Principais causas de condenação de bovinos registradas pelos

Transcrição

Principais causas de condenação de bovinos registradas pelos
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE AGRONOMIA
Principais causas de condenação de bovinos
registradas pelos serviços de inspeção em frigoríficos do
município de Altamira-PA, no período de Janeiro de
2007 a Dezembro de 2008
Glória Maria Lopes Araújo
ii
Altamira-PA, Julho de 2009
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE AGRONOMIA
Principais causas de condenação de bovinos
registradas pelos serviços de inspeção em frigoríficos do
município de Altamira-PA, no período de Janeiro de
2007 a Dezembro de 2008
Glória Maria Lopes de Araújo
Orientador: Prof. Dr. Simão Lindoso de Souza
Trabalho apresentado para conclusão do Curso
de Agronomia, a faculdade de agronomia da
Universidade Federal do Pará.
iv
Altamira - PA, Julho de 2009
AGRADECIMENTOS
A Deus por ser tão grandioso e fortalecedor nos momentos difíceis.
Aos meus pais, sem os quais minha vida perde o sentido. Apoiadores incondicionais
das minhas escolhas me ensinaram que, pelos objetivos, lutamos o tempo que for necessário.
Aos meus irmãos, Jussara e Bruno, companheiros de todas as horas. A admiração de
vocês pelo que sou me dá forças para lutar ainda mais.
Ao Professor Simão Lindoso de Souza, cuja orientação foi fundamental para a
realização deste trabalho.
Aos Professores Rainério, Sebastião Augusto, Djair e Plácido, e professoras Soraya,
Carla e Maristela. Mais do que professores, grandes amigos.
Ao pessoal dos Frigoríficos e Adepará (Dr. Ozias) por toda a atenção e apoio recebidos
durante o período de pesquisa.
Aos meus amigos da Turma de Agronomia 2004. Agradeço por terem relevado meus
estresses e me escutado nos momentos em que mais precisei. Em especial aos meus amigos
Priscilla Talita (Pri), Hildete Fernanda (Fernandinha) e Leandro Borges por me ensinarem uma
porção de coisas novas e por tornarem meus dias nos estágios mais alegres, e por me
incentivarem a jamais desistir dos meus sonhos. Como fazer bons amigos? Viva intensamente
cada momento ao lado deles...
A todos que, de certa forma, acreditam no meu potencial e àqueles que, direta ou
indiretamente, contribuíram para a conclusão de mais esta etapa em minha vida.
Minha gratidão à UFPA, de onde recebi a estrutura para minha formação.
v
vi
“O degrau de uma escada não serve simplesmente para que alguém permaneça em cima dele,
destina-se sustentar o pé de um homem pelo tempo suficiente para que ele coloque o outro um
pouco mais alto”.
Thomas Huxley
______________________________________________________SUMÁRIO
I - INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
II - REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................2
II.1 A Pecuária no Brasil.............................................................................................. 2
II.2 A Pecuária na Amazônia Legal..............................................................................5
II.3 A Pecuária e os Problemas Ambientais ................................................................7
II.4 Cadeia Produtiva de Bovinos da Região da Transamazônica................................8
II.5 Manejo .................................................................................................................. 9
II.6 Sanidade do Rebanho..........................................................................................11
III – MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................14
IV - Resultados e Discussão .......................................................................................... 16
IV.1 Etapas ante mortem e pos mortem realizadas com os animais nos frigoríficos. 16
IV.2 Animais abatidos................................................................................................ 19
IV.3 Animais condenados...........................................................................................20
IV.4 Causa das condenações...................................................................................... 22
V - CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................28
VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................29
ANEXOS........................................................................................................................34
Outras Causas de Condenações Realizadas no Frigorífico A em 2007......................35
Outras Causas de Condenações Realizadas no Frigorífico B em 2008.....................35
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS CAMINHONEIROS......................................36
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS VETERINÁRIOS RESPONSÁVEIS PELOS
SERVIÇOS DE INSPEÇÃO NOS FRIGORÍFICOS............................................................ 37
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Evolução do rebanho bovino brasileiro - (1996 – 2006)..................................2
Figura 2 – Evolução do abate de cabeças de gado no Brasil – (1996 – 2006).................3
Figura 3 – Evolução das exportações totais brasileiras de carne bovina em milhões de
US$ - (1996 – 2006).....................................................................................................................3
Figura 4 – Etapas ante mortem e pos mortem realizadas com os animais nos
frigoríficos..................................................................................................................................18
Figura 5 – Número total de animais abatidos e número de animais abatidos em cada
frigorífico (2007 – 2008)............................................................................................................19
Figura 6 – Número total de condenações e número de condenações realizadas por
frigorífico (2007 – 2008). ..........................................................................................................20
Figura 7 – Destino das carcaças condenadas de acordo com o grau de aproveitamento
....................................................................................................................................................21
Figura 8 – Ocorrência e causas de condenações realizadas no frigorífico A (2007)......22
Figura 9 – Ocorrência e causas de condenações realizadas no frigorífico B (2008)......24
Figura 102 – Uso de choque elétrico no manejo pré-abate e animal apresentando lesão
em uma das fazendas visitadas.
.....................................................................................27
viii
LISTA DE SIGLAS
PNEFA – Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa.
FNO – Fundo Constitucional de Financiamento do Norte.
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
ADEPARÁ - Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará.
SIF – Sistema de Inspeção Federal.
SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia.
ix
RESUMO
Principais causas de condenação de bovinos registradas pelos serviços
de inspeção e frigoríficos do município de Altamira-PA, no período de
Janeiro de 2007 a Dezembro de 2008
A pecuária bovina é uma atividade de grande importância na microrregião de Altamira,
e o conhecimento sobre alguns entraves dentro do segmento é de grande valia para que os
setores a ele ligados possam ter medidas que elevem a qualidade de seus produtos, além de
incentivar a formulação de políticas públicas mais eficientes para o setor. Neste sentido este
estudo propôs mostrar as principais causas de condenações de animais bovinos registradas em
dois frigoríficos localizados no município de Altamira-PA no período de janeiro de 2007 a
Dezembro de 2008. Os dados foram obtidos a partir de registros feitos em mapas de abate
diário e relatórios semanais e anuais, que são preenchidos pelos médicos veterinários
responsáveis pelo Serviço de Inspeção e encaminhados ao Ministério da Agricultura. Os
resultados obtidos mostraram que as principais causas de condenação de animais decorrem de
doenças como brucelose e tuberculose, consideradas zoonoses bastante comuns, além de lesões
como hematomas, abscessos e contusões provocadas pelo inadequado manejo pré-abate dos
animais. De acordo com os resultados é visível a necessidade de uma melhor atenção técnica e
governamental para as causas das condenações e a importância do Serviço de Inspeção que
atua não somente como órgão fiscalizador, mas como detentor de dados sobre patologias de
uma região, colaborando para elaboração de medidas preventivas. Além da responsabilidade
dos órgãos competentes de garantir condições para o escoamento da produção.
PALAVRAS CHAVE: Bovinos, Frigoríficos, Patologias.
1
I - INTRODUÇÃO
Com a necessidade de povoar os grandes vazios demográficos da região norte, o
Governo Federal, nas décadas de 60 e 70, construiu as rodovias Belém-Brasília, a atual BR364 e a Transamazônica (BR-230), além de estabelecer o Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (INCRA) e fomentar outros organismos de colonização, fatores estes, dentre
outros, que contribuíram com a expansão da pecuária (BARROS et al., 2002).
No início dos anos 90, a criação de bovinos passa ocupar um lugar cada vez mais
importante nos sistemas de produção desenvolvidos pela agricultura familiar e fazendeiros,
sendo essa dinâmica particularmente forte nas fronteiras pioneiras da Transamazônica
(FICHTL & TOURRAND, 2003).
A cadeia de carne bovina ocupa posição de destaque no contexto da economia rural
brasileira, ocupando vasta área do território nacional e respondendo pela geração de emprego e
renda de milhões de brasileiros. O conjunto de agentes que a compõe apresenta grande
heterogeneidade: de pecuaristas altamente capitalizados a pequenos produtores empobrecidos,
de frigoríficos com alto padrão tecnológico, capazes de atender a uma exigente demanda
externa, a abatedouros que dificilmente preenchem requisitos mínimos da legislação sanitária
(BUAINAIN & BATALHA, 2007).
