses
proselitistas (tentativa de forçar mudança de idéia do outro).
Organize-se em todas as paróquias a Pastoral dos Enfermos para o
atendimento domiciliar de todos os doentes que, por terem suas forças
diminuídas pela doença, não podem mais participar da Comunidade e não
podem ficar marginalizados.
A Equipe de Pastoral dos Enfermos na Paróquia terá estas preocupações
principais:
•
Manter uma estatística atualizada dos doentes em seu território.
•
Visitar periodicamente os doentes e acompanhar as suas famílias.
•
Ligar o enfermo e sua família à Paróquia.
• Levar ao doente o conforto dos sacramentos (Confissão, Eucaristia e
Unção dos Enfermos).
A Pastoral dos Enfermos, na Paróquia, deverá incentivar a criação de
associações ou grupos de cultivo de amizade entre os doentes, provocando
encontros entre eles (os que podem se locomover) e a terapia de grupo.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Conteúdo
• O sentido da dor, do sofrimento e da doença, na Bíblia, tanto no
Antigo, como no Novo Testamento.
• Entender a dor e a doença como Jesus entendia.
• A doutrina da Igreja sobre o sofrimento e o seu sentido.
• Documentos da CNBB e outras publicações sobre Pastoral dos
Enfermos e Pastoral da Saúde.
"As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de
hoje sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem... são também as dos
discípulos de Cristo"(G.S. 1).
Celebração
•
Missas, cultos especiais para os enfermos.
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A Unção dos Enfermos e outros Sacramentos.
•
Celebração do dia do Médico, do Enfermeiro, etc...
Vivência e Apostolado
•
A atitude do cristão, do agente da Pastoral dos Enfermos terá que
seguir o exemplo de Jesus.
•
Como Jesus, tratar a doença e o doente sem preconceito, sem
fatalismo, sem manipulação e sem exclusivismo.
•
A omissão na hora da dor, do sofrimento e da doença é inesquecível e
"imperdoável".
“ Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em plenitude” Jo 10,10
18/9/2001
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PASTORAL DOS ENFERMOS
A DOR E O SOFRIMENTO NO CONTEXTO BÍBLICO
(anotações da palestra com o Ronaldo)
As dores e as enfermidades sempre foram consideradas como os maiores
problemas que afligem a consciência dos homens. No Antigo Testamento,
a dor, o sofrimento e a morte são consequências do pecado original.
Mas Deus não criou o homem para sofrer. “Deus viu tudo o que tinha feito,
e tudo estava muito bom” (Gen 1, 31).
Mas com Cristo, que morreu e ressuscitou, a morte adquire conotação de
passagem. A doença, ainda que intimamente ligada à condição de homem
pecador, quase nunca poderá ser considerada como castigo que lhe seja
infligida por seus próprios pecados (Jo 9,3). Não só o próprio Cristo, que é
sem pecado, suportou as dores da sua paixão como continua a padecer e
sofrer em seus membros mais configurados a ele, quando atingidos pelas
provações, que no entanto, nos parecem efêmeras e até mesmo leves,
comparadas à glória eterna que para nós está preparada (2 Cor 4, 17).
Tudo na vida tem seu lado positivo – mas isto precisa ser descoberto. A
dor é parte da geração da vida – o nascimento. A morte é parte da
manutenção da vida: nossos alimentos são feitos de animais e vegetais
mortos. Morrer para si mesmo, desprender-se das coisas materiais, doarse ao próximo. Morte não é mais castigo, mas é fruto da doação e do
trabalho para a vida de outra pessoa.
*************
Jesus vivia rodeado de doentes, e a cada um dava especial atenção. O
povo procura pelo profeta Jesus para que ele cure os doentes (Mc 1,32).
A busca da cura muitas vezes é feita de forma mágica, outras vezes é pela
fé (“Basta eu tocar na sua veste que serei curada” Mc 5, 28).
Um dos sinais do Reino de Deus é a cura dos enfermos, não apenas nesta
vida, mas para a vida eterna.
Jesus perguntava aos doentes o que eles queriam que lhes fosse feito (Mc
10, 51, Lc 18, 41).
Às vezes curou o corpo (sogra de Pedro Mt 8, 14-15). Outras vezes, curou
o espírito (Zaqueu Lc 19, 5-10).
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Outras vezes, apenas com sua presença (Mt 9, 2-22), outras com sua
palavra (Mt 8, 16, Lc 7, 14) e seu perdão (Jo 8, 3-11).
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FRASES QUE NÃO AJUDAM NEM CONSOLAM
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É a vontade de Deus
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Deus nos manda somente aquilo que podemos suportar
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Deus põe à prova aqueles que ele mais ama
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Deus faz o que mais nos convém
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Jesus também sofreu. Por que não você?
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Deus o levou. Precisa dele junto de si.
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Os desígnios de Deus não são nossos desígnios
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Deus não fecha uma porta sem abrir uma janela
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Quando se queixa de Deus, você demonstra pouca fé
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A doença é uma mensagem que Deus envia para que mudemos de vida
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Ânimo, outros estão pior!
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O destino quis assim
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Nascemos para sofrer
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Seja forte, não chore
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O tempo cura todas as feridas
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A visitação não é obrigatóriamente um ato religioso, com leituras e
orações. O importante é estar presente, conversar, ouvir, brincar
(especialmente com crianças). Em certas ocasiões, se não tem o que dizer,
não diga nada!
*********
Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te ver? Responderá o Senhor: “Em
verdade vos digo: cada vez que o fizestes a cada um desses meus irmãos mais
pequeninos, foi a mim que o fizestes”. Mt 25, 39-40.
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PASTORAL DOS ENFERMOS
Anotações da palestra do Dr. Cláudio: A morte.
A Filosofia (modo de ver e entender a vida) surgiu aproximadamente no
século 6 antes de Cristo, na Grécia. Perguntava-se porque a existência do
sofrimento e a morte num mundo perfeito. Até os dias atuais, não há
explicação, a nível filosófico.
O pensamento cristão trouxe uma nova luz ao problema, ao ensinar que
há vida depois da morte. Só à luz da fé é possível entender a morte. Disse
Jesus: Quem quiser seguir-me, pegue a sua cruz e siga-me. O pensamento
cristão é que nos dá força para enfrentar a morte. Só a Filosofia não basta,
e levaria o homem ao suicídio. Temos que dizer ao homem derrotado pelo
sofrimento que esta é a hora de crescer, até o último instante é momento
de crescer.
O suicídio pode ter origem orgânica, mau funcionamento do cérebro. Com
a fé não há suicídio, pois a fé vem da alma, que está além das deficiências
do corpo.
A morte física é consequência da degeneração do corpo. O homem morre
por doença, por acidente ou pela idade avançada. Mas só o ser humano
tem consciência da morte, diferentemente dos animais. O homem nasce
sabendo que vai morrer: motivo da angústia da humanidade. Sem a fé, o
pensamento nos levaria ao suicídio. É a fé que dá um nó no pensamento
filosófico. É a fé que vai levar a tudo que é possível, que é Deus. A morte é
certa, mas temos que mostrar que a fé também é. Precisamos da fé para
chegar a Deus.
O homem não é só corpo, pois apresenta atitudes inesperadas, que só
podem vir de um ser superior, que é diferente, mas somos semelhantes
porque fomos feitos à sua imagem.
O corpo morre, mas a alma é imortal. A fé cristã nega a reencarnação. Não
aceita o ciclo da vida (vive, morre, vive novamente etc). Cremos que após
esta vida estaremos juntos de Deus.
Quando o homem percebe a aproximação da morte, tem comportamento
característico. Ele passa por algumas situações psicológicas, sociais e
espirituais que devem ser orientadas por alguém que o acompanha de
perto.
No aspecto psicológico, as pessoas passam por algumas, ou todas as fases
abaixo:
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
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Negação da doença, do problema; isolamento
Raiva, revolta com a situação que está vivendo, fica agressivo
Permuta, troca, barganha (faz as coisas em troca de outra)
Depressão (sente-se ruim, que não vale nada); pode ter pensamentos
suicidas!
Aceitação: finalmente admite o estado e começam a participar além da
família, levanta a moral
Como desafio social, programa-se para a morte, quando sabe da doença, e
resolve todos os problemas pendentes, prepara o testamento, coloca a
vida em ordem passa por algumas ou todas as seguintes fases:
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Perdoe-me: pede perdão a todos com que se encontra
Perdôo: dá o perdão
Agradeço:
Eu te amo
adeus
Como desafio espiritual, começa a encarar a vida, o que fez, porque está
assim. Há um momento de reflexão intrapessoal (de si mesmo):
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Como está consigo mesmo?
O que essa situação significa?
O que pensa que causou este estado?
Como agiu no passado, em termos religiosos?
O que precisa para curar-se?
Você está bem? O que pode ser feito?
Quais as esperanças para o futuro?
A reflexão interpessoal (entre ele e as pessoas):
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Quem é importante para você? Porque?
Quem se importa com sua doença?
Você tem assuntos pendentes que precisa resolver?
A reflexão transpessoal, a relação da pessoa com Deus:
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Onde você busca forças para viver esta siutação?
O que você tem feito (em termos espirituais)?
O que se pode fazer para ajudar no plano espiritual?
O que você acha que acontece quando morre?
Qual o propósito de sua doença? Para que serve?
O que você acha que está acontecendo agora?
Como foi sua vida? Não gostaria de escrever, gravar, fazer sua
autobiografia?
Estimular conversa com a família para doação de órgaõs.
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PASTORAL DOS ENFERMOS
O MINISTRO
A Igreja reconhece a existência de ministérios, que são funções e ofícios
exercidos pelos seus pastores, em virtude do sacramento da Ordem.
Assim, o sacramento da Crisma só pode ser administrado por um bispo. O
sacramento da Confissão pode ser administrado por um padre. Diz-se
então que esses ofícios são próprios de um ministro ordinário.
No entanto, sob certas circunstâncias, podem atuar como ministros
extraordinários, agentes que em condições normais não poderiam exercer
essas funções. Por exemplo, um bispo pode delegar a um padre a
administração da Crisma, numa ocasião específica, ou uma pessoa
qualquer (desde que batizada) realizar um Batismo em caso de grave risco
de morte de um recém nascido, por exemplo.
O bispo, o presbítero e o diácono são os ministros ordinários da Sagrada
Comunhão. Na sua ausência , podem atuar como ministros extraordinários
o acólito instituído ou o fiel para tanto designado.
O MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DA SAGRADA COMUNHÃO
Um padre pode nomear pessoas não ordenadas, como ministros
extraordinários, com isso atendendo uma necessidade da comunidade. Por
exemplo: missa com participação numerosa de fiéis que desejam receber a
Comunhão ou no atendimento aos enfermos. Tratam-se de situações
excepcionais e imprevisíveis.
No caso de atuar como ministros extraordinários de maneira estável, é
necessária autorização do bispo diocesano. Nestes casos, o fiel designado
para este encargo deve ser devidamente instruído sobre a doutrina
eucarística, a índole do serviço, as rubricas que deve observar.
(INSTRUÇÃO ACERCA DE ALGUMAS QUESTÕES SOBRE A COLABORAÇÃO DOS FIÉIS
LEIGOS NO SAGRADO MINISTÉRIO DOS SACERDOTES, Edições Paulinas)
ORIENTAÇÕES SOBRE MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS
Critérios para admissão de ministros
1. Os novos ministros devem ser indicados pela comunidade e
aprovados pelo pároco;
2. Os novos ministros devem ter boa vivência cristã, participação ativa
na comunidade e estejam de acordo com os ensinamentos da Igreja;
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3. Os novos ministros devem ser pessoas de boa reputação pelo seu
modo cristão de viver;
4. Se forem casados, os novos ministros devem estar bem com sua
vida familiar e contar com o apoio da família;
5. Os novos ministros deverão ter preparação adequada através de
experiência prática, participação nos cursos da diocese, participação
nos encontros;
6. Os novos ministros devem ter um grau de cultura suficiente para se
comunicar e exercer bem seu ministério;
7. O mandato é dado ao novo ministro para ser exercido na própria
paróquia;
8. Os novos ministros receberão o mandato por escrito do bispo
diocesano, por um período de até cinco anos;
9. O ministro poderá ter o mandato renovado mediante solicitação do
pároco;
10. Quem possui mandato conferido por outra diocese só poderá exercêlo nesta diocese mediante solicitação do pároco.
Atribuições do Ministro Extraordinário
1. Ajudar o sacerdote e o diácono a distribuir a Comunhão nas missas
quando o número de fiéis o exigir;
2. Distribuir a Comunhão a si e aos outros fiéis nos cultos por ele
presididos;
3. Levar a Comunhão aos doentes em casa e nas instituições de saúde;
4. Dirigir o culto litúrgico na ausência do sacerdote;
5. Pregar a palavra de Deus na ausência do sacerdote, durante o culto
dominical;
6. Presidir as orações nos funerais, na ausência do sacerdote ou
diácono;
7. Expor o Santíssimo Sacramento nas adorações, sem dar a bênção do
Santíssimo (que é própria do presbítero);
8. Fazer orações junto aos agonizantes, sem dar a Unção dos Enfermos,
a qual é reservada aos sacerdotes;
9. Dar as bênçãos facultadas também aos leigos, segundo o Ritual de
Bênçãos;
10. Fazer parte integrante da Equipe de Liturgia;
11. Estar atento às necessidades da comunidade e promover a união de
todos.
Veste e objetos
Os ministros extraordinários da Comunhão deverão usar a opa durante as
suas funções, na cor e modelo escolhidos pela paróquia. É necessário que
tenham mangas compridas e um emblema eucarístico. Para levar a
Comunhão aos doentes o ministro usará uma teca e o corporal, e uma
carteirinha de identificação fornecida pela paróquia
(RITUAL DO MINISTRO EXTRAORDINÁRIO, Editora Vozes)
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PASTORAL DOS ENFERMOS
ENFRENTANDO UMA SITUAÇÃO DE MORTE
Anotações da palestra da psicóloga Irani Bertoldo
Não tem sentido falar de morte, se não soubermos o que é vida! Só morre
o que está vivo. Na Natureza, animais, vegetais, pessoas, tudo o que vive
também morrerá. A morte é um aspecto da vida, como o nascer e o
crescer. Cada dia vivido é um dia a menos na existência do ser humano.
Cada dia está mais próximo da morte. Se a morte é um processo natural,
porque o medo?
Jesus disse: “Amai os outros como a vós mesmos”. Então, para amar outra
pessoa, antes de tudo tenho que aprender a me amar!
Deus fez os homens, seres sociais: vivemos em sociedade, precisamos
estar um com o outro, precisamos um do outro. Se nos isolamos,
morremos. Primeiro vem a morte mental, intelectual ou espiritual, depois
vem a morte física.
Mas a sociedade também coloca barreiras, estabelece normas de
comportamento. As relações de amizade de homem e mulher são
consideradas normais, mas a relação de homem com homem e de mulher
com mulher geralmente geram comentários. Da mesma forma, falar alto,
rir alto, ter modos muito diferentes do que se considera normal, costuma
causar certas situações embaraçosas. Diante de tantas barreiras que a
sociedade nos coloca, como dar atenção para quem necessita de nós?
Morte é o limite. Morte é a impotência. Morte é a incapacidade de reagir. A
partir desse momento, não se pode fazer mais nada.
Há pessoas que podem ser chamadas tóxicas: para elas todo dia é ruim,
todo dia dói em algum lugar, não acredita em ninguém, é incapaz de ser
uma boa companhia. Para essas pessoas, a morte (espiritual) está
próxima. Os sentimentos morrem, como o corpo. Pessoas negativas, sem
esperança, como se diz, “Está em pé. Só falta mesmo morrer.”
Ao se vivenciar uma situação de morte, aprende-se muito, e muitas vezes
parte-se para ações positivas. Quantos casos são conhecidos em que:
•
Após a morte de um ente querido por uma doença específica, os
familiares partem para ajudar outras pessoas na mesma situação?
•
Após a morte provocada por acidente de trânsito, a família inicia
campanha para melhorar a região onde mora, com melhor sinalização?
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
•
Após a morte provocada por assalto, os familiares fundam associação de
vítimas da violência urbana?
Não é negando uma realidade que ela se resolve. Ao contrário, é vivendo e
enfrentando que a solução aparece.
O corpo de uma criança, que brinca e vive como criança, precisa morrer,
para “nascer” o corpo de um adolescente. É nesta fase da vida que
ocorrem as maiores transformações no corpo. Vida e morte são indícios de
transformação.
O corpo adolescente morre, para nascer o adulto. Há grandes e novas
experiências, especialmente ligadas à responsabilidade. Os sentimentos da
infância e da adolescência morrem. Daí o medo do jovem. A escolha da
profissão. O novo emprego. O casamento.
A “perda” do filho quando começa a namorar, quando fala em casar. A dor
é por causa da separação, da perda da “posse”. Os filhos casam, a vida
avança e muda. Entramos na “terceira idade”. Nesta fase, escondemos a
idade. Percebe-se a aproximação da morte.
Assim, vivemos acumulando bens, vendo-os ir embora. O mais difícil é
quando a perda envolve a perda de TODOS os bens materiais, dinheiro,
conquistados durante uma vida de trabalho. Por isso, a morte assusta
tanto. Quanto mais apego às coisas da vida, maior a dificuldade em
enfrentar uma situação de morte. Porque com a morte, nada disso se leva.
O que podemos levar com a morte? Amor, carinho, bons momentos
vividos.
O que fazer diante de uma pessoa que está à porta da morte?
•
Levar alegria, conforto e esperança, lembrar os bons momentos da
vida, que fizeram a vida valer a pena!
•
Simplesmente ouvir! A pessoa pode estar querendo ser ouvida!
•
Simplesmente dar a mão! Demonstrar amor, carinho, calor humano,
transmitindo a mensagem: ”Estou aqui! Não tenha medo! Não se
preocupe!”
O medo é uma reação do ser humano frente ao desconhecido. Medo de
casar (será que vai dar certo?). Medo do parto (vai doer?). Medo de viajar
em avião (o mecânico está no chão!). Medo da morte (o que vem depois)?
****************
Filmes recomendados:
Um golpe do destino
Patch Adams – o amor é contagioso
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
25/10/2001
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
PRIMEIRO ENCONTRO DOS
MINISTROS
EXTRAORDINÁRIOS DOS
ENFERMOS
Anotações dos principais pontos das palestras
O MINISTÉRIO LEIGO
teólogo João Santiago
Antes do Concílio Vaticano II, iniciado em 1962, durante o papado de João
XXIII, o leigo não podia nem mesmo pisar no presbitério. Com o Concílio,
encerrado em 1965, já sob o papado de Paulo VI, as portas foram abertas
ao trabalho leigo, o povo de Deus, para crescer e caminhar.
Surgiram os ministérios. Ministro significa servidor. Jesus disse: “Eu não
vim para ser servido, mas para servir.”
A vida do leigo deve testemunhar a fé. A ação do servidor deve ser de
compromisso com a comunidade e com a Igreja. Servir com vocação.
O Código do Direito Canônico estabelece os direitos do leigo dentro da
Igreja, e as condições para que o leigo atue, entre outros, como ministro
extraordinário da Eucaristia. Há ministros estáveis, ministros por período
determinado e ministro para um momento.
Como deve ser a vida do ministro? Deve ser uma só! Não pode agir de
uma forma no altar, e de outra na vida normal. O mais importante é o
espírito de fé. Deus o escolheu para servir da forma como você sempre foi.
A vida cristã deve ser exemplar, dedicados e humildes no ministério. Ter
sólida piedade eucarística. Que vivam em alegre comunhão espiritual e
com o padre. Devem ser agentes de união dentro e fora da comunidade.
Devem saber os princípios teológicos. Erradamente, testemunhamos Jesus
ressuscitado e dialogamos reencarnação. (por ex: dizemos “sofreu tanto
nesta vida . . .”, “ o inferno é aqui mesmo . . .”. Não há outra vida, há
transformação da vida.
A carta aos hebreus define claramente o que é sacerdócio ministerial e
sacerdócio comum. Com o Batismo, somos eleitos a ser sacerdotes,
profetas e reis.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
É preciso crescer conscientemente na fé. Procurar informação. Não pode
ser um ministro burro. (por ex: dizer que “a Eucaristia vai curar tudo”, e o
doente deixa de tomar seus remédios . . .).
PROGRAMA DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR
enfermeiro Roberto
Programa Médico da Família – desenvolvido pela prefeitura de S Caetano:
•
Atendimento domiciliar para maiores de 65 anos
•
Atendimento para pessoas com dificuldade de locomoção
•
Um médico para cada região (norte, sul, leste e oeste da cidade)
•
Projeto em desenvolvimento: programa de internação domiciliar
(PID) com médico em casa
Atendimento:
Programa Médico da Família
Rua Peri, 235
fone: 4224-5307
OS MINISTÉRIOS LEIGOS
ministro da Comunhão Extraordinária e da Palavra Antonio César Teixeira
O servidor não deve envaidecer-se do serviço que desempenha. Quem
deve aparecer é Jesus, não o servidor. O Catecismo da Igreja Católica
(CIC), em seu parágrafo 900, diz: os leigos têm a obrigação e o direito de
trabalhar para que a mensagem da salvação seja conhecida por toda a
terra. No parágrafo 785, diz: o povo santo de Deus participa da missão
profética de Cristo.
O responsável pela paróquia é o padre. O ministro extraordinário tem que
acatar as ordens do padre. Ao atingir a idade de 75 anos, o padre pode
pedir renúncia. O bispo pode aceitar ou não o pedido do padre, em função
da disponibilidade ou das necessidades da diocese.
Numa celebração, na ausência de um ministro, tem sempre um outro
presente, que cobre sua falta. No atendimento a um doente, não pode
haver falha, pois não tem outro imediatamente para substituir. O doente
sente falta. O ministro não deve ser um papa-hóstia. Sua participação
deve ser dialogar e ouvir o que Jesus tem para lhe dizer. Pedir forças para
o dia a dia, para a semana, para o trabalho que vai desempenhar.
Não tem sentido, nem é permitido, “passear” com a teca contendo a hóstia
consagrada. Ao pegar uma hóstia no sacrário, deve ser levada
imediatamente ao doente. Incentivar o doente a receber outros
sacramentos: confissão, unção dos enfermos, além da comunhão.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Programar celebração de missas especiais com os enfermos (com aqueles
que tenham condição de locomover-se até a igreja)
Cuidado com os excessos. Ministro extraordinário não é padre. Os
ministros extraordinários são designados para situações especiais de
necessidade e onde não tem padre.
Ministro extraordinário do batismo: nomeação extraordinária (durante uma
viagem do padre, por exemplo).
Parágrafo 1669 do CIC: todo batizado é chamado a ser uma bênção e a
abençoar. Ministro extraordinário da bênção é aquele que pode dar as
bênçãos conforme prevê o Ritual das Bênçãos.
Palavras de bênção devem estar sempre em nossa boca, independente do
ministério.
Ministro de cerimônias fúnebres é aquele a quem é delegada a função de
acompanhar e celebrar os rituais fúnebres.
Ministro do matrimônio é um representante legal (testemunha qualificada
do matrimônio). Deve ter uma ordem especial do bispo para exercer esta
função.
Devemos aproveitar os momentos em que pessoas não acostumadas a
participar da Igreja estejam presentes, para evangelizar (ex: missas de 7º
dia, velórios, visitas à família do doente).
Estas funções são cargos designados para servir. E os cargos, do mesmo
modo que são dados, podem ser retirados. É necessário dignidade e
vivência cristã para o desempenho dessas funções
A PASTORAL DA SAÚDE
Padre Beto (Roberto Alves Marangon)
A Pastoral da Saúde tem três dimensões.
A dimensão solidária, também chamada Pastoral dos Enfermos, é a que
promove visita aos enfermos e o acompanhamento da família do doente.
A dimensão comunitária procura produzir medicamentos alternativos,
alimentação natural, atendimento à gestante e à criança.
A dimensão jurídico-institucional atua nos conselhos de saúde (municipais
e estaduais).
A paróquia de São Bento é a coordenadora das Pastorais da Saúde em São
Caetano do Sul, e tem um registro completo de todos os doentes da
cidade, incluindo endereço e situação. Cada paróquia receberá uma lista
dos doentes em sua área, e a cada nova entrada ou saída de nomes nesta
lista deverá ser comunicada à coordenação.
15
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
A UNÇÃO DOS ENFERMOS
Padre Beto (Roberto Alves Marangon)
Com o passar da história, esse sacramento sofreu variação na forma de
administração. Antes do Concílio Vaticano II, era chamado Extrema Unção,
pois era administrado quando o doente estava à beira da morte.
Modernamente se recomenda a unção quando se está doente (não
moribundo!), como fortalecimento contra os sentimentos negativos que a
doença traz, e também antes de cirurgias delicadas. A matéria do
sacramento é o óleo. A unção serve para dar força, agilidade a um
confronto da vida contra a morte. Em termos de fé, nos dá agilidade para
nos aproximarmos de Deus.
Na carta de São Tiago 5,14-15 está o fundamento bíblico para o
sacramento da Unção dos Enfermos. Este Sacramento só é administrado
por um presbítero (diácono, padre, bispo) porque também perdoa os
pecados. Unge-se a fronte e as mãos (às vezes também os pés) com óleo.
Não há idade mínima para receber o Sacramento. A Igreja recomenda que
acima de 65 anos sejam ungidos os fiéis, a cada ano, para preparar a
chegada do dia da transformação, e dar forças ao indivíduo e ao espírito.
O óleo utilizado é o óleo de oliva (de preferência, mas pode ser qualquer
óleo vegetal puro) que foi benzido pelo bispo na Quinta-feira Santa, na
cerimônia da Bênção dos Santos Óleos, especificamente para atender os
enfermos.
Extraordinariamente, quando acaba o óleo, o padre pode benzer uma
pequena quantidade de óleo para administrar a unção ao doente.
É necessário que a pessoa que recebe o Sacramento esteja consciente,
para participar das orações, conversar, como prescrito no ritual da Unção
dos Enfermos.
Pode-se administrar a unção mais de uma vez. A cada nova doença ou a
cada agravamento da saúde, e de tempos em tempos nos casos de
doenças crônicas.
No Batismo, recebe-se duas unções com óleo: a unção com óleo dos
Catecúmenos (no peito), e depois com o óleo do Crisma (na fronte).
RECOMENDAÇÕES, PERGUNTAS E RESPOSTAS
Preparar a pessoa para a visita do padre, para não dar a impressão de
mau agouro. Preparar para receber os Sacramentos.
O doente precisa pedir e aceitar receber os sacramentos. A iniciativa não
deve partir da família para chamar o padre. Precisa trabalhar essa decisão.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Se a família não quer que chame o padre (por ex, porque são de outra
religião), mas o doente quer, é necessário trabalhar a família para
respeitar a vontade do doente.
Não se administra Eucaristia nem Unção a pessoas inconscientes, com
sonda nasogástrica, com esclerose, quando não estão conscientes do que
estão recebendo. Nestes casos, apenas se faz a visita.
Não se pode guardar a Eucaristia em casa (por ex: não encontrou o
doente). O certo é devolver a partícula ao Sacrário. Se não for possível (a
igreja está fechada), o ministro deve consumir a hóstia.
Comunhão só para o doente, que não pode ir até a igreja. Os familiares
não podem receber a comunhão em casa.
Para iniciar as visitas e levar a comunhão a um doente, primeiro o padre
precisa visitar o doente para conhecê-lo, atender a uma confissão. Depois
disso os ministros podem levar a comunhão com a frequência que o padre
recomendar (cada semana, 15 dias etc).
Se a partícula cair no chão e não se contaminou nem sujou, pode-se
consumir a hóstia (o ministro, para não causar má impressão ao doente).
Se sujou, diluir em água limpa e despejar na terra (não no esgoto!).
Em todas essas situações, reagir com naturalidade e equilíbrio. Reação
racional e não emocional.
Uma parturiente pode receber a Unção dos Enfermos, em caso de gravidez
de risco, mas o mais adequado é uma bênção prevista no ritual de bênçãos
e sacramentais.
O ministro não é um juiz. Não pode negar um Sacramento a uma pessoa
que se aproxima da Eucaristia. Não julgar uma pessoa mal vestida, bêbada
ou fora de juízo, enfim, pelas aparências. Se necessário, aconselhar essa
pessoa em outra hora. Exceção em caso óbvio de falta de lucidez sobre o
que está recebendo no momento.
Não usar o momento da visita à família para dar bronca. Privilegiar o
momento para o encontro com Deus.
A VISITAÇÃO AOS DOENTES
Pe Alex Sandro Camilo
O espaço do leigo é o mundo (Concílio Vaticano II).
Quando vamos fazer uma visita, é para levar Jesus. Por isso, devemos
atender a alguns requisitos importantes:
•
Primeira exigência para o visitador: equilíbrio psicológico. São cenas
comuns fratura exposta, feridas mal cheirosas, sondas . . .
17
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
•
Precisa ser sensível: perceber o estado da pessoa. Não dizer “Oi, tudo
bem?” nem “Como você está mal hoje . . .”. Melhor é dizer “Como você
está se sentindo hoje?
•
Precisa ter vivência comunitária: vai levar testemunho de fé e de vida
em comunidade.
•
Precisa ter boa preparação de fé: sempre ter mensagem de esperança e
de fé, nunca sentimentos negativos.
•
Precisa ter mentalidade aberta: sensibilidade para discernir, sem julgar,
sem preconceitos. A visita é para mostrar que estamos ao lado do
doente para melhorar sua saúde.
•
Precisa trabalhar em equipe: Jesus chamou 12 homens para ajudá-lo.
Não trabalhar sozinho, mas em equipe, para atender os doentes. Os
doentes são o objeto da pastoral da comunidade. Nunca são “meus
doentes”. Por isso, recomenda-se trocar de agentes (fazer rodízio) a
cada dois meses, para evitar apego excessivo à pessoa, evitar
dependência.
•
Precisa boa comunicação com o padre, com a equipe e com o doente.
Tem que sorrir sempre. Não pode medicar nunca (tome esse remédio,
esse chá . . .).
•
Precisa ter bom relacionamento com o doente: tratar com carinho,
atenção, simplicidade, sem nojo, tratar como ser humano, que sente,
chora, ri, que precisa falar e que quer ser ouvido.
•
Precisa ter bom relacionamento com a família. O doente costuma ser
jogado em lugar ruim, mal ventilado, sujo . . . Precisa conscientizar a
família da necessidade de tratar melhor o doente, para poder melhorar
sua saúde. No entanto, NÃO PODE INTERFERIR.
•
Precisa ter bom relacionamento com os agentes da saúde dos hospitais:
médicos, enfermeiros, auxiliares. Visitar primeiro os últimos quartos,
que são os menos vistos. Respeitar a convicção religiosa, se os outros
não forem católicos.
•
O agente da Pastoral dos Enfermos tem que ser um homem ou mulher
de oração. Rezar sempre pela equipe, pelos doentes, pelas famílias,
pelo crescimento espiritual do grupo, para usar as palavras certas.
Palavras que devemos evitar durante as visitas:
•
É a vontade de Deus. Deus sabe o que faz.
(doença não é a vontade de Deus, é consequência da natureza humana
ou da sua irresponsabilidade ex: acidente com veículo em alta
velocidade).
•
Deus dá o frio conforme o cobertor.
(então Deus é injusto, pois dá mais frio para uns que para outros).
18
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
A cruz não é sinal de sofrimento, mas de salvação.
Criança excepcional não é culpa de Deus. É limitação da biologia
humana. Não é um peso para os pais, é oportunidade para aproximar a
família a Deus.
Amemos quem precisa de nós. Isso vale mais que todas as missas.
•
Deus prova aqueles que ama
(Deus não quer sofrimento!)
•
Coragem, precisa ser forte!
(devemos nos compadecer do sofrimento da outra pessoa).
•
Coragem, Deus vai te curar!
(cuidado, não prometa coisas assim).
•
Enquanto existe vida, existe esperança.
(e a pessoa está agonizando?)
•
É preciso sofrer para ir ao céu.
(e as pessoas que morrem dormindo?)
27/10/2001
************
19
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
PASTORAL DOS ENFERMOS
Anotações das orientações do atendente da ABCEL, Nilson
Atitudes que devem ser tomadas em caso de óbito:
1- Morte violenta: obrigatório encaminhar corpo ao IML para determinação
da causa da morte.
2- Pessoa saudável morre em casa: chamar delegacia e fazer boletim de
ocorrência (BO). O corpo não deve ser retirado antes da chegada da
polícia. Será enviado ao IML para determinação da causa da morte.
3- Pessoa doente morre em casa: o médico que a acompanhava dará o
atestado de óbito, indicando a causa da morte.
4- Pessoa doente morre no hospital: o médico que acompanhava o doente
assinará o atestado de óbito.
5- Óbito ocorrido após ocorrência de fratura: é obrigatório encaminhar o
corpo ao IML.
6- Nenhum médico de hospital pode dar atestado de óbito se a morte
ocorrer em até 48 horas após a internação no hospital.
7- Cadáver não pode ser transportado em ambulância.
8- Cremação: é necessário duas testemunhas dessa vontade do falecido e
atestado de óbito assinado por dois médicos ou fazer declaração em
vida.
Em SCS, chamar polícia pelo fone 199. Em outras cidades, 190.
Funerárias não podem solicitar atestado de óbito.
O exposto acima é previsto em lei, e a execução das análises num corpo
pode demorar. Por isso, as famílias procuram médicos conhecidos para
obter o atestado de óbito, e com isso perdem menos tempo nos rituais
fúnebres. Deve-se deixar claro que essas são atitudes que visam o
conforto da família (rapidez na liberação do corpo para o enterro) e não o
cumprimento das leis.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
PASTORAL DOS ENFERMOS
São Caetano do Sul, 8 de novembro de 2.001.
Escopo do Trabalho:
1. Procedimentos na constatação de óbito
2. Breves Noções sobre o Direito a Assistência Religiosa
e Garantias e Direitos Fundamentais.
1. Dos procedimentos a serem tomados quando da constatação de óbito
Durante o exercício da atividade proposta por este grupo, notadamente
quando realizadas na residência do doente/idoso, ao ser contatado um
óbito, a única providência a ser tomada é o contato com o distrito policial
mais próximo ou com o 190.
A autoridade policial estará comparecendo ao local e encaminhando ao
corpo ao SVO (Serviço de Verificação de Óbito). Este serviço tem por
finalidade a apuração das causas da morte da pessoa.
Tal procedimento faz-se importante, uma vez que é obrigação da
Administração Pública zelar pela saúde de seus administrados. Ressalte-se
que este procedimento é obrigatório para todo óbito.
Por intermédio deste serviço, há a possibilidade de ser constatada uma
morte por doença infecto contagiosa, intoxicação pelo uso de remédio ou
consumo de determinado alimento, entre outros, tomando as medidas
legais e administrativas adequadas para a proteção da comunidade.
Após o encaminhamento do corpo pela autoridade policial ao SVO, todos os
demais procedimentos são tomados pelos familiares ou pela própria
Administração Pública:
1. Após a verificação do óbito, a família tem um prazo de 72 (setenta
e duas) horas para reclamar o corpo, o que deverá ser feito
mediante a apresentação de documentos do falecido e
comprovação de vínculo de parentesco com o mesmo. Após a
liberação, a família poderá providenciar o sepultamento;
2. Decorrido o prazo de 72 horas sem haver o comparecimento de
nenhum parente, a Administração Pública estará providenciando o
sepultamento do corpo em cemitério da Prefeitura.
21
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
3. Tais providências também poderão ser tomadas por amigos desde
que esteja de posse dos documentos originais do falecido e
mediante autorização do Delegado de Polícia.
Em nenhum momento é permitido “mexer” nos pertences do falecido. O
único procedimento a ser tomado é a comunicação do óbito à polícia.
Assim, é aconselhável que este grupo providencie o cadastro das pessoas
assistidas, contendo seus dados pessoais, nomes dos parentes mais
próximos e telefone para contato.
Há hipótese de pessoa que resida sozinha, tendo o grupo a certeza de que
a pessoa encontra-se em sua residência mas não responde aos chamados
da campainha, deve ser solicitado o comparecimento da autoridade policial
para verificação.
Nunca proceder com o “arrombamento” da porta. Este procedimento é de
competência da polícia.
Entretanto, na hipótese de prestação de socorro, ou seja, se a pessoa corre
perigo iminente, atual, tal procedimento é permitido.
2. Breves Noções sobre Direitos Humanos e o Direito à liberdade de
religião
Direitos e garantias individuais são aqueles que expressam e contêm as
condições básicas da pessoa humana, ou seja, qualquer indivíduo é
portador de tais direitos e a causa principal do reconhecimento, pela
sociedade, de tais direitos em favor do indivíduo é de ordem religiosa.
Uma grande contribuição desse reconhecimento é atribuída ao
Cristianismo, com a idéia de que cada pessoa é criada à imagem e
semelhança de Deus, portanto, ha igualdade fundamental entre todos os
homens.
Já na Idade Média haviam pensadores cristãos que distinguiam três
espécies de normas (leis): a lei divina (advinda dos mandamentos e dos
ensinamentos da Bíblia), a lei natural (inerente ao indivíduo em razão da
natureza) e a lei positiva (criada pelos Reis para regramento da própria
sociedade).
Desde então sempre se tentou conciliar as leis divinas e as positivas.
22
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Pela própria evolução histórica das sociedades, os direitos individuais além
de se tornarem muito mais amplos e complexos, também acabaram se
tornarem uma questão de interesse internacional.
Assim, em 1.948 foi instituída a Declaração Universal dos Direitos do
Homem, que dividiu estes direitos individuais em quatro ordens:
a)
Direitos pessoais do indivíduo: vida, liberdade e segurança;
b)
Direitos do indivíduo em sociedade: nacionalidade, asilo político,
livre circulação, residência e propriedade;
c)
Direitos públicos: liberdade de pensamento, de consciência e
religião, de opinião e de expressão; de reunião e associação;
d)
Direitos econômicos e sociais: trabalho, sindicalização, repouso e
educação.
Interessa-nos os direitos públicos, notadamente no que concerne à
religião.
De acordo com o artigo 18 da declaração Universal dos Direitos do
Homem:
“Todo homem tem direito a liberdade de pensamento, consciência e
religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a
liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática,
pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em
particular.”
Em verdade, o trabalho deste grupo é importante uma vez que acaba por
viabilizar o exercício de um direito inerente ao ser humano, devidamente
protegido internacionalmente.
Seguindo este conceito, a Constituição Federal de 1.988 não deixou de
observar o direto dos brasileiros à prática religiosa.
Primeiramente, em seu artigo 4º, inciso II, dispõe:
“A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais
pelos seguintes princípios:
II – prevalência dos direito humanos;”
Pois bem, por este dispositivo, em havendo conflito entre a lei brasileira e
o ordenamento de outro país, prevalece o regulamentado pela Declaração
23
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Universal dos Direitos Humanos, que garante, em seu art.18, a liberdade
de escolha e exercício da religião.
Não obstante, em seu artigo 5º, que trata dos direitos e garantias
fundamentais (acima explicitados), a Constituição dispõe que “ninguém
será privado por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica, salvo
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta (...)”
Ou seja, a opção pela religião assim como o seu exercício são plenos e
fazem parte de um rol amplo de direitos e garantias inerentes ao homem,
aos quais a Constituição Brasileira de 1.988 reservou um grande espaço,
com o principal intuito de servir como mecanismo de afirmação dos
Direitos Humanos e, mais que isso, assegurar a sua inviolabilidade.
Sem estes direitos, a Constituição seria um aglomerado de normas que
somente teriam em comum o fato de estarem inseridas num mesmo texto
legal; sendo certo que, onde não existir Constituição não haverá direitos
fundamentais.
Entretanto, mesmo em tendo a humanidade regulamentado a existência
dos direitos fundamentais do homem, o maior problema enfrentado nos
dias de hoje não consiste em reconhecer a existência destes direitos, mas
sim em protegê-los.
Com este trabalho, muito mais do que oferecer assistência religiosa àquele
impedido de exercer sua religião, este grupo acaba por viabilizar o
exercício de um direito inerente ao ser humano e reconhecido por toda a
humanidade.
Que Deus abençoe o trabalho de vocês.
Aline Mazzolin Ferreira
Advogada
Tel. Com.: 4990-9373
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
DIREITOS DO PACIENTE
1. O paciente tem direito a atendimento humano, atencioso e respeitoso,
por parte de todos os profissionais de saúde. Tem direito a um local
digno e adequado para seu atendimento.
2. O paciente tem direito a ser identificado pelo nome e sobrenome. Não
deve ser chamado pelo nome da doença ou do agravo à saúde, ou
ainda de forma genérica ou quaisquer outras formas impróprias,
desrespei-tosas ou preconceituosas.
3. O paciente tem direito a receber do funcionário adequado, presente no
local, auxílio imediato e oportuno para a melhoria de seu conforto e
bem-estar.
4. O paciente tem direito a identificar o profissional por crachá preenchido
com o nome completo, função e cargo.
5. O paciente tem direito a consultas marcadas, antecipadamente, de
forma que o tempo de espera não ultrapasse a trinta (30) minutos
6. O paciente tem direito de exigir que todo o material utilizado seja
rigorosamente esterilizado, ou descartável, e manipulado segundo as
normas de higiene e prevenção.
7. O paciente tem direito de receber explicações claras sobre o exame a
que vai ser submetido e para qual finalidade irá ser coletado o
material para exame de laboratório.
8. O paciente tem direito a informações claras, simples e compreensíveis,
adaptadas à sua condição cultural, sobre as ações diagnósticas e
terapêuticas, o que pode decorrer delas, a duração do tratamento, a
localização de sua patologia, se existe necessidade de anestesia, qual
o instrumental a ser utilizado e quais regiões do corpo serão afetadas
pelos procedimentos.
9. O paciente tem direito a ser esclarecido se o tratamento ou o
diagnóstico é experimental ou faz parte de pesquisa, e se os benefícios
a serem obtidos são proporcionais aos riscos, e se existe probabilidade
de alteração das condições de dor, sofrimento e desenvolvimento da
sua patologia.
10. O paciente tem direito de consentir ou recusar a ser submetido à
experimentação ou pesquisas. No caso de impossibilidade de
expressar sua vontade, o consentimento deve ser dado por escrito por
seus familiares ou responsáveis.
11. O paciente tem direito a consentir ou recusar procedimentos,
diagnósticos ou terapêuticas a serem nele realizados. Deve consentir
de forma livre, voluntária, esclarecida com adequada informação.
Quando ocorrerem alterações significantes no estado de saúde inicial
ou da causa pela qual o consentimento foi dado, este deverá ser
renovado.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
12. O paciente tem direito de revogar o consentimento anterior, a qualquer
instante, por decisão livre, consciente e esclarecida, sem que lhe
sejam imputadas sanções morais ou legais.
13. O paciente tem o direito de ter seu prontuário médico elaborado de
forma legível e de consultá-lo a qualquer momento. Este prontuário
deve conter o conjunto de documentos padronizados do histórico do
paciente, princípio e evolução da doença, raciocínio clínico, exames,
conduta terapêutica e demais relatórios e anotações clínicas.
14. O paciente tem direito a ter seu diagnóstico e tratamento por escrito,
identificado com o nome do profissional de saúde e seu registro no
respectivo Conselho Profissional, de forma clara e legível.
15. O paciente tem direito de receber medicamentos básicos, e também
medicamentos e equipamentos de alto custo, que mantenham a vida e
a saúde.
16. O paciente tem o direito de receber os medicamentos acompanhados
de bula impressa de forma compreensível e clara e com data de
fabricação e prazo de validade.
17. O paciente tem o direito de receber as receitas com o nome genérico
do medicamento (Lei do Genérico), e não em código, datilografadas ou
em letras de forma, ou com caligrafia perfeitamente legível, e com
assinatura e carimbo contendo o número do registro do respectivo
Conselho Profissional.
18. O paciente tem direito de conhecer a procedência e verificar antes de
receber sangue ou hemoderivados para a transfusão, se o mesmo
contém carimbo nas bolsas de sangue atestando as sorologias
efetuadas e sua validade.
19. O paciente tem direito, no caso de estar inconsciente, de ter anotado
em seu prontuário, medicação, sangue ou hemoderivados, com dados
sobre a origem, tipo e prazo de validade.
20. O paciente tem direito de saber com segurança e antecipadamente,
através de testes ou exames, que não é diabético, portador de algum
tipo de anemia, ou alérgico a determinados medicamentos
(anestésicos, penicilina, sulfas, soro antitetânico, etc.) antes de lhe
serem administrados.
21. O paciente tem direito a sua segurança e integridade física nos
estabelecimentos de saúde, públicos ou privados.
