Caracterização da Pecuária Leiteira em Cinco

Transcrição

Caracterização da Pecuária Leiteira em Cinco
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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA
CARACTERIZAÇÃO DA PECUÁRIA LEITEIRA EM CINCO
COMUNIDADES DO MUNÍCIPIO DE ALTAMIRA-PARÁ
Hildete Fernanda Silva de Andrade
Altamira – Pará – Brasil
Outubro 2009
iii
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA
CARACTERIZAÇÃO DA PECUÁRIA LEITEIRA EM CINCO
COMUNIDADES DO MUNÍCIPIO DE ALTAMIRA-PARÁ
Hildete Fernanda Silva de Andrade
Orientador: Prof. Dr. Simão Lindoso de Souza
Trabalho de conclusão de curso,
apresentado a Faculdade de
Engenharia
Agronômica
da
Universidade Federal do Pará –
Campus Altamira, como parte dos
requisitos para obtenção do título
de Engenheiro Agrônomo.
Altamira - Pará
Outubro de 2009
iii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais José Antônio e Ana Alice em
reconhecimento pela ajuda e incentivo, ao meu irmão Raphael pelo
carinho e aos produtores Alvino Souza, Domingas de Jesus, Gersino da
Silva, Raimundo Linhares, Gilberto da Silva, Crispin Menezes, José da
Silva, Antônio Alves, Luciano Nogueira, Luíz da Silva e Antônio
Gonçalves e suas famílias, como também o meu orientador Simão
Lindoso de Souza.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, pelo dom da vida, eu que com o coração repleto de sonhos, inicio essa
longa jornada, venho agradecer-Te a conquista. Concedei-me a SABEDORIA para desempenhar
da melhor forma a minha missão; a CORAGEM pra enfrentar os desafios e a HUMILDADE para
reconhecer que sou eterna aprendiz.
Ao meu pai José Antônio e a minha mãe Ana Alice, que sempre acreditaram em mim e
me deram total apoio nas minhas decisões, sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos
de minha vida, que enxugaram minhas lágrimas nos momentos difíceis e sorriram comigo nos
momentos de felicidade.
Ao meu irmão Raphael, que sempre torceu pelo meu sucesso e me apoiou nos momentos
difíceis.
Ao meu orientador Simão, por ter acreditado no meu potencial.
Aos meus amigos e familiares que compreenderam minha ausência e distanciamento
durante esses anos de luta na Universidade.
Em especial aos meus avós Albertina, Elpídio, Nilva e Antônio (in memoriam), que
sempre torceram pelo meu sucesso e acreditaram em mim.
As minhas primas-irmãs Ariane, Danyelle e Karla, pelo incentivo, e pelo entusiasmo de
sempre lutar pelos objetivos.
Ao meu amigo Olivan Saraiva, pela colaboração em meu trabalho de campo.
As minhas amigas Glória Maria, Priscilla Talita, que me acompanharam durante toda vida
acadêmica, discussão, intrigas, risos, decepções, choros... . E também formando o meu grupo de
estudos.
Aos meus colegas, foram quatro anos e meio, mas parece que foi ontem. Sendo esses
vindos dos mais diversos lugares, fomos unidos por um sonho: ser engenheiros agrônomos!
Éramos muito diferentes: alguns mais tímidos outros mais expansivos. Aos poucos, fomos nos
aproximando segundo as afinidades de cada um. Vivemos bons momentos juntos, outros bem
difíceis, alguns até tensos. Muitas amizades foram desfeitas, novas foram construídas. Aos
poucos, fomos aceitando as nossas diferenças e aprendendo a conviver com elas. Alguns, mais do
que colegas, tornaram-se nossos amigos. Compartilharam conosco momentos de alegria,
entusiasmo, descontração, mas também de estresse, dúvida e decepção.
v
Aos professores que fizeram parte de minha formação acadêmica, aconselhando sempre o
melhor caminho a ser seguido.
Aos produtores acompanhados, nas comunidades Gaviãozinho; Maria Bonita; Monte
Santo; Aurora e São João Batista.
A todos os órgãos, entidades e organizações, que colaboraram com a turma 2004 de
Agronomia.
Meu muito obrigada!
vi
______________________________________________________SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1
2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................... 3
2.1. PECUÁRIA LEITEIRA NO BRASIL ..................................................................................... 3
2.2. A PECUÁRIA LEITEIRA NA AMAZÔNIA LEGAL............................................................ 4
2.3. A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA TRANSAMAZÔNICA ....................................... 7
2.4. PRÁTICAS DE MANEJO ....................................................................................................... 8
3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 11
3.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO........................................................................... 11
3.2. SELEÇÃO DAS FAMÍLIAS. ................................................................................................ 11
3.3. AS ENTREVISTAS ............................................................................................................... 11
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................ 13
4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS REBANHOS ............................................................................ 13
4.1.1. Padrão genético .................................................................................................................. 13
4.1.2. Composição do rebanho .................................................................................................... 14
4.2. CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ................................................. 15
4.2.1. Estrutura das Propriedades.............................................................................................. 15
4.2.2. Instalações .......................................................................................................................... 17
4.2.3. Pastagens ............................................................................................................................ 18
4.3. CARACTERIZAÇÃO DOS MANEJOS ............................................................................... 20
4.3.1. Manejo alimentar .............................................................................................................. 20
4.3.1.1. Sistemas de Pastejo e Manejos das Pastagens .................................................................. 20
4.3.1.2. Suplementação .................................................................................................................. 22
4.4. MANEJO SANITÁRIO ......................................................................................................... 22
4.5. MANEJO REPRODUTIVO ................................................................................................... 24
4.6. ORDENHA E PÓS-ORDENHA ............................................................................................ 25
4.7. PRODUÇÃO .......................................................................................................................... 27
4.8. COMERCIALIZAÇÃO.......................................................................................................... 27
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 30
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 32
ANEXOS ....................................................................................................................................... 36
ANEXO I ................................................................................................................................... 37
ANEXO II ................................................................................................................................. 42
ANEXO III ................................................................................................................................ 43
ANEXO IV ................................................................................................................................ 44
vii
_____________________________________________LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Composição genética dos rebanhos das propriedades. ............................................... 13
Quadro 2: Caracterização das propriedades estudadas ................................................................ 16
Quadro 3: Principais instalações existentes nas propriedades em estudo .................................... 18
Quadro 4: Caracterização das pastagens das propriedades estudadas ......................................... 19
______________________________________________LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Evolução da produção de leite no Brasil – (1997 – 2007). ............................................. 4
Figura 2: Evolução da produção de leite no Estado do Pará – (1997 – 2007). .............................. 6
Figura 3: Localização das comunidades envolvidas no estudo, no Município de Altamira no
Estado do Pará. ...................................................................................................................... 12
Figura 4: Número médio, mínimo e máximo das categorias de animais que compõem os
rebanhos das propriedades estudadas. ................................................................................... 15
Figura 5: Instalações típicas da atividade leiteira encontradas nas propriedades em estudo. A:
curral e; B: bezerreiro. ........................................................................................................... 17
Figura 6: Percentual de doenças mais comuns que acometem o rebanho leiteiro das
comunidades estudadas.......................................................................................................... 24
Figura 7: Ordenha manual com o bezerro ao pé da vaca ............................................................. 25
Figura 8: Recipientes (A: polietileno e B: metal) de armazenagem do leite no momento da
ordenha no curral ................................................................................................................... 27
Figura 9: Percentual das formas de comercialização do leite das comunidades estudadas ......... 28
Figura 10: Esquema representativo da cadeia de comercialização do leite ................................. 29
viii
CARACTERIZAÇÃO DA PECUÁRIA LEITEIRA EM CINCO COMUNIDADES DO
MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PARÁ
RESUMO: A pecuária leiteira desenvolvida pela agricultura familiar na região da
transamazônica é caracterizada por sua dupla aptidão e pela baixa produtividade dos animais,
possivelmente decorrente da utilização de animais com alto grau de mestiçagem de baixa aptidão
leiteira, alimentação deficiente e do ineficiente controle sanitário. Diante desse contexto, o
presente trabalho teve como objetivo, realizar a caracterização das práticas de manejo da pecuária
leiteira e avaliar os fatores que influenciam a produção de leite desenvolvida por agricultores
familiares, em onze propriedades agrícolas familiares, no município de Altamira, Estado do Pará.
