Bem-vindo à Uberlândia e realize bons negócios
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Bem-vindo à Uberlândia e realize bons negócios
ano 5 número 45 Setembro 2011 | R$ 8,50 Especial Economia Vale anuncia R$ 3,8 bilhões de investimentos para Patrocínio e Uberaba Investimento British Petroleum vai construir usina de R$ 1,14 bilhão em Tupaciguara Turismo Conheça Amsterdã, a capital que é pura liberdade e nostalgia Bem-vindo à Uberlândia e realize bons negócios Estrutura adequada, empresas de ponta e localização privilegiada são só alguns dos atributos que fizeram da cidade um dos principais destinos do turismo de negócios no país. Apenas em 2010, foram quase 80 mil visitantes em viagens desse tipo mercado www.revistamercado.com.br expediente Diretor Geral Eduardo J. L. Nascimento [email protected] Diretor Comercial Fernando Martini [email protected] Conselho Gestor Eduardo J. L. Nascimento Evaldo Pighini Fernando Martini Conselho Editorial Paulo Sérgio Ferreira Janaina Depiné Analu Guimarães Dr. Joemilson D. Lopes Marconi Silva Santos Pedro Lacerda Marcelo Prado Dalira L. C. M. Carneiro Editor Chefe Evaldo Pighini e Jornalista Responsável MG 06320 JP [email protected] Reportagens Evaldo Pighini Margareth Castro Michele Borges Fabiana Barcelos Laura Pimenta Rosiane Magalhães Talita Nakamuta Alitéia Milagre Renata Tavares Lia Barbosa Revisão Lúcia Amaral Fotografia Mauro Marques (exceto as creditadas) Colaboradora Márcia Amaral Vendas Maurício Ribeiro 55 34 3239 5844 [email protected] Mariana P. Barcelos [email protected] Secretaria Edileusa Ribeiro [email protected] Jurídico Thiago Alves OAB 107.533 Capa/Editoração Humpormil Pré-impressão Mídia Kit Impressão Tiragem 5.000 exemplares Anúncio 55 34 3239 5844 Assinatura 55 34 3239 5844 [email protected] Canal Livre [email protected] Cartas Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sl 14 Bairro Aparecida CEP 38.400-610 Uberlândia - MG - Brasil Edições extras 55 34 3239 5844 e reprints [email protected] Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião desta revista, assim como declarações emitidas por entrevistados. É autorizada a reprodução total ou parcial das matérias, desde que citada a fonte. A Revista MERCADO é uma publicação mensal do Grupo de Mídia Brasil Central (GMBC). Revista MERCADO 55 34 3236 6112 Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sl 14 Bairro Aparecida CEP 38.400-610 Uberlândia - MG - Brasil Copyright © 2008 - Grupo GMBC Todos os direitos reservados. editorial Pessimismo e pé no freio O diretor e chefe global de investimentos estratégicos do banco norte-americano Morgan Stanley Smith Barney, David Darst, afirmou que a crise europeia poderá fazer de 2012 um ano ainda pior que 2011, quando problemas dos países endividados na Europa e da economia norte-americana espalharam preocupações por todo o mundo. Em sua opinião, Europa e EUA precisam de reformas para superar a crise, e a economia mundial pode até melhorar, mas vai piorar muito antes. Darst não é o único a ter previsões pessimistas sobre a atual conjuntura mundial. Outras autoridades econômicas também comungam da mesma opinião. Nos EUA, o Economic Cycle Research Institute (ECRI), de Nova York, também garantiu que o país está bem perto de outra recessão, se é que ela já não começou. O ECRI é um instituto independente de pesquisa de ciclos econômicos que mede semanalmente o ciclo de negócios por meio do Weekly Leading Index (WLI). O diretor-gerente do ECRI, Lakshman Achuthan, analisa que recessão é um processo em que as vendas decepcionam, a produção cai, o nível de emprego cai, a renda cai e então as vendas caem. Então, se assim for, esse é um ciclo vicioso que já começou para os norte-americanos. Assim, por tudo que está acontecendo e pelas notícias que chegam por aqui no Brasil, fica fácil perceber que o endividamento de países como Grécia, Itália, Portugal, Irlanda e Espanha é apenas o começo de uma crise que já começa, inclusive, a preocupar grandes potências, como França, Inglaterra e Alemanha. O comentarista econômico Ricardo Amorim chegou a afirmar que a “Europa é uma grande candidata a um calote generalizado”. E, para piorar ainda mais a situação, o Fundo Monetário Internacional (FMI) admitiu que pode não ter dinheiro suficiente para fornecer pacotes de resgate financeiros para grandes economias da zona do euro, caso a crise internacional se agrave mais. Por outro lado, apesar da aparente e apregoada solidez da economia brasileira, a crise internacional começa provocar turbulências por aqui. O Banco Central já reduziu a previsão de crescimento da nossa economia neste ano de 4,0% para 3,5%. À exceção do setor agropecuário, que deverá crescer 2,1% - mas apenas 0,2 ponto percentual acima da estimativa anterior -, nos demais setores, a expansão industrial teve recuo de 1,9 ponto para 2,3%. A produção do setor de serviços deve aumentar 3,5%, ante 3,8% na projeção anterior. Por outro lado, em relação à demanda, a nova projeção considera crescimento maior no consumo das famílias (de 4,1% para 4,5%) e do governo (de 1,9% para 2,1%). Além disso, a estimativa para os investimentos foi reduzida de 6,4%, para 5,6%. O BC também aumentou a previsão de inflação neste ano de 5,8% para 6,4% e avalia que há 45% de chance de que os preços fiquem acima do limite da meta fixada pelo governo. Enfim, a economia mundial mal se levantou da queda em 2008 e já começa a cambalear. E, conforme a opinião de certos analistas, as duas crises certamente não são isoladas. A crise global do momento é uma continuação - até mesmo um “efeito colateral” - da crise de 2008. A grande diferença entre ambas é que na crise anterior o centro eram os bancos americanos e europeus, ou seja, o setor privado. Desta vez, no entanto, o fantasma ronda os governos que, há três anos, correram para socorrer os bancos, só que acabaram “comprando” o problema para si, como admite o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega. Assim sendo, o melhor conselho é precaução. É hora de botar o pé no freio com relação a gastos. Nada de endividamentos desnecessários. Ou será que alguém ainda dúvida de que, se a crise internacional se agravar, e o Brasil for afetado, vai acabar sobrando para todo mundo, principalmente para nós, os contribuintes. Evaldo Pighini Editor Revista MERCADO | Setembro 2011 mercado 45 índice Capa Estrutura adequada, empresas de ponta e localização privilegiada são só alguns dos atrativos que fizeram de Uberlândia um dos principais destinos do turismo de negócios do país. Somente em 2010, a cidade recebeu quase 80 mil visitantes em viagens desse tipo 32 Comportamento Setembro 2011 48 O Brasil tem 4.856 crianças à espera de adoção, em Uberlândia são mais de 200. Para facilitar o processo, em 2008 foi criado o Cadastro Nacional de Adoção, mas a coisa ainda esbarra na burocracia e, principalmente, na exigência dos candidatos a pais Marketing 50 Enquanto o mundo evolui tecnologicamente, o futuro e o passado caminham lado a lado. Marcas e design retrô ganham popularidade entre os consumidores. Coca-Cola, Brastemp, Nestlé, Devassa, Mabel e Granado apostam na tendência 30 Economia O governador Antonio Anastasia e a Vale Fertilizantes assinam protocolo para investimentos de R$ 3,8 bilhões nos municípios de Uberaba e Patrocínio; projetos vão gerar 1,5 mil empregos diretos e 4,7 mil indiretos 40 Investimentos A British Petroleum no Brasil (BP Brasil) anunciou a decisão de construir em Tupaciguara, no Triângulo Mineiro, uma nova usina de açúcar e álcool num investimento que vai custar R$ 1,14 bilhão. A expectativa é que a Usina entre em funcionamento até 2015 Revista MERCADO | Setembro 2011 Veículos Canal Livre������������������������������������������� 10 Bazar....................................................... 76 Artigo...................................................... 12 Dica de Leitura����������������������������������� 82 Conversa����������������������������������������������� 14 Entrevista��������������������������������������������� 16 Franchising������������������������������������������ 20 Investimentos & etc.������������������������ 22 Especial.................................................. 26 Mercado������������������������������������������������ 42 Literatura���������������������������������������������� 84 Profissões em Filme������������������������� 86 Sustentabilidade������������������������������� 88 64 Chega ao mercado o Cruze. O novo sedã GM, substituto do Vectra, possui duas versões de acabamento e motor 1.8 Ecotec. Modelo deve custar entre 65 mil e 78 mil reais, e é promessa de briga forte com Honda Civic, Toyota Corolla e Hyundai Elantra Turismo 68 Ponto de vista������������������������������������� 90 In Foco.................................................... 92 Saúde...................................................... 44 Causos empresariais������������������������ 94 Gastronomia��������������������������������������� 54 Geral........................................................ 96 Muita gente deseja visitar Amsterdam, e por razões bem variadas. Alguns porque são românticos, outros por causa do trabalho ou a passeio, ou até por razões, digamos, menos familiares. O certo é que Amsterdam é pura liberdade e nostalgia Revista MERCADO | Setembro 2011 mercado canal livre Fale com a Revista MERCADO [email protected] Orgulho de estar em Uberlândia Finanças Apesar de não ter nascido em Uberlândia, me considero um cidadão uberlandense. Estou na cidade há quase 20 anos, e acredito que poucos como eu têm tanto orgulho de estar em Uberlândia. Por isso, me enche de satisfação quando leio uma reportagem como a publicada na última edição, que faz referência aos 123 anos do município. Parabéns pela matéria. Assim como a que saiu no ano passado, vou guardar esta com carinho. A matéria “Analfabetismo financeiro eleva inadimplência” caiu como uma luva em minha vida, sem exagero algum. Sou totalmente descontrolada com as minhas despesas e normalmente gasto mais do que ganho. Para piorar a situação, pago minhas dívidas sem atenção e sem questionar se o que me é cobrado está dentro do razoável. Agora vou procurar me controlar mais e prestar mais atenção às minhas contas. Altamiro de Sousa Maria das Dores Paiva Aposentado ________________________________________________ Dona de Casa ________________________________________________ Religião Mais educação Apesar de não concordar com muito do que está escrito na matéria “Em nome da fé”, que saiu na edição 44, quero felicitar os editores da revista pela publicação. Matérias como essa não deixam de ser interessantes e demonstram a independência da linha editorial desta revista. Outra matéria que também demonstra isenção dos editores é a que aborda a questão do relacionamento gay. Foi bom ler a matéria que informa que o brasileiro está lendo mais. Meu pai sempre dizia que quem lê mais tem mais educação. Porém, acredito que nenhum dos nossos políticos se enquadra naquela pesquisa abordada na reportagem, pois o que mais vemos é a falta de preparo e desrespeito com o bem público por parte deles. Gustavo Lourenço Piva Rafaela Gonzaga Julião Atendente de Call Center ________________________________________________ Uberaba ________________________________________________ Rotas da fé Queimadas Gostaria que essa revista publicasse a minha manifestação de revolta com relação às sucessivas queimadas que estão acontecendo por aí. A maioria, tenho certeza, são criminosas. Pergunto: como pode o ser humano ser tão desumano a ponto de prejudicar a si próprio? Nós todos, igualmente, dependemos do ar e das matas para sobreviver. Jamais poderia imaginar que um país como a Colômbia concentrasse tantas atrações religiosas como as que foram apresentadas na última edição desta revista. Como sou católica dedicada, fiquei encantada com a matéria. Jussara Lopes Pereira Aposentada Sinara de Assis Fernandes Estudante Mensagens, comentários, sugestões e críticas sobre o conteúdo editorial da Revista MERCADO para o Canal Livre: [email protected] As correspondências poderão ser publicadas de forma reduzida. Envie, em anexo, nome completo, profissão e cidade de origem 10 | Revista MERCADO | Setembro 2011 mercado artigo *Marcos Hiller é coordenador do MBA em Branding (Gestão da Marca) na Trevisan Escola de Negócios (@marcoshiller) iWas Steve Jobs Por Marcos Hiller* O mundo da tecnologia está triste. No dia 25 de agosto, após uma longa, histórica e bem-sucedida jornada à frente da Apple, Steve Jobs abandonou a sua empresa. Ele é um gênio! Ao mesmo tempo em que demitia funcionários nos elevadores da companhia em Cupertino/Califórnia, lançava produtos habitualmente causadores de frisson em todo o planeta, embora não fizesse pesquisa com consumidores para desenvolvê-los. Ao mesmo tempo em que ele disse, com a maior naturalidade, que o trabalho de 200 engenheiros que se debruçaram em um projeto durante dois anos de nada valeu, lançou um MP3 com apenas um botão no meio, líder da categoria no segmento. Esse é o mago! Se tivesse a dura missão de resumir Steve Jobs em poucas palavras, limitar-me-ia a dizer “paixão aos detalhes e intuição.” Tudo que a Apple fez, faz e fará carrega esses dois valores de modo sublime. Todos os produtos da empresa têm uma extrema atenção aos detalhes, são muito bem calibrados, bem pensados, e todo novo design tem seu lado fortemente racional. O cabo de energia é preso com um ímã ao computador, pois, se você tropeçar no fio, não jogará seu trabalho no chão. O botão de liga/desliga é sempre atrás, para que num esbarrão você não corra o risco de deletar todo o seu projeto. Tudo é muito intuitivo. Nunca mexemos em um iPad, mas, quando pegamos um, parece que já sabemos onde as coisas estão. Todo produto da Apple é assim. O iPad, logicamente, não possui manual de instruções, pois aprendemos a operá-lo sozinho. Mas se você é da geração X e não abre mão dele, sem problemas. Vá ao site da Apple e baixe o PDF. Jobs deixa um legado incomparável na gestão da empresa. Há quem compare o que ele faz com algo parecido com religião. Ele é o messias, a Apple Store é a Meca da tecnologia mundial e nós não somos meros consumidores, somos verdadeiros seguidores e adoradores. E resta agora a Tim Cook, o mais novo CEO da companhia, fazer jus à fama de seu antecessor e vestir a camisa 10 do “Pelé da Inovação”. É uma camisa pesada, um crachá com brilho próprio e ao qual estarão atentos nossos olhares ávidos de consumidores. Vale lembrar que Steve Jobs era rodeado por outros gênios. Um deles é Jonathan Ive que, ao mesmo tempo em que passeia em seu Aston Martin pelas praias da Califórnia, também desenha produtos como o iMac. Jobs é um gênio provocativo. Ele desafiou o mercado editorial com os e-books, que vieram para ficar e crescem de maneira avassaladora. A maior evidência disso é o pedido de falência da gigante Borders (simplesmente a segunda maior livraria dos Estados Unidos), e uma das grandes razões se deve ao fato de eles não terem aderido de modo tão agressivo ao segmento de e-books. E Jobs avisou. Os livros físicos estão com os dias contados, pois ocupam andares e mais andares de bibliotecas, são ecologicamente incorretos e pesam nas nossas mochilas. Os livros digitais nada pesam, são mais facilmente compartilhados, são gostosos de ler e a natureza agradece. SteveJobs e a sua Apple ditam a vanguarda tecnológica e, ao mesmo tempo, geram uma rápida e proposital obsolescência de seus produtos. O iPad 1, que até o ano passado estava na crista da onda, hoje já é velho. Dentro de anos, será item de museu. Não me restam dúvidas de que Tim Cook e seu brilhante time de engenheiros e designers já estão com o iPad 3 pronto, o iPad 4 no protótipo e o iPad 17 já idealizado. E cabe a nós, consumidores, sermos engolidos por esse tsunami de gadgets. A verdade é que eu não preciso de iPad 2, mas tenho de ter. Obrigado, Jobs! B mercado conversa Cláudio Fernandes é coordenador do curso de Administração da Unipac Uberlândia e Ph.D in Business Administration pela FCU International Florida/USA. Possui pós-graduação, MBA em Finanças e Estratégias Empresariais, Mestrado em Gestão Industrial e Biotecnologia, e Doutorado em Administração, no Programa Internacional do Mercosul em Montevideo Prezado leitor, Ser professor neste país é um desafio. Diga-se de passagem, muita coisa mudou de algumas décadas para cá na educação brasileira. Mas sempre digo que o que nos faz continuar a fazer aquilo a que nos propomos é o amor. Quando fazemos o que realmente gostamos, dificilmente abandonamos o barco. Posso dizer que a Administração é para mim uma paixão. Ela está presente em todos os momentos de nossas vidas, seja no aspecto pessoal ou profissional. Colocamos a gestão em prática quando decidimos que tarefa determinada faremos e quando a realizaremos. Também quando traçamos planos e temos ideias criativas com o objetivo de alcançarmos resultados organizacionais. A verdade, caros leitores, é que nada vai para frente sem a chamada Administração. Para que uma nação se desenvolva, precisa ser organizada e ter líderes que exerçam atividades com competência. No trabalho isso não é diferente. Independentemente do tipo ou porte da empresa, cabe ao administrador geri-la a fim de que as ações empresariais sejam inovadoras, eficientes e eficazes. E aqui estou falando de valores humanos capazes de criar produtos e serviços dos mais variados tipos e formatos possíveis. Não há dúvida de que o desenvolvimento socioeconômico de uma nação, povo ou organização passa necessariamente pela administração. (...) não importa o tempo em que vivemos, a dinâmica tende a exigir cada vez mais mobilidade, versatilidade e respostas urgentes dos profissionais para as necessidades atuais E o que dizer do perfil do administrador do século XXI? É claro que o administrador de dez anos atrás precisou se adaptar aos dias atuais e terá que se adaptar ao amanhã. No entanto, a diferença básica está na velocidade com que se processaram essas mudanças. O fato é que não importa o tempo em que vivemos, a dinâmica tende a exigir cada vez mais mobilidade, versatilidade e respostas urgentes dos profissionais para as necessidades atuais. E aqui quero destacar o fator que impede muitos de realizarem a contento alguma atividade. A má administração do tempo. As pessoas precisam aprender, e rápido, a priorizar aquilo que é mais importante. Se hoje o administrador atual é criativo, mutável, dinâmico e interconectado a todo momento, buscando soluções para as necessidades atuais através de troca constante entre seus pares e de sua rede de contatos, imagine daqui a alguns anos. Quem está nessa área, meu caro leitor, deve ter o que falta em muitos profissionais em nossos tempos: relacionamento, mobilidade, network, transparência e ética. Só vai se sobressair aquele administrador que souber usar profissionalmente seu networking. A explicação é simples: muitas respostas para os problemas atuais serão obtidas por meio dos que estão em sua rede de contatos profissionais. “(...) o bom administrador precisa ser criativo, bemhumorado e dinâmico, mas também ético, transparente e capaz de realizar o que o concorrente não consegue” Outra dica é saber lidar com as pressões do dia a dia. Afinal, essa é a rotina de um administrador. Alcançar resultados cada vez melhores, ser dinâmico ou realizar diversas tarefas ao mesmo tempo são desafios que determinarão o sucesso desse profissional. Geralmente, fatores como ambiente mutável e restritivo em termos de recursos estão no caminho. Digo que o bom administrador precisa ser criativo, bem-humorado e dinâmico, mas também ético, transparente e capaz de realizar o que o concorrente não consegue. O sucesso de uma empresa depende de um conjunto de fatores, mas só será possível por meio da gestão, com a participação de talentos humanos capazes de fornecer respostas difíceis a curto prazo, tendo como princípio a experiência, mas sobretudo a relatividade entre a teoria e a prática. B mercado entrevista O “Pelé” das flores Reconhecido mundialmente, florista uberlandense Leo Bione conquista as Américas e agora almeja voar mais alto Por Janaína Depiné (Lead) Q uando o assunto é flores, Leo Bione é o nome mais conhecido no Brasil. Afinal, ele é um dos grandes talentos da nova geração da arte floral brasileira. Morador de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, ele vem ganhando notoriedade também fora do país. Bione é membro da Academia Brasileira de Artistas Florais. Ele começou a carreira em 