22. O paciente tem direito de ter acesso às contas detalhadas referentes às
despesas de seu tratamento, exames, medicação, internação e outros
procedimentos médicos. (Portaria do Ministério da Saúde nº1286 de
26/10/93- art.8º e nº74 de 04/05/94).
23. O paciente tem direito de não sofrer discriminação nos serviços de
saúde por ser portador de qualquer tipo de patologia, principalmente
no caso de ser portador de HIV / AIDS ou doenças infectocontagiosas.
24. O paciente tem direito de ser resguardado de seus segredos, através
da manutenção do sigilo profissional, desde que não acarrete riscos a
terceiros ou à saúde pública. Os segredos do paciente correspondem a
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
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tudo aquilo que, mesmo desconhecido pelo próprio cliente, possa o
profissional de saúde ter acesso e compreender através das
informações obtidas no histórico do paciente, exames laboratoriais e
radiológicos.
O paciente tem direito a manter sua privacidade para satisfazer suas
necessidades fisiológicas, inclusive alimentação adequada e higiênicas,
quer quando atendido no leito, ou no ambiente onde está internado ou
aguardando atendimento.
O paciente tem direito a acompanhante, se desejar, tanto nas
consultas, como nas internações. As visitas de parentes e amigos
devem ser disciplinadas em horários compatíveis, desde que não
comprometam as atividades médico / sanitárias. Em caso de parto, a
parturiente poderá solicitar a presença do pai.
O paciente tem direito de exigir que a maternidade, além dos
profissionais comumente necessários, mantenha a presença de um
neonatologista, por ocasião do parto.
O paciente tem direito de exigir que a maternidade realize o "teste do
pezinho" para detectar a fenilcetonúria nos recém-nascidos.
O paciente tem direito à indenização pecuniária no caso de qualquer
complicação em suas condições de saúde motivadas por imprudência,
negligência ou imperícia dos profissionais de saúde.
O paciente tem direito à assistência adequada, mesmo em períodos
festivos, feriados ou durante greves profissionais.
O paciente tem direito de receber ou recusar assistência moral,
psicológica, social e religiosa.
O paciente tem direito a uma morte digna e serena, podendo optar ele
próprio (desde que lúcido), a família ou responsável, por local ou
acompanhamento e ainda se quer ou não o uso de tratamentos
dolorosos e extraordinários para prolongar a vida.
O paciente tem direito à dignidade e respeito, mesmo após a morte. Os
familiares ou responsáveis devem ser avisados imediatamente após o
óbito.
O paciente tem o direito de não ter nenhum órgão retirado de seu
corpo sem sua prévia aprovação.
O paciente tem direito a órgão jurídico de direito específico da saúde,
sem ônus e de fácil acesso.
FÓRUM DE PATOLOGIAS DO ESTADO DE SÃO
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
VISITA AO DOENTE
"Adoeci e visitaste-me" ( Mt 25, 36)
Em tempos de muitas Igrejas e tantas visitas apregoando a fé, para a
"aceitação de Jesus", nós, católicos precisamos também reavivar cada vez
mais nossa presença em todos os lugares e momentos da vida humana.
I – A Arte de Visitar Bem:
• Visitar é um ato de generosidade. Visitar bem é uma arte.
• Visitar não se improvisa. Exige que se tenha uma motivação transparente,
desinteressada. Implica maturidade afetiva e um equilíbrio emocional
saudável. Demanda respeito absoluto às idéias, religião, opiniões, valores
do visitado.
•
O visitador precisa trabalhar em equipe, com um projeto organizado, com
humildade, simplicidade, desejando contribuir e aprender.
• Toda visita deve ocasionar uma saudável relação de ajuda.
• Na visita o agente da pastoral não deve fazer nenhum tipo de proselitismo.
• O visitador precisa recordar que só se produzem encontros
verdadeiramente humanos e educativos quando se dão autênticas relações
interpessoais: nunca quando são exclusivamente funcionais ou
profissionais.
II – Perfil do Agente Pastoral de Saúde:
-
-
-
É antes de tudo, uma pessoa de profunda experiência de Deus, que
experimenta fortemente em sua vida a graça e a presença de Deus, e
também sua ausência.
É alguém que purifica a própria vida a partir da fé e do sofrimento; que
aceita o mistério da debilidade de um Deus crucificado;
É também alguém que está em comunhão com a comunidade eclesial, da
qual recebe delegação, preparação e alimento espiritual;
É um cristão atento à Palavra de Deus, que tem interesse em conhecer e
estudar a doutrina crsitã para dar "razões de esperança", quando for
questionado;
É alguém humano, quer dizer: amável, generoso, disponível, gentil…
Tem uma fé indestrutível no valor e no significado da vida. E muita
esperança fundamentada na sua fé em Jesus, o qual é a culminação da
história e "vai enxugar toda lágrima e dor" (Ap 21, 4).
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
III – Procedimentos na Visita Pastoral:
Como devemos proceder numa visita Pastoral? Algumas indicações:
1. Apresentação: dando informações básicas para que o doente passa
responder as perguntas que não pode fazer: Quem é o (a) senhor (a)?
De onde vem? Qual a sua função? Por que vem me visitar?
2. Criar Clima: questionamentos que mostrem interesse, respeito e desejo
de ajudar. Sentir-se presente fisicamente e psicologicamente.
3. Escutar: respondendo ao assunto, aos sentimentos e ao sentido que dão
a suas palavras, de tal modo que sintam assustados, reconhecendo o
que não dizem com palavras.
4. Falar: animando o doente, interessando-se em ajudar e compreender.
Abençoando : " que o senhor o abençoe."
5. Fazer: realizando um serviço para outra pessoa: orar, celebrar, ajudar,
apoiar. Ser útil e estar ali como apoio e presença.
6. Falar com Deus: fechando ou concluindo nossa relação ou comunicação.
Uma oportunidade para dizer "coisas profundas", se é que ainda não
foram ditas. Um abraço, um bom desejo.
IV – Alguns lembretes na visita ao doente:
1. Atue com realismo e naturalidade.
2. É necessário simplicidade e grande delicadeza. Não se esqueça que a
dor aguça a sensibilidade.
3. Não lhe demonstre pena nunca. Manifeste-lhe que você se entrega a ele
sem reservas.
4. O melhor que você pode fazer para um doente é ajudá-lo a encontrar a
si mesmo. Ainda que tenha perdido muito, sempre lhe sobrará algo.
5. Para compreender o doente é preciso colocar-se em seu lugar.
6. Alguém se perguntará: "O que eu posso dizer ao doente?" Não é tão
necessário perguntar nem falar, mas escutar. A escuta abre as portas do
coração.
7. Não Julgue, não seja impaciente, não dê conselhos sem ser solicitados,
não faça sermão – e nunca invada a privacidade do doente.
8. Faça visitas dentro de um tempo limitado, atento aos sinais de dor ou
incômodo. Telefone entre as visitas, para saber o estado do enfermo.
9. Respeite as confidências do enfermo e da família.
10. Não faça comparações entre o estado de um enfermo e de outro.
29/11/2001
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
MILAGRE EUCARÍSTICO DE LANCIANO
LANCIANO, ITÁLIA – ANO 700
Lanciano é uma pequena cidade medieval, que se encontra na costa
italiana do mar Adriático, na estrada entre São Giovanni Rotondo e Loreto.
Lanciano significa lança, e é a antiga Anxanum, dos povos fretanos. Aqui se
conserva desde os mais antigos séculos o primeiro e maior dos milagres
eucarísticos.
DESCRIÇÃO DO MILAGRE
A parte da hóstia no centro do círculo de carne, ainda que verdadeiramente
a Carne de Jesus Cristo, seguiu tendo as características de pão sem
fermento depois do milagre, tal como ocorre em cada consagração.
Manteve-se por muitos anos, mas se desintegrou parcialmente porque a
luneta que a continha não estava hermeticamente fechada.
A Carne e o Sangue atualmente visíveis não apenas são a Carne e o
Sangue de Jesus, como em toda hóstia consagrada, como mantém até
mesmo as características próprias de carne e sangue humanos.
A Carne, desde 1713, se conserva em um artístico ostensório de prata, da
escola napolitana, finamente entalhado. O sangue está contido em uma
rica e antiga ampola de cristal de rocha.
A Hóstia-carne ainda se conserva muito bem. O tamanho da hóstia é o das
hóstias que o sacerdote consagra e eleva nos dias de hoje. Está
ligeiramente parda e adquire coloração rósea se é iluminada por trás. O
sangue coagulado tem uma cor de terra que tende ao amarelo ocre.
O Milagre de Lanciano é um contínuo milagre. A Hóstia convertida em
Carne e o vinho convertido em Sangue, sem o uso de qualquer
conservante, estão ainda presentes em um relicário.
HISTÓRIA DO MILAGRE EUCARÍSTICO
Um monge da ordem de São Basílio, sábio nas coisas do mundo, mas não
nas coisas da fé, passava um tempo de provação de sua fé. Duvidava da
presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia. Orava
constantemente para livrar-se de suas dúvidas por medo de perder sua
vocação. Sofria dia após dia com sua dúvida. Estaria Jesus realmente,
substancialmente presente na Eucaristia? Duvidava do mistério da
transubstanciação.
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Seu sacerdócio se tornou uma rotina e se destruía aos poucos.
Especialmente a celebração da Santa Missa se converteu em uma rotina a
mais, um trabalho diário a mais.
A situação no mundo não o ajudou a fortalecer sua fé. Havia muitas
heresias surgindo naquela época. Sacerdotes e bispos eram vítimas de
heresias, as quais estavam infestando a Igreja por todos os lados. Algumas
destas heresias negavam a presença real de Nosso Senhor na Eucaristia.
O sacerdote não poderia levantar-se desta obscuridade que envolvia seu
coração. Cada vez estava mais convencido, pela lógica humana, dessas
heresias.
O MILAGRE
Uma certa namhã do ano 700, enquanto celebrava a Santa Missa, estava
sendo fortemente atacado pela dúvida, e depois de ter pronunciado as
solenes palavras da consagração, viu como a Santa Hóstia tinha se
transformado em um círculo de carne e o vinho em sangue visível. Estava
diante de um fenômeno sobrenatural visível, que o fez tremer e começou a
chorar incontrolavelmente de alegria e agradecimento.
Esteve parado por um longo instante, de costas para os fiéis, como era a
missa naquele tempo. Depois se voltou devagar para eles, dizendo-lhes: “Ó
afortunadas testemunhas, a quem o Santíssimo Deus, para destruir minha
falta de fé, quis revelar-se Ele mesmo neste Bendito Sacramento, e fazerse visível ante nossos olhos. Venham, irmãos, e maravilhem-se diante de
nosso Deus, tão perto de nós. Contemplem a Carne e o Sangue de Nosso
Amado Senhor!”
As pessoas se apressaram a ir ao altar e, ao presenciar o milagre,
começaram a clamar, pedindo perdão e misericórdia. Outras começaram a
bater no peito, confessando seus pecados, declarando-se indignos de
presenciar tal milagre. Outros se ajoelhavam em sinal de respeito e
gratidão pelo presente que o Senhor lhes havia concedido. Todos contavam
a história por toda a cidade e por todos os povoados vizinhos.
A carne se manteve intacta, mas o sangue se dividiu no cálice, formando
cinco partículas de diferentes tamanhos e formas irregulares. Os monges
decidiram pesar as partículas e descobriram fenômenos particulares sobre
o peso de cada uma delas. Imediatamente, a Hóstia e as cinco partículas
foram colocadas em um relicário de marfim.
O milagre que ocorreu no ano 700 foi apenas o começo. Isso foi há mais de
1250 anos. Se depois do milagre, a Carne e o Sangue tivessem se
desintegrado, como muitos esperavam, de qualquer forma era um milagre
espetacular.
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INVESTIGAÇÕES CIENTÍFICAS
Em 1574 foram feitos testes na Carne e no Sangue e se descobriu um
fenômeno inexplicável. Os cinco freagmentos de sangue coagulado são de
diferentes tamanhos e formas.
Através dos anos, foram feitas muitas investigações. Nosso Senhor nos
permitiu ser tocado e cortado, examinado através de microscópio e ser
fotografado.
Depois das investigações eclesiásticas, seguiram-se as científicas,
executadas em 1574, entre 1970 e 1971, e em 1981. Nestas últimas foram
utilizados os mais modernos instrumentos científicos disponíveis.
As análises, realizadas com absoluto rigor científico e documentadas por
uma série de fotografias ao microscópio, resultaram:
•
A Carne é verdadeira carne, o Sangue é verdadeiro sangue;
•
A Carne e o Sangue são da espécie humana;
•
A Carne é constituída por tecido muscular do coração. Na Carne estão
presentes, em seções, o miocárdio, o endocárdio, o nervo vago e, pela
expressiva espessura do miocárdio, o ventrículo cardíaco esquerdo;
•
A Carne é um coração completo, em sua estrutura essencial;
•
A Carne e o Sangue têm o mesmo grupo sanguíneo (AB);
•
No sangue encontram-se as proteínas normalmente fracionadas, com a
proporção em porcentagem, correspondente ao quadro seroprotéico do
sangue fresco normal;
•
No Sangue também se encontraram estes minerais: cloro, fósforo,
magnésio, potássio, sódio e cálcio;
•
A conservação da Carne e do Sangue, deixadas expostas naturalmente
pelo espaço de doze séculos e expostas à ação dos agentes atmosféricos
e biológicos, é por si mesmo um fenômeno extraordinário.
CONCLUSÃO
Pode-se dizer que a Ciência deu uma resposta segura e exaustiva sobre a
autenticidade do Milagre Eucarístico de Lanciano.
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SÃO CAMILO DE LÉLIS
Início
Esta história começa no dia 25 de maio 1550. Camila, mulher de 60
anos, ora com devoção durante a consagração, quando sente dores fortes
no ventre. Seu filho estava nascendo. Por sugestão de uma amiga,
inspirada em Jesus, quis que seu filho nascesse numa estrebaria. Assim
nasceu Camilo de Léllis, na cidadezinha de Bucchianico, Itália. O pai, João
de Léllis era um dos melhores capitães do imperador Carlos V. A mãe,
apesar de felicíssima, era sempre assolada por um sonho que tivera
durante a gravidez, no qual via uma criança trazendo uma cruz vermelha
no peito, seguida por um bando de meninos. Camilo, logo se viu, era uma
criança terrível. Apesar das traquinagens, manifestava-se caridoso, amigo
dos menos favorecidos e se entristecia ao ver pessoas doentes. Camilo, é
bom lembrar, era o nome dado pelos romanos aos que ajudavam os
enfermos.
Vida torta, homem bom
A mãe morreu em 1563. O pai, então comandante da fortaleza de
Pescara, ia muito pouco a Bucchianico. Levado e irriquieto, o pequeno
Camilo, que era cuidado por estranhos, aproveitou a liberdade e daí a
aprender a jogar foi um passo, vício que provocou, como se verá, grandes
infortúnios.
Nessa época, assistia-se na Europa à degradação dos costumes, da
fé e da moral. Camilo foi à escola, apesar das peraltices e da vadiagem.
Muito inteligente, possuía excelente memória e era extremamente querido
pelos colegas. Às aulas ele resistiria até os 17 anos. Camilo percebe uma
ferida no peito do pé, chaga que marcaria todo o resto de sua vida. Não a
tratou como devia e a arranhava constantemente. O resultado foi uma
infecção que se perpetuou. Mais tarde, Camilo diria que as chagas o
ajudaram a se converter e santificar.
A Luta para mudar
Camilo, um dia, impressionou-se com a modéstia dos franciscanos e
sentiu remorso da sua vida mundana e da jogatina. Bateu à porta do
convento de S. Bernardino, em Águila, e contou ao padre Frei Paulo
Loretano, seu tio materno, a vida torta que levava e o desejo de converterse. O tio, recusou-o.
Resolveu ir até Roma para se tratar no Hospital de S. Tiago, sob a
condição de prestar serviços como auxiliar de enfermagem após o
tratamento. Camilo poderia ter ficado lá para sempre, mas o gênio forte,
as brigas com os enfermeiros e a jogatina acabaram fazendo com que
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fosse dispensado. Camilo, disseram então, era inepto para o ofício de
enfermeiro. Pura ironia, já que ele seria alguns anos mais tarde o exemplo
acabado de enfermeiro, além de um inovador no campo hospitalar. Corria o
ano de 1569 e Camilo de Léllis beirava os 20 anos.
A suprema degradação
Uma terrível epidemia que assolava a região faz Camilo adoecer.
Chegou a agonizar e a receber os últimos sacramentos. Como por milagre,
ele recupera a saúde. Em 1573 alista-se durante pouco tempo no exército
espanhol, ganha um bom dinheiro e mergulha novamente no inferno do
jogo. Degradou-se a ponto de mendicar. Em Nápoles, por onde
perambulava, chegou a perder no jogo a própria camisa. A cada desgraça
prometia converter-se, mudar de vida, mas o vício sempre falou mais alto.
Arrependeu-se mais uma vez. Acolhido com simpatia no Convento
dos Capuchinhos, recebe um serviço humilhante: carregar água, pedra e
cal. Por duas vezes quis desistir A primeira: após quinze dias de trabalho
pediu folga, recusada. A segunda, ao receber convite de um amigo para
novas aventuras.
A conversão
Em 1575, durante uma missão de transporte de dinheiro e vinho ao
Convento Castelo de São Giovanni, conversou demoradamente com Padre
Angelo, guardião do convento. Pediu ao padre que orasse por ele. No dia
seguinte, já rumando de volta, teve tempo e paisagem para meditar.
Desce do cavalo e põe-se a chorar e a bradar contra sua cegueira de não
ter conhecido Deus e seus divinos caminhos. Camilo de Léllis indicou esse
dia, 2 de fevereiro de 1575, como a data de sua conversão. Contaria mais
tarde que chorou muito ao pé de uma árvore, pedindo a Deus tantas
lágrimas quantas fossem necessárias para lavar seus pecados. Ao retornar
para o convento dos Capuchinhos, rogou para ingressar na Ordem. Queria
vestir o hábito. Pouco tempo depois veio a autorização. Camilo julgou-se o
homem mais feliz do mundo. Mas a chaga do pé atrapalhou-o novamente.
Foi dispensado com a promessa de ser recebido como noviço, caso se
curasse.
Surge o anjo da caridade
Na cidade de Roma, Camilo procura abrigo e tratamento no Hospital
São Giácomo. Queria curar-se e prestar auxílio aos doentes, como fizera
antes. Camilo logo entendeu que fora chamado pelo Senhor - estava em
um dos maiores hospitais da Itália, com cerca de duzentos doentes, mas os
enfermeiros não tinham paciência nem caridade. Então Camilo conheceu o
Padre Filipe Neri, que o aconselhou a continuar no hospital. Décadas depois
o padre Filipe seria canonizado. Camilo era um anjo da caridade - cuidava
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mais dos doentes que de si mesmo. Ficou quatro anos no hospital, de 1575
a 1579. Com a chaga curada, retomou o velho sonho de voltar aos
Capuchinhos. Retorna aos Capuchinhos e torna-se então, aos 29 anos, Frei
Cristovão. Durou pouco a alegria do noviciado, pois a chaga abriu-se
novamente. Abalado e triste Camilo percebeu então que os desígnios de
Deus queriam-no de volta ao tratamento dos enfermos.
Foi recebido com festa por todos os diretores e enfermos do Hospital
São Giácomo, em Roma. O salário que deveria receber era doado
integralmente em benefício do próprio hospital. Com o mordomo do
hospital de licença, Camilo foi convidado para o cargo. Afinal, era
administrador de raros dotes e tinha a certeza de que, além praticar a
enfermagem, faria uma "limpeza" na má conduta da maioria dos
funcionários. O exemplo de Camilo logo se espalhou e o dia-a-dia do
hospital mudou.
A conversa com Jesus
"O que fizermos aos enfermos, estaremos fazendo a Deus", dizia
sempre. Ele não compreendia como as outras pessoas não podiam cuidar
dos enfermos como se fossem seus filhos, ou irmãos. Apesar de o hospital
ter uma capela, Camilo resolve, montar um pequeno templo num dos
quartos. Prepararam um altar e ali colocam um crucifixo. A idéia era ter um
grupo, que além da determinação e caridade, tomasse o trabalho no
hospital como obra de Deus. Intrigas de um funcionário fazem com que o
diretor proíba o oratório. Quando Camilo e seus seguidores vão ao quarto
para desmontá-lo encontram tudo destroçado, inclusive o crucifixo jogado
num canto. Naquela noite, adormeceu ao lado do crucifixo e pareceu-lhe
ver a cabeça de Jesus mover-se e dizer: "Não temas, caminha sempre
avante, eu te ajudarei e hei de estar sempre contigo". Acorda assustado,
sente uma paz profunda e revigorado decide enfrentar qualquer obstáculo
pelo caminho iniciado. Mesmo desconfiado da visão, afinal estava
sonolento, conta aos companheiros e anima-os a continuar a obra, fazendo
as reuniões na Capela do hospital. Aflito com a dúvida da visão, Camilo se
põe ao pé do crucifixo e ora ardentemente. Nesse momento se dá segundo o relato de Camilo -, um milagre: Jesus solta uma das mãos da
cruz, abraça-o e diz: "De que te afliges? Continua que eu te ajudarei! Esta
obra é minha e não tua!".
A cruz vermelha
A cruz vermelha, símbolo dos Camilianos, surgiu em 1586, aprovada
pelo Papa Sisto V e logo tornou-se marca de auxílio médico. O sucesso da
nova Ordem religiosa era tamanho que logo surgiram filas de candidatos ao
noviciado. Vários casos de tratamento a enfermos, em relação aos quais
ninguém chegaria próximo, foram relatados, o que transmitia ao mundo a
coragem e a certeza de que os Camilianos eram apoiados pelas Mãos
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Divinas. Não foram poucos também os casos de intrigas familiares com
relação às muitas heranças que homens de poder, prestígio e dinheiro
deixaram para a Ordem. Camilo sempre dizia aos advogados que a
defendiam: "Se for este o caminho que o Senhor encontrou para nos
ajudar, e ganharmos a causa, eu ficarei feliz. Também ficarei feliz se não
ganharmos, pois terei a certeza que se tratava de uma injustiça e que o
Senhor nunca nos faltará." Nunca faltava dinheiro para a Ordem.
Em 1595, pela primeira vez durante uma guerra, o Papa Clemente
VIII convidou Camilo e seus filhos para dar assistência espiritual e médica
aos soldados. Era evidente o alívio dos soldados quando avistavam a Cruz
Vermelha nos hábitos dos padres camilianos.
Sofreu como um doente
Camilo sofreu tanto quanto os seus mais agonizantes enfermos.
Foram cinco as misericórdias de Camilo de Léllis, como ele mesmo
costumava chamar as suas doenças: a chaga do pé, que o acompanhou
por toda a vida; uma hérnia ingüinal que o incomodou durante 38 anos;
dois calos enormes na planta dos pés; agudas cólicas renais durante dez
anos; e um fastio (rejeição alimentar), que lhe incomodou até seus últimos
dias. A opinião dos médicos a respeito de Camilo era unânime: com todos
os problemas, esse homem deveria ter vivido mais de dois terços de sua
vida em leitos hospitalares.
Por volta de 1606, cansado e sentindo que aquele seria o momento
de retirar-se, Camilo pede renúncia do cargo de diretor-geral da Ordem,
deixando quinze casas fundadas, oito hospitais, 242 religiosos professores
e 80 noviços. Seus "filhos" seriam ainda em maior número, não fosse a
morte de 170 durante as cruzadas. Mesmo tendo em seu círculo de
amizades autoridades do clero, do governo e da alta sociedade, quis
desempenhar as tarefas mais humildes.
Nos primeiros dias de julho de 1614, já no seu leito de morte,
recebeu o viático (última comunhão antes da morte) e deixou as seguintes
recomendações: "Observai bem as regras. Haja entre vós uma grande
união e muito amor. Amai, e muito, a nossa Ordem, e dedicai-vos ao
apostolado dos enfermos. Trabalhai com muita alegria nesta vinha do
Senhor Se Deus me levar para o Céu, vos hei de ajudar muito de lá. As
perseguições que sofreu nossa obra vieram do ódio que o demónio tem ao
ver quantas almas lhe escaparam pelas garras. E já que Deus se serviu de
mim, vilíssimo pecador para fundar miraculosamente esta Ordem, Ele há
de propagá-las para o bem de muitas almas pelo mundo inteiro. Meus
padres e queridos irmãos: eu peço misericórdia a Deus e perdão ao padre
Geral aqui presente e a todos vós, de todo mau exemplo que eu pudesse
ter dado, talvez mais pela minha ignorância, do que pela má vontade.
Enfim, eu vos concedo da parte de Deus, como vosso Pai, em nome da
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Santíssima Trindade e da bem-aventurada Virgem Maria, a vós aqui
presentes, aos ausentes e aos futuros, mil bênçãos".
Camilo de Léllis morreu no dia 14 de julho de 1614. Quando
preparavam o corpo para o funeral, os médicos boquiabertos notaram que
a chaga havia desaparecido. Multidões acompanharam o velório e o
enterro.
Em 1746, durante uma festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o
Papa Bento XIV no dia 29 de junho, declara Santo o nome de Camilo de
Léllis. Em 1886, Leão XIII declarou São Camilo, juntamente com São João
de Deus, Celestes protetores de todos os enfermos e hospitais do mundo
católico.
Oração a São Camilo
Glorioso São Camilo, Volvei um olhar de
misericórdia sobre os que sofrem e sobre os
que os assistem. Concedei aos doentes
aceitação cristã, confiança na bondade e no
poder de Deus, dai aos que cuidam dos
doentes dedicação generosa e cheia de amor.
Ajudai-os
a
entender
o
mistério
do
sofrimento, como meio de redenção e
caminho para Deus. Vossa proteção conforte
os doentes e seus familiares, e os encoraje
na vivências do amor. Abençoai os que se
dedicam aos enfermos, e que o bom Deus
conceda paz e esperança a todos. Amém.
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SÃO JOÃO DE DEUS
São João de Deus foi o fundador da Ordem de Caridade. Ele nasceu
em 1495 em Portugal, e seu nome de batismo era João Cidade. Durante
rnuitos anos serviu como militar, tendo lutado contra países como a
França, Espanha e Hungria. Em 1522, quando o regimento a que pertencia
foi dissolvido, São João decidiu viajar para a Andaluzia para tentar a vida.
Logo arrumou um serviço como pastor de rebanhos.
O trabalho propiciou a ele tempo de repensar sobre seu passado e
as atitudes tomadas. Arrependido de atos que praticou impensadamente
durante o tempo em que era militar, decidiu dedicar sua vida a Deus.
Dirigiu-se para a África e em Gibraltar passou a vender quadros e livros
sobre devoção. Com esta atividade queria disseminar a palavra de Deus e
também propiciar às outras pessoas a possibilidade de arrependerem-se de
seus atos como ele havia feito.
Em 1538 instalou-se em Granada (Espanha), abrindo um pequeno
comércio de livros. Seu estoque crescia cada vez mais. Neste mesmo ano
São João D’Avila estava também em Granada, com o objetivo de pregar o
evangelho. Certo dia, ao passear pela cidade, São João de Deus encontrou
São João D’Avila e ouviu um de seus sermões. Impressionado com as
palavras do outro santo decidiu vender tudo o que possuía.
Tido como louco, levaram-no à presença de São João D’Avila, que o
encaminhou a um manicômio da redondeza. Lá aconselhou-o a dedicar-se
às coisas de Deus e a viver em conformidade com a fé cristã. Tempos mais
tarde, não tendo melhorado, São João D’Avila orientou-o a dedicar-se de
forma mais concreta a Deus, fazendo o bem e ajudando os mais
necessitados.
São João de Deus passou então a ajudar os outros doentes do
manicômio, prestando-lhes todo o tipo de assistência. Ele foi um homem
profundamente tocado pela situação de abandono e marginalização em que
viviam tantos pobres nas ruas da cidade. Mais ainda, experimentou na
própria carne a desumanidade com que eram tratados os doentes mentais
nos hospitais. Em 1539 conseguiu sair do manicômio e dedicou-se a
trabalhar para ajudar os necessitados com o suor de seu rosto. Mesmo
assim não abandonou suas atividades como enfermeiro nos hospitais.
Passando da compaixão à ação, com a força da caridade, acolheu e
tratou todos os pobres abandonados, doentes e marginalizados que se lhe
deparavam, nos quais reconhecia Jesus sofredor. Para os doentes criou um
hospital; para os marginalizados e desprezados tinha um lugar na sua
“casa de Deus”; para os menores abandonados arranjou família. Com a
coragem dos profetas, denunciou as injustiças cometidas contra os pobres
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e sobretudo a discriminação e maus tratos infligidos aos doentes.
Em 1549 uma grave doença começou a tirar-lhe as forças.
Preocupado que os médicos o impedissern de trabalhar escondeu durante
meses sua enfermidade, até que um dia foi descoberto. Muito doente, ele
já não conseguia mais trabalhar, mas mesmo assim só conseguia pensar
em ajudar os outros. Faleceu em 1550, de joelhos, a rezar.
Este homem foi o precursor dos modernos hospitais humanizados e
o fundador de uma família religiosa que, ao longo dos séculos e nos cinco
continentes, vai testemunhando a predileção e misericórdia de Deus para
com os pobres e doentes.
Oração
Senhor, que inflamastes São João de Deus
no fogo da caridade, para que fosse na
terra o Apóstolo dos pecadores, Socorro
dos pobres e Saúde dos doentes; no céu o
constituístes Alívio dos que sofrem,
Padroeiro e Modelo dos Profissionais de
Saúde. Concedei-nos, por sua intercessão,
a graça que neste momento Vos pedimos,
prometendo imitá-lo nas suas virtudes, na
construção do Vosso Reino de Paz, Justiça,
Amor e Misericórdia. Por Nosso Senhor,
Jesus Cristo Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo. Amém.
São João de Deus – festa no dia 8 de março
Padroeiro dos hospitais, doentes e enfermeiros;
encadernadores e livreiros
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CARTA ABERTA AO PRESIDENTE
“O grande chefe de Washington mandou dizer que deseja
comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-se também de sua
amizade e sua benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos
que ele não necessita da nossa amizade. Porém, vamos pensar em
tua oferta, pois sabemos que se não o fizermos o homem branco virá
com armas e tomará nossa terra. O grande chefe em Washington
pode confiar no que o chefe Seathl diz, com a mesma certeza com
que os nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das
estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não
empalidecem.
Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal
idéia nos é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do
resplendor da água. Como podes então comprá-los de nós?
Decidimos apenas sobre o nosso tempo. Toda esta terra é sagrada
para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias arenosas,
cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os
insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência de meu
povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso
modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual a outro. Porque
ele é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo quanto
necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de
exaurí-la, ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai, sem
remorsos de consciência. Rouba a terra dos seus filhos. Nada
respeita. Esquece as sepulturas dos antepassados e o direito dos
filhos. Sua ganância empobrecerá a terra e vai deixar atrás de si os
desertos. A vista de suas cidades é um tormento para os olhos do
homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem
vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco.
Nem um lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na
primavera ou o tinir das asas de insetos. Talvez por ser um selvagem
que nada entende, o barulho das cidades é para mim uma afronta
contra os ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem
não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no
brejo, à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o
espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do
meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem
vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se
importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível
ao mau cheiro.
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Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição. O homem
branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um
selvagem e não compreendo que possa ser certo de outra forma. Vi
milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo
homem branco que o abatia a tiros disparados do trem. Sou um
selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro
possa ser mais valioso do que um bisão que nós, os índios, matamos
apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem
os animais? Se todos os animais acabassem, os homens morreriam
de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode
também afetar os homens. Tudo está relacionado entre si. Tudo
quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os
nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da
derrota passam o tempo em ócio, e envenenam seu corpo com
alimentos doces e bebidas ardentes. Não tem grande importância
onde passaremos nossos últimos dias: eles não são muitos. Mais
algumas horas, até mesmo uns invernos, e nenhum dos filhos das
grandes tribos que viveram nesta terra ou que tem vagueado em
pequenos bandos nos bosques, sobrará para chorar, sobre os
túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança
como o nosso.
De uma coisa sabemos, e o homem branco talvez venha um
dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julgas, talvez, que o
podes possuir da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra.
Mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira. E quer bem,
igualmente, ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada
por Ele. E causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo seu
Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais
depressa do que as outras raças. Continua poluindo a tua própria
cama e hás de morrer uma noite, sufocado nos teus próprios
desejos! Depois de abatido o último bisão e domados todos os
cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, e
quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam
(telégrafo) - onde ficarão então os sertões? Terão acabado. . . E as
águias? Terão ido embora. . . Restará dar adeus à andorinha e à
caça, será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver...
Talvez pudéssemos compreender se conhecêssemos com o
que sonha o homem branco, se soubéssemos quais esperanças
transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do
futuro oferece às suas mentes para que possam formar os desejos
para o dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do
homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos, temos de
escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos, é para garantir
as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos
últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem
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vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de
uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo
continuará a viver nestas florestas e praias porque nós as amamos
como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te
vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a
como nós a protegíamos. Nunca esqueças como era a terra quando
dela tomaste posse. E com toda a tua força, o teu poder, e todo o teu
coração, conserva-a para teus filhos, e ama-a como Deus nos ama a
todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta
terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o
nosso destino comum.”
Após o Governo dos Estados Unidos ter demonstrado intenção de
adquirir o território da tribo Duwamish, no Estado de Washington, o
cacique Noah Seathl escreveu esta carta ao presidente norteamericano Franklin Pierce, em 1854. Esta carta é um relicário de
palavras comoventes, que demonstram a sabedoria indígena e o apego
dos índios à terra.
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Juramento de Hipócrates
"Eu juro, por Apolo médico (o mais belo deus grego, deus das artes, da luz e da
cura), por Esculápio (deus da medicina, tinha três filhas), Hígia (filha de
Esculápio, deusa da saúde; origem da palavra higiene) e Panacea (irmã de Higia,
deusa da cura ou da assistência médica; panacéia significa remédio para curar
todos os males), e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas,
cumprir segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue:
♦ Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte;
♦ Fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens;
♦ Ter seus filhos por meus próprios irmãos;
♦ Ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem
remuneração e nem compromisso escrito;
♦ Fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus
filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da
profissão, porém, só a estes;
♦ Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e
entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém;
♦ A ninguém darei, por prazer, nem remédio mortal nem um conselho que
induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância
abortiva;
♦ Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha (corte,
amputação), mesmo sobre um calculoso confirmado (cálculo= pedra;
calculoso= quem tem pedras nos rins); deixarei essa operação aos práticos
que disso cuidam;
♦ Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de
todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo longe dos prazeres do
amor, com as mulheres ou com os homens livres; ou
♦ Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da
sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu
conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente
da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele
me afastar ou infringir, o contrário aconteça."
Hipócrates
Hipócrates: O maior filósofo-cientista na área médica, nasceu por volta de
460 a.C. e morreu em torno de 370 a.C. na Tessália. Viveu na ilha de Cos
(Ásia Menor), onde lecionou, praticou a medicina e escreveu seu Corpus
Hippocraticum, uma coletânea reunida posteriormente pela grande
biblioteca de Alexandria em 72 livros e 59 tratados sobre diversos temas. Os
princípios fundamentais de sua conduta eram: tudo observar, estudar o
paciente antes da doença (partir do caso específico antes de classificar),
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examinar e descrever detalhadamente os sintomas e auxiliar o trabalho
curativo da natureza (induzir à reação natural do organismo).
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“VOZES DA IDADE”
(Parte de um trabalho educativo para a terceira idade)
VELHICE NÃO
próprios.
É DOENÇA:
Sentir-se bem e saudável na velhice depende de nós
VELHICE: superficialmente podemos dizer que é a queda do vigor físico e das
forças psíquicas. O físico envelhece mais rápido e mais cedo que as
aptidões mentais.
FATORES AGRAVANTES NA VELHICE:
Fatores Físicos: mudanças metabólicas, desassimilação, deficiências
renais/hepáticas, diminuição da massa muscular, aumento da gordura,
deminuição da estatura, aparecimento de doenças crônicas, dores, perda
de autonomia, dificuldades motoras de toda a sorte.
Episódios Depressivos : muitas vezes gerados em passado distante (campo
de concentração, infância com pais alcoólatras), desemprego, perda de
poder aquisitivo, perda de “status” social, desestruturação familiar
(divórcio, morte do cônjuge ou parente próximo).
Perturbações Psiquiátricas: esquisofrenia, síndrome do pânico, melancolia –
catatonia.
Perda da Memória e Sentido de Orientação: Memória é a função pela qual a
informação armazenada no cérebro é, mais tarde, trazida de volta à
consciência. A memória é a capacidade de fixar, armazenar (ou conservar),
recordar (ou evocar), reconhecer e localizar no tempo e no espaço
vivências e conhecimentos. A vivência é aprendida com o auxílio da
atenção. A memória possui níveis e mecanismos:
a) Memória imediata: é a produção ou recordação de material percebido
dentro de segundos a minutos.
b) Memória recente é a recordação de eventos nos últimos dias, podendo
ser lábil e comprometida em várias situações patológicas
c) Memória passada recente é a recordação de eventos dos últimos meses.
d) Memória remota é a recordação de eventos do passado distante, ela é
muito estável e mantém-se inalterada mesmo após danos cerebrais
graves.
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Toda esta perda de qualidade física e mental levam à perda do interesse
pela vida, portanto, “se a vida não se apresenta como um valor, tudo fica
sem sentido e deixa de haver razão para viver”, assim, a única decisão
coerente seria a de deixar de viver.
COMO AGIR?
9 Deixar o idoso falar abertamente de suas preocupações, isto alivia as
tensões e até permite encontrar soluções.
9 Ouvir não é uma atitude tão passiva, devemos centrar a conversa no
idoso. Nunca falar: “eu já passei por isto”.
9 Deixe manifestar o abandono, o desinteresse de todos como o “não faço
falta para ninguém”. NUNCA julgar ou dizer: “imagine, não pense
assim”. DIGA SEMPRE: “eu estou aqui e você é muito importante para
mim”, “eu me preocupo com você”.
9 Muitas vezes, o que nos parece insignificante poderá ser de extrema
importância para alguém em estado de carência afetiva total. Por isso,
prolongue o máximo possível até a catarse (purificação) final das
preocupações.
9 Manifeste seu interesse e apoio permanente.
9 Quanto ao idoso acamado, Catatônico ou Terminal (que não conseguem
se comunicar): converse como se ele pudesse te ouvir, diga que
compreende como deve ser desconfortável estar a tanto tempo inerte,
que se ele conseguir se comunicar, que o faça.
Use o “toque” em qualquer pedaço de pele que ainda possa ser tocada,
deixe muito claro seu interesse em estar ao seu lado. “Com certeza ele
ou ela te ouvirá e este contato será de grande valia”.
INCENTIVAR
9 O não isolamento (amigos, antigos colegas, vizinhos, terão prazer em
conversar e ter sua companhia);
9 Não ter vergonha de conversar com conhecidos, desconhecidos, jovens,
etc.;
9 Se tiver perdido o companheiro(a), não ter receio de fazer novas
amizades;
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9 Incentivar a atividade intelectual: ler, jogar (cartas, xadrez, damas),
palavras cruzadas, quebra cabeça. Visitar casas e pessoas que não está
habituado, passar festas em locais diferentes, experimentar novas
receitas de cozinha, fazer sempre coisas diferentes.
9 Caso a memória já esteja comprometida, oriente para tomar nota dos
assuntos que tem que tratar como as datas de pagamento, as compras
que precisa fazer, os aniversários de pessoas queridas, etc.;
9 Colocar objetos indispensáveis em lugares certos (óculos, lenço,
documentos, carteira, remédios);
9 Lutar contra o tédio (vencê-lo).
jardinagem, ajudar outras pessoas;
Incentivar
atividades
de
casa,
9 Prestar atenção em tudo o que acontece a sua volta;
9 Memorizar pelo gosto, pelo cheiro, pela voz e procurar recordar mais
tarde;
9 Conversar sobre festas e visitas que aconteceram, fazer anotaçoes para
ajudar;
SUGESTÕES PARA TRABALHAR EM GRUPOS
9 Após a apresentação dos orientadores, incentivar para que rapidamente
cada um fale de si: nome completo, quantos irmãos teve/tem se foi ou é
casado, quantos filhos teve, onde nasceu, onde morou, etc... Se
perceber grande dificuldade ou constrangimento, mudar de assunto
rapidamente, falar sobre o que gosta de comer, contar sonho, etc...
9 Motivar cada indivíduo do grupo a conversar, sempre de forma divertida
sobre: algum episódio engraçado da infância, dos filhos, de alguma
festa, de alguma “arte” que tenha feito.
9 Combinar que para um próximo encontro, eles deverão prestar atenção
no último dia de visitas para depois contar para o grupo o que percebeu.
9 Podem ser levadas revistas velhas, onde os idosos deverão escolher
uma figura que ache bonita e falar sobre ela, ou contar/inventar uma
história.
9 Levar uma figura grande e divertida para que eles possam inventar
assuntos, sempre diferentes.
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9 Dependendo das condições, podemos: recortar, colar, pintar (atividades
de pré- escola). Sempre motivando antes com uma história.
9 Podemos dançar, cantar o que já conhecem ou ensinar musiquinhas
novas, lembrar nos próximos encontros. Podem ser acompanhadas de
palmas ou alguma percussão que estiver à mão, etc...
* * * COM CERTEZA, APÓS ALGUNS CONTATOS AS IDÉIAS IRÃO
SURGIR DE FORMA CADA VEZ MAIS ADEQUADA POIS VOCÊS JAMAIS
ESTARÃO SOZINHOS!
Mirian Mazzolin Ferreira
Com: 4226-4867
Res: 4436-5399
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REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE DE 13/8/2002
PALESTRA: AS DIMENSÕES DA PASTORAL DA SAÚDE
SEMINARISTA ALEX
Seguir a Jesus significa ser como as crianças: ser verdadeiro, sincero,
confiante. Atirar-se nos braços do Pai, sem temer as consequências.
Deus não está contente com a falta de saúde do povo, com a morte. Deus
é o Deus da vida!
A Pastoral da Saúde iniciou forte no Brasil nos anos 1978 e 1979, em
função da preocupação com os doentes e com o estado do cuidado da
saúde. Em 1984 aparece no mundo o vírus HIV, da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA, em português, mas é mais conhecida pela
sigla AIDS, em inglês). Em 1988, a Constituição Brasileira cria o Sistema
Único de Saúde (SUS), com o objetivo atender toda a população,
gratuitamente. Por lei, 25% dos leitos dos hospitais particulares devem ser
reservados para o atendimento dos encaminhados pelo SUS.
A Pastoral da Saúde tem três dimensões: comunitária, solidária e
institucional.
A dimensão comunitária se preocupa com a prevenção das doenças, com a
higiene básica e com a educação para a saúde. Para isso, promove
campanhas (de vacinação, câncer de mama, pressão alta e dengue, por
exemplo) e visitas às famílias com o intuito de informar cuidados com a
saúde. Para isso, procura formar agentes de prevenção na comunidade.
Todo portador de HIV está isento de pagamento de água, eletricidade
IPTU, por força de lei federal.
e
A dimensão solidária é a que desenvolvemos: visitação aos doentes e às
suas famílias, o conforto dos Sacramentos. Atenção para o trabalho com as
famílias: o doente pode estar aceitando a realidade e a família ainda não!
A dimensão institucional está regulamentada pelas leis 8080 e 8192. Por
lei, 50% dos Conselhos de Saúde dos municípios deve ser formado por
cidadãos (representantes de sindicatos, pastorais etc), que vão também
decidir onde devem ser aplicadas as verbas recebidas para a saúde. N
ausência dessa participação, essas verbas acabam indo onde não é
prioridade . . .
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O Conselho Gestor do Conselho de Saúde do município é eleito a cada 2
anos.
50
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REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE
CENTRO DE PASTORAL DE SANTO ANDRÉ
A ENFERMIDADE E A BÍBLIA
Diácono Alex
A doença e a morte não são desejadas por Deus, pois Deus é o Deus da vida.
Doença e morte são consequências da natureza humana. Às vezes o doente pensa
que seu estado é consequência de sua conduta. Acredita que está sendo castigado
por Deus. NÃO! “Deus faz chover sobre os justos e os injustos”, ou seja, as
condições da existência humana são iguais para todos.
O homem é imagem e semelhança de Deus, e por isso o homem tem
AUTORIDADE para poder criar. Para criar, o homem precisa saber amar, e daí
criar coisas boas para quem ama.
Em Eclesiástico, 30 14-20, lemos que vale mais a saúde que o dinheiro. A
definição de saúde, dada pela Organização Mundial da saúde, é “estado completo
de bem físico, psíquico e social”.
