Mais informação sobre Espaço escultórico
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Mais informação sobre Espaço escultórico
É Parque Escultórico Este museu ao ar livre estende-se pela península da Torre, Ponta Hermínia, O Acoroado e o Cabal de Pradeira, ao longo de 47 ha, ou seja, ocupando parte dos limites da zona do entorno da Torre (core zone). As esculturas distribuem-se no espaço que rodeia a Torre, num jogo de perspectivas muito sugerente e em diálogo permanente com o próprio monumento. A temática escolhida pelos artistas pode se ordenar em torno a várias vias temáticas: Os relatos mitológicos que vinculam a fundação da Torre com o próprio Hércules ou com o caudilho celta Breogão, ao que a historiografia do século XIX relaciona com a origem do próprio monumento. As referências ao mundo do mar, à navegação e às rotas que nos falam dessa vocação marinheira que aparece intrinsecamente unida ao passado do pobo galego desde os inícios da sua história. Neste espaço escultórico integraram-se uma série de elementos preexistentes que se explicam dentro do seu contexto histórico por meio de painéis informativos que difundem o valor que têm dentro deste lugar. Entre eles podemos destacar: o Monte dos Bicos (em galego bico significa „beijo‟), o Cemitério Mouro e as balizas que ajudam à navegação. O Monte dos Bicos é a testemunha mais antiga que se conserva da presença do homem na península da Torre. Trata-se de um jazimento pré-histórico que se encontra situado na Ponta Hermínia, em frente à Torre de Hércules, na parte mais elevada da península sobre um promontório desde o que se vê todo o Golfo Ártabro. Ali, num afloramento rocoso, foram localizados uns petróglifos de complexa interpretação. As representações estão dispostas de forma anárquica pela superfície pétrea, combinadas formas geométricas com cruzes e signos. Segundo os arqueólogos, estas pinturas podem datar-se na Idade do Ferro. Próxima a esta grande penha encontrou-se outra de menor tamanho que, com o objectivo de protegê-la, foi transladada ao Museu Arqueológico onde está depositada e hoje pode ser contemplada. As duas rocas são testemunhas irrefutáveis da presença do homem nesta zona e do valor simbólico que deviam de ter estes terrenos para os habitantes do noroeste peninsular antes da chegada dos romanos. O Cemitério Mouro encontra-se no Cabal de Pradeira, muito perto do Campo da Rata. É uma edificação de planta rectangular, delimitada por um muro de fechamento e com uma portada como único acesso que apresenta o característico arco de fechadura. Num dos cantos deste jardim, encontra-se uma capela coberta por uma cúpula com o seu extradorso recuberto e decorado com cerâmicas envidraçadas. Foi construido durante a Guerra Civil espanhola (1936-1939) para enterrar nele os soldados da religião musulmana, que não queriam inumar-se nos campos-santos cristãos. Os corpos destes soldados permaneceram aqui até que foram transladados na década dos anos sessenta ao cemitério de Santo Amaro. A partir deste momento, o cemitério mouro perdeu a sua função, mas não se derrubou. O mato e a vegetação cubriram-no e assim permaneceu esquecido até os anos noventa, quando se melhorou todo o entorno da Torre e se recuperou o cemitério. No ano 2006 a Prefeitura de A Corunha impulsou um interessante projecto para este imóvel. Nele criou A Casa das Palavras, símbolo do diálogo entre civilizações. Para isso foi restaurado o conjunto e colocaram-se uns painéis de azulejos nos que se repetem em distintas línguas uma selecção de fragmentos de textos clássicos, relacionados com a cidade de A Corunha e a Torre de Hércules. Este projecto foi dirigido pelo arquitecto Juan López Heredia e apoiado pela Subdirecção Geral do Instituto de Património Histórico, dependente do Ministério de Cultura do Governo da Espanha, com a colaboração da Prefeitura de A Corunha. Ademais destes restos de interesse arqueológico e histórico, localizam-se ao norte da Ponta Eiras, ao pé da Torre sobre a falésia, duas balizas que se utilizam os dias de nevoeiro espesso para avisar dos perigos da costa. Trata-se de uma sirene de vibradores electromagnéticos com apitos, construida em 1973, e um radiofarol que começou a funcionar em 1977. Como as testemunhas escultóricas aparecem disseminadas por uma superfície de 47 ha, considerámos oportuno, para uma melhor localização, elaborar um mapa no que apareçam identificados com a sua localização correspondente. As