2000, e desde então vem acumulando prêmios, como o de campeão da Copa Sudeste de Arte Floral (2006), da Copa Brasileira de Arte Floral (2007) e, mais recentemente, campeão das Américas de Arte Floral - título conquistado sob criteriosa avaliação de uma equipe internacional de juízes e com o voto popular, o “People’s Choise Award”, promovido pela empresa Holandesa Dutch Creations. Essa empresa é também a responsável pela mesma premiação na Copa do Mundo de Arte Floral, ocorrida no ano passado em Xangai, China. Com atuação nacional no mercado de decoração de festas e eventos, Bione fez estágio na Flórida (EUA) com a renomada florista americana Deborah De La Flor, de quem foi assistente no maior congresso de floristas do mundo, promovido pelo “American Institute Of Floral Designers”, em Seatle. Numa entrevista exclusiva para a Revista Mercado, o artista conta como chegou lá e ensina o “caminho das flores”. flores tanto para eventos quanto para uso próprio na decoração de casas, escritórios ou para presentes. Acho que, em função dessa “juventude” do mercado de profissionais floristas, encontramos por todo o país muitas situações em que amadores se aventuram e oferecem, sem qualquer tipo de técnica, serviços e materiais de baixa qualidade. Ainda assim, a demanda pelo serviço está cada vez mais elevada. E há espaço garantido para profissionais que se preocupam constantemente em oferecer um serviço exclusivo na elaboração de arranjos florais. Revista MERCADO - Como começou sua carreira de florista? Leo Bione - Comecei na floricultura da família há 15 anos. Logo foi despertada minha paixão pelas flores, pela criação de arranjos florais e o gosto pela decoração de ambientes. Durante esse tempo, participei de inúmeros cursos de arte floral, eventos e feiras do setor, tanto no Brasil como no exterior. Isso contribuiu para que eu pudesse adquirir conhecimento técnico e desenvolvesse ainda mais o talento para a criação de arranjos florais. Hoje me dedico principalmente a composições florais para festas e à decoração de espaços com criação do layout completo da ambientação, envolvendo não somente as flores, mas também móveis, lustres, cenografia, toalhas de mesa e muitos outros detalhes. Quais talentos um florista precisa ter? Principalmente a paixão pelas flores! Para ser um bom florista é importante ter apreço pela arte, pela criação e inovação, buscando sempre novas formas de composição, seja inspirado pela natureza, pela moda, pela cultura, por peças de design ou através da experimentação. Como é o mercado de floristas hoje? Há muita concorrência? Há sempre espaço para quem oferece um serviço diferenciado. A demanda está cada vez mais elevada, acho que tendo em vista o aquecimento econômico do país e a ascensão das classes sociais. O mercado de floristas brasileiro é bastante jovem, assim como o consumo de 16 | Revista MERCADO | Setembro 2011 Bione e a renomada florista americana, Deborah De La Flor Quando você entrou nos concursos? Entrei na Copa Brasileira de arranjos florais há cinco anos. Foi quando conquistei o primeiro lugar. Nessa Copa participei da etapa sudeste, ficando também com o pri-A Revista MERCADO | Setembro 2011 | 17 mercado entrevista meiro lugar competindo com floristas de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Fiquei sabendo da competição e, como sempre gostei de desafios, resolvi me inscrever. Recebi apoio de vários amigos e principalmente da minha família, que até hoje é a base da minha carreira. mento em nível local e nacional, a Copa permitiu que se abrissem diversas portas no exterior para apresentações de arte floral e participações em eventos de peso em países como Alemanha, Bélgica e México. Ainda há muitos frutos a colher! Qual a visão do mercado internacional sobre os profissionais brasileiros? Hoje o Brasil adquiriu bastante respeito no mercado internacional de arte floral. Recebemos constantemente floristas de diversos países em eventos de arte floral por todo o país. Além disso, o nosso país tem exportado bastante conhecimento e experiência, já que são muitos os brasileiros que têm se apresentado em países da Europa, em diversos da América latina e também nos EUA. Ainda assim, há muito a se caminhar. O importante é que estamos construindo uma reconhecida identidade floral própria brasileira. Qual foi o prêmio? Um cheque de U$ 2.000 (apesar de que, na preparação para a Copa, meu investimento foi bem superior a isso) pelo título de campeão das Américas, conquistado pela avaliação da comissão internacional de juízes. Já pela votação do voto popular “People Choise Award”, o prêmio foi uma viagem para a Europa para a realização de uma apresentação da arte floral brasileira. Em que conquistar a Copa América mudou a sua carreira? Em muita coisa. Para o Brasil foi importante, porque serviu para projetá-lo no cenário mundial, já que mais de 100 países participaram na votação pela Internet. Pessoalmente, a projeção foi enorme. Além do reconheci- Quais seus planos para o futuro? São muitos! Em se tratando de competições de arte floral, o plano maior é a participação na Copa Mundial de arte floral daqui a três anos. Será a primeira vez em que o Brasil irá participar de um evento como esse. Quais dicas daria para quem quer começar na área? Tem que amar a profissão, amar as flores e não se incomodar com os “espinhos”. Mantenha a energia em alta para criar e encantar. B “Tem que amar a profissão, amar as flores e não se incomodar com os ‘espinhos” 18 | Revista MERCADO | Setembro 2011 mercado franchising & negócios *Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, consultor de varejo e franquias [email protected] www.guiadofranchising.com.br/mds Ações competitivas no franchising “Trabalhamos com o propósito de tonar nossos produtos obsoletos, antes que nossos concorrentes o façam.” Bill Gates Por Carlos Ruben Pinto* T odo franqueador sabe que é preciso - hoje, mais que nunca - tornar a sua rede de franquias mais competitiva como forma objetiva de produzir o crescimento. Para isso, terá que coordenar várias frentes, principalmente o mercado, os produtos e os serviços, seus recursos humanos internos ou estrutura, as unidades franqueadas em operação e seus fornecedores. Como estamos falando de competição, é recomendável agilidade na prestação de serviços. É importante desenvolver e intensificar campanhas de marketing, criar promoções nos pontos de vendas, manter os clientes já conquistados, buscar novos nichos de mercado ou identificar mercados subexplorados. nho, é necessário manter a atenção centrada na qualidade dos produtos e do atendimento e estar atento ao nível de satisfação dos clientes, com o objetivo de cativá-los sempre mais. A chave está em prestar sempre melhores serviços ao mercado, com um maior número de valores agregados. Quanto aos recursos humanos internos da franquia, deve-se ter um quadro de apoio bem equilibrado, incluindo bons supervisores de campo, responsáveis por construir e sustentar os relacionamentos da rede. É muito importante também o processo de escolha dos franqueados, é preciso levar em consideração, além do perfil adequado, a reputação, o relacionamento, a credibilidade e o respeito, pontos fundamentais em uma relação de confiança. ocupar com a lucratividade de cada unidade, mantendo o profissionalismo e a maturidade nas relações; sem isso, os riscos serão sempre maiores. É essencial trabalhar bem o relacionamento com os fornecedores, principalmente para administrar as compras, processos de entregas, faturamento e, principalmente, a redução das necessidades de capital de giro. Cabe investir nas negociações levando em conta qualidade, preços e prazos. Conforme o segmento do negócio e com o objetivo de reduzir custos sem perder a qualidade, deve-se identificar novos fornecedores ou mesmo considerar substituições de máquinas, equipamentos e/ou insumos por outros de melhor padrão de qualidade. É fundamental saber ouvir e interpretar as informações que os fran- É fundamental saber ouvir e interpretar as informações que os franqueados e seus clientes (o mercado) fornecem à rede e transformá-las em ações competitivas Quanto à linha de produtos e serviços, cabe refletir: deve-se reformular, aperfeiçoando o que já é oferecido, ou lançar novos produtos e serviços? Pode-se também pensar na utilização de novas tecnologias e recursos para aumentar a oferta. Como há fortes concorrências nos preços, é importante verificar sempre a necessidade de algum ajuste para ser mais competitivo. Seja qual for o cami20 | Revista MERCADO | Setembro 2011 É bom promover visitas mais frequentes às unidades franqueadas que estão em operação, fazendo um acompanhamento constante. Os manuais da franquia devem ser atualizados sempre que necessário. É importante, ainda, oferecer maior diversidade de treinamentos à rede, buscando seu aprimoramento, criar e manter fortes canais de comunicação com os franqueados, além de se pre- queados e seus clientes (o mercado) fornecem à rede e transformá-las em ações competitivas. O compromisso de uma franquia é com o valor da marca, com os clientes, com a sua consolidação no mercado e, principalmente, com a realização dos projetos de vida dos franqueados, que devem ser bem preparados para trabalhar em parceria, construindo e consolidando uma marca forte. B mercado investimentos & etc. G Cheque especial e cartão de crédito? Perigo à vista! Por João Rodrigues Neto astar é prazeroso! Certamente, 95 em cada 100 pessoas fazem essa afirmação. Sentem prazer em comprar um bem, algo de que estão precisando e/ou desejam muito. Para satisfazer esses anseios, alguns não pensam duas vezes antes de utilizar o limite “amigo” do cheque especial, correndo também para o cartão de crédito. O cheque especial, em palavras simples, é um contrato feito entre um banco e um consumidor, para que este tenha disponível um crédito existente vinculado à conta corrente bancária e que, quando utilizado, no ato da devolução, acarreta o acréscimo de juros e outros encargos. Para que cada um possa visualizar o seu cheque especial, basta olhar no extrato bancário a diferença existente entre o saldo em conta e o crédito disponibilizado pelo banco do qual é correntista. Já o cartão de crédito é um meio que possibilita pagamento à vista ou parcelado de produtos e serviços. Claro que o consumidor deve obedecer a limites predeterminados, validade do cartão etc. Operacionalmente, o adiantamento que a financeira faz deve ser com recursos emprestados de alguma instituição financeira, pois, por regra do Banco Central do Brasil, as administradoras de cartão de crédito não podem emprestar dinheiro. Não se pode desprezar o fato de que o cartão de crédito é bom quando usado conscientemente para parcelar uma compra que não pode ser feita à vista pelo agente. Porém, não se pode cair de maneira alguma na armadilha do “pagamento mínimo”, pois este faz com que você pague somente o montante de juros e encargos, mas a dívida continua a mesma, sem diminuir nem mesmo um centavo. As duas formas acima citadas são as formas de empréstimo que cobram as taxas de juros mais altas do mercado. Por exemplo, o rendimento anual da poupança está em média 6,5%, ou seja, para cada R$ 100 investidos, no final de um ano, o investidor terá R$ 106,50. Ao invés de investir esse montante, que se tornará uma dívida no cheque especial no início do ano, o agente possui uma dívida de R$ 100 que, no final do ano, será de R$ 288. (veja o gráfico) A força que o investimento ou a dívida possui é dada pela taxa de juros que cada um conta. O certo a fazer é procurar organizar as finanças pessoais e fazer um bom curso sobre o assunto, pois temos que utilizar os juros a nosso favor, e não contra nós. B Comparativo Poupança x Cheque especial R$ 288,00 Valor inicial R$ 100,00 Poupança 22 | Revista MERCADO | Setembro 2011 Valor após 1 ano R$ 106,50 R$ 100,00 Cheque especial Revista MERCADO | Setembro 2011 | 23 mercado especial Foto: Lucas Tiago Rodrigues Lançamento da Feniub 2011 reuniu empresários e autoridades no auditório da Aciub, instituição realizadora do evento Feira evidencia Uberlândia como capital da logística Aciub realiza a Feniub 2011, que neste ano terá como tema central a logística; expectativa é que o evento renda 30% de negócios a mais que no ano passado Por Lucas Barbosa / Evaldo Pighini A posição geográfica de Uberlândia no território brasileiro a consolida como capital nacional da logística. Entre muitos argumentos que justificam esse título, a cidade está localizada no centro de uma região que concentra cerca de 80 milhões de consumidores, que representam 58% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Além disso, é eixo de ligação direta entre cinco dos maiores polos econômicos do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia e Brasília. Por causa disso, a logística foi es- 24 | Revista MERCADO | Setembro 2011 colhida para ser o tema da Feniub 2011, feira de negócios realizada pela Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub) há mais de 40 anos. Segundo definição do Council of Supply Chain Management Professionals: “Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes”. Há de se considerar ainda que, ao longo do tempo, a logística vem evoluindo, passando de ações isoladas a ações sinérgicas, ou seja, à logística integrada e, atualmente, a supply chain management (ao gerenciamento da cadeia de suprimentos). Nesse contexto, Uberlândia é referência no país, destacando-se ainda como o mais importante centro de distribuição de mercadorias, por isso o rótulo de capital nacional da logística e também a acertada escolha da Aciub ao definir o tema da Feniub 2011. Localização privilegiada, entroncamento de importantes rodovias - BRs 050, 365 e 452, por exemplo e a presença dos maiores atacadistas do país e de um entreposto da Zona Franca de Manaus, entre outros diferenciais, conferem a Uberlândia o título de capital nacional da logística Justificativas são muitas Segundo dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, a cidade possui atualmente 1.189 comércios atacadistas. Nessa lista estão inclusos os cinco maiores atacadistas do país: Martins, Arcom, Peixoto, União e Aliança. Juntas, essas empresas mantêm uma frota de cerca de três mil caminhões e carretas, geram mais de 10 mil empregos diretos e indiretos e abastecem mais de 700 mil clientes espalhados por todo o Brasil. Somente esse setor rende ao município mais de R$ 1,5 milhão por mês em impostos. Mas esse não é o único fator que torna Uberlândia uma referência em logística. A cidade abriga desde março de 2010 o Entreposto da Zona Franca de Manaus, estrutura que funciona como armazém para recebimento e estocagem de produtos industrializados na Zona Franca de Manaus e que depois são distribuídos para os principais centros comerciais e industriais do Brasil. A Revista MERCADO | Setembro 2011 | 25 mercado especial Foto: Daniel Nunes tes e trincheiras, dentre outras obras. Essas melhorias, associadas à localização estratégica e a uma boa infraestrutura, têm atraído constantemente novos investimentos para o município, como o Shopping Uberlândia, investimento de mais de R$ 100 milhões que será entregue no próximo ano, e o hipermercado da rede Walmart, que deve ficar pronto até o fim deste ano. Todas essas obras em andamento geram novos empregos e, consequentemente, aquecem a economia local. Prova disso é que o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma do que foi produzido na cidade, dobrou nos últimos dez anos. O PIB per capita - que é O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Paulo Sérgio Ferreira, ressalta que Uberlândia possui uma localização estratégica privilegiada, com malha viária composta por cinco rodovias que conectam a cidade com os principais centros do país a renda anual por pessoa - é de R$ 23 mil, o 4º maior do estado, o 7º do interior do Brasil e o 27º entre todas as cidades brasileiras. Uma das razões para esse crescimento é justamente a chegada de novas empresas. Somente neste ano já foram criadas na cidade mais de 1,3 mil empresas, segundo levantamento feito pela Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg). “Uberlândia possui uma localização estratégica privilegiada, com malha viária composta por cinco rodovias que conectam a cidade com os principais centros do país. Além disso, é sede do maior centro atacadista-distribuidor da América Latina, é responsável pela distribuição de diversos produtos para todas as regiões do Brasil, além de ser a primeira cidade mineira a abrigar um entreposto da Zona Franca de Manaus. Por tudo isso, naturalmente, Uberlândia tornou-se polo de excelência no setor de logística, o que é extremamente importante para a economia e o desenvolvimento da cidade e da região”, disse o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Paulo Sérgio Ferreira. Durante muitos anos, a Feira foi realizada no Pavilhão Industrial da entidade, inaugurado no início da década dos anos 1960, e recebeu empresários como o falecido Roberto Marinho, dono da Rede Globo, além de figuras políticas de todas as esferas em nível municipal, estadual e federal. No espaço cultural anexo ao pavilhão, eram realizados diversos shows que recebiam milhares de pessoas. contrapartida, o evento ganhou no retorno que proporciona ao mercado e às empresas participantes. Este ano, a Feniub abordará o tema logística. A feira será realizada este entre os dias 4 e 7 de outubro, no Castelli Master. De acordo com o presidente da Aciub, Rogério Nery de Siqueira Silva, a Feniub Logística 2011 deve possibilitar um volume de negócios até 30% maior em relação à edição do ano passado, isso A Feniub Logística 2011 deve possibilitar um volume de negócios até 30% maior em relação à edição do ano passado, isso em função do tema escolhido, diz o presidente da Aciub, Rogério Nery de Siqueira Silva Plataforma de Valor do Brasil Central E, para consolidar de vez a cidade como a capital nacional da logística, tema da Feniub deste ano, a prefeitura, juntamente com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub) e a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Empresarial (Fade), realiza o Projeto Plataforma de Valor do Brasil Central. Através desse programa, estão sendo desenvolvidas diversas ações para fomentar melhorias na infraestrutura e em tudo o que diz respeito a transporte e distribuição de mercadorias no município. Uma das ações da Plataforma de Valor do Brasil Central é a reivindicação do terminal aéreo de cargas, cuja construção deve começar em 2013. O processo de licitação para a escolha da empresa responsável pela construção do complexo será aberto no início do próximo ano. Esse ter- minal terá aproximadamente quatro mil metros quadrados, será construído em uma área próxima ao atual aeroporto, na zona leste da cidade, e terá capacidade para comportar 9,5 mil toneladas de cargas até 2015. A estrutura terá condições de receber importação, exportação e carga doméstica nacional e internacional, além de cargas frigoríficas e perigosas. O investimento será de aproximadamente R$ 150 milhões. Feniub Logística 2011, o lugar certo para grandes negócios Na década de 1960, Uberlândia dava os primeiros sinais de um progresso acelerado. Foi justamente naquela época que a Aciub aprofundou relações com a população, através da 26 | Revista MERCADO | Setembro 2011 Feira Nacional da Indústria de Uberlândia, a Feniub, cuja primeira edição aconteceu em 1969, lançada no dia 17 de julho pelo engenheiro e empresário Luiz Alberto Garcia. Prestigia- ram o evento figuras ilustres, como o ministro de Estado da Casa Civil da Presidência da República, Rondon Pacheco, entre outras autoridades federais, estaduais e municipais. Foto: Arquivo Além desses fatores, a economia do segundo maior município do Estado - 604.013 habitantes - tem passado por transformações nos últimos anos. A prefeitura, em parceria com os governos estadual e federal, tem feito diversos investimentos na cidade, como a construção de casas populares, a recuperação e ampliação da malha rodoviária, a construção de viadutos, pon- Sob um novo conceito, a Feira mudou e agora virou puramente de negócios, a exemplo do que aconteceu em 2010, quando o tema central foi “Franquias e Negócios” Hoje, com perspectivas arrojadas, a Aciub, além de oferecer diversificados produtos e serviços para os seus associados, mudou o formato da Feira, agora direcionada à geração de negócios. O aproveitamento dos potenciais e a capacitação profissional por meio de palestras e rodadas de negócios substituíram os shows artísticos. Mesmo sendo aberta à população, o público da Feira ficou limitado a empresários e a outros profissionais interessados dos vários setores participantes. Se antes eram dezenas de milhares, hoje o público está mais seleto. Em em função do tema escolhido. No local, haverá uma área reservada para estandes de empresas de setores diversos que tenham interesse em divulgar seus produtos ou serviços para o público e gerar negócios na Feira. O evento terá várias novidades dentro de sua programação, a começar pelo lançamento da Movimenta - Feira Internacional de Logística, prevista para acontecer bienalmente a partir do próximo ano. Na programação deste ano, além de palestras e rodadas de negócios, outra novidade será a Arena Empresarial, um espaço planejado para empresas ofertarem seus produtos e serviços para clientes e convidados. A Feira vai reunir toda a cadeia logística, como representantes dos setores de armazenagem e de rastreamento, bancos, seguradoras, fabricantes de pneus, de baús e outros itens utilizados no transporte de mercadorias, além de concessionárias. Já confirmaram presença este ano: Prefeitura de Uberlândia, Petrobras, Braspress, Banco do Brasil, Plastflex, Torneadora Galvão, TV Integração, Baterias Moura, Palefix, Totvs, Mecalux, Total Service, Settrim, Sebrae, Amcham, Sest Senat, Fade, NTLI, Sankhya, Mil Implementos, Conex, CTR, Toutatis, Zatix, Valysys, MM Logística, Travas Arad, Faculdade do Trabalho, Grupo Cielo, Ophos, Eurominas, Conel Construtora, Compucenter, Unimed, Scânia, Grupo Saga, Vale Card, além de outras empresas. A Revista MERCADO | Setembro 2011 | 27 mercado especial O gerente da Escandinávia Veículos, Alessandro Fagundes Pereira: “A Feniub Logística, com certeza, proporcionará uma maior interação entre os transportadores e demais empresários do setor de logística de Uberlândia e região” Os expositores apostam na Feira como um centro de geração de negócios que represente, consequentemente, um incremento nas vendas. Para as empresas do setor de logística de Uberlândia, essa é uma oportunidade de acesso a novidades em serviços e tecnologia bem como um caminho para estabelecer contato com possíveis fornecedores e potenciais clientes. A avaliação é do gerente da Escandinávia Veículos (representante da marca Scânia), Alessandro Fagundes Pereira: “Esta será uma grande oportunidade para estreitarmos relacionamentos e gerar negócios. A Feniub Logística, com certeza, proporcionará uma maior interação entre os transportadores e demais empresários do setor de logística de Uberlândia e região. Este será um momento para conhecermos novidades e adquirirmos conhecimento, além, é claro, de ser um momento para apresentar o potencial de Uberlândia com relação ao setor de transportes e logística.” 