Acompanhamento social personalizado:

Transcrição

Acompanhamento social personalizado:
GUIA PARA EQUIPAS DE TERRENO
DA HANDICAP INTERNATIONAL E ACTORES
DOS SERVIÇOS SOCIAIS
Dezembro 2009
Acompanhamento
social personalizado:
Reflexões, método e ferramentas
de uma abordagem em trabalho
social de proximidade
Autores: Audrey Relandeau, Nathalie Cherubini, Claudie Didier Sevet e Annie Lafreniere; produzido pela Secção
Serviços Sociais, Económicos e Educação, Direcção de Recursos Técnicos, Handicap International
Contributos: Hervé Bernard, Philippe Chervin, Eric Delorme, Responsáveis pelos Programas, Dominique Granjon,
Eric Plantier-Royon, Cécile de Ryckel, Mathieu Dewerse, da Handicap International, Pamela Trevithick,
Emmanuelle Six,
Equipas da Handicap International e parceiros dos nossos programas na Argélia, Balcãs, Camboja,
Indonésia, Madagáscar, Marrocos, Moçambique, Nepal, Rússia, Senegal.
Apoio técnico e edição: Handicap International – Pólo Publicações Profissionais, Catherine Dixon
Tradução: Gil Gonçalves Costa
Criação gráfica: Catherine Artiglia
Paginação: Frédéric Escoffier
Contactos: Annie Lafrenière, Referente Técnica de Inserção Social, Handicap International
[email protected]
Hervé Bernard, Responsável de Domínio, Handicap International
[email protected]
Crédito fotografia da capa: © Priscille Geiser / Handicap International
Este guia pode ser utilizado ou reproduzido sob reserva de mencionar a fonte e unicamente para uma utilização não
comercial.
ISBN:
Princípios e referências
página 07
/ Trabalho social e desenvolvimento
/ Acompanhamento social personalizado:
generalidades
/ O acompanhamento social personalizado
de pessoas com deficiência
Parte
Parte
2
3
Guia prático
página 25
página 30
página 47
Caixa de ferramentas
/ Etapa 1: Estabelecimento de contactos
/ Etapa 2: Diagnóstico social / Etapa 3 e 4: Negociação do projecto
/
/
/
/
página 16
página 29
/ Guia prático do interveniente social
/ Guia prático do chefe de projecto
página 08
página 53
página 54
página 55
página 69
e plano de acçãopágina Etapa 5: Contratualização página 71
Etapa 6: Arranque e seguimento do projecto página 73
Etapa 7: Avaliação / balanço intermediário página 74
Etapa 8: Finalização do acompanhamento página 75
Bibliografia e referências
3
página 78
Guia prático
1
página 04
Caixa de ferramentas
Parte
Prefácio
Princípios e referências
Índice
Prefácio
A presente obra é um guia metodológico sobre o acompanhamento social personalizado.
Ao propor elementos de compreensão, de reflexão e de prática sobre essa abordagem do trabalho
social, dirige-se aos intervenientes de terreno da Handicap International e aos referentes de
serviços públicos ou associativos encarregues do acolhimento, da informação, da orientação e do
acompanhamento de pessoas com deficiência e outros públicos vulneráveis. Já há vários anos que a Handicap International intervém no campo do acompanhamento,
nomeadamente no âmbito de políticas e estratégias implementadas para o desenvolvimento de
serviços de saúde e de inserção social em situação de deficiência.
Albânia… Formação de trabalhadores sociais; Afeganistão… Centro de reabilitação comunitária; Algéria… Espaços
de socialização e implementação do arranque de um projecto personalizado nas estruturas de acolhimento de crianças
privadas de família; Balcãs… Projecto de acompanhamento psicossocial; Brasil… Experiência de projectos sociais;
Camboja… Acompanhamento social de pacientes do centro para tetraplégico; Indonésia… Projecto de inserção
pós-tsunami; Madagáscar… Gabinete de acção social nos projectos de desenvolvimento local; Marrocos… Projecto
de participação social; Mali… Rede de intercâmbio de conhecimentos; Uzbequistão… Centros de recursos e rede
social; Roménia… Projecto Aurora ; Rússia… Acompanhamento familiar e estabelecimento de uma rede de actores
de intervenção precoce; Ruanda… Projecto de inserção; Senegal… Sistema comunitário de identificação e de
acompanhamento de pessoas com deficiência em Casamansa; Serra Leoa… Promoção dos direitos e da inserção
social de pessoas com deficiência…
Paralelamente, o campo do trabalho social desenvolveu-se e estruturou-se muito nestes últimos anos
nos países ocidentais. Parece-nos interessante e pertinente difundir os métodos e as ferramentas
no terreno, em resposta às necessidades e expectativas expressas em termos de compreensão
do trabalho social e da sua correlação com os princípios e conceitos fundadores da Handicap
International, de coerência de intervenção e, sobretudo, de apoio metodológico e técnico às práticas
de terreno. Este guia participa igualmente na reflexão levada a cabo pela Handicap International sobre o
processo global de inserção de pessoas com deficiência e articula-se, entre outros, com o modelo de
compreensão que é o Processo de Produção da Deficiência (PPD), os direitos das pessoas deficientes
e sobre a estratégia de desenvolvimento comunitário participativa e inclusiva que é a Readaptação
à Base Comunitária (RBC), modelos e práticas já amplamente utilizados nos nossos programas. Por
outro lado, este guia inscreve-se no trabalho de capitalização sobre a abordagem RBC levada a cabo
pela Handicap International e dá seguimento aos seminários internacionais organizados em Pequim
e em Bujumbura, em 2009.
Este guia de acompanhamento social personalizado pode ser utilizado:
•Num projecto específico de inserção social, através da implementação de um dispositivo
territorial de acompanhamento social para as pessoas com deficiência e de vulnerabilidade,
permitindo-lhes o acesso a serviços e a realização de projectos personalizados;
4
•Como suporte de acompanhamento da pessoa nos projectos de desenvolvimento e de urgência da Handicap International: Saúde, reeducação, readaptação, vida familiar e social,
educação, vida profissional, cidade e deficiência, desportos e lazer, etc.
•Como suporte de sensibilização e de formação para o reforço das competências e práticas
dos profissionais, actores e parceiros locais que trabalham em proximidade com pessoas
com deficiência e vulnerabilidade, para a consciencialização da noção de acompanhamento social personalizado.
Não tem vocação para ser uma ferramenta suplementar para aplicar autoridade no terreno, mas visa
fornecer elementos de compreensão e conselhos metodológicos para a implementação e/ou melhoria de práticas já existentes. O seu conteúdo propõe um enquadramento para o acompanhamento
social personalizado e visa fornecer ferramentas concretas e realistas, mas igualmente flexíveis e
adaptáveis, para responder às necessidades dos intervenientes de terreno que acompanham as pessoas com deficiência. O guia está organizado em três partes:
uma secção de “Princípios e referências”, que apresenta elementos teóricos sobre
o trabalho social, o desenvolvimento e acompanhamento social personalizado.
/ Primeiro,
/ Esta secção é seguida de um “Guia prático” destinado aos trabalhadores sociais, intervenientes
ou referentes sociais responsáveis pelo acompanhamento, que aborda em pormenor a
implementação do acompanhamento social personalizado, propondo diversas técnicas de
intervenção e ferramentas práticas. Este “Guia prático” propõe igualmente uma vertente que se
destina aos chefes de projecto, ou coordenadores de dispositivos sociais, onde são propostas
referências para o desenvolvimento e o seguimento de um serviço de acompanhamento.
terceira parte é uma “Caixa de ferramentas” composta maioritariamente por ferramentas
provenientes de programas da Handicap International.
/ A
Como não foi possível apresentar numa obra em papel todas as ferramentas disponíveis, anexou-se
um CD-Rom a este guia para propor uma percepção bastante exaustiva das ferramentas existentes
que poderão ser adaptadas segundo os contextos e os locais. Por fim, é importante notar que este
guia se inscreve num processo de aprendizagem sobre o acompanhamento social personalizado e
que se aconselha, por esta ordem de ideias, completar essa aprendizagem através de manuais de
formação, de experiências de colocação em prática e outras ferramentas relacionadas com o trabalho social e o desenvolvimento.
Várias iniciativas alimentaram a construção deste guia: pesquisas documentais, trocas de experiências e encontros com profissionais da Handicap International na sede e sobre os programas, intercâmbios com profissionais da acção social e com actores de desenvolvimento local e internacional.
As reflexões foram muito enriquecidas pela participação das equipas de terreno, pelas práticas desenvolvidas, as questões levantadas e as necessidades expressas, que se consolidaram, entre outros, aquando de um seminário sobre o acompanhamento social personalizado organizado em Lyon,
em Dezembro de 2008.
Desejamos que este guia seja um factor principal para melhorar a inserção social de pessoas com
deficiência, reconhecendo o papel crescente desempenhado pelos intervenientes sociais, o lugar
central e as capacidades da pessoa em situação de deficiência e, por fim, a importância da abordagem
e do tempo que deve ser acordado em qualquer situação de mudança.
5
6
Princípios e referências
Parte
/ 1. Trabalho social e desenvolvimento- - - - - - - - - - -
1
PAGE 08
Trabalho social: definições e contextos de intervenção-- - - - PAGE 09
Zoom sobre três campos de interacção -- - - - - - - - - - - - - - - PAGE 11
/ 2. Acompanhamento social personalizado:
generalidades -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
PAGE 16
Definição e objectivos do acompanhamento
social personalizado - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - PAGE 17
Vantagens do acompanhamento social personalizado -- - - - PAGE 19
A abordagem sistémica -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - PAGE 20
/ 3. O acompanhamento social personalizado
de pessoas com deficiência - - - - - - - - - - - - - - - - -
7
PAGE 25
Parte
1. Trabalho social e desenvolvimento
1
Baseados nos fundamentos humanistas, os mundos do
desenvolvimento e do trabalho social estão interligados. Têm em
comum o desejo do reconhecimento e do acesso aos direitos das
pessoas em dificuldades e desenvolvem acções para melhorar as
suas condições de vida e facilitar uma melhor participação cívica por
parte de cada um.
© F. Poelcher / Handicap International
O trabalho social defronta-se, desde há cerca de vinte anos, com
numerosos desafios locais, nacionais e internacionais. O impacto
dos acordos internacionais que favorecem a liberação dos mercados
e a das instituições da educação, da saúde e dos serviços sociais
conduziu as associações internacionais que representam a profissão,
designadamente a Federação Internacional dos Trabalhadores Sociais
(FITS)1 e a Associação Internacional das Escolas de Trabalho Social
(AIETS)2, à definição de regras e acordos entre os países, em função
de contextos históricos e políticos específicos.
Ao mesmo tempo, a implementação de programas no campo do trabalho social foi confiada aos
governos, às ONG e a outras organizações internacionais.
A fim de compreender melhor esta interacção, é interessante realçar alguns fundamentos e objectivos
comuns às políticas de desenvolvimento e da acção social.
Os objectivos visados:
- A capacidade de emancipação das pessoas;
- A mobilização dos indivíduos, famílias, organizações, comunidades, tendo em vista a melhoria das suas condições de vida;
- A redução das desigualdades e das injustiças pela inserção dos grupos marginalizados,
vulneráveis, excluídos ou em situação de risco;
- A mudança social (aplicação das leis, influência nas políticas sociais).
Os diferentes níveis de impactos:
- Individual
- Familiar
- Comunitário
- Social
1. Federação Internacional dos Trabalhadores Sociais: www.ifsw.org
2. Associação Internacional das Escolas de Trabalho Social: www.iassw-aiets.org
8
Os valores de referência:
Os meios utilizados:
- As teorias/conceitos do comportamento humano3
- As teorias do desenvolvimento psicológico humano4
- As teorias de comunicação humana5
- A análise dos sistemas sociais
- Os métodos de avaliação e de intervenção social: definições e contextos de intervenção
© Maksim Seth pour Handicap International
/ TraBALHO
Definições
Segundo as Nações Unidas (1959):
“O Trabalho Social é uma actividade que visa ajudar a adaptação recíproca dos indivíduos
e do seu meio social, este objectivo é atingido através da utilização de técnicas e métodos
destinados a permitir aos indivíduos, aos grupos, às colectividades enfrentarem as suas
necessidades, resolverem os problemas que a sua adaptação coloca a uma sociedade em
evolução, graças a uma acção cooperativa, melhorarem as condições económicas e sociais.”
Em Julho de 2001, o AIETS e a FITS entraram em acordo quanto a uma definição internacional
do trabalho social.
“O trabalho social enquanto profissão visa promover a mudança social e a solução de
problemas nas relações humanas, ao mesmo tempo que ajuda as pessoas a terem poder
e libertarem-se para obterem um maior bem-estar. Baseando-se nas teorias das ciências
humanas e dos sistemas sociais, o trabalho social intervém no campo das interacções
entre as pessoas e o seu ambiente. Os direitos da pessoa e a justiça social são princípios
fundamentais da acção em trabalho social.”
3. cf. as teorias behavioristas (Pavlov e Watson) e cognitivas (Lewin e Festinger)
4. cf. as teorias de Vygosky, Freud, Piaget…
5. cf. “Ensaios de linguística geral”, Roman Jakobson, Editions de Minuit, Paris, 1973, p. 209-248
9
Princípios e referências
- O valor intrínseco de cada ser humano (igualdade entre todos)
- Os direitos humanos e a justiça social
- A abordagem do desenvolvimento humano
- A valorização do potencial e da diversidade
- A capacidade do indivíduo para ser actor do seu desenvolvimento pessoal e para poder
fazer escolhas
- O respeito mútuo e a solidariedade colectiva
Histórico e contextos
A prática do trabalho social no mundo evoluiu bastante a partir da segunda metade do século
XX, numa primeira fase, por causa da problemática dos refugiados que fugiam dos conflitos
armados ou da fome. A mobilidade crescente das populações, a multiplicação dos conflitos no
mundo e as culturas cada vez mais heterogéneas levaram a que se encarasse o trabalho social
numa dimensão internacional. A criação da Federação Internacional dos Trabalhadores Sociais,
em 1950, ilustra essa vontade.
Assim, o campo do trabalho social, mais desenvolvido e estruturado nos países do Norte,
procura chamar a atenção da sociedade civil e dos poderes públicos para problemas tais como a
pobreza, a situação de populações vulneráveis (pessoas idosas, pessoas com deficiencia, órfãos,
refugiados, etc.), as doenças, o não acesso à educação, o analfabetismo, as repercussões das
guerras e das catástrofes naturais, etc.
No final dos anos 90, Lionel H. Groulx, sócio-antropólogo quebequense6 identificou, nos países
europeus, no Quebeque e nos Estados Unidos, três configurações principais da acção social: • O modelo sócio-institucional: desenvolvido antes da crise económica, postula que só o
estado tem legitimidade para dar uma resposta institucional e universal às necessidades
sociais;
• O modelo neoliberal: a ajuda estatal deve-se limitar aos mais desfavorecidos. Este esquema deixa as leis do mercado encontrar a resposta às necessidades sociais;
• O modelo sócio-comunitário: tende igualmente para a desvinculação do Estado, mas em
proveito das comunidades, a fim de solidarizar o dinamismo das colectividades e desenvolver redes naturais de ajuda mútua.
Desde há cerca de vinte anos que a evolução dos contextos sociais e económicos, dos
comportamentos, das referências e dos valores obriga os profissionais, os formadores e
os investigadores em trabalho social a acentuar as trocas internacionais com o objectivo de
estabelecer pistas de reflexão comuns e novas técnicas de intervenção.
Hoje em dia, nos países desenvolvidos, “o trabalho social neste fim de século confronta-se com
três mudanças principais. Em primeiro lugar, a densidade dos problemas sociais não é a mesma
de há 20 ou 30 anos: a pobreza tornou-se na exclusão social, e o emprego o principal vector da
integração social. Isto significa que o trabalho social se vê mais directamente implicado com o
que se passa no mundo do trabalho, mundo esse desconhecido para o trabalho social tradicional,
tendo a economia existido durante muito tempo como um “não-pensamento” dessa profissão.
Em segundo lugar, o Estado social alterou substancialmente a sua trajectória de intervenção
de forma que o trabalho social – todas as categorias incluídas – já não se pode identificar
apenas como serviço público apesar de ser a fonte das suas principais referências desde os
anos 60. Como consequência, a interface com as organizações comunitárias é, doravante, um
dado incontornável: compreendemo-las melhor, toleramo-las, mas elas são objectivamente
organizações “concorrentes” das do serviço público. Em terceiro lugar, surgiram novas práticas –
às quais o trabalho social está associado ou não – no seio da sociedade civil e do espaço público
comum em torno de três referenciais: o da inserção, o do desenvolvimento local e o da economia
social. Estes referenciais conjugam-se em parte com a territorialização e a descentralização de
várias políticas públicas. Este é outro dado desconhecido do trabalho social tradicional que se foi
especializando e sectorizando cada vez mais, com o passar dos anos, (saúde mental, protecção
6. « Action sociale et lutte populaire : une analyse de cas » - Canadian journal of sociology - 1981
10
/ ZOOM SOBRE TRÊS CAMPOS DE INTERACÇÃO
• Trabalho Social e Direitos das Pessoas com Deficiência
A entrada em vigor, em Maio de 2008, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência8, ou CDPD, marcou, a nível internacional, o reconhecimento político e jurídico de uma melhor
compreensão da deficiência, na sequência dos debates que, nos anos anteriores, tinham levado a
uma mudança de atitude perante as pessoas com deficiência. Estas são, doravante, consideradas de
forma plena e prioritária como pessoas, sujeitos de direitos, capazes de os reivindicar, de tomar decisões para a sua própria vida, por um acordo livre e consciente, e serem membros activos da sociedade; já não são vistas unicamente através das suas deficiências, como alguém, objecto de assistência.
A Convenção é um instrumento dos Direitos Humanos que comporta uma dimensão de desenvolvimento social explícito. Ela reafirma que qualquer pessoa que apresente incapacidades pode usufruir
dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais da mesma forma que outra pessoa.
Ora, um dos fundamentos históricos do trabalho social é o da defesa e do acesso aos direitos fundamentais para todos. É pelo acesso à cidadania, pelo desenvolvimento, pela autonomia e pelas acções
de promoção de populações que o trabalho social assume toda a sua dimensão. Como mencionado
mais adiante no guia, “uma das principais missões do acompanhamento social personalizado é permitir que as pessoas vulneráveis/com dificuldades tenham acesso, como cidadãos, ao conjunto dos
seus direitos.”9 Trata-se de caminhar para uma sociedade onde cada um desfrute plenamente do seu
lugar, tornando os indivíduos actores do seu próprio desenvolvimento pessoal.
6. “Acção social e luta popular: uma análise de caso” – Canadian journal of sociology - 1981
7. “O trabalho social no Quebeque (1960-2000): 40 anos de transformação de uma profissão», Louis Favreau, Novas Práticas Sociais, vol. 13,
n.º 1, 2000, p. 27-47
8. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: http://www.un.org/disabilities/default.asp?navid=13&pid=150
9. “O acompanhamento social em questão”, relatório dos conselheiros técnicos em Trabalho Social da DRASS, Fevereiro de 2003
11
Princípios e referências
da juventude, intervenção junto das famílias, intervenção junto dos idosos, etc.) no âmbito de
um Estado-providência centralizado e que exercia um quase monopólio da produção de serviço
colectivos.”7
Estas questões repercutem-se, em parte, na prática do trabalho social na maioria dos países
chamados “do Sul”, mesmo que as políticas e os dispositivos de acção social sejam geralmente
subexplorados, quase inexistentes em determinados casos. Quando existe um trabalho social,
a sua gestão e os seus meios são centralizados a nível nacional, os trabalhadores sociais são
pouco numerosos e têm uma margem de manobra muitas vezes restrita. No entanto, no âmbito
dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), por exemplo, a comunidade internacional
empenha-se cada vez mais em programas locais de desenvolvimento nos países do Sul, onde
os intervenientes do trabalho social desempenham um papel essencial. A prática do trabalho
social, através do seu campo de intervenção (o indivíduo, a comunidade e o seu ambiente) e da
sua metodologia (autodeterminação e participação), faz todo o sentido actualmente em locais de
diferentes programas de desenvolvimento. Nos países do Sul, estas práticas são o reflexo dos
desafios do trabalho social, tais como vistos anteriormente, ancorando-se num território novo,
muitas vezes bem longe dos constrangimentos institucionais dos países desenvolvidos, e hoje,
talvez, um terreno fértil para experiências/inovações e renovação.
