1 tendência de contratação dos serviços de website

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1 tendência de contratação dos serviços de website
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TENDÊNCIA DE CONTRATAÇÃO DOS SERVIÇOS DE WEBSITE EM SANTA
CRUZ DO SUL-RS: UMA PESQUISA SOBRE A UTILIZAÇÃO DA INTERNET
EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO MUNICÍPIO
Hardy Kohl Junior1
Elvis Silveira Martins2
RESUMO
Na nossa atual sociedade as mudanças ocorrem ao clique de um mouse, o mundo
vive em constantes transformações. Neste sentido, nas empresas estes impactos
não são diferentes, a globalização multiplicou o número de concorrentes,
fornecedores e em conseqüência de mercados. Baseando-se em dados coletados
em dezembro 2007 e janeiro de 2008, este trabalho visa a analisar a tendência da
utilização da internet, e a utilização da mesma como ferramenta para micro e
pequenas empresas no município de Santa Cruz do Sul – RS, comparando com
numeros nacionais, para traçar o perfil destas empresas neste município.
Palavras-chave: internet, Santa Cruz do Sul – RS, micro e pequenas empresas
ABSTRACT
In our actual society the change happens in a mouse click, the world lives in constant
transformations. So, in the companies the impact are not different, the globalization
multiply the numbers of competitors, suppliers and in consequence markets. Based
in information collected in December 2007 and January 2008, this work looks to
analyse the trends of the internet use, and how it is used as a tool to micro and small
companies in the city of Santa Cruz do Sul – RS, comparing with the Brazilian
national numbers, to make the profile for the companies in this cities.
Key-words: internet, Santa Cruz do Sul – RS, micro and small companies
1 Introdução
Os
objetivos
perseguidos
pelas
empresas
ao
adotarem
inovações
tecnológicas, segundo Gonçalves (1994), variam desde fortes preocupações com a
competitividade da empresa, seu desempenho perante a concorrência e as pressões
dos clientes, até a atualização tecnológica, a redução de custos, o aproveitamento
de recursos e a gestão da própria empresa.
1
Graduando no curso de Administração da Faculdade Dom Alberto.
Coordenador/Professor do Curso de Administração da Faculdade Dom Alberto. Graduado e Mestre
em Administração.
2
2
A Internet hoje praticamente dispensa apresentações, criando uma nova
revolução, assim como a revolução industrial criou novas fronteiras no mundo ao
criar a produção em larga escala. A internet institui a revolução da informação,
transformando o mundo ao conectar eletronicamente milhões de pessoas.
Com o crescimento da variedade de informações colocadas na rede,
desperta-se o interesse da comunidade comercial. As empresas estão percebendo a
vantagem de contar com o rico acervo de informações, transferir suas próprias
informações, enviar mensagens de correio eletrônico e acessar computadores de
forma remota (COSTA, 1997). O grande potencial deste serviço coloca um novo
limite as relações entre fornecedores e compradores, ampliando um horizonte
provido de importantes transformações nos ambientes empresariais.
Este artigo tem a pretenção de fazer uma análise do mercado e da utilização
da internet em pequenas e médias empresas de Santa Cruz do Sul, para tanto é
organizado em quatro seções. Na primeira seção é apresentado o quadro teórico de
referência que visa situar o leitor no contexto da presente pesquisa, tanto geográfica
cultural da região em questão, organizacional e tecnológico em que se empreendeu
a presente pesquisa. Na segunda seção, aborda-se a metodologia que orientou a
condução da pesquisa sob análise. Na terceira seção, discutem-se os dados
levantados e se compara os mesmos com números existentes em pesquisa de
abrangência nacional. Na quarta e última seção, faz-se as conclusões a que este
estudo permitiu chegar, tentando fazer reflexões e projeta tendências e
possibilidades mercadológicas e oportunidades a que os dados coletados permitiram
concluir.
2 Quadro teórico de referência
Para melhor organização e compreensão da presente revisão de literatura,
será abordado e divididos em dois grandes tópicos: no primeiro, serão apresentadas
as organizações e suas caracterizações quanto ao seu porte, e um breve relato das
condições das empresas de pequenos e médios portes (foco deste estudo); na
segunda parte, iremos definir e detalhar o comércio eletrônico, suas definições e
tendências;
3
2.1 Organizações
Durante a maior parte de nossas vidas, somos membros de alguma
organização: uma faculdade, uma equipe de esporte, um grupo de música ou teatro
ou uma empresa (STONER; FREMANN, 1999). Desta forma surge o conceito de
organização, identificado pelos mesmos autores como sendo a união duas ou mais
pessoas trabalhando juntas e de modelo estruturado para alcançar um objetivo
específico ou um conjunto de objetivos.
