PALAVRAS do GRAU 2

Transcrição

PALAVRAS do GRAU 2
PALAVRAS do GRAU 2
por el Q∴H ∴ Juan Carlos Poveda Velasco1
Bolivia
Existe uma lenda que afirma que havia um tempo em que o homem ao pronunciar uma
palavra mágica podia conseguir grandes proezas, façanhas maravilhosas; se diz que a
cobiça do homem fez com que esquecesse a forma de pronunciá-la e que com o estudo
consciencioso o homem voltaria a pronunciá-la corretamente.
João (1:1) diz: “No principio era o Verbo”, e está demonstrado que o Verbo ou a Palavra, por
virtude da ressonância universal, tem a propriedade de despertar o que está adormecido na
essência do Ser e que ao ser pronunciada corretamente desperta poderes ocultos em nossa
consciência2.
Pois então fica claro que a Palavra entre os Maçons não é e nem deve ser considerada como
algo sem importância, senão que a mesma tem um grande poder que nos permite desvelar o
imperceptível; pois então, por concordância lógica, devemos interpretar que as palavras de
cada grau não são resultado do acaso, e que elas, ao serem dadas, nos permitem descobrir e
nos acercarmos pouco a pouco da verdade absoluta, a essência primordial.
No grau de Companheiro Maçom, duas são as palavras que confirmam sua elevação efetiva
no caminho da verdade e do conhecimento: a Palavra de Passe e a Palavra Sagrada.
Refiramo-nos primeiro à Palavra de Passe. Esta palavra é de origem hebraica e sua
pronúncia é Sh∴ (como quando no mundo do profano se pede silêncio).
Esta palavra é mencionada na Bíblia em uma passagem que se refere à derrota que sofreram
as hordas ephraitas3 depois de haver passado o rio Jordão, para levar a guerra à terra de
Galaad. Conta-se que Jepthé, ao perseguir aos derrotados ephrateos, soube que não podiam
e nem sabiam pronunciar corretamente o som “Sh”, e, para evitar futuras invasões decidiu
aniquilar totalmente o inimigo, para o que as valeu de um meio muito simples:
Postou suas tropas cobrindo todos os vãos do Jordão e lhes deu a consigna de que, para
permitir a passagem de qualquer caminhante, este deveria pronunciar a palavra convencionada,
1
O original estava em espanhol. Pucci.
2
Não é estranho à ciência o fato de que os sons provocam ressonâncias nos objetos, inclusive no ser humano. Pucci.
3
Mantive os nomes conforme escritos no original. Pucci.
e ela foi nada menos que nossa atual palavra de passe, que começa com o som Sh.'. e que
deveria ser transmitida em idênticas circunstâncias, isto é, por sílabas. O resultado não se fez
esperar: posto que os quarenta e dois mil ephrateos dispersos, ao pretender regressar à sua
terra através desses caminhos, ao cruzar novamente o Rio Jordão, se encontraram com os
destacamentos ghilaeditas e não podendo dar corretamente a pronúncia da Palavra de Passe
foram aniquilados.
Notemos que no Grau de Aprendiz nos é ensinado a soletrar e logo a silabar e por isso a
Palavra que corresponde a esse primeiro grau se dá primeiro por letras e logo por sílabas. Em
troca, no grau de Companheiro, nos é ensinado somente a silabar e por isso a Palavra de
Passe deve ser dada por sílabas4.
Esta palavra de origem hebraica, Sh∴ tem duas traduções ou significados: “Espiga de Trigo e
Corrente de água”; e faz alusão esotérica a “numerosos como espigas de trigo” e “corrente
de água vivificante”.
Em primeiro lugar, nada mais formoso que a aspiração dos maçons de multiplicarem-se qual
espigas de trigo, fazendo chegar a cada rincão do mundo a verdade velada em seus
ensinamentos; e em segundo lugar, faz menção ao fato de que, igual à água que leva vida por
onde corre, nossa augusta Ordem leva vida e vigor aos seres humanos onde quer que eles se
encontrem.