As vacas apresentaram produção por lactação que varia de 960 a 1.200 litros, com um período de
lactação médio de 210 dias e produção média por dia de 4 a 5 litros. Alguns fatores devem ser
levados em consideração para essa baixa produtividade, como os sucessivos cruzamentos com
animais de baixa aptidão leiteira, a baixa qualidade da alimentação disponível e as estratégias de
produção dos produtores. Sendo assim, as práticas de manejo identificados nos produtores, estão
de acordo com os manejos encontrados na região da Transamazônica, em virtude da dinâmica de
exploração do gado na agricultura familiar.
PALAVRAS-CHAVE: Comercialização, Produção de leite, Práticas de manejo.
1
1. INTRODUÇÃO
A criação de gado foi e ainda é a mais incisiva atividade no processo de colonização da
Amazônia. Desde o início dos anos 90, a criação de bovinos ocupa um lugar cada vez mais
importante nos sistemas de produções complexos desenvolvidos pela agricultura familiar. Essa
dinâmica é particularmente forte nas fronteiras pioneiras da Transamazônica (FICHTJ &
TOURRAND, 2003).
A agricultura familiar é o sistema predominante no mundo inteiro, uma forma de
produção em que o núcleo de decisões, gerência, trabalho e capital é controlado pela família.
Entre os agricultores familiares, a pecuária de leite é uma das principais atividades
desenvolvidas, estando presente em diversos estabelecimentos classificados como de
economia familiar (ZOCCAL et al., 2005).
A Região da Transamazônica está inserida no contexto, pois colabora com o
crescimento da pecuária na região, que de acordo com o IBGE (2003), é detentora do terceiro
maior rebanho bovino do Estado do Pará, com fortes tendências de crescimento para os
próximos anos. A produção leiteira apresenta uma estreita relação com a agricultura familiar,
caracterizada pela criação de animais de dupla aptidão (carne e leite) resultantes do
cruzamento de animais mestiços euro-zebu, onde o leite é produzido em condição de pasto, a
baixo custo e não suplementando adequadamente as vacas.
A atividade leiteira tem um importante papel na sustentabilidade das propriedades
agrícolas familiares, tanto no autoconsumo, como na geração de renda, sobretudo diária. A
dupla aptidão leite e carne permitem inserir o produtor em dois circuitos distintos de
comercialização, ambos possuindo vantagens complementares. Essa atividade também permite
a diversificação da propriedade e a integração agricultura-pecuária, especialmente no uso de
subprodutos agrícolas na alimentação das vacas e do esterco na adubação dos cultivos
(VEIGA et al., 2006).
Os problemas enfrentados pelas famílias nesse tipo de produção são: a baixa
produtividade dos rebanhos e os baixos índices zootécnicos, conseqüentes do baixo padrão
genético dos rebanhos, da deficiente alimentação, que se restringe, na maioria das
propriedades, apenas em gramíneas, onde a pastagem, em alguns casos, é formada por uma
espécie (Brachiaria brizantha cv. marandu) e encontra-se em processo de degradação. Mesmo
2
sabendo desse entrave não podemos ignorar o potencial dos rebanhos, visto que mesmo
submetidos às condições da região, ainda produzem de 4 a 5 litros de leite/dia (SIMÃO NETO
et al., 1989).
Os baixos índices produtivos e reprodutivos têm sido atribuídos a vários fatores, dentre
os quais o uso ineficiente dos recursos naturais disponíveis, estresse pelo calor e por doenças,
alimentação não-compatível com as exigências do animal, manejo reprodutivo e sanitário
inadequados, assim como o baixo potencial genético dos rebanhos (GONÇALVES et al,.
2000).
O índice de produtividade do rebanho bovino brasileiro é baixo em produção de carne
e leite (MARQUES, 2003). Esta baixa produtividade é reflexo do nível tecnológico
empregado e do pequeno conhecimento do comportamento reprodutivo das raças indianas e
mestiças sob condições tropicais. Mesmo com fatores que limitam a criação, o rebanho
brasileiro representa o segundo maior na pecuária mundial em termos quantitativos.
As pastagens constituem-se a principal fonte de alimentação do rebanho bovino na
Amazônia. Com respeito ao manejo das pastagens, o maior desafio dos produtores é conseguir
manter o equilíbrio do complexo solo-planta-animal, maximizando a produtividade animal por
área, de forma econômica. Manter eficientemente esse equilíbrio requer o uso de práticas
apropriadas de manejo de pastagem (BENDAHAN & VEIGA, 2003).
No município de Altamira, localizado na região oeste do Estado do Pará, a atividade
leiteira é predominante junto aos produtores familiares, entretanto, a renda obtida por estes
agricultores individualmente varia bastante dependendo do modo como é conduzida a
atividade e sua forma de comercialização.
A importância desta atividade na agricultura familiar motivou a realização desta
pesquisa, para caracterizar e analisar as práticas de manejo, a produtividade da pecuária
leiteira, problemas e dificuldades nas comunidades estudadas. Os resultados deste trabalho
poderão ser um instrumento importante para subsidiar a ação dos próprios produtores, e desta
forma contribuir para políticas mais adequadas para agricultura familiar.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. PECUÁRIA LEITEIRA NO BRASIL
O leite e seus derivados representam uma das principais fontes de proteína e cálcio na
dieta da população brasileira, apresentando assim, grande importância nutricional. Seu preço,
geralmente acessível a classes de menor poder aquisitivo, contribui com o desenvolvimento
social e econômico por desempenhar papel relevante no suprimento de alimentos e na geração
de emprego e renda para a população brasileira (VICENTE NETO & GOMES, 2003).
O leite está entre os seis produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando
à frente de produtos tradicionais como café beneficiado e arroz. A cadeia produtiva e
comercial do leite e seus derivados desempenha um papel relevante no suprimento de
alimentos e na geração de emprego e renda para a população (CARVALHO et al., 2002).
Segundo Martins (2004), o Brasil é o sexto maior produtor mundial de leite, com uma
produção que corresponde a aproximadamente 4,5% do volume da produção mundial.
Ressalta ainda que o setor é responsável pela sexta maior produção bruta da agropecuária
nacional.
Ainda de acordo com o autor, num período de dez anos, a produção de leite cresceu a
uma taxa média anual de 4,5% ao ano, passando de 18,7 bilhões de litros em 1997 para 26,1
bilhões de litros em 2007 (Figura 1). Neste mesmo período, o aumento na produção de leite
ocorreu de forma significativa nas regiões de fronteira. Em 2002, o maior crescimento da
produção foi registrado na Região Norte, com um incremento de 325 milhões de litros,
superando o desempenho de regiões tradicionais na produção de leite.
Carvalho et al., (2002) registram que o significativo crescimento está associado ao
ganho na produtividade, além da abertura de novas fronteiras, como a Região do Cerrado, as
Regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba em Minas Gerais, e outras regiões emergentes
como Rondônia, Mato Grosso e sul do Pará.
Em 2007 foram produzidos no Brasil, 26,1 bilhões de litros de leite, 2,9% a mais que
em 2006. A produtividade média do rebanho nacional é de 1.237 litros/vaca/ano, embora
existam significativas diferenças regionais. Quanto ao volume de leite produzido, os principais
municípios são: Castro (PR), com 135,67 milhões de litros, Pompeu (MG) com 108,91
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milhões de litros e Marechal Cândido Rondon (PR) com produção de 106,0 milhões de litros
(IBGE, 2007).
Figura 1: Evolução da produção de leite no Brasil – (1997 – 2007).
Fonte: Embrapa- Gado de leite.
2.2. A PECUÁRIA LEITEIRA NA AMAZÔNIA LEGAL
O desenvolvimento e a prática da pecuária na Amazônia foram evidenciados a partir do
século XVII, nas áreas de pastagem nativa da Ilha do Marajó e do Baixo Amazonas,
considerados no início do século XX pólos pastoris da região, assim abasteciam em carne e
leite os grandes centros urbanos da borracha. Nas outras regiões do Estado do Pará, como sul e
sudoeste, longe dos grandes centros urbanos, a pecuária bovina abasteceu o mercado local em
carne e produtos leiteiros, sendo também usada como poupança no meio rural principalmente
por agricultores familiares (VEIGA, et al., 2003).
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A partir dos anos 70, com a colonização oficial da Região da Transamazônica1, a
pecuária foi expandida em novas fronteiras agrícolas no Estado do Pará, ganhando no decorrer
dos anos incentivos de políticas públicas como o Fundo Constitucional do Norte (FNO).
Segundo Tourrand et al., (2003), esses e outros fatores socioeconômicos e políticos,
aumentaram a prática da atividade nos estabelecimentos agrícolas da região, o que favoreceu
para que a pecuária se tornasse o principal sistema de uso da terra nas áreas de fronteiras
agrícolas.