A Federação Internacional das Escolas do Trabalho Social visa a promoção do desenvolvimento
da formação em trabalho social, a difusão e a formalização destas práticas no mundo inteiro. No
entanto, nota-se que ainda hoje as práticas do trabalho social estão pouco presentes nos países
do Sul, são pouco conhecidas pelos agentes de desenvolvimento, pelos profissionais do campo
social e pelos Estados.
O trabalho do interveniente social inscreve-se, por conseguinte, nos diferentes âmbitos jurídicos existentes: o interveniente que acompanha, por exemplo, uma criança cujo projecto personalizado está
ligado à inserção escolar, basear-se-á nos quadros existentes a nível local, nacional e internacional,
em matéria da educação para todos. A CDPD representa hoje a única referência jurídica coerciva específica aos direitos das pessoas com deficiência; ela não cria novos direitos, mas reúne disposições
resultantes dos Direitos Humanos e do direito humanitário, e visa assegurar que as pessoas deficientes possam usufruir plenamente de todos os Direitos do Homem.
Em associação com estes enquadramentos, o interveniente social terá como papel identificar localmente os actores responsáveis pela implementação das políticas sociais e ver como é que os
públicos vulneráveis aderem. No âmbito de projectos de desenvolvimento, o interveniente social não
terá como missão denunciar e culpabilizar os actores locais, mas antes acompanhá-los até ao reconhecimento desse público e à aplicação das suas obrigações de serviços prestados a essas pessoas
excluidas.
Por outro lado, o acompanhamento social personalizado contribui para a autonomização das
pessoas na realização do seu projecto de vida, reforçando assim a sua autodeterminação:
- No plano individual, trata-se da forma como o indivíduo aumenta as suas aptidões e o seu
poder de decisão ao desenvolver a confiança em si mesmo, a auto-estima, a iniciativa e o
controlo sobre a sua existência.
- No plano colectivo, a autodeterminação é o resultado da participação em acções políticas
e colectivas e requer a participação activa das pessoas para uma redistribuição dos recursos favorável ao grupo.
“A autodeterminação comporta quatro componentes essenciais: a participação, a
competência, a autoestima e a consciência crítica (consciência individual, colectiva,
social e política). Quando estes quatro componentes estão em interacção, inicia-se um
processo de autodeterminação. Este processo próactivo está mais centrado nos pontos
fortes, nos direitos e nas aptidões dos indivíduos e da comunidade do que nos pontos
fracos e nas necessidades.” (Anderson, 1996).
Este processo, tornado realidade através de uma relação de acompanhamento de proximidade,
requer a participação activa das pessoas acompanhadas em todas as etapas do acompanhamento: do diagnóstico da situação, à elaboração e à implementação do projecto personalizado, até à saída do dispositivo. Para isso, o interveniente social deverá saber dirigir-se aos mais
vulneráveis e desenvolver métodos apropriados ao longo do acompanhamento para reforçar o
impacto nestas pessoas esquecidas pelos serviços sociais.
12
• Trabalho Social e Processo de Produção da Deficiência10
Factores de risco
Causa
Factores ambientais
Sistemas
orgânicos
Aptidões
Integridade deficiência
Capacitade Incapacitade
Facilitador Obstáculo
Interacção
Hábitos de vida
Participação social situação de impedimento
Baseado no modelo do desenvolvimento humano universal, por conseguinte, aplicável a todo o ser
humano, o Processo de Produção da Deficiência (PPD) é um modelo social da Deficiência.
Este modelo leva-nos a perceber a deficiência como:
• um estado não estático mas sim evolutivo;
• uma situação que varia em função do contexto e do ambiente;
• um estado que pode ser modificado através da redução das deficiências e/ou do desenvolvimento de aptidões e/ou da adaptação do ambiente.
Segundo o PPD, a “situação de impedimento” é o resultado das interacções entre os factores
pessoais11 e os factores ambientais12 com vista a um hábito de vida. A “situação de impedimento”
é, assim, entendida como uma limitação na realização desse hábito de vida. Pelo contrário, o PPD
fala da plena participação social quando o conjunto dos hábitos pode ser realizado. Uma plena
participação social corresponde a uma plena realização dos hábitos de vida. Cada um destes factores
é analisado em função de uma escala de medição que vai da integridade à deficiência, da capacidade
à incapacidade, de factores facilitadores aos obstáculos e finalmente da participação social à situação
de impedimento.
No contexto do PPD, a lista dos hábitos de vida pode ser utilizada como uma ferramenta de medição
da participação social. Um hábito de vida é uma actividade quotidiana (ou um “papel social”) valorizada
pela pessoa ou pelo seu contexto sociocultural, e assegura a sobrevivência e o desenvolvimento do
indivíduo ao longo da sua vida na sua comunidade.
10. “O Processo de Produção da Deficiência, modelo individual, social e sistémico do deficiente”, Patrick Fougeyrollas, Outubro de 2006
11. Cf. caixa de ferramentas, lista de factores pessoais no âmbito das ferramentas para estabelecer o diagnóstico social
12. Cf. caixa de ferramentas, lista de factores ambientais no âmbito das ferramentas para estabelecer o diagnóstico social
13
Princípios e referências
© RIPPH/SCCIDIH 1998
Factores pessoais
Da mesma forma, as ferramentas do trabalho social, nas suas definições teóricas e nas suas aplicações
práticas, analisam a relação entre o indivíduo, o seu meio e o seu grau de participação e de implicação
nesse meio. Elas ajudam igualmente a determinar o que é da responsabilidade individual e o que é da
responsabilidade social.
Neste contexto, e nomeadamente no âmbito de um acompanhamento social personalizado, a lista
dos hábitos de vida pode servir de referência para a elaboração de um projecto de vida personalizado,
que inclui a avaliação da solicitação da pessoa, a definição das suas necessidades e os objectivos a
atingir.
Pode-se construir um projecto personalizado, por exemplo, em função do desejo de melhoria dos
hábitos de vida em curso ou através de um trabalho em torno de hábitos de vida que ainda não foram
realizados.
• Trabalho Social e Readaptação à Base Comunitária (RBC)
RBC e Deficiência
Definição da OMS, da OIT e da Unesco em 1994
«A RBC (Readaptação à Base Comunitária) é uma estratégia que se inscreve no âmbito
do desenvolvimento comunitário para a readaptação, a igualdade de oportunidades e a
integração social de todas as pessoas com deficiência. A sua implementação apela aos
esforços conjugados das próprias pessoas com deficiência, das suas famílias e das suas
comunidades, dos serviços sociais, de saúde, de educação e de formação.“
Os objectivos da RBC são:
1- Assegurar que as pessoas com deficiência e vulnerabilidade possam maximizar as suas
aptidões físicas e mentais, aceder aos serviços e às oportunidades oferecidos a toda a
população e tornar-se contribuintes activos na vida da comunidade e da sociedade no seu
todo.
2- Dinamizar as comunidades para que estas promovam e protejam os Direitos Humanos das
pessoas com deficiência através de reformas que consistem, por exemplo, em eliminar os
obstáculos à participação social.
Enquanto elemento de uma política social, a RBC privilegia o direito das pessoas com deficiência
a viver no seio da sua comunidade, a usufruir do bem-estar e de uma boa saúde, enfim, a participar plenamente nas actividades educativas, sociais, culturais, religiosas, económicas e políticas.
A RBC exige dos governos que deleguem as responsabilidades e os recursos necessários às
comunidades para que estas assegurem a base da readaptação.
O trabalho social pode ser feito numa abordagem RBC sob diferentes formas. Em primeiro lugar, num
contexto em que os recursos existem mas não estão acessíveis, é possível criar serviços onde as
pessoas que têm necessidades definidas possam ir e obter a informação pretendida. Esta actividade
que podemos chamar de “informação/orientação” implica que o interveniente social pratique a
escuta activa e um recenseamento constante dos serviços disponíveis e adaptados num determinado
território. De seguida, quando as populações estão isoladas e com dificuldades quanto à identificação
14
das suas necessidades, um serviço de informação/orientação poderá revelar-se insuficiente e deve
ser completado com um dispositivo de acompanhamento social personalizado. Por fim, no caso em
que os serviços são inexistentes ou muito pouco desenvolvidos, o interveniente social terá que ter
competências de base em readaptação física, inserção profissional, educação ou outra, a fim de dar
uma resposta mínima para a implementação de projectos personalizados.
Princípios e referências
O interveniente social, que podemos qualificar como sendo um agente RBC, encontra, neste contexto
de práticas comunitárias, a sua função de “criador de laços” e de “mediador” entre as populações, os
actores que compõem o sistema relacional (família, amigos, patrões, representantes de instituições,
parceiros associativos, outros profissionais, etc.) e os serviços disponibilizados. As práticas do trabalho
social ligam dois espaços de vida: a esfera pessoal e a esfera colectiva. Estas esferas visam conciliar
as características individuais e as características colectivas e/ou comunitárias de um território no
interior do qual as populações em situação de deficiência evoluem.
15
2.Acompanhamento social  
personalizado: generalidades
Parte
1
Do ponto de vista etimológico, o termo «acompanhamento” é uma extensão da palavra “companheiro”.
Na sua origem, “companheiro” vem do latim companio que significa “aquele com quem partilhamos o
pão”, que, mais tarde, dará origem à palavra “companha”, a partir da qual se formará, em português
moderno, a palavra “companheiro”.
Hoje em dia, é uma palavra que está na moda, uma palavra “chave mestra”, uma palavra polissémica
que pode assumir várias formas: acompanhamento escolar, acompanhamento pedagógico,
acompanhamento de fim de vida, acompanhamento na saúde e cuidados, acompanhamento social,
etc.
O acompanhamento social é considerado como sendo diferente das formas antigas de seguimento,
uma vez que não se centra apenas na pessoa, mas inclui o trabalho de articulação com a oferta, a
procura de respostas bem como a sua adaptação à situação de cada utente, e posteriormente
a preparação de uma disponibilidade para os receber.
O acompanhamento social personalizado resulta da evolução de correntes sociais e da utilização
de novas metodologias de intervenção em trabalho social implementadas no final dos anos 80.
Originário dos Estados Unidos e resultado de uma reflexão sobre práticas psicoterapêuticas e
sistémicas, favorece uma abordagem global da pessoa enaltecendo um modelo personalizado.
Contrariamente às práticas tradicionais em trabalho social, baseadas no esquema de um
profissional encarregue de uma missão e de um utente alvo, a iniciativa de acompanhamento
social personalizado baseia-se na ética de um compromisso recíproco entre as pessoas
(noção de um percurso comum).
Porquê “personalizado”?
A noção de indivíduo (etimologicamente, “aquilo que não pode ser dividido”) exprime uma ideia
de unidade, enquanto a de “pessoa” (do latim persona, “máscara” e por extensão, “carácter”,
“papel”) dá conta de uma singularidade, de uma figura. Como consequência, a personalização não
exprime de todo a mesma ideia que a individualização, ou seja, a acção de reduzir a uma unidade
indivisível; ela consiste em identificar-se com uma pessoa, em amparar-se da sua singularidade.
Assim, “personalizar” não quer dizer apenas individualizar, mas também estabelecer as missões
e as possibilidades de resposta de um serviço ou de um dispositivo para cada indivíduo e em
função das suas próprias potencialidades.
16
Exemplo = uma refeição individualizada é uma refeição onde cada porção corresponde a um indivíduo,
enquanto uma refeição personalizada está adaptada especificamente aos desejos de cada pessoa
servida.
Pratos individualizados
O acompanhamento social:
O conceito de acompanhamento social comporta três dimensões:
- Uma dimensão relacional (estar com): é a qualidade da relação (conhecimento e respeito
mútuo) que determinará, em grande parte, o êxito de uma acção.
- Uma dimensão de mudança e de deslocação para uma situação nova (e melhor). O
acompanhante está:
.À frente, para impulsionar, mas não demasiado pois, muitas vezes, as pessoas “correm”
atrás dos intervenientes sociais;
.Ao lado, para partilhar, co-construir e negociar;
.Atrás, para deixar a pessoa seguir o seu caminho mas também apoiar e «levantar” ou
empurrar” em caso de fiasco e fadiga.
- Uma dimensão temporária: o
acompanhamento social tem um
princípio e um fim que devem ser
determinados de acordo com a
pessoa. Deve respeitar o âmbito
de
intervenção
(duração
do
programa), mas também o ritmo
fixado pela pessoa. Os objectivos a
alcançar e a respectiva planificação
ajudarão a organizar o tempo. Um
acompanhamento nunca deverá
durar demasiado tempo, ele é, pois,
o sinal da interdependência entre o
interveniente e a pessoa ajudada.
Segundo o Conselho Superior de Trabalho Social:
“O acompanhamento social personalizado pode ser definido como uma iniciativa voluntária
e interactiva que utiliza métodos participativos com a pessoa que pede ou aceita ajuda,
com o objectivo de melhorar a sua situação, as suas relações com o meio, transformálos até. (...) O acompanhamento social de uma pessoa baseia-se no respeito e no valor
intrínseco de cada indivíduo, enquanto actor e sujeito de direitos e deveres.”
17
Princípios e referências
do acompanhamento social personalizado
© J-P. Porcher pour Handicap International
/ Definição e objectivos
Pratos personalizados
Trata-se de um método de intervenção que implica a triangulação de três factores presentes:
- um beneficiário (o utente);
- um dispositivo de acção num determinado ambiente (um projecto, um serviço);
- um interveniente (trabalhador social ou referente social).
O objectivo do acompanhamento social personalizado, pela análise global do percurso de vida
de um indivíduo, é encorajar a sua autonomização, permitindo-lhe exprimir e organizar da melhor forma o estudo e a realização de um projecto (personalizado).
Os intervenientes no terreno exprimem-se…
• Associação parceira de Inter Aide sobre um projecto de acompanhamento em Bombaim (Índia)
“O objectivo do acompanhamento social de pessoas é dar-lhes confiança nelas próprias para
que se possam tornar autónomas. O nível de autonomia mede-se pela capacidade da pessoa
em resolver os seus problemas, a sua capacidade para fazer projectos e a sua capacidade
para ajudar os outros.”
• Federação Argelina dos Deficientes Motores (FADM), Argélia
O acompanhante:
-É um facilitador, um passador: Ele vai apoiar a pessoa para que ela, sozinha, encontre as soluções mais pertinentes e conformes ao seu contexto.
- “Caminha com”: ele está ao lado das pessoas, não faz nem decide nada no lugar delas. Citamos o exemplo da rapariga que não quis a máquina de costura que o agente social lhe levou,
pois desenvolver uma actividade de costura iria fazer com que ela se fechasse em casa, na sua
aldeia, enquanto o que ela queria era uma actividade que lhe permitisse sair daquela exclusão.
-Ouve e acolhe as emoções e os sentimentos das pessoas. Por exemplo, quando uma pessoa
passou por inúmeros fracassos, ser-lhe-á difícil voltar a entrar numa dinâmica de projecto se
não conseguir ser compreendida no seu medo do futuro, na sua falta de confiança em si mesma, por vezes, na sua cólera por não ser aceite. Passar pela expressão das emoções permite
posteriormente abrir um imaginário sobre o que seria possível.
-Assegura-se de que as necessidades elementares são colmatadas. Não nos podemos
projectar no futuro se o mínimo vital (comer, ter uma casa, não arriscar a vida em deslocações)
não for respeitado. -Refere-se a outros profissionais: O agente de inserção não trabalha sozinho, faz parte de
uma equipa e trabalha em complementaridade com outras pessoas, ainda que continue a ser
o referente da pessoa que o acompanha.
-Tem em consideração o ambiente da pessoa. A família tanto pode ser uma mais-valia como
um obstáculo para a mudança. Assim, é preciso associar a família ao projecto, permitindo-lhe
ver o interesse do mesmo. A própria pessoa pode ser solicitada para ajudar a sua família a
mudar: “Achas que a tua família poderá aceitar que faças esta formação? Na tua família, quem
é que poderá ser o teu aliado para convencer o teu pai (ou a tua mãe) que parece opor-se a
isso?” É sempre preferível que seja a própria pessoa o actor das mudanças no seu ambiente
do que o agente de inserção. Por um lado, porque esta iniciativa reforça o sentimento de confiança que a pessoa tem de si mesma e, por outro lado, porque ela é melhor aceite pela família,
que nem sempre aprecia as “intervenções exteriores” na sua organização.
-“Junta o puzzle”: Muito frequentemente, o agente de inserção vai acompanhar a pessoa para
que ela possa voltar a dar um sentido à sua vida, “reunificando-a” através de um projecto, e
não em projectos impetuosos e irrealistas.
-Dá “cor”: O agente de inserção, pela sua visão da pessoa “em desenvolvimento”, não a reduz
à sua deficiência ou aos seus problemas. Ele vê na pessoa aquilo em que ela se poderá tornar
(com as suas possibilidades e os seus potenciais) e não se cinge apenas às suas dificuldades.
18
O acompanhamento personalizado permite à pessoa:
• Aprofundar os seus campos de interesse;
• Definir as suas necessidades;
• Desenvolver ou manter capacidades, atitudes ou comportamentos que poderão ser úteis;
• Encontrar os meios para vencer os obstáculos do percurso pessoal, social e profissional.
Os intervenientes no terreno exprimem-se…
• Emmanuelle Six, assistente social, Responsável de Programa na Inter Aide
“O acompanhamento social consiste em orientar as pessoas que sofrem de uma falta de
recursos quotidianos (materiais, psicológicos, relacionais, culturais…) para levar a cabo
um projecto (que seja o delas), adaptado às suas capacidades e ao seu meio, tendo em
conta as normas e a vida social (reconhecida pela opinião pública e pelas autoridades
legais).“
/ Vantagens
do acompanhamento social personalizado
O serviço de acompanhamento social personalizado, ferramenta pertinente para a inserção social,
autonomização e autodeterminação, apresenta numerosas vantagens pois interliga as forças e os
actores presentes num local e num tempo definidos. Tem um impacto/efeito indiscutível no meio.
As suas finalidades
• Participar numa melhor inserção social do utente/participante/beneficiário, através de uma
abordagem global e personalizada da sua situação;
• Desenvolver a participação das pessoas na sua própria mudança através de uma melhor
gestão da interacção com o ambiente, encorajando a autonomização e a autodeterminação;
• Ajudar a uma melhor construção da imagem de si mesmo, reforçando a autoconfiança e a
consciência das suas capacidades.
A sua acção sobre o meio
• Análise das transversalidades e complementaridades dos bens e serviços que trabalham
para a inserção social de um público;
• Participação no estabelecimento da coerência de projectos e dispositivos territoriais;
• Interacção dos sistemas em presença (médicos, sociais, profissionais, económicos, de lazer…);
• Incitação ao trabalho de grupo e de rede, reforço da pluridisciplinaridade.