Nas últimas décadas a bovinocultura de corte brasileira vem passando por extensas
transformações devido à competição com outras fontes de proteína animal, bem como à
adequação da cadeia produtiva às exigências do mercado interno e externo e também em
função de problemas de ordem sanitária que envolvem o rebanho (OLIVEIRA, 2006).
As questões sanitárias são de grande importância no âmbito comercial para produtos de
origem animal. É crescente a preocupação de que estas devam se tornar barreiras freqüentes
para alguns criadores que não conseguem atingir qualidade nos produtos. Tais exigências
podem tirar da cadeia produtores que não conseguem desenvolver regras básicas em setores
como o de alimentação, manejo sanitário e transporte, considerados critérios relevantes de
viabilidade da cadeia produtiva e comercial.
O conhecimento sobre as patologias encontradas em bovinos abatidos em uma
determinada região e que causam prejuízos aos criadores é de grande valia para detectar pontos
negativos da cadeia passíveis de modificações. A identificação dessas patologias permite a
elaboração e adoção de medidas, inclusive de orientação a produtores e políticas públicas que
visem à prevenção de zoonoses1, já que muitas enfermidades possuem importância econômica
1
Doenças de animais transmissíveis ao homem e vice versa.
2
e em saúde pública. Dessa maneira, este trabalho propôs um estudo das principais causas de
condenações de animais bovinos registradas em dois frigoríficos localizados no município de
Altamira-PA no período de janeiro de 2007 a Dezembro de 2008.
II - REFERENCIAL TEÓRICO
II.1 A Pecuária no Brasil
A pecuária ocupa posição de destaque na economia nacional. Mundialmente, o Brasil
classifica-se como o terceiro em tamanho de rebanho bovino e em produção de carne,
antecedido nessas estimativas pela Índia e Estado Unidos, respectivamente (ANUALPEC,
2005 citado por SOARES, 2006).
Segundo dados do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (2006), no período de 1996
a 2006 o crescimento do rebanho brasileiro foi contínuo, passando de 153,1 milhões de
2000
2001
199,1
170,6
1999
200,3
164,3
1998
197,8
159,2
1997
189,1
157,8
1996
179,2
156,1
220
200
180
160
140
120
100
80
60
153,1
Milhões de cabeças
cabeças para 199,1 milhões de cabeças, (figura 01).
2004
2005
2006
40
20
0
2002
2003
Anos
Figura 1- Evolução do rebanho bovino brasileiro - (1996 – 2006).
Fonte: Conselho Nacional da Pecuária de Corte citado por ABIEC 2006.
Ainda Segundo dados do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (2006) a taxa de
abate (percentual em relação ao total do rebanho) de gado bovino também apresentou aumento
ao longo do período de 1996 a 2006, indicando melhorias na produtividade do setor, passando
de 20,25% para 22,28%. Desempenho favorável, quando se avalia ao concomitante
3
crescimento do rebanho bovino no mesmo período e quando se analisa o número de animais
abatidos (figura 2), no ano de 1996 foram abatidas 31 milhões de cabeças de gado, em 2006,
35,5
1999
2000
2001
2002
2003
44,4
33,8
1998
43,1
32,5
1997
41,4
31,3
37,6
30,2
1996
29,1
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
31
Milhões de cabeças
esse número chegou a 44,4 milhões de cabeças abatidas.
2004
2005
2006
Anos
Figura 2 – Evolução do abate de cabeças de gado no Brasil – (1996 – 2006).
Fonte: Conselho Nacional da Pecuária de Corte citado por ABIEC 2006.
Com o maior rebanho bovino do mundo para fins comerciais, o Brasil se tornou o
maior exportador mundial de carne bovina, graças ao aumento da produção, caracterizada pelo
baixo custo, o que permitiu a ampliação dos mercados destinatários das exportações
(BARBOSA & MOLINA, 2006). A figura 03 demonstra em dólares, que o valor dos produtos
comercializados pelo país evoluiu de US$ 440 milhões em 1996, para US$ 3,8 bilhões em
2006 (CONSELHO NACIONAL DA PECUÁRIA DE CORTE, 2006).
4000
3.8
00
,0
0
3500
33
3.0
2.4
57
,3
0
2500
2000
1500
1999
2000
2001
0
07
,3
1998
1.1
78
6,3
1997
22
,50
78
4,7
1996
1.0
58
8,5
0
43
6
500
44
0
1000
1.5
09
,70
Milhões de US$
3000
2002
2003
2004
2005
2006
Anos
Figura 3 – Evolução das exportações totais brasileiras de carne bovina em milhões de
Fonte: Conselho Nacional da Pecuária de Corte citado por ABIEC 2006.
US$ - (1996 – 2006)
4
Brandão (2007) ressalta que a partir de 1996, o crescimento da exportação de carne
bovina começou a ser contínuo, aumentou o número de pedidos nos frigoríficos, e com o bom
planejamento e expansão do rebanho, foi possível dar garantias aos importadores. Outros
fatores responsáveis por levar o Brasil à liderança mundial nas exportações de carne bovina
foram o investimento de algumas empresas em marketing, a criação do Sistema Brasileiro de
Identificação de Origem de Bovinos e Bubalinos (SISBOV) pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), Boi Verde (produção de pasto natural e ecológica) e Plano
Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) também criado pelo MAPA.
Machado (2007) destaca que o Brasil era o sétimo maior exportador em 1997, e atingiu
em 2004, o primeiro lugar no ranking mundial de exportadores de carne bovina, tal
desempenho se deu mesmo diante de ocorrências sanitárias registradas não somente no Brasil,
mas também em outros grandes países importadores e exportadores de carne bovina.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007), através
da pesquisa da pecuária municipal, os maiores rebanhos bovinos estão em Mato Grosso
(representando 12,9% do gado nacional), seguido de Minas Gerais (11,3%) e Mato Grosso do
Sul (10,9%).
De acordo com a Embrapa (2006) em termos de evolução do efetivo do rebanho,
entre os anos 1993 e 2000, a Região Norte apresentou o maior crescimento no período, com
um incremento de 43,6%; a Região Centro-Oeste cresceu 14,3%; a Região Sul 2,2%; a
Região Nordeste 0,2% e a Região Sudeste decresceu 2%. O crescimento das
Regiões Norte e Centro-Oeste está entre os maiores do mundo.
Ainda
de acordo com
a Embrapa
a
expansão da pecuária
na Região
Norte ocorreu pela potencialidade da região, pela expansão da fronteira agrícola na Região
Centro-Oeste do pqwaís, pelos preços mais baixos da terra e pelos incentivos fiscais e
creditícios oferecidos pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e
pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO). E mesmo com baixo nível de
implementação tecnológica, precária rede de transporte, pouca assistência técnica, precário
sistema de abate e industrialização e a falta de um rebanho geneticamente superior que são
barreiras à competitividade da região, a atividade se tornou um importante setor gerador de
renda e empregos.
Para Quadros (2005), mesmo a bovinocultura de corte sendo considerada uma atividade
de grande importância, os sistemas de criação predominantes são caracterizados por baixos
5
índices zootécnicos, em conseqüência da precária nutrição, dos problemas sanitários, do
manejo ineficiente e do baixo potencial genético dos animais.
Os sistemas de criação de gado de corte podem ser classificados, de modo geral, como
sistema extensivo (pastagem), semi-intensivo (semiconfinamento) e intensivo (confinamento).
O sistema extensivo consiste em criar os animais soltos no pasto, a base da alimentação do
rebanho é a pastagem e as instalações são simples. O sistema semi-intensivo consiste em
manter o rebanho no pasto e reforçar a sua alimentação em regime de confinamento parcial,
quando necessário. No sistema intensivo os animais são separados em lotes e encerrados em
piquetes ou currais com área restrita, onde os alimentos e água necessários são fornecidos em
cochos (BRAGATTO, 2008).