De acordo com Veiga et al., (2006) nos últimos anos, a taxa de crescimento da
produção de leite da Região Norte é a que mais tem aumentado no País. No período de 1990 a
2001 essa taxa foi de 41,6% no Brasil sendo assim distribuído: pouco mais de 10% na Região
Nordeste, quase 24% no Sudeste, 59% no Sul e 91% no Centro-Oeste. No entanto, foi de
122,7% na Região Norte.
Zoccal et al., (2006) discorrem que o Estado do Pará está entre os estados que se
destacaram pelo crescimento da produção de leite. A produção leiteira anual está em torno de
270 milhões de litros, representando aproximadamente 40% da produção da Região Norte
(NETO et al.,2000). Em São Félix do Xingu, uma das regiões que mais produzem leite no
Estado, produzia 32 milhões em 1998, atualmente produz cerca 177 milhões de litros de leite
Zoccal et al., (2006). A Figura 2 apresenta a produção leiteira no estado do Pará no período de
1997 a 2007.
Para Carvalho et al., (2000) na região de fronteira agrícola da Transamazônica a
pecuária leiteira surgiu em grande parte devido à tradição dos agricultores nessa atividade,
mas também devido à necessidade de alimentação além de ser uma fonte de renda diária
importante no sustento das famílias.
Nascimento & Carvalho (2007) ressaltam que a pecuária leiteira praticada na região da
Transamazônica é considerada como uma das principais atividades dentro dos sistemas de
produção familiar. No entanto alguns fatores como os índices produtivos, a comercialização da
1
Região conhecida pelo mesmo nome da rodovia BR 230 que cruza o Pará de Leste-Oeste. A região está situada
no sudoeste do estado e compreende os municípios de Pacajá, Anapú, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio,
Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará.
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produção e investimentos no setor, estão desestimulando os produtores que dependem da
atividade.
Figura 2: Evolução da produção de leite no Estado do Pará – (1997 – 2007).
Fonte: IBGE, 2007.
Nascimento (2006) verificou no município de Brasil Novo-PA, no período de 2002 a
2003, que a produção leiteira, por ser uma atividade paralela, ainda não gera a principal fonte
econômica para muitos produtores, mas, complementa a renda familiar no fim do mês. Para
muitos produtores o leite ainda é considerado um subproduto do bezerro, que por sua vez
possibilita para as famílias uma renda equivalente ou até mesmo superior à venda do leite.
De acordo com o autor, tal fato se deve em parte ao baixo preço pago pelo litro do leite
na porteira. Aliado a isso, a falta de infra-estrutura na região como estradas e laticínios leva os
pequenos produtores a fazerem poucos investimentos na pecuária leiteira, resultando em baixa
produção.
Para Ferreira (2003) alguns dos pontos benéficos da atividade dizem respeito ao fato de
que a pecuária é pouco afetada pelas variações climáticas, não entra em conflito com as
atividades da produção vegetal. Somado a isso, ainda constitui um estoque vivo e móvel,
podendo se deslocar no momento da venda, fato importante nas condições precárias de
transporte enfrentadas na região da Transamazônica.
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Ludovino (2003) ressalta que a pecuária possui papéis importantes na viabilidade dos
sistemas, pois é essencial para acumulação de capital necessário para melhoramento da
propriedade. Além disso, é uma atividade menos exigente em mão-de-obra e que permite
valorizar uma maior área da propriedade.
No Estado do Pará, como em toda a Amazônia, a pecuária tem sido condenada por seus
opositores, devido às suas conseqüências negativas no âmbito social e ecológico
(desmatamento, concentração de terra, perda da biodiversidade e pequena contribuição ao
desenvolvimento regional). Isso se dá devido à ausência de políticas agrícolas voltadas a
sistemas de produção menos exigentes em terras e mais intensivos em outros fatores de
produção (mão-de-obra em particular). O processo da pecuarização na agricultura familiar e o
conseqüente desmatamento provavelmente têm pouca chance de serem revertidos. Outra
maneira de quebrar essa tendência seria desenvolver sistemas de produção cuja renda, da
pastagem ou da cultura, seja mais vantajosa que a derrubada da floresta (VEIGA et al., 2004).
2.3. A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA TRANSAMAZÔNICA
No início dos anos 90 a cadeia produtiva de leite da região Amazônica se apresenta
diante de um cenário competitivo. De acordo com estudos realizados por Ferreira, (1995) e
Tourrand et al., (1997), a produção leiteira na área de fronteira agrícola apresenta as seguintes
características: é uma atividade típica de agricultura familiar, a mão-de-obra familiar é
utilizada por cerca de 90% dos produtores, menos de 10% têm empregados permanentes, a
maioria das famílias mora nas propriedades, as áreas das propriedades geralmente têm
tamanho de um a dois lotes (50 a 100 ha), o tamanho médio do rebanho é de 24 vacas, com
produção que varia de 600 a 1.500 litros de leite ordenhado por lactação (6 a 8 meses) e
produção diária de 4 a 5 litros em uma ordenha.
Pôde ser observado que embora o tempo tenha passado as características dos sistemas
leiteiros desenvolvidos na região da Transamazônica, é a baixa produtividade média por vaca,
em torno de 4-5 litros por dia, historicamente atribuída à alimentação deficiente das vacas, em
termos de qualidade e ao baixo padrão genético do rebanho (Veiga et al., 2006).
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Para Nascimento & Carvalho (2007) a atividade é caracterizada pela baixa
produtividade, por animais de baixa aptidão que já passaram por inúmeros cruzamentos entre
as raças euro-zebu (alto grau de mestiçagem), pelos baixos índices zootécnicos e pela baixa
qualidade da alimentação fornecida aos rebanhos, que em geral é resumida apenas na forragem
produzida nas pastagens.
De acordo com Poccard-Chapuis (2003) as cadeias produtivas na região da
Transamazônica são geralmente pouco desenvolvidas devido a vários fatores: infra-estruturas
inadequadas, isolamento dos produtores, dificuldade de transporte e de conservação dos
produtos, falta de energia elétrica. Entretanto é evidente que tais cadeias influenciam
diretamente nas atividades dos agricultores familiares por não poderem obter renda a partir da
venda do leite.
Para Veiga (2004) mesmo que as condições de isolamento dificultem a coleta e o
escoamento da produção, o processo de urbanização das fronteiras agrícolas nos anos 80 levou
à implantação dos primeiros laticínios ao redor dos médios e grandes centros urbanos. Os
produtores de leite perceberam o crescimento da demanda local, impulsionada pelo aumento
da população e das atividades econômicas. Assim esses pequenos empresários optaram em
valorizar a produção, implantando os seus próprios laticínios.
2.4. PRÁTICAS DE MANEJO
Manejo é o conjunto de decisões e medidas tomadas pelo produtor com respeito aos
recursos de seu estabelecimento. No caso dos animais, manejo do rebanho engloba todas as
medidas que pode tomar o produtor com relação ao seu rebanho, por exemplo: como criar,
alimentar, realizar as coberturas, entre outras (KIRCHOF, 1994).
Para Láu (2000) a saúde intimamente interagida com a alimentação e a genética do
rebanho, forma a base sobre a qual se sustenta qualquer tipo de atividade pecuária,
especialmente a leiteira. Portanto de nada adianta pastagens de boa qualidade e rebanhos de
alto valor zootécnico, se não houver adequadas condições sanitárias.
O autor ressalta ainda que o bom estado sanitário dos rebanhos interfere de forma
direta na produção, principalmente de exploração leiteira. Isso porque animais saudáveis, além
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de garantirem uma boa produção de leite, não representam gastos adicionais com
medicamentos e serviços veterinários. Também não significam risco para a saúde pública, nem
para os outros animais do rebanho. Além disso, o baixo índice de animais doentes no rebanho
garante o menor número de mortes e de descarte do leite dos animais em tratamento,
impróprio para consumo devido os resíduos de medicamentos, especialmente antibióticos.
Carvalho et al., (2000) discorrem que muitos são os problemas sanitários dos rebanhos
na região da Transamazônica, na maioria dos casos não existe um tratamento profilático, nem
nos animais adultos nem nos bezerros. Todavia, em outros casos, é feita a vacinação dos
animais contra as principais doenças, como a febre aftosa e carbúnculo sintomático. A
vermifugação é feita pela maioria dos produtores, porém a época varia bastante.
