Parker Duofold americana - The Fountain Pen Network
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Parker Duofold americana - The Fountain Pen Network
ROBERTO GÓES MONTEIRO PARKER DUOFOLD AMERICANA PARKER DUOFOLD AMERICANA nenhum anel ou faixa metálica na tampa. Os primeiros 1.000 exemplares tinham a gravação JACK KNIFE SAFETY na tampa. Havia outra gravação muito grande no corpo, chamada de “Large Imprint” pelos colecionadores (Figura 2), posteriormente modificada (Figura 3). A pena – tipo 1 – tinha as seguintes inscrições: próxima à ponta, PARKER; no meio, LUCKY CURVE em arco; e, próxima à seção, PEN. O blind era preto, com pequena curvatura côncava e extremidade recartilhada. A peça que formava a extremidade da tampa, e que fixava o clipe, também era preta e recartilhada. A seção, de borracha endurecida preta, tinha conicidade acentuada próxima ao corpo, terminando, junto à pena, com aumento de diâmetro de forma cilíndrica. O alimentador era do tipo “Lucky Curve”, que lembrava o desenho de árvore de Natal quando visto por baixo (Figura 1). As Duofolds tinham garantia de fábrica por 25 anos. Para compreender o significado do lançamento do modelo Duofold no início dos anos 20, é necessário esboçar rápido quadro da indústria na época. O material básico de construção do corpo das canetas era a borracha endurecida ou ebonite. Material fácil de fazer e de trabalhar, era frágil e sensível aos produtos químicos e à luz solar. A cor tradicional era a preta e os modelos mais luxuosos eram envolvidos por bainhas metálicas de metais nobres ou folheados. Cada fábrica tinha grande número de modelos, chegando algumas, como a Parker, a ter mais de 400. Usar caneta-tinteiro de qualidade era símbolo de “status” social nos E. Unidos, país com 50% de analfabetos. Atribui-se ao executivo Lewis M. Tebbel a idéia de lançar novo produto que romperia com os padrões da época. Teria grandes dimensões, cor vermelha, bom volume de tinta e pena de ouro avantajada, quebrando a tradição das canetas masculinas pretas. Seu preço seria de 7 dólares, elevado para a época, mais do que o dobro dos valores vigentes. Alguns protótipos foram entregues a vendedores da companhia. O produto não foi bem recebido pelos lojistas de Chicago − onde foi testada −, que o acharam caro. A Parker promoveu pesquisas junto aos público, e os protótipos foram bem aceitos. Provavelmente no 1º semestre de 1921, iniciou-se a fabricação da Duofold, com vendas na área de Chicago. Em segunda etapa, foi feito o lançamento em âmbito nacional. As vendas foram tão boas que a Parker passou a fabricar apenas 30 modelos. E, pela 1ª vez, fabricante de canetas passou a ter a maior parte de seu faturamento decorrente de um só modelo. Em quatro anos, ela transformou a Parker em nome dos mais importantes da indústria de canetastinteiros. NO BAND Como a tampa não tinha nenhuma faixa ou anel metálico de reforço, essas canetas são hoje conhecidas por “No band”. Em 1922, a cor foi mudada para Chinese Red, vermelho-alaranjado, e devido ao tamanho e à cor, foram apelidadas de “BIG REDS” (Figura 1) , cognome esse que se estendeu às canetas posteriores de mesma cor. As “No band” foram vendidas de 1921 até 1923. BROAD BAND No fim de 1922, a Parker modificou as Duofolds. A tampa passou a ter anel metálico muito largo (“Broad band”), com meia polegada de largura, de borda arredondada, folheado a ouro e revestindo completamente a extremidade aberta (Figura 1). Esse anel impediria que a tampa rachasse com facilidade, além de contribuir para melhor estética. Havia novos tamanhos além do original Oversize: o Jr, menor e com clipe, e o Lady Duofold, também menor, sem clipe e com anel para passar corrente ou cordão, para o sexo feminino. Nesse mesmo ano foi lançada a linha De Luxe (US$10,00), cujo anel da tampa era de ouro maciço. Todos os modelos tinham gravações grandes no corpo, do tipo “Large Imprint” com novos dizeres (Figura 4). A pena – tipo 2 – dos primeiros exemplares desse modelo tinham as seguintes inscrições : a palavra PARKER junto à ponta; LUCKY