Os seus métodos e as suas ferramentas
• Escuta, empatia e valorização;
• Abordagem positiva: “aquilo que pode ser feito” e não “aquilo que não pode/já não pode
ser feito”, que se baseia nas forças presentes;
• Adaptação às especificidades dos terrenos e aos diferentes contextos;
• Modelos de práticas de intervenção baseada nas características culturais, religiosas, históricas;
• Princípio de realidade, tendo em conta as possibilidades da pessoa e dos recursos do meio.
19
Princípios e referências
Sendo cada indivíduo único, ele evoca a adaptação de uma metodologia particular.
A sua função de observatório
• Identificação, apreciação e síntese dos tipos de necessidades e de solicitações num território (conhecimento e análise dos actores territoriais, do público-alvo e das suas solicitações, etc.)
Os seus efeitos conexos
• Interroga directamente o lugar do meio familiar, relacional e social no desenvolvimento da
pessoa;
• Tende a modificar a visão que os profissionais, os participantes e a comunidade têm das
diferenças.
A pessoa evolui em diversas dimensões, simultaneamente física, psicológica, social e espiritual.
Estas dimensões coincidem com os diferentes aspectos da sua existência (o seu corpo, a sua
forma de pensar, os seus valores e as suas crenças), a sua relação com os outros e o mundo
(relação com a sua família, com o meio, etc.) e a
sua motivação existencial (lugar e papel que ela
se atribui neste mundo). Estabelecer relações e
comunicar com os outros, estar numa abordagem
de acompanhamento, implica a consideração global da pessoa, a fim de a conhecer e compreender melhor.
O contexto no qual uma pessoa evolui uma pessoa
tem em conta os valores da sociedade em que
vive e do grupo ao qual pertence. Assim, é crucial
ter em consideração o contexto e distinguir as
normas sociais colectivas, nacionais ou internacionais (saúde, educação, Direitos Humanos) das
representações subjectivas de cada um. A tomada em consideração dos valores locais e da
descodificação de sistemas de valores próprios de um território são, por conseguinte, importantes
e garantem os resultados de uma abordagem de acompanhamento coerente e eficaz.
Em trabalho social, nomeadamente no âmbito dos dispositivos de acompanhamento social personalizado, certos intervenientes baseiam as suas acções na abordagem sistémica. Esta abordagem, resultante de reflexões em psicossociologia e em comunicação, nasceu nos anos 40,
nos Estados Unidos. Considera que cada ser humano coexiste no interior de vários sistemas
e que esses sistemas se influenciam uns aos outros. Num determinado contexto, um indivíduo
está sempre em inter-relação com o ambiente e com os outros membros do grupo ao qual ele
pertence. O comportamento de cada um dos membros de um grupo está relacionado com os
comportamentos de todos os outros e depende deles directamente.
Além disso, a abordagem sistémica considera que o que cria problemas numa situação não é o
sintoma de um mal-estar ou de uma disfunção, mas sim o contexto no qual se inscreve.
No âmbito do acompanhamento social, a abordagem sistémica permite organizar da melhor
forma possível um projecto personalizado, encontrar um equilíbrio e não esquecer nenhum dos
membros que compõem cada um dos sistemas na definição de um plano de acção. Por outro
lado, esta abordagem permite identificar e compreender o lugar e a função de cada um a
nível individual, e por extensão, a nível colectivo e comunitário.
20
© C. Billet / Hamsa Press pour Handicap International
/ A ABORDAGEM SISTÉMICA
Sa place
dans la société
Avec ses différents
lieux de vie
Ses associations
Sportives,
humanitaires ou
autres
Son travail
Et son entreprise
La personne
Personnalité
Culture
Histoire
Identité
Valeurs
Goûts
Son logement
Et son quartier
Son école
Et ses lieux de
formation
A abordagem sistémica destaca igualmente um certo número de elementos comuns a cada um
dos sistemas presentes e a partir dos quais se pode construir o diagnóstico da situação global de
um indivíduo, ou, por exemplo, o de uma família, de uma comunidade, de uma empresa.
O objectivo: Porque é que tal grupo ou tal comunidade existem? O que é que eles permitem? (sentimento de pertença, processo de identificaçãAs alianças: Quem forma as
alianças, com que fins (poder, coligação…)? Como é que elas são modificadas?
O espaço: Qual é o espaço físico e relacional? Quem está próximo de quem? Quem está
longe? Quem está isolado?
As forças gravitacionais: Quais são as pessoas nas quais se pode apoiar? A quem recorrer em caso de necessidade? Quais são as características dessas pessoas?
Os limites e as fronteiras: Cada pessoa tem uma própria fronteira que lhe permite ser
autónoma ao mesmo tempo que partilha espaços colectivos. O mesmo se passa com as
fronteiras entre gerações.
As funções: Quem contribui para as necessidades do grupo? Quem gere as finanças?
Quem impõe limites? Quem autoriza? Quem proíbe? Quem sofre? Quem é valorizado?
Quem é o líder/herói? Quem é o bode expiatório?
As posições: Cada pessoa tem uma posição que lhe permite ser reconhecida pelos outros, ter uma auto-estima e poder evoluir. (Qual é a posição das crianças? Qual é a posição dos adultos? Quais são as fronteiras e os modos de comunicação entre eles?)
As regras: Quais são as regras comuns? As regras implícitas? Quem governa as acções
e as reacções em relação às regras estabelecidas?
Os valores: Quais são as representações mentais e emocionais? Os valores culturais,
religiosos? O que é que está bem? O que é que está mal?
As crenças: Quais são as crenças familiares, comunitárias? Qual é a visão comum sobre
determinado assunto de sociedade, sobre tal mito ou tal realidade?
21
Princípios e referências
Ses lieux
d’appartenance
Socioculturelle et
religieuse
Algumas referências
A abordagem sistémica convida-nos a analisar uma situação na sua globalidade e a nos
interessarmos pelas possibilidades das pessoas mais do que pelas suas carências. A pessoa
não pode ser reduzida aos seus problemas ou à sua deficiência. Para tanto, os princípios são os
seguintes:
- Qualquer sistema (pessoa, família, grupo, comunidade, etc.) traz consigo as soluções
para os problemas que ele coloca.
Em momentos de crise ou de mudança necessária, se o sistema não encontrar soluções, os sinais
de sofrimento de um ou vários dos seus membros irão atrair a atenção do «ajudante”. Assim, numa
situação que apresente um problema, as soluções deverão ser sempre, prioritariamente, procuradas
no contexto. As soluções que vêm do exterior, não adaptadas ao contexto, raramente são duradouras
e significativas para as famílias/comunidades, levando frequentemente a dificuldades e a uma
destabilização do sistema implementado.
- Qualquer sistema (pessoa, família, grupo, comunidade, etc.), mesmo em situação de
grande vulnerabilidade, possui capacidades e recursos que podem ser mobilizados.
Piaget, um pedagogo, dizia que, de cada vez que uma pessoa dá a solução a uma criança ou a
qualquer outro indivíduo, ou se faz as coisas por ela/ele, está a privá-la de passar pela experiência
de, ela própria, procurar e encontrar a forma de o fazer. É essa experiência que constrói a sua
autoconfiança e auto-estima. Porém, convém relembrar que no âmbito do trabalho social (urgência e
desenvolvimento), pode acontecer que certas pessoas estejam tão carenciadas que é preciso dar-lhes
os meios para satisfazer as suas necessidades básicas. É, por conseguinte, uma etapa necessária e
indispensável antes da mobilização de capacidades.
- Qualquer sistema tem a sua própria evolução. As mesmas situações não produzem
forçosamente os mesmos efeitos e existem vários caminhos para chegar à mudança.
Isto significa duas coisas:
a) Não vamos ficar à espera para “atacar”. Por exemplo, uma criança a quem os pais batem não se
tornará forçosamente num pai violento, no entanto, se estivermos convencidos de tal, arriscamo-nos
a colocar em prática o contexto (receio, controlo) que favorecerá essa atitude.
b) Não existe apenas uma forma de chegar a uma mudança, há sempre várias soluções possíveis.
Assim, no acompanhamento de uma pessoa, não há solução ideal a encontrar e aplicar.
- Um sistema humano é um sistema vivo, com ciclos de vida.
Certos períodos estão marcados pela construção (do casal conjugal, parental, por exemplo), outros
estão em evolução. Para se transformar, qualquer sistema passa por tempos de crise (o tempo da
mudança) que correspondem à passagem de um estado para o outro. Por exemplo, um casal jovem
atravessa um momento de desequilíbrio para receber o primeiro filho e encontrar a sua condição de
pais. O mesmo acontece com os filhos, no momento da partida dos pais, da morte, da doença ou do
desenvolvimento de uma deficiência num dos membros da família.
- Os sistemas são influenciados pelos sistemas circundantes que eles influenciam por
sua vez (ecossistema)
Assim, uma família está em interacção com os sistemas escolares, profissionais e de amizades, mas
também com os sistemas políticos, os sistemas de valores culturais e religiosos, etc. Quanto mais
aberto está o sistema, mais importantes são as interacções. Num sistema totalitário, as interacções
são pobres e as influências são unilaterais. Num sistema mais democrático, as famílias com pouca
interacção (pouca solidariedade, pouca abertura para o exterior) têm frequentemente dificuldade em
se transformar e as crises que atravessam podem ser prolongadas e destrutivas.
22
Na maior parte do tempo, os sistemas encontram a capacidade para se transformar. Quando as
“influências” externas são muito fortes ou muito violentas (cataclismos, guerra, etc.), é necessária
uma ajuda exterior, mas esta também é útil quando o sistema não consegue passar de um estado
para o outro. Por exemplo, certas famílias não aceitam que o seu filho em situação de deficiência
saia de casa pois o conjunto da família construiu-se em torno da deficiência. Cada um encontrou
uma função e um papel nessa situação, e ninguém deseja perder isso antes de se imaginar a
viver de outra forma.
A iniciativa adoptada reside na interacção do indivíduo com o conjunto dos seus ambientes13, os quais
são independentes e influenciam o seu comportamento, o seu desenvolvimento e a sua qualidade
de vida. Assim, determinados ambientes actuam directamente na criança (família, escola, locais de
acolhimento), outros mais indirectamente, tais como as leis e os hábitos culturais do país ou da região
onde ela vive. © J .Clark pour Handicap International
São definidos cinco níveis sistémicos:
• O autossistema: características do indivíduo: idade, sexo, capacidades, deficiência.
• O microssistema: ambientes próximos: a família, o local de trabalho, o centro de acolhimento,
etc.
• O exossistema: ambientes onde a pessoa não está directamente implicada mas que
influenciam o seu ambiente directo: local de trabalho dos pais, infra-estruturas de uma
comunidade, dispositivos de apoio e de acompanhamento de famílias.
• O macrossistema: conjunto de valores, de crenças, de ideologias, bem como de orientações
políticas presentes numa sociedade.
• O mesossistema: constituído pelas interacções entre os diferentes sistemas. As interacções
entre os sistemas ou os elementos são espaços relacionais que nos dão informações que nos
permitem avaliar os recursos de um sistema e antecipar as acções a realizar. Reforçar estes
laços através de uma melhor coordenação pode, por exemplo, favorecer as condições de
inserção das pessoas.
13. Definimos o ambiente como um conjunto de estruturas, de organizações sociais e humanas, de regulamentos e dispositivos ou de regras que
se encaixam uns nos outros e que se influenciam reciprocamente.
23
Princípios e referências
• A abordagem ecossistémica
A iniciativa: “É preciso uma aldeia inteira para criar uma criança”
Perspectiva ecossistémica
Autossistema
Idade
Sexo
Capacidades
Deficiência
Mesossistema
Microssistema
Mesossistema
INSERÇÃO
SOCIAL
Exossistema
ONG/redes
Ministérios
DIVAS
Entidades de financiamento
Sistemas de Alerta Precoce
Família
Escola
Centro de formação
Centros de acolhimento
Pares
Mesossistema
Macrossistema
Mesossistema
24
Valores culturais
Cenças, tradições
Orientações políticas
Legislações nacional e
internacional
3.O acompanhamento social
personalizado de pessoas com deficiência
1
No início desta secção, pretendemos começar por precisar a escolha da terminologia utilizada neste
documento. O significado da palavra ”deficiência” evoluiu ao longo dos anos e, actualmente, utiliza-se
diversas terminologias: “pessoa com deficiência”, “pessoa deficiente”, “pessoa com incapacidades”,
etc. Estas terminologias podem estar ligadas a modelos ou abordagens da deficiência, mas são
também bastante influenciadas pelo contexto sociocultural onde uma pessoa se encontra, bem
como a factores linguísticos. Escolhemos utilizar uma terminologia neste documento: “pessoa com
deficiência”, para sublinhar o aspecto situacional e não imutável da deficiência, e para respeitar a
terminologia da convenção internacional dos direitos das pessoas com deficiência.
Os profissionais da acção social exprimem-se…
• Jean-René Loubat, psicossociólogo francês
“O acompanhamento personalizado, método de origem anglo-saxónica, é perfeitamente
aplicável às pessoas com deficiência por ser do âmbito da acção médico-social ou sanitária. Trata-se, ao mesmo tempo, de aconselhar, estimular, encorajar, visar uma reabilitação moral da pessoa, bem como de fornecer ajudas práticas à gestão de uma situação
global. “
• Erik Jaubertie�, director de um instituto médico-profissional
“O acompanhamento social visa a inserção e a integração de pessoas com deficiência. A
organização do seu projecto de vida valoriza a visão que têm da sociedade (do seu funcionamento, das suas regras e dos seus valores) e os limites que se impõem a partir da
sua educação e da sua história.”
É essencial sublinhar que o acompanhamento social personalizado de pessoas com deficiência
não difere nos seus conceitos e princípios do acompanhamento social personalizado de outro
público vulnerável. Porém, distingue-se pela necessária tomada em consideração do impacto da
deficiência na vida da pessoa, pelo conhecimento das representações sociais (a maior parte das
vezes discriminatórias) e, sobretudo, pelas possíveis adaptações dos métodos e ferramentas do
acompanhamento social aos diferentes tipos de deficiências e de capacidades.
Decidimos não entrar no pormenor das deficiências e das suas particularidades de acompa25
Princípios e referências
Parte
nhamento. A troca de ideias entre o interveniente social e as pessoas do corpo médico e/ou
paramédico é fortemente encorajada e favorece uma melhor compreensão dos impactos das
deficiências no quotidiano de uma pessoa e facilitará a elaboração do projecto personalizado. O
acompanhamento social de uma pessoa com deficiência pode mobilizar inúmeros intervenientes
diferentes (médicos, paramédicos, sociais, familiares…). Então, é muito importante que, neste
enquadramento, o interveniente social desempenhe o seu papel de coordenador e de mediador
para se certificar de que toda a gente participa plenamente e em conjunto para a melhoria das
condições de vida da pessoa acompanhada, e que clarifique as suas próprias missões e competências a fim de não “invadir” as dos outros e comprometer a pertinência da sua acção.
© C. Giesch Shakya / Handicap International
Seja qual for a deficiência, é importante sublinhar que a pessoa que vive com uma deficiência
teve de construir ou reconstruir a imagem que tem de si própria, fazendo “o luto pelo seu corpo
são”. Este trabalho de “luto” é moroso e pode fragilizar muito a pessoa, em particular na sua
relação com o “outro” no qual já não se consegue reconhecer. O interveniente social que acompanha pessoas que sofrem de uma deficiência deverá, pois, estar extremamente atento à história
pessoal da pessoa e dar o tempo e o espaço necessários a esse «luto», se este ainda não tiver
ocorrido.
26
• O interveniente social deve estabelecer relações regulares com os profissionais médicos e
paramédicos que seguem a reeducação e a readaptação da pessoa acompanhada. A construção do projecto personalizado de uma pessoa com deficiência deverá ter em conta o conjunto
dos pareceres médicos e paramédicos necessários para o realismo e a viabilidade do projecto
personalizado. Este projecto personalizado permite fixar objectivos e constitui uma fonte de
motivação para a melhoria das capacidades da pessoa aquando da sua eventual reeducação.
Se não houver nenhum profissional da readaptação na zona de intervenção, o referente social
deverá estar ainda mais atento para construir um projecto personalizado realista, valorizando e
apoiando-se nas capacidades presentes da pessoa com deficiência.
Sem entrar em detalhes sobre os tipos de deficiências, é importante realçar a particularidade da
deficiência intelectual. Com efeito, o acompanhamento social de uma pessoa com uma deficiência
intelectual implica, na maior parte das vezes, a presença de uma terceira pessoa: o responsável
(legal ou familiar) da pessoa com deficiência intelectual. O interveniente social deve preocupar-se em
manter uma relação privilegiada com a própria pessoa, que deve permanecer líder do seu projecto
personalizado, apoiando-se na pessoa responsável para o êxito desse projecto. Também é importante
que o interveniente social possa fazer a diferença entre o que é desejo da pessoa acompanhada e o
que é desejo da pessoa responsável, o que nem sempre é evidente. As diferentes experiências que
a Handicap International teve no acompanhamento social de pessoas com deficiência intelectual
demonstram que, muitas vezes, o acompanhamento social altera bastante as relações familiares
existentes, e que os projectos personalizados negociados têm tendência a assemelhar-se a projectos
personalizados negociados para as famílias mais do que para a própria pessoa com deficiência
intelectual, o que, forçosamente, não deve ser rejeitado, mas o interveniente social deve manter
sempre em mente que o seu “beneficiário directo” é e continua a ser a própria pessoa acompanhada.
27
Princípios e referências
Conselhos práticos:
• Recomenda-se que o interveniente social domine o conceito do PPD, bem como
as ferramentas, a MAHVIE e a MQE, ferramentas de análise do nível de autonomia da
pessoa com deficiência e dos impactos de factores ambientais sobre a sua situação de
impedimento.
28
Parte
Guia Prático
/ 1. Guia prático do interveniente social
2
- - - - - - - - - PAGE 30
Implementação do acompanhamento
social personalizado - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - PAGE 30
Esquema e etapas pormenorizadas
do acompanhamento social personalizado -- - - - - - - - - - - - PAGE 31
Papel e postura do referente social na abordagem
de acompanhamento -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - PAGE 44
/ 2. Guia prático do chefe de projecto
- - - - - - - - - - - PAGE 47
Os preliminares do desenvolvimento de um serviço
de acompanhamento -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - PAGE 47
Implementação do dispositivo:
conselhos práticos para o terreno -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - PAGE 48
Perfil e seguimento do interveniente social -- - - - - - - - - - - - PAGE 50
29
Parte
1. Guia prático do interveniente social
2
Antes de mais, é importante precisar a escolha da terminologia utilizada neste documento. Porque
a sua qualificação, a sua experiência, o seu estatuto e os contextos profissionais nos quais
evolui são diferentes, o “referente social” pode ser chamado de “agente social”, “trabalhador
social”, “responsável de inserção”, “agente RBC”, “acompanhante”, “trabalhador comunitário”,
“intermediário social”, acompanhante social”, “agente de proximidade”, “interveniente
social”, etc. Escolhemos aqui os termos de “referente social” e “interveniente social” pois
podem reagrupar simultaneamente profissionais do trabalho social (responsáveis de inserção,
animadores, educadores, assistentes sociais) e não profissionais deste campo (outro profissional
com formação em acompanhamento social, voluntários, agentes de terreno, trabalhadores
comunitários) que são levados a exercer as suas missões segundo a abordagem que detalhamos
neste guia. Todavia, encorajamos, na medida do possível, a realização destas missões por um
profissional do trabalho social.