Para Brito et al., (2003) a qualidade higiênica do leite é influenciada pelo estado
sanitário do rebanho, pelo manejo dos animais e pelos equipamentos utilizados durante a
ordenha. A presença de microrganismos e resíduos de medicamentos também altera a
qualidade sanitária do leite além de influenciarem no sabor e odor do leite. Por isso é de
fundamental importância se ter um controle higiênico-sanitário dos rebanhos e da ordenha
para garantir a composição ideal do leite e reduzir o risco de transmissão de agentes de
doença.
A prática da ordenha dos animais na região é realizada de forma manual e rudimentar,
sem as regras elementares de higiene, devido à ausência de instalações e equipamentos
adequados. Esse conjunto de fatores, muitas vezes, se torna o principal responsável pela baixa
qualidade do leite (CARVALHO et al., 2000).
Batalha et al., (2007) discorrem que a contaminação do leite na fazenda se dá a partir
de quatro fontes principais: o úbere infectado, a superfície do úbere e das tetas, as mãos do
ordenhador e equipamentos de ordenha ou de armazenamento de leite não higienizados
corretamente.
Gonçalves & Vieira (2002) recomendam que à medida que o leite for sendo ordenhado
deve ser filtrado em coadores de tela fina de 0,10 a 0,15 mm de abertura média, retirando-se
assim os detritos que eventualmente estejam nele. Todos os detritos e impurezas que entram
em contato com o leite são fortes fontes de contaminação e podem provocar fermentação na
matéria-prima. Com a filtração imediata, retira-se grande parte dessas impurezas, o que
diminui os focos de contaminação.
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Para obtenção de um leite de qualidade, são necessários: (a) realizar vacinações
periódicas para controle de doenças como febre aftosa e brucelose, entre outras; (b) realizar
exames periódicos para brucelose e tuberculose; (c) observar os animais em conjunto para
facilitar a identificação daqueles que apresentam sintomas de doenças, para tomar medidas de
controle rápidas; (d) realizar as vacinações e tratamentos contra carrapatos, vermes e bernes
nas épocas recomendadas, (e) seguir rigorosamente os períodos de carência recomendados
pelos fabricantes dos medicamentos. O período de carência é o tempo entre a aplicação da
medicação e o dia que o leite poderá ser utilizado para consumo (EMBRAPA, 2007).
Segundo Carvalho et al., (2002) as instalações destinadas a alojar o gado leiteiro
devem ser simples, eficientes, de baixo custo. Além de proporcionar aos animais condições de
conforto, espaço e proteção em um ambiente limpo, seco, e de boas condições sanitárias para
evitar doenças e permitir uma produção higiênica do leite. Além disso, devem ser localizadas
em área ampla, de fácil acesso, boa drenagem e relativamente distante de construções
particulares, para evitar possíveis problemas com doenças, moscas e odores.
No manejo alimentar o uso exclusivo da produção forrageira da propriedade não deve
ser a única forma alimentar do rebanho. Outras formas de suplementação para o gado em
regime de pasto são: o cultivo e o manejo de gramíneas de corte (capineiras), mais freqüentes
em sistemas leiteiros especializados, e o pastejo complementar com banco de proteína,
constituídos de áreas restritas de leguminosas e forrageiras cultivadas (VEIGA et al., 2004).
De acordo com Veiga et al., (1996) o manejo inadequado das pastagens pode produzir
como resultado grandes áreas degradadas ou em processo de degradação, possibilitando o
desequilíbrio biológico, com graves conseqüências para o meio ambiente e para a própria
atividade agropecuária. Atualmente, é evidente a necessidade da adoção de práticas de manejo
que tornem os sistemas de produção mais sustentáveis biologicamente e economicamente.
A pastagem não é suficiente para atender as necessidades nutricionais do gado, por
isso, o uso da suplementação mineral tem um papel fundamental no equilíbrio da dieta dos
animais em sistema de pastagem natural. A suplementação mineral proporciona maior
aproveitamento no ganho de peso por animal/área, como também é a forma de suprir os
animais com os nutrientes minerais necessários para corrigir as deficiências ou desequilíbrios
de sua dieta (MORAES, 2001).
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3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
As propriedades envolvidas nesse estudo localizam-se no município de Altamira,
situado na região da Transamazônica, no Estado do Pará. O estudo foi realizado em cinco
comunidades (Figura 2) totalizando onze propriedades agrícolas com produção leiteira, assim
distribuída: três propriedades na comunidade Gaviãozinho, uma propriedade na comunidade
Maria Bonita, uma na comunidade Monte Santo, duas propriedades na comunidade Aurora e
quatro na comunidade São João Batista. A pesquisa de campo foi realizada no período de
estudo foi de 20 de dezembro de 2008 a 04 de fevereiro de 2009.
Foi realizado previamente um levantamento do número de produtores de leite existente
nas comunidades em estudo e a escolha das mesmas deu-se em função de facilidade de acesso
à zona urbana.
3.2. SELEÇÃO DAS FAMÍLIAS
A seleção das propriedades envolvidas neste trabalho foi realizada por meio de visita
prévia e entrevistas informais com o intuito de identificar e selecionar os produtores leiteiros,
onde pôde ser observada diferença no número de famílias por comunidade, fator esse,
relacionado com o objetivo do estudo.
3.3. AS ENTREVISTAS
As entrevistas foram realizadas com o auxílio de questionários (Anexo I) elaborados
com base no objetivo da pesquisa. Englobam questões sobre um conjunto de fatores que
podem influenciar na pecuária leiteira. Os principais pontos abordados foram: criador e
propriedade (localização, identificação, ano de início da atividade, histórico da família, dentre
outros); infra-estrutura (instalações zootécnicas, composição do rebanho, pasto e tipo de
gramíneas); práticas de profilaxia sanitária (ingestão do colostro, desinfecção umbilical,
12
vacinações, vermifugações) e medidas zootécnicas (época de desmama, alimentação
suplementar).
O estudo de campo teve também o acompanhamento das atividades do produtor no
momento da ordenha, da armazenagem e da comercialização do leite e registro fotográfico de
algumas práticas e instalações.
Figura 3: Localização das comunidades envolvidas no estudo, no Município de Altamira no Estado do Pará.
Fonte: Fundação Viver, Produzir e Preservar, 2009.
13
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS REBANHOS
4.1.1. Padrão genético
Nos rebanhos das localidades estudadas é comum a criação de animais resultantes do
cruzamento de várias raças. Grande parte dos animais é mestiça de raças européias (como o
gado holandês) com raças zebuínas. Os produtores procuram selecionar os animais para o
duplo propósito, leite e carne, e por isso a presença do Gir também é bastante importante.
Foram encontrados também animais de raças variadas como: Indu-Brasil, Nelore, Caracu,
Girolanda e Simental.
Em vista da especialização na atividade leiteira, os produtores estão investindo na
compra de animais especializados na atividade, com o objetivo de melhorar geneticamente
seus rebanhos e aumentar a produção de leite. No Quadro 1 estão identificadas as raças
existentes nas propriedades e o tipo de touro utilizado.
Quadro 1: Composição genética dos rebanhos das propriedades.
Propriedade
01
Touros utilizados
Indu-Brasil, Gir e
Nelore
Item
Raça dominante das vacas
Cruzadas de holandês com InduBrasil
Outras raças
Cruzadas de Nelore, Gir
02
03
04
05
06
07
08
Nelore
Simental e Nelore
Holandês e Nelore
Nelore e Gir
Indu-Brasil e Gir
Nelore e Gir
Indu-Brasil, Gir e
Nelore
Sem raça definida
Cruzadas de holandês
Cruzadas de holandês
Sem raça definida
Cruzadas de holandês
Cruzadas de holandês
Cruzadas de holandês
Cruzadas de Simental, Nelore
Cruzadas de Nelore, Gir
Cruzadas de Nelore, Indu-Brasil
Cruzadas de Nelore, Gir
Cruzadas de Nelore, Gir
Cruzadas de Nelore, Gir
09
10
11
Holandês e Nelore
Holandês e Nelore
Nelore, Gir e Simental
Cruzadas de holandês
Cruzadas de holandês
Cruzadas de holandês
Cruzadas de Nelore, Gir
Cruzadas de Nelore, Gir
Cruzadas de Nelore, Gir e Caracu
14
Os produtores mudam as estratégias de condução do padrão genético de seus rebanhos
de acordo com suas necessidades (leite ou carne). Desse modo, os reprodutores são
substituídos a cada dois ou três anos para evitar o cruzamento com as filhas e a diminuição do
padrão genético do rebanho, procurando amenizar prejuízos relacionados à produção e às
exigências do mercado.