A expectativa de vida no tempo de Jesus era de mais ou menos 28 anos. Na
Idade Média, era de 38 a 40 anos. Atualmente, no Brasil, a expectativa de vida é
de 70 anos, enquanto em certos países da África, ainda é de 25 anos,
principalmente por causa da AIDS. Acredita-se que no ano 2020 a expectativa de
vida poderá facilmente chegar a 115 anos.
Em Deuteronômio 30, 15-20 lemos a visão da função da morte, segundo esse
autor do Antigo Testamento. “Deus castigará o ímpio de geração em geração”. Já
no Novo Testamento, em João 9, 1-3, lemos a passagem doa cura do cego de
nascença. Eles perguntam a Jesus: quem errou, ele ou os pais? Jesus responde:
Ninguém! Isto é para a glorificação de Deus.
Na Bíblia aparecem três tipos de comportamento das pessoas:
1-o malvado, que paga com o mal o bem que recebeu;
2-o justo, que paga o bem com o bem e o mal com o mal;
3-o filho de Deus, que mesmo em situação de maldade, paga com o bem
(Jesus na cruz, perdoou seus algozes . . .)
É necessário fazer da fé não um remédio (a fé não é um remédio) mas a fé que
vai ajudar o homem a contribuir para a salvação das outras pessoas. O ministro
dos enfermos deve passar para o doente a fé em Jesus (fé na pessoa de Jesus), e
ainda a fé de Jesus (a atitude que Jesus tinha de mudar as situações de morte,
Deus é pai e não castiga, ter compaixão das pessoas, ir ao encontro do doente,
valorizar as pessoas).
Em Marcos 16, 15-18 lemos que Jesus deu toda autoridade aos discípulos para
curar todas as doenças e para expulsar todos os demônios.
Anuncie sempre o Deus da misericórdia, da compaixão. Anuncie sempre que Deus
não castiga ninguém. A doença e a morte são consequências da natureza
humana.
25/9/2002
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LIVROS RECOMENDADOS PARA FORMAÇÃO DO
AGENTE DA PASTORAL DA SAÚDE
(NOV/2002)
Título - Autor - Editora
R$
Como fazer Pastoral da Saúde? - Pe. Anísio Baldessin - Província Camiliana 12,00
Brasileira e Loyola - São Paulo-SP
Reflexões para agentes da Pastoral da Saúde - Pe. Anísio Baldessin (org.) 8,00
Província Camailiana Brasileira e Loyola - São Paulo-SP
Ministério da Vida - Leocir Pessini - Santuário - Aparecida-SP
5,00
Solidariedade com os enfermos - Leocir Pessini - Santuário - Aparecida-SP 17,00
Vida, esperança e solidariedade - Leocir Pessini - Santuário - Aparecida-SP 5,00
Pastoral nos hospitais - Leocir Pessini - Santuário - Aparecida-SP
7,00
Solidários na doença - Leocir Pessini - Paulus - São Paulo-SP
6,50
Pastoral hospitalar e paciente terminal - Anisio Baldessin - Santuário 5,00
Aparecida-SP
Conviver com AIDS - Anisio Baldessin - Santuário - Aparecida-SP
5,00
Morrer com dignidade - Leocir Pessini - Santuário - Aparecida-SP
5,00
Viver com dignidade - Christian de Paul Barchifontaine - Santuário 5,00
Aparecida-SP
Eutanásia na América Latina - Leocir Pessini - Santuário - Aparecida-SP
12,00
Problemas atuais de Bioética - Leocir Pessini &Christian de Paul
36,00
Barchifontaine - Loyola - São Paulo-SP
Fundamentos de Bioética - orgs. Leocir Pessini &Christian de Paul
15,00
Barchifontaine - Paulus - São Paulo-SP
Pastoral da Saúde na Paróquia - Arcídio Fraveto - Loyola - São Paulo-SP
13,00
O doente, razão de ser do hospital - Arcídio Fraveto - CEDAS - São Paulo- 10,00
SP
Agente de pastoral e a saúde do povo - Christian de Paul Barchifontaine 6,00
Loyola - São Paulo-SP
Para os que sofrem - Luiz Gemelli - Província Camiliana Brasileira - São
2,00
Paulo-SP
Relação pastoral de ajuda ao doente - José Carlos Bermejo - Loyola - São
10,00
Paulo-SP
Ética médica diante do paciente terminal - Leonard M. Martin - Santuário - 25,00
Aparecida-SP
6,50
Plantas medicinais, alimentação alternativa, remédios caseiros -Lourdes
Nava & Antônio Francisco -Salesianos-São Paulo-SP
Vida de São Camilo - Ascânio Brandão - Província Camiliana Brasileira 5,00
São Paulo-SP
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5 de dezembro
Dia Internacional do Voluntário
Em 1985, a Assembléia Geral das Nações Unidas
escolheu o dia 5 de dezembro como a data oficial
para a celebração do trabalho voluntário. Desde
então, centenas de países aderiram à data para
celebrar o esforço voluntário e suas conquistas.
Nesta data, em todos os cantos do planeta, em
vilarejos e metrópoles, igrejas e associações de
bairros, em escolas particulares e públicas, em
praças e teatros, milhões de pessoas, instituições e organizações, empresas,
governos estão desenvolvendo ações e eventos para homenagear os voluntários,
que trabalham pela paz e pela melhoria da qualidade no planeta.
Há quatro anos o Brasil une-se oficialmente à celebração mundial do voluntariado.
Como tem feito desde a sua criação, todo 5 de Dezembro o Programa Voluntários
faz questão de enaltecer todos aqueles que dedicam parte de seu tempo, trabalho
e talento para colaborar com a melhoria do lugar em que vivem.
Você sabe o que é ser um voluntário?
Esta é uma das formas de você cobrir parte da sua responsabilidade social,
colaborando na solução de problemas de um país tão grande e tão desigual como
o Brasil.
Os voluntários estão por toda parte: em escolas, hospitais, ajudando crianças em
suas tarefas e dificuldades, alegrando crianças em creches, promovendo
campanhas de arrecadação de alimentos, brinquedos, remédios, defendendo o
meio ambiente, trabalhando com cidadania, etc.
Sempre sem receber salários ou remunerações financeiras pela ajuda prestada.
Não importa idade, sexo, religião, condição social, formação, raça, preferências
políticas.
Definições de Trabalho voluntário:
Segundo a ONU: "O voluntário é o jovem ou o adulto que, devido ao seu interesse
pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração
alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social
ou outros campos..."
Segundo a Associação Internacional de Esforços Voluntários (International
Association for Volunteer Efforts - IAVE): "Trata-se de um serviço comprometido
com a sociedade e alicerçado na liberdade de escolha. O voluntariado promove
um mundo melhor e torna-se um valor para todas as sociedades".
Segundo o Programa Voluntários, do Conselho da Comunidade Solidária: "O
voluntário é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e
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solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não
remunerada, para causas de interesse social e comunitário".
Os Direitos do Voluntário - Todo voluntário tem o direito a:
• Desempenhar uma tarefa que o valorize e seja um desafio para ampliar e
desenvolver habilidades. • Receber apoio no trabalho que desempenha
(capacitação, supervisão, e avaliação técnica). • Ter a possibilidade da integração
como voluntário na instituição na qual presta serviços, ter as mesmas
informações que o pessoal remunerado e descrições claras de tarefas e
responsabilidades. • Participar das decisões. • Contar com os recursos
indispensáveis para o trabalho voluntário. •Respeito aos termos acordados quanto
à sua dedicação, tempo doado, e não ser desrespeitado na disponibilidade
assumida. • Receber reconhecimento e estímulo. • Ter oportunidades para o
melhor
aproveitamento
de
suas
capacidades
recebendo
tarefas
e
responsabilidades de acordo com seus conhecimentos, experiência e interesse. •
Ambiente de trabalho favorável por parte do pessoal remunerado da instituição.
As Responsabilidades do Voluntário –
Todo voluntário tem a responsabilidade de:
• Conhecer a instituição e/ou a comunidade onde presta serviços (a fim de
trabalhar levando em conta essa realidade social) e as tarefas que lhe foram
atribuídas. • Escolher cuidadosamente a área onde deseja atuar conforme seus
interesses, objetivos e habilidades pessoais, garantindo um trabalho eficiente. •
Ser responsável no cumprimento dos compromissos contraídos livremente como
voluntário. Só se comprometer com o que de fato puder fazer. •Respeitar valores
e crenças das pessoas com as quais trabalha. • Aproveitar as capacitações
oferecidas de forma aberta e flexível. • Trabalhar de maneira integrada e
coordenada com a entidade onde presta serviço. • Manter os assuntos
confidenciais em absoluto sigilo. • Acolher de forma receptiva a coordenação e a
supervisão de seu trabalho. • Usar de bom senso para resolver imprevistos, além
de informar os responsáveis.
http://www.unv.org/
http://www.worldvolunteerweb.org/
http://www.portaldovoluntario.org.br
http://www.redcross.org/news/vo/iyv/021203ivd.asp
PASTORAL DA SAÚDE – 1º ANIVERSÁRIO
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REUNIÃO DE 12/8/2003 – EVANGELIZAR
Evangelizar é levar a Boa Nova a todos os homens. É a razão de ser da
Igreja. É a missão de cada pessoa batizada.
“Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as
a observar tudo o que vos ensinei” (Mt 28, 19)
“Ide e pregai o Evangelho a todas as criaturas” (Mc 16, 15)
“Ai de mim se não anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16)
“O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; envioume a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os quebrantados de coração,
e proclamar a liberdade aos cativos ...” (Is 61, 1ss)
Jesus, o primeiro evangelizador
Em Lucas 24, 13-35, temos a narrativa dos discípulos de Emaús, onde
podemos aprender uma maneira de evangelizar.
1. preparação, oportunidade (vv 13-14)
2. iniciativa da aproximação (v 15)
3. diálogo (v 17)
4. ouvir o outro, acolher seu problema (vv 19-24)
5. confronto, apresentação de novas idéias (vv 25-26)
6. ensinamento (v 27)
7. comunhão, conquista (vv 28-29)
8. revelação (v 30)
9. conversão (vv 31-32)
10. testemunho (v 35)
Maria, exemplo de serviço ao necessitado
1. disponibilidade (Lucas 1,26-45): Maria aceita ser mãe de Jesus, fica
sabendo da gravidez de Isabel e vai ao encontro da prima, para
ajudar
2. mediadora dos que sofrem (João 2, 5): Maria, durante as bodas de
Caná percebe o problema da falta de vinho e intercede a Jesus
3. humildade e eficiência: não esperar reconhecimento, elogios,
recompensa. Maria ajudou Isabel enquanto precisava e depois voltou
para sua casa
4. entregar-se nas mãos de Deus: como Maria confiou (“faça-se em
mim conforme tua palavra” Lucas 1,38) também devemos confiar na
providência divina
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – 9/9/2003
A DOR E O SOFRIMENTO NA BÍBLIA
NOSSO DESTINO
Gênesis 3, 16-19
16 Disse também à mulher: Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com
dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio.”
17 E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do
fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás
dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida.
18 Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra.
19 Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado;
porque és pó, e pó te hás de tornar.”
Jó 7, 13 e 14,1
1 A vida do homem sobre a terra é uma luta, seus dias são como os dias de um
mercenário.
2 Como um escravo que suspira pela sombra, e o assalariado que espera seu soldo,
3 assim também eu tive por sorte meses de sofrimento, e noites de dor me couberam por
partilha.
1 O homem nascido da mulher vive pouco tempo e é cheio de muitas misérias;
Sabedoria 2,1 e 9,15
1 Dizem, com efeito, nos seus falsos raciocínios: Curta é a nossa vida, e cheia de
tristezas; para a morte não há remédio algum; não há notícia de ninguém que tenha
voltado da região dos mortos.
15 porque o corpo corruptível torna pesada a alma, e a morada terrestre oprime o espírito
carregado de cuidados.
Eclesiástico 40, 1-9
1 Uma grande inquietação foi imposta a todos os homens, e um pesado jugo acabrunha os
filhos de Adão, desde o dia em que saem do seio materno, até o dia em que são
sepultados no seio da mãe comum:
2 seus pensamentos, os temores de seu coração, a apreensão do que esperam, e o dia em
que tudo acaba,
3 desde o que se senta num trono magnífico, até o que se deita sobre a terra e a cinza;
4 desde o que veste púrpura e ostenta coroa, até aquele que só se cobre de pano. Furor,
ciúme, inquietação, agitação, temor da morte, cólera persistente e querelas.
5 E na hora de repousar no leito, o sono da noite perturba-lhe as idéias.
6 Ele repousa um pouco, tão pouco que é como se não repousasse; e no mesmo sono,
como uma sentinela durante o dia,
7 é perturbado pelas visões de seu espírito, como um homem que foge do combate. No
momento em que (se julga) em lugar seguro, ele se levanta e admira-se do seu vão
temor.
8 Assim acontece a toda criatura, desde os homens até os animais. Mas para os pecadores
é sete vezes mais.
9 Além do mais, a morte, o sangue, as querelas, a espada, as opressões, a fome, a ruína
e os flagelos
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CASTIGO
Gênesis 3,16-19
16 Disse também à mulher: Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com
dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio.”
17 E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do
fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás
dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida.
18 Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra.
19 Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado;
porque és pó, e pó te hás de tornar.”
1 Samuel 28, 17-19
17 Fez o Senhor como tinha anunciado pela minha boca: ele tira a realeza de tua mão
para dá-la a outro, a Davi.
18 Não obedeceste à voz do Senhor e não fizeste sentir a Amalec o fogo de sua cólera; eis
por que o Senhor te trata hoje assim.
19 E mais: o Senhor vai entregar Israel, juntamente contigo, nas mãos dos filisteus.
Amanhã, tu e teus filhos estareis comigo, e o Senhor entregará aos filisteus o
acampamento de Israel.
Salmos 31,10
10 São muitos os sofrimentos do ímpio. Mas quem espera no Senhor, sua misericórdia o
envolve.
Eclesiástico 7,1-3
1 Não pratiques o mal, e o mal não te iludirá.
2 Afasta-te da injustiça, e a injustiça se afastará de ti.
3 Meu filho, não semeies o mal nos sulcos da injustiça, e dele não recolherás o sétuplo.
Ezequiel 23,35
35 Pois, eis o que diz o Senhor Javé: porque tu me esqueceste e lançaste atrás das
costas, carregarás tu também o peso de tua criminosa prostituição.
PROVAÇÃO
Gênesis 22,1ss
1 Depois disso, Deus provou Abraão, e disse-lhe: “Abraão!” “Eis-me aqui”, respondeu ele.
2 Deus disse: “Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de
Moriá, onde tu o oferecerás em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar.”
3 No dia seguinte, pela manhã, Abraão selou o seu jumento. Tomou consigo dois servos e
Isaac, seu filho, e, tendo cortado a lenha para o holocausto, partiu para o lugar que Deus
lhe tinha indicado.
4 Ao terceiro dia, levantando os olhos, viu o lugar de longe.
5 “Ficai aqui com o jumento, disse ele aos seus servos; eu e o menino vamos até lá mais
adiante para adorar, e depois voltaremos a vós.”
6 Abraão tomou a lenha do holocausto e a pôs aos ombros de seu filho Isaac, levando ele
mesmo nas mãos o fogo e a faca. E, enquanto os dois iam caminhando juntos,
7 Isaac disse ao seu pai: “Meu pai!” “Que há, meu filho?” Isaac continuou: “Temos aqui o
fogo e a lenha, mas onde está a ovelha para o holocausto?”
8 “Deus, respondeu-lhe Abraão, providenciará ele mesmo uma ovelha para o holocausto,
meu filho.” E ambos, juntos, continuaram o seu caminho.
9 Quando chegaram ao lugar indicado por Deus, Abraão edificou um altar; colocou nele a
lenha, e amarrou Isaac, seu filho, e o pôs sobre o altar em cima da lenha.
10 Depois, estendendo a mão, tomou a faca para imolar o seu filho.
11 O anjo do Senhor, porém, gritou-lhe do céu: “Abraão! Abraão!” “Eis-me aqui!”
57
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
12 “Não estendas a tua mão contra o menino, e não lhe faças nada. Agora eu sei que
temes a Deus, pois não me recusaste teu próprio filho, teu filho único.”
Deuteronômio 13,3
3 tu não ouvirás as palavras desse profeta ou desse visionário; porque o Senhor, vosso
Deus, vos põe à prova para ver se o amais de todo o vosso coração e de toda a vossa
alma.
Provérbios 3,11-12
11 Meu filho, não desprezes a correção do Senhor, nem te espantes de que ele te
repreenda,
12 porque o Senhor castiga aquele a quem ama, e pune o filho a quem muito estima.
Eclesiastes 7,16 e 8,14
16 Não sejas justo excessivamente, nem sábio além da medida. Por que te tornarias
estúpido?
14 Há outra vaidade que aparece sobre a terra: há justos aos quais acontece o que
conviria ao proceder de celerados; e há ímpios aos quais acontece o que conviria ao
proceder de justos. Digo que isso é também vaidade.
Eclesiástico 17,3
3 determinou-lhe uma época e um número de dias.
Mateus 16,24
24 Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a
si mesmo, tome sua cruz e siga-me.
1 Tessalonicenses 3,3
3 a fim de que, em meio às presentes tribulações, ninguém se amedronte. Vós mesmos
sabeis que esta é a nossa sorte.
2 Timóteo 3,12
13 Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, sedutores e seduzidos.
Hebreus 12, 5-11
5 Estais esquecidos da palavra de animação que vos é dirigida como a filhos: Filho meu,
não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele;
6 pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho.
7 Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora,
qual é o filho a quem seu pai não corrige?
8 Mas se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, seríeis bastardos e não
filhos legítimos.
9 Aliás, temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos com
respeito. Com quanto mais razão nos havemos de submeter ao Pai de nossas almas, o
qual nos dará a vida?
10 Os primeiros nos educaram para pouco tempo, segundo a sua própria conveniência, ao
passo que este o faz para nosso bem, para nos comunicar sua santidade.
11 E verdade que toda correção parece, de momento, antes motivo de pesar que de
alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor fruto de
justiça e de paz.
CAMINHO PARA DEUS
Tobias 3,13
13 Deus de nossos pais, que vosso nome seja bendito. Vós, que depois de vos irardes,
usais de misericórdia, e no meio da tribulação perdoais os pecados aos que vos invocam.
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Judite 8, 26-27
26 Por isso não nos irritemos por causa do que sofremos.
27 Consideremos que esses tormentos são menos graves que nossos pecados, e que
esses flagelos com que o Senhor nos castiga, como escravos, foram-nos mandados para a
nossa emenda, e não para a nossa perdição.
1 Coríntios 11,32
32 Mas, sendo julgados pelo Senhor, ele nos castiga para não sermos condenados com o
mundo.
2 Timóteo 2, 11-12
11 Eis uma verdade absolutamente certa: Se morrermos com ele, com ele viveremos.
12 Se soubermos perseverar, com ele reinaremos.
1 Pedro 4,1
1 Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo
pensamento: quem padeceu na carne rompeu com o pecado,
Apocalipse 7,14
14 Respondi-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele me disse: Esses são os sobreviventes da
grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro.
SOFRER COM ALEGRIA
Mateus 5,5.10-12
5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino
dos céus!
11 Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem
falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim
perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
Atos 5,41
41 Eles saíram da sala do Grande Conselho, cheios de alegria, por terem sido achados
dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus.
Romanos 8,18
18 Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com
a glória futura que nos deve ser manifestada.
2 Coríntios 1,4 - 4,17 – 7, 4-5 e 8,2
4 que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que
nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer
angústia!
17 A nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso eterno de
glória incomensurável. Porque não miramos as coisas que se vêem, mas sim as que não
se vêem . Pois as coisas que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas.
4 Tenho grande confiança em vós. Grande é o motivo de me gloriar de vós. Estou cheio de
consolação, transbordo de gozo em todas as nossas tribulações.
5 De fato, à nossa chegada em Macedônia, nenhum repouso teve o nosso corpo. Eram
aflições de todos os lados, combates por fora, temores por dentro.
59
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2 Em meio a tantas tribulações com que foram provadas, espalharam generosamente e
com transbordante alegria, apesar de sua extrema pobreza, os tesouros de sua
liberalidade.
Colossenses 1,24
24 Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de
Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja.
Hebreus 10,34
34 Não só vos compadecestes dos encarcerados, mas aceitastes com alegria a confiscação
dos vossos bens, pela certeza de possuirdes riquezas muito melhores e imperecíveis.
Tiago 1,2
2 Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações,
1 Pedro 2,31 e 4, 12-13
21 Ora, é para isto que fostes chamados. Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos
exemplo para que sigais os seus passos.
12 Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma
coisa extraordinária.
13 Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos
possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua glória.
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REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – 14-OUT-2003
Descendência nobre de Maria
Gn 3,15 Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te
ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.
Gn 12,3 Abençoarei aqueles que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te
amaldiçoarem; todas as famílias da terra serão benditas em ti.
Mt 1,2 Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.
5 Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé.
Jessé gerou o rei Davi.
6 O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias.
10 Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias.
11 Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia.
16 Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado
Cristo.
20 Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos
e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que
nela foi concebido vem do Espírito Santo.
Lc 1, 28 Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.
35 Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo
te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será
chamado Filho de Deus.
Lc 2, 7 E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o
num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria.
8 Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos
campos durante as vigílias da noite.
9 Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles,
e tiveram grande temor.
10 O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será
alegria para todo o povo:
11 hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor.
12 Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto
numa manjedoura.
13 E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que
louvava a Deus e dizia:
14 Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da
benevolência (divina).
Imaculada conceição de Maria
Lc 1, 28 Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.
29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria
semelhante saudação.
30 O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.
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Apc 12, 1 Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do
sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas
Mãe de Deus
Is 7, 14 Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e
dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco
Mt 1, 20 Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em
sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois
o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.
21 Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o
seu povo de seus pecados.
22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta:
23 Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is
7, 14), que significa: Deus conosco.
24 Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu
em sua casa sua esposa.
25 E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o
nome de Jesus.
Mt 2, 13 Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e
disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que
eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar.
Lc 1, 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da
Galiléia, chamada Nazaré,
27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de
Davi e o nome da virgem era Maria.
34 Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?
35 Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo
te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será
chamado Filho de Deus.
36 Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já
está no sexto mês aquela que é tida por estéril,
37 porque a Deus nenhuma coisa é impossível.
38 Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua
palavra. E o anjo afastou-se dela.
39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade
de Judá.
40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu
seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42 E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto
do teu ventre.
43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?
44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança
estremeceu de alegria no meu seio.
45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da
parte do Senhor te foram ditas!
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Lc 2, 4 Também José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade
de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi,
5 para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida.
Jo 1, 1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era
Deus.
2 Ele estava no princípio junto de Deus.
3 Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.
Gal 4, 4 Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que
nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei.
Maria sempre virgem
Is 7, 14 Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e
dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco.
Mt 1, 20 Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em
sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois
o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.
Lc 1, 34 Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?
Virtudes de Maria
Lc 1, 38 Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo
a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.
39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade
de Judá.
40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da
parte do Senhor te foram ditas!
48 porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão
bem-aventurada todas as gerações,
49 porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é
Santo.
50 Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.
51 Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos.
52 Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.
53 Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos.
54 Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
55 conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade,
para sempre.
Lc 2, 19 Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração.
43 Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em
Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem.
44 Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram
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caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos.
45 Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele.
46 Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores,
ouvindo-os e interrogando-os.
47 Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas.
48 Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que
nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição.
Jo 2, 3 Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm
vinho.
4 Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não
chegou.
5 Disse, então, sua mãe aos serventes: Fazei o que ele vos disser.
Jo 19, 25 Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe,
Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
26 Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua
mãe: Mulher, eis aí teu filho.
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REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – NOVEMBRO DE 2003
Elementos de estudo bíblico
A Bíblia não é um livro de ciências, pois contém muitos erros, quando
analisados pelo conhecimento dos dias de hoje. Mas reflete o conhecimento
daquele que o escreveu, no seu tempo. Também não é simplesmente um
livro de registros históricos, pois foi escrito muito tempo depois que os
fatos narrados aconteceram. Foi formado a partir de narrativas que
passaram de geração em geração por séculos. É um livro que reúne as
tradições de um povo, que soube perceber a presença de Deus nos
acontecimentos de sua história. Daí ser considerado inspirado por Deus.
Ela é, portanto, um livro de fé.
Cronologia do Antigo Testamento
Abraão – entre 1850 e 1650 a.C.
Moisés – aprox. 1250 a.C.
Saul, Davi, Salomão entre 1050 e 950 a.C.
Profetas entre 750 e 150 a.C.
Exílio na Babilônia – 598 a 587 a.C.
Esdras – aprox 400 a.C.
Macabeus – aprox 100 a.C.
Cronologia do Novo Testamento
Ressurreição de Jesus – aprox 30
Primeiras cartas S. Paulo – aprox 60
Destruição do Templo de Jerusalém – ano 70
Evangelhos – entre 70 e 80
Grupos de livros por tema
Pentateuco (Torá = Lei): Gênesis (significa princípio), Êxodo (significa
saída), Levítico (pois contém as prescrições para os sacerdotes, os levitas),
Números (por causa do censo efetuado no deserto) e Deuteronômio
(segunda lei, pois nele se narra e se analisa a aliança do povo de Deus).
Históricos: narram fatos importantes da vida do povo: Josué, Juízes, Reis,
Judite, Ester, Esdras, Neemias, Evangelhos, Cartas etc
Proféticos: contêm as narrativas dos tempos dos profetas (profeta não é
adivinho, mas aquele que anuncia a Palavra e denuncia os erros dos
homens): Elias, Isaías, Jeremias, Daniel, Apocalipse etc
Sapienciais: Provérbios, Sabedoria, Jó, Eclesiastes, Eclesiástico.
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Poéticos: Salmos e Cântico dos cânticos
Tradições
A leitura atenta dos primeiros livros da Bíblia mostra que eles não foram
escritos de uma única vez, do começo ao fim, nem por uma só pessoa. Ao
contrário, pode-se perceber que há diversas passagens em que o texto
parece uma colcha de retalhos, ou que os fatos foram narrados por
diferentes grupos de pessoas. Exemplos:
•
Gênesis capítulo 1 narra a criação do mundo. O capítulo 2 também
(de novo!?)
•
Ceia pascal na noite do êxodo: em Êxodo 12, 2-11 há uma longa
descrição:
2 “Este mês será para vós o princípio dos meses: tê-lo-eis como
o primeiro mês do ano.
3 Dizei a toda a assembléia de Israel: no décimo dia deste mês
cada um de vós tome um cordeiro por família, um cordeiro por
casa.
4 Se a família for pequena demais para um cordeiro, então o
tomará em comum com seu vizinho mais próximo, segundo o
número das pessoas, calculando-se o que cada um pode comer.
5 O animal será sem defeito, macho, de um ano; podereis tomar
tanto um cordeiro como um cabrito.
6 E o guardareis até o décimo quarto dia deste mês; então toda a
assembléia de Israel o imolará no crepúsculo.
7 Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre as duas ombreiras e
sobre a verga da porta das casas em que o comerem.
8 Naquela noite comerão a carne assada no fogo com pães sem
fermento e ervas amargas.
9 Nada comereis dele que seja cru, ou cozido, mas será assado
no fogo completamente com a cabeça, as pernas e as entranhas.
10 Nada deixareis dele até pela manhã; se sobrar alguma coisa,
queimá-la-eis no fogo.
11 Eis a maneira como o comereis: tereis cingidos os vossos rins,
vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão. Comê-lo-eis
apressadamente: é a Páscoa do Senhor.
•
Em Êxodo 12, 21-22 é bem resumida:
21 Moisés convocou todos os anciãos de Israel e disse-lhes: “Ide
e escolhei um cordeiro por família, e imolai a Páscoa.
22 Depois disso, tomareis um feixe de hissopo, ensopá-lo-eis no
sangue que estiver na bacia e aspergireis com esse sangue a
66
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
verga e as duas ombreiras da porta. Nenhum de vós transporá o
limiar de sua casa até pela manhã.
• A rota do êxodo narrada em Ex 13 e 14
13, 17 Tendo o faraó deixado partir o povo, Deus não o conduziu
pelo caminho da terra dos filisteus, que é, no entanto, o mais
curto, pois disse: “Talvez o povo possa arrepender-se, no
momento em que tiver de enfrentar um combate e voltar para o
Egito”.
18 Por isso, Deus fez com que o povo desse uma volta pelo
deserto, para o lado do mar Vermelho.
20 Tendo partido de Socot, acamparam em Etão, na extremidade
do deserto.
14, 1 O Senhor disse a Moisés:
2 “Dize aos israelitas que mudem de direção e venham acampar
diante de Fiairot, entre Magdalum e o mar, defronte de
Beelsefon: acampareis defronte desse lugar, perto do mar.
15, 22 Moisés fez partir os israelitas do mar Vermelho e os dirigiu
para o deserto de Sur.
•
A rota do êxodo narrada em Num 33, 5-8
5 Partidos de Ramsés, os israelitas se detiveram em Socot,
6 de onde partiram, indo acampar em Etão, situado na
extremidade do deserto.
7 Dali, voltaram a Fiairot, defronte de Beelsefon, e acamparam
diante de Magdalum.
8 Deixando Fiairot, passaram pelo meio do mar para o deserto.
Após três dias de marcha na solidão de Etão, detiveram-se em
Mara.
Mesmo em alguns trechos do Novo Testamento há indícios de que alguns
acréscimos foram feitos no texto original. Veja como exemplo, a oração do
Pai-Nosso, narrada em Lucas 11, 1-4:
2 Disse-lhes ele, então: Quando orardes, dizei: Pai, santificado
seja o vosso nome; venha o vosso Reino;
3 dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento;
4 perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos
àqueles que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação.
E em Mateus 6, 9-13:
9 Eis como deveis rezar: PAI NOSSO, que estais no céu,
santificado seja o vosso nome;
10 venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim
na terra como no céu.
11 O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
67
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12 perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos
aos que nos ofenderam;
13 e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
É por meio da análise de casos assim que os estudiosos identificam
diferentes estilos de narração; identificam os autores dos textos (ou pelo
menos, podem afirmar que não é a mesma pessoa que escreveu todo um
livro); chegam à conclusão de quais partes do texto são mais antigas; onde
aconteceram acréscimos; onde são fatos verídicos e onde são lendas (Adão
e Eva, José do Egito e seus irmãos, Jó) etc.
A formação do Povo de Deus: o nascimento do judaísmo
Em Neemias cap.8 está narrado o encontro dos livros da Lei, após o exílio
na Babilônia, quando o povo hebreu se unificou (as doze tribos geraram
dois reinos fortes, o do norte – Israel – e o reino do sul – Judá):
1 Todo o povo se reuniu então, como um só homem, na praça que
ficava diante da porta da Água, e pediu a Esdras, o escriba, que
trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o Senhor havia prescrito a
Israel.
2 O sacerdote Esdras trouxe a lei diante da assembléia de homens,
mulheres e de todas (as crianças) que fossem capazes de
compreender.
5 Esdras abriu o livro à vista do povo todo; ele estava, com efeito,
elevado acima da multidão. Quando o escriba abriu o livro, todo o
povo levantou-se.
6 Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus; ao que todo o povo
respondeu, levantando as mãos: Amém! Amém! Depois inclinaramse e prostraram-se diante do Senhor com a face por terra.
8 Liam distintamente no livro da lei de Deus, e explicavam o
sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura.
9 Depois Neemias, o governador, Esdras, sacerdote e escriba, e os
levitas que instruíam o povo, disseram a toda a multidão: Este é
um dia de festa consagrado ao Senhor, nosso Deus; não haja nem
aflição, nem lágrimas. Porque todos choravam ao ouvir as palavras
da lei.
17 Todos aqueles que tinham voltado do cativeiro fizeram cabanas
e nelas habitaram. Desde o tempo de Josué, filho de Nun, até
aquele dia, os israelitas não tinham feito coisa semelhante. E houve
por isso grande regozijo.
18 Foi feita a cada dia uma leitura da lei de Deus, desde o primeiro
dia da festa até o último. Celebraram a festa durante sete dias, e,
no oitavo dia, houve uma assembléia solene para encerramento,
segundo prescrevia o rito.
Para entender a Bíblia, algumas disciplinas estudam os textos antigos e nos
dão informações importantes. A Exegese é a ciência que estuda e procura
68
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
explicar os acontecimentos narrados na Bíblia, em seu contexto histórico,
cultural e lingüístico. A Hermenêutica é designada pela Igreja para
atualizar as Escrituras. A Arqueologia ajuda a localizar as cidades e outras
referências mencionadas na Bíblia e nos textos de outras culturas. Também
são importantes as disciplinas tradicionais como Geografia, História, Física,
Química, Matemática etc.
Outras informações importantes são decodificadas através dos números
que aparecem nos textos: 7 indica perfeição (perdoar 70 x 7 vezes); 12
tribos, 12 discípulos; 40 anos o povo no deserto com Moisés, 40 dias de
jejum de Jesus; 144.000 (=12 x 12 x 1000) os salvos citados no
Apocalipse; etc.
Referências para leitura
Conheça a Bíblia – Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin – Ed. Paulus
Tire suas dúvidas sobre a Bíblia – José Bortolini – Ed. Paulus
Iniciação à Bíblia – Antigo Testamento - Ed. Paulinas
69
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REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE - 15/1/2004
SACRAMENTOS
Conforme o Catecismo da Igreja Católica, sacramentos são “sinais eficazes
da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, pelos quais nos é dada
a vida divina”. Nº.1131
A noção de sacramento inclui os seguintes elementos:
•
•
•
•
•
É uma “coisa” sensível, isto é, que os homem é capaz de perceber
pelos sentidos (água no Batismo, pão e vinho na Eucaristia etc)
Essa “coisa” sensível, por outro lado, é sinal de outra realidade, a
graça ou vida divina
Foi instituída por Cristo durante sua vida terrena
Tenha eficácia sobrenatural para produzir a graça na alma de quem o
recebe
Como os Sacramentos foram confiados à Igreja, diz-se que os
Sacramentos são da Igreja porque ela é o sacramento da ação de
Cristo que atua nela graças à ação do Espírito Santo.
1- BATISMO
Mt 28,19 Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo.
Mc 16,16 Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será
condenado.
Jo 3,5
Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não
renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de
Deus.
Tito 3, 4-7 Mas um dia apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador, e o
seu amor para com os homens. E, não por causa de obras de
justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude
de sua misericórdia, ele nos salvou mediante o batismo da
regeneração e renovação, pelo Espírito Santo, que nos foi
concedido em profusão, por meio de Cristo, nosso Salvador,
para que a justificação obtida por sua graça nos torne, em
esperança, herdeiros da vida eterna.
2- CONFIRMAÇÃO
At 8,15-17 Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis,
a fim de receberem o Espírito Santo, visto que não havia
descido ainda sobre nenhum deles, mas tinham sido somente
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batizados em nome do Senhor Jesus. Então os dois apóstolos
lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo.
At 19,6
E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo
desceu sobre eles, e falavam em línguas estranhas e profetizavam.
2Cor 1,21-22 Ora, quem nos confirma a nós e a vós em Cristo, e nos
consagrou, é Deus. Ele nos marcou com o seu selo e deu aos nossos
corações o penhor do Espírito
1 Jo 2, 27 Quanto a vós, a unção que dele recebestes permanece
em vós. E não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a
sua unção vos ensina todas as coisas, assim é ela verdadeira e não
mentira. Permanecei nele, como ela vos ensinou.
3- EUCARISTIA
Mt 26,26-28
Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiuo e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu
corpo. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho,
dizendo: Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue
da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão
dos pecados.
Mc 14,22-24
Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o
benzer, partiu-o e deu-lho, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo.
Em seguida, tomou o cálice, deu graças e apresentou-lho, e
todos dele beberam. E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o
sangue da aliança, que é derramado por muitos.
Lc 22,19-20
Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças,
partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado
por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo
tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é
a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós.
1Cor 11,23-25 Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor
Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter
dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é
entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo
modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice,
dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as
vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim.
4- PENITÊNCIA
Mt 16, 18-19 E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na
terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra
será desligado nos céus
71
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Mt 18,18
Jo 20,23
Tg 5,16
Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será
ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será
também desligado no céu.
Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão
perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.
Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos
outros para serdes curados.
5- UNÇÃO DOS DOENTES
Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos
enfermos e os curavam.
Tg 5,14-15 Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes
façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do
Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o
restabelecerá. Se ele cometeu pecados, ser-lhe-ão perdoados.
Mc 6,13
6- ORDEM
Jo 20, 21-23
Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai
me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas
palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito
Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão
perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.
Heb 5, 1-4 Em verdade, todo pontífice é escolhido entre os homens e
constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que
dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos
pecados. Sabe compadecer-se dos que estão na ignorância e
no erro, porque também ele está cercado de fraqueza. Por isso,
ele deve oferecer sacrifícios tanto pelos próprios pecados
quanto pelos pecados do povo. Ninguém se apropria desta
honra, senão somente aquele que é chamado por Deus, como
Aarão
1 Tim 4,14 Não negligencies o carisma que está em ti e que te foi dado por
profecia, quando a assembléia dos anciãos te impôs as mãos.
1 Tim 5,22 A ninguém imponhas as mãos inconsideradamente, para que
não venhas a tornar-te cúmplice dos pecados alheios.
2 Tim 1,6 Por esse motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de
Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos.
7- MATRIMÔNIO
Mt 19,4-6
Respondeu-lhes Jesus: “Não lestes que o Criador, no começo,
fez o homem e a mulher e disse: ‘Por isso, o homem deixará
seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão
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uma só carne?’ Assim, já não são dois, mas uma só carne.
Portanto, não separe o homem o que Deus uniu.”
Ef 5, 31-32 Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher,
e os dois constituirão uma só carne (Gn 2,24). Este mistério é
grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja.
SACRAMENTAIS
Sacramentais são sinais sagrados, pelos quais, de algum modo à imitação
dos Sacramentos, significam efeitos sobretudo espirituais, que se obtém
por impetração da Igreja. (CDC 1166)
Diferem dos Sacramentos na medida que:
• Os Sacramentos são de instituição divina; os sacramentais, de
instituição eclesiástica;
• Os Sacramentos atuam ex opere operato; os sacramentais, ex
impetratione Ecclesiae;
• Os Sacramentos são sinais da graça; os sacramentais são sinais de
oração da Igreja;
• Os sacramentos têm como fim produzir a graça que significam; os
sacramentais apenas dispõem a pessoa para receber a graça e obtêm
outros efeitos
Entre os sacramentais mais conhecidos está a água benta, que é água
benzida com orações que figuram no ritual. Da mesma forma, crucifixos,
velas, ramos de oliveira. Os sacramentais têm como efeito bênçãos de
Deus (pessoas, objetos, lugares). Toda bênção é louvor de Deus e oração
para obter seus dons.
73
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MESCE - MINISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DA SAGRADA
COMUNHÃO EUCARÍSTICA
Arquidiocese de Brasília
Objetos Litúrgicos
Alfaias
"Alfaias litúrgicas" são todos os
objetos confeccionados em tecido
para o desenvolvimento da Sagrada
Liturgia, como por exemplo os panos
do altar, toalhas e paramentos do
padre.
Cálice
Recipiente que recebe o
vinho, no ofertório,
vinho este
transformado em
Sangue de Cristo na
consagração.
Patena
Espécie de "prato"
onde se coloca a hóstia
grande (às vezes
também as pequenas)
para a consagração.
Com a patena pode-se
também cobrir o cálice.
Âmbula, Cibório ou
Píxide
Recipiente em que são
colocadas as hóstias
para a consagração. É
também nele que são
guardadas as Hóstias
consagradas, no
sacrário.
Ostensório ou Custódia
É onde se coloca a
Hóstia grande
consagrada para a
adoração e as
procissões eucarísticas.
Teca
É o estojo onde são
depositadas as Hóstias
consagradas que o
Ministro leva aos
doentes e idosos. A teca
é conduzida na "bolsa
de viático".
Bolsa de Viático
Bolsa, de tamanho
pequeno, quase sempre
de pano, em que é
colocada a teca em que
são levadas as Hóstias
Corporal
Pano branco de linho,
que, estendido sobre o
altar, recebe sobre si a
patena com a hóstia
grande, o cálice com o
74
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consagradas aos
doentes e idosos.
vinho e as âmbulas com
as hóstias pequenas. É
também sobre ele que
se coloca o ostensório e
a teca.
Manustérgio
É uma toalha pequena,
branca, em que o
sacerdote e o ministro
extraordinário da
Eucaristia enxugam as
mãos depois de lavá-las
durante a celebração. O
manustérgio também é
usado pelo ministro da
Eucaristia para a
purificação da teca
(depois de purificá-la
com água).
Pala
Pedaço de papelão ou
plástico (quadrado),
coberto de pano branco,
usado para cobrir o
cálice.
Sanguinho
Pano branco, de
pequenas proporções,
com o qual o sacerdote
purifica a patena, o
cálice e as âmbulas
bem como os dedos e
os lábios após
comungar.
Galhetas
Vasos, quase sempre de vidro ou
porcelana, que contém a água e o
vinho para a celebração da Missa.
Sacrário
Lugar onde se guardam
as Hóstias consagradas.
Missal
Livro usado pelo sacerdote para a
celebração da Missa.
Vinho
Feito somente de uva, o vinho
litúrgico, usado na missa, é
consagrado pelo sacerdote e tornase o Sangue de Cristo.
Hóstia
Pão ázimo (sem fermento),
consagrado pelo sacerdote e que se
torna o Corpo de Cristo.
75
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Credência
Mesinha, ao lado do altar, onde fica
depositado o material litúrgico, como
o vinho, a água, o cálice e as
âmbulas para a consagração.
Partículas
Hóstias pequenas para serem
consagradas durante a missa.
Túnica ou Alva
Vestimenta, quase
sempre de cor branca,
que veste o sacerdote,
recobrindo todo o seu
corpo.
Opa
Veste usada pelo
Ministro Extraordinário
da Sagrada Comunhão
Eucarística nas
celebrações..
Capa Pluvial
Capa comprida usada
pelo sacerdote, e
também pelo diácono,
para bênção, procissões
eucarísticas e aspersão
dos fiéis com água
benta.
Cíngulo
Cordão branco posto à
cintura para prender a
alva.
Estola
Usada por cima da alva ou túnica, é
uma tira comprida de pano. É o
símbolo do poder sacerdotal, e a cor
varia de acordo com o tempo
litúrgico. Além de ser usada na
missa, também o é na administração
dos sacramentos e nos
sacramentais.
Casula
Usada por cima da alva e da estola,
é um manto cuja a cor varia de
acordo com o tempo litúrgico.
Dalmática
Veste própria do diácono, que a usa
sobre a alva e a estola. Também o
Bispo e o abade a usam, debaixo da
casula, em ocasiões especiais.
Conopeu
Pano, ou véu, que cobre
a âmbula.
76
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Pálio
Cobertura com franjas,
carregada apoiada em
varas, que cobre o
Ministro que leva o
ostensório com a Hóstia
consagrada.
Véu Umeral
Manto usado pelos
ministros ordenados,
colocando sobre os
ombros dos mesmos,
com o qual seguram o
ostensório.
http://www.mescedf.org.br
77
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CENTENARIO DO HOSPITAL EGAS MONIZ
HOMILIA DE D. JOSÉ SANCHES ALVES
Meus Irmãos,
A nossa Eucaristia de hoje é celebrada na capela do Hospital Egas Moniz, hospital que
merecidamente usa o nome do grande cientista e Prémio Nobel da Medicina que nele
trabalhou. A capela é dedicada a S. João de Brito, o grande apóstolo das Índias, que a
exemplo de S. Paulo se fez tudo para todos para os salvar. S. João de Brito é um bom
exemplo do que pode fazer a dedicação ao próximo, virtude que deverá estar
presente em todos os que trabalham em favor dos doentes.
Viemos aqui por uma razão especial. O Hospital Egas Moniz está a comemorar o
centenário da sua criação. Cem anos na vida de um hospital constituem uma etapa
longa e rica que merece ser assinalada. Basta pensar nos muitos milhares de pessoas
que aqui foram aliviadas dos seus sofrimentos ou puderam mesmo restabelecer
integralmente a sua saúde, graças à competência profissional e à dedicação humana
de centenas de médicos, técnicos de saúde e enfermeiros das mais variadas
especialidades e ao serviço de tantos outros funcionários que aqui trabalharam no
decorrer de um século.
No seu passado, o Hospital Egas Moniz viveu momentos de glória e de grande
prestígio que ainda hoje o colocam em lugar de destaque no conjunto das nossas
instituições de saúde. É esse passado de glória e de prestígio que hoje queremos
evocar, na pessoa dos que actualmente aqui trabalham e se esforçam por continuar e
aperfeiçoar o trabalho dos seus antecessores.