Da mesma forma, para designar a pessoa encarregue do acompanhamento, não utilizaremos
os termos “beneficiário” ou “cliente” (termos mais associados à terminologia da prestação de
serviços comerciais), mas antes o de “pessoa acompanhada”, de “participante” no âmbito de um
projecto comunitário ou de “utente” no âmbito de um serviço.
/ IMPLEMENTAÇÃO DO ACOMPANHAMENTO SOCIAL
Família
PERSONALIZADO
Amigos /
vizinhos
Actores
institucionais
Referente
social
Pessoa
acompanhada
Outros
actores
Environnement
Serviços
sociais
Serviços
de saúde
Actores
económicos
30
Parceiros
associativos
Trata-se de trabalhar sobre os dois níveis presentes:
• A pessoa
A relação de acompanhamento (a relação dual acompanhante/acompanhado)
Trata-se de uma relação que visa reconhecer a capacidade de uma pessoa de ser, de exercer um poder de decisão
e estabelecer relações de confiança com outras pessoas. Esta relação é um tipo de apoio, tal como o são os apoios
materiais e humanos que podem ser prestados para resolver um problema de mobilidade, de acessibilidade ou o
custo de uma necessidade específica.
• O seu ambiente O ambiente no qual essa relação evolui (o contexto)
O referente social deverá favorecer as relações com o ambiente, instaurando ou restaurando o laço social, o respeito
pelas diferenças e o fomento de instituições de solidariedade locais. Ele desempenha um papel de sensibilizador e
mediador, participa na consciencialização e na mudança de comportamentos, convida os parceiros a mobilizaremse, desenvolvendo a parceria e trabalho em prol da coesão social dos serviços prestados aos utentes.
/ ESQUEMA E ETAPAS DETALHADAS DO ACOMPANHAMENTO SOCIAL PERSONALIZADO
• As grandes etapas do acompanhamento:
Definir as necessidades da pessoa acompanhada
/Recolha de informações junto da pessoa em questão;
/Tratamento dessas informações com o objectivo de estabelecer um ponto
da situação das necessidades e expectativas.
/Entrevista com a família, terceiros, eventualmente, com um representante
situação geral.
Propor respostas possíveis
Elaboração de um plano de acção que determinará as respostas às necessidades
no âmbito de cada uma das actividades a realizar.
Contratualização
Manter informado e negociar
Retorno de informações
junto da família,
de terceiros ou do
representante legal
Retorno de informações
junto da pessoa em
questão
Coordenar e seguir o projecto
Junto da pessoa em
questão
Junto da família ou do
representante légal
31
Junto dos parceiros
Guia prático
legal e com profissionais associados ao diagnóstico;
/Tratamento dessas informações com o objectivo de fazer um ponto da
• Esquema do acompanhamento:
O processo de acompanhamento social personalizado foi dividido em oito etapas, indo do primeiro
contacto até à saída do dispositivo. Estas etapas encontram-se ilustradas abaixo e serão aprofundadas
na secção seguinte.
Esquema geral do acompanhamento social personalizado
Definição
e negociação do
projecto
personalizado
Diagnóstico da
situação
Primeiro contacto
e/ou consideração
de solicitação
Saída
do dispositivo,
autonomização da
pessoa
Definição do
plano de acção
Pessoa com
deficiência
Contratualização
Arranque e
seguimento do projeto
Finalização do
acompanhamento
Balanços
intermédios
Etapa 1: Primeiro contacto e/ou consideração da solicitação
Etapa 2: Diagnóstico da situação
Etapa 3: Definição e negociação do projecto
Etapa 4: Definição do plano de acção
Etapa 5: Contratualização
Etapa 6: Arranque e seguimento do projecto
Etapa 7: Os balanços intermédios
Etapa 8: A finalização do acompanhamento
Realização do projecto e autonomização da pessoa
32
Etapa 1: Primeiro contacto e/ou consideração da solicitação
Porquê? Para tomar contacto, ganhar confiança e analisar globalmente a adequação entre a
solicitação e os serviços propostos no âmbito do acompanhamento social.
Como?
• Escuta e atenção do profissional;
• Intercâmbio livre;
• Compreensão da solicitação e adequação com o serviço de acompanhamento social;
• Resumo do quadro e dos “serviços” propostos no acompanhamento social
Guia prático
Conselhos práticos:
• As condições materiais do encontro não devem ser negligenciadas. Esta primeira troca de
ideias, deve, na medida do possível, ocorrer num ambiente neutro para a pessoa, em particular
fora de sua casa. No âmbito de um serviço de acompanhamento social, é preciso arranjar um
local com um gabinete e cadeiras, um espaço independente, para garantir a confidencialidade
das trocas de ideias. Se não houver uma estrutura de acolhimento, deve ser escolhido um local
público onde nenhum dos protagonistas se sinta confrontado (exemplo: um café, um parque
público, uma praça…), no sentido de proporcionar um tempo de troca livre para o conhecimento.
• Durante a troca, é importante apresentar-se e recordar o enquadramento e os objectivos
dessa troca (travar conhecimento, recolher a expressão de uma solicitação ou de um projecto,
reunir informações para uma melhor compreensão da situação…). É igualmente necessário recordar o princípio de confidencialidade (os eventuais elementos transmitidos a terceiros devem
contribuir directamente para a realização do projecto personalizado e precisam da autorização
do interessado antes da difusão).
• Se a adequação entre a solicitação e/ou a necessidade expressa e “os serviços” propostos
for validada, o referente social propõe uma reunião formalizada (em casa da pessoa, in situ),
para a próxima etapa da entrevista de diagnóstico.
• Na primeira entrevista, é possível que uma pessoa exprima uma necessidade única de informação/orientação, para um projecto personalizado já em mãos. Com efeito, neste caso, é preciso verificar se a pessoa requer verdadeiramente um “serviço” de acompanhamento social personalizado, ou se uma ajuda pontual de informação/orientação será mais adequada. Se for esse
o caso, após este primeiro contacto, a abordagem de acompanhamento não deverá ser iniciada.
Porquê? Para avaliar a situação de vida da pessoa.
Apoiando-se nessa primeira entrevista (idealmente
em casa da pessoa), o referente social recolhe as
informações junto da pessoa e dos seus entes
próximos, permitindo uma análise global da situação.
Em relação às informações recolhidas, o referente
social pode ser levado a consultar outros profissionais
(médicos, patrões, outros trabalhadores sociais…), a
fim de completar a recolha de dados. O cruzamento e a
análise destas informações permitirão medir, em relação
às necessidades identificadas, os factores pessoais e
ambientais que serão considerados na elaboração do
projecto personalizado.
33
© J-C .Betrancourt pour Handicap International
Etapa 2: Diagnóstico da situação
Como?
• Recolha de informações sobre as esferas pessoais e ambientais da pessoa, em relação às
suas actividades da vida quotidiana.
• Identificação de situações de deficiência.
• Avaliação da solicitação e das necessidades identificadas pela pessoa e pelos seus entes
próximos como sendo prioritárias.
• Actualização, conclusão da recolha de dados, em relação às necessidades identificadas.
• Se for requerido e possível, avaliações pluridisciplinares (médica, de readaptação, psicológica, educativa, social, profissional…) a fim de completar a recolha de dados.
• Análise dos dados com definição de facilitadores, obstáculos, capacidades e incapacidades da pessoa.
Conselhos práticos
• O porquê das entrevistas, a duração fixada e os pontos que serão abordados deverão ser
estabelecidos antes do início das entrevistas.
• Um guião de entrevista� pode ajudar o referente social a construir a sua entrevista para não
“esquecer” certos temas a abordar, mas o desafio da primeira entrevista é favorecer uma troca
oral, in situ.
• O processo de avaliação baseia-se na recolha de dados e na análise desses dados. É uma
etapa importante da abordagem de acompanhamento, mas é igualmente uma prática sensível
pois requer, da parte do acompanhante, uma escuta activa e uma análise apurada.
• O diagnóstico social requer uma recolha de informação “global”, ou seja, que trate diferentes
esferas de vida da pessoa. No entanto, é de notar que não é necessário recolher todas as informações com o mesmo nível de pormenores. Isto pode originar um diagnóstico com a duração
de várias semanas, com uma incompreensão pela pessoa do processo. Esta duração também
pode levar, por vezes, a uma resposta às necessidades antes mesmo de o retrato global da
situação terminar, sem ter em conta e sem dar prioridade às reais necessidades da pessoa. Então, é preferível fazer um retrato global, mas sucinto da situação da pessoa, e depois completar
a recolha de dados e a análise das dificuldades e necessidades assinaladas pela pessoa, pelo
seu ambiente e pelo interveniente social.
• A avaliação pode ser feita em várias etapas e em tempos diferentes. Não faz parte da função
do referente social contribuir com uma especialização técnica em esferas precisas (balanços
musculares, capacidades de aprendizagem, etc.), mas antes favorecer um diagnóstico social
completo. Para isso, segundo as necessidades assinaladas, será privilegiada uma abordagem
pluridisciplinar aquando da recolha de dados.
• Uma das dificuldades do exercício para o referente social é tomar consciência da sua própria
subjectividade e conseguir ouvi-la e ouvir a subjectividade do outro. Pois, no final, é a maneira
como a pessoa vive subjectivamente a sua situação que é preciso melhorar e não aquilo que o
referente social julga ser a realidade ou aquilo que deveria ser melhor para o participante.
15. Cf Caixa de ferramentas
16. Cf Caixa de ferramentas
34
A prática da entrevista
A entrevista pode ser uma ferramenta de avaliação. Incide sobre pessoas ou sobre situações e
funciona a dois níveis: a recolha de informação e a regulação.
Recolha de informação
Regulação
Esta dimensão corresponde à massa
de elementos informativos que vão servir para alimentar a descodificação e a
análise da situação.
Visa assegurar o bom desenvolvimento da entrevista, baseando-se
nas atitudes presentes (comunicação não verbal, comportamentos,
emoções) e permite trabalhar para ajustar a conduta a seguir e da
reformulação das intenções do outro.
A entrevista baseia-se na escuta e na observação.
A escuta, técnica de comunicação interpessoal, baseia-se nas noções de respeito, empatia e
confiança; necessita de uma atenção particular ao que é dito e à compreensão que se tem do que
é dito. Se for bem dominada, permite apreender os facilitadores e os obstáculos experimentados
na vida quotidiana da pessoa, os seus desejos, o seu sofrimento e os seus projectos. No âmbito de
uma entrevista, a escuta é necessária para uma boa comunicação e para uma boa compreensão
da situação e garante, por conseguinte, respostas apropriadas.
35
Guia prático
O diagnóstico social (“A prática do trabalho social com grupos”, Hélène Massa)
“O estabelecimento do diagnóstico social é uma etapa central do trabalho social. Ao
contrário do diagnóstico médico, que precede o tratamento, o diagnóstico social reúne
simultaneamente factos, analisa-os e utiliza-os de forma rigorosa para compreender a
pessoa, a sua situação e o seu ambiente nos seus relatórios ao serviço proposto. Age,
depois, para implementar um projecto de trabalho social […].
A palavra “diagnóstico”, que significa “conhecimento” em grego, abrange a identificação
de uma doença após os seus sintomas. No caso de um diagnóstico social, o significado
do termo é mais amplo. Apresenta duas faces: uma pesquisa atenta dos factos que
determina a natureza das coisas e a decisão ou a opinião resultante desse exame ou dessa
investigação. O termo social indica a sua natureza, ou seja, que diz respeito a uma pessoa
na sua situação. Vários autores preferem o termo avaliação, que implica apenas a avaliação
preliminar e não a compreensão da natureza da situação. Ora, esta constitui o elemento
principal do diagnóstico social.
Em trabalho social, o esquema de diagnóstico utiliza o conceito de interacção entre as
pessoas e o seu ambiente. O diagnóstico social constitui tanto um processo como uma
etapa. A partir dos factos, o trabalhador social procura, então, compreender o sistema da
pessoa e formular uma opinião sobre a natureza dos subsistemas que constituem o seu
ambiente. Isto é examinado no âmbito da abordagem sistémica. […] Um aspecto importante
do diagnóstico em trabalho social […] consiste em avaliar a contribuição possível da pessoa
no trabalho do grupo, tanto quanto o benefício que dele tirarão aqueles que vão partilhá-lo
com ela ela.
O diagnóstico social é o fruto não só de um trabalho rigoroso, mas também da comunicação
com as pessoas, os grupos, as instituições e o ambiente social. Se a sua participação no
diagnóstico não for efectiva, não se trata de um diagnóstico social, mas apenas do estudo
de um fenómeno.
Distingue-se globalmente três técnicas de entrevista:
• A entrevista livre é utilizada para aprofundar os conhecimentos de uma situação global, a
pessoa ouvida é livre de falar como deseja, as questões formuladas são raras e muito abertas,
situamo-nos assim no modo da conversação.
• A entrevista semi-directiva é estruturada em função de temas precisos que o entrevistador
deseja aprofundar. Utiliza um guião de entrevista onde as temáticas a abordar são registadas
e classificadas, incluindo certas questões específicas. A atenção é mais focalizada na pessoa
e depende da atitude de compreensão. As questões são, a maior parte das vezes, questões
abertas (resposta de sim ou não).
• A entrevista directiva é utilizada para evocar uma temática precisa sob a forma de inquérito.
Baseia-se muitas vezes numa série de questões fechadas em forma interrogativa, sendo a
atenção mais focalizada na temática estudada do que na pessoa.
No âmbito do acompanhamento personalizado, a entrevista livre parece ser o mais adaptado mas
exige um domínio real das técnicas de entrevista. Se não for esse o caso, aconselha-se vivamente
a entrevista semi-directiva. Com efeito, favorece a livre expressão, elemento essencial para uma
entrevista de qualidade, auxiliando ao mesmo tempo a conduzir a entrevista do referente através de
um quadro flexível e de um possível guião de entrevista.
Porém, é importante sublinhar que o tipo de entrevista deve ser escolhido principalmente em função
do contexto cultural e do quadro de referência no qual se deve realizar. Cabe ao referente questionarse sobre a maneira de estabelecer uma relação com o acompanhado, em função, portanto, dos
hábitos de vida e das suas “preferências de comunicação”. Desta forma, o referente mostra que
aceita a forma de funcionar do outro, ainda que tenha de a retrabalhar durante o acompanhamento.
Alguns conselhos para favorecer uma boa comunicação:
– Cumprimentar a pessoa mostrando-se receptivo e disponível;
– Falar com ela de coisas pessoais, valorizadoras;
– Perguntar pela família, pelas pessoas mais chegadas;
– Partir de vivências comuns;
– Sublinhar os seus pontos fortes e os elementos valorizadores do seu percurso;
– Colocar questões simples e claras, praticar a reformulação se tiver a impressão que foi
mal entendido;
– Estar atento à comunicação não-verbal: olhares, gestos, emoções (cólera, medo, ansiedade);
– Garantir um bom ambiente;
– Mostrar a sua determinação, o seu compromisso, a sua crença, a sua vontade de melhorar
a situação.
Alguns conselhos técnicos:
– Dissociar a escuta, as trocas e a reformulação das afirmações;
– Permanecer atento ao que é observado (visto e ouvido) sem tentar interpretar o que percebeu;
– Sintetizar as afirmações à medida que a conversa se desenrolando;
– Evitar as questões orientadas que induzem as respostas;
– Privilegiar as questões abertas (Por que razão…? De que maneira…?);
– Praticar o relançamento das afirmações: Retomar o que acabou de ser dito de outra forma
permite ao interlocutor aprofundar o seu pensamento, a sua experiência (Se bem entendi…? Então, depois, você…);
– Se a pessoa não estiver de acordo com uma reformulação, dará precisões, o que relançará a troca.
36
A prática da avaliação da situação
No âmbito de uma iniciativa de acompanhamento, a construção do projecto personalizado baseia-se
numa avaliação. Trata-se de uma etapa importante a não negligenciar. É crucial dissociar bem o que
é da ordem da solicitação, dos desejos e das expectativas do indivíduo daquilo que é da ordem das
necessidades identificadas e dos meios necessários à sua realização.
A avaliação da situação é uma etapa sensível. Tem como objectivo salientar a subjectividade da
situação vivida pela pessoa. O referente deve procurar avaliar os obstáculos vividos pela pessoa,
dissociando-os das suas próprias representações da realidade e sem formar um juízo.
Informar-se
Avaliar
Propor
(recolher dados)
(analisar esses dados)
(fazer recomendações)
Junto de quem? Da pessoa
em questão, da sua família,
do seu ambiente, dos outros
profissionais que conhecem
a pessoa (médicos, animadores, membro associativo,
etc.).
Quando? Na fase de acolhimento e aquando da primeira
entrevista, depois em todas
as entrevistas futuras, ao longo do acompanhamento.
Como? Com a ajuda de um
guia de entrevista.
Junto de quem? Junto dos seus colegas
de trabalho, de avaliações pluridisciplinares,
mas também, e sobretudo, da pessoa em
questão.
Quando? Desde o primeiro contacto e ao
longo do acompanhamento.
Como? Fazendo cruzamentos entre os diferentes pontos de vista, identificando o papel e o estatuto de cada um no seio da sua
família e da sociedade, ficando alerta para
aquilo que bloqueia mas também para aquilo que favorece, comparando as características de um indivíduo com o perfil de outras
pessoas que evoluem no mesmo contexto e
comparando essa análise com uma situação
anterior.
Junto de quem? Da pessoa
em questão e depois dos outros profissionais envolvidos
Quando? Depois da primeira
entrevista, dos balanços intermédios, e aquando da finalização do acompanhamento.
Como? Baseando-se nas
análises e nas discussões,
permanecendo alerta para a
coerência entre aquilo que é
proposto, o desejo e as necessidades da pessoa e os
objectivos a atingir.
O esquema do PPD17 virgem pode ser utilizado como esquema de síntese da avaliação da situação,
pois retoma a maioria dos elementos pessoais e contextuais necessários para o diagnóstico. Poderá
igualmente destacar as esferas que devem ser criadas primeiro, para realizar uma boa análise da
situação.
Etapa 3: Definição e negociação do projecto
Quando falamos de projecto, evocamos a capacidades para se projectar, ou seja, para avançar, para
se antecipar ao futuro. Projectar-se assenta numa concepção filosófica do homem que vai agir no
seu ambiente a fim de alcançar objectivos e que será actor da sua evolução pessoal ou da mudança
do seu ambiente. Esta posição distancia-nos de uma concepção fatalista (é o destino que decide) e
precisa também de um ambiente suficientemente estável para poder imaginar o futuro. Constatamos
que se torna muito difícil fazer projectos em caso de doença, conflitos ou de guerra.
Desenvolver uma abordagem a partir do projecto personalizado numa estrutura que acolhe, por
exemplo, crianças, modifica totalmente a concepção da ajuda: Já não é a criança que se vai adaptar
ao sistema institucional, mas é antes a instituição que vai disponibilizar à criança meios e actividades
para favorecer o seu desenvolvimento. Assim, implementar uma iniciativa de projecto personalizado
17. Cf. Caixa de ferramentas
37
Guia prático
O quadro abaixo relembra as diferentes articulações do processo de avaliação e alguns conselhos a
seguir para a colocação em prática, com a participação central da própria pessoa.
numa estrutura origina um questionamento sobre o projecto institucional e, muitas vezes, é interessante
poder conduzir um e outro simultaneamente.
Noções de base sobre o projecto em geral: ciclo de projecto
O ciclo de projecto é um conceito comum aos actores da intervenção social (ou humanitária) e da
ajuda ao desenvolvimento. A primeira fase após a constatação da situação é a avaliação inicial. As
acções seguem o ciclo para voltar ao ponto de partida. Quando se chega a essa fase, a avaliação
inicial torna-se sinónimo de seguimento.