II.2 A Pecuária na Amazônia Legal
No período de 1997 a 2007 o rebanho bovino dos estados que compõem a Amazônia
Legal cresceu 77,4% frente ao crescimento de 23,7% do rebanho brasileiro. Estados como
Pará, Rondônia e Acre tiveram crescimentos superiores a 100%. Entre dezembro de 2003 a
dezembro de 2006, os estados que compõem a Amazônia Legal foram responsáveis por,
aproximadamente, 96% do crescimento do rebanho bovino brasileiro, números equivalentes a
quase 10 milhões de cabeças. O Oeste do Tocantins, além do Sul e Sudeste do Pará, Sudeste de
Rondônia e Mato Grosso são as regiões de maior concentração do rebanho bovino nas
microrregiões da Amazônia Legal (SMERALDI & MAY, 2009).
Para Smeraldi & May (2009), a valorização das terras no sul e sudeste do Brasil
contribuiu para deslocar a pastagem rumo ao Norte, mas hoje pode se observar um processo de
aumento dos preços da pastagem nas principais regiões de pecuária da Amazônia, reduzindo a
vantagem da migração, em relação aos anos recentes.
De acordo com pesquisa da pecuária municipal realizada pelo IBGE (2000) a
participação das dez principais microrregiões do estado do Pará ocorre da seguinte forma:
Redenção (18,6%), São Félix do Xingu (14,9%), Conceição do Araguaia (10,3%),
Paragominas (9,5%), Parauapebas (7,7%), Altamira (7,5%), Santarém (4,4%), Guamá (4,0%),
Itaituba (4,0%) e Marabá (3,7%).
Barros (2002) discorre que o rebanho paraense está basicamente concentrado na região
sudeste do estado, e que isto pode estar condicionado ao fato de que tais regiões foram as
primeiras a serem exploradas pela ação extrativista das madeireiras e do garimpo. Após o
6
processo extrativista, a pecuária tornou-se a melhor opção econômica da região. As
microrregiões de Redenção, São Felix do Xingu, Conceição do Araguaia, Paragominas e
Parauapebas são responsáveis por criar 61% do rebanho paraense, cerca de 6,26 milhões de
animais.
Na região da Transamazônica 2, a pecuária bovina teve maior expansão nos anos 90
devido a financiamentos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO),
destinado a agricultura familiar, e por na época proporcionar um retorno pequeno, mas seguro
aos agricultores já que a queda do preço das culturas perenes aliada à inflação não estava
dando o retorno esperado (VEIGA et al,. 2003).
De acordo com Ferreira (2003) alguns dos pontos benéficos da atividade, diz respeito
ao fato de que a pecuária é pouco afetada pelas variações climáticas, não entra em conflito com
as atividades da produção vegetal e ainda constitui um estoque vivo e móvel, podendo se
deslocar no momento da venda, fato importante nas condições precárias de transporte
enfrentadas na região da Transamazônica.
Ludovino (2003) ressalta que a pecuária possui papéis importantes na viabilidade dos
sistemas, pois é essencial para acumulação de capital necessário para melhoramento da
propriedade. Além disso, é uma atividade menos exigente em mão-de-obra e que permite
valorizar uma maior área da propriedade.
Um rebanho bovino de 20 a 25 vacas, se bem manejado, é um componente forte do
sistema de produção diversificado na agricultura familiar, já que proporciona de 15 a 20
bezerros por ano, ou seja, de um a dois salários mínimos por mês, segundo estudos realizados
por FICHTL & TOURRAND (2003).
Para VEIGA et al. (2003), a garantia de vender um bezerro a qualquer dia, em qualquer
lugar e a um preço razoável, fez com que a pecuária se tornasse uma solução para numerosos
pequenos agricultores, sobretudo em face ao fracasso de outras alternativas produtivas como a
pimenta-do-reino devido a presença de doenças. Porém, o fato de existir mercado para seus
produtos não significa necessariamente que a pecuária propicia renda elevada, um fator
considerado como relevante é o retorno seguro e rápido apesar de ser pequeno.
2
Região situada no sudoeste do estado do Pará, delimitada pelos municípios de Pacajá, Anapú, Vitória do
Xingu, Senador José Porfírio, Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará.
7
II.3 A Pecuária e os Problemas Ambientais
Nos últimos anos, a preocupação ambiental tem assumido importância cada vez maior
para a população brasileira e, particularmente, para os gestores públicos, para as diversas
organizações da sociedade e para a mídia. Esta preocupação em nosso país é ainda mais
relevante no caso da Amazônia, onde a área desmatada aumentou de 300 mil Km² em 1980
para 430 mil Km² em 1990, alcançando 730 mil Km² em 2008. Em números relativos, nesse
mesmo período, o aumento foi de 6,0% para 15,0% do território amazônico brasileiro
(MIRAGAYA, 2008).
De acordo com Barioni (2007) a economia mundial vem apresentando forte tendência
de crescimento dos países em desenvolvimento e grande expansão no mercado de carnes. Em
relação à carne bovina, o Brasil é com grande importancia para o abastecimento internacional,
a expansão da bovinocultura de corte apresenta aspectos positivos do ponto de vista
socioeconômico empregando mais de seis milhões de pessoas e contribuindo anualmente com
US$
5
bilhões
para
as
exportações do país, sem considerar produtos de couro bovino.
Entretanto, a expansão da pecuária sobre as áreas de vegetação nativa do Pantanal, do Cerrado
e da Amazônia, além da degradação das áreas já utilizadas, se constitui em ameaça ambiental.
Além disso, multiplicam-se fora do país, particularmente nos Estados Unidos e na Europa,
pressões contra a carne bovina brasileira, com argumentos ligados aos problemas ambientais
na cadeia produtiva.
Segundo Zem et al, (2008), o rebanho bovino do Brasil é estimado em cerca de 191
milhões de cabeças de gado ocupando mais de 172 milhões de hectares. Diante desses
números, a pecuária tem sido apontada como uma das atividades que mais prejudicam o meio
ambiente, devido ao principal meio de produção adotado no Brasil ser o sistema extensivo, que
se caracteriza pelo baixo investimento em formação e manutenção de pastagem.
A pecuária extensiva consolidou-se no Brasil devido à grande disponibilidade de terra e
a alta volatilidade financeira que estimulou o investimento em terra e gado como reserva de
capital, particularmente nas décadas de 70 e 80. Entretanto, a conjuntura atual é marcada pela
estabilidade econômica, expansão de outras atividades agrícolas, restrições cada vez maiores à
expansão das áreas de pastagens e preocupação crescente com o impacto ambiental da pecuária
de corte (BARIONI et al., 2007).
De acordo com Buainain & Batalha (2007) as pressões para reduzir o desmatamento e
controlar a ocupação da Amazônia podem ter impactos na cadeia de carne bovina, uma vez
que existe um deslocamento da atividade pecuária para o norte do País. Cada vez mais os
8
consumidores estão preocupados em consumir produtos oriundos de cadeias produtivas que
adotam práticas ambientalmente corretas e socialmente justas.
Conforme Sarmento (2004), na Amazônia a agricultura familiar desenvolve um sistema
de produção bastante diversificado, composto por culturas anuais e perenes, associados à
pecuária de leite e de corte, sendo a produção de leite e de carne baseada exclusivamente no
uso das pastagens. No entanto, a manejo inadequado das pastagens, seja na produção familiar
seja nas grandes fazendas, vem produzindo como resultado grandes áreas degradadas ou em
processo de degradação, possibilitando o desequilíbrio ecológico, com graves conseqüências
para o meio ambiente e para a própria atividade agropecuária.
Para muitos estabelecimentos rurais o avanço da pecuária se deu antes da formação da
consciência ecológica, ou seja, mesmo que o código florestal já tivesse sido homologado, o
respeito às normas não era praticado, pois não havia órgãos fiscalizadores atuantes e nem a
preocupação de se preservar a floresta (BARROS, 2002).
II.4 Cadeia Produtiva de Bovinos da Região da Transamazônica
A carne bovina é um dos itens mais importantes da dieta alimentar da população
brasileira e apresenta um dos maiores potenciais de crescimento. Este último fato depende,
num primeiro momento, da melhora do poder de compra dos consumidores brasileiros e da
capacidade de a cadeia de produção se adequar ao aumento do consumo (ZEN, 2004).
De acordo com Chapuis et al. (2001), a pecuária é o conjunto de atividades
complementares realizadas por sistemas atores. Na cadeia bovina da Transamazônica os
fazendeiros e comerciantes são considerados os sistemas atores, fortes e estabilizados eles
implementaram circuitos seguros de comercialização mantendo o preço estável e a demanda
ativa, constituindo o sustentáculo dessa cadeia.