Um hospital é um lugar de que sempre nos abeiramos com um misto de ansiedade e
de esperança. Ansiedade porque a doença, mesmo quando é leve, não deixa de ser
uma ameaça à vida, valor inestimável e precário. Esperança porque nele actua um
conjunto de pessoas a quem Deus concedeu o dom de colaborar na obra da criação,
lutando contra os males que afectam a vida humana, pela utilização das novas
descobertas científicas que o génio humano vai realizando, ao longo dos tempos. E a
nossa época é rica nos avanços da ciência e da tecnologia. Todos nos sentimos
empolgados de alegria pelas maravilhas que hoje se realizam no âmbito da medicina.
Pena é, no entanto, que a maioria da população a elas não tenha acesso.
Os hospitais, nos tempos modernos, transformaram-se em grandes catedrais da vida.
Por eles passa a maior parte da população, em diferentes fases da vida. Neles se
nasce. Neles se restabelece a saúde. Neles se conclui a corrida desta vida para entrar
na nova e definitiva etapa do viver humano. Por isso, os hospitais merecem especial
atenção da parte das autoridades governativas, dos especialistas da saúde e da
própria Igreja.
O ser humano é sumamente complexo. Os cuidados de saúde têm que ter em conta
essa complexidade. Não se podem reduzir aos aspectos técnicos em detrimento da
78
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
dimensão humana e espiritual. Hoje é dado adquirido que a terapia deve ter uma
abordagem holística e interdisciplinar. Só assim se poderá proporcionar ao doente
mais qualidade de vida, no seu contexto próprio.
É dentro desta perspectiva que se justifica a presença da Igreja e das outras
confissões religiosas no hospital. A capelania do hospital tem o seu lugar próprio.
Cumpre-lhe proporcionar ao doente, através do capelão e de toda a equipa de
voluntários que com ele colaboram a assistência humana e espiritual. Por ela, o
doente se sente ligado à sua comunidade de origem, não permitindo que ele se sinta
abandonado. Sabe que tem alguém ao seu lado para o confortar, para o ouvir.
Disposto a gastar tempo com ele porque o compreende e porque o ama. Não está ali
por simples iniciativa pessoal. É um delegado da comunidade crente que escuta a
Palavra de Deus, que se alimenta da Eucaristia e se fortalece com os sacramentos. É
alguém que cumpre o mandamento do amor cristão, iluminado pela fé que lhe faz
descobrir a verdade das palavras de Jesus: «estava doente e fostes visitar-me», e
ainda: «o que fizestes aos outros foi a Mim que o fizestes».
A visita ao doente feita com este espírito transforma-se em anúncio da Ressurreição
de Cristo, abre as portas da esperança, mesmo aqueles que sentem que a morada
deste mundo se vai deteriorando. Mas, como nos dizia S. Paulo, é nessa situação que
nos aproximamos da nova morada que nos foi preparada por Deus. Morada definitiva,
onde não há penas nem sofrimento. Aí Cristo será tudo para todos. Aí brilhará sempre
com frescura a sabedoria divina que hoje nos foi anunciada para conduzir os passos
da nossa vida. Procuremo-la ao longo da nossa vida e deixemo-nos conduzir por ela.
Lisboa, 10 de Novembro de 2002
+ José Alves, Bispo Auxiliar de Lisboa
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
COMO FAZER UMA
RÁPIDA VISITA AO DOENTE?
ANÍSIO BALDESSIN
No mundo moderno, e principal mente nas grandes cidades, a falta de tempo é o problema da maioria
das pessoas. Estamos sempre correndo. Correndo contra o tempo, ou melhor, contra a falta de
tempo. Para provar esta verdade é só observarmos quando, na rua ou em outro lugar, encontramos
pessoas amigas: “Nossa! Quanto tempo! Este ano está voando!” E o outro diz: “É verdade, ainda ontem
estávamos comemorando as festas natalinas! O tempo está passando muito rapidamente!”
No entanto, a realidade não é a mesma para as pessoas que moram nas pequenas cidades e
principalmente para aquelas que não têm nada a fazer. Para isso, basta perguntar especialmente aos
doentes que estão em casa ou internados num hospital. Com certeza, eles dirão que o tempo não
passa. Por isso, a famosa frase “o tempo cura tudo” deve ser bem entendida. Será que é o tempo que
cura tudo ou o que cura é o que nós fazemos com o tempo. Pois se não tenho nada a fazer com o
tempo, a cura é muito demorada.
ENCONTROS INFORMAIS
No pouco tempo de que dispomos, quando encontramos as pessoas as conversas são quase sempre
muito informais. Ou seja, fala-se um pouco de tudo, mas não se aprofunda em quase nada. E antes de
se despedir as pessoas até dizem: “Precisamos nos encontrar, vamos marcar alguma coisa. Você
precisa ir lá em casa”. Trocam o número de telefone com a promessa e a certeza de que a visita para
uma conversa mais demorada e sem compromisso acontecerá. No entanto, despedem-se, não
agendam nada e vão se encontrar nem Deus sabe quando.
E quando, raramente, o encontro acontece, ainda assim a conversa normalmente é atrapalhada
pelo barulho da televisão que transmite um capítulo imperdível da novela, um filme, um jogo de futebol
ou outro programa qualquer. E lá se vai, mais uma vez, a conversa por água abaixo. A desculpa é
sempre a mesma: a falta de tempo. Porém, esquecemos que, quando temos tempo, não ficamos com a
pessoa ou não sabemos aproveitar o tempo que temos.
O TEMPO NA VISITA PASTORAL AO DOENTE
A falta de tempo que toma conta de nossas vidas também está presente na visita pastoral aos
doentes. Aqui também temos a presença deste “inimigo”. Os profissionais da saúde vivem o drama do
grande número de pessoas sob seus cuidados. Envolvem-se tanto com os cuidados e com os
recursos terapêuticos que esquecem quase que completamente da pessoa. O doente deixa de ser
sujeito e passa ser quase um objeto de cuidado.
O agente de pastoral também é alguém muito ocupado. Pois, em geral, além de fazer pastoral
da saúde exerce inúmeras funções na Igreja. Às vezes, até mais do que poderia e deveria. Por isso,
quando vai visitar os doentes e/ou levar comunhão está sempre apressado. A exemplo do que acontece
com o profissional da saúde, o agente de pastoral acaba se envolvendo tanto com a assistência
espiritual e com os sacramentos que esquece a assistência humana e solidária ao doente.
ENCONTRANDO TEMPO
Como fazer isso? Não é fácil. Porém, não é impossível. Basta programar e aproveitar bem o pouco
tempo que se tem. Embora não seja novidade para muita gente, penso que não é demais repetir um
velho dito popular que diz: “Quer pedir algo para alguém, peça para aquele que já tem muitas
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
atividades. Pois aqueles que não têm nada pra fazer nunca têm tempo”. Vejamos um exemplo
concreto.
O melhor exemplo de que é possível encontrar tempo é Jesus Cristo. Sua missão, segundo relatos
bíblicos, durou apenas três anos. Durante esse pequeno espaço de tempo, Ele simplesmente
revolucionou o mundo inteiro com sua maneira de pensar, falar e agir. Estava sempre rodeado de
pessoas e quando elas não iam ao seu encontro, Ele próprio ia ao encontro delas.
Embora nunca tenha se preocupado em reunir grandes multidões e encher estádios ou praças,
sabia, como ninguém, aproveitar bem os momentos em que tinha a oportunidade de estar com as
pessoas. Foi assim com os discípulos de Emaús e com a samaritana. Quanto tempo despendeu com
cada um? Não importa, o que importa é que quando Ele se encontrava com alguém,
ficava, literalmente, com a pessoa.
O ESTAR COM O OUTRO
Quando ministro cursos de pastoral da saúde é muito comum as pessoas perguntarem: “Quanto
tempo deve demorar a visita”? A resposta é: “Depende”. A visita pode ser longa, média ou curta. Tudo
vai depender das necessidades do doente, da maneira como ele nos receber e ainda da metodologia do
agente para conduzir a conversação.
Porém, é sempre importante ter presente dois fatores: 1) a pessoa com a qual estamos conversando,
naquele momento, é sempre a mais importante e necessitada. Fique com ela o tempo que for
necessário; 2) se você não dispõe de muito tempo, como acontece na terapia com o psicólogo, estipule
um tempo determinado. É melhor determinar um tempo do que ficar olhando o relógio na frente
do doente.
Portanto, quando você estiver com um doente, ainda que seja para uma rápida visita, o segredo não é,
em primeiro lugar, fazer algo por ele, mas estar com ele. Pois estando com ele você poderá fazer algo
por ele. O agente e/ou profissional da saúde poderá dizer: “É, mas isso leva tempo!” É verdade. Mas
um exemplo pode nos ajudar. Quando o enfermeiro toma o pulso do paciente para controlar os
batimentos cardíacos, ele demora um minuto. Ele pode fazer este procedimento olhando e voltado para
o doente ou simplesmente virado para o lado. O tempo gasto vai ser o mesmo. No entanto, se ele
fizer este procedimento voltado para o doente demonstrará que está, literalmente, com o doente.
Portanto, para aqueles que trabalham na pastoral da saúde e que, devido à falta de tempo,
precisam fazer rápidas visitas aos doentes, aqui vai um conselho, resultado da prática pastoral: a visita
rápida pode ser tão benéfica e importante quanto a longa. Depende da maneira como você a faz. Pois
uma visita sempre causa bem-estar para a pessoa. Alguém já disse que nós esquecemos, facilmente,
muitos acontecimentos de nossa vida. Porém, jamais esqueceremos as experiências vividas no hospital
e principalmente as visitas que recebemos. Mesmo que sejam rápidas.
(Informativo do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética – setembro de 2004)
81
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
APRENDA A ESCUTAR
ROBERTA ISRAELOFF
O que todos desejamos quando estamos nos sentindo deprimidos, agitados ou
loucamente felizes é encontrar um amigo que pareça ter todo o tempo do mundo para
nos ouvir.
Você sabe ouvir… de verdade? Meus sogros tinham acabado de chegar a Nova York, após uma
angustiante viagem da Flórida, onde passaram o inverno. “Da primeira vez que o carro parou,
estávamos na Carolina do Norte”, contou minha sogra ao telefone. “Mandamos consertá-lo, mas o
motor pifou outra vez em Delaware. O pior, porém, aconteceu na ponte Verrazano, na hora do rush.
Parecia que nunca chegaríamos em casa”.
“Que horrível!”, exclamei, pronta para começar minha própria história de terror: um carro enguiçado
às 21h30 no estacionamento deserto de um shopping center. Mas alguém bateu à porta e ela teve de
se despedir. “Obrigada por me ouvir”, disse ela. “E obrigada principalmente por não ter me contado
uma história de carro ainda pior.” Com o rosto em brasa, desliguei o telefone. Nos dias que se
seguiram peguei-me refletindo sobre a sabedoria daquelas últimas palavras.
Não consigo contar o número de vezes que comecei a reclamar de uma briga com meu filho,
uma decepção profissional ou até mesmo de problemas com o carro e uma colega me interrompeu
dizendo: “O mesmo acaba de acontecer comigo”. E, de repente, passamos a falar do filho ingrato dela,
do chefe insuportável dela, do vazamento no tanque de combustível dela. E só me resta concordar com
a cabeça nos momentos certos, perguntando-me se teríamos todos sido acometidos de um sério caso
de déficit de atenção emocional.
É fácil perceber como essa pseudo-empatia “sei como você se sente e posso provar isso” às vezes se
confunde com a verdadeira empatia. Não há nada mais natural do que tentar acalmar um
amigo transtornado com garantias de que ele não está só. Mas as calamidades assemelham- se apenas
à distância; de perto, são tão únicas quanto impressões digitais. O marido de sua amiga perdeu o
emprego, assim como o seu, mas não há duas famílias que tenham contas bancárias
idênticas, indenizações ou planos de emergência iguais. Dizer “entendo sua dor” também pode ser um
prelúdio para oferecer conselhos: “Ouça o que eu fiz e o que você deve fazer”. Mas quando você leva
três vezes o tempo normal para cobrir um trajeto ou seu filho tem febre alta no meio da noite, você
quer mesmo saber como sua amiga enfrentou a situação parecida? Claro que não.
O que todos desejamos quando estamos nos sentindo deprimidos, agitados ou loucamente felizes
é encontrar um amigo que pareça ter todo o tempo do mundo para nos ouvir. Essa capacidade de estar
ao lado de uma pessoa na dor ou na alegria é pedra angular da verdadeira empatia.
Felizmente, essa é uma habilidade fácil de aprender. Desde a conversa que tive com a minha sogra, por
exemplo, venho reprimindo o impulso de interromper minhas amigas quando elas querem se
abrir comigo. Estou aprendendo a trilhar o caminho aberto pela outra pessoa, prestando atenção à
linguagem corporal, às expressões faciais, ao tom de voz e ao que não é dito.
Também estou me tornando mais capaz de reconhecer e apreciar a empatia quando sou eu a
beneficiária. Outro dia, liguei para uma amiga a fim de me queixar que estava nervosa e sem
concentração. “Quer falar a respeito?”, perguntou ela. Assim, discorri sobre meus sentimentos durante
algum tempo. Por fim, eu lhe agradeci a atenção em me ouvir e perguntei como ela estava se sentindo.
“Podemos falar sobre mim amanhã”, foi a resposta. Isso, sim, é empatia.
Não é sempre que queremos respostas ou conselhos. Às vezes, só queremos companhia.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
83
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Origem e ponto de partida da Pastoral da Saúde
A Pastoral da Saúde é, desde 1985 e por vontade expressa do Santo Padre o Papa João
Paulo II, uma das formas da pastoral especializada. De facto a 11 de Fevereiro de 1985, pelo
Motu Proprio “Dolentium Hominum” o Santo Padre institui a Comissão Pontifícia para o
Apostolado dos Profissionais da Saúde, anos depois convertida em Conselho Pontifício para
a Pastoral da Saúde.
A 13 de Maio de 1981, ocorreu na Praça de São Pedro o atentado contra o Papa Karol
Wojtyla que estava a ser muito incómodo para muitos dos senhores do mundo. Daí, até a um
atentado para lhe dar a morte foi um passo. Recolhido de imediato na Clínica Gemelli, ali
permaneceu alguns meses até à sua plena recuperação. Foi um tempo de reflexão e de
oração. Quando o Papa deixou a clínica, quis oferecer ao mundo um documento notável
sobre o sofrimento humano, a Encíclica Salvifici Doloris. Assinada a 11 de Fevereiro de 1984,
constitui a carta magna de uma pastoral diferente. Se é certo que “o sofrimento humano
suscita compaixão, inspira também respeito e, a seu modo, intimida” diz o Papa. É por isso
que se torna urgente reflectir sobre o mundo do sofrimento e encontrar os caminhos para
superá-lo e descobrir para ele um sentido mais profundo.
“A medicina, enquanto ciência e, conjuntamente como arte de curar, revela no vasto
terreno dos sofrimentos do homem o seu sector mais conhecido”. E o Papa continua
falando da importância da terapia que permite vencer alguns dos problemas humanos.
Para além do sofrimento físico, é indispensável acompanhar o ser humano no seu
todo, para este poder vencer os sofrimentos psicológicos, morais, sociais e até
espirituais. O que está em questão é a saúde integral de cada pessoa. Talvez por isso,
nesta carta encíclica comece a desenhar-se o que um ano mais tarde o Papa vai
chamar “Pastoral da Saúde”.
Se a Pastoral é a acção organizada da Igreja, através da qual se torna presente, aqui e agora
a acção salvífica de Cristo, então em Jesus Cristo todo o sofrimento é vencido pelo amor, e
esta acção salvífica de Deus opera-se pelo dar mais saúde a cada pessoa na circunstância
concreta em que está a viver.
A encíclica termina com uma interpretação maravilhosa da parábola do Bom Samaritano em
que este estrangeiro faz tudo para dar saúde e mais qualidade de vida ao homem caído na
estrada de Jericó .
Curiosamente, nos últimos discursos do Papa sobre a Pastoral da Saúde, este insiste muito
em que os Profissionais de Saúde (médicos, enfermeiros, voluntários e outros) se devem
tornar “bons samaritanos” na generosidade com que assistem e acompanham todos os que
deles necessitam . http://www.pastoraldasaude.pt/QUEM_SOMOS.htm
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA
Em 1717, a Câmara Administrativa de Guaratinguetá decidiu e pronto. A época não era favorável à
pescaria mas os pescadores que se virassem. O Conde tinha que provar do peixe do rio Paraíba. E
a convocação foi lida em toda a redondeza. João Alves, Domingos Garcia e Felipe Pedroso,
moradores de Itaguaçu, pegaram seus barcos, suas redes e se lançaram na difícil tarefa. Remaram
a noite toda sem nada pescar. No Porto de Itaguaçu, após várias horas pescando sem resultados
lançaram mais uma vez as redes. João Alves sentiu que a sua rede pesava. Serão peixes? Puxou-a.
Não. Não eram peixes. Era o corpo de uma imagem. Mas ... e a cabeça, onde estava? Guardou o
achado no fundo do barco. Continuaram tentando achar peixes. Foi lançada a rede novamente. De
repente, na rede do mesmo pescador, uma cabeça de imagem. João Alves pegou o corpo do
fundo do barco e aproximou-o da cabeça. Justinhos. Aquilo só podia ser milagre. Benzeram-se e
enrolaram os pedaços num pano. Continuaram a pescaria. Agora os peixes sabiam direitinho o
endereço de suas redes. E foram tantos que temeram pela fragilidade dos barcos...
Esses três pescadores limparam a imagem apanhada no rio e logo reconheceram que se tratava
de uma representação de Nossa Senhora da Conceição, pois a Virgem calcava a Lua debaixo dos
pés.
O milagre das velas. Depois que chegaram da pescaria onde encontraram a Senhora, Felipe
Pedroso levou a imagem para o oratório de sua humilde sua casa conservando-a durante 5 anos. E
desde aquele tempo Nossa Senhora começou a fazer milagres ali devido à crescente devoção do
povo. Quando de sua mudança para o bairro da Ponte Alta, deu a imagem a seu filho Athanásio
Pedroso que morava no Porto de Itaguaçu, bem perto de onde seu pai Felipe Pedroso, João Alves
e Domingos Garcia haviam encontrado a imagem.
Athanásio fez um altar de madeira e colocou a Imagem Milagrosa da Senhora Aparecida. Aos
sábados seus vizinhos se reuniam para rezar um terço em sua devoção. Em certa ocasião, ao rezar
o terço, as velas se apagaram no altar de Nossa Senhora, o que era muito estranho, pois aquela
noite estava muito calma e não havia motivo para o acontecimento. Silvana da Rocha, que no dia
acompanhava o terço, quis acender as velas, porém, as mesmas se acenderam sem que ninguém
as tocasse, como um perfeito milagre. Desta data em diante a Imagem Milagrosa de Nossa
Senhora Aparecida deixou de pertencer à família de Felipe Pedroso para ficar pertencendo a todos
nós
Por cerca de 15 anos, a imagem permaneceu em um pequeno oratório onde ganhou a fama de
milagrosa e passou a ser venerada por centenas de pessoas. Como o local da devoção se tornou
pequeno para tantos peregrinos, em 1743, foi construída uma capela no alto do Morro dos
Coqueiros, aberta à visitação pública, em 26 de julho de 1745. (Como o número de fiéis
continuava a aumentar, em 1834, foi iniciada a construção de uma igreja maior, a atual Basílica
Velha).
Em 1745 foi construída uma capela no morro dos coqueiros, que margeia o Paraíba e uma missa
foi celebrada. A imagem passou a ser chamada de Aparecida e deu origem à cidade de mesmo
nome.
A libertação do escravo Zacarias. Um milagre espetacular, que muito contribuiu para a divulgação
da devoção à Senhora Aparecida, foi o acontecido com o escravo Zacarias. Ele havia fugido de
uma fazenda no Paraná e foi capturado no Vale do Paraíba. Estava sendo levado de volta, preso
por correntes e argolas em torno dos pulsos e do pescoço, quando passaram perto da capelinha
da Aparecida. Zacarias, cheio de confiança no poder e na bondade de Nossa Mãe do Céu, pediu
para rezar diante de sua imagenzinha. Rezou com tanta fé, que as argolas e a corrente lhe caíram
milagrosamente aos pés! Seu senhor, quando soube do milagre, deu-lhe logo a liberdade. Zacarias
tornou-se um dos maiores devotos da Senhora Aparecida e um entusiasmado propagador da
devoção a Ela.
O sacrilégio punido. Após a Independência do Brasil, o concurso dos romeiros e a devoção a Nossa
Senhora Aparecida foi crescendo cada vez mais. Porém, o ódio dos maus também aumentava. Um
homem sem fé e inimigo da Religião veio de Cuiabá com a sacrílega intenção de entrar a cavalo na
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igreja e derrubar a milagrosa Imagem. A Virgem, porém, não permitiu o sacrilégio: as patas do
cavalo ficaram presas nas pedras da escadaria. Até hoje pode ver-se a marca de uma das
ferraduras, gravada numa pedra que se conserva na Sala dos Milagres da Basílica Nova.
A cura da menina cega. Entre os inúmeros prodígios realizados pela Senhora Aparecida, em
tempos antigos, está a cura de uma menina cega de nascença. Dona Gertrudes Vaz morava com
sua filha em Jaboticabal, no interior de São Paulo. Um irmão dela, chamado Malaquias, ia sempre
em peregrinação a Aparecida, e depois contava para a sobrinha os milagres que ali se operavam.
A menina pedia à mãe para irem também em peregrinação. Mas como eram muito pobres, não
tinham recursos para a longa viagem. Confiando, porém, na Virgem Aparecida, elas se puseram
um dia a caminho, pedindo esmolas para se manterem. Depois de semanas de viagem, ao
chegarem próximo de Aparecida, de repente, a menina, que era cega de nascimento, exclama com
simplicidade: - Olha mãe! Aquilo não será a igreja de Nossa Senhora Aparecida? Muito
emocionada, a mãe pergunta: - Então, minha filha, você está enxergando? - Perfeitamente,
mamãe! - respondeu a menina. De repente veio uma luz que clareou a minha vista. Este caso deuse no ano de 1874.
Mas não somente os humildes e necessitados se dirigiam à Capela onde ficava a Santa. Membros
da aristocracia também visitavam a Capela para orar. Conforme anotações em livros, feitas por
historiadores, a coroa na imagem de Nossa Senhora Aparecida foi doada pela Princesa Isabel, em
1868. Trata-se de uma riquíssima coroa de ouro 24 quilates, com 300 gramas e,
aproximadamente, 14 centímetros de altura, ornada com 24 diamantes maiores e 16 menores.
Com essa coroa, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi solenemente coroada em 8 de
setembro de 1904, e com ela permaneceu até recentemente. Por determinação do Papa Pio XI,
em 1929, Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi proclamada, ao mesmo tempo, Rainha e
Padroeira Oficial do Brasil.
Em 1888 a antiga capela foi substituída por outra maior. Em 8 de setembro de 1904 foi realizada
a solene coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida, e em 1908, o santuário foi elevado à
dignidade de Basílica pelo Papa.
O pequeno mendigo paralítico. Narra um Missionário Redentorista do começo do século: "A
imagem de Nossa Senhora Aparecida que levamos conosco parece exercer uma atração especial,
pois muito e piedosamente se rezava diante dela. Depois da volta dos missionários, veio de Barra
Mansa uma notícia sobre o milagre, acontecido durante a renovação da missão em Queluz, em
outubro de 1903. "Um menino de 10 a 11 anos, quase paralítico, foi a Queluz durante a
renovação, para pedir esmolas. Um dos missionários, com a esmola, deu-lhe o conselho de fazer
uma novena a Nossa Senhora Aparecida. O pequeno seguiu o conselho e após alguns dias, estava
andando livremente; veio até Aparecida cumprir sua promessa".
Salvo de ser esmagado por um bonde. "No dia 29 de outubro de 1920, o menino José, de três
anos de idade, filho do Sr. João Sebe, de Aparecida, passando pela rua, foi colhido por um bonde
da Companhia de Luz e Força, ficando debaixo do mesmo. Nesse momento aflitivo, foi invocada
Nossa Senhora Aparecida, em frente de cujo Santuário se deu o desastre. "Com grande admiração
de todas as pessoas presentes, o menino foi tirado debaixo do bonde, entre as rodas, são e salvo,
apenas com leve arranhadura".
A menina esfaqueada. Outra cura, também de uma criança, aconteceu na cidadezinha de
presidente Alves, interior de São Paulo, durante as missões que lá se pregaram de 15 a 28 de
fevereiro de 1929. O Padre Nestor Tomás de Souza, um dos missionários, relata o fato: "Estava
exposta a imagem de Nossa Senhora Aparecida, que conosco levamos como de costume. E diante
dela vinha rezar cotidianamente uma menina de uns 10 anos, a qual, vítima da fereza bárbara de
um tipo vil, inimigo de seu pai, que a procurara assassinar, dando-lhe inúmeras facadas, tinha um
dos braços quase sem movimento, resultante dos muitos ferimentos que nele recebera. "Diziam os
médicos terem sido atingidos os tendões. Prognosticaram a volta dos movimentos depois de muito
tempo. "Mas a criança pediu a cura completa a Nossa Senhora. "Um dia ela pede à sua mãe uma
moeda de mil réis para colocá-la ao pé da Imagem, a qual se achava exposta a altura tal, que uma
criança como a sobredita menina só poderia alcançar erguendo-se na ponta dos pés e estendendo
o braço. "Depois de sua curta oração, a criança se levanta e, como se nada tivera até então, joga
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o braço para cima, e sem a mínima dor, tendo ouvido apenas um 'estalo', disse ela. Ela mesma,
espantada diante do acontecimento nem deixa cair a moeda, mas a vem entregar ao missionário
que acabara de dar a aula de catecismo, e corre à casa a narrar aos pais o acontecido. "Admiramse estes, puxam-lhe pelo braço, erguem-no. O membro tem todos os movimentos e a pequena
não sente mais dores".
Diante de uma onça feroz. "Valha-me Nossa Senhora Aparecida!" Este impressionante caso
passou-se em Piu-í, Minas Gerais, e foi narrado em carta aos "Ecos Marianos": "Piu-í, 24 de
fevereiro de 1931. "Há poucos dias, deu-se na fazenda das Araras, a uma légua e meia distante
desta cidade, um grande milagre por intercessão de Nossa Senhora Aparecida. "É assim que
Tiago Terra, que se dirigia àquela fazenda, sem esperar, foi acometido em caminho por uma
grande onça, que procurou agredi-lo. "Não tendo forças e nem arma para se defender, na
iminência de ser tragado pela fera, deu um forte grito: 'Valha-me Nossa Senhora Aparecida!'.
"Foi então que a onça ficou estupefata, e tomou um caminho à direita e por ele seguiu, deixando
Tiago ileso.
Em 1930, o Papa Pio XI, proclamou Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Em 1967, no
aniversário de 250 anos de devoção, o Papa Paulo VI ofereceu a Rosa de Ouro ao Santuário
Nacional inteiramente dedicado à Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Sentiu um toque sobrenatural e ficou curada. A "Tribuna de Campinas” escreveu em seu número
de 17 de agosto de 1935: "Em palestra com o nosso redator, a Sra. D. Ernestina Santos, viúva,
residente nesta cidade, à Rua Visconde do Rio Branco, nº 832, narrou o seguinte: "Seriamente
doente durante um ano, sendo que os últimos 7 meses recolhida ao leito completamente imóvel,
desenganada pela ciência médica, teve a idéia de cumprir uma promessa que fora feita pelo seu
saudoso esposo, quando ainda vivo. "Dirigiu-se no dia 7 de julho do corrente ano ao bairro dos
Amarais, para visitar a Capela de N. Sra. Aparecida. "com bastante esforço, sempre amparada
pelos braços de um filho e da serviçal da casa, conseguiu penetrar na referida Capela. "Rezou com
devoção durante longo tempo e, de repente, sentiu um toque sobrenatural. Fazendo um pequeno
esforço conseguiu locomover-se e, com espanto geral, começou a andar sem dificuldade. "Tanto
as pessoas de sua família, como das relações de sua amizade, são unânimes em afirmar que se
trata de um autêntico milagre, levando em conta que a doente, os últimos meses, vinha passando
deitada em seu leito sem poder fazer o mais leve movimento".
A serra elétrica parou milagrosamente. "Um fato portentoso passou-se no longínquo Estado de
Goiás, na povoação denominada Aparecida, onde há igreja e mesmo uma romaria em louvor à
Padroeira do Brasil. "O serrador do Sr. José Cândido de Queiroz, na ocasião em que fazia um
conserto na máquina de serra, ficou por acaso com o braço preso, enquanto a serra continuava a
trabalhar. Mais uns instantes e seu braço seria forçosamente decepado pela serra. "Lembrando-se
neste angustiante momento de N. Senhora Aparecida, por Ela gritou e a serra no mesmo instante
parou misteriosamente, sem intervenção humana. "Esse fato ocorreu no dia 12 de julho de 1936".
Como nos primeiros tempos de devoção a Nossa Senhora Aparecida, o número de romeiros e
devotos cresceu bastante e a Basílica Velha tornou-se pequena para tão grande multidão; em
novembro de 1955, iniciou-se a construção da atual Basílica Nova, que, em 1980, ainda em
construção, foi consagrada pelo Papa João Paulo II, que outorgou-lhe o título de Basílica Menor.
Comemorou-se em 2004, o centenário da coroação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida,
sinônimo de fé, de devoção, de perseverança e de religiosidade, e uma nova coroa foi
confeccionada e oferecida a Nossa Senhora.
www.santuarionacional.com.br e outros
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Reunião da Pastoral da Saúde – 19-5-2005
DST - AIDS
O que são Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)?
Um grande número de infecções são transmitidas predominantemente ou exclusivamente por
contato sexual seja de homem com mulher, homem com homem ou mulher com mulher. AS
DST são doenças transmitidas por meio da relação sexual. Em geral, a pessoa infectada
transmite a DST para seus parceiros, principalmente quando acontece penetração. Além das
doenças epidêmicas, podemos incluir a sífilis, o chato (pediculosis pubis), infecção vaginal
causada pela bactéria Hemophilus e muitas outras. DSTs podem ser causadas por uma
grande variedade de organismos, tais como o protozoário Trichomonas, a levedura causadora
de moniliasis, bactérias causadoras da gonorréia e da sífilis e o vírus que causa a herpes
genital.
Ao contrário do que muita gente pensa, as DST são doenças graves que podem causar
disfunções sexuais, esterilidade, aborto, nascimento de bebês prematuros com problemas de
saúde, deficiência física ou mental, alguns tipos de câncer e até a morte. Uma pessoa com
DST também tem mais chance de pegar outras DST, inclusive a aids.
Quem pode pegar DST?
•
Quem tem relações sexuais sem camisinha;
•
Quem tem parceiro que mantém relações sexuais com outras pessoas sem
camisinha;
•
Pessoas que usam drogas injetáveis e compartilham seringas;
•
Pessoas que têm parceiros que usem drogas injetáveis, compartilhando seringas;
•
Pessoas que recebem transfusão de sangue não testado;
•
Qualquer um - casados, solteiros, jovens, adultos, ricos ou pobres - pode pegar DST.
Quais os principais sinais das DST?
Feridas (úlceras): aparecem nos órgão genitais ou em qualquer parte do corpo. Podem doer
ou não.
Corrimentos: aparecem no homem e na mulher no canal da uretra, vagina ou ânus. Podem
ser esbranquiçados, esverdeados ou amarelados como pus. Alguns têm cheiro forte e ruim.
Tem gente que sente dor ao urinar ou durante a relação sexual. Nas mulheres, quando o
corrimento é pouco, só é visto em exames ginecológicos.
Verrugas: são como caroços; podem parecer uma couve-flor quando a doença está em
estágio avançado. Em geral não dói, mas pode ocorrer irritação ou coceiras.
Quais os principais sintomas das DST?
Ardência ou coceira: mais sentidas ao urinar ou nas relações sexuais. Há pessoas que
sentem as duas coisas, outras somente uma e muitas pessoas não sentem nada e, sem
saber, transmitem DST para seus parceiros.
Dor e mal-estar: embaixo do umbigo, na parte baixa da barriga, ao urinar, ao evacuar ou nas
relações sexuais.
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http://www.aids.gov.br/final/prevencao/dst.htm
Transmissão
A transmissão de todas estas doenças só ocorre através do contato íntimo com a pessoa
infectada, porque todos os organismos causadores morrem rapidamente se forem removidos
do corpo humano. Apesar da área de contato ser normalmente as genitais, a prática de sexo
anal e oral pode também causar infecções. Gonorréia, sífilis e infecção clamidial podem ser
transmitidas de um portadora grávida ao filho que está sendo gerado, tanto através do útero
como através do parto.
Apesar das doenças venéreas se manifestarem na genitália externa, elas podem atingir a
próstata, o útero, os testículos e outros órgãos internos. Algumas dessas infecções causam
apenas uma irritação local, coceira e uma leve dor, porém a gonorréia e clamídia podem
causar infertilidade em mulheres.
Controle
A natureza epidêmica das doenças sexualmente transmitidas as torna de difícil controle.
Algumas autoridades em saúde pública atribuem o aumento no número de casos destas
doenças ao aumento de atividade sexual. Outro fator que também contribui significativamente
é a substituição do uso de camisinha - que oferece alguma proteção - por pílulas e
diafragmas com métodos anticonceptivos. Os padrões das doenças sexualmente transmitidas
são bastante variáveis. Enquanto a sífilis e a gonorréia eram ambas epidêmicas, o uso
intensivo de penicilina fez com que a freqüência da sífilis caísse para um nível razoavelmente
controlado; a atenção voltou-se então ao controle da gonorréia, foi quando a freqüência da
sífilis aumentou novamente. Os casos de herpes genital e clamídia também aumentaram
durante a década de 70 e durante o início da década de 80.
A única forma de se prevenir a dispersão das doenças sexualmente transmitidas é através da
localização dos indivíduos que tiveram contato sexual com pessoas infectadas e determinar
se estes também necessitam tratamento. Localizar a todos, entretanto, é bastante difícil,
especialmente porque nem todos os casos são reportados.
AIDS (SIDA) e a hepatite B são transmitidas através do contato sexual, porém estas doenças
podem também ser transmitidas de outras formas.
AIDS (SIDA)
Síndrome da deficiência imunológica adquirida é uma condição que resulta na supressão do
sistema imune relacionada à infecção pelo vírus HIV (Human Immunodeficiency Virus). Uma
pessoa infectada com o vírus HIV perde gradativamente a função imune de algumas células
imunológicas denominadas CD4 linfócitos-T ou CD4 células-T, tornando a pessoa infectada
vulnerável à pneumonia, infecções fúngicas e outras enfermidades comuns. Com a perda da
função imune, uma síndrome clínica (um grupo de várias enfermidades que, em conjunto,
caracterizam a doença) se desenvolve com o passar do tempo e eventualmente pode causar
a morte devido a uma infecção oportunista (infecções por organismos que normalmente não
causam mal algum, exceto em pessoas que estão com o sistema imunológico bastante
enfraquecido) ou um câncer.
Histórico
Durante o início dos anos 80 se observou um grande número de mortes causadas por
infecções oportunistas em homens homossexuais que, apesar de tal infecção, eram pessoas
saudáveis. Até então estas infecções oportunistas causavam morte normalmente em
pacientes que receberam órgãos transplantados e estavam recebendo medicamento para
suprimir a resposta imune.
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Em 1983, Luc Montaigner, um francês especialista em câncer, juntamente com outros
cientistas do Instituto Pasteur em Paris, isolaram o que parecia ser um novo retrovírus
humano (um tipo especial de vírus que se reproduz de maneira diferente) de uma glândula
linfática de um homem sob risco de AIDS. Simultaneamente cientistas norte americanos
liderados por Robert Gallo, trabalhando no Instituto Nacional do Câncer em Bethesda
(Maryland) e o grupo liderado pelo virologista norte americano Jay Levy de San Francisco
isolaram o retrovírus de pessoas com AIDS e também daquelas que tinham contato com
portadores da doença. Os três grupos de cientistas isolaram o que hoje se conhece como
vírus da imunodeficiência humana (HIV), o vírus que causa a AIDS. A infecção por este vírus
não significa necessariamente que a pessoa tenha AIDS, porém erroneamente costuma-se
dizer que a pessoa HIV-positiva tem AIDS. De fato, um indivíduo HIV-positivo pode
permanecer por mais de 10 anos sem desenvolver nenhum dos sintomas clínicos que
diagnosticam a doença.
Em 1996 estimou-se que 22,6 milhões de pessoas no mundo estavam vivendo com o HIV ou
com a AIDS, dos quais 21,8 milhões eram adultos e 380.000 crianças. A Organização
Mundial da Saúde estimou que no período entre 1981, quando o primeiro caso de AIDS foi
diagnosticado, e em 1996 mais de 8,4 milhões de adultos e crianças desenvolveram a
doença. Estimou-se também que no mesmo período 6,4 milhões de mortes foram causadas
pelo vírus HIV.
http://www.uro.com.br/dst.htm
As DST são graves? As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são um grave problema
de saúde pública porque:
•
•
•
Facilitam a transmissão sexual do HIV (vírus da AIDS);
Quando não diagnosticados e tratados a tempo, podem levar a pessoa portadora a
ter complicações graves e até à morte;
Algumas DST, quando acometem gestantes, podem provocar o abortamento ou o
nascimento com graves malformações.
Quais as conseqüências das DST? Quando não tratadas adequadamente, as DST podem
causar sérias complicações, além do risco de pegar outras DST, inclusive o vírus da AIDS.
Essas complicações podem ser:
•
•
•
•
•
Esterilidade no homem e na mulher (a pessoa não pode mais ter filho);
Inflamação nos órgãos genitais do homem, podendo causar impotência;
Inflamação no útero, nas trompas e ovários da mulher, podendo complicar para
uma infecção em todo o corpo, o que pode causar a morte;
Mais chances de ter câncer no colo do útero e no pênis;
Nascimento do bebê antes do tempo ou com defeito no corpo ou até mesmo a sua
morte na barriga da mãe ou depois do nascimento.
Como fazer o tratamento das DST? Cada DST tem um tipo de tratamento e só o profissional
de saúde poderá avaliar a fazer essa indicação corretamente. Fazer o tratamento certo é:
•
•
•
•
•
Só tomar remédio indicado pelo serviço de saúde;
Tomar o remédio na quantidade certa, nas horas certas e até o fim, mesmo que os
sintomas e sinais tenham desaparecido;
Evitar relação sexual nesse período e, se não der para evitar, só manter relações
usando camisinha;
Voltar ao serviço de saúde quando terminar o tratamento, para fazer a revisão
(controle de cura). E as mulheres, para fazerem também o exame preventivo do
câncer de colo do útero (o médico dirá se esse exame pode ser realizado).
Levar o parceiro sexual para ser tratado também.
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Como fazer a prevenção das DST e do HIV? ·A melhor forma de prevenir a transmissão das
DST é usar sempre e corretamente a camisinha em todas as relações sexuais; não
compartilhar agulhas e seringas com outras pessoas; no caso de necessitar receber uma
transfusão de sangue, exija que ele seja testado para todas as doenças que podem ser
transmitidas pelo sangue.
TESTE ANTI-HIV Serve para detectar se uma pessoa é portadora do HIV. Devem fazer o
teste:
• Pessoas que têm relação sexual sem usar camisinha;
•
Pessoas que contraíram qualquer Doença Sexualmente Transmissível;
•
Pessoa que, pelo menos uma vez, compartilharam seringas e agulhas ao usar
drogas injetáveis;
•
Pessoas que tenham relacionamento sexual sem camisinha com outras que
costumam usar drogas injetáveis, compartilhando agulhas e seringas.
O QUE SIGNIFICA NEGATIVO E POSITIVO, NO TESTE ANTI-HIV?
O resultado negativo indica que até aquele momento a pessoa não está com anticorpos
contra o vírus da AIDS, detectáveis no exame. Se houver situação de exposição ao risco para
o vírus da AIDS, o teste anti-HIV deve ser repetido após 6 meses (evitando, é claro, expor-se
aos riscos nesse período). Esse é o tempo que o organismo leva para produzir os anticorpos
após a infecção. O teste não dá imunidade contra a doença.
O resultado positivo indica que a pessoa está infectada pelo HIV e pode passá-lo para outras
pessoas. Teste positivo não significa que a pessoa esteja doente de AIDS. Ela pode ser
apenas uma portadora do vírus. Diz-se que uma pessoa tem AIDS quando apresenta os
sintomas da doença.
Como se pega o vírus da AIDS?
•
Fazendo sexo vaginal, oral ou anal sem camisinha, com alguém infectado (homem
com mulher, homem com homem ou mulher com mulher);
•
Compartilhando agulhas e seringas com sangue contaminado pelo HIV. Esta é a
forma mais direta de contrair o vírus da AIDS, mas na euforia de outras drogas, como
o álcool, as pessoas podem se expor ao risco de fazer sexo sem uso da camisinha;
•
Da mãe para o filho, durante a gravidez, no parto ou na amamentação;
•
Através de transfusões de sangue contaminado pelo HIV. Daí a importância de só
receber sangue testado para o HIV e outras doenças.
•
Outra forma menos freqüente de transmissão, se dá através de materiais perfurocortantes, contaminados pelo HIV, utilizados na aplicação de tatuagens, injeções, nos
serviços de manicure e barbeiro (alicates, navalhas e lâminas de barbear,
principalmente), instrumentos odontológicos e cirúrgicos, entre outros.
Lembre-se: pessoas infectadas pelo HIV podem ter aspecto sadio.
Como não se pega AIDS?
A AIDS não é transmitida em banhos de piscinas, vasos sanitários, maçanetas, bancos de
ônibus nem sentado ou pisando em locais quentes ou frios.
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Também não se pega AIDS através de abraços ou apertos de mãos.
Como evitar a AIDS?
•
•
•
•
Usando camisinha em qualquer tipo de relação sexual (anal, oral ou vaginal), seja
homem com mulher, homem com homem ou mulher com mulher;
Não compartilhando agulhas ou seringas;
Só recebendo transfusão de sangue quando for testado;
Evitando contatos com objetos perfuro-cortantes não esterilizados.
http://www.giv.org.br/memoria/DST.htm
Estatísticas:
ƒ
130% é quanto aumentou o número de casos em homens com mais de 50 anos de
1993 até 2003.
ƒ
396% é o índice de aumento em mulheres com mais de 50 anos no mesmo período.
ƒ
103% é quanto aumentou o número de casos em homens com maisd e 60 anos nesse
período.
ƒ
473% é quanto aumentou o número de casos em mulheres com mais de 60 anos
nesse período.
ƒ
2245 é o total de homens com mais de 50 anos contaminados em 2003.
ƒ
1261 é o total de casos registrados em mulheres com mais de 50 anos em 2003.
ƒ
2,5% é quanto representam os idosos do total de casos do país.
O Estado de São Paulo, 11 de maio de 2005, página A26
PASTORAL DE DST/AIDS - CNBB
A Pastoral de DST/Aids - CNBB é um serviço da igreja na contenção da epidemia da Aids.
O logotipo que representa a Pastoral une dinamicamente dois símbolos de solidariedade: a
cruz e o laço. A cruz representa a solidariedade de Deus com a humanidade. Por ela, a vida
vence a morte. O laço vermelho é símbolo internacional da luta contra a Aids. Unidos, estes
símbolos, procuram expressar o compromisso da igreja com quem é portador do HIV e com
aqueles que também trabalham na prevenção de novas infecções.
Histórico da Pastoral de DST/Aids
A epidemia da Aids é uma realidade desde 1980. Muitas pessoas,
organizações e setores da sociedade empenham suas energias, há muitos
anos, no controle da epidemia. Esta realidade e a necessidade de envolver
um número sempre maior de forças para lutar contra a doença aproximou
também o Ministério da Saúde e a Igreja com a finalidade de contribuir na
luta contra a epidemia.
O primeiro contato foi efetuado através de uma reunião entre o presidente da CNBB, Dom
Jaime Chemelo, e o coordenador nacional de DST/Aids, Pedro Chequer e o chefe do
gabinete do Ministro da Saúde, Octávio Mercadante, com Henrique de Sá, onde foi debatida a
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
intenção de se criar uma comissão da Igreja Católica destinada a catalisar os trabalhos
relativos a Aids.
Em 27 de março de 1999, a comissão técnico científica da Pastoral da Saúde Nacional criou
uma comissão para acompanhar a problemática da Aids. A comissão seguiria as linhas da
Pastoral da Saúde e se dedicaria à assistência e educação preventiva contra a Aids.
No Encontro Nacional de ONGs de Belo Horizonte(MG), abril de 1999, houve o primeiro
anúncio oficial da criação da comissão de DST/Aids da Pastoral da Saúde.