Apesar da utilização de raças com aptidão para carne os produtores tentam investir na
pecuária de dupla finalidade, com a utilização de touros cruzados de holandês e raças que
possuem características leiteiras. Essa estratégia é variável, dependente do mercado e dos
incentivos de produção. Assim, os frigoríficos, os laticínios, os comerciantes e os
atravessadores são constantemente abastecidos e, os produtores garantem suas atividades
diante do investimento na dupla finalidade da pecuária.
4.1.2. Composição do rebanho
O número de animais que compõem os rebanhos das propriedades varia de 09 a 400
animais. As vacas (em lactação e secas) representam apenas 35% dos rebanhos. Os
proprietários mantêm as fêmeas que nascem nas propriedades, para serem futuras matrizes e
produtoras de leite. Já os machos são vendidos com oito meses de idade, geralmente logo após
serem desmamados, para a recria e engorda em fazendas maiores. Foi observado que essas
estratégias têm como objetivo garantir que os produtores permaneçam sempre na cadeia, tanto
na produção de carne quanto na de leite.
A Figura 4 demonstra a amplitude da composição dos rebanhos das propriedades
estudadas com mínima, média e máxima por categoria de animais. Pela visualização do
gráfico é possível observar que existem propriedades com grandes números de animais,
caracterizando assim grandes produtores de bovinos.
15
Figura 4: Número médio, mínimo e máximo das categorias de animais que compõem os
rebanhos das propriedades estudadas.
4.2. CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
4.2.1. Estrutura das Propriedades
As propriedades em estudo apresentam pequenas e grandes áreas, variando entre 53 a
367 ha. Essas propriedades localizam-se a uma distância média de 18 km da sede do
município, sendo que a mais distante do centro urbano localiza-se a 28 km, e a mais próxima a
10 km. Em média as áreas são ocupadas por pastagens (58%), principal fonte alimentar do
rebanho. As demais coberturas vegetais são: mata que representa em média 18% da superfície
total, capoeira, com 21% e, por fim, as áreas ocupadas pelas culturas perenes e anuais, sendo
essas pequenas (3%).
As propriedades têm como principal atividade a criação do gado leiteiro, utilizam
principalmente a mão-de-obra familiar, embora trabalhadores sejam contratados em épocas de
maior demanda de trabalho, como roço de pasto, construção de cercas, épocas de vacinação,
dentre outros.
16
A atividade leiteira nessas propriedades assume um papel estratégico na diversificação
dos sistemas de produção. Funciona como meio de auto-sobrevivência, sendo uma importante
fonte de alimento para os membros das famílias, além de gerar divisas com o comércio do
leite e carne, este último pela venda dos bezerros. Dessa forma, os agricultores buscam
conciliar a produção de leite e carne através da criação de animais mestiços que são adaptados
à região, embora tenham baixo potencial leiteiro.
No Quadro 2 pode ser verificado que, nas propriedades estudadas, o cultivo de culturas
perenes, como o cacau, é mais freqüente. Isso ocorre devido essa cultura garantir maior valor à
terra. No entanto, há também culturas anuais como o arroz, milho e feijão, porém em menor
escala, devido os produtores optarem por comprar ao invés de cultivar.
Quadro 2: Caracterização das propriedades estudadas
Descrição
Propriedade
Localização
01
02
Monte Santo
Gaviãozinho
Área da
propriedade
(ha)
60
61
Mão-de-obra
Atividades
Familiar
Familiar
Familiar e
contratada
Familiar
Pecuária
Pecuária,
perenes e
anuais
Pecuária
03
Maria Bonita
100
04
Gaviãozinho
65
05
Gaviãozinho
53
Familiar e
contratada
06
07
Aurora
Aurora
250
120
Familiar
Familiar
08
São João Batista
300
09
São João Batista
300
10
São João Batista
330
11
São João Batista
367
Familiar e
contratada
Familiar e
contratada
Familiar e
contratada
Familiar e
contratada
Número de
vacas em
lactação
22
20
30
Pecuária e
perenes
Pecuária,
perenes e
anuais
Pecuária
Pecuária
09
Pecuária e
perenes
Pecuária e
perenes
Pecuária e
perenes
Pecuária
25
08
26
40
17
45
47
17
4.2.2. Instalações
As instalações encontradas nas propriedades foram os cochos, onde é fornecida a
suplementação mineral para o gado e o curral dispondo apenas de bezerreiro, que é uma baia
onde os bezerros ficam apartados das vacas (Figura 5). Os materiais utilizados na estrutura dos
currais de modo geral são: cerca com régua de madeira, coberto com telha de cimento e
amianto e o piso de chão batido.
Figura 5: Instalações típicas da atividade leiteira encontradas nas propriedades em estudo. A: curral e; B:
bezerreiro.
Foi constatado nos currais a presença de lama, esterco, urina, calor excessivo e
umidade, o que permitia a ploriferação de moscas, atraídas pelo material fecal, além de poder
causar contaminação do úbere das vacas e do leite. Essas condições sanitárias são contrárias às
recomendadas por Carvalho (2002), que indica que as instalações devem proporcionar aos
animais condições de conforto, que seja um ambiente limpo, seco, e que tenham boas
condições sanitárias para evitar doença e contaminações do leite no momento da ordenha.
Em 81% das propriedades estudadas o curral não possui energia elétrica, e em
nenhuma propriedade há fonte de água próximo ao curral. A limpeza do mesmo é realizada em
média duas vezes ao mês e varia de acordo com o volume de esterco acumulado no curral.
18
No Quadro 3 estão listadas as principais instalações leiteiras existentes nas
propriedades estudadas.
Quadro 3: Principais instalações existentes nas propriedades em estudo
Produtores
Curral
Curral com divisões, coberto em
partes
Curral com divisões, coberto em
partes
Curral sem divisão, todo coberto
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
Curral com divisões, coberto em
partes
Curral com divisões, coberto em
partes
Curral com divisões, coberto em
partes, corredor para vacinação,
embarcadouro
Curral com divisões, coberto em
partes
Curral com divisões, coberto em
partes
Curral com divisões e todo coberto
Curral com divisões, coberto em
partes, corredor para vacinação,
embarcadouro
Curral com divisões, coberto em
partes, corredor para vacinação, brete
de contenção, embarcadouro, balança
Instalação
Bezerreiro
Com apenas uma baia
Cocho
Dois cochos cobertos
Com apenas uma baia
Um cocho coberto
Com apenas uma baia
Dois cochos cobertos
Não possui.
Um cocho coberto
Com apenas uma baia
Um cocho coberto
Com apenas uma baia
Três cochos cobertos
Com duas baias
Dois cochos cobertos
Com apenas uma baia
Três cochos cobertos
Com apenas uma baia
Com apenas uma baia
Quatro cochos cobertos
Três cochos cobertos
Com apenas uma baia
Quatro cochos cobertos
4.2.3. Pastagens
As principais espécies de gramíneas utilizadas nas pastagens são: Braquiara brizantha
cv. capim-braquiarão, que é o tipo de gramínea que predomina as pastagens das propriedades,
e Panicum maximum cv. mombaça e tanzânia, porém em menor quantidade nas propriedades
conforme o Quadro 4.
As propriedades 01, 03, 05 e 06 apresentam a menor diversificação de pastagens em
relação às outras propriedades, por terem a pastagem formada exclusivamente pelo capim
braquiarão. Essa prática, embora muito comum na região, não é indicada devido favorecer o
desenvolvimento de pragas e doenças, além do sistema alimentar do rebanho ficar restrito em
19
apenas um tipo de forragem, o que para Veiga et al., (2004) é prejudicial, quando explica que
o uso exclusivo de gramíneas nas pastagens não deve ser a única forma de alimentar o
rebanho, devendo ser melhorada através do uso de capineiras e do banco de proteínas com
leguminosas, para garantir uma melhor produção.
Em geral as propriedades estudadas têm áreas de pastagem subdivididas, com uma
variação de 03 a 15 piquetes, havendo sempre uma subdivisão próxima ao curral destinada às
vacas em lactação. Nas outras subdivisões mais distantes são colocados o gado de corte e as
vacas leiterias secas. De acordo com os produtores a dificuldade de acesso aos pastos mais
distantes dificulta a condução dos animais, o que inviabiliza algumas práticas de manejo com
necessidade de maior freqüência.
Pôde ser observado ainda que as pastagens ocupam boa parcela da área total das
propriedades. Esse fator pode ser resultado do aumento da atividade pecuária bovina na
região, que é caracterizada pela necessidade de abrir novas áreas de mata para a implantação
de pastos.