28 | Revista MERCADO | Setembro 2011 A expectativa da comissão organizadora do evento é que mais de três mil pessoas/dia passem pela Feira, o que também deve proporcionar a movimentação de um grande volume de transações comerciais. Para o analista de negócios do Sebrae Uberlândia, Fabiano Alves, a Feira é uma grande oportunidade para o setor de transportes. “A Feinub será uma grande oportunidade, pois colocará o segmento logístico em destaque para o restante do país, reforçando ainda mais o potencial e a vocação de Uberlândia, além de propor a troca de informações, conhecimento e experiências e gerar negócios”, disse. Segundo Fabiano Alves, o Sebrae Uberlândia tem uma grande expectativa com relação à Feniub 2011. “Esta é uma das melhores e maiores feiras nacionais e que traz este ano a logística como tema principal, proporcionando a troca de experiências, conhecimento e informações, o acesso a novos fornecedores, par- ceiros e clientes, além da ampliação da rede de contatos e de oportunidades”, afirmou. Ainda de acordo com o analista de negócios, o Sebrae acredita que a Feira é uma ferramenta para alavancar negócios. “Este evento cria um ambiente propício para a geração de negócios com stands, rodadas de negócio proporcionando benchmark e ampliação do network, além do acesso a novas informações, conhecimento e tecnologia. Por isso, eu recomendo que as empresas do segmento logístico em geral participem da Feniub, pois os participantes terão grandes oportunidades de adquirirem conhecimento, trocarem experiências, ampliarem sua rede de relacionamentos e fazerem bons negócios”, disse. Os empresários interessados em participar da Feniub 2011 devem entrar em contato com a empresa Viva Marketing através do telefone (34) 3222-6992 ou pelo e-mail: [email protected] B Fabiano Alves, analista de negócios do Sebrae Uberlândia: “Este evento cria um ambiente propício para a geração de negócios com stands, rodadas de negócio proporcionando benchmark e ampliação do network mercado economia tes, é exatamente o que está ocorrendo. Temos que aplaudir essa iniciativa com o estímulo à nossa secretária de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck, para que as empresas brasileiras aqui se firmem. Tenho certeza de que teremos doravante somente boas notícias, sempre auspiciosas”, afirmou. “Quando o projeto entrar em operação, substituirá a enorme quantidade de produtos importados, de fertilizantes subordinada à comercialização brasileira Foto: Wellington Pedro/Imprensa MG ” O presidente da Vale, Murilo Ferreira, e o governador Anastasia durante a assinatura do protocolo de intenções no Palácio da Liberdade Vale investirá R$ 3,8 bilhões no Triângulo Mineiro O governador Antonio Anastasia e a Vale Fertilizantes assinam protocolo para investimentos de R$ 3,8 bilhões nos municípios de Uberaba e Patrocínio; projetos vão gerar 1,5 mil empregos diretos e 4,7 mil indiretos Por Evaldo Pighini com Agência Estado O governador Antonio Anastasia e o presidente da Vale, Murilo Ferreira, assinaram, neste mês, protocolo de intenções que trata de novos investimentos da Vale Fertilizantes no Estado. Os projetos somam R$ 3,8 bilhões, sendo que R$ 3,6 bilhões se30 | Revista MERCADO | Setembro 2011 rão destinados à construção de um complexo de mineração no Distrito de Salitre, em Patrocínio (Alto Paranaíba), onde a empresa detém o direito de exploração de uma jazida de fosfato. O insumo é fundamental para a produção de fertilizantes. Esse projeto vai gerar 1,5 mil empregos diretos e 4,5 mil empregos indiretos. Anastasia destacou a importância do projeto para Minas Gerais, uma vez que vai permitir a diminuição das importações, agregando valor aos produtos mineiros no próprio Estado. “Esse investimento é fundamental para a fronteira agrícola da região do Triângulo e do Noroeste do Estado. Dizem que o mundo, no futuro, Em Patrocínio, a Vale irá direcionar a maior parte do valor a ser investido, R$ 3,6 bilhões, na construção de um complexo de mineração, que em funcionamento irá gerar 1,5 mil empregos diretos ainda demandará energia, carvão e gás, mas o fundamental será água e comida. E, felizmente, nós temos em abundância recursos hídricos e ao mesmo tempo uma capacidade protéica extremamente relevante, que permitirão Minas Gerais e o Brasil como um todo servam como celeiro. O Brasil ocupará ainda com mais destaque as questões de proteínas nos próximos anos”, destacou. Durante a solenidade, o governador e o presidente da Vale também assinaram aditivo ao protocolo de intenções da Vale Fertilizantes em Uberaba, que vai representar o acréscimo de R$ 190,8 milhões aos investimentos previstos anteriormente, totalizando R$ 462 milhões. O protocolo foi assinado em 2008, quando a Vale adquiriu a Fosfértil, que passou a ser chamada Vale Fertilizantes. A expansão da Vale em Uberaba propiciará a criação de 92 empregos diretos e 280 indiretos. O projeto de Uberaba prevê a ampliação das plantas de ácido fosfórico, ácido sulfúrico e produtos fosfatados de alta concentração. O investimento permitirá, ainda, aumentar em 5,3 MW a autogeração de energia elétrica no complexo industrial, significando a autossuficiência do investimento. “Quero parabenizar a Vale por essa iniciativa tão louvável em aprimorar a nossa matéria-prima in natura e fazer aquilo que é a nossa obsessão e que já disse tantas vezes num mantra repetitivo: Minas Gerais precisa agregar valor a seus produtos. No caso da Fertilizan- O presidente da Vale, Murilo Ferreira, destacou a importância dos projetos para a produção de alimentos. “Quando o projeto entrar em operação, substituirá a enorme quantidade de produtos importados, de fertilizantes subordinada à comercialização brasileira. Isso vai reduzir substancialmente a dependência de produtos importados do setor de fertilizantes. Isso, especialmente nesse momento de incerteza em todo o mundo, significa mais empregos para toda a cadeia da agricultura brasileira, tão eficiente, notavelmente eficiente. Significa mais alimentos, traz dignidade à pessoa humana e mais desenvolvimento para nossa querida Minas Gerais e para o Brasil”, disse. Investimentos Em março de 2010, a Vale assinou protocolo de intenções com o Governo do Estado para investimentos de R$ 9,4 bilhões em Minas Gerais, com a criação de 2.210 empregos diretos. Este ano, a empresa reviu o montante de investimento previsto, ampliando-o em R$ 17,6 bilhões. A Vale pretende investir R$ 27 bilhões em 13 projetos a serem executados até 2017. Desse total, R$ 500 milhões já foram executados. Com isso, serão gerados 3.105 empregos diretos até 2015. B Revista MERCADO | Setembro 2011 | 31 mercado capa Uberlândia está no mapa dos eventos de negócios As viagens de negócios geram milhões de empregos e renda em vários países e também no Brasil; e a principal cidade do Triângulo Mineiro e segunda de Minas Gerais se constitui em um dos principais destinos para a realização de eventos dos mais diversos segmentos Por Margareth Castro 32 | Revista MERCADO | Setembro 2011 Eventos de negócios: Uberlândia recebeu, só no primeiro semestre deste ano, perto de 80 mil turistas, a grande maioria participantes de congressos e feiras, entre outros eventos, com foco em negócios Tavares explica que para os eventos serem considerados internacionais é preciso que haja participação de congressistas e palestrantes de outros países. Dois eventos se destacaram no primeiro semestre em termos de público. O primeiro foi o Colóquio da Sociedade Latino-Americana de Economia Política e Pensamento Crítico, que aconteceu em junho, e o segundo foi o Grand Prix Caixa de Atletismo, realizado em maio. Para os próximos anos, já estão agendados o Congresso Ibero-Americano de Mulheres, em 2012, e a Con- ferência Mundial de Pesca Recreativa, em 2014. Em novembro deste ano acontecem os Jogos Pan-Americanos de Surdos, que terão atividades na Vila Olímpica do Sesi e nas estruturas da Prefeitura, como Sabiazinho e Uberlândia Tênis Clube (UTC). Outro evento de destaque no primeiro semestre foi o 33º Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, que foi realizado em agosto e reuniu quase três mil participantes na cidade. “Neste ano, 40% das participações em eventos são de fora, de outras cidades, regiões e estados”, disse Tavares. Expectativas: número de eventos deverá superar 2010 Foto: Divulgação Vista área de um dos grandes catalisadores de eventos de negócios para Uberlândia, o complexo do Center Convention: detalhes do terraço, um espaço para realização de feiras ao ar livre; do salão coberto, que tem capacidade para receber até 4 mil pessoas; e das torres dos dois hotéis, uma - o Plaza Shopping - já em funcionamento e a outra em construção. Abaixo, e ao lado de toda essa estrutura, funciona o Center Shopping, um dos maiores e mais modernos do interior do país A s viagens de negócios são responsáveis por um terço do crescimento do comércio mundial, segundo pesquisa recente realizada pelo World Travel & Tourism Council (WTTC) - fórum global para líderes de negócios na indústria de viagens e turismo. A movimentação com viagens de negócios gerou milhões de empregos, principalmente nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, China e Brasil. De acordo com o executivo de Captação de Eventos do Uberlândia Convention & Visitors Bureau (UC&VB), Basileu Tavares, como destino de negócios, o Brasil vem se destacando devido ao seu desenvolvimento industrial, sendo que Uberlândia, a maior cidade do Triângulo Mineiro e a segunda do estado de Minas Gerais, tem se tornado uma das principais referências nacionais quando o assunto é o turismo de negócios e eventos. Segundo Basileu, na cidade, todos os anos são realizados centenas de eventos. “Uberlândia não é conhecida pelo turismo de lazer, mas, sim, pelo seu desenvolvimento econômico. Essa vantagem é utilizada por nós para a captação de alguns eventos”, disse Tavares. No primeiro semestre deste ano, Uberlândia recebeu mais de 76 mil turistas. Só em pernoites foram gerados quase R$ 4 milhões, contra R$ 3 milhões no mesmo período do ano passado. De janeiro a junho foram realizados 101 eventos, sendo dois estaduais, três internacionais, 51 locais, 17 nacionais e 28 regionais. Em seis meses, o número já era só 13,6% menor que todo o ano de 2010, quando aconteceram 117 eventos. Basileu Tavares, executivo do UC&VB, diz que a expectativa para este ano é que os números de eventos de negócios sejam superiores aos do ano passado, quando foram realizados 213 eventos. Para este ano, 205 eventos já estão confirmados, mas espera-se chegar a 300, mesmo índice alcançado em 2008. “Em 2008 tivemos grandes eventos na cidade, o que não ocorreu em 2009 devido aos casos de gripe suína. O ano passado foi um período de reestruturação e, para este ano, acreditamos em melhores negócios”, avaliou. Para conseguir atingir a meta, o UC&VB conta com o apoio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo e também de outros agentes, que ajudam a prospectar novos eventos, divulgando Uberlândia no cenário nacional por meio de investimentos em infraestrutura, logística e economia. A Revista MERCADO | Setembro 2011 | 33 mercado Foto: Divulgação capa Segundo o executivo de captação de eventos do Uberlândia Convention & Visitors Bureau (UC&VB), Basileu Tavares, uma das características que fazem Uberlândia ser conhecida no setor de turismo de negócios é a sua localização, que facilita o acesso dos visitantes, aliada a uma estrutura pronta para sediar eventos “Uberlândia é conhecida no setor de turismo de negócios por ter um acesso facilitado”, ressaltou Tavares, completando que o aeroporto local tem voos para várias cidades e os espaços para eventos têm excelentes estruturas. Ainda de acordo com ele, a hotelaria é boa, com preços atrativos, e os fornecedores e prestadores de serviços oferecem serviços de qualidade, com reconhecimento nacional. Segundo Tavares, na fase de captação de um evento é feita uma visita de inspeção e, depois de se fechar negócio, uma comitiva vem para avaliar a infraestrutura da cidade. “Já chegamos a ganhar um evento depois de tê-lo perdido. A comitiva avaliou durante uma visita à cidade escolhida que ela não tinha infraestrutura e logística adequadas para comportar o evento e decidiu realizá-lo em Uberlândia”, contou. 34 | Revista MERCADO | Setembro 2011 Economia De acordo com Tavares, o turismo de negócios ajuda a movimentar a economia da cidade, atuando diretamente em setores como transporte, alimentação, hotelaria e serviços, e também indiretamente, como nos setores de saúde. “Percebe-se que hoje o congressista ou empresário que participa de um evento não fica mais só no hotel, mas circula pela cidade, vai ao supermercado, farmácia”, disse. A prova de que o turismo de negócios e eventos interfere na economia de uma cidade é a pesquisa da World Travel & Tourism Council (WTTC), que apontou que se as viagens de negócios fossem reduzidas em 25% por dois anos consecutivos, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial seria 5% menor. Isso significaria 30 milhões a menos de empregos do que o previsto, uma perda média de 1% do emprego global num período de cinco anos. Referências locais CDL dispõe de espaço com cerca de 500 lugares A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uberlândia é uma das mantenedoras do Uberlândia Convention & Visitors Bureau (UC&VB) e ajuda a divulgar a cidade no cenário nacional para prospectar eventos. Para o presidente da entidade, Celso Vilela, o turismo de negócios em Uberlândia é uma realidade, embora a cidade esteja caminhando para o amadurecimento no setor. “Divulgamos as potencialidades de Uberlândia nas feiras e eventos de que participamos fora também para prospectar negócios para as nossas instalações”, disse. A CDL Uberlândia inaugurou em 2007, durante as comemorações dos 30 anos da entidade, o CDL Convenções & Eventos, um espaço com capacidade para 450 lugares no modelo anfiteatro e até mil em sistema foyer. Além disso, o espaço oferece uma sala de apoio com até 70 lugares. Celso Vilela, presidente da CDL: “Divulgamos as potencialidades de Uberlândia nas feiras e eventos de que participamos fora também para prospectar negócios para as nossas instalações” De acordo com Celso Vilela, a UC&VB e os demais agentes fazem um bom trabalho para captar eventos para Uberlândia, mas ainda falta empenho. Segundo ele, a cidade está cotada para ser subsede da Copa de 2014, mas não houve um movimento intenso no sentido de mostrar que o município está pronto. “A cidade tem estrutura para receber eventos. Estive em Orlando em uma visita de negócios, cidade cujo palco é a Disney, e pude perceber que através do Convention é possível captar grandes eventos, pois ele agrega todos os representantes”, disse Celso Vilela. A Agenda CDL Convenções & Eventos Outubro Encontro de Vendas e Coquetel Bradesco Sétimo Festival de Cordas (Nathan Schwartzman) Curso de Memorização Novembro II Congresso Internacional de Odontologia (UFU) Conferência de Jovens e Líderes Semana Global do Empreendedorismo Premiação Tupperware Obs: Há mais eventos em negociação mercado capa Carro chefe Center Convention destaca Uberlândia na rota dos grandes eventos O Center Convention Uberlândia, inaugurado em 31 de outubro de 2000, dispõe de uma estrutura considerada das mais modernas do país, por onde já passaram eventos do Brasil e do exterior, o que contribuiu para que a cidade fosse classificada pela Embratur como destino para eventos. O diretor do complexo Center Shopping, Eli Schettini, diz que o turismo de negócios e eventos em Uberlândia registrou crescimento ao longo dos últimos três anos, mas que a expectativa é que em 2011 haja um incremento de 20% em comparação com o ano passado. A previsão é baseada na confiança do grupo neste mercado. “Estamos colhendo resultados importantes”, ressaltou. Prova disso é que o complexo está com um investimento de aproximadamente R$ 80 milhões para a construção de mais duas torres, sendo uma hoteleira e a outra executiva. “Estamos em um processo de expansão desde outubro do ano passado, quando inauguramos a ampliação do Center Shopping e entregamos uma área de 12 mil metros quadrados para eventos de grande porte”, explicou Schettini. A área mensurada pelo diretor inclui um espaço aberto e elevado, complementado por um belo paisagismo, onde o organizador do evento poderá montar quase todos os tipos de estruturas e expor máquinas e equipamentos de maior porte. Com a inauguração da torre hoteleira, prevista para o segundo semestre de 2012, a capacidade irá duplicar, passando de 150 apartamentos para 300. Já a torre executiva terá em torno de 13 mil metros quadrados e oferecerá locação de salas O diretor do complexo Center Shopping, Eli Schettini, diz que estão sendo investidos R$ 80 milhões na construção de mais duas torres para melhorar e aumentar a capacidade da estrutura do complexo - na foto, ele aparece na área externa e elevada do complexo, que serve de apoio para eventos que demandam a exposição de máquinas e equipamentos. Ao fundo, aparece o Plaza Shopping Hotel e uma das torres em construção 36 | Revista MERCADO | Setembro 2011 para entidades corporativas e escritórios de grandes empresas. Agenda Center Convention Outubro Fórum Internacional de Pecuaristas Encontro Anual de Etologia Feira da Saúde e Atividade Física do Triângulo Festival de Cordas Nathan Schawartzman Novembro Convenção Unicred Encontro de Negócios do Brasil Central Fórum de Moda com Ideias Estrutura O Center Convention ocupa uma área total de aproximadamente 16 mil metros quadrados e tem capacidade de reunir até quatro mil pessoas em um único evento ou até oito mil em eventos simultâneos com a formação de diversos ambientes. A versatilidade é possível graças ao sistema de espaços moduláveis, com divisórias acústicas que podem ser removidas em poucos minutos, permitindo montagens diferentes de acordo com cada evento. O empreendimento conta ainda com um moderno sistema de isolamento acústico e térmico. Além disso, o Center Convention tem uma avançada estrutura de apoio, com uma cozinha industrial de 500 metros quadrados de área construída e capacidade de preparar até quatro mil refeições simultâneas. E há ainda o heliporto. Reconhecimento - A realização de tantos eventos aliada ao recebimento de vários empresários e visitantes possivelmente foi um dos fatores que contribuíram para que o Plaza Shoppping Hotel, que serve de suporte ao complexo, fosse escolhido pelo Guia Quatro Rodas como o melhor hotel de eventos do Brasil de 2011. A premiação que reconheceu os melhores estabelecimentos do ano aconteceu no dia 26 de setembro, em São Paulo. A mercado Foto: Reprodução capa O San Diego Suítes Uberlândia, com suas 165 suítes, é uma referência para os visitantes que chegam à cidade por conta de algum evento ou negócio Hotelaria Hotéis inovam para manter ocupação média Por ser uma cidade voltada para o turismo de negócios, a rede hoteleira de Uberlândia tem inovado para manter a mesma taxa de ocupação da semana também aos sábados e domingos. 