Caravantes (1998) apresenta uma série de definições sobre organizações:
•
Um sistema de atividades pessoais ou forças conscientemente coordenadas;
•
Um grupo de pessoas, que trabalham juntas, sob orientação de um líder,
visando à consecução de um objetivo;
•
Uma integração impessoal, altamente racionalizada, de um grande número de
especialistas que operam para atingir algum objetivo, e sobre a qual é
importante uma estrutura de autoridade altamente elaborada;
Em face ao desenvolvimento deste trabalho, surgiu a necessidade de
classificar as empresas quanto ao seu porte. Vários critérios de diferentes órgãos e
autores possibilitaram a classificação de porte das empresas. Para fins deste artigo,
resolveu-se adotar a classificação adotada pelo SEBRAE, uma vez que é sempre
delicado entrar nos fatores econômicos, critério utilizado pelos métodos de
classificação de outras entidades. Define-se o seguinte conforme descrito no Quadro
A.
QUADRO A – Resumo das classificações das empresas SEBRAE
Micro empresa
Pequena empresa
Indústria e construção: até 19 pessoas Indústria e construção: de 20 a 99 pessoas
ocupadas
Comércio
ocupadas
ocupadas;
e
serviços:
até
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pessoas
Comércio e serviços de 10 a 49 pessoas
ocupadas;
As dificuldades de definição do conceito de micro e pequenas empresas e o
peso do setor informal na economia brasileira levam a diferentes visões sobre a
importância destas empresas na economia do país. Segundo estimativas do
SEBRAE (2007), há cerca de três milhões e meio de Micro, pequenas ou médias
empresas no Brasil, das quais 1,9 milhões são microempresas. As estatísticas sobre
4
constituição de firmas individuais nos últimos dez anos permitem estimar também
que pelo menos metade das empresas registradas no Brasil é de pequeno porte.
Rayport e Sviokla (apud SOARES; HOPPEN, 1998) anunciam mudanças nos
conceitos tradicionais de economias de escala e de escopo a partir da utilização de
um ambiente virtual, sendo a Internet um deles, para as atividades de criação de
valor das empresas através de novos canais de comunicação e do comércio
eletrônico. Neste novo ambiente, pequenas empresas têm condições de competir
com grandes corporações, conseguindo atingir tanto o baixo custo unitário para as
transações, quanto criar ativos digitais para competir em mercados financeiros.
2.2 A internet e sua evolução
Segundo Lopes (2006) a Internet é uma gigantesca rede mundial de
comunicação de computadores que não pertence a nenhum governo, pessoa ou
empresa e que abrange desde grandes computadores até computadores de
pequeno porte, sendo que todos utilizam o mesmo conjunto de protocolos (mesma
linguagem de comunicação).
O Ministério das Comunicações do Brasil, juntamente com a ANATEL
(Agência Nacional de Telecomunicações) através da Norma 004/95, aprovada pela
Portaria nº 148, de 31 de maio de 1995, estabeleceu um conceito normativo de
Internet:
Nome genérico que designa o conjunto de redes, os meios de transmissão
e comutação, roteadores, equipamentos e protocolos necessários à
comunicação entre computadores, bem como o software e os dados
contidos nestes computadores (ANATEL, 2007).
O embrião para a Internet foi uma rede de computadores criada no final dos
anos 60, a partir da iniciativa do Departamento de Defesa dos Estados Unidos
através da ARPA (Advanced Research Projects Agency Network), que interligava
alguns
computadores
em
rede
experimental.
Seu
objetivo
era
distribuir
estrategicamente a informação de forma a evitar que possíveis ataques nucleares
contra os Estados Unidos levassem à perda das informações. Portanto, a Internet é
fruto da Guerra Fria (CASTILHO FILHO, 1998).
O sistema ARPANET, que durou cerca de uma década, atendia às
necessidades de universidades e órgãos do governo como instrumento que permitia
o acesso a banco de dados distantes, o debate em linha e, principalmente,
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funcionava como correio eletrônico, tendo sido a primeira mensagem enviada em
1972 (ALMEIDA, 2006). No início dos anos 80, introduziu-se os protocolos TCP/IP
(Transmission Control Protocol/Internet Protocol), que passaram a fixar as normas
técnicas para a transmissão de informações através da rede, permitindo identificar
os usuários por endereços e nomes de domínio. Com tal padronização, passou ser
possível a intercomunicação entre distintas redes, nascendo então a Internet
(ALMEIDA, 2006).
