caderno de resumos da jornada heidegger

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caderno de resumos da jornada heidegger
ISSN 2317-7411
CADERNO DE RESUMOS DA
JORNADA HEIDEGGER
VOLUME 4, 2012
Publicação do NEXT-Núcleo de Estudos sobre Existência
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Caicó – RN
CADERNO DE RESUMOS DA
JORNADA HEIDEGGER
VOLUME 4, 2012
ISSN 2317-7411
Publicação do NEXT-Núcleo de Estudos sobre Existência
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Caicó – RN
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CADERNO DE RESUMOS DA JORNADA HEIDEGGER
Publicação do NEXT-Núcleo de Estudos sobre Existência
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SUMÁRIO
Apresentação
7
Sobre a essência do movimento histórico da tradição
Rainri Back dos Santos
9
Heidegger e Gadamer em diálogo: sobre a obra de arte
Gustavo Silvano Batista
10
Notas metodológicas a partir da destruição heideggeriana do
Tratado do tempo de Aristóteles
Vitor Sommavilla de Souza Barros
11
A interpretação privativa e o método comparativo como vias de acesso
à ontologia da vida em Heidegger
Rodolfo da Silva de Souza
12
Observações sobre o chamado método das indicações formais
Fábio François Mendonça da Fonseca
14
A abertura heideggeriana à luz de Wittgenstein
Maria Priscilla Vieira Coelho Familiar
16
O invisível e o nada: o surgimento do lugar no pensamento de
Heidegger
Lis Helena Aschermann Keuchegerian
17
Transcendência em Heidegger: sobre o Nada
Luciano Gomes Brazil
18
Sobre a tematização heideggeriana da historiografia
Marcelo de Mello Rangel
19
Heidegger e Hegel: a crítica à “Metafísica do Absoluto”
Fábio Coelho Malaguti
20
Heidegger e a onto-teo-logia
Frederico Pieper
21
A cotidianidade e a transformação dos conceitos filosóficos
(1929-1930)
Itamar Soares Veiga
22
Sobre as conferências de Bremen
Alfredo Henrique de Oliveira Marques
23
A interpretação fenomenológica heideggeriana do movimento
existencial no livro X das Confissões de Santo Agostinho
Suelma de Souza Moraes
24
O pensamento filosófico e a pré-compreensão a partir de Heidegger e
Agostinho
Thiago Leite Cabrera Pereira da Rosa
25
O peso da facticidade
Marcos Daniel Lopes
26
Apresentação
A IV Jornada Heidegger – Horizontes confirmou o contínuo
crescimento e amadurecimento do congresso, resultando de uma feliz
parceria com o NEED-Núcleo de Estudos em Ética e Desconstrução,
coordenado pelo professor Paulo César Duque-Estrada, da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), instituição que desta vez
sediou as atividades. O êxito dessa edição é especialmente devido ao
inestimável empenho dos colaboradores no Rio de Janeiro e, ao lado disto, à
grande adesão da comunidade acadêmica, a todos cabendo especial
agradecimento. Foram mais de trinta os trabalhos incluídos na programação
mediante uma criteriosa seleção a partir de um elevado número de propostas
de comunicação oriundas das diversas partes do país e mesmo do exterior.
Assim, optamos por publicar a íntegra dos resumos das comunicações
programadas em dois volumes. Neste quarto volume, registramos os resumos
dos trabalhos incluídos nas sessões vespertinas ocorridas nos dois primeiros
dias do congresso, 19 e 20 de março de 2012, respeitada a ordem do
programa.
Dax Moraes
Organizador
9
Sobre a essência do movimento histórico da tradição
Rainri Back dos Santos 
Quando se trata de interpretar uma época temporalmente
distante daquela na qual vive quem pretende compreendê-la,
muitos historiadores ainda parecem considerar plausível o
emprego do seguinte procedimento. Segundo eles, seria preciso
sair do horizonte contemporâneo e se deslocar até o horizonte
passado, a fim de compreendê-lo objetivamente, segundo os
próprios padrões da época em questão. Contra esse preconceito
metodológico, Gadamer argumenta que não haveria dois, mas
apenas um único horizonte em constante movimento. No
entanto, tal crítica à historiografia parece se converter em um
problema para Gadamer. A “fusão de horizontes” pode ser
considerada o conceito mais importante da hermenêutica
filosófica. Ora, para haver uma fusão, parecem ser necessárias ao
menos duas coisas que se fundem uma na outra. Todavia, se há
apenas um horizonte, segundo Gadamer diz ao criticar a
metodologia da historiografia, como seria possível, então, algo
como uma “fusão de horizontes”? Para responder tal pergunta, a
comunicação pretende apresentar aquilo que parece ser a própria
essência da tradição: o movimento de contínua intermediação de si consigo
mesma.
Palavras-chave: Fusão; horizonte; intermediação.