38 | Revista MERCADO | Setembro 2011 Além de promoções no preço da diária, há ainda hotéis que fazem pacotes especiais nos fins de semana. Segundo Eli Schettini, diretor do Complexo Center Shopping, os pacotes ajudam a manter a ocupação dos hotéis, mas o mais importante é manter um calendário único de eventos na cidade para que não haja problemas de estrutura. “O desafio é fazer uma agenda”, disse. Atualmente, Uberlândia tem 47 hotéis, com 4.593 leitos. De acordo com o Uberlândia Convention & Visitors Bureau (UC&VB), em 2010 foram gerados mais de 94,2 mil pernoites em função de eventos realizados na cidade, somando um valor de aproximadamente R$ 10,5 milhões. A expectativa é que os índices sejam maiores neste ano, já que a rede hoteleira tem registrado crescimento na taxa de ocupação nos fins de semana devido a eventos que se estendem ou começam no fim de semana. “Neste ano já percebemos uma mudança, um crescimento na ocupação hoteleira nos meses de janeiro e fevereiro, considerados fracos pelo setor da cidade em função dos períodos de festas e férias”, contou Basileu Tavares, executivo do UC&VB. Confira, a seguir, a relação geral de eventos programados para Uberlândia apenas para o mês de outubro, o que serve de parâmetro para confirmar que a cidade se transformou mesmo numa referência nacional em eventos e turismo de negócios. Porém, ainda existem dezenas de eventos já confirmados até o fim do ano e também para os próximos dois anos, como exemplo, o Simpósio das Unimeds de Minas Gerais (SUEMG), em 2012, e o Congresso Ibero-Americano de Mulheres Empresárias, em 2013. Números de Uberlândia originados via Convention & Visitors Bureau UC&VB Pernoites gerados por eventos no 1º semestre de 2011 = R$ 3.879.720,52 Pernoites gerados por eventos no 1º semestre de 2010 = R$ 3.096.504,00 Eventos do 1º semestre de 2011 divididos por abrangência: Estadual = 2; Internacional = 3 Local = 51; Nacional = 17; Regional = 28 Eventos realizados no 1º semestre de 2011 = 101 Eventos realizados no 1º semestre de 2010 = 117 Eventos captados em 2010 para realização entre 2010 a 2013 = 15 Eventos captados no 1º semestre de 2011, para realização entre 2011 a 2014 = 11 Calendário de Eventos | Outubro de 2011 Uberlândia Convention & Visitors Bureau UC&VB Evento Categoria Abrangência 01 Técnico-Científico Local Conferência de Estudos em Engenharia Elétrica 03 a 07 Técnico-Científico Local Workshop Construção Civil e Desenvolvimento 03 a 05 Técnico-Científico Local Feira Nacional da Indústria de Uberlândia - FENIUB 04 a 07 Empresarial Nacional Forum Internacional de Pecuaristas 05 e 06 Técnico-Científico Internacional I Fórum Internacional sobre Prática Docente Universitária 05 a 07 Técnico-Científico Nacional VII Seminário de Racismo e Educação 05 a 08 Técnico-Científico Regional Triângulo Music 07 e 08 Cultural Regional I Encontro: Escravidão e Liberdade e Perspectivas Contemporâneas 07 a 09 Técnico-Científico Local XXIX Encontro Anual de Etologia 08 a 12 Técnico-Científico Nacional Congresso Brasileiro de Comportamento Animal 08 a 12 Técnico-Científico Nacional Encontro Anual de Etologia 09 a 12 Biologia Nacional Feira da Saúde e Atividade Física do Triângulo 10 a 12 Técnico-Científico Regional Semana da Nutrição 13 a 15 Técnico-Científico Local 16 Técnico-Científico Regional Semana da Pedagogia 17 a 21 Técnico-Científico Local Semana da Geografia 17 a 21 Técnico-Científico Local II Feira Universitária do Livro 17 a 21 Comercial Regional X Semana de Ciências Sociais 18 a 22 Técnico Científico Local Semana de Iniciação Científica 18 a 27 Técnico-Científico Local 20 Técnico-Científico Nacional Esportivo Estadual Encontro do UaiJug - Grupo de Usuários Java Festival de Cordas Nathan Schwartzman ENGEP - Encontro de Gestores Públicos Jogos SESI Fase Estadual 2011 Data 20 a 22 Semana Anátomo-Clínico 21 Técnico-Científico Local Seminário de Direitos Humanos e Transição Política 24 Técnico-Científico Local 2º Workshop sobre Tecnologia de Fertilizantes 26 Técnico-Científico Regional Cultural Regional Desportivo Internacional Técnico-Científico Nacional B 23ª Festival de Dança do Triângulo "II Congresso Paraolímpico Brasileiro e I Congresso Paradesportivo Internacional" Encontro CASA - Simpósio para Educadores 27 a 02/11 27 a 29 (previsto) Revista MERCADO | Setembro 2011 | 39 mercado investimentos O governador Antonio Anastasia com o presidente da BP Brasil, Mario Lindenhayn; e, mais ao fundo, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck; o secretário de Ciência e Tecnologia, Narcio Rodrigues; e o prefeito de Tupaciguara, Alexandre Berquó; durante a reunião que oficializou a implantação da usina da British Petroleum em Tupaciguara Gerais (Indi-MG), Maurício Cecílio, a BP Brasil investiu mundialmente R$ 2 bilhões em pesquisas de sustentabilidade. “Para Tupaciguara, foi feito um estudo para a chegada ao município da empresa, que pretende minimizar o impacto social e ambiental na região”, afirmou o diretor do Indi-MG. Com a capacidade de moagem de 5 milhões de toneladas de cana por ano, a usina irá produzir, além de açúcar e etanol, também energia elétrica a partir da queima do bagaço da cana. Para o prefeito de Tupaciguara, Alexandre Berquó, esse investimento da BP Brasil deverá dobrar o orçamento do município, a partir de 2017, que hoje está em torno de R$ 35 milhões por ano. “Essa arrecadação, que virá alguns anos depois do início das atividades da usina, será muito importante para nós, aliada à geração de emprego e renda”, ratificou. BP Brasil anuncia usina de 1,1 bi em Tupaciguara A nova usina de álcool e açúcar deve gerar 2,4 mil empregos diretos e cerca de 6 mil indiretos; expectativa é de que esteja em pleno funcionamento até 2015 Da Redação A British Petroleum no Brasil (BP Brasil) anunciou a decisão de construir em Tupaciguara, no Triângulo Mineiro, uma nova usina de açúcar e álcool num investimento que vai custar R$ 1,14 bilhão. O comunicado foi feito no final de agosto, durante reunião relizada no Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, sede do governo de Minas Gerais. Estavam presentes, além do governador Antonio Augusto Anastasia; a secretária de 40 | Revista MERCADO | Setembro 2011 Estado de Desenvolvimento Econômico, Dorotéa Wernec; e de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Narcio Rodrigues; o prefeito de Tupaciguara, Alexandre Berquó; e o diretor da BP Brasil, Mario Lindenhayn. Conforme anunciado, assim que estiver em pleno funcionamento, em 2015, a usina terá capacidade para processar 5 milhões de toneladas de cana por ano e gerar aproximadamente 2,4 mil empregos diretos e cerca de 6 mil indiretos. Segundo informações, o assunto da construção dessa destilaria pela BP Brasil estava sendo “guardado a sete chaves”, mas com o fim das negociações entre a BP e o Governo de Minas, foi possível oficializar a decisão. Essa será a primeira usina sucroalcooleira construída pela British no país, que adquiriu, também, unidades do Grupo CNAA em Ituiutaba, Campina Verde e Itumbiara-GO, visando a expandir suas atividades no Triângulo Mineiro. Segundo informou o diretor do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas O prefeito de Tupaciguara, Alexandre Berquó, destaca a injeção orçamentária que se dará no caixa do município e a geração de milhares de empregos com a implantação da usina da BP Brasil na sua região Segundo Berquó, a opção da British Petroleum por Tupaciguara para sediar o que ele classifica de megausina não foi por acaso, mas fruto de meses de estudos logísticos e por causa de Tupaciguara ter se credenciado junto ao Governo de Minas como cidade estratégica em Energias Renováveis, Polo Aeroespacial e Complexo Aeronáutico. “Temos a localização privilegiada, a vontade de realizar, as condições técnicas e, acima de tudo, relacionamento político”, justificou o prefeito para então destacar a participação do secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Narcio Rodrigues, e do deputado estadual Zé Maia. “O Narcio e o Zé Maia têm feito por Tupaciguara o que ninguém fez nos quase 100 anos de nossa cidade”, observou. Anúncio em Tupaciguara No dia seguinte à reunião no Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, foi a vez de o prefeito Alexandre Berquó comunicar oficialmente a construção da usina de BP Brasil à população de sua cidade. A reunião aconteceu no auditório da Prefeitura e contou com a presença de mais de 500 pessoas, além de políticos, representantes de classe e empresários. Também se fizeram presentes o secretário Nárcio Rodrigues, o deputado Zé Maia e o diretor do Indi-MG, Mauricio Cecílio. Mais uma vez, Mauricio Cecílio destacou que o investimento da British Petroleum vai proporcionar 500 empregos diretos apenas na área industrial, “e todos empregos de qualidade”, reitera o diretor do Indi-MG, que foi quem conduziu durante meses toda a negociação. Por sua vez, o secretário Narcio Rodrigues não escondia a satisfação pela conquista do investimento para Tupaciguara. Para tanto, se ateve a destacar os números do investimento. “A melhor explicação para a importância dessa megausina é citar seus números: R$ 1.14 bilhão de investimentos, o equivalente a 33 vezes o orçamento anual de Tupaciguara; 2.400 empregos diretos, sendo que, destes, 500 apenas no setor industrial; e uma capacidade de moagem de 5 milhões de toneladas”, enfatizou. Narcio destacou ainda o empenho do Governador Antonio Anastasia, explicando que ações políticas e administrativas como esta da BP Brasil em Tupaciguara têm o objetivo de valorizar as cidades pequenas, o que tem sido feito em todas as regiões de Minas. Para finalizar, ele concluiu mencionando outras conquistas para o município, como o Centro de Energias Renováveis, numa parceria com o Instituto Federal do Triângulo Mineiro, com foco em energia eólica (ventos); o Polo Aeroespacial, parceria entre o Governo de Minas e o Instituto de Estudos Avançados (IEAv) do Ministério da Aeronáutica; e o com- O diretor do Indi-MG, Maurício Cecílio, foi o condutor das negociações com a BP Brasil para a instalação da usina sucroalcooleira em Tupaciguara plexo aeronáutico, parceria entre a Universidade Federal de Uberlândia, o Governo de Minas e a empresa Axis Aerospace, que vai fabricar em base instalada em Tupaciguara o avião Tupã, dentre outros projetos. B Revista MERCADO | Setembro 2011 | 41 mercado Mesmo em alta, consórcio ainda é visto com receio Vendas de consórcios disparam em 2011, mas ainda há preconceito por parte dos consumidores; especialista defende a modalidade Por Eduardo Sanches C omprar um automóvel financiado pode custar em torno de 28% mais caro do que pelo sistema de consórcio. Isso significa, por exemplo, que, num prazo de cinco anos, o cliente pode economi42 | Revista MERCADO | Setembro 2011 zar em torno de R$ 14 mil se comprar um carro com preço de R$ 31 mil pelo consórcio, em comparação com os custos que teria no financiamento tradicional. Essa conta simples e direta vem alavancando enormemente as vendas de cotas de consórcios, especialmente na área automotiva, neste ano. De acordo com dados oficiais da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), somente as vendas de cotas de consórcios de veículos leves (au- tomóveis, utilitários e caminhonetes) atingiram a marca de 484.100 cotas entre janeiro e julho, o que representa uma alta de 57,2% sobre o mesmo período do ano passado. Apesar desses números positivos, ainda há preconceito por parte dos consumidores, o que impede um crescimento ainda mais acelerado do segmento. “Muita gente ainda não está fazendo a conta ou ainda não entende como funciona essa modalidade de compra. Na ponta do lápis, o consórcio é muito mais vantajoso do que um financiamento. O consórcio representa uma compra racional, planejada”, afirma Laércio Geronasso, diretor do Consórcio Tradição (www.consorciotradicao.com.br), o consórcio oficial do Grupo Effa (que representa as marcas Effa e Lifan no Brasil), que tem atuação expressiva também no se- tor de motocicletas. As vantagens do sistema de consórcio sobre os tradicionais financiamentos são cada vez mais claras para quem faz as contas. No caso do automóvel Lifan 320, por exemplo, cujo preço sugerido é de R$ 30.980, as prestações mensais são de R$ 827,69 num plano de financiamento com taxas de juros de 1,7% ao mês (um índice médio cobrado atualmente pelas financeiras que atuam no setor), sem entrada e com prazo de 60 meses. No consórcio, com o mesmo prazo, a prestação cai para R$ 619,01. “Essa diferença, ao final dos cinco anos, representará para o cliente um custo extra de R$ 14.235,94. Ou seja: o financiamento fica 27,8% mais caro neste exemplo”, explica Laércio Geronasso. O raciocínio vale para carros e motos de qualquer marca. B Foto: Divulgação mercado “Muita gente ainda não está fazendo a conta ou ainda não entende como funciona essa modalidade de compra. Na ponta do lápis, o consórcio é muito mais vantajoso do que um financiamento mercado saúde O raio X de um problema: no detalhe, os sisos inferiores estão totalmente tortos e pressionando os demais dentes vizinhos O sorriso perfeito vai depender dos cuidados dispensados ao dente siso Um problema chamado siso Odontologista explica os cuidados que se deve ter com o dente siso, e faz uma relação entre o seu nascimento e o tratamento ortodôntico Por Alitéia Milagre O terceiro molar, mais conhecido como dente do siso, é o último a nascer e também o que provoca mais temor. Esse dente nasce geralmente entre os 15 e 19 anos de idade, sendo dois na arcada superior e dois na inferior - bem no final das fileiras -, porém, em algumas pessoas, podem nascer apenas três, dois, um e, nas mais sortudas, nenhum, conforme explica o odontologista Plínio Antônio de Moraes. Assim, é comum encontrar pessoas que não possuam esses dentes, enquanto em outras eles até existem, mas não nascem por falta de espaço na arcada dentária para seu posicionamento, ou por encontrarem como obstáculo o dente vizinho. Já em certos casos, o siso não nasce por 44 | Revista MERCADO | Setembro 2011 não conseguir vencer a resistência oferecida pelo osso e pela gengiva que o envolve. Enfim, cada caso é um caso, mas, para certas pessoas, os dentes do siso podem acarretar sérios problemas à saúde da boca e do corpo, além de afetar negativamente a estética do rosto quando o seu mau posicionamento acaba deslocando os dentes vizinhos e deformando a linha do sorriso. O odontologista Plínio de Moraes explica que a falta do siso, também chamada de agenesia, pode ser hereditária. Em outros casos, acontece o que se chama de regressão atávica, que nada mais é do que a acomodação do organismo à falta de mastigação num determinado local, o que leva a pessoa a ter regressão ou menos dentes na arcada. O pequeno Vinícius Tadine com a mãe, Adriana Rezende. Ela já sabe que o tratamento ortodôntico de seu filho não será perdido por causa do siso Além de temido, o nascimento dos dentes sisos causa muitas dúvidas na cabeça dos pais, principalmente quando os filhos precisam usar aparelho ortodôntico mais cedo. Esse é justamente o questionamento da mãe de Vinicius Tadine, de seis anos. “Já vi muitas crianças com a mesma idade do meu filho usando aparelho ortodôntico, por isso sei que quando os dentes sisos dele nascerem, não corro o risco de perder todo o investimento que farei agora com o aparelho ortodôntico”, avalia a advogada Adriana Rezende. De acordo com Plínio, o tratamento com o aparelho ortodôntico tem que começar mesmo cedo, pois é muito mais fácil fazer a previsão do crescimento pelas radiografias e verificar o tamanho dos dentes que irão nascer para poder providenciar o aumento ou a diminuição de espaço. “É difícil o siso dar problema, porque quando se coloca o aparelho, a sua força de erupção é em torno de 30 graus, e como a do aparelho é maior, o dente não terá condição de fazer nenhuma modificação. E também é feita uma previsão se ele terá condição de erupcionar”, explica. Caso a posição não seja favorável, é pedida a extração no final da correção. Por isso, mesmo depois de tirar o aparelho, é preciso fazer as revisões com o ortodontista, periodicamente, para poder acompanhar a estabilidade do tratamento. “O que pode mudar a posição dos dentes são hábitos que a pessoa tem e não consegue eliminar, nestes casos, De acordo com o odontologista Plínio de Moraes, é difícil o siso ocasionar algum tipo de problema ao tratamento ortodôntico tem que usar contenção toda a vida. Se ao começar o tratamento, os dentes estiverem erupcionados e forem atrapalhar o processo, devem ser removidos”, completa. Ainda segundo o odontologista, outro agravante é que se a erupção do siso for parcial, pode ocorrer gengivite, irritação local e, consequentemente, muita dor. Nesse caso, também é indicada a extração ou a eliminação da parte inflamada (ulotomia). De qualquer forma, ele afirma que tudo vai depender de os quatro dentes estarem bem posicionados, pois, se for necessário movimentar o segundo molar com o aparelho ortodôntico, pode ser preciso extrair o terceiro molar (siso) para que ele não dê problema depois. “Hoje os tratamentos são precisos e modernos. Os sisos não são ameaça para os ortodontistas. Quando o paciente faz retorno constante ao ortodontista competente, tudo já deve ter sido planejado, inclusive a necessidade de extrações. Muitas vezes, as pessoas tiram o aparelho e demoram a voltar, ou não usam corretamente o aparelho de contenção que se usa no final da correção, que seria como o gesso em uma fratura. O que acontece se você tirar o gesso antes da hora? Aí está o grande erro”, conclui Plínio de Moraes. B Revista MERCADO | Setembro 2011 | 45 mercado saúde Laptite: um mal do século XXI O uso inadequado dos laptops pode trazer riscos à saúde Por Margareth Castro A s vendas de computadores portáteis cresceram mais de dez vezes em quatro anos, de 2006 a 2010. No ano passado, foram vendidos 7,15 milhões de notebooks contra 6,85 milhões de desktops, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Para este ano, espera-se um crescimento superior a 30% sobre o volume de 2010. Se as previsões se confirmarem, o Brasil será o terceiro maior mercado de notebooks do mundo - atrás apenas de China e Estados Unidos. Mas as facilidades que essas máquinas oferecem, como mobilidade e portabilidade, trazem embutido um preço para a nossa saúde. Como se já não bastassem as tendinites, bursites, amigdalites, sinusites e tantas outras “ites”, há ainda uma nova “ite” atingindo a população mundial: a laptite. 