A primeira reunião ocorreu em 27 de maio de 1999, em Brasília, com os membros da
comissão, que foram apresentados ao presidente da CNBB, Dom Jaime Chemelo, e ao bispo
da Pastoral Social, Dom Jacyr Braido. Posteriormente se reuniram com a área técnica da
Coordenação Nacional para organizar um encontro reunindo as diversas ONGs.
A Comissão organizou o encontro denominado Oficina de Articulação Solidária, que ocorreu
em Brasília entre 1 e 3 de agosto de 1999. Foi esta mesma Comissão que organizou e
realizou o 1o. Seminário "Aids e desafios para a Igreja do Brasil", de 12 a 15 de junho de
2000, em Itaici, que reuniu o Ministro da Saúde José Serra, o Coordenador Nacional das
Políticas de DST/Aids Paulo Teixeira, bem como o Coordenador Adjunto Raldo Bonifácio
Costa Filho, o presidente do Pontifício Conselho da Saúde e representante do Papa, Dom
Javier Barragán, o arcebispo emérito de São Paulo, cardeal Paulo Evaristo Arns, o
representante da CNBB, Dom Eugène Rixen, além de religiosos, religiosas e lideranças do
movimento de Aids de todo o Brasil, direta ou indiretamente ligadas à igreja.
Esta equipe continuou o trabalho de organização, desvinculando a Comissão da Pastoral da
Saúde e encaminhando a legalização da Pastoral de DST/Aids, com estatuto, sede,
regimento, secretaria e coordenação própria.
A Pastoral de DST/Aids - CNBB é o cristão capacitado e comprometido no
trabalho de prevenção e assistência. É a Igreja comprometida para que a
vida prevaleça, segundo o ensinamento de Jesus: "Eu vim para que todos
tenham vida".
MISSÃO
Em comunhão com a Igreja, evangelizar homens e mulheres. Atenta às necessidades das
pessoas que vivem com HIV, trabalhar na prevenção e contribuir com a sociedade na
contenção da epidemia, envolvendo todos os cristãos na luta contra a Aids.
COMPROMISSO
"Serviço de prevenção ao HIV e assistência aos soropositivos: a igreja assume este serviço e,
sem preconceitos, acolhe, acompanha e defende os direitos daqueles e daquelas que foram
infectados pela Aids. Faz também o trabalho de prevenção, pela conscientização dos valores
evangélicos, sendo presença misericordiosa e promovendo a vida como bem maior."
(Diretrizes Gerais da CNBB 2003-2006, n. 123)
www.pastoralaids.org.br
Pastoral de DST/AIDS - CNBB
A Pastoral de DST/AIDS - CNBB é uma das mais recentes pastorais da
Igreja Católica no Brasil. A partir do ano 2000, conta com organização e
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
estrutura próprias. Atua na prevenção da epidemia da Aids, bem como no
cuidado solidário para com aqueles que estão com o vírus causador desta
doença.
Nas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2003-2005, no item n. 123, sobre
Serviço de prevenção ao HIV e assistência aos soropositivos é dito: “A Igreja assume esse
serviço e, sem preconceitos, acolhe, acompanha e defende os direitos daqueles e daquelas
que foram infectados pela Aids. Faz também o trabalho de prevenção, pela concretização dos
valores evangélicos, sendo presença misericordiosa e promovendo a vida como bem maior".
Muitas pessoas não estão conscientes da gravidade da Aids e por isso não se cuidam. Desde
quando surgiram os primeiros casos, no início dos anos 1980, a Aids já causou a morte de
mais de 20 milhões de pessoas. Somente em 2003, 4,8 milhões de pessoas contraíram o
vírus. No mundo, existem em torno de 40 milhões de pessoas infectadas. Desse total, 25
milhões vivem na África. No Brasil, a Aids é a segunda causa de morte entre mulheres. No
mundo todo essa doença é responsável pela morte de 10 mil pessoas por dia.
Trabalho organizado e voluntariado preparado
Dado que a Aids continua matando um número assustador de pessoas, mais do que nunca
se faz necessário um trabalho pastoral organizado para encarar o desafio que diz respeito ao
futuro da vida humana na terra. Um aspecto fundamental da Pastoral de DST/AIDS - CNBB é
a capacitação e formação do agente de pastoral para desenvolver a atividade samaritana de
cuidar da vida ferida (cf. Lc 10,25-37).
O agente de Pastoral, além da boa vontade e da disposição sempre
necessárias, precisa estar capacitado para ver com naturalidade tudo o que
diz respeito ao ser humano e entender as implicações que o Vírus HIV traz.
Precisa evitar tocar em assuntos que gerem constrangimento ou magoem o
soropositivo. Evitar apresentar-se como alguém que dá lições de moral,
deve apresentar-se como alguém sensível e solidário. Para não correr o
risco de agir como "juiz" da conduta alheia, é importante colocar-se no
lugar da outra pessoa, imaginar estar na situação dela.
O Guia do Agente Pastoral de DST / AIDS, ao desenhar o perfil do agente, apresenta alguns
mandamentos que resumimos a seguir:
1. Ler tudo o que encontrar sobre DST / AIDS e discernir quais informações são
corretas, verdadeiras, capazes de ajudar os outros.
2. Acolher solidariamente. os soropositivos. O que mata é o
preconceito e a discriminação.
3. Sempre defender a vida, buscando-a como o bem maior.
4. Mostrar-se solidário, compreensivo, humilde e misericordioso, sem julgar.
5. Trabalhar preventivamente dando a assistência de base aos
menos favorecidos.
6. Trabalhar em parceria e em rede. Quando estamos sozinhos,
fazemos pouco, juntos somos mais fortes e podemos fazer muito
mais.
7. O diferencial de seu trabalho é a fé, o amor ao próximo e a solidariedade.
8. Aproveitar todas as ocasiões para levar informações corretas.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
9. Perseverar, mesmo se alguém criticar ou questionar seu trabalho.
10. Ser discreto. O doente não quer publicidade de seu estado. Ninguém além do
doente e do agente precisam saber de seu estado. Respeite sua dor.
11. Agir sempre em nome da comunidade cristã e nunca em nome próprio. Ninguém
é dono da Pastoral. Além disso, as atividades devem ser realizadas em
comunhão com as comunidades locais.
Nessa pastoral, a presença do agente deve ser marcada não pelo riso (julgamento
discriminatório), nem pelo choro (pessimismo, falta de esperança), mas pela compreensão e
pelo compromisso solidário, libertador.
Mensageiro co Coração de Jesus – abril 2005
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – 18 DE AGOSTO DE 2005
SEGURANÇA NO LAR
Estudos mostram que 90% dos acidentes domésticos poderiam ser
evitados!
As informações a seguir foram tiradas de diversas fontes, que não foram
mencionadas, mas estão quase todos os dias nos jornais impressos e televisivos. No
Brasil, nos próximos 10 anos quase 1% da população (hum milhão e oitocentas mil
pessoas) terá morrido por causas não naturais: violência urbana, acidentes de
trânsito, acidentes de trabalho e em casa. São mortes por quedas, queimaduras,
asfixia, intoxicação, cortes. Além disso, acidentes incapacitantes, deformações físicas,
perda de estabilidade psicológica por depressão, culpa, remorso.
São quase 10.000 casos de queimaduras, por ano, no Estado de São Paulo
(queimaduras graves, que são registradas, pois as pessoas não vão a um hospital de
queimados quando são leves).
Média de uma morte de bebê (até um ano de idade) por dia, por acidente doméstico,
no Estado de São Paulo.
Morte de 19 crianças (até 10 anos) por dia, no Brasil, por acidentes em casa.
Morte por acidentes com grades com lanças todos os dias na região metropolitana
(eletricistas, pintores, pedreiros).
Morte prematura de idosos (principalmente) por consequência de quedas e outros
acidentes.
Danos irreversíveis na pessoa (psicológico) e até mesmo a mudança da história de
uma família (separação) em caso de se sentir culpado por uma morte.
PRINCIPAIS CUIDADOS
CRIANÇAS
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Tomadas elétricas: colocar pinos de plástico para tapar os furos.
Toalhas de mesa: crinaças podem puxar e o que estiver encima poderá cair
sobre a cabeça da criança (um vaso, por exemplo).
Objetos pequenos: botões, moedas, parafusos, clipes e todos objetos pequenos
que podem ser engolidos.
Sacos plásticos: a criança pode enfiar a cabeça e ficar sufocada, pois não tem a
reação de tirar o saco. Mortes por asfixia são comuns.
Produtos de limpeza: podem ser confundidos com refrigerantes etc, por causa
das embalagens reutilizadas.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
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Nunca deixar uma criança sozinha por tempo prolongado; sua curiosidade a
fará mexer onde não deve! Silêncio demais também é mau sinal.
Remédios ao alcance das crianças: um só comprimido representa uma dose 10
vezes maior que para um adulto, e pode matar.
Janelas em prédios: uma cadeira perto e está pronto para mais uma vítima
aumentar as estatísticas. Se você não tem crianças, pode ter visitas com elas.
Grades em todas as janelas nos prédios e sobrados!
Fogão: cuidado com cabos de panela para fora – usar primeiro as bocas de
trás. Cuidado com a tampa do forno: uma criança pode usar como assento, e
tombar tudo. Com forno aceso, criança fora da cozinha!
Escadas: colocar uma grade removível à noite, para evitar que desçam no
escuro ou sem acompanhamento.
IDOSOS
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Remédios: esquecer de tomar ou tomar em demasia.
Quedas: cuidado com chinelos, tapetes, cadeiras não firmes ou com rodinhas.
Alimentação: procurar alimentar-se bem e com alimentos variados (balancear a
dieta), para evitar problemas de excesso de peso, excesso de glicose, pressão
alta etc.
Atividade física moderada, banho de sol.
Osteoporose: afeta mulheres principalmente, mas também os homens.
SITUAÇÕES PERIGOSAS
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Objetos soltos pelo chão: bolas, sapatos, brinquedos, roupas, que podem
causar quedas.
Escadas em má conservação, especialmente as de duas pernas.
Fazer atividades para as quais não está preparado: subir em telhados, mexer
com eletricidade.
Manter armas de fogo carregadas. São frequentes os acidentes caseiros com
elas. É melhor não ter armas: existe mais chance de você negociar com o
bandido quando você está desarmado. Além disso, você não está prepardo
para matar, e ele está.
Usar frascos vazios para colocar outros produtos (colocar perfume em frasco
vazio de colírio etc).
Aquecer líquidos em micro-ondas sem cuidados com o tempo de aquecimento
(ir subindo de 30 em 30 segundos até atingir a temperatura desejada, se ainda
não aprendeu o tempo certo de cada coisa).
Deixar soltas as pontas de tapetes e passadeiras: provocam tropeções.
Móveis com cantos vivos: causam maiores traumas quando chocam o corpo.
Escadas: iluminar bem, colocar corrimãos e adesivos anti-derrapantes nas
beiradas dos degraus.
Cuidado com álcool de limpeza e outros solventes: casos de queimaduras muito
frequentes. Nunca fumar usando estes produtos.
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Nunca colocar velas sobre objetos inflamáveis (toalhas, móveis de madeira,
objetos de plástico, embaixo de prateleira, sobre livros etc). Usar sempre base
de vidro, metal ou porcelana.
Cinzeiros sobre sofás (você pode dormir e chutar o cinzeiro com cigarro aceso).
Nunca retirar os rótulos dos produtos de limpeza, pois eles dão indicação do
tratamento em caso de ingestão ou lesão na pele ou contato com os olhos.
Cada produto tem um procedimento certo para o tratamento, e em caso de
levar ao médico, ele precisa ler o rótulo.
Mistura de produtos químicos (sabão em pó com outros produtos de limpeza):
nunca faça, pois já são misturas, e nunca se pode prever o que acontece na
mistura de misturas. Casos de queimaduras graves e explosões.
Nunca usar benjamins para ligar aparelhos de alto consumo de energia: risco
de curtos-circuitos e incêndios. Usar tomada única para ligar aparelhos como
geladeira, freezer, micro-ondas, forno elétrico, ferro de passar roupas, lavalouças, lava-roupas, secadoras, esteiras de ginástica, ar condicionado, algumas
TVs de grande porte e outros aparelhos com motores potentes ou que gerem
muito calor (inclusive secador de cabelos).
Embora não se recomende, podem ser ligados em benjamins aparelhos de
rádio, batedeiras, liquidificadores, TVs pequenas, abajures, barbeadores,
aparelho de som de baixa potência, videocassetes, DVDs etc.
SEGURANÇA NA SALA
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Cuidado com a parte traseira das TVs: não introduzir objetos metálicos, pois ela
trabalha com 20.000 volts, e uma descarga pode matar.
Cuidado com estantes instáveis (pequenas) pois podem tombar.
Cuidado com tapetes soltos, almofadas e outros objetos no chão.
SEGURANÇA NA COZINHA (a maioria dos acidentes acontecem aqui)
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Cuidado com facas, garfos e outros objetos pontiagudos.
Cuidado com panelas, líquidos e alimentos quentes.
Cuidado com cabos de panelas: nunca deixar para fora do fogão.
Cuidado com pratos, copos e outros objetos de vidro, que quebram e produzem
pedaços cortantes, altamente perigosos.
Cuidado com piso liso, passadeiras, resíduos de gordura no chão.
Cuidado com os produtos de limpeza: geralmente têm soda cáustica, que
causam queimaduras graves.
Cuidado com panela de pressão: nunca encher, pois pode explodir se alguma
coisa entupir a vávula. Trocar borracha e válvula em mau estado. Deixar
sempre uns “quatro dedos” sem encher, para permitir a fervura sem risco de
explosão.
Cuidado com o gás: manter as conexões da mangueira com o botijão em bom
estado. Verificar vazamentos. Fechar o gás quando for viajar. Nunca acender
lâmpadas, fósforo, isqueiro ou ligar outro aparelho (nem a geladeira) quando o
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
ambiente estiver com cheiro de gás. Abra portas e janelas antes, mesmo no
escuro mas com cuidado, para ventilar.
SEGURANÇA NO BANHEIRO
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Cuidado com escorregões: é um ambiente úmido, com sabonete, xampú, piso
liso. Tudo para provocar acidentes. Usar sempre tapetes anti-derrapantes de
borracha.
Cuidado com choques elétricos no chuveiro, barbeador, secador etc (pés
descalços em chão úmido facilitam a passagem da eletricidade).
Ter um banquinho para pessoas idosas tomar banho, e um apoio na parede
(como um corrimão) para facilitar passar sabão nas pernas, por exemplo.
Cuidado com produtos de limpeza: o ambiente pequeno favorece a
concentração de vapores que podem causar desmaios: água sanitária, produtos
com amônia etc.
SEGURANÇA FORA DE CASA
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Cuidado nas piscinas (chão escorregadio, beiradas pontudas) e os produtos
usados nela (hipoclorito de sódio, conhecido como cloro).
Cuidado na churrasqueira (espetos, fogo, brasas, alimentos quentes, bebidas
alcoólicas).
Cuidado na garagem (vazamentos de óleo do carro, ferramentas soltas).
Cuidado nos passeios: verificar sempre as condições do veículo, dirigir com
cautela e sem álcool no motorista, cuidado com os outros veículos.
Cuidado na rua: olhar bem ao atravessar as ruas. Sempre que possível usar a
faixa de pedestres. Cuidado ao andar nas calçadas em mau estado. Não andar
próximo à sarjeta.
Cuidado com animais: cães mordem, gatos arranham, aves podem bicar os
olhos e ferir a pele.
Não é apenas com doenças que encurtamos nossa existência: com
acidentes também.
Imagine passar uma semana num hospital, recuperando-se de uma
queimadura.
Imagine passar meses numa cama recuperando-se de uma fratura na
perna.
Imagine passar os últimos anos de sua vida numa condição de
sofrimento, como num acidente com a coluna, ou sequelas de um
traumatismo craniano.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Imagine passar toda sua vida culpando-se por um acidente causado
por uma negligência sua, uma falta de cuidado, por achar que com
você “isso não ia acontecer” . . .
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – 22 DE SETEMBRO
DE 2005
Dimensões da Pastoral da Saúde
Solidária:
visitas aos enfermos, administração de sacramentos, trabalho
com a família
Comunitária: prevenção de doenças, orientação para higiene básica, educação
para a saúde
Institucional: atividades ligadas ao conselho de saúde da cidade
Objetivo da Pastoral da Saúde
Ir ao encontro dos doentes tanto nos hospitais e casas de saúde como nos domicílios
particulares. São ambientes diferentes que exigem também um modo diferente de fazer
pastoral. A Pastoral da Saúde (solidária) terá como preocupação principal de toda a sua ação
evangelizadora:
1. Humanizar e cristianizar os ambientes de tratamento dos doentes.
2. Dar um sentido cristão ao sofrimento.
3. Atingir o coração do enfermo e aproximá-lo de Cristo.
4. Levar o enfermo a tomar uma atitude de fé e esperança perante a dor
5. Fazer do doente um apóstolo pelo exemplo de sofrimento assumido.
Programa de reuniões para 2005 na paróquia e em Santo André:
20/10
28/9
17/11
26/10
8/12
23/11
(SCS)
(SA)
Qualificação do ministro dos enfermos
•
Primeira exigência para o visitador: equilíbrio psicológico. São cenas comuns fratura
exposta, feridas mal cheirosas, sondas . . .
•
Precisa ser sensível: perceber o estado da pessoa. Não dizer “Oi, tudo bem?” nem “Como
você está mal hoje . . .”. Melhor é dizer “Como você está se sentindo hoje?
•
Precisa ter vivência comunitária: vai levar testemunho de fé e de vida em comunidade.
•
Precisa ter boa preparação de fé: sempre ter mensagem de esperança e de fé, nunca
sentimentos negativos.
•
Precisa ter mentalidade aberta: sensibilidade para discernir, sem julgar, sem preconceitos.
A visita é para mostrar que estamos ao lado do doente para melhorar sua saúde.
•
Precisa trabalhar em equipe: Jesus chamou 12 homens para ajudá-lo. Não trabalhar
sozinho, mas em equipe, para atender os doentes. Os doentes são o objeto da pastoral
da comunidade. Nunca são “meus doentes”.
•
Precisa boa comunicação com o padre, com a equipe e com o doente. Tem que sorrir
sempre. Não pode medicar nunca (tome esse remédio, esse chá)
•
Precisa ter bom relacionamento com o doente: tratar com carinho, atenção, simplicidade,
sem nojo, tratar como ser humano, que sente, chora, ri, que precisa falar e que quer ser
ouvido.
101
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
•
Precisa ter bom relacionamento com a família. O doente costuma ser jogado em lugar
ruim, mal ventilado, sujo . . . Precisa conscientizar a família da necessidade de tratar
melhor o doente, para poder melhorar sua saúde. No entanto, NÃO PODE INTERFERIR.
•
Precisa ter bom relacionamento com os agentes da saúde dos hospitais: médicos,
enfermeiros, auxiliares. Visitar primeiro os últimos quartos, que são os menos vistos.
Respeitar a convicção religiosa, se os outros não forem católicos.
•
O agente da Pastoral dos Enfermos tem que ser um homem ou mulher de oração. Rezar
sempre pela equipe, pelos doentes, pelas famílias, pelo crescimento espiritual do grupo,
para usar as palavras certas.
Qualificação do ministro da Comunhão para os Enfermos
11. Os novos ministros devem ser indicados pela comunidade e aprovados pelo pároco;
12. Os novos ministros devem ter boa vivência cristã, participação ativa na comunidade e
estejam de acordo com os ensinamentos da Igreja;
13. Os novos ministros devem ser pessoas de boa reputação pelo seu modo cristão de viver;
14. Se forem casados, os novos ministros devem estar bem com sua vida familiar e contar
com o apoio da família;
15. Os novos ministros deverão ter preparação adequada através de experiência prática,
participação nos cursos da diocese, participação nos encontros;
16. Os novos ministros devem ter um grau de cultura suficiente para se comunicar e exercer
bem seu ministério;
17. O mandato é dado ao novo ministro para ser exercido na própria paróquia;
18. Os novos ministros receberão o mandato por escrito do bispo diocesano, por um período
de até cinco anos;
19. O ministro poderá ter o mandato renovado mediante solicitação do pároco.
(RITUAL DO MINISTRO EXTRAORDINÁRIO, Editora Vozes)
Comunicados de Dom Nelson Westrupp, scj, na Reunião Geral do Clero – 25/08/2005 :
aprovado um patrono para os ministros extraordinários da comunhão, que é o Beato Mateus
Moreira, um leigo martirizado no Rio Grande do Norte. A escolha aconteceu durante a 43ª
Assembléia Geral dos Bispos do Brasil, realizada em Itaici/SP.
Arcebispo de Natal, Dom Matias Patrício de Macêdo foi quem propôs
que o Beato Mateus Moreira deveria ser o Padroeiro dos Ministros da
Sagrada Comunhão: “Em primeiro lugar, Mateus Moreira é brasileiro; era
leigo, assim como a maioria dos Ministros; é um dos Protomártires do
Brasil, assim denominado pelo Papa João Paulo II e, também, porque
devemos valorizar os nossos heróis”.
O camponês Mateus Moreira foi martirizado pelos holandeses, na Comunidade de
Uruaçu, município de São Gonçalo do Amarante, a 18 km de Natal, em 3 de outubro de 1645,
juntamente com o Pe. Ambrósio Francisco Ferro e um grupo de leigos. Segundo as narrativas
históricas, enquanto os carrascos arrancavam o coração de Mateus Moreira, pelas costas, ele
exclamava: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Os Protomártires do Brasil foram
beatificados em 5 de março de 2000, na Praça de São Pedro, no Vaticano, pelo Papa João
Paulo II.
102
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
http://www.arquidiocesedenatal.org.br/notmateus.htm
História do massacre
No dia 5 deste mês de março [de 2000], o Santo Padre João Paulo II, em Roma, em solene
celebração, proclamou bem-aventurados trinta mártires do Brasil: Pe. André de Soveral, Pe.
Ambrósio Francisco Ferro - ambos sacerdotes diocesanos - e seus vinte e oito companheiros,
leigos.
Pe. André de Soveral nasceu em São Vicente-SP, ingressando a 6 de agosto de 1593 na
Companhia de Jesus, na Bahia. Depois de 1607, passou para o clero diocesano, fixando-se no
Rio Grande do Norte, então pertencente à diocese da Bahia.
Os beatificados foram vítimas do ódio à fé católica, provocado pela perseguição religiosa
calvinista, à qual denominação pertenciam os holandeses que, a partir de 1633, ocuparam a
Capitania do Rio Grande do Norte. Foi na época da denominada invasão holandesa no Brasil.
A Igreja no Rio Grande do Norte foi implantada pelo trabalho missionário dos jesuítas. As
comunidades católicas foram afetadas ali pela presença de autoridades hostis à Igreja e pelo
proselitismo dos pastores calvinistas.
Foram dois os momentos da perseguição até o martírio e dois os cenários desses históricos e
graves acontecimentos: as localidades de Cunhaú e Uruaçu.
O primeiro massacre aconteceu no dia 16 de julho de 1645, em Cunhaú. Sendo um domingo,
os fiéis foram à Capela de Nossa Senhora das Candeias, para cumprir o preceito dominical.
Eram cerca de 69 pessoas. Presidia a cerimônia o pároco, Pe. André de Soveral.
Iniciada a celebração da Missa, à hora da consagração da hóstia e do cálice, a um sinal de
Jacó Rabe, emissário dos holandeses, foram fechadas todas as portas da Igreja, iniciando-se
terrível carnificina, executada por soldados holandeses, índios tapuias e potiguares. Tomados
de surpresa, os fiéis não se rebelaram, mas, exortados pelo pe. Soveral a bem morrer, "entre
mortais ânsias se confessaram ao Sumo Sacerdote Jesus Cristo, Senhor nosso, pedindo-lhe
cada qual, com grande contrição, perdão de suas culpas".
O padre, falando a língua dos indígenas, exortou-os a não tocá-lo e aos objetos do altar, sob
pena de suas mãos ficarem tolhidas. Receosos, recuaram; não, porém, os potiguares, os quais
não dando ouvidos às suas palavras, caíram sobre ele, "fazendo-o em pedaços".
O segundo massacre aconteceu no dia 3 de outubro, quando foram martirizadas cerca de 70
pessoas, além de um grupo de 12 pessoas mais influentes, entre as quais o Pe. Ambrósio
Francisco Ferro. Estes, depois dos acontecimentos sangrentos de Cunhaú, em julho,
procuraram lugares mais seguros para sua proteção, na Fortaleza dos Reis Magos. Daí,
porém, retirados, mais tarde, foram levados para um lugar às margens do rio Uruaçu.
"Foram cenas de grande dramaticidade, quando 200 índios bem armados, comandados por
um fanático chefe indígena convertido ao calvinismo, e mais uma tropa de soldados
flamengos caíram sobre os assustados moradores do Rio Grande, matando a todos com
requintes de perversidade e selvageria que os cronistas registraram em seus relatos: a uns
cortaram os braços e as pernas; a outros degolaram; a outros arrancaram os olhos, as
línguas, narizes e orelhas; aos já mortos, despedaçaram-nos em pequenas partes. A Mateus
Moreira foi arrancado o coração pelas costas e este morreu exclamando: 'Louvado seja o
Santíssimo Sacramento'"
http://www.veritatis.com.br/_agnusdei/div152.htm
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
5 de dezembro
Dia Internacional do Voluntário
Em 1985, a Assembléia Geral das Nações Unidas
escolheu o dia 5 de dezembro como a data oficial
para a celebração do trabalho voluntário. Desde
então, centenas de países aderiram à data para
celebrar o esforço voluntário e suas conquistas.
Nesta data, em todos os cantos do planeta, em
vilarejos e metrópoles, igrejas e associações de
bairros, em escolas particulares e públicas, em
praças e teatros, milhões de pessoas, instituições e organizações, empresas,
governos estão desenvolvendo ações e eventos para homenagear os voluntários,
que trabalham pela paz e pela melhoria da qualidade no planeta.
Há oito anos o Brasil une-se oficialmente à celebração mundial do voluntariado.
Como tem feito desde a sua criação, todo 5 de Dezembro o Programa Voluntários
faz questão de enaltecer todos aqueles que dedicam parte de seu tempo, trabalho
e talento para colaborar com a melhoria do lugar em que vivem.
Você sabe o que é ser um voluntário?
Esta é uma das formas de você cobrir parte da sua responsabilidade social,
colaborando na solução de problemas de um país tão grande e tão desigual como
o Brasil.
Os voluntários estão por toda parte: em escolas, hospitais, ajudando crianças em
suas tarefas e dificuldades, alegrando crianças em creches, promovendo
campanhas de arrecadação de alimentos, brinquedos, remédios, defendendo o
meio ambiente, trabalhando com cidadania, etc.
Sempre sem receber salários ou remunerações financeiras pela ajuda prestada.
Não importa idade, sexo, religião, condição social, formação, raça, preferências
políticas.
Definições de Trabalho voluntário:
Segundo a ONU: "O voluntário é o jovem ou o adulto que, devido ao seu interesse
pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração
alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social
ou outros campos..."
Segundo a Associação Internacional de Esforços Voluntários (International
Association for Volunteer Efforts - IAVE): "Trata-se de um serviço comprometido
com a sociedade e alicerçado na liberdade de escolha. O voluntariado promove um
mundo melhor e torna-se um valor para todas as sociedades".
Segundo o Programa Voluntários, do Conselho da Comunidade Solidária: "O
voluntário é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e
solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não
remunerada, para causas de interesse social e comunitário".
104
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Os Direitos do Voluntário - Todo voluntário tem o direito a:
• Desempenhar uma tarefa que o valorize e seja um desafio para ampliar e
desenvolver habilidades. • Receber apoio no trabalho que desempenha
(capacitação, supervisão, e avaliação técnica). • Ter a possibilidade da integração
como voluntário na instituição na qual presta serviços, ter as mesmas informações
que o pessoal remunerado e descrições claras de tarefas e responsabilidades. •
Participar das decisões. • Contar com os recursos indispensáveis para o trabalho
voluntário. •Respeito aos termos acordados quanto à sua dedicação, tempo
doado, e não ser desrespeitado na disponibilidade assumida. • Receber
reconhecimento e estímulo. • Ter oportunidades para o melhor aproveitamento de
suas capacidades recebendo tarefas e responsabilidades de acordo com seus
conhecimentos, experiência e interesse. • Ambiente de trabalho favorável por
parte do pessoal remunerado da instituição.
As Responsabilidades do Voluntário –
Todo voluntário tem a responsabilidade de:
• Conhecer a instituição e/ou a comunidade onde presta serviços (a fim de
trabalhar levando em conta essa realidade social) e as tarefas que lhe foram
atribuídas. • Escolher cuidadosamente a área onde deseja atuar conforme seus
interesses, objetivos e habilidades pessoais, garantindo um trabalho eficiente. •
Ser responsável no cumprimento dos compromissos contraídos livremente como
voluntário. Só se comprometer com o que de fato puder fazer. •Respeitar valores
e crenças das pessoas com as quais trabalha. • Aproveitar as capacitações
oferecidas de forma aberta e flexível. • Trabalhar de maneira integrada e
coordenada com a entidade onde presta serviço. • Manter os assuntos
confidenciais em absoluto sigilo. • Acolher de forma receptiva a coordenação e a
supervisão de seu trabalho. • Usar de bom senso para resolver imprevistos, além
de informar os responsáveis.
http://www.unv.org/
http://www.worldvolunteerweb.org/
http://www.portaldovoluntario.org.br
http://www.redcross.org/news/vo/iyv/021203ivd.asp
PASTORAL DA SAÚDE – 4º ANIVERSÁRIO
105
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
COMO FAZER UMA
RÁPIDA VISITA AO DOENTE?
ANÍSIO BALDESSIN
No mundo moderno, e principalmente nas grandes cidades, a falta de tempo é o problema da maioria
das pessoas. Estamos sempre correndo. Correndo contra o tempo, ou melhor, contra a falta de
tempo. Para provar esta verdade é só observarmos quando, na rua ou em outro lugar, encontramos
pessoas amigas: “Nossa! Quanto tempo! Este ano está voando!” E o outro diz: “É verdade, ainda ontem
estávamos comemorando as festas natalinas! O tempo está passando muito rapidamente!”
No entanto, a realidade não é a mesma para as pessoas que moram nas pequenas cidades e
principalmente para aquelas que não têm nada a fazer. Para isso, basta perguntar especialmente aos
doentes que estão em casa ou internados num hospital. Com certeza, eles dirão que o tempo não
passa. Por isso, a famosa frase “o tempo cura tudo” deve ser bem entendida. Será que é o tempo que
cura tudo ou o que cura é o que nós fazemos com o tempo. Pois se não tenho nada a fazer com o
tempo, a cura é muito demorada.
ENCONTROS INFORMAIS
No pouco tempo de que dispomos, quando encontramos as pessoas as conversas são quase sempre
muito informais. Ou seja, fala-se um pouco de tudo, mas não se aprofunda em quase nada. E antes de
se despedir as pessoas até dizem: “Precisamos nos encontrar, vamos marcar alguma coisa. Você
precisa ir lá em casa”. Trocam o número de telefone com a promessa e a certeza de que a visita para
uma conversa mais demorada e sem compromisso acontecerá. No entanto, despedem-se, não
agendam nada e vão se encontrar nem Deus sabe quando.
E quando, raramente, o encontro acontece, ainda assim a conversa normalmente é atrapalhada
pelo barulho da televisão que transmite um capítulo imperdível da novela, um filme, um jogo de futebol
ou outro programa qualquer. E lá se vai, mais uma vez, a conversa por água abaixo. A desculpa é
sempre a mesma: a falta de tempo. Porém, esquecemos que, quando temos tempo, não ficamos com a
pessoa ou não sabemos aproveitar o tempo que temos.
O TEMPO NA VISITA PASTORAL AO DOENTE
A falta de tempo que toma conta de nossas vidas também está presente na visita pastoral aos
doentes. Aqui também temos a presença deste “inimigo”. Os profissionais da saúde vivem o drama do
grande número de pessoas sob seus cuidados. Envolvem-se tanto com os cuidados e com os
recursos terapêuticos que esquecem quase que completamente da pessoa. O doente deixa de ser
sujeito e passa ser quase um objeto de cuidado.
O agente de pastoral também é alguém muito ocupado. Pois, em geral, além de fazer pastoral
da saúde exerce inúmeras funções na Igreja. Às vezes, até mais do que poderia e deveria. Por isso,
quando vai visitar os doentes e/ou levar comunhão está sempre apressado. A exemplo do que acontece
com o profissional da saúde, o agente de pastoral acaba se envolvendo tanto com a assistência
espiritual e com os sacramentos que esquece a assistência humana e solidária ao doente.
ENCONTRANDO TEMPO
Como fazer isso? Não é fácil. Porém, não é impossível. Basta programar e aproveitar bem o pouco
tempo que se tem. Embora não seja novidade para muita gente, penso que não é demais repetir um
velho dito popular que diz: “Quer pedir algo para alguém, peça para aquele que já tem muitas
106
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
atividades. Pois aqueles que não têm nada pra fazer nunca têm tempo”. Vejamos um exemplo
concreto.
O melhor exemplo de que é possível encontrar tempo é Jesus Cristo. Sua missão, segundo relatos
bíblicos, durou apenas três anos. Durante esse pequeno espaço de tempo, Ele simplesmente
revolucionou o mundo inteiro com sua maneira de pensar, falar e agir. Estava sempre rodeado de
pessoas e quando elas não iam ao seu encontro, Ele próprio ia ao encontro delas.
Embora nunca tenha se preocupado em reunir grandes multidões e encher estádios ou praças,
sabia, como ninguém, aproveitar bem os momentos em que tinha a oportunidade de estar com as
pessoas. Foi assim com os discípulos de Emaús e com a samaritana. Quanto tempo despendeu com
cada um? Não importa, o que importa é que quando Ele se encontrava com alguém,
ficava, literalmente, com a pessoa.
O ESTAR COM O OUTRO
Quando ministro cursos de pastoral da saúde é muito comum as pessoas perguntarem: “Quanto
tempo deve demorar a visita”? A resposta é: “Depende”. A visita pode ser longa, média ou curta. Tudo
vai depender das necessidades do doente, da maneira como ele nos receber e ainda da metodologia do
agente para conduzir a conversação.
Porém, é sempre importante ter presente dois fatores: 1) a pessoa com a qual estamos conversando,
naquele momento, é sempre a mais importante e necessitada. Fique com ela o tempo que for
necessário; 2) se você não dispõe de muito tempo, como acontece na terapia com o psicólogo, estipule
um tempo determinado. É melhor determinar um tempo do que ficar olhando o relógio na frente
do doente.
Portanto, quando você estiver com um doente, ainda que seja para uma rápida visita, o segredo não é,
em primeiro lugar, fazer algo por ele, mas estar com ele. Pois estando com ele você poderá fazer algo
por ele. O agente e/ou profissional da saúde poderá dizer: “É, mas isso leva tempo!” É verdade. Mas
um exemplo pode nos ajudar. Quando o enfermeiro toma o pulso do paciente para controlar os
batimentos cardíacos, ele demora um minuto. Ele pode fazer este procedimento olhando e voltado para
o doente ou simplesmente virado para o lado. O tempo gasto vai ser o mesmo. No entanto, se ele
fizer este procedimento voltado para o doente demonstrará que está, literalmente, com o doente.
Portanto, para aqueles que trabalham na pastoral da saúde e que, devido à falta de tempo,
precisam fazer rápidas visitas aos doentes, aqui vai um conselho, resultado da prática pastoral: a visita
rápida pode ser tão benéfica e importante quanto a longa. Depende da maneira como você a faz. Pois
uma visita sempre causa bem-estar para a pessoa. Alguém já disse que nós esquecemos, facilmente,
muitos acontecimentos de nossa vida. Porém, jamais esqueceremos as experiências vividas no hospital
e principalmente as visitas que recebemos. Mesmo que sejam rápidas.
(Informativo do Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde e Bioética – setembro de 2004)
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APRENDA A ESCUTAR
ROBERTA ISRAELOFF
O que todos desejamos quando estamos nos sentindo deprimidos, agitados ou
loucamente felizes é encontrar um amigo que pareça ter todo o tempo do mundo para
nos ouvir.
Você sabe ouvir… de verdade? Meus sogros tinham acabado de chegar a Nova York, após uma
angustiante viagem da Flórida, onde passaram o inverno. “Da primeira vez que o carro parou,
estávamos na Carolina do Norte”, contou minha sogra ao telefone. “Mandamos consertá-lo, mas o
motor pifou outra vez em Delaware. O pior, porém, aconteceu na ponte Verrazano, na hora do rush.
Parecia que nunca chegaríamos em casa”.
“Que horrível!”, exclamei, pronta para começar minha própria história de terror: um carro enguiçado
às 21h30 no estacionamento deserto de um shopping center. Mas alguém bateu à porta e ela teve de
se despedir. “Obrigada por me ouvir”, disse ela. “E obrigada principalmente por não ter me contado
uma história de carro ainda pior.” Com o rosto em brasa, desliguei o telefone. Nos dias que se
seguiram peguei-me refletindo sobre a sabedoria daquelas últimas palavras.
Não consigo contar o número de vezes que comecei a reclamar de uma briga com meu filho,
uma decepção profissional ou até mesmo de problemas com o carro e uma colega me interrompeu
dizendo: “O mesmo acaba de acontecer comigo”. E, de repente, passamos a falar do filho ingrato dela,
do chefe insuportável dela, do vazamento no tanque de combustível dela. E só me resta concordar com
a cabeça nos momentos certos, perguntando-me se teríamos todos sido acometidos de um sério caso
de déficit de atenção emocional.
É fácil perceber como essa pseudo-empatia “sei como você se sente e posso provar isso” às vezes se
confunde com a verdadeira empatia. Não há nada mais natural do que tentar acalmar um
amigo transtornado com garantias de que ele não está só. Mas as calamidades assemelham- se apenas
à distância; de perto, são tão únicas quanto impressões digitais. O marido de sua amiga perdeu o
emprego, assim como o seu, mas não há duas famílias que tenham contas bancárias
idênticas, indenizações ou planos de emergência iguais. Dizer “entendo sua dor” também pode ser um
prelúdio para oferecer conselhos: “Ouça o que eu fiz e o que você deve fazer”. Mas quando você leva
três vezes o tempo normal para cobrir um trajeto ou seu filho tem febre alta no meio da noite, você
quer mesmo saber como sua amiga enfrentou a situação parecida? Claro que não.
O que todos desejamos quando estamos nos sentindo deprimidos, agitados ou loucamente felizes
é encontrar um amigo que pareça ter todo o tempo do mundo para nos ouvir. Essa capacidade de estar
ao lado de uma pessoa na dor ou na alegria é pedra angular da verdadeira empatia.
Felizmente, essa é uma habilidade fácil de aprender. Desde a conversa que tive com a minha sogra, por
exemplo, venho reprimindo o impulso de interromper minhas amigas quando elas querem se
abrir comigo. Estou aprendendo a trilhar o caminho aberto pela outra pessoa, prestando atenção à
linguagem corporal, às expressões faciais, ao tom de voz e ao que não é dito.
Também estou me tornando mais capaz de reconhecer e apreciar a empatia quando sou eu a
beneficiária. Outro dia, liguei para uma amiga a fim de me queixar que estava nervosa e sem
concentração. “Quer falar a respeito?”, perguntou ela. Assim, discorri sobre meus sentimentos durante
algum tempo. Por fim, eu lhe agradeci a atenção em me ouvir e perguntei como ela estava se sentindo.
“Podemos falar sobre mim amanhã”, foi a resposta. Isso, sim, é empatia.
Não é sempre que queremos respostas ou conselhos. Às vezes, só queremos companhia.
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REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – 15/12/2005
A DOR E O SOFRIMENTO NA BÍBLIA
NOSSO DESTINO
Gênesis 3, 16-19
16 Disse também à mulher: Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus
desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio.” 17 E disse em seguida ao
homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido
comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os
dias de tua vida. 18 Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. 19 Comerás o
teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás
de tornar.”
Jó 7, 13 e 14,1
1 A vida do homem sobre a terra é uma luta, seus dias são como os dias de um mercenário. 2 Como
um escravo que suspira pela sombra, e o assalariado que espera seu soldo, 3 assim também eu tive
por sorte meses de sofrimento, e noites de dor me couberam por partilha.
1 O homem nascido da mulher vive pouco tempo e é cheio de muitas misérias;
Sabedoria 2,1 e 9,15
1 Dizem, com efeito, nos seus falsos raciocínios: Curta é a nossa vida, e cheia de tristezas; para a
morte não há remédio algum; não há notícia de ninguém que tenha voltado da região dos mortos.
15 porque o corpo corruptível torna pesada a alma, e a morada terrestre oprime o espírito carregado
de cuidados.
Eclesiástico 40, 1-9
1 Uma grande inquietação foi imposta a todos os homens, e um pesado jugo acabrunha os filhos de
Adão, desde o dia em que saem do seio materno, até o dia em que são sepultados no seio da mãe
comum: 2 seus pensamentos, os temores de seu coração, a apreensão do que esperam, e o dia em
que tudo acaba, 3 desde o que se senta num trono magnífico, até o que se deita sobre a terra e a
cinza; 4 desde o que veste púrpura e ostenta coroa, até aquele que só se cobre de pano. Furor, ciúme,
inquietação, agitação, temor da morte, cólera persistente e querelas. 5 E na hora de repousar no leito,
o sono da noite perturba-lhe as idéias. 6 Ele repousa um pouco, tão pouco que é como se não
repousasse; e no mesmo sono, como uma sentinela durante o dia, 7 é perturbado pelas visões de seu
espírito, como um homem que foge do combate. No momento em que (se julga) em lugar seguro, ele
se levanta e admira-se do seu vão temor. 8 Assim acontece a toda criatura, desde os homens até os
animais. Mas para os pecadores é sete vezes mais. 9 Além do mais, a morte, o sangue, as querelas, a
espada, as opressões, a fome, a ruína e os flagelos
CASTIGO
Gênesis 3,16-19
16 Disse também à mulher: Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus
desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio.” 17 E disse em seguida ao
homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido
comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os
dias de tua vida. 18 Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. 19 Comerás o
teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás
de tornar.”
1 Samuel 28, 17-19
17 Fez o Senhor como tinha anunciado pela minha boca: ele tira a realeza de tua mão para dá-la a
outro, a Davi. 18 Não obedeceste à voz do Senhor e não fizeste sentir a Amalec o fogo de sua cólera;
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eis por que o Senhor te trata hoje assim. 19 E mais: o Senhor vai entregar Israel, juntamente contigo,
nas mãos dos filisteus. Amanhã, tu e teus filhos estareis comigo, e o Senhor entregará aos filisteus o
acampamento de Israel.
Salmos 31,10
10 São muitos os sofrimentos do ímpio. Mas quem espera no Senhor, sua misericórdia o envolve.
Eclesiástico 7,1-3
1 Não pratiques o mal, e o mal não te iludirá. 2 Afasta-te da injustiça, e a injustiça se afastará de ti. 3
Meu filho, não semeies o mal nos sulcos da injustiça, e dele não recolherás o sétuplo.
Ezequiel 23,35
35 Pois, eis o que diz o Senhor Javé: porque tu me esqueceste e lançaste atrás das costas, carregarás
tu também o peso de tua criminosa prostituição.
PROVAÇÃO
Gênesis 22,1ss
1 Depois disso, Deus provou Abraão, e disse-lhe: “Abraão!” “Eis-me aqui”, respondeu ele. 2 Deus disse:
“Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de Moriá, onde tu o oferecerás
em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar.” 3 No dia seguinte, pela manhã, Abraão selou o
seu jumento. Tomou consigo dois servos e Isaac, seu filho, e, tendo cortado a lenha para o holocausto,
partiu para o lugar que Deus lhe tinha indicado. 4 Ao terceiro dia, levantando os olhos, viu o lugar de
longe. 5 “Ficai aqui com o jumento, disse ele aos seus servos; eu e o menino vamos até lá mais adiante
para adorar, e depois voltaremos a vós.” 6 Abraão tomou a lenha do holocausto e a pôs aos ombros de
seu filho Isaac, levando ele mesmo nas mãos o fogo e a faca. E, enquanto os dois iam caminhando
juntos, 7 Isaac disse ao seu pai: “Meu pai!” “Que há, meu filho?” Isaac continuou: “Temos aqui o fogo
e a lenha, mas onde está a ovelha para o holocausto?” 8 “Deus, respondeu-lhe Abraão, providenciará
ele mesmo uma ovelha para o holocausto, meu filho.” E ambos, juntos, continuaram o seu caminho. 9
Quando chegaram ao lugar indicado por Deus, Abraão edificou um altar; colocou nele a lenha, e
amarrou Isaac, seu filho, e o pôs sobre o altar em cima da lenha. 10 Depois, estendendo a mão, tomou
a faca para imolar o seu filho. 11 O anjo do Senhor, porém, gritou-lhe do céu: “Abraão! Abraão!” “Eisme aqui!” 12 “Não estendas a tua mão contra o menino, e não lhe faças nada. Agora eu sei que temes
a Deus, pois não me recusaste teu próprio filho, teu filho único.”