Doutorando na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
10
Heidegger e Gadamer em diálogo:
sobre a obra de arte
Gustavo Silvano Batista 
A comunicação pretende apontar algumas perspectivas de
aproximação e distanciamento entre as reflexões de Heidegger e
Gadamer sobre a obra de arte. Para tanto, tomaremos a
introdução da obra Holzwege, escrita por Gadamer a pedido de
Heidegger, por ocasião de uma nova edição revista, na década de
50. Tal texto – que acreditamos ser um dos momentos mais
importantes de diálogo entre os dois pensadores e no qual o
próprio Gadamer diz-se surpreendido com a inesperada
tematização heideggeriana da obra de arte – abre-nos um
horizonte de discussão no qual o próprio Heidegger se dispôs e
no qual Gadamer se engajou. Neste sentido, nosso texto pretende
discutir esse diálogo a partir de dois traços que Gadamer
compartilha com Heidegger, a saber, uma constante descrença no
domínio cada vez maior da tecnociência e um olhar privilegiado
para a arte como uma esfera que se preserva a esse mesmo
domínio.
Palavras-chave: Obra de arte; Gadamer; Heidegger.

Professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e doutorando em Filosofia na Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Volume 4, 2012
11
Notas metodológicas a partir da destruição
heideggeriana do Tratado do tempo de Aristóteles
Vitor Sommavilla de Souza Barros 
Pretende-se analisar a interpretação feita por Martin
Heidegger do chamado “Tratado do tempo” de Aristóteles, em
Ser e tempo e demais obras conexas. A terceira seção da segunda
parte de Ser e tempo seria dedicada ao comentário do tratado
aristotélico mencionado, mas acabou não sendo redigida.
Entretanto, outros textos do período, associados a passagens da
obra máxima de Heidegger, permitem discernir os traços
fundamentais dessa interpretação. A tentativa será de mostrar o
quanto a relação de Heidegger com a Física, de Aristóteles, em
geral, e com o texto sobre o tempo em particular, é representativa
do modo como Heidegger acredita que a filosofia devia ser então
levada a cabo. A análise do texto aristotélico em questão não
somente respeita o propósito heideggeriano de abordar o ser (e a
história do discurso sobre ele – a Metafísica) em sua relação com
o tempo. Essa análise também atua, por um lado, sobre a fonte
principal (Aristóteles) da metafísica ocidental, a fim de rastrear a
origem de noções desde então assumidas como óbvias, e, por
outro, sobre um texto (o da Física) no qual diversas noções
interessantes e passíveis de receber novas ênfases ontológicas
estão presentes, tais como movimento, privação, potência. Assim,
nessa leitura de Aristóteles, a destruição heideggeriana ganha uma
de suas mais elevadas clarezas metodológicas.
Palavras-chave:
método.