Chapuis et al. (2001), identificaram três tipos de espaço em torno da cadeia produtiva
de bovinos na região da Transamazônica: primeiramente a bacia de recria e engorda de
Altamira, onde atuam principalmente as grandes fazendas; Segundo a bacia de cria da
Transamazônica, na qual se encontra a agricultura familiar com a produção de bezerros e; o
Baixo Amazonas, que cada vez mais se especializa na cria já que sua atividade de engorda vem
sofrendo a concorrência da pecuária de terra firme da Transamazônica.
A pecuária local corresponde a duas principais finalidades, produção de leite e
fornecimento de matéria prima aos frigoríficos e distribuidores. A cadeia de comercialização
9
do gado contém a carne e o couro. O atacado local é responsável por 93% do volume
comercializado e compra gado direto dos fazendeiros, ou dos criadores de menor porte
(DÜRR, 2002).
Para Veiga et al. (2004), o pouco desenvolvimento das cadeias produtivas nas frentes
pioneiras da Amazônia brasileira é devido a vários fatores estruturais, como isolamento dos
produtores, dificuldade de transporte e conservação dos produtos, falta de energia e dificuldade
de acesso a insumos.
De acordo com Chapuis (2003) o que permitiu a pecuária de corte da Transamazônica
ganhar faixas em alguns mercados regionais foram às vantagens fortes que ela ofereceu em
relação às bacias tradicionais. Ainda segundo o autor, a viabilidade financeira da atividade na
agricultura familiar está baseada na possibilidade de vender gado de descarte e, sobretudo
bezerros. No entanto, devido às exigências desenvolvidas na parte final das subcadeias, o
próprio mercado de bezerros tende se torna seletivo, com possibilidades de adaptação de
sistemas de criação nas próprias fazendas, caso a produção familiar não atenda essa
necessidade.
Em Uruará os produtos explorados com a pecuária variam de acordo com acesso ao
mercado e estado das pastagens. A venda do boi parece ser o projeto mais interessante, mas
poucos realizam, alguns fazem cria/recria e vendem os novilhos; outros vendem os bezerros
logo após a desmama, e poucos fazem engorda (FERREIRA, 2003).
Veiga et al. (2003), comentando Chapuis, discorre que o sistema fazenda lidera a
produção e é a partir desse sistema que se organizam todos os elementos da cadeia. Mas
atualmente a dinâmica da cadeia e do mercado está atribuindo maiores poderes á indústria e á
grande distribuição.
II.5 Manejo
O Brasil possui situação privilegiada no cenário da bovinocultura mundial,
apresentando-se como detentor do maior rebanho comercial, e possuindo condições para o
setor das indústrias de carne e derivados alcançarem maior participação no mercado
(BONFIM, 2004).
Para que a produção familiar ou de uma fazenda seja bem sucedida na sua atividade
pecuária é necessária a adoção de manejos capazes de aumentar a produtividade e diminuir
perdas. Nesse sentido, é importante considerar a separação dos animais por categorias (sexo,
idade, tipo e função), que proporciona diminuição na competição pelo alimento do cocho ou
10
do pasto, pela água, pelo sal, além de proporcionar maior controle do número animais e dos
índices zootécnicos (FAZEA/USP, 2008).
Pessoa (2007) ressalta que a qualidade da carne representa uma das principais
preocupações, especialmente para consumidores mais exigentes. E que a qualidade está
diretamente associada ao bom manejo, seja na propriedade, transporte dos animais, ou no
frigorífico. Os problemas causados pelo manejo inadequado antes do abate resultam em
carcaças com hematomas (contusões), presença de cortes escuros nas carnes resultantes de
reações de vacina, além de carcaças com peso menor.
Filho et al, (2006) discorre que devido as exigências por parte dos países importadores,
notadamente a Comunidade Européia, fez-se necessária a melhoria na qualidade dos insumos
envolvidos na produção, destacando-se as vacinas e medicamentos.
De acordo com Filho (s/d) a presença de reações a vacinas e a medicamentos,
desenvolvidos para garantir a saúde dos animais, e indiretamente do ser humano, é um
problema que tem aumentado e ocasionado grande prejuízos econômicos. Para o autor as
vacinas e medicamentos, se utilizados de forma adequada, são garantias para o pecuarista de
que está enviando para consumo um produto dentro dos padrões. Quando utilizados de forma
imprópria, podem representar danos econômicos, pois as lesões causadas pela aplicação
indevida, além de acarretar um sério problema de qualidade na carne bovina, também
apresentam custos econômicos pelo aumento da mão-de-obra necessária para realizar as aparas
da região afetada, além do custo da perda de tecido do animal.
Oliveira (s/d) destaca que a prática de vacinação em massa, principalmente de bovinos,
tem levado ao aparecimento de abscessos nos locais de aplicação, devido ao fato de que a troca
de agulhas e a antissepsia do local de aplicação representam, muitas vezes, um transtorno no
rendimento do processo.
Segundo Amaral (2008), outro problema que tem influenciado a qualidade da carne
bovina é o embarque e desembarque dos animais nos ambientes de criação, etapas nas quais
devem ser dada bastante atenção, pois os animais estão vulneráveis ao estresse, negligência e
maus-tratos de funcionários responsáveis por estes procedimentos.
De acordo com a autora, os animais são impulsionados através de métodos não
recomendados como estocadas abusivas com fragmentos de madeira pontiagudos, com excesso
de chicotadas de cordas ou de couro ou até uso de choques elétricos que os obrigam a entrarem
nos veículos de transportes, causando acidentes nos animais como: graves contusões, luxações
de articulações ou até fraturas dos membros. Para ela o transporte rodoviário e o manejo
11
inadequado dos animais nas fazendas mostram-se como importantes causas de perdas
econômicas devido às lesões e conseqüentes descartes nas carcaças.
Bonfim (2003) discorre que o principal aspecto a ser considerado durante o transporte
de bovinos é o espaço ocupado por animal dentro da carroceria, ou seja, a densidade da carga,
que pode ser classificada em alta (600 kg/m 2), média (400 kg/m2) ou baixa (200 kg/m2), e que
não é recomendável densidade superior a 550 kg/m2, sendo a média brasileira
de densidade de carga utilizada entre 390 e 410 kg/m2. A densidade não deve ser muito alta
devido ao risco de pisoteio e morte por asfixia, pois muitas vezes o animal não consegue se
levantar e acaba sendo pisoteado, podendo apresentar contusões múltiplas, fraturas ou mesmo
morrer. Também não deve ser muito baixa, pois os animais podem ficar muito soltos na
carroceria, levando a escorregões durante as manobras da viagem.
II.6 Sanidade do Rebanho
O manejo sanitário consiste num conjunto de atividades veterinárias regularmente
planejadas e direcionadas para a prevenção e manutenção da saúde dos rebanhos. Quando se
objetiva prevenir a ação dos agentes patogênicos sobre os animais, utilizam-se as medidas de
higiene e de profilaxia sanitária (limpeza e higienização das instalações, desinfecção umbilical
do recém-nascido, ingestão precoce do colostro). Por sua vez, quando se pretende manter os
animais aptos a resistir à ação dos patógenos, são utilizadas as medidas de profilaxia médica
(vacinação, vermifugação e banho carrapaticida). As duas modalidades se completam,
entretanto, em sistemas de produção extensiva de gado de corte, a maior ênfase é dada à
profilaxia médica (EMBRAPA, 2006).
Um aspecto importante para o melhor posicionamento da carne bovina no mercado
internacional é o fator sanitário, ainda não plenamente equacionado. Exemplo, a erradicação da
febre aftosa ainda é um grande desafio para o Brasil, pois a eclosão sistemática de focos da
doença ainda impede o acesso do produto nacional a novos mercados (BUAINAIN &
BATALHA 2007).
Machado (2004) enfatiza que a qualidade sanitária é fundamental para que o produtor
nacional possa participar do mercado internacional. A identificação segura dos animais e a
obtenção das informações geradas durante produção são formas de facilitar a gestão do
empreendimento rural e permitir a diferenciação do produto visando o mercado interno.