No Brasil em 1988 começam a ser formados embriões de redes
independentes interligando centros de pesquisa e grandes universidades brasileiras.
Em 1989, a marca de 100 mil hosts é ultrapassada em todo mundo, no Brasil, no
entanto apesar de fazer parte da rede de pesquisa, somente passa a integrar a rede
mundial em 1990 (ano em que a ARPAnet foi formalmente encerrada). Em 1991
também foi a data do inicio da utilização comercial da internet no mundo, abrindo
assim o caminho para a era do comércio eletrônico e dos serviços on-line, a terceira
grande fase da internet. Esta autorização para uso comercial no Brasil veio a surgir
somente em setembro de 1995.
A CompuSAT tecnologia iniciou suas atividades em julho de 1996, apenas
nove meses após o inicio da internet comercial no Brasil, tornando-se assim uma
das pioneiras da internet no país, podemos verificar no Quadro C um resumo dos
principais acontecimentos da internet no Brasil e no mundo.
Para Lopes (1999), a Internet oferece vantagens e benefícios que residem na
própria maneira como a Internet foi idealizada e como é utilizada, conforme descrito
no Quadro B.
QUADRO B – Benefícios oferecidos pela internet:
BENEFÍCIOS
Conveniência
Variedade
Fidelidade
EXPLICAÇÃO
O usuário pode acessar, de qualquer lugar que tenha um
microcomputador conectado, as informações que deseja e
realizar operações.
Um exemplo é o da empresa de cosméticos Natura, onde as
pessoas que distribuem os produtos da empresa podem
encomendar os cosméticos usando a Internet, ao invés dos
tradicionais meios como telefone e fax
As empresas podem oferecer grande variedade de produtos, já
que não precisam manter um estoque físico. Bons exemplos são
o da livraria Amazon (http://www.amazon.com), que conta com a
disponibilidade de três milhões de livros aos consumidores, e o
da loja virtual de discos CDNOW (http://www.cdnow.com), com
250.000 Cd’s;
Pela criação de “consumidores virtuais”, as pessoas podem se
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Custo
Preço final
Serviço ao consumidor
Fim do atravessador
conectar a um ambiente virtual onde os usuários têm acesso a
informações e podem trocar experiências entre si. Esta é uma
das melhores maneiras para se criar fidelidade por parte dos
consumidores, já que a venda passa, teoricamente, a um
segundo plano;
O custo de manter uma presença virtual é mais barato se
comparado à presença real, ou seja, à presença tradicional. Um
estabelecimento físico necessita de local, de construção, de mãode-obra, luz, água etc. Na Internet, estes custos são bastante
reduzidos, ou mesmo não existem;
O preço final do produto teoricamente deveria ser menor, se
comparado a um estabelecimento físico. Porém, pesquisas
apontam que só em 12% das lojas virtuais isto se verifica. Tal
ocorrência deve-se ao fato de que muitos fabricantes temem
deteriorar seu relacionamento com seus fornecedores;
Por meio da Internet, pode-se prestar excelente assistência ao
consumidor. No site da Natura, por exemplo, a distribuidora pode
obter as mais diversas informações, como: pedidos anteriores,
produtos disponíveis e características, limites e lançamentos.
Tudo isto com respostas imediatas;
A Internet abre espaço à desintermediação. Um bom exemplo é o
das agências de turismo. Estas comercializam “algo que o
comprador não precisa ver tocar ou experimentar antes de
comprar”. E, justamente por isso, corre perigo, porque o caminho
entre produtor e consumidor é incrivelmente facilitado pela
Internet. As pessoas que hoje trabalham como intermediárias
descobrirão que irão se tornar supérfluas.
Fonte: Adaptado de Lopes (1999).
2.3 O Comércio Eletrônico
O comércio eletrônico é a realização de toda a cadeia de valor dos processos
de negócio em um ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das
tecnologias de comunicação e de informação, atendendo aos objetivos do negócio
(ALBERTIN, 1999). Envolve o compartilhamento de informações do negócio,
manutenção de relações de negócios e condução de transações por meio de redes
de telecomunicação (ZWASS, 1996), através de trocas mediadas por tecnologia
entre partes (indivíduos, organizações, ou ambos), baseadas eletronicamente em
atividades intra ou interorganizacionais que facilitam tal troca. O e-commerce pode
tomar muitas formas, dependendo do grau de virtualização dos produtos ou serviços
vendidos, do processo e do agente de entrega (TURBAN, 2003).