duas primeiras obras escultóricas encontramo-las na própria Torre. No acesso à plataforma, junto à escada imperial, localiza-se um Retrato do rei Carlos III, o monarca baixo cujo o reinado iniciaram-se as obras de remodelação da Torre. O modelo para a escultura foi tomado do famoso retrato que Francisco de Goya fez ao rei com roupa de caça, acompanhado do cão que descansa aos seus pés. É A segunda intervenção são As portas de Hércules, de Francisco Leiro (Vilagarcía de Arousa, Pontevedra, 1957), ao que se lhe recomendou a realização das portas de bronze de acesso à Torre e uma escultura de Hércules que se encontra na entrada às escavações. Para as duas portas busca inspiração nas lendas e mitos que rodeiam o monumento para decorá-las. Reproduz em cada uma das portas a imposta helicoidal ascendente que recorre as fachadas da Torre e que lhe serve para delimitar as cenas. Toma como base o relato da Historia de España de Afonso X, o Sábio e recreia a luta de Hércules e Gerião, o episódio no que o herói clássico corta a cabeça do gigante ou quando lhe confia a Crunia a manutenção do farol romano, a partir das propostas de Cornide Saavedra, e a subida das carroças carregadas de lenha pela rampa perimetral externa. A representação de Hércules mostra ao herói no momento de levantar a sua clava para assestar um golpe certeiro ao seu inimigo. É uma escultura de bronze, madeira e couro. A combinação de materiais incrementa a sensação de realismo e contrubui a dar uma sensação de movimento. A zona do entorno da Torre (core zone) é um espaço destinado ao ócio e ao lazer das pessoas que se aproximam ao monumento, por isso as ladeiras que descendem até as falésias, onde bate com força o mar, estão surcadas por pequenas sendas que vão rodeando toda a península e que permitem ao visitante apreciar umas vistas espectaculares tanto da Torre como de um litoral agreste e acidentado contra o que rompem com força as ondas do Atlântico. Esta rede de caminhos permite estabelecer uns itinerários que graças às sinalizações existentes vão orientando o caminhante no seu trajecto, durante o qual pode deleitar-se com as obras escultóricas que vai descobrindo ao seu passo. Iniciamos o nosso recorrido junto à cala da Torre, num dos extremos do perímetro dos limites da zona do entorno da Torre (core zone), na ladeira que se estende à poente. Combate entre Hércules e Gerião. (Obra baseada num quadro abstracto com o mesmo título), Tim Behrens (Londres) e Xosé Espona (A Corunha). Depois de três dias de luta, Hércules decapitou a Gerião e enterrou ali mesmo a sua cabeça. Mais tarde fez uma fogueira em honra de Zeus (Júpiter) e aquela fogueira deu origem ao actual farol. Ártabros, Arturo Andrade (Ourense-Espanha, 1956). Três figuras colocadas cada uma sobre um pedestal baixo representam o povo ártabro: uma mulher, um marinheiro e um guerreiro. São elementos que conformavam a sociedade da época. Cada figura possui atributos que identificam a sua função. O grupo escultórico realizado em granito branco e bronze estabelece um diálogo entre as personagens, favorecido pela postura deles. Menir pentacefálico, Ramón Miranda (A Corunha-Espanha, 1957). Realizado em bronze, localizado aos pés da Torre, é um É É um mosaico circular de 25 metros de diâmetro sobre o qual se pode transitar. Está localizado ao pé da Torre e os materiais utilizados são granito, ardósia e envidraçado. A obra é de grande colorido. Representa diferentes icones em torno ao celtismo, configurando uma grande rosa dos ventos. Alude este trabalho aos sete povos celtas e a cada um foi-lhe assignada uma imagem partindo dos emblemas da tradição local. As cores são utilizadas com total intencionalidade. O azul do fundo do mosaico pretende fundir a “rosa” com o mar, como uma prolongação do oceano, criando uma atmosfera de continuidade. Espinoso, Enrique Saavedra Chicheri (Madrid, 1963). Esta obra realizou-se em 1998 e pertence à segunda fase do museu escultórico. Encontra-se situada na Furna dos Toucinhos e está suspendida mediante uns fios de aço sobre as falésias que se encontram ao pé da Torre. É uma escultura que se mexe por efeito do vento como se fosse uma forma orgânica, a representação fantástica da espinha de um peixe que elige estes lugares rochosos e abruptos no final da sua vida. Guardiões, Soledad Penalta (Noia). Esta obra está localizada na aba da colina sobre a que se assenta a Torre. É um trabalho conceitual, no que também