Projecto - APOIO - Associação de Solidariedade Social

Transcrição

Projecto - APOIO - Associação de Solidariedade Social
Introdução
O pleno e efectivo desenvolvimento das crianças em todas as suas dimensões é o maior
objectivo partilhado por toda a equipa pedagógica da creche “O Ninho da Cegonha”, como
tal, e de modo a conseguir organizar um plano de acção de uma prática pedagógica
coerente e adequada à realidade das crianças que frequentam a creche, surgiu a
necessidade de elaborar um Projecto Pedagógico da Creche (PPC).
Tendo em conta que um projecto é uma intenção de transformação do real, guiada por uma
representação do sentido dessa transformação que tem em conta as condições reais de modo
a orientar uma actividade (Castoriadis, 1975:106), o PPC deve representar objectivamente
uma opção pedagógica partilhada pela equipa de educadores (objectivos, linhas
orientadoras e actividades/estratégias), reflectindo um conhecimento profundo da
população à qual se destina o projecto (características, necessidades e potencialidades),
bem como os recursos disponíveis.
Desta forma, a primeira parte do documento que apresentamos diz respeito à
caracterização do meio envolvente. Neste ponto é feita uma caracterização geral da
população alvo e são apresentados alguns recursos e equipamentos sociais
existentes na freguesia onde a Creche está inserida.
O segundo ponto do PPC diz respeito à Caracterização/ Organização da Creche.
Nesta fase são traçados os Princípios Orientadores e é explicitada toda a
organização da Creche, nomeadamente, Organização Pedagógica (Áreas de
Desenvolvimento e Objectivos da creche), Organização do Espaço, Organização das
Salas e Organização do Tempo/Rotinas. É ainda desenvolvido um ponto referente
ao Envolvimento Parental.
“Brincando com a Arte” foi o tema escolhido, no ano anterior, para o PPC por
reconhecermos nele grande potencialidade no que diz respeito ao alcance dos
objectivos inicialmente traçados. Por ser um tema bastante vasto, permite englobar
todas as Áreas de Desenvolvimento das crianças em idade de creche e trabalhá-las
de forma integrada e articulada, daí a equipa pedagógica pretender aprofundar esta
temática neste ano lectivo sob um ponto de vista mais específico. Propomo-nos a
desenvolver um trabalho que envolva uma maior parceria com as famílias e a
comunidade. Daí a escolha de um subtítulo – “Vem juntARTE a nós”.
“Toda A CRIANÇA É UM ARTISTA A SEU MODO. Precisamos oferecer um “monte”
de possibilidades…muitos materiais, muitas linguagens…, pois possuir muitas
linguagens significa ter muitas possibilidades para exprimir-se”.
Lóris Malaguzzi
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No tópico referente ao Projecto “Brincando com a Arte – Vem juntARTE a nós”, é
apresentada uma fundamentação teórica do tema e são traçados os objectivos
gerais e específicos.
No ponto 4 do Projecto Pedagógico da Creche, é apresentado o Plano Anual de
Actividades onde está descriminada a calendarização das principais actividades
pensadas em conjunto para o ano lectivo a decorrer.
Numa fase final do documento será descrita a forma como a equipa pretende fazer
a avaliação do PPC, tendo em consideração que um projecto é um plano de acção
complexo que, apesar de ser objectivo, apresenta um carácter flexível susceptível a
adaptações resultantes das necessidades que vão sendo diagnosticadas ao longo
do ano.
1. Caracterização do Meio Envolvente