Deuteronômio 13,3
3 tu não ouvirás as palavras desse profeta ou desse visionário; porque o Senhor, vosso Deus, vos põe à
prova para ver se o amais de todo o vosso coração e de toda a vossa alma.
Provérbios 3,11-12
11 Meu filho, não desprezes a correção do Senhor, nem te espantes de que ele te repreenda, 12
porque o Senhor castiga aquele a quem ama, e pune o filho a quem muito estima.
Eclesiastes 7,16 e 8,14
16 Não sejas justo excessivamente, nem sábio além da medida. Por que te tornarias estúpido?
14 Há outra vaidade que aparece sobre a terra: há justos aos quais acontece o que conviria ao
proceder de celerados; e há ímpios aos quais acontece o que conviria ao proceder de justos. Digo que
isso é também vaidade.
Eclesiástico 17,3
3 determinou-lhe uma época e um número de dias.
Mateus 16,24
24 Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo,
tome sua cruz e siga-me.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
1 Tessalonicenses 3,3
3 a fim de que, em meio às presentes tribulações, ninguém se amedronte. Vós mesmos sabeis que esta
é a nossa sorte.
2 Timóteo 3,12
13 Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, sedutores e seduzidos.
Hebreus 12, 5-11
5 Estais esquecidos da palavra de animação que vos é dirigida como a filhos: Filho meu, não desprezes
a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; 6 pois o Senhor corrige a quem
ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho. 7 Estais sendo provados para a vossa correção:
é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige? 8 Mas se
permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, seríeis bastardos e não filhos legítimos. 9 Aliás,
temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos com respeito. Com quanto
mais razão nos havemos de submeter ao Pai de nossas almas, o qual nos dará a vida? 10 Os primeiros
nos educaram para pouco tempo, segundo a sua própria conveniência, ao passo que este o faz para
nosso bem, para nos comunicar sua santidade. 11 E verdade que toda correção parece, de momento,
antes motivo de pesar que de alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o
melhor fruto de justiça e de paz.
CAMINHO PARA DEUS
Tobias 3,13
13 Deus de nossos pais, que vosso nome seja bendito. Vós, que depois de vos irardes, usais de
misericórdia, e no meio da tribulação perdoais os pecados aos que vos invocam.
Judite 8, 26-27
26 Por isso não nos irritemos por causa do que sofremos. 27 Consideremos que esses tormentos são
menos graves que nossos pecados, e que esses flagelos com que o Senhor nos castiga, como escravos,
foram-nos mandados para a nossa emenda, e não para a nossa perdição.
1 Coríntios 11,32
32 Mas, sendo julgados pelo Senhor, ele nos castiga para não sermos condenados com o mundo.
2 Timóteo 2, 11-12
11 Eis uma verdade absolutamente certa: Se morrermos com ele, com ele viveremos. 12 Se soubermos
perseverar, com ele reinaremos.
1 Pedro 4,1
1 Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento: quem
padeceu na carne rompeu com o pecado,
Apocalipse 7,14
14 Respondi-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele me disse: Esses são os sobreviventes da grande
tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro.
SOFRER COM ALEGRIA
Mateus 5,5.10-12
5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! 11
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o
mal contra vós por causa de mim. 12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa
nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
Atos 5,41
41 Eles saíram da sala do Grande Conselho, cheios de alegria, por terem sido achados dignos de sofrer
afrontas pelo nome de Jesus.
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Romanos 8,18
18 Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura
que nos deve ser manifestada.
2 Coríntios 1,4 - 4,17 – 7, 4-5 e 8,2
4 que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos
somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!
17 A nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso eterno de glória
incomensurável. Porque não miramos as coisas que se vêem, mas sim as que não se vêem . Pois as
coisas que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas.
4 Tenho grande confiança em vós. Grande é o motivo de me gloriar de vós. Estou cheio de consolação,
transbordo de gozo em todas as nossas tribulações. 5 De fato, à nossa chegada em Macedônia,
nenhum repouso teve o nosso corpo. Eram aflições de todos os lados, combates por fora, temores por
dentro.
2 Em meio a tantas tribulações com que foram provadas, espalharam generosamente e com
transbordante alegria, apesar de sua extrema pobreza, os tesouros de sua liberalidade.
Colossenses 1,24
24 Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo
na minha carne, por seu corpo que é a Igreja.
Hebreus 10,34
34 Não só vos compadecestes dos encarcerados, mas aceitastes com alegria a confiscação dos vossos
bens, pela certeza de possuirdes riquezas muito melhores e imperecíveis.
Tiago 1,2
2 Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações,
1 Pedro 2,31 e 4, 12-13
21 Ora, é para isto que fostes chamados. Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para
que sigais os seus passos.
12 Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa
extraordinária. 13 Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que
vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua glória.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – 26/1/2006
OS MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS DA COMUNHÃO
E A PASTORAL DA SAÚDE
“...estive doente e me visitastes...” (Mt 25, 22-36)
AGENTE DA PASTORAL DA SAÚDE é aquele que, em nome da Igreja, se
coloca à disposição do enfermo para atendê-lo em suas necessidades. Para
isso, deve ter equilíbrio emocional, formação cristã, bom relacionamento,
prudência, discrição e competência.
O objetivo da Pastoral da Saúde é, antes de mais nada, anunciar a Boa Nova em uma situação
especial da vida do homem: o confronto com a dor e a morte. Muitas pessoas – doentes, velhos,
deficientes físicos, doentes mentais - sofrem abandonados em hospitais, nos sanatórios e no próprio
lar.
A visita a um doente exige, antes de mais nada, espírito de doação, disponibilidade de tempo e
perseverança.
Exige um preparo todo especial para que, no relacionamento com os que sofrem se possa ver, aceitar
e atingir o homem como um todo biológico – espiritual, psicológico, social e humano.
Em outras palavras, a ação pastoral de Ministros Extraordinários da Comunhão e agentes da Pastoral
da Saúde deve ser planejada tendo em vista quatro linhas de trabalho :
- Evangelização dos que lidam com os doentes
- Assistência espiritual aos doentes
- Humanização das estruturas
- Ação sócio-política.
“Quando o homem, repentinamente, fica doente, leva para o hospital, junto
com seu sofrimento: angústia, insegurança, também o ateísmo, a má
formação cristã, a sua religiosidade. Por isso, agarra-se a qualquer “tábua
de salvação”: sessões espíritas, banhos milagrosos, defumadores, rezas,
enfim “algo” que lhe dê um pouco de esperança.
Assim, também a confissão e, principalmente, a comunhão, serão aceitas, não por opção consciente e
pessoal, mas para salvar a sua vida.
Para não transformar os sacramentos em talismãs, é necessário, primeiramente, humanizar e
evangelizar o doente e, depois levar os sacramentos.
Muitos outros cristãos acreditam em Deus, em Cristo, na Igreja... Mas não
sabem encaixar esse Deus, esse Cristo, essa Igreja, na sua vida. Nunca
descobriram que Deus, que Cristo, que a Igreja têm muito a ver com o
progresso, com a liberdade, com a amizade, com os valores humanos. Não
sabem que Deus é fonte de todos esses valores humanos. Não notaram
que os rastros de Deus aparecem em todas essas coisas
O que é evangelizar?
1.É mostrar que Deus se manifesta ao homem.
2.É falar sobre Deus na linguagem que o homem entenda, a partir das coisas conhecidas, como
Cristo fazia nas parábolas.
3.É mostrar o divino que só existe neste mundo.
4.É unir a fé à vida que se vive todo dia.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
5.É mostrar ao homem que suas idéias, a sua maneira de ver as coisas têm valor.
6.É aceitar aquilo que o homem pensa, busca e vive como valor inicial na caminhada para Deus.
7.Enfim, evangelizar é testemunhar Jesus Cristo, libertador. Anunciar o que Ele anunciou e imitar
a sua pedagogia, carregada de amor pelo povo.
Para atingir um doente, para evangelizar um doente, basta vê-lo como
pessoa humana, tendo em mente que é um irmão que sofre, que necessita
de alguém para ouvi-lo, sem pressa, com carinho, ternura, compreensão,
amizade, procurando sempre ajudá-lo a viver.
Os agentes e ministros extraordinários da comunhão, via de regra, se
defrontarão com vários tipos de doentes. Entre eles:
- Os idosos;
- Os doentes agudos (os que necessitam de assistência imediata; são
doentes de grande risco como no caso dos internados em CTI ou UTI).
Diante de um paciente nessas condições deve-se voltar a atenção
também para a família, que precisa de uma presença amiga, que
precisa descobrir novos horizontes, novas esperanças. É um momento
forte de oração diante do sofrimento.
- Os doentes crônicos: aqueles cujo tempo da doença é imprevisível.
- Os doentes irrecuperáveis: quando se esgotam todos os recursos médicos. Trabalhar com
doente irrecuperável, principalmente no fim de sua vida, não é deprimente, nem mórbido, e pode
ser uma das mais gratificantes experiências espirituais.
Em todos os casos deverá ser levado ao doente o calor humano e também
o testemunho cristão, ajudando-o, com a graça de Deus, a levá-lo a uma
resposta positiva.
Devem esclarecer e orientar a família quanto aos sacramentos que o doente pode e deve receber para
ajudá-lo nos momentos difíceis, muito especialmente quanto a UNÇÃO DOS ENFERMOS, que é
sacramento de vida. Importante também é lembrar que se deve indagar ao doente o desejo ou não de
receber o sacerdote da paróquia, do domicilio hospitalar ou de ser chamado algum outro de seu
conhecimento.
A visita a um doente deve ser encarada como um exercício de uma obra de
misericórdia cristã. Quem não tiver uma vida de oração, uma vida
sacramental, uma vida, enfim, de união com Jesus Cristo, terá dificuldade
para ajudar as pessoas oprimidas pela dor e pelo sofrimento.
Antes de visitar um enfermo, há a necessidade de preparação pessoal para saber o que deve ser dito,
quando deve ser dito, como deve ser dito e, principalmente, para saber ouvir... Para ajudar as pessoas
atormentadas pela doença a descobrir, na fé, a explicação da dor e a compreender, e modo mais
convincente, o mistério da dor, tão vivido pelo Cristo e tão esquecido por nós.
Cristo padeceu ... Paixão... Por que não sofrer?... Mas, o doente deve lutar com ardor pela saúde, pois
a vida é o dom natural que Deus nos deu. Toda essa força junto ao doente só poderá ser conseguida
através da oração.
A oração é a ponte que une a Deus. A oração pessoal, não só a de joelhos e de palavras, mas a de
toda a vida é o primeiro passo para o trabalho e par o bem estar espiritual.
Conselhos práticos para ministros e agentes
1. Descobrir o sofrimento do outro é aceitar o próprio sofrimento.
2. Só podemos ajudar o outro quando aceitamos sermos ajudados.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
3.
A ajuda propõe-se, não se impõe, salvo nas urgências.
4. Devemos sentir quando somos desejados e quando somos importunos, quando somos
esperados e quando devemos ir embora.
5. Há doentes que preferem o silêncio e o sossego.
6. Não se julgue importante, o melhor cristão. Não dê conselhos vazios, fórmulas prontas. Evite
usar termos como “coitado/ seja resignado/ essa é a sua cruz/ crie coragem/ é o nosso
destino”. Escute.
7. Na relação com o doente seja simples, sincero e fraterno.
8. Respeite as normas e horários do hospital.
9. Não toque em medicamentos.
10. Não dê nada se antes pedir consentimento, mesmo que seja água.
11. Fale em tom baixo, não fique nos corredores e retire-se discretamente se o médico chegar
para uma visita.
12. Não queira saber além do que lhe é manifestado.
Referências:
Como Tratar Um Doente, Carlos Alberto Dias Almeida, Edições Paulinas,SP, 1983
Como visitar um doente - Orientações práticas para padres, pastores e agentes de
pastoral da saúde, Anísio Baldessin, Edições Loyola, SP, 2002
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – 26/1/2006
PSICOLOGIA DO ENFERMO
A necessidade de uma nova abordagem na assistência ao doente, traduz uma
urgente reflexão sobre os aspectos de saúde e doença vigentes na sociedade
contemporânea ocidental.
O enorme progresso técnico-científico, ocorrido nas últimas décadas, atingiu a medicina de
forma avassaladora. No entanto, toda a energia investida nessa modernização fomentou
ainda mais o aspecto materialista e mercantilista da Medicina, dirigindo-a rumo a tendências
divergentes que distanciam-na do verdadeiro sentido da ciência médica, ou seja, a promoção
da saúde. Nesse contexto, o doente passa a ser uma peça de engrenagem e a doença
encarada como um desajuste mecânico. O homem é despojado de seus aspectos
existenciais para se tornar um objeto, um número de leito ou de prontuário, uma síndrome ou
um órgão doente. Ao ser doente resta assistir ao total aniquilamento dos seus direitos
existenciais – o direito de ser, de existir enquanto pessoa.
No trabalho com doentes, esses conceitos assumem grande relevância na medida em o
doente é um ser intimamente dependente de outro; um ser criado e protegido por pessoas
que sofrerão intensamente não só pelo aparecimento e evolução da doença, como também
pela ruptura desse vínculo.
Além disso, a doença em si é um fator considerável de desajustamento, pois acaba por
provocar, precipitar ou agravar desequilíbrios no doente e em sua família. Assim, a pessoa
fisicamente doente, estará afetada em sua integridade; a doença é um ataque ao seu
organismo como um todo, estando o seu desenvolvimento emocional também comprometido.
Dentro desse quadro encontram-se, com freqüência, graves problemas sociais ou mesmo
desequilíbrios emocionais enraizados nas doenças desses doentes.
Vários fatores contribuem para o aparecimento de dissabores existenciais, a saber:
•
Sensação de abandono
•
Medo do desconhecido
•
Sensação de punição e culpa
•
Limitação de atividades
•
Surgimento ou intensificação da dor física
Quando uma pessoa adoece, a família também se sente assim, algumas vezes, inclusive
culpando-se dos fatos. A doença, como já foi mencionado, é um fator de desajustamento do
grupo familiar.
A princípio, a família deve ser conscientizada sobre os aspectos da doença em si pois o
próprio desenvolvimento, aparecimento e prognóstico da mesma torna-se algo muito difícil de
entender dado o momento de crise que gera na família
Ninguém é mais importante – importante é o doente, é o seu sofrimento, é a sua doença.
Os estados de ansiedade, frente às doenças, em qualquer nível, são patentes dos doentes. A
ansiedade é sempre caracterizada por uma expectativa do vir a ser. Essa ansiedade, somada
aos aspectos de impotência frente à doença, geram muitas vezes, certa regressão no
paciente, até mesmo uma fase de dependência, e as constantes interrogações como: “-o que
ocorre comigo?”; “-vou melhorar?”. Importante frisar que nem sempre essas dúvidas são
verbalizadas pelo indivíduo, e quando não o fazem acabam por colaborar com o aumento da
ansiedade e de elaboração errada sobre a doença.
116
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O estado de expectativa e busca de respostas, pode, de certa forma, agravar virtualmente o
estado somático do paciente, pois a elaboração de fantasias e a tensão emocional da pessoa
levam-na, em sua dinâmica total, a um “déficit” funcional. Dentro dessa visão a ansiedade
sempre antecede a angústia. A estruturação deste sentimento tem uma importância muito
grande pois, conforme a maneira que é elaborada, pode levar o indivíduo a uma luta pela vida
ou a uma total e completa negação desta, permanecendo então um mecanismo com
tendência destrutiva.
O homem, com seu evoluir histórico, foi deixando de lado sua essência de comunicação
consigo mesmo, mas toda vez que se defronta com a iminência de destruição do seu ser,
existe algo que restabelece essa comunicação e leva a sentir o que se descreve como
Angústia de Morte.
A partir de então, pode-se observar a seguinte DINÂMICA PSICOLÓGICA:
•
O doente sente-se ameaçado, agredido, tem sua auto-imagem ferida. Tem dificuldade
em interessar-se por outro assunto que não seja a sua doença; com freqüência
procura em si, sintomas da doença. Tem pena de si mesmo e, algumas vezes tornase egoísta exigindo atenção exclusiva.
•
A experiência de finitude, a descoberta da própria fragilidade, o confronto com a
impotência e a incapacidade faz com depare-se com o medo, a insegurança e a
ansiedade.
•
Surge um sentimento de solidão e angústia de ordem interna (independente da
presença da família). Sente-se “só na multidão!“
•
Ao deparar-se com a sua limitação – o que era capaz de fazer e não é mais desenvolve um sentimento de inutilidade e peso que apresentam como conseqüências
:
A) Perda da energia física;
B) Afastamento dos compromissos;
C) Afastamento das funções familiares;
D) Inatividade – ociosidade;
E) Dependência para comer, vestir, satisfazer necessidades fisiológicas
•
•
O indivíduo tem sua comunicação com os outros também comprometida. Ao lado da
hipersensibilidade, do choro fácil, podem alternar-se momentos de extrema
irritabilidade levando muitas vezes ao rompimento das relações que envolvam
reciprocidade.
•
No que diz respeito à doença propriamente dita, podem ser observados os seguintes
mecanismos de defesa que aliviam a ansiedade, a frustração e o medo:
9
REGRESSÃO: diante da dependência real e perda da autonomia, começa a
fazer exigências afetivas;
9
FORMAÇÃO REATIVA: sentimento de perseguição por forças externas.
Geralmente defende-se com agressividade;
9
NEGAÇÃO PARCIAL: aceita a doença mas sempre procurar um jeito de burlar o
prescrito (comer doce escondido);
9
NEGAÇÃO TOTAL: não aceita a doença nem a terapia.
Conforme a faixa etária podemos observar que:
9 a criança sente-se ameaçada, com medo, insegurança pela probabilidade de
separação dos pais;
117
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9 o adolescente, devido a valorização do corpo, revolta-se por ver comprometida sua
auto-imagem, sua auto-suficiência, sua independência, sua autonomia e suas
relações sociais;
9 o homem revolta-se por ver prejudicados e comprometidos a sua ascensão social
e familiar, seus planos, investimentos e por ter que sujeitar-se a ter a mulher como
chefe da família;
9 a mulher, por sua vez, vê comprometida sua responsabilidade com os filhos e com
a casa e, via de regra, para não relegar essas atribuições a um segundo plano,
acaba descuidando-se de si mesma;
9 finalmente, os idosos, que geralmente deixam-se levar pelo sentimento de
inutilidade que acaba levando-os à depressão e até à morte.
•
Estudos demonstram também que, quanto mais elevado for o grau de instrução, maior a
dificuldade de aceitação da doença.
O ENFERMO E A FAMÍLIA
A doença, geralmente, desestabiliza a ordem familiar pois implica numa reorganização
doméstica (de hábitos, horários, de rotinas domésticas, e muitas vezes até de mobiliário)
ocasionando o que podemos chamar de stress familiar. Traz consigo também a necessidade
de reestruturação das relações entre os familiares e o doente especialmente tendo em vista
que o sentimento dominante será o da incerteza (quanto a doença em si, possibilidades de
cura, tempo, etc..). Os casos mais complicados são aqueles que envolvem doenças crônicas
que levam à invalidez permanente e que exigem reestruturação completa tanto no campo
pessoal quanto no campo familiar.
No caso dos pacientes considerados terminais, podemos definir cinco estágios:
a) Negação: o diagnóstico está errado; este exame não é meu, etc...
b) Raiva: “- Eu não mereço isso!
c) Barganha: trocas com Deus – promessas
d) Depressão: “Não adianta me cuidar, vou morrer mesmo!”
e) Aceitação
PRINCIPAIS REAÇÕES FAMILIARES DIANTE DA DOENÇA
A) Confiança – dá ao doente segurança, esperança e ajuda-o a encarar a doença com
realismo;
B) Surpresa – gera ansiedade, incerteza e insegurança;
C) Desconfiança - criam clima de pressão, tensão, agitação, resistência contra a doença,
chegando a provocar reações agressivas;
D) Piedade – o doente é visto como vítima do destino;
E) Desânimo – transmitem mensagem depressiva.
A INTERNAÇÃO HOSPITALAR
A internação hospitalar retira do doente os seus hábitos normais e coloca-o diante
de uma realidade ambígua; o hospital é para o doente, no entanto, é o doente
quem deve adaptar-se às regras.
118
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A essa despersonalização somem-se:
a) A burocratização das respostas;
b) Escassez de informação ou pouca clareza sobre o seu estado;
c) A convivência com outros doentes;
d) Mudanças nos hábitos de vida;
e) O tempo ocioso;
f)
A rotina hospitalar: horários, espaço físico, troca de plantões.
Isto posto, devemos analisar agora, o papel dos agentes cristãos que desempenham seus
ministérios junto aos enfermos.
É de suma importância que estejam devidamente preparados e informados sobre as
condições do doente a ser visitado e, principalmente, ter claro que o mesmo deve ser visto
como pessoa integral e portanto, longe de manifestar um sentimento de piedade, buscar
restituir-lhe a auto-confiança, a capacidade de sair de si mesmo, de distanciar-se da
enfermidade (sem negar a sua existência) conscientizando-o de que ele é o principal
responsável pelo próprio tratamento; auxiliá-lo a resgatar o lado sadio da vida estabelecendo
com o doente um vínculo de amor, de acolhimento e de fé em suas capacidades através de
atitudes simples e naturais e, especialmente, demonstrando-se um bom ouvinte.
Referência :
Psicologia hospitalar, Valdemar Augusto Angerami Camon e outros, Ed.Traço, 1984, SP
119
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VESTES DOS MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS – uma pequena teologia
Toda vestimenta tem um significado importante
dentro da liturgia, pois representa os novos
membros de Cristo revestidos para o banquete
nupcial, representa o traje de festa da Ceia
derradeira que não sabemos o momento, e os
que lavaram e alvejaram suas vestes no sangue
do Cordeiro. Em suma, poderíamos dizer,
revestir-se na liturgia significa portar em si
mesmo o próprio Cristo. É dele que derivam os
três sentidos das vestes: a dignidade sacerdotal,
profética e real.
Como entraste aqui sem a veste de festa? (Mt 22,12)
Revestir-se significa portar uma veste que me cubra com a dignidade. A pergunta
do rei na parábola do banquete nupcial a um dos convivas é por que ele não está
revestido? Ou seja, por que não se investiu da dignidade junto às Núpcias do
Cordeiro? A veste é antes de mais nada, uma participação na realeza de Jesus,
por sermos filhos adotivos por causa do Filho, por sermos herdeiros do trono de
Deus, porque o Filho é o herdeiro. E somos herdeiros de quê? Da promessa da
realeza, ou melhor, do Reinado de Deus. Falar que somos participantes significa,
ser uma parte do todo, e por isso, a palavra mais propícia é “herdeiro”. A
dignidade real significa ser administrador da graça e dos bens de Deus. Enquanto
estamos neste mundo, administramos, convertemos, levamos a Boa-Nova aos
irmãos segundo o anúncio de que o Reino já está entre nós.
As que estavam prontas entraram com o noivo para o banquete nupcial (Mt
25,10)
Os discursos escatológicos do Reino de Deus nos apresentam a chegada do Reino
como um ladrão, como as virgens prudentes com suas lâmpadas (Mt 25), como o
vigia que aguarda pela aurora (Sl 129). Revestir-se para a festa de casamento
supõe uma constante preparação, um constante vigiar. Não se vai para uma festa
de casamento sem um prévio momento de preparação. Assim, revestir-se,
significa estar vigilante para a o Banquete das núpcias do Cordeiro. Essa vigilância
se dá pelo anuncio profético. Revestir-se significa colocar a veste da dignidade
profética, significa ser anunciador do Reino, denunciador das opressões e
injustiças, significa ter a constância na vida da voz profética.
Lavaram suas vestes e alvejaram-nas no sangue do Cordeiro (Ap 7,14)
A dignidade sacerdotal nos é apresentada pelos que vieram da grande tribulação,
pelos que alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro, ou seja, pelos que não
hesitam em derramar seu próprio sangue por causa do Cordeiro, são os que
rejeitaram sua vida até a morte. O sacerdócio está ligado ao sacrifício. Não
podemos falar de sacerdotes se não falarmos de sacrifício, o que significa dizer
que somos participantes também do sacerdócio de Jesus. Revestir-se significa
vestir-se do sangue do Cordeiro imolado, significa beber de Seu sangue e comer
de Sua carne, significa compactuar com Ele do mesmo destino. Propriamente são
120
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os que se revestem da missão do Cordeiro. É a voz do Concílio Ecumênico
Vaticano II que nos afirma: “N’Ele (Jesus Cristo) os fiéis todos tornam-se
sacerdócio santo e régio, oferecem a Deus hóstias espirituais por Jesus Cristo, e
anunciam as virtudes d’Aquele que das trevas os chamou para sua luz admirável.
Não existe assim membro que não tenha parte na missão de todo o Corpo.” (PO
2)
O Bispo e o múnus de santificar
O Bispo numa Diocese é o legítimo sucessor dos Apóstolos, e com isso recebe do
próprio Cristo o rebanho para que seja pastoreado na iminência da realização do
Reino. Diz o concílio Vaticano II que “o Senhor Jesus Cristo, Sumo Pontífice, está
presente no meio dos crentes na pessoa dos Bispos” (LG 21). Nesse sentido, o
Bispo é aquele que possui a plenitude do sacerdócio dado por Cristo. O sacerdócio
foi dado em vista da santificação do povo, conforme anuncia a Lumen Gentium
“com o auxílio do Senhor, transformando tudo em bem, cheguem à vida
sempiterna juntamente com a grei que lhes foi confiada” (LG 26). No múnus de
santificar confiado ao Bispo, todas as paróquias e povo constituído em
determinada região lhes são reservados. No entanto a realidade pastoral de uma
diocese se apresenta muitas vezes complexa e ampla. Assim, no desenvolvimento
deste ministério, tem o bispo nos presbíteros uma extensão de seu ministério. No
entanto, ainda numa realidade complexa e ampla, por falta de ministros
ordinários, pode o bispo confiar a alguns leigos alguns ministérios extraordinários
para o auxílio à salvação das almas. Por isso, cabe ao bispo o poder de designar
aos seus presbíteros ministros extraordinários que possam levar à salvação o
maior número de membros possível.
O Bispo e as atividades de suplência – “grande é a messe e poucos são os
trabalhadores” (Lc 10,2)
Ainda nos deparamos com poucos trabalhadores da vinha do Senhor em vista da
alta demanda. Se por um lado isso é causa de preocupação, por outro, é
manifestação da alegria em Deus, pois pode-se contar com a generosa
colaboração dos fiéis leigos para honrar mais ainda o nome de nosso Senhor (cf.
Congregação para os Bispos, Diretório para o ministério pastoral dos Bispos,
n.112). Diante de tal realidade o bispo pode requerer de alguns fiéis leigos o
desenvolvimento de tarefas próprias dos ministros sagrados, como “o exercício do
ministério da pregação (nunca, porém, poderá pronunciar a homilia), a
presidência das celebrações dominicais na ausência do sacerdote, o ministério
extraordinário da administração da comunhão, a assistência aos matrimônios, a
administração do batismo, a presidência das celebrações das exéquias e outras.
(...) o Bispo vigie que estas funções não criem confusões entre os fiéis a respeito
da natureza e do caráter insubstituível do sacerdócio ministerial, essencialmente
distinto do sacerdócio comum dos fiéis.” (Congregação para os Bispos, Diretório
para o ministério pastoral dos Bispos, n.112)
As vestes dos ministros extraordinários
Para que não se confunda os fiéis que participam da vida eclesial, o ministro
extraordinário não utiliza alva ou túnica como as utilizadas pelos ministros
ordinários. Para tal, sugerimos a veste em formato quadrado que lembra a criação
de Deus, lugar por excelência onde o Filho se encarnou e quis resgatar a todos.
121
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Quatro é o número dos elementos da criação (água, fogo, terra e ar), é o número
do lugar da revelação (os quatro Evangelhos Mateus, Marcos, Lucas e João), é o
sinal apocalíptico (Anjo, Touro, Leão e Águia). Já falamos do sentido da
vestimenta, de modo que não podemos apenas participar dos atos e gestos
litúrgicos como se estivéssemos num botequim, ou em uma festinha qualquer.
Estar revestido significa portar o próprio Cristo.
Os ornamentos das vestes
As vestes de todos os ministros extraordinários vêm ornadas com uma Cruz. A
Cruz na teologia cristã é o maior sinal da redenção pois por meio dela renascemos
para uma vida nova, nela vivemos a missão de Cristo e por ela seremos
glorificados. Diz o próprio Senhor aos discípulos: “Aquele que não toma a sua cruz
e não me segue não é digno de mim” (Mt 10, 28). Toda a liturgia cristã está
envolvida no mistério da Cruz, como diz o Concílio Vaticano II: “Exerce-se a obra
de nossa redenção sempre que o sacrifício da cruz, pelo qual Cristo nossa Páscoa
foi imolado, se celebra sobre o altar.” (LG 3). Todos os ministérios derivam da
cruz redentora de nosso Senhor Jesus Cristo, e nesse sentido, dela derivam todos
os ministérios, pois “o verdadeiro sentido da realeza de Jesus Cristo se manifestou
no alto da Cruz” (CIC 440). Cada ministério extraordinário específico contém um
distintivo junto à Cruz.
Ministério Extraordinário do Batismo
Na veste do MEB a Cruz vem acompanhada das águas. A Cruz emerge da água
para lembrar que Jesus passou pelo Batismo para iniciar sua missão. Do mesmo
modo, só recebemos o nome de cristãos ao passarmos pelo Batismo, ao sermos
banhados nas águas como Jesus. A Cruz está emergindo das águas para lembrar
o que nos diz S. Paulo “pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para
que como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim
também nós vivamos vida nova.” (Rm 6,4). Aparece não apenas um feixe de
água, mas três (sinal do batismo na Trindade), o que nos identifica com o batismo
deixado por Jesus na missão dos apóstolos: “Ide, fazei discípulos meus todos os
povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19)
Ministério Extraordinário da Bênção
O ministério extraordinário da Bênção vem identificado por dois feixes de líquido
escoando do lado da Cruz, com espécies de línguas de fogo junto a eles. É a
memória do acontecimento do centurião que acreditou ao ver jorrar sangue e
água do lado aberto de Jesus na Cruz. O centurião é abençoado pela fé que dá
testemunho. A bênção é levada pelo ministro àqueles que precisam que sua fé
seja fortalecida, ou seja, para que creiam verdadeiramente. Toda bênção nasce do
lado aberto de Jesus na Cruz e é associada a uma manifestação de fé daquele que
pede a graça, como o centurião que viu e acreditou. As duas línguas de fogo que
jorram junto com o sangue e a água representam o ministério da Igreja conduzida
pelo Espírito para perpetuar a bênção através dos séculos.
Ministério Extraordinário da Comunhão
As vestes do MEC trazem a Cruz de Jesus Cristo junto ao sinal da perpetuação da
memória de Cristo, entregue na última Ceia: o pão e o vinho (cálice). As espécies
122
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
eucarísticas mostram a presença do mistério de Deus na história. Isso significa
que não é apenas a memória de Cristo, do evento ocorrido há aproximadamente
2000 anos, mas é o Corpo e o Sangue do próprio Jesus Cristo redimindo agora,
neste momento, cada um. O mistério é perpetuado por meio daqueles que
comungam do corpo e do sangue de nosso Senhor. Como os MEC são delegados
para a distribuição da Sagrada comunhão na assembléia e para os enfermos,
tornam visível o mandato de nosso Senhor: “quem come a minha carne e bebe o
meu sangue permanece em mim e eu nele”.
Ministério Extraordinário das Exéquias
A cruz na veste dos MEE vem adornada com uma lâmpada. A lâmpada é o sinal da
presença do Ressuscitado, e para aqueles que partem deste mundo, a esperança
é o encontro com o Ressuscitado que nos glorificará junto ao Pai. Diz Jesus ao
falar da vinda do Reino “estejais com as vossas lâmpadas acesas”. A luz significa
a espera do encontro com o Esposo, Jesus Cristo, que nos introduz no banquete
nupcial. Ao mesmo tempo, o prólogo do Evangelho escrito por João nos afirma,
“Ele é a luz verdadeira que ilumina todo homem ... a todos que o receberam deu o
poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,9a.12a.). O MEE é aquele que
relembra aos peregrinos deste mundo que é pela fé que conhecemos a luz, neste
sentido, a morte é o fim derradeiro, mas a celebração pascal daqueles que pela fé
já ressuscitaram em Cristo, conforme nos diz o Senhor: “aquele que crê em mim,
ainda que morra viverá, e quem vive e crê em mim não morrerá jamais.” (Jo 11,
25b-26a).
Ministério Extraordinário do Culto e da Palavra
Para os MECP aparecem dois elementos associados à Cruz: as letras Alfa e Ômega
e os ramos de uma árvore. Primeiramente é preciso lembrar que Jesus é a Palavra
do Pai encarnada, é o próprio Evangelho celebrado e vivido em cada liturgia. Ao
mesmo tempo Ele é o princípio e o fim de todas as coisas sendo Ele próprio o
sentido da vida. Sendo Jesus a Palavra, é também Ele a comunicação perfeita de
Deus a seu povo, o que nos é atestado pelo evangelista S. João: “No princípio era
a Palavra e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. Tudo foi feito por
meio dela e sem ela nada foi feito.” (Jo 1,1-3). Sendo Jesus a Palavra do Pai, tudo
tem origem nele, ou como diz a liturgia bizantina de S. João Crisóstomo, “tudo
provém d’Ele e para Ele tudo retorna”, em outras palavras apenas afirmamos o
que nos diz o livro do Apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus.
Aquele-que-é, Aquele-que-era e Aquele-que-vem” (Ap 1,8). Ao mesmo tempo, o
mesmo S. João nos apresenta Jesus como a árvore da vida, sem a qual os ramos
não são fecundos e nem podem produzir frutos. Ele é a videira verdadeira (cf. Jo
15). Nós cremos e anunciamos a Palavra encarnada que é a videira. Portanto é só
permanecendo unidos a ela que poderemos dar fruto. A Cruz é a própria videira
que nos faz dar frutos em abundância, nela nós somos, existimos e nos movemos.
Testemunha Qualificada do Matrimônio
Para as TQM o sinal associado à cruz é bem singelo e explica-se por si: são duas
alianças entrelaçadas no meio das hastes da Cruz de nosso Senhor. Isso tem um
motivo importante: em primeiro lugar, Jesus é a aliança de Deus com seu povo,
ele é o Deus fiel que não abandona sua esposa, a Igreja, e por isso todo
matrimônio é santificado pela cruz que é a aliança eterna de Deus com seu povo.
123
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
O matrimônio cristão só tem sentido na cruz de nosso Senhor, que é a Aliança
perfeita. As alianças no meio da cruz aparecem entrelaçadas para lembrar que é
na doação cotidiana e no amor que os esposos apresentam Deus aos homens.
Bibliografia
CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição Dogmática “Lumen Gentium”
sobre a Igreja. 1964.
Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” sobre a Igreja no mundo de hoje. 1965.
Decreto “Presbyterorum Ordinis” sobre o ministério e a vida dos presbíteros.
1965.
CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS. Diretório para o ministério pastoral dos Bispos
“Apostolorum Successores”. SP: Loyola. 2005.
JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica. SP: Loyola. 1992.
Desenhos:
Ministros Extraordinários do Culto e
da Palavra - MECP
Ministros Extraordinários da
Comunhão – MEC
Ministros Extraordinários do Batismo
– MEB
Ministros Extraordinários das
Exéquias – MEE
Testemunhas Qualificadas do
Matrimônio – TQM
Ministros Extraordinários da Bênção –
MEBB
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Comunicados importantes!
Comunicamos que na Reunião do Conselho Presbiteral realizada no último dia 05 foi
aprovado modelo de veste para os Ministros e Ministras Extraordinários de nossa
Diocese: veste parecida com o pálio, porém maior. Algumas Paróquias já usam esta
veste.
- Apresentamos como modelo padrão que pode ser usado por senhoras e senhores;
- As cores devem ser branca ou palha;
- Cada Paróquia deve confeccionar a mesma para seus Ministros/as;
- As vestes serão iguais para todos os Ministros, seja da Comunhão, Exéquias, Culto e
Palavra ou Bênção. A diferença estará no bordado, que está sendo confeccionado pelo
Pe. Fernando Rocha. Tão logo estiver pronto, lançaremos o modelo em nossa Página.
- Sugestões de orçamento:
- PASTOR BONUS PARAMENTOS : 4423-1037 / 9912-6870 / 9138-5028
- “Confecções Santa Inês” : 4828-4550
- Maiores Informações: Ir. Maurinéa: 4425-4365
125
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Como chamar as pessoas que têm
deficiência? *
Romeu Kazumi Sassaki **
* Publicado no livreto Vida Independente: história, movimento, liderança, conceito, filosofia e
fundamentos. São Paulo: RNR, 2003, p. 12-16.
** Consultor de inclusão social. E-mail: [email protected]. Autor do livro Inclusão: Construindo uma Sociedade
para Todos (3.ed., Rio de Janeiro: Editora WVA, 1999) e do livro Inclusão no Lazer e Turismo: Em Busca da
Qualidade de Vida (São Paulo: Áurea, 2003). Co-autor do livro Trabalho e Deficiência Mental: Perspectivas
Atuais (Brasília: Apae-DF, 2003) e do livro Inclusão dá Trabalho (Belo Horizonte: Armazém de Idéias, 2000)
Em todas as épocas e localidades, a pergunta que não quer calar-se tem sido esta, com alguma variação: “Qual é o
termo correto - portador de deficiência, pessoa portadora de deficiência ou portador de necessidades especiais?”
Responder esta pergunta tão simples é simplesmente trabalhoso, por incrível que possa parecer.
Comecemos por deixar bem claro que jamais houve ou haverá um único termo correto, válido definitivamente em
todos os tempos e espaços, ou seja, latitudinal e longitudinalmente. A razão disto reside no fato de que a cada época são
utilizados termos cujo significado seja compatível com os valores vigentes em cada sociedade enquanto esta evolui em
seu relacionamento com as pessoas que possuem este ou aquele tipo de deficiência.
Percorramos, mesmo que superficialmente, a trajetória dos termos utilizados ao longo da história da atenção às
pessoas com deficiência, no Brasil.
ÉPOCA
No começo da história, durante
séculos.
TERMOS E SIGNIFICADOS
“os inválidos”. O termo significava
“indivíduos sem valor”. Em pleno
século 20, ainda se utilizava este
termo, embora já sem nenhum
sentido pejorativo.
Romances, nomes de instituições,
leis, mídia e outros meios
mencionavam “os inválidos”.
Exemplos: “A reabilitação
profissional visa a proporcionar aos
beneficiários inválidos ...” (Decreto Outro exemplo:
federal nº 60.501, de 14/3/67, dando
nova redação ao Decreto nº 48.959- “Inválidos insatisfeitos com lei
A, de 19/9/60).
relativa aos ambulantes” (Diário
Popular, 21/4/76).
126
VALOR DA PESSOA
Aquele que tinha deficiência era
tido como socialmente inútil, um
peso morto para a sociedade, um
fardo para a família, alguém sem
valor profissional.
Outros exemplos:
“Servidor inválido pode voltar”
(Folha de S. Paulo, 20/7/82).
“Os cegos e o inválido” (IstoÉ,
7/7/99).
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ÉPOCA
TERMOS E SIGNIFICADOS
Século 20 até ± 1960.
VALOR DA PESSOA
“os incapacitados”. O termo
significava, de início, “indivíduos
sem capacidade” e, mais tarde,
“Derivativo para incapacitados”
evoluiu e passou a significar
(Shopping News, Coluna
“indivíduos com capacidade
Radioamadorismo, 1973).
residual”. Durante várias décadas,
era comum o uso deste termo para
“Escolas para crianças incapazes”
designar pessoas com deficiência de
(Shopping News, 13/12/64).
qualquer idade. Uma variação foi o
Após a I e a II Guerras Mundiais, a termo “os incapazes”, que
significava “indivíduos que não são
mídia usava o termo assim: “A
guerra produziu incapacitados”, “Os capazes” de fazer algumas coisas
por causa da deficiência que tinham.
incapacitados agora exigem
reabilitação física”.
Foi um avanço da sociedade
reconhecer que a pessoa com
deficiência poderia ter capacidade
residual, mesmo que reduzida.
De ± 1960 até ± 1980.
A sociedade passou a utilizar estes
três termos, que focalizam as
deficiências em si sem reforçarem o
que as pessoas não conseguiam
fazer como a maioria.
“os defeituosos”. O termo
significava “indivíduos com
deformidade” (principalmente
física).
“Crianças defeituosas na GrãBretanha tem educação especial”
(Shopping News, 31/8/65).
“os deficientes”. Este termo
significava “indivíduos com
deficiência” física, mental, auditiva,
visual ou múltipla, que os levava a
executar as funções básicas de vida
(andar, sentar-se, correr, escrever,
No final da década de 50, foi
tomar banho etc.) de uma forma
fundada a Associação de
Assistência à Criança Defeituosa – diferente daquela como as pessoas
sem deficiência faziam. E isto
AACD (hoje denominada
Associação de Assistência à Criança começou a ser aceito pela
sociedade.
Deficiente).
Na década de 50 surgiram as
primeiras unidades da Associação
de Pais e Amigos dos Excepcionais
- Apae.
“os excepcionais”. O termo
significava “indivíduos com
deficiência mental”.
127
Mas, ao mesmo tempo,
considerava-se que a deficiência,
qualquer que fosse o tipo, eliminava
ou reduzia a capacidade da pessoa
em todos os aspectos: físico,
psicológico, social, profissional etc.
Simultaneamente, difundia-se o
movimento em defesa dos direitos
das pessoas superdotadas (expressão
substituída por “pessoas com altas
habilidades” ou “pessoas com
indícios de altas habilidades”). O
movimento mostrou que o termo
“os excepcionais” não poderia
referir-se exclusivamente aos que
tinham deficiência mental, pois as
pessoas com superdotação também
são excepcionais por estarem na
outra ponta da curva da inteligência
humana.
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ÉPOCA
TERMOS E SIGNIFICADOS
VALOR DA PESSOA
De 1981 até ± 1987. “pessoas deficientes”. Pela primeira Foi atribuído o valor “pessoas”
Por pressão das organizações de
pessoas com deficiência, a ONU
deu o nome de “Ano Internacional
das Pessoas Deficientes” ao ano de
1981.
E o mundo achou difícil começar a
dizer ou escrever “pessoas
deficientes”. O impacto desta
terminologia foi profundo e ajudou
a melhorar a imagem destas
pessoas.
De ± 1988 até ± 1993.
Alguns líderes de organizações de
pessoas com deficiência
contestaram o termo “pessoa
deficiente” alegando que ele
sinaliza que a pessoa inteira é
deficiente, o que era inaceitável
para eles.
De ± 1990 até hoje.
O art. 5° da Resolução CNE/CEB
n° 2, de 11/9/01, explica que as
necessidades especiais decorrem de
três situações, uma das quais
envolvendo dificuldades vinculadas
a deficiências e dificuldades nãovinculadas a uma causa orgânica.
vez em todo o mundo, o substantivo
“deficientes” (como em “os
deficientes”) passou a ser utilizado
como adjetivo, sendo-lhe
acrescentado o substantivo
“pessoas”.
A partir de 1981, nunca mais se
utilizou a palavra “indivíduos” para
se referir às pessoas com
deficiência.
“pessoas portadoras de deficiência”.
Termo que, utilizado somente em
países de língua portuguesa, foi
proposto para substituir o termo
“pessoas deficientes”.
Pela lei do menor esforço, logo
reduziram este termo para
“portadores de deficiência”.
“pessoas com necessidades
especiais”. O termo surgiu
primeiramente para substituir
“deficiência” por “necessidades
especiais”. daí a expressão
“portadores de necessidades
especiais”. Depois, esse termo
passou a ter significado próprio sem
substituir o nome “pessoas com
deficiência”.
128
àqueles que tinham deficiência,
igualando-os em direitos e
dignidade à maioria dos membros
de qualquer sociedade ou país.
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) lançou em 1980 a
Classificação Internacional de
Impedimentos, Deficiências e
Incapacidades, mostrando que estas
três dimensões existem
simultaneamente em cada pessoa
com deficiência.