12
De acordo com Brandão (2007) a cada ano o Brasil apresenta melhora no perfil
sanitário do rebanho. A imunidade a enfermidades se tornou uma exigência dos países
importadores, o que garantiu ao Brasil maior exportação por atender a este quesito. Segundo o
autor em 1996, eram menos de quarenta mercados abertos para a carne Brasileira, mas no ano
de 2003, o Brasil já exportava para 122 países diferentes, dentre os quais, 80 abertos para a
carne in natura.
Para Rocha (2008), os prejuízos econômicos causados por doenças bovinas ainda são
alarmantes. Só o carrapato causa à pecuária brasileira perdas que superam US$ 1 bilhão
anualmente. Sendo necessárias medidas preventivas como a realização de exames para
diminuir as perdas econômicas.
Oliveira (2006), discutindo sobre as principais doenças infecciosas em sistemas de
produção de leite, destacou a brucelose, caracterizada por transtornos reprodutivos (aborto,
aumento do intervalo de partos), queda na produção de leite e mortes de bezerros. A autora
também citou a tuberculose como um grave problema de saúde dos rebanhos leiteiros no
Brasil, a doença gera grandes prejuízos, em decorrência de descarte de animais, de queda na
produtividade, de baixa qualidade do leite, de condenação de carcaças, e de gastos com
serviços veterinários, medicamentos dentre outros.
A brucelose e a tuberculose estão entre as zoonoses mais comuns, e é importante o
cuidado com animais doentes e com os produtos de origem desses animais. No caso da
brucelose, que tem como principal via de contaminação a digestiva, é interessante que as vias
de transmissão como alimento, água, solo, sejam descontaminados e que seja feita disposição
adequada de feto abortado e membranas fetais, além da vacinação das bezerras entre o terceiro
e o oitavo mês de idade com a vacina B 19.
No caso da tuberculose, que é mais freqüente em bovinos de leite e afeta,
preferencialmente, animais adultos tendo como via de transmissão leite, alimentos e água
contaminados deve-se fazer a disposição adequada dos dejetos dos animais, limpeza das
instalações e material contaminado. Quando o animal já se encontrar infectado as medidas
relativas são quarentena e tuberculinização (CORRÊA, 1996).
Para Cordeiro (2008), ocorre a desvalorização de animais provenientes de fazendas
onde há casos de brucelose e, nas regiões onde esta se encontra de forma endêmica 3, havendo
desvantagem na disputa por novos mercados. De acordo com a autora alguns dados indicam
que a brucelose é responsável pela diminuição de 25% na produção de leite e de carne e
redução de 15% na produção de bezerros. Sendo a importância da Brucelose e da Tuberculose
3
Doenças que permanecem em uma determinada região trazendo constantes prejuízos.
13
tamanha que mereceram a elaboração de um programa inteiro, exclusivamente destinado ao
controle e erradicação das mesmas, o Programa Nacional de Controle e Erradicação da
Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), que foi instituído em 2001 pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento com o objetivo de diminuir o número de casos da
doença (prevalência), assim como de novos casos (incidência).
Quadros (2005), afirma que a adoção de medidas profiláticas, como quarentena para
animais de fora, isolamento de animais doentes, vacinações, cura de umbigo, higiene e
destruição de carcaças podem prevenir as doenças e reduzir os custos com despesas sanitárias.
Na região da Transamazônica a pecuária se faz cada vez mais forte, e problemas de
sanidade do rebanho bovino aparecem como um dos mais preocupantes, já que muitos
produtores não têm experiência em desenvolver regras básicas em setores como o de
suplementação mineral, de cuidados com os bezerros e vacinação, considerados critérios
relevantes de viabilidade desse sistema de criação. Alguns produtores não estão atentos para a
ocorrência de doenças como a brucelose, grande causadora de abortos em propriedades,
estando os mesmos mais atentos a problemas como magreza e crescimento retardado dos
animais.
Veiga et al. (2003), tentando explicar por que os produtores adotam ou não as regras
básicas na pecuária, concluíram que a falta de conhecimento é um elemento predominante, que
se inicia na implantação das pastagens, utilizam sementes mais baratas e quase sempre de pior
qualidade, compram mistura de minerais geralmente ineficazes, e que a situação se repete na
hora de vacinar o gado.
Em estudo sobre os principais elementos de vulnerabilidade dos sistemas agrícolas
realizados por Ferreira (2003) em Uruará, problemas de sanidade do rebanho apareceram como
um dos mais preocupantes, isso devido à alta taxa de mortalidade dos bezerros em decorrência
de diarréais, e também devido à forte ocorrência de brucelose.
Também em Uruará, Homen (2003), concluiu através de estudos sobre prevalência
sorológica da brucelose, tuberculose e leptospirose bovina e humana, a existência de alta taxa
de rebanhos soropositivos para brucelose (52,2%) e alta freqüência de problemas da esfera
reprodutiva nos bovinos, demonstrando que essa doença certamente é um dos fatores que
contribui para a baixa produtividade dos rebanhos locais. No estudo não houve estimativas
para a tuberculose, mas segundo o autor os resultados sugeriram alta freqüência da doença para
a região.
Levantamentos sobre a situação da brucelose na região da Transamazônica mostraram
que cerca de 15% do rebanho bovino pertencente às propriedades do tipo familiar estavam
14
contaminados por brucelose, e foram encontradas três situações diferentes. A primeira
corresponde àquela em que o produtor testa e vacina o rebanho, elimina animais doentes e
adquire somente animais testados e vacinados. Na segunda situação encontram-se produtores
que não testam o rebanho e, portanto não abatem animais doentes de sua propriedade,
entretanto vacinam e compram somente animais testados ou vacinados. Por último, produtores
que não testam os animais, não abatem os doentes, não vacinam e não adquirem somente
animais testados e vacinados (LAÚ, 1997).
III – MATERIAL E MÉTODOS
Coleta e sistematização de dados:
Os dados utilizados nesse trabalho são registros técnicos de dois frigoríficos,
localizados no município de Altamira, correspondentes ao período de janeiro de 2007 a
dezembro de 2008. Os registros foram consultados nos mapas de abate diário e semanal e em
relatórios mensais e anuais elaborados pelo veterinário responsável pelo Serviço de Inspeção e
enviados ao Ministério da Agricultura. Dados complementares foram cedidos pelo Serviço de
Inspeção da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ) da regional
Altamira e pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF).
Dos dois frigoríficos envolvidos nesse trabalho, um tem Inspeção Federal (frigorífico
A) e outro Inspeção Estadual (frigorífico B).
Os dados de 2007 referentes ao frigorífico A foram fornecidos pelo SIF, já os dados de
2008, devido a não liberação pelo SIF, foram fornecidos pelo próprio frigorífico. Os dados de
condenação referentes ao frigorífico B foram todos fornecidos pela ADEPARÁ.
Os dados foram sistematizados em planilhas do Microsoft Excel para proceder análises
de ocorrências percentuais de doenças que interferem no destino da carne na ocasião do abate.
Acompanhamentos e entrevistas
Uma análise preliminar dos dados permitiu verificar um número expressivo de
condenações por lesões como hematomas, contusões, fraturas, abscessos e edemas. A partir
15
dessas informações foi percebida a necessidade de acompanhamentos de pré-abate, entrevistas
com caminhoneiros boiadeiros e acompanhamentos de desembarques com intuito de levantar
informações que pudessem fornecer mais elementos capazes de explicar a grande incidência
das lesões nos animais observadas na análise preliminar. No entanto, as entrevistas e o
acompanhamento de desembarque de animais nos currais do frigorífico B não foram possíveis
de serem realizados devido a não permissão para tais procedimentos.
Acompanhamento Pré-abate: Foram realizados dois acompanhamentos de pré-abate,
todos em sistemas fazendas próximas do município de Altamira. O manejo pré-abate envolve
uma série de situações, dentre elas: o agrupamento dos animais nos currais das fazendas,
embarque, confinamentos nos caminhões, transporte, desembarque e confinamento nos currais
dos frigoríficos.
Acompanhamento de desembarques: Esses acompanhamentos foram realizados
apenas no frigorífico A. Foram observadas e registradas em anotações e imagens fotográficas,
na ocasião do desembarque dos animais: a presença ou ausência de lesão aparente, referente ao
manejo pré-abate realizado até aquele momento, além da lotação dos animais nos caminhões.