Le Ciclo de Projecto
Annie,
Situation
donnée
je n’arrive pas
à lire la
trad portugaise dans le
Suivi
fichier word.Évaluer
Avaliação
inicial
Analyse
Vévifier les
suppositions
Planifier,
concevoir
Nouvelle conception
Mise en
œuvre
Processus itératif
Avaliação inicial
A fase da avaliação inicial corresponde à recolha de informações sobre uma situação. Pode ocorrer a
qualquer momento (situação de crise ou não) e permite uma visão da situação. As avaliações iniciais
produzem uma “fotografia instantânea” de uma situação particular, num determinado momento.
Análise
A avaliação inicial, sem a análise, não tem qualquer sentido. A análise atribui um significado aos dados
recolhidos. Se for bem feita, oferece àqueles que conduzem as acções ferramentas de compreensão
da situação na sua complexidade a fim de ajudar a tomar decisões pertinentes e adaptadas.
Concepção de projectos
Os dados da avaliação inicial são utilizados para preparar uma análise objectiva dos problemas
que as populações em questão enfrentam. Uma vez identificados os problemas, pode-se entrar na
planificação de projectos e programas que visam resolvê-los.
Seguimento e avaliação
O seguimento e a avaliação permitem uma recolha de informações a fim de melhorar os projectos em
curso. Este tipo de actividade inscreve-se num processo contínuo de reavaliação das necessidades
e proporciona a oportunidade de responder a situações de crise. O seguimento, assegurado pelo
pessoal do projecto, procura determinar se o trabalho que consiste em ajudar as pessoas está bem
feito, permite o estudo de actividades, do contexto e do impacto do projecto. No que diz respeito à
avaliação, é uma actividade do projecto que não é assegurada apenas pelo pessoal do projecto. Pode
ocorrer a meio do projecto ou no fim, ou alguns anos após o final do projecto. Tenta determinar se
o trabalho realizado corresponde ao que era necessário. Tanto o seguimento como a avaliação são
actividades importantes para saber se os objectivos são pertinentes, realistas/realizáveis e se os meios
e as actividades implementadas estão adaptados.
38
Porquê um projecto?
Para definir um objectivo comum a atingir.
Baseando-se na lista de necessidades, na análise global e pluridisciplinar da situação, bem como
na(s) solicitação(ões) do utente, o referente social propõe eixos de trabalho e constrói as bases de um
projecto personalizado que ele aprofunda e ajusta com a pessoa. As respostas devem permanecer
associadas às expectativas e necessidades da pessoa e ser formuladas em objectivos precisos e
realizáveis.
Não se trata de considerar o acompanhamento social personalizado como um meio de definir objectivos
exaustivos para a realização de um projecto personalizado, mas antes evidenciar convergências e
acordos quanto às orientações a dar para um objectivo geral.
Um objectivo de projecto personalizado deve ser preciso (sem ambiguidade e com uma única
finalidade), mensurável (baseado em factos concretos que dêem indicações sobre a distância a
percorrer); deve ser realista e aplicável. Não se pode falar, por exemplo, de projectos de formação
se não existir no território onde nos encontramos estruturas capacitadas para a formação profissional
ou se não implementarmos os meios necessários ao acesso a esse serviço.
O objectivo deve estar associado à noção de tempo, ou seja, deve poder ser realizável em função
dos prazos estabelecidos. Por fim, deve zelar pelo respeito dos indivíduos e não os atacar, e não deve
evidentemente reprovar uma moral ou dar azo a sofrimento.
Em função das temáticas escolhidas, pode-se construir famílias de objectivos. Para a saúde, pode-se
mencionar o acesso à reeducação, a equipamentos ou à implementação de consultas de psicologia.
Para a inserção profissional, registaremos, por exemplo, a realização de um curriculum vitae, a
preparação para uma formação ou ainda para uma entrevista com um empregador. Os objectivos
estabelecidos são definidos por meio do cruzamento entre as análises da fase de avaliação (da etapa
de diagnóstico/avaliação global) e os meios identificados para os alcançar.
Conselhos práticos
• Um projecto personalizado inscreve-se no projecto de vida de uma pessoa. Será seguido por
outros projectos personalizados, que exigirão ou não um acompanhamento social. • É importante começar por definir um objectivo principal, para determinar a distância entre o
ponto de partida e aquele que queremos atingir.
• É bom ter ambições modestas e assegurar-se de que o participante informa regularmente a
sua família, as pessoas das suas relações e os outros parceiros da situação.
• É nessa fase de construção do projecto personalizado que a dimensão contextual adquire
todo o seu sentido. Examinar juntamente com a pessoa as forças e os actores em presença
facilita a definição das acções a realizar e os recursos necessários para essa abordagem.
• Trabalhar em rede e parcerias vai permitir recordar o papel e a responsabilidade de cada um
no projecto personalizado.
• Durante a negociação, o referente social deve ter em mente o seu quadro de trabalho, aquilo
que pode fazer e aquilo que não pode fazer (os “serviços” propostos e os seus respectivos limites).
• Um acompanhamento personalizado proposto para uma duração de seis meses focaliza-se
em geral numa temática ou em duas, no máximo.
39
Guia prático
Como fazer um projecto?
• Resumo das necessidades e expectativas da pessoa e expressão das respostas possíveis
no contexto;
• Definição das etapas do projecto personalizado e dos meios necessários para a sua realização;
• Identificação dos parceiros envolvidos;
• Validação do quadro do acompanhamento.
• É importante permanecer num princípio de realidade, ou seja, encontrar um equilíbrio entre
desejo e necessidade, realista e utópico, e ter em conta as exigências do contexto e as consequências dos actos que se pretende levar a cabo.
Os intervenientes no terreno exprimem-se…
• Cécile de Ryckel, psicóloga, Secção Prevenção e Saúde, Handicap International
“Falar com delicadeza e, sobretudo, trabalhar com a pessoa pois essa aplicação do quadro é
delicada para os dois actores: o acompanhado que se arrisca a sentir-se desapontado, manifestar agressividade, e o interveniente que deve gerir as manifestações emocionais da pessoa
e correr o risco de ser rejeitado e desvalorizado aos olhos da pessoa que ele acompanha. A
relação de confiança entre as duas pessoas dependerá em parte desta última aplicação do
quadro.”
Etapa 4: Definição do plano de acção
Porquê?
Para planear as actividades do projecto personalizado.
Para cada uma das possibilidades de respostas negociadas com o interessado, trata-se agora de
determinar o objectivo específico visado, o tempo e os meios para o alcançar.
Como?
• Lista das etapas, acções e meios
• Programação das actividades a realizar
• Definição da duração do acompanhamento
Cada objectivo específico deve ser dividido em acções e actividades correspondentes. Eis o exemplo
de um plano de acção no âmbito de um projecto personalizado de uma criança que deseja fazer
desporto:
Objectivo específico
Acções
Actividades
Realizar um plano
individual de readaptação
• Mandar fazer um diagnóstico médico
• Participar em sessões de readaptação
• Definir os desportos praticáveis (entre desejo e capacidades)
Praticar um  
desporto
Escolher o desporto
• Encontrar as equipas existentes
• Trocar ideias sobre a situação de impedimento para
“desdramatizar”
• Participar em treinos
Verificar as condições
de participação
• Avaliar os custos e a logística necessários
• Identificar, com a sua família, as deslocações para o
local onde vai ser praticado
40
Conselhos práticos
• A maior parte das acções e actividades devem ser realizáveis pela própria pessoa, com o
apoio do seu meio, do referente social ou dos profissionais envolvidos, se necessário. A pessoa
é dona e senhora do seu projecto personalizado.
• Cada actividade deverá ter um plano de acção, mesmo tendo que o reavaliar, se necessário.
O participante tem necessidade de pontos de referência temporais para se motivar, avançar e
avaliar as mudanças e, sobretudo, para não se sentir “abandonado” no final do acompanhamento.
Etapa 5: Contratualização
Porquê?
Para formalizar um compromisso recíproco pela validação de um contrato oral ou escrito.
Conselhos práticos
• Acompanhar pressupõe, evidentemente, o acordo da pessoa. O contrato é a manifestação
dessa adesão. A vontade demonstrada pelo indivíduo implica a sua real participação.
• O contrato instaura uma dimensão de igualdade, evitando, por conseguinte, cair no domínio
da protecção/caridade. “Seguimos os dois o mesmo caminho.”
• O contrato não deverá ser um travão à participação da pessoa. A forma deste contrato deve,
pois, adaptar-se ao contexto no qual é proposto. Pode ser validado oralmente se a cultura da
oralidade for mais desenvolvida do que a da escrita ou se a escrita “assustar”. O essencial é
que essa contratualização se realize num espaço e num tempo formalizado.
Etapa 6: Arranque e seguimento do projecto
Porquê?
Para apoiar a pessoa na realização do seu projecto personalizado.
Como?
• Aconselhamento e apoio à pessoa nas suas actividades.
• Intercâmbio de ideias com os parceiros envolvidos (social, médico, educativo, administrativo, outros profissionais…) e dinamização dessa rede.
O referente social exerce uma função de coordenação e de seguimento das diferentes etapas do
projecto, regista a evolução da pessoa nas suas iniciativas, ajuda-a a fazer os reajustes necessários,
fornece explicações, faz observações. Tem em consideração as opiniões da família e do ambiente,
consulta regularmente os outros profissionais e actores envolvidos no projecto. De forma mais geral,
41
Guia prático
Como?
• Denominação das pessoas evolvidas;
• Objecto do contrato, âmbito no qual se inscreve e duração;
• Pormenores dos objectivos, das acções e das actividades;
• Direitos e deveres de cada um;
• Possíveis condições de cessação.
quando a pessoa não se pode exprimir directamente, é o “ajuda-voz” (e não o “porta-voz”) da
pessoa, o representante dos seus interesses. Por fim, mantém-se alerta perante acções irrealistas,
repercussões nefastas ou desequilíbrios gerados.
Para isso, pode propor reuniões com os parceiros, por exemplo, com um médico se for uma questão
de saúde, com um professor ou um empregador se se tratar da dimensão escolar ou profissional.
Conselhos práticos
• É nessa altura que a postura do referente social18 adquire todo o seu sentido e participa na
autonomização e na realização do projecto personalizado. É, por conseguinte, primordial, enquanto referente social, questionar-se regularmente sobre a sua prática, a fim de assegurar um
acompanhamento de qualidade e alcançar os objectivos implícitos, mas permanentes, do referente social (capacidade para encorajar e acompanhar a emancipação social do participante).
• Atenção para não gerar uma dependência da pessoa ao referente social e/ou ao acompanhamento.
• A autonomia da pessoa passa também pela capacidade do referente social em abrir a relação a terceiros, concebendo, assim, o acompanhamento de forma colectiva. Não se trata de
renunciar ao encontro dual, mas sim re-situá-lo num contexto mais amplo que confira um lugar
legítimo aos parceiros para responder melhor às necessidades, às possibilidades e às responsabilidades de cada um, profissionais ou não.
Etapa 7: Os balanços intermédios
Porquê?
Para verificar a pertinência do projecto personalizado.
Como?
• Medição regular das disparidades entre os objectivos de partida e os objectivos alcançados.
• Reajustamento do plano de acção para a realização do projecto personalizado em curso.
• Revisão da viabilidade do projecto em curso podendo conduzir à sua cessação ou à negociação de um novo projecto.
Avaliar regular e progressivamente o desenrolar do acompanhamento social personalizado e o seu
conteúdo permite à pessoa em questão e ao referente social fazer o ponto da situação das temáticas
tratadas, a distância percorrida, as capacidades melhoradas, as competências desenvolvidas e os
limites identificados que precisam de uma revisão da situação. Esta avaliação intermédia é feita,
idealmente, uma vez por mês, por vezes uma vez em cada dois meses. Realiza-se com base numa
ou várias entrevistas no decorrer das quais o contrato de objectivos é relido e comentado pelos dois,
em função das acções identificadas e das diferentes actividades que lhes estão associadas.
O referente social pode desenvolver um dossiê personalizado que registará as datas das entrevistas,
os seus conteúdos, as recomendações e compromissos de cada um. O conjunto fará parte do
documento de síntese do acompanhamento.
18. Cf. anexos “Ferramentas para a finalização do acompanhamento” 42
Conselhos práticos
• A avaliação intermédia dos resultados deverá ser feita em função dos elementos de evolução
concretos (incluindo igualmente as evoluções de comportamento) e não em função de um objectivo geral a atingir (uma inserção efectiva, por exemplo).
• Trata-se, por conseguinte, de avaliar as acções realizadas pela pessoa em função das suas
necessidades e daquilo que ela é capaz de resolver, mais do que em função dos problemas
que ela encontra.
• É razoável aconselhar a pessoa a ter um “diário de bordo” onde poderá anotar os seus
comentários, as suas observações e reflexões. Este diário pode ser mantido por uma pessoa
próxima ou pelo próprio referente se a pessoa não conseguir escrever.
• Quanto mais a pessoa avançar no seu projecto e na sua autonomização, menos o referente
social terá necessidade de estar presente. Os tempos de intercâmbio entre estes dois protagonistas poderiam resumir-se aos tempos de avaliação intercalar, sendo o conjunto das actividades do projecto personalizado realizado de forma autónoma pela própria pessoa, sem a
presença do referente.
Etapa 8: A finalização do acompanhamento
Porquê?
Para proceder ao balanço do acompanhamento e propor um seguimento a dar, se for necessário.
O tempo do acompanhamento inscreve-se numa duração limitada que deve ser especificada desde
a partida e também relembrada as vezes necessárias. Se for necessário, pode-se negociar um novo
projecto mas este será avaliado caso a caso, em função dos resultados obtidos e da sua pertinência.
Conselhos práticos
• É muito importante que a pessoa acompanhada possa ter em sua posse uma síntese de todo o
seu percurso e das actividades realizadas. Esta síntese é, frequentemente, o único documento que
testemunha o investimento e a evolução da pessoa no seu projecto. Deverá retomar o conjunto dos
documentos e elementos discutidos aquando do acompanhamento (diagnósticos, plano de acção,
contrato, avaliações intermédias….). É uma óptima ferramenta de reconhecimento pessoal, mesmo
se o conjunto dos elementos contidos nesse documento não forem todos positivos. Deverá apresentar os êxitos e as dificuldades, em conjunto com a pessoa acompanhada19.
• Recordar regularmente a data-limite, sem pressão, para valorizar o caminho percorrido e o que
falta percorrer neste determinado período de tempo (que, claro, poderá ser reavaliado nomeadamente se motivos alheios à pessoa o impuserem).
• Identificar, o mais cedo possível, os parceiros para os quais se poderá eventualmente orientar a
pessoa ou, a pedido do participante, transferir as competências no final do projecto personalizado.
• A avaliação do impacto a três ou seis meses (consoante as realidades do terreno) é necessária
para medir a qualidade do projecto realizado, mas ela não deve ser contabilizada no tempo do
acompanhamento social personalizado, deverá, com efeito, ser efectuada no final do processo do
acompanhamento.
19. Cf annexes « outils pour la finalisation de l’accompagnement »
43
Guia prático
Como?
• Medição entre os objectivos fixados e os resultados obtidos.
• Avaliação dos efeitos do acompanhamento na pessoa e no seu ambiente.
• Negociação de um projecto de saída através de orientações e seguimentos possíveis, se necessário.
• Avaliação do impacto da realização do projecto personalizado (cerca de seis meses).
/ Papel e postura do referente social na ABORDAGEM de acompanhamento
Missões do referente social
O referente social é simultaneamente um conselheiro, um informador, um coordenador, um gestor
e um medidor. Ele recolhe informações, avalia necessidades, negocia, informa, sensibiliza e orienta
a pessoa acompanhada, tendo em conta a opinião da sua família e do seu ambiente, e vigiando os
seus comportamentos. Sempre que necessário, ele pede a opinião aos seus colegas de trabalho,
a profissionais e parceiros externos implicados ou simplesmente envolvidos no projecto em função
das diferentes temáticas do acompanhamento (médico, reeducador, conselheiro profissional, outro
trabalhador social, empregador, director de escola, etc.). Participa na manutenção e no desenvolvimento
das relações sociais, associa os níveis individuais, colectivos e comunitários, inicia redes com outros
profissionais potencialmente parceiros ou participa nelas.
Para reforçar o que foi dito no capítulo anterior sobre as características específicas e a metodologia
de intervenção aplicadas a cada uma das etapas do acompanhamento social personalizado, eis
um esquema, inspirado no trabalho de Jean-René Loubat20,� que regista as principais missões do
referente social, em relação às etapas apresentadas mais acima:
Entrevista com a
pessoa em questão
Entrevista com a
família, com terceiros,
eventualmente com o
representante legal
Entrevista com os
outros profissionais e
com os parceiros
1. Recolha de informações sobre a situação e as necessidades do interessado
2. Tratamento dessas informações (utilizá-las e organizá-las)
3. Apresentação das necessidades registadas aos outros profissionais que podem
contribuir com a sua especialização (médica, social, profissional…) e propor
soluções possíveis
4. Difusão da informação junto da pessoa em questão, da sua família e de
outros parceiros, recolha da sua opinião, definição e negociação de um projecto
personalizado
5. Seguimento da implementação do projecto personalizado (estar atento, estar à
disposição da pessoa em questão e em contacto regular com os diferentes actores)
20. O papel de coordenador de projectos” - Jean-René Loubat – Fevereiro de 2006
44
A postura do referente social
Acompanhar alguém significa dar-lhe meios para fazer sozinho e, sobretudo, não fazer por ele.
Esta postura na relação de apoio repõe a pessoa acompanhada no centro da acção e coloca o
acompanhamento social personalizado como um movimento.
O acompanhamento deverá estar ao serviço da pessoa e não tornar-se o objectivo a alcançar, mas
antes ser um meio possível para a evolução ou melhoria de uma situação.
No interior deste intercâmbio, trata-se de uma relação humana, repleta de emoções, de momentos
fortes, de relações interpessoais com tudo aquilo que isso comporta de dinâmico e desafiante
(reconhecimento, confiança, poder, dependência, etc.).
Estabelecer uma relação de acompanhamento social implica a consciencialização e a compreensão
de fenómenos comunicacionais e comportamentais e de reacções psicológicas que devem ser
identificadas e analisadas para evitar uma relação de dependência com uma conotação afectiva.
Ao longo do acompanhamento social personalizado, o referente social deve sempre ter em mente
o objectivo geral a atingir e verificar regularmente aquilo que, na relação com o participante,
representa um obstáculo à realização desse objectivo. Ele é o único a poder fazer os reajustamentos
necessários em caso de necessidade.
O reajustamento profissional corresponde à análise e à evolução da prática. Diz respeito
à forma como o referente social estabelece relações com os outros, conduz as entrevistas e
avaliações sociais, e como são definidos os objectivos. Isto diz igualmente respeito à sua forma
de apreender o sofrimento e as dificuldades do outro, perante as suas próprias vivências e as
suas dificuldades. Esta análise e os ajustes que dela resultam permitem manter uma postura
profissional e não cair no campo afectivo e caridoso que impede o distanciamento necessário
para um acompanhamento eficaz.