46 | Revista MERCADO | Setembro 2011 O termo não está relacionado a uma reação inflamatória, mas ao uso excessivo de laptops em substituição aos computadores tradicionais. A disposição espacial do laptop acentua as deformidades posturais e traz danos às articulações dos membros superiores Pesquisas recentes revelam que os computadores convencionais estão sendo substituídos pelos laptops no uso doméstico. E em algumas empresas, também ocorre essa mudança com a justificativa de facilitar a vida dos funcionários e aumentar sua autonomia. Mas deve-se ter cuidado e atenção com sequelas que determinados hábitos da vida moderna podem representar para o corpo. A disposição espacial do laptop acentua as deformidades posturais e traz danos às articulações dos membros superiores. Segundo o médico ortopedista e traumatologista de Uberlândia, Vicente Carlos Franco Macedo, o uso constante e inadequado dos laptops pode causar pro- blemas ortopédicos variados, como, por exemplo, hérnia de disco cervical, bursites, tendinites em ombros e cotovelos e a silenciosa síndrome do túnel do carpo. Por causa de sua mobilidade e portabilidade, os laptops costumam ser usados pelas pessoas na cama e em sofás. Para não abrir mão da praticidade e preservar a saúde, é importante observar alguns critérios. “O uso do equipamento nessas condições deve ser por pouco tempo, por causa da postura sempre danosa à oxigenação muscular nesses períodos”, disse Vicente Macedo. Segundo o médico ortopedista, a forma de evitar problemas à saúde é fazer uma atividade de fortalecimen- to muscular pelo menos três vezes por semana. “Isso evita que a longo prazo ocorra um envelhecimento precoce dos tecidos ortopédicos, como músculos, tendões e bursas”, explicou. Outra recomendação importante é fazer intervalos durante o uso prolongado de laptops, para que haja uma oxigenação dos tecidos. Também se deve fazer o alongamento do tronco e músculos posteriores de joelhos, facilitando e melhorando o braço de alavanca durante o trabalho (veja arte). B O ortopedista Vicente Macedo alerta que o uso do laptop em camas e sofás, por exemplo, deve ser por pouco tempo Revista MERCADO | Setembro 2011 | 47 mercado comportamento Brasil tem 4.856crianças à espera de adoção declararam aceitar somente crianças da raça negra. Afirmaram aceitar somente crianças brancas 10.173 dos adotantes; e somente crianças da raça parda, 1.537. Aqueles que se manifestaram indiferentes à raça somam apenas 9.137. Os pretendentes também deixaram claro o desinteresse em adotar crianças com irmãos. “Trata-se de preferência que temos que trabalhar para mostrar aos pretendentes que tal perfil não significa maior efetividade do vínculo que se irá estabelecer com a adoção. Já sentimos melhora, mas muito ainda deverá ser feito por todos que devem garantir os direitos das crianças e adolescentes”, declara o juiz Lupianhes Neto. Por Evaldo Pighini com Agência O número de crianças aptas a serem adotadas chega a 4.856 em todo o Brasil. É o que mostra o último balanço do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) - do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O cadastro foi criado pelo Conselho em abril de 2008 para concentrar informações de todos os tribunais de justiça do país referentes ao número de pretendentes e crianças disponíveis para encontrar uma nova família, bem como para acompanhar este tipo de procedimento judicial nas varas da infância e juventude espalhadas pelo Brasil. As informações, dessa forma, auxiliam os juízes na condução dos procedimentos de adoção. Os dados são de agosto e mostram um leve crescimento na quantidade de crianças que precisam de um novo lar, já que levantamento de julho apontou 4.760 crianças disponíveis para a adoção naquele mês. O número de pretendentes também apresentou leve aumento, segundo o cadastro: passou de 27.264 cadastrados em julho para 27.478 em agosto. Política pública - Para a corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, o cadastro é importante porque contribui para o desenvolvimento de uma política pública “inigualável”, que permite a adoção. De acordo ainda com os dados das crianças e adolescentes aptas para adoção, 2.133 são do sexo feminino e 2.723 pertencem ao sexo masculino. O estado que mais concentra crianças e jovens é São Paulo, com 1.288 do total. Na sequência, estão o Rio Grande do Sul (792), Minas Gerais (573), Paraná (501) e Rio de Janeiro (369). 48 | Revista MERCADO | Setembro 2011 A ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, destaca a importância do Cadastro Nacional de Adoção, que facilita o processo Das crianças e adolescentes inscritas no CNA, 3.749 têm irmãos e, desses, 112 têm um irmão gêmeo. Quanto à raça, a maioria é parda (2.230). Em seguida, estão as crianças e adolescentes de cor branca (1.656), negra (907), amarela (35) e os indígena (28). Para o juiz auxiliar da Corregedoria, Nicolau Lupianhes Neto, o CNA representa ótima ferramenta para os operadores da área do Direito da Infância e Juventude. “Contribui para que os melhores interesses das crianças e adolescentes sejam efetivados e garantidos. O aumento do número de crianças e de pretendentes vem mostrar que o cadastro está se fortalecendo dia a dia e sendo utilizado, como sempre deve ser, com mais frequência pelos Juízes e demais operadores na área”, afirma o juiz auxiliar. Pretendentes - Conforme as informações do cadastro do CNJ, o perfil exigido pelos pretendentes continua a ser o grande entrave para a adoção das crianças. Dos interessados em adotar, apenas 585 O juiz auxiliar da Corregedoria, Nicolau Lupianhes Neto, diz que o cadastro do CNJ foi um avanço, mas admite que ainda há muito para ser feito a fim de garantir os direitos das crianças e dos adolescentes De acordo com o CNA, 22.702 inscritos manifestaram o desejo por apenas uma criança. O número de interessados em adotar até duas crianças cai para 4.461. Quanto ao perfil dos pretendentes, 6.704 têm filhos biológicos e outros 2.702 possuem filhos adotivos. A maior parte tem entre 41 a 51 anos de idade (10.654 do total). Também, de acordo com o CNA, a maior parte dos interessados tem renda de três a cinco salários mínimos (6.583). Realidade em Uberlândia não é diferente Em Uberlândia, há mais de 200 crianças e adolescentes morando em abrigos, dos quais aproximadamente 50 estão prontos para serem adotados, sendo que, desse total, 35 fazem parte da lista da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) para a adoção internacional. Em contrapartida, no município há pouco mais de 100 pessoas inscritas e aptas para a adoção, porém, como acontece em nível nacional, os interessados em adotar também têm lá suas exigências: “40% deles esperam uma criança recém-nascida de cor branca”, explicou a comissária da Infância e da Juventude de Uberlândia, Vera de Oliveira Tavares, durante o II Encontro de Adoção da comarca de Uberlândia, realizado em junho deste ano. Esse encontro é, na verdade um curso, que reuniu cerca de 50 casais no salão do Tribunal do Júri do Fórum Abelardo Penna, abordou aspectos jurídicos, sociais e psicológicos da adoção, entre outros assuntos relativos à questão. A participação nesse curso é pré-requisito legal para que um interessado seja considerado apto para o processo de adoção. “Muitos questionam se estão preparados e querem saber mais sobre a adoção tardia. No curso, falamos também sobre os mitos que envolvem esse assunto. Alguns casais, depois do evento, mudam o perfil da criança desejada”, informou Vera Tavares, a detalhar que as principais dúvidas dos participantes estão relacionadas ao Cadastro Nacional da Adoção e à idade das crianças. B Revista MERCADO | Setembro 2011 | 49 mercado marketing Passado e futuro Apesar de um design que remete ao passado, em termos de tecnologia, os produtos da linha retrô da Brastemp foram desenvolvidos pensando no futuro, com funcionalida- O ressurgimento da Granado Marcas e design retrô ganham os consumidores Coca-Cola, Brastemp, Nestlé, Devassa, Mabel e Granado apostam na tendência para se popularizar Do Mundo Marketing O 50 | Revista MERCADO | Setembro 2011 sua essência. Uma coisa é certa: o retrô veio para ficar. Enquanto o mundo evolui tecnologicamente, o futuro e o passado caminham lado a lado. Exemplo disso é a Brastemp, que em 2007 ganhou uma linha de produtos com design retrô, composta por frigobar em três cores: vermelho, azul e amarelo. Em 2009, foi a vez da marca da Whirlpool testar um protótipo de refrigerador na Casa Cor São Paulo e, finalmente, no início deste ano, a linha ganhou mais dois produtos, o A diferenciação é trabalhada também nas ações promocionais. De olho no trade, a Whirlpool fez uma parceria com a Fast Shop, que vende os itens com exclusividade, e criou vitrines especiais, além de treinar vendedores e promotoras para atender os consumidores e oferecer informações de forma adequada. O lançamento da linha também contou com outra parceria ilustre, em janeiro deste ano, no show da cantora Amy Winehouse, em São Paulo, quando os convidados do camarote puderam conhecer os três produtos. A gerente de Marketing da Brastemp, Mariana Rhormens: “Já em 2009 entendíamos o vintage como tendência e não como modismo. A Whirlpool foca muito em processos para ter produtos inovadores, que hoje respondem por 25% do faturamento” Empresas estão resgatando o passado e relançando produtos com cara de ontem: na foto, detalhes de eletrodomésticos para cozinha da Whirlpool, dona da marca Brastemp, que dão um toque todo especial ao ambiente lhe ao seu redor e não será preciso muito tempo para perceber que o retrô invadiu o mercado. Desde a moda até a decoração, passando por produtos de consumo, o mundo está saudosista. Se, por um lado, marcas como Coca-Cola, Nestlé, Brastemp e Mabel apostam em relançamentos e colocam nos pontos de venda edições especiais, por outro, empresas como Granado, Phebo e Devassa mantêm o passado e a tradição em des que focam em inovação, como garantir mais economia de energia e de tempo. O fogão, por exemplo, tem um queimador grande para acelerar o processo de preparo dos alimentos. Unindo o design à funcionalidade, a Brastemp conseguiu criar verdadeiros objetos de desejo e decoração, fazendo, inclusive, com que o produto saia da cozinha e ganhe destaque em outros ambientes da casa. Não é à toa. Com preços que variam entre R$ 999 e R$ 7.999, os eletrodomésticos da marca têm um posicionamento premium e são produzidos em menor escala. refrigerador e o fogão, nos modelos Preto Tremendão, Amarelo Supimpa e Vermelho Brasa Mora. “Já em 2009 entendíamos o vintage como tendência e não como modismo. Os consumidores estão resgatando bons momentos do passado. A Whirlpool foca muito em processos para ter produtos inovadores, que hoje respondem por 25% do faturamento”, explica Mariana Rhormens, gerente de Marketing da Brastemp, em entrevista ao Mundo do Marketing. A ligação dos consumidores com épocas passadas é também uma oportunidade para as marcas que carregam a tradição no seu DNA. A Granado, fundada em 1870, resolveu apostar em sua história para se diferenciar das outras empresas de cosméticos. “Há seis anos, quando estávamos avaliando para onde queríamos ir com a marca, vimos que o diferencial da Granado era a tradição e a qualidade dos produtos. A qualidade estava lá, mas a tradição não era vista. Então fomos aos nossos arquivos e começamos a pesquisar todas as embalagens antigas. Mudamos o logo, escrevemos ‘pharmacia’ com PH e refizemos a loja do centro (da cidade do Rio de Janeiro), que acabou virando uma loja conceito”, conta Sissi Freeman, diretora de Marketing da Granado, em entrevista ao portal. O sucesso da repaginação foi tanto que, até o fim de 2011, a empresa pretende contar com 10 pontos de venda sob o mesmo modelo. A aquisição da marca Phebo, em 2004, colaborou para agregar mais valor e tradição a Granado. Hoje, dos quatro produtos mais vendidos pela empresa, três são os mais antigos: o Polvilho, criado em 1903, e que vende um milhão de unidades mensais, o Sabonete de Glicerina Granado, de 1915, e o Sabonete Odor de Rosas da Phebo, de 1930, que contabiliza 50 milhões de unidades vendidas ao ano. A A Granado foi buscar nos primeiros anos do século passado a cara das embalagens antigas; como resultado, as vendas saltaram para a casa de milhões de unidades e, hoje, dos quatro produtos mais vendidos pela empresa, três são os mais antigos Revista MERCADO | Setembro 2011 | 51 mercado marketing Marcas revivem tradições A Granado também conta com uma linha vintage, exclusiva para a venda nas lojas físicas, com sabonetes em embalagens especiais. Os produtos são a prova de que o retrô é uma tendência e representam de 20% a 30% do faturamento dos pontos de venda. “O vintage é uma tendência, uma mudança de comportamento devido a um fator externo. No mundo em que vivemos, atingimos um colapso de tecnologia, informação e estímulo. A ‘temporalização’ faz muito sentido, é a busca pelo que é seguro. O passado remete a coisas que já conhecemos”, explica Paulo Al-Assal, diretor geral da Voltage, em entrevista ao Mun- do do Marketing. A garantia de que o saudosismo não é uma moda passageira é o surgimento de marcas que já nascem com uma cara retrô. Em 2003, quando a Devassa iniciou sua história, a ideia era lançar uma bebida “cult”, “descontraída”, com o slogan: “um tesão de cerveja”. Para acompanhar o conceito, o símbolo escolhido para representar a marca foi uma pin-up, modelo que faz referência à cultura pop e foi sucesso, principalmente, durante as décadas de 1940 e 1950. A cerveja Devassa já nasceu com cara retrô, ou seja, o símbolo escolhido para representar a marca é uma pin-up, modelo de sucesso nas décadas de 1940 e 1950 Empresas reeditam embalagens clássicas A Nestlé também aderiu à onda retrô e reeditou os rótulos de Leite Moça das décadas de 1930 e 1980 Uma iniciativa recente da Devassa para resgatar o passado foi o lançamento dos Bailes Devassa, durante o Carnaval deste ano no Rio de Janeiro. A ideia era reviver o glamour dos bailes de gala da capital carioca, costume que se perdeu com o passar do tempo. O sucesso foi tanto que a Devassa renovou o contrato de naming right com os realizadores do evento para garantir que o projeto continue até 2015. A onda retrô também trouxe de volta velhos conhecidos dos consumidores. No fim de 2009, a Nestlé 52 | Revista MERCADO | Setembro 2011 reeditou os rótulos de Leite Moça de 1937, 1946, 1957, 1970 e 1983 em embalagens em edição limitada. Assim como a Nestlé, no Brasil e no mundo, os consumidores viram ressurgir embalagens clássicas nos últimos anos, como as das marcas do ketchup Heinz e da Coca-Cola. Em julho deste ano, foi a vez da brasileira Mabel presentear os consumidores com um gostinho do passado. A empresa relançou as rosquinhas de coco em uma embalagem que reproduz o modelo utilizado em 1975. Com exceção do logotipo atual e de uma alteração no texto de um dos personagens, o design é exatamente o mesmo que o utilizado há quase três décadas. “A rosquinha Mabel acompanhou gerações. Olhando nosso histórico de embalagens, vimos que aquela remetia a um momento feliz da vida dos consumidores, por isso resolvemos relançá-la. Inovação também é saber reinventar aquilo que foi bom. E quem acaba ganhando com isso é o cliente”, conta Stanley Colombo, gerente de Marketing da Mabel, em entrevista ao portal. B A Mabel também quis presentear os consumidores com um gostinho do passado, relançando as rosquinhas de coco em uma embalagem que reproduz o modelo utilizado em 1975 mercado gastronomia As 7 Maravilhas Alheira de Mirandela Trás-os-Montes e Alto Douro Mirandela A Alheira de Mirandela é a linguiça regional mais consumida e conhecida no país. Pode ser apreciada como prato principal ou dentro de cozidos, caldos e feijões. É uma ótima entrada assada na brasa ou frita em um pouco de azeite. Queijo Serra da Estrela Beira Litoral / Beira Interior Serra da Estrela Bom apetite!! As sete maravilhas da gastronomia portuguesa Da Redação O s portugueses promoveram uma votação, no mínimo, deliciosa. Dentre os pratos tradicionais da culinária local, foram eleitas as 7 Maravilhas da Gastronomia® de Portugal, representando, cada uma, uma região do país. A participação foi 54 | Revista MERCADO | Setembro 2011 impressionante: foram registrados 899.069 votos, de sete de maio a sete de setembro. O processo seletivo começou em fevereiro, quando a organização do pleito abriu fase para as candidaturas. Depois, um grupo de especialistas escolheu 70 pré-finalistas, que foram reduzidos a 21 pratos por personalidades do país, entre chefs, políticos, publicitários, críticos gastronômicos etc. Coube ao povo português dar o veredito através do site www.7maravilhas.pt, Facebook, telefone e SMS. Confira a seguir cada uma dessas iguarias. Que tal incluí-las na sua lista para provar na próxima viagem a Portugal? A Alheira de Mirandela é a linguiça regional mais consumida e conhecida no país. Pode ser apreciada como prato principal ou dentro de cozidos, caldos e feijões. É uma ótima entrada assada na brasa ou frita em um pouco de azeite. A mercado gastronomia Caldo verde Entre Douro e Minho De origem minhota, mas adotado por todas as regiões, o caldo tem como ingredientes couve-galega, batata, azeite, alho, cebola, água, chouriço e sal, sendo preparado em um tradicional pote de ferro com a ajuda de uma colher de pau, até estar pronto para ser servido nas famosas tigelas de barro portuguesas. Arroz de marisco Estremadura e Ribatejo Praia de Viera Marinha Grande O arroz de marisco, da Praia de Vieira de Leiria, é um prato muito conhecido. Diferencia-se dos restantes por ser servido diretamente do fogo, em um tacho de barro ainda fervendo. A lagosta, os camarões grandes e as amêijoas (moluscos) conferem-lhe um sabor único do mar, sendo muito bem acompanhados com pimentão, coentro e arroz carolino (típico português). A mercado gastronomia Sardinha assada Lisboa e Setúbal Setúbal Em 15 de janeiro de 2010, a sardinha portuguesa, com destaque para a pescada em Setúbal, foi o primeiro pescado na Península Ibérica e na União Europeia a obter o rótulo azul com a certificação de sustentabilidade e boa gestão dos recursos piscatórios MSC (“Marine Stewardship Council”). Não só seu sabor, mas a forma de preparo também é essencial para manter a fama deste prato. A maneira como as sardinhas são colocadas (com as barrigas para dentro) para assar em fogo brando faz desta iguaria o orgulho gastronômico da região. Para melhor saborear a sardinha, esta deverá ser comida em cima do pão, o qual poderá ser tostado nas brasas. A mercado gastronomia Leitão da Bairrada Beira Litoral Bairrada Desde o tempo dos romanos que o leitão assado é conhecido. São confeccionados aproximadamente três mil leitões por dia na região, e o leitão assado é servido em dezenas de restaurantes e preparado por centenas de “assadores” nas suas casas, trazendo a Bairrada milhares de apreciadores desta iguaria durante todo o ano. É temperado com banha de porco, sal, alho e pimenta. É no forno bairradino aquecido com lenha que o leitão vai assar lentamente por cerca de 2 horas, espetado numa vara. A sua qualidade deve-se à escolha das raças, como a Bisara (raça original e preferencial) e os vários cruzamentos de raças atualmente existentes. Deve ser cortado em pequenos pedaços, sem que sejam sobrepostos, servido em travessas com a pele sempre virada para cima e acompanhado por pequenas batatas cozidas com a casca, laranja e salada. O leitão assado é um produto gastronômico reconhecido pela Entidade Regional de Turismo Centro de Portugal. A mercado gastronomia Pastel de Belém Lisboa e Setúbal Lisboa Item que não podia faltar na lista é certamente o doce mais conhecido dentro e fora de Portugal. Sua receita teria sido criada por monges do Mosteiro dos Jerónimos, em Belém. Em 1837 iniciou-se a fabricação dos “Pastéis de Belém”, segundo a antiga “receita secreta”, oriunda do convento, a qual é exclusivamente conhecida por três mestres confeiteiros que os fabricam artesanalmente na “Oficina do Segredo”. Essa receita mantém-se igual até aos dias de hoje. No ano passado, a casa vendeu 7,3 milhões de unidades. B mercado veículos Cruze já está nas revendas Chevrolet Sedã possui duas versões de acabamento e motor 1.8 Ecotec; modelo chega para substituir o Vectra, devendo custar entre 65 mil e 78 mil reais, e disputar mercado com o Honda Civic, o Toyota Corolla e o Hyundai Elantra Da Redação C om a dura missão de substituir o bom e famoso Vectra, chega ao mercado brasileiro neste mês o Chevrolet Cruze, uma reinterpretação do sedã tradicional, já seguindo a atual linguagem de design global do fabricante que marca a nova trajetória de General Motors Company. O Cruze redefine o design, o conforto, a sofisticação e a qualidade, aliando o estilo compacto a um amplo espaço interno. Entre outras propostas, o carro apresenta novo motor 1.8 Ecotec 16 V flex de 140 cv a gasolina ou 144 cv com etanol e câmbio de seis marchas manual e automático sequencial. Traz ainda freios a disco com ABS, direção eletroprogressiva, ar-condicionado digital, 64 | Revista MERCADO | Setembro 2011 