Entrevistas: Com o intuito de se obter informações complementares foram elaborados
dois questionários: um foi aplicado a cinco caminhoneiros que prestam serviços de transporte
de animais aos frigoríficos, durante os acompanhamentos de desembarques dos animais (anexo
III). Além das entrevistas realizadas com os caminhoneiros, foram realizadas entrevistas com
os veterinários responsáveis pelo Serviço de Inspeção de cada frigorífico (Anexo IV).
Descrição dos Frigoríficos:
Frigorífico A: O frigorífico A é uma empresa privada, atualmente com cerca de 280
funcionários. Começou a ser construído em 2003 e terminado em 2004, mas só começou a
funcionar em agosto de 2005. No início abatia somente 50 animais por dia, devido à falta de
mão-de-obra especializada. Atualmente tem capacidade para abater 600 animais ao dia, porém
tem liberação do SIF, órgão responsável pelo serviço de inspeção, para abater somente 520
animais por dia.
Os principais fornecedores do frigorífico A são os grandes fazendeiros e alguns
pequenos produtores através dos intermediários4. O frigorífico compra vacas com peso mínimo
4
Pessoas que comercializam o gado dos produtores em suas propriedades e revendem na cidade.
16
de 14 arrobas e bois a partir de 18 arrobas. Animais que apresentam peso abaixo ou acima do
mínimo estipulado têm o preço diminuído, ou aumentado, respectivamente. O frigorífico
também estipula para compra, o número mínimo de 15 animais por lote.
As exportações realizadas pelo frigorífico chegam a um total de nove a dez mil quilos
por mês, sendo 5% destinada para a capital Belém, 60% para região nordeste (Pernambuco,
Fortaleza), e 35% para a região sudeste (Rio de Janeiro, São Paulo).
Frigorífico B: O frigorífico B é uma empresa privada e atua na região há mais tempo,
desde 1998. No início trabalhava apenas com 25 funcionários e abatia apenas 60 animais por
dia, mesmo com capacidade para abater 150. Atualmente tem cerca de 130 funcionários, com
capacidade para abater até 300 animais por dia, sendo a média de abate atualmente de 200
animais por dia.
Os principais fornecedores de carne do frigorífico B são fazendeiros e pequenos
produtores. A exportação de carne realizada pelo frigorífico B é somente para Belém, cerca de
1.800 cabeças por mês, a exportação começou a ser feita a partir de maio de 2008.
IV - RESULTADOS E DISCUSSÃO
IV.1 Etapas ante mortem e pos mortem realizadas com os animais nos frigoríficos.
Os serviços de inspeção SIF e SIE realizam uma série de análises nos bovinos antes e
após o abate. A figura 04 é um esquema representativo dos destinos dos animais de acordo
com as observações realizadas. A inspeção ante mortem é realizada na chegada do animal no
frigorífico, onde é verificado se o animal é portador de alguma doença infecto-contagiosa, bem
como se apresentam fraturas e luxações. No caso de ser detectada alguma anormalidade, o
animal é separado do lote ficando em observação. Após o período de observação (24h),
dependendo da enfermidade e caso o animal apresente melhora, ele pode ser abatido
normalmente ou no abatedouro sanitário, sendo destinado a subprodutos como conserva,
farinha de osso entre outros.
A inspeção pos mortem consiste na verificação da presença de alguma enfermidade nas
carcaças e nos órgãos dos animais. Como na inspeção ante morte, não são realizados exames
laboratoriais na inspeção pos mortem, a detecção das doenças é feita por meio de análises
17
visuais, o tipo de enfermidade é reconhecida através da sintomatologia apresentada nos órgãos
e carcaças.
18
Chegada dos bovinos
Desembarque
Separação e classificação dos animais
(currais de chegada e seleção).
Inspeção
Animais aptos para matança
Descanso e jejum/24h
(currais de matança)
Inspeção
Animais não aptos para matança
(separação e classificação)
Traumatismo
Suspeito de enfermidade
Animais mortos
clínica
Banho de aspersão
Abate normal
ou
moribundos
Exame clínico
Animal sem febre
Animal
febril
Enfermidade Clínica
Abatedouro
Observação
Recuperação
(abate normal)
sanitário
Não recuperado
(abatedouro sanitário)
Figura 4 – Etapas ante mortem e pos mortem realizadas com os animais nos frigoríficos.
Fonte: criado pelo autor a partir de dados obtidos.
Matança de
emergência
(autoclave).
Autoclave
Necrópsia
Autoclavagem
Forno
crematório
19
IV.2 Animais abatidos
De acordo com os dados obtidos, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2008,
foram abatidos nos dois frigoríficos (A e B) 269.682 animais (figura 05). Sendo 128.409
animais abatidos em 2007 e 141.273 animais abatidos em 2008. Houve um aumento de
12.864 (10%) animais abatidos de um ano para o outro, isso ocorreu, principalmente, porque
no ano de 2008 o frigorífico B passou a exportar animais para Belém.
O número de animais abatidos no frigorífico A no período foi de 203.701 (75,5%),
bem superior ao número de animais abatidos pelo frigorífico B, que abateu 65.981 (24,5%)
animais. A figura 05 mostra o número total de animais abatidos e a participação de cada
frigorífico.
Figura 5 – Número total de animais abatidos e número de animais abatidos em cada frigorífico (2007 – 2008).
Fonte: Dados da pesquisa.
A diferença no número de animais abatidos do frigorífico A para a frigorífico B, se dá
principalmente devido ao frigorífico A exportar para outros estados, e também por que
dispõem de uma melhor infra-estrutura, com capacidade para abater maior número de
animais. O frigorífico B exporta para Belém, mas abastece principalmente o mercado local
onde a demanda ainda é pequena.
20
IV.3 Animais condenados
A inspeção dos animais nos frigoríficos é uma atividade preventiva de alta relevância
para a saúde pública, pois afasta do mercado consumidor carnes impróprias para o consumo.
Além disso, os órgãos responsáveis por esse serviço funcionam também como detentores de
dados sobre patologias encontradas nos animais. Através da coleta desses dados, foi
observado um número significativo de carcaças condenadas. Ressaltando que em relação ao
número de animais abatidos o percentual de carcaças condenadas não é muito expressivo.
Em 2007 no frigorífico A, foram condenadas 580 carcaças, 0,5% em relação ao
número de animais abatidos na unidade nesse período, em 2008 esse número teve um
aumento de 41,2%, foram condenadas 819 (0,8%) carcaças. No frigorífico B o número de
carcaças condenadas em 2007 soma um total de 296 (1,1%), em 2008 houve queda de 34,7%
no número de condenações, mesmo tendo aumentado quase que em dobro o número de
animais abatidos, foram condenadas 193 (0,4%) carcaças (Figura 06).
Figura 6 – Número total de condenações e número de condenações realizadas por
Fonte: Dados da pesquisa.
frigorífico (2007 – 2008).
Na figura 06 é visível o aumento no número total de condenações de um ano para o
outro passando de 876 em 2007, para 1.012 em 2008. Pode-se relacionar a isso, o desatento de
21
alguns produtores às exigências por qualidade em seus produtos, principalmente no que diz
respeito à sanidade, fator considerado fundamental para que o produtor nacional possa
participar do mercado internacional, conforme descrito por Machado (2004). Alguns
produtores, principalmente devido à falta de conhecimento, têm dificuldades em adotar regras
básicas que viabilizam a pecuária, inclusive na hora de vacinar o rebanho (Veiga, 2003), isso
faz com que os animais fiquem vulneráveis a ação dos patógenos e apresente enfermidades,
causando prejuízos aos produtores e frigoríficos.
Os animais condenados nos frigoríficos têm destino variado dependendo do grau de
acometimento, seguindo para salga, conserva, até a condenação total (graxaria). De acordo
com a inspeção feita nos dois frigoríficos, as carcaças podem ser totalmente aproveitadas,
totalmente condenadas e ainda ser condenadas, mas parcialmente ou totalmente aproveitadas
(figura 07). É interessante ressaltar que carcaças que são condenadas, e têm algum tipo de
aproveitamento, passam por uma série de tratamentos antes de serem liberadas para consumo.