Quadro 4: Caracterização das pastagens das propriedades estudadas
Itens
Propriedade
Percentual
da área de
pastagem
83
Subdivisões
Forrageira
principal
Outras
forrageiras
01
Área de
pastagem
(ha)
50
-
Aluga
pasto de
vizinhos
Não
Aluga pasto
da
propriedade
Não
04
Braquiarão
02
22
36
06
Braquiarão
Mombaça
Sim
Não
03
60
60
13
Braquiarão
-
Não
Não
04
30
46
06
Braquiarão
Tanzânia
Não
Não
05
30
56
03
Braquiarão
-
Sim
Não
06
110
44
06
Braquiarão
-
Não
Não
07
90
75
04
Braquiarão
Mombaça
Sim
Não
08
148
49
06
Braquiarão
Mombaça
Sim
Não
09
138
46
09
Braquiarão
Mombaça
Não
Não
10
280
84
15
Braquiarão
Mombaça
Não
Não
11
207
56
06
Braquiarão
Mombaça
Sim
Não
20
4.3. CARACTERIZAÇÃO DOS MANEJOS
4.3.1. Manejo alimentar
4.3.1.1. Sistemas de Pastejo e Manejos das Pastagens
O sistema de pastejo adotado nas propriedades difere em primeiro lugar pelo número
de piquetes que cada uma possui e pelo tamanho da área, em segundo, pela condução dos
animais solteiros e das vacas em lactação e estratégias de exploração. Os sistemas de pastejos
encontrados foram o rotacionado e o contínuo.
Para Oliveira & Faria (2006) o pastejo rotacionado é caracterizado pela mudança
periódica e freqüente dos animais, de um piquete para o outro, de forma sucessiva, voltando ao
primeiro após completar o ciclo da planta forrageira. Nesse sistema de pastejo é necessário um
número de piquetes que permita a rotação. Também pode ser caracterizado pela utilização da
área com a eliminação da ocorrência de pastejo seletivo, uma vez que controla a intensidade
da pressão de pastejo. Os animais ao pastejarem uniformemente na área, na saída do lote
animal, a pastagem deve apresentar a mesma altura. Com isso, favorece a rebrota vigorosa e
rápida, pois sempre haverá uma reserva uniforme de área foliar para promover a fotossíntese.
Isto não se observa quando há um super pastejo, pois a pastagem ocorre de forma irregular e
rebrota ocorre nos pontos de crescimento de pouca reserva o que leva a pastagem a um atraso
de rebrota.
Nas propriedades 02, 03, 04, 06, 08, 09, 10 e 11 é realizado o pastejo rotacionado, no
qual os animais permanecem um determinado período num piquete e em seguida são
conduzidos a outro, com intervalo de tempo que depende da disponibilidade de forragens dos
pastos, do número e área dos piquetes. Neste sistema procura-se ajustar o pastejo aos hábitos
de crescimento das plantas, permitindo períodos de descanso e recuperação dos pastos.
O pastejo contínuo consiste em deixar que os animais pastejem durante todo o ano, ou
durante vários anos na mesma área. As variações neste sistema de pastejo referem-se à lotação
fixa ou variável. Diversas práticas podem ser adotadas para aumentar sua eficiência e
promover maiores produções de produto animal com oportunidades de melhoramento
21
crescente das condições da comunidade vegetal (MORAIS, 1995 apud OLIVEIRA & FARIA,
2006).
O pastejo contínuo é adotado nas propriedades 01, 05 e 07, que têm de três a quatro
subdivisões de pastagem. A presença de subdivisões na pastagem não implica necessariamente
que o sistema seja rotacionado uma vez que este último sistema leva em consideração ainda
outros fatores. Neste sistema os produtores fazem o rodízio dos animais durante o ano nas
subdivisões das pastagens, forma essa encontrada para que as pastagens possam ser
recuperadas. Esse tipo de pastejo possibilita ao animal o pastejo seletivo, o que é prejudicial às
pastagens, ocasionando superpastejo próximo aos cochos, aguadas e currais deixando outras
áreas em subpastejo, o que implica em perda de forragem.
No presente sistema de pastejo é condicionado a todo o rebanho, no entanto, há
separação das vacas em lactação dos animais de corte, estes últimos, geralmente ficam
isolados em uma área nos fundos das propriedades.
O sistema de pastejo adotado pelos produtores tem por objetivo dar melhores
condições às vacas em lactação e melhorar o uso dos recursos forrageiros disponíveis na
propriedade. Já que o sistema contínuo apresenta maior carga animal que o rotacionado, pelo
fato das áreas de pastagens manejadas de forma rotacionada terem um planejamento de
lotação e tempo de pastejo.
A inadequada utilização da pastagem pode provocar sua degradação, possibilitando a
invasão de plantas indesejáveis, não-forrageiras, comprometendo a alimentação do rebanho.
O controle das plantas daninhas nas pastagens é feito pelos proprietários com o roço
manual, uma vez ao ano entre os meses de julho a agosto. O controle feito uma única vez ao
ano não é suficiente para manter os pastos limpos de invasoras, segundo o relato dos
agricultores. Devido a isso, os produtores 03, 04, 05 e 09, além do roço, também realizam a
queima, entre os meses de outubro a dezembro, para diminuir a incidência e renovar suas
pastagens. O principal motivo que leva os produtores a não queimarem os pastos como forma
de controle de ervas está em função da proibição de queimadas e da fiscalização do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA).
22
4.3.1.2. Suplementação
Os produtores restringem a alimentação dos seus rebanhos com o uso de gramíneas e
suplementação mineral básica. Não utilizam capineiras e nem banco de proteínas nas
pastagens, que são considerados por Veiga et al., (2004), fatores importantes na alimentação
do rebanho leiteiro, pois disponibilizam forragens de melhor valor nutritivo aos animais,
servindo como um complemento na alimentação.
Suplementação Mineral
Em todas propriedades estudadas é utilizada a suplementação mineral como
complemento da alimentação dos animais, embora não seja adequadamente balanceada e em
quantidades ideais de micro e macronutrientes. Esta limitação pode ser explicada pela carência
de assistência técnica aliada à carência de produtos adequados no mercado regional.
Além disso, a suplementação mineral não é fornecida periodicamente aos animais, o
que contribui para o surgimento de doenças causadas pela deficiência. O suplemento
vitamínico é um recurso pouco utilizado pelos produtores, a não ser nos casos em que os
animais apresentem aparência fraca e doentia.
As marcas comerciais da suplementação mineral utilizadas pelos produtores são:
Matsuda, Fosbov 40 , Pontefox e o Altafox. Todos os produtores fornecem a mesma
quantidade de sais minerais na proporção de 3 sacos de sal comum (25 kg) para 1 saco de sal
mineral comercial (20 kg). Esta proporção não está de acordo com o indicado pelo fabricante
que é de 1:1. Assim, o produtor está fornecendo ao seu rebanho basicamente o sal comum e
não atendendo as necessidades minerais dos animais, o que pode causar doenças carenciais.
4.4. MANEJO SANITÁRIO
De acordo com Carvalho et al., (2000) muitos são os problemas sanitários dos
rebanhos na região da Transamazônica, sendo um dos principais a falta de vacinação dos
animais contra as principais doenças, como a febre aftosa e o carbúnculo sintomático. Os
produtores realizam medidas preventivas como a vacinação dos animais para evitar a
23
incidência de doenças. Os tratamentos das principais doenças (Tabela 1) são realizados de
acordo com as recomendações e calendários de vacinação, exemplo, contra a febre aftosa, são
realizadas duas vacinações por ano e, contra o carbúnculo sintomático é feita a vacinação de
todos os animais com idade inferior a 12 meses, duas vezes ao ano. A vermifugação é feita
pela maioria dos produtores em estudo, no entanto há uma variação na época.
Tabela 1: Forma de controle das principais doenças e percentual de produtores que adotam as medidas de
manejo sanitário.
Doença
Controle
Aftosa
Vacina
Percentual de produtores que
realizam o tratamento
100
Brucelose
Vacina
80
Carbúnculo Sintomático
Vacina
100
Raiva
Vacina
63
Mal das oito pestes
Vacina
100
Verminoses
Medicamento
100
Mamite
Medicamento
0
De acordo com relatos dos produtores as doenças mais freqüentes que acometem os
rebanhos são: intoxicação provocada por erva (36%); timpanismo2 (20%); diarréia (13%);
brucelose (15%); e a mamite (16%) (Figura 6).
2
Timpanismo também conhecido por empanzinamento é um distúrbio metabólico de animais ruminantes, que
está associado a fatores que impedem que o animal elimine gases produzidos durante a fermentação ruminal. É
caracterizado pela distensão do rúmen e retículo, no que acarreta um quadro de dificuldade respiratória e
circulatória, com asfixia e morte do animal.