1.1.
Caracterização Geral da População Alvo
A população da Creche Ninho da Cegonha é constituída por 59 crianças,
oriundas do Bairro da Encosta da Portela e dos arredores da freguesia de Carnaxide.
Em termos sócio-económicos e culturais a população é diversificada.
Contudo, a maioria dos pais e encarregados de educação evidencia a condição de
trabalhadores por conta de outrem, com horários de trabalho alargados, pelo que
as crianças passam na instituição uma parte considerável do seu tempo diário.
O quadro 1 representa a distribuição das crianças por salas no corrente ano
lectivo.
Quadro 1 – Distribuição das crianças por salas
Faixa Etária
Salas
Nº de crianças
3 a 12 meses
Berçário
9
Sala Amarela
10
Sala Rosa
10
Sala Azul
15
Sala Verde
15
12 a 24 meses
24 a 36 meses
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1.2.
Recursos e Equipamentos Sociais
A Freguesia de Carnaxide (onde a Creche está inserida) está
apetrechada com os seguintes equipamentos sociais:
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
Assomada – Associação de Solidariedade Social
ANDDEMOT
Associação de Especialistas da Força Aérea
Associação dos Surfistas de Oeiras
Associação Portuguesa de Solidariedade e Desenvolvimento
ATL Arco-íris
Biblioteca Municipal de Carnaxide
Bombeiros Voluntários
Casa do Parque
CCCD
Centro Paroquial São Romão
Centro Social Paroquial Nª Sr.ª da Conceição
Centro Social Paroquial São Romão de Carnaxide – ATL “Os Traquinas de
Carnaxide”
Clube de Jovens Outurela/Portela
Colégio Monte-Flor
Companhia de Actores
Conferência Vicentina de S. Romão de Carnaxide
EB1 c/JI Amélia Vieira Luís
EBI c/JI Sophia de Mello Breyner
Escola EB1 Antero Basalisa
Escola EB1 Sylvia Philips
Escola Secundária de Camilo Castelo Branco
Escutas - Agrupamento 908
Espaço Jovem de Carnaxide
Estúdio de dança Sociedade Filarmónica Fraternidade de Carnaxide
Fundação Marquês de Pombal - Ludoteca
Futebol Clube Outurela
Jardim Infância Nª Srª Rocha
Jardim Infância S. Marçal
Jardim-de-infância “O Nosso Miminho”
Jardim-de-Infância Tomás Ribeiro
JI de N.ª Sra. do Amparo
Polícia Municipal
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
Projecto Família Global
Projecto Família Global - Associação para a Inserção Sócio Cultural e
Profissional da Família
Protecção Civil
Protecção Civil Municipal
PSP
Rotary Club de Carnaxide
Santa Casa da Misericórdia de Oeiras
Sociedade Musical Simpatia e Gratidão
2. Caracterização/ Organização da Creche
2.1.
Identificação e Localização do Equipamento
A creche Ninho da Cegonha é um equipamento social pertencente à APOIO –
Associação de Solidariedade Social, Instituição de Solidariedade Social,
considerada Entidade de Utilidade Pública, formada e gerida por voluntários
desde 1988.
Esta instituição está situada num bairro de realojamento social, no Bairro da
Encosta da Portela, freguesia de Carnaxide, no concelho de Oeiras.
2.2.
Princípios Orientadores
A Creche assenta a sua acção sob três princípios fundamentais; Princípio da
interacção – o ser humano constrói-se a si mesmo interagindo com o meio sóciocultural; Principio da experiencia – a mente gira sobre si mesma, apoiando-se nas
experiencias anteriores, dando um significado compreensível às suas novas
construções; Princípio da organização – pensamento em acção – a importância da
experiencia não está nas coisas mas na elaboração/construção que cada um faz
dessas coisas.
Assim sendo pretende-se:

Respeitar a criança como ser único, auxiliando-a a reconhecer e a lidar
com os seus sentimentos

Respeitar o ritmo individual de cada criança, mas proporcionando-lhe
estímulos e condições para que se desenvolva a todos os níveis.

Espreitar as oportunidades de aprendizagem nos problemas que se
apresentam à criança estimulando-a a resolver as suas dificuldades
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
Estimular a aprendizagem própria de cada criança por interacção com
o ambiente, através dos sentidos e da relação social com as outras
crianças da creche

Valorizar a comunicação própria de cada criança

Valorizar a participação activa da família como núcleo essencial da
formação da criança.
2.3.
Objectivos Pedagógicos da Creche
Objectivos Gerais:
o
Proporcionar o bem-estar e desenvolvimento integral das
crianças dos 3 meses aos 3 anos num clima de segurança afectiva e física,
durante o afastamento parcial do seu meio familiar através de um
atendimento individualizado;
o
Colaborar estreitamente com a família numa partilha de
cuidados e responsabilidades em todo o processo evolutivo das crianças;
o
Colaborar de forma eficaz no despiste precoce de qualquer
inadaptação ou deficiência assegurando o seu encaminhamento adequado.
É missão do adulto estimular a criança para:

Adquirir a sua independência e desenvolver o respeito por si e
pelos outros o Socializar em grupo, reconhecendo a individualidade de cada
um o Desenvolver a capacidade de expressão através do diálogo e da
criatividade

Desenvolver a curiosidade e o gosto pela compreensão

Facilitar em tudo o que seja possível o dia a dia dos Pais, sem
nunca pretender substituir-se a eles

Dar confiança e tranquilidade aos pais para que estes possam
desempenhar eficazmente as suas tarefas profissionais

Colaborar com os pais, sempre que possível, no lançamento de
novos serviços e opções que vão ao encontro das suas necessidades
Objectivos Específicos:

Desenvolvimento sócio-afectivo e intelectual
o
o
Respeitar a individualidade de cada criança
Estabelecer uma boa relação com a criança
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o
o
o
o
o
o
o
Proporcionar um ambiente calmo e seguro
Desenvolver o respeito pelo outro (saber esperar pela sua vez)
Dar resposta a curiosidade da criança
Dar liberdade de escolha
Aquisição de regras simples
Aquisição de hábitos de cortesia
Desenvolver a autoconfiança e a autonomia

Desenvolvimento da linguagem
o
Aumento do vocabulário
o
Ser capaz de associar o objecto ao nome
o
Ter compreensão de tudo o que ouve
o
Ter conhecimento verbal do seu corpo, objectos, alimentos,
vestuário, brinquedos, animais, acções e noção de espaço
o
Ter maior capacidade de atenção e de memória