Carcaças não
Animais saudáveis
condenadas
(100 % carne)
Carcaças condenadas com aproveitamento parcial
Carcaça condenadas sem
aproveitamento
Graxaria e conserva
Graxaria e carne
Graxaria
Conserva
Carcaças condenadas com
aproveitamento total
Conserva e carne
Figura 7 – Destino das carcaças condenadas de acordo com o grau de aproveitamento
Fonte: Dados da pesquisa
Devido a algumas dificuldades na obtenção dos dados, não foi possível verificar
informações completas sobre aproveitamento de todas as carcaças condenadas no período,
sendo somente possível registrar o número de ocorrências e causas das condenações. Dados
22
sobre aproveitamento de carcaças só serão apresentados neste trabalho no período de 2008 e
somente para o frigorífico A, com isso os dados referentes às causas de condenações serão
mostrados para cada frigorífico individualmente.
IV.4 Causa das condenações
Com referência aos resultados das doenças de bovinos obtidos no presente
levantamento, tornou-se difícil estabelecer comparações com resultados de outros trabalhos,
devido ao fato de não se ter registros publicados com dados semelhantes na região.
Frigorífico A
Em 2007 foram realizadas no frigorífico A 580 condenações de carcaças de bovinos,
sendo 181 (31,2%) por apresentarem brucelose, 47 (8,1%) por apresentarem tuberculose e 48
(8,2%) por apresentarem pneumonia. Além dessas, outras doenças (Anexo I) também foram
causas de condenações de carcaças no período. Essas demais causas totalizaram 71 (12,2%).
A figura 08 mostra as principais causas de condenações ocorridas no frigorífico A em 2007.
200
Número de Condenações
180
160
Brucelose
140
Tuberculose
120
Pneumonia
100
Contusão
80
Abscesso
60
Magreza
40
Outras
20
0
2007
Ano
Figura 8 – Ocorrência e causas de condenações realizadas no frigorífico A (2007)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Observa-se que além de condenações por doenças, também foram realizadas no
frigorífico A condenações de carcaças que se apresentavam magras 53 (9,1%), e com
presença de lesões como: abscessos 19 (3,2%) e contusões 161 (27,7%).
Conforme citado anteriormente, no período de 2008 para o frigorífico A, além dos
dados sobre as causas das condenações serão apresentados dados sobre aproveitamento das
23
carcaças. Na figura 09 estão apresentadas as principais causas das condenações, número de
ocorrência e aproveitamento das carcaças em 2008.
Figura 09 – Ocorrências e causas de condenações realizadas pelo frigorífico A em 2008,
com diferentes graus de apreveitamento.
Fonte: Dados da pesquisa.
Analisando a figura 08 e 09, onde estão apresentadas as causas de condenações
registradas pelo frigorífico A, observa-se que as principais causas de condenações são devido
a doenças, cerca de 57%, com destaque para a brucelose e a tuberculose. As condenações por
lesões correspondem a de 33%. Nota-se a importância das contusões e abscessos provocados
por manejos inadequados como causa de prejuízos ao produtores, sendo visível a necessidade
de uma melhor atenção para os fatores que contribuem para tais ocorrências. Prejuízos
causados por magreza também ocorreram porém com número bem inferior as outras causas,
cerca de 8%. Esse tipo de condenação ocorre principalmente por que o frigorífico compra
vacas a partir de 14 arrobas e boi a partir de 18 arrobas. Com isso, os animais muito abaixo
desse peso podem ser condenados, mas é interessante ressaltar que essas carcaças são
totalmente aproveitadas, tendo como principal destino a conserva.
Frigorífico B
No frigorífico B em 2007 foram condenadas 296 carcaças, sendo 185 (62,5%) por
apresentarem brucelose e 94 (31,7%) por apresentarem tuberculose, houve também 01
24
condenação por pneumonia e 01 condenação por contaminação. Na figura 10 estão
relacionadas as principais causas de condenações registradas no frigorífico B em 2007.
200
Número de Condenações
180
160
140
Brucelose
120
Tuberculose
100
Edema Generalizado
80
Hematoma
60
40
20
0
2007
Ano
Figura 10 – Ocorrência e causas de condenações realizadas no frigorífico B (2007)
Fonte: Dados da Pesquisa.
Observa-se que condenações por lesões também foram realizadas, mas com número
bem pequeno de casos: edema generalizado com 11 (3,7%) e hematoma com 04 (1,3%).
Já em 2008 houve 193 condenações de carcaças no frigorífico B, sendo 102 (52,8%)
por apresentarem brucelose, 75 (38,8%) por apresentarem tuberculose, 04 (2,0%) por
apresentarem mamite aguda e 04 (2,0%) por apresentarem contusão, (figura 10), condenações
por outros motivos somam 08 (4,0%). Segue em anexo II, tabela com as demais condenações
realizadas no frigorífico B em 2008.
Número de Condenações
120
100
Brucelose
80
Tuberculose
60
Mamite Aguda
Contusão
40
Outras
20
0
2008
Ano
Figura 9 – Ocorrência e causas de condenações realizadas no frigorífico B (2008)
Fonte: Dados da Pesquisa
25
Nas figuras 10 e 11, observa-se que como no frigorífico A, as principais causas de
condenações foram por doenças e mais uma vez com destaque para a brucelose e a
tuberculose. Porém, verifica-se também que houve diminuição no número de condenações
devido a brucelose e da tuberculose. Segundo o gerente regional da Adepará, o órgão vem
atuando de forma mais rígida na fiscalização e que este fator pode estar contribuindo para a
redução no número de casos registrados das doenças nos frigoríficos.
De forma geral, foram várias as causas das condenações de carcaças de bovinos nos
dois frigoríficos. Entre as condenações por doenças se destacaram a brucelose e a tuberculose
com maior número de casos em todo o período, essas duas enfermidades estão entre as
zoonoses mais comuns, conforme citado por Corrêa (1996). A grande incidência de brucelose
e tuberculose diagnosticada nos bovinos abatidos pode confirmar estudos realizados em 2003
por Homen em Uruará, onde foi observada alta freqüência das doenças e de problemas da
esfera reprodutiva nos bovinos, já que os animais abatidos no frigorífico são oriundos de toda
região. Entretanto, não se pode afirmar a origem da contaminação quando analisamos as
características que o comércio bovino apresenta, onde animais podem ser criados em uma
propriedade e engordados na mesma ou nascerem em uma propriedade e logo após os
primeiros meses de vida serem vendidos, indo para outra propriedade para a engorda e esta
segunda pode ser em outro município ou até mesmo em um segundo estado, podendo o
animal ter se infectado em qualquer uma dessas fases de sua vida.
Em contrapartida, os resultados sugerem que muitas propriedades não fazem adoção
de medidas profiláticas no rebanho, como quarentena para animais de fora, isolamento de
animais doentes, vacinações e destruição de carcaças contaminadas, conforme sugerido por
Quadros (2005) para prevenção das doenças e redução dos custos com despesas sanitárias.
Muitos produtores, por falta de infra-estrutura ou mesmo de informações, ainda não dão total
importância para alta incidência dessas doenças, que segundo Oliveira (2006) são causadoras
de grandes prejuízos, de esfera produtiva, de descarte de carcaças, de baixa produção de leite
e de risco a saúde humana. Os produtores que procuram adotar medidas profiláticas, na
maioria das vezes fazem de maneira irregular ou em períodos inadequados, tornando em vão
alguns esforços. Assim, é interessante que os produtores obedeçam às normas impostas pelos
órgãos competentes no controle e erradicação das mesmas, e procurem saber o porquê de
estarem fazendo este trabalho, principalmente devido à gravidade dessas doenças para a saúde
humana.
26
As lesões presentes nos animais são relacionadas principalmente a manejos
inadequados no transporte, no embarque e desembarque e na hora de vacinar os animais,
conforme citado por Pessoa (2007), além disso, ocorrem porque poucos pecuaristas,
transportadores e frigoríficos sabem das conseqüências de um manejo pré-abate
inadequado. Considerando o número expressivo de condenações por lesões, principalmente
por contusões, fica visível a necessidade que tais atividades sejam bem planejadas e
conduzidas, sem agressões aos animais, em instalações apropriadas, e em transportes
adequados, evitando causar danos à carcaça e prejuízos na qualidade da carne e, por
conseqüência, prejuízos ao produtor e ao frigorífico.