CURVE em arco; PEN; e DUOFOLD junto à seção. A inscrição da pena foi modificada (cont.) CARACTERÍSTICAS O desenho das Duofolds, seu mecanismo de enchimento e o clipe conservavam as linhas gerais do modelo “Jack-Knife”. Seu formato era cilíndrico, ao estilo da época. O sistema de enchimento era patente antiga da Parker, com acionamento por pequeno botão metálico —“button filler”. Em situação normal de uso, o botão era coberto por pequena tampa, o “blind”. O clipe era modelo patenteado pela Parker, fixado ao corpo por arruela. Inicialmente havia apenas um tamanho, mais tarde chamado de “Over-size”, de borracha endurecida, na cor “Pompeian Brown”, sem 1 ROBERTO GÓES MONTEIRO PARKER DUOFOLD AMERICANA 2 ROBERTO GÓES MONTEIRO PARKER DUOFOLD AMERICANA uso com corrente ou cordão. A lapiseira correspondente ao Over-size foi chamada de “Big Brother” e tinha a gravação “Big Bro” no seu corpo. posteriormente para: PARKER; no meio, DUOFOLD em arco; e PEN junto à seção. Esse tipo de gravação – pena tipo 3 – foi usada até o fim da produção das Duofolds. A “Broad band” foi vendida de 1922 a 1924. PLÁSTICO Em 1926, a Parker fabricou seus primeiros modelos de plástico, chamado Permanite, marca de fantasia para o nitrato de celulose. A cor era verde e as canetas receberam o nome de “Jade Pen” − embora fossem semelhantes às Duofolds −, nos três tamanhos e com as lapiseiras correspondentes. Em meados de 1927 as Jade Pen passaram a receber as gravações e o logotipo das Duofolds. THIN BAND Em 1923, o anel da tampa foi modificado nas Over-size e Jr. Ele ficou mais estreito (“Thin Band”) e bem saliente em relação à superfície. No fim do ano surgiram modelos de borracha endurecida preta. Os tamanhos eram Over-size, Jr e Lady, tanto na linha normal como na De Luxe. As Lady e as De Luxe conservaram o “Broad Band” até 1927. As gravações do corpo passaram a ser menores, chamadas de “Medium Imprint”, usadas até 1926 (Figura 5). A “Thin Band” foi vendida de 1923 a 1925. As Duofolds passaram a ser feitas com as paredes mais finas em 1924. Iniciou-se a produção de lapiseira em tamanho pequeno e assemelhada à da Eversharp. Seu clipe era em forma de colher, diferente do usado na caneta. Nesse mesmo ano, a Sheaffer lançou novo material fabricado pela DuPont, o nitrato de celulose ou celulóide, com o nome de fantasia de “Radite”, imitando mármore verde, com garantia por toda a vida do comprador original. Em 1925, foram lançados três novos modelos de lapiseira com clipe semelhante ao da caneta, salvo o Lady, que apresentava anel para WIDE BAND Em 1926, o anel da tampa ficou rente com a superfície e ligeiramente mais largo (“Wide band”). Foram introduzidos, também, modelos plásticos vermelhos e pretos, além do verde. O material plástico era mais leve e mais resistente do que a borracha endurecida. Foram feitos anúncios mostrando que resistiam a quedas de aviões ou de edifícios. As vendas da Parker bateram novos recordes. As gravações diminuíram novamente de tamanho, sendo chamadas “Small Imprint” que, salvo modificações no texto, perduraram até o final (Figura 6). A “Wide Band” foi vendida de 1926 a 1928. 3 ROBERTO GÓES MONTEIRO PARKER DUOFOLD AMERICANA Também em 1926, foram fabricadas Duofolds Over-size de borracha preta lavrada (ciselé), com gravação média − “Medium Imprint” − e anel da tampa rente. Foram modelos de transição entre o uso de borracha e o do plástico. Nesse mesmo ano, a Parker tentou conquistar o mercado de canetas de baixo preço, e iniciou-se a fabricação de modelo preto destinado à faixa de baixo custo, a Parker D.Q. (Duofold Quality). STREAMLINE De 1928 para 1929, o desenho das Duofolds foi modificado, ganhando extremidades mais afiladas, aerodinâmicas ou “Streamline”. O alimentador “Lucky Curve” foi abandonado em favor de outro mais simples. A forma da seção também foi modificada, com perfil côncavo, perdendo a angulosidade do desenho inicial (Figura 1). O “blind” passou a ser mais curvilíneo, e tanto ele como o cabeçote da tampa perderam o recartilhado. As cores eram vermelho, preto, verdejade, azul