comandos elétricos de retrovisores, portas e vidros e regulagem dos faróis. O Cruze chega ao Brasil bem referendado, ostentando o título de carro mais vendido dos EUA em junho. Suas funcionalidades são muito eficientes, além das melhorias do sistema já utilizado no Vectra, como, por exemplo, um novo motor mais moderno da família Ecotec de 1.8 litros de 16 válvulas e 140 cv, conforme já citado. Também em termos de design, ele é bem mais atual que seu antecessor, o Vectra: adota a grade que é dividida em duas partes e traz o símbolo da GM bem destacado. O interior agrada pela qualidade do acabamento, e não há peças mal encaixadas nem parafusos expostos na cabine. No quesito segurança, traz uma diferença de sete centímetros a mais de largura em relação ao Vectra. Isso faz com que tenha mais estabilidade nas curvas, além de mais conforto interno e das malas (com capacidade para 436 litros). Opções - São duas versões. A LT traz computador de bordo, controlador de velocidade, volante funcional, rádio CD player com MP3 e Bluetooth. A top, LTZ, acrescenta partida por botão, tela de LCD de sete polegadas com sistema multimídia com navegação por GPS e informações complementares, como ar-condicionado, seis airbags (frontais, laterais e de cortina), retrovisores com rebatimento e sensores crepuscular e de estacionamento. Ainda tem controles eletrônicos de tração, estabilidade e auxiliar de frenagem. A rede de concessionárias Chevrolet já aceita reservas de interessados no veículo, mas só poderá realizar as entregas a partir de 26 de setembro. As revendas ainda não divulgam o preço do Cruze, que deve ficar entre 65 mil e 78 mil reais. Seus principais rivais são o Honda Civic e o Toyota Corolla, além do Hyundai Elantra - que está prestes a chegar ao Brasil. Com essas e outras especificações técnicas, na há dúvidas de que o novo Chevrolet Cruze vem para brigar forte com seus principais concorrentes do seguimento de sedãs no Brasil. Sendo assim, poderemos ter mais uma vez um carro da GM no topo da lista dos mais vendidos, preferidos e lembrados pelo público brasileiro. Após 14 anos, chega ao fim a história do Vectra, que deixará de ser produzido como um dos maiores destaques da história da Chevrolet no Brasil. E mesmo que, nos últimos anos, ele tenha perdido algumas posições no ranking dos mais vendidos para o Toyota Corolla e o Honda Civic, sempre será visto como um dos melhores sedãs que já rodou no Brasil. B mercado veículos modernos da marca. Além do visual mais moderno e do acabamento sofisticado, o Audi A6 2012 traz novas tecnologias para reduzir peso, emissões e gastos com combustível. O interior está ainda mais confortável, produzido com materiais luxuosos e equipado com o sistema heads-up (que apresenta as informações no para-brisa). Na Europa, o A6 tem os bancos equipados com sistema de massagem e ventilação, no entanto, ainda não se sabe se esses recursos chegarão para o modelo no Brasil. Sob o capô, o carro está equipado com motor V6 3.0 TFSI, com 300 cv e 44,8 kgfm. Com isso, o Audi A6 2012 vai de 0 a 100 km/h em apenas 5,5 segundos, podendo chegar a uma velocidade limitada de 250 km/h. B Audi A6 chega ao Brasil no final de setembro Novo sedan de luxo da Audi, versão 2012, deverá custar por volta de R$ 290 mil Da Redação A montadora alemã Audi traz para o Brasil a nova geração do seu sedã médio A6, que está muito mais luxuoso. Lançado na Europa há um ano, a previsão é que chegue para as con- 66 | Revista MERCADO | Setembro 2011 cessionárias brasileiras ainda no final de setembro. A versão atual é vendida no Brasil por cerca de R$ 270.000, mas acredita-se que a nova versão chegue um pouco mais cara, podendo variar entre R$ 280.000 e R$ 290.000. O sedã conta com o arrojado visual da Audi, preservando o estilo antigo, mas recebendo itens de modelos maiores, como os faróis trapezóides iluminados por LEDs. O novo modelo, que está com um aspecto mais esportivo, alinha-se aos traços mercado turismo Amsterdam é pura Da Redação (fonte: viagenseimagens.com) liberdade e nostalgia É difícil definir exatamente onde reside o charme ou o encanto principal de Amsterdam. Talvez ele esteja em seus canais, ou em seus prédios de fachadas coloridas, construídos durante o século 17. Ou, talvez, em suas pequenas embarcações que servem de moradia a tanta gente, ou, ainda, na liberdade cultural e sexual que há décadas deixou de ser novidade por lá. Pode ainda estar na sua gente, com um aspecto tão bonito e saudável que nem parece 68 | Revista MERCADO | Setembro 2011 real. Ou, quem sabe, a razão principal seja o fato de se tratar de uma cidade construída abaixo do nível do mar, onde as pessoas têm o hábito de usar sapatos de madeira, produzir queijos divinos e trabalhar em moinhos de vento. Mas, pensando bem, todo esse conjunto de coisas também existe em outros lugares do mundo. Entretanto, talvez o encanto de Amsterdam resida, simplesmente, no fato de que, por lá, podem-se encontrar todas essas particularidades juntas ao mesmo tempo. A Revista MERCADO | Setembro 2011 | 69 mercado turismo A torre Montelbaanstoren, um ponto tradicional Enfim, muita gente deseja visitar Amsterdam, e por razões bem variadas. Alguns porque são românticos, outros por causa do trabalho ou a passeio, ou até por razões, digamos, menos familiares. O certo é que quem visita essa cidade mais de uma vez tem sempre algo novo a descobrir. A primeira conclusão é que para conhecer melhor o lugar é recomendável ter um confortável par de sapatos, porque tudo deve ser feito a pé. O centro de Amsterdam tem como coração a estação de trens, e a cidade, vista de cima, assemelha-se a um polígono regular, onde ruas e canais alternam-se em perfeito equilíbrio. É justamente por causa da profusão de seus canais que Amsterdam ganhou o apelido de Veneza do Norte. Tudo está perto e é fácil chegar a qualquer lugar, mesmo porque o terreno é absolutamente plano, tornando as caminhadas ainda mais agradáveis. Tal é a harmonia entre prédios, canais e barcos que, às vezes, a impressão que se tem é a de se estar passeando numa cidade de brinquedo. Entre os moradores, a bicicleta é o meio de transporte preferencial, e faixas destinadas às bicicletas, demarcadas em todas as ruas, devem ser levadas a sério para evitar acidentes. Para distâncias um pouco maiores, os bondes são a melhor opção. E para turistas, o passeio pelos canais é um programa imperdível, pois permite percorrer praticamente todo o coração da cidade e apreciá-la a partir de ângulos privilegiados. Na caminhada pelo centro, certamente é preciso passar pela Avenida Um dos pontos de partida para turistas em Amsterdam é a estação central onde, de cara, se percebe que a bicicleta é um tipo de transporte muito usado no lugar Damrak, um cartão postal. Dela, tem-se acesso à estação central de trens (Central Station). Também é nessa avenida que estão muitos dos restaurantes, hotéis e lojas, onde se encontra de tudo, o que é muito conveniente para os visitantes. Mas, como esse é praticamente o corredor de entrada principal da cidade, acaba por ser, ao mesmo tempo, também muito movimentado, o que o torna um lugar sem o típico ar bucólico de outros bairros. É ainda nessa avenida que normalmente os visitantes são abordados sorrateiramente por certos indivíduos que lhes oferecem um “baseado”. Sim, em Amsterdam se encontra de tudo e, infelizmente, nem tudo são queijos ou flores. Aceitar ou não fica a critério do turista. Além da Avenida Damrak, as ou- A Avenida Damrak tras principais áreas comerciais da cidade estão situadas ao longo das ruas Nieuwendijk, Kalverstraat, Leidse Straat e da praça Leidseplein. Torres como a Montelbaanstoren são pontos tradicionais da cidade e, antigamente, serviam como referência para os navios, na época das grandes navegações. O período áureo da Holanda foi o século 17, quando chegou a ser a dona dos mares, e Amsterdam uma cidade riquíssima, como um dos maiores centros comerciais da Europa. Se o mar trouxe riqueza para a Holanda, é, ao mesmo tempo, motivo de permanente atenção. Como grande parte do território holandês fica abaixo do nível do mar, a preocupação com a manutenção das barreiras e diques é constante. Só para Os tamancos de madeira fazem parte da cultura local se ter ideia, existem construções abaixo do nível do mar. Os tamancos de madeira holandeses (klompen) são mais do que uma tradição. Ainda hoje são usados por muita gente no dia a dia, seja por hábito ou por fazer bem à coluna e à postura, como gostam de dizer os holandeses. Um programa interessante é visitar uma das fábricas de tamancos que existem em volta de Amsterdam, experimentar andar com um deles e, quem sabe, trazer um para usar em casa. Nessas fábricas, o processo de criação de um tamanco é realizado na frente dos turistas, que podem ver como um simples toco de madeira é escavado e moldado, dando forma a tamancos de diversos tamanhos e cores. Em Amsterdam, um dos prédios Muitas construções estão no mesmo nível do mar, ou até abaixo dele mais importantes é o Rijksmuseum. Por suas mais de 260 salas, existe uma coleção fantástica de obras primas, entre as quais diversas do famoso pintor holandês Rembrandt. Para quem gosta de pintura, é emoção na certa poder ver e admirar a Ronda Noturna, um dos quadros mais famosos e valiosos do mundo, sempre rodeado de turistas e amantes da arte. A coleção de obras de arte do Rijksmuseum é riquíssima; há, também, obras de Vermeer, Frans Haals e Jan Steen. Nesse contexto, vale também uma visita ao Museu de Van Gogh, que não fica muito longe do Rijksmuseum. Tem também o Stedelijk Museum, com obras de Monet e Cèzanne. Outra visita que não pode ser descartada é ao Museu de História de Amsterdam, que permite conhecer a interessante A O Rijksmuseum: não tem como deixar de conhecer mercado turismo Capital dos Diamantes, Amsterdam é o melhor lugar do mundo para o turista comprar uma dessas “lembrancinhas” história dessa cidade. Outra tradição holandesa está nos realejos gigantes, quase sempre montados em reboques, e que são encontrados em vários pontos da cidade, com bonequinhos vestindo roupas típicas, sempre coloridas, e tocando melodias alegres. Se o turista encontrar um deles em algum lugar não pode se esquecer de dar algumas moedinhas para o artesão, o que demonstra admiração por sua arte. Outra característica particular da cidade é sua fama de Capital dos Diamantes, pois é em Amsterdam que estão as principais empresas de lapidação do planeta. Diversos desses comércios estão abertos à visitação, e é difícil encontrar em outros lugares tantos diamantes juntos ao mesmo tempo, seja na forma de solitários, Os moinhos impressionam sempre pulseiras ou braceletes, em diversos tamanhos e formas. Assim, para quem quiser comprar uma dessas pedras, Amsterdam é o lugar ideal. Mas, como falar da Holanda, de Amsterdam, sem citar os moinhos, que são uma vista comum por todo o país e têm sido usados desde o século 14 para bombear água das terras abaixo do nível do mar, conquistando mais terreno mar adentro, permitindo aumentar o território da Holanda com a construção de novos diques. Mas essas engenhocas também são usadas para moer trigo, cacau, preparar cerâmica e em muitas outras atividades do dia a dia do povo holandês. Já existiram centenas em todo o país, mas, hoje, infelizmente, o número é muito menor. Mas não são apenas os tamancos Amsterdam também tem dos melhores queijos do mundo e os moinhos que fazem a fama da Holanda. O queijo holandês, como o Gouda e o Edam, é um dos melhores do mundo, e quem visitar um supermercado em Amsterdam certamente ficará tentado a provar algum, pela enorme variedade de opções encontradas. Um dos locais recomendados para quem estiver em passeio pelo centro da cidade é um mercado que fica atrás da Praça Leidseplein, onde se pode encontrar um imenso setor exclusivo para queijos. Outra marca registrada da Holanda são as tulipas. O país é responsável por mais da metade da produção mundial de flores e, como não poderia deixar de ser, em Amsterdam elas estão em todas as partes da cidade, principalmente nos mercados de rua. O Bloemenmarkt é um dos mais A Holanda responde pela metade da produção de flores do planeta, por isso, em Amsterdam, elas estão por toda parte, com destaque para as tulipas. Pela imagem dá para perceber O Museu Anne Frank, nome da garota cuja história rendeu o famoso filme “O diário de Anne Frank”. Pela fila de pessoas, é possível imaginar o quanto o local atrai a atenção dos turistas que vão à capital holandesa tradicionais da cidade. Lá, o turista vai encontrar tulipas de todas as cores, e até em saquinhos de sementes, se quiser levar para plantar em casa. Agora, se tiver tempo, melhor ainda é visitar um dos campos de flores que ficam por perto, ver onde elas são plantadas e comprar lá mesmo, pois o lugar é bonito de se ver. Um dos mais belos campos de tulipas do país é o existente na região de Leiden, ao sul de Amsterdam. Muita gente já deve ter ouvido falar da história de Anne Frank. Ela tinha 13 anos e, durante a Segunda Guerra Mundial, viveu escondida por mais de dois anos num compartimento secreto localizado nos fundos de um prédio - hoje o Museu Anne Frank - com sua família, sem nunca poder sair para brincar, fazer qualquer barulho, nem ser vista por ninguém. Isso para evitar ser enviada para um campo de concentração. Com a cidade tomada pelos nazistas, a única alternativa para os judeus que quisessem ficar vivos era se esconder. O relato desse período está no diário que a menina escreveu, chamado “O diário de Anne Frank”, sem saber que um dia aquelas linhas escritas no silêncio de seu quarto se transformariam num livro que iria correr o mundo, traduzido em todas as línguas, e considerado como uma exaltação da tolerância e paz entre os povos. O esconderijo da família foi descoberto pelos nazistas apenas um mês antes da libertação da cidade pelas tropas aliadas. Hoje, o lugar onde ela passou aqueles anos escondida foi transformado num museu, e essa é uma das visitas mais Volendam, à beira-mar e pertinho de Amsterdam, um lugar que atrai muitos visitantes emocionantes que se pode fazer em Amsterdam. Agora, quem estiver ou puder estar de carro e quiser dar um passeio pelas redondezas, vale a pena ir até Volendam, meia hora ao norte de Amsterdam. Trata-se de uma pequena e graciosa cidade à beira-mar, onde se pode sentir o que é a estranha sensação de viver abaixo do nível do mar. Segundo a história, muito conhecida no local, certa vez, o garoto Hansje Brinker, ao voltar da escola, viu que um dos principais diques da cidade estava vazando e que se nada fosse feito todo o lugar seria inundado em pouco tempo. Como não havia ninguém por perto a quem pudesse pedir ajuda, ele tapou o buraco do dique com seu dedo e ali permaneceu até o dia se-A Os famosos diques holandeses para a proteção do país - que tem boa parte do seu território abaixo do nível do mar -, diferentes das grandes muralhas imaginadas mercado turismo Zaanse Schans, lugarejo que fica nos arredores de Amsterdam, uma visita imperdível guinte, quando finalmente alguém apareceu para ajudar. O gesto heróico do pequeno Hansje é até hoje lembrado com uma estátua e inspira muita gente a procurar os famosos diques holandeses, construídos em nossa imaginação como imensas muralhas de concreto, onde a água estaria sempre na iminência de transbordar sobre casas e ruas. Mas, para surpresa geral, hoje os diques assemelham-se mais a grandes morros cobertos de vegetação que, embora menos pitorescos, representam, na verdade, uma proteção muito mais eficiente que muralhas de concreto. De qualquer forma, é estranha a sensação de caminhar por um desses diques. À medida que caminha em direção ao mar, o turista sobe e sobe, e quando chega em cima, percebe que está no mesmo nível do mar. Ao mesmo tempo, as casas e ruas, lá atrás, estão há vários metros abaixo, proporcionando uma visão inédita e ao mesmo tempo uma sensação um tanto quanto estranha. E, para completar esse passeio pelos arredores de Amsterdam, não pode faltar uma visita à Zaanse Schans. Esse local, pode-se dizer, é uma mistura de fazenda com parque temático, e é uma ótima pedida para se passar uma tarde. Fica na direção de Purmerend, norte de Amsterdam. Lá, o turista vai encontrar várias coisas típicas da Holanda, muitos moinhos para visitar, lojinhas vendendo todo tipo de produtos típicos e restaurantes servindo comida tradicional. Finalmente, para quem visita a O passeio nas embarcações com teto de vidro é obrigatório no roteiro de qualquer um capital holandesa e conhece todo o seu bucolismo, ainda assim não consegue dizer onde reside exatamente o seu charme ou o seu encanto principal. Amsterdam é uma cidade que parece ter de tudo um pouco. Mas, pode-se dizer, com certeza, que lá se vivenciam momentos memoráveis, como percorrer os canais da cidade numa embarcação com teto de vidro, à luz de velas, degustando queijos e vinhos. No final das contas, talvez momentos como esse definam melhor o que é o encanto principal de cada lugar. É a capacidade de criar estados de espírito positivos, momentos inesquecíveis e a vontade de voltar. E, nesse particular, Amsterdam sabe, como poucas cidades, criar estados de espírito que acompanham o turista para sempre. B mercado bazar Natureza em seus pés Os rios, a floresta e a cultura amazônica inspiraram Amazonas Sandals a desenvolver produtos que valorizam a sustentabilidade, o conforto e um design especial e são inspirados nos rios, no traço das plantas, nas cores das aves e em toda a riqueza brasileira e mundial que é a Amazônia. A criação segue também a tendência de design Square Rounded, apostando em linhas geométricas e retas com acabamento arredondado. Com sandálias desenvolvidas em borracha natural, com látex que vem das seringueiras nativas da floresta amazônica - beneficiando, com este trabalho, as comunidades ribeirinhas. Amazonas Sandals destaca em cada modelo o DNA de uma região conhecida como o pulmão do mundo! Criar de maneira sustentável é um dos pilares de Amazonas Sandals que foca em sua essência a tecnologia a serviço da natureza, oferecendo também modelos desenvolvidos a partir de borracha reciclada e reciclável e, em especial, a borracha biodegradável vulcanizada - Bio Rubber, que após desuso é consumida pelo ambiente em cinco anos - ao contrário das borrachas sintéticas, que poluem o ambiente pelo período de até 700 anos. (www.amazonassandals.com.br) Jells Trufa é a novidade Kalya Gel hidratante aquece em contato com o corpo e traz cinco opções de fragrâncias A Kalya, especializada em cosméticos que despertam os sentidos, está lançando a linha Jells Trufa, de géis hidratantes, com aroma de trufa. São cinco as fragrâncias, cada uma mais apetitosa que a outra: Chocolate Branco, Chocolate com Avelã, Chocolate com Maracujá, Chocolate com Morango e Chocolate com Cereja. Umectante, o gel pode ser usado em todo o corpo, proporcionando um suave aquecimento quando em contato com a pele. Soprando o local onde foi aplicado, o aquecimento se torna mais intenso, gerando uma sensação de bem-estar. O perfume de chocolate estimula o senso olfativo, atuando como liberador de endorfinas na corrente sanguínea, causando prazer. Especial para os momentos em que o romance se faz presente, Jells Trufa é ideal para apimentar ainda mais a relação. O frasco, com 30ml, pode ser encontrado no site da Amapola Brasil ao preço médio de R$ 22,00. A 76 | Revista MERCADO | Setembro 2011 mercado bazar La Roche-Posay lança protetor solar em mousse com cor Com textura revolucionária, Anthelios Unifiant une alta proteção contra raios UV e ação inédita de uniformização do relevo e da tonalidade da pele La Roche-Posay traz para o Brasil Anthelios Unifiant Mousse com Cor FPS 50, um novo conceito em fotoproteção diária. O produto, que chega às farmácias em setembro, une alta proteção contra os raios UVA/UVB (FPS 50 e PPD 21) a uma nova textura em mousse que se transforma em pó após a aplicação e uniformiza a pele. Desenvolvido especialmente para o mercado brasileiro, Anthelios Unifiant pode substituir o uso diário da base ou mesmo servir de primer para a maquiagem, uma vez que o fotoprotetor adapta-se a todas às tonalidades de pele. Quando aplicado sobre a pele, a textura em mousse se transforma em pó, deixando uma aparência aveludada e matificada. Anthelios Unifiant também alisa o relevo cutâneo (devido a propriedades preenchedoras de textura), disfarça linhas finas e poros aparentes ou quaisquer outras irregularidades no relevo ou na tonalidade