Outra observação importante nesse estudo é que no frigorífico A ocorrem mais
condenações por lesões do que no frigorífico B, isso pode estar relacionado ao fator de que no
frigorífico A os animais abatidos são destinados a outros estados, onde a exigência por
produtos de qualidade é maior, tanto no que diz respeito à sanidade quanto nos aspectos
intrínsecos. Essa exigência faz também com o frigorífico passe a cobrar animais de maior
qualidade dos produtores, deixando de fora da cadeia, aqueles que não fazem prevenção e
manutenção do rebanho. Além disso, há também maior rigidez por parte do veterinário na
hora de diagnosticar as diversas enfermidades, e em seguida estabelecer o destino apropriado
e confiável para as carcaças desses animais.
Já no frigorífico B o baixo número de condenações por lesões pode estar relacionado
ao fato dos animais abatidos serem destinados ao consumo local, onde ainda existe pouca
exigência por parte da população e até mesmo do mercado local em relação à qualidade da
carne. A inspeção é mais rigorosa no que diz respeito a doenças, principalmente as que são
zoonoses, por apresentarem riscos à saúde humana. Nas carcaças que apresentam lesões por
fraturas, luxações entre outras, dependendo do grau de acometimento, são feitas aparas da
região afetada e encaminhadas ao consumo.
Isso é resultado do destino dado à carne nos dois frigoríficos. O frigorífico A abastece
circuitos longo como Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza entre outros, com isso remunera
melhor o produtor em troca de um produto com qualidade alta. Já o frigorífico B abastece os
circuitos mais curtos, como a capital Belém e a mercado local, remunerando menos o
produtor devido menor exigência em qualidade.
De acordo com as entrevistas realizadas com os veterinários responsáveis pelo serviço
de inspeção nos frigoríficos, o número elevado de carcaças condenadas por lesões como:
abscessos, hematomas e contusões são devido a manejos inadequados na hora de vacinar,
manejar o gado no curral e no transporte. Essa constatação foi verificada por Oliveira (s/d)
27
que discorreu serem grandes os transtornos devido à falta de assepsia na hora de vacinar o
rebanho e por Amaral (2008) que registrou serem grandes as perdas econômicas causadas por
um manejo pré-abate inadequado, principalmente na hora de manusear os animais para serem
embarcados e desembarcados, onde são acarretados vários acidentes como contusões graves,
luxações de articulações ou até fraturas dos membros.
Durante os dois acompanhamentos de manejo pré-abate, foi observado que os
funcionários responsáveis por manejar o gado no curral de embarque não o faziam de forma
adequada, pois os animais eram conduzidos com instrumentos causadores de injúrias como:
pedaços de madeira, ferrão e até choque elétrico (figura 11). Além disso, o ambiente favorecia
o estresse dos animais, por ser barulhento devido aos muitos gritos, confirmando novamente o
registro de Amaral (2008), sobre as formas de manejo realizadas no embarque e desembarque
dos animais. Durante essa etapa os animais ficavam extremamente estressados, se jogavam
uns por cima dos outros, se batiam nas estruturas dos currais causando várias lesões. Tal
forma de manejo tem como conseqüência perdas econômicas para os criadores e
distribuidores, refletida na qualidade da carne e condenação de carcaças devido às lesões.
Figura 102 – Uso de choque elétrico no manejo pré-abate e animal apresentando lesão em uma das fazendas
visitadas.
Fonte: Glória Maria
Durante o acompanhamento nas duas viagens foi observado que somente um dos
caminhoneiros parou para ver se algum animal havia caído e se estava sendo pisoteado por
outros animais, observando que tinha, fez uso de bastão elétrico para levantá-lo, o que
constitui numa prática comum e contribui para o aumento de lesões e conseqüente
condenação de carcaças dos animais.
28
Figura 13- Animal caído dentro do caminhão sendo pisoteado pelos outros
animais.
Fonte: Glória Maria.
Das cinco entrevistas realizadas com caminhoneiros boiadeiros todos afirmaram que
utilizam o choque elétrico, que dirigem com cuidados e que sempre param nas viagens para
verificar se há animais caídos. Quatro caminhoneiros afirmaram já ter morrido animais
durante as viagens, principalmente no período chuvoso, onde as estradas ficam em estado
crítico e não tem como garantir uma viagem tranqüila. Três entrevistados não consideram a
densidade ideal por caminhão, superlotando o veículo a fim de obter economia nas viagens.
Durante os acompanhamentos de desembarque dos animais não foi observada
nenhuma lesão aparente nos animais que chegavam. Foi constatado somente que alguns
caminhões transportavam mais animais que o permitido, o que poderia trazer desordem aos
animais, devido ao risco de pisoteio e morte por asfixia (Bonfim, 2003).
V - CONSIDERAÇÕES FINAIS
As principais causas de condenação de carcaças são por doenças, principalmente
devido à brucelose e à tuberculose, e por lesões que ocorrem devido a manejos inadequados.
É evidente a deficiência na atuação técnica e governamental junto aos produtores, já
que muitas das causas das condenações têm relação direta com o manejo inadequado na hora
de realizar medidas preventivas no rebanho, e ainda, na hora de transportar os animais devido
à falta de infra-estrutura adequada para o escoamento.
De acordo com os resultados obtidos fica visível a importância do serviço de inspeção
nos frigoríficos, pois não autoriza o destino de animais doentes para consumo, já que as
maiores causas das condenações são por zoonoses. Além disso, torna possível o conhecimento
29
de patologias de uma determinada região, podendo ajudar na elaboração de medidas
preventivas individuais ou coletivas.
Pôde-se concluir também que o frigorífico A tem maior rigidez na hora de
diagnosticar enfermidades do que o frigorífico B, principalmente nas relacionadas a lesões.
Visto que o número de condenações realizadas devido à presença de lesões pelo frigorífico A
é bem superior as realizadas pelo frigorífico B, sendo que o meio de transporte dos animais
para ambos os frigoríficos não se diferencia.
Apesar de não ter sido realizada nenhuma análise sobre perdas econômicas neste
trabalho, parece evidente o indício de prejuízos sofridos pelas condenações nos frigoríficos.
Finalmente, embora a taxa de condenação de carcaças seja relativamente pequena, será que a
adoção de medidas preventivas tanto sanitárias como de transporte não tornariam a pecuária
bovina mais viável economicamente aos criadores?
VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2009.
34
ANEXOS
35
ANEXO I_______________________________
Outras Causas de Condenações Realizadas no Frigorífico A em 2007.
Causa
Broncopneumonia
Neoplasia
Peritonite
Caquexia
Linfadenite
Metrite
Pericardite
Pleurite
Gangrena
Decúbito Forçado
Tuberculose Caseosa
Pielonefrite
Pericardite Traumática
Mamite
Actinobacilose
Hipertrofia Nódulo Linfatica
Leocose
Total
Nºde Ocorrência
01
18
01
13
01
01
04
04
03
05
02
01
01
01
01
13
01
71
%
0,17
3,10
0,17
2,24
0,17
0,17
0,68
0,68
0,51
0,86
0,34
0,17
0,17
0,17
0,17
2,24
0,17
12,2
ANEXO II_____________________________
Outras Causas de Condenações Realizadas no Frigorífico B em 2008.
Causas
Contaminação
Nefrite Purulenta
Nº de Ocorrências
01
01
%
0,51
0,51
36
Atrofia Muscular
Contusão Generalizada
Caquexia
Processo Purulento
Melanona
Total
01
02
01
01
01
08
ANEXO III_________________________
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS CAMINHONEIROS
1- Nome do entrevistado:
2- Data:
3- Tipo de caminhão:
0,51
1,03
0,51
0,51
0,51
4,09
37
5- Número máximo de animais que transporta no caminhão:
6- Considera o peso dos animais na hora de transportar:
7- Já morreu algum animal nas viagens realizadas:
8- Para nas viagens para verificar se tem animal caído:
9- Utiliza bastão elétrico:
10- Principais problemas enfrentados com a profissão:
ANEXO IV______________________
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS VETERINÁRIOS RESPONSÁVEIS PELOS
SERVIÇOS DE INSPEÇÃO NOS FRIGORÍFICOS.
1- Quais as principais condenações relacionadas a manejo com os animais:
2- Existe laboratório para fazer exames clínicos com os animais:
38
3- O veterinário faz alguma observação nos animais no momento em que os
mesmos chegam ao frigorífico:
4- Quando o animal chega no frigorífico apresentando suspeita de enfermidade
quais são os procedimentos realizados com ele:

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