Tempo; destruição; Heidegger; Aristóteles;
Mestrando em Filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
12
A interpretação privativa e método comparativo como
vias de acesso à ontologia da vida em Heidegger
Rodolfo da Silva de Souza 
Importantes análises interpretativas, efetuadas por
pesquisadores como M. Calarco, Manfried Riedel, J. Rouse, entre
outros, no tocante ao tema da natureza e da vida na hermenêutica
de Heidegger, foram realizadas nas duas últimas décadas. A
retomada desse tema é importante, pois uma das principais
acusações dirigidas a Heidegger consiste na aparente falta de
problematização mais detida do tema da natureza no seio da
ontologia existencial. Em Ser e tempo e Os conceitos fundamentais da
Metafísica, Heidegger elege o domínio ontológico da vida como
propedêutica à temática da natureza, e chama o método
interpretativo de acesso ao modo de ser da vida de “interpretação
privativa”. A interpretação privativa consistiria em uma operação
fenomenológica de caráter destrutivo que procura desvelar as
estruturas ontológicas que estão pressupostas em todos os nossos
comportamentos para com entes vivos. Nossa comunicação
dividir-se-á em três partes: 1) Apresentação do tema de uma
possível ontologia da vida na obra de Heidegger; 2) A
interpretação privativa enquanto método fenomenológico para se
delimitar o lugar de fenomenalização da vida; e 3) por último,
faremos algumas breves considerações acerca do complemento
metodológico da interpretação privativa, o método comparativo,

Doutorando em Filosofia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Volume 4, 2012
13
que consiste em uma tematização positiva do estatuto ontológico
da vida em cooperação com as ciências biológicas.
Palavras-chave: Ciência; fenomenologia; vida; mundo; privação.
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
14
Observações sobre o chamado método das
indicações formais
Fábio François Mendonça da Fonseca 
O trabalho considera a reivindicação de que nas assim
chamadas indicações formais a filosofia encontraria um método
de investigação e seu procedimento peculiar. Faz-se necessário
elucidar de que se trata o alegado caráter indicativo formal das
enunciações e conceitos filosóficos, e que ganho metodológico
específico ele representa para a argumentação de Ser e tempo.
Seguirei como fio condutor inicial o tratamento dado por Daniel
Dahlstrom. Três pontos serão examinados: O paradoxo de
tematização que ronda o conceito pré-teórico de verdade
proposto por Heidegger e que reivindica a consideração
metodológica; a função proibitiva-referencial que previne
abordagens predicativas encobridoras do modo de ser do ser-aí; a
função reversivo-transformacional que conduz o interlocutor a
descerrar sua possibilidade mais própria de existência na
singularidade histórica da temporalidade originária. Afinal, tentarei
propor que, não tanto um método para obter um tipo específico
de evidência, a indicação formal é um recurso discursivo não
necessariamente restrito à filosofia, e que cumpre um papel
retórico necessário, mas não suficiente, na argumentação de
Heidegger, que ainda precisa recorrer à hermenêutica da
cotidianidade e, em particular, de disposições afetivas

Doutorando em Filosofia no Programa de Pós-Graduação em Lógica e Metafísica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGLM/IFCS/UFRJ).
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15
fundamentais, o que por seu lado presume um acesso discursivo a
todo desvelamento.
Palavras-chave: Verdade; indicação formal; desvelamento.
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
16
A abertura heideggeriana à luz de Wittgenstein
Maria Priscilla Vieira Coelho Familiar 
Com a ajuda de alguns elementos do pensamento de
Wittgenstein, pretende-se repensar a proposta heideggeriana de
abertura para o Ser. Tal estudo ganha relevância maior diante da
leitura que é feita por Derrida deste projeto como sendo, na
verdade, um fechamento. Almeja-se mostrar que tal interpretação,
apesar de reconhecer o valor da herança herdada, subestimou as
conquistas de Heidegger. Para isso, debruçar-me-ei sobre as
noções de negação e totalidade em Wittgenstein e Heidegger. Isso
será feito a partir da tradicional questão metafísica: “Por que há
antes o ente e não o nada?”. Wittgenstein estabelece a
impossibilidade da negação da totalidade das possibilidades de
estados-de-coisas. Já o sentimento dessa totalidade como limitada
parece ser considerado por ele legítimo. Em que medida isso se
aproxima do vislumbre de uma oscilação a que Heidegger se
refere no início de Introdução à metafísica? Como as noções de
negação e totalidade ajudam a deixar mais claros os termos Ser,
ente, outro e Outro? Com o auxílio dessas elucidações, pretendese alcançar o objetivo proposto.
Palavras-chave: Negação; totalidade; limite.