As inovações trazidas pela Internet vêm propiciando uma infinidade de
facilidades e oportunidades na busca de todo tipo de informação. O constante
desenvolvimento da “grande rede” traz consigo novas perspectivas para o comércio
mundial, surgindo então uma nova forma de comercialização de produtos e serviços,
o Comércio Eletrônico (e-commerce).
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Segundo Conectiva (2000), existem basicamente quatro tipos de comércio
eletrônico: Negociação entre empresas (B2B); Venda direta ao consumidor (B2C);
Transações governamentais; Serviços administrativos para o consumidor.
Para Albertin (2001), a Internet mantém viva a promessa de uma revolução
comercial. É um novo e radical mundo dos negócios, livre de conflitos em que
compradores e vendedores completam suas transações de forma barata, e eficiente.
3 Procedimentos Metodológicos
Esta seção aborda a metodologia utilizada neste estudo, tanto no que se
refere aos aspectos conceituais quanto aos procedimentos adotados.
A pesquisa quantitativa considera tudo que pode ser quantificável, o que
significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisálas, de acordo com as definições de Chizotti (1991).
Existe uma classificação de pesquisa que divide os estudos em pesquisa
aplicada ou pesquisa básica. O tipo de pesquisa a utilizado, de acordo com
interesses, condições, objeto de estudo e metodologia, será pesquisa aplicada. Este
é o tipo de pesquisa em que os resultados são aplicados ou utilizados visando
solucionar problemas específicos (MARCONI; LAKATOS, 2002). Pesquisa aplicada
é aquela que apresenta um resultado prático visível, tanto em termos econômicos,
quanto para outra utilidade que não seja o próprio conhecimento. Este tipo de
pesquisa procura vincular o trabalho científico com questões econômicas e sociais
(SCHWARTZMAN, 2007).
A técnica de pesquisa utilizada foi por meio de questionário. Instrumento este
de coleta de dados, cuja estrutura se dá por meio de uma série ordenada de
perguntas, que deverão ser respondidas por escrito e sem a presença do
entrevistador, e após, deverá ser enviada de volta para o entrevistador (MARCONI;
LAKATOS, 2002).
Porém há desvantagens e limitações que devem ser consideradas, como
possibilidade de perguntas sem respostas, exigência de um universo mais
homogêneo e envolvimento, geralmente, de um número pequeno de perguntas, etc
(MARCONI; LAKATOS, 2002).
Para a obtenção de um resultado seguro e confiável, é imprescindível a
aplicação do questionário, envolvendo a amostra estatística, tendo em vista o
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grande número de amostragem e a não disponibilidade de número exato do universo
amostral, as pesquisas foram desenvolvidas por telefone, e-mail ou ainda em visita
às empresas estatisticamente selecionadas para responder a pesquisa.
4 A utilização da internet em micro e pequenas empresas de Santa Cruz do Sul
– RS em comparação aos dados nacionais
Para a obtenção dos dados de pesquisa, foi elaborado um questionário
contendo 13 perguntas fechadas, com respostas diversas, e algumas inclusive de
opção múltipla (aceitavam mais de uma resposta). O referido questionário foi
aplicado por pesquisadores, resultando em um universo de 374 entrevistas válidas
no município de Santa Cruz do Sul – RS, nos meses de novembro e dezembro de
2007.
Para a análise dos dados, verificaram-se a tabulação e posterior
desenvolvimento de gráficos que focaram facilitar a análise crítica e gráfica dos
resultados da pesquisa.
Este estudo decidiu focar-se na análise da utilização da internet nas micro e
pequenas empresas do município de Santa Cruz do Sul, bem como o nível de
tecnologia empregada no acesso utilizada. Para fins de posicionamento da
amostragem, podemos analisar, portanto, no gráfico 1, o universo de empresas
pesquisadas, sendo que 81% referem-se a pequenas empresas e 19% a médias
empresas, conforme os critérios adotados.
GRÁFICO 1 - Classificação das empresas
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Iremos também proceder, quando relevante, a presente análise, separando
estes dois segmentos de mercado, ou seja, micro e pequenas, e outro com médias
empresas, comparar os resultados entre si, bem como com os resultados gerais da
pesquisa.