45
Guia prático
Os intervenientes no terreno exprimem-se…
•Handicap International, Secção Prevenção e Saúde, Referente técnico de Saúde Mental
“O acompanhamento baseia-se numa relação de empatia e não de simpatia. A empatia é a
atitude mental que consiste em compreender as vivências de outra pessoa como ela a compreende – mas sem se identificar com o seu sofrimento. A simpatia reside nessa identificação.“
© Corentin Thevenet por Handicap International
Idealmente, os trabalhadores sociais dos países do Norte reivindicam a necessidade de poder beneficiar
de uma supervisão. Geralmente orientada por um psicólogo, a supervisão21 é o tempo proposto às
equipas de acompanhamento social que lhes permite discutir livremente as suas dificuldades perante
as suas missões de acompanhamento. Com efeito, a prática do acompanhamento social pode ser
muito ansiógena para o referente social que se poderá sentir isolado, até impotente em certos casos,
não podendo manter a sua postura profissional correctamente. Os tempos de supervisão destinamse, assim, a acompanhar o referente social na sua prática. Podem-se realizar individualmente ou
em grupo. Neste segundo caso, trata-se de se basear nas experiências de cada um para animar
o debate. É de realçar que estes tempos devem permanecer confidenciais para não haver efeitos
operacionais directos.
21. Cf. “A supervisão de equipas em Trabalho Social”, Joseph Rouzel, Dunod, 2007
46
Parte
2. Guia prático do chefe de projecto
/ 2
OS PRÉ-REQUISITOS DO DESENVOLVIMENTO DE UM SERVIÇO DE ACOMPANHAMENTO
A identificação destes pré-requisitos permite expor as finalidades a atingir e os valores nos quais nos
baseamos para provocar a mudança. É igualmente e apenas após esta primeira fase que os serviços,
os programas e as instituições podem definir de forma precisa os seus campos de acção e as suas
modalidades de intervenção.
Quem faz o quê? Como? Com quem e onde? - Esclarecer as instâncias (composição, objectivos, responsabilidades de cada um);
- Definir os territórios geográficos das intervenções;
- Nomear “referentes” e certificar-se do seu perfil (competências, “saber fazer”, limites…);
- Formalizar tempos de concertação (no arranque, durante os balanços e perto do final do
acompanhamento);
- Coordenar os diferentes intervenientes em torno do utente (partilha do diagnóstico, definição de papéis).
Qual é o resultado e o impacto? O que é que isso altera? O que é que se pretende avaliar
no final do acompanhamento e/ou do projecto?
- Impacto na autonomia e no acesso aos direitos dos participantes/utentes;
- Impacto na realização de um projecto personalizado;
- Impacto nas ofertas de inserção/serviços disponíveis localmente
- Impacto nas práticas, nas colaborações, nas mudanças de representações.
Nota: para a implementação de um acompanhamento social personalizado, é necessário
ter conhecimentos prévios sobre:
- A legislação local em matéria de acção social (nacional, desconcentrada ou descentralizada) e os modos de intervenção dos serviços públicos relativamente a esta temática;
- O território de intervenção;
- As estruturas e os serviços, privados e/ou associativos que operam no campo do social, o
seu posicionamento e as acções concretas que desenvolvem a nível local, departamental,
regional e nacional;
- O conjunto dos actores em presença no território em questão;
- O conhecimento e as representações sociais destes actores perante as pessoas deficientes.
47
Guia prático
Questões que nos devemos colocar antes de desenvolvermos um serviço de acompanhamento
Porquê um dispositivo de acompanhamento? Com que fim? O que é que se pretende
modificar, transformar?
Estas questões relembram o lugar e o papel de cada um (do referente social e do participante) e
questionam quanto ao sentido e à postura da relação estabelecida.
Os pré-requisitos da implementação de qualquer projecto de acompanhamento dizem igualmente
respeito, quando existem, à identificação e às parcerias possíveis com os colectivos,
reagrupamentos, federações, instituições, estabelecimentos e serviços públicos, associativos
ou privados. São, então, considerados como parceiros potenciais para a realização do projecto
personalizado ou de espaços pluridisciplinares para os quais se pode orientar ou transferir certas
competências ou responsabilidades.
/ IMPLEMENTAÇÃO DO DISPOSITIVO: conselhos práticos para o terreno
Uma vez feita a identificação do público-alvo e dos actores, o contexto apreendido e as inter-relações
descodificadas, é possível considerar a implementação do dispositivo social. A natureza deste
dispositivo dependerá do nível de desenvolvimento de serviços existentes na zona de intervenção,
da mobilização das populações, do acesso à informação e das necessidades expressas. Quando
vários recursos existem, mas as populações não os conhecem, pode ser utilizado um dispositivo “de
escuta, informação e orientação”. Este tipo de dispositivo só responde a uma necessidade pontual
expressa por uma pessoa. Em contrapartida, quando as pessoas solicitam um acompanhamento
social personalizado, será necessário um dispositivo específico, que poderá eventualmente integrar
um serviço de informação/orientação.
No âmbito de um dispositivo de acompanhamento social personalizado, quanto mais serviços/
actores existirem, mais projectos personalizados poderão ser adaptados às necessidades e aos
desejos da pessoa acompanhada. Se existirem muito poucos serviços/actores, os objectivos do
projecto personalizado centrar-se-ão mais na participação da pessoa vulnerável, em particular para
as pessoas deficientes, na sua família e comunidade.
Desenvolver uma base de dados e/ou um repertório/anuário dos actores territoriais favorece o
realismo e a pertinência do projecto personalizado no território dado e permite trabalhar através das
redes destes actores22.
22. Cf. “Guia prático para apoio à implementação de um Centro Local de Informação e Orientação” (CLIO): Modelização de uma experiência de
CLIO em Salé (Marrocos), Eric Plantier-Royon, RT “Cidade e Deficiência”, Handicap International, 2007
48
Exemplo de uma base de dados “Serviços” (cf. Guia CLIO)
Escola Primária Abdel Moumen El Mouahidi
Identificação
Responsável ou
Pessoa de contacto:
Nome da estrutura
Escola Primária Abdel Moumen El Mouahidi
Endereço
Hay Karima
Tel./Fax/E-mail/Sítio
Web 062.03.54.87
Missão e objectivo da
estrutura
Integração escolar das crianças deficientes
Actividades/Serviços
Organização das actividades paraescolares:
visitas temáticas
Serviços:
14 crianças
Regime:
Actividades
Capacidade de
acolhimento:
Sr. Chadi
Classe integrada
Externo
Público-alvo
Dos 6 aos 14 anos
Sexo:
Todos
Tipo de deficiência:
Deficiência auditiva
Recursos humanos
Acesso aos serviços
Condições de acesso:
Acesso gratuito. «Despesas de escolaridade»
Tarifação e modalidades: Atestado médico
Horários :
Das 08h30 às 16h30
Tipo de profissionais:
Professores. Professor do ensino especial. Auxiliares da acção educativa.
Especialidades e domínios de
competência
Professor do ensino especial.
Conselho prático:
• A presença de um CLIO (Centro Local de Informação e Orientação) favorece fortemente a implementação eficaz de um serviço/dispositivo de acompanhamento, permitindo ter um conhecimento dos actores no terreno e do público-alvo.
Quando um novo serviço é implementado, é importante considerar de que forma as pessoas
serão informadas e como terão acesso a ele. Pretende-se que o acompanhamento seja uma
iniciativa participativa, que preconiza a pro-actividade, a motivação e o empenho recíproco
do acompanhante, mas também, e sobretudo, da pessoa acompanhada. Neste sentido,
é, por conseguinte, possível favorecer a pessoa na pesquisa de informação e ir ela própria
ao encontro do dispositivo de acompanhamento, como pré-requisito da abordagem de
acompanhamento. Paralelamente ao dispositivo, poderão ser implementadas sessões de
informação e retransmissões/gabinetes de proximidade que facilitarão o acesso ao dispositivo
de acompanhamento. Consoante o contexto, uma iniciativa desse tipo poderá funcionar muito
bem para as pessoas com necessidade de “informação/orientação”, mas não necessariamente
para as mais vulneráveis, com uma necessidade real de acompanhamento social. Neste caso,
é, portanto, possível contemplar a presença de agentes comunitários, oferecendo informação
(identificação) de proximidade às pessoas mais isoladas e guiando-as em direcção ao dispositivo
de acompanhamento. Por fim, quando as percepções locais da deficiência não são favoráveis à
iniciativa de autonomização, é essencial realizar conjuntamente sessões de sensibilização para
a situação das pessoas com deficiência a nível das comunidades, a fim de responsabilizar o
conjunto dos actores locais e promover uma mudança real perante a deficiência.
49
Guia prático
Idade:
É importante medir, não só aquando da planificação, mas também ao longo da implementação de um
dispositivo, os seguintes critérios de avaliação:
Critérios relacionados com os actores locais:
© N. Moindrot / Handicap International
• Estruturas locais estatais e/ou associativas e/ou privadas presentes no território; análise
dos actores23 ; comparação desta análise a montante do projecto (como preliminar) com a
realizada a jusante;
• Evolução das capacidades dos actores para acolher as pessoas com deficiência;
• Sensibilização dos profissionais envolvidos no acompanhamento social personalizado; • Meios e tempo de mobilização;
• Papel/amplitude da inserção social das pessoas com deficiência no território;
• Existência de referentes sociais ou de pessoas que desempenham essa função;
• Existência a nível local de espaços de intercâmbio, de reflexão ou de tomada de decisão
relativamente à temática da deficiência e da inserção.
Critérios relativos ao utente:
• Número de projectos personalizados realizados;
• Inquérito de satisfação: opinião dos utentes;
• Iniciativa participativa: pessoa associada às etapas do acompanhamento.
Critérios relativos aos parceiros exteriores:
• Parceiros implicados ou associados aos projectos personalizados existentes;
• Frequência dos encontros entre eles;
• Função do dispositivo nesses encontros;
• Mecanismos de coordenação, de ligação entre os parceiros.
/ PERFIL E SEGUIMENTO DO INTERVENIENTE SOCIAL
As missões do interveniente social baseiam-se num conjunto de características de “saber ser”
(competências / aptidões humanas e relacionais) e de “saber fazer” (competências técnicas). Eis
um exemplo de perfil de posto que pode facilitar o recrutamento dos intervenientes ou referentes
sociais.
23. Cf. “Reforço das capacidades e relação de parceria: desafios, modalistas, ferramentas”, Stefanie Ziegler, RT “Parceria”, Handicap International,
2007
50
PERFIL DE POSTO DO INTERVENIENTE SOCIAL
DEFINIÇÃO DO POSTO DE TRABALHO
O interveniente social assegura a prevenção e o tratamento de problemas individuais e comunitários, pessoais ou colectivos por meio de acções de escuta, de ajuda, de seguimento e de aconselhamento aos indivíduos e grupos. No âmbito do seu papel social, ele estabelece as mediações
necessárias entre as pessoas e os grupos e o seu ambiente pessoal, bem como com as instituições
ou parceiros envolvidos.
COMPETÊNCIAS TÉCNICAS E “SABER FAZER” (ser capaz de)
• Conduzir entrevistas a título individual e/ou colectivo (domínio das técnicas de entrevista);
• Identificar as disparidades, as disfunções e os obstáculos;
• Realizar um diagnóstico social;
• Co-construir um projecto personalizado, baseado na procura e na realização do diagnóstico da situação;
• Criar uma relação profissional de confiança e de responsabilização individual;
• Coordenar e trabalhar em equipa para um projecto em comum;
• Animar reuniões e assegurar a realização das acções.
SABER SER (aptidões)
• Tolerante e respeitador;
• Discreto;
• Saber ouvir atentamente;
• Abordagem mais empática do que simpática24;
• Rigoroso/flexível: socialmente adaptável/adaptado;
• Disponível;
• Ter uma abordagem humanista;
• Racional, basear-se num princípio de realidade.
CONHECIMENTOS ASSOCIADOS
• Conhecimentos em psicologia e sociologia (funcionamento psicológico humano, relações entre grupos sociais…);
• Conhecimento antropológico do país e grupo-alvo (história, cultura, tradições, crenças…);
• Conhecimento das particularidades do público-alvo (Para HI, conhecimento das ferramentas adaptadas às pessoas com deficiência…);
• Conhecimento dos diferentes dispositivos de ajuda e de responsabilização do público-alvo;
• Conhecimento dos actores e serviços territoriais e nacionais (quem? o quê? como? onde?);
• Conhecimento da legislação nacional e internacional, adaptada ao público-alvo.
24. Cf. encarte p. 46
51
Guia prático
ACTIVIDADES ESSENCIAIS
• Informar sobre os dispositivos, direitos e serviços existentes;
• Encontrar as pessoas para analisar em conjunto com elas a sua situação, estabelecer um balanço
geral da sua situação social, pessoal e profissional;
• Procurar através de todos os meios adaptados (individuais e/ou colectivos) os elementos de solução para as questões/problemas colocados;
• Realizar acções de seguimento junto das pessoas e avaliar com elas a evolução da sua situação;
• Encorajar a autonomização da pessoa;
• Animar/participar em acções de sensibilização ou de formação nas problemáticas sociais individuais e/ou comunitárias; • Assegurar a mediação com o ambiente (famílias, comunidades, outros serviços…).
De realçar que as competências técnicas e relacionais mencionadas não são exaustivas e que
se adquirem e aperfeiçoam com o tempo e a experiência. Elas são o fruto da aprendizagem do
interveniente social, construída pela sua prática de terreno e por reajustamentos25 constantemente
feitos em função das situações, dos contextos e das particularidades de cada história de vida, de
cada indivíduo.
Conselhos práticos:
• Após diversas missões de apoio às equipas de intervenientes sociais da Handicap International, é evidente que estes têm falta de tempo para intercâmbio de ideias e “descompressão”,
que, muitas vezes, só são propostas após crises pontuais. É importante, para um melhor posicionamento profissional e pessoal, considerar tempos de supervisão desde o início do projecto/serviço de acompanhamento social.
• Esta actividade é idealmente orientada por um psicólogo externo ao projecto/serviço, ou, na
sua falta, pelo responsável de equipa. Neste caso, falamos antes de tempos de intercâmbio de
práticas.
• Verificar a formação26 e as competências dos referentes sociais, em relação com o públicoalvo, e completá-la por meio de intercâmbios de práticas e de supervisão, sob a forma de, por
exemplo, estudos de casos práticos.
25. La notion de réajustement professionnel est détaillée dans le Guia prático de l’intervenant social, sous la rubrique « Rôle et posture de l’intervenant social »
26. Nous avons fait le choix de ne pas traiter en détail ici la question de la formation des référents sociaux, pourtant centrale, afin de ne pas alourdir le document. Un module sur la formation de référents sociaux, basé sur ce guide, sera disponible en 2010
52
Parte
Conjunto de ferramentas
/ Etapa 1: Estabelecimento de contactos
3
-- - - - - - - página 54
/ Etapa 2: Diagnóstico social -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
página 55
/ Etapa 3 e 4: Negociação do projecto e plano
de acção - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
página 69
/ Etapa 5: Contratualização
-- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - página 71
/ Etapa 6: Arranque e seguimento do projecto
/ Etapa 7: Avaliação / balanço intermédio
-- - página 73
-- - - - - - - página 74
/ Etapa 8: Finalização do acompanhamento
- - - - - página 75
As ferramentas apresentadas provêm, na sua maioria, de projectos desenvolvidos pelas equipas da Handicap International e respectivos parceiros em numerosos países.
Apresentamos aqui um número reduzido de ferramentas para ilustrar as diferentes
etapas do acompanhamento social personalizado.
As ferramentas apresentadas foram desenvolvidas em função de contextos particulares. Devem, por conseguinte, estar adaptadas às necessidades e às realidades do
seu terreno, tendo em consideração as suas especificidades culturais, políticas, sociais e económicas.
Por fim, queira consultar o CD-Rom que acompanha este guia para uma panorâmica
exaustiva das ferramentas produzidas pelas diferentes equipas da Handicap International.
53
Parte
Etapa 1: estabelecimento de contactos
3
Ficha de acolhimento (exemplo HI, programa França, ICOM)
Fotografia
Data: Recebido por:
Acolhimento do participante
Identidade
Nome próprio: ______________________________________________________________________
Apelidos: ___________________________________________________________________________
Morada: ___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
Telefone: ____________________________
Data de nascimento: _____________________
Local de residência:  Família  Lar  Apartamento autónomo  Outro: _____________
Local de actividade de dia: ___________________________________________________________
Nome do representante (responsável) legal: ____________________________________________
 Pais (especificar o grau de parentesco se não for o pai ou a mãe  Tutores  Estabelecimentos
Morada: ___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
Objecto do pedido: __________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
54
Parte
Etapa 2: diagnóstico social
3
O “Processo de Produção da Deficiência» apresentado neste guia é um modelo que propõe a análise
de situações de participação ou de exclusão social. Este modelo pode ser adaptado à situação de
cada indivíduo elaborando um questionário que permita a recolha e análise de informações sobre os
hábitos de vida, os factores pessoais e ambientais.
Hábitos de vida identificados pelo PPD
Hábitos de vida
Nutrição
Condição corporal
Cuidados pessoais
Comunicação
Habitação
Deslocações
Responsabilidades
Relações interpessoais
Vida comunitária
Educação
Trabalho
Lazer
Outros hábitos
Pormenores
Regime alimentar, confecção dos alimentos, realização das refeições
Descanso, condição física, condição mental
Cuidados corporais, higiene excretória, vestuário, cuidados de saúde
Comunicação oral e corporal, comunicação escrita, telecomunicação, sinalização
Escolha e adaptação da residência, manutenção da casa, utilização de mobiliário e outros
equipamentos domésticos
Deslocações condicionadas, transportes
Responsabilidades financeiras, responsabilidades civis, responsabilidades familiares
Relações sexuais, afectivas e sociais
Vida associativa, vida espiritual e religiosa
Educação pré-escolar, escolar, profissional, outras aprendizagens
Orientação profissional, procura de um emprego, ocupação remunerada, ocupação não remunerada
Desportos e jogos, artes e cultura, actividades sócio-recreativas
Os que não podem ser classificados nas categorias anteriores
O sistema orgânico
1- Sistema nervoso
2- Sistema auditivo
3- Sistema ocular
4- Sistema digestivo
5- Sistema respiratório
6- Sistema cardiovascular
7- Sistema hematopoiético e imunitário
8- Sistema urinário
9- Sistema endócrino
10- Sistema reprodutor
11- Sistema cutâneo
12- Sistema muscular
13- Sistema esquelético
14- Morfologia
As aptidões
1- Aptidões relacionadas com actividades intelectuais
2- Aptidões relacionadas com a linguagem
3- Aptidões relacionadas com os comportamentos
4- Aptidões relacionadas com os sentidos e a percepção
5- Aptidões relacionadas com actividades motoras
6- Aptidões relacionadas com a respiração
7- Aptidões relacionadas com a digestão
8- Aptidões relacionadas com a excreção
9- Aptidões relacionadas com a reprodução
10- Aptidões relacionadas com a protecção e assistência
Factores ambientais
Factores sociais
Factores físicos
Factores político-económicos (exemplo: rendimento familiar,
protecção social, etc.)
Natureza (exemplo: lojas do bairro, etc.)
Factores socioculturais (exemplo: auxiliar natural, atitude da
comunidade perante a deficiência, etc.)
Adaptações (exemplo: acessibilidade de infra-estruturas,
etc.)
55
Caixa de ferramentas
Factores pessoais
O esquema apresentado abaixo pode servir para uma recolha de informações sobre o conjunto de
factores e hábitos de vida de uma pessoa, após o estabelecimento de contactos e com o objectivo
de estabelecer um retrato global aquando de um questionário inicial. Também pode ser utilizada
aquando do processo relativo a um hábito de vida que se inscreve no projecto personalizado da
pessoa, a fim de permitir uma análise mais específica dos factores associados.