da pele. O produto tem ainda ação antioxidante (a vitamina E completa a ação dos filtros protegendo, a integridade das células). Preço: R$ 69,90 / Atendimento ao consumidor: 0800 701-1552. A mercado bazar Amazon lança tablet Kindle Fire por US$ 199 A Amazon acaba de anunciar o seu tão aguardado tablet com Android para competir com o iPad, tablet da Apple. O Kindle Fire tem conexão apenas Wi-Fi, sem câmera e microfone, tela de 7 polegadas e processador com dois núcleos. Ele pesa apenas 413 gramas, tem memória interna de 8GB, bateria de 7,5 horas e vem com sistema operacional Android, mas a Amazon ainda não divulgou qual a versão do sistema. Apesar de algumas especificações inferiores ao iPad, o preço do produto é bastante atraente: US$ 199 (cerca de R$ 360). Para efeito de comparação, a versão mais barata do iPad 2 nos EUA custa US$ 499 (cerca de R$ 900). O produto possui tela de LCD com tecnologia IPS, que deixa as cores mais vivas, e feita com Gorilla Glass, que protege a tela contra riscos. O aparelho suporta multitarefa, então é possível escutar música enquanto são utilizados outros aplicativos. O modelo, inclusive, virá com uma série de aplicativos de diversos serviços da Amazon pré-instalados, como o Amazon Cloud Drive, serviço de backup de dados na nuvem, Amazon mp3, loja virtual de música, e também a Amazon Android App Store, loja de aplicativos da Amazon para o sistema do Google. Como todo o conteúdo do usuário estará armazenado na nuvem, não será necessário sincronizar o produto com o computador, como acontece no iPad. DVD player com a qualidade Pioneer por R$ 499 agora é realidade O DVH-7380AV é o primeiro modelo com tela integrada da marca e já está disponível para os consumidores de todo o Brasil. Ele tem tela de 3 polegadas com entrada USB frontal, permitindo a reprodução de filmes e videoclipes, além de oferecer duas cores para a iluminação dos botões. Apesar de ser ter o tamanho de um CD player tradicional (1-DIN), a novidade da Pioneer consegue proporcionar todas as vantagens e opções encontradas em um DVD player 2-DIN, como a reprodução de vídeos e filmes tanto na tela principal quanto em outras telas que podem ser instaladas/distribuídas no interior do veículo. O aparelho conta com a tecnologia Dual Illumination, que permite a iluminação dos botões nas cores vermelho/azul, e ainda oferece entradas auxiliar e USB frontais, aumentando as opções de conexão para pen-drive ou outros dispositivos. O primeiro DVD com tela integrada da Pioneer ainda reproduz os principais formatos de áudio (MP3, WMA, AAC iTunes e WAV), equalizador gráfico de 3 bandas, controle remoto, iluminação dos botões em azul e potência de saída contínua (RMS): 23W x 4 a 4 Ohms, além de saída de vídeo RCA e outras 2 saídas RCA com controle para subwoofer. O preço sugerido para o DVH-7380AV é de R$ 499,00. Para mais informações, acesse www.pioneer.com.br ou entre em contato pelo SAC 0800-600-5725. B 80 | Revista MERCADO | Setembro 2011 mercado dica de leitura “Maze Runner - Prova de Fogo” chega às livrarias brasileiras Segundo livro da trilogia aclamada pela crítica e público internacional é lançado no Brasil pela V&R Editoras. Direitos de filmagem já foram adquiridos pela Twentieth Century Fox Por Comunica Brasil A caba de chegar ao mercado brasileiro a obra Maze Runner - Prova de Fogo, lançada pela V&R Editoras na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro. O livro é o segundo da trilogia aclamada pelo público e pela crítica internacional, e conta a história de Thomas, um garoto que não se lembra do passado, de sua família ou de onde veio, e despertou em um mun- do novo, sem quaisquer referências, num ambiente hostil e misterioso, que tem regras próprias e desafia com a morte quem as desobedece. Uma trama asfixiante em um thriller de ação cuja angustiante sucessão de estranhos fatos e desafios mortais prende a atenção do leitor a cada passo. E que em breve deve despontar nos cinemas, com os direitos de filmagem já adquiridos pela Twentieth Century Fox. Na continuação da saga, depois de superarem os perigos mortais do labirinto, Thomas e seus amigos acreditam que estão a salvo em uma nova realidade. Mas a aparente tranquilidade é interrompida quando são acordados no meio da noite por gritos lancinantes de criaturas disformes que ameaçam devorá-los vivos. Antes Sobre o autor Ficha técnica Título: Maze Runner - Prova de Fogo Autor: James Dashner Formato: 14x21 cm Nº de páginas: 400 Capa: brochura ISBN: 978-85-7683-299-7 Preço: R$ 39,90 82 | Revista MERCADO | Setembro 2011 James Dashner nasceu e cresceu na Geórgia, Estados Unidos, mas atualmente mora em Utah com a esposa e os quatro filhos. Depois de se formar pela Universidade Brigham Young, trabalhou durante vários anos no mercado financeiro até publicar sua primeira série de romances, a saga de Jimmy Fincher. Desde então, dedica-se com exclusividade a escrever. É autor também da série The 13th Reality. Para saber mais sobre o autor e sua obra, visite www.jamesdashner.com mesmo do amanhecer, os jovens descobrem que a salvação, na verdade, pode ser outra armadilha, ainda pior do que os desafios anteriores, e que as coisas não são o que aparentam. Para sobreviver nesse mundo, eles terão de fazer uma travessia repleta de provas cruéis em um meio ambiente devastado, sem água, comida ou abrigo. Calor causticante durante o dia, rajadas de vento gélido à noite, desolação e um ar irrespirável, no deserto do novo mundo até mesmo a chuva é a promessa de uma morte agonizante, e cada passo é espreitado por criaturas famintas e violentas que atacam sem avisar. Manipulação, mentiras e traições cercam o caminho dos jovens, mas, para Thomas, a pior prova será decidir em quem acreditar. B mercado coluna literatura *Kenia Maria de Almeida Pereira é doutora em Literatura Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre literatura brasileira ([email protected]) Solidão e morte: temas eternos na poesia brasileira Por Kenia Maria* A poesia ajuda-nos a refletir sobre muitas questões que afligem nossa condição humana. A solidão, por exemplo, foi e sempre será tema para os versos de vários autores. Talvez uma das mais belas estrofes que falam sobre a condição de ser renegado pela pessoa amada e de estar completamente só seja a de uma canção de Vinícius de Moraes que diz assim: “Ela não sabe Quanta tristeza cabe numa solidão Eu sei que ela não pensa Quanto a indiferença Dói num coração Se ela soubesse O que acontece quando estou tão triste assim Mas ela me condena Ela não tem pena Não tem dó de mim”. Outra poesia, de que gosto em especial e que trata desse assunto, é “Poema só para Jaime Ovalle”, do magnífico poeta pernambucano Manuel Bandeira. O poeta repensa sua condição de solitário quando desperta em seu apartamento em uma manhã chuvosa: “Bebi o café que eu mesmo preparei, Depois deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando... - Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.” 84 | Revista MERCADO | Setembro 2011 A morte, a solidão mais extrema, também é assunto que muito nos atormenta e que de forma rítmica e metafórica também faz parte das melhores antologias poéticas. Um poema belíssimo intitulado “In Extremis”, de Olavo Bilac, trata da angústia de quem está partindo desta vida para outra desconhecida. Imagine o leitor um homem apaixonado, dizendo adeus à mulher amada. Ele sabe que vai morrer, está em seu leito de morte e, antes de partir, fita com tristeza e desespero os olhos da jovem esposa. Convido o leitor ao sabor da leitura na íntegra: Solidão e morte são temas eternos da poesia brasileira. Mas, talvez, quem tenha conseguido unir os dois temas num só texto tenha sido Drummond, ao criar o conhecido e genial poema “José”. O personagem se vê de repente no final da linha, completamente só. A noite fria da morte se aproxima, e ele, sozinho no escuro, quer abrir a porta e fugir para algum lugar. Talvez o mar, talvez Minas. Mas já não existe mais nada para José. Nem utopia nem mulheres. Nem cigarro nem amores. José agora caminha qual bicho-do-mato para um lugar desconhecido. A festa da vida “Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia Assim! De um sol assim! Tu, desgrenhada e fria, Fria! Postos nos meus os teus olhos molhados, E apertando nos teus os meus dedos gelados... E um dia assim! De um sol assim! E assim a esfera Toda azul, no esplendor do fim da primavera! Asas, tontas de luz, cortando o firmamento! Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo... acabou. Nesse poema, Drummond nos dá uma lição de filosofia. Ninguém pode passar pela vida sem ex- “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou. E agora, José? E agora, você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? E agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, perimentar estas duas “indesejadas das gentes”: a solitude e a morte. Finalizo estas poucas reflexões, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou. E agora, José? E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, convidando o leitor para um mergulho solitário e reflexivo durante a leitura de “José”: Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?” E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! E este medo! Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte, E arredar-me de ti, cada vez mais, a morte... Eu, com o frio a crescer no coração, - tão cheio De ti, até no horror do derradeiro anseio! Tu, vendo retorcer-se amarguradamente, A boca que beijava a tua boca ardente, A boca que foi tua! E eu morrendo! E eu morrendo Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo Tão bela palpitar nos teus olhos, querida, A delícia da vida! A delícia da vida!” Carlos Drummond de Andrade Manuel Bandeira Olavo Bilac Vinícius de Moraes Revista MERCADO | Setembro 2011 | 85 mercado profissões em filme Rio City tour animado já está nas locadoras; o longa recria os principais cenários da Cidade Maravilhosa Por Kelson Venâncio* 86 | Revista MERCADO | Setembro 2011 *Kelson Venâncio jornalista e diretor do Cinema e Vídeo - www.cinemaevideo.com.br É muito gratificante ver uma animação extremamente bem feita por uma equipe de profissionais altamente competentes sobre a Cidade Maravilhosa. Alías, você já notou como o Brasil tem sido palco de grandes filmes ultimamente? É claro que nem todos mostram o país da forma como queríamos, já que algumas produções passam ao mundo um imagem negativa da nossa terra, isso quando não surgem até comentários de mau gosto e desnecessários, como os que foram feitos pelo brutamontes Sylvester Stallone em “Os mercenários”. Mas o importante é que o Brasil vem sendo muito lembrado pelas grandes produções cinematográficas e, com isso, nossos atores, diretores e produtores são cada vez mais incentivados e solicitados pelos gringos da sétima arte. E o filme “Rio” é um grande exemplo disso. Para começar, o diretor é brasileiro. Carlos Saldanha, também já bastante conhecido pela ótima trilogia “A era do gelo”, nos brinda com esse projeto ousado e divertidíssimo e mostra ao mundo as belezas cariocas com uma mensagem interessante de preservação da natureza e com personagens interessantes e típicos de nosso país. A plástica de “Rio” é fantástica, e a impressão que temos é de que tudo foi milimetricamente bem feito no computador, mostrando paisagens bem fiéis às que existem realmente na capital carioca. Os principais pontos turísticos, como o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e seus bondinhos, a Pedra da Gávea, a Lagoa Rodrigo de Freitas e o sambódromo da Marquês de Sapucaí são praticamente idênticos e fazem bem aos olhos de quem assiste ao filme, como aos de qualquer turista que visita a cidade. A enorme quantidade de personagens, neste caso, não traz nenhum tipo de problema ao filme. Pelo contrário, cada um, por mais curta que seja sua participação, se destaca de alguma forma na produção. E esses destaques geralmente são por cau- sa das piadas engraçadas e feitas na medida certa. Outro ponto bastante positivo é a trilha sonora impecável, cheia de samba e bossa nova. As músicas, especialmente a de abertura, misturada com a ótima coreografia dos bichos, são marcantes e dão uma boa movimentada na animação. “Rio” só não é perfeito por causa da exibição de algumas pequenas situações, que até poderiam passar despercebidas, mas não passam. Uma delas é a exploração do trabalho infantil por traficantes; não sei se isso ocorre por querer mostrar a realidade ou não, mas o fato é que não gostei. Um garotinho pilotando uma moto em alta velocidade e sem capacete também não foi legal. Mas o pior de tudo foi a infelicidade de colocar os miquinhos do Morro da Urca roubando relógios e jóias dos turistas. Em plena campanha de Copa do Mundo e das Olimpíadas, isso é “queimar filme” do Brasil com o mundo. Lá fora eles devem estar pensando: “No Brasil, se até os ani- mais roubam, imagine as pessoas!” O filme, que estreou nos cinemas em abril, já está chegando às locadoras. B FICHA TÉCNICA Filme: Rio Origem: EUA Ano: 2011 Vozes: Anne Hathaway, Jesse Eisenberg, Rodrigo Santoro, Jammie Fox, George Lopez, Jake T. Austin, Carlos Ponce, Kate del Castillo, Bernardo de Paula Direção: Carlos Saldanha Música: John Powell, Sérgio Mendes e William Produção: Christopher Jenkins Duração: 105 minutos Nota: 8 Revista MERCADO | Setembro 2011 | 87 mercado sustentabilidade Brasil desperdiça até 42% da água tratada Empresário Herói 2011 Confira a lista das empresas inscritas: A situação do desperdício de água tratada no país é grave, com uma perda entre 37% e 42%. Um percentual aceitável não pode superar os 25%. O alerta vem do Sistema Nacional de Informações sobre o Desenvolvimento (Snis), do Ministério das Cidades. A solução para esse cenário irresponsável, considerando o cenário de crise no abastecimento de água que se avizinha, passa pelo conserto de vazamentos e pelo fim da não contabilização de água, seja por roubo, por falta de aparelhos ou por erros de medição. Transformando o volume de água perdida em valor financeiro, o Snis constatou que o prejuízo atingiu R$ 7 bilhões em 2008. Desse total, 60%, ou o correspondente a R$ 4,2 bilhões, poderiam ser recupera- dos, se fosse melhorada a eficiência. E o quadro pode ser ainda pior, considerando o diagnóstico de outros especialistas, para os quais, 40% da água tratada são consumidos e 60% perdidos. Aridez consome 12 milhões de hectares aráveis por ano O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez um apelo para que a seca e a destruição de terras aráveis sejam temas centrais do desenvolvimento mundial. Na abertura de um encontro reunindo líderes de vários países para debater a questão, ele defendeu que o potencial econômico das áreas em processo de desertificação seja incluído na agenda global. Cálculos da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação indicam que, a cada ano, 12 milhões de hectares se tornam incapazes de produzir alimentos - o equivalente ao tamanho da África do Sul por década. A estimativa é que 2 bilhões de pessoas vivam em áreas 88 | Revista MERCADO | Setembro 2011 com risco de desertificação. Para Ban, a comunidade internacional reage, em geral, tarde demais, quando os custos para solucionar o problema são maiores que os gastos para evitá-lo. Ele citou a situação atual do Chifre da África, onde a seca e a falta de recursos colocam 13 milhões de pessoas em necessidade urgente de ajuda humanitária. Produção de alimentos - Além de afetar a vida da população de áreas atingidas, o processo de desertificação ameaça o abastecimento em todo o mundo. Estudos da ONU apontam que o crescimento da população até 2050 deverá forçar a demanda pela produção de alimentos em 70%. O presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Nazil Al-Nasser, indicou que a questão de- verá ganhar espaço nas atuais discussões de alto nível. Segundo ele, o combate à desertificação só pode ser feito num contexto amplo de desafios globais, como mudanças climáticas, erradicação da pobreza, da fome e do desmatamento. A organização do Empresário Herói enaltece todas essas empresas pela participação, ratificando a tese de que todos os inscritos já são vencedores, por estarem na vanguarda como exemplos para a Sustentabilidade. Isso, independente do resultado da noite de premiação, que acontecerá no dia 9 de novembro em evento especial, em que serão premiados os cases mais abrangentes de diversas categorias. (Fonte: Rádio ONU) Revista MERCADO | Setembro 2011 | 89 mercado ponto de vista Trânsito em Uberlândia: onde está a solução? D ia após dia, motoristas e pedestres brasileiros se veem em meio a uma verdadeira batalha pelo direito de ir e vir quando estão circulando pelas vias públicas, principalmente das grandes cidades. O trânsito de Uberlândia serve de exemplo para esse problema, que tem se agravado cada vez mais. Entre as principais justificativas estão o aumento da frota de veículos e a falta de educação dos cidadãos motoristas e pedestres -, pelo menos isso é o que mais se ouve das autoridades competentes. Alguns até fazem uma mea-culpa incluindo nas justificativas a deficiência no planejamento urbano. Contudo, apesar de evidente, praticamente nenhum governante enfrenta o problema com seriedade, oferecendo apenas soluções paliativas. Enquanto isso, a população é obrigada a se acostumar com esse pesadelo. Quem sai de casa a passeio ou a trabalho para um compromisso com hora marcada vê quase sempre o cronograma estourar por causa do trânsito. Assim se perdem viagens, reuniões de negócios, provas na escola e outras oportunidades mais. Enfim, transtornos provocados pelo trânsito caótico são o que não faltam. Mas, qual seria a solução? Ela existe? Com a palavra, o G7 (*)... Não há dúvida de que, desde a invenção da roda, o gênero humano se apaixonou pelo que hoje conhecemos como automóvel, fazendo dessa paixão motivo de grande evolução tecnológica. Cada novo modelo, cada novo acessório, cada nova cor, nos motiva mais e mais a desejar esse “sonho possível”. O apelo mercadológico, a empregabilidade da indústria automobilística e os cifrões de arrecadação tributária de toda uma cadeia de consumo são argumentos por demais fortes para excluir a opção de transporte coletivo em detrimento do egoísmo capitalista. De nada adianta duplicar pistas, demolir praças, destruir paisagens, se em curto espaço de tempo esses lugares nada mais serão do que meros depósitos de veículos parados e poluentes. Estamos aprendendo de forma amarga que possuir um carro é o melhor argumento para se fazer uma boa caminhada. Conselho Veneráveis do Triângulo A resposta é simples: falta educação de motoristas e pedestres e planejamento a longo prazo por parte dos órgãos responsáveis. E, num segundo momento, deve haver também o envolvimento da sociedade e de instituições representativas. Como exemplo desse último caso, posso citar a iniciativa da FIEMG que, através do ECO Instituto, firmou parceria com a Prefeitura de Uberlândia por meio da Settran com o objetivo de educar melhor as nossas crianças para o trânsito. Como fruto dessa parceria, auxiliamos na construção da Transitolândia, um espaço vivencial de trânsito para crianças e jovens que funciona no Parque do Sabiá. E, para complementar, sou defensor de que os infratores sejam punidos com rigor, mas desde que a multa não seja meramente arrecadatória, mas também educativa e paga com serviços à comunidade. Assim conseguiremos evoluir sensibilizando a todos. Nas últimas gestões pudemos acompanhar uma série de ações que foram adotadas e diversas obras executadas na tentativa de solucionar os problemas do trânsito em Uberlândia. Hoje mesmo, acompanhamos a execução de uma obra grandiosa no cruzamento da Rondon Pacheco com a Avenida João Naves de Ávila. Antes, tivemos construídos os corredores de ônibus urbano, anéis viários e outros projetos que vislumbravam minimizar essa situação. Entretanto, enquanto não houver uma conscientização por parte da população e a utilização de outros meios de transporte que não apenas os automóveis particulares, continuaremos a conviver com este caos. O ritmo de execução das obras não acompanha o crescimento da frota. Eu deixo aqui uma pergunta: você faz a sua parte para resolver esse problema ou acha que ele é de responsabilidade única da administração municipal? 