Falemos agora da P.'. S.'. do Companheiro: esta faz alusão à terceira pessoa Aorista do
verbo hebreu KUN e significa “Estabelecer”, “estar firme”, “fundar”. A conjugação de KUN
está precedida no idioma hebreu original pela letra hebraica = I.*
‫י‬
*
Do artigo de José Schlosser “Esas Enigmáticas Columnas”: os judeus têm muitas formas de escrever
Deus, todas elas para tornar clara a utilização do nome sagrado (o Tetragramaton ‫ יהוה‬chamado assim por
suas quatro letras) que só podia pronunciar o Sumo Sacerdote nos Templos destruídos de Jerusalém: os
nomes mais comuns de Deus na Bíblia, são Adón, Adonai, El, Elión, Eloah, Elohim, etc. E quando se
encontram escritas as letras do nome sagrado, são substituídas no correr da leitura por alguma dessas
expressões. Coloquialmente, os judeus não praticantes, nem sequer usam essas substituições, utilizando
tradicionalmente “Ha Shem” (‫" = השם‬el nome”) o “El” ( ‫ = אל‬Dios). Por exemplo, “bendito seja
Deus” se dice “Barúj Ha Shem” =
‫רבוך השם‬, e
“graças a Deus” se diz “Todá la El” = ‫ללא‬
‫תודה‬.
Porém há outros nomes, - e eis aqui o que me parece importante, - que começam com algumas das letras do
Tetragramaton. Vejamos: o Nome Sagrado cujas letras formam o Tetragramaton é ‫( יהוה‬quatro letras);
uma primeira observação é que, quando dizemos Jehová estamos dando expressão verbal, ainda que
equivocada, ao Tetragramaton: a sílaba Je que temos marcado em vermelho que quer latinizar a letra
hebrea ‫ י‬deveria pronunciar-se e escrever-se no idioma español como Ié. N o s t e x t o s m assoréticos
(pontuados) o nome de Deus aparece com o agregado de vogais, assim: ‫ – יהוה‬que soletrado seria ié,
ho, vah. - e não Je, ho, vá con jota e nem sequer o ditongo com “a” Ia + vé utilizado pelos ingleses
que traduzem ‫ יהוה‬como “Yaweh”.
4
Evidente que a forma – soletrada ou silabada – deve obedecer às normas de cada Obediência. Pucci.
A palavra deve então pronunciar-se Iajin. A letra (iut) é o signo do nome impronunciável de Deus.
Portanto, a palavra deverá interpretar-se como “Ele estabelecerá”.
Segundo a Bíblia, muitos varões levaram este nome: por exemplo, no Gênesis, aparece como
o quinto filho de Simeon, filho de Jacó e pai dos Jachinitas – associação de homens justos.
Segundo as crônicas, se chamou assim também o chefe de uma família Sacerdotal, a quem
tocou ser o número 21 entre os 24 que tiveram a seu cargo o serviço do Templo de Jehová.
Porém, além da história, esta poderosa palavra convoca o Companheiro para que estabeleça
uma condição interna de firmeza total que lhe permita continuar no caminho da construção
de seu Eu e ao descobrimento do Eu Sou 5. Recordemos que a primeira sílaba da palavra é a
menção da essência divina…de iá (Él)… pelo que a palavra completa (a que começa com
ia...) expressa que a perseverança está na divindade e na ação da divindade. Então a palavra
deverá entender-se em um sentido mais amplo, com o significado de “Él estabelecerá minha
perseverança em Él”, isto é, que a perseverança deve estar no divino, no bem. Por isso o
significado mais extenso é “Él estabelecerá minha perseverança no Bem”.
Então a Palavra Sagrada do Companheiro não só se refere a uma condição interna senão
também a uma manifestação externa dessa condição. Reflete o que o Maçom deve buscar em
seu interior e ao mesmo tempo indica como ele deve atuar.
Portanto, a palabra Ja.’. é um tema simbólico que envolve uma profunda filosofía, dado que sua
interpretação nos conduz ineludivelmente aos temas que devem ser desenvolvidos pelo
Companheiro durante sua caminhada maçônica. Porém, também indica claramente que com sua
atuação deve contribuir de maneira consciente para o desenvolvimento, engrandecimento e
aperfeiçoamento das obras sociais, científicas e morais, que diretamente beneficiam a
Humanidade.
Bibliografía Consultada
∗
∗
∗
∗
∗
∗
5
BUTLER, J.A. Glryb. Manual del Compañero Masón.
TERRONES, Benitez. Los 21 Temas del Compañero Masón.
LAVAGNINI, Aldo. Manual del Compañero Masón.
Ritual de Emulación. Instrucción del Grado de Compañero.
ADOUM, Jorge. El Compañero y sus Misterios.
HURTADO, Amando. Nosotros los Masones.
O negrito é meu, pois há algo de muito profundo nesta afirmação. Pucci.