utilizou um material também conceitual. É uma grande síntese na que representa as três cabeças de Gerião. São três esculturas abertas aos avatares do tempo que transformará ao seu passo. Grossas pranchas de aço corten, cada uma com uma grande variedade de facetas, aludem ao guardião da história, sendo a Torre a representação do passado e ao mesmo tempo a vocação de futuro. Estes guardiões parecem calados viageiros que ficaram parados um instante. Ara Solis, Silverio Rivas (Ponteareas). O Sol, ao final do dia, afundava-se no mar, em Fisterra, onde tinha um altar: o Ara Solis. Ali acudiam muitos peregrinos, e incluso Décimo Juno “o Galaico”, no 150 a. C., não quis retornar a Roma sem ver antes tal espectáculo. Hidra de Lerna, Fidel Goás Mendes. Por matar aos seus filhos, o oráculo de Delfos exigiu-lhe a Hércules entrar a serviço do rei Euristeu, quem lhe encomendou doze trabalhos. O primeiro foi matar o leão de Nemea e o segundo matar a hidra de Lerna, animal de nove cabeças, das que talvez uma era imortal. Ao cortá-las, o seu sobrinho Jolau queimava o coto dos membros amputados para que não se reproduzissem de novo, e pôs a última debaixo de uma grande pedra. Breogão (Caudilho celta), José Cid (Ourense, 1946). Está situada ao começo da rampa de acesso para subir à Torre. É uma peça única na que só os traços fundamentais da fisionomia estão marcados. Ademais do escudo, como símbolo, tem a espada na mão. Trata-se de uma escultura monumental de um guerreiro na que se utilizou granito branco. Breogão é um mítico guerreiro celta a quem se lhe atribui a fundação de A Corunha. Além disso, é também um dos heróis da Irlanda. Caronte, Ramón Conde (Ourense, 1951). Outro trabalho de Hércules consistiu em ir ao Hades (mundo dos mortos) e traz o cão Cérbero que estava na sua entrada impedindo a saída dos que ali estavam. Porém, para ir até ali havia que atravessar a lagoa Estígia com a ajuda do barqueiro chamado Caronte, quem cobrava um óbolo a todos os que quisessem passar. Caracola, Moncho Amigo (A Corunha-Espanha, 1952). É a representação fantástica da concha de um enorme molusco, uma gigantesca cornucópia, guardiã dos sons do mar. A obra realizada em aço corten, está localizada muito próxima do mar, no mais avançado da Ponta Hermínia, com o fim de captar todas as vibrações do mar. Possui liberdade de movimento, pelo que gira e movimenta-se com o vento. Neste caso o autor quis imprimir à obra um sentido especial, a valoração do lúdico frente ao intelectual e reflexivo, mais que buscar um objecto mitológico. Desde o pé do farol observa-se perfeitamente a escultura. É Copa do Sol, Pepe Galán (A Corunha, 1955). Outro trabalho foi a captura dos bois do rei Gerião, pelo que teve de se deslocar “mais além do Universo humano”. Para isso teve que lhe exigir ao Sol a sua copa, na que este se deslocava pela noite desde o Ocidente até o Oriente, de onde saía de novo ao dia seguinte. A nave de pedra (Hércules sobre a nave dos argonautas), Gonzalo Viana (Bilbau-Espanha, 1955). Hércules acompanhou a Jasão na sua viagem a Cólquida para conquistar o velocino de ouro, ainda que não terminou o périplo porque ficou numa ilha buscando o seu amigo Hilas, enquanto Jasão prosseguia a sua rota. Monumento aos fusilados da época franquista, Isaac Díaz Pardo (Santiago de Compostela-Espanha, 1920) Esta obra encontra-se no Campo da Rata e homenageia os fusilados durante a ditadura de Francisco Franco. Numas cartelas foi gravado um poema de Federico García Lorca e os nomes dos que foram condenados neste lugar, símbolo da repressão política. Menires pela paz, Manolo Paz (Cambados-Pontevedra, 1957). Esta obra também se denomina Família de menires. É um grupo escultórico de doze peças que representam pelos seus tamanhos, os mais altos ao pai e a mãe, e os demais, menores e variados, aos filhos. A obra está situada bem longe da Torre, perto da costa e do cemitério dos mouros. Os doze menires têm uma localização estratégica. A cada um foi-lhe realizada uma abertura pela qual se pode ver o mar, a Torre e o atardecer. É uma obra habitável, pode-se entrar nela, percorrê-la e sentir a energia. O menir é uma pedra sem polir erigida verticalmente. É o símbolo do masculino, do destino. Também representam o rito da roda do tempo que gira eternamente. Esta obra vê-se desde a Torre e a forma geométrica que se observa é elíptica, ainda que fisicamente formam um círculo.
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