90 | Revista MERCADO | Setembro 2011 A solução está nas atitudes das pessoas de adotar o meio mais econômico de deslocamento, através de veículos particulares, transporte coletivo, motos ou bicicletas, porém buscando como alternativa o deslocamento a pé, que, além de ser uma prática saudável para a saúde, contribui com a forma física. O cidadão precisa ser mais bem educado para que a convivência seja respeitada e reconhecida dentro das reais necessidades de cada um. A prioridade deveria ser o deslocamento coletivo para melhor interatividade entre as pessoas. Nesse sentido, cabe ao poder público promover campanhas educativas voltadas para o incentivo do transporte coletivo, mas também que beneficiem aqueles quem usam as boas práticas de direção. “Estamos vivendo um fenômeno de excesso de veículos em vias que não foram projetadas para receber essa quantidade de automóveis. Algumas mudanças podem contribuir para melhorar o trânsito, dentre elas, podemos citar a melhora do transporte público, tornando-o mais eficiente; a modernização das vias públicas de maior tráfego, como o trabalho que está sendo feito pela Prefeitura de Uberlândia na Avenida Rondon Pacheco; além de outras obras, como a construção de viadutos, alargamento de ruas e avenidas e a criação de vias secundárias alternativas, obras essas que vem sendo feitas pela administração municipal. Outra ação que pode melhorar o trânsito é a retirada de circulação de veículos que causam riscos à população por conta de sua má conservação. Fato é que somos parte da solução desse problema, ou seja, depende de todos nós encontrarmos uma solução.” *Até o fechamento desta edição, as respectivas assessorias de imprensa não enviaram seus comentários. *Até o fechamento desta edição, as respectivas assessorias de imprensa não enviaram seus comentários. (*) A ONG G7 - Grupo dos Sete - é formada por grandes instituições sociais ativas na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. São elas: ACIUB - Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia, CVT - Conselho de Veneráveis do Triângulo, FIEMG Regional Vale do Paranaíba/CINTAP - Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo, OAB/MG 13ª Subseccional de Uberlândia, SRU - Sindicato Rural de Uberlândia e SMU - Sociedade Médica de Uberlândia. Revista MERCADO | Setembro 2011 | 91 mercado in foco O conceituado advogado Décio Freire (foto 1), em evento na CDL, que marcou o lançamento oficial de seu escritório - Décio Freire & Associados - em Uberlândia. O escritório Décio Freire é o segundo maior do país em Advocacia “full service” e na cidade irá funcionar em parceira com o escritório Públio Emílio Rocha e Associados, o maior de Uberaba. Na foto ao lado (2), alguns dos convidados presentes ao evento (da esquerda para a direita): Eduardo Colunna, presidente da Associação Brasileira dos Cons1 1 trutores de Barco (Acobar); Públio Rocha, o advogado parceiro de Décio Freire em Uberlândia; Renata Mesquita, secretária de Meio 2 O advogado Carlos Henrique Mellazo é o novo presidente do Conselho de Veneráveis do Triângulo (CVT) O presidente da Câmara de Comércio do Mercosul e Américas, Miguel Lujan Paletta, durante visita a Uberlândia, em setembro, na sede da FIEMG, onde discutiu a promoção de negócios entra a instituição que representa e o município. 3 4 Flashes de homenagens feitas durante o II Fórum de Gestão Empresarial, em comemoração ao Dia do Administrador, quando profissionais da área receberam o troféu “Mérito Pessoa de Ação em Administração”. Na lista dos agraciados, o gerente da FIEMG Regional Vale do Paranaíba, Carlos Quintiliano (foto 1); o gerente administrativo do DMAE, José Roberto Fernandes (2); o superintendente da Uniube Uberlândia, Marcos Tanner (3); o professor de Administração da UFG - Universidade Federal de Catalão, Solon Bevilagua (4) e o gerente corporativo de suprimentos da Mitsubisch em Catalão, Jorge Maciel (5) 5 92 | Revista MERCADO | Setembro 2011 2 Ambiente e Turismo de Uberaba; Paulo Mequista, vice-prefeito de Uberaba; e Orlei Moreira, jornalista de Uberlândia mercado causos empresariais *Nege Calil é consultor e especialista em gestão de pessoas [email protected] Quem sabe, sabe! (Comunicação eficaz II) Por Nege Calil* Professor Humberto já tinha idade avançada, passava dos 80 no início dos anos 90. Era supervisor de minha supervisora, cheio de títulos nacionais e internacionais. Doutor em vários assuntos, mestre em outros, detentor de uma experiência ímpar em gestão de pessoas, ministrou aulas e palestras em inúmeros congressos mundo afora. Era conhecido por sua fama de encantar plateias com sua forma de comunicação. Podia, como muitos, comportar-se com arrogância. Abriu mão, felizmente, dessa atitude. Pelo contrário, oriundo do interior de São Paulo, tocava viola, curtia uma roda de churrasco e “só uma branquinha aos sábados, pra manter a forma”, como costumava brincar. Era avesso às bajulações; suspeito que, por isso, não tenha criado fama. Conheci essa figura no apartamento de minha supervisora, quando eu ainda era recém-formado. Era 94 | Revista MERCADO | Setembro 2011 notório o peso da idade, as rugas eram marcantes, os óculos grossos, por muito pouco se sentia ofegante e precisava se sentar. E possuía um hábito que, apesar dos constantes feedbacks e reclamações de filhos e noras, insistia em manter: brincar com a parte superior da dentadura. Frequentemente fazia movimentos com a língua, projetando a prótese dentária pra fora e sugando-a de volta. Para muitos uma cena nojenta, para mim, cômica. Mas numa coisa todos concordavam - não era uma atitude apropriada a um professor diante de uma plateia. Moisés, diretor de RH de uma grande corporação, foi pessoalmente falar com o professor em nossa presença. O convite era para que ele realizasse uma introdução breve, antes da aula magna, que seria ministrada por outro consultor mais novo. Esse evento tinha o propósito de inaugurar uma série de outros eventos de treinamentos na empresa. - Professor, preciso que o senhor fale a respeito de Likert, o contexto em que sua teoria foi criada, pois essa será a base de nossa estratégia na capacitação dos líderes da empresa. - Quem? - falou, mostrando certo desentendimento, provavelmente pela surdez de que era acometido em um dos ouvidos. Moisés repetiu em voz alta e o professor assentiu com a cabeça, mostrando que já sabia o que falar. Notando a apreensão do executivo, minha supervisora o acalmou com um leve toque nos ombros: - Fique tranquilo. Vai dar certo. - O senhor terá 20 minutos. Acha que consegue? - falou praticamente gritando aos ouvidos do idoso, que fez sinal positivo. Eu saí de lá apreensivo. Mesmo aprendiz à época, sem qualquer vínculo com a empresa, tinha noção da responsabilidade atribuída ao professor Humberto. O programa estava muito bem elaborado e falhar na inauguração podia jogar por água abaixo sua credibilidade. Duas semanas se passaram, tive acesso ao material criado pelo professor. Ele utilizaria um velho retroprojetor que, para os que são da geração Y, vale a pena esclarecer - trata-se de um aparelho que projetava numa tela ou parede as folhas de acetato (uma espécie de plástico transparente) previamente preparadas. No dia marcado, Humberto amanheceu gripado e rouco. Mesmo assim, não permitia atrasos e saiu cedo de casa. Proibido pela família de dirigir, devido às suas constantes desatenções ao volante que poderiam acarretar um acidente, tomou o ônibus. Sentou-se à janela e, perdido em seus pensamentos, observava a paisagem da capital paulista. O trânsito intenso já naquela época, a poluição... Distraído, começou a brincar com a dentadura e, num gesto mais forte com a língua, deixou-a cair fora do ônibus. Só deu tempo de vê-la ser esmagada por um opala que passava ao lado. Ficou com a parte de baixo da prótese, naturalmente deixando-o com uma aparência nem um pouco agradável. Chegando ao local, bateu desespero na comissão organizadora. Sua dicção estava completamente prejudicada, além da voz rouca. Alguém sugeriu ligar para um dentista, outros queriam buscar uma dentadura improvisada. Cogitou-se cancelar sua apresentação, mas seria uma descortesia. Moisés, muito religioso, apelou aos céus por um milagre. Sua entrada foi anunciada sob alguns aplausos de cortesia. Ele se posicionou ao lado do retroprojetor, colocou as mãos pra trás e olhou fixamente a plateia formada por um grupo de aproximadamente 50 executivos. O silêncio reinou, o público esperando que ele começasse a falar, e nada acontecia. Os minutos passando pareciam horas. O incômodo cresceu na plateia e o desespero caiu sobre a equipe de bastidores. Ouvia-se um “zum zum zum” no auditório, cochichos, comentários maldosos... Até que um dos gerentes de produção se levantou, subiu ao palco e dirigiu-se ao professor. Gentilmente questionou se precisava de algo. Conversaram em voz baixa: - Estou rouco e sem parte da dentadura. Pode traduzir o que eu te falo aqui? - Claro! Permite-me uma sugestão? - Sim! - Retire a parte de baixo da dentadura. Creio que falará melhor. - Você está certo! A partir daí, Humberto iniciou: - Quando aqui cheguei, pela autoridade a mim atribuída, todos esperavam que eu ligasse o retroprojetor e discorresse sobre Rensis Likert. Vocês ouviriam passivamente e, por educação, me aplaudiriam. Aprendemos isso com os professores na escola, no exército e nas empresas. A autoridade fala e o grupo escuta. Vocês, como a grande maioria das pessoas, estão acostumados ao primeiro estilo de liderança de Likert: o autoritário coercivo. Percebendo minha dificuldade, manifestada pelo meu silêncio, esse jovem subiu ao palco. Ouviu-me e ofereceu-me ajuda. Passou a ser meu cúmplice na busca pelo resultado. Esse é o quarto estilo apresentado por Likert - o participativo. Essa atitude dele é o que esperamos do líder no mundo moderno! Ainda existem outros dois estilos intermediários. Mesmo com essa dificuldade de comunicação, vocês querem aprender comigo sobre Likert? Todos juntos? Surgiram os primeiros aplausos entusiasmados e um “sim” em unís- sono. Humberto relatou sobre sua rouquidão e o que ocorrera com a dentadura. A gargalhada foi geral, a turma relaxou e se aproximou mais ainda. Outro gerente levou duas cadeiras, uma ao professor e outra a seu tradutor. Uma moça gentilmente cedeu uma pastilha para aliviar sua rouquidão. Aos poucos, uns e outros, encantados com suas palavras, se sentaram no palco, ali no chão, próximos à sua cadeira. Os sentados ao fundo foram para as cadeiras vazias à frente. Os conceitos do líder consultivo e benevolente foram alvo de perguntas de todos os lados. As transparências foram esquecidas e nasceu um debate recheado de confissões sobre experiências de vários daqueles líderes, que reuniam erros e acertos. Concordaram, discordaram, caçoaram uns dos outros, aprenderam em conjunto. Os 20 minutos se tornaram 90. A pedido da comissão organizadora, o professor concluiu: - Fizemos uma palestra participativa. Liderem suas equipes assim: é tudo que precisam aprender sobre como conduzir pessoas ao resultado, com os respeitados teóricos que vão estudar nos seminários que virão. Foi aplaudido de pé! Moisés respirou com alívio, e seus olhos chegaram a lacrimejar. O resultado de uma boa inauguração fora alcançado. B Revista MERCADO | Setembro 2011 | 95 mercado geral Governo reduz a mistura de etanol à gasolina Percentual cai de 25% para 20%, a partir de 1º de outubro. Medida tem a finalidade de reduzir o consumo de etanol anidro O percentual obrigatório de etanol anidro adicionado à gasolina passará a ser de 20%, a partir de 1º de outubro. A medida foi determinada na Portaria 678, assinada pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. A norma irá vigorar por tempo indeterminado. Até então, o valor fixado da mistura de etanol à gasolina era de 25%, limite máximo estabelecido, conforme a Lei 8.732/1993. A decisão tomada pelo governo federal tem a finalidade de reduzir o consumo de etanol anidro no Brasil. A diminuição da mistura de etanol à gasolina deve provocar a queda de consumo de 160 milhões de litros do combustível por mês. Com isso, as usinas podão aumentar a produção de etanol hidratado, cuja oferta limitada elevou seus preços a patamares superiores aos de competitividade com a gasolina em quase todo o país. Durante a safra 2011/2012, a produção de cana-de-açúcar destinada à indústria sucroalcooleira deve cair 5,6%, chegando a 588,9 milhões de toneladas, de acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento divulgado esta semana. Dessa quantidade, 300,6 milhões de toneladas serão esmagadas para a produção de etanol, que vai gerar 23,6 bilhões de litros do combustível. O volume é 14,7% inferior ao verificado no ciclo 2010/2011. Saiba mais - O percentual obrigatório de adição de etanol anidro à gasolina foi estabelecido pelo artigo 9º da Lei 8723/1993 (Lei de Redução da Emissão de Poluentes.) Pela norma, esse valor da mistura pode ser fixado entre 18% e 25%. As alterações no percentual são determinadas pelo Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima), integrado pelos ministérios da Agricultura, Fazenda, Minas e Energia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O Cima, presidido pelo ministro da Agricultura, foi criado com a função deliberativa sobre as políticas públicas para o setor sucroalcooleiro, de acordo com o Decreto nº 3.546, de 17 de julho de 2000. Fonaje discutirá em novembro sistema dos juizados especiais Agência CNJ O XXX Fonaje - Fórum Nacional de Juizados Especiais - será realizado em São Paulo nos dias 16 e 18 de novembro, com o tema “Juizados Especiais: a dignidade do sistema”. As reuniões, que terão como objetivo discutir o aprimoramento do sistema dos juizados especiais, serão realizadas em auditórios próprios do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), no centro da capital paulista. O Fonaje tem como missão congregar magistrados do sistema de juizados especiais e suas turmas recursais, bem como uniformizar procedimentos, expedir enunciados, acompanhar, analisar e estudar os projetos legislativos e promover o referido sistema. Tem, ainda, o objetivo de colaborar com os poderes Judiciário, Legislativo e Executivo da União, dos Estados e do Distrito Federal, bem como com os órgãos públicos e entidades privadas, para o aprimoramento da prestação jurisdicional. A programação inclui palestras e discussões em grupos de trabalho, além da eleição da nova diretoria do fórum. Os coordenadores solicitam aos magistrados participantes que providenciem suas inscrições, preferencialmente até 15 de outubro. Qualquer dúvida poderá ser esclarecida no Cerimonial do TJSP pelos telefones (11) 3105-9513/3106-1476/3242-0521. 96 | Revista MERCADO | Setembro 2011 Atuar em área de pobreza dará bônus para residência médica Recém-formados que optarem por atuar na Atenção Básica em regiões carentes do país terão pontuação extra no exame. Serão duas mil vagas O Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, lançou no início deste mês mais uma ação estratégica para atrair médicos para atuarem em Unidades Básicas de Saúde (UBS) em municípios onde há carência desses profissionais. O Programa de Valorização dos Profissionais na Atenção Básica vai conceder até 20% de pontuação adicional na nota final das provas de residência aos egressos do curso de Medicina que optarem por atuar nos municípios de extrema pobreza e em periferias das grandes metrópoles. A bonificação já poderá ser utilizada nos exames que serão realizados em novembro de 2012. Pelo programa, serão abertas duas mil vagas, que poderão ser preenchidas a partir de fevereiro de 2012. “A concessão do benefício representa um avanço. Consideramos que essa é uma das maneiras mais efetivas de disponibilizar, de forma rápida, médicos para ampliar a assistência à população”, afirma o chefe de gabinete do Ministério da Saúde, Mozart Sales. Segundo ele, o benefício da pontuação na residência trará vantagem aos estudantes, já que atualmente há uma concorrência exacerbada por vaga (são, em média, 10 mil vagas para 13.800 formandos ao ano). “A intenção também é valorizar na prova de residência o profissional que ganha experiência prática atuando na Atenção Básica, área estratégica na atenção à saúde pública”, acrescenta. As medidas foram publicadas na portaria 2.087 do Diário Oficial da União, e estão acordadas entre o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Residência Médica, o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS), o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) e outras entidades de classe. (Confira matéria completa em www.saude.gov.br) A mercado geral Uberlândia é pré-selecionada para receber seleções das Olimpíadas de 2016 O cenário esportivo de Uberlândia tem sido reconhecido internacionalmente por diversas agremiações e entidades. Dessa vez, a cidade ganhará ainda mais visibilidade com a possibilidade de receber uma seleção olímpica e/ou paraolímpica nos Jogos de 2016. Recentemente, o município foi pré-selecionado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como uma das cidades mineiras a ter esse privilégio. Em breve, equipes técnicas do Comitê e grupos esportivos irão visitar a cidade para avaliar o município e os locais selecionados, como a Vila Olímpica do Sesi Gravatás, a Arena Multiuso Tancredo Neves (Sabiazinho) e o Estádio Parque do Sabiá. Gasmig pode antecipar gasoduto em Uberlândia Da Redação A construção do gasoduto para atender Uberlândia e região pode ser antecipada. A informação é do diretor de Conservação de Energia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Saulo de Souza Queiroz, que participou de reunião da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada na cidade neste mês de setembro. Segundo Queiroz, a extensão do gasoduto de São Carlos (SP) até Uberaba deve ser finalizada até 2014, mas o ramal para levar o gás até Uberlândia pode ser construído paralelamente. A decisão sobre a antecipação do cronograma de atendimento do Triângulo Mineiro deve ser tomada pelo Governo do Estado até 2012, ainda de acordo com o representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Para levar o gás natural de São Carlos a Uberaba, é preciso construir 290 quilômetros de dutos. De Uberaba a Uberlândia, são mais 110 km. O gasoduto será construído pela Gasmig em parceria com a Cemig, e vai demandar investimentos da ordem de R$ 400 milhões. Devem ser gerados cerca de 1,3 mil empregos diretos e indiretos, conforme informações de Saulo Queiroz. O gasoduto foi projetado para atender à demanda da Petrobras, que vai construir em Uberaba uma fábrica de amônia, matéria-prima para a produção de fertilizantes. Somente para Uberaba, a demanda prevista é de 1,3 milhão de metros cúbicos de gás. Para o restante do Triângulo Mineiro, a estimativa é de 1 milhão de metros cúbicos. Inicialmente, o gás natural deve atender à demanda industrial e comercial. Para as indústrias, a substituição da energia elétrica pelo gás pode representar uma economia de 10% a 15%, segundo Saulo Queiroz. “O gás é um atrativo para as indústrias, em comparação com as altas tarifas e impostos incidentes sobre a energia elétrica”, explicou. Uberlândia é referência em serviço público de saneamento Cidade é a primeira de Minas e a segunda do Brasil que mais investe em saneamento básico Da Secom/Udi Levantamento nacional realizado para avaliar a prestação de serviços na área de saneamento básico aponta Uberlândia como um dos municípios que mais investiram no setor. Das 81 maiores cidades brasileiras pesquisadas, com mais de 300 mil habitantes, Uberlândia ficou em segundo lugar. A apuração teve como base o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do ano de 2009, recém-divulgado pelo Ministério das Cidades. No conjunto dos indicadores avaliados, Uberlândia ficou atrás somente de Santos (SP), sendo, portanto, a primeira cidade do Estado de Minas Gerais com operação de saneamento básico executado por um órgão municipal. No ranking do ano de 2008, Uberlândia ficou em 4º lugar. O estudo é do Instituto Trata Brasil, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) de responsabilidade socioambiental que visa à mobilização dos diversos segmentos da sociedade para garantir a universalização do saneamento no país. As informações são fornecidas espontaneamente pelas empresas prestadoras dos serviços nas cidades avaliadas. No estudo, foram considerados diversos indicadores para classificar os municípios no ranking de evolução. Os 10 melhores posicionados foram aqueles que se destacaram em relação ao volume de investimentos, redução de perdas de água tratada e pequenos aumentos na tarifa média cobrada. B 98 | Revista MERCADO | Setembro 2011