O “portar uma deficiência” passou a
ser um valor agregado à pessoa. A
deficiência passou a ser um detalhe
da pessoa. O termo foi adotado nas
Constituições federal e estaduais e
em todas as leis e políticas
pertinentes ao campo das
deficiências. Conselhos,
coordenadorias e associações
passaram a incluir o termo em seus
nomes oficiais.
De início, “necessidades especiais”
representava apenas um novo termo.
Depois, com a vigência da
Resolução n° 2, “necessidades
especiais” passou a ser um valor
agregado tanto à pessoa com
deficiência quanto a outras pessoas.
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ÉPOCA
Mesma época acima.
Surgiram expressões como
“crianças especiais”, “alunos
especiais”, “pacientes especiais” e
assim por diante numa tentativa de
amenizar a contundência da palavra
“deficientes”.
TERMOS E SIGNIFICADOS
“pessoas especiais”. O termo
apareceu como uma forma reduzida
da expressão “pessoas com
necessidades especiais”,
constituindo um eufemismo
dificilmente aceitável para designar
um segmento populacional.
VALOR DA PESSOA
O adjetivo “especiais” permanece
como uma simples palavra, sem
agregar valor diferenciado às
pessoas com deficiência. O
“especial” não é qualificativo
exclusivo das pessoas que têm
deficiência, pois ele se aplica a
qualquer pessoa.
Em junho de 1994.
“pessoas com deficiência” e pessoas
sem deficiência, quando tiverem
necessidades educacionais especiais
e se encontrarem segregadas, têm o
direito de fazer parte das escolas
A Declaração de Salamanca
preconiza a educação inclusiva para inclusivas e da sociedade inclusiva.
todos, tenham ou não uma
deficiência.
O valor agregado às pessoas é o de
elas fazerem parte do grande
segmento dos excluídos que, com o
seu poder pessoal, exigem sua
inclusão em todos os aspectos da
vida da sociedade. Trata-se do
empoderamento.
“portadores de direitos especiais”.
O termo e a sigla apresentam
problemas que inviabilizam a sua
adoção em substituição a qualquer
outro termo para designar pessoas
O Frei Betto escreveu no jornal O
Estado de S.Paulo um artigo em que que têm deficiência. O termo
“portadores” já vem sendo
propõe o termo “portadores de
direitos especiais” e a sigla PODE. questionado por sua alusão a
“carregadores”, pessoas que
“portam” (levam) uma deficiência.
Alega o proponente que o
O termo “direitos especiais” é
substantivo “deficientes” e o
contraditório porque as pessoas com
adjetivo “deficientes” encerram o
significado de falha ou imperfeição deficiência exigem equiparação de
enquanto que a sigla PODE exprime direitos e não direitos especiais. E
mesmo que defendessem direitos
capacidade.
especiais, o nome “portadores de
direitos especiais” não poderia ser
exclusivo das pessoas com
deficiência, pois qualquer outro
O artigo, ou parte dele, foi
grupo vulnerável pode reivindicar
reproduzido em revistas
direitos especiais.
especializadas em assuntos de
deficiência.
Não há valor a ser agregado com a
adoção deste termo, por motivos
expostos na coluna ao lado e nesta.
Em maio de 2002.
A sigla PODE, apesar de lembrar
“capacidade”, apresenta problemas
de uso:
1) Imaginem a mídia e outros
autores escrevendo ou falando
assim: “Os Podes de Osasco terão
audiência com o Prefeito...”, “A
Pode Maria de Souza manifestou-se
a favor ...”, “A sugestão de José
Maurício, que é um Pode, pode ser
aprovada hoje ...”
2) Pelas normas brasileiras de
ortografia, a sigla PODE precisa ser
grafada “Pode”.
Norma: Toda sigla com mais de 3
letras, pronunciada como uma
palavra, deve ser grafada em caixa
baixa com exceção da letra inicial.
129
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
ÉPOCA
De ± 1990 até hoje e além.
A década de 90 e a primeira década
do século 21 e do Terceiro Milênio
estão sendo marcadas por eventos
mundiais, liderados por
organizações de pessoas com
deficiência.
TERMOS E SIGNIFICADOS
“pessoas com deficiência” passa a
ser o termo preferido por um
número cada vez maior de adeptos,
boa parte dos quais é constituída por
pessoas com deficiência que, no
maior evento (“Encontrão”) das
organizações de pessoas com
deficiência, realizado no Recife em
2000, conclamaram o público a
adotar este termo. Elas esclareceram
que não são “portadoras de
deficiência” e que não querem ser
chamadas com tal nome.
A relação de documentos
produzidos nesses eventos pode ser
vista no final deste artigo.
VALOR DA PESSOA
Os valores agregados às pessoas
com deficiência são:
1) o do empoderamento [uso do
poder pessoal para fazer escolhas,
tomar decisões e assumir o controle
da situação de cada um] e
2) o da responsabilidade de
contribuir com seus talentos para
mudar a sociedade rumo à inclusão
de todas as pessoas, com ou sem
deficiência.
Os movimentos mundiais de pessoas com deficiência, incluindo os do Brasil, estão debatendo o nome pelo qual
elas desejam ser chamadas. Mundialmente, já fecharam a questão: querem ser chamadas de “pessoas com deficiência”
em todos os idiomas. E esse termo faz parte do texto da Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos
Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência, a ser aprovada pela Assembléia Geral da ONU em 2004 e a ser
promulgada posteriormente através de lei nacional de todos os Países-Membros.
Eis os princípios básicos para os movimentos terem chegado ao nome “pessoas com deficiência”:
1.
2.
3.
4.
5.
Não esconder ou camuflar a deficiência;
Não aceitar o consolo da falsa idéia de que todo mundo tem deficiência;
Mostrar com dignidade a realidade da deficiência;
Valorizar as diferenças e necessidades decorrentes da deficiência;
Combater neologismos que tentam diluir as diferenças, tais como “pessoas com capacidades especiais”, “pessoas
com eficiências diferentes”, “pessoas com habilidades diferenciadas”, “pessoas deficientes”, “pessoas especiais”, “é
desnecessário discutir a questão das deficiências porque todos nós somos imperfeitos”, “não se preocupem,
agiremos como avestruzes com a cabeça dentro da areia” (i.é, “aceitaremos vocês sem olhar para as suas
deficiências”);
6. Defender a igualdade entre as pessoas com deficiência e as demais pessoas em termos de direitos e dignidade, o
que exige a equiparação de oportunidades para pessoas com deficiência atendendo às diferenças individuais e
necessidades especiais, que não devem ser ignoradas;
7. Identificar nas diferenças todos os direitos que lhes são pertinentes e a partir daí encontrar medidas específicas para
o Estado e a sociedade diminuírem ou eliminarem as “restrições de participação” (dificuldades ou incapacidades
causadas pelos ambientes humano e físico contra as pessoas com deficiência).
Conclusão
A tendência é no sentido de parar de dizer ou escrever a palavra “portadora” (como substantivo e como adjetivo).
A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência.
Tanto o verbo “portar” como o substantivo ou o adjetivo “portadora” não se aplicam a uma condição inata ou adquirida
que faz parte da pessoa. Por exemplo, não dizemos e nem escrevemos que uma certa pessoa é portadora de olhos verdes
ou pele morena.
Uma pessoa só porta algo que ela possa não portar, deliberada ou casualmente. Por exemplo, uma pessoa pode
portar um guarda-chuva se houver necessidade e deixá-lo em algum lugar por esquecimento ou por assim decidir. Não
se pode fazer isto com uma deficiência, é claro.
130
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A quase totalidade dos documentos, a seguir mencionados, foi escrita e aprovada por organizações de pessoas com
deficiência que, no atual debate sobre a Convenção da ONU a ser aprovada em 2003, estão chegando ao consenso
quanto a adotar a expressão “pessoas com deficiência” em todas as suas manifestações orais ou escritas.
Documentos do Sistema ONU
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1990 - Declaração Mundial sobre Educação para Todos / Unesco.
1993 - Normas sobre a Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiência / ONU.
1993 - Inclusão Plena e Positiva de Pessoas com Deficiência em Todos os Aspectos da Sociedade / ONU.
1994 - Declaração de Salamanca e Linhas de Ação sobre Educação para Necessidades Especiais / Unesco.
1999 - Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
Portadoras de Deficiência (Convenção da Guatemala) / OEA.
2001 - Classificação Internacional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde (CIF) / OMS, que substituiu a
Classificação Internacional de Impedimentos, Deficiências e Incapacidades / OMS, de 1980.
2003 - Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência /
ONU.
Documentos de outros organismos mundiais
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1992 - Declaração de Vancouver.
1993 - Declaração de Santiago.
1993 - Declaração de Maastricht.
1993 - Declaração de Manágua.
1999 - Carta para o Terceiro Milênio.
1999 - Declaração de Washington.
2000 - Declaração de Pequim.
2000 - Declaração de Manchester sobre Educação Inclusiva.
2002 - Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão.
2002 - Declaração de Madri.
2002 - Declaração de Sapporo.
2002 - Declaração de Caracas.
2003 – Declaração de Kochi.
2003 – Declaração de Quito.
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Reunião da Pastoral da Saúde – 16/2/2006
A Sagrada Comunhão fora da Missa
“Os fiéis sejam levados a comungar na própria celebração eucarística. Contudo, os sacerdotes não se
neguem a dar a Sagrada Comunhão fora da Missa aos fiéis que o pedirem.”
Convém mesmo àqueles que se acharem impedidos de participar da celebração eucarística da comunidade
serem cuidadosamente fortificados pela Eucaristia, de maneira que não só se sintam unidos ao sacrifico do
Senhor, mas também à mesma comunidade e apoiados pela caridade dos irmãos.
A Sagrada Comunhão fora da Missa pode ser dada a qualquer dia e hora. Convém, no entanto que se
estabeleça um horário para a comunhão, de acordo com a utilidade dos fiéis, a fim de que a celebração se
faça de modo mais perfeito, com maior proveito espiritual dos fiéis.
Contudo:
a) na quinta-feira da Semana Santa a comunhão só pode ser dada aos fiéis na própria Missa, mas
a qualquer hora pode ser levada aos doentes;
b)
na sexta-feira Santa a sagrada comunhão só se distribui durante a celebração da Paixão do
Senhor, mas a qualquer hora poderá ser levada aos doentes que não possam participar da
celebração;
c) no sábado Santo a sagrada comunhão só pode ser dada como Viático.
Normas a serem observadas na Distribuição da Sagrada Comunhão fora da Missa
Quando a sagrada comunhão for administrada em outros lugares, prepare-se uma mesa digna coberta com
toalha ; providenciem-se também as velas.
O ministro da sagrada comunhão, se for presbítero ou diácono, usará, com a estola, alva ou sobrepeliz sobre
a veste talar. Os outros ministros usarão a veste litúrgica eventualmente em uso na região ou uma veste
condizente com este ministério, aprovada pelo Ordinário.
A Eucaristia para comunhão fora da igreja seja levada numa teca ou outro recipiente fechado. A veste e o
modo de levá-la estejam e acordo com as circunstâncias do lugar.
Os fiéis, antes de se aproximarem do sacramento, observem uma hora de jejum de alimento sólido ou
líquido, com exceção de água.
Reduz-se a cerca de um quarto de hora o tempo do jejum eucarístico ou abstinência de comida e bebida
alcoólica, para:
1. enfermos hospitalizados ou não, mesmo não acamados;
2. fiéis de idade avançada, que não possam sair de casa ou que se encontram em recolhimento;
3. sacerdotes enfermos, embora não acamados nem idosos, quando devem celebrar Missa ou receber
a sagrada comunhão;
4. pessoas que cuidam de doentes ou anciãos, bem como seus familiares que desejarem receber com
eles a sagrada comunhão sempre que lhes seja difícil observar o jejum de uma hora”.
A sagrada Comunhão fora da Missa pode ser administrada nas seguintes situações:
1. Celebração da Palavra de Deus (longa) conforme segue abaixo. ”Esta forma será usada
principalmente quando não houver celebração da Missa ou quando se distribuir a Sagrada
Comunhão em horário pré-estabelecido de modo que os fiéis se alimentem também da Palavra de
Deus.”
1.1.
SAUDAÇÃO
132
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
“Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo...”
“Irmãos e irmãs, bendigam ao Senhor que em sua bondade nos convida à mesa do Corpo de
Cristo.”
1.2.
ATO PENITENCIAL
Irmãos e irmãs, reconheçamos os nossos pecados a fim de nos prepararmos devidamente para
participar desta sagrada celebração (faz-se um breve silêncio). “Eu, pecador, me confesso a
Deus todo poderoso....”
1.3.
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS. As leituras podem ser tomadas da liturgia do dia, das
leituras propostas para as Missas Votivas da SS.Eucaristia ou do Preciosíssimo Sangue de Jesus.
Também podem ser usadas, se parecer oportuno, outras leituras mais apropriadas às
circunstâncias, especialmente as da missa votiva do Sagrado Coração de Jesus. Pode-se fazer
uma ou mais leituras conforme parecer oportuno. Após a primeira leitura haja um salmo ou
cântico que pode ser substituído por um silêncio sagrado
1.4.
EVANGELHO Após a Aclamação ao Evangelho o Ministro diz:
Escutai a Palavra do Senhor tirado do Evangelho segundo.....
(Lê-se o Evangelho). Ao final diz: - Palavra da Salvação
1.5.
SAGRADA COMUNHÃO
O ministro dirige-se ao lugar onde se conserva a Eucaristia, toma a âmbula ou cibório com o
Corpo do Senhor, coloca-o sobre o corporal estendido sobre o altar e faz genuflexão. Em
seguida convida os fiéis à Oração do Senhor (Pai-Nosso)
1.5.1
Em seguida, se for oportuno, convida os fiéis com estas palavras ou outras semelhantes: “Saudai-vos uns aos outros em Cristo.”
1.5.2
O ministro faz a genuflexão, toma a hóstia e, elevando-a diz em volta, voltado para os que vão
comungar: “- Felizes os convidados para a Ceia do Senhor. Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo”. E os que vão comungar respondem:”- Senhor, eu não sou digno de que
entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo.”
1.5.3
Após comungar, o ministro inicia a distribuição da sagrada Comunhão apresentando a hóstia ao
que vai comungar dizendo: “-O Corpo de Cristo”. E o comungante responde: “- Amém”.
1.5.4
Terminada a distribuição da Comunhão, se ainda houver partículas, recoloca-as no tabernáculo
e faz genuflexão.
1.5.5
Guarda-se um breve silêncio e a seguir, o ministro conclui com a oração: ”-Senhor Jesus Cristo,
neste admirável sacramento, nos deixastes o memorial de Vossa Paixão. Dai-nos venerar com
tão grande amor o mistério do Vosso Corpo e do Vosso Sangue, que possamos colher
continuamente os frutos da Vossa redenção. Vós que reinais com o Pai, na unidade do Espírito
Santo. Amém”
1.6. RITOS FINAIS O ministro, invocando a benção de Deus diz: “- Que o Senhor nos abençoe,
guarde-nos de todo mal e nos conduza a vida eterna.” Todos: “Amém” “Vamos em paz e que o
Senhor nos acompanhe”
(TODOS) ;- “Graças a Deus .”(12 A)
2. Celebração da Palavra de Deus (breve) : “Usa-se essa forma quando as circunstâncias
desaconselham uma celebração mais extensa da Palavra de Deus, sobretudo quando só uma ou
duas pessoas forem comungar.“
3. Aos doentes segundo o rito ordinário da comunhão aos enfermos. Observação: Neste caso “usa-se o
rito breve quando a sagrada comunhão é dada a muitos doentes em vários quartos da mesma casa,
como, por exemplo, nos hospitais. O Rito pode principiar na Igreja, na sacristia ou no quarto do
primeiro doente.”
133
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
4. Viático- "Alimento para o caminho". ‘’A comunhão levada com certa solenidade ao enfermo cuja
morte se prevê próxima. Esta comunhão é alimento e força para a decisiva viagem à eternidade. O
rito se diferencia do empregado na comunhão que se pode levar muitas vezes a um enfermo
impossibilitado de sair de casa.”
Referências:
Instrução Geral sobre o Missal Romano
Novas Mudanças na Missa, Ed.Vozes, 2003
A Sagrada Comunhão e o Culto Eucarístico fora da Missa
Instrução da Cúria Diocesana
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Reunião da Pastoral da Saúde – 16/2/2006
A UNÇÃO DOS ENFERMOS
“Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para
que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé
salvará o doente e o Senhor o porá de pé; e se tiver cometido pecados, estes lhe
serão perdoados.” (Tg 5, 14-15)
“Pela sagrada Unção dos Enfermos e pala oração dos presbíteros, a
Igreja toda entrega os doentes aos cuidados do Senhor sofredor e
glorificado, para que os alivie e salve. Exorta os mesmos a que
livremente se associem à paixão e morte de Cristo e contribuam para o
bem do povo de Deus .”
1.Seus fundamentos na vida humana
A enfermidade na vida humana
A enfermidade e o sofrimento sempre estiveram entre os problemas mais graves da vida humana. Na
doença, o homem experimenta sua impotência, seus limites e sua finitude.Toda doença pode fazer-nos
entrever a morte.
A enfermidade pode levar a pessoa à angústia, a fechar-se sobre si mesma, e às vezes até ao desespero e
á revolta contra Deus. Mas também pode tornar a pessoa mais madura, ajudá-la a discernir em sua vida o
que não é essencial, para voltar-se àquilo que é essencial. Não raro, a doença provoca uma busca de
deus,m um retorno a ele.
O enfermo diante de Deus
O Homem do Antigo Testamento vive a doença diante de Deus. É diante de Deus que ele desabafa sua
queixa sobre a enfermidade, e é dele, o Senhor da vida e da morte, que implora a cura. A enfermidade se
torna o caminho de conversão e o perdão de Deus inaugura a cura. Israel chega à conclusão de que a
doença , de uma forma misteriosa, está ligada ao pecado e ao mal, e que a fidelidade a Deus, segundo sua
Lei, dá a vida : “Porque eu sou Iaweh, aquele que te restaura” (Ex 15,26). O profeta entrevê que o
sofrimento também pode ter um sentido redentor para os pecados dos outros. Finalmente, Isaias anuncia
que Deus fará chegar um tempo para Sião em que toda falta será perdoada e toda doença será curada .
Cristo–médico
A compaixão de Cristo para com os doentes e suas numerosas curas de enfermos de todo tipo são um sinal
evidente de que “Deus visitou o seu povo” (Lc 7,16) e que o Reino de Deus está bem próximo. Jesus não só
tem poder de curar, mas também de perdoar os pecados ; ele veio curar o homem inteiro, alma e corpo, é o
médico de que necessitam os doentes. Sua compaixão para com todos aqueles que sofrem é tão grande
que ele se identifica com eles : “Estive doente e me visitastes” (Mt 25.36). Seu amor de predileção pelos
enfermos não cessou, ao longo dos séculos, de despertar a atenção toda especial dos cristãos para com
todos os que sofrem no corpo e na alma. Esse amor está na origem dos incansáveis esforços para aliviálos.
Muitas vezes Jesus pede aos enfermos que creiam. Serve-se de sinais para curar ; saliva e imposição das
mãos, lama e ablução. Os doentes procuram tocá-lo “porque dele saía uma força que a todos curava”. (Lc
6,19). Também nos sacramentos Cristo continua a nos “tocar” para curar-nos.
135
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Comovido com tantos sofrimentos Cristo não apenas se deixa tocar pelos doentes, mas assume suas
misérias: “Ele levou nossas enfermidades e carregou nossas doenças. Não curou todos os enfermos. Suas
curas eram sinais da vinda do Reino de Deus. Anunciavam uma cura mais radical: a vitória sobre o pecado
e a morte por sua páscoa. Na cruz, Cristo tomou sobre si todo o peso do mal e tirou “o pecado do mundo“
(Jo 1, 29). A enfermidade não é mais do que uma das conseqüências do pecado. Por sua paixão e morte na
cruz, Cristo deu um novo sentido ao sofrimento : que doravante pode configurar-nos com Cristo e unir-nos à
sua paixão redentora.
“Curai os enfermos ...”
Cristo convida seus discípulos a segui-lo tomando cada um sua cruz. Seguindo-o, adquirem uma nova visão
da doença e dos doentes . Jesus os associa à sua vida pobre e de servidor. Faz com que participem de seu
ministério de compaixão e de cura. ”Partindo, eles pregavam que todos se arrependessem. E expulsavam
muitos demônios , e curavam muitos enfermos“ (Mc 6, 12-13).
O Senhor ressuscitado renova este envio (“Em meu nome... eles imporão as mãos sobre os enfermos e
estes ficarão curados.” Mc 16, 17-18) e o confirma através dos sinais realizados pela Igreja ao invocar o seu
nome. Esses sinais manifestam de um modo especial que Jesus é verdadeiramente “Deus que salva “.
O Espírito Santo dá a algumas pessoas um carisma especial de cura para manifestar a força da graça do
ressuscitado. Mesmo as orações mais intensas não conseguem obter a cura de todas as doenças. Por isso,
São Paulo deve aprender do Senhor que “basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que minha força
manifesta todo o seu poder“ (2Cor 12,9) , e que os sofrimentos que temos de suportar podem ter como
sentido “completar na minha carne o que falta às tribulações de Cristo pelo seu corpo, que é a Igreja.” (Col
1,24)
“Curai os enfermos” (Mt 10,8). Esta missão, a Igreja a recebeu do Senhor e esforça-se por cumpri-la tanto
pelos cuidados aos doentes como pela oração de intercessão com que os acompanha. Ela crê na presença
vivificante de Cristo, médico da alma e do corpo. Esta presença age particularmente através dos
sacramentos e, de modo especial, pela Eucaristia, pão que dá a vida eterna a cujo liame com a saúde
corporal São Paulo alude.
Entretanto a Igreja apostólica conhece um rito próprio em favor dos doentes, atestado por S.Tiago. A
Tradição reconheceu neste rito um dos sete sacramentos da Igreja.
II. Quem recebe e quem administra esse sacramento?
Em caso de doença grave...
A Unção dos Enfermos “não é um sacramento só daquelas pessoas que se encontram às portas da morte.
Portanto tempo oportuno para receber a Unção dos Enfermos é certamente o momento em que o fiel
começa a correr perigo de morte por motivo de doença, debilitação física ou velhice.
Se um enfermo que recebeu a Unção dos Enfermos recobrar a saúde, podem em caso de recair em
doença grave, receber de novo este sacramento. No decorrer da mesma enfermidade este sacramento
pode ser reiterado se a doença se agravar. Permite-se receber a Unção dos Enfermos antes de uma
cirurgia de alto risco. O mesmo vale também para as pessoas de idade avançada cuja fragilidade se
acentua
“... que se chamem os presbíteros da Igreja.”
Só os sacerdotes (Bispos e presbíteros) são ministros da Unção dos Enfermos. É dever dos pastores
instruir os fiéis sobre os benefícios deste sacramento.Que os fiéis incentivem os doentes a chamar o
sacerdote para receberem este sacramento .Que os doentes se preparem para recebê-lo com boas
disposições , com a ajuda de seu pastor e de toda a comunidade eclesial, que é convidada e acercar de
modo especial os doentes com suas orações e atenções fraternas
136
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
III . Como é celebrado este sacramento?
Como todos os sacramentos, a Unção dos Enfermos é uma celebração litúrgica e comunitária , quer tenha
lugar na família, no hospital ou na Igreja, para um só enfermo ou para todo um grupo de enfermos. É de
todo conveniente que ela se celebre dentro da eucaristia, memorial da páscoa do Senhor. Se as
circunstâncias o permitirem, a celebração do sacramento pode preceder o sacramento da Penitência e da
Eucaristia.Como sacramento da páscoa de Cristo, a Eucaristia deveria sempre ser o último sacramento da
peregrinação terrestre, o “viático“ para a “passagem” para a vida eterna.
Palavra e sacramento formam um todo inseparável. A Liturgia da Palavra, precedida de um ato de
penitência, abri´ra a celebração. As palavras de Cristo, o testemunho dos apóstolos, despertam a fé do
enfermo e da comunidade para pedir ao Senhor a força de seu Espírito.
A celebração do sacramento compreende principalmente os elementos seguintes : “Os presbíteros da Igreja
(Tg 5,14) impõem – em silêncio – as mãos aos doentes; oram sobre eles na fé da Igreja; é a epiclese
própria deste sacramento; fazem então a unção com o óleo consagrado, se possível, pelo Bispo.
Essas ações litúrgicas indicam a graça que esse sacramento confere aos enfermos.
IV Os efeitos da celebração deste Sacramento
Um dom particular do Espírito Santo . A principal graça deste sacramento é uma graça de reconforto, de paz
e de coragem para vencer as dificuldades próprias ao estado de enfermidade grave ou à fragilidade da
velhice. Esta graça é um dom do Espírito Santo que renova a confiança e a fé em Deus e fortalece contra as
tentações do maligno, tentação de desânimo e de medo da morte. Esta assistência do Senhor pela força de
ser Espírito quer levar o enfermo à cura da alma, mas também à do corpo, se esta for a vontade de Deus.
Além disso, “se ele cometeu pecados, eles lhe serão perdoados.”
A união com a paixão de Cristo. Pela graça deste sacramento o enfermo recebe a força e o dom de unir-se
mais intimamente à paixão de Cristo: de certa forma ele é consagrado para produzir fruto pela configuração
à paixão redentora do Salvador. O sofrimento, seqüela do pecado original, recebe um sentido novo: tornase participação na obra salvífica de Jesus .
Uma graça eclesial. Os enfermos que recebem este sacramento, “associando-se livremente à paixão e à
morte de Cristo”, “contribuem para o bem do povo de Deus”. Ao celebrar este sacramento, a Igreja, na
comunhão dos santos, intercede pelo bem do enfermo. E o enfermo, por sua vez, pela graça deste
sacramento, contribui para a santificação da Igreja e para o bem de todos os homens pelos quais a Igreja
sofre e se oferece, por Cristo, a Deus Pai.
Uma preparação para a última passagem . Se o sacramento dos Enfermos é concedido a todos os que
sofrem de doenças e enfermidades graves,com mais razão ainda cabe aos que estão às portas da morte.
Por isso , também foi chamado “sacramentum exeuntium.” A Unção dos Enfermos completa a nossa
conformação com a Morte e Ressurreição de Cristo, como o Batismo começou a fazê-lo. É o termo das
sagradas unções que acompanham toda a vida cristã: a do Batismo, que selou em nós a nova vida; a da
confirmação, que nos fortificou para o combate desta vida. Esta derradeira unção fortalece o fim de nossa
vida terrestre como que de um sólido baluarte para enfrentar as últimas lutas antes da entrada na casa do
pai.
V O viático, último sacramento
Aos que estão para deixar esta vida, a Igreja oferece, além da Unção dos Enfermos, a Eucaristia como
viático. Recebida neste momento de passagem para o Pai, a comunhão do Corpo e Sangue de Cristo tem
significado e importância particulares. É semente da vida eterna e poder de ressurreição, segundo as
palavras do Senhor : “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna e eu o
ressuscitarei no último dia“ (Jo 6, 54);. Sacramento de Cristo morto e ressuscitado, a Eucaristia é aqui
sacramento de passagem da morte para a vida , deste mundo para o Pai.
Assim, como os sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia constituem a unidade chamada
“os sacramentos da iniciação cristã“, pode-se dizer que a Penitência, a Sagrada Unção e a Eucaristia, como
viático, constituem, quando a vida cristã chega a seu término, “os sacramentos que preparam para a Pátria”
ou os sacramentos que consumam a peregrinação.
137
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
GRIPE
O que é?
É uma infecção respiratória causada pelo vírus Influenza. Ela pode afetar milhões de pessoas a cada ano.
É altamente contagiosa e ocorre mais no final do outono, inverno e início da primavera. Também é
responsável por várias ausências ao trabalho e à escola, além de poder levar à pneumonia, hospitalização
e morte.
Existem três tipos deste vírus: A, B e C. O vírus Influenza A pode infectar humanos e outros animais,
enquanto que o Influenza B e C infecta só humanos. O tipo C causa uma gripe muito leve e não causa
epidemias.
uma maneira geral, o vírus influenza ocorre de maneira epidêmica uma vez por ano. Qualquer pessoa
pode se gripar. Contudo, as pessoas com alguma doença respiratória crônica, com fraqueza imunológica,
imunidade enfraquecida e idosos têm uma tendência a infecções mais graves com possibilidade de
complicações fatais.
Os sintomas da gripe são freqüentemente mais graves do que os do resfriado.
O vírus Influenza tem uma “capa” (revestimento) que se modifica constantemente. Isto faz com que o
organismo das pessoas tenha dificuldade para se defender das agressões deste microorganismo, ficando
também difícil desenvolver vacinas para proteção contra a infecção causada por ele.
Por isso, a gripe é um dos maiores problemas de saúde pública.
Como se desenvolve?
Diferentemente do resfriado que, na maioria das vezes, se dissemina pelo contato direto entre as
pessoas, o vírus Influenza se dissemina, principalmente, pelo ar. Quando a pessoa gripada espirra, tosse
ou fala, gotículas com o vírus ficam dispersas no ar por um tempo suficiente para ser inaladas por outra
pessoa. No revestimento do nariz da pessoa que foi contaminada, ele se reproduz e se dissemina para a
garganta e para o restante das vias aéreas, que inclui os pulmões, causando os sintomas da gripe.
Menos freqüentemente, a doença se dissemina pelo toque (mão contaminada com o vírus) do doente na
mão de um indivíduo sadio que, ao levar a mão à boca ou ao nariz, se contamina.
Um dia antes da pessoa experimentar os sintomas da doença, ela já pode contagiar outras. Poderá
contaminar por até 7dias após início dos sintomas – crianças até mais que isso.
O que se sente?
Gripe não é resfriado. A gripe é uma doença com início súbito e mais grave que o resfriado comum. O
período de incubação – tempo entre o contágio e o início dos sintomas da doença – é de 1-2 dias.
Sintomas:
febre
calafrios
suor excessivo
tosse seca - pode durar mais de duas semanas
dores musculares e articulares (dores no corpo) - podem durar de 3 a 5 dias
fadiga - pode levar mais de duas semanas para desaparecer
mal-estar
dor de cabeça
nariz obstruído
irritação na garganta
Alguns ou todos os sintomas supracitados podem estar presentes. A doença
costuma ceder completamente dentro de uma ou duas semanas. A febre pode
durar 3-8 dias. Nos idosos, a fraqueza causada pela gripe poderá durar várias
semanas.
Como complicação possível da gripe está a pneumonia – normalmente, não pelo vírus Influenza, mas por
uma bactéria (pneumococo ou estafilococo, geralmente).
Além da pneumonia, outras infecções como sinusite, otite e bronquite (infecção dos brônquios – “canos”
que espalham o ar nos pulmões) também são complicações possíveis. As pessoas com mais de 65 anos,
138
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de qualquer idade com alguma doença crônica e as crianças muito pequenas tem uma probabilidade
maior de desenvolver complicações de uma gripe. Por outro lado, a gripe pode também desencadear uma
piora na asma em pessoas asmáticas e piora da condição de uma pessoa com insuficiência do coração,
por exemplo.
Como o médico faz o diagnóstico?
O médico faz o diagnóstico através dos sinais e sintomas referidos pelo paciente e com o auxílio do
exame físico. Contudo, isto não é fácil já que os sintomas iniciais da doença podem ser similares àqueles
causados por outros microorganismos em outras doenças. Por isto, existem exames que podem ser feitos
– só são usados em casos de epidemias ou quando o médico julgar importante para o manejo da situação
– para confirmar a doença. Estes exames podem ser realizados com a análise da secreção respiratória
(um “raspado” da garganta feito com um cotonete ou uma secreção do nariz) nos 4 primeiros dias da
enfermidade ou através de exame de sangue. Existem também os chamados testes rápidos que podem
confirmar a doença dentro de 24 horas.
Se o médico suspeitar de complicações causadas pelo vírus influenza, também poderá solicitar estes
testes complementares. A radiografia do tórax também auxiliará o médico quando este suspeitar de uma
pneumonia como complicação da gripe ou de outro diagnóstico.
Como se trata?
Caso os sintomas da doença tenham se apresentado a menos de dois dias, o doente poderá discutir com
o seu médico a possibilidade de se usar um tratamento anti-viral.
O indivíduo enfermo deverá fazer repouso, evitar o uso de álcool ou fumo, procurar se alimentar bem e
tomar bastante líquidos, além de usar medicações para a febre e para a dor. Retorno às atividades
normais somente após os sintomas terem ido embora.
Como se previne?
A melhor maneira de se proteger da gripe é fazer a vacinação anual contra o Influenza antes de iniciar o
inverno, época em que ocorrem mais casos. Ela pode ajudar a prevenir os casos de gripe ou, pelo menos,
diminuir a gravidade da doença. Sua efetividade entre adultos jovens é de 70-90%. Cai para 30-40% em
idosos muito frágeis – isso porque estes têm pouca capacidade de desenvolver anticorpos protetores
após a imunização (vacinação). Contudo, mesmo nesses casos, a vacinação conseguiu proteger contra
complicações graves da doença como as hospitalizações e as mortes.
VACINAR
todas as pessoas com 50 anos ou mais
pessoas adultas ou com mais de 6 meses de idade portadoras de doenças crônicas do
coração, pulmões ou rins
diabéticos e pessoas com doenças da hemoglobina (do sangue)
pessoas imunocomprometidas: com câncer, infecção pelo HIV, transplantados de órgãos ou
que receberam corticóides, quimioterapia ou radioterapia
trabalhadores da área da saúde
familiares e pessoas que lidam com indivíduos com alto risco de ficarem doentes
gestantes no segundo ou terceiro trimestre durante época do ano em que a gripe é freqüente
ou grávidas que tenham alguma condição médica que represente um maior risco de
complicação após uma gripe
crianças entre 6 meses e 18 anos que fazem uso de ácido acetilsalicílico a longo prazo (têm
uma chance de apresentar uma complicação grave chamada Síndrome de Reye após uma
gripe)
NÃO VACINAR
pessoas que tiveram uma reação prévia a esta vacina contra a gripe
pessoas que já tiveram uma reação alérgica a ovos de galinha
indivíduos que tiveram uma desordem caracterizada por paralisia chamada de Síndrome de
Guillain-Barré, em que se suspeitou que tivesse sido após uma vacina anti-Influenza
pessoas com alguma doença febril atual.
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?221
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Resfriado
O que é?
É uma infecção simples do trato respiratório superior - acomete o nariz e a garganta, durando de poucos
dias a poucas semanas (usualmente, menos de duas semanas). Neste tipo de infecção ocorre uma
grande destruição do revestimento interno das vias respiratórias pelo vírus. As defesas do organismo do
indivíduo afetado reagem, causando mais inflamação. Isso pode fazer com que bactérias que estejam nas
vias respiratórias se aproveitem da situação, produzindo muco (catarro) purulento que pode ser expelido
pelo nariz ou pela boca. Isto explica porque, em alguns casos, um simples resfriado por vírus pode levar
uma pessoa a desenvolver uma pneumonia por bactérias. O resfriado termina quando o revestimento
interno lesado se regenera e, então, a infecção está resolvida.
Cinco famílias diferentes de vírus podem causar os resfriados. O vírus mais freqüentemente envolvido é o
rinovírus. Devido a grande variedade de vírus, não existem ainda vacinas para proteger as pessoas
destas viroses.
Os resfriados são freqüentes e estão entre as principais causas de falta ao trabalho. Os adultos, em
média, têm de dois a quatro resfriados ao ano, e as crianças (especialmente os pré-escolares) de cinco a
nove. Estas infecções são ainda mais freqüentes nas creches. Apesar dos resfriados não terem
tratamento específico, eles são auto-limitados. Independentemente de usar medicações ou não, dentro
de poucos dias as pessoas melhoram. Após três a quatro dias, o resfriado deve melhorar, embora alguns
sintomas possam persistir até duas semanas. Caso dure mais que isso, é importante a realização de uma
consulta médica para investigar a possibilidade de que uma infecção bacteriana possa ter surgido após o
resfriado – pneumonia, laringite (inflamação das cordas vocais), sinusite ou otite.
Como se adquire?
Para uma pessoa pegar um resfriado, é necessário que o vírus entre em contato com o revestimento
interno do nariz. As viroses que chegam até os olhos ou boca também podem se estender até o nariz. Em
alguns casos, a pessoa pode infectar-se pelo vírus através de outra. Uma pessoa resfriada, ao espirrar,
espalha gotículas no ar com muco e vírus. Uma segunda pessoa, ao respirar este ar contaminado, faz
com que o vírus entre em contato com o nariz e acaba desenvolvendo a doença. Contudo, a via mais
comum de transmissão destas viroses é pelo contato direto.
Por exemplo: uma criança resfriada toca no seu rosto, espalhando um pouco de muco (catarro) e
partículas de vírus pelos seus dedos. Ao dar a mão à sua mãe, transfere vírus para sua pele. A mãe, ao
tocar no seu próprio rosto, com a mão contaminada, pega o resfriado. Esta mesma transferência de vírus
pode ocorrer através de objetos. Uma pessoa resfriada que coloca a mão no nariz e depois num copo,
transfere os vírus para o copo. Outra pessoa, ao utilizar o copo, leva os vírus para a sua mão e, levando
até seu rosto, adquire o resfriado.
Não existem evidências de que o resfriamento do corpo possa levar uma pessoa a desenvolver um
resfriado. Contudo, o estresse emocional, a fadiga e outros fatores que diminuem os mecanismos de
defesa (imunidade) do organismo podem facilitar o surgimento da doença.
O que se sente?
Normalmente, os sintomas surgem de 1 a 3 dias após a pessoa entrar em contato com o vírus, e podem
durar até uma semana, na maioria dos casos. Dentre os sintomas, destacamos:
Nariz com secreção (coriza) intensa – como água nos primeiros dias. Mais adiante, pode
tornar-se espessa e amarelada;
Obstrução do nariz dificultando a respiração, espirros, tosse e garganta inflamada (dolorosa);
Diminuição do olfato e da gustação;
Voz “anasalada” (voz da pessoa que está com o nariz entupido);
Rouquidão;
Adultos podem ter febre baixa, enquanto as crianças podem ter febre alta;
Dores pelo corpo;
Dor de cabeça;
Febre (pode ocorrer em crinaças). Incomum em adultos.
140
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Como o médico faz o diagnóstico?
O diagnóstico médico é feito através da conversa deste com seu paciente, associado ao exame do
paciente. Não são necessários exames complementares – exceto naqueles casos em que paira alguma
dúvida em relação ao diagnóstico. Neste caso, exames de sangue, exames de imagem, como a
radiografia, e exames para pesquisa de germes na secreção nasal, por exemplo, poderão ser utilizados.
No entanto, exames para detecção dos vírus causadores do resfriado não estão disponíveis. Portanto, os
exames supracitados têm o intuito de afastar outros diagnósticos e não são utilizados para confirmar o
resfriado.
Devemos lembrar que resfriado não é gripe. A gripe é uma infecção respiratória mais séria causada pelo
vírus influenza.
Como se trata?
Não há tratamento para o combate do vírus causador da doença.
A orientação dada pelo médico visa atenuar os sintomas da doença e dar condições adequadas para que
o organismo da pessoa afetada logo se recupere.
Para isso, é importante que a pessoa tome bastante líquido, como água e sucos, uma vez que a boa
hidratação previne o ressecamento do nariz e da garganta, facilitando a eliminação das secreções
contaminadas. Gargarejos com água morna e salgada várias vezes por dia ou tomar água morna com
limão e mel pode ajudar a diminuir a irritação da garganta e aliviar a tosse.
Para ajudar no alívio dos sintomas do nariz, pode-se usar gotas salinas nasais. O fumo pode piorar a
irritação da garganta e a tosse. Bebidas quentes (como sopas) e alimentos temperados podem ajudar a
aliviar a irritação na garganta ou a tosse. Dentro da medicina alternativa, o mentol também é utilizado
para dar uma sensação de alívio da congestão do nariz.
Como se previne?
Como muitos vírus diferentes podem causar resfriados, ainda não se desenvolveram vacinas eficazes. É
quase impossível não pegar um resfriado. Mas existem algumas atitudes que podem diminuir este risco.
Dentre estes cuidados, estão:
Lavar freqüentemente as mãos e ensinar para as crianças a sua importância;
Se possível, evitar contatos íntimos com pessoas resfriadas;
Sempre lavar as mãos após contato com a pele de pessoas resfriadas ou com objetos tocados
por estes;
Manter seus dedos longe dos seus olhos e nariz;
Não compartilhar mesmo copo com outras pessoas;
Manter limpos a cozinha e o banheiro, especialmente quando alguma pessoa da casa está
resfriada.
Para que a doença não se dissemine é importante que a pessoa resfriada:
Cubra o nariz e a boca com um lenço ao tossir ou espirrar;
Lave suas mãos após tossir ou espirrar;
Se possível, ficar longe de outras pessoas nos primeiros três dias da doença, quando o
contágio é maior.
Verdades e mentiras em relação ao resfriado:
Grandes doses de vitamina C não previnem nem curam resfriados. Contudo, podem ajudar;
O uso de casacões no frio ajuda a prevenir o aparecimento de pneumonias, mas não gripes
ou resfriados;
Trabalhar ou ir à escola resfriado provavelmente não prolonga a doença, mas certamente
coloca outras pessoas em risco;
Uma canja quente é uma boa fonte de líquidos no tratamento, mas não tem efeitos curativos.
O alho pode ajudar na prevenção desta doença.
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?361
141
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Reunião da Pastoral da Saúde – 18 de maio de 2006
MINISTÉRIOS
“DOM DE DEUS E BUSCA HUMANA
A Igreja, atenta às indicações do Espírito Santo, em função de suas necessidades
internas e dos desafios da missão no mundo, vai se estruturando e organizando. O
Novo Testamento nos mostra este processo em curso. Ele não oferece um modelo
único do modo de se estruturar a Igreja. Mostra, isto sim, diversos exemplos,
respondendo as demandas dos diferentes contextos históricos e culturais. Também
encontramos no Novo Testamento informações referentes a épocas distintas. Estes
testemunhos são diversificados; nenhum deles pode ser considerado exclusivo ou
excludente dos demais.(...)1
Na Carta Apostólica Ministeria quaedam (de 15 de agosto de 1972) , o Papa Paulo VI, assim se
refere aos ministérios: “A Igreja instituiu, já em tempos antiqüíssimos, alguns ministérios, com o
fim de render a Deus o devido culto e de prestar serviços ao povo de Deus, segundo as suas
necessidades; com esses ministérios eram confiadas aos fiéis funções da liturgia sagrada e do
exercício da caridade, que exerceriam conforme as diversas circunstâncias”.
CARISMA E MINISTÉRIO: DISTINGUINDO E UNINDO
Dois elementos inter-relacionados estão subjacentes a todo este processo: a atuação do Espírito
Santo na comunidade dos fiéis (= dimensão do Dom transcendente) e a busca humana das
melhores opções (= dimensão do empenho humano) “para aperfeiçoar os santos em vista do
ministério, para a edificação do Corpo de Cristo, até que alcancemos todos a unidade da fé e do
conhecimento do Filho de Deus, o estado de homem perfeito à medida da estatura da plenitude de
Cristo (cf. Ef 4, 12-13). O exemplo mais claro desta busca ativa e criativa no Espírito está
documentado em At 6, 1-6:quando surge o primeiro conflito na comunidade de Jerusalém (6,1)
são os Apóstolos que convocam a “Assembléia dos discípulos“ (6,2), conduzem o discernimento e
indicam uma solução (6, 2-3) mas é a assembléia que aprova a proposta dos apóstolos e escolhe
os ministros (6,4-5) que, uma vez apresentados aos apóstolos, recebem deles a imposição das
mãos (6,6). 2
Alguns textos do Novo Testamento apontam para uma íntima relação entre carisma e
serviço/ministério. Os mais conhecidos são: 1Cor 12,4-11,28-30; Rm12,4-8; Ef 4,10-13; 1Pd 4,10;
2Tm 1,6. Mais especificamente; ”Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade
de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que
realiza tudo em todos. Cada um recebe o Dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos.
“A um o Espírito dá... “(cf 1Cor 12, 4-8). “Tendo, porém, dos diferentes, segundo a graça que nos
foi dada “(...).(cf. Rm12, 4ss) “É ele que concedeu a uns ser apóstolos, a outros profetas, a outros
evangelistas, a outros pastores e mestres” (cf Ef 4,11) “Todos vós, conforme o Dom que cada um
recebeu, consagrai-vos ao serviço uns dos outros, como bons dispenseiros da multiforme graça de
Deus. “(1Pd, 4,10); “Eu te exorto a reavivar o Dom de Deus, que há em ti pela imposição de
minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de medo, mas espírito de força, de amor e de
sobriedade.’(cf 2Tm, 1,6) 3
142
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
QUE SE ENTENDE POR MINISTÉRIO ?