24
Figura 6: Percentual de doenças mais comuns que acometem o rebanho leiteiro das
comunidades estudadas.
Fonte: Dados da pesquisa
Os produtores não consideram que a mamite seja perigosa, mas vale salientar que esta
doença influencia diretamente na produção de leite das vacas, podendo danificar as glândulas
mamárias e as tetas.
Nos bezerros recém nascidos, na cura do umbigo é aplicado somente cicatrizante com
repelente para evitar os insetos e a infecção, ocorre também o fornecimento do colostro, que é
de grande importância nos primeiros dias de vida. Nesse período os bezerros ficam por volta
de oito dias no curral separado da mãe, sendo colocados para mamar duas vezes ao dia, até
que tenham condições de sair para o pasto.
Outra prática realizada nos bezerros é a descorna, que é feita entre dois a quatro meses
de idade, onde são retirados os chifres dos animais. Os produtores afirmam que animais
descornados são mais fáceis de serem manejados e têm mais aceitação no mercado.
4.5. MANEJO REPRODUTIVO
A reprodução é caracterizada pela monta natural e pela separação dos animais leiteiros
dos animais de corte. Nessa separação ocorre a utilização de touros especializados para cada
25
atividade. Ou seja, na leiteira é feita a monta com touros mestiços (alto grau sanguíneo da raça
holandesa e girolanda) de raças com aptidão leiteira. Por outro lado para a finalidade corte são
utilizados touros da raça Nelore e Indu-Brasil com aptidão pra carne.
4.6. ORDENHA E PÓS-ORDENHA
Em todas as propriedades estudadas, a ordenha é realizada pelos produtores de forma
manual, nos currais com o bezerro ao pé da vaca (Figura 7). As vacas ficam no piquete
próximo ao curral à espera para serem ordenhadas e os bezerros ficam presos no bezerreiro
(estrutura que fica dentro do curral). No momento em que a vaca vai ser ordenhada, os
bezerros são soltos de um a um para serem amarrados ao pé da vaca para estimular as
glândulas mamárias para a liberação do leite. Após a vaca ser ordenhada é solta junto com o
bezerro no pasto.
A
B
Figura 7: Ordenha manual com o bezerro ao pé da vaca
Os produtores adotam uma única ordenha diária, sendo essa feita no período da manhã
que varia entre 02:00 às 08:00 horas. O horário da coleta do leite é outro fator complicado no
que se refere à qualidade do leite, pois, geralmente, é efetuada entre as 06:30 às 09:30 horas e
chegam ao consumidor ou no laticínio em torno de 07:00 até 10:00 horas no período de
26
estiagem e entre 07:30 às 10:30 horas no período chuvoso. Esse longo período que o leite fica
acondicionado nos latões, sem resfriamento para conservação, leva a uma queda de qualidade
do produto inicial e final do atravessador e principalmente do laticínio em conseqüência do
horário.
Os produtores não realizam assepsia das mãos antes da ordenha, e a limpeza do úbere é
feita com um pedaço de tecido ou com o próprio pêlo do rabo da vaca. Fatores que se
encontram dentro das principais fontes de contaminação do leite descritos por Batalha et al.,
(2007).
Segundo Gonçalves & Vieira (2002) o processo de filtragem do leite deve ser iniciado
no momento da ordenha com coadores de tela fina de 0,10 a 0,15mm de abertura média,
retirando os detritos e as impurezas que estão em contato com o leite, os quais são fontes de
contaminação que diminuem sua qualidade. No entanto, nas propriedades tais processos não
são realizados conforme o indicado: após a ordenha, o leite é coado em um tecido e
acondicionado em tambores de polietileno e transportado em temperatura ambiente para ser
comercializado. E mesmo após a filtragem foi possível observar impurezas como: carrapato,
fezes das vacas, moscas e pêlos dentro dos latões.
No processo de higienização dos utensílios (balde e tambor) utilizados na ordenha, não
é usado água quente e sim água corrente e sabão. A secagem é feita com um pano, logo após
deixam o tambor destampado para não suar, evitando assim, que o leite coalhe. Essa lavagem
é realizada na casa do produtor em tanque ou jirau e a água que é utilizada no processo de
limpeza dos utensílios é originada de poço e ou cacimba e não recebem nenhum tipo de
tratamento.
O acondicionamento do leite nas propriedades se dá em baldes de PVC3 e em latões de
polietileno ou metal, que ficam armazenados no curral (Figura 8) até o momento que o
atravessador procede o transporte numa motocicleta até o consumidor e o laticínio de
Altamira.
3
Policloreto de vinila.
27
A
B
Figura 8: Recipientes (A: polietileno e B: metal) de armazenagem do leite no momento da ordenha no curral
4.7. PRODUÇÃO
A produção leiteira anual média por vaca está em torno de 950 a 1.200 litros. O
período de lactação varia de seis a nove meses. A produção média diária por vaca é de 4-5
litros, sendo que a produção média diária por propriedade é de 92 litros. Vários são os fatores
que justificam essa baixa produtividade do rebanho, principalmente a baixa qualidade da
pastagem, a falta de uma mineralização adequada e a baixa qualidade genética do gado.
Segundo informações dos proprietários, há uma diferença entre o volume da produção
no período de estiagem e no período chuvoso, sendo que neste a produção é maior devido às
chuvas, aumentando assim a biomassa de gramínea no pasto, já na época da estiagem o
volume da produção é menor devido menor biomassa do pasto.
4.8. COMERCIALIZAÇÃO
A proximidade entre a fonte produtora (propriedades estudadas) e o mercado
consumidor favorece grandemente a comercialização. A Figura 9 mostra as principais formas
de comercialização do leite. O leite é comercializado nas seguintes formas: entregue ao
atravessador, ao laticínio, ao comércio local e diretamente ao consumidor.
28
Figura 9: Percentual das formas de comercialização do leite das comunidades estudadas.
Quando o leite é comercializado diretamente pelo produtor ao consumidor, em
qualquer forma de pagamento, o preço do litro varia de R$ 1,00 a R$ 1,30. O valor do litro do
leite vendido pelos produtores aos atravessadores varia de R$ 0,40 a R$ 0,50. Essa variação é
devido às formas de pagamento entre o atravessador e o produtor, sendo o valor de R$ 0,40
quando pago semanalmente e R$ 0,50 quando pago mensalmente. Já o preço do litro de leite
entregue pelo atravessador ao comércio é de R$ 0,80 e o valor vendido ao consumidor é R$
1,00. O laticínio compra o leite do produtor diretamente na propriedade e paga pelo litro entre
R$ 0,40 e R$ 0,50. Essa diferença de valor é também devido à forma de pagamento: R$ 0,40/L
para os produtores que recebem o pagamento a cada três dias e R$ 0,50/L para os que recebem
o pagamento quinzenalmente. O valor que o laticínio paga em cada frete da motocicleta é de
R$ 19,00. O valor do litro de leite pasteurizado vendido pelo laticínio no comércio local é de
R$ 1,20.
Além do leite vendido in natura, os produtores 08, 09, 10 e 11 produzem queijo em
pequena escala para a venda e para o consumo familiar. São necessários dez litros de leite para
um quilo de queijo.
Pode ser observada na Figura 10 a cadeia de comercialização do leite e do queijo.
29
R$ 1,00 a 1,30/litro
R$ 0,40 a 0,50 /litro
(leite)
R$ 0,40 a 0,50 /litro
R$ 0,40 a 0,50 /litro
ATRAVESSADOR
ATRAVESSADOR
LATICÍNIO
R$ 0,80/litro
R$ 1,00/litro
R$ 1,00 a 1,30 /litro
COMÉRCIO
R$ 1,00/litro
COMÉRCIO
R$ 1,50/litro
________________________________________________________________________________________
PRODUTOR
Venda de queijos na cidade
(queijo)
Figura 10: Esquema representativo da cadeia de comercialização do leite
Fonte: Pesquisa de campo
R$ 8,00/kg
CONSUMIDOR
PRODUTOR
30
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a dinâmica de exploração e os manejos adotados na criação de gado na
agricultura familiar da região, os índices produtivos identificados no estudo, estão de acordo
com as médias da região da Transamazônica.
A produção leiteira é diferenciada de acordo com as performances das vacas em
lactação, decorrência das características individuais e da grande variação genética existente
entre os animais mestiços. Sendo que os fatores ligados à alimentação, sanidade e estratégias
de produção, também influenciam diretamente na produção.