Desenvolvimento psicomotor
o
Maior autonomia física
o
Aquisição da marcha, correr, subir, descer, saltar, vestir, despir
o
Aquisição de maior controlo e coordenação motora
o
Conhecimento dos espaços, permitindo para isso uma exploração
activa dos objectos
o
Estimular a percepção auditiva, táctil, visual, gustativa e olfactiva
o
Conhecimento do seu esquema corporal de forma a saber nomear as
várias partes do corpo
o
Domínio do lápis, colheres, etc.
2.4.
Organização do Espaço
A creche está instalada em 640m2, no piso térreo de um edifício de habitação, numa
rua sem tráfego automóvel e compreende os seguintes espaços de trabalho:
o Uma sala de berçário e uma sala de parque (9 crianças)
o Duas salas de actividades para crianças, desde a aquisição da marcha até aos
24 meses (10+10 crianças)
Duas salas de actividades para crianças dos 24 aos 36 meses (15+15 crianças)
o Uma sala de refeições transformável numa sala polivalente
o Dois recreios exteriores
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Possui ainda as seguintes áreas complementares de serviço:
o Gabinete de coordenação e atendimento a pais e encarregados de educação
o Sala de isolamento, para atendimento específico a criança cometida com
doença súbita
o Cozinha
o Copa de leites, junto ao berçário
o Sala de higienização, igualmente junto ao berçário
o Instalações sanitárias para crianças
o Sala de pessoal
o Instalações sanitárias para pessoal (M/F)
o Instalações sanitárias para pessoas locomovidas em cadeiras de rodas
o Salas de arrumos
“A organização e a utilização do espaço são expressão das intenções educativas e
da dinâmica do grupo, sendo indispensável que o educador se interrogue sobre a
função e finalidades educativas dos materiais de modo a planear e a fundamentar as
razões dessa organização” (Ministério da Educação; 1997,p.37)
Neste sentido, a creche foi apetrechada com mobiliário e equipamento didáctico
moderno, funcional, especialmente dimensionado para os espaços disponíveis,
adaptado ao Projecto educativo e à organização da creche e em quantidade
suficiente face à sua população máxima.
2.5.
Organização do Tempo/ Rotinas
“Uma rotina é mais do que saber a hora a que uma criança come, dorme, toma
banho e se vai deitar. É também saber como as coisas são feitas…as experiências
do dia-a-dia das crianças são as matérias primas do seu crescimento”
Judith Evans e Ellen Ilfield (1982
7h30
9h00
9h30
10h00
11h00
11h30
12h30
15H00
15h30
16h00
16h15
19h30
Acolhimento
Encaminhamento para as salas
Suplemento alimentar
Actividades Orientadas
Higiene
Almoço
Higiene/Sesta
Higiene
Lanche
Higiene
Actividades Livres
Encerramento
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2.6.
Envolvimento das Famílias
As famílias e a comunidade são parceiras no processo educativo. Estes fazem
parte da vida das crianças e podem constituir elementos de referência
fundamentais para a integração social das mesmas na comunidade/sociedade a que
pertencem. Durante o ano lectivo, para além dos momentos formais de reunião
para discutir assuntos de ordem administrativa e pedagógica, os encarregados de
Educação poderão aproximar-se mais da realidade da creche através de algumas
actividades que mais à frente serão apresentadas.
Manter um bom relacionamento entre as duas instituições Escola/Família é
imprescindível para que se crie um ambiente de mútua confiança, na medida em
que o objectivo primordial da escola é proporcionar o bem-estar das crianças.
Também a comunidade será utilizada como instrumento de aprendizagem
do grupo; não só pretendemos solicitar aos agentes da comunidade a colaboração
nas actividades (ex: Natal, entre outros) como levar o grupo a conhecer e a explorar
o seu meio envolvente, através dos seus usos e costumes, através do seu
património artístico e cultural.
3. Projecto “Brincando com a Arte – Vem juntARTE a nós”
3.1.
Fundamentação Teórica
O Desenvolvimento Infantil
Segundo as teorias do desenvolvimento cognitivo de Piaget, a actividade
cognitiva durante o Estádio Sensório-Motor, que se prolonga desde o nascimento
até aos dois anos, baseia-se principalmente na experiência imediata, através dos
sentidos. O termo sensório refere-se ao modo como os bebés recolhem
informações sobre o mundo através dos sentidos, o termo motor refere-se ao modo
como aprendem através da acção física. Entre os dois e os sete anos de idade, as
crianças entram no denominado Estádio Pré-Operatório. A grande diferença entre
este e o estádio anterior é a capacidade de armazenamento de imagens mentais.
Neste estádio o modo de aprendizagem predominante é o intuitivo, livre e
amplamente imaginativo. Aqui dá-se o inicio do pensamento simbólico, onde as