Mestranda em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeito (PUC-Rio).
Volume 4, 2012
17
O invisível e o nada:
o surgimento do lugar no pensamento de Heidegger
Lis Helena Aschermann Keuchegerian 
O trabalho quer apresentar o invisível como o espaço livre,
doador de lugar, a partir do qual o visível se ergue e constrói,
baseando-se especialmente na obra Observações sobre arte – escultura
– espaço. Heidegger dedicou dois escritos seus a esculturas e
escultores elucidando e atribuindo novos contornos às idéias de
corpo, espaço, verdade e lugar em seu pensamento. A obra de arte,
tema de discussão desse texto, reúne em si o visível e o invisível.
O invisível delineia o visível a partir do desconhecido, esculpido a
partir do nada.
Palavras-chave: Heidegger; espaço; arte.

Doutoranda em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
18
Transcendência em Heidegger: sobre o Nada
Luciano Gomes Brazil 
A comunicação irá tratar e relacionar os temas da
transcendência e do Nada no pensamento do filósofo alemão
Martin Heidegger. Serão usadas passagens da obra Ser e tempo, do
ensaio “Sobre a essência do fundamento” e da preleção Os conceitos
fundamentais da Metafísica: mundo – finitude – solidão.
Palavras-chave: Heidegger; ontologia; filosofia contemporânea.

Mestrando em Filosofia no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (PPGF/IFCS/UFRJ).
Volume 4, 2012
19
Sobre a tematização heideggeriana da historiografia
Marcelo de Mello Rangel 
Trataremos do parágrafo 76 de Ser e tempo, evidenciando a
compreensão heideggeriana de que a historiografia é, em seu
fundamento, uma possibilidade aberta pela historicidade própria
do ser-aí. Sendo ainda mais claro, a historiografia é possível a
partir da existência do ser-aí, antecipando-se ao mundo que é o
seu “hoje”. Antecipando-se ao mundo que é o seu, no interior do
qual se encontra na origem e na maioria das vezes, o ser-aí se abre
para um conjunto finito de possibilidades até então obscurecidas
no interior do impessoal. Antecipando-se, o ser-aí libera sentidos
e significados rearticulando, através da própria historiografia, o
passado, no presente, em nome do futuro, temporalizando a
temporalidade, e isto no caso da historiografia própria. Enfim,
evidenciaremos que a tematização da historiografia no interior do
texto heideggeriano possui os objetivos específicos de: 1)
evidenciar que o passado aparece e é organizado pela
historiografia já a partir da existência do ser-aí, ou melhor, da
relação fundamental entre a negatividade do ser-aí e sua situação;
e 2) preparar a destruição da História da Filosofia, fundada em
estruturas interpretativas prévias, ou ainda, em versões finais dos
sistemas
filosóficos
disponibilizados
pelo
presente,
incessantemente.
Palavras-chave: Historicidade; historiografia; fenomenologia.

Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e
doutorando em Filosofia no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (PPGF/IFCS/UFRJ). Atualmente em estágio pós-doutoral na
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
20
Heidegger e Hegel:
a crítica à “Metafísica do Absoluto”
Fábio Coelho Malaguti 
A crítica de Heidegger ao pensamento de Hegel através da
noção de “onto-teo-logia” e sua interpretação do sistema
hegeliano como “Metafísica do Absoluto” são o objeto da
comunicação. A partir de alguns textos e anotações de Heidegger
recém-publicados, busco melhor compreender as relações entre os
pensamentos de Heidegger e Hegel. Minha exposição consiste em
dois momentos. Primeiramente, organizarei os principais
movimentos da crítica de Heidegger à “Metafísica do Absoluto”,
tal como expressos nos seguintes escritos publicados no volume
86 da Heidegger-Gesamtausgabe: o “Colóquio sobre Dialética”
(“Colloqium über Dialektik”), de 1952, “Verdade do ser” (“Wahrheit
des Seins”), de 1956, e “Conversa com Hegel sobre a questão do
pensamento” (“Gespräch von der Sache des Denkens mit Hegel”), do
semestre de inverno 1956/57; posteriormente, farei a comparação
de tal interpretação do sistema hegeliano com a nova recepção da
obra de Hegel, que se caracteriza pela nova edição do corpus
hegeliano.
Palavras-chave: Dialética; ser; pensamento.