Exemplo 1, recolha de dados / análise, segundo o modelo do PPD
(exemplo retirado de uma formação organizada pelo GIFFOCH)
Factores ambientais environnementaux
Causa / riscos
Factores pessoais
Hábito(s) de vida / actividade da vida quotidiana
Não esquecer de anexar informações sobre a identifidade da pessoa e sobre o contexto
onde ela se insere:
Nome próprio:___________________________ Apelidos:_ ________________________________
Coordenadas: _ _________________________ Idade:____________________________________
Situação familiar:________________________ Número de filhos a cargo:__________________
Profissão:_______________________________ Educação:________________________________
Rendimentos profissionais:_ ______________ Outros rendimentos:_ ______________________
56
Eis outro exemplo de recolha de dados baseada no modelo do Processo de Produção do
impedimento:
Exemplo 2, ficha individual / recolha de dados inicial (exemplo HI, programa Indonésia)
DATA: ____________________________
Nome do agente comunitário deficiência / agente social:________________________________
LOCAL DA ENTREVISTA:  em casa  no Centro Social _____________________________
 outro _ _________________________________________________
DADOS PESSOAIS
NOME PRÓPRIO: _________________________ APELIDOS: ______________________________
IDADE: _______________________
SEXO: ____________________
NOME DOS PAIS (se for menor de 16 anos):___________________________________________
ESTADO CIVIL (casado, viúvo, solteiro):_ ______________________________________________
MORADA: _________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
CONTACTO (telefone ou outro): ______________________________________________________
SAÚDE
Historial médico (hospitalizações, complicações à nascença, acidente, fracturas, tratamentos,
problemas de saúde passados e presentes, etc.): ______________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Deficiência física  SIM  NÃO
Descrição (deformação congénita da perna esquerda, etc.): ____________________________
Deficiência sensorial  SIM  NÃO
Descrição (surdez, deficiência visual, etc.): ___________________________________________ _________________________________________________________________________________
Deficiência intelectual  SIM  NÃO
Descrição: _ ______________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Perturbação psiquiátrica  SIM  NÃO
Descrição: _ ______________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
57
Caixa de ferramentas
AMBIENTE
SOCIAL
Pessoas que vivem na casa (irmãos, pais, outros) e parentesco: _________________________
__________________________________________________________________________________
Principal auxiliar natural (especifique): _ _______________________________________________
__________________________________________________________________________________
Relações com vizinhos / amigos / membros da comunidade: ____________________________
ECONÓMICO
Principal fonte de rendimentos (quem e que actividade): ________________________________
__________________________________________________________________________________
Acesso a um sistema de protecção social:  SIM  NÃO
Outro: _ ___________________________________________________________________________
Estatuto económico:  Pobreza  Moderado  Confortável
FÍSICO
Descrição do local onde vive (casa sobre estacas, etc.): _ _______________________________
__________________________________________________________________________________
Acesso da comunidade ao local onde vive (caminho de cimento, ponte em bambu, etc.): ___
__________________________________________________________________________________
Presença de escadas/degraus no interior e exterior do meio de vida:
 SIM; onde? ________________________________  NÃO
Material do soalho: _________________________________________________________________
Localização do local onde vive em relação à aldeia, à comunidade: ______________________
Proximidade de serviços e espaços públicos (centro de saúde, escola, mesquita, centro de
lazer, etc.):_________________________________________________________________________
OCUPAÇÃO
EDUCAÇÃO
Nível de educação, estudos/formações em curso: _____________________________________
A pessoa frequenta a escola?  SIM  NÃO
Pormenores: (nome da escola, nível, razão pela qual não frequenta, etc.):
CULTURA, DESPORTO, LAZER Descrição das actividades recreativas e sociais da pessoa: _ ____________________________
A pessoa está satisfeita com estas actividades?  SIM  NÃO
Pormenores: _______________________________________________________________________
58
ACTIVIDADES PROFISSIONAL E ECONÓMICA
A pessoa trabalha?  SIM
 NÃO
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Histórico de emprego: ______________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
A pessoa frequentou cursos?
 SIM
 NÃO
Outras aptidões: ___________________________________________________________________
Interesses:_________________________________________________________________________
ACTIVIDADES DA VIDA QUOTIDIANA
MOBILIDADE
• Deslocar-se no interior
 Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Se não consegue caminhar:  transportado
por outra pessoa
 utiliza ajuda técnica
 Rampa ou outro
• Ir à casa-de-banho
 Com ajuda
 Autónomo
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
• Ir à cozinha
 Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
• r à sala
 Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
• Ir para o quarto
 Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
__________________________________________________________________________________
• Deslocar-se no exterior  Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Se incapaz de caminharr :  transportado
por outra pessoa
 utiliza ajuda técnica  Rampa ou outro
Meio de transporte: _ _______________________________________________________________
Locais na comunidade que não lhe são acessíveis: _____________________________________
__________________________________________________________________________________
Pedido: ___________________________________________________________________________
59
Caixa de ferramentas
Pormenores: _______________________________________________________________________
CUIDADOS PESSOAIS
• utilizar a casa-de-banho  Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________
• lavar-se
 Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
• vestir-se
 Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
• comer/beber
 Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
TAREFAS DOMÉSTICAS
• preparação de refeições  Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
• Manutenção da casa
 Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
• Lavagem da roupa
 Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
• Lavagem da loiça
 Autónomo
 Com ajuda
 Ajuda total
Pormenores: _______________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
***
Expectativas / objectivos da pessoa: _________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Outros comentários / observações:___________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
60
Outros tipos de questionários permitem projectar, desde a recolha de dados, estratégias que podem
servir para a elaboração do projecto personalizado, conforme ilustra o seguinte extracto:
Exemplo 3, ficha individual / recolha de dados inicial
(exemplo HI, programa Nepal, extracto de questionário)
Nome da organização: __________________ Nome do interveniente social:________________________
Distrito: ________________________ Data de avaliação:_________________________________________
Proveniência da pessoa / referências: _ ______________________________________________________
1.
Informação geral
_________________________________________________________________________________________
1.1. Nome da pessoa:____________________________ Idade: ________ Sexo: F  M 
1.2. Estado civil:  asado  solteiro número de filhos:
1.3. Nome do pai/mãe/responsável: _____________ Relação com a PD: _______ Ocupação:_ ________
1.4. Nome do auxiliar principal: _____________ Relação com a PD: _______ Ocupação: _____________
1.5. Morada:_______________________________________________________________________________
Distrito: ________________________ Localidade:________________________________________________
Rua: ________________________ Número: __________________ Telefone / contacto: _ _______________
2.
Histórico da pessoa
_________________________________________________________________________________________
2.1. Identificação das dificuldades principais
2.1.1. Qual é(são) a(s) sua(s) principal(ais) dificuldade(s)? _______________________________________
_________________________________________________________________________________________
2.2. Identificação das causas possíveis de deficiência
2.2.1. Quando é que apareceram as suas dificuldades?
 nascença Se sim, problema  durante a gravidez  durante o parto
 doença, especifique por favor: _______________________________________ data: ________________
 acidente, especifique por favor: _______________________________________ data:_ ______________
 subnutrição / falta de vitamina A  relacionado com um conflito, especifique por favor: ________
2.2.2. Evolução da(s) dificuldade(s) no tempo:  estável  melhoria  deterioração, especifique, por favor ______________
2.2.3. Outros membros da família deficientes?  não  sim, especifique, por favor:_______________
2.3. Tipo de apoio esperado / contemplado:
2.3.1. Comprometeu-se / levou a cabo alguma iniciativa para diminuir as suas dificuldades?
 Não, porquê:  medo/hesitação  não sabe quem contactar  finanças
 serviço / ajuda não disponível  não prioritário
 outro, especifique por favor:________________________________________________
 Sim, onde:  curandeiro  Centro de Saúde  hospital  organização local
 outro, especifique por favor: _______________________________________________
61
Caixa de ferramentas
 outro, especifique por favor:_______________________________________________________________
3.
Plano de acção de inclusão
_ _________________________________________________________________________________________
3.1 Social
ESTATUTO
VISÃO / OBJECTIVO
ACÇÃO
Talentos pessoais, educação e capacidades no
trabalho
(aptidões, capacidades pessoais)
Quais são os seus pontos fortes (talentos /
capacidades)?
O que é que apreciam em si (personalidade,
aptidões)?
Que aptidões deseja
melhorar?
Participação na vida familiar
Como é que participa nas actividades da sua
família?  cumprir papéis familiares
 participar nas actividades domésticas
 participação nas decisões/discussões
 nenhuma participação
A sua família encoraja a sua participação?
 não ________  Se sim - que tipo de apoio: ___
_____________________________________________
Deseja participar noutras
Escutar, acompanhar a família para aumentar
tarefas? A PD pretende
as oportunidades de participação, de
participar mais na vida da
modelização, etc.
sua família? Onde e como
é que ela se pode envolver
mais? Eventuais obstáculos?
Como contorná-los?
Participação na vida social comunitária
Grupos comunitários
Faz parte de grupos comunitários?
 sim ____  Organização de PD  cooperativa  grupo de jovens / crianças  Grupo ambiental  grupo feminista  outro, especificar:
 não  iniciou, mas parou. Razão:
Se sim, qual é o seu nível de participação?
 presença física  participação em
actividades, discussões  envolvimento na
organização, decisões ________________________
Está satisfeito com esse nível de participação?
 sim, de que é que gosta?
 não, porquê?
O que é que gostaria
de fazer (na escola, na
comunidade, etc.)? Se vai à
escola/trabalho, ou faz parte
de um grupo comunitário, de
que forma espera que a sua
participação aumente?
Comunicação
Aptidões de comunicação
Como é que comunica?
 Linguagem oral  Linguagem de sinais
 Linguagem gestual  ajuda visual
Quem é que o compreende e quem é que não o
compreende? ________________________________
____________________________________________
Com quem é que se sente melhor compreendido
e mais à-vontade para comunicar? _____________
Sente-se frustrado / zangado quando quer
comunicar e não pode?  sim  não
Quando e onde é que
gostaria de comunicar?
Investigar as relações possíveis na
comunidade, isto é, se interesse por artes,
estabelecer uma ligação com uma pessoa da
aldeia que tenha os mesmos interesses, se
tem vontade e aptidão para uma actividade,
ver possibilidade de emprego/estágio, etc.
Encorajar as relações sociais para melhorar
a autoconfiança, as possibilidades de
interacções, de intercâmbio de ideias, etc.
Fazer a ligação com as estruturas locais
(escolas, OPH, etc.), identificar as
possibilidades de actividades culturais,
desportivas e de lazer, de grupos de
apoio ou outros, investigar a existência de
oportunidades de voluntariado.
Porque é que a função é perturbada?
 Física  Social  Intelectual
 Acesso à linguagem / à comunicação
Explique como, isto é,. AVC, falta de
confiança em si, nenhum acesso à
O que é que constitui
um obstáculo à
aprendizagem da linguagem dos sinais,
comunicação?
vocabulário limitado, etc.
Como é que se pode prestar assistência
à família para melhorar a comunicação?
Ajudas visuais, gestos, linguagem dos sinais,
frases simples, etc.
Referência a serviços especializados ou APD
para o desenvolvimento da linguagem dos
Comunicação com a família:
Quais são as três
sinais, de ajudas técnicas à comunicação, de
Como é que comunica com os membros da sua
mensagens que gostaria
terapia da fala, de ajudas auditivas, etc.
família? (Questões para a família)
de transmitir à sua família? Reforçar as relações com PD, famílias e
Interagem / discutem com a pessoa?
outros, para troca de ideias e modelos de
Como é que se
 tanto como com os outros membros da família êxito.
poderia melhorar a sua
 com mais frequência  com menos frequência
comunicação com a sua
Compreendem o que a pessoa vos diz? _ _______
família?
 nunca  às vezes  muitas vezes  sempre
A pessoa compreende-vos?  nunca
Quais são as três
 às vezes  muitas vezes  sempre
mensagens que gostaria
Existem obstáculos para uma boa comunicação
de transmitir ao seu filho /
na vossa família?_____________________________ irmão /familiar?
62
Comunicação com a comunidade (Questões
para a pessoa / para a família)
Estão satisfeitos com o nível de comunicação
entre vocês e a vossa comunidade?
 nunca  às vezes  muitas vezes  sempre
Como é que a vossa comunicação com a comunidade poderia melhorar?
Atitude e percepção
Percepção de si mesmo (estima, imagem corporal, aceitação da sua pessoa)
Está feliz com a sua vida?  não  não está feliz com alguns aspectos  correcto
 feliz  muito feliz
Sente-se à-vontade para comunicar aos outros
as suas necessidades / ideias / sentimentos?  sim______________________________ se não,
porquê? ____________________________________
Faz coisas por iniciativa própria?  sim  não
Sente-se frustrado / zangado com coisas que
gostaria de fazer, mas não pode?  sim, quais?  não
Que percepção gostaria de ter de si mesmo?
Como poderia sentir-se
mais feliz / confiante?
Atitude da família perante a pessoa
(Aos olhos da pessoa)
Sente-se importante para a sua família?
 sim
 não, porquê?_______________________________
A sua família pede a sua opinião?
 sim  às vezes  não, porquê?_______________________________
(Questões para a família)
Como é que se referem à PD / designação específica? ____________________________________
Acham que a pessoa é considerada, incluída e
apreciada pelos membros da família?___________
____________________________________________
Como é que gostaria(m)
de ser visto(s) e tratado(s)
pela sua(vossa) família?
Atitude da comunidade
(Questões para a pessoa)
Qual é o seu lugar na comunidade? ____________
____________________________________________
Sente-se valorizado pela sua comunidade?
 sim  não, porquê?______________________
Tem amigos?  sim  não, porquê?__________
____________________________________________
(Questão para a família)
Como é que o seu filho / irmão / familiar é tratado
pela comunidade? _ __________________________
Como é que gostaria que
a comunidade o visse/
tratasse?
Que modos de comunicação podem ser desenvolvidos / facilitados?
Como é que se pode melhorar a imagem e a
autoestima das pessoas deficientes?
Estabelecer relações com outros, grupos de
pares, APD, redes de intercâmbio de ideias e
de apoio…
Como é que a vossa
relação com a sua família
poderia melhorar?
Estabelecer relações com outras famílias,
grupos de apoiom OPD, modelos, melhorar as redes de apoio, fornecer um apoio
específico.
Onde é que imagina que
estará o seu filho / irmão /
familiar daqui a 5 a 10
anos?
O que é que podemos fazer para facilitar os
contactos / relações e o respeito entre os
membros da comunidade?
Caixa de ferramentas
Apoiar as relações com os membros-chave
da comunidade, dos grupos, identificar onde
é que a comunicação social poderá contribuir para uma mudança de atitude.
63
Em suma, podem ser desenvolvidas outras ferramentas consoante o contexto do dispositivo de
acompanhamento, em relação às populações e aos recursos utilizados.
Exemplo 4, ficha individual / recolha de dados inicial (exemplo HI, programa Marrocos)
I/ INFORMAÇÕES ADMINISTRATIVAS (relativas ao utente)
NOME:
Nascido(a) a: ____________________________ em:
Nacionalidade: ________________ Morada:
N.° de Segurança Social: ___________________________________________________________________
Outro Seguro:  sim  não
Se sim, coordenadas da companhia de seguros: ______________________________________________
_________________________________________________________________________________________
II/ SITUAÇÃO FAMILIAR*
 Casado
 Viúvo  Solteiro
 Divorciado
 União de facto
Desde ________ Desde ________ Desde ________ Desde ________
Tem filhos? Se sim, quantos? _______________________________________________________________
Que idade têm? ___________________________________________________________________________
Tem a custódia deles? _____________________________________________________________________
Tem laços familiares ou afectivos com pais – cônjuge – filho(s) – amigo(s)?
(*Riscar o que não interessa)
III/ INFORMAÇÕES RELATIVAS À FAMÍLIA
MÃE
PAI
Nome próprio
Apelidos
Data de nascimento
Situação familiar
- Casado(a)
- Divorciado(a)
- Separado(a)
- Viúvo(a)
Situação profissional
- Activo
- Reformado
- À procura de emprego
- Outro
Se activo, especifique:
Irmãos (nomes, datas de nascimento): ________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
64
* Situação particuliar
- família reconstituida 
- existência de outros deficientes entre os irmãos: 
Esta admissão é requerida pelo utente:
 sim  não
Esta admissão é desejada por uma terceira pessoa:
 sim  não
Esta admissão é desejada pela família:
 sim  não
IV/ INFORMAÇÕES RELATIVAS À DEFICIÊNCIA
Tipo de deficiência:
- deficiência motora 
- deficiência mental 
- deficiência sensorial 
- perturbações associadas 
Esclarecimentos eventuais: ________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
Origem da deficiência:
- Perinatal 
- Natal 
- Pós-natal 
- Outras:
Esclarecimentos eventuais: ________________________________________________________________
Se se tratar de um acidente, por favor, especifique:
Acidente de trabalho (fora do trajecto)_______________________________________________________
Acidente de viação_ ______________________________________________________________________
Prática desportiva_ _______________________________________________________________________
Tentativa de suicídio_ _____________________________________________________________________
Acidente doméstico_______________________________________________________________________
Agressão________________________________________________________________________________
Acidente durante o trajecto profissional_ ____________________________________________________
Se se tratar de uma doença:
Doença evolutiva 
Doença não evolutiva 
Especifique, por favor:_ ___________________________________________________________________
Médico assistente
Médicos especialistas que garantem ou garantiram um acompanhamento (incluindo psiquiatra)
NOME:_____________________________ NOME: ______________________________________________
Morada:____________________________ Morada: _____________________________________________
Tel.:________________________________ Tel.: _________________________________________________
Fax.:_______________________________ Fax.: ________________________________________________
65
Caixa de ferramentas
Outros, especifique por favor______________________________________________________________
VACCINATION
- Hépatite
- BCG
- DTP
 oui  non Date : ______________________________________
 oui  non Date : ______________________________________
 oui  non Date : ______________________________________
DEPENDANCES Tabac, drogue
 oui  non
Préciser :
Allergies
 oui  non Préciser : __________________________________
Difficultés respiratoires
 oui  non
Diabète
 oui  non
Épilepsie
 oui  non Type : _____________________________________
Fréquence : ________________________________
Maladie cardio-vasculaire
 oui  non
Intervention chirurgicale
 oui  non Nature et date(s) :___________________________
Contre-indications à certaines postures Énurésie
 oui  non
Encoprésie
 oui  non
Traitement
 oui  non
Est-il géré par l’usager ?
 oui  non
 oui  non
Si oui, comment ? _________________________________________________________________________
V/ VIE SOCIALE
Historique des situations de prise en charge et/ou d’accompagnement (préciser l’âge à chaque étape) :
_________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
VI/ AUTONOMIA
Por favor, especifique o seu grau de autonomia
Ajuda para se levantar e deitar?
sim
não
Ajuda durante a noite?
sim
não
Ajuda na casa-de-banho?
sim
não
Consegue utilizar uma banheira?
sim
não
Ajuda para utilizar o chuveiro?
sim
não
Tem um chuveiro adaptado?
sim
não
A casa-de-banho está adaptada?
sim
não
Ajuda para se vestir?
sim
não
Ajuda para cozinhar? Especifique se é ajuda parcial ou total
sim
não
Ajuda para comer?
sim
não
Ajuda nas tarefas administrativas?
sim
não
66
Por favor, especifique o seu grau de autonomia
Ajuda na prevenção de escaras?
sim
não
Ajuda nas necessidades fisiológicas?
sim
não
Ajuda para se instalar na cadeira?
sim
não
Segue um regime alimentar? Se sim, qual?
sim
não
Ajuda nas compras?
sim
não
Acompanhamento durante as saídas para o exterior?
sim
não
Ajuda nos transportes?
sim
não
Ajuda na preparação de medicamentos?
sim
não
Ajuda na toma de medicamentos?
sim
não
Consegue utilizar o telefone?
sim
não
Sozinho?
sim
não
Com dificuldades de manipulação?
sim
não
Utilização impossível sem ajuda de outra pessoa?
sim
não
Consegue abrir / fechar sozinho as portas de casa?
sim
não
A pé
sim
não
De comboio
sim
não
De autocarro
sim
não
Tem um meio de transporte motorizado?
sim
não
Consegue andar sozinho?