ideias substituem as experiências concretas.
Um dos grandes marcos de desenvolvimento das crianças até aos três anos é
a sua capacidade de expressão. No entanto, tal como defende Gabriela Portugal,
importa salientar que a expressão individual não se confina ao uso da linguagem
mas envolve também a representação/expressão das experiências/impressões das
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crianças através de diversas formas expressivas. Quando a criança desenha, pinta,
dança, constrói, esculpe, faz música… ou brinca, ela envolve-se activamente num
processo de atribuição de sentido, de forma única, individual, à sua medida.
Os psicólogos do desenvolvimento também consideram que o processo de
expressão individual é fundamental ao permitir que as crianças se tornem mais
capazes de atribuir sentido às suas experiências.
A arte na primeira infância
As crianças em idade de creche exploram a arte como uma experiência de
aprendizagem ou uma vivência, descobrindo o que lhes é estimulante e
interessante. Estão mais interessadas em fazer a arte do que em produzir um
produto final.
Estas são movidas por estímulos, que são depois transformadas em
experiencias significativas quando as crianças conseguem controlar os meios de
expressão.
Os estádios de desenvolvimento artísticos que são sugeridos por Lowendelfe
e Brittain são paralelos aos estádios piagetianos do desenvolvimento intelectual. A
expressão artística está relacionada com os níveis de percepção, controle muscular
e coordenação da criança.
A cada estádio de desenvolvimento, o trabalho da criança é uma obra
completa, exprimindo uma visão autêntica do mundo infantil, segundo a sua
maturidade perceptiva e intelectual
Feeney e Maravcik (1987) acreditam que as crianças pequenas podem
desenvolver o seu senso estético quando têm a oportunidade de criar e apreciar a
beleza.
A criatividade
Imaginação é mais importante que o conhecimento.
O conhecimento é limitado.
A imaginação abraça o mundo.
Albert Einstein
A criatividade é uma qualidade do ser humano, e esta pode ou não ser
estimulada, desenvolvida e aperfeiçoada. Isto significa que todos nós nascemos
potencialmente criativos, mas o desenvolvimento desta capacidade depende dos
factores de vida pelos quais todos passamos.
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Porém, todo o acto criativo pressupõe a realização de algo novo que se
adapte a uma necessidade qualquer, de forma a resolver alguma questão. Isto
significa que o indivíduo que consiga combinar ideias que até então nunca tinham
sido “misturadas”, dando origem a um novo conhecimento, está a inovar, ou seja,
criou algo de novo, e isto faz com que este resultado seja encarado como criativo.
A criatividade permite solucionar desafios e problemas que surgem no dia-adia, o que faz com que esta resolução criativa tenha um real valor utilitário face a
algo.
A criança mobiliza todo o seu ser quando se entrega espontaneamente a
uma actividade criadora. É um verdadeiro meio de disciplina interior que envolve
processos de formas superiores de vida mental e que traz à criança, no plano geral,
equilíbrio e harmonia, preparando-a ainda para a aprendizagem formal da escola.
O educador deve estar preparado para estimular, promover e aceitar a
linguagem gráfica da criança como factor importante do seu desenvolvimento.
Nem sempre as palavras exprimem, em toda a sua plenitude, a intensidade
de uma vivência. Por vezes são necessários meios diferentes de expressão, como os
jogos, as actividades artísticas, … que permitem a realização dos desejos, a
satisfação de necessidades pessoais e a afirmação do Eu.
É através da expressão livre que a criança realiza a síntese entre a expressão
do Eu e a submissão ao real
Para a criança, todas as experiências que conduzem à criação devem ser
educativas. Logo o resultado não é importante, mas sim o processo que o originou.
É nele que se desenvolvem a percepção, a imaginação, a observação, o
raciocínio, o controle gestual…capacidades psíquicas que influenciam a
aprendizagem.
A criação artística favorece o desenvolvimento total da personalidade,
reunindo em harmonia a actividade intelectual, a sensibilidade e a habilidade
manual. A possibilidade de mexer com vários materiais dá grande liberdade e prazer
à criança, ajudando-a a tornar-se um adulto completo e sensível.
A criação artística liberta tensões e energias, instaura uma disciplina
formativa interna de pensamento e acção e favorece a manutenção do equilíbrio
necessário para que a aprendizagem se processe sem barreiras e a integração social
sem dificuldades.
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Um clima criativo é o que:

favorece a descoberta e a estimulação da individualidade

promove a curiosidade intelectual

incita o questionamento

indaga sobre o futuro

fomenta a interacção entre as crianças em actividades criativas

privilegia a interdisciplinaridade
A criatividade envolve três operações cognitivas distintas:
- a fluência;
- a flexibilidade;
- a originalidade;
A fluência consiste na capacidade de se exprimir um significado através de
ideias e conceitos múltiplos; em suma, ser capaz de simbolizar experiências em
termos gerais.
A flexibilidade implica a capacidade de se conseguir mudar de um
pensamento rígido para a procura de soluções alternativas, quando as respostas
óbvias estão erradas.
A originalidade consiste na capacidade de se arranjar soluções ou conceitos
singulares ou novos.
A criatividade é, portanto, uma componente básica da solução de problemas
pois requer a modificação flexível de pensamentos.
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O Sentido estético
O tipo de educação mais eficaz é
aquela em que a criança brinca no
meio de boas e belas coisas
Platão
O ensino das artes não pode, no entanto, ser somente entendido em termos
de criatividade pois, ao lidar com estas expressões, deve-se também lidar com
conceitos de estética.
Jeanette F. Lacy sugere que as crianças sejam treinadas em "alfabetização
visual", capacitando-as a olhar, ver seleccionar, avaliar, registar, corrigir e expressar
as suas experiências.
A aprendizagem a partir da arte
A arte é a representação, a ciência a explicação - da mesma realidade.
Herbert Read, "A educação pela arte"
Aprender a desenhar é na realidade uma questão de aprender a ver - a ver
correctamente - e isso significa muito mais do que uma simples olhadela.
Kimon Nicolaides, "The Natural Way to Draw
As artes comunicam o que há de humano em cada um nós. Elas despertam a
aprendizagem porque tocam o verdadeiro ser interior, a perspectiva do eu nãocorporal.
As artes, tal como as ciências, são sistemas simbólicos que comunicam
significados a respeito do mundo (Fowler, 1989), expressam uma forma de
conhecer o mundo que é pessoal, mas pode ser compartilhada com os outros.
Usadas adequadamente a musica, o movimento e as artes plásticas podem
servir como veículo para a expressão criativa e promovem a individualidade e a
criatividade.
As artes plásticas, a música e o movimento permitem que a criança se
expresse criativamente de muitas formas e que confira sentido ao mundo de
maneira diversa daquela da linguagem oral.
A aprendizagem pela descoberta é importante para o desenvolvimento do
espírito criativo, um modo de pensamento que Bruner acha crucial para uma
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“mente-bem-desenvolvida". O pensamento não é apenas um exercício de lógica
formal, mas também reside na esfera global da consciência de cada indivíduo que
inclui crenças, desejos, expectativas, emoções e intenções.
A Função pedagógica
“... o primeiro requisito de qualquer civilização que tenha pretensões a
possuir valores culturais é a criação de um sistema de educação e ensino que seja
capaz, não apenas de preservar a sensibilidade natural da criança, mas de fazer dela
a base do desenvolvimento mental.”
Herbert Read
A Associação Portuguesa de Educação pela Arte (fundada em 1965, por João
dos Santos, Calvet de Magalhães, Alice Gomes, Almada Negreiros, J. F. Branco,
António Pedro, Adriano Gusmão, Cecília Menano entre outros) desenvolveu o
conceito de educação como um caminho para a formação do ser, da pessoa no seu
todo, realçando que é preciso ir mais além e colocar a arte no seu devido lugar,
usando-a para estimular a aprendizagem e imprimir um ritmo mais criativo, livre e
lúdico ao ensino / educação.
O planeamento do currículo deve enfatizar a aprendizagem como um
processo interactivo. Os educadores devem preparar um ambiente de exploração
activa e de interacção entre adultos, crianças e materiais.
A arte deve ser valorizada pedagogicamente como forma de usar os
sentimentos, a sensibilidade e a compreensão de aspectos vitais que muitas vezes
requerem expressão por meios que não são racionais nem lineares.
Uma parte importante do mundo criativo é também a experimentação do
mundo no seu estado real. É importante dar às crianças a oportunidade de interagir
com o ambiente a nível físico e intelectual. O acto expressivo serve como um meio
de integrar os sentidos vivenciados em estruturas mentais.
A pedagogia da arte deve ser orientada no sentido da criação, da afirmação
de si mesmo pela invenção pessoal.
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3.2.
Objectivos Gerais e Específicos do Projecto
Objectivos Gerais:
Estimular o sentido estético;
Desenvolver a capacidade criativa;
Desenvolver nas crianças variadas formas de expressão;
Envolver as famílias e a comunidade;
Sensibilizar para as diferentes formas de arte;
Proporcionar vivências directas com a arte.
Objectivos Específicos:
Convidar pessoas ligadas ao mundo artístico e cultural;
Convidar as famílias a partilharem as suas vivências, competências e experiências;
Vivenciar a arte e a cultura através de saídas ao exterior;
4. Plano Anual de Actividades
O Plano Anual de Actividades pretende ser um documento claro e
estruturante dos objectivos que nos propomos atingir. Porém, este deve
também ter um carácter flexível susceptível a alterações sempre que estas se
revelem necessárias.
“ O Projecto é uma intenção de transformação do real, guiada por uma
representação do sentido dessa transformação que tem em conta as condições
reais de modo a orientar uma actividade (…) O Plano corresponde a um
momento técnico dessa actividade quando condições, objectivos e meios
podem ser determinados com exactidão (…) O Plano é apenas uma visão
fragmentária e provisória do Projecto” (Castoriadis, 1975: 106)
Remetemos, desta forma, o Plano para o Anexo I
5. Avaliação
Será feita uma avaliação do processo orientada para a tomada de decisões
durante o desenvolvimento do projecto. Neste tipo de avaliação supõe fazer-se um
seguimento exaustivo de todos os passos relativos ao projecto, para que se possa
detectar possíveis erros, resultados imprevistos e ajustes no projecto.
A avaliação dos resultados também será imprescindível, pois possibilita-nos
verificar se os objectivos foram atingidos.
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Então, a avaliação será feita de uma forma contínua para que se possa
adaptar a novas situações. Para além de ser uma avaliação periódica do trabalho
realizado, deve ser feita com a equipa, para que se possa reconduzir e adequar as
intervenções, colmatando as lacunas que, com certeza, irão surgir.
Em paralelo, será realizada uma avaliação individual de cada criança com o
objectivo de avaliar o processo de desenvolvimento de cada uma delas. Esta
avaliação dera ser feita mediante uma grelha de observação, cujos parâmetros vão
de encontro à faixa etária em questão.
6. Considerações Finais
A equipa de profissionais da Creche “ NINHO DA CEGONHA “ , pretende criar um
ambiente educativo desafiador. Proporcionar condições favoráveis às suas crianças
de modo a que as suas capacidades naturais possam ser valorizadas e
potencializadas. O ambiente tornar-se -á assim, bastante estimulante o que
permitirá à criança fazer escolhas e agir sobre elas, criando espaços organizados,
estimulantes e flexíveis, eles serão pois, factores essenciais para que a Creche seja
uma importante resposta educativa.
A presença de um Projecto Pedagógico prevê que haja, não só, finalidades
educativas para a construção da identidade da criança mas, também, a construção
da identidade profissional e pessoal dos educadores. O projecto surge, por isso,
com intencionalidade, ele é contextualizado consoante o grupo de crianças com as
quais estamos diariamente. O desenvolvimento do mesmo, parte daquilo em que
nós, profissionais da educação acreditamos, do que somos – a nossa identidade
pessoal e profissional. Por isso consideramos que para construir um projecto é
necessário o nosso completo envolvimento e o envolvimento das crianças. Juntos
iremos com certeza, crescer.
Lembramos que o nosso trabalho, é um trabalho em constante mutação, será
revisto ou reformuladas tantas as vezes que forem necessárias pelo interesse da
criança.
O Projecto Pedagógico de sala está a ser elaborado, em conformidade com as
características do grupo de crianças, suas necessidades e expectativas familiares.
A notar ainda que os temas sugeridos no Plano Anual de Actividades, serão
sempre trabalhados de acordo com o tema do nosso projecto “ Brincando com Arte
– Vem juntARTE a nós“.
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7. Referências Bibliográficas

EDWARDS, C., GANDINI, L., FORMAN, G., as Cem Linguagens da 1
Criança, Artemed, Porto Alegre: 1999

KOHL, M., Iniciação à Arte para Crianças Pequenas, Artemed, Porto Alegre:
2002

Manual de Processos-Chave, Instituto da Segurança Social, IP

POST, J., HOHMANN, M., Educação de Bébes em Infantários, Fundação
Calouste Gulbenkian, Lisboa: 2003

SPODEK, B., SARACHO, O., Ensinando Crianças de Três aos Oito anos,
Artemed, Porto Alegre: 1998

SPRINTHALL, Norman A., SPRINTHALL, Richard C., Psicologia
Educacional, Editora McGraw-Hill de Portugal, Lda, Amadora: 1993
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