lápis-lazúli, amarelo “Mandarin” e, o modelo De Luxe, “Moderne Black and Pearl” marmorizado. Todos tinham dois anéis estreitos na tampa, salvo o De Luxe e o Lady com três anéis. Novamente a gravação do corpo foi modificada quanto ao texto, mas não quanto ao tamanho − “Small Imprint” (Figura 7). Na passagem de 1928 para 1929, chegaram às lojas alguns modelos, hoje muito raros, com faixas na tampa não usuais quanto a número e cores, provavelmente protótipos que foram comercializados. Duas novas cores foram introduzidas em 1930: “Burgundy and Black”, nas séries normais e “Green and Pearl”, na De Luxe, ambas marmorizadas. Também nesse ano apareceu a linha chamada “Vest Pocket”, com canetas e lapiseiras mais curtas do que normal, mais adequada para bolsos masculinos. O texto da gravação foi novamente modificado em 1931 pela última vez (Figura 8). Em 1932, apareceu a cor “Sea Green Pearl and Black”, na linha De Luxe, que tinha três anéis na tampa. A variante “Green Pearl and Black” foi usada nas demais canetas com dois e com três anéis. Os modelos Lady e De Luxe sofreram modificação na tampa, cujo anel do meio ficou mais largo. De certa forma padronizou-se o uso de três anéis em modelos de maior luxo e de dois anéis nos “standard”, sistema adotado em outras canetas da Parker, inclusive na Vacumatic. As Duofolds Streamline foram vendidas de 1929 a 1933. PASTEL No meio do ano de 1926, foi lançada linha de menor diâmetro chamada “Pastel”, de canetas e lapiseiras de tonalidades suaves, nas cores magenta, malva, azul “Naples”, bege e coral, seguidas da verde-maçã. Esses instrumentos eram destinados ao público feminino. Em 1927, a linha Pastel passou a ter decoração em “moiré”. Duas novas cores foram introduzidas nas Duofolds em 1927: azul “Lapis-lazuli” e amarelo “Mandarin”, essa última mais rara do que as demais ( vermelha, preta, verde e azul ). Dois outros modelos foram lançados: a Special, semelhantes à Jr, porém mais comprida e em dois tamanhos, e a Juniorette, semelhante à Lady, com anel metálico do tipo “Broad band” e com clipe. DOUBLE BAND No início de 1928, o anel largo (“Broad band”) da Lady Duofold foi substituído por três anéis estreitos. O anel dos demais modelos foi substituído por dois anéis estreitos (“Double Band”) no final do ano. No Natal foi anunciado o modelo Imperial Duofold, mais tarde rebatizado novamente de De Luxe, produzido em padrão marmorizado “Moderne Black and Pearl” (a grafia Moderne consta dos anúncios). A tampa tinha três anéis e a pena apresentava a gravação “De Luxe”. Custavam US$10,00, mais caros do que a Duofold comum, e a garantia desses modelos era permanente − “Guaranteed for life”. Essas canetas conservavam o “Small Imprint”. No fim de 1928, todas as Duofolds tinham garantia permanente. O tamanho Over-size recebeu a denominação de “Senior”. Como, com exceção dos modelos De Luxe e Lady, todos os modelos tinham dois anéis estreitos, essas Duofolds são conhecidas como “DOUBLE BAND” e foram vendidas de 1928 a 1929. Também em 1928, na linha mais popular, foi lançado o modelo “True Blue”, com as cores azul e branco formando padrão geométrico, bem no estilo “art déco”. Ao que tudo indica, não foi sucesso de vendas e se tornou modelo raro para colecionadores. DATAÇÃO Como durante todo o tempo de sua fabricação foram feitas pequenas modificações, é possível datar essas canetas quase que ano a ano. Basta observar o tipo do anel usado − ou sua ausência −, o tipo de gravação no corpo e os textos inscritos, a matéria-prima − borracha ou plástico −, o tipo da seção e do “blind”, a cor e o formato 4 ROBERTO GÓES MONTEIRO PARKER DUOFOLD AMERICANA também ofereceu garantia Lifetime, isso não é verdade. Ela usou três expressões em seus anúncios “Guaranteed for life”, “Guaranteed forever” e “Guaranteed for life contract”, para não violar o registro da Sheaffer. Em 1947, o governo americano proibiu esse tipo de garantia por considerá-lo enganoso ao consumidor. Toda garantia passou a ser limitada. Lady Duofold: Modelos menores, sem clipe, destinados