VII/ ESCOLARIDADE – ESTABELECIMENTOS ESPECIALIZADOS
Nível de estudos: _ ___________________________________________________________________________
Datas: ______________________________________________________________________________________
Coordenadas do estabelecimento: _____________________________________________________________
Estabelecimentos(s) frequentado(s) :
___________________________________________________________________Datas:____________________
___________________________________________________________________Datas:____________________
___________________________________________________________________Datas:____________________
VIII/ NÍVEL DE CONHECIMENTOS
Ler
Contar
Fazer contas
 sim
 sim
 sim
 não
 não
 não
Escrever
Ver as horas
Telefonar
 sim
 sim
 sim
 não
 não
 não
IX/ PROFISSÃO EXERCIDA
Actualmente: ________________________________________________________________________________
Antes da deficiência: _ ________________________________________________________________________
67
Caixa de ferramentas
Sabe?
X/ ACTIVIDADES
Capacidade para trabalhar de pé
sim
não
Tolerância à fadiga
sim
não
Tolerância ao ruído
sim
não
Tolerância ao trabalho repetitivo
sim
não
Ritmo de trabalho contínuo
sim
não
Ritmo de trabalho descontínuo
sim
não
Destreza manual
sim
não
Precisão de gestos
sim
não
Resistência ao esforço
sim
não
Compreensão de instruções
sim
não
Aplicação
sim
não
Tomada de iniciativa
sim
não
Capacidade de organização
sim
não
Potencial desportivo
sim
não
XI/ LAZER E DESLOCAÇÕES
Consegue passar um dia de lazer sozinho(a)? _________ Especificar: ______________________________
Lazer e actividades preferidas: ________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________
XII/ COMPORTAMENTO
Calmo
 sim
 não
Inibido
 sim
 não
Expansivo  sim
 não
Violento
 sim
 não
Se sim, especificar: _________________________________________________________________________
Outros comportamentos desviantes
 sim
 não
Se sim, especificar: _________________________________________________________________________
XIII/ SOCIABILIDADE
No seio da família
 sim
No exterior
 sim
Com os colegas (se num estabelecimento)
 sim
Com o enquadramento (se num estabelecimentot)  sim
 não
 não
 não
 não
NECESSIDADES DO UTENTE
EXPECTATIVAS CONFORME EXPRESSAS PELO UTILIZADOR:
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
Profissional que contactou o utente:
Nome: ______________________________________________
Função:_ ____________________________________________
Data: _______________________________________________ Assinatura
68
ETAPA 3 e 4: Negociação  
do projecto e plano de acção
Parte
3
Após o diagnóstico social, estas etapas retomam as necessidades expressas pela pessoa, os
elementos recolhidos a nível pessoal e ambiental. Estas etapas são cruciais e querem-se participativas
na elaboração de objectivos e de meios precisos, facilitando o compromisso e o seguimento pelas
partes envolvidas. A ferramenta apresentada inclui igualmente a etapa seguinte, a da contratualização.
Negociação do projecto personalizado / plano de acção (exemplo HI, programa Marrocos)
Programa de acompanhamento na participação social
PLANO DE ACÇÃO INDIVIDUALIZADO
Data do encontro para elaboração do Projecto de Vida:________________________________
Participantes:_ ____________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
IDENTIFICAÇÃO DO UTENTE
Nome próprio:______________________________ Apelidos:_ _____________________________
Data e lugar de nascimento:_ ______________________
Sexo: feminino 
masculino 
Morada actual:____________________________________________________________________
IDENTIFICAÇÃO DO PROFISSIONAL REFERENTE
Nome:_____________________________________ Apelido:________________________________
Função:_ _________________________________________________________________________
EXPECTATIVAS CONFORME EXPRESSAS PELO UTILIZADOR:_________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
ANÁLISE: ________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
69
Caixa de ferramentas
Data da implementação do projecto de vida:__________________________________________
ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DAS ACÇÕES
PLANIFICAÇÃO DOS OBJECTIVOS
Por ordem de prioridade, identificar os objectivos a atingir que estão associados às necessidades da
pessoa e da sua família e dos serviços requeridos.
Objectivos a atingir
Meios a utilizar
Estabelecimento ou
organismo responsável
Data prevista
de realização
DECISÕES TOMADAS NO FIM DA REUNiÃO
Serviço
oferecido
Estabelecimento ou 
organismo
responsável
Diligência prévia
requerida
Data do início
da dispensação
Data de
colocação em espera
PLANIFICAÇÃO DAS MEDIDAS ALTERNATIVAS QUANDO OS SERVIÇOS E OS RECURSOS NÃO
ESTÃO DISPONÍVEIS
Determinar por objectivo as medidas alternativas requeridas, a sua frequência, o tipo de organismo ou
serviço de dispensa bem como as datas previstas de realização.
Motivo de recurso
a uma medida
alternativa
Medida alternativa
tomada
Tipo de organismos ou de estabelecimento
dispensador
Declaro ter tomado conhecimento do conteúdo do meu plano de acção individualizado e autorizo a
prestação de serviços que me são propostos, conforme acordado entre as partes.
Assinado em _ ______________________
No dia______________________________
70
Parte
ETAPA 5: Contratualização
3
Contrato de acompanhamento
(exemplo retirado do Centro Jacques Arnaud, Bouffémont, França)
Objecto do contrato:
O presente contrato tem por objecto fixar as condições do dispositivo de acompanhamento
social personalizado, o qual tem lugar no âmbito do sistema de identificação, orientação e
acompanhamento das pessoas em situação de deficiência, a fim de optimizar a sua participação e a
sua inserção social.
Este acompanhamento social é confiado a _____________________ Função________________________
Objectivos da intervenção:
O objectivo é apoiar a pessoa em situação de deficiência nas suas iniciativas a partir da sua entrada
no dispositivo de acompanhamento.
Para tanto, é proposto um acompanhamento social personalizado por um referente que, depois de
entrar em acordo consigo, estabelecerá as etapas indispensáveis:
-à compreensão e análise da sua situação;
-à negociação de um plano de acção personalizado;
-ao acompanhamento e os conselhos nas suas iniciativas;
-aos balanços regulares relativos à realização dos objectivos;
-às perspectivas que preparam a saída do dispositivo.
Os objectivos fixados, as suas denominações, as suas declinações e os seus meios de
implementação são especificados abaixo:
1.________________________________________________________________________________________ :
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
2.________________________________________________________________________________________ :
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
3.________________________________________________________________________________________ :
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
71
Caixa de ferramentas
Este acompanhamento realiza-se através de contactos regulares:
-pelo menos, uma vez por mês
-posteriormente, sempre que for necessário
Compromissos recíprocos:
Sr. / Sra. ________________________________________ compromete(m)-se a aceitar o
acompanhamento social proposto e a utilizar todos os meios, a fim de atingir os objectivos conforme
definidos no projecto:
- respeitar as reuniões estipuladas e avisar em caso de impedimento;
- aceitar receber o referente em casa;
- efectuar as diligências necessárias à realização dos objectivos.
A associação ___________________ compromete-se a implementar as prestações propostas no
âmbito do acompanhamento social conforme o caderno de encargos aplicado no âmbito do
projecto.
Para tal, o referente compromete-se a:
- efectuar visitas a sua casa;
- recebê-lo(a) nas instalações da associação;
- ter contactos regulares com os parceiros;
- assegurar a relação com os diferentes serviços implicados (serviços sociais, organismo de
formação, de orientação ou inserção…);
- fornecer avaliações regulares.
Duração do contrato:
O presente contrato produz efeitos a partir de _______________ por um período de três meses, no
término do qual será efectuado um balanço com a pessoa em situação de deficiência para garantir a
pertinência da recondução ou da saída do dispositivo.
Condições de rescisão do contrato:
O não cumprimento do presente contrato poderá implicar a cessação antecipada do
acompanhamento social.
O Sr. / Sra. __________________ pode(m) pedir a cessação antecipada do acompanhamento social a
qualquer momento, informando o referente com a devida antecedência.
Será elaborado e enviado ao beneficiário e aos serviços implicados um balanço de fim de
acompanhamento
Elaborado em dois exemplares em ____________________, no dia ________________
Sr. / Sra.
(Nome, Assinatura)_____________________
Pela associação
(Nome, função, assinatura)_____________________
72
Parte
3
ETAPA 6: Arranque e seguimento do projecto
Ficha de seguimento (exemplo Handicap International, programa Nepal)
Nome próprio:____________________________________ Apelidos:_ ________________________________
Referente / agente social:
Date
Actividade
Plano / objectivos
/ actividades
para visita de
seguimento
Observações,
alterações  
(se houver)
Apoio
específico
fornecido
Comentários,
recomendações
Outras observações / comentários / iniciativas em curso:
Assinatura e data: __________________________________________________________________________
73
Caixa de ferramentas
Visita
Parte
ETAPA 7: Avaliação / balanço intermédio
3
Ficha de síntese / balanço intermédio (adaptação ficha HI, programa Senegal)
Nome próprio: _____________________ Apelidos: _____________________ Projecto: _______________
/ Resumo do projecto
Título do projecto:__________________________________________________________________
Período de duração: de _____ / _____ / _____ a _____ / _____ / _____
Objectivos iniciais:
1 - ___________________________________________________________________________
2 - ___________________________________________________________________________
3 - ___________________________________________________________________________
/ Trabalho realizado
Temáticas
Em curso
Feito
Falta fazer
/ Observações
Difficuldades encontradas:
 Pela pessoa_ ___________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
 Pelo referente / agente social_____________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
/ Recomendações futuras: _ _____________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
Preenchido a____________________ em _________________________ por _________________________
74
Parte
ETAPA 8: Finalização  
do acompanhamento
3
Síntese de acompanhamento
(exemplo adaptado do Centro Jacques Arnaud, França, para a HI, programa Argélia)
DADOS PESSOAIS
Nome próprio:____________________________________ Encaminhado por: ________________________
Apelidos:________________________________________
Morada:__________________________________________________________________________________
N.° Cartão da pessoa com deficiência (se necessário):_________________________________________
Telefone: ________________________________________
Data e lugar de nascimento:_ _______________________________________________________________
Situação familiar:__________________________________________________________________________
Meio de transporte / carta de condução:_ ____________________________________________________
FASE DE POSICIONAMENTO
Projecto no início da acção:_________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
BALANÇO PESSOAL
Descreve-se como: __________________________________________________________________
Habilitações:
Ensino primário:_ ____________________________________________________________________
Ensino secundário:___________________________________________________________________
Línguas estudadas: __________________________________________________________________
Ensino profissional:___________________________________________________________________
75
Caixa de ferramentas
A nível pessoal:
Experiência profissional:
Estágios realizados:__________________________________________________________________
Empregos: __________________________________________________________________________
Actividades extra-profissionais:______________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
Condições de trabalho:_____________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
Motivações e centros de interesses:_ ________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
EXAME MÉDICO
+ ficha individual / registo de informações
FASE DE MATURAÇÃO
= Relações / evoluções do participante no acompanhamento. Pontos intermédios.
Actividade 1:______________________________________________________________________________
Datas da actividade: de _____ / _____ / _____ a _____ / _____ / _____
Responsável pela actividade: _______________________________________________________________
Referente: ________________________________________________________________________________
Objectivo: ________________________________________________________________________________
Tarefas confiadas
Ferramentas utilizadas
Tarefas não confiadas
Motivos
76
Balanço actividade 1:
Referente ou parceiro
Participante
Pontos Fortes
Dificultdades
encontradas
Aspectos a
melhorar
Conclusão
Actividades 2, 3, etc.
CONCLUSÃO / PROPOSTA DA EQUIPA E DO PARTICIPANTE
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
DECISÃO DO PARTICIPANTE
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
No dia ______________________________ em ______________________________
Assinaturas:
Participante: ________________________________________________________________
Referente / agente social: __________________________________________________________
Coordenador / chefe de equipa / chefe de projecto: _______________________________________
77
Caixa de ferramentas
__________________________________________________________________________________________
Bibliografia e referências
• FONDEMENT DE LA PRATIQUE DE L’APPROCHE SYSTEMIQUE EN TRAVAIL SOCIAL
MASSA, Hélène
Les cahiers de l’actif n.º 308/309, www.actif-online.com
/ Trabalho
Social e Deficiência
• L’EVALUATION DE LA PARTICIPATION SOCIALE ET DE LA SITUATION DE HANDICAP EN
TRAVAIL SOCIAL
WBEBER, Philippe; NOREAU, Luc; FOUGEYROLLAS, Patrick
In “Handicap, revue de sciences humaines et sociales ”
Publicação do CTNERHI – n.º 103 – Julho de 2004
• INSERTION SOCIALE DES PERSONNES HANDICAPEES : Méthodologies d’évaluation
RAVAUD, Jean-François; FARDEAU, Michel
Publicações do CTNERHI – Julho de 1994
• SUPPORTING CHILDREN WITH DISABILITY: A PARENT AND FAMILY INFORMATION KIT
Inclusão Internacional da região Ásia-Pacífico
/ Trabalho
Social e Desenvolvimento
• TRAVAIL SOCIAL ET HUMANITAIRE
LAPAW, Régis
Ed. L’Harmattan – Abril de 2005
• ASIAN TSUNAMI AND SOCIAL WORK PRACTICE – Recovery and rebuilding
TIONG, ROWLANDS and YUEN
The Haworth Press, Inc. - 2006
• REPORT ON THE WORLD SOCIAL SITUATION
Assembleia-Geral das Nações Unidas, Julho de 2005
/ Contextos,
Métodos e Ferramentas
• COMMUNICATING SOCIAL SUPPORT: ADVANCES IN PERSONAL RELATIONSHIPS
GOLDSMITH, Daena J.
Cambridge University Press - 2004
• SOCIAL SUPPORT: THEORY, RESEARCH AND INTERVENTION
VAUX, Alan
Publicação Praeger - 1988
78
• SOCIAL WORKER’S DESK REFERENCE
ROBERTS, Albert R.
Oxford University Press - 2009
• ELABORER SON PROJET D’ETABLISSEMENT SOCIAL ET MEDICO-SOCIAL,
CONTEXTE, METHODES, OUTILS
LOUBAT, Jean-René
Ed. Dunod – Setembro de 2000
• LA PRATIQUE DU TRAVAIL SOCIAL AVEC LES GROUPES
MASSA, Hélène
Edição ASH, colecção ASH-profissionnels - 2006
• ACTION SOCIALE ET LUTTE POPULAIRE
GROULX, Lionel
Canadian Journal of Sociology – Vol. 6 – 1981
• LA SUPERVISION D’EQUIPES EN TRAVAIL SOCIAL
ROUZEL, Joseph
Ed. Dunod, collection Action Sociale, 2007
/ Trabalho
Social Internacional
• GLOBAL SOCIAL WORK CONGRESS REPORT
Centro de Convenções de Adelaide (Austrália), Outubro de 2004
www.icms.com.au/ifsw
• INTERNATIONAL SOCIAL WORK-SOCIAL PROBLEMS, CULTURAL ISSUES AND SOCIAL
WORK EDUCATION
BORRMANN, STEPHAN, KLASSEN e SPATSCHECK
Barbara Budrich publishers – Abril de 2007
• JOURNAL OF INTERNATIONAL SOCIAL WORK
Federação Internacional de Assistentes Sociais
• INTERNATIONAL NORMS FOR QUALITY EDUCATION AND TRAINING IN SOCIAL WORK
Associação Internacional das Escolas de Trabalho Social
/ Trabalho
Social e Ético
• ETHICS IN SOCIAL WORK, STATEMENT OF PRINCIPLES
International Social Work federation, 2004
• L’ACCOMPAGNEMENT SOCIAL EN QUESTION Relatório de conselheiros técnicos em Trabalho Social da DRASS, Fevereiro de 2003
79
/ Documentos
elaborados pela Handicap International
• INTEGRATION : FIRST STEPS TOWARDS AN INDEPENDENT LIFE SOKOLOVA, Marina ; CABOURG, Laurent
Handicap International Moscou, 2004
• GUIDE PRATIQUE POUR L’AIDE A LA MISE EN PLACE D`UN CENTRE LOCAL
D`INFORMATION ET D`ORIENTATION (CLIO) : MODELISATION D`UNE EXPERIENCE DE
CLIO A SALE (MAROC)
Eric Plantier-Royon, referente “Cidade e Deficiência, Secção Inserção, 2007
• CAPACITY DEVELOPMENT AND PARTNERSHIP: OVERVIEW AND METHODOLOGY
Stefanie Ziegler, referente “Parceria”, Pólo de Metodologia - 2008
http://www.handicap-international.de/fileadmin/redaktion/pdf/renf_cap_eng.pdf
• CAHIERS THEMATIQUES
Salé: Handicap International, 2005-2008 - 8 números
N.°1 : Le plan d’intervention individualise interdisciplinaire (Março 2005);
N°2 : Le projet de vivre chez soi d’une personne en situation de handicap au Maghreb
(Outubro 2005);
N°3 : Les groupes de parole (Setembro 2006);
N°4 : La fonction de cadre de proximité en réadaptation au Maghreb (Novembro 2006);
N°5 : Le projet d’établissement des structures à caractère médicalisé, éducatif et/ou social
de la région Maghreb (Março 2007);
N°6 : Une nouvelle offre de service au Maroc : l’unité de réadaptation du Centre Noor de
Bouskoura (Julho 2007);
N°7 : Dix ans d’expérience des dispositifs mobiles de dépistage et de réadaptation en
Tunisie (Julho 2007);
N°8 : Rendre possible la participation sociale des personnes en situation de handicap en
Algérie : les espaces de socialisation (EDS) (Julho 2008);
http://www.handicapinternational-maroc.org/puplication.htm
• BEYOND DE-INSTITUTIONALISATION: THE UNSTEADY TRANSITION TOWARDS AN
ENABLING SYSTEM IN SOUTH EAST EUROPE
ADAMS Lisa, GRANIER Pascal, AXELSSON Charlotte, 2004
http://www.disabilitymonitor-see.org/indexe.htm
80
/ Sites
web
• IFSW – International Federation of Social Workers (Federação Internacional do Trabalhadores
Sociais)
http://www.ifsw.org
• CASW – Canadian Association of Social Workers (Associação Canadiana de Trabalhadores
Sociais)
http://www.casw-acts.ca
• Inclusion International http://www.inclusion-international.org
• CTNERHI – Centre Technique National d’Etudes et de Recherches sur les Handicaps et
les Inadaptations (Centro Técnico Nacional de Estudos e Investigação de Deficiências e
Inadaptações)
http://www.ctnerhi.com.fr
• IASSW – International Association of Schools of Social Work (Associação Internacional de
Escolas de Trabalho Social) http://www.iassw-aiets.org
81
82
Editeur : Handicap International, 14, avenue Berthelot, 69361 Lyon cedex 07
Imprimeur : Vassel Graphique, Boulevard des Droits de l’Homme - allée des Sorbiers - 69672 Bron Cedex
Achevé d’imprimer en mai 2010
ISBN: 978-2-909064-34-5
Dépôt légal : mai 2010
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HANDICAP INTERNATIONAL
14, avenue Berthelot
69361 Lyon Cedex 07
Tél. : + 33 (0) 4 78 69 79 79
Fax : + 33 (0) 4 78 69 79 94
E-mail : [email protected]
Publié avec le support de
ISBN: 978-2-909064-34-5

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