Mesmo levando em consideração a diversidade racial dos animais existentes nas
propriedades estudadas, pôde ser observado que não há diferenciação das práticas de criação
que possam influenciar na produção leiteira dos rebanhos.
Os produtores realizam boa parte das regras básicas da produção pecuária em seus
rebanhos, como o fornecimento do colostro e a cura do umbigo dos bezerros, entre outras,
possibilitando aos produtores uma garantia de qualidade de seu produto final.
No entanto, quando se refere à qualidade do leite produzido, ainda está longe de
alcançar melhorias dentro dos estabelecimentos estudados. Para isso os produtores teriam que
adotar algumas medidas como: a limpeza adequada do úbere da vaca; a lavagem das mãos
antes e depois da ordenha; melhorar as condições de armazenamento do leite nas
propriedades; os órgãos responsáveis pela vigilância sanitária teriam que capacitar os
produtores.
Fator que desestimula os produtores é o baixo preço pago pelo laticínio e atravessador,
no litro de leite (R$ 0,40 a 0,50) dependendo da forma de pagamento que pode ser semanal,
quinzenal ou mensal.
Um dos principais responsáveis pela estratégia dos produtores trabalharem com a dupla
finalidade é o mercado da região, que não oferece incentivos para a intensificação da produção
leiteira da agricultura familiar.
Ainda assim, a pecuária de dupla aptidão praticada pelos produtores traz maior
estabilidade para os estabelecimentos, já que passam a diversificar seu sistema de criação com
a exploração do leite e da carne. No entanto, a atividade leiteira dos rebanhos é vista como
31
importante pelos produtores, gerando um incremento na renda familiar e disponibilizando um
alimento rico em proteína.
Uma das primeiras características da produção na Transamazônica é a baixa
produtividade relacionada ao baixo nível tecnológico dos sistemas leiteiros desenvolvidos
pelos produtores. Ter um padrão tecnológico com produtividade média por vaca em torno de
quatro a cinco litros de leite diários pode parecer uma desvantagem. No entanto, os produtores
conseguem essa produtividade a custos de produção baixíssimos. Em condições amazônicas, a
pastagem é logicamente a base de produção. Como pôde ser observado que, a pastagem é o
único insumo do sistema.
Pôde ser constatado que nas propriedades em estudo não há diferença na produção de
leite e nem nas práticas de manejo adotadas pelos produtores, em relação com o tipo de
pastejo seja ele o rotacionado ou o contínuo.
32
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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pecuária leiteira no Brasil. Juiz de Fora-MG: Embrapa Gado de Leite, 2006. 1ª edição.
(circular técnica, 88).
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ANEXOS
37
ANEXO I
QUESTIONÁRIO DE CAMPO
Data da visita: ____/____/______
N˚ do questionário: ___________
Nome do Produtor: ___________________________________________
Propriedade: ________________________________________________
Comunidade: _____________________________
Km: ____________
1- FAMÍLIA/ESTABELECIMENTO
a. Qual a origem da família?
b. Em que ano iniciou a criação de gado? Como adquiriu os animais?
QUADRO 1 - Tamanho das áreas da propriedade.
Mata
Pasto
Capoeira
Culturas
(perenes)
Culturas
(anuais)
Área total
QUADRO 2 - Composição da família.
Nome
Parentesco
Idade
(anos)
Atividade desenvolvida
Mora no Lote
c. Contrata mão-de-obra destinada para criação dos bovinos? Quantos? Período do ano?
d. Qual o tipo de sistema de criação?
(
) rotativo
( ) continuo
( ) confinamento
e. Possui alguma renda extra ou fixa (não agrícola)? Qual o tipo?
f. Aluga pasto? Da propriedade? De vizinhos?
2- ESTRUTURA DO REBANHO
a. Qual a raça do reprodutor?
b. Qual a raça das vacas/novilhas?
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QUADRO 3 - Análise das categorias.
Categoria
Quantidade
Aptidão (Leite, Corte, Reprodução)
Reprodutor
Vaca em lactação
Vaca seca
Novilhas
Garrote
Bezerros (as)
Total
3- MANEJOS E PRÁTICAS
3.1- Alimentar
a. Fornece algum tipo de suplemento alimentar? Qual?
b. Fornece algum suplemento mineral? Qual? Qual a proporção? Qual freqüência?
c. Qual a gramínea fornecida para os animais?
d. Quantos piquetes têm na propriedade? E qual a gramínea existente em cada um?
e. Faz o controle do número de animais por cada piquete? Qual a quantidade?
f. Como é feita a limpeza dos pastos? (aplicação de agro-químicos, roço, broca, queima e
outros).
g. Caso tenha queimado o pasto, quando foi à última queima? Qual a freqüência?
3.2- Reprodutivo
a. Há uma área reservada para as vacas que vão parir e para as que já pariram? Onde?
b. Qual o tipo de reprodução?
c. Como é feita a seleção das matrizes?
d. Compra matrizes melhoradas ou tourinhos?
e. Utiliza algum outro reprodutor de vizinhos? Por qual razão?
3.3- Sanitário
a. Tipos de doenças mais comuns que acomete ou acometeu o rebanho?
b. Utiliza algum antibiótico? Qual?
c. Para que faz o uso de antibióticos nos animais?
39
d. Obedece ao tempo de carência após a vacinação e medicamentos como antibióticos
(quantos dias após a vacinação faz a ordenha)?
e. Faz o exame de brucelose e tuberculose no rebanho?
f. Faz o controle da vermifugação?
QUADRO 4 - Tratamento preventivo.
Vacina
Época de Vacinação
Observações
Aftosa
Brucelose
Botulismo
Carbúnculo sintomático
Raiva
3.3.a - Parto e ordenha
a. Faz a cura do umbigo nos bezerros recém nascido?
b. Fornece o colostro para os bezerros? Por quanto tempo?
c. Qual a idade do desmame do bezerro?
d. Qual o local de realização da ordenha?
e. Faz exame de mastite nas vacas?
f. Usa a caneca telada ou de fundo preto?
g. O que faz com o leite das vacas que tem mastite? Em que ordem são ordenhadas?
h. Qual o material que utiliza para coar o leite?
i. Qual o período de carência entre o colostro e o consumo do leite?
j. Faz higienização do úbere das vacas antes da ordenha? Qual é o processo de
higienização utilizado?
k. Faz higienização dos utensílios utilizados do processo da ordenha? Que tipo de
higienização?
l. Qual o processo de higienização dos latões? Usa água quente?
m. Qual o material do tambor ou latão que é utilizado para a armazenagem e a
comercialização do leite (metal ou plástico)?
40
n. Qual a origem da água que é utilizada no processo da limpeza dos animais e utensílios?
Recebe algum tipo de tratamento?
3.4- Condução dos animais
a. Qual é o horário da apartação dos bezerros?
b. Quantas vacas estão sendo ordenhadas no momento?
c. Qual o horário que inicia a ordenha?
d. Onde fica o leite até ser vendido?
3.5- Instalações
a. Quais as instalações existentes na propriedade?
b. Como é a estrutura dessas instalações? Qual o material que foi utilizado?
c. Qual é o tipo de piso de cada instalação?
d. Têm fonte de água próxima as instalações?
e. Tem energia elétrica nas instalações?
f. É realizada a limpeza dessas instalações? Como e qual a freqüência?
3.6- Comercialização (dados de 2008)
3.6.a – Produtor
a. Para quem comercializa a produção do leite?
b. Quem comercializa?
c. Qual o preço (R$) do litro de leite comercializado (comunidade, cidade, laticínio e
atravessador)?
d. Caso não comercialize todo o leite qual é o destino do que não foi comercializado?
e. Quantos dias na semana comercializa o leite?
f. Há diferença na produção de leite durante o inverno e o verão?
g. Faz algum beneficiamento do leite? Qual?
h. Qual o destino desse produto beneficiado? Caso comercializa qual o valor R$ vendido?
41
QUADRO 5 - Produção diária de leite.
Vendido (litros)
Consumo familiar (litros)
Quantidade total (litros)
3.6.b - Atravessador
a. Nome do atravessador?
b. Como comercializa o leite?
(
) diretamente ao consumidor em domicílio
(
) ao laticínio
(
) ao comércio
c. Qual o preço (R$) do litro de leite comercializado? comercializado (comunidade,
cidade, laticínio e atravessador)?
d. Qual o tipo de transporte utilizado para a comercialização do leite?
42
ANEXO II
Padrão racial dos rebanhos
43
ANEXO III
Processo de filtragem do leite
44
ANEXO IV
Transporte utilizado para a comercialização do leite