Doutorando em Filosofia no Arquivo-Hegel/Centro de Pesquisas de Filosofia Clássica
Alemã da Ruhr-Universität Bochum, Alemanha.
Volume 4, 2012
21
Heidegger e a onto-teo-logia
Frederico Pieper 
A comunicação trata da apropriação e significado da
expressão “onto-teo-logia” no pensamento de Heidegger. Num
primeiro momento, busca-se mostrar como, no diálogo
estabelecido na década de 20 com textos de Aristóteles, Heidegger
define os termos aqui envolvidos apontando a tensão entre
ontologia e teologia na filosofia primeira, apontando na direção de
uma ontologia desvinculada da teologia. No entanto, na virada
para década de 30, com a leitura de filósofos do idealismo alemão
(principalmente Hegel), aprofunda-se esta primeira perspectiva
passando a pensar a unidade entre teologia e ontologia como
estrutura da metafísica e aquilo que é “mais digno de ser
pensado”. Neste contexto, interessa a ele a unidade causal
estabelecida pelo “e” na afirmação de que a metafísica estuda os
entes no sentido daquilo que possuem em comum e do ente na
totalidade. A comunicação objetiva indicar como, neste contexto
de diálogo com Hegel e para expressar esta unidade, Heidegger se
apropria da expressão kantiana “onto-teo-logia”, conferindo-lhe
sentido mais amplo. Como consequência, seu projeto filosófico
não tem mais em vista a possibilidade de uma ontologia
desvinculada da teologia, mas se iniciam os primeiros movimentos
na direção de proposição de superação da metafísica.
Palavras-chave: Onto-teo-logia; metafísica; unidade.

Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Federal
de Juiz de Fora (UFJF), doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São
Paulo (UMESP) e doutorando em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
22
A cotidianidade e a transformação dos conceitos
filosóficos (1929-1930)
Itamar Soares Veiga 
A cotidianidade em Ser e tempo integra a condição de ser-nomundo do ser-aí. Ela é uma positividade. Esta positividade evita
um afastamento entre ser-aí e o mundo. Na obra de 1929-30,
Conceitos fundamentais da metafísica, o propósito é diferente e provoca
um destaque para elementos implícitos de Ser e tempo. Isto ocorre
porque se exemplifica os modos de ser do Dasein em função do
caráter comparativo com os seres animados e inanimados. No
parágrafo 70 da obra de 29/30, Heidegger diz que os conceitos
filosóficos são indicações-formais. Diante deste contexto, esta
pesquisa objetiva estabelecer as vinculações entre ambas as obras.
Assim, a pergunta condutora é: qual é o papel da cotidianidade
frente à interpretação tradicional dos conceitos filosóficos no
parágrafo 70 do curso de 29/30? A referência explícita à decaída
(Verfallenheit) no texto de 1929-30 exige uma passagem do âmbito
da descrição ontológico-existencial para o âmbito abstrato da
discussão filosófica. A resposta deve mostrar que a decaída, que é
um existencial e, por isso, uma indicação-formal, serve como uma
explicação da ausência de radicalidade dos conceitos concebidos
pela tradição filosófica. Isto aproxima ambas as obras.
Palavras-chave:
filosóficos.

Cotidianidade; indicações-formais; conceitos
Doutor em Filosofia, professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Filosofia
da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Volume 4, 2012
23
Sobre as conferências de Bremen
Alfredo Henrique de Oliveira Marques 
No ano de 1949, Heidegger proferiu, desde o título Einblick
in das was ist (Lançar um olhar para dentro do que é), quatro
conferências, a saber, “Das Ding” (“A coisa”), “Das Ge-Stell” (“O
dispositivo”), “Die Gefahr” (“O perigo”), “Die Kehre” (“A volta”).
Apesar de, ainda hoje, ser inédita a terceira conferência, o
chamamento desta está presente não somente nas conferências
em Bremen, mas em toda sua obra. O que se pretende por cá é
trazer à frente o cordão semântico que sustenta os anúncios de
Heidegger no inverno de 1949, isto é, pensar a noção fundamental
que anuncia o verdadeiro perigo de nossa época.
Palavras-chave: Volta; metafísica; possibilidade.