Conforme citado no capítulo de revisão de literatura deste trabalho, a
classificação adotada é a utilizada pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às
Pequenas e Micro Empresas), que classifica as empresas quanto ao seu porte.
Lembramos que os dados nacionais usados para cruzamento não são limitados a
micro e pequenas empresas conforme a classificação utilizada neste objeto de
estudo, mas sim dados gerais que englobam todos os tipos de empresas.
Analisando a questão proposta nesta pesquisa, demonstrada no gráfico 2,
conclui-se que 53% das empresas não possuem acesso a internet (51% das micro
empresas e 18% das pequenas empresas).
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GRÁFICO 2 - Empresas com acesso a internet por porte
Cruzando estes dados com dados nacionais (embora não disponíveis pelo
porte de empresa proposto na pesquisa, conforme já comentado), e feitas em
momentos e com públicos diferentes bem como com margens de erro diferentes, é
possível uma comparação entre os dados levantados.
GRÁFICO 3 – Utilização da internet nas empresas (dados nacionais)
Fonte: CGI.br3.
3
Base: 2.300 empresas com 10 ou mais funcionários, que constituem os seguintes segmentos da CNAE 1.0: seção D, F, G, H, I, K e a
seção O sem os grupos 90 e 91. Respostas referentes a outubro de 2007.
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É possível através verificar que a utilização, no universo entrevistado, em
comparação com dados nacionais (gráficos 2 e 3), é muito inferior à utilização da
internet nas empresas locais em comparação aos dados nacionais, sendo que a
internet é utilizada em 47% das micro e pequenas empresas do município e os
dados nacionais apontam para uma utilização em 92% das empresas do país.
Se tomarmos, para fins de análise, empresas nacionais de menor porte, ou
seja, entre 10 e 49 funcionários ocupados, ainda assim apresenta o índice de 90%
de uitlização, ou seja, ainda assim os dados são muito abaixo dos esperados.
GRÁFICO 4 – Utilização da internet nas empresas por região (dados nacionais)
Fonte: CGI.br4.
Comparando os dados obtidos na região sul, onde está inserido o universo
pesquisado, verifica-se uma utilização de 93%. Portanto é possível através destas
análises se verificar uma sub-utilização da internet nas empresas de pequeno e
médio porte, com índices inferiores da utilização nacional.
Com relação às que possuem acesso, podemos analisar o tipo de tecnologia
de acesso empregada para utilização da internet nas micro e pequenas empresas
4
Base: 2.300 empresas com 10 ou mais funcionários, que constituem os seguintes segmentos da
CNAE 1.0: seção D, F, G, H, I, K e a seção O sem os grupos 90 e 91. Respostas referentes a outubro
de 2007.
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de Santa Cruz do Sul, classificando de uma maneira mais macro entre acesso
discado (através de linhas telefônicas convencionais, mais lento e precário), e de
banda larga que possibilita um uso mais efetivo da internet.
Na região destacada, utilizando-se somente os percentuais das empresas
com acesso a internet, constata-se que 31% destas empresas possuem acesso
discado, e 69% acesso a internet em banda larga (gráfico 5).
GRÁFICO 5 – Tecnologia empregada pelas micro e pequenas empresas para
acesso a internet em Santa Cruz do Sul - RS
5
GRÁFICO 6 – Tecnologia empregada pelas empresas para acesso a internet em
Nacional.
5
Levando por base as empresas que responderam possuir acesso a internet.
13
Fonte: CGI.br6.
Analisando o contexto da tecnologia empregada para o acesso internet,
conforme podemos identificar no gráfico 5, 31% das micro e pequenas empresas de
Santa Cruz do Sul – RS ainda se utilizam do acesso discado, contra apenas 8% das
empresas de um modo geral nos dados nacionais ou ainda 6% dos dados de acesso
discado da região sul ou os mesmos 8% se levarmos em consideração empresas de
10 a 49 funcionários para termos um padrão mais dentro da realidade das empresas
entrevistadas, chegamos a dados muito semelhantes, como podemos verificar no
gráfico 6.
Desta forma estes dados confirmam a tendência já levantada na análise
anterior que é o das micro-empresas de Santa Cruz do Sul-RS estarem mais
atrasadas no quesito de utilização da internet do que seus pares em nível nacional,
e pior ainda se comparados aos dados relativos a região sul.