ao público feminino, e com anel para passar “chatellaine”, corrente ou fita de tecidos. Eram usadas dependuradas ao pescoço ou presas a botão de roupa. De 1922 a 29 foram fabricadas com “Broad band”. Geralmente receberam detalhes de acabamento mais ricos, mais próximos das De Luxe. Lapis-lazuli: Lápis-lazúli em português. Gema preciosa de origem metamórfica, de cor azul profundo, com pequenas inclusões douradas. Vários fabricantes de canetas usaram imitações de celulóide, de acrílico ou de laca sintética. As Duofolds “Lapis-lazuli” eram feitas de celulóide. Nitrato de celulose ou celulóide: também chamado de zilo, Radite ®, Permanite ® e Pyroxylin ®. Foi dos primeiros plásticos usados pela indústria de modo geral. É obtido a partir do algodão-pólvora, explosivo poderoso, adicionado à resina de cânfora como plastificante. A Sheaffer fio a pioneira no seu uso, em 1924. É facilmente dissolvido pela acetona e pelo éter etílico. Foi usado como suporte de filmes cinematográficos. É material de fácil combustão. Nitrato de celulose libera odor de cânfora quando atritado ou trabalhado. Após a 2ª Grande Guerra foi sendo abandonado em benefício de plásticos mais seguros e mais estáveis como o acetato de celulose e a resina acrílica. Na década de 1990 alguns fabricantes italianos lançaram belíssimos modelos em celulóide. da caneta para determinar o ano de sua fabricação. A Figura 1 é útil para isto. Alguns exemplares, entretanto, são de datação mais difícil. São os com partes substituídas quando submetidos a reparos, ou fogem aos padrões por serem protótipos para avaliação que acabaram sendo comercializados. Outra dificuldade está no conflito de informações que podemos encontrar de um autor para outro. FIM DA FABRICAÇÃO No início dos anos 30, as Duofolds estavam antiquadas quando comparadas com as canetas da concorrência, e as vendas caíram. Os estoques foram liquidados até 1933. Mas a Parker tinha substituta à altura: a Vacumatic. Com lançamento das Vacumatics em 1932, a Parker fabricou vários modelos de 2ª linha derivados da Duofold, na década de 30 e até a metade dos anos 40, sob os nomes de Challenger, Duofolds e V.S. GLOSSÁRIO: Chicago: Cidade americana na região dos Grandes Lagos, próxima do Canadá. Era considerada mercado difícil para a venda de canetas pela indústria. Produto que tivesse boas vendas em Chicago seria bem sucedido no restante dos Estados Unidos. A cidade era usada como campo de provas para novos lançamentos. Duofold De Luxe: Foi a linha mais cara, em torno de 10 dólares, com garantia permanente (Guaranteed for life), tendo os adorno metálicos, ou parte deles, de ouro sólido no lugar de folheados. Conservaram o “Broad band” até 1928, quando receberam três anéis. Muitas vezes tiveram padrões de cores diferentes dos modelos “standard”. Duofold Jr: Modelo de menor tamanho do que o standard, isto é, o Over-size e, depois, o Senior. Nos anúncios da Parker nunca receberam a grafia “Junior” por extenso. Somente a abreviatura foi grafada. Duofold Over-size e Senior: Eram os tamanhos “standard” das Duofold. Com o lançamento de modelos menores, a Parker chamou-os de “Over-size”. A partir de 1928 passou-se a usar “Senior” nos anúncios, em oposição a Duofold “Jr”. Guaranteed for life e Lifetime: Sistema de garantia durante toda a vida do primeiro comprador, oferecido pela Sheaffer, em 1920, aos adquirentes de modelos mais caros. Outros fabricantes a imitaram. Os consertos eram feitos pela própria fábrica ou por sua rede de assistência técnica, pagando o comprador apenas as despesas de frete. A Sheaffer registrou a marca Lifetime em 1922. Embora os textos digam que a Parker FONTES: Fischier, T. – http: www. angelfire.com / pages0 /boris /parker5 /htm#51, (Internet) 1996 Bowen, G.- Collectible Fountain Pens - L-W Books Sales - 1991 Haury, P. e Lacroux, J-P. - Une Affaire de stylos - Éditions Seghers/Éditions Quintette 1990 Lambrou, A.- Fountain Pen - Vintage and Modern - Sotheby’s Publications - 1989 Plewa, F.- Parker Duofolds “Big Reds”- Pen World Magazine, vol. 4, nº 3- 1991 5