Graduado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
24
A interpretação fenomenológica heideggeriana
do movimento existencial no livro X das Confissões
de Santo Agostinho
Suelma de Souza Moraes 
O artigo versa sobre uma interpretação heideggeriana do
“conhecimento de si mesmo” em duas obras: Ser e tempo e
Fenomenologia da vida religiosa. De modo significativo contribui com
uma análise crítica para a compreensão do movimento do sentido
existencial na interpretação do livro X das Confissões,
desenvolvendo
duas
interpretações
de
compreensão
fenomenológicas: a primeira, a historialidade; e, a segunda, a
fenomenologia da intencionalidade com base na faticidade, em
que apresenta as inquietações da fala interior da confissão.
Heidegger procura concretamente os graus possíveis de
interpretação que mostrem a relação com “si mesmo” e que sejam
capazes de guiar o interpretar genuíno e convertê-lo em algo
especial. Desse modo, procura mostrar como vem fundamentado
o confitere (confessar-se) e o considera como ponto de partida
fundamental para a interpretação do livro X: “quæstio mihi factus
sum” (“converti-me num problema para mim mesmo”). Esse
ponto de partida passa a ser algo determinante na interpretação
dos nexos entre a experiência do mundo compartilhado e o
conhecimento disponível sobre o mundo ao redor. Para tanto,
apresenta como diferenciais para a interpretação: a memória e a
vontade.
Palavras-chave: Confissão; presença; vontade.

Doutora em Ciências da Religião, professora na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Volume 4, 2012
25
O pensamento filosófico e a pré-compreensão
a partir de Heidegger e Agostinho
Thiago Leite Cabrera Pereira da Rosa 
Pensar filosoficamente, segundo certa interpretação corrente,
consiste em explicitar, desdobrar o implícito, aquilo que está
desde sempre fundamentalmente vigente. A busca de Deus na
memória e a investigação do tempo, empreendidas por Agostinho
nos livros X e XI das Confissões, são bons exemplos dessa
interpretação da filosofia. Inegáveis fontes de Heidegger para a
sua tese sobre o esquecimento do ser, estas extraordinárias
passagens do texto agostinano talvez merecessem ser repensadas a
partir de noções heideggerianas como a pré-compreensão e o
horizonte. Ao aproximar e contrastar os dois filósofos, pretendese reformular a questão agostiniana do conhecimento a priori nos
termos possivelmente mais originários da reflexão filosóficohermenêutica defendida por Heidegger desde Ser e tempo.
Palavras-chave: Pré-compreensão; horizonte; pensamento.

Doutorando em Filosofia no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (PPGF/IFCS/UFRJ) e professor substituto do curso de Filosofia
da mesma instituição.
Caderno de Resumos da Jornada Heidegger
26
O peso da facticidade
Marcos Daniel Lopes 
Trataremos do sentido da mobilidade daquilo que Heidegger
chamou de “vida fáctica” nas primeiras preleções de Friburgo
(1919-1921). As indicações que ali ganham forma apontam para
fenômenos como o decair (Abfallen) e a preocupação (Bekümmerung) –
precursores da decadência (Verfallenheit) e da cura (Sorge) em Ser e
tempo. Recorreremos, pois, à coletânea de preleções reunidas no
tomo 60 da Gesamtausgabe, sobretudo ao curso sobre o Livro X das
Confissões de Agostinho. Buscando a reverberação dos motivos
agostinianos nas acepções conceituais esquematizadas por
Heidegger, pensamos poder conquistar uma melhor compreensão
acerca do sentido interpretativo que perpassa as suas
considerações sobre a vida fáctica: a dispersão, o peso e o conflito.
Palavras-chave: Decadência; tentação; cura.

Mestrando em Filosofia na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Volume 4, 2012

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