A palavra ministério vem do latim ministerium = serviço; minister = ministro; ministrare= servir.
Há forte tendência, hoje, na teologia e na pastoral, de considerar ministério, fundamentalmente, o
carisma que assume a forma de serviço à comunidade e à sua missão no mundo e na Igreja e
que, por esta , é como tal acolhido e reconhecido. 4
Ministério é, antes de tudo, um carisma, ou seja, um Dom do Alto, do Pai, pelo Filho, no Espírito,
que torna seu portador apto a desempenhar determinadas atividades, serviços e ministérios em
ordem à salvação (cf LG 12 b).
Numa perspectiva trinitária, é preciso ressaltar aqui a unidade na variedade e a variedade na
unidade (cf 1Cor12, 4ss). Ao falar-se de carismas, não se deveria privilegiar os mais
extraordinários e espetaculares, mas os que sustentam a fé e ajudam-na a encarnar-se. Ao lado
da capacidade de operar milagres, Paulo recorda o carisma da assistência e do governo da
comunidade.(cf. 1Cor 12, 28). Diante da tentação de excluir da lista dos carismas os serviços mais
humildes e estáveis, Paulo afirma o valor destes serviços, como no corpo humano, onde os
membros menos nobres são os que cercamos de maior honra “(cf 1Cor 12, 22-26). Não se pode
esquecer que a função dos apóstolos – aos quais de alguma forma, sucedem, na Igreja, os
ministros ordenados – situa-se também no conjunto dos carismas (cf. 1Tm 1, 6; LG 21) e, em
Paulo, vem em primeiro lugar (cf 1Cor 12, 28-29; Ef 4, 11). Na verdade, todos s carismas, serviços
e ministérios de que a Igreja é dotada pelo Espírito para cumprir a sua missão se complementam,
cooperam uns com os outros e se integram, como membros de um corpo (cf 1Cor 12, 12-27); no
princípio de subsidiariedade. 5
Nem todo carisma, porém, é ministério. Certamente, a dimensão do serviço deve caracterizar todo
carisma (cf 1Cor 12, 7-25; Rm 12, 9-21) e seu portador deve aspirar ao Dom maior, que é o amor
(cf 1Cor 13, 1-14). Mas só pode ser considerado ministério o carisma que, na comunidade e em
vista da missão na Igreja e no mundo, assume a forma de serviço bem determinado, envolvendo
um conjunto mais ou menos amplo de funções, que responda a exigências permanentes da
comunidade e da missão, seja assumido com estabilidade, comporte verdadeira responsabilidade e
seja acolhido e reconhecido pela comunidade eclesial. 6
A recepção ou reconhecimento do ministério pela comunidade eclesial é essencial ao ministério,
porque o ministério é uma atuação pública e oficial da Igreja, tornando seu portador, num nível
maior ou menor, seu representante. Esta “recepção“ ou “reconhecimento“ dos ministérios tem
modalidades e graus diversos, dependendo da natureza da função e a missão da Igreja. 7
TIPOLOGIA DOS MINISTÉRIOS
Na reflexão teológica e pastoral, têm-se distinguido os seguintes grupos de ministérios
:
A)
ministérios simplesmente “reconhecidos” (às vezes, impropriamente, chamados ministérios
“de fato“), quando ligados a um serviço significativo para a comunidade, mas considerado não
tão permanente, podendo vir a desaparecer, quando variarem as circunstâncias;
B)
ministérios “confiados”, quando conferidos ao seu portador por algum gesto litúrgico simples
ou alguma forma canônica”;
143
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
C)
ministérios “instituídos”, quando a função é conferida pela Igreja através de um rito litúrgico
chamado “instituição”;
D) ministérios “ordenados” (também chamados apostólicos ou pastorais) quando o carisma é, ao
mesmo tempo, reconhecido e conferido ao seu portador através de um sacramento específico,
o sacramento da Ordem, que visa a constituir os ministros da unidade da Igreja na fé e na
caridade, de modo que a Igreja se mantenha na tradição dos Apóstolos e, através deles, fiel a
Jesus, a seu Evangelho e à sua missão. O ministério ordenado, numa eclesiologia de
totalidade e numa Igreja toda ministerial, não detém o monopólio da ministerialidade da
Igreja. Não é, pode-se dizer, a “síntese dos ministérios”, mas o “ministério da síntese“. Seu
carisma específico é a presidência da comunidade e, portanto, da animação, coordenação e –
com a indispensável participação ativa e adulta de toda a comunidade – do discernimento
final dos carismas- (cf. LG 11b) Fruto de um Dom do Espírito – (cf LG 7c) o protagonista da
missão que se reconhece e se comunica poderosamente no ato sacramental da ordenação; o
ministro ordenado está a serviço do Espírito, que deve ser sempre de novo reconhecido e
acolhido, na Igreja e no mundo, e a serviço de Cristo, Servo e Cabeça da Igreja. Os
ministérios “reconhecidos”, “confiados“e “instituídos“- tomados em conjunto - forma os
ministérios não–ordenados, isto é, que não exigem a ordenação. (8)
A instituição oficial de ministros leigos numa comunidade, seguindo um ritual litúrgico próprio,
previsto para esta circunstância, pode assumir um significado muito grande para o fortalecimento
da dimensão eclesial dos ministérios leigos, contanto que se faça parte de um projeto diocesano e
seja a culminância de um processo de valorização dos leigos nas comunidades.
São diversos os valores eclesiais que podem ser fortalecidos com este processo:
- o envolvimento da comunidade na indicação de seus ministros recupera a dinâmica da Igreja
Primitiva, de participação da comunidade nas responsabilidades do ministério apostólico;
- a instituição de ministros faz com que a comunidade reconheça que eles são parte de sua vida,
favorecendo uma melhor compreensão de que todos os cristãos participam da missão da Igreja;
- a instituição de ministros possibilita ainda uma distribuição de tarefas que libera o ministro
ordenado para tarefas mais específicas de seu ministério e fortalece a identificação do povo com a
Igreja, que passa a contar com pessoas que assumiram claramente responsabilidades pela vida e
missão eclesiais;
- a instituição de ministros leigos, a partir de um ato que conta com a presença do Bispo
Diocesano, torna mais visível a unidade de atuação de todos os ministérios na Diocese, ao mesmo
tempo que se abre caminho para a salutar diversidade e descentralização, que vai ao encontro das
necessidades próprias de cada comunidade; (9)
- Nos documentos conciliares, entre os vários aspectos da participação dos fiéis não-ordenados na
missão da Igreja, toma-se em consideração a sua colaboração direta nas tarefas específicas dos
pastores. Com efeito, “quando a necessidade ou a utilidade da Igreja o requer, os pastores
podem, segundo as normas estabelecidas pelo direito universal, confiar aos fies leigos certos
ofícios e funções que, embora ligados ao seu próprio ministério de pastores, não exigem, contudo,
o caráter da Ordem. Tal colaboração foi posteriormente regulamentada pela legislação pósconciliar e, de modo particular, pelo novo Código de Direito Canônico.
144
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
- Este, depois de referir-se aos direitos e deveres de todos os fiéis, no título seguinte, dedicado
aos direitos e deveres dos fiéis leigos, trata não somente daqueles que são específicos da sua
condição secular, mas também de outras tarefas ou funções que não lhes pertencem de modo
exclusivo. Destas, algumas competem a qualquer fiel, ordenado ou não, outras, ao invés, colocamse no contexto de um serviço direto ao ministério sagrado dos fiéis ordenados. Com relação a
estas últimas tarefas ou funções, os fiéis não–ordenados não detêm um direito a exercê-las, mas
são “hábeis para ser assumidos pelos Pastores sagrados para aqueles ofícios eclesiásticos e
encargos que eles podem desempenhar segundo as prescrições do direito”, ou ainda “na falta de
ministros podem suprir alguns dos seus ofícios de acordo com as prescrições do direito”.
Para que uma tal colaboração seja inserida harmoniosamente na pastoral ministerial, é necessário
que, evitando desvios pastorais e abusos disciplinares, os princípios doutrinais sejam claros e que,
por conseguinte, com determinação coerente, seja promovida em toda a Igreja uma aplicação leal
e acurada das disposições vigentes, não estendendo abusivamente os termos de exceção a casos
que não podem ser julgados “excepcionais”.
Se, em alguns lugares, se verificarem abusos e práticas transgressoras, os Pastores apliquem os
meios necessários e oportunos para impedir prontamente a sua difusão e evitar que se prejudique
a correta compreensão da própria natureza da Igreja. Particularmente, procurarão aplicar as
normas disciplinares já estabelecidas, que ensinam a conhecer e a respeitar concretamente, a
distinção e a complementariedade de funções, que são vitais para a comunhão eclesial. Portanto,
onde estas práticas transgressoras já estão difundidas, torna-se absolutamente impreterível a
intervenção responsável da autoridade que o deve fazer. Assim agindo, tornar-se-á verdadeiro
artífice da comunhão, que não pode ser constituída senão em torno da verdade. Comunhão,
verdade, justiça e caridade são termos interdependentes.” (10)
Por último, é importante lembrar que, assumindo ministérios “reconhecidos” ou “confiados” ou
“instituídos”, os cristãos leigos permanecem leigos e, por isso , devem vivê-los e exercê-los na
plena consciência de sua condição laical, que os coloca não só em relação característica com Cristo
e com a Igreja mas, de maneira toda particular, em relação com o mundo. (11)
É importante que os leigos, vivendo sua vida familiar ou profissional normal, ou engajados em
alguma forma de apostolado ou ministério, com ou sem mandato canônico, estejam plenamente
convencidos de que o fundamento estatutário e sacramental de sua participação na missão da
Igreja se encontra no Batismo, enquanto sacramento de pertença e na Confirmação enquanto
sacramento da Missão na força do Espírito de Pentecostes. (12)
Referências:
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
(10)
(11)
(12)
DOCUMENTO 62 CNBB- (80)
IDEM - (81)
IDEM - (82)
IDEM – (83
IDEM – (84)
IDEM – (85)
IDEM – (86)
IDEM – (87)
IDEM – (88)
“INSTRUÇÃO ACERCA DE ALGUMAS QUESTÕES SOBRE A COLABORAÇÃO DOS FIÉIS LEIGOS NO MINISTÉRIO
DOS SACERDOTES”, Paulinas, SP, 1997,p. 19-21
IDEM- (92)
IDEM- (93)
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
EXTRAÍDO DE: CURSO DE PREPARAÇÃO DE MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS – TEMA 1
146
Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – 20 DE JULHO DE 2006
AS ATITUDES E OS GESTOS LITÚRGICOS.
Os gestos dentro da Liturgia permitem aos fiéis participarem das realidades divinas de forma
plena, ativa e comunitária (cf SC 21) . É necessário e dever dos pastores da Igreja vigiarem
para que os fiéis participem da celebração do sagrado com conhecimento de causa, ativa e
frutuosamente . Para isso é preciso que os fiéis sejam instruídos a sintonizarem a sua mente
com as palavras que pronunciam e assim, participarem das sagradas ações com toda
gestualidade e atitudes que envolva corpo, mente e alma (cf. SC 11, 14, 19, 30, 48) .
Os gestos e posições que o corpo deve admitir dentro das ações sagradas, é sinal da
comunidade e da unidade da assembléia e exprimem e favorecem a atitude interior. Para se
obter a uniformidade nos gestos e posições deve-se obedecer as normas práticas que são
orientadas pela Igreja, conforme seus documentos e rúbricas .
O corpo do homem também ora diante de Deus. O gesto enriquece e enobrece o pensamento
e a emoção interior vivida pelo homem. A adoração em espírito, para ser uma adoração em
verdade 00 4,24), deve ser também corporal (Rm 12,1). A encarnação do Verbo não é um
assumir, unicamente, de um espírito humano, mas de uma carne, feita de corporeidade .
Cristo teve atitudes e gestos que expressavam a sua oração ao Pai.
Os gestos e atitudes prescritas não devem ser uma simples execução de uma rubrica, se antes
não forem um estado de alma, uma profunda e autêntica exteriorização de realidades
interiores. Repetir ritos pode produzir o desgaste dos sinais sagrados, uma perda de
consciência dos seus significados.
ATITUDES DA ORAÇÃO LITÚRGICA.
A) SENTADO:
1) Atitude de recolhimento para se escutar a palavra e meditá-la e, também, de quem ensina
com autoridade (Mt 5,1) .
2) Na celebração litúrgica essa atitude deve ser observada durante as leituras (com exceção
do Evangelho), durante a homilia e ofertório; se for conveniente durante o silêncio sagrado
após a comunhão.
3) O Evangelho mostra Maria, irmã de Marta, aos pés de Jesus (Lc 10,39) ; e o próprio Senhor
quando esteve com os doutores (Lc 2,46) .
B ) DE PÉ:
1) É a atitude fundamental da assembléia na oração litúrgica . Exprime o respeito e a atenção
diante dos atos sagrados: no canto de entrada; ao canto do Aleluia ; durante o Evangelho e a
profissão de fé ; na oração universal e na oração sobre as oferendas .
2) Exprime também a disponibilidade ativa de se estar a espera do Senhor que virá. Assim
como os hebreus que comeram a Páscoa de pé , prontos para partir.
3) É a posição do ressuscitado.
C) INCLINAR-SE:
1) É a posição para significar respeito, humildade e adoração. Atitude litúrgica normal para se
receber a bênção de Deus.
2) No Ocidente essa posição foi sendo substituída pelo ajoelhar-se.
3) Se faz inclinação da cabeça aos nomes de Jesus e Maria e dos Santos; e o sacerdote quando
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profere as palavras da consagração "deu graças" .
4) A inclinação do corpo faz-se como saudação ao altar (se não tiver o Ssmo.) ; diante de um
ícone do Senhor e de Maria; em frente as sagradas espécies (antes da comunhão) ; em frente
ao Evangelho.
D) AJOELHAR-SE:
1) Expressão de humildade e pequenez diante de Deus. Reconhecendo que Deus é maior que
todas as coisas, inclusive maior que as nossas misérias; por isso nos rebaixamos diante da sua
onipotência.
2) É também a expressão da oração de súplica (cf At 7,59; 9,40; 20,36), de penitência e de
oração intensa (Mc 14,35; Mt 36,29). 3) Na celebração eucarística essa atitude é adotada no
momento da consagração das espécies. A Instrução (lGMR) não fala do ajoelhar-se no ato
penitencial nem depois da comunhão.
F) PROSTRAR-SE:
1) É a imagem do aniquilamento, adoração e súplica diante de Deus. Referindo-se a Jesus no
Horto, Mt e Mc expressam como "caído por terra", "com o rosto em terra".
2) É um ajoelhar-se acompanhado de inclinação profunda que leva o rosto ao chão. Ocorre nas
ordenações e na profissão perpétua dos religiosos como total entrega ao Senhor, consciente da
fragilidade e pequenez em corresponder à vocação por forças próprias.
G) CAMINHAR:
1) A palavra procissão evoca um caminhar solene de um povo que se encaminha a um lugar
sagrado (2Sam 6; Lc 2,41; Nm 9,10). Muitas são as procissões feitas no decorrer do ano
litúrgico, e todas elas devem expressar uma assembléia de fiéis em oração, manifestando a fé
naquilo que se está vivendo, dando significado ao gesto do caminhar.
2) Essas ações devem ser realizadas com beleza (lGMR 22).
3) Na celebração eucarística tem-se destaque processional no momento da entrada, do
ofertório, do evangelho e da comunhão. Todos esses momentos é um caminhar na presença
de Deus como peregrinos que se aproximam das fontes de salvação.
GESTOS DA ORAÇÃO LITURGICA.
A) DAS MÃOS:
a) Mãos unidas:
1) Ter juntas as palmas das mãos. É a posição do Celebrante em orações presidenciais, dos
acólitos no serviço do altar.
2) Expressam recolhimento,devoção e oração. As mãos juntas com dedos entrelaçados
pertence à devoção particular.
b) Mãos elevadas ou estendidas:
1) Cesto do Celebrante nas orações presidenciais das Coletas, Prefácios e Orações Eucarísticas.
Expressa louvor, invocação, aquele que ora mediando entre Deus e os homens.
2) Elevar as mãos as alturas simbolizam o divino: o Celebrante ao mesmo tempo que eleva as
preces, invoca os auxílios divinos.
c) Impor as mãos:
1) Sinal de bênção e de reconciliação, de transmissão. do Dom do Espírito Santo, gesto de
consagração.
2) Esse gesto é expresso no momento da consagração eucarística, na unção dos enfermos, nas
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ordenações diaconal, presbiteral e episcopal, nas profissões religiosas.
d) Dar as mãos:
1) Sinal de saudação fraterna, de unidade, de compromisso sagrado, de consentimento.
2) Na profissão perpétua o professando a profere nas mãos de seu Superior, assim como na
ordenação presbiterial em obediência ao Bispo.
3) Dar as mãos no Pai-Nosso é um gesto que vem se imprimindo na Liturgia, mas que não faz
parte do usual dessa oração litúrgica.
e) O sinal da cruz:
1) O livro de Ezequiel (9,4) já descrevia os justos marcados com o sinal do Tau (última letra
do alfabeto hebraico) lembrança do patíbulo redentor.
2) Desde início do século III, é mencionado como sinal de consagração do cristão ao Cristo.
Era traçado à maneira que fazemos sempre antes da leitura do evangelho (persignação).
3) O grande sinal da cruz sobre todo o corpo, acompanhado de invocação Trinitária, é do
século V/II e professa a fé no poder vitorioso da paixão do Senhor ressuscitado.
4) Tocando a fronte, o peito e os ombros declaramos que todo o nosso pensamento, vontade e
ação se desenvolvem em nome da Trindade.
5) A faculdade de abençoar, traçando o sinal da cruz, é reservada aos sacerdotes e ao diácono
dentro da função.
Obs: Quando se tem o corpo de Jesus chama-se crucifixo; sem o corpo do Senhor chama cruz.
f) Persignação:
1) Forma ligada à proclamação do Evangelho.
2) Com o sinal pedimos a Deus que a força da mensagem de Cristo penetre a nossa mente,
nossa palavra e nossa vida. Iluminando nossa inteligência para compreendermos; que
possamos professar a nossa fé e agir de acordo com ela.
B) SAUDAÇÃO DA PAZ :
1) Gesto simbólico que representa o efeito da presença de Cristo.
2) Com ele os fiéis imploram paz e unidade (Rm 16,16;Cor 16,20) para toda Igreja e toda
família humana, expressando o amor recíproco antes de participar da comunhão do único Pão.
3) Suas diversas expressões: abraço, aperto de mão, beijo, inclinação de cabeça.
C) ELEVAR OS OLHOS AO CÉU:
1) Gesto que ocorre na primeira oração eucarística. Jesus em momentos solenes elevava os
olhos ao céu, expressando sua íntima comunhão com o Pai.
2) O homem é chamado a contemplar Deus face a face, e a Liturgia é um antegozo dessa
contemplação.
D) ÓSCULO OU BEIJO:
1) Sinal de reverência, de comunhão, de amor. Expressão de afeto ao Cristo que está presente
no altar, no Evangelho, na pessoa do cristão e nos símbolos fitúrgicos.
2) Sinal de adoração entre os hebreus (jó 31,27).
3) As Conferências episcopais podem substituí-lo conforme cultura, desde que o gesto
empregado exprima reconciliação e perdão.
E) SOPRO:
1) Simboliza a força, a ação do Espírito Santo que vivifica todas as coisas; representa a
presença ativa de Deus, o sopro do Cristo ressuscitado.
2) Expressa uma consagração, transmissão da força de Deus e de vida nova como se percebe
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na bênção dos óleos na Quinta-feira Santa.
F) GENUFLEXÃO:
1) É um ato de adoração, por isso só é feita diante do Ssmo. Sacramento e da cruz em
certas ocasiões não como adoração da mesma, mas do Senhor.
2) Até a reforma conciliar havia dois tipos, a simples e a dupla, isto é, com um só ou com dois
joelhos. A dupla foi abolida, mesmo diante do Ssmo.
3) Indica humildade, submissão a outro. Gesto da Liturgia latina de origem romana quando se
apresentava a uma autoridade.
4) É feita: quando se entra e se sai da Igreja (que tenha Ssmo.); ao passar em frente do
Sacrário; junto com o celebrante na chegada e saída do altar (se nele estiver o Ssmo.).
5) Na Missa se fazem três genuflexões : depois da elevação da hóstia, após elevação do cálice
e antes da Comunhão.
G) SILÊNCIO:
1) Leva a primeira atitude litúrgica : a escuta, que permite aos fatos litúrgicos falarem por si;
leva a uma reflexão mais profunda.
2) É o espaço de Deus.
3) Sempre que houver o silêncio na celebração eucarística deve-se ter o seu sentido para que
não se pense ser uma parada na celebração (o silêncio sagrado, após a comunhão, no ato
penitencial, após uma leitura ou homilia.)
H) REUNIR-SE EM ASSEMBLÉIA:
1) A assembléia cristã é o maior gesto humano diante do apelo divino, que gera unidade e
comunhão de um povo reunido em torno de um Único Deus, para celebrar as realidades
sagradas do mesmo.
2) Constitui um sacramento do próprio Cristo.
3) A constituição de uma assembléia litúrgica é definida por: pessoas batizadas convertidas e
em disposição de conversão contínua.
4) O congregamento de assembléia é feita por Deus, em seu Nome, e não por motivações
humanas ( ver Ex 19, 3-8).
I) LAVABO:
1) Por ocasião da preparação das oferendas significando que somente com mãos puras e
coração limpo nos podemos aproximar do Sacrifício Eucarístico.
2) A expressão própria que acompanha o rito: "Lavai-me, Senhor, das minhas faltas e
purificai-me do meu pecado".
3) Os elementos próprios para esse gesto: bandeja, jarra de água e manustérgio.
4) Possui significado penitencial.
J) PARTÍCULA DE HÓSTIA NO CÁLICE:
1) Oração que precede o rito: "Esta união do Corpo e do Sangue de Jesus, o Cristo e Senhor
nosso, que vamos receber, nos sirva para a vida eterna !".
2) Nos primeiros séculos esse gesto era feito pela necessidade de reduzir os pedaços para a
comunhão dos fiéis. Perdeu sua importância com a confecção das hóstias.
3) Significa a unidade das espécies consagradas, o Cristo Ressuscitado; e, a unidade de todos
em um só pão que será repartido entre os irmãos.
K) BENÇÃO: Benefícios concedidos por Deus, as graças, os dons que são ofertados aos
homens.
L) BENDIZER: Atribuir os benefícios recebidos àquele que os concedeu, louvar, enaltecer.
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M) GOTAS DE ÁGUA NO VINHO:
1) O vinho lembra a Redenção pelo sangue, ao passo que a água o povo de Deus nascido das
águas do Batismo.
2) Assim como as gotas de água colocadas no vinho somem totalmente, assim, no Sacrifício
da Missa nós devemos entrar em Cristo, identificar-nos com Ele.
3) O vinho simboliza Cristo e a água o cristão que se oferece juntamente com Cristo, como
povo sacerdotal.
N) BATER NO PEITO: Sinal de humilde arrependimento feito por sacerdote e fiéis durante o
"Confesso a Deus todo-poderoso...", por ocasião das palavras "por minha culpa...".
O) A GRANDE ELEVAÇÃO: Exprime, de modo solene, o movimento ascensional de oferta ao
Pai pela mediação de Cristo pelo Espírito.
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REUNIÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – 16-11-2006
A COMUNICAÇÃO NA LITURGIA
Realidades que comunicam
Muitas são as realidades que tocam nossos sentidos, nos comunicam algo e de
certo modo provocam em nós algum tipo de reação. Enumero, a seguir,
algumas dessas realidades, canalizando-as para o campo da liturgia:
1.
Palavra - é o meio mais comum da comunicação. Mas a palavra pode ser fonte de
mal-entendidos. Podemos nos esconder atrás dela; é possível usá-la não para nos
comunicar, mas para evitar a verdadeira comunicação. Por isso somos convidados a
nos comunicar com o corpo. Essa linguagem não – verbal comunica mais do que as
palavras.
2.
Espaço celebrativo - é o espaço onde se desenrola a ação litúrgica. O estilo da
construção, a disposição do altar, dos bancos ou cadeiras, cada vez mais devem
mostrar o rosto de uma comunidade de irmãos e irmãs que se reúnem ao redor de
Cristo para celebrar sua obra de salvação.
3.
Ornamentação – refere-se aos objetos artísticos, pinturas, imagens e arranjos que
revelam o bom gosto da comunidade e comunicam Deus e sua mensagem.
4.
Vestimentas – não servem apenas para cobrir e proteger. Elas informam se é dia
de festa ou de trabalho. Se temos papel preciso a desempenhar na sociedade ou
não. Na liturgia as vestes indicam também a função de cada ministro. As vestes dos
ministros chamam-se paramentos.
5.
Objetos litúrgicos – não são apenas coisas concretas, são sinais, por isso
transmitem mensagem, não só pela presença deles, mas pelo modo como são
utilizados ou conservados. Devem concorrer para uma proveitosa celebração do
memorial da páscoa de Cristo.
6.
Símbolos – o símbolo é a expressão, a manifestação de uma realidade invisível, de
uma experiência profunda. Com efeito, não podemos atingir Deus diretamente, mas
podemos atingi-lo pela natureza: o universo, em todas as suas expressões – ser
humano, terra, água, animais, plantas, flores, astros, luz... – tudo torna Deus
presente. Em todas essas realidades está presente a marca do Criador. Na liturgia
cristã, o pão e o vinho, unidos à palavra de Cristo na celebração eucarística (“isto é o
meu corpo... isto é o meu sangue“); tornam o Cristo presente no seio da sua
comunidade. Neste caso, o símbolo – pão e vinho – torna-se sacramento cristão.
7.
Expressão corporal – é a comunicação do corpo. Nosso modo de olhar, gesticular,
entrar na Igreja, tudo revela nosso interior. Por vezes, fazemos o sinal-da-cruz tão
apressadamente e sem concentração, que mais parece o ato de espantar moscas! É
que estamos distraídos, então o gesto se torna mecânico. Nesse caso, há
incoerência, pois falta sintonia entre o que devemos expressar e o que de fato
expressamos.
7.1 Gestos
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A liturgia é feita de sinais sensíveis que captamos mediante nossos cinco sentidos:
tato, gosto, olfato, visão e audição. Cada um desses sentidos pode ser devidamente
posto a serviço da celebração
O olhar, tanto do presidente quanto de todos os membros da assembléia, deve ser
expressão sincera do que as palavras dizem. Um olhar sereno, encorajador passará
uma energia positiva a todos os participantes.
A audição é outro sentido que precisa ser valorizado na celebração: escutar os sons, a
palavra de Deus proclamada e comentada. Escutar também o silêncio.
O tato se expressa mediante o toque. A intensidade, o respeito, o modo como tocamos
as pessoas e as coisas revelam o amor que temos por elas e indicam nosso grau de
compreensão dos planos de Deus celebrados na liturgia.
O gosto e o olfato - são dois sentidos um pouco esquecidos nas celebrações. Na
comunhão eucarística o paladar tem o seu lugar. É necessário que o pão seja pão e o
vinho seja vinho. Quanto ao olfato (cheirar), convém alargar o uso de plantas
aromáticas, flores naturais e recuperar o uso do incenso. O incenso é símbolo das
preces que os fiéis elevam até Deus; da reverência às pessoas e aos objetos. Por isso
se costuma incensar o altar, o livro dos evangelhos e toda a assembléia participante.
7.2 Posturas
Segundo afirmam as Instruções Gerais sobre o Missal Romano , a posição do corpo
que todos os participantes devem observar, é sinal da comunidade e da unidade da
assembléia, pois exprime e estimula os pensamentos e sentimentos dos participantes.
A seguir, as principais posturas e seus respectivos significados:
a)
De pé
É a posição de Cristo ressuscitado. Estar de pé simboliza prontidão; estamos prontos
para caminhar em direção a Deus e aos irmãos. É também símbolo da dignidade
humana. Além disso, ficamos de pé para acolher as pessoas, saudá-las ou
parabenizá-las
b)
Sentados
É a atitude não só de quem ensina (“Jesus subiu ao monte. Ao sentar-se pôs-se a
falar e os ensinava” – Mt 5,1-2), mas também de quem ouve (“Maria ficou sentada aos
pés do Senhor, escutando-lhe a palavra – Lc 10,39). Por isso, os fiéis, durante a
missa, sentam para ouvir as leituras (menos o Evangelho), e a homilia. É também a
atitude de quem medita e fala com Deus.
c)
Ajoelhados
O rezar ajoelhado revela principalmente espírito de humildade e reconhecimento dos
próprios erros (penitência); expressa o ato de profunda adoração a Deus e também é
atitude de quem reza individualmente (ao entrar na igreja, as pessoas geralmente se
ajoelham e rezam em silêncio). Uma variante do rezar ajoelhado é a prostração.
d)
Prostrar-se
A prostração é o ato de deitar de bruços no chão. É realizada no início da ação
litúrgica da sexta-feira santa.nas ordenações de bispos, presbíteros e diáconos, e em
profissões religiosas.
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e)
Fazer genuflexão
Outra variante do ajoelhar-se é a genuflexão. É o ato de dobrar os joelhos. Ao entrar
na igreja, normalmente as pessoas se dirigem para diante do sacrário e aí fazem
genuflexão. Com isso querem expressar sua fé na presença do Cristo ressuscitado.
Costuma-se também fazer genuflexão ao passar diante do Santíssimo Sacramento
exposto. Atualmente vai-se alargando o costume de inclinar-se diante da cruz e
mesmo diante do sacrário. A inclinação tem a força de uma saudação cordial e, em
nossa cultura, ela parece mais adequada do que a genuflexão para expressar esse
sentido.
7.3. Movimentos
Entre os movimentos destaca-se a procissão. Há procissões ligadas a certas
celebrações do ano litúrgico, por exemplo, a de Corpus Christi, a do santo padroeiro
etc. Na celebração eucarística destacam-se três procissões: de entrada, a das ofertas
e a da comunhão. Mas valoriza-se também, principalmente nas celebrações mais
solenes, a procissão do Evangelho. As procissões querem manifestar o destino do
povo de Deus em marcha. As Instruções Gerais sobre o Missal Romano recomendam
que as procissões “sejam realizadas com dignidade, enquanto se executam cantos
apropriados”.
Outra expressão corporal muito importante é o silêncio
7.4 O Silêncio
Estamos desabituados ao silêncio... Não sabemos lidar com o silêncio. Muitas
pessoas, para afugentar o silêncio, mergulham no som alto e barulhento.
Outras, conversam o tempo todo, contam piadas e soltam sonoras
gargalhadas. Não raro essas pessoas agem desse modo para evitar o
confronto consigo mesmas, com seus problemas e com a própria
consciência.
O silêncio nas celebrações litúrgicas
O silêncio não é apenas a ausência de palavras ou ruídos. Corremos o risco de
interpretar o silêncio das celebrações litúrgicas como falhas das equipes de
celebração. O silêncio é, acima de tudo, atitude que envolve a pessoa toda:
nas suas dimensões corporal e espiritual. Por isso, nas celebrações
litúrgicas, o silêncio assume função indispensável. Assinalo algumas razões
para se fazer silêncio:
1ª O silêncio é atitude de fé e reverência da assembléia diante de Deus.
2ª O silêncio oferece condições para
profundamente o mistério que celebra.
que
a
pessoa
penetre
mais
3ª O silêncio é meio para que ressoe no íntimo dos participantes a palavra de
Deus, que os conforta e alimenta-lhes a esperança.
4ª O silêncio leva a pessoa a reconhecer suas potencialidades e seus limites,
por isso ela admite que tem muito a aprender de Deus e dos irmãos.
Em que ocasiões deve-se manter o silêncio?
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Ao falar da celebração eucarística, as Instruções Gerais sobre o Missal Romano
dá as seguintes orientações: ”no ato penitencial e após o convite à oração
(Oremos), cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia, meditam
brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a
Deus no íntimo do coração”.
Enquanto o sacerdote pronuncia a narrativa da instituição (“Enquanto ceavam
Jesus tomou o pão... o cálice com vinho ...”) recomenda-se silêncio
reverente.
Quando o padre mostra o pão e o vinho consagrados, parece-me fora de lugar
qualquer aclamação do tipo “Meu Senhor e meu Deus!”, bem como fundo
musical como a execução da “Ave Maria” ou “Jesus, alegria dos homens...”
O silêncio do recolhimento tem uma dimensão de adoração, por isso ponho em
destaque o “silêncio sagrado “proponha após a comunhão, instante e diálogo
interior com Jesus eucarístico”. Convém que o animador faça uma
motivação: “Façamos um instante de silêncio para conversar com Jesus, que
recebemos na comunhão”. Qual é o seu apelo para nós hoje, diante da
realidade que nos cerca com a motivação, o silêncio da assembléia poderá
se tornar fecundo.
Evidentemente, o silêncio sagrado não atinge apenas a celebração eucarística,
mas estende-se a outras ações litúrgicas: benção do Santíssimo, adoração
da cruz na Sexta-feira Santa, celebração do ofício divino...
Nem sempre os momentos de silêncio estão prescritos nos livros litúrgicos.
Cabe a quem prepara e conduz a celebração ter o bom senso para introduzilos onde parecer oportuno. Um bom critério para silenciar, cantar ou rezar
juntos é a harmonia da celebração. O bom resultado da celebração depende
em grande parte do ritmo que a assembléia lhe confere.
7.5 Ruídos na comunicação
Chamo ruídos aos obstáculos, atrapalhações, incômodos que prejudicam o bom
andamento de qualquer comunicação. Enumero, a seguir, alguns exemplos concretos
de ruídos, que podem ocorrer durante as celebrações:
a) Quando o presidente da assembléia, fora do contexto e do momento oportuno,
começa a gesticular, apontar, chamar pessoas da equipe de celebração... A
assembléia se concentra nesses gestos, curiosa por saber do que se trata!
b) Quando as pessoas ficam circulando antes e durante a celebração, principalmente
na hora da homilia. Esse é um fator infalível para desviar a atenção dos presentes.
c) Quando os instrumentistas, durante a oração, leituras ou outras partes da
celebração ficam afinando seus instrumentos musicais ou mesmo apenas mexendo
nos folhetos.
d) Quando uma criança desata a chorar durante as leituras ou a homilia Nesse caso,
é bom que a mãe encontre um modo de acalmá-la.
e) Quando a equipe de celebração fica preparando a liturgia dentro da própria
celebração: procura quem faz as leituras, troca o canto de aclamação, acrescenta um
aviso, arruma o pessoal para a procissão das oferendas...
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f) Quando os encarregados das orações, leituras ou cânticos cometem erros ou
fazem gestos que levam à distração
g) Quando a aparelhagem de som está mal regulada e produz microfonia ou outros
ruídos incômodos.
Tudo isso sem contar as perturbações que podem vir de fora do ambiente celebrativo
como: rumor de carros, criançada brincando na praça, pipoqueiros, freqüentadores de
bar e som alto.
Os objetos, as posturas, os movimentos são veículos para comunicar-nos a ação de Deus
em nosso favor, ou seja, os fatos admiráveis que ele realizou ao longo da história da
salvação e que atingiram seu ponto culminante na paixão, morte e ressurreição de Jesus
e no envio do Espírito Santo.
Não basta, porém, a presença e a oportunidade dos sinais para que se estabeleça a
comunicação entre Deus Pai e seus filhos e dos irmãos entre si. O espaço celebrativo
pode ser adequado, as imagens expressivas, o sistema de som excelente, as leituras,
bem proclamadas, mas somente o modo de viver esses sinais por parte da assembléia
litúrgica é que os torna obra salvadora de Deus. O que conta, portanto, é a qualidade do
encontro humano, o modo de rezar, de cantar, o sentido que se dá ao silêncio ...
O símbolo cria relações
Antigamente, entre dois comerciantes era costume partir uma varinha ou moeda e cada
um recebia e guardava o seu fragmento. Passado muito tempo, na hora do acerto de
contas, os fragmentos eram reunidos e se encaixavam perfeitamente e recordavam o
compromisso assumido. Esse fragmento de madeira ou metal era um sinal de
reconhecimento, como uma senha ou documento e identidade. Era chamado símbolo,
porque graças a ele os fragmentos se juntavam novamente e as pessoas se reconheciam.
O Creio (ou símbolo apostólico) é chamado símbolo justamente pelo fato de ser o sinal de
reconhecimento e unidade dos cristãos. É o compêndio dos pontos principais da fé cristã.
Chama-se apostólico porque remonta, na sua essência, aos tempos dos Apóstolos.
O símbolo e seu alcance
O símbolo não atinge apenas a inteligência mas penetra no mais íntimo do ser
humano. Por isso, não conseguimos controlar os seus efeitos. Podemos propor
símbolos, mas não sabemos as reações que eles provocarão nas pessoas.
Exemplo: num momento de oração comunitária trago e apresento aos fiéis uma
vela acesa e uma Bíblia enrolada por correntes. E peço que as pessoas se
manifestem diante do que estão vendo. As expressões diante desses elementos
simbólicos se multiplicam e surpreendem os participantes. São riquezas
imprevisíveis e incalculáveis.
Quando as palavras são insuficientes para expressar lançamos mão do símbolo. Por
exemplo: ao chegar ao velório de um amigo falecido, não sei o que dizer aos seus
parentes enlutados. Apenas me aproximo e, de coração sincero, ofereço–lhes meu forte
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abraço. É suficiente. O gesto simbólico, nesse caso, torna-se mais expressivo e profundo
do que algumas frases pronunciadas sem emoção.
Símbolo e realidade
O símbolo torna presente a realidade. A criança ao ser batizada torna-se de fato novo
membro da comunidade cristã.
Os sacramentos todos, por sua própria definição - sinais sensíveis e eficazes da graça realizam o que anunciam. Assim quando o padre, no exercício do seu ministério, diz ao
penitente ‘eu te absolvo dos teus pecados...”, a absolvição realmente acontece. A graça
torna-se presente e o fiel fica liberto de suas faltas.
Gesto simbólico
O que dissemos sobre o símbolo vale também em relação ao gesto simbólico. A
diferença é pequena: símbolo é algo em geral imóvel, está fora de nós e podemos
observá-lo, ao passo que gesto simbólico envolve a atitude humana. Exemplos de
gestos simbólicos: o abraço, o beijo, uma passeata, uma procissão.
Os gestos simbólicos são mais abrangentes do que o símbolo, pois não necessariamente
incluem o símbolo. No Evangelho registram-se muitos gestos simbólicos. Lembremos
aquele leproso que se aproxima de Jesus e se prostra a seus pés pedindo que Jesus o
cure (cf. Mt 8,2).
Uma mulher enferma, sem dizer palavra alguma, tocou as vestes de Jesus, certa de que
ficaria curada. E ficou, de fato (cf. Lc 8,44).
Símbolos litúrgicos
Símbolos litúrgicos são veículos com os quais e pelos quais entramos em comunhão com
Deus e celebramos seus mistérios. Por exemplo, para os cristãos, o crucifixo não é
enfeite, mas nos recorda o mistério da paixão e morte de Jesus na cruz. Recorda-nos o
mistério da nossa redenção. Outro exemplo: se na celebração litúrgica utilizo o incenso
sobre brasas, aquela fumaça que se eleva me transporta em espírito até Deus. Como a
fumaça perfumada sobe e se espalha, assim minhas preces se elevam até o Senhor.
Somente a palavra - enquanto palavra de Cristo na Igreja - nos leva a entender o sinal
sacramental.
Livros litúrgicos
São livros que contêm os ritos e os textos escritos para a celebração.
A)
Missal Romano - livro usado pelo sacerdote para a celebração eucarística. O
Missal contém:
. Rito da Missa (partes fixas)
. Próprio do tempo - advento,natal, quaresma, tempo comum etc
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. Próprio dos santos
. Prefácios
. Orações eucarísticas
. Missas rituais – batismo, confirmação, profissão religiosa, etc
. Missas e orações para diversas necessidades – pelo papa, pelos bispos, pelos
governantes, pela conservação da paz e da justiça, etc
. Missas votivas – Santíssima Trindade, Espírito Santo, Nossa Senhora, etc
. Missa dos fiéis defuntos
No início, o Missal apresenta uma longa e preciosa introdução contendo as Instruções
Gerais sobre o Missal Romano e as Normas Universais para o Ano Litúrgico e o
Calendário.
B)
Lecionário – livro que contém as leituras para a celebração eucarística. Os
principais lecionários são:
•
Lecionário dominical – compreende as leituras para as missas dos domingos e
algumas solenidades e festas. Toda missa dominical apresenta três leituras, mais o
salmo responsorial; a primeira leitura, do Antigo Testamento (salvo no tempo pascal,
em que se lê Atos dos Apóstolos); a segunda, das cartas dos apóstolos ou do
Apocalipse; a terceira, do Evangelho. Para que haja uma leitura mais variada e
abundante da Sagrada Escritura, a Igreja propõe, para os domingos e festas, um
ciclo de três anos: A, B, C., Ao ANO A correspondem as leituras de são Mateus; ao
ANO B, as leituras de são Marcos mais o capítulo 6º de são João; ao ANO C as
leituras de são Lucas. O Evangelho de são João é geralmente proclamado nos
tempos especiais (advento, quaresma, tempo pascal) e nas grandes festas.
•
Lecionário semanal - contém as leituras para os dias de semana de todo o Ano
litúrgico. A primeira leitura e o salmo responsorial de cada dia estão classificados por
ano ímpar e ano par. O Evangelho é o mesmo para os dois anos.
•
Lecionário santoral – contém as leituras para as solenidades e festas dos
santos. Estão aí incluídas também as leituras para uso na administração dos
sacramentos e para diversas circunstâncias.
c)
Liturgia das horas – designação dada à oração de louvor da Igreja, que tem por
objetivo estender às diversas horas do dia a glorificação de Deus. Compreende quatro
volumes:
•
Volume I – Tempo do Advento, Natal e Epifania
•
Volume II – Tempo da Quaresma, Tríduo Pascal e Tempo da Páscoa
•
Volume III - Tempo Comum (1ª a 17ª semana)
•
Volume IV – Tempo Comum – (da 18ª a 34ª semana)
d)
RITUAIS
•
Ritual da confirmação
•
Ritual da iniciação cristã de adultos
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
•
Ritual da penitência
•
Ritual da unção dos enfermos e sua assistência pastoral
•
Ritual de exéquias
•
Ritual para batismo de crianças
•
Ritual da dedicação d igreja e de altar
•
Ritual de benção
•
Ritual de ordenação de bispos, presbíteros e diáconos
•
Ritual do matrimônio
•
Ritual para a Sagrada Comunhão fora da Missa
Cores Litúrgicas
A respeito das cores litúrgicas, transcrevo as normas das Instruções Gerais sobre o
Missal Romano:
a) O BRANCO – simboliza a vitória, a paz, a alma pura, a alegria. É usado nos ofícios
e missas do tempo pascal e do Natal; nas festas e memórias do Senhor, exceto as
da Paixão; nas festas e memória da Bem–aventurada Virgem Maria, dos Santos
Anjos, dos Santos não mártires, na festa de Todos os Santos, são João Batista,
são João Evangelista, Cátedra de São Pedro e Conversão de são Paulo.
b) O VERMELHO – simboliza o fogo, o sangue, o amor divino, o martírio. É usado no
domingo da Paixão (= domingo de Ramos) e na sexta-feira santa; no domingo de
Pentecostes, nas celebrações da Paixão do Senhor, nas festas dos Apóstolos e
Evangelistas e nas celebrações dos Santos mártires.
c) C) O VERDE – é a cor da esperança.É usado nos ofícios e missas do tempo
comum.
d) O ROXO – simboliza a penitência. É usado no tempo do advento e na quaresma.
Pode também ser usado nos ofícios e missas pelos mortos
e) O PRETO é símbolo de luto. Pode ser usado nas missas pelos mortos.
f) O ROSA simboliza a alegria. Pode ser usado no III domingo do advento e no IV
domingo da quaresma.
Nota: Quanto ao tempo do advento, hoje há uma tendência a se usar o violeta, em vez do
roxo, para diferenciá-lo do tempo quaresmal (penitência) e acentuar a dimensão de alegre
expectativa da vinda do Senhor. Nas missas pelos defuntos usa-se o roxo ou o preto.
CONCLUSÃO
Liturgia é um assunto inesgotável. Por isso, ao terminar a leitura
ou estudo destas páginas temos a sensação de estar apenas
engatinhando... Estamos, de fato. E ninguém quer parar nesse estágio.
O universo da liturgia é sublime demais e não podemos contentar-nos
com os primeiros passos: novos aprofundamentos deverão ser
buscados.
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Pastoral da Saúde – Santuário Nossa Senhora Aparecida
Para isso há livros apropriados e cursos especiais que vem em nosso auxílio. Importa
interessar-nos por eles ... e crescer.
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