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Base: 2.110 empresas com acesso à internet, com 10 ou mais funcionários, que constituem os
seguintes segmentos da CNAE 1.0: seção D, F, G, H, I, K e a seção O sem os grupos 90 e 91.
Respostas múltiplas e estimuladas referentes a outubro de 2007.
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5 Considerações Finais
O município de Santa Cruz do Sul – RS é reconhecido como um pólo regional
com todos indicadores econômicos acima dos padrões nacionais, município onde a
cultura econômica predominante é da cultura do tabaco com um volume bastante
expressivo de exportações se comparadas a outras atividades.
Ao mesmo tempo em que se sabe que a cultura do fumo está sendo colocada
à prova com ações anti-tabagistas, tornando-a frágil e sem considerar o grau de
dependência econômica da região perante a esta cultura, faz-se necessário buscar
alternativas no tocante a mudança da matriz econômica do município, sob pena de,
conforme ocorrido em outras regiões, ter como conseqüência a diminuição da
atividade econômica e o mergulho em uma crise sem precedentes.
Os dados levantados são preocupantes, não pela utilização da internet em si,
porém precisamos analisar o enfoque que mostra a tendência de atraso das
pequenas e médias empresas no quesito tecnológico, e assim muito precisa ser
discutido e ampliado no referido assunto.
Em termos estatísticos dados nacionais indicam que as micro e pequenas
empresas representam 25% do Produto Interno Bruto (PIB), gera 14 milhões de
empregos, ou seja, 60% do emprego formal no país, e constituem 99% dos 6
milhões de estabelecimentos formais existentes, respondendo ainda por 99,8% das
empresas que são criadas a cada ano, segundo dados do Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), portanto este segmento não pode
ser ignorado se um município quer de fato buscar alternativas econômicas de
crescimento para o futuro.
As empresas, ao não utilizar a internet conforme dados levantados, estão
abrindo mão de um importante fator competitivo inevitável à globalização, vantagens
amplamente discutidas no quadro teórico de referência. É necessário portanto abrirse uma discussão a fim de buscar dados mais amplos com relação ao preparo
destas empresas no município para competirem em nível de igualdade com as
demais empresas no Brasil e no mundo, assim como nem mesmo a internet está
sendo utilizada nestas empresas muito provavelmente demais fatores tecnológicos
passam também desapercebidos pelas mesmas.
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A utilização da internet traz para as empresas diversos benefícios diretos e
indiretos, benefícios que variam deste ganho de competitividade, passando a
permitir que as empresas possam competir em mercados globalizados, passando
por redução de custos de comunicação a ganhos de eficiência no trato com clientes
e fornecedores e desenvolvimento de novas formas de relacionamento empresarial.
De acordo com Jacob (1998), através da Internet, a relação entre consumidor
e empresa com certeza será modificada, mas as lojas físicas, como existem hoje,
continuarão a existir. O que a informática fará é estreitar o contato entre empresas e
consumidores. Realmente, hoje a Internet está sendo mais usada para contatos
entre empresas e fornecedores, mas o autor afirma ainda que uma empresa poderá
buscar informações detalhadas sobre quem são os seus clientes, produtos, ou seja,
usar como uma forte ferramenta de pesquisa e desenvolvimento de mercado. As
empresas entrevistadas em questão parecem estar ignorando esta possibilidade.
Além deste enfoque de desenvolvimento regional, cabe analisar também a
oportunidade comercial que representam os dados levantados: basta a ver que
existe um mercado potencial para este desenvolvimento, que representa para o
mercado empresas de acesso a internet para micro e pequenas empresas para
comercialização de internet em banda larga. Pelo menos um mercado que
representa 61% das micro e pequenas empresas do município (cálculo este que
inclui as empresas sem acesso a internet, e as que possuem acesso discado), o que
é um número necessário para atingir patamares nacionais de utilização, sem falar
nos serviços que podem ser agregados a fim de orientar as empresas no ganho de
produtividade que pode ser obtido com a correta utilização da mesma que vão desde
treinamento até o desenvolvimento de websites para este mercado.
Desta forma, este artigo pretendeu demonstrar através de uma análise dos
dados levantados pela referida pesquisa, as possibilidades plausíveis e os enfoques
necessários que podem ser explorados e as possibilidades de desenvolvimento e
mudança, trazendo muito mais do que simplesmente dados, mas também colocando
alternativas a fim de desenvolver as empresas em questão tornando-as mais